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UNIDADE IV TÓPICOS INTEGRADORES II - BIOMEDICINA 2 Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, do Grupo Ser Educacional. Edição, revisão e diagramação: Equipe de Desenvolvimento de Material Didático EaD _______________________________________________________________________ Gonçales, Juliana. Tópicos Integradores II – Biomedicina: Unidade 4 Recife: Grupo Ser Educacional, 2020. _______________________________________________________________________ Grupo Ser Educacional Rua Treze de Maio, 254 - Santo Amaro CEP: 50100-160, Recife - PE PABX: (81) 3413-4611 3 Sumário EXAmES LABorAToriAiS ComPLEmENTArES PArA DiAGNÓSTiCo DE ANEmiAS ...................................................................................................................... 5 Anemia ferropriva ............................................................................................................................... 5 DiABETES mELiTo ...................................................................................................... 6 Dosagem de glicemia em jejum ....................................................................................................... 6 DiSLiPiDEmiAS ............................................................................................................ 8 mArCADorES HEPáTiCoS ........................................................................................ 9 AVALiAÇÃo DAS ViAS BiLiArES .............................................................................. 10 PÂNCrEAS .................................................................................................................... 12 mArCADorES DE FuNÇÃo E LESÃo CArDÍACA ................................................. 13 TirEoiDE ....................................................................................................................... 14 PriNCiPAiS mArCADorES TumorAiS .................................................................. 15 mArCADorES DE FuNÇÃo rENAL ......................................................................... 17 4 TÓPiCoS iNTEGrADorES ii - BiomEDiCiNA uNiDADE 4 PArA iNÍCio DE CoNVErSA Olá estimado (a) estudante, como vai? Bem-vindo(a) ao quarto guia da disciplina de Tópicos Integradores II de Biomedicina. Neste guia iremos abordar sobre os aspectos bioquímicos e os principais marcadores utilizados para o diagnóstico laboratorial. Para maximizar o conhecimento e consultar alguns conceitos já adquiridos em disciplinas anteriores, recomendo consultar o livro-texto da disciplina Bioquímica e Bioquímica Clínica. Vamos começar! oriENTAÇõES DA DiSCiPLiNA Este guia de estudo irá abordar aspectos não estudados anteriormente, por esse motivo é importante que você acesse os materiais adicionais, bem como, consulte a bibliografia indicada. Não se esqueça que no ensino a distância, você é gestor(a) do seu progresso acadêmico e fundamental para que você consiga adquirir o conhecimento necessário para se tornar um excelente profissional. Sendo assim, organize seu tempo de estudo de acordo com sua disponibilidade e dificuldade. 5 PALAVrAS Do ProFESSor EXAmES LABorAToriAiS ComPLEmENTArES PArA DiAGNÓSTiCo DE ANEmiAS Caro(a) aluno(a), os índices do hemograma são os primeiros indicadores de um possível desenvolvimento de anemia carencial. Hemácias microcíticas (VCM diminuído) e hipocrômicas (HCM e CHCM reduzidos) são sugestivas de distúrbios relacionados à deficiência de ferro, bem como, as hemácias macrocíticas (VCM aumentado) e as normocrômicas podem indicar deficiência de vitamina B12 e/ou B9. Alguns resultados semelhantes aos de anemias podem ser encontrados em quadros como: gravidez, hidratação em excesso, retenção de líquido, entre outros. Por isso, frente a resultados alterados do hemograma, é necessário realizar outros exames bioquímicos complementares para garantir o diagnóstico das anemias. Anemia ferropriva ü Ferritina A ferritina é uma glicoproteína que desempenha a função de estocar ferro no interior das células. É essencialmente encontrada no fígado, mas pode estar presente em menores quantidades, em todas as células do organismo. Como grande parte da concentração de ferritina está estocada em tecidos, apenas uma pequena porção está presente no soro. A quantificação da ferritina sérica, mesmo que encontrada em pequenas quantidades, é um reflexo direto da concentração de ferro total estocado; por isso, a concentração de ferritina se encontra reduzida em