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Globalização e Meio Ambiente Homem, cultura e sociedade Prof.ª Ma. Nádia Neves z O que queremos dizer quando falamos em globalização?? Quando falamos “globalização”, em termos diretos e concretos, nos referimos à homogeneização da economia mundial, ao processo que une mercados no modelo capitalista de desenvolvimento. Nessa ótica é correto, portanto, afirmarmos que a globalização é, essencialmente, econômico-financeira. Realiza-se no amplo poder do capital, implantado em âmbito mundial e apoiado no avanço de poderosas tecnologias. A globalização é um fenômeno com características basicamente econômicas. z A globalização é essencialmente exclusivista e discriminadora: concentra o máximo de capital, enriquece poucos com o trabalho de muitos. Uma das consequências drásticas é que aprofunda o abismo entre ricos e pobres, em esfera mundial. Provoca e acentua a marginalização e a exclusão social para grande parte da humanidade. z Quando a globalização concentra toda a complexidade do desenvolvimento em um só aspecto – o econômico –, passa a implantar esse desenvolvimento de maneira linear: a necessidade ilimitada de crescimento, de expansão do mercado mundial, reduz todos os demais aspectos – como a globalização ecológica, os meios de comunicação social, a diversidade cultural, a identidade nacional, a tecnologia, a informática e tantos outros – subordinando-os à globalização econômica. Tudo passa a girar em torno do grande eixo voltado a um projeto de uma “sociedade global de mercado”. z Os processos de mudanças ambientais globais e da globalização estão interligados de maneira profunda. Essas mudanças estão influenciando nosso destino, gerando riscos e inúmeras incertezas sobre o futuro da humanidade. Note como esses dois processos – mudanças ambientais globais e a própria globalização – se reforçam mutuamente: ações pontuais em uma determinada região podem produzir efeitos mais visíveis em outras regiões, muitas vezes com formas difíceis de se prever. z O que significa a concentração da riqueza em poucas mãos? Que proporções a globalização pode assumir? Um por cento da população mundial mais rica possui uma renda equivalente aos 57% mais pobres da população mundial. Isso quer dizer que sessenta e três milhões de multimilionários possuem tantos bens quanto dois bilhões e setecentos milhões de pessoas. As cem pessoas mais ricas do mundo acumulam riquezas equivalentes a receitas totais dos países pobres do planeta. As 225 pessoas mais ricas do mundo possuem tanta riqueza quanto 47,8% da população mundial reunida. As três pessoas mais ricas do mundo possuem ativos maiores que o PIB dos 48 países mais pobres do mundo. Na América Latina, os 10% mais ricos da população ficam com 60% da riqueza, enquanto os 10% mais pobres alcançam somente 2%. Os países mais ricos necessitam dos pobres para lhes sugarem as matérias-primas, venderem produtos, mas também para o fornecimento de mão de obra. O sistema passou a ser gerido a uma escala e numa lógica efetivamente global. z Enfrentamos uma discussão acalorada que segue sem consenso. Por um lado, há a necessidade urgente de reduzir o impacto ambiental causado pela emissão na atmosfera de CO2 e outros resíduos poluentes, gerando aquecimento global, o qual, por sua vez, é uma ameaça à biodiversidade e até mesmo à própria sobrevivência humana. Por outro, há uma intensa extração de bens naturais e matérias-primas de diversas origens alimentando as indústrias e gerando, como efeito da produção, níveis de poluição intensos. Os problemas ambientais não têm fronteiras e como o fenômeno da globalização tem se revelado um processo irreversível, a comunidade internacional vem se mobilizando desde 1970 na análise, discussão e busca por soluções. z O resultado dessas décadas de preocupações com a degradação ambiental emerge e desenvolve-se em alguns itens, que demonstram a constituição de um movimento ambientalista global: ONGs e grupos em escala internacional com o escopo de lutar pela proteção do meio ambiente; agências estatais encarregadas de proteger o meio ambiente; instituições e grupos científicos pesquisando sobre problemas ambientais; setores da administração preocupando-se com o meio ambiente e agindo de modo a diminuir o impacto de suas atividades no mesmo; “consumidor-cidadão” preocupado com o meio ambiente e buscando produtos “ecologicamente corretos”; processo de produção passa por transformações a fim de tornar-se sustentável (“selos verdes” e ISO 14000); agências e tratados internacionais que equacionam e buscam trazer solução aos problemas mediante uma série de medidas. z Vários autores e estudiosos indicam a necessidade de um ecodesenvolvimento. É uma teoria que precede e prepara o caminho para um “desenvolvimento sustentável”, carregando como metas principais: a preservação dos recursos naturais e do meio ambiente tanto no presente como para as gerações futuras, a valorização das estruturas sociais, a satisfação das necessidades básicas da população, a participação ativa da sociedade civil, a segurança social, o investimento em políticas públicas relacionadas à infraestrutura, a elaboração de sistemas sociais que assegurem emprego, respeito às culturas, e incluam programas de educação. z