Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Fontes alternativas de energia Prof. Bruno Di Lello Descrição A análise das aplicações, incentivos e vantagens na implantação de projetos baseados em fontes alternativas de energia. Propósito As formas de implementação, incentivo e desenvolvimento de projetos de geração de energia a partir de fontes alternativas tornam-se cada vez mais presentes na sociedade. O conhecimento dessas alternativas é importante para a sociedade e para os profissionais atuantes em diversas áreas de formação. Preparação Acesse as informações relevantes e atualizadas do setor de energia no Brasil a partir do BEN 2021 (Boletim Energético Nacional), disponível no site da Empresa de Pesquisa Energética. Acesse também as informações sobre os planos de ampliação do uso de energia no Brasil a partir do Plano Decenal de Expansão de Energia 2030, disponível no mesmo site. Objetivos Módulo 1 Tecnologias renováveis Analisar a penetração das tecnologias renováveis no mercado. Módulo 2 Incentivos e projetos para geração de energia renovável Identificar os mecanismos de incentivo às fontes de energia. Módulo 3 Energia solar, eólica e biomassa Analisar as fontes de energia renováveis: solar, eólica e biomassa. Módulo 4 E�ciência energética e a gestão energética Analisar a eficiência energética e a gestão energética. Introdução O especialista deverá enfatizar os aspectos operacionais, os incentivos e a gestão de projetos de implantação de energia renovável no mercado. Orientação sobre unidade de medida Em nosso material, unidades de medida e números são escritos juntos (ex.: 25km) por questões de tecnologia e didáticas. No entanto, o Inmetro estabelece que deve existir um espaço entre o número e a unidade (ex.: 25 km). Logo, os relatórios técnicos e demais materiais escritos por você devem seguir o padrão internacional de separação dos números e das unidades. 1 - Tecnologias renováveis Ao �nal deste módulo, você será capaz de analisar a penetração das tecnologias renováveis no mercado. Vamos começar? A implantação de projetos de geração de eletricidade a partir das energias eólica, solar e biomassa Neste vídeo, o especialista abordará os principais conceitos e aspectos que devem ser observados durante este módulo. O avanço das fontes renováveis de energia As diversas sociedades, principalmente nos países mais avançados, buscam fontes alternativas de energia que não contribuam para o aquecimento global. Vamos olhar de perto o panorama de implantação de projetos de obtenção de energia a partir de fontes renováveis? Evolução da geração de energia elétrica com fontes renováveis no Brasil O Brasil é um bom exemplo de geração de energia a partir de fontes renováveis. A nossa matriz energética é uma das mais limpas do mundo, sendo cerca de 45% de geração da energia gerada a partir de fontes renováveis. Hidrelétrica de Itaipu. Se considerarmos a matriz elétrica, temos por volta de 85% de nossa geração de eletricidade a partir de fontes renováveis, com aproximadamente 64% a partir de hidrelétricas. A geração hidrelétrica é bastante relevante no país, em decorrência da abundância da fonte hídrica. Além dessa fonte, o país vê crescer a geração a partir de outras formas renováveis, como a geração eólica, solar e a partir de biomassa. A evolução da geração eólica no Brasil deu um salto na última década. Veja o crescimento dessa forma de geração de energia elétrica no gráfico a seguir. Evolução da geração de eletricidade a partir de fonte eólica no Brasil. Até o ano de 2017, a produção de eletricidade a partir de fonte solar era irrelevante. De 2018 até meados de 2020, esse tipo de geração aumentou cerca de dez vezes. Veja, no gráfico a seguir, a evolução da capacidade de geração de eletricidade a partir de fonte solar no Brasil. Evolução da geração de eletricidade a partir de fonte solar no Brasil. Outra forma de geração de energia, a geração por biomassa também experimentou um consistente aumento na quantidade de energia gerada a partir de 2011. De 2011 até 2020, no Brasil a geração de eletricidade por biomassa saltou de 32,2 para 55,61 TWh. Veja a evolução no gráfico a seguir. Evolução da geração de eletricidade a partir de biomassa no Brasil. Em 2020, a energia hidrelétrica representou quase 64% do total da energia elétrica gerada no Brasil, por meio das Usinas Hidrelétricas (UHE), Pequenas Centrais Elétricas (PCH) e das Centrais de Geração Hidrelétrica (CGH). Contribuição das diferentes fontes na geração de eletricidade no Brasil. Evolução da geração de energia elétrica com fontes renováveis no mundo No restante do mundo, a matriz energética e a elétrica ainda são fortemente dependentes de fontes não renováveis. Veja a distribuição percentual das fontes de geração de energia elétrica no mundo em 2020. Geração de eletricidade a partir de diferentes fontes no