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ANÁLISE DE CUSTO Iraneide Azevedo Relações de custo, volume e lucro Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Explicar como as mudanças nas atividades afetam a margem de contribuição e o resultado operacional. � Demonstrar a análise de custo, volume e lucro. � Discutir a análise de custo, volume e lucro. Introdução A relação de custo, volume e lucro (CVL) é utilizada para projetar o lucro que seria obtido em diferentes níveis possíveis de produção e vendas e para analisar o impacto sobre o lucro, em função das modificações no preço de venda (PV), nos custos ou em ambos. A capacidade que a empresa tem de administrar seus custos e despesas fixas e gerar lucro é chamada de alavancagem operacional (AO). Essa capacidade possibilita compreender como a variação percentual das vendas se reflete nos lucros. Neste capítulo, será apresentada a visão geral de CVL, a análise dessa ferramenta, a utilização da AO como um poderoso auxílio aos gerentes para estes compreenderem as relações entre custo, volume e lucro. Visão geral da relação CVL O cenário mercadológico em que se encontra a atual economia exige dos gestores que eles façam uso de ferramentas que sejam capazes de fornecer pareceres que os auxiliem nas tomadas de decisão, fazendo-as da melhor forma possível, a fim de estimular seus índices de lucratividade e fomentar sua participação no mercado. Nesse sentido, surge a função das análises CVL. De acordo com Crepaldi (2010), a relação CVL é o processo pelo qual os administradores da organização examinam e analisam a correlação que ocorre entre o montante dos custos e a dimensão da atividade operacionalizada, ava- liando a forma como esses custos intervêm nos índices de lucratividade obtidos. Wernke (2007, p. 98) traz a concepção de que, “a análise custo, volume e lucro é um modelo que possibilita prever o impacto, no lucro do período ou no resultado projetado, de alterações ocorridas no volume vendido, nos preços de venda vigentes e nos valores de custos e despesas tanto fixos como variáveis”. Para Bornia (2010), no momento do planejamento das medidas a serem adotadas pela organização, é necessário que os gestores realizem estimativas acerca do índice de lucratividade esperado. É nesse âmbito que o autor fundamenta a importância da aplicação da análise CVL, em consonância com a aplicabilidade do custeio variável como ferramenta de auxílio na tomada de decisões, principalmente as de curto prazo. Nesse sentido, Iudícibus; Mello (2013) ressaltam que a interpretação dos dados obtidos na observação da relação CVL é um dos procedimentos mais eficazes para que os gestores possam realizar uma observação da maneira mais adequada para a aplicação dos recursos disponíveis. Para Wernke (2004, p. 41): [...] as análises de custo/volume/lucro são modelos que visam demonstrar, de forma gráfica ou matemática, as inter-relações existentes entre vendas, os custos (fixos ou variáveis), o nível de atividade desenvolvido e o lucro alcançado ou desejado. Alavancagem operacional (AO) De modo geral, podemos considerar a alavancagem empresarial como a ca- pacidade de uma empresa utilizar recursos para potencializar resultados. De acordo com Garrison; Noreen (2001), a AO consiste em uma medida de sensibilidade do lucro líquido quanto às variações percentuais nas vendas. Assim, uma pequena variação percentual na receita de vendas pode levar a uma variação percentual muito mais elevada no lucro líquido. Na demonstração do resultado do exercício pelo modelo de contribuição, os gastos fixos consistem na diferença entre a margem de contribuição e o lucro líquido. Dessa forma, as empresas que têm custos fixos (CF) elevados, em geral também têm uma AO elevada. Empresas de setores de capital in- tensivo, como, por exemplo, as indústrias