anemias por deficiência de ferro. ü Transferrina É uma glicoproteína produzida no fígado que possui a função de transportar o ferro presente no sistema gastrointestinal (resultado da ingestão de alimentos), bem como, o ferro obtido a partir do processo de degradação de hemoglobina, e conduzi-los para a medula óssea (onde serão utilizados pelas células precursoras da linhagem eritroide, na produção de novas hemoglobinas) ou para sítios de estocagem tecidual (ferritina). Os níveis de transferrina se encontram-se elevadas em anemias por deficiência de ferro, porém, com baixo percentual de saturação (a maioria do ferro encontrado no organismo está ligado à transferrina). ü Ferro sérico A dosagem de ferro sérico é um reflexo da quantidade de átomos de ferro que estão associados à transferrina. É um parâmetro utilizado para avaliar a presença de hemocromatose, caracterizada pela formação de depósitos de ferro que prejudicam a funcionalidade dos órgãos em que se acumulam. Também é importante para determinar o valor de saturação da transferrina. 6 ü Capacidade total de ligação ao ferro (TIBC) É uma medida que sugere a quantidade de transferrina circulante. As concentrações normais de ferro circulante são suficientes para saturar parcialmente a capacidade total das transferrinas, por isso, quando existe um quadro de excesso de ferro, mais sítios de ligação são ocupados, e o TIBC diminui. Em quadros de deficiência de ferro ocorre o aumento da produção de transferrina, mas em decorrência da diminuição da concentração de ferro, os níveis de saturação são baixos, e o TIBC aumenta. O valor de saturação de transferrina é determinado pela divisão dos resultados do ferro sérico e do TIBIC. DiABETES mELiTo Sabemos que o diabetes melito, prezado(a) aluno(a), é um grupo de doenças metabólicas, caracterizadas pela elevação dos níveis de glicose sanguínea, relacionadas à deficiência de secreção ou funcionalidade de insulina. Apesar da existência de diferentes metodologias diagnósticas, todas se baseiam essencialmente na avaliação das concentrações de glicose plasmática. As principais ferramentas diagnósticas são: dosagem de glicemia em jejum, o teste oral de tolerância a glicose (TOTG), frutosamina, hemoglobina glicada e dosagem de insulina. Lembrando ainda que a glicosúria é um reflexo de altas concentrações de glicose na corrente sanguínea. Dosagem de glicemia em jejum Baseia-se na dosagem de glicose plasmática de um paciente que permaneceu em jejum por, no mínimo, oito horas. Os resultados são expressos em miligramas por decilitro (mg/dL) e os valores normais são aqueles abaixo de 100mg/dL. Quadros de pré-diabetes ou risco aumentado de diabetes apresentam resultados entre 100 e 126mg/dL, e as diabetes estabelecidas exibem resultados acima de 126mg/dL. ü Teste oral de tolerância a glicose (TOTG) É um teste de sobrecarga glicêmica oral que se baseia em coletar o sangue de um paciente em jejum (oito horas), que deverá imediatamente ingerir uma solução de glicose (75g de glicose diluídas em 300mL de água para adultos), para posteriormente realizar outra coleta de sangue após duas horas. É recomendado manter uma dieta sem restrições a carboidratos por, pelo menos, trêsdias antes da realização do teste. Os resultados são expressos em miligramas por decilitros (mg/dL) e os valores normais da amostra coletada após duas horas, devem ser abaixo de 140mg/dL. Quadros de pré-diabetes ou risco aumentado de diabetes entre 140 e 200mg/dL, bem como, as diabetes estabelecidas mostram resultados superiores a 200mg/dL. ü Hemoglobina glicada (HbA1c) É o parâmetro escolhido para acompanhar um controle de glicemia a longo prazo (2 a 3 meses). Hemoglobina glicada é um termo utilizado para definir o produto formado pela interação da hemoglobina A (HbA) com alguns açúcares, no qual, para a diabetes o mais importante é a fração HbA1c, por ser composta por um resíduo de glicose. 