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UNID XVIII TRANSMISSÃO DAS OBRIGAÇÕES

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DA TRANSMISSÃO DAS OBRIGAÇÕES
Os direitos obrigacionais enquanto pertencentes aos direitos patrimoniais são transmissíveis. 
Logo é juridicamente possível haver a transferência de direitos (cessão de crédito) e de deveres (cessão de débito ou assunção de dívida) por atos inter vivos.
 CESSÃO: é o ato pelo qual se transmite as obrigações. 
Logo, cessão, vem a ser a transferência negocial, a título gratuito ou oneroso, de um direito ou de um dever, de modo que o adquirente, denominado cessionário, passa a exercer posição jurídica idêntica à do antecessor, então designado de cedente.
Há três espécies de cessão:
 a) Cessão de crédito: o credor transfere a outrem seus direitos na relação obrigacional.
 b) Cessão de débito ou assunção de dívida: constitui um negócio jurídico pelo qual o devedor transfere a outrem a sua posição na relação jurídica, sem novar, ou seja, sem acarretar a criação de obrigação nova pela extinção da anterior.
c) Cessão de contrato: ocorre nos contratos bilaterais, onde o cedente ao transferir a sua posição na relação contratual para o cessionário cede a este os seus direitos e deveres. 
Ex: o substabelecimento sem reserva de poderes, no qual o advogado transfere para outro advogado o mandato para atuar em determinado processo, transferindo- lhe os direitos e os deveres do contrato.
1. CESSÃO DE CRÉDITO
1.1. Conceito e espécies
Cessão de crédito é negócio jurídico bilateral, pelo qual o credor transfere, a título gratuito ou oneroso, a outrem, seus direitos na relação obrigacional, mantendo esta com o mesmo devedor. 
Pagamento com sub-rogação ≠ da cessão de crédito
Há tão somente a substituição do credor sem que haja o pagamento.
O credor originário teve o seu crédito satisfeito por terceiro, que passa a partir de então, ocupar o lugar daquele na relação jurídica
Gagliano e Pamplona Filho (2014, p.235
Ex: O credor Mévio, por força de estipulação negocial, transfere o seu crédito a Caio, de forma que, este a partir daí, possa a exigir o pagamento da dívida, notificando o devedor para tal fim. 
Diversamente ocorre quando Caio, como fiador, paga a dívida de Tício, sub-rogando-se nos direitos do credor Mévio.
Sub-rogação convencional ≠ da cessão de crédito
O credor de forma gratuita ou onerosa transfere a um terceiro (cessionário) os seus créditos, de modo que este terá o direito de exigir o pagamento da obrigação ao devedor.
Há o pagamento por terceiro não interessado na obrigação do devedor para com o credor originário, o qual manifesta-se expressamente que o terceiro não interessado ocupará o seu lugar. 
Gonçalves, 2016, p.314
Cedente: é o credor que transfere os seus direitos.
Cessionário: o terceiro a quem os direitos são transmitidos.
Cedido: é devedor. Não participa necessariamente da cessão, que pode ser realizada sem a sua anuência. Deve ser, no entanto, notificado para que possa solver a obrigação ao legítimo detentor do crédito.
São três os personagens da cessão de crédito:
Ex: um comerciante X (cedente) transfere a uma instituição financeira Y (cessionário) os seus créditos referentes a três duplicatas no valor de R$100.000,00 cada uma, recebendo pela cessão o valor de R$220.000,00 pelas três duplicatas. A instituição financeira Y posteriormente irá receber o valor dos créditos das três duplicatas. Tal exemplo é típico das factorings.
Vale ressaltar que o crédito pode ser transferido como forma de pagamento de uma obrigação, o que nesse caso se dará uma dação em pagamento. 
Ex: Y deve R$200.000,00 a X. Este por sua vez deve R$180.000,00 a Z. X com o intuito de solver a sua dívida com Z lhe transmite o seu crédito que tem a receber de Y.
O contrato de cessão é consensual, pois se aperfeiçoa pela simples vontade das partes, não exigindo a tradição do documento. 
Todavia, em alguns casos, a natureza exige a entrega, como sucede com os títulos de crédito, assimilando-se então aos contratos reais.