automotivas, têm AO alta. Já uma AO baixa é muito comum em empresas com mão de obra intensiva, como as de serviços profissionais. Relações de custo, volume e lucro2 Os gestores de custos podem utilizar a AO para medir o impacto das variações das vendas sobre o lucro operacional. Quando a AO é elevada, isso indica que um pequeno aumento nas vendas ocasionará um aumento bem maior no lucro operacional. No entanto, uma AO baixa sinaliza que é necessário um grande aumento nas vendas para que haja um aumento significativo no lucro operacional (WARREN; REEVE; FESS, 2008). A AO será determinada conforme segue: AO = (Preço de venda – Custo Variável) × Volume (Preço de Venda – Custo Variável) × Volume – Custo Fixo Supondo que a empresa Jambo apresenta o seu demonstrativo de resultados simpli- ficado conforme a tabela abaixo. (R$) PV R$ 150,00 CV R$ 60,00 CF R$ 190.000,00 Volume de vendas 9 mil unidades Nesse caso, a AO dessa empresa será calculada da seguinte maneira: AO = (150 – 60) × 9.000 (150 – 60) × 9.000 –190.000 AO = = 1,31810.000 620.000 O resultado acima indica que, dado um aumento de 10% no volume de vendas, o lucro líquido aumentará em 1,31 vezes o número de vendas, ou seja, 13,1%. Caso o volume de vendas seja reduzido em 10%, o lucro líquido também reduzirá na proporção de 10%. Diante do exposto, verifica-se que, para a tomada de decisão em um mercado de acirrada concorrência, torna-se melhor para a empresa reduzir a margem de contribui- ção (PV – CV), com o intuito de aumentar o volume de vendas, alcançando, assim, uma maior margem de segurança (MS = PE – quantidade vendida) e, consequentemente, ter um índice de alavancagem menor, o que representará um menor risco, devido às alterações negativas no cenário econômico. 3Relações de custo, volume e lucro Pode-se também calcular o grau de alavancagem operacional (GAO), que é uma medida, em um dado nível de vendas, que diz o quanto uma variação percentual do volume de vendas afetará o lucro de uma empresa, segundo Garrison; Noreen (2001). O GAO é determinado pela razão entre a margem de contribuição e o lucro operacional, ou seja: GAO = Margem de contribuição lucro operacional Margem de contribuição é o montante restante da receita de vendas depois que as despesas variáveis foram deduzidas. Dessa forma, a margem de contribuição é o montante disponível para cobrir as despesas fixas e, então, gerar os lucros do período. A margem de contribuição é usada para, primeiramente, cobrir as despesas fixas e, então, o que sobra vai para os lucros. Se a margem de contribuição não for suficiente para cobrir as despesas fixas, haverá prejuízo no período. Você pode saber mais sobre margem de contribuição consultando o livro Contabi- lidade Gerencial, de Garrison; Noreen; Brewer (2013, p. 186). Análise dos efeitos da AO O efeito da AO está relacionado com os gastos fixos da empresa, gastos esses que poderão constituir risco para as atividades operacionais. A AO vem medir qual será a proporção desse risco. O impacto da AO diminuirá na proporção do crescimento das vendas acima do ponto de equilíbrio (PE), resultando em um lucro maior, pois, quanto maior for o volume de vendas acima do PE, maior será a margem de segurança que a empresa terá. No que tange à análise da AO, em um mercado de procura elástica, o consumidor tem a opção de escolher um produto de outro fabricante, que tenha um menor preço, ocasionando, assim, uma possível elevação do PE pela redução do PV para se manter competitivo nesse mercado de procura elástica. Relações de custo, volume e lucro4 Mercado de procura elástica é quando a quantidade demandada de um bem no mercado responde substancialmente às variações no preço. Se o PE for elevado, a empresa estará vulnerável a possíveis declínios provo- cados pela economia, consequentemente, a estrutura dos gastos