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A cosmogonia egípcia é uma narrativa complexa que delineia as crenças dos antigos egípcios sobre a origem e formação do mundo. Segundo esta concepção, o universo emergiu de um estado primordial de caos, representado pelo oceano cósmico Nun. No entanto, a transição desse estado de caos para uma ordem cósmica foi orquestrada pelos deuses primordiais Geb, personificação da terra, e Nut, personificação do céu. Esta dupla divina, inseparavelmente ligada, desempenhou um papel crucial na concepção do mundo. Geb, recostado na postura característica de um homem deitado, representava o solo fértil e alicerce sólido sobre o qual a vida se estabeleceria. Por outro lado, Nut, curvando-se sobre Geb, representava o firmamento celeste, arqueado sobre a terra como um abraço protetor. A interação entre Geb e Nut era fundamental para os antigos egípcios, pois simbolizava a união entre a terra e o céu, a matéria e o éter. Esta união era vista como a base primordial de toda a existência. Nut, frequentemente representada como uma figura arqueada salpicada de estrelas, abrigava os deuses e os espíritos dos falecidos em sua imensidão celeste. Acreditava-se que todas as formas de vida emanavam da união de Geb e Nut, e, portanto, esta ligação era crucial para a continuidade e a fertilidade do mundo. Os ciclos naturais, como o desabrochar das plantas e a inundação anual do rio Nilo, eram interpretados como manifestações da união entre Geb e Nut, ressaltando a ideia de renovação e rejuvenescimento constantes na cosmogonia egípcia. O rio Nilo, um elemento central na vida e cultura dos antigos egípcios, ocupava um lugar de destaque na mitologia da criação. Era considerado o próprio sangue de Osíris, deus associado à vegetação e à fertilidade. A inundação anual do Nilo era vista como uma manifestação direta do poder criativo de Osíris, trazendo vida e prosperidade às terras ribeirinhas. Além disso, o deserto, que cercava as terras agrícolas do Egito antigo, era visto como uma fronteira entre o mundo dos vivos e o dos mortos, um limiar que os egípcios acreditavam ser guardado por divindades como Anúbis. A cosmogonia egípcia não apenas atribuía significado à terra e ao céu, mas também à ordem cósmica e temporal. A crença na ciclicidade era proeminente, refletindo-se na concepção de um universo que passava por fases de criação, existência e renovação. O calendário egípcio, intrinsecamente ligado aos ciclos naturais, refletia essa percepção do tempo como um fluxo constante e renovador. Esta visão cíclica do tempo era espelhada na mitologia da criação, onde a união de Geb e Nut, representando a continuidade e a regeneração, era central para a existência perpétua do mundo. Em síntese, a cosmogonia egípcia é uma narrativa intricada que encapsula a compreensão dos antigos egípcios sobre a criação do mundo. A união simbólica entre Geb, a terra, e Nut, o céu, personifica a dualidade essencial que permeia toda a existência. A influência vital do rio Nilo e o papel do deserto como um limiar entre os reinos dos vivos e dos mortos ilustram a riqueza de significados atribuídos aos elementos naturais. Ademais, a concepção cíclica do tempo reflete a percepção dos egípcios de uma ordem cósmica em constante renovação. Esta cosmovisão, enraizada na união entre terra e céu, deixou um legado duradouro na mitologia e na cultura do antigo Egito.
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