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Ebook da Unidade - Princípios da Segurança do Trabalho

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INTRODUÇÃO À ENGENHARIA 
DE SEGURANÇA DO 
TRABALHO 
Princípios da Segurança 
do Trabalho 
(Unidade 3) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Diretor Executivo 
DAVID LIRA STEPHEN BARROS 
Gerente Editorial 
CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA 
Projeto Gráfico 
TIAGO DA ROCHA 
Autoras 
ROSIVANY GOMES 
A AUTORA 
Rosivany Gomes 
Olá. Sou a professora Rosivany Gomes. Sou mestre em Biociência 
e Pedagoga, com uma experiência técnico-profissional na área de 
Segurança, Saúde e Meio Ambiente. Também atuo como consultora em 
SMS para empresas que precisam se adequar às exigências legais na área 
de Saúde, Segurança e Meio Ambiente. Ao longo da minha vida acadêmica 
pude coordenar curso de MBA em Sistema de Gestão Integrado em SMS 
e atuar em diferentes segmentos da Educação, desde educação básica, 
cursos técnicos, cursos de graduação e pós-graduação. Durante essa 
jornada, desenvolvi habilidades e competências como educadora, 
aprimorando meus conhecimentos em Metodologia Ativa, Aprendizagem 
Baseada em Projetos e Ensino a Distância e Educação em Ambientes 
Virtuais com o projeto “Recomendação de materiais didáticos baseada 
em estilos cognitivos de aprendizagem”. Destaco na minha sólida carreira 
na área de Gestão Educacional os prêmios de coordenador inspirador e 
prêmio educação inovação e desenvolvimento de projetos educacionais 
pela implantação e coordenação de projetos educacionais baseados em 
metodologias ativas e por desenvolver a cultura digital na minha equipe 
e nos alunos de cursos presencial e nas plataformas de EAD. Atualmente 
me dedico à formação técnica profissional e elaboração de materiais 
educacionais, aplicando a aprendizagem, associando teoria à prática – 
aprender fazendo. 
ICONOGRÁFICOS 
Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez 
que: 
 
INTRODUÇÃO: 
para o início do 
desenvolvimento de 
uma nova compe- 
tência; 
NOTA: 
quando forem 
necessários obser- 
vações ou comple- 
mentações para o 
seu conhecimento; 
EXPLICANDO 
MELHOR: 
algo precisa ser 
melhor explicado ou 
detalhado; 
 
SAIBA MAIS: 
textos, referências 
bibliográficas e links 
para aprofundamen- 
to do seu conheci- 
mento; 
ACESSE: 
se for preciso aces- 
sar um ou mais sites 
para fazer download, 
assistir vídeos, ler 
textos, ouvir podcast; 
ATIVIDADES: 
quando alguma 
atividade de au- 
toaprendizagem for 
aplicada; 
DEFINIÇÃO: 
houver necessidade 
de se apresentar um 
novo conceito; 
 
IMPORTANTE: 
as observações 
escritas tiveram que 
ser priorizadas para 
você; 
 
VOCÊ SABIA? 
curiosidades e 
indagações lúdicas 
sobre o tema em 
estudo, se forem 
necessárias; 
REFLITA: 
se houver a neces- 
sidade de chamar a 
atenção sobre algo 
a ser refletido ou dis- 
cutido sobre; 
RESUMINDO: 
quando for preciso 
se fazer um resumo 
acumulativo das últi- 
mas abordagens; 
 
TESTANDO: 
quando o desen- 
volvimento de uma 
competência for 
concluído e questões 
forem explicadas; 
SUMÁRIO 
Causas de acidentes .................................................. 10 
Cenário do acidente de trabalho ............................................... 10 
Tipos de acidentes de trabalho ............................................... 12 
Causas dos acidentes .......................................................... 14 
Efeitos do acidente de trabalho .................................................16 
Fator pessoal de insegurança – ato inseguro .................... 18 
Ato inseguro ..................................................................... 18 
Características do fator pessoal de insegurança ........................... 20 
Como controlar o fator pessoal ............................................... 22 
Consequências do fator pessoal .............................................. 25 
Condições de insegurança do ambiente .......................... 28 
Condição insegura .............................................................. 28 
Característica do ambiente - análise de risco .............................. 30 
Classificação de riscos ocupacionais ............................................. 33 
Investigação de acidente ...................................................... 35 
Consequências do acidente de trabalho: lesão pessoal e prejuízo 
material ................................................................. 39 
Efeitos dos acidentes de trabalho - econômico e social .................. 39 
Custos do acidente ............................................................. 42 
Nexo Técnico Epidemiológico Previdenciário (NTEP)............ 43 
Fator Acidentário de Prevenção (FAP) ............................... 43 
Seguro de acidente de trabalho (SAT) .............................. 44 
Responsabilidade do acidente ................................................ 45 
03 
Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho 7 
UNIDADE 
8 Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
Você está iniciando a Unidade 3, onde trataremos das causas 
e consequências dos acidentes de trabalho. Você sabia que antes da 
criação do SESMT, por meio da NR4, as empresas não eram obrigadas 
a comunicar o acidente de trabalho? E que a NR5 estabelece que as 
empresas com mais de 50 funcionários trabalhando em regime de CLT 
devem ter uma Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA)? 
Para compreender melhor os aspectos legais, sociais e econômicos 
que estão envolvidos em um acidente ou com uma doença do trabalho, 
você verá nesta unidade como os fatores humanos e ambientais 
influenciam nos acidentes de trabalhos. 
Quando se fala em fatores ambientais relacionados às condições de 
seguranças na prevenção de acidentes, deve-se considerar dois aspectos: 
a segurança concretizada pelas condições seguras e pelo ambiente 
ocupacional que as empresas têm por obrigação legal, que oferece aos 
trabalhadores a segurança esperada por eles, impulsionados pela 
sensação de proteção contra acidentes e doenças ocupacionais. Quanto 
aos fatores humanos, as pessoas que tenham sido devidamente 
capacitadas e treinadas são capazes de desenvolver suas atividades sem 
segurança e a figura do líder da equipe pode ser um diferencial tanto para 
a produção quanto para a qualidade e segurança. 
Para nos ajudar a compreender melhor esses fatores, temos a 
companhia da ELIS (Engenheira Líder em Segurança). Ela é uma grande 
conhecedora de Segurança do Trabalho, por isso, foi convidada para 
contar algumas histórias sobre prevenção de acidentes. Sempre que ela 
aparecer, fique atento, pois estudaremos um caso importante que requer 
a sua reflexão. 
Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho 9 
 
 
OBJETIVOS 
 
Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 3. Nosso objetivo é auxiliar 
você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o 
término desta etapa de estudos: 
1. Identificar as causas de acidentes de trabalho. 
 
2. Entender fatores pessoais de insegurança – ato inseguro. 
 
3. Compreender as condições do ambiente inseguro. 
 
4. Conhecer as consequências dos acidentes: lesão pessoal e 
prejuízo material. 
Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento? 
Ao trabalho! 
10 Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho 
 
Causas de acidentes 
 
INTRODUÇÃO: 
 
Ao final deste capítulo esperamos que você conheça os 
fatores envolvidos em um acidente de trabalho, como 
o prevencionismo classifica os tipos de acidente, suas 
causas e seus efeitos para os trabalhadores, a empresa e 
a sociedade. 
Cenário do acidente de trabalho 
Querido(a) aluno(a), estamos prestes a iniciar nossa jornada rumo ao 
universo dos acidentes de trabalho e o papel da Engenharia de Segurança 
do Trabalho. Vamos pensar e refletir juntos com a ELIS sobre a cenário e 
os atores envolvidos com a institucionalização dos acidentes de trabalho 
no Brasil. 
Uma criança encontra uma chave de fenda no chão e resolve 
brincar com a ferramenta enquanto seu pai trocao pneu do carro. A 
ferramenta rola para debaixo do automóvel no momento em que o pai 
descia o macaco hidráulico, deixando a criança presa debaixo do carro. 
Vamos pensar de quem é a culpa se a criança se ferir? Da criança que 
estava brincando? Da mãe que não prestou atenção na criança enquanto 
o pai trocava o pneu? Do pai que desceu o carro sem atentar-se para o 
ambiente a sua volta? Agora vamos pensar se não fosse uma criança e sim 
um trabalhador. E se não fosse o pai e a mãe, e sim a empresa? De quem 
seria a culpa? Do trabalhador que não deveria estar ali ou usar uma 
ferramenta que não foi treinado? Do operador que movimentou a carga 
sem verificar as condições do ambiente? 
Vocês devem estar pensando em uma resposta prevencionista e 
isso é muito bom, mas é importante considerarmos as obrigações legais 
envolvidas em casos de acidentes. No Brasil a Constituição Federal, 
a CLT, as NRs e as convenções internacionais da OIT e OMS definem a 
Segurança do Trabalho. 
Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho 11 
 
A CLT dedica o Capítulo V, Título II do seu texto à segurança e 
medicina do trabalho e serviu como marco para as atividades de segurança 
no Brasil, garantindo assistência e indenizações pelas consequências 
dos acidentes de trabalho. Atualmente, a assistência previdenciária é 
regulamentada pela Lei n0 5.316/67 que integrou o seguro de acidentes 
de trabalho na Previdência Social. 
O aumento no número de acidentes de trabalho no Brasil após o 
início da Segunda Guerra Mundial levou alguns empresários a fundarem 
a Associação Brasileira de Prevenção de Acidentes (ABPA). Uma iniciativa 
que embora não tivesse um peso legal nas ações de prevenção de 
acidentes do trabalho, teve um de valor social. 
Por ser causa de sofrimentos pessoais, mas também despesas nas 
esferas públicas e privadas, os governantes e empresários se mostram 
empenhados na busca de soluções que contribuam na prevenção e 
acidentes. 
Alguns personagens se destacam nessa história, como o Serviço 
Especializado em Engenharia de Segurança e Medicina do trabalho – e a 
Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA). O SESMT representa 
a empresa, é um serviço no qual encontramos o Engenheiro de Segurança 
do Trabalho. A CIPA é composta por representantes dos empregados e do 
empregador e tem a responsabilidade de auxiliar o SESMT nas atividades 
prevencionistas, garantindo que os direitos dos trabalhadores sejam 
respeitados e os deveres dos empregadores sejam cumpridos. 
No Brasil, uma parte substancial dos custos com acidentes de 
trabalho impactam na gestão econômica do sistema previdenciário, por 
isso a Previdência Social também apresenta um papel importante na 
história do acidente, através da concessão do seguro previdenciário. 
Por último, a população também está presente neste cenário, que 
paga pelos produtos e serviços, nos quais se encontram embutidos os 
custos com acidentes. 
12 Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho 
 