fixos provocará impactos nos lucros em conformidade com as alterações do volume de vendas. Caso a empresa tenha uma elevada AO, haverá um risco maior devido aos gastos fixos que não serão reduzidos pela queda do volume de vendas. Suponha que duas empresas, a IndústriaMona e a Indústria Lisa, atuem em mercados diferentes, mas apresentem vendas, CV e margem de contribuição idêntica, conforme evidenciado na tabela a seguir. Mona Lisa Vendas R$ 800.000,00 R$ 800.000,00 CV R$ 600.000,00 R$ 600.000,00 Margem de contribuição R$ 200.000,00 R$ 200.000,00 CF R$ 160.000,00 R$ 100.000,00 Lucro operacional R$ 40.000,00 R$ 100.000,00 De acordo com os resultados, como a Indústria Mona incorre em CF maiores, ela aufere menos lucros e, portanto, deve ter uma maior AO do que a Indústria Lisa. Veja: GAO (Alfa) = = = 5Margem de contribuição (Alfa) lucro operacional (Alfa) 200.000,00 40.000,00 GAO (Beta) = = = 2Margem de contribuição (Beta) lucro operacional (Beta) 200.000,00 100.000,00 A AO da Indústria Mona indica que a variação de um ponto percentual no volume de vendas implicará em uma variação cinco vezes maior no lucro. Com relação à Indústria Lisa, a cada ponto percentual de variação nas vendas, o lucro operacional irá variar duas vezes essa porcentagem. 5Relações de custo, volume e lucro A margem de contribuição e o resultado operacional Um gerente de uma empresa que fabrica televisores verifica a demonstração de resultados da empresa com a margem de contribuição. Essa demonstração enfatiza o comportamento dos custos e, portanto, é extremamente útil para os gerentes ao julgar o impacto sobre os lucros de mudanças nos preços de venda, custos ou volume. Veja na Tabela 1 a demonstração de resultados do gerente dessa empresa que foi preparada no mês Z. Total Por unidade Vendas (400 televisores) R$ 100.000,00 R$ 250,00 Despesas variáveis R$ 60.000,00 R$ 150,00 Margem de contribuição R$ 40.000,00 R$ 100,00 Despesas fixas R$ 35.000,00 Receita operacional líquida R$ 5.000,00 Tabela 1. Empresa Jota — Demonstração de resultados com margem de contribuição do mês Z Observe que as vendas, as despesas variáveis e a margem de contribuição são expressas por uma base de unidade, bem como pelo total nessa demons- tração de resultados com a margem de contribuição. Os valores por unidade serão muito úteis ao gerente em alguns de seus cálculos. Observe que essa demonstração de resultados com margem de contribuição foi preparada para ser usada pela gerência dentro da empresa e, normalmente, não seria dispo- nibilizada para aqueles que estão fora dela. Relações de custo, volume e lucro6 Para ilustrar como algumas mudanças nas atividades afetam a margem de contribuição e o resultado operacional, suponha que a empresa Jota tenha vendido apenas um televisor durante determinado mês, conforme a demons- tração de resultados na Tabela 2. Total Por unidade Vendas (1 televisor) R$ 250,00 R$ 250,00 Despesas variáveis R$150,00 R$ 150,00 Margem de contribuição R$ 100,00 R$ 100,00 Despesas fixas R$ 35.000,00 Receita operacional líquida (prejuízo) – R$ 34.900,00 Tabela 2. Demonstração de resultados com margem de contribuição — Venda de 1 te- levisor Para cada televisor adicional que a empresa vender durante o mês, uma margem de contribuição de R$ 100,00 a mais ficará disponível para ajudar a cobrir as despesas fixas. Se um segundo televisor for vendido, por exemplo, a margem de contribuição total (MCT) aumentará em R$ 100,00 (chegando a um total de R$ 200,00) e, com isso, o prejuízo da empresa irá diminuir em R$ 100,00, chegando a R$ 34.900,00. A MCT pode ser calculada pela multiplicação entre a margem de contribuição unitária (MCU) e o PV do produto. 