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Mercado Cambial e Comércio Exterior

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MERCADO CAMBIAL E 
COMÉRCIO EXTERIOR
Autoria: Cristiane Vieira Valente
Indaial - 2021
UNIASSELVI-PÓS
1ª Edição
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090
Reitor: Prof. Hermínio Kloch
Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol
Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: 
Carlos Fabiano Fistarol
Ilana Gunilda Gerber Cavichioli
Cristiane Lisandra Danna
Norberto Siegel
Camila Roczanski
Julia dos Santos
Ariana Monique Dalri
Bárbara Pricila Franz
Marcelo Bucci
Revisão de Conteúdo: Bárbara Pricila Franz
Revisão Gramatical: Equipe Produção de Materiais
Diagramação e Capa: 
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Copyright © UNIASSELVI 2021
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri
 UNIASSELVI – Indaial.
Xxxxxx
 Xxxxxxxxxxx
 Xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
 XXX p.; il.
 ISBN XXXXXXXXXXXXX
1.Xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
xxxxxxxxxx
CDD XXXX.XXX
Impresso por:
Sumário
APRESENTAÇÃO ............................................................................5
CAPÍTULO 1
Política Cambial e Mercado de Câmbio ...................................... 7
CAPÍTULO 2
Balanço de Pagamentos e Organismos Internacionais ......... 51
CAPÍTULO 3
Teoria e Políticas de Comércio Exterior, Globalização e In-
tegração Econômica ................................................................... 99
APRESENTAÇÃO
Olá, sejam bem-vindos ao Livro de Mercado de Câmbio e Comércio 
Exterior. O estudo sobre comércio internacional é uma área interessante da 
ciência econômica que tenta promover um conhecimento sobre as causas 
e consequências das trocas internacionais. O comércio internacional é 
uma das mais antigas áreas da economia e atraiu vários economistas ao 
longo da história na busca de teorias sobre o tema. 
Neste Capítulo 1 vamos estudar sobre moeda e taxa de câmbio. É de 
extrema importância saber como essas trocas internacionais vão acontecer 
na questão monetária. Conhecer o aparecimento da moeda nas trocas 
internacionais e como se estabelece a taxa de câmbio em cada regime 
cambial é de extrema importância para quem trabalha com transações 
comerciais, possibilitando agir preventivamente frente à volatilidade do 
mercado internacional. 
CAPÍTULO 1
POLÍTICA CAMBIAL E MERCADO DE 
CÂMBIO
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
 Defi nir moeda e taxa de Câmbio. 
 Compreender a política cambial e o que são os regimes cambiais. 
 Analisar como o governo pode infl uenciar no mercado através da política 
cambial e comercial, minimizando a volatilidade do mercado internacional.
 Entender a Política Comercial para agir de forma preventiva no mercado 
internacional.
8
 Mercado Cambial e Comércio Exterior
9
POLÍTICA CAMBIAL E MERCADO DE CÂMBIO Capítulo 1 
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
O comércio internacional atual é o resultado de evoluções das práticas de 
comercializar desde os povos antigos, nômades e extrativistas da Antiguidade. 
Entender essa evolução e os processos que nos levaram até os dias de hoje são 
fundamentais para nos tornar capazes de entender o atual mundo globalizado. 
Entender qual a importância do comércio internacional para a economia de um 
país, o que leva os países a comercializarem entre si e como esse processo 
ocorre no mercado de câmbio.
Atualmente, vivemos em um mundo globalizado, e mesmo sem perceber, 
essa realidade interfere diretamente nas nossas vidas. Hoje podemos contar com 
tecnologias que facilitam nossas vidas, assim como acesso a diversos produtos e 
serviços para satisfazerem nossas necessidades. Sem contar com o surgimento 
de novos produtos em tempo cada vez menor. São confortos e facilidades que a 
globalização nos proporciona que são irreversíveis, pois não queremos voltar atrás. 
Mas isso implica em intensifi cação das transações econômicas internacionais e 
no aumento dos níveis de interdependência das nações no âmbito real, fi nanceiro 
e política econômica.
Neste capítulo vamos analisar a questão do comércio exterior, ou seja, as 
transações atuais implicam em fl uxos de divisas estrangeiras. Antes de mais 
nada, como a moeda surgiu como um facilitador de comércio, como se organiza 
o mercado de câmbio, seus regimes cambiais, os registros das transações 
comerciais e a política comercial. 
A política cambial é uma das políticas macroeconômicas que o governo 
possui para atender as suas metas macroeconômicas, ou seja, proporcionar o 
crescimento econômico, estabilidade de preços e alto nível de emprego. A decisão 
de qual regime cambial adotar é uma decisão governamental e isso irá infl uenciar 
as importações, exportações, produção nacional e infl ação. O conhecimento 
desses regimes cambiais e suas implicações no mercado são importantes para 
os agentes econômicos. Com o mundo extremamente interligado, mesmo aqueles 
que não atuam diretamente no comércio exterior são impactados pelos seus 
desdobramentos. Um aumento do valor do dólar, por exemplo, irá impactar no 
preço do barril do petróleo que importamos e muito provavelmente no preço dos 
combustíveis dentro do país. Esse aumento no preço dos combustíveis pode 
aumentar o preço dos transportes e das mercadorias que consumimos, mesmo 
que sejam nacionais.
10
 Mercado Cambial e Comércio Exterior
2 MOEDA E TAXA DE CÂMBIO
Se você fi zer uma enquete com um grupo de pessoas, perguntando o que é 
moeda, quais seriam as respostas prováveis? O papel que está na minha carteira? 
O dinheiro que tem no banco? Meu limite o cartão de crédito? Todas as respostas 
devem passar pela questão que o dinheiro é “algo” que serve para comprar o que 
desejamos. De forma simplória, a resposta está correta. A moeda é um objeto 
aceito pela coletividade para intermediar as trocas. Mas sempre foi assim? Não, 
a moeda já foi uma mercadoria, já foi um metal, um papel com representação em 
outro até chegar a nossa moeda atual. Foi uma grande evolução do sistema de 
trocas até os dias de hoje. 
2.1 EVOLUÇÃO DO SISTEMA DE 
TROCAS 
Ao estudar a história da civilização, vimos o homem primitivo se abrigando 
em cavernas e se alimentando com o que conseguisse através da caça, pesca 
e frutos silvestres. Ao passar dos séculos, a espécie humana passou a ter 
novas necessidades e, com isso, apareceram as trocas individuais. O primeiro 
sistema de trocas foi o escambo. O escambo é a troca direta de mercadoria por 
mercadoria sem que haja uma moeda. Havia uma grande difi culdade na troca, 
pois era necessário que uma pessoa quisesse trocar o que o outro tinha. Depois 
era a questão de que não havia medida de valor de referência: quanto vale um 
peixe em espiga de milho? Essa permuta de objetos implicaria uma equivalência 
de valor. Mas, digamos que um grupo de pessoas tenha pescado mais peixe do 
que necessitava e numa outra comunidade colheu mais milho do que esperada. 
A moeda, como hoje a conhecemos, é o resultado de uma longa evolução. 
Como já foi dito, no início não havia moeda e era praticado o escambo. Ou seja, 
trocava-se mercadoria por mercadoria sem equivalência de valor predefi nida. 
Era uma forma de troca muito difícil, pois não existia uma medida comum de 
valor entre os elementos a serem trocados. Como apareceu a moeda? Quando 
a própria sociedade escolhia algumas mercadorias, basicamente, pela sua 
utilidade, que passaram a ser mais procuradas do que outras. Uma vez que essas 
mercadorias são aceitas por grande parte da sociedade, elas assumiram a função 
de moeda. Essas eram chamadas de moeda mercadoria, ou seja, mercadorias 
que circulavam como moeda, sendo trocada por outros produtos. Pelo seu 
elevado grau de aceitação, poderiam usar essa “mercadoria” no futuro para 
adquirir os produtos quedesejam. Essa prática virou um hábito entre os membros 
11
POLÍTICA CAMBIAL E MERCADO DE CÂMBIO Capítulo 1 
da sociedade, fazendo com que o uso de uma mercadoria específi ca se tornasse 
um meio de troca com aceitação de grande parte da sociedade. Cabe ressaltar 
que coexistiam várias “mercadorias” moeda na época.
Algumas mercadorias foram conhecidas como moeda: o gado bovino, por 
exemplo. Existiam vantagens na questão da locomoção própria e na reprodução, 
porém, existia o risco de doenças, de morte e a difi culdade de “troco”. Como dar 
o troco de ½ boi? Perderia o valor, pois o boi morreria! O sal foi outra moeda–
mercadoria, que deu origem ao salário, ou seja, a remuneração do trabalho 
era feita com sal. Mas existia uma grande difi culdade de obter sal em países 
continentais, apesar de muito necessário para a conservação de alimentos. 
Mas com o passar do tempo, as inconveniências foram aparecendo. Muitas 
mercadorias eram perecíveis, de difícil divisibilidade e oscilavam de valor – o que 
difi cultada o acúmulo de riquezas. 
O ouro e a prata acabavam sendo uma mercadoria muito utilizada por conta 
da sua facilidade de fracionamento, transporte, durabilidade, raridade e beleza, 
além de antigos costumes religiosos nos primórdios da civilização. Estudiosos 
de astronomia, os sacerdotes da Babilônia, acreditavam que existia uma ligação 
entre o ouro e o Sol, a prata e a Lua. A primeira moeda de metal surgiu na Lídia 
(atual Turquia), no século VII a.C. (Figura 1). 
FONTE: <https://www.hipercultura.com/historia-do-dinheiro-como-surgiu-evolucao/>.
Acesso em: 2 fev. 2021.
FIGURA 1 – MOEDA LÍDIA DO SÉCULO VII a.C.: A PRIMEIRA MOEDA DO MUNDO
Bem parecidas com as moedas atuais, as moedas lídias eram peças de 
metal arredondadas, achatadas e pequenas. Inicialmente tinham a imagem de um 
leão numa fase, pois representava a dinastia no poder da época. A cunhagem era 
feita através da pancada de martelo. De forma bem primitiva surgiu a cunhagem 
com martelo de metais nobres, como o ouro e a prata. O uso da moeda acabou se 
difundindo para outros locais, como Jônia, Pérsia e Grécia. A Figura 2 mostra a 
moeda utilizada em Atenas, capital da Grécia. 
12
 Mercado Cambial e Comércio Exterior
FONTE: <https://www.hipercultura.com/historia-do-dinheiro-como-surgiu-evolucao/>.
Acesso em: 2 fev. 2021.
