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DIREITO CONSTITUCIONAL - PODER CONSTITUINTE DERIVADO-REFORMADOR E DO PODER CONSTITUINTE DERIVADO-DECORRENTE

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DIREITO CONSTITUCIONAL - PODER CONSTITUINTE DERIVADO-REFORMADOR E DO PODER CONSTITUINTE DERIVADO-DECORRENTE
Em primeiro lugar, é crucial distinguir esses dois poderes (Derivado-Reformador e Derivado-Decorrente) em relação ao Poder Constituinte Originário que discutimos na aula anterior. O Poder Constituinte Originário é o poder primário, o que cria a Constituição que rege o Estado e a sociedade. Por outro lado, o Poder Constituinte Derivado Reformador e o Derivado Decorrente são poderes de segundo grau, derivados do Originário, também conhecidos como Poderes Instituídos, uma vez que foram estabelecidos pelo Originário. São, portanto, chamados de Poderes Constituídos pelo Originário.
Consequentemente, esses dois poderes (Derivado-Reformador e Derivado-Decorrente) são sempre limitados e condicionados pelo Poder Constituinte Originário que os criou. Isso segue uma lógica semelhante a uma ideia bíblica que proclama que a criação nunca pode se sobrepor ao Criador. Portanto, o Derivado-Reformador e o Derivado-Decorrente sempre operam dentro de limites e condições estabelecidos na Constituição pelo Poder Constituinte Originário.
Aprofundar o estudo do Derivado-Reformador e do Derivado-Decorrente equivale a uma investigação de limites e condicionalidades. Quando o Poder Constituinte Originário cria a Constituição e estabelece o Poder Constituinte Derivado-Reformador e o Derivado-Decorrente, ele define que esses poderes devem operar dentro dos limites e condições especificados na Constituição.
Poder Constituinte Derivado-Reformador
O Poder Constituinte Derivado-Reformador é o poder destinado a alterar, revisar ou reformar a Constituição. No contexto da Constituição de 1988 no Brasil, a reforma pode ocorrer de duas maneiras, ambas previamente estabelecidas pelo Poder Constituinte Originário:
1. Revisão Constitucional: Isso implica uma reforma geral e abrangente da Constituição, alterando todo o texto de uma só vez.
2. Emendas Constitucionais: São reformas mais específicas e pontuais, focando em áreas ou tópicos particulares da Constituição. Exemplos incluem emendas para reformas administrativas, tributárias, judiciárias e previdenciárias.
É importante destacar que a Revisão Constitucional e as Emendas Constitucionais são ferramentas diferentes para promover mudanças na Constituição, cada uma com sua abordagem específica.
Revisão Constitucional
A Revisão Constitucional é uma reforma geral que abrange todo o texto da Constituição. No entanto, há limites estabelecidos pelo Poder Constituinte Originário para uma revisão constitucional, conforme indicado no artigo 3º do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT). Esses limites incluem:
· Limite Temporal: A revisão constitucional só pode ocorrer após cinco anos contados a partir da promulgação da Constituição.
· Limites Formais: A revisão deve ocorrer em sessão unicameral, ou seja, juntando a Câmara e o Senado em uma única casa. Além disso, requer um quórum de maioria absoluta para a aprovação de Emendas de Revisão.
É importante notar que a Revisão Constitucional já ocorreu no Brasil no quinto ano após a promulgação da Constituição de 1988, de março de 1994 a junho de 1994. Surpreendentemente, a revisão resultou na aprovação de apenas seis Emendas de Revisão, que não devem ser confundidas com Emendas Constitucionais.
A discussão se é possível realizar uma nova Revisão Constitucional com base no atual texto da Constituição é relevante. De acordo com o artigo 3º do ADCT, a revisão constitucional só pode ocorrer após cinco anos. No entanto, o texto não especifica se a revisão é limitada a um evento único ou se poderia ocorrer novamente após um período adicional de cinco anos. Portanto, a possibilidade de uma nova revisão constitucional com base no texto atual é uma questão em aberto que exigiria uma análise mais aprofundada.