7Relações de custo, volume e lucro Veja a Tabela 3 para compreender melhor a demonstração de resultados com a margem de contribuição. Total Por unidade Vendas (2 televisores) R$ 500,00 R$ 250,00 Despesas variáveis R$ 300,00 R$ 150,00 Margem de contribuição R$ 200,00 R$ 100,00 Despesas fixas R$ 35.000,00 Receita operacional líquida (prejuízo) – R$ 34.800,00 Tabela 3. Demonstração de resultados com margem de contribuição — Venda de 2 te- levisores Se um número suficiente de televisores puder ser vendido, de modo que sejam gerados R$ 35.000,00 em margem de contribuição, todas as despesas fixas serão cobertas e a empresa chegará ao PE naquele mês, isto é, ela não terá lucro nem prejuízo, apenas irá cobrir todos os seus custos. Para chegar ao PE, a empresa deverá vender 350 televisores em um mês, pois cada um deles produz R$ 100,00 de margem de contribuição. Veja a Tabela 4 a seguir. Conforme Warren; Reeve; Fess (2008, p. 100), “o ponto de equilíbrio é o nível de ope- rações no qual as receitas e os custos expirados (despesas) de uma empresa são exa- tamente iguais. Em equilíbrio, uma empresa não tem lucro nem prejuízo operacional”. Relações de custo, volume e lucro8 Total Por unidade Vendas (350 televisores) R$ 87.500,00 R$ 250,00 Despesas variáveis R$ 52.500,00 R$ 150,00 Margem de contribuição R$ 35.000,00 R$ 100,00 Despesas fixas R$ 35.000,00 Receita operacional líquida (prejuízo) 0 Tabela 4. Demonstração de resultados com margem de contribuição — Venda de 350 televisores Observe que a empresa chegou ao PE, ou seja, chegou ao nível de vendas em que o lucro é zero. Uma vez tendo alcançado o PE, a receita operacional líquida aumentará no valor da margem de contribuição para cada unidade adicional vendida. Por exemplo, se 351 televisores forem vendidos em um mês, a receita operacional líquida do mês será de R$ 100,00 porque a empresa terá vendido um televisor a mais do que o número necessário para alcançar o PE (Tabela 5). Total Por unidade Vendas (351 televisores) R$ 87.750,00 R$ 250,00 Despesas variáveis R$ 52.650,00 R$ 150,00 Margem de contribuição R$ 35.100,00 R$ 100,00 Despesas fixas R$ 35.000,00 Receita operacional líquida (prejuízo) R$ 100,00 Tabela 5. Demonstração de resultados com margem de contribuição — Venda de 351 televisores Se 352 televisores forem vendidos (2 televisores acima do PE), a receita operacional líquida do mês será de R$ 200,00. Se 353 televisores forem ven- didos (3 televisores acima do PE), a receita operacional líquida do mês será de R$ 300,00 e assim por diante. 9Relações de custo, volume e lucro Para estimar o lucro de qualquer volume de vendas acima do PE, multiplique o número de vendas unitárias além do PE pela margem de contribuição por unidade. O resultado representa os lucros previstos. A importância da execução da análise CVL Crepaldi (2010) aponta que a importância da execução das análises CVL está fundamentada no fato desta ser capaz de apontar a melhor decisão a ser tomada sobre a manutenção ou não da comercialização de determinado produto na entidade, a determinação de lucros e o estímulo à contenção de gastos. O autor indica ainda que essa análise é uma importante ferramenta de controle, uma vez que está relacionada com o desenvolvimento de orçamentos, os quais irão balizar a execução de investimentos. A separação dos custos entre fixos e variáveis é um fator imprescindível para a aplicação da análise CVL. Os autores mencionam que é a partir dessa distinção que os gestores se tornam capazes de decidir a destinação dos recursos disponíveis, com base na lucratividade almejada. Na análise CVL, são aplicados os conceitos de custo fixo, o qual não se altera conforme o montante produzido, custo variável, que apresenta modi- ficação de acordo com o volume de produção, e custo semivariável, o qual demonstra variação apenas em uma determinada parcela de seu valor, de acordo com as alterações na quantidade produzida. O desenvolvimento de uma análise CVL fornece pareceres capazes de