7 A membrana da hemácia é permeável a moléculas de glicose, independente da ação de insulina. Altas concentrações de glicose na corrente sanguínea favorecem o acúmulo de glicose intracelular nas hemácias, o que leva a formação de HbA1c, que passa a apresentar um tempo de meia-vida correspondente ao das células (120 dias). Vamos entender como algumas condições podem interferir nos resultados de HbA1c! Bem, as anemias hemolíticas ou processos hemorrágicos podem favorecer o aparecimento de resultados falsamente diminuídos, por reduzir o tempo de vida das hemácias. Os pacientes portadores de hemoglobinopatias geralmente apresentam resultados falsamente diminuídos, o que torna a frutosamina uma alternativa diagnóstica para essas condições. Os resultados de HbA1c são expressos em porcentagem (%), sendo os resultados normais abaixo de 5,7%, pré-diabetes ou risco aumentado de diabetes entre 5,7 e 6,5%, e diabetes estabelecida acima de 6,5%. Vale ressaltar que a formação de HbA1c não é mediada por um sistema enzimático, o que torna a nomenclatura “glicosilada”, inadequada. O processo de interação entre HbA e glicose, que resulta na HbA1c, é denominado “glicação”. ü Frutosamina É uma proteína glicada, formada basicamente por albumina, utilizada como medida alternativa para avaliar o controle glicêmico de pacientes portadores de hemoglobinopatias. Possui um potencial analítico menor do que a da hemoglobina glicada, por apresentar um tempo de meia-vida inferior, correspondente ao da albumina (14 a 20 dias). ü Dosagem de insulina Insulina é um hormônio produzido pelas células β das ilhotas de Langerhans, no pâncreas. Exerce a função de regular os níveis de glicose no sangue, permitindo a sua internalização nas células, em que, serão utilizadas para a produção de energia metabólica. A dosagem de insulina se propõe a avaliar quadros de resistência à insulina, que consiste no aumento dos valores de insulina na corrente sanguínea, mas com pouca funcionalidade. Lembrando que a reposição de insulina, utilizada como tratamento para pacientes insulinodependentes, é responsável por muitos quadros de hipoglicemia. 8 DiSLiPiDEmiAS Por apresentar pouca solubilidade em água, moléculas de lipídeos são encontradas na corrente sanguínea como parte da estrutura de macromoléculas solúveis, denominadas lipoproteínas. As lipoproteínas são formadas basicamente por lipídeos: colesterol livre, o éster de colesterol (colesterol ligado a ácidos graxos), triglicerídeos, fosfolipídios e por apolipoproteínas, que constituem a porção proteica da macromolécula. As lipoproteínas podem ser compostas por diferentes variações de concentração entre lipídeos e proteínas, o que permite sua diferenciação a partir do tamanho da molécula, mobilidade eletroforética, mas principalmente, pela diferença de densidade (quanto mais proteína na composição, maior a densidade). As principais classes de lipoproteínas são: o HDL (high density lipoprotein), LDL (low density lipoprotein), VLDL (very low density lipoprotein) e quilomícron, não esquecendo que cada uma das classes é composta por um conjunto de proteínas que desempenham diferentes funções no metabolismo lipídico. De modo geral, as lipoproteínas de baixa densidade desempenham o papel de transportar o colesterol e os triglicerídeos para os tecidos, enquanto as de alta densidade assumem a função de transporte reverso para o fígado, em que são excretados ou reaproveitados. Dislipidemias são caracterizadas como distúrbios no metabolismo de lipídios que causam alterações nos níveis séricos das lipoproteínas. Podem ser avaliadas a partir do perfil lipídico do paciente, composto pela dosagem de colesterol total, HDL ligado ao colesterol, LDL ligado ao colesterol, VLDL ligado ao colesterol e triglicerídeos. As dislipidemias apresentam relação direta com a aterosclerose, descrita como uma doença que afeta as artérias, a partir da formação de lesões gordurosas (ateromas) que causam a obstrução do fluxo sanguíneo. ü HDL (high density lipoprotein) É formada essencialmente por proteínas, colesterol, fosfolipídios e resquícios de triglicerídeos. É a lipoproteína responsável pelo transporte reverso do colesterol presente nos tecidos para o fígado, e, por isso, sua atividade é considerada como preventiva para o desenvolvimento de aterosclerose. Resultados baixos de HDL estão associados ao estilo de vida sedentário, diabetes, portadores de doenças renais, entre outros. ü LDL (low density lipoprotein) É formada basicamente por altas concentrações de colesterol, seguida de proteínas, fosfolipídios e resquícios de triglicerídeos. É a lipoproteína mais abundante da corrente sanguínea, e desempenha a função de transportar o colesterol para os tecidos. O aumento de sua concentração plasmática está diretamente associado à formação de aterosclerose. 