FIGURA 2 – MOEDA LÍDIA MOEDA DE PRATA GREGA CHAMADA TETRADRACMA, 
QUE CIRCULOU NA GRÉCIA ENTRE 510-38 a.C.
Podemos perceber que as moedas refl etiam os aspectos políticos, culturais, 
tecnológicos e econômicos da sua época. Através dessas impressões nas 
moedas, conhecemos hoje personalidades importantes da época. A fi gura de 
Alexandre, o Grande, da Macedônia, foi registrada numa moeda por volta do ano 
330 a.C. 
 Inicialmente as peças eram feitas em processos manuais, tinham bordas 
irregulares, não eram absolutamente iguais, porém, o mesmo peso do metal. 
Lembra da expressão “a peso de outro” e/ou “vale o quanto pesa” ? Isso porque 
as moedas em ouro e prata se mantiveram durante muito tempo garantidas seu 
valor intrínseco, ou seja, pelo valor comercializado do metal utilizado na sua peça. 
Assim, se foram utilizadas 10 gramas de ouro na confecção daquela moeda, ela 
era trocada por mercadorias e serviços neste mesmo valor.
 A história nos conta que, por segurança, foi necessário aparecer “locais” 
para guardar os metais preciosos. Os negociantes de ouro e prata tinham 
cofres nesses “estabelecimentos” e cuidavam do dinheiro dos seus clientes, 
dando recibos escritos das quantias guardadas. Foi o nascimento dos bancos. 
Esses recibos eram chamados de “moeda-papel” e com o tempo passaram a ser 
utilizados como meio de pagamento pelos seus detentores, sendo mais seguro de 
portar do que o dinheiro vivo. 
Os chineses, por volta do ano 800 d.C., criaram o papel moeda (Figura 3). 
Foi a necessidade de evitar o transporte de grandes quantidades de dinheiro de 
uma localidade para outra, mais fácil transportar certifi cados de dinheiro em papel. 
Depois o possuidor desse certifi cado poderia trocá-lo pelo seu valor equivalente. 
13
POLÍTICA CAMBIAL E MERCADO DE CÂMBIO Capítulo 1 
FONTE: <https://www.hipercultura.com/historia-do-dinheiro-como-surgiu-evolucao/>.
Acesso em: 2 fev. 2021.
FIGURA 3 – CÉDULA CHINESA DA DINASTIA YUAN (1271-1368)
HUBERMAN, L. História da riqueza do homem. 22 ed. Tradução de 
Waltensir Dutra. Rio de Janeiro: LTC, 2019.
Este livro tem duplo objetivo. É uma tentativa de explicar a história 
pela teoria econômica e a teoria econômica pela história.
Com o passar do tempo, para controlar as falsifi cações e garantir o valor 
do papel, os governos passaram a emitir cédulas. Hoje em dia, quase todos os 
países possuem seus bancos centrais, encarregados das emissões de cédulas e 
moedas. Em 1656 surge o primeiro Banco Central na Suécia; depois na Inglaterra, 
em 1694; na França, em 1700, e no Brasil, em 1808. 
A partir da segunda metade do século XVIII, a Inglaterra passou a adotar o 
padrão ouro. Mas o que signifi cava padrão ouro? Simples: as moedas de ouro 
foram sendo substituídas gradativamente por notas em papel fornecidas pelo 
14
 Mercado Cambial e Comércio Exterior
Banco da Inglaterra (papel moeda com lastro em ouro) . Esses “papeis” eram 
títulos que permitiam o resgate equivalente das moedas de ouro guardadas em 
instituições fi nanceiras. Este mesmo padrão mais tarde foi adotado por países 
como França, Alemanha, Holanda e nações escandinavas.
Qual a importância do Banco Central e da Casa da Moeda? 
Sugiro ver a publicação: https://www.bcb.gov.br/content/
cidadaniafinanceira/Documents/publicacoes/serie_pmf/FAQ%20
11-Fun%C3%A7%C3%B5es%20do%20Banco%20Central.pdf
“O conjunto de cédulas e moedas utilizadas por um país forma o 
seu sistema monetário. Este sistema, regulado através de legislação 
própria, é organizado a partir de um valor que lhe serve de base e 
que é sua unidade monetária.” 
“Atualmente, quase todos os países utilizam o sistema monetário de 
base centesimal, no qual a moeda divisionária da unidade representa 
um centésimo de seu valor.” 
Disponível em: http://ead2.fgv.br/ls5/centro_rec/pag/textos/origem_
evolucao_moeda_9.htm
As cédulas de moeda geralmente retratam características dos países 
emissores, como fauna e fl ora, líderes políticos, cenas históricas etc. Então, afi nal, 
o que é um sistema monetário? 
Atualmente, o papel-moeda não possui mais lastro, por isso também pode 
ser chamado por moeda fi duciária. O que quer dizer com isto? 
Não há a garantia física sustentando o valor da moeda, sua aceitação 
depende da confi ança de quem a emitiu e sua aceitação é feita através de uma 
imposição legal do Governo.
15
POLÍTICA CAMBIAL E MERCADO DE CÂMBIO Capítulo 1 
2.2 FUNÇÕES DA MOEDA 
Depois de estudar sobre a evolução da moeda até os dias de hoje, podemos 
concluir que a moeda é “algo” aceito pela sociedade para quitar obrigações para 
pagar pelos bens e serviços. Em suma, grosso modo, qualquer coisa pode ser 
moeda, contanto que seja aceita como forma de pagamento.
Para ser uma moeda, ela deve atender as suas funções, a saber:
a) Intermediário de trocas: é a principal função e a mais conhecida. A 
moeda foi criada para ser um meio de troca, para facilitar a aquisição indireta de 
um bem ou serviço. Ao receber uma moeda, ela será capaz de te proporcionar a 
capacidade de escolher o que você vai adquirir. Imagine a situação: você vende 
um produto, recebe uma quantia de moeda X e, com essa quantia, você pode 
adquirir o bem Y. A moeda foi um intermediário de troca, um instrumento para que 
você pudesse adquirir esse bem. Em uma situação hipotética que ninguém queira 
aceitar a moeda como instrumento de troca, ele perderá completamente sua 
função e seu valor. Para evitar isso, o governo exige o curso forçado da moeda, ou 
seja, exige que todos os agentes econômicos façam as suas transações formais 
em moeda nacional. Desta forma, as notasfi scais, transferências bancárias, por 
exemplo, são feitas em moeda nacional. É o chamado curso forçado da moeda 
nacional, defi nido pela lei Nº 4.595, de 31 de dezembro de 1964. Sobre as trocas 
cambiais, é importante a Circular BACEN/DC Nº 3691 de 16/12/2013, que dispõe 
sobre o mercado de câmbio 
https://www.bcb.gov.br/pre/normativos/circ/2013/pdf/circ_3691_
v1_O.pdf
b) Unidade de conta ou Denominador comum de valores: essa é uma 
função muito importante. Veja bem: quando colocamos todos os bens e serviços 
na mesma unidade monetária, conseguimos comparar os valores. É importante 
que a mesma sociedade tenha a mesma unidade de conta, pois seu valor fi ca 
quantifi cado em unidades monetárias, passível de comparação. Se o bem A custa 
R$10,00 e o bem B custa R$20,00 eu posso afi rmar que o bem A é a metade do 
valor do bem B ou, da mesma forma, o bem B custa o dobro do bem A. Percebem 
como temos um referencial de valor? 
16
 Mercado Cambial e Comércio Exterior
c) Reserva de valor: a moeda deve preservar o poder de compra por um 
tempo pois é uma forma de medir riqueza. Algumas moedas não conseguem 
exercer plenamente essa função por conta do processo infl acionário, pois acaba 
fazendo a moeda perder o valor e comprometendo sua capacidade de reservar 
valor. De qualquer forma, a liquidez imediata da moeda, ou seja, a capacidade 
de ser aceita e trocada por outra mercadoria imediatamente fazem com que as 
pessoas mantenham parte da sua renda em moeda. 
Querem mais informações sobre moeda? 
Indico a leitura O Papel da Moeda em Marx e Keynes, em: https://
www.eco.unicamp.br/images/arquivos/artigos/LEP/L14/5%20
LEP14_O%20papel%20da%20moeda.pdf
 1 Analise as considerações abaixo a respeito das funções 
características da moeda:
I- O meio de troca e de pagamento uma vez que o real (R$) é a 
moeda (ou mesmo, o dinheiro) legalmente aceita(o) pela 
sociedade brasileira e que viabiliza a troca entre diversos bens 
(ou serviços) e de pagamento 
II- Uma unidade de conta, pois os preços relativos dos bens na 
economia brasileira (assim como no mundo) são expressos em 
unidades monetárias.
III- Reserva de valor, pois o real (R$) armazena valor e ele tem como 
característica render juros. 
Assinale a alternativa correta: 
a) Somente I é verdadeira.
b) Somente II é verdadeira.
c) Somente III é verdadeira. 
d) As opções I e II são verdadeiras.
e) As opções II e III são verdadeiras.
17
POLÍTICA CAMBIAL E MERCADO DE CÂMBIO Capítulo 1 
2.3 MERCADO MONETÁRIO 
O mercado fi nanceiro pode ser dividido em quatro segmentos: Monetário, 
de Capitais, Cambial e de Crédito. É no Mercado Monetário que ocorrem as 
operações para controle da oferta de moeda e das taxas de juros com o objetivo 
de garantir a liquidez na economia. Esse será o tema do nosso estudo agora. Mas, 
para evitar confusões conceituais, vamos diferenciá-lo de Mercado de Capitais. 
Nesse mercado é onde ocorrem operações de compra e venda de títulos e valores 
mobiliários entre empresas, investidores e intermediários. Já no Mercado de 
Crédito, é onde ocorrem as operações de empréstimos e fi nanciamentos, também 
conhecidos como mercado bancário. O Banco Central do Brasil é o principal órgão 
responsável por controlar, normatizar e fi scalizar este mercado.
Ainda nesta unidade, será abordado o Mercado Cambial, no qual se 
negociam as trocas de moedas estrangeiras e envolve as questões de importação 
e exportação. 
Centralizando o item atual sobre mercado monetário, é necessário destacar 
que a moeda possui demanda e oferta, sendo que só as Autoridades Monetárias 
do país podem alterar a oferta monetária. Não podemos pensar em moeda como 
sendo somente as cédulas em poder do público e depósitos à vista (MOCHÓN, 
2011). 
Base Monetária é o estoque de papel emitido
Meios de Pagamento (M1) é o estoque de ativos que tem poder liberatório 
instantâneo. M1 = Papel Moeda em Poder do Público + Depósitos à vista.
