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DIREITO PROCESSUAL CIVIL- JURISDIÇÃO

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL- JURISDIÇÃO
Jurisdição
1. Conceito
A jurisdição é um dos pilares fundamentais do Código de Processo Civil. No entanto, sua definição é controversa, tornando as perguntas sobre o conceito de jurisdição em provas desafiadoras, já que exigem uma abordagem mais ampla.
Jurisdição é geralmente aquilo que é difícil de definir, mas fácil de reconhecer. Quando um juiz está trabalhando em um tribunal, ele está exercendo jurisdição, mas a complexidade do conceito vai muito além disso.
De acordo com Fredie Didier, a jurisdição é uma das três principais manifestações do poder estatal. As outras duas são legislação, que envolve a criação de novas normas abstratas e obrigatórias, e administração, que se refere à aplicação da lei pelo Poder Executivo. A jurisdição, por sua vez, consiste em atribuir a terceiros imparciais o poder de aplicar o direito de maneira imperativa e criativa, reconhecendo, efetivando e protegendo situações jurídicas específicas, por meio de decisões incontestáveis.
É importante observar que essas definições são vistas como panoramas gerais e não devem ser tratadas como decorebas. A jurisdição atua sobre situações jurídicas concretamente apresentadas, diferentemente da legislação, que incide sobre situações abstratas, ou da atividade administrativa, na qual as situações são buscadas pelo próprio administrador.
Quanto à questão de se o Ministério Público se encaixa nas funções do Estado ou se é considerado um quarto Poder, a doutrina está dividida. A abordagem tradicional enquadra o Ministério Público na função administrativa, enquanto a visão mais moderna o considera uma quarta atividade estatal autônoma, que não se encaixa nas demais funções.
Importante ressaltar que a definição de jurisdição de Didier não abrange o direito público, incluindo a arbitragem como jurisdição. Para outros doutrinadores, como Marinoni, a arbitragem não é considerada jurisdição, mas um equivalente jurisdicional, pois é uma atividade privada que busca a melhor solução apenas para as partes envolvidas. A jurisdição, por outro lado, é uma atividade pública que não se limita à resolução de conflitos, mas envolve a interpretação do ordenamento jurídico e sua compreensão.
Vale mencionar que o CEBRASPE considerou correta uma questão que tratava a arbitragem como jurisdição.
2. Meio de Heterocomposição
A jurisdição é um meio de heterocomposição, no qual a função de solucionar conflitos é atribuída a um terceiro imparcial. Isso implica que a solução de um conflito é determinada por alguém que não está envolvido na disputa e que imporá a resolução de forma imparcial.
A jurisdição não se assemelha à autocomposição, na qual as partes chegam a um acordo durante o processo, sem intervenção externa. Enquanto na autocomposição, o conflito é resolvido pelas partes, na jurisdição, um juiz imparcial, distante das partes e desinteressado na causa, imporá uma solução ao conflito.
Também é importante destacar que existem agências dentro do Poder Executivo, como o CADE e as agências reguladoras nacionais, que desempenham funções de resolução de conflitos de forma imparcial e desinteressada, mas não se qualificam como jurisdição, uma vez que não possuem a característica mais crucial: a formação da coisa julgada.
3. Características da Jurisdição
3.1. Manifestação do Poder Estatal
A jurisdição é uma manifestação do poder estatal que age de forma imperativa. A solução obtida por meio da jurisdição é imposta às partes e é incontestável. As partes não têm o poder de evitar a aplicação da jurisdição estatal, já que ela se impõe de forma imperativa, ao contrário de outros métodos de resolução de conflitos.
Há debates sobre se os meios de solução de conflitos são violentos ou não. A autotutela, na qual se usa a força própria, é considerada um método violento de resolução de conflitos. Mesmo que não seja óbvio, a heterocomposição da jurisdição também possui um aspecto de violência, que se manifesta em sua inevitabilidade. Embora essa violência não seja concreta, ela está presente devido à sua natureza imperativa.