Tipos de acidentes de trabalho 
O acidente de trabalho pode ser definido pelo conceito legal 
previdenciário, o qual estabelece o que pode ser considerado acidente 
de trabalho e doença do trabalho, bem como os benefícios ao qual o 
acidentado terá direito com base na comprovação do nexo causal. 
A legislação previdenciária, Lei nº 8.213/91, em seu art. 19 define 
acidente aquele que ocorrer pelo exercício do trabalho, a serviço da 
empresa, provocando lesão corporal, perturbação funcional ou doença 
que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária da 
capacidade para o trabalho. São considerados acidentes do trabalho: 
• Acidentes típicos – acidentes decorrentes da característica da 
atividade profissional desempenhada pelo acidentado. 
• Acidentes de trajeto – acidentes ocorridos no trajeto entre a 
residência e o local de trabalho do segurado e vice-versa. 
• Acidentes devidos à doença do trabalho – acidentes ocasionados 
por qualquer tipo de doença profissional peculiar a determinado 
ramo de atividade constante na tabela da Previdência Social 
(BRASIL, 1991). 
O art. 20 da legislação supracitada considera acidente de trabalho 
as seguintes entidades mórbidas: 
• Doença profissional, assim entendida, produzida ou desencadeada 
pelo exercício do trabalho peculiar a determinada atividade e 
constante da respectiva relação elaborada pelo Ministério do 
Trabalho e da Previdência Social. 
• Doença do trabalho, assim entendida, adquirida ou desencadeada 
em função de condições especiais em que o trabalho é realizado 
e com ele se relacione diretamente, constante da relação 
mencionada no inciso I. 
Equipara também nesta lei, em seu artigo 21, acidentes do trabalho 
as seguintes situações: 
Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho 13 
 
• Acidente ligado ao trabalho que tenha contribuído diretamente 
para a morte do segurado ou para a perda ou redução de sua 
capacidade para o trabalho, ou produzindo lesão que exija 
acompanhamento médico durante o período de recuperação. 
• Acidente sofrido pelo segurado no local e no horário do trabalho, 
em consequência de: agressão, sabotagem ou terrorismo praticado por 
terceiro ou companheiro de trabalho; ofensa física intencional por 
motivo de disputa relacionado ao trabalho; imprudência, 
negligência ou imperícia de terceiros ou companheiro de trabalho; ato 
de pessoa privada do uso da razão; desabamento, inundação, 
incêndio e outros casos fortuitos ou decorrentes de força maior. 
• Doença proveniente de contaminação acidental do empregado no 
exercício de sua função. 
• Acidentes sofridos ainda que fora do local e horário de trabalho, 
nas seguintes situações: na execução de ordem ou na realização de 
serviço sob a autoridade da empresa; na prestação espontânea de 
qualquer serviço prestado à empresa, viagem a serviço da empresa, 
inclusive para estudo, quando financiado pela mesma, como meio 
de capacitação de mão de obra; no percurso da residência para o 
local do trabalho ou deste para aquele (BRASIL, 1991). 
IMPORTANTE: 
 
O acidente de trajeto sofreu alterações com a medida 
provisória 905/2019, que extinguia a estabilidade no 
emprego por acidente ocorrido no percurso entre a 
residência e o trabalho (e vice-versa), não se equiparando 
à acidente de trabalho ou gerando a estabilidade de 12 
meses no contrato de trabalho. De acordo com a norma 
que vigorou até abril de 2020, as empresas também não 
precisariam emitir a CAT (Comunicação de Acidente de 
Trabalho). Como a medida provisória 905/2019 não foi 
convertida em lei, ela perdeu sua validade, voltando então 
o trabalhador ter direitos previdenciários assegurados em 
caso de acidente de trajeto. 
14 Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho 
 
 
Na visão prevencionista, os incidentes são classificados como 
acidentes de trabalho, situações que envolvam a interrupção ou 
prejudiquem uma atividade ocupacional, mesmo que não resultem em 
lesão ou danos materiais e, por isso, devem receber atenção e serem 
gerenciados para que possam ser eliminados, reduzidos ou controlados. 
Causas dos acidentes 
Olha quem voltou para nos ajudar? ELIS (Engenheira Líder em 
Segurança). Vamos ver o que ela tem para nos contar! Um operador 
de máquinas tem parte de seu membro superior direito amputado. Durante 
um apagão de energia ocorrido na empresa ele resolveu fazer uma 
limpeza nas engrenagens da máquina. Com o restabelecimento da energia a 
máquina voltou a funcionar, lesionando o braço do operador. Ao relatar o 
ocorrido, o engenheiro irá relatar que houve um ato inseguro ou uma 
condição insegura? 
A forma mais direta de se descobrir a causa do acidente é 
respondendo à pergunta: o que fez com que o fato ocorresse? A falta 
de energia? O retorno da energia? O fato de o operador estar realizando 
uma operação a qual não foi autorizado? A máquina voltar a funcionar sem 
que o operador tenha ligado? Quando respondemosessas perguntas 
encontramos os antecedentes que fizeram o acidente ocorrer. 
Entenda que em todas as respostas podemos relacionar direta ou 
indiretamente a presença humana. Sendo assim, podemos citar várias as 
causas ligadas aos acidentes de trabalho que são basicamente separadas 
em dois grupos. O ato inseguro é o ato praticado pelo homem, em geral 
consciente do que está fazendo, que está contra as normas de segurança. 
São exemplos de atos inseguros: 
• Subir em telhado sem cinto de segurança contra quedas. 
• Ligar tomadas de aparelhos elétricos com as mãos molhadas. 
• Dirigir em alta velocidade. 
O outro grupo de causa de acidentes de trabalho é o de condição 
insegura, ou seja, a condição do ambiente de trabalho que oferece perigo 
e/ou risco ao trabalhador. São exemplos de condições inseguras: 
Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho 15 
 
• Instalação elétrica com fios desencapados. 
• Máquinas em estado precário de manutenção. 
• Andaime de obras de construção civil feitos com materiais 
inadequados. 
Os fatores pessoais também podem contribuir para a ocorrência de 
acidentes devido ao comportamento humano individual e característico, 
que propicia a ocorrência de acidentes. São exemplos: 
• Doenças na família. 
• Excesso de horas trabalhadas. 
• Problemas conjugais. 
Os fatores pessoais associados ao meio nos quais os trabalhadores 
são expostos a perigos e risco, que precisam ser controlados por meio da 
gestão de segurança, são a origem dos acidentes de trabalho que podem 
ocasionar lesão parcial, permanente e até mesmo o óbito, além de danos 
ao meio, como mostra a sequência abaixo: 
Figura 1 – Atos inseguros e condições inseguras 
 
Homem → Fatores pessoais → Atos inseguros 
Acidente 
Danos ao 
trabalhador 
ou ao meio Meio → Fatores materiais → Condições inseguras 
Fonte: McGuire, 2014 (Adaptada). 
 
Ato inseguro é toda conduta ou comportamento que gera de uma 
decisão desnecessária a ocorrências de acidentes. 
Analisando o caso que a ELIS nos apresentou, podemos então 
identificar fatores pessoais que contribuíram para a ocorrência do acidente, 
o operador realizando a atividade sem autorização, o que caracteriza um 
ato inseguro. A inaptidão do trabalhador pode ser uma explicação para 
a causa de acidentes de trabalho, quando os profissionais escolhem ou 
aceitam realizar trabalhos para os quais não estão preparados. Em relação 
aos fatores ambientais, a máquina, que não apresenta uma trava que 
impeça que ela volte a funcionar sem que o operador dê o comando, 
caracteriza-se como condição insegura. Sendo assim, os acidentes podem 
ocorrer por fatores isolados ou associados. A condição insegura 
16 Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho 
 
 
pode ocorrer por erros administrativos, técnicos, falta de conhecimento 
ou má avaliação dos riscos e perigos, podendo ser causa direta ou indireta 
da ocorrência de acidentes. 
Uma ferramenta de gestão usada na investigação de causas de 
acidentes é o diagrama de causa e efeito. Uma ferramenta que auxilia na 
análise e identificação das potenciais causas de variação do processo ou 
da ocorrência de um fenômeno, bem como da forma como essas causas 
interagem entre si (ISHIKAWA, 1993). 
Efeitos do acidente de trabalho 
Quando você dirige falando ao celular e causa uma colisão sem 
vítimas, você logo pensa: “vou acionar o seguro”. Mesmo você tendo uma 
seguradora para cobrir acidentes de carro, você sabe que serão dias 
difíceis até consertar, em caso de perdas parciais, ou receber outro carro 
em casos de perda total. E se neste acidente houver vítimas não fatais, 
sua esposa, seu filho, que ficaram hospitalizados? Acidentes com vítimas 
fatais então... terão efeitos para uma vida inteira. 
Analogia igual pode ser feita com acidentes de trabalho, com 
consequências para as pessoas envolvidas, que podem ficar incapacitadas 
parcialmente ou totalmente ao trabalho, para a empresa que perderá a 
mão de obra, material e elevará os custos operacionais para a sociedade, 
com o aumento no número de beneficiários e diminuição do número de 
contribuintes ao sistema previdenciário. O que nos leva a afirmar que os 
efeitos de um acidente serão sempre negativos no que envolve aspectos 
humanos, sociais e econômicos. 
Além dos efeitos materiais, é preciso avaliar os efeitos psicológicos 
negativos envolvendo os sentimentos humanos das vítimas diretas ou de 
qualquer pessoa envolvida no meio que ocorreu o acidente. Esses efeitos 
podem ser imediatos em uma pessoa da equipe ou pode acontecer a 
médio e longo prazo, chegando a envolver uma equipe inteira, que 
podem durar horas em um ataque de euforia ou dias, o que em todos os 
casos levará a perdas significativas ao processo, podendo vir a se tornar 
um fator humano causador de novos acidentes. 
Os programas de prevenção e controle de perdas gerados pelos 
acidentes é um investimento feito pelas empresas para reduzir os custos 
e efeitos causados pelos acidentes. 
Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho 17 
 