Quase Moeda (M2, M3 e M4) é o estoque de ativos 
fi nanceiros que podem ser convertidos em moeda. 
M2 = M1 + Depósitos de Poupança e Títulos Privados (Depósitos 
a Prazo, Letras de Câmbio, Imobiliárias e Hipotecárias). 
M3 = M2 + Fundos de Renda Fixa e Operações 
Compromissadas com Títulos Federais e Registradas na SELIC. 
M4 = M3 + Títulos Federais, Estaduais e Municipais.
FONTE: Adaptado de Mochón (2011)
QUADRO 1 – AGREGADOS MONETÁRIOS
18
 Mercado Cambial e Comércio Exterior
Nesse momento acabam surgindo dúvidas sobre onde investir seu 
dinheiro, não é mesmo? Para quem quiser, indico um site interessante 
que mostrará os diversos tipos de investimentos atrelados aos Títulos 
Federais: https://clubedovalor.com.br/blog/cdb-ou-tesouro-direto/
O Impacto da dívida pública sobre o spread bancário: 
uma avaliação empírica
Em: https://seer.ufrgs.br/index.php/AnaliseEconomica/article/
view/43632
Como o governo pode utilizar os instrumentos de política monetária para 
alterar a oferta monetária? Através de instrumentos de política monetária que 
podem ser medidas para aumentar a oferta monetária (política monetária 
expansionista) e também para reduzir a oferta monetária (política monetária 
restritiva). 
A política monetária é feita utilizando os seguintes instrumentos:
Determinação da Selic (Sistema Especial de Liquidação e Custódia): é a 
taxa básica de juros defi nida pelo COPOM (Comitê de Política Monetária). A Selic 
é a taxa de juros utilizada nas operações de empréstimos entre as instituições 
fi nanceiras que utilizam títulos públicos federais como garantia. Uma redução 
da Selic reduz os custos de captação dos bancos, que tendem a emprestar com 
clientes com juros menores, aumentando a oferta monetária. Ao aumentar a Selic, 
o processo é inverso: tendência de juros maiores e redução da oferta monetária. 
O controle das emissões de papel moeda: um aumento nas emissões de 
moeda gera um aumento da oferta monetária. Não é um instrumento efi caz para 
reduzir a oferta monetária.
A determinação do depósito compulsório dos bancos comerciais no 
Banco Central: mas o que são depósitos compulsórios? É um tipo de recolhimento 
que os bancos fazem para o Banco Central, de um percentual sobre os valores 
19
POLÍTICA CAMBIAL E MERCADO DE CÂMBIO Capítulo 1 
depositados. Ou seja, os bancos são obrigados a deixar uma parte dos seus 
depósitos no banco central. Se esse percentual de depósito aumentar, o banco 
tende a reduzir os empréstimos a clientes e aumentar os juros dos mesmos. No 
caso de uma redução do depósito compulsório, os bancos acabam aumentando 
os empréstimos, reduzindo os juros e aumentando a oferta monetária no mercado. 
Operações de open-market ou mercado aberto de títulos: são operações 
em que o Banco Central oferece ou compra títulos de dívida pública aos bancos 
comerciais. Neste sentido, o Banco Central pode comprar ou vender esses títulos 
da maneira que achar mais conveniente, de acordo com sua necessidade. Se o 
banco Central aumenta a oferta desses títulos, os bancos retêm mais dinheiro, 
reduzindo a quantidade de moeda em circulação. No caso da compra de títulos 
pelo Banco Central, o processo é inverso, com uma maior disponibilidade de 
moeda em circulação.
Política de redesconto: chamamos de redesconto bancário a medida que 
o Banco Central empresta dinheiro para as instituições fi nanceiras para atender 
a eventuais problemas de liquidez, de natureza circunstancial e de curto prazo. 
Quando essa linha de crédito aumenta, haverá maior liquidez dentro da economia, 
um aumento de oferta monetária. Quando essa linha de crédito se reduz, ocorre 
uma redução da oferta monetária.Para deixar mais claro, segue um quadro com o resumo das medidas de 
política monetária expansionista e contracionista: 
QUADRO 2 – INSTRUMENTOS MONETÁRIOS PARA ALTERAR A OFERTA MONETÁRIA
FONTE: <http://diegofernandes.weebly.com/uploads/2/0/2/9/2029053/aula_4.4_-_
economia_-_produ%C3%A7%C3%A3o_e_gest%C3%A3o.pdf>. Acesso em: 20 jan. 2021.
20
 Mercado Cambial e Comércio Exterior
Qual seria a demanda por moeda? Ou seja, qual será a quantidade total 
de moeda necessária pelos indivíduos e empresas na economia? Antes dessa 
decisão, os agentes econômicos precisam observar três variáveis importantes: 
1º) A Taxa de Juros. Um aumento na taxa de juros acaba causando uma queda 
na demanda de moeda. Por quê? Pois os investimentos fi nanceiros fi cam mais 
rentáveis, as decisões de consumo acabam sendo postergadas. No caso de uma 
redução a taxa de juros, os agentes econômicos acabam por reter mais moeda. 
2º) Nível de Preços. Um aumento da infl ação, ou seja, um aumento no nível 
de preços acaba aumentando a demanda de moeda. Os agentes econômicos 
precisaram de mais moeda disponível, ou seja, com liquidez imediata para 
suara transações. Uma redução dos indicadores de preço tende a reduzir essa 
necessidade, ou seja, diminuindo a demanda por moeda 
3º) Renda Nacional Real. Se a renda nacional real aumentar, ou seja, a 
renda nominal descontada da taxa de infl ação do período for maior, haverá 
uma tendência a um aumento na demanda de moeda para transações. Em 
contrapartida, uma redução real da renda nacional reduz o poder aquisitivo da 
população e uma redução na demanda por moeda.
Ou seja, por que reter moeda se existem alternativas de aplicação em ativos 
que produzem rendimentos? É importante destacar que a moeda é um ativo que 
não rende juros! 
Vejamos alguns dos motivos:
a) Transações: a nossa necessidade de ter moeda para pagar compromissos, 
para fazer nossos pagamentos. Veja que, neste caso, existe uma relação direta 
com a renda.
b) Precaução: também é um motivo que envolve a relação direta com a renda, 
pois queremos reter moeda para garantir um impacto menor frente às incertezas 
das datas de recebimentos de moeda e de pagamentos de contas 
c) Especulação: esse motivo tem uma relação inversa com a taxa de juros. 
Manter moeda para aproveitar oportunidades de investimento, seja em imóveis ou 
em títulos. 
21
POLÍTICA CAMBIAL E MERCADO DE CÂMBIO Capítulo 1 
 2 O romance O Código da Vinci, de Dan Brown, alude 
recorrentemente aos Cavaleiros Templários, grupo tido 
como o ramo militar do Priorado de Sião, sociedade secreta 
protetora do segredo do Santo Graal. Em visita à Temple 
Church, uma igreja templária de Londres, Sir Leigh Teabing, 
famoso historiador do Graal, dirige-se os protagonistas 
Sophie Neveu e Robert Langdon nos seguintes termos: 
“Os Templários inventaram o conceito do sistema bancário moderno. 
Para os nobres europeus, era perigoso viajar com ouro, então os 
Templários permitiam que os nobres depositassem ouro na igreja do 
Templo mais próxima e depois o sacassem em qualquer outra igreja 
do Templo do outro lado da Europa. Só precisavam dos documentos 
apropriados. – Deu uma piscadela. – E de uma pequena comissão. 
Eles eram os bancos 24 horas daquele tempo” (BROWN, D. O 
Código da Vinci. Rio de Janeiro: Sextante, 2004, p. 367).
Utilizando o excerto como motivação, explique o aparecimento 
da moeda fi duciária, ou seja, baseada na confi ança, como a 
evolução de um sistema baseado na moeda metálica.
2.4 TAXA DE CÂMBIO
Sem dúvidas, a possibilidade de comprar e vender produtos provenientes 
de várias partes do mundo é uma das vantagens da globalização. Tanto os 
produtores brasileiros podem optar por produzirem no Brasil e ofertarem seus 
produtos no mercado interno e externo quanto os consumidores brasileiros podem 
decidir consumir os produtos do mercado interno ou do externo 
A economia aberta permite um fl uxo livre de importação e exportação e isso 
traz algumas vantagens. Uma delas é pensar que é possível você competir no 
mercado internacional com aquilo que você produz de melhor qualidade e menor 
custo e comprar o que não é produzido efi cientemente domesticamente ou mesmo 
que não exista produção doméstica. 
Mas, para que estas operações de compras e vendas internacionais possam 
acontecer, é preciso analisar o fator câmbio, ou seja, é necessário estabelecer a 
22
 Mercado Cambial e Comércio Exterior
relação de troca entre as duas moedas. A cada oscilação da moeda de transação 
internacional, os importadores e exportadores serão afetados diretamente.
O mercado de cambio é onde a moeda doméstica (real, no nosso caso) é 
trocada por moeda de outro país (dólar, por exemplo). Colocado isso, vamos 
defi nir taxa de câmbio: é o preço da moeda estrangeira em moeda doméstica. 
Para evitar dúvidas quanto à valorização e desvalorização da taxa de câmbio, 
vamos a um exemplo:
a) taxa de câmbio é 1 U$$ = R$ 5,90
b) taxa de câmbio é 1 U$$ = R$ 6,00
c) taxa de câmbio é 1 U$$ = R$ 5,80
O momento a) signifi ca que para adquirir 1 moeda norte americana, são 
necessárias R$ 5,90 moedas nacionais. No dia seguinte, teremos o momento b) 
em que será necessária uma quantidade maior de moeda nacional (R$ 6,00) para 
adquirir a mesma unidade monetária de moeda norte-americana. 
Ou seja, houve uma depreciação da moeda nacional com o aumento da 
taxa de câmbio. Se no dia seguinte, momento c), será necessário menos moeda 
nacional (R$ 5,80) para a mesma unidade monetária de moeda norte-americana. 
Ou seja, houve uma apreciação da moeda nacional e uma redução da taxa de 
câmbio. 
É importante destacar a diferença entre uma desvalorização ou valorização 
real de uma desvalorização, ou valorização nominal. Quando se trata de uma 
valorização real, o câmbio, signifi ca a valorização nominal dele menos a taxa de 
infl ação do período. Exemplo: se a taxa de câmbio valorizar 10% no mês e a 
infl ação do período for de 10%, ocorrerá uma valorização nominal de 10%, mas 
não ocorrerá uma valorização real. 