Além disso, a aprovação de uma Emenda Constitucional para estabelecer uma nova revisão constitucional é objeto de debate. Duas correntes de pensamento estão em conflito:
1. Corrente 1: Defende que é possível que uma Emenda Constitucional altere a Constituição para estabelecer uma nova revisão constitucional. Isso inclui a possibilidade de realizar um plebiscito ou referendo para consultar o povo sobre a revisão. Para esta corrente, uma Emenda Constitucional pode alterar o processo de reforma.
2. Corrente 2: Argumenta que não é admissível que uma Emenda Constitucional estabeleça uma nova revisão constitucional. Isso ocorreria em detrimento da vontade originária do Poder Constituinte Originário que criou a Constituição e o próprio Poder Constituinte Derivado. Segundo essa corrente, a reforma não deve alterar o próprio processo de reforma.
A corrente majoritária na doutrina brasileira é a segunda, que argumenta contra a possibilidade de uma Emenda Constitucional estabelecer uma nova revisão constitucional.
Conclusão
O Poder Constituinte Derivado-Reformador é um mecanismo fundamental para ajustar a Constituição de acordo com as necessidades em evolução da sociedade. A Constituição brasileira estabeleceu a revisão constitucional e as emendas constitucionais como meios para alcançar esse objetivo, cada um com seus próprios requisitos e limitações. A questão de se uma nova revisão constitucional é possível e se uma Emenda Constitucional pode estabelecer tal revisão permanece um tópico de debate e pode ser resolvida judicialmente pelo Supremo Tribunal Federal.
Em resumo, o Poder Constituinte Derivado-Reformador desempenha um papel crucial na adaptação da Constituição às necessidades em constante mudança, e a compreensão de seus limites e condições é fundamental para a dinâmica do sistema constitucional brasileiro.
Emendas Constitucionais - Limites Formais, Circunstanciais e Materiais
As Emendas Constitucionais são, sem dúvida, ferramentas poderosas no processo de reforma da Constituição. Elas representam uma forma de revisar a Constituição de maneira específica, abordando questões pontuais ou temas específicos. No entanto, para garantir a integridade da Constituição e o devido respeito ao Poder Constituinte Originário, os limites para propor Emendas Constitucionais são claramente definidos.
Limites Formais
O primeiro e fundamental limite formal é a definição dos proponentes legítimos de Emendas Constitucionais. A Constituição estabelece que a iniciativa para propor uma Emenda Constitucional pode partir de:
· O Presidente da República.
· Um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal.
· Mais da metade das Assembleias Legislativas das unidades da Federação, com uma maioria relativa de seus membros.
Para propor uma Emenda Constitucional, não basta apenas a vontade de um único parlamentar. Na Câmara dos Deputados, por exemplo, um terço dos membros, ou seja, 171 deputados, deve se unir para iniciar o processo. No caso do Senado, são necessários 27 senadores, uma vez que um terço dos senadores corresponde a essa quantidade.
Quando se trata de Assembleias Legislativas estaduais, a barra é ainda mais alta, pois é necessário que mais da metade delas se reúna e aprove a proposta, cada uma com uma maioria relativa de seus membros. Dadas as dimensões continentais do Brasil, juntar a maioria das Assembleias Legislativas com um quórum de maioria relativa é uma tarefa desafiadora.
Há uma teoria, proposta por José Afonso da Silva, que defende a existência de uma iniciativa popular para Emendas Constitucionais, argumentando que o parágrafo único do artigo 1º da Constituição, o artigo 14 e o artigo 61, §2º, sugerem essa possibilidade. No entanto, a interpretação majoritária é de que a Constituição não prevê tal iniciativa popular para Emendas Constitucionais.