mundo - 2020. A geração de eletricidade a partir de energia solar e eólica está se ampliando, da mesma forma que ocorre no Brasil. A geração de energia renovável em 2021 deve registrar mais de 8% para atingir 8.300 TWh, o crescimento mais rápido ano a ano desde a década de 1970. A energia solar e a eólica devem contribuir com dois terços do crescimento das renováveis. Só a China respondeu por quase metade do aumento global da eletricidade renovável em 2021, seguida pelos Estados Unidos, União Europeia e Índia (IEA REPORTS, 2021). Considerando os períodos 2019-2020 e 2020-2021, temos os seguintes aumentos na geração de energia elétrica por fonte renovável, em terawatts/hora (TWh) no mundo: Fonte 2019-2020 2020- 2021 Eólica 175 275 Solar 153 145 Hídrica 114 140 Biomassa 40 72 Tabela: Aumento de geração de energia elétrica por fonte renovável. Bruno Di Lello. De acordo com o país ou região do mundo, houve os seguintes aumentos na produção de eletricidade por fontes renováveis no período 2020-2021, em TWh: Fonte China Estados unidos União europeia Índia Eólica 141 61 35 5 Solar 54 26 17 12 Hídrica 62 9 7 12 Biomassa 30 2 8 3 Tabela: Aumento da produção de eletricidade por fonte renovável, 2020-2021. Adaptada de Global Energy Review, 2021. Observe que o crescimento de produção mais significativo é da energia eólica, seguido pela energia solar e pela hídrica. Com isso, a matriz elétrica mundial aumentou a participação das fontes renováveis de 27% em 2019 para 29% em 2020. Perspectivas para geração de energia elétrica com fontes renováveis no Brasil Vamos verificar a evolução da geração de energia elétrica pelas fontes solar, eólica e a partir de biomassa no Brasil e no mundo. Quais as tendências futuras para a geração de energia elétrica a partir de fontes renováveis? O mercado brasileiro para as energias eólica, solar e de biomassa não para de se expandir. Temos a matriz elétrica com um excelente aproveitamento dos recursos renováveis. Essa matriz renovável, que em sua maior parte explora a geração hídrica, vem ampliando a utilização de outras fontes. Vamos olhar de perto os projetos de geração de eletricidade no Brasil a partir das fontes eólica, solar e biomassa. A geração de eletricidade por fonte eólica no Brasil A história da geração eólica no Brasil começa em 1992, com a instalação do primeiro gerador. Esse projeto, experimental, surgiu da parceria entre o Centro Brasileiro de Energia Eólica (CBEE) e a Companhia Energética de Pernambuco (CELPE). Não houve, nesses anos iniciais, grandes desenvolvimentos nesse setor. Somente em 2001, com a crise de abastecimento de energia elétrica em virtude à baixa no regime de chuvas, o Brasil passou a buscar novas formas de geração de eletricidade, como forma a diminuir sua dependência da geração hidrelétrica. De 2007 até 2021, houve um aumento na geração de eletricidade por fonte eólica de cerca de 100 vezes. Saltamos de 663 GWh em 2007 para 65.100 GWh em 2021. Em 2030, de acordo com o plano decenal de energia 2021-2030, a energia eólica terá quase que duplicado a capacidade de geração,em relação a 2021, alcançando a marca de 128.000 GWh. Veja o crescimento da geração eólica no Brasil a partir de 2007 até as estimativas para o ano de 2030. Aumento da geração de eletricidade por fonte eólica no Brasil. Os números de fato impressionam. No caso da geração eólica, foram contratados no Ambiente de Contratação Regulada 750 empreendimentos eólicos desde a realização do segundo Leilão de Energia de Reserva de 2009, o que totaliza capacidade instalada já contratada de 19.127MW. Destaca-se que estas contratações ocorreram nas regiões Nordeste (88%) e Sul (11%) do Brasil que são, notadamente, as regiões com maior potencial desse tipo de fonte (BRASIL, EPE, PDE 2021-2030, 2021). Empreendimentos contratados para geração de energia eólica no Brasil. A geração de eletricidade por fonte solar no Brasil Embora com capacidade instalada de geração inferior à fonte eólica, a energia solar experimentou um significativo crescimento a partir de 2012. As expectativas para o ano de 2030 mostram que o país pode alcançar uma geração superior a 50.000 GWh de eletricidade por fonte solar. Crescimento da geração de energia elétrica por fonte solar no Brasil. Em relação aos projetos de geração, o país apresenta um conjunto de usinas com capacidade instalada de 4.767MW, concentrado nas regiões Nordeste e Sudeste do País, com destaque especial para os estados de Minas Gerais, São Paulo, Ceará, Piauí, Pernambuco e Bahia, que são responsáveis por aproximadamente 90% das contratações realizadas para esse tipo de fonte (BRASIL, EPE, PDE2021-2030, 2021). Empreendimentos contratados para geração de energia solar no Brasil. Pelos registros dos cadastramentos dos leilões de energia, os estados do Nordeste representam, em média, 75% do total de usinas renováveis (eólicas e solares), e a Bahia e o Piauí se configuram como as unidades federativas com o maior número de projetos cadastrados (BRASIL, EPE, PDE2021-2030, 2021). A geração de eletricidade a partir de biomassa no Brasil A biomassa é o material de origem orgânica utilizado para geração de energia a partir de sua queima. Os projetos que utilizam biomassa de madeira adotam o conceito de florestas energéticas utilizando a biomassa de eucalipto, com alto grau de conteúdo nacional na implantação do empreendimento. A opção dos empreendedores por usinas com potência instalada reduzida (menores que 100MW), próximas às áreas de produção da biomassa, permitem a redução de custos logísticos com combustível, além de permitir acesso a localizações estratégicas, próximas aos centros de carga. Crescimento da geração de energia elétrica por biomassa no Brasil. Perspectivas para geração de energia elétrica com fontes eólica e solar no mundo A catastrófica consequência da liberação de dióxido de carbono na atmosfera exige uma mudança de padrão para os projetos de geração de energia. A opção para a geração renovável, a partir de fontes com baixa emissão de carbono, é uma necessidade, em virtude do aquecimento global. Em termos mundiais, soluções para a geração de eletricidade a partir de energia eólica, solar e biomassa têm crescido de forma acelerada. Vamos ver um pouco desse panorama? Geração de eletricidade por fonte eólica no mundo A China lidera a geração de eletricidade por energia eólica no mundo. Dados de 2020 mostram as seguintes potências instaladas para a geração de eletricidade por essa fonte renovável para os dez maiores produtores: País Potência Instalada de Geração Eólica/GW China 282 Estados Unidos 118 Alemanha 62 Índia 39 Espanha 27 Reino Unido 25 França 17 Brasil 17 Canadá 14 Espanha 11 Tabela: Geração de eletricidade Adaptada de Global Energy Review, 2021. A capacidade instalada de geração eólica no mundo é estimada em cerca de 743 GW. Essa quantidade de energia, gerada de forma renovável, evitou o despejo de 1,1 bilhão de toneladas de CO2 na atmosfera. Além de liderar a produção mundial, o incremento anual de potência instalada para a geração a partir de fonte eólica também é liderado pela China. O crescimento da potência por país ou região do mundo é mostrado no gráfico a seguir, no período entre 2015 e 2022. Ampliação da capacidade de geração de eletricidade por fonte eólica, 2015-2022. Todos os dados apontam para o incremento da produção por energia eólica em todas as regiões do mundo. A China tem uma meta de balanço zero de carbono em 2060. Vale lembrar que o país lidera a emissão de gases de efeito estufa atualmente, mas vem investindo de forma maciça na geração de energia elétrica a partir de fontes renováveis. Geração de eletricidade por fonte solar no mundo A exemplo do Brasil, a aplicação da energia solar para a geração de eletricidade encontra-se em crescimento no resto do mundo. A redução de custos na implantação de painéis solares vem contribuindo para o crescimento dessa tecnologia. A superfície da Terra recebe radiação solar constantemente. A quantidade de energia proveniente dessa fonte é mais elevada nas terras ao longo da faixa tropical do planeta, conforme podemos ver na figura a seguir. As regiões mais avermelhadas apresentam maior média de energia por superfície kWh/m2. Essa quantidade de energia, que chega ao planeta de forma gratuita, é aproveitada para a conversão em eletricidade por meio das usinas solares. Ampliação da capacidade de geração de eletricidade por fonte eólica. Em termos mundiais, novamente a liderança na geração de energia elétrica por meio de usinas fotovoltaicas é da China. Em 2020, o país contava com uma capacidade instalada para a geração de 254 GW. Veja o quadro a seguir para os dez maiores produtores de eletricidade por fonte solar no mundo. País Potência Instalada de Geração Eólica/GW China 254 Estados Unidos 76 Japão 67 Alemanha 54 Índia 39 Itália 22 Austrália 18 Vietna 17 Coreia do Sul 15 Espanha 14 Tabela: Geração de energia elétrica por meio de usinas fotovoltaicas. Adaptada de Renewables, 2019 - Analysis and Forecast 2024, IEA. Em termos de evolução de potência instalada para a geração de eletricidade por fonte solar, temos a China também na liderança do cenário mundial. Veja os dados entre os anos de 2016 e 2020 para a China, União Europeia, Índia e Estados Unidos. Ampliação da capacidade de geração de eletricidade por fonte solar, 2015-2022. Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 A geração de energia elétrica no Brasil a partir de fontes renováveis mostra uma grande dependência da fonte hídrica. Além da geração hidrelétrica, o país utiliza as fontes solar, eólica e a biomassa para a geração de eletricidade, somente para citar as mais importantes. Assinale a alternativa correta acerca da geração de energia elétrica a partir de fontes renováveis no Brasil. A A geração de energia elétrica a partir de fonte solar é a segunda maior forma de produção de eletricidade, perdendo apenas da geração hidrelétrica. B A geração de eletricidade por fonte eólica no Brasil superou a geração por utilização de biomassa, sendo atualmente a segunda maior fonte de geração renovável, perdendo apenas para a geração hidrelétrica. C Embora tenha uma matriz elétrica bastante limpa, a geração de eletricidade no Brasil ainda apresenta mais da metade de sua produção dependente da queima de combustíveis fósseis. D A matriz elétrica brasileira apresenta cerca de 85% de sua geração baseada em hidrelétricas, seguida da fonte solar, biomassa e eólica, com a menor participação nos projetos de geração de energia. E A matriz elétrica brasileira apresenta um percentual de geração a partir de fontes renováveis ainda inferior ao resto do mundo, tendo em vista o atraso Parabéns! A alternativa B está correta. A matriz elétrica brasileira é uma das mais renováveis do mundo, com geração a partir de fontes limpas em torno de 85%, com 64% baseada em geração hidrelétrica. A geração a partir de fonte eólica superou a geração a partir de biomassa,com a participação em 9,2% na geração elétrica. Questão 2 Principalmente a partir do início da era industrial, a energia se tornou um produto necessário para o desenvolvimento das sociedades. As máquinas a vapor, que começaram a movimentar a economia industrial na Inglaterra do século XVIII e XIX e que se espalharam pelo mundo, utilizavam uma fonte “suja” de fornecimento de calor: o carvão mineral. Ao longo dos últimos dois séculos, o mundo se acostumou a queimar combustíveis como o carvão e os derivados de petróleo para obter sua energia. Uma consequência dessa opção é a liberação maciça de CO₂ na atmosfera, gás de efeito estufa que atua como o principal fator para o aquecimento da temperatura média do planeta nos últimos 100 anos. Uma das formas de reduzir o problema é a opção pela geração de energia elétrica a partir de fontes renováveis. Assinale a alternativa correta acerca das tendências para a geração de eletricidade a partir das fontes eólica e solar no mundo. nas instalações de projetos de geração a partir de fonte eólica e solar. A A China tem uma matriz elétrica baseada na queima de carvão e apresenta pouco avanço para a geração de eletricidade a partir de fontes renováveis eólica e solar. B A geração de eletricidade a partir de fonte solar é mais importante em países situados em regiões mais ao norte do planeta, próximas ao Círculo Polar Ártico, em virtude da incidência elevada de radiação nessas localizações. Parabéns! A alternativa D está correta. A China, apesar de ainda ser o maior poluidor mundial e com uma matriz elétrica baseada na queima de carvão, apresenta a maior evolução anual na implantação de geração elétrica por fonte solar e eólica, quando comparada com as demais regiões do mundo. Essa conversão na forma de geração faz parte do esforço chinês para geração de energia com carbono zero em 2060. C A Europa e os Estados Unidos lideram a implantação de novos projetos de geração de eletricidade a partir de fontes eólicas e solar, batendo sucessivos recordes de geração de energia renovável a cada ano. D A matriz elétrica chinesa apresenta, a cada ano, a liderança na implantação de projetos de geração solar e eólica, quando comparada com o resto do mundo, como forma de ter saldo zero de emissão de carbono em 2060. E No cenário mundial, a escassez de água fez diminuir a geração hidrelétrica, fomentando as fontes eólicas e fotovoltaicas, que correspondem, somadas, a mais de 60% da geração de energia elétrica. 2 - Incentivos e projetos para geração de energia renovável Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car os mecanismos de incentivo às fontes de energia. Vamos começar? Mecanismos de incentivo ao uso de fontes renováveis no Brasil Neste vídeo, será abordado o Proinfa e o programa de créditos ou de compensação para o uso de energia solar no Brasil. O incentivo ao uso de fontes de energia alternativa no Brasil A implantação de projetos para a geração de energia renovável demanda grande esforço por parte das diferentes sociedades, já acostumadas a utilizar fontes não renováveis para a geração de energia. Esse esforço, entretanto, é necessário diante do quadro do aquecimento global gerado pelas emissões de CO2 com a queima de combustíveis fósseis. Vamos identificar os mecanismos de incentivo à implantação de projetos de fontes renováveis no Brasil, país que já apresenta uma matriz elétrica predominantemente renovável. Apesar de o Brasil ter uma matriz elétrica majoritariamente renovável, a elevada dependência da geração hidrelétrica, baseada nas grandes usinas, pode causar problemas de desabastecimento energético em épocas de seca. Para