 Essas alterações da taxa de câmbio acontecem de diversas formas, de 
acordo com o regime cambial adotado no país, como veremos a seguir. Agora, 
é importante destacar que a valorização e desvalorização da taxa de câmbio 
podem modifi car as transações comerciais, especifi camente as exportações e 
importações. Vamos fazer algumas considerações sobre a importância dessa 
oscilação do câmbio para esses dois agentes do comércio exterior: 
a) para o exportador: ao produzir no mercado doméstico e vender para o 
mercado externo, o exportador pagará seus impostos, custos com funcionários, 
aluguel etc. em moeda doméstica, no caso brasileiro, em real. 
23
POLÍTICA CAMBIAL E MERCADO DE CÂMBIO Capítulo 1 
De uma forma simplória, imagine que esse exportador vende sua mercadoria 
para o exterior e receber U$$ 1 por ela. Ao ser cambiada, qual seria a melhor 
situação de cambio para ele? A cotação de 1U$ = R$5,90; 1U$ = R$6,00 ou 1U$ 
= R$5,80? 
Parece claro que é interessante a taxa de câmbio 1U$=R$6,00, ou seja, uma 
depreciação da moeda nacional, ou seja, um aumento da taxa de câmbio. O 
exportador terá menor retorno quando a taxa de câmbio estiver mais baixa, ou 
seja, com a moeda nacional apreciada (1 U$ = R$ 5,80) 
b) para o importador: vamos lembrar que ele compra do mercado exterior e 
paga em dólar e vende para o mercado doméstico, em real. 
De uma forma simplória, imagine que esse importador compra sua mercadoria do 
exterior e paga U$$ 1 por ela. Ao ser cambiada, qual seria a melhor situação de 
câmbio para ele? A cotação de 1U$ = R$5,90; 1U$ = R$6,00 ou 1U$ = R$5,80? 
Parece claro que é interessante a taxa de câmbio 1 U$ = R$ 5,80, ou seja, uma 
apreciação da moeda nacional, ou seja, uma redução da taxa de câmbio. O 
importador terá menor retorno quando a taxa de câmbio estiver mais alta, ou seja, 
com a moeda nacional depreciada ( 1U$ = R$ 6,00).
Em resumo:
Dólar Real Exportador Importador
US$1 R$ 5,90 => 6,00 � � 
US$ 1 R$ 5,90 => 5,80 � � 
Percebe-se que o posicionamento desses agentes é divergente: para 
os importadores, quanto maior estiver o valor do dólar, mais desvalorizada 
a moeda doméstica, o processo de importação se tornará mais caro. Esse 
aumento do dólar aumentará os custos de importação e será repassado 
ao consumidor fi nal, ou seja, ele irá pagar mais pelo mesmo produto. 
Por outro lado, para o exportador, quanto maior for o valor do dólar 
mais ele receberá, em real, pelo produto vendido. Isso possibilita que o 
24
 Mercado Cambial e Comércio Exterior
produtor nacional reduza seu preço em moeda estrangeira para ser mais 
competitivo no mercado internacional ou ele mantém o seu preço em real 
e terá uma margem de lucro muito maior.
 É necessário lembrar que o aumento do dólar também encarece 
alguns custos do exportador como: frete internacional, seguro internacional 
e algumas tarifas e taxas que são pagas tanto para o importador quanto 
para o exportador. Ainda podemos acrescentar um possível aumento de 
custos na cadeia doméstica de produção caso o produto precise de um 
insumo importado. Uma desvalorização da moeda nacional frente ao dólar 
não parece ser uma solução tão favorável assim.
É possível ter oportunidade de importação mesmo com o dólar 
alto?
Leia: https://chinagate.com.br/oportunidades-em-importacao-
mesmo-com-dolar-alto/
Bretton Woods: saiba o que foi este acordo e sistema monetário
Os acordos de Bretton Woods foram estabelecidos em sua 
conferência, realizada em 1944, com a presença de delegações de 
44 países. Este encontro ocorreu nos Estados Unidos na cidade de 
Bretton Woods, no estado de New Hampshire, motivo pelo qual fi cou 
assim conhecido.
Na reunião para a Conferência Monetária e Financeira das Nações 
Unidas foram discutidas mudanças que afetariam o comércio 
internacional e o ordenamento monetário mundial. O conjunto dos 
Para a economia, o melhor cenário é o equilíbrio para que tanto os 
importadores quanto os exportadores possam se benefi ciar, pois o sucesso 
depende de ambos os agentes do comércio exterior. 
Ao longo de toda a discussão sobre comércio exterior, sempre fazemos a 
equivalência com a moeda norte-americana, o dólar. Mas por quê? 
25
POLÍTICA CAMBIAL E MERCADO DE CÂMBIO Capítulo 1 
acordos celebrados entre os países resultou no sistema Bretton 
Woods, onde o dólar fi caria atrelado ao valor do ouro e a outras 
moedas ao dólar norte-americano.
Hotel Mount Washington, local onde se fi rmaram os acordos de Bretton Woods
Contexto histórico
Até antes da Primeira Guerra Mundial, o sistema monetário vigente na maioria 
dos países era o padrão-ouro. Nele o valor das moedas tinha origem no preço da 
commodity, mantendo garantido os seus valores e as taxas de câmbio.
O comércio entre os países é então agravado devido às duas Grandes Guerras e 
também pela Grande Depressão em 1929. Muitos países abandonam os acordos 
de comércio e passam a desvalorizar as suas moedas. Com isso, conseguiam 
aumentar as suas exportações, e ainda fi nanciar os gastos públicos com a 
emissão de mais moeda.
Naquele cenário considerado mais protecionista, o mercado mundial decresce 
cada vez mais e uma nova ordem para o comércio internacional deveria ser 
elaborada. A conferência de Bretton Woods ocorre ainda durante a Segunda 
Guerra Mundial, tendo sido iniciada no mês de julho do ano de 1944. A reunião 
tinha o objetivo de reaproximar as economias, defi nindo um novo padrão 
internacional. Apesar de ter durado três semanas, as ideias já eram debatidas há 
alguns anos entre os seus projetistas. Dentre eles se destacam os economistas 
John Maynard Keynes e Harry Dexter White.
26
 Mercado Cambial e Comércio Exterior
Sistema Bretton Woods
Nos acordos fi cou estabelecido o sistema Bretton Woods como base para a gestão 
monetária para o comércio internacional e para os pagamentos de exportações e 
importações.
Durante o padrão-ouro, cada país mantinha a sua moeda atrelada ao valor do 
ouro limitado à quantidade mantida em cada nação. Havendo um excesso de 
importação, parte da reserva de ouro deveria ser entregue entre os países.
No sistema elaborado em Bretton Woods os delegados concordaram que as 
moedas passariam a ter os seus valores derivados do dólar. Já a moeda norte-
americana, continuaria a ter o seu valor atrelado ao do ouro.
Além de menos limitado em comparação ao antigo sistema, Bretton Woods seria 
supervisionado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), órgão que foi criado 
durante a conferência.
Resultados dos acordos de Bretton Woods
Com o sistema fi nanceiro imposto, o FMI seria responsável por manter um fundo 
de emergência para os países que acabassem por ter altos défi cits comerciais 
- excesso de importações. Ainda nos acordos, estava previsto a criação do 
Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD), que apoiaria a 
reconstrução dos países. Esta instituição deu origem ao Banco Mundial.
Já em 1947, o Acordo Geral de Tarifas e Comércio (GATT) continuaria a 
impulsionar o comércio entre países e reduzindo barreiras ao desenvolvimento 
econômico. O sistema de Bretton Woods foi perdendo força ao longo dos anos 
devido às limitações em manter o dólar atrelado ao ouro.
No ano de 1971, o presidente Richard Nixon determina o fi m deste sistema, 
permitindo que cada país pudesse defi nir como seria a paridade de duas moedas. 
Apesar de seu fi m, este sistema conseguiu sustentar e impulsionar o comércio 
internacional. Além disso, mantém os seus efeitos até os dias atuais, com o FMI e 
o Banco Mundial ainda em atividade.
27
POLÍTICA CAMBIAL E MERCADO DE CÂMBIO Capítulo 1 
 3 Descreva o possível efeito da desvalorização do real 
em relação ao dólar sobre:
a) as exportações
b) as importações
Índice Big Mac
O Índice Big Mac, ou Big Mac Index, foi criado em 1986 pela revista 
britânica The Economist e compara os preços do Big Mac em 
diferentes países no mundo onde contém a cadeia de restaurantes 
McDonald’s.
Este índice serve como um indicativo da Paridade do Poder de 
Compra (PPC) de cada um desses países usando como referência o 
Big Mac. Mesmo que feito de maneira informal, permite a comparação 
do poder de compra devido à presença da rede McDonald’s em 
vários países.
Além disso, o estudo considera o fato deste produto ser homogêneo 
em todos os países em que é comercializado, considerando os 
custos para oferecê-lo e o preço de venda.
Índice Big Mac para o Brasil
Os resultados divulgados pela revista no início de 2020 apontam que 
o Real está subvalorizado em 15,3%. Se a taxa de câmbio estivesse 
em R$ 3,51 para cada dólar, o produto estaria sendo vendido ao 
mesmo valor nos Estados Unidos ou no Brasil.
Os resultados divulgados desde 2016 podem ser acompanhados 
pela tabela abaixo:
Um outro questionamento é sobre o poder de compra em cada país, ou seja, 
o que eu consigo comprar em cada país com uma quantia de dólar? Daí surgiu o 
“índice Big Mac” que eu sugiro a leitura: 
28
 Mercado Cambial e Comércio Exterior
Data de 
divulgação
Preço Big 
Mac no 
Brasil
Preço Big 
Mac nos 
EUA
Pari-
dade de 
equilíbrio
Taxa de 
câmbio 
(para 
cada 
dólar)
Índice 
Big Mac
Jan/2021 R$ 21,90 US$ 5,66 3,87 R$ 5,50 - 29,6%
Jul/2020 R$ 20,90 US$ 5,71 3,66 R$ 5,34 - 31,5%
Jan/2020 R$ 19,90 US$ 5,67 3,51 R$ 4,14 - 15,3%
Jul/2019 R$ 17,50 US$ 5,74 3,05 R$ 3,81 - 19,9%
Jan/2019 R$ 16,90 US$ 5,58 3,03 R$ 3,72 - 18,5%
Jul/2018 R$ 16,90 US$ 5,51 3,07 R$ 3,84 - 20,1%
Jan/2018 R$ 16,50 US$ 5,28 3,13 R$ 3,23 - 3,2%
Jul/2017 R$ 16,50 US$ 5,30 3,11 R$ 3,23 - 3,7%
Jan/2017 R$ 16,50 US$ 5,06 3,26 R$ 3,22 + 1,1%
Jul/2016 R$ 15,50 US$ 5,04 3,08 R$ 3,24 - 5,1%
Jan/2016 R$ 13,50 US$ 4,93 2,74 R$ 4,02 - 32,0%
Como é calculado o Índice Big Mac
Para comparar o poder de compra entre países é utilizado como base o preço 
médio do Big Mac nos Estados Unidos, coletando ainda o preço médio do 
sanduíche em cada país.
