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NACIONALIDADE (DIREITO CONSTITUCIONAL – GRAN – PROF. LUCIANO DUTRA). 1- CONCEITO. Segundo José Afonso da Silva, a nacionalidade é um vínculo jurídico-político de direito público interno, que faz da pessoa um dos elementos componentes da dimensão pessoal do Estado (povo – conjunto de nacionais – brasileiros natos ou naturalizados). Nacionalidade é, portanto, o vínculo que une uma pessoa a um determinado Estado. 2- ESPÉCIES DE NACIONALIDADE. NACIONALIDADE PRIMÁRIA NACIONALIDADE SECUNDÁRIA Também é chamada de originária, de 1° grau, involuntária ou nata. Também é chamada adquirida, por aquisição, de 2° grau, voluntária ou por naturalização. Resulta de um fato natural (nascimento). É uma forma involuntária de aquisição, decorrente do simples nascimento junto com o cumprimento de critério trazido pela CF (nascimento + critérios). É adquirida por um ato de vontade, depois do nascimento, a partir de um requerimento juntamente com o devido cumprimento dos requisitos constitucionais (ato de vontade + critérios constitucionais). BRASILEIRO NATO BRASILEIRO NATURALIZADO 3- NACIONALIDADE PRIMÁRIA. Art. 12, CF. São brasileiros: I- natos: a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país; b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da República Federativa do Brasil; c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira competente ou venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira; No Brasil, adota-se o critério IUS SOLIS. Quem nasceu no Brasil, será, em princípio, brasileiro nato. Somente não será brasileiro ato aquele que nascer no Brasil se houver a conjugação de dois fatores: a) ambos os pais sejam estrangeiros. b) pelo menos um dos pais (estrangeiro) deve estar no território brasileiro a serviço do seu país de origem. BRASILEIRO NATO Quem nasce no Brasil (ius solis). NÃO É BRASILEIRO NATO Nasceu no Brasil, mas: a) ambos os pais são estrangeiros. b) um dos pais está no território brasileiro a serviço do seu país de origem. Assim, na alínea ‘b’ do inciso I do art. 12 CF, o critério adotado é o ius sanguinis. ATENÇÃO! Se um dos pais estiver a serviço de um terceiro país, o nascido no Brasil será considerado brasileiro nato. Ex.: Se um casal de portugueses estiver a serviço da Espanha, no Brasil, o filho deles, nascido no país, será considerado brasileiro nato. OBS.: É importante ter cuidado com a expressão “estar a serviço da República Federativa do Brasil”. Essa expressão abrange todos os órgãos e todas as entidades da Administração Pública direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios. No caso da alínea ‘c’ do inciso I do art. 12 CF, também se adota o critério ius sanguinis. O dispositivo consagra duas hipóteses diferentes de nacionalidade originária: a) Os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira competente (repartição diplomática ou consular); e b) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira. A possibilidade de optar pela nacionalidade brasileira é conhecida como nacionalidade originária potestativa. Essa opção pela nacionalidade originária brasileira é considerada como personalíssima pelo STF: somente pode ser exercida pela própria pessoa interessada, a partir dos 18 anos. Antes de manifestar a opção confirmativa, haveria uma nacionalidade provisória, suspensa ao atingir aos 18 anos, até que fosse manifestada a opção para adquirir, definitivamente, a nacionalidade brasileira. OBS.: Essa manifestação de vontade pode ocorrer em qualquer tempo depois da maioridade (18 anos). CRITÉRIO IUS SANGUINIS CRITÉRIO IUS SOLIS É o critério sanguíneo pautado na hereditariedade. Filhos de pais brasileiros podem ser brasileiros natos se atenderem aos requisitos trazidos pela CF. É o critério territorial, sendo irrelevante a nacionalidade dos pais. Se nasceu dentro dos limites territoriais do Brasil, em princípio, será brasileiro nato. A CF/88 adotou como regra o critério ius solis, permitindo o uso do critério ius sanguinis em alguns casos. OBS.: As hipóteses de nacionalidade originária estão dispostas em um rol taxativo, não podendo a lei infraconstitucional criar outros casos. 