9 ü VLDL (very low density lipoprotein) É formada essencialmente por triglicerídeos, seguido de colesterol e poucas quantidades de proteínas. São responsáveis pela distribuição de triglicerídeos pelos tecidos, mas, as partículas de VLDL podem ser convertidas em LDL, tornando sua dosagem, um parâmetro utilizado para calcular os valores de LDL. Além do mais, o colesterol total é obtido a partir da soma das frações de colesterol (HDL, LDL e VLDL). ü Triglicerídeos São os principais lipídios do corpo, utilizados como fonte reserva de energia. São transportados por moléculas de quilomícrons e VLDL, e sua dosagem pode ser feita com o objetivo de avaliar o metabolismo lipídico, calcular o VLDL, avaliar quadros de hipertrigliceridemia (normalmente associados a dietas inadequadas), entre outros. mArCADorES HEPáTiCoS ü Avaliação de lesão hepatocelular Os níveis de lesão hepática são mensurados a partir da dosagem de enzimas intracelulares que estão distribuídas em locais específicos da célula, garantindo a possibilidade de diferenciação dos tipos de lesão, a partir do comportamento dos níveis séricos dessas enzimas. As principais enzimas citoplasmáticas utilizadas como marcadores são: a desidrogenase láctica (LDH), as transaminases (aminotransferases), a transaminase glutâmico oxalacética (TGO) e a transaminase glutâmico pirúvica (TGP). ü Transaminase glutâmico pirúvica (TGP) Também conhecida como alanina aminotransferase (ALT), é uma enzima que, apesar de estar presente nos rins e no coração, é encontrada em altas concentrações apenas no citoplasma dos hepatócitos. Por isso, o aumento de TGP é um indicador sensível de lesão hepatocelular e rastreamento de hepatites, principalmente hepatites não alcoólicas. ü Transaminase glutâmico oxalacética (TGO) Também chamada de aspartato aminotransferase (AST). As altas concentrações de TGO nos hepatócitos estão localizadas especificamente nas mitocôndrias, mas diferente da TGP, a TGO não é utilizada exclusivamente como indicador de lesão hepática, já que existem concentrações significativas dessa enzima nos músculos esqueléticos, cardíacos, no pâncreas e rins. Por isso, a interpretação dos resultados de TGO deve ser feita a partir de uma análise simultânea dos resultados de TGP. 10 O aumento de TGO junto à TGP indicam que o dano ao hepatócito foi relevante o suficiente para causar lesão mitocondrial. Existe uma correlação diretaentre o aumento de TGO e quadros de hepatite aguda alcoólica, pois o álcool induz dano mitocondrial (aumento de TGO também pode ser visualizado em hepatites agudas virais). ü Desidrogenase láctica É uma enzima encontrada no tecido cardíaco e esquelético, fígado, pulmões, entre outras. Apresenta menos especificidade do que o TGO e TGP, sendo solicitado junto a outros marcadores mais específicos, como teste complementar. AVALiAÇÃo DAS ViAS BiLiArES ü Ciclo fisiológico da bilirrubina O processo de formação da bilirrubina se inicia com a destruição fisiológica das hemácias, que ocorre principalmente no baço, resultando na liberação de hemoglobina. Após a captação da hemoglobina pelas células que compõem o sistema reticulo endotelial, as mesmas, são convertidas em biliverdina pela ação da hemeoxigenase, para posterior conversão em bilirrubina indireta (ou não conjugada), pela ação da biliverdina redutase. A bilirrubina indireta se liga à albumina sérica e é transportada até o fígado, para a etapa de conjugação a moléculas de ácido glicurônico, realizadas nos hepatócitos, formando a bilirrubina direta (ou conjugada). A forma conjugada é conduzida ao duodeno, sofrendo ação de enzimas, que as converte em urobilinogênio. As moléculas de urobilinogênio são eliminadas principalmente nas fezes, mas, uma pequena porção é reabsorvida pela mucosa intestinal e excretada pelo sistema urinário. As dosagens das frações de bilirrubina são utilizadas para avaliar quadros de icterícia (determinam o nível e a origem do quadro) e síndromes que causam hiperbilirrubinemia. ü Causas do aumento dos níveis de bilirrubina indireta (causas pré-hepáticas) Anemias hemolíticas proporcionam uma elevação anormal dos níveis de hemoglobina (derivadas das hemácias que sofrem lise), o que leva a uma produção exacerbada de bilirrubina. Quando a proporção da formação de bilirrubina supera a capacidade de conjugação dos hepatócitos, ocorre o aumento das concentrações de bilirrubina indireta. Algumas síndromes genéticas (Gilbert e Crigler-Najjar) causam a deficiência da enzima glicuronil transferase e essa condição leva ao aumento das concentrações de bilirrubina indireta, em decorrência da falha de conjugação ao ácido glicurônico. 