O índice criadopela The Economist propõe analisar o quão valorizada ou 
desvalorizada está a moeda de cada país em relação à moeda norte-americana. A 
forma como é calculada este índice é o seguinte:
Por exemplo, analisando em janeiro de 2021 o Big Mac nos Estados Unidos 
custava US$ 5,66 e no Brasil R$ 21,90. A paridade deste produto entre os dois 
países medida foi de 3,87.
A paridade de preços pode ser comparada com a taxa de câmbio vigente no 
mercado no período. Ainda no exemplo, foi visto que a taxa de câmbio estava 
em R$ 5,50 por cada dólar, valor acima da paridade, e que propõe haver 
desvalorização da moeda brasileira.
Segundo o índice a subvalorização medida era de 29,6% face ao poder de compra 
da moeda dos norte-americanos ao adquirir este produto.
29
POLÍTICA CAMBIAL E MERCADO DE CÂMBIO Capítulo 1 
Outra forma de perceber o poder de compra através do índice é convertendo o 
valor do sanduíche na mesma moeda, neste caso o dólar. Fazendo isso, vemos 
que o Big Mac custaria cerca de US$ 3,98 no Brasil, indicando a um poder de 
compra inferior ao dos americanos.
Poder de compra no Índice Big Mac
O poder de compra é o que indica a capacidade das pessoas de uma região ou 
país adquirirem um conjunto de produtos e serviços.
A teoria da Paridade do Poder de Compra (PPC) propõe analisar as diferenças de 
poder de compra de cada localidade, convertidos à mesma moeda.
A paridade existe apenas quando toma um valor igual à unidade, ou uma variação 
nula no caso do índice Big Mac.
Índices de paridade do poder de compra são medidos por várias entidades por 
todo o mundo, utilizando uma cesta de bens e serviços comparáveis. Já no caso 
deste índice, é utilizado um único produto: o Big Mac. A revista The Economist faz 
uma outra análise semelhante com um café da empresa Starbucks. 
FONTE: https://www.dicionariofi nanceiro.com/big-mac-index/
2.5 POLÍTICA CAMBIAL
Antes de estudarmos a Política cambial, vamos entender inicialmente 
o que são as políticas macroeconômicas. O governo tem algumas metas 
macroeconômicas que devem ser atingidas como crescimento econômico, 
estabilidade de preços, melhora na distribuição de renda e nível de emprego. De 
uma forma resumida, as políticas macroeconômicas são medidas que o governo 
pode utilizar para atingir essas metas. Cada política macroeconômica possui seus 
próprios instrumentos tais como taxa de juros, taxa de câmbio e gastos públicos. 
Essas políticas são distintas, mas devem ser harmônicas com objetivos fi nais 
de garantir a economia determinadas taxas de crescimento econômico, taxas 
de infl ação controlada, menor nível possível de desemprego, contas públicas 
equilibradas, entre outros.
O ideal seria conseguir atingir todos os objetivos fi nais simultaneamente, 
mas alguns objetivos podem ser contraditórios. O exemplo talvez mais discutido 
atualmente é a determinação da taxa básica de juros (SELIC) pelo governo. Ao 
reduzir a taxa de juros, por exemplo, as autoridades monetárias tendem impactar 
de forma positiva os indicadores de crescimento econômico na economia 
e aumento no nível de emprego. Acontece que a redução nos juros pode 
comprometer os níveis de infl ação, pressionando a elevação de preços. 
30
 Mercado Cambial e Comércio Exterior
2.5.1 Defi nição 
 Podemos defi nir Política cambial como o conjunto de medidas 
do governo que infl uencia o comportamento da taxa de câmbio, isto é, 
no preço da moeda nacional em relação às moedas estrangeiras. Na 
política cambial, o governo escolhe a forma como é determinada a taxa 
de câmbio no país 
 A determinação do câmbio, os chamados “regimes cambias”, 
podem ser de duas maneiras: o regime de taxas fi xas de câmbio, em 
que as autoridades monetárias defi nem o valor da taxa de câmbio, ou 
regime de câmbio fl exível ou fl utuante, em que as taxas de câmbio 
fl utuam no mercado dependendo da oferta e demanda de divisas. 
 Mas o que seria um mercado de divisas? Nada mais é do que a demanda 
e oferta de moeda estrangeira. A oferta de divisas pode ocorrer pelo exportador, 
pois quando ele exporta sua mercadoria, ele traz dólar para dentro do país e essa 
moeda estrangeira será cambiada pelo Banco Central por moeda doméstica. 
Outra forma, seria a entrada de capitais estrangeiros no país assim como a vinda 
de turistas estrangeiros que teriam que trocar a moeda estrangeira por moeda 
doméstica. É importante ressaltar que, no Brasil, não podemos utilizar a moeda 
estrangeira internamente, ou seja, comprar e vender bens, pagar contas no 
banco, emitir notas fi scais etc. Essa divisa deve ser cambiada no banco Central 
 A demanda de divisas é feita pelos importadores, que precisam utilizar 
moeda estrangeira para pagar suas importações assim como a saída de capital 
estrangeiro do país, pagamento de juros internacionais, fretes internacionais, 
saída de turista, remessa de lucro para o exterior etc. 
2.5.2 Regimes cambiais: defi nições, 
vantagens e desvantagens
Entende-se por regime, ou padrão cambial, a forma a taxa 
de câmbio como é determinada. Vamos estudar aqui dois regimes 
cambiais: regime de taxas de câmbio fl utuantes, ou fl utuantes, e 
Regime de taxa de câmbio fi xa. Vamos defi nir cada um desses regimes 
e depois destacar suas vantagens e desvantagens
Podemos defi nir 
Política cambial 
como o conjunto de 
medidas do governo 
que infl uencia o 
comportamento da 
taxa de câmbio, 
isto é, no preço da 
moeda nacional em 
relação às moedas 
estrangeiras.
Entende-se 
por regime, ou 
padrão cambial, 
a forma a taxa de 
câmbio como é 
determinada.
31
POLÍTICA CAMBIAL E MERCADO DE CÂMBIO Capítulo 1 
a) Regime de câmbio fi xo
Esse foi o regime cambial mais utilizado ao longo da história. Antes da 
Grande Depressão, no início da década de 1930, grande parte dos países, 
inclusive o Brasil, emitiam moeda com lastro em ouro, o chamado padrão-ouro, 
e tinha o regime de taxa de câmbio fi xo. Durante o Sistema de Bretton Woods, a 
partir do fi m da II guerra mundial, alguns países desenvolvidos voltaram a adotar 
um regime de taxa de câmbio fi xo, com alterações pontuais no câmbio, quando 
necessário. Com a dissolução do Sistema de Bretton Woods, em 1971, momento 
em que os EUA abandonaram a conversibilidade do ouro com dólar, os principais 
países adotam, ofi cialmente, o regime de taxas de câmbio fl exível. 
No sistema câmbio fi xo, o governo determina o valor do câmbio. 
Com isso, o governo se compromete a vender e comprar a moeda 
estrangeira pelo valor por ele estabelecido. Pelas regras do sistema 
fi nanceiro internacional, ao adotar um regime de câmbio fi xo, o governo 
daquele país é obrigado a disponibilizar suas reservas de divisa caso o 
mercado precise. 
Nos anos 1980 e 1990, muitos países com elevadas taxas de infl ação 
adotaram regime de taxas de câmbio fi xo. Na primeira fase do Plano Real, no 
Brasil, o regime cambial adotado mantinha o dólar em uma variação estreita 
chamada “banda cambial”. Na Argentina, a conversibilidade do peso em relação 
ao dólar, mantendo fi xa a paridade de um dólar igual a um peso, entre 1989 e 
2002. A Argentina ainda sofre as consequências desse período. 
No sistema câmbio 
fi xo, o governo 
determina o valor do 
câmbio.
https://www.beefpoint.com.br/argentina-vive-inferno-cambial-com-12-
taxas-diferentes-do-dolar/
Para países com taxas de infl ação elevadas, o câmbio fi xo contribuía para 
o combate à infl ação. A explicação é simples: Com uma valorização cambial, 
a moeda nacional fi ca mais forte frente a moeda do outro país. Com isso, a 
população consegue comprar produtos importados mais baratos do que os 
produtos nacionais e pressiona os empresários domésticos a manter seus preços 
em níveis competitivos. Sem dizer que bens importados que fazem parte do 
processo produtivo doméstico, como o petróleo, fi cam mais baratos e podem 
facilitar a redução do preço dos produtos domésticos. A valorização da moeda 
32
 Mercado Cambial e Comércio Exterior
nacional permite que ospreços internos “ancore” e reduz a taxa de infl ação, e é 
por esta razão que é chamada de âncora cambial. Sem dúvidas, a estabilidade da 
taxa de câmbio realmente ajuda a controlar a infl ação.
Vamos entender melhor essa relação entre valorização da moeda nacional 
e controle da infl ação: imagine que o governo brasileiro defi na que o valor 
do dólar é de R$ 2,00, ou seja, para adquirir 1 U$$ será necessário R$ 1,00. 
Vamos importar um produto que custa um dólar, ele será importado por 1 real. 
Daqui a um ano, como a infl ação dos EUA é controlada, esse produto estará 
custando o mesmo 1U$$ e o produto continuará sendo importado a R$ 1. Como 
alguém poderá vender esse produto acima desse valor no país? Obviamente 
estou trabalhando na hipótese de que há uma abertura comercial, com elevada 
liberdade de importação e que o governo consiga ter reservas para garantir a taxa 
fi xa de U$ 1,00 = R$1. Vejamos a Figura 4 abaixo. Suponha que esse gráfi co 
represente o valor de 1US$ em R$. Com a demanda e oferta inicial, o equilíbrio 
estaria no ponto A. Supondo que a demanda por dólar aumente, a sua curva se 
deslocará para a direita e teria um novo ponto de equilíbrio com um ponto mais 
alto e, consequentemente, mais moedas domésticas seriam necessárias para 
adquirir o mesmo dólar. Porém, como o câmbio é fi xo, o governo mantém no valor 
anterior, haverá uma diferença entre a oferta e demanda de divisa. Essa diferença 
deverá ser colocada no mercado pelo governo para garantir o sistema .