Outro limite formal importante se refere ao processo de aprovação. As propostas de Emenda Constitucional devem ser discutidas e votadas em dois turnos, tanto na Câmara dos Deputados quanto no Senado, e devem obter três quintos dos votos dos respectivos membros em cada turno e em cada casa. Isso significa que, na Câmara, pelo menos 308 dos 513 deputados presentes devemvotar a favor, e no Senado, 49 dos 81 senadores.
Além disso, a promulgação da Emenda Constitucional é uma etapa crítica, que exige que as Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal assinem o ato de promulgação, atribuindo a ela um número de ordem. A promulgação pelas duas Mesas é fundamental, e se uma recusar a fazê-lo, a Emenda não será promulgada.
Por fim, o §5º do artigo 60 estabelece que uma proposta de Emenda Constitucional rejeitada ou considerada prejudicada em uma sessão legislativa não pode ser reapresentada na mesma sessão legislativa, ou seja, no mesmo ano legislativo.
Limites Circunstanciais
A Constituição impõe limites circunstanciais significativos às Emendas Constitucionais. Não é permitido alterar a Constituição durante intervenção federal, estado de defesa ou estado de sítio. Isso ocorre porque essas são situações de desequilíbrio, crise ou instabilidade, e alterar a Constituição nessas condições seria inadequado.
Por exemplo, quando o presidente Michel Temer decretou a intervenção federal no Rio de Janeiro em 2018, a Constituição não poderia ser emendada durante o período da intervenção. O mesmo se aplica a outras situações de exceção.
Limites Materiais
Além dos limites formais e circunstanciais, a Constituição estabelece limites materiais específicos para as Emendas Constitucionais. O §4º do artigo 60 proíbe a apresentação de propostas de Emenda Constitucional que tenham como objetivo abolir:
· A forma federativa de Estado.
· O voto direto, secreto, universal e periódico.
· A separação dos Poderes.
· Os direitos e garantias individuais.
Esses limites materiais visam preservar os princípios e fundamentos fundamentais da Constituição e evitar mudanças radicais que possam comprometer sua estrutura e essência.
Em resumo, as Emendas Constitucionais desempenham um papel importante na adaptação da Constituição às necessidades em constante mudança da sociedade. No entanto, a imposição de limites formais, circunstanciais e materiais garante que essas mudanças ocorram de acordo com os princípios e valores fundamentais estabelecidos pelo Poder Constituinte Originário.
Limites Materiais: Cláusulas Pétreas e Seus Diferentes Entendimentos
No âmbito do Direito Constitucional, os limites materiais, especialmente as cláusulas pétreas, desempenham um papel fundamental na preservação da essência da Constituição. As cláusulas pétreas são limites materiais explícitos, ou seja, são diretamente enunciadas no texto constitucional como matérias intocáveis. O artigo 60, §4º da Constituição Brasileira estabelece quatro cláusulas pétreas, a saber:
1. Forma federativa de Estado: A forma de Estado do Brasil como uma federação não pode ser objeto de emenda.
2. Voto direto, secreto, universal e periódico: As características fundamentais do sistema de votação não podem ser alteradas por emenda.
3. Separação dos Poderes: A divisão entre os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário não pode ser abolida.
4. Direitos e garantias individuais: As garantias fundamentais dos cidadãos não podem ser suprimidas por emenda.
No entanto, é importante destacar que há diferentes interpretações em relação a essas cláusulas pétreas. Vamos discutir quatro correntes de interpretação.
1. Interpretação Literal: A primeira corrente adota uma interpretação estritamente literal do artigo 60, §4º, considerando que apenas o artigo 5º da Constituição é cláusula pétrea, excluindo outros direitos fundamentais.
2. Interpretação Literal Restrita: A segunda corrente também adota uma interpretação literal, mas restringe o conceito de cláusulas pétreas ao que chama de "Direitos Individuais propriamente ditos." Isso limita a proteção às liberdades fundamentais.