Gonçalves, 2016, p.219
A cessão de crédito pode ser classificada quanto:
 as obrigações que gera;
 a extensão;
a responsabilidade do cedente em relação ao cedido.
Tartuce, 2014, p.284-285
a) Quanto às obrigações que gera
b.1) Cessão de crédito a título oneroso: tanto o cedente como o cessionário têm desfalque patrimonial, que corresponde a uma vantagem econômica proporcional. Nesta o cedente garante a existência e a titularidade do crédito no momento da transferência, embora não garanta a solvabilidade do devedor, art.295 do CC.
b.2) Cessão de crédito a título gratuito: somente o cedente tem desfalque patrimonial, haja vista transferir para o cessionário o seu crédito sem nenhuma contraprestação deste. Nesta o cedente garante a existência e a titularidade do crédito no momento da transferência, só se tiver agido de má-fé, art.295 do CC.
b) Quanto à extensão
c.1) Total: o cedente transfere totalmente o seu crédito ao cessionário.
c.2) Parcial: o cedente transfere parte do seu crédito, permanecendo na relação obrigacional.
c) Quanto à responsabilidade do cedente em relação ao cedido
c.1) Cessão pro soluto: o cedente apenas garante a existência do crédito, sem responder, pela solvência do devedor.
Ementa: DIREITO CIVIL E EMPRESARIAL. CONTRATO DE FACTORING. CESSÃO DE CRÉDITO PRO SOLUTO. ARTS. 295 E 296 DO CÓDIGO CIVIL . GARANTIA DA EXISTÊNCIA DO CRÉDITO CEDIDO. DIREITO DE REGRESSO DA FACTORING RECONHECIDO. 1. Em regra, a empresa de factoring não tem direito de regresso contra a faturizada - com base no inadimplemento dos títulos transferidos -, haja vista que esse risco é da essência do contrato de factoring. Essa impossibilidade de regresso decorre do fato de que a faturizada não garante a solvência do título, o qual, muito pelo contrário, é garantido exatamente pela empresa de factoring. 2. Essa característica, todavia, não afasta a responsabilidade da cedente em relação à existência do crédito, pois tal garantia é própria da cessão de crédito comum - pro soluto. É por isso que a doutrina, de forma uníssona, afirma que no contrato de factoring e na cessão de crédito ordinária, a faturizada/cedente não garante a solvência do crédito, mas a sua existência sim. Nesse passo, o direito de regresso da factoring contra a faturizada deve ser reconhecido quando estiver em questão não um mero inadimplemento, mas a própria existência do crédito. 3. No caso, da moldura fática incontroversa nos autos, fica claro que as duplicatas que ensejaram o processo executivo são desprovidas de causa - "frias" -, e tal circunstância consubstancia vício de existência dos créditos cedidos - e não mero inadimplemento -, o que gera a responsabilidade regressiva da cedente perante a cessionária. 4. Recurso especial provido. (STJ, REsp.nº1289995 PE 2010/0213969-0, 4ª Tuma, Rel.Min. LUIS FELIPE SALOMÃO, DJe 10/06/2014)
c.2) Cessão pro solvendo: o cedente obriga-se a pagar se o devedor cedido for insolvente.