O objetivo desse programa está ligado aos fatores humanos, a fim 
de diminuir o afastamento do trabalho, mas principalmente em reduzir os 
efeitos causados ao processo, como garantir a qualidade do produto final 
durante o processo de fabricação, ou seja, não ter que refazer os padrões 
na linha de produção, pois a qualidade está ligada a todo o processo, 
incluindo os trabalhadores, além de manchar a imagem das empresas com 
seus clientes e parceiros de negócio. 
O relacionamento com os clientes e parceiros pode ser afetado 
pela ocorrência de acidentes de trabalho quando os efeitos do acidente 
impactam no cumprimento de prazos e na capacidade da empresa de 
produzir na quantidade esperada. O atraso na entrega ou a entrega em 
uma quantidade inferior à contratada é um efeito negativo para a imagem 
da empresa e também para os custos da produção que podem aumentar 
na tentativa de compensar o tempo perdido. 
Quando os efeitos são gerados causando danos à máquina e aos 
equipamentos, os custos podem ficar ainda mais altos para a empresa, 
por isso a importância da gestão de segurança preventiva, baseada em 
um plano de manutenção contínuo, mediante manutenções preventivas, 
programadas e, caso necessário, reparadora para máquinas e 
equipamentos. 
RESUMINDO: 
 
Se estivéssemos assistindo a um filme de investigação, 
você diria que conseguiria descrever os fatos e os 
personagens que apareceram? Então, para você não 
perder nenhuma cena, iremos apresentar um resumo. Os 
acidentes e incidentes de trabalho podem ocorrer em 
decorrência da atividade laboral causando lesões ou 
acidentes por doenças, que podem ser profissionais ou do 
trabalho. Esses acidentes podem ser causados por fatores 
humanos atrelados às condições do meio, configurando 
um ato inseguro ou condições inseguras, que terão efeitos 
humanos, sociais e econômicos. Sendo assim, a gestão 
de segurança tem como objetivo controlar os efeitos e as 
causas do acidente. 
18 Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho 
 
Fator pessoal de insegurança – ato inseguro 
 
INTRODUÇÃO: 
 
Ao final deste capítulo esperamos que você reconheça os 
fatores humanos com potencial para causarem acidentes 
de trabalho por meio de atos inseguros, suas causas e 
consequências. 
Ato inseguro 
Quando relatamos um acidente de carro ou uma explosão de um 
posto de combustível, o desabamento de uma encosta sobre casas, 
sempre nos perguntam: “De quem é a culpa”? A definição para acidente 
de trabalho não é encontrada em legislação ou dicionário, pois ela só 
contempla as causas ou os culpados pelo inoportuno acontecimento. 
Então, é preciso compreender as causas do acidente de trabalho para 
poder defini-lo. Sendo assim, vamos analisar os fatores que, combinados 
ou não, são responsáveis direta ou indiretamente pelos acidentes e pelas 
doenças no ambiente de trabalho. 
Os atos insegurospodem estar presentes no ambiente de trabalho 
de várias maneiras, pois é a forma como o ser humano se relaciona com o 
perigo. Ela pode ocorrer de maneira inconsciente, quando o ser humano 
desconhece o perigo ao qual está sendo exposto; consciente, quando o 
ser humano reconhece o perigo que está exposto ou ainda circunstancial, 
quando algum fator inesperado o leva a se expor ao perigo, mesmo tento 
sido reconhecido pelo ser humano. Vamos chamar a ELIS para nos ajudar 
com sua experiência a evidenciar situações relacionadas a atos inseguros? 
Um motorista de caminhão ao passar pelo posto da polícia rodoviária 
acelera o veículo propositalmente para evitar que seja parado para 
verificação dos documentos. Seu medo é que a polícia identifique que 
sua habilitação não é compatível ao tipo de veículo que está conduzindo. 
Para escapar do cerco, ele acaba colidindo com o canteiro central, 
ocasionando um acidente de trabalho sem vítimas fatais. 
Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho 19 
 
A ELIS relata que ao dirigir sem habilitação e acelerar o veículo 
acima da velocidade permitida, o motorista cometeu um ato inseguro 
consciente, considerando que o motorista foi devidamente treinado. 
Digamos que nesse mesmo acidente o veículo fosse tomado pelo 
fogo e que o ajudante do motorista ao ver seu companheiro preso dentro 
do veículo se lança em meio às chamas para salvar o companheiro de 
trabalho. Nesse caso, a ELIS define como um ato inseguro circunstancial, 
em que para salvar o companheiro o ajudante se expôs a um perigo que 
ele reconhecia. 
Além dos exemplos apresentados pela ELIS, alguns exemplos se 
destacam como mais frequentes, variando em relação à frequência de 
um processo de produção. São eles: 
• Em atividades com movimentação com cargas suspensas por 
diferentes equipamentos (grua, guindaste, pontes ou cordas), o 
trabalhador por falta de informação ou desobediência às regras de 
segurança se posiciona próximo ou sob a carga em movimentação. 
• Operadores de máquinas e equipamentos que colocam parte 
do corpo, principalmente membros superiores, em contato com 
engrenagens, pontos de esmagamento e energizadas, levando a 
lesões leves até à amputação do membro. 
O treinamento e a capacitação são medidas de controle fundamentais 
para instruir os trabalhadores e reduzir a ocorrência de acidentes de 
trabalho por ato inseguro inconsciente, quando o trabalhador não tem 
conhecimento do risco, por isso realizar uma atividade com máquina e 
equipamentos sem a devida habilitação/autorização pode causar acidentes 
de trabalho, assim como realizar manutenção e reparo em máquina e 
equipamentos em funcionamento ou as improvisações de ferramentas 
manuais. 
• Os dispositivos de segurança também podem se tornar fatores de 
risco quando utilizados de forma incorreta, para fins que não foram 
projetados, assim como não utilizar dispositivos de segurança 
individual quando este for indispensável para o controle do risco. 
20 Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho 
 
 
• Os agentes de risco químico e biológico também são causas 
frequentes de acidentes de trabalhos quando são mal manipulados 
ou expostos a elementos reativos, como o uso de chamas ou 
fumar próximo a produtos inflamáveis. 
Características do fator pessoal de 
insegurança 
Os seres que vivem em agrupamentos estabelecem regras, mesmo 
que não sejam repassadas em linguagem verbal. Um exemplo são os 
animais que delimitam as regras em seus bandos. Os gorilas vivem em 
bandos que são liderados por um macho dominante, que toma as decisões 
sobre quando seu grupo acorda, come, se desloca e descansa à noite. 
Como ele deve proteger sua família em todos os momentos, esse gorila 
líder tende a ser o mais agressivo. Em algumas situações, ele bate com as 
duas mãos no peito quando percebe alguma ameaça para afastar o perigo. 
Para os seres humanos, as regras foram um marco na evolução, que 
servem de prescrições específicas de disciplina, podendo ou não ter um 
significado jurídico (AMARAL, 2005). Elas são usadas para evitar acidentes 
no trabalho e prevenir doenças ocupacionais. Segundo o observatório de 
Segurança do Trabalho, foram notificados 4.503.631 acidentes entre 2012 e 
2018. O número permite estimar a quantidade de acidentes por unidade de 
tempo e projeção para 2019 até hoje. Os dados de 2019 serão atualizados 
em 2020, e assim por diante. Em anos anteriores, a estimativa esteve 
muito próxima do que se confirmou após a atualização (SMARTLAB, 2021). 
O acidente de trabalho gera danos materiais à comunidade, 
ocasionando o aumento do custo de vida e dos impostos, insatisfação com 
falta de condições de trabalho e diminuição de pessoas produtivas. Por 
isso, é indispensável entendermos por que ocorre o acidente do trabalho 
para podermos evitar os mais diversos tipos de prejuízos. 
Todo ser humano tem características pessoais, físicas, sociais ou 
mentais que podem interferir direta ou indiretamente no trabalho. Quando 
essas características interferem negativamente no trabalho, provocando 
atos inseguros, dá-se o nome de fator pessoal de insegurança. 
Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho 21 
 
Podemos destacar aqui os principais fatores humanos que levam à 
prática de atos inseguros. 
• Desconhecer um risco dentro do ambiente ocupacional pode ser 
comparado a uma criança que brinca com um fósforo aceso perto de 
um vidro de álcool, aparentemente inofensivo aos olhos da criança 
que desconhece o resultado da reação. No caso da criança, cabe 
aos pais e responsáveis explicar o perigo envolvido ao aproximar 
a chama a um material inflamável e retirar o perigo das mãos da 
criança. No ambiente de trabalho, essa orientação deve ser feita pelo 
profissional prevencionista, que ao passar uma ordem de serviço deve 
evidenciar cada risco e perigo relacionado à atividade e apresentar ao 
trabalhador a devida forma de proteger. A informação é uma arma 
fundamental para evitar acidentes, assim com a falta de informação 
pode levar à ocorrência de acidentes do trabalho. 
• O desconhecimento pode ser por falta de orientação do profissional 
prevencionista, mas também por falta de preparo para o trabalho, 
trabalhadores sem capacitação ou formação profissional, 
utilizando-se do notório saber, que muitas vezes levam a práticas 
de gambiarras e improvisos, na tentativa de ganhar tempo ou por 
desleixo na atividade realizada. Por isso, a verificação da formação 
profissional antes da contratação, assim como os programas de 
capacitação e treinamento são importantes aliados contra os 
acidentes de trabalho. 
• Problemas de ordem social também podem ser evidenciados como 
fatores pessoais, com o excesso de confiança ou exibicionismos 
como forma de autoafirmação. Também os problemas de ordem 
financeira, como dívidas, falta de oportunidades para si e para sua 
família, que podem gerar brigas conjugais, uso descontrolado de 
drogas lícitas e ilícitas associados a uma extrema pressão 
emocional que podem levar a ataques de estresse e histeria. 
Todos esses fatores atrelados ao meio em que o trabalhador exerce 
sua função podem levar a atos inseguros e, por consequência, a acidentes 
de trabalho. Por isso, precisam ser observados e acompanhados para que 
possam ser controlados, reduzindo o número de acidentes de trabalho. 
22 Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho 
 