11 ??? ü Causas do aumento dos níveis de bilirrubina direta (causas pós-hepáticas) A formação de cálculos na vesícula biliar (colelitíase) ou diretamente nos ductos biliares (coledocolitíase são as principais causas do aumento de concentrações de bilirrubina direta, por acarretar a obstrução parcial ou completa do fluxo biliar. A obstrução também pode estar relacionada a tumores nos ductos, a tumores ou inflamações pancreáticas, que atuam comprimindo os ductos. Em quadros de lesão hepatocelular (seja por causa infecciosa, química, traumática ou necrótica), a conjugação e excreção das bilirrubinas são comprometidas, levando ao aumento das concentrações de bilirrubina direta. Salientamos que em ambas as causas pode ocorrer o aumento simultâneo das frações direta e indireta, mas com predominância da direta. VoCê SABiA? Querido(a) estudante, você sabia que alguns recém-nascidos apresentam baixo desempenho da atividade de glicuronil transferase? Sim, é verdade! O que leva a um quadro de icterícia, causado pelo aumento das concentrações de bilirrubina indireta. A bilirrubina indireta é capaz de atravessar a barreira hematoencefálica e causar danos no sistema nervoso; como a bilirrubina é fotossensível, os recém-nascidos ictéricos são submetidos a fototerapia, que consiste na emissão de luz com uma frequência específica capaz de degradar a bilirrubina (veja a figura 1). Figura 1- Fototerapia para o tratamento de icterícia em recém nascidos Fonte: https://hepcentro.com/ictericia/ http:// 12 ü Gama glutamiltransferase (GGT) É uma enzima que está presente no pâncreas, rins, próstata, entre outros órgãos, mas tem sua dosagem utilizada para avaliar função hepática e as condições das vias biliares. A GGT pode estar elevada principalmente em três casos: consumo elevado de álcool, na obstrução das vias biliares e em quadros de esteatose hepática. PÂNCrEAS A análise de função pancreática é feita a partir da dosagem de duas enzimas produzidas pelo órgão, a amilase e a lipase. Vamos conhecê-las! ü Amilase São enzimas que podem ser encontradas tanto no soro como na urina dos pacientes, que desempenham a função de hidrolisar as moléculas de amido. A amilase encontrada no soro/urina pode ser de origem pancreática ou salivar, por isso, o seu aumento sérico, também pode estar relacionado com lesões das glândulas salivares. As causas de elevação da concentração de amilase, podem estar ligadas a processos patológicos envolvendo os locais onde são produzidas (pâncreas e glândulas salivares), ou pela diminuição da capacidade dos rins em realizar sua excreção (insuficiência renal). A elevação da amilase é sugestiva de pancreatite aguda, mas deve sempre ser analisada junto aos níveis de lipase. Apesar dos níveis de amilase aumentarem antes que os da lipase, raros casos de pancreatite agudam podem cursar com os níveis de amilase normal ou pouco alterada. Esse comportamento também se repete em pancreatites crônicas e no desenvolvimento de carcinoma pancreático, a amilase, geralmente, só se eleva em estágios avançados. ü Lipase Diferente das amilases que possuem duas origens de produção diferentes, as lipases apresentam o pâncreas como principal órgão produtor. Sua função é hidrolisar gorduras emulsionadas pela ação da bile. A dosagem de lipase é mais específica para patologias pancreáticas, permanecendo elevadas por mais tempo na corrente sanguínea. O aumento de suas concentrações está associado à pancreatite aguda, traumas, carcinomas pancreáticos, obstrução de ductos pancreáticos, entre outros. 13 mArCADorES DE FuNÇÃo E LESÃo CArDÍACA ü Creatinoquinase (CK) São enzimas encontradas em diversos tecidos, como os músculos esqueléticos, coração, cérebro, entre outros. As CK apresentam uma conformação dimérica, formada por diferentes combinações entre duas subunidades chamadas M (referente a palavra em inglês “muscle”, que significa músculo) e B (referente a palavra em inglês “brain”, que significa cérebro). As diferentes possibilidades combinatórias, geram três isoenzimas diferentes, a CK-MM (encontrada nos músculos esqueléticos e no coração), CK-BB (encontrado em maiores concentrações no cérebro) e CK-MB (encontrado em maiores concentrações no coração). A dosagem de CK total é pouco específica para avaliar lesões miocárdicas, em decorrência da sua ampla distribuição em diferentes tecidos, por isso, a dosagem da isoenzima CK-MB é mais indicada, e se encontra aumentada em infartos do miocárdio. Os testes que envolvem a CK-MB são divididos a partir da análise de sua atividade enzimática ou de suas concentrações totais (CK-MB massa). A CK-MB massa, é mais sensível do que os testes de atividade, por indicar a concentração total de enzimas, incluindo as