4- NACIONALIDADE SECUNDÁRIA. É a nacionalidade adquirida pelo estrangeiro que passa por um processo de naturalização. Considera-se naturalização o processo que permite ao estrangeiro adotar a nacionalidade do país em que se encontra, desde que sejam preenchidos os requisitos constitucionais e legais. Art. 12, CF. São brasileiros: (...) II- naturalizados: a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos originários de países de língua portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral; b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na República Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira. A concessão da naturalização, em regra, é ato discricionário do Presidente da República decorrente da soberania estatal, não se podendo falar em direito público subjetivo do requerente. A hipótese da alínea ‘a’ segue essa lógica. A simples satisfação dos requisitos trazidos (01 ano ininterrupto e idoneidade moral) não garante ao estrangeiro originário de países de língua portuguesa a nacionalidade brasileira. Por isso, a doutrina chama essa hipótese de naturalização ordinária. Na alínea ‘b’, há a naturalização extraordinária (quinzenária). Nessa hipótese, não há discricionariedade do Presidente da República e o interessado possui direito público subjetivo à nacionalidade brasileira, desde que a requeira e preencha os pressupostos constitucionais (15 anos ininterrupto no Brasil e sem condenação penal). ALÍNEA A ALÍNEA B Naturalização ordinária. Naturalização extraordinária. Requisitos: 01 ano ininterrupto de residência no país e idoneidade moral. Requisitos: 15 anos ininterruptos de residência no país e não possui condenação penal. Ato discricionário do Presidente da República. Direito público subjetivo à nacionalidade brasileira. OBS.: A ‘residência ininterrupta’ indicada na CF é o ânimo de permanecer no Brasil, fazer do país o seu lar. Assim, o STF entende que a simples ausência temporária do estrangeiro não significa que a residência não foi contínua. Ou seja, o estrangeiro pode se ausentar temporariamente do País, sem que isso prejudique o prazo previsto pela Constituição Federal (01 ou 15 anos). 5- QUASE NACIONALIDADE. Art. 12, §1°, CF. Aos portugueses com residência permanente no País, se houver reciprocidade em favor de brasileiros, serão atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos previstos nesta Constituição. O §1° do art. 12 CF trata de forma diferente os portugueses residentes no Brasil. Uma vez atendidos os pressupostos constitucionais (residência permanente no país e reciprocidade), os portugueses não precisam se naturalizar brasileiros para possuir os direitos dos brasileiros naturalizados. Reciprocidade: Tratamento semelhante nas relações internacionais (portugueses com residência permanente no Brasil podem usufruir dos direitos dos brasileiros naturalizados se Portugal garantir os direitos dos portugueses aos brasileiros que lá vivem). ATENÇÃO! É importante destacar que isso não é uma hipótese de naturalização, mas simuma forma de atribuição de direitos. Ou seja, os indivíduos continuam sendo portugueses, mas podem exercer os direitos dos brasileiros naturalizados. 6- DISTINÇÃO ENTRE BRASILEIROS NATOS E BRASILEIROS NATURALIZADOS. Art. 12, §2° CF. A lei não poderá estabelecer distinção entre brasileiros natos e naturalizados, salvo nos casos previstos nesta Constituição. Somente a CF pode estabelecer distinção entre brasileiros natos e naturalizados e faz isso em 04 hipóteses. > Hipótese 01: Cargos. São privativos de brasileiros natos os cargos de Presidente e Vice-Presidente da República; Presidente da Câmara dos Deputados; Presidente do Senado Federal; Ministro do STF; carreira diplomática; oficial das Forças Armadas; e Ministro de Estado da Defesa (art. 12, §3°). OBS.: Essa previsão alcança os titulares do cargo e os seus substitutos. MNEMÔNICO: MP3.COM (Ministro do Supremo Tribunal Federal; Presidente e Vice- Presidente da República; Presidente da Câmara dos Deputados; Presidente do Senado Federal; Carreira Diplomática; Oficial das Forças Armadas; Ministro de Estado de Defesa). Se o próprio Presidente da República deve ser brasileiro nato, todos aqueles que estão na sua linha sucessória também devem ser (Vice-presidente da república; Presidente da Câmara