Como controlar o fator pessoal 
Vimos que os seres humanos podem se tornar verdadeiras bombas- 
relógio, prontas para explodir... boom! E agora, o que o profissional 
prevencionista pode adotar nos ambientes de trabalho para evitar que essa 
bomba exploda? 
Figura 2 – Bomba-relógio 
Fonte: pixabay 
 
Dessa forma, vamos conhecer algumas ações que deverão ser 
adotadas nos ambientes de trabalho na tentativa de conter os fatores 
pessoais relacionados à ocorrência de acidentes de trabalho. 
Vimos quea falta de qualificação profissional é um fator pessoal 
atrelado à falta de aptidão que pode contribuir para a ocorrência de 
acidentes de trabalho. Por isso as empresas devem estar atentas desde 
o processo de contratação do trabalhador, selecionando profissionais 
devidamente habilitados, sem permitir que sejam feitas contratações de 
forma arbitrária ou por indicações, sem verificar os dados fornecidos por 
cada candidato selecionado. 
No entanto, além da documentação apresentada, o trabalhador que 
comprove sua formação através do ensino formal e/ou profissionalizante, 
deve apresentar outros requisitos que demonstrem suas habilidades e 
competências para desenvolver a atividade para a qual foi contratado, 
como condições físicas e emocionais, aptidão para o trabalho, caráter 
inidôneo, respeito pela cultura prevencionista da empresa, ou seja, o 
trabalhador não pode considerar as ações de segurança como uma 
banalidade desnecessária. 
https://pixabay.com/pt/vectors/bomba-explosivas-detona%C3%A7%C3%A3o-fus%C3%ADvel-154456/
Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho 23 
 
O SESMT tem uma participação importante após a seleção e 
contratação do trabalhador, que se apresenta para o SESMT no momento 
da integração. No momento da integração, o trabalhador deve se sentir 
parte da equipe ao qual irá desenvolver seu trabalho. O papel dos 
gestores e profissionais prevencionistas é importante na recepção e no 
acompanhamento dos trabalhadores desde sua chegada. 
O acompanhamento supracitado deve ter sempre como objetivo 
inserir no dia a dia do trabalhador a importância de vivenciar a política 
prevencionista proposta pela empresa, mediante medidas educacionais, 
por meio do planejamento e da execução de treinamentos e capacitação dos 
trabalhadores. Os treinamentos devem ocorrer não apenas para o 
cumprimento da legislação, mas como parte da formação continuada dos 
trabalhadores, acontecendo de forma programada e periódica e até 
mesmo diariamente através do Diálogo Diário de Segurança (DDS) ou 
palestra, que podem ocorrer de forma planejada ou durante a Semana 
Interna de Prevenção de Acidentes (SIPAT), organizada pela CIPA com o 
apoio do SESMT. 
Você sabe o que é uma SIPAT? Em 1953, foi publicado o Decreto- 
Lei nº 34.715, que oficializa uma semana dedicada de atividades sobre 
a segurança no trabalho, a SIPAT, em que fica definida como a última 
semana de novembro de todo ano para a sua realização. Posteriormente, 
foi consolidado pela NR 5 como um evento anual obrigatório que deve 
ser implementado pela CIPA em todas as empresas em conjunto com o 
SESMT. 
Para a SIPAT atingir seu objetivo, não deve ser realizada apenas como 
uma obrigação pela empresa, e sim ser encarada como uma importante 
ferramenta para informar aos trabalhadores sobre a segurança e a saúde no 
ambiente de trabalho e em casa. 
Durante o evento, a empresa pode informar, atualizar e reforçar com 
os trabalhadores temas voltados para a saúde do trabalhador e acidentes 
de trabalho, abordando os fatores pessoais por meio de dinâmicas e 
ações psicossociais (BRASIL, 2016). 
24 Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho 
 
 
Além da educação por meio da comunicação verbal, podemos usar 
também outros meios, como cartazes e sinalizações. Em tempos de 
indústrias inteligentes, o uso da tecnologia é uma ferramenta de 
comunicação que consegue gerar valores e atingir um número maior e com 
mais interatividade de trabalhadores. O uso de comunicação por correio 
eletrônico, videoconferências, simuladores e mídias digitais é uma forma de 
gerar educação prevencionista na indústria 4.0. 
As medidas médicas mediante acompanhamento periódico dos 
trabalhadores é uma grande aliada para reduzir causas de fatores pessoais 
ligadas ao acometimento de limitações pessoais, físicas ou cognitivas. A 
incapacidade física pode não ser detectada nos exames admissionais se 
desenvolverem tardiamente em função de fatores genéticos, que podem 
ser fatores pessoais, como a gradativa perda de visão e audição, ou a 
redução da capacidade física. Problemas neurológicos, como ataques 
epiléticos, podem causar problemas durante a execução do trabalho com 
segurança, pois em um ataque epilético o indivíduo não tem controle 
sobre seus movimentos, com contínuos espasmos musculares, que podem 
causar acidentes de trabalho. 
VOCÊ SABIA? 
 
A ciência já comprovou que algumas pessoas podem 
apresentar Transtorno de Déficit de Atenção com 
Hiperatividade, uma condição que geralmente se apresenta 
na primeira infância, mas muitas, por falta de informação 
ou resistência ao tratamento, não são acompanhadas. No 
ambiente ocupacional, ele pode se apresentar por meio da 
falta de foco, perda de concentração e impulsividade. 
As medidas psicológicas atreladas a um acompanhamento 
prevencionista planejado podem contribuir para diminuir os efeitos dos 
fatores pessoais em causas de acidentes de trabalho, principalmente por 
meio de motivação e estímulo da autoestima e confiança do trabalhador 
na sua relação com a empresa, com os colegas e nas relações pessoais. 
De forma resumida, podemos listar as ações de prevenção de 
acidentes de trabalho como: 
Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho 25 
 
Figura 3 – Sequência de ações para reduzir o número 
de acidentes do trabalho causado por fatores pessoais 
 
 
Identificar 
fatores de 
risco 
Estabelecer 
medidas para 
controlar esses 
fatores 
Verificar os 
resultados 
das medidas 
implementadas 
Realizar 
treinamentos e 
campanhas de 
prevenção 
 
Fonte: Elaborada pela autora. 
 
Consequências do fator pessoal 
Olha quem chegou para nos ajudar a compreender melhor as 
consequências dos fatores pessoais causadores de acidentes de trabalho! 
Ao ser acordada durante a noite, ELIS respira fundo ao perceber 
que quem está ligando é um bombeiro informando que houve uma grave 
explosão seguida de um intenso incêndio no hospital em que ela trabalha 
e que até o momento existe o risco do fogo se propagar e atingir outras alas 
do hospital. Imediatamente ELIS aciona os gestores de plantão para saber 
se foi feita evacuação do prédio como planejado no plano de emergência 
garantindo a sobrevivência dos pacientes e trabalhadores e descobre que 
o incêndio foi causado durante a troca de turno na lavanderia, quando 
o trabalhador que saía do plantão esqueceu-se de desligar a secadora, 
levando a um superaquecimento e consequente incêndio. O trabalhador 
que deixou a secadora ligada já está em casa, seguro. 
Como podemos observar no relato da ELIS, o profissional que não 
desligou a secadora está seguro em casa, enquanto os trabalhadores 
do turno e os pacientes do hospital estão em risco, mesmo tendo sido 
executado o plano de evacuação com eficiência. 
Quando ocorre um acidente de trabalho, podemos considerar várias 
consequências, iniciando pelas consequências em relação à vida humana, 
que podem variar desde pequenos ferimentos até a perda da própria vida 
ou de outros. 
Além das consequências causadas nas vítimas, devemos considerar 
também os efeitos a curto, médio e longo prazos dos tratamentos e 
protocolos que serão realizados pelas vítimas, muitas vezes dolorosos 
26 Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho 
 
 
e que trazem novas consequências, como o abalo emocional e a 
discriminação social. Dessa forma, é essencial que todo sofrimento físico, 
mental ou social seja evitado ou reduzido para que não se tornem fatores 
pessoais os causadores de acidentes. 
Quando a vítima pode retornar às suas atividades de trabalho, 
mesmo após longos tratamentos, as consequências do acidente são 
classificadas como incapacidade parcial. Mesmo assim, ela pode sentir- 
se mesmo capaz, o que pode vir a se tornar um fator para que ocorra um 
novo acidente, ou seja, a consequência do acidente é a insegurança 
gerada nas vítimas que pode se tornar um fator de ocorrência denovos 
acidentes. 
Figura 4 – A insegurança causada pelas sequelas de um acidente pode 
deixar o trabalhador susceptível à ocorrência de novos acidentes 
 
Fonte: Elaborada pela autora. 
 