ex- plicitar qual será o comportamento do lucro em determinadas situações, como alterações dos custos e variação do montante comercializado pela entidade, bem como modificações relativas aos valores de comercialização de mercadorias. A necessidade do estudo de terminologias relativas à análise das relações de CVL é ilustrada pelos conceitos de margem de contribuição, PE e MS. Segundo Carmo (2011), a margem de contribuição é obtida pelo cálculo da diferença entre as receitas obtidas pela comercialização de determinadamercadoria e os seus respectivos custos. Quanto ao PE, Martins (2010) aponta que este é proveniente da análise comparativa dos valores relativos à totalidade de custos e despesas em con- frontação ao montante de receita absoluta, a qual evidencia o índice em que determinado item opera sem fornecer lucros ou prejuízos à organização. O PE pode ser contábil, econômico ou financeiro. Crepaldi (2010) expõe que o ponto de equilíbrio contábil (PEC) é aquele no qual o montante existente é capaz de sanar completamente os custos e as despesas fixas. Quanto ao ponto Relações de custo, volume e lucro10 de equilíbrio econômico (PEE), o autor menciona que este é obtido quando a empresa deseja confrontar e manifestar o seu resultado frente à taxa de atratividade que o cenário financeiro expõe ante os recursos aplicados. Fina- lizando, o autor indica que o ponto de equilíbrio financeiro (PEF) é expresso pelo montante de comercialização necessária para que a organização tenha capacidade de saldar seus débitos financeiros. Em relação à MS, Wernke (2004) cita que esta é representada pelo montante de vendas superior ao PE. Nesse sentido, o autor indica que a MS evidencia o decréscimo aceitável nas vendas antes que ocorra detrimento à lucratividade da organização (WERNKE, 2004). Demonstração da relação CVL A demonstração da relação CVL será feita pelo PE, de acordo com o método aritmético, a qual perderá em relação ao procedimento gráfico em temos de expressão visual, mas proporcionará a quem estiver analisando, uma maior simplicidade para seu entendimento (Tabela 6). Vendas R$ 100.000,00 Gastos variáveis R$ 30.000,00 Gastos fixos R$ 60.000,00 % dos gastos variáveis sem as vendas 30.000/100.000 = 30% Tabela 6. Análise pelo método aritmético Os resultados da Tabela 6 indicam que, para cada R$ 1,00 de venda, 30% são destinados à recuperação dos gastos variáveis, ficando o restante 70%, para a cobertura do gasto fixo e para a geração de lucro. A partir desse ponto, pode-se calcular a receita necessária para garantir a recuperação dos gastos totais da empresa, ou seja, a receita de equilíbrio (RE). 11Relações de custo, volume e lucro Sabendo-se que os gastos variáveis são de 30% das vendas e que os 70% finais são para a recuperação dos gastos fixos, determina-se a receita de equilíbrio dividindo o valor dos gastos fixos pelo percentual dos gastos fixos, conforme o exemplo a seguir: RE = 60.000/0,70 = R$ 85.714,29 A comprovação do cálculo pode ser demonstrada mediante elaboração de uma demonstração de resultado do exercício (DRE) (Tabela 7). PV R$ 5,00 RE R$ 85.714,29 (–) Gastos variáveis (30% da RE) R$ 25.714,29 (–) Gastos fixos R$ 60.000,00 (=) Lucro/Prejuízo R$ 0,00 Tabela 7. Demonstração de resultado do exercício A RE equivale ao PE. A Margem de Segurança (MS) da empresa será o valor que estiver acima do PE, podendo ser determinado em %, conforme segue: Margem de segurança = Receita Total Receita Equilíbrio 100.000,00 85.714,29= = 1,17 – 1 × 100 = 17% A empresa tem 17% de MS, o que significa dizer que as suas vendas po- derão cair em até 17% sem que haja prejuízo. Poderemos também determinar o PE em unidades de vendas, para isso, basta utilizarmos a seguinte fórmula: Ponto de Equilíbrio (em volume) = Gasto Fixo TotalPreço de Venda – Gasto Variável 60.000,00 5 – 1,50= = 