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· Quais as causas, características e consequências do colonialismo implantado pelas potências europeias na África. O continente africano passou por um longo processo de colonização europeia que teve início a partir dos séculos XV e XVI. Com o período das grandes navegações, os portugueses que tinham o objetivo de chegar à Índia, começaram a dominar o litoral africano. O início do período colonial é marcado pelo mercantilismo, onde houve uma busca por novos mercados e intensa troca comercial entre os países. Para justificar a colonização, os europeus utilizaram alguns argumentos como a questão religiosa – a questão da guerra justa de Santo Agostinho e a crença da servidão dos descendentes de Cam – os europeus também utilizaram como justificativa o darwinismo social que afirmava a superioridade do homem branco por meio da análise dos crânios. Dessa forma, o continente africano começa a ser utilizado para que os europeus atinjam seus próprios objetivos (HERNANDEZ, p. 80). A característica mais marcante desse colonialismo europeu foi o tráfico de escravos para vários continentes. Durante mais de 4 séculos os europeus utilizaram a força de trabalho desses cativos para a obtenção de lucro para si mesmos - em suas colônias no período colonialista e dentro próprio continente africano no período neocolonialista. A forma de obtenção dessa mão de obra se dava por meio de trocas feitas comercialmente com os povos africanos. Os escravos dentro do território africano eram adquiridos pelas “guerras da pilhagem, pelo banditismo e pelo rapto” (RODNEY, p. 134), sendo assim, não era uma atividade comercial. Dessa forma, houve uma grande perda da mão de obra africana, principalmente a de mão-de-obra jovem. Houve uma cratera tão grande na população africana que até hoje não se sabe exatamente o tamanho da lacuna deixada pelos colonizadores. Essa perda populacional acarretou uma séria deficiência na mão-de-obra do continente, o atraso tecnológico e econômico podem ser citados como consequências disso. Houve casos de povos que voltaram ao nomadismo para poderem preservar sua sobrevivência. Com uma pequena quantidade de pessoas, “esses povos viam-se obrigados a abandonar a sua batalha de domesticar a arrear a natureza” (RODNEY, p. 138). Além disso, é importante destacar o interesse europeu em matérias primas para abastecer suas indústrias, nos países já industrializados, materiais como ouro, ferro, chumbo diamantes e outros eram seus focos, o extrativismo mineral logo se tornou muito rentável para esses países. Outra atividade desenvolvida nas colônias foi a implantação de novas culturas agrárias, os colonizadores implementam nesse novo território o sistema de plantation com destaque para a produção da cana-de-açúcar, café, chá e cacau. O colonialismo trouxe diversas e profundas consequências políticas, econômicas e sociais para o continente africano que perduram até os dias atuais. Com a conferência de Berlim que ocorreu nos anos de 1884 e 85, e a partilha da África, ocorreu a miscigenação étnica que teve como consequência as guerras civis entre as tribos africanas, visto que a divisão feita por eles foi totalmente pensada para seus próprios benefícios desconsiderando completamente a partição territorial feita pelas próprias sociedades africanas. Além disso, pode-se citar também o atraso no desenvolvimento africano, em consequência da diminuição massiva de mão-de-obra, que foi levada para ser escrava nas colônias europeias. Era nítido o objetivo Europeu de garantir a maior quantidade possível de recursos Africanos para otimizar a revolução Industrial. Em consequência disso, os Europeus não se importaram com a estabilização e sustentabilidade dos países, buscando somente seus interesses, dessa forma, tem-se uma África deixada mergulhada em pobreza e conflitos internos. O período de descolonização africana se inicia no final do século XIX e início do século XX. Após as duas guerras mundiais, há o “declínio dos velhos impérios coloniais”, a "transnacionalização do capital norte-americano” e o “amadurecimento dos movimentos de libertação nacional” (VISENTINI, p. 100). O declínio do imperialismo nas colônias afro-asiáticas deu-se a partir do final da Segunda Guerra Mundial com o crescente protagonismo dos Estados Unidos da América no cenário econômico. Dentro dessa ruptura é possível perceber que a descolonização se deu em três períodos, são eles: o primeiro período ocorreu em 1950, na Ásia Oriental e Meridional, o qual envolveu revoluções e enfrentamentos armados. O segundo se dá no ano de 1961, após a reunião preparatória no Cairo, que envolve os países neutralistas, dentro dessa reunião o objetivo era buscar uma terceira via sobre a questão política dos países que estavam em descolonização, com base em Tito. O terceiro período ocorreu em 1962 quando a França concedeu a independência à Argélia depois da guerra que se iniciou em 1954. (VISENTINI, 2013, pp. 101-104). Nos anos de 1951 até 1965, momento em que se tem todos os países africanos como independentes, pôde-se notar a grande dificuldade de lidar com a autonomia recém garantida, por conta da falta de instituições políticas e de conhecimentos administrativos (FERRO, 1996). Portanto, consegue-se perceber como o continente europeu e seus diversos países foram responsáveis pelo grande atraso no desenvolvimento social, econômico, tecnológico e político africano, atraso esse que os acompanha até os dias atuais e que são reflexos desse legado colonialista. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS FERRO, Marc. História das colonizações: das conquistas às independências São Paulo: editora Companhia das Letras, 1996. HERNANDES, Leila Leite. A África na sala de aula: visita à história contemporânea. São Paulo: Selo Negro, 2005, pp. 79 -108 RODNEY, Walter. Como a Europa subdesenvolveu a África. Lisboa: Seara Nova, 1975. Pp. 133 - 146. VISENTINI, Paulo Fagundes. História da África e dos africanos. (Capítulo 3). Petrópolis, RJ: Vozes, 2013. Pp. 99 – 144.VISENTINI, Paulo Fagundes. História da África e dos africanos. (Capítulo 3). Petrópolis, RJ: Vozes, 2013. Pp. 99 – 144.
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