Ementa: PROCESSO CIVIL E CIVIL. EMBARGOS À EXECUÇÃO. PEDIDO DE RECONHECIMENTO DE QUITAÇÃO DA DÍVIDA. TÍTULOS NÃO PAGOS PELO DEVEDOR OBRIGADO. CESSÃO DE DIREITOS PRO SOLVENDO. RESPONSABILIDADE DO CEDENTE PELO INADIMPLEMENTO DA OBRIGAÇÃO. 1. A CESSÃO DE DIREITO CONSUBSTANCIA-SE EM UM NEGÓCIO JURÍDICO, REGULAMENTADO PELAS NORMAS QUE DISCIPLINAM A CESSÃO DE CRÉDITO - ARTIGOS 286 A 298 DO CÓDIGO CIVIL -, POR MEIO DA QUAL O CREDOR TRANSFERE AO TERCEIRO, TOTAL OU PARCIALMENTE, CERTO CRÉDITO QUE POSSUÍA COM O DEVEDOR, COM TODAS AS GARANTIAS E RISCOS. 2. A RESPEITO DA RESPONSABILIDADE DO CEDENTE PELO CRÉDITO TRANSFERIDO, DISPÕE O ARTIGO 296 DO CÓDIGO CIVIL QUE, SALVO ESTIPULAÇÃO EM CONTRÁRIO, O CEDENTE NÃO RESPONDERÁ PELA INSOLVÊNCIA DO DEVEDOR. 3. DESTARTE, HAVENDO ESTIPULAÇÃO CONTRATUAL NESSE SENTIDO, FORÇOSO RECONHECER A RESPONSABILIDADE DO CEDENTE ACERCA DO CUMPRIMENTO DA OBRIGAÇÃO INADIMPLIDA, EM RAZÃO DO EFEITO "PRO SOLVENDO" DA CESSÃO, HIPÓTESE EM QUE O CEDENTE RESPONDE PELA EXISTÊNCIA E LEGALIDADE DO CRÉDITO, BEM ASSIM PELA SOLVÊNCIA DO DEVEDOR - NO CASO DOS AUTOS, A EMPRESA AVESTRUZ MÁSTER, OBRIGADA NO TÍTULO. 4. APELAÇÃO NÃO PROVIDA. SENTENÇAMANTIDA. (TJDF, Ap. nº254009420078070003, 1ª Turma Cível, Rel. Des. FLAVIO ROSTIROLA, 23/03/2010, DJ).
1.2. Cessão de crédito e institutos afins
a) Cessão de crédito X contrato de compra e venda
Compra e venda: tem por objeto bens corpóreos, além do que as partes participantes são apenas duas, o comprador e o vendedor.
Cessão de crédito: tem por objeto bem incorpóreo (crédito) e necessariamente há três personagens: o cedente, o cessionário e o cedido.
b) Cessão de crédito X novação subjetiva ativa
Novação subjetiva ativa: nesta, quando em virtude de obrigação nova, outro credor é substituído ao antigo, ficando o devedor quite com este. Ex: João deve R$200,00 a Paulo, que deve igual importância para Maria. Por acordo entre os três, a obrigação entre João e Paulo é extinta, pois João irá pagar diretamente a Maria.
Na cessão de crédito: subsiste o crédito primitivo que é transmitido ao cessionário com todas as suas garantias, acessórios e privilégios.
1.3. Requisitos da cessão de crédito: objeto, capacidade e legitimação
Conforme o art.286 do CC, todos os títulos podem ser objeto de cessão, salvo se isso se opuser a:
 a) natureza da obrigação; 
b) lei;
 c) convenção com o devedor.
Objeto
Natureza da obrigação
 É o caso da natureza da obrigação ser incompatível com a cessão, como no caso do direito aos alimentos. Um alimentando não pode ceder a terceiro o crédito que tenha em face do seu alimentante. 
b)Lei
Não pode ser objeto de cessão os casos proibidos por lei, tais como, a cessão do direito de preferência (art.520 do CC), o benefício da gratuidade da justiça, o crédito já penhorado em processo de execução, de modo que se houver cessão configurará fraude à execução (art.774, I do NCPC).
Ex: João deve R$200.000,00 a Maria. Ocorre que esta está sendo processada por Paulo para pagar-lhe uma quantia de R$180.000,00. Então Paulo penhora os créditos que Maria tem a receber de João, no valor de R$200.000,00, de modo que Maria não poderá mais ceder estes créditos pois configurará fraude à execução.
c) Convenção com o devedor
A cessibilidade pode ser afastada pela vontade das partes. Todavia, essa cláusula proibitiva (pacto de non cedendo) só poderá ser oposta ao terceiro de boa-fé a quem se transmitiu o crédito (cessionário), se constar expressamente do instrumento da obrigação. 
Dessa forma, se o título da obrigação for silente a respeito, presume-se que a cessão seria possível.
Gagliano e Pamplona Filho, 2014, p.290
Capacidade e legitimidade das partes
Por ter natureza negocial, a cessão pressupõe a observância dos pressupostos gerais de validade, sobretudo da capacidade e da legitimidade das partes.É necessário que as partes envolvidas sejam plenamente capazes. 