3. Interpretação Extensiva: A terceira corrente defende uma interpretação ampla, considerando todas as categorias de direitos fundamentais como cláusulas pétreas. Essa visão argumenta que o constituinte original teria incluído todos os direitos fundamentais, mas isso é questionável.
4. Interpretação Extensiva Sistemática: A quarta corrente, que é a mais aceita atualmente na doutrina brasileira e tende a refletir o entendimento do Supremo Tribunal Federal, adota uma interpretação extensiva e sistemática. Nessa perspectiva, as cláusulas pétreas abrangem os Direitos Fundamentais de primeira, segunda e terceira geração, relacionados ao mínimo existencial baseado na dignidade da pessoa humana.
Essa corrente não limita as cláusulas pétreas ao artigo 5º, mas considera outros direitos fundamentais encontrados em diferentes partes da Constituição, desde que se relacionem ao mínimo existencial e à dignidade humana.
Além dessas cláusulas pétreas explícitas, há limites materiais implícitos. Eles são normas não expressamente mencionadas na Constituição como intocáveis, mas são interpretados como tais com base no espírito da Constituição. Por exemplo, a impossibilidade de revogar o artigo 60, §4º é um limite material implícito. Outro exemplo é a dignidade da pessoa humana (artigo 1º, III), que, embora não explicitamente protegida contra emendas, é considerada um limite material implícito.
Em resumo, a interpretação das cláusulas pétreas e limites materiais é fundamental para a preservação dos valores fundamentais da Constituição, mesmo quando esses limites não são expressamente indicados no texto constitucional. Portanto, o entendimento desses conceitos é crucial para a manutenção da estabilidade do ordenamento jurídico.
Limites Materiais Implícitos e Considerações Finais
Além dos limites materiais explicitamente delineados no artigo 60 da Constituição, existem também limites materiais implícitos que não são diretamente mencionados, mas são identificados por meio de interpretação sistemática da Constituição. Um exemplo disso é a proteção do Ministério Público (artigo 127) e da Defensoria Pública, que se encaixam no princípio da Separação de Poderes e na defesa dos interesses da sociedade.
A interpretação sistemática da Constituição permite identificar esses limites materiais implícitos, que não podem ser abolidos ou tendentes a abolir, mesmo que não haja uma menção explícita no texto constitucional.
Considerações Finais
Para concluir, é importante destacar alguns pontos essenciais relacionados ao artigo 60 e ao poder constituinte derivado reformador, que opera por meio de revisão constitucional e emendas constitucionais:
1. Respeito aos Limites Materiais na Revisão Constitucional: A revisão constitucional, embora não mencione explicitamente limites materiais, deve respeitar esses limites. Isso ocorre porque a revisão constitucional é uma reforma global, uma revisão geral do texto constitucional, e não uma substituição integral do mesmo. Portanto, por interpretação sistemática, a revisão constitucional deve obedecer aos limites materiais.
2. Outros Modos de Alterar a Constituição: O poder constituinte derivado, operando por meio de emendas constitucionais, não é o único meio de alterar a Constituição. Existem dois outros modos:
· Tratados Internacionais de Direitos Humanos: Tratados que passam pelo mesmo procedimento das emendas constitucionais, conforme estabelecido no artigo 5º, §3º da Constituição.
· Mutação Constitucional: A mutação constitucional ocorre quando o texto da Constituição permanece o mesmo, mas é reinterpretado em função de novas realidades sociais. Isso ocorre por meio do Poder Constituinte Difuso. A mutação constitucional não altera formalmente o texto, mas atualiza sua interpretação.
A distinção crucial entre o Poder Constituinte Derivado via Emendas e o Poder Constituinte Difuso da mutação constitucional é que o primeiro altera a Constituição formalmente, enquanto o segundo promove mudanças informais, mas significativas, no entendimento e aplicação da Constituição em resposta a novos contextos sociais.
Esses conceitos serão explorados em detalhes nas aulas subsequentes, particularmente durante o estudo de Hermenêutica Constitucional.

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