3.2. Atividade Criativa
Tradicionalmente, a jurisdição era vista como uma atividade não criativa, especialmente nos países de civil law, que buscavam concentrar o poder nas mãos do rei. Naquela época, o juiz atuava como ministro do rei e sua função era aplicar as normas estabelecidas, não criá-las. No entanto, essa visão mudou ao longo do tempo, e hoje o juiz não é mais apenas a "boca inanimada da lei" como se pensava.
A separação de poderes, proposta por Montesquieu e incorporada em muitas constituições, incluindo a francesa, destacou que o juiz não é mais um mero aplicador da lei do rei, mas sim um intérprete das leis do povo. Isso se traduz no artigo 5º do Código Civil francês, que proíbe os juízes de julgarem com base em disposições gerais ou de regulamentar as causas apresentadas. Em outras palavras, o juiz não pode criar novas regras gerais, mas deve aplicar as existentes.
Nos países de common law, a visão é diferente, e o juiz tem mais liberdade criativa, especialmente em casos inéditos. As decisões judiciais são a principal fonte do common law, e os juízes têm margem para interpretar o direito.
Em sistemas mistos, como nos Estados Unidos, há uma combinação de aplicação do direito do povo e da Constituição. A liberdade criativa é maior no common law, onde os juízes podem moldar o direito ao julgar casos sem precedentes. Isso não significa que o costume seja a principal fonte do common law; as decisões judiciais desempenham esse papel.
A mistura de autoridade e criatividade judicial se tornou inevitável à medida que o direito é baseado na linguagem e requer interpretação. Embora os juízes não devam criar leis, a interpretação e a aplicação das leis muitas vezes envolvem alguma forma de criatividade.
Interpretação no Direito
A interseção entre linguagem e direito, no que é conhecido como giro linguístico hermenêutico, postula que o significado das palavras não é preexistente; a linguagem e o direito dependem da interpretação. Portanto, o juiz, ao aplicar a lei, é compelido a interpretá-la, pois não existe alternativa. No entanto, a controvérsia reside nos limites dessa interpretação jurídica, até que ponto o conteúdo interpretado pelo juiz poderia ser extraído diretamente do texto legal?
É crucial estabelecer uma distinção clara entre "texto" e "norma". Por muito tempo, acreditou-se que "texto" e "norma" fossem sinônimos, mas essa noção foi superada. O "texto" é o que está expresso na lei, enquanto a "norma" é o resultado de uma interpretação. A interpretação do texto pode ser uma atividade criativa e, portanto, a norma resultante pode diferir do que é diretamente extraído do texto, frequentemente gerando controvérsias.
De acordo com Marinoni, a atividade jurisdicional envolve uma dupla atribuição de sentido. O juiz atribui sentido ao ordenamento jurídico, que não é um dado preexistente, e também aos elementos do caso, filtrando a relevância para alcançar uma solução. Devido a essa atribuição, o juiz não pode se eximir de julgar o caso concreto, conforme estabelecido no artigo 140 do Código de Processo Civil. O juiz deve, portanto, criar a norma concreta que solucione o caso por meio de sua sentença.
Além disso, o juiz atua como um avaliador da compatibilidade da norma com a Constituição, desempenhando um papel de controle de constitucionalidade. Com diferentes modelos de controle de constitucionalidade e a capacidade de interpretar a norma à luz da Constituição, o juiz adiciona significado à norma no momento de sua aplicação. Portanto, a interpretação da norma não está pronta antes de sua aplicação.
Tradicionalmente, entendia-se que o controle de constitucionalidade tinha o propósito de retirar uma norma do ordenamento jurídico, removendo-a de sua aplicação. No entanto, com a adoção de técnicas parciais de interpretação, como a interpretação conforme a Constituição e a declaração de inconstitucionalidade sem redução de texto, o controle de constitucionalidade passou a ter um caráter mais aditivo.Nesse contexto, o juiz adiciona significado à norma, indicando como ela deve ser interpretada à luz da Constituição.