Ocorre que, mesmo sendo capazes, algumas pessoas carecem de legitimação para adquirir certos créditos. É o caso do tutor e do curador, que não podem constituir-se cessionários de créditos, respectivamente, do pupilo e do curatelado.
1.4. A formalidade na cessão de crédito
 Em regra, a cessão convencional não exige forma especial para valer entre as partes, salvo, art.288 do CC: 
a) se a escritura pública for necessária a constituição do ato;
 b) para a cessão valer contra terceiros.
a) Se a escritura pública for necessária a constituição do ato
Dessa forma se a cessão não for realizada por escritura pública será nula. 
É o caso da cessão de crédito hipotecário e dos direitos hereditários.
 O cessionário de crédito hipotecário tem o direito de fazer averbar a cessão no registro do imóvel, art.289 do CC.
 b) Para a cessão valer contra terceiros
Em regra, a cessão tem eficácia inter partes. No entanto, para ter eficácia perante terceiros é necessário que a cessão seja realizada mediante instrumento público ou instrumento particular revestido das solenidades do §1º do art.654 do CC, tais como:
 
A indicação do lugar onde foi passado, a qualificação do cedente e do cessionário, a data e o objetivo da cessão com a designação e a extensão dos direitos cedidos e ser registrado no Cartório de Títulos e Documentos.
João deve a José R$500,00. Este cede a Marcos os seus créditos por R$400,00 por meio de uma escritura pública. Posteriormente, José de má fé cede os mesmos créditos para Paulo por R$350,00. No dia do pagamento chegam Marcos e Paulo exigindo o pagamento a João. Este deverá pagar a Marcos, uma vez que a cessão foi feita mediante escritura pública, valendo assim o seu título com relação a terceiro. 
Transmitindo o crédito, os acessórios (cláusula penal e juros) e garantias da dívida também serão cedidos, se não houver estipulação expressa em sentido contrário, em virtude de que o acessório segue o principal, art.287 do CC.
1.5. Notificação do devedor
Não obstante o devedor não precisar autorizar a cessão de crédito, deve ser notificado da mesma, até para saber que, a partir daquela comunicação, não pagará mais o credor primitivo (cedente), mas sim ao novo (cessionário). 
Logo a comunicação da cessão ao devedor não é pré-requisito de validade ao ato, mas sim de sua eficácia, art.290 do CC.
Tal determinação corresponde a um dos deveres anexos da boa-fé, que deve estar presente nas relações obrigacionais.
 Assim, se o devedor “ignorado da cessão”, pagar ao credor primitivo, em consonância com o princípio da boa-fé, estará exonerado da obrigação.
Porém, como a cessão é válida entre as partes, independentemente de notificação ao devedor, o cessionário, terá o direito de exigir do antigo credor (cedente) tudo quanto indevidamente recebeu, haja vista que recebeu prestação de direito alheio, enriquecendo ilicitamente à custa deste.
Gonçalves, 2016, p.225
Dessa forma, tanto o cedente como o cessionário, poderão notificar judicial ou extrajudicialmente o devedor, da realização da cessão. 
Se não for notificado, a cessão é inexistente para o devedor e válido se tornará o pagamento feito ao cedente. Mas não se desobrigará se a este pagar depois de cientificado da cessão.
 Ficará desobrigado, também, no caso de lhe ter sido feita mais de uma notificação, se pagar ao cessionário que lhe apresentar o título comprobatório da obrigação, art.292 do CC.
Ocorrendo várias cessões do mesmo crédito, prevalece a que se completar com a tradição do título do crédito cedido, art.291 do CC. 
Ex: se o credor X, maliciosamente, fizer a cessão do mesmo crédito a Y, Z e T, entregando a este último o título que representa a dívida, será T o novo credor, devendo o sujeito passivo da obrigação a ele pagar. Se a cessão tiver caráter oneroso poderão Y e Z voltar-se contra X, aplicando-se as regras previstas para o pagamento indevido (art.876 do CC) e o enriquecimento sem causa (art.884 do CC).
Tartuce, 2014, p.281
Adverte o art.293 do CC, que independentemente do conhecimento da cessão pelo devedor, pode o cessionário exercer os atos conservatórios do direito cedido. 