diminuir a dependência da geração hídrica, mantendo a produção de eletricidade por fonte renovável, foi criado o Proinfa (Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica). Esse programa foi instituído pela lei nº 10.438/2002 com o claro objetivo de diversificar a geração elétrica a partir de fontes renováveis. Programa de Incentivo às Fontes Alternativas no Brasil - Proinfa O Proinfa, criado em 2002, incentiva a geração de energia elétrica no Brasil por meio das pequenas centrais hidrelétricas (PCH), energia eólica e nas usinas térmicas alimentadas por biomassa. Por meio do Proinfa, os geradores que participam do programa são custeados por um sistema de cotas. Esse custo da energia, que é adquirido pela Eletrobras, é repassado aos consumidores. Tanto os consumidores cativos quanto os livres. Nesse ponto, vamos entender a diferença entre esses dois tipos de consumidores. Tipos de consumidores Consumidores cativos Os consumidores cativos são aqueles que só podem comprar energia por meio das concessionárias locais de energia elétrica. Esse é o modelo de comercialização e consumo de energia mais comum no Brasil. Fazem parte desse modelo os consumidores residenciais e as pequenas empresas que têm um consumo mensal considerado baixo. Os consumidores cativos estão mais sujeitos às variações tarifárias em decorrência dos períodos de seca, quando são aplicadas as diferentes bandeiras tarifárias em virtude do custo de geração da energia. Os consumidores cativos formam o ambiente de contratação regulada (ACR). Consumidores livres Os consumidores livres compõem o ambiente de contratação livre (ACL). Nesse mercado, os consumidores negociam diretamente a compra da energia com as geradoras e comercializadores de eletricidade. No ACL, os consumidores apresentam dois contratos: um com a distribuidora de energia, que cobre os custos da transmissão da eletricidade e outro com a geradora ou comercializadora de energia, que cobre o custo de geração da eletricidade que chega ao consumidor. O custo para a transmissão/ distribuição é regulado. Ou seja, segue uma tarifa estabelecida. Entretanto, para o segundo contrato, o consumidor livre pode negociar os valores de energia diretamente com a geradora, obtendo condições favoráveis de preço. Estima-se que o consumidor livre possa ter uma redução do preço da eletricidade de até 35% quando comparado ao consumidor cativo. Existem dois tipos de consumidores no ACL: Consumidores livres Têm uma demanda de 1.500kW por mês ou superior. Eles negociam livremente a compra da energia, podendo escolher o consumo tanto da forma convencional (hidroelétricas e termoelétricas) quanto da forma incentivada (eólica, solar, biomassa e outros tipos de energias renováveis). Consumidores especiais Têm demanda de energia entre 500kW e 1.500kW. Os consumidores especiais têm o direito de adquirir sua energia de usinas geradoras alternativas, como PCH, usinas eólicas, térmicas alimentadas com biomassa ou usinas solares. Os projetos de geração alternativa que recebem incentivos no Brasil O Proinfa é o maior programa de incentivo à geração alternativa do mundo. As ações do programa estão voltadas para a PCH, geração eólica e usinas termoelétricas que utilizam biomassa como combustível. Vamos olhar de perto os projetos incentivados pelo Proinfa. A geração de energia pelas usinas que fazem parte do Proinfa em 2020 alcançou as seguintes capacidades instaladas emMW (megawatts): Usinas eólicas 965 Usinas à biomassa 556 Pequenas centrais hidrelétricas - PCH 1.151 Centrais de Geração Hidrelétricas - CGH Veja a distribuição percentual a produção de eletricidade por fonte: Percentual de geração por fonte - Proinfa. Vamos olhar mais de perto as formas de geração que fazem parte do Proinfa? PCH As pequenas centrais hidrelétricas (PCH) são alternativas para a geração de energia a partir de fontes hídricas. Essas centrais não precisam de um reservatório tão volumoso quanto o das usinas hidrelétricas (UHE) tradicionais, como Itaipu, Tucuruí ou Belo Monte. As PCH geram entre 5MW e 30MW e utilizam uma área de reservatório de até 13 km2. Essas usinas não alteram significativamente o meio ambiente e aproveitam o desnível natural dos cursos d'água e a geração de eletricidade.Os impactos gerados por essas usinas são muito menores do que os gerados pelas UHE. No Brasil, existem 542 PCH, gerando cerca de 5,5 milhões dekW de potência. 