É importante destacar que não adianta simplesmente argumentar que o legislador deveria criar normas claras, pois a interpretação não se limita ao texto da lei. A interpretação do texto pode variar, e o simples fato de o legislador não ter previsto a interpretação dada a ele não é, por si só, um problema.
O controle de constitucionalidade estabeleceu um limite mais rigoroso para essas situações de criação, exigindo que a interpretação seja compatível com a jurisdição. Em países de civil law, o legislador produz leis abstratas, e o juiz interpreta essas leis em relação aos fatos do caso para proferir sentenças. Originalmente, acreditava-se que essa interpretação da lei e dos fatos não envolvia criatividade, e dois juízes diferentes com os mesmos fatos e a mesma lei chegariam à mesma sentença. No entanto, com o tempo, ficou claro que os juízes, mesmo diante dos mesmos fatos e da mesma lei, poderiam chegar a conclusões diferentes, sem que uma delas necessariamente estivesse errada. As decisões judiciais variam, e as que prevalecem se tornam referências.
Em 2004, o Brasil adotou uma abordagem que se assemelha à utilização de precedentes no sistema de common law. Embora não seja exatamente o mesmo que a ADC, essa abordagem permite que os casos anteriores sirvam como referência para decisões posteriores. Isso não se aplica a todos os casos, mas aos precedentes vinculantes, que funcionam como referências obrigatórias para juízes que enfrentam casos semelhantes. Essa mudança teve como objetivo reduzir a variação nas interpretações de casos idênticos.
Em resumo, a interpretação no direito é uma tarefa complexa e essencial, em que a relação entre texto e norma nem sempre é direta. O direito evolui e se adapta à medida que os juízes interpretam as leis e a Constituição à luz dos casos concretos, o que pode levar a interpretações criativas. Para garantir uma maior uniformidade nas interpretações, o Brasil adotou mecanismos que permitem o uso de precedentes vinculantes, inspirados no sistema de common law.
Vinculação de Decisões no Direito Brasileiro: Precedentes e Súmulas
Além do objetivo de garantir que juízes não resolvessem casos semelhantes de maneiras diversas, a motivação primordial para a introdução dos precedentes foi combater a morosidade do sistema judiciário devido ao volume de processos. A Emenda Constitucional n.º 45/2004 trouxe três alterações significativas: estendeu os efeitos vinculantes da Ação Declaratória de Constitucionalidade (ADC) para a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) e introduziu dois mecanismos exclusivos para o Supremo Tribunal Federal (STF), pelos quais os casos por ele julgados passaram a ter autoridade para os casos subsequentes.
Assim, em vez de determinar que os juízes deveriam acatar as decisões do STF, a Constituição criou dois mecanismos para definir quais decisões seriam obrigatórias. Isso tornou responsabilidade do STF adotar um deles para estabelecer uma decisão vinculante: a Súmula Vinculante e a Repercussão Geral.
A Súmula Vinculante é um mecanismo que não pode ser desobedecido, forçando o juiz a decidir casos subsequentes de acordo com o precedente estabelecido na súmula. No segundo mecanismo, o STF julga um caso com Repercussão Geral, reconhecendo inicialmente a relevância da questão e, em seguida, decidindo o mérito. Assim, o caso original se torna uma autoridade para casos posteriores que sejam suficientemente semelhantes.
Houve debates iniciais sobre a constitucionalidade da EC n.º 45/2004, argumentando que o efeito vinculante poderia violar a independência dos juízes e do Judiciário como um todo. No entanto, essas preocupações foram superadas, com a compreensão de que a independência do juiz não deve ser confundida com a independência do Judiciário como instituição.
Um segundo questionamento surgiu em relação ao alcance da aplicação de Súmulas Vinculantes e Repercussão Geral, semelhante ao uso de precedentes vinculantes no sistema de common law. Esses institutos, entretanto, não são idênticos aos precedentes vinculantes, especialmente no caso da Súmula Vinculante, que é uma construção específica do Brasil, derivada das súmulas gerais. Portanto, surgiu o debate sobre a aplicação correta desses precedentes.