Outro aspecto que devemos relacionar com consequências após um 
acidente de trabalho são as consequências sociais para as vítimas, que 
impossibilitadas de trabalhar podem ter uma redução na renda familiar 
por um período, em casos de incapacidade parcial ou temporária. Imagine 
em caso de incapacidade permanente, no qual a vítima e sua família tem 
sua realidade socioeconômica alterada repentinamente, afinal, ninguém 
se prepara para sofrer um acidente, mesmo que as vítimas recebam o auxílio 
garantido por lei. 
As consequências econômicas recaem sobre a vítima, mas também 
sobre a empresa, embora ainda existam empresas que não se importem 
com os efeitos negativos em relação aos efeitos de um acidente de 
trabalho. Para essa análise é preciso que a empresa entenda que os 
custos do acidente interferem na qualidade e na quantidade dos serviços 
prestados, no prazo de entrega do produto ou serviço, principalmente se 
em função do acidente a empresa sofre um embargo de suas atividades, 
danos às máquinas e aos equipamentos. 
 
Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho 27 
 
Você sabe quando uma empresa pode sofrer um embargo ou uma 
interdição? A NR 3 foi originalmente editada pela Portaria nº 3.214, de 8 
de junho de 1978, estabelecendo procedimentos para embargo e 
interdição em caso de Grave e Iminente Risco (GIR) à vida e à saúde dos 
trabalhadores. Embargo e interdição são medidas administrativas, de 
caráter cautelar, cuja adoção tem o objetivo de evitar a ocorrência de 
acidente ou doença com lesão grave ao trabalhador, não se tratando de 
medida punitiva às organizações (BRASIL, 2016). 
Em caso de acidentes, as empresas são obrigadas a emitirem a 
Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT), informando à previdência 
social todos os acidentes de trabalho ocorridos com trabalhadores, mesmo 
que não haja afastamento temporário das atividades de trabalho. Outras 
agências também utilizam esses dados. A International Oil and Gas Producers 
(IOGP) usa como índice a Taxa de Acidentes Registráveis (TAR) como critério 
para comparar o desempenho das empresas do setor, com o objetivo de 
intensificar a concorrência internacional. 
RESUMINDO: 
 
Acidente é um problemão né? E se não entendermos 
direitinho as causas e consequências relacionadas aos 
fatores pessoais, esse problema pode ficar ainda maior. 
Então, vamos resumir aqui as diferentes causas relacionadas 
aos fatores pessoais que podem ocasionar acidentes de 
trabalho, com o afastamento como consequência para a 
vítima, para a sociedade e para a economia, inclusive em 
relação à economia mundial. Entre os fatores podemos 
citar a falta de conhecimento, imprudência, irritabilidade e 
até mesmo transtornos cognitivos. Como consequências, 
podem ocorrer desde pequenas lesões a graves, que em 
função das sequelas e dos tratamentos podem se tornar 
um fator de insegurança, além das consequências sociais, 
como a discriminação e as consequências econômicas, a 
diminuição da renda familiar. 
28 Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho 
 
Condições de insegurança do ambiente 
 
INTRODUÇÃO: 
 
Ao final deste capítulo esperamos que você reconheça as 
condições do meio com potencial para causarem acidentes 
de trabalho mediante condições inseguras, suas causas e 
consequências. 
Condição insegura 
No capítulo anterior, vimos que os seres humanos podem tornar-se 
um risco a sua saúde e segurança em função de atos inseguros. Mas será 
que só os seres humanos podem causar acidentes? 
Olha para essa tomada aí atrás do seu aparelho de TV ou do 
computador. Respondam, tem alguma possibilidade de surgir um pequeno 
incêndio nessa tomada devido às condições que ela está sendo utilizada? 
E o seu carro? Olhe os quatro pneus. E o pneu reserva? O estepe? Será 
que estamos seguros em andar com o nosso carro com esses pneus, a 
estrutura, a calibração, o tempo de desgaste? 
Então, quando a sua tomada ou o seu pneu não estão garantindo 
segurança para você e sua família, você precisa trocar ou adequar. No 
ambiente de trabalho vamos ver situações semelhantes. 
As condições do local de trabalho precisam gerar segurança para 
os trabalhadores, da mesma forma que as que não garantem a segurança 
geram condições inseguras no local de trabalho. 
Condições inseguras não devem ser confundidas com perigos 
presentes no ambiente ou inerente à função do trabalhador, como partes 
energizadas, produtos ou equipamentos usados no desenvolvimento da 
atividade. As condições inseguras estão presentes no ambiente de 
trabalho quando os perigos identificados na fase de análise de risco 
não são devidamente controlados, expondo os trabalhadores a danos 
causados por acidentes do trabalho ou doenças ocupacionais. 
Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho 29 
 
Nossa Líder ELIS vai nos ajudar a compreender melhor com um 
exemplo que ela vivenciou em uma indústria de sapatos. 
As máquinas e os equipamentos para que possam operar precisam 
ser alimentados por uma rede energizada, ou seja, a corrente elétrica é 
um perigo presente na atividade de um operador de máquinas. 
Durante a inspeção de rotina, ELIS verificou que a máquina de 
costura do couro estava ligada na tomada, mas o fio condutor apresentava 
uma emenda, feita de forma improvisada, deixando o fio exposto. Ao 
identificar a condição insegura, ELIS suspendeu a atividade naquela 
máquina e acionou o setor de manutenção para que efetuasse a troca do 
fio, sem emendas e com todas as partes protegidas, como estabelecido 
nas NR10 e NR12 (BRASIL, 2016). 
A presença de energia elétrica, por sua capacidade em gerar danos 
ao trabalhador, representa um perigo. No entanto, se essa energia estiver 
isolada, sem que o trabalhador tenha contato, não causará danos. No caso 
apresentado, o fio emendado e exposto pode causar uma descarga elétrica 
e causar danos ao trabalhador, expondo-o a uma condição insegura. 
Condições inseguras: 
• Falta de proteção mecânica. 
• Máquinas e equipamentos defeituosos ou sem reparo. 
• Ambientes com mudança de nível não sinalizada (escadas ou 
rebaixamento). 
• Pisos escorregadios. 
• Iluminação inadequada. 
• Arranjo físico inadequado. 
• Ventilação e exaustão inadequadas. 
• Armazenamento e transporte de cargas e pessoas inadequados. 
• Passagem obstruída ou sobrecarga das instalações. 
• Redes energizadas e tubulações mal planejadas. 
30 Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho 
 
 
Podemos apontar outros fatores que expõem o trabalhador a 
condições inseguras, como operar máquinas e equipamentos sem 
proteção ou com mecanismos defeituosos. A presença ou exposição a 
agentes químicos (gases, vapores, poeiras) ou físicos (calor, radiação) 
podem gerar condições inseguras caso a exposição a esses agentes não 
forem devidamente controlados. 
Figura 5 – Perigo versus Risco 
 
Fonte: Elaborada pela autora. 
 
Perigo é a fonte que pode causar um dano inerente à atividade. 
Risco é o perigo controlado. Condição insegura é o perigo que não foi 
devidamente controlado. 
Característica do ambiente - análise de risco 
Se o perigo existe, por que analisar o risco? 
 
Nos ambientes de trabalho, inúmeras são as fontes de perigo que 
são inerentes às atividades desenvolvidas. 
Uma gestão prevencionista inicia-se com uma análise prévia dos riscos 
ocupacionais, com o planejamento de medidas de segurança que eliminem, 
reduzam ou controlem os riscos identificados no ambiente de trabalho. 
Para executar essa análise, é preciso que a empresa invista em 
profissionais prevencionistas, incluindo o Engenheiro de Segurança do 
Trabalho, que tenha um amplo conhecimento da legislação prevencionista 
atualizado, capacitado para reconhecer as fontesgeradoras e os agentes 
causadores de riscos ocupacionais, propondo medidas de controle 
eficientes, que atendam às normas regulamentadoras e demais 
legislações. 
 
 
Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho 31 
 
Os profissionais do serviço de segurança devem fazer o registro de 
todos os riscos e perigos presentes no ambiente de trabalho por meio de 
documentos de gestão de segurança. A NR9 estabelece a identificação 
dos riscos ocupacionais e seu registro deve ser feito em um documento 
denominado Programa de Gerenciamento de Riscos. 
Independente do nome do documento, o intuito é fazer o registro dos 
riscos existentes no ambiente ocupacional que comprometam a saúde e 
segurança dos trabalhadores. O ideal é que o documento seja alimentado 
por profissionais prevencionistas que atuam na empresa e que divulguem 
aos trabalhadores o resultado de sua investigação, de forma a educa-los 
e conscientizá-los quanto à presença do risco e às medidas adotadas pela 
empresa. Algumas empresas, desobrigadas a constituírem o SESMT, ou 
mesmo com o SESMT instalado, optam por contratarem serviços 
terceirizados para elaboração do documento, o que pode acabar 
dificultando o processo de divulgação e conscientização. 
Tabela 1 – Modelo de análise de risco 
 
 
Setor 
 
Função 
 
Fonte 
geradora 
 
Probabilidade 
de danos 
Agente 
causador 
de danos 
 
Risco ocu- 
pacional 
 
Medidas existentes 
 
C
o
le
ta
 d
e
 a
m
o
st
ra
 d
e
 s
a
n
g
u
e
 
 
P
a
to
lo
g
is
ta
 
Coleta de 
amostra 
de sangue 
através de 
seringas 
com agulhas 
 
Ferimentos 
por perfuro- 
cortantes 
 
Equipa- 
mentos 
sem 
proteção 
 
 
Risco de 
acidentes 
 
Treinamento, 
capacitação, 
gerenciamento 
de resíduos do 
grupo E 
 
Contaminação 
por micror- 
ganismos 
patogênicos 
 
 
Vírus, 
bactérias 
 
 
Risco 
biológico 
Treinamento, 
capacitação, 
gerenciamento de 
resíduos do grupo 
E e A e Uso de EPI 
Fonte: Elaborada pela autora. 
 