Assim, a ausência de notificação do devedor não obsta a que o cessionário exerça todos os atos necessários à conservação do crédito objeto da cessão, como a ação de cobrança ou de execução por quantia certa, como também os atos inerentes ao domínio, como inclusive ceder o crédito a outrem.
Tartuce, 2014, p.282
Notificado, o devedor vincula-se ao cessionário, podendo opor a este as exceções que lhe competirem, bem como as que, no momento em que veio a ter conhecimento da cessão, tinha contra o credor, art.294 do CC.
Se o devedor, notificado da cessão, não opõe, nesse momento, as exceções pessoais que tiver contra o cedente, não poderá mais arguir contra o cessionário as exceções que eram cabíveis contra o primeiro, como pagamento da dívida, compensação, etc.
Poderá, no entanto, alegar contra o cedente como também contra o cessionário, a qualquer tempo, mesmo não tendo arguido as exceções ao ser notificado, vícios que, por sua natureza, afetam diretamente o título ou ato, tornando-o nulo ou anulável, como a incapacidade do agente, erro, dolo etc. 
Gonçalves, 2016, p.226
Mas, se o cedido não foi notificado, poderá opor ao cessionário as exceções que tinha contrao cedente, antes da transferência. 
Já as exceções oponíveis diretamente contra o cessionário podem ser arguidas a todo tempo, tanto no momento da cessão como no de sua notificação.
Gonçalves, 2016, p.226
AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. DIREITO CIVIL. CESSÃO DE CRÉDITO. AUSÊNCIA DE NOTIFICAÇÃO. CONSEQUÊNCIAS. DECISÃO AGRAVADA MANTIDA. IMPROVIMENTO. 1.- A cessão de crédito não tem eficácia em relação ao devedor, senão quando a este notificada. Isso não significa, porém, que a dívida não possa ser exigida quando faltar a notificação. 2.- O objetivo da notificação é informar ao devedor quem é o seu novo credor, isto é, a quem deve ser dirigida a prestação. A ausência da notificação traz essencialmente duas conseqüências (grifo nosso): Em primeiro lugar dispensa o devedor que tenha prestado a obrigação diretamente ao cedente de pagá-la novamente ao cessionário. Em segundo lugar permite que devedor oponha ao cessionário as exceções de caráter pessoal que teria em relação ao cedente, anteriores à transferência do crédito e também posteriores, até o momento da cobrança (artigo 294 do Código Civil). 3.- A falta de notificação não interfere com a existência ou exigibilidade da dívida, sendo de se admitir, inclusive, a inscrição indevida em cadastros de inadimplentes em caso de não pagamento, observadas as formalidades de estilo (artigo 43, § 2°, Código de Defesa do Consumidor). 4.- O agravo não trouxe nenhum argumento novo capaz de modificar o decidido, que se mantém por seus próprios fundamentos. 5.- Agravo Regimental a que se nega provimento. (STJ - AgRg no REsp: 1408914 PR 2013/0331677-7, Relator: Ministro SIDNEI BENETI, Data de Julgamento: 22/10/2013, T3 – TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: DJe 14/11/2013).
1.6. Responsabilidade do cedente
Pro soluto
Por força do art.295 do CC, na cessão a título oneroso, pro soluto, o cedente fica responsável, tão somente, pela existência do crédito, à época que lho cedeu e não pela solvabilidade do devedor. 
Se a cessão tiver sido gratuita, responderá pela existência do crédito, o cedente que tiver agido de má-fé.
Cessão pro solvendo
As partes convencionem que o cedente se responsabilizará pela solvabilidade do devedor.
Nesse caso a responsabilidade do cedente limitar-se-á ao que recebeu do cessionário, com os respectivos juros, mais as despesas da cessão e as efetuadas com a cobrança, art.297 do CC.
Gonçalves, 2016, p.228
Ex: se o crédito era de R$20.000,00 e foi cedido por R$16.000,00, o cessionário só terá direito de exigir do cedente até esta última importância, com os referidos acréscimos e não ao valor do crédito.
Vale registrar, ainda, que, uma vez penhorado um crédito, este não mais poderá ser transferido pelo credor que tiver conhecimento da penhora. 
No entanto, se o devedor não tiver conhecimento da penhora e pagar o crédito, ficará desobrigado, restando apenas ao terceiro prejudicado entender-se com o credor, art.298 do.