No Brasil, persiste a questão sobre se é possível aplicar precedentes a casos análogos. Em outras palavras, se a Súmula Vinculante permite a analogia ou se é estritamente vinculante apenas para casos idênticos. Embora haja divergências de opinião, a maioria da doutrina inclina-se a aceitar casos semelhantes, embora alguns defendam que a Súmula Vinculante deve ser aplicada exclusivamente a casos idênticos, enquanto para casos semelhantes, sua aplicação é meramente persuasiva, não obrigatória.
Nesse contexto, é importante entender a distinção entre a "ratio decidendi" e o "obiter dictum". A "ratio decidendi" é a parte da decisão que efetivamente determina o precedente, enquanto o "obiter dictum" consiste em argumentos não essenciais à decisão. No sistema de common law, a "ratio decidendi" compreende os fundamentos essenciais de uma decisão que podem ser universalizados para casos idênticos ou semelhantes, deixando de fora o "obiter dictum."
No Brasil, o entendimento sobre a aplicação de precedentes tende a considerar a Súmula Vinculante restrita a casos idênticos. No entanto, a distinção é crucial para especificar a extensão do precedente à medida que é construído. A distinção entra em jogo nos casos análogos, onde a aplicação estrita da "ratio decidendi" é um exercício de diferenciação entre o caso atual, o caso anterior e o caso que originou o precedente. Essa diferenciação pode ser ampla, abrangendo mais casos, ou restritiva, limitando a aplicação.
Por fim, a "superação" de precedentes é outra noção importante. Diferentemente da "distinção", a "superação" não entra em conflito com o precedente existente, mas aponta que o precedente está errado e deve ser substituído por outro com base em novas razões, sejam elas de natureza econômica, política, jurídica, social, entre outras.
A "superação" desempenha um papel fundamental na evolução do sistema jurídico, permitindo que o entendimento legal não fique preso às decisões do passado. Nos Estados Unidos, por exemplo, houve casos em que o entendimento sobre a segregação racial institucionalizada foi superado ao longo do tempo.
Antes da vigência do atual Código de Processo Civil (CPC), o CPC anterior já havia introduzido algo semelhante à "repercussão geral" no âmbito do Superior Tribunal de Justiça (STJ) com o recurso repetitivo, embora não tivesse previsão constitucional. O CPC de 2015 expandiu as fontes de vinculação dos juízes e tribunais, estabelecendo um amplo conjunto de precedentes e súmulas vinculantes.
Em resumo, os mecanismos de precedentes no Brasil têm impactado significativamente o sistema jurídico, influenciando o trabalho dos juízes e tribunais e buscando maior uniformidade nas interpretações e decisões judiciais. A aplicação de precedentes semelhantes aos sistemas de common law permanece em discussão, com diferentes perspectivas sobre a extensão da vinculação de decisões. A distinção, a "ratio decidendi", o "obiter dictum" e a "superação" são conceitos essenciais nesse contexto, moldando a aplicação e evolução dos precedentes no sistema jurídico brasileiro.
O Sistema de Precedentes e suas Implicações no Direito Brasileiro
No âmbito do Código de Processo Civil (CPC), o inciso V do artigo 927 apresenta um desafio ao mencionar a vinculação à orientação do plenário ou órgão especial dos tribunais. O termo "orientação" não recebeu uma definição precisa, seja por meio de dispositivos legais, ou mesmo da doutrina, deixando uma lacuna a ser preenchida.
Entretanto, para o contexto de avaliações, o inciso III do artigo 927 ganha destaque, uma vez que mantém o recurso extraordinário com repercussão geral, o recurso especial repetitivo, bem como os incidentes de resolução de demandas repetitivas(IRDR) e o incidente de assunção de competência (IAC). Este dispositivo cria uma técnica de formação de precedentes obrigatórios por meio de julgamentos amostrais. Diversos casos relacionados a um mesmo conflito são selecionados, e o entendimento formado nesses casos passa a valer para os demais. Uma novidade trazida pelo CPC/15 é a aplicação desses instrumentos em qualquer tribunal, inclusive os de segundo grau. Isso pode levar à interpretação de leis federais de maneira distinta e vinculante em diferentes tribunais.