4 Pequena Central Hidrelétrica no rio Tietê, SP. CGH As centrais geradoras hidrelétricas (CGH) são ainda menores que as PCH. Têm o mesmo princípio de funcionamento de uma UHE ou de uma PCH, mas são muito mais compactas. Têm capacidade de geração de até 5MW e sua principal vantagem é a possibilidade de serem construídas em um prazo de apenas dois anos e meio. CGH de Igrejinha. No Brasil, existem 731 CGH gerando cerca de 851.000kW. Mas quais as diferenças entre UHE, PCH e CGH? As diferenças entre as formas de geração de eletricidade a partir de recursos hídricos estão no tamanho do projeto, na capacidade de geração e nos impactos ambientais gerados. O Brasil gera sua energia por fonte hídrica utilizando os três tipos de usinas. O quadro resumo a seguir mostra as características das UHE, PCH e CGH no território nacional. Tipo de usina Capacidade de geração emMW Impacto ambiental Quantidades de usina no Brasil P in em UHE Acima de 30 Alto 233 m PCH 5-30 Pequeno 542 m CGH Até 5 Pequeno 731 m Tabela: Diferentes formas de geração de eletricidade a partir de recursos hídricos. Adaptada de Guia técnico de gestão energética - Centrais Elétricas Brasileiras, FUPAI/Efficientia. Gestão energética. Rio de Janeiro. Eletrobras, 2005. A geração eólica O Proinfa apoia diversas usinas por fonte eólica no Brasil, com uma potência total de geração instalada de 965MW. Um dos destaques é o parque gerador de Praia Formosa no Ceará, com uma potência instalada de 104MW. Parque eólico de Praia Formosa - CE. Outra importante usina de geração eólica é a de Icaraizinho, também no Ceará, com uma potência instalada de 54MW. Parque eólico de Icaraizinho - CE. Termoelétricas a partir da queima de biomassa Além dos projetos de geração por PCH, CGH e eólico, o Proinfa também incentiva as usinas geradoras a partir da queima de biomassa. Esse tipo de geração tem uma potência total instalada de 556MW em projetos apoiados pelo Proinfa. Cabe ressaltar que as térmicas movidas a biomassa tiveram um acelerado crescimento nos últimos anos. Esse tipo de fonte de geração concorre com as térmicas que queimam combustíveis fósseis. Em meados de 2020, as térmicas movidas a biomassa representavam 45% da geração por usinas termoelétricas. A principal matéria-prima é o bagaço da cana-de-açúcar, que até pouco tempo era um resíduo sólido importante da indústria de produção de etanol. Além do bagaço de cana-de-açúcar, são utilizados resíduos da indústria madeireira e florestal. Bagaço da cana-de-açúcar: biomassa para geração de eletricidade. A grande vantagem da utilização da biomassa é sua característica de ser uma fonte renovável, além de possibilitar uma utilização adequada e que agrega valor, como fonte geradora de energia, para materiais que anteriormente eram resíduos sólidos. O incentivo ao uso da energia solar no Brasil Apesar de todas essas condições naturais favoráveis, até o momento, o aproveitamento da energia solar para a geração de eletricidade ainda é baixo no Brasil. Para reverter esse quadro, consumidores que gerem sua energia por fonte fotovoltaica podem ceder o excedente de energia para as distribuidoras de eletricidade, recebendo créditos para abater em sua conta de luz. Vamos ver como funciona esse sistema de incentivo ao uso de energia solar? O sistema de compensação para geração de energia de fonte solar O estímulo para o uso da energia solar no Brasil está estabelecido nas Resoluções Normativas 482/12 da Aneel, de 12 de abril de 2012, e 687/15, de 24 de novembro de 2015. Essas resoluções estabelecem as normas para a “compensação”, também conhecida como créditos, para aqueles consumidores cativos que injetem o excedente de sua energia produzida de forma sustentável no sistema de distribuição de eletricidade. Além da possibilidade do uso da geração fotovoltaica, também são previstas outras formas de geração, como por exemplo por fonte hídrica. Existem três modalidades de consumo, de acordo com as resoluções: o autoconsumo remoto, a geração compartilhada e a geração em condomínio. Vamos a cada uma delas: Por essa modalidade, é possível transferir os créditos do excedente de geração em uma propriedade para outra propriedade do consumidor. Nesse caso, as unidades consumidoras devem estar registradas sob o mesmo número de CPF e devem utilizar a mesma concessionária de distribuição de energia elétrica. Podem ser estabelecidas cooperativas ou consórcios, com pessoas físicas ou jurídicas. Por meio dessa modalidade, os créditos podem ser transferidos para as propriedades dos participantes em sua totalidade ou em percentuais pré- estabelecidos. Para condomínios onde há a geração de excedente, os créditos podem ser divididos entre os condôminos e áreas comuns. As resoluções também definem os dimensionamentos, em termos de potência de geração, para os consumidores que utilizam as fontes de energia alternativa. Assim, temos a microgeração distribuída e a minigeração distribuída, de acordo com a Resolução Normativa 687/15 da ANEEL, em seu Artigo 1º, que altera o Artigo 2º da Resolução 482/12: Autoconsumo remoto Geração compartilhada Geração em condomínio I ã d b íd l d d Assim, temos a possibilidade de utilizarmos créditos para excedentes de geração de energia alternativa também de fonte hídrica, para a minigeração distribuída, em central geradora