A análise de risco é a primeira etapa do processo de gerenciamento 
de risco, que segundo Wege (2014), deve haver a implantação de medidas 
de controle e os procedimentos técnicos e administrativos para manter os 
riscos controlados. Não tem sentido identificar os riscos se não for para 
estabelecer as devidas medidas de controle. 
32 Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho 
 
 
A análise de risco pode ser feita por meio do uso de ferramentas 
de gestão, como o diagrama de Ishikawa (ISHIKAWA, 1993), também 
conhecida como diagrama de causa e efeito, matriz GUT e análise 
preliminar de risco (APR). 
Na análise de risco, é importante registrar o material usado, sendo ele 
básico para o desenvolvimento da função, das peças de reposição ou 
ainda de algum produto ou material extra. Os agentes químicos precisam 
ser identificados, acompanhados pela ficha de identificação de cada 
produto (FISPQ), documento normatizado pela ABNT, no qual estão 
contidas as informações quanto à saúde, à segurança e ao meio ambiente do 
produto. 
Dentro dessa análise, podemos classificar o grau de risco com base 
em escalas padronizadas. 
 
Segundo Anderson Benite (2004), as empresas devem manter uma 
contínua análise e identificação de perigos e riscos com o objetivo de 
programar medidas de controle que incluem as atividades ordinárias 
e extraordinárias, considerando todos os trabalhadores (contratados, 
terceirizados) e possíveis visitantes. 
Os fatores ambientais são mais fáceis de identificar durante a análise 
qualitativa dos riscos, podendo facilitar a gestão de riscos por meio de 
manutenções preventivas, corretivas em máquina e equipamentos, 
organização do ambiente e sinalização e dispositivos de emergência. Para 
os fatores ambientais imperceptíveis à análise qualitativa, como a 
concentração de ruído, radiação, agentes químicos e biológicos, é preciso 
uma análise quantitativa no ambiente, considerando a avaliação não apenas 
da presença do agente, mas também sua concentração e, em alguns casos, 
a natureza físico-química do agente e suas reações com outros agentes 
presentes no meio (produtos perigosos). 
A análise quantitativa é utilizada para a classificação de condições 
insalubres prevista na NR15 (BRASIL, 2016). O resultado das análises 
qualitativa e quantitativa permite aos profissionais prevencionistas 
definirem os riscos ambientais. 
Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho 33 
 
Os riscos ambientais são aqueles relativos às atividades 
ocupacionais que podem gerar danos ou agravos à saúde do trabalhador 
ou que causam de acidentes de trabalho (BAZZO; PEREIRA, 2006). 
Os riscos ambientais são classificados pela NR9 como risco físico, 
químico e biológico em relação à presença de agentes físico, químico 
e biológico no ambiente. Outra norma na qual os riscos ambientais 
são definidos, é na NR5, pela Portaria n0 25/1994, a qual estabelece a 
elaboração do Mapa de Risco pelos membros da CIPA e classifica os riscos 
em físico, químico, biológico, ergonômico e de acidentes (BRASIL, 2016). 
Não só a legislação trabalhista considera os agentes presentes no 
ambiente de trabalho que possam causar danos, mas o Ministério da 
Saúde (MS) também classifica os riscos em físico, químico, biológico, 
ergonômico e de acidentes. 
Os riscos ambientais, sob uma visão clássica, podem ser 
classificados nos grupos citados anteriormente, mas com a evolução e 
o desenvolvimento dos processos industriais e das atividades, devemos 
ampliar nosso olhar sobre o risco (BRISOT, 2019). 
Classificação de riscos ocupacionais 
 
Para a análise de risco e como base para o gerenciamento dos riscos 
ambientais, os profissionais utilizam as seguintes definições para 
classificação de risco: 
• Risco físico – diversas formas de energia que os trabalhadores 
podem estar expostos em seu ambiente de trabalho, listados nos 
anexos da NR15 – Atividades e Operações Insalubres. 
Exemplos: ruído, vibração, temperaturas extremas, radiações 
ionizantes e não ionizantes, trabalho sob condições hiperbáricas e umidade. 
• Risco químico – produtos ou compostos nas formas de poeiras, 
fumos, névoas, neblinas, gases ou vapores que podem penetrar 
no organismo do trabalhador pela via respiratória. Alguns produtos 
podem também ser absorvidos pela pele ou por ingestão. 
34 Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho 
 
 
Exemplos: gases, poeiras, vapores, névoas e fumos oriundos de 
compostos ou substâncias químicas. 
• Risco biológico – microrganismos patogênicos que podem 
penetrar no organismo. 
Exemplos: bactérias, vírus, fungos, protozoários patogênicos. 
• Risco ergonômico – resultante de relações de trabalho, organização 
do trabalho, mobiliário e relações ligadas ao conforto no ambiente 
de trabalho. 
Exemplos: levantamento manual de peso, trabalho em turno noturno, 
exigência de esforços repetitivo ou postura inadequada, esforço físico 
intenso. 
• Risco de acidente – também conhecido como risco mecânico, são 
os agentes presentes no ambiente de trabalho identificados 
durante a análise de risco como um potencial causador de 
acidentes. 
Exemplos: proteção de máquinas, arranjo físico, ordem e limpeza, 
animais peçonhentos, probabilidade de explosão ou incêndio, partes 
energizadas. 
Uma comparação da aplicação dos riscos ambientais pode ser 
observada na tabela a seguir. 
Tabela 2 – Comparação dos riscos ambientais 
 
 
RISCOS 
 
NR5 
 
NR9 
 
MS 
Físico ✓ ✓ ✓ 
Químico ✓ ✓ ✓ 
Biológico ✓ ✓ ✓ 
Ergonômico ✓ ✓ ✓ 
Acidente ✓ ✓ ✓ 
Fonte: Elaborada pela autora. 
Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho 35 
 
Para verificar se a análise de risco e as medidas adotadas para o 
controle do ambiente estão sendo eficientes, é preciso definir indicadores 
mensuráveis para as metas a serem alcançadas, por meio de processos 
de verificação contínua e planejada, como auditorias internas. Em casos 
de acidente, quando as medidasnão forem eficientes para proteger o 
trabalhador, é necessária uma investigação das causas do acidente, assim 
como a definição dos agentes envolvidos para que possam ser tomadas 
novas medidas que garantem a segurança e a saúde do trabalhador, 
adequando-se às novas tecnologias e demandas do mercado. 
Investigação de acidente 
Como acompanhamos no capítulo anterior, para garantir a saúde e 
a segurança do trabalhador, a empresa precisa investir na análise de riscos 
ambientais de forma que os dados obtidos no levantamento de riscos 
contribuam para o planejamento e a implementação das medidas de controle. 
No entanto, mesmo com as medidas aplicadas, podem ocorrer situações de 
vulnerabilidade na gestão de segurança capazes de gerar acidentes. 
Quando ocorre um acidente, o primeiro impulso, e correto, é garantir 
a sobrevivência dos trabalhadores. No entanto, é fundamental definir os 
fatores que levaram ao acidente. A investigação do acidente de trabalho 
tem como objetivo analisar as informações identificando as causas reais, 
utilizando métodos para a análise, aplicando recursos tecnológicos. As 
conclusões devem servir para a transformação do ambiente, fortalecendo 
as medidas educativas, prevencionistas e médicas. 
A investigação de acidentes tem muitas informações relevantes 
sobre a origem e suas causas, pois somente conhecendo-as é possível 
evitar as reincidências ou ocorrências de novos acidentes por fatores 
semelhantes. Os agentes de riscos de acidentes são aqueles que durante 
a investigação de um acidente aparecem em diferentes métodos utilizado 
para a investigação. Vamos usar como exemplo um método simples, 
o diagrama de causa e efeito, agrupando as causas em categorias 
conhecidas como “6 Ms”: Método, Meio, Máquinas, Medições, Materiais 
e Mão de obra, sendo apenas a mão de obra a categoria em que a 
investigação pode não apontar apenas condições do ambiente. 
36 Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho 
 
 
Uma empresa de limpeza predial iniciou a investigação de um 
acidente com o trabalhador que exercia a função de lavador de fachada. Ele 
desenvolvia sua atividade em um dia nublado e a uma altura de nove metros. 
No momento do acidente ventava muito e o trabalhador estava utilizando 
o equipamento que liberava jatos de água com uma solução de limpeza, 
quando em função de uma forte rajada de vento fez com que o trabalhador 
fosse atirado contra a grade de proteção. Como ele estava usando os 
dispositivos de segurança individual, não houve queda, mas a ferramenta 
estava presa apenas por suas mãos, o piso estava molhado e no momento 
do impacto a ferramenta caiu sobre o seu pé e causou uma luxação. 
Sendo assim, nossa amiga ELIS vai nos ajudar a investigar as causas 
do acidente usando o diagrama de causa e efeito com o modelo 6Ms. A 
Figura 7 mostra um modelo de diagrama: 
Figura 6 – Diagrama de causa e efeito 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Elaborada pela autora. 
 
• Método: limpeza da fachada com jato de água. 
• Meio: atividade realizada a céu aberto exposto a intempéries (dia 
nublado com rajada de vento). 
• Máquinas: falta de um dispositivo que evitasse quedas da 
ferramenta. 
• Medições: inspeções nas condições do tempo, velocidade do ar. 
• Materiais: produto químico escorregadio. 
• Mão de obra: treinada e capacitada, surpreendida por uma rajada 
de vento. 
 
 
 
Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho 37 
 
Após a verificação, ELIS estabeleceu que fossem adicionadas 
medidas de proteção contra quedas de ferramentas e que as atividades 
acima de dois metros de altura seriam interrompidas quando comprovada 
a velocidade do vento acima de 40 quilômetros por hora conforme 
estabelecido na NR 35 (BRASIL, 2016). 
Com base nos resultados da avaliação de um acidente, as empresas, 
por meio dos profissionais responsáveis pela saúde e segurança da 
empresa, podem estabelecer um planejamento de ações para eliminar, 
mitigar ou controlar as causas de acidente. Uma ferramenta eficiente no 
planejamento e acompanhamento das ações é o Plano de Ação, como o 
5W2H, conforme mostra a Tabela 3. 
Tabela 3 – Plano de Ação 5W2H 
 
 
WHAT 
 
WHERE 
 
WHEM 
 
WHO 
 
WHY 
 
HOW 
HOW 
MUCH 
 
O QUE 
 
ONDE 
 
QUANDO 
 
QUEM 
 
POR QUE 
 
COMO 
QUANTO 
CUSTA 
Fonte: Elaborada pela autora. 
 