dos Deputados; Presidente do Senado Federal e Ministros do Supremo Tribunal Federal – art. 79 e 80). Nos casos da carreira diplomática, dos oficiais das Forças Armadas e do Ministro de Estado da Defesa, a ideia é proteger a segurança nacional. > Hipótese 02: Função no Conselho da República. A CF reservou 06 vagas para brasileiros natos. Art. 89, CF. O Conselho da República é órgão superior de consulta do Presidente da República, e dele participam: I- o Vice-Presidente da República; II- o Presidente da Câmara dos Deputados; III- o Presidente do Senado Federal; IV- os líderes da maioria e da minoria na Câmara dos Deputados; V- os líderes da maioria e da minoria no Senado Federal; VI- o Ministro da Justiça; VII- seis cidadãos brasileiros natos, com mais de trinta e cinco anos de idade, sendo dois nomeados pelo Presidente da República, dois eleitos pelo Senado Federal e dois eleitos pela Câmara dos Deputados, todos com mandato de três anos, vedada a recondução. > Hipótese 03: Extradição. O brasileiro nato NUNCA será extraditado. O brasileiro naturalizado pode ser extraditado, em caso de crime comum praticado antes da naturalização ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins. Art. 5°, LI. nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime comum, praticado antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei; > Hipótese 04: Direito de propriedade. De acordo com o art. 222, caput, CF, a propriedade de empresa jornalística e de radiodifusão sonora e de sons e imagens é PRIVATIVA de brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez anos. 7- PERDA DA NACIONALIDADE. Art. 12, §4°, CF. Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que: I- tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em virtude de atividade nociva ao interesse nacional; II- adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos: a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira; b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao brasileiro residente em estado estrangeiro, como condição para permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis; De acordo com o inciso I do dispositivo, será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que tiver CANCELADA sua naturalização por sentença judicial, em virtude de atividade nociva ao interesse nacional. Como a Constituição Federal fala em “cancelamento da naturalização”, essa hipótese atinge apenas o brasileiro naturalizado. A outra possibilidade de perda da nacionalidade brasileira (inciso II) ocorre quando o brasileiro (nato ou naturalizado) adquire outra nacionalidade voluntariamente, exceto se ocorrer uma das hipóteses indicadas nas alíneas ‘a’ e ‘b’ do art. 12, §4°, II. Se o brasileiro nato perder a nacionalidade por aquisição voluntária de outra (art. 12, §4°, II, CF), ele pode readquirir a nacionalidade de acordo com o art. 254, §7°, Decreto n° 9.199/17. Art. 254, §7°, Decreto n° 9.199/17. O deferimento do requerimento de reaquisição ou a revogação da perda importará no restabelecimento da nacionalidade originária brasileira. 8- DUPLA NACIONALIDADE. As alíneas ‘a’ e ‘b’ do art. 12, §4°, II da CF apresentam duas situações em que a escolha por outra nacionalidade NÃO provoca a perda da nacionalidade brasileira e, assim, o brasileiro passa a possuir dupla nacionalidade, passando a ser qualificado como polipátrida (quem possui mais de uma nacionalidade). No caso da alínea ‘a’, há um exemplo clássico que é o caso de um brasileiro que descende diretamente de um italiano. Quando este brasileiro obtiver a cidadania italiana, ele não perde a nacionalidade brasileira, uma vez que se trata de outra nacionalidade originária. No caso da alínea ‘b’, a premissa é a imposição de naturalização de naturalização pelo estado estrangeiro como condição para permanência em seu território OU para o exercício de direitos civis. 9- IDIOMA OFICIAL E SÍMBOLOS NACIONAIS. Art. 13 CF. A língua portuguesa é o idioma oficial da República Federativa do Brasil. §1°. São símbolos da República Federativa do Brasil a bandeira, o hino, as armas e o selo nacionais. §2°. Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão ter símbolos próprios.
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