ativas e inativas. ü Troponina (Tn) É um complexo proteico que participa do processo de contração de músculos esqueléticos e cardíacos. Esse complexo é formado por três proteína, a TnT (que interage com moléculas de tropomiosina), TnC (que interage com cálcio) e TnI (possui atividade inibidora), onde as frações TnT e TnI possuem uma forma específica encontradas apenas no coração, e por isso são utilizadas como marcadores de infarto do miocárdio (a TnC cardíaca é idêntica à TnC presentes nas fibras dos músculos esqueléticos). Por estar ligada as fibras musculares, os níveis de troponina são liberados de maneira lenta e gradual, após uma lesão miocárdica. Em decorrência disso, os níveis de troponina permanecem elevados por um longo período de tempo, o que exige uma interpretação conjunta com outros marcadores, para que sua elevação prolongada não seja confundida com outro episódio de infarto. ü Mioglobina É uma proteína encontrada em músculos esqueléticose cardíacos, desempenhando a função de transporte de oxigênio. Por apresentar baixo peso molecular, são as primeiras proteínas liberadas após uma lesão cardíaca, favorecendo que o seu aumento sérico aconteça em poucas horas. As mioglobinas presentes em ambos os músculos, são iguais, o que torna sua especificidade baixa. Apesar disso, seu rápido aumento de concentrações pode ser uma vantagem, permitindo que a dosagem de mioglobina seja utilizada para descartar a possibilidade de infarto, em um paciente que se queixa de desconforto no peito. 14 TirEoiDE A avaliação de função tireoidiana é feita basicamente a partir da dosagem dos hormônios tiroxina (T4), triiodotironina (T3) e do hormônio tireoestimulante (TSH). O ciclo de produção hormonal se inicia com a secreção do hormônio liberador de tireotrofina (TRH), que atua sobre a hipófise, através da estimulação de secreção do hormônio TSH. Esse hormônio estimula a tireoide a formar T3 e T4 (a partir de interações entre tireoglobulinas e moléculas de iodo, provenientes da dieta), que em quantidades suficientes, exercem feedback negativo na hipófise, interrompendo a excreção de TSH. Na corrente sanguínea, as concentrações dos hormônios tireoidianos estão quase que completamente associadas às proteínas plasmáticas, e apenas uma pequena parte circulam na forma livre. Considerando que as formas livres são as biologicamente ativas, a análise laboratorial consiste em dosar as frações totais e livres desses hormônios, garantindo maior percepção sobre o desempenho das funções tireoidianas. Nos casos de hipotireoidismo existem poucos hormônios tireoidianos sendo produzidos (T3 e T4), o que leva a hipófise a produzir mais TSH, na tentativa de corrigir a situação; enquanto os quadros de hipertireoidismo apresentam concentrações exacerbadas de hormônios tireoidianos, que levam a menor produção de TSH, por parte da hipófise. Sabe-se que apesar da possibilidade de dosagem dos níveis de concentração das frações de T3 e T4, durante a rotina de avaliação de tireoide, geralmente são solicitados, a dosagem de TSH e T4 livre. Em casos de hipotireoidismo, os níveis de TSH estão altos e os de T4 livre baixos (caso dosado, o T3 também está diminuído), enquanto, no hipertireoidismo o TSH se encontra diminuído, e o T4 aumentado. Os níveis de concentração de T4 na corrente sanguínea, são consideravelmente superiores aos de T3. ü Doenças autoimunes da tireoide As doenças autoimunes correspondem a maioria dos casos relacionados ao desenvolvimento de hipotireoidismo e hipertireoidismo. A tireoidite de Hashimoto é a representante dos quadros de hipotireoidismo autoimune, enquanto a doença de Graves representa as causas de hipertireoidismo autoimune; ambas são diagnosticadas a partir da dosagem de autoanticorpos específicos. 15 Vamos conhecê-las, caro(a) aluno(a): a) Tireoidite de Hashimoto Quando o exame de TSH e T4 indicam a existência de hipotireoidismo, deve-se solicitar a dosagem dos anticorpos anti-tireoglobulina (anti-Tg) e anti-tireoperoxidades (anti-TPO), para investigar uma possível causa autoimune, o que caracteriza a tireoidite de Hashimoto. § Anti-Tg: as tireoglobulinas são proteínas produzidas na tireoide, que atuam como precursoras dos hormônios tireoidianos T3 e T4. A presença de anticorpos que neutralizam essas proteínas, impedem a conclusão do processo de formação dos hormônios, resultando na baixa de seus valores. § Anti-TPO: a peroxidase tireoidiana é uma enzima responsável pela oxidação das moléculas de iodo, e sua incorporação nas