O relatório de investigação de acidentes vai servir como base para 
o estabelecimento dessas ações. Por isso, é importante que ao preencher 
esses relatórios o engenheiro de segurança o faça respeitando os 
requisitos do código de ética profissional, não deixando possibilidades de 
dupla interpretação das informações ali registradas. 
Como parâmetro métrico para definir o caráter técnico idôneo, 
pode-se considerar: a legibilidade do documento, a recuperação dos 
dados apresentados com evidências no documento, a proteção das 
informações ali contidas para que não se percam, o tempo em que este 
ficará arquivado e a identificação do registro, para que seja possível sua 
consulta por parte interna, auditorias ou inspeções oficiais, fiscalização de 
órgãos do governo ou certificadoras na empresa. 
38 Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho 
 
 
RESUMINDO: 
 
E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo 
tudinho? Agora, só para termos certeza de que você 
realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, 
vamos resumir tudo o que vimos. Os acidentes de trabalho 
podem ser causados por agentes presentes no meio, que 
podem ser definidos com agentes de risco físico, químico, 
biológico, ergonômico ou de acidente. Os agentes 
considerados causadores de risco de acidente ou 
mecânico, são aqueles identificados durante a análise de 
risco como potenciais causadores de acidentes do 
trabalho. O gerenciamento dos riscos deve seguir as etapas 
de: identificação de perigos; identificação de potenciais de 
perdas; análise de riscos: estudo e descrição de como está 
posto esse risco no ambiente de trabalho; avaliação de riscos 
e tratamento dos riscos: ações que devem ser tomadas 
para a eliminação, redução ou convivência adequada com 
o risco. Caso as medidas não consigam evitar o acidente, 
ele deve ser investigado, definindo novamente as causas 
e os efeitos. 
Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho 39 
 
Consequências do acidente de trabalho: 
lesão pessoal e prejuízo material 
 
INTRODUÇÃO: 
 
Ao final deste capítulo você deverá compreender os efeitos 
negativos gerados pelos acidentes de trabalho, tanto em 
questões econômicas quanto previdenciário, social e 
humano. Descobrir que um acidente pode custar caro para 
a empresa e refletir no valor final do processo de produção 
e que não existe um culpado, todos somos responsáveis. 
Efeitos dos acidentes de trabalho - 
econômico e social 
Todo trabalho é realizado para gerar produtos e serviços de 
qualidade, com resultados positivos para o cliente e para a empresa. No 
entanto, as falhas podem gerar algumas perdas no processo, no caso do 
acidente de trabalho nós perdemos qualidade de vida, perdemos vidas. 
Por isso, neste capítulo iremos nos dedicar em analisar efeitos negativos, 
individual, econômico e social. 
Ao analisar as causas e efeitos de um acidente, são inúmeros os 
fatores que podemos listar para justificar um antigo questionamento 
prevencionista: Por que investir em segurança? Para alguns, o investimento 
pode ser o cumprimento das obrigações legais atrelado aos interesses 
de alcançar os objetivos traçados pela empresa. Para outros, são o 
reconhecimento de valores aplicados à responsabilidade socioambiental 
(BENITE, 2004). 
Seja por valores econômicos ou sociais, a verdade é que o custo 
das ocorrências com qualquer tipo de acidente de trabalho é um fator de 
impacto economicamente: 
• Na vida do indivíduo, que fica com restrições na capacidade de 
gerar renda para sobrevivência. 
40 Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho• Nas contas do governo, que concede benefícios, como auxílio- doença 
acidentário, aposentadoria por invalidez ou especial, pensão por 
morte. 
• Nas empresas, onde os custos com acidentes são contabilizados por 
indicadores baseados no número de Comunicado de Acidente de 
Trabalho emitido. 
A empresa é obrigada a informar à Previdência Social todos os 
acidentes de trabalho ocorridos com seus empregados até o primeiro 
dia útil seguinte ao da ocorrência, mesmo que não haja afastamento das 
atividades. Em caso de morte, a comunicação deverá ser imediata. 
Um bom exemplo dos custos do acidente de trabalho para a 
empresa é o cálculo feito conforme a quantidade, a gravidade e o custo das 
ocorrências acidentárias em cada empresa em relação ao seu segmento 
econômico. É por meio desse mecanismo que a Receita Federal do Brasil 
pode aumentar ou diminuir a alíquota de 1% (risco leve), 2% (risco médio) ou 
3% (risco grave) que cada empresa recolhe para o financiamento dos 
benefícios por incapacidade (grau de incidência de incapacidade para o 
trabalho decorrente dos riscos ambientais). Essas alíquotas poderão ser 
reduzidas em até 50% ou aumentadas em até 100% (FIESC; SESI, 2011). 
ACESSE: 
 
Você sabe como emitir uma CAT? Acesse o site do INSS 
para saber mais. Clique aqui. 
O preenchimento é on-line ou nas agências do INSS. Se a empresa 
não fizer o registro da CAT dentro do prazo legal, estará sujeita à aplicação 
de multa, conforme disposto nos artigos 286 e 336 do Decreto nº 
3.048/1999. O próprio trabalhador, o dependente, a entidade sindical, 
o médico ou a autoridade pública poderão efetivar a qualquer tempo o 
registro desse instrumento junto à Previdência Social (INSS, 2021). 
Os custos com a falta de segurança devem ser evidenciados pelas 
empresas como um incentivo aos investimentos com segurança, 
identificando que os custos do acidente, com ou sem afastamento do 
https://www.gov.br/pt-br/servicos/registrar-comunicacao-de-acidente-de-trabalho-cat
Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho 41 
 
trabalhador, gera prejuízo, pois os custos diretos ou indiretos são revertidos 
em ônus para a empresa, com o aumento dos custos da produção. Muitas 
vezes, as empresas fazem os cálculos dos custos baseados nos custos 
diretos, sendo que os indiretos podem ser mais significativos. 
Como calcular os custos indiretos? Esse cálculo deve envolver: 
• Gastos no transporte dos acidentados. 
• Gastos com atendimento médico. 
• Tempo dos prevencionistas envolvidos com o resgate no 
atendimento. 
• Tempo com a limpeza e recuperação do local do acidente e 
reinício das atividades. 
• Perda da produtividade. 
• Aumento nos seguros pagos pela instituição. 
Existe também o custo social dos acidentes de trabalho com o 
aumento do número de inválidos e dependentes da previdência social, 
quer seja por uma incapacidade parcial ou total, de forma permanente ou 
temporária e a redução de mão de obra qualificada. 
Infelizmente, os efeitos negativos não são evidenciados por todos 
e podemos validar essa informação quando durante a investigação de 
acidentes de trabalhos identificamos as causas relacionadas aos atos 
inseguros e às condições inseguras negligenciadas pelos setores 
prevencionistas ou operacionais. 
Em uma análise humana, podemos encontrar situações extremas 
em que o trabalhador não valoriza uma cultura prevencionista ou 
empregadores que não evidenciaram a vida humana como um patrimônio 
vivo e banalizaram a vida humana. Em ambos os casos, os efeitos são 
extremamente negativos, ocasionando inúmeras falhas. 
Um bom exemplo de situações de efeitos negativos são os acidentes 
que envolvem condições inseguras, como o planejamento do arranjo 
físico ou acidentes com equipamentos de movimentação de pessoas 
e materiais. Eles são, muitas vezes, possíveis de serem evitados, porém 
42 Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho 
 
 
quando não são identificados os riscos antecipadamente, comprometem 
não só a máquina, mas os trabalhadores e a imagem da empresa. 
 
Então, vamos lá! Após um acidente, os efeitos negativos podem ser 
em relação aos aspectos materiais e/ou humanos, veja se você consegue 
resumir esses aspectos no organograma a seguir. 
Figura 7 – Efeitos negativos do acidente 
 
 
 
 
 
 
Acidentes 
 
 
 
 
 
Efeitos 
 
 
Materiais 
Total 
 
Parcial 
Reversível 
Irreversível 
 
 
 
Humanos 
 
Com lesão 
Parcial Temporária 
Total Permanente 
Sem lesão 
Fonte: Elaborada pela autora. 
 
Custos do acidente 
Agora que já conseguimos reconhecer os efeitos negativos do 
acidente de trabalho, chegou a hora de fazer os cálculos de quanto custou 
o acidente. Nós já vimos que os efeitos negativos incluem os custos diretos 
e indiretos para os trabalhadores, para o governo e para a sociedade, mas 
como calcular esses custos? Inicialmente, tem-se a ideia de que grandes 
acidentes acontecem apenas em grandes empreendimentos, ou grandes 
empresas. No entanto, quando a palavra em questão é custos, o pequeno 
empresário poderá sofrer mais os impactos do acidente. 
O custo de acidentes é definido pela NBR 14.280, como o valor 
do prejuízo material decorrente de acidente, sendo prejuízo material o 
prejuízo decorrente de danos materiais, perda de tempo e outros ônus 
resultantes de acidente do trabalho, inclusive danos ao meio ambiente. O 
cálculo em si não é difícil, mas para cada caso existem diferentes variáveis 
envolvidas, que às vezes são de difícil identificação. Em linhas gerais, 
pode-se dizer que o custo do acidente é o somatório dos custos diretos 
e indiretos envolvidos. 
Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho 43 
 
C = CD + CI 
 
CD = Todas as despesas ligadas diretamente ao atendimento do 
acidentado, que não são de responsabilidade do INSS, despesas médicas, 
odontológicas, hospitalares, farmacêuticas – incluída cirurgia reparadora. 
CI = Não envolve perda imediata de dinheiro. Relaciona-se com o 
ambiente que envolve o acidentado e com as consequências do acidente. 
Vamos conhecer alguns dos fatores utilizados para a base de cálculo 
do acidente, que no final acabam impactando a folha de pagamento da 
empresa e revelando o seu custo real. 
Nexo Técnico Epidemiológico Previdenciário (NTEP) 
 