FIGURA 4 – DEMANDA E OFERTA DE DIVISAS NO REGIME DE CÂMBIO FIXO
FONTE: A autora (2021)
33
POLÍTICA CAMBIAL E MERCADO DE CÂMBIO Capítulo 1 
Ao adotar um regime de taxa de câmbio fi xo, o governo tem que garantir o 
valor do dólar e utilizar suas reservas, caso necessário. Isso pode comprometer 
a capacidade do governo em outras áreas, como, por exemplo, estimular as 
atividades econômicas. Suponhamos que o valor do dólar esteja fi xado em 
R$1,00. Isso signifi ca que o Banco Central assume o compromisso de comprar 
e vender qualquer quantidade de dólar por um real. No caso de uma crise, se 
os investidores quiserem sair do país, o banco central deve usar suas reservas 
internacionais para bancar essa cotação. Essa medida pode comprometer 
outras áreas, como por exemplo, elevar as taxas de juros para atrair investidores 
estrangeiros a trazerem dólar para dentro do país. Porém, essa política monetária 
contracionista de aumento de juros pode comprometer a atividade econômica 
pois os agentes econômicos terão crédito mais caro 
Um aumento da taxa de juros para manter o equilíbrio no mercado cambial 
pode respingar também na política fi scal. Ao aumentar os juros, o governo 
aumenta o valor da sua dívida pública e, consequentemente, compromete as 
contas públicas aumentando o défi cit fi scal. Isso pode acarretar uma política 
fi scal contracionista com o aumento de impostos e redução de gastos públicos, 
comprometendo o crescimento econômico e o nível de emprego da economia. 
b) Regime de câmbio fl utuante ou fl exível 
No regime de câmbio fl exível, ou fl utuante, a taxa de câmbio é 
determinada pelo mercado de divisas, ou seja, pela demanda e oferta 
de moeda estrangeira dentro do país. Analisando a Figura 5, temos o 
momento inicial de equilíbrio (ponto A) e, ao aumentar a demanda de 
dólar dentro do país, a curva de demanda por dólar se deslocaria para 
a direita. Estabeleceria um novo ponto de encontro (ponto B) com a 
oferta de dólar estável, o preço em do dólar em real aumentaria, ou seja, 
haveria uma desvalorização da moeda nacional e valorização do dólar. 
No regime de 
câmbio fl exível, 
ou fl utuante, a 
taxa de câmbio é 
determinada pelo 
mercado de divisas.
34
 Mercado Cambial e Comércio Exterior
FIGURA 5 – DEMANDA E OFERTA DE DIVISAS NO REGIME DE CÂMBIO FIXO
FONTE: A autora (2021)
Alguns economistas acreditam que nesse regime cambial, o mercado 
estabelece uma taxa de câmbio capaz de promover o equilíbrio nas contas 
externas. Supondo o exemplo da Figura 5 com défi cit nas contas externas, um 
aumento da demanda por dólar causa uma desvalorização da moeda nacional, 
pois teremos menos dólares disponíveis no mercado cambial. A valorização do 
dólar tende a provocar um aumento nas exportações e redução das importações, 
podendo levar a um novo equilíbrio. Sem dúvidas pode comprometer a infl ação, 
pois a tendência é que os produtos importados fi quem mais caros. 
Por outro lado, essa desvalorização da moeda nacional pode aumentar a 
competitividade dos produtores nacionais no mercado internacional. Suponhamos 
que o empresário no Brasil possa produzir um determinado bem por R$ 12, sendo 
que o preço dele no mercado externo é de US$ 3. Com uma taxa de câmbio 
de US$ 1 = R$ 4, não será interessante exportar, pois não terá lucro. Porém, 
se o real se desvalorizar para US$1 = R$6, o exportador receberá R$18 pelo 
produto exportado. Se o exportador quiser ser mais competitivo, pode exportar a 
mercadoria com o preço de US$2,5. Ele receberá R$15,00 e ainda terá lucro.
Caso ocorra um superávit das contas externas, acontecerá uma valorização 
da moeda nacional e o preço do dólar reduzirá. Haverá redução na pressão 
sobre a infl ação, pois os produtos importados entrarão no país mais baratos, 
35
POLÍTICA CAMBIAL E MERCADO DE CÂMBIO Capítulo 1 
entretanto, ao mesmo tempo haverá redução das exportações. A redução das 
exportações pode causar danos na produção nacional e no nível de emprego. 
Isso porque muitas empresas nacionais não suportariam a competição com 
produtos importados mais baratos, por conta do câmbio. Com isso, provocaria 
uma redução da produção nacional e do nível de emprego, apesar de um controle 
maior da infl ação 
A política monetária também pode infl uenciar o comportamento do mercado 
cambial. Suponha que o Banco Central eleve a taxa de juros em uma política 
monetária contracionista. Provavelmente haverá um aumento do número de 
investidores estrangeiros dispostos a adquirir títulos públicos no Brasil, os 
investidores brasileiros diminuem o interesse em aplicar seus recursos fora do 
país e, por outro lado, aumenta o interesse de bancos e empresas que estão 
no Brasil em buscar empréstimo no exterior para aplicar no Brasil. Dessa forma, 
aumentar a entrada de moeda estrangeira no Brasil provoca uma pressão pela 
valorização da moeda nacional. A tendência é que o preço do dólar caia e o 
real se valorize. Como já foi explicado, isso ocorrerá com redução do preço dos 
produtos importados, assim como a taxa de infl ação, com tendência a reduzir. No 
primeiro momento, isso parece bom para o país, porém, existem problemas. Com 
o incentivo do aumento das importações e a diminuição da exportação pode levar 
a um défi cit na balança comercial. A Balança comercial vai registrar a importação 
e exportação de mercadorias e, consequentemente, a saída de dólar (ao importar 
as mercadorias) e a entrada de dólar (ao exportar as mercadorias). 
Em resumo: 
36
 Mercado Cambial e Comércio Exterior
c) Vantagens e desvantagens dos regimes cambiais
A grande vantagem do regime fl exível, é que o governo consegue preservar 
as reservas cambias, pois é o mercado que vai fi xar a taxa de câmbio pelo 
movimento de oferta e demanda de divisas sem que o banco Central seja obrigado 
a utilizar suas reservas. O problema principal desse regime é que o câmbio pode 
fi car muito volátil e isso prejudica o mercado fi nanceiro e facilita o aparecimento 
das especulações. Outra questão é que podem surgir desvalorizações cambiais 
abruptas que aumente o preço dos produtos importados rapidamente, impactando 
os indicadores de infl ação do país. Na prática, mesmo sendo um regime de 
câmbio fl exível, o banco central tem formas de interferir na determinação da 
taxa de câmbio. Como? Por meio da compra e venda de divisas no mercado 
com o intuito de manter a taxa dentro dos níveis que as autoridades monetárias 
acreditam ser adequadas.Vamos exemplifi car: suponha que a taxa de câmbio esteja muito alta, 
segundo as Autoridades monetárias, e haja pressão nas taxas de infl ação. Neste 
caso, o Banco Central pode disponibilizar dólares no mercado, ou seja, aumentar 
a oferta de dólares para que a sua cotação diminua. Por outro lado, em outra 
situação, as autoridades monetárias consideram que a taxa de câmbio está 
muito alta e prejudicando os exportadores, o banco Central pode comprar dólar 
no mercado para aumentar a sua cotação, melhorando a posição cambial. Esse 
fato é chamado de “Flutuação suja” ou dirty fl oating. Mas o que é uma posição 
cambial?
Posição de câmbio
A posição de câmbio representa o resultado líquido acumulado das 
contratações de compra e venda de moeda estrangeira, realizadas 
por uma instituição autorizada a operar no mercado de câmbio desde 
o momento inicial de suas atividades. O valor da posição de câmbio 
de uma instituição é apurado diariamente acrescentando-se ou 
diminuindo-se de sua posição do dia anterior cada um dos registros 
efetuados (exportações, importações, remessas fi nanceiras do e 
para o exterior e operações interbancárias). O cômputo é realizado 
tanto na moeda estrangeira negociada como no equivalente em 
dólares dos Estados Unidos. 
Fonte: https://www.bcb.gov.br/conteudo/relatorioinfl acao/
EstudosEspeciais/EE087_Posicao_de_cambio.pdf
37
POLÍTICA CAMBIAL E MERCADO DE CÂMBIO Capítulo 1 
Câmbio fi xo Câmbio fl utuante
Características
 Banco Central fi xa a 
taxa de câmbio.
 Banco Central é obriga-
do a disponibilizar res-
ervas cambiais. 
 O mercado (oferta e 
demanda de divisas) 
determina a taxa de 
câmbio.
 O banco central não é 
obrigado a disponibili-
zar as reservas cam-
biais. 
Vantagens
 Maior controle de in-
fl ação (custos das im-
portações estáveis). 
 Política monetária 
mais independente do 
câmbio.
 Reservas cambiais 
mais protegidas de 
ataques especulati-
vos. 
Desvantagens
 Reservas cambiais 
vulneráveis a ataques 
especulativos.
 A política monetária 
(taxa de juros) fi ca de-
pendente do volume 
das reservas cambiais. 
 A taxa de câmbio fi ca 
muito dependente da 
volatilidade do merca-
do fi nanceiro nacional 
e internacional.
 Maior difi culdade de 
controle das pressões 
infl acionárias devido 
as desvalorizações 
cambiais (pass-
through). 
QUADRO 3 – REGIMES CAMBIAIS
FONTE: Vasconcellos e Garcia (2007, p. 207)
4 (Instituto Rio Branco, 2010) Considerando que a taxa de 
câmbio é uma variável fundamental em uma economia aberta 
e sua determinação pode se dar de formas distintas: 
a) Explique a determinação da taxa de câmbio em regimes de câmbio 
fi xo e fl utuantes.
b) Comente o papel das reservas internacionais nos dois regimes. 
38
 Mercado Cambial e Comércio Exterior
2.6 A VOLATILIDADE DO MERCADO 
INTERNACIONAL E A POLÍTICA 
COMERCIAL 
Muito se fala de volatilidade. Vamos entender o conceito de volatilidade? 