entre 75kW e 3MW de potência. O que é cogeração qualificada? Trata-se do aproveitamento de energia (que seria perdida em processos de geração de energia elétrica) para ser utilizada em outros fins energéticos, como por exemplo em trocadores de calor, sistemas de aquecimento de água, processos de ciclos de refrigeração, aquecimento de ambientes etc. Por exemplo: em uma usina termoelétrica, uma grande parte da energia da queima do combustível é “perdida” na forma de calor para o ambiente, e apenas cerca de 30 a 40% se convertem em eletricidade. Sem cogeração, temos: Microgeração distribuída: central geradora de energia elétrica, com potência instalada menor ou igual a 75kW e que utilize cogeração qualificada, conforme regulamentação da ANEEL, ou fontes renováveis de energia elétrica, conectada na rede de distribuição por meio de instalações de unidades consumidoras; II Minigeração distribuída: central geradora de energia elétrica, com potência instalada superior a 75kW e menor ou igual a 3MW para fontes hídricas ou menor ou igual a 5MW para cogeração qualificada, conforme regulamentação da ANEEL, ou para as demais fontes renováveis de energia elétrica, conectada na rede de distribuição por meio de instalações de unidades consumidoras (...)” [Resolução Normativa 687/15, de 24 de novembro de 2015]. Sistema sem cogeração qualificada. Na cogeração qualificada, o calor que seria perdido para o ambiente é aproveitado em grande parte como fonte térmica para sustentar diversos processos que necessitam de energia primária, como: geradores de vapor, trocadores de calor, aquecedores dos mais diversos tipos, fonte térmica para sistemas de refrigeração etc. Assim, com cogeração qualificada, há maior aproveitamento da energia da queima. Sistema com cogeração qualificada. Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 O Proinfa é um programa do governo federal para incentivar a utilização de energias alternativas no Brasil. Assinale a alternativa que possui somente sistemas de geração incentivados pelo Proinfa: A Pequenas centrais hidrelétricas, geração fotovoltaica, termoelétricas a biomassa. B Geração fotovoltaica, geração maremotriz, termoelétricas a biomassa. C Geração eólica, geração maremotriz, geração fotovoltaica. D Geração maremotriz, termoelétricas a biomassa, geração fotovoltaica. E Geração fotovoltaica, pequenas centraishidrelétricas, termoelétricas a biomassa. Parabéns! A alternativa E está correta. O Proinfa incentiva a geração elétrica a partir de pequenas centrais hidrelétricas (PCH) e centrais geradoras hidrelétricas (CGH), por fonte hídrica. Além dessas formas de geração, o programa incentiva a geração eólica e as termoelétricas que queimam biomassa. Questão 2 O uso da energia solar no Brasil é incentivado por um programa de compensação do excedente produzido por microgeração distribuída e minigeração distribuída, regulada através das normativas 487/12 e 687/15. Assinale a alternativa correta acerca da classificação para microgeração distribuída e minigeração distribuída. A Na microgeração distribuída, o limite de potência é de 75kW; na minigeração distribuída, o limite está entre 0 e 5MW fonte solar e cogeração qualificada. B Na microgeração distribuída, o limite de potência é de 5kW; na minigeração distribuída, o limite está em 5MW para cogeração qualificada. C Na microgeração distribuída, o limite de potência é de 75kW; na minigeração distribuída, o limite está entre 75kW e 3MW para fonte hídrica e entre 75kW e 5MW para cogeração qualificada ou para demais fontes de geração elétrica. D Na microgeração distribuída, o limite de potência é de 75kW; na minigeração distribuída, o limite está entre 75kW e 3MW para fonte hídrica e para fonte solar. Parabéns! A alternativa C está correta. De acordo com o texto alterado pela normativa 687/15, temos na microgeração distribuída um limite de potência de 75kW, incluindo a cogeração qualificada. Para a minigeração distribuída, temos uma faixa de potência entre 75kW e 3MW para fonte hídrica e entre 75kW e 5MW para cogeração qualificada ou para outras fontes elétricas. 3 - Energia solar, eólica e biomassa Ao �nal deste módulo, você será capaz de analisar as fontes de energia renováveis: solar, eólica e biomassa. Vamos começar? E Na microgeração distribuída, o limite de potência é de 75kW; na minigeração distribuída, o limite está entre 75kW e 5MW para fonte hídrica e para fonte solar. A viabilidade de implantação das fontes solar, eólica e biomassa nos mercados mundiais Neste vídeo, será demonstrado ao longo da apresentação que os custos decrescentes para a implantação da energia solar e eólica tem ampliado a capacidade instalada de geração de eletricidade por essas fontes renováveis. Também deverá destacar o uso da biomassa como fonte de geração de eletricidade. A viabilidade das fontes renováveis solar, eólica e