O Nexo Técnico Epidemiológico Previdenciário (NTEP) surgiu em 
2007 com o Decreto nº 6.042 e alterou o modo de definir o benefício da 
previdência para os casos de afastamento do trabalho acima de 15 dias. 
Ele define a relação causal entre os ramos de atividades econômicas e 
suas respectivas doenças. Com a adoção dessa metodologia, é a empresa 
que deverá provar que as doenças e os acidentes de trabalho não foram 
causados pela atividade desenvolvida pelo trabalhador, ou seja, o ônus da 
prova passa a ser do empregador e não mais do empregado (SESI, 2011). 
Fator Acidentário de Prevenção (FAP) 
 
O Fator Acidentário de Prevenção (FAP) entrou em vigor em 2010 e 
implica a redução ou o aumento da alíquota de redução da contribuição 
da empresa para o Seguro de Acidente do Trabalho (SAT). O FAP é o 
mecanismo que permite à Receita Federal do Brasil aumentar ou diminuir 
a alíquota de 1% (risco leve), 2% (risco médio) ou 3% (risco grave) que cada 
empresa recolhe para o financiamento dos benefícios por incapacidade 
(grau de incidência de incapacidade para o trabalho decorrente dos 
riscos ambientais). Essas alíquotas poderão ser reduzidas em até 50% 
ou aumentadas em até 100%, conforme a quantidade, a gravidade e o 
custo das ocorrências acidentárias em cada empresa em relação ao seu 
segmento econômico (SESI, 2011). 
44 Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho 
 
Seguro de acidente de trabalho (SAT) 
 
A legislação brasileira prevê o pagamento do Seguro de Acidente de 
Trabalho (SAT), calculado pela multiplicação de sua folha de pagamento 
por uma alíquota de Riscos Ambientais do Trabalho (RAT) de 1%, 2% e 3%, 
definidaspara cada uma das atividades listadas na Classificação Nacional 
de Atividades Econômicas (CNAE), acrescido pela multiplicação do Fator 
Acidentário de Prevenção (FAP). 
Cálculo do índice de custo (SESI, 2011). 
 
SAT = folha de pagamento x (alíquota RAT x FAT) 
 
Com a utilização do NTEP e do FAT, o número de acidentes 
previdenciários passou a afetar diretamente o SAT, ou seja, o número de 
acidentes afeta diretamente uma porcentagem da folha de pagamento de 
uma empresa. Com essa combinação de fatores, os custos dos acidentes 
de trabalho e o afastamento previdenciário se tornaram muito mais nítidos. 
Para nos ajudar a calcular um acidente, a ELIS vai nos trazer uma 
situação ocorrida no canteiro de obra. Para não perder horas trabalhadas, 
o gestor da obra autorizou que os trabalhadores realizassem as atividades 
com concreto sem o EPI adequado. Com isso, no final da atividade ele 
teve um saldo de oito acidentes de trabalho, sendo três deles com 
afastamento previdenciário. Calculando os fatores, o valor de cada acidente 
foi de R$ 13.023,00 e o dos afastamentos foi de R$ 113.714,00. O custo total 
do acidente foi de 3 x (R$ 113.714,00) + 5 x (R$ 13.023,00) = R$ 406.257,00. 
O grande desafio para as empresas é investir na redução da 
incidência de acidentes e doenças ocupacionais, identificando os riscos 
que possam estar relacionados ao FAP/NTEP e implementando medidas 
de correção que diminuam os riscos de acidentes e doenças do trabalho, 
pois são essas ações que contribuem para a redução de custos com 
acidentes. 
Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho 45 
 
Responsabilidade do acidente 
 
Um dito popular diz que quando ocorre uma fatalidade, notória ou 
não, “a casa caiu”. Evidentemente o “dono da casa”, além de arcar com 
os custos terá que justificar as causas. Mas a casa pode cair porque o 
arquiteto não planejou bem ou o pedreiro não seguiu o planejado ou ainda 
porque o fiscal da obra não identificou o erro e permitiu a construção. 
Sendo assim, vários podem ser os responsáveis, de forma conjunta ou 
isolada, pela fatalidade. 
Na Segurança do Trabalho não é diferente, a empresa pode usar 
outro dito popular que diz “todos somos responsáveis pela segurança”, 
sendo que todos são responsáveis também pelos acidentes. Vamos ver 
agora alguns dos responsáveis e suas responsabilidades (GERMANO, 2019). 
Quanto ao governo, podemos destacar o trabalho das Delegacias 
Regionais do Trabalho (DRT). Suas atividades de fiscalização feitas por 
profissionais especializados nas áreas de saúde e segurança, as quais 
estão respaldadas e amparadas em legislação específica (CLT), podendo 
aplicar sanções que vão desde o embargo ou a interdição até expedição 
de termos de notificação e multas com o respaldo legal que determina a 
Norma Regulamentadora NR3 (BRASIL, 2016). No entanto, devido ao Brasil 
ser considerado um país de extensão continental, o efetivo da DRT ainda 
é incipiente para cobrir de forma eficaz todas as empresas nos diversos 
municípios do Brasil. 
Ainda por parte do governo temos o Ministério da Saúde (MS), que 
por meio da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e nos estados 
com as Vigilâncias Sanitárias também possui papel preponderante na 
fiscalização da segurança sanitária, saúde e segurança dos trabalhadores 
dos estabelecimentos cujos produtos e serviços possam oferecer algum 
tipo de risco, tanto para os consumidores quanto para os profissionais 
responsáveis por esses produtos. 
A Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde do Trabalhador (Renast) 
é um sistema de informações sobre acidentes do trabalho organizada com o 
propósito de implementar ações assistenciais, de vigilância, prevenção e de 
promoção da saúde, na perspectiva da ST. 
46 Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho 
 
 
ACESSE: 
 
Saiba como montar um Renast nas empresas. Clique aqui. 
 
Em relação à responsabilidade que envolve os custos do acidente, 
compete à Previdência Social arcar com os custos referentes aos 
benefícios previdenciários decorrentes dos acidentes do trabalho. 
Os trabalhadores segurados que possuem carteira assinada 
recebem diretamente do empregador – inclusive doméstico – os valores 
referentes aos primeiros 15 dias. À Previdência Social cabe o pagamento 
a partir do 16º dia de afastamento. Após esse período, o ônus desses 
acidentes passa para os contribuintes, por meio da Previdência Social, 
que utiliza os recursos provenientes das contribuições dos trabalhadores 
e das empresas. 
Toda indenização ou todo benefício previdenciário decorrente 
de exposição a agentes agressivos e redução da capacidade laborativa 
somente é paga pela Previdência Social depois de comprovada a 
incapacidade reduzida em avaliação pericial. 
Os sindicatos apresentam importantes responsabilidades diante 
da possibilidade de ocorrência dos acidentes de trabalho, como exigir 
correção dos riscos nas empresas; fiscalizar a plena efetividade da 
implantação de normas e acordos que visem melhorias no campo da 
prevenção, estimulando ainda a criação de comissões de segurança e 
saúde nos locais de trabalho e em suas dependências; exigir e participar 
de programas oficiais e alternativos de fiscalização em segurança e 
medicina do trabalho; manter programas educacionais, disseminando a 
ideia de que, para os trabalhadores, melhor do que receber uma adicional 
de insalubridade de valor minúsculo é executar suas atividades em um 
ambiente seguro e saudável. 
Na esfera criminal, é o Ministério Público Estadual (MPE) responsável 
pelas ações em razão de ser ele detentor do monopólio da ação penal 
pública, o que ocorre na possibilidade de o empregador vir a ser 
responsabilizado criminalmente pela ocorrência de acidente do trabalho. 
Na empresa, a CIPA é uma comissão composta por representantes 
do empregador e dos empregados, e é um instrumento que os 
https://renastonline.ensp.fiocruz.br/recursos/manual-gestao-gerenciamento-rede-nacional-atencao-integral-saude-trabalhador
Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho 47 
 
trabalhadores dispõem para tratar da prevenção de acidentes do trabalho, 
das condições do ambiente do trabalho e de todos os aspectos que 
afetam sua saúde e segurança. 
A CIPA é regulamentada pela Consolidação das Leis do Trabalho 
(CLT) nos artigos 162 a 165 e pela Norma Regulamentadora 5 (NR-5), 
contida na Portaria nº 3.214 de 8 de junho de 1978, baixada pelo Ministério 
do Trabalho. As atribuições básicas de uma CIPA são: 
• Investigar e analisar os acidentes ocorridos na empresa. 
• Sugerir as medidas de prevenção de acidentes julgadas necessárias 
por iniciativa própria ou sugestão de outros empregados e 
encaminhá-las ao presidente e ao departamento de segurança da 
empresa. 
Essas medidas quando bem aplicadas evitam os acidentes e é a 
maneira mais eficaz de reduzir os custos para os responsáveis por eles. 
RESUMINDO: 
 
Viram como os acidentes de trabalho podem ser um 
grande transtorno para o governo, os empresários e os 
trabalhadores? Caso tenha ficado alguma dúvida vamos 
fazer uma breve revisão. Os trabalhadores acidentados 
ficam expostos à redução de sua renda familiar, limitações 
físicas, emocionais e sociais e algumas vezes desenvolvem 
a insegurança, que pode se tornar um fator de causa de 
acidentes. Para a empresa e para o governo, os custos 
podem ser percebidos nas tarifações tributárias, como 
o NEST, FAT e SAT, que acabam refletindo no valor final 
da produção. O governo, por sua vez, tem os ônus de 
custear os auxílios-acidentes sobrecarregando o sistema 
previdenciário. E a culpa é de quem? Bom, não podemos 
estabelecer um culpado, por isso cada um precisa fazer 
a sua parte para evitar que os custos com os acidentes 
de trabalho sobrecarreguem ainda mais o governo, a 
empresa, os trabalhadores e a sociedade, garantindo que 
os trabalhadores tenham seu direito à qualidade de vida

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