É feita uma análise das intensidades e frequência das oscilações de um ativo 
em um período determinado de tempo. Se essas oscilações e frequências forem 
intensas, o mercado está volátil. Suponha que o fl uxo de capitais para o Brasil 
tem oscilado mais, pois os investidores globais com aversão ao risco resolvem 
retirar seus investimentos dos países emergentes e reposicioná-los em mercados 
de países desenvolvidos. Esse movimento vai impactar de forma decisiva no 
mercado desses países emergentes, principalmente no câmbio.
Existem alguns motivos para a valorização do dólar na 
comparação com as diversas moedas e ao real (pelos apontamentos 
do Geral Investimentos.
• Cenário de aversão ao risco.
• Diferencial de juros em relação a pares internacionais como o 
México (taxa básica de juros = 8%).
• Diminuição das operações de carry trade (compra de dólares em 
lugares com juros baixos e aplicação em lugares com juros altos. 
Juros esses que foram bastante reduzidos no Brasil). 
• Troca de dívidas em dólar por dívidas em reais de empresas 
brasileiras. No Brasil há demanda de investidores institucionais 
locais em busca de maior rentabilidade, dado que a taxa de juros 
está muito baixa para padrões brasileiros.
Em: http://www.geralinvestimentos.com.br/exterior-intensifi ca-
volatilidade/
39
POLÍTICA CAMBIAL E MERCADO DE CÂMBIO Capítulo 1 
As alterações na taxa de câmbio acabam trazendo repercussões sobre outras 
variáveis dentro da economia. Tradicionalmente, os governos adotam política 
comercial para garantir resultados positivos em relação à balança comercial. 
Essas políticas acabam sendo medidas para que reduzir as importações e 
estimular as exportações. Vejamos quais seriam essas políticas: 
Alteração nas tarifas de importação: caso a política seja de proteção a produção 
nacional, o governo pode elevar o imposto de importação além de outros tributos 
e taxas pagas pelos produtos importados. 
Regulamentação do comércio exterior: através de entraves burocráticos que 
difi cultam a importação assim como barreiras qualitativas às importações, como 
estabelecer cotas e proibições às importações. 
Mas para poder ter uma maior compreensão da política comercial, é 
interessante destacar os fatores que infl uenciam as exportações e importações:
As exportações são infl uenciadas pelas variáveis:
a) taxa de câmbio: se ocorrer uma desvalorização da moeda nacional, ou seja, 
um aumento na taxa de câmbio, haverá um estímulo ao exportador para vender 
sua mercadoria no mercado externo. 
b) O preço dos produtos brasileiros no comércio internacional: se o preço do 
produto brasileiro aumentar de preço e, em dólar, haverá um estímulo a exportar 
mais.
c) o preço interno em reais: se os preços da mercadoria aumentar dentro do 
mercado doméstico, haverá um estimulo do exportador em vender dentro do 
mercado doméstico.
d) subsídio e incentivos as exportações: as exportações são estimuladas 
caso haja um incentivo fi scal, ou seja, o governo utilizando da política fi scal como 
isenção /redução de impostos para os exportadores ou a redução da taxa de juros 
e/ ou aumento de crédito para os exportadores. 
e) renda mundial: Uma alteração na renda mundial interfere diretamente nas 
exportações, uma vez que modifi ca a capacidade de consumo das pessoas. Caso 
a renda mundial aumente, haverá uma tendência ao aumento no consumo e, 
consequentemente, um estímulo para o exportador vender mais. 
Agora é a vez de expor alguns fatores que podem estimular as importações: 
a) barreiras tarifárias: dentre os instrumentos de política comercial, podemos 
destacar as barreiras tarifárias. São tributos que incidem nas operações de 
comércio exterior. No Brasil, tratam-se do imposto de importação e do imposto 
de exportação. Os impostos de importação e exportação possuem a natureza 
extrafi scal, ou seja, são instrumentos de política econômica do governo para 
40
 Mercado Cambial e Comércio Exterior
regular a economia, não possuindo fi nalidade de arrecadação. Se o governo quer 
restringir a entrada de algum bem, eleva a alíquota do imposto de importação 
desse produto; caso queira incentivar a importação, reduz a alíquota. Em nosso 
sistema tributário-aduaneiro temos as seguintes tarifas aduaneiras: 
→ ad valorem: que incide sobre o valor do bem (% do valor do bem) 
→ específi ca: valor específi co que incide sobre determinada medida (R$x por 
litro)
→ mista: conjugação das tarifas ad valorem e específi ca (x por litro + y%)
b) Barreiras não tarifárias: as barreiras tarifárias que discutimos acima são 
constantemente debatidas quando são feitas as Rodadas de Negociações 
internacionais sobre o livre. Muitos países passaram a utilizar as barreiras não 
tarifárias como formas de estabelecer protecionismo pois é uma ação mais 
velada. Essas barreiras podem ocorrer com a difi culdade de novos procedimentos 
administrativos, gerar obrigação de adotar controles sanitários e técnicos, além 
de estabelecer cotas.
 São instrumentos de política comercial que os países utilizampara agir 
de forma protecionista, restringindo a importação das mercadorias. 
Relacionamos as principais medidas não tarifárias:
COTAS DE IMPORTAÇÃO • Limitação de importações pela fi xação 
de cotas para produtos, ou seja, apenas determinada quantidade de 
bens podem ser importadas no período. 
PROIBIÇÃO DE IMPORTAÇÃO • Estabelecimento de proibições de 
importação de determinados produtos, ainda que seja permitido sua 
comercialização no mercado interno. 
SUBSÍDIOS À EXPORTAÇÃO • Concessão de benefícios aos 
exportadores, que podem ser através de contribuição fi nanceira, 
doações, empréstimos, aportes de capital, garantias de empréstimos, 
perdão de dívidas, bonifi cação fi scal ou qualquer forma de 
sustentação de renda ou de preços. 
RESTRIÇÕES VOLUNTÁRIAS À EXPORTAÇÃO (RVE) ou ACORDO 
DE RESTRIÇÃO VOLUNTÁRIA • Estabelecimento de cotas à 
exportação pelo próprio país exportador, a pedido do importador, a 
fi m de evitar restrições comerciais. 
NECESSIDADE DE CONTEÚDO LOCAL • Exigência de produção 
local de parte do processo produtivo do bem. 
41
POLÍTICA CAMBIAL E MERCADO DE CÂMBIO Capítulo 1 
BARREIRAS TÉCNICAS AO COMÉRCIO • Restrições quanto à 
composição do produto de forma a atender parâmetros mínimos, 
inclusive para se adequar a medidas de caráter ambiental. 
BARREIRAS SANITÁRIAS E FITOSSANITÁRIAS • Exigência de 
observância de normas sanitárias e fi tossanitárias na importação de 
produtos de origem animal e vegetal. 
MEDIDAS DE DEFESA COMERCIAL • Aplicação de medidas 
compensatórias, em caso de comprovação de prática de subsídios;
 • Aplicação de direitos antidumping, em caso de prática de dumping; 
e • Aplicação de medidas de salvaguardas, em caso de prejuízo 
grave ou ameaça decorrente do aumento do volume de importações. 
OUTRAS BARREIRAS NÃO TARIFÁRIAS • Estabelecimento de 
preços mínimos como referência para a cobrança das tarifas de 
importação, sem considerar a valoração aduaneira do produto • 
Licenciamento das importações:
• Controle cambial.
• Exigências consulares.
• Exigência de veículo de bandeira nacional para o transporte de 
mercadorias importadas •Inspeções prévias ao embarque. 
• Procedimentos aduaneiros especiais. 
• Medidas para a segurança de contêineres.
 • Adicionais de tarifas portuárias ou de marinha mercante. 
• Taxas sobre serviços. 
FONTE: Krugman e Obstfeld (2010 p. 201)
c) taxa de câmbio: uma desvalorização cambial, ou seja, uma valorização da 
moeda nacional frente à moeda estrangeira irá estimular a importação. Como já 
foi visto, para adquirir a mesma unidade de moeda estrangeira será necessária 
uma quantidade menor de moeda nacional, ou seja, será pago menos moeda 
nacional pelo mesmo produto que manteve o seu valor em moeda estrangeira. 
d) preços externos em moeda estrangeira: se ocorrer um aumento do preço da 
mercadoria em dólar, no exterior, haverá uma redução das importações dentro do país.
e) preços internos em moeda nacional: um aumento do preço dos produtos 
no mercado doméstico acaba estimulando o consumo de produto importado, 
aumentando as importações. 
f) Renda nacional: as importações são afetadas pela renda nacional pois um 
aumento na renda nacional estimula a importação e, ao contrário, sua redução 
tende a provocar uma retração das importações. Existe um regime aduaneiro 
especial conhecido como “drawback” para eliminação de tributos de insumos 
importados em produtos exportados 
42
 Mercado Cambial e Comércio Exterior
http://www.portaltributario.com.br/guia/drawback.html
Avaliar esses pontos que foram destacados sobre as importações e 
exportações direciona as decisões de política comercial, a atuação do governo 
nas questões que envolvem o setor externo 
2.7 POLÍTICA CAMBIAL E ATUAÇÃO 
DO GOVERNO 
A política comercial estabelece qual é o grau de abertura econômica de um 
país. De forma resumida, como o país se relacionará com os demais países 
através das suas importações e exportações. Cabe ao governo defi nir as medidas 
para estimular ou limitar o seu comércio exterior, visando o bem-estar da sua 
sociedade e desenvolvimento econômico e social do seu país. Vejamos algumas 
políticas comerciais:
a) Livre cambismo 
Para Krugman (2010, p. 26), existem dois motivos para que os países 
participem do comércio internacional: (i) porque diferem um dos outros, de forma a 
se especializarem na produção daquilo que fazem melhor em relação aos demais; 
(ii) para obter economias de escala, de forma a produzirem numa escala maior e 
mais efi ciente do que se tentasse produzir todos os bens de que necessitam. Ou 
seja, na busca pela efi ciência produtiva e maximização de sua renda; (iii) prover 
bem-estar da sociedade, disponibilizando produtos que não estariam disponíveis 
para consumo, caso não houvesse o comércio internacional.
O livre cambismo busca minimizar as restrições sobre importações e 
exportações. As medidas que restringem o livre comércio acabam gerando perdas 
de efi ciência econômica, além da perda de renda. No livre cambismo, não haveria 
barreiras legais ou regulamentares ao comércio, sendo o mercado o responsável 
pelo equilíbrio. Cada país iria se especializar na produção, buscando vantagens 
comparativas e economias de escala. Podemos considerar os seguintes 
argumentos a favor do livre comércio:
43
POLÍTICA CAMBIAL E MERCADO DE CÂMBIO Capítulo 1 
 Efi ciência 
• Ganho de efi ciência para o país e para todo o comércio internacional 
na especialização de produção e comercialização de bens em que 
possua maior vantagem comparativa.