Gagliano e Pamplona Filho, 2014, p.294)
Assim, só após a intimação, é que o devedor fica obrigado a fazer o pagamento conforme a ordem judicial.
Ex: João deve R$200.000,00 a Maria. Ocorre que esta está sendo processada por Paulo para que lhe pague uma quantia de R$180.000,00. Então Paulo penhora os créditos que Maria tem a receber de João, no valor de R$200.000,00, de modo que Maria não poderá mais ceder estes créditos pois configurará fraude à execução. No entanto, Maria cede os seus créditos a Pedro. João não é intimado da penhora e paga a Pedro. Nesse caso João estará desobrigado, cabendo Paulo exigir outra garantia de Maria.
2. DA CESSÃO DE DÉBITO – DA ASSUNÇÃO DE DÍVIDA
1. CONCEITO E REQUISITOS
A assunção de dívida é um negócio jurídico bilateral pelo qual o devedor (cedente), com a anuência expressa do credor (cedido), transfere a um terceiro (cessionário ou assuntor) a posição de sujeito passivo da relação obrigacional, o qual passará a partir de então se responsabilizar pela dívida, que subsiste com os seus acessórios. 
Ex: fusão de duas ou mais pessoas jurídicas e venda de estabelecimento comercial
Vale ressaltar que a lei não permite a exoneração do devedor se o terceiro, a quem se transmitiu a obrigação, era insolvente e o credor ignorava.
Por isso, é de boa cautela dar ciência ao credor do estado de solvabilidade do novo devedor, art.299 do CC.
Gonçalves, 2016, p.230 e Tartuce, 2014, p.285 e Gagliano e Pamplona Filho, 2014, p.296
 A importância do consentimento expresso do credor é de tal monta, que o seu silêncio importará recusa da assunção, contrariando, pois, a máxima do cotidiano de que “quem cala consente” (parágrafo único do art.299 do CC).
No entanto, há uma única situação em que o Código Civil permite a aceitação tácita do credor.
Esta, que está descrita no art.303 do CC, se refere ao credor hipotecário, haja vista que a segurança do seu crédito reside muito mais na garantia, cujo valor seja superior ao débito, do que na pessoa do devedor.
Porém, se o valor da garantia for inferior ao débito, haverá interesse do credor em impugnar a transferência de débito nos trinta dias de sua ciência, para a manutenção do devedor primitivo na relação obrigacional.
Gonçalves, 2016, p.240)
João pedi R$200.000,00 em empréstimo ao Banco “Y” lhe dando como garantia a sua casa avaliada em R$500.000,00. João visando livrar-se da dívida resolve vender a casa hipotecada à Maria pelo valor de R$200.000,00 e desde que essa pagasse o restante da dívida com o Banco “Y”. Nesse caso como o bem dado em garantia é superior ao valor da dívida, a resposta do banco pode ser tácita. Assim, Maria pagará R$200.000,00 a João e assumirá o restante da dívida para com o banco.
Logo os requisitos da cessão de débito são:
 Requisitos 
 da
Cessão de débito
Existência de uma relação jurídica obrigacional originária.
Anuência expressa do credor, com exceção do art.303 do CC.
Substituição do devedor, sem que haja extinção da obrigação original e nem criação de uma nova.
É importante informar que o novo devedor (assuntor) não poderá opor ao credor as exceções pessoais que competiam ao devedor primitivo, a exemplo dos vícios de consentimento.
 Em contrapartida, as defesas comuns podem ser arguidas, dentre estas a prescrição, a hipótese de pagamento, etc, art.302 do CC.
Figueiredo e Figueiredo, 2014, p.252
Cessão de débito ≠ Novação subjetiva passiva
Há a criação de uma obrigação nova com um novo devedor e a consequente extinção da dívida anterior, como a exoneração do devedor primitivo perante o credor
É a mesma obrigação, havendo tão somente mera alteração da pessoa do devedor
2.1. Diferenças entre a assunção de dívida e alguns institutos afins
a) Assunção de dívida e promessa de liberação do devedor
Promessa de liberação do devedor 
Nesta, uma pessoa denominada promitente, se obriga perante ao devedor a desonerá-lo da obrigação, efetuando a prestação em seu lugar. 