tireoglobulinas, promovendo a catálise da formação dos hormônios tireoi- dianos. Anticorpos que interferem no desempenho da peroxidase, reduzem os níveis de produção dos hormônios. b) Doença de Graves Quando os resultados de TSH e T4 livre sugerem um quadro de hipertireoidismo, é solicitado a dosagem de autoanticorpos específicos, para investigar a possibilidade de doença autoimune. A doença de Graves é caracterizada pela hiperatividade da glândula tireoide, como consequência da presença de autoanticorpos chamados de anticorpos do receptor de TSH (TRAb). O mecanismo de ação desses anticorpos, é a sua ligação aos receptores de TSH da tireoide, seguida de uma estimulação que resulta na produção excessiva dos hormônios tireoidianos. PriNCiPAiS mArCADorES TumorAiS Marcadores tumorais são moléculas que tem o seu aparecimento ou aumento de concentrações, atribuídas ao surgimento de um processo neoplásico. Algumas enzimas e hormônios podem ser utilizados como marcadores tumorais, tanto na detecção, quanto para o monitoramento da evolução dos tumores. ü Alfa fetoproteína (AFP) É uma proteína produzida no fígado, no intestino, no saco vitelino do feto, após o nascimento, e tem os seus níveis drasticamente reduzidos no primeiro ano de vida. A dosagem desse marcador é normalmente associada ao carcinoma hepático e a tumores de células germinativas (carcinoma testicular), mas pode estar presente em tumores gastrointestinais, cirroses, hepatites e em tumores primários de outros órgãos, que causaram metástase para o fígado. 16 ??? ü CA 125 É uma glicoproteína que pode estar elevada em diversas situações patológicas, mas tem a sua maior aplicabilidade clínica voltada para o acompanhamento da resposta a tratamentos utilizados no câncer ovariano, permitindo a partir de sua análise, avaliar possíveis quadros de melhora ou recaída. Pode ser utilizada como parte do rastreamento de tumores ovarianos ainda não diagnosticados. ü CA 15.3 É o marcador mais sensível e específico para o acompanhamento do câncer de mama. O aumento de suas concentrações está associado ao avanço gradual da doença, enquanto a diminuição significa a regressão do tumor. Uma das principais aplicações da dosagem de CA 15.3 é a indicação precoce do surgimento de um quadro recidivo, em que seus níveis se elevam antes do aparecimento dos sintomas. ü Antígeno prostático específico (PSA) É uma substância produzida pelas células prostáticas, e possui a função de promover a liquefação de coágulos seminais. Possui alta eficiência quando utilizado como marcador de tumor prostático, mas a sua dosagem deve ser complementada pelo exame do toque retal. Sua dosagem também permite avaliar o grau de estadiamento do tumor, cujas elevações discretas sugerem um tumor limitado a próstata, e altas elevações podem significar atividade metastática. ü Antígeno carcinoembrionário (CEA) É uma glicoproteína produzida pelas células da mucosa gastrointestinal. Seus níveis elevados podem ser encontrados em algumas neoplasias e em distúrbios como: cirrose, hepatopatias, tabagismo, entre outros. Mas, a sua dosagem está intimamente relacionada à investigação de câncer colorretal ou de pulmão, bem como a avaliação de processos recidivos. Uma observação a ser feita é que como o tabagismo eleva os níveis de CEA, existe um valor de referência específico para indivíduos fumantes, a fim de diferenciar uma elevação habitual, de um processo maligno. VoCê SABiA? A fração beta do hormônio gonadotrofina coriônica humana é rotineiramente utilizada como um teste de gravidez. A sua dosagem pode ser feita em pacientes do sexo masculino, no intuito de avaliar um possível quadro de tumor testicular. 17 GuArDE ESSA iDEiA! A proteína C reativa (PCR) é uma glicoproteína produzida no fígado, se mostrando um marcador sensível de processos inflamatórios ou infecciosos que possam estar acometendo o organismo. Por ser um exame inespecífico, é geralmente solicitado junto a outros exames, e pode encontrar-se elevado em processos infecciosos bacterianos e virais, lesões cardiovasculares, pancreatite, febre reumática, entre outros. Continuando... mArCADorES DE FuNÇÃo rENAL A determinação da taxa de filtração glomerular (TFG) é considerada o melhor indicador de desempenho funcional dos rins. Ela se baseia na análise da depuração (relação entre a proporção que uma substância é excretada na urina e a sua concentração plasmática)de moléculas que tem toda a sua concentração filtrada pelos glomérulos, sem passar por processos de reabsorção e secreção. Na rotina