Mas por que o legislador se exporia a esse risco de gerar incoerência interestadual? A resposta está relacionada à necessidade de gerenciar a quantidade de processos. Com a aplicação dos IRDR e IAC, os tribunais podem lidar com um grande volume de casos repetitivos por meio da criação de súmulas vinculantes. Atualmente, os tribunais de justiça e o Superior Tribunal de Justiça (STJ) aprovaram esses mecanismos, resolvendo diversas questões com base nesse sistema.
O CPC também introduz uma técnica de uniformização horizontal, presente no artigo 926. É importante que os tribunais mantenham suas jurisprudências consistentes e estáveis para garantir um sistema de precedentes adequado. Além disso, a legislação estabelece uma série de efeitos da vinculação a precedentes, como previsto no artigo 489 do CPC. Este artigo determina que uma decisão judicial não será considerada fundamentada se apenas invocar um precedente ou enunciado de súmula sem identificar seus fundamentos determinantes ou sem demonstrar a relevância desses fundamentos para o caso em julgamento. Da mesma forma, deixar de seguir um enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente invocado pela parte sem demonstrar a existência de distinção no caso em questão ou a superação do entendimento também não é considerado fundamentação adequada.
Com a expansão dos mecanismos de precedentes, tanto o Supremo Tribunal Federal (STF) quanto o STJ já superaram milhares de temas por meio da criação de um "direito jurisprudencial". Portanto, para entender completamente o direito brasileiro, é essencial conhecer as decisões dos tribunais, uma vez que a interpretação textual da lei não é suficiente.
No que diz respeito à quantidade de processos, o Brasil tem experimentado uma inversão da curva ao longo dos anos, com um declínio no volume de processos em andamento. Isso se deve, em parte, ao aumento da consistência no ordenamento jurídico, o que ajuda as partes a entender o que esperar do sistema legal.
Uma vez que a repercussão geral e o repetitivo são encerrados, os Tribunais Superiores debatem e aprovam uma tese, uma síntese das questões abordadas no julgamento. A tese se diferencia da ementa, que é preparada pelo relator e pode ser ajustada. A tese, por outro lado, é uma declaração completa dos efeitos do julgamento e não possui um propósito específico.
É importante notar que, no geral, os tribunais tendem a adotar uma abordagem restritiva ao aplicar precedentes, uma vez que a quantidade de casos frequentemente impõe limitações. No entanto, existe um mecanismo de garantia da autoridade dos precedentes denominado reclamação, previsto no artigo 988 do CPC. Isso gera uma preocupação adicional, uma vez que pode levar à apresentação de novos processos.
O fato de que a jurisdição é uma técnica de tutela de direitos se reflete em sua natureza casuística e inerte. Diferentemente de outras atividades estatais, a jurisdição não lida com conflitos abstratos, mas sim com casos concretos apresentados por partes envolvidas. Ela se concentra na atividade cognitiva, que gera o conhecimento da controvérsia e seu julgamento, bem como nas atividades satisfativas e acautelatórias, que visam proteger o direito das partes.
Um traço distintivo da jurisdição é a ausência de controle externo. Embora outras atividades estatais sejam sujeitas a controle judicial, a atuação do juiz não é modificada ou controlada por agentes externos. As decisões judiciais, após a exaustão dos recursos, formam a coisa julgada, que se torna inquestionável, protegendo direitos adquiridos, atos jurídicos perfeitos e decisões finais.
Em resumo, o sistema de precedentes no Brasil é uma parte fundamental do ordenamento jurídico, e sua implementação tem impactado significativamente a prática judicial. A aplicação de precedentes traz desafios e benefícios, buscando uma maior uniformidade nas interpretações e decisões judiciais. No entanto, a natureza casuística da jurisdição, a falta de controle externo e a necessidade de gerenciar a quantidade de casos tornam esse processo complexo.

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