17.143 unidades Relações de custo, volume e lucro12 Análise da meta de lucro As fórmulas da análise CVL também podem ser utilizadas para determinar o volume de vendas necessário para se atingir uma certa meta de lucro, também conhecida como lucro visado. Para demonstrar a meta de lucro, suponhamos que a alta administração de uma indústria de alto-falantes esteja estudando algumas medidas para incrementar os resultados da empresa. Para isso, é solicitado que o seu gestor de custos faça um estudo sobre o impacto das mudanças propostas. A indústria fabrica apenas um tipo de alto-falante. A Tabela 8, a seguir, evidencia a MCU atual do seu produto. Por unidade Percentual PV R$ 250,00 100% (–) Gastos variáveis (R$ 150,00) – 60% = Margem de contribuição R$ 100,00 40% Tabela 8. Exemplo de cálculo da MCU de uma empresa Os administradores têm como meta auferir lucros de R$ 40.000,00 mensais e precisam saber o volume de vendas que devem atingir para que alcancem seus objetivos. Portanto, o volume de vendas deve ter uma quantidade específica que seja capaz de cobrir todos os gastos variáveis e fixos e ainda gerar um excedente de R$ 40.000,00. Ou seja: Vendas = Gastos variáveis + Gastos fixos + Lucro Sabemos que: � Vendas = Preço/un. × Quantidade (Q) = R$ 250,00. Q � Gastos variáveis = Gastos variáveis/un. × Quantidade (Q) = R$ 150,00. Q � Gastos fixos = R$ 35.000,00 13Relações de custo, volume e lucro Logo, aplicando a fórmula, temos: Vendas = Gastos variáveis + Gastos fixos + Lucro R$ 250,00.Q = R$ 150,00.Q + R$ 35.000,00 + R$ 40.000,00 R$ 250,00.Q – R$ 150,00.Q = R$ 35.000,00 + R$ 40.000,00 R$ 100,00.Q = R$ 75.000,00 Q = R$ 75.000,00R$ 100,00 = 750 auto-falantes Portanto, para atingir o lucro mensal de R$ 40.000,00, a indústria de alto- -falantes precisa vender, no mínimo, 750 unidades por mês. Para determinarmos a receita mensal necessária, basta multiplicarmos a quantidade pelo preço unitário do alto-falante. Receita = PV x Q = R$ 250,00 x 750 unidades = R$ 187.500,00 BORNIA, A. C. Análise gerencial de custos: aplicação em empresas modernas. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2010. CARMO, L. P. F. do. Análise de custos. Rio de Janeiro: Edição do Autor, 2011. Disponível em: <https://books.google.com.br/books?id=GqdEBQAAQBAJ&printsec=frontcove r&hl=pt-BR&source=gbs_ge_summary_r&cad=0#v=onepage&q&f=false>. Acesso em: 03 maio 2018. CREPALDI, S. A. Curso básico de Contabilidade de custos. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2010. GARRISON, R. H.; NOREEN, E. W.; BREWER, P. C. Contabilidade gerencial. Tradução Christiane de Brito. 14. ed. Porto Alegre: AMGH, 2013. GARRISON, R. H.; NOREEN, E. W. Contabilidade gerencial. 9. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2001. IUDÍCIBUS, S. de; MELLO, G. R. de. Análise de custos: uma abordagem quantitativa. São Paulo: Atlas, 2013. MARTINS, E. Contabilidade de Custos. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2010. WERNKE, R. Gestão de custos: uma abordagem prática. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2004. WARREN, C. S.; REEVE, J. M.; FESS, P. E. Contabilidade gerencial. 2. ed. São Paulo: Thom- son Learning, 2008. Relações de custo, volume e lucro14 Leituras recomendadas BERTI, A. Contabilidade e análise de custos. Curitiba: Juruá, 2006. BRUNI, A. L.; FAMÁ, R. Gestão de custos e formação de preços: com aplicações na cal- culadora HP 12C e Excel. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2011. HORNGREN, C. T.; FOSTER, G.; DATAR, S. M. Contabilidade de custos. Tradução José Luiz Paravato. 9. ed. Rio de Janeiro: LTCA, 1999. PADOVEZZE, C. L. Contabilidade gerencial: um enfoque em sistema de informação contábil. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2010. 15Relações de custo, volume e lucro
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