Ex: o locatário que se compromete em pagar o IPTU do imóvel no lugar do locador. Porém, se o locatário não pagar o IPTU, o fisco irá cobrar do locador, o qual ao pagar o débito entrará com uma ação regressiva contra o locatário, que descumpriu a obrigação.
Assunção de dívida 
O terceiro (assuntor) ao assumir a dívida do devedor se obriga perante o credor, que adquire o direito de exigir daquele a realização da prestação devida.
Assunção de dívida e novação subjetiva por substituição do devedor
Novação subjetiva por substituição do devedor
Nesta a dívida anterior se extingue, para ser substituída por outra, com um novo devedor.
Assunção de dívida 
A obrigação subsiste, havendo mera alteração na pessoa do devedor.
2.2. Espécies de assunção de dívida
A cessão de débito em uma primeira classificação pode ser: 
liberatória, primitiva ou exclusiva;
 cumulativa
Farias e Rosenvald (2014, p.371-372)
Liberatória, primitiva ou exclusiva
 Quando o devedor originário se exonera, por ter sido transmitido a sua obrigação a outrem, art.299 do CC.
b) Cumulativa
O devedor originário permanece conjuntamente obrigado com o novo devedor.O que ocorre na realidade é a ampliação do pólo passivo, havendo um reforço do débito. Desde que acordem previamente, os devedores em tese, estão obrigados solidariamente. 
Enunciado16 da I Jornada de Direito Civil, do Conselho de Justiça Federal: o “art.299 do CC não exclui a possibilidade da assunção cumulativa da dívida quando dois ou mais devedores se tornam responsáveis pelo débito com a concordância do credor”.
Em uma segunda classificação a cessão de débito pode ser: 
delegação;
 expromissão
Figueiredo e Figueiredo, 2014, p.253-254
 a) Delegação
Consiste em um negócio jurídico realizado entre o devedor originário (delegante) e um terceiro (delegado), que assume a obrigação daquele, com o devido consentimento expresso do credor (delegatário), art.299 do CC.
Tal delegação poderá ser liberatória ou cumulativa.
 Delegação liberatória: quando não subsistir nenhuma obrigação para o devedor originário.
 Delegação cumulativa: o devedor originário se responsabilizará pela inadimplência do novo devedor.
b) Expromissão
Nesta o terceiro assume o débito sem a necessária concordância do devedor primitivo. É um negócio jurídico bilateral realizado entre o credor e o novo devedor (expromitente). Ex: um filho que assume a dívida de um pai, que por orgulho, jamais concordaria.
Expromissão liberatória: o devedor primitivo é exonerado da obrigação, a qual é assumida na integra pelo novo devedor.
 Expromissão cumulativa: o novo devedor passará a ser responsável pela obrigação conjuntamente com o primitivo
2.3. Efeitos da assunção de dívida
O principal efeito da assunção de dívida é a substituição do devedor na relação obrigacional, que permanece a mesma.
Há modificação apenas no pólo passivo, com liberação em regra, do devedor primitivo, art.299 do CC.
Vale ressaltar que essa liberação pode não ocorrer, caso em que se presencia a assunção de dívida cumulativa.
Conforme já explicado o novo devedor (assuntor) não poderá opor ao credor as exceções pessoais que competiam ao devedor, porém as defesas comuns podem ser arguidas, art.302 do CC.
Outro efeito importante da assunção de dívida é a extinção das garantias especiais (fiança) dadas em atenção à pessoa do devedor primitivo ao credor, de modo que, só subsistirão se houver concordância expressa do devedor primitivo e dos demais terceiros que garantiam a dívida.
No entanto, as garantias reais prestadas pelo próprio devedor originário não são atingidas pela assunção e continuam válidas, a não ser que o credor abra mão delas expressamente.
Gonçalves, 2016, p.239
O art.301 do CC adverte que, se anulada a assunção de dívida, restaura-se o débito com relação ao devedor primitivo, com todas as suas garantias, salvo aquelas prestadas por terceiros, exceto se estes conheciam o vício da obrigação.
Ex: X cede o débito a Y, que é garantido por uma fiança prestada por Z. O credor é T. A cessão é anulada por ação judicial, pela presença de dolo de X. Em regra, a dívida original é restabelecida, estando exonerado o fiador. Entretanto, se este tiver conhecimento do vício, continuará responsável. Tal determinação legal tem como base o princípio da boa-fé.