laboratorial, a estimação da TFG é feita a partir da dosagem de creatinina, ureia e cistatina C. ü Creatinina É uma substância derivada do metabolismo muscular ou da ingestão de carne, e é o marcador mais utilizado para TFG na rotina laboratorial. Alguns fatores tornam a creatinina o principal marcador de escolha para avaliar a TFG, entre eles está a constância de sua produção, o fato de não se ligar a proteínas plasmáticas, o que garante a facilidade na filtração glomerular, não sofrer reabsorção tubular e ter pequenas porções secretadas. O clearence de creatinina (depuração) se baseia na comparação entre a quantidade de creatinina que está sendo produzida (obtida pela sua dosagem sanguínea) e a quantidade que está sendo excretada (obtida pela sua dosagem na urina). Normalmente, as concentrações de creatinina na urina são ligeiramente menores do que as concentrações sanguíneas. Mas, quando existem condições que comprometem a capacidade de filtração glomerular, a depuração da creatinina é prejudicada e a diferença entre as concentrações aumentam, de forma que, ocorre a elevação da concentração sanguínea e diminuição dos níveis urinários. Prezado(a) estudante, o valor é expresso pela fórmula matemática Cockcroft-Gault é: Depuração de creatinina = (140 – idade) x Massa (em quilogramas) / 72 x creatinina plasmática (em mg/ dL), e caso for um paciente do sexo feminino, acrescentasse: x 0,85. Existem algumas desvantagens quanto ao uso da creatinina, como a variação da taxa de produção entre indivíduos (por conta da diferença de massa muscular) e a quantidade de carne ingerida. 18 ü Ureia Apesar de ser utilizada como marcador de função renal, a ureia não é o melhor parâmetro para a avaliação de TFG. Alguns dos fatores que tornam a ureia pouco utilizada para estimar TFG são: concentrações que variam dependendo dos níveis de proteínas ingeridos nas dietas e processos de reabsorção tubular. As dosagens de ureia são úteis para a determinação da relação ureia/creatinina, que servem para avaliar quedas repentinas da TFG. A reabsorção de ureia é mediada pela reabsorção de água, de forma que condições que estimulem a reabsorção de sódio (seguida de água), aumentam as concentrações de ureia no sangue (aumentando a relação ureia/creatinina). ü Cistatina C É uma proteína que diferente da creatinina e ureia, suas concentrações não são interferidas por dieta, sexo ou massa muscular. Graças ao seu tamanho reduzido, é livremente filtrada pelo sistema glomerular, e totalmente reabsorvida nos túbulos proximais. Por ser totalmente reabsorvida, o seu aparecimento na urina, indica falha na capacidade de filtração glomerular. A cistatina C é possivelmente mais sensível do que a creatinina para avaliação da TFG. ACESSE SuA BiBLioTECA VirTuAL Acesse a biblioteca virtual e adicione para leitura Bioquímica Experimental. Esse livro poderá ser utilizado como leitura complementar para expandir seus conhecimentos. Vale a pena! Boa leitura! rEFErêNCiAS BiBLioGráFiCAS MCPHERSON, R.A; PINCUS, M.R. Diagnósticos clínicos e tratamento por métodos laboratoriais de Henry. 21. Ed. São Paulo: Manole, 2012. GUYTON, A.C; HALL, J.E. Tratado de fisiologia médica. 12. Ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011. 19 ACESSE o AmBiENTE VirTuAL Acesse seu ambiente virtual e consulte os livros da disciplina de bioquímica clínica, como também, não se esqueça de realizar os questionários e as atividades. Qualquer dúvida, procure o(a) tutor(a) em dúvidas de conteúdo. PALAVrAS FiNAiS Finalizamos aqui nosso Guia 4 de estudos. O conteúdo abordado reafirmou fundamentos já conhecidos, como também adicionou outros conhecimentos necessários ao longo do curso para que se torne um excelente profissional. Aproveite que terminou seu estudo e responda o questionário referente a esse guia, isso lhe permitirá identificar suas principais dúvidas. Não se esqueça que o(a) tutor(a) estará disponível para tirar suas dúvidas e fique de olho na data da webconferência desta disciplina, assim poderá esclarecer suas dúvidas com o(a) professor(a). Espero que nossa jornada o tenha auxiliado na sua busca por conhecimento. Até breve! _Hlk45232840 EXAMES LABORATORIAIS COMPLEMENTARES PARA DIAGNÓSTICO DE ANEMIAS Anemia ferropriva DIABETES MELITO Dosagem de glicemia em jejum DISLIPIDEMIAS MARCADORES HEPÁTICOS AVALIAÇÃO DAS VIAS BILIARES PÂNCREAS MARCADORES DE FUNÇÃO E LESÃO CARDÍACA TIREOIDE PRINCIPAIS MARCADORES TUMORAIS MARCADORES DE FUNÇÃO RENAL
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