• Possibilidade de inefi ciência econômica das medidas protecionistas, 
que poderia levar um país a produzir bens sem qualquer vantagem 
comparativa, com maiores custos e reduzidos benefícios econômicos. 
 Custo menor pela economia de escala 
• Especialização com a utilização de economias de escala, com aumento 
de produtividade pelo aumento da produção, diluindo custos fi xos e 
maximizando o resultado Maior variedade de produtos. 
 Maior variedade de produtos
• Aumento da oferta interna de bens, com aumento no bem-estar da 
população devido a novas opções de consumo. 
 Maior competição no mercado interno e estabilização de preços 
• Com o aumento da oferta de bens no mercado interno, o preço interno 
tende a se estabilizar considerando a lei de mercado (oferta x 
demanda). 
 Melhor fl uxo de ideias 
• Maior competição interna leva a uma busca pelo aumento da 
competitividade do produto nacional, exigindo um desenvolvimento 
da indústria nacional buscando uma maior competitividade 
internacional.
• O acesso a bens estrangeiros proporciona um acesso à tecnologia 
estrangeira, possibilitando uma transferência de avanços 
tecnológicos. 
 Argumento político 
• A abertura comercial escancara os custos da restrição ao livre comércio, 
tanto econômicos (custo das cotas, licenças, entraves aduaneiros 
etc.) quanto políticos. 
• O processo político, com atuação de grupos de infl uência interno e 
externo, infl uencia a decisão para a abertura comercial do país. 
b) Protecionismo 
Alguns analistas defendem que o comércio internacional não é bom para 
todos os países, devendo ser restringido. Isso porque alguns setores da economia 
são mais vulneráveis frente à concorrência de produtos importados no mercado 
doméstico. Defendem medidas protecionistas para que esses setores não sejam 
ameaçados, principalmente em situações de crise fi nanceira internacional ou 
guerras. Os EUA têm longa e persistente tradição de práticas protecionistas. 
Uma abertura comercial total, ou seja, uma entrada de produtos importados 
se nenhuma restrição pode impactar a indústria nacional, alterar os preços e 
44
 Mercado Cambial e Comércio Exterior
prejudicar a indústria doméstica. Há certo consenso que há a necessidade de 
alguma intervenção do governo, principalmente em setores que envolvam meio 
ambiente e saúde. Mas e em outros setores? E em qual proporção deve ser essa 
regulação? 
A gente ouve sobre como os produtoschineses estão acabando com a 
indústria nacional, gerando desemprego etc. Vários agentes econômicos alegam 
que é melhor comprar produtos semifaturados para sua empresa da China do que 
das indústrias nacionais. Será que a abertura comercial ampla, o livre comércio 
sem a regulamentação do governo, é vantajoso para todos os países ou somente 
para os países com graus de desenvolvimento semelhantes? Alguns economistas 
acreditam que é importante o protecionismo para a indústria nascente; o governo 
faria medidas regulatórias ou atuação direta nas operações de exportações e 
importações. Preferencialmente, esse protecionismo deveria acontecer através 
da utilização de barreiras não tarifárias e/ou tarifárias. Existem alguns argumentos 
contra o livre comércio, com base na teoria econômica.
https://youtu.be/OtUOikz-VkE
Argumentos a favor do protecionismo:
Países desenvolvidos também poderiam “sofrer” com o protecionismo 
através de tarifas e impostos sobre exportação
• Esse argumento é criticado, pois, na prática, os países menores e em 
desenvolvimento não podem infl uenciar seus preços de importação e 
também há uma difi culdade de retaliar os países desenvolvidos. 
Argumento da falha do mercado doméstico 
• Necessidade de proteção interna pela existência de falhas no mercado 
doméstico como defasagem de tecnologia, mercados em desequilíbrios. 
Argumento dos empregos 
• Os produtos importados chegariam mais baratos e causariam danos à 
indústria nacional, diminuindo sua produção e/ou exigindo que a indústria 
45
POLÍTICA CAMBIAL E MERCADO DE CÂMBIO Capítulo 1 
não protegida reduza custos demitindo e, consequentemente, gerando 
desemprego para a economia. 
Mas alguns economistas questionam se não seria possível uma situação 
intermediária. Ou seja, se haveria protecionismo em determinadas situações, ter 
práticas protecionistas nos seguintes casos:
Situação de indústria nascente 
• Seria a ajuda do Estado para proteger a indústria nascente, mas 
aplicado de forma temporária. Aconteceria nos primeiros estágios 
do desenvolvimento da indústria para garantir seu desenvolvimento 
econômico.
Situação de competição desleal
• Como cada país possui regras diferentes, isso pode gerar uma competição 
desleal. Muito ouvimos falar da China com relação às práticas abusivas 
de comércio internacional, como o dumping e o subsídio. 
Proteção ao equilíbrio do Balanço de Pagamento
• Garantir uma situação estável do país no que se refere às contas externas. 
Afastar a ameaça de desequilíbrio de Balanço de Pagamentos, evitando 
problemas sistêmicos no mercado internacional.
A questão de segurança nacional
• Questões que envolvam segurança nacional do país, como o comércio de 
armas, munições e outros materiais de guerra, e os artigos destinados 
direta ou indiretamente ao uso das forças armadas.
2.8 POLÍTICAS COMERCIAIS 
ESTRATÉGICAS 
Então, o que seriam as tais políticas comerciais estratégicas? São políticas 
comerciais com intervenções estatais setores estratégicos. Podemos considerar 
setores que envolvem alta tecnologia como setores devido à existência de 
externalidades tecnológicas
46
 Mercado Cambial e Comércio Exterior
http://www.econ.puc-rio.br/uploads/adm/trabalhos/files/Juliana_
Gomes_da_Rocha_Kos.pdf
Mas, o que são externalidades tecnológicas? É mais fácil mostrar em um 
exemplo. Suponha que a empresa investiu em pesquisa e criou um produto com 
tecnologia avançada no mercado. Outra empresa pega o seu produto, desmonta 
e fabrica um produto parecido sem ter o custo de ter investido na pesquisa. E esse 
produto ainda será mais competitivo no mercado externo! Qual seria o papel do 
governo neste caso? Criar políticas que estimulem a pesquisa e desenvolvimento, 
com subsídios e incentivos fi scais e colocaria barreira comercial para produtos 
concorrentes. 
Como vimos, os agentes econômicos devem estar atentos às políticas 
macroeconômicas do governo, pois, podem refl etir na sua atividade doméstica e 
externa. Uma medida de uma política monetária pode refl etir na política cambial 
e estabelecer novas ações por parte da política comercial. Cada vez mais elas 
se interagem e acabam exigindo dos agentes econômicos uma adaptação rápida 
aos novos cenários. 
 5 (AFRFB, 2009) A participação no comércio internacional é 
importante dimensão das estratégias de desenvolvimento 
econômico dos países, sendo perseguida a partir de ênfases 
diferenciadas quanto ao grau de exposição dos mercados 
domésticos à competição internacional. Com base nessa 
assertiva e considerando as diferentes orientações que 
podem assumir as políticas comerciais, assinale a opção 
correta:
a) As políticas comerciais inspiradas pelo protecionismo privilegiam 
a obtenção de superávits comerciais notadamente pela via da 
diversifi cação dos mercados de exportação para produtos de 
maior valor agregado. 
b) Países que adotam políticas comerciais de orientação liberal 
são contrários aos esquemas preferenciais, como o Sistema 
Geral de Preferências, e aos acordos regionais e sub-regionais 
de integração comercial celebrados no marco da Organização 
47
POLÍTICA CAMBIAL E MERCADO DE CÂMBIO Capítulo 1 
Mundial do Comércio por conterem, tais esquemas e acordos, 
componentes protecionistas. 
c) A política de substituição de importações valeu-se 
preponderantemente de instrumentos de incentivos à produção 
e às exportações, tendo o protecionismo tarifário importância 
secundária em sua implementação. 
d) A ênfase ao estímulo à produção e à competitividade de bens de 
alto valor agregado e de maior potencial de irradiação econômica 
e tecnológica a serem destinados fundamentalmente para os 
mercados de exportação caracteriza as políticas comerciais 
estratégicas. 
e) As economias orientadas para as exportações, como as dos 
países do Sudeste Asiático, praticam políticas comerciais liberais 
em que são combatidos os incentivos e quaisquer formas de 
proteção setorial, privilegiando antes a criação de um ambiente 
econômico favorável à plena competição comercial. 
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Ao fi nal deste capítulo, vale a pena rever alguns pontos que foram colocados 
para que possamos atingir ao nosso objetivo de utilizar os conhecimentos 
teóricos nas aplicações práticas e de saber lidar de forma preventiva no mercado 
internacional.
Ao estudar sobre a evolução do sistema de trocas, percebemos como a 
sociedade foi fazendo suas adaptações no sistema monetário conforme ele foi 
sendo modifi cado. Inicialmente, em uma sociedade primitiva tínhamos o escambo, 
a troca direta de mercadoria por mercadoria. Pequenos grupos já produziam 
excedente e descobriram na troca a capacidade de diversifi car seu consumo. 
Daí o sistema de troca vai evoluindo para uma moeda, ainda mercadoria, mas 
com características importantes para ser moeda, como a durabilidade, facilidade 
de transporte e durabilidade: o metal. As trocas eram feitas com a moeda metal, 
muitas já com cunhagem de fi guras importantes naquela sociedade. Ainda assim, 
a troca era feita pelo peso do metal. 
Para facilitar o transporte e por questões de segurança, os metais passaram 
a ser guardados em casa de custodias e, em troca, era dado um certifi cado. No 
século XVII as cédulas passaram a ser feitas pelos bancos Centrais e essas 
antigas casas de custódia viraram os bancos comerciais. Inicialmente o papel 
48
 Mercado Cambial e Comércio Exterior
moeda tinha lastro em ouro, porém, atualmente ele não tem lastro em bem físico, 
por isso, é chamada de moeda fi duciária. As moedas têm funções específi cas e 
seu próprio mercado. 
O mercado monetário é composto pela oferta e demanda de moeda. 
Hoje temos alguns tipos de meios de pagamento que se diferenciam quanto a 
liquidez, ou seja, a sua capacidade de honrar imediatamente seus pagamentos. 
A demanda por moeda é feita pelas pessoas que querem liquidez imediata 
por precaução, transação ou especulação. A oferta monetária depende das 
Autoridades

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