3. CESSÃO DE CONTRATO OU CESSÃO DE POSIÇÃO CONTRATUAL?
3.1. Conceito
É um negócio pelo qual um dos contratantes (cedente), de um contrato bilateral, cede a um terceiro (cessionário), com a devida anuência do outro contratante (cedido), a sua posição no contrato. 
O cessionário ao assumir a posição do cedente, contrai os direitos (os créditos) e as obrigações (os débitos) deste na relação contratual.
Ex : o advogado que substabelece, sem reserva de poderes, o contrato de mandato para outro advogado.
Como se pode perceber o que se transfere é a posição de um dos contratantes de um contrato bilateral e não o contrato em si, uma vez que este permanece o mesmo, o que denota ser a expressão cessão de contrato, utilizada em parte pela doutrina, não apropriada. 
Dessa forma a denominação mais coerente para esse tipo de negócio é cessão de posição contratual.
Cessão da posição contratual ≠ cessão de crédito cessão de débito 
≠
É cedido tanto os créditos como os débitos de um dos contratantes em um contrato bilateral.
Só se transfere
 o
 crédito
Só se transfere
 o
 débito
Requisitos necessários para a concretização da cessão da posição contratual
a) Ser um contrato bilateral: ambas as partes da relação contratual tem direitos e obrigações.
b) Celebração de um negócio jurídico entre o cedente e o cessionário, onde este irá ocupar a posição daquele na relação contratual.
c) Integralidade da cessão: deve ser cedido tanto os direitos como os deveres do cedente ao cessionário.
d) Concordância expressa da outra parte contratante (cedido).
e) Informal: pode ser constituído sobre qualquer forma, porém para ter eficácia contra terceiros dever ser registrado.
Ementa: CIVIL E PROCESSO CIVIL. APELAÇÃO. AÇÃO DE RESCISÃO DE CONTRATO DE PROMESSA DE COMPRA E VENDA DE IMÓVEL. CESSÃO DE POSIÇÃO CONTRATUAL. AUSÊNCIA DE CONSENTIMENTO DO VENDEDOR. INEFICÁCIA. ILEGITIMIDADE ATIVA. RECURSO NÃO PROVIDO. 1. A transferência de posição contratual dos promitentes compradores, com conseqüente sub-rogação de todos os direitos e obrigações pertencentes ao contratante original, demanda necessário consentimento, expresso ou tácito, da outra parte da celebração, exigência indispensável para a geração de efeitos da cessão. Ausente a aquiescência do réu, correta a sentença que reconheceu a ilegitimidade ativa da autora na propositura de ação discutindo matérias referentes ao ajuste original. 2. Apelação não provida (TJDF, Ap. nº 20140310113362, 4ª Turma Cível, Rel. Des. CRUZ MACEDO, Publicado no DJE : 19/05/2015)
3.2.1. Efeitos entre o cedente e o contratante cedido
A regra é que na cessão da posição contratual, o cedente ao ceder a sua posição na relação contratual ao cessionário se desligue do contrato. 
Porém, pode acontecer que o cedido ao dar o seu consentimento à cessão, não libere o cedente, mantendo este como garantidor do cumprimento do contrato.
Gonçalves (2016, p.248) afirma que nesse caso, será estabelecido entre o cedente e o cessionário um vínculo de solidariedade.
 Já para Venosa (2003, p.357) a relação entre estes dois será subsidiária, ou seja, o cedente só se responsabilizará a cumprir determinado dever, se o cessionário não o cumprir, haja vista que a solidariedade não se presume, decorre da lei ou da vontade das partes.
3.2.2. Efeitos entre o cedente e o cessionário
A transferência da posição contratual, do cedente para o cessionário, implicará para aquele a perda dos créditos e em regra a exoneração dos deveres, pois nesta última, as partes podem acordar que o cedente ainda continuará responsável pela solvência da obrigação, caso o cessionário não a cumpra.
3.2.3. Efeitos entre o cessionário e o contratante cedido
Em regra as exceções pessoais do cedente em face do cedido não poderão ser arguidas pelo cessionário.

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