biomassa A geração de energia em nosso planeta é predominantemente baseada na queima de combustíveis fósseis, em processos por fontes não renováveis e altamente poluentes, lançando maciças quantidades de CO2 na atmosfera. Economicamente, o custo na geração por fontes fósseis é vantajoso. Os danos, entretanto, para o planeta e para as próximas gerações é incalculável, em virtude dos prejuízos irreparáveis para o meio ambiente. As principais alternativas tecnicamente viáveis para a substituição dos combustíveis fósseis são a energia solar, a eólica e a utilização da biomassa. Custo nivelado de energia - LCOE Um dos principais fatores de análise para a viabilidade econômica para um sistema de geração de energia é o LCOE (Levelized Cost of Energy ou custo nivelado de energia). Esse fator leva em conta o custo efetivo da energia ao longo da vida útil (em moeda local ou em dólares) de uma usina de geração dividido pelo total de energia gerada (normalmente emkWh). Considerando a redução de custos das fontes renováveis de energia, em termos de geração por meio de painéis fotovoltaicos ou de fonte eólica, o LCOE vem se tornando atrativo quando comparado com outras fontes para a produção de eletricidade. Veja a imagem a seguir, que mostra a comparação entre o LCOE de diferentes fontes para a geração de megawatt.hora de energia. LCOE médio para diferentes fontes de energia entre 2010 e 2020 em US$ porMW-h. Uma observação importante é o cuidado nas premissas para o cálculo de LCOE para uma determinada fonte. Deve-se levar em conta a inflação local, programas de incentivo, impostos e demais encargos financeiros para uma análise correta. Entretanto, observa-se que, na média, há uma redução real do LCOE para as fontes renováveis solar e eólica. Energia solar térmica e geração fotovoltaica Existe uma distinção necessária entre os termos energia térmica solar e geração fotovoltaica. A energia térmica solar é originária do sol, que pode ser aproveitada de diferentes formas. Podemos ter o calor do sol utilizado diretamente como fonte térmica de energia. Nesse caso, temos os sistemas de aquecimento solar, nos quais não há a geração de eletricidade, mas apenas a troca térmica, por exemplo, para aquecer a água que será utilizada para fins residenciais LCOE = Somatório dos custos ao longo da vida út il da unidade geradora Quant idade de energia gerada ou comerciais. Outro exemplo de uso direto da energia térmica solar são os fogões solares, em que a energia solar é concentrada em espelhos e utilizada para a cocção de alimentos. Fogão solar: uso direto da energia térmica solar sem conversão em eletricidade. Na geração fotovoltaica, a energia originária do sol é convertida em eletricidade por meio de painéis solares. Aproveitamento da energia eólica para a geração de eletricidade A energia dos ventos pode ser aproveitada de diferentes formas. O deslocamento de um barco a vela é impulsionado pela energia do vento. Em tempos recentes, o movimento do vento vem sendo utilizado para a geração de energia elétrica em grande escala. Da mesma forma que ocorre com os painéis solares, a LCOE para a energia eólica tem se mostrado vantajosa quando comparada às outras fontes de geração de eletricidade. Aproveitamento da biomassa para a geração de energia elétrica Outra fonte potencial de geração de energia térmica direta e para a geração de eletricidade é a biomassa. Essa fonte corresponde aos materiais de origem orgânica, como madeira, resíduos da indústria moveleira e de reflorestamento, bagaço de cana-de-açúcar, palha de arroz, lixo orgânico etc., que podem ser fontes de combustão para a geração de energia térmica e de eletricidade. A análise econômica do projeto é primordial para a opção pela geração de eletricidade a partir de biomassa. Análise da energia solar Essa fonte é uma das mais promissoras como alternativa para a geração de energia elétrica. Vamos analisar a energia solar em termos de seu potencial, das gerações de células solares e da viabilidade técnica e econômica para a geração de energia elétrica. O potencial da energia solar para a geração fotovoltaica A quantidade elevada de energia solar que chega ao planeta todos os dias não pode ser totalmente aproveitada. A quantidade de energia que chega até a Terra com origem no sol é da ordem de 179 PW (petawatts). Cada PW é igual a um quatrilhão de watts. Uma parte dessa energia, entretanto, é refletida para o espaço, não podendo ser aproveitada para a geração de eletricidade. Balanço de energia de fonte solar que chega à Terra. A quantidade de energia é tão grande que, em apenas um ano, é maior do que o somatório da energia produzida por todas as fontes não renováveis como petróleo, carvão, urânio e gás combinados ao longo da história. Em termos de incidência de energia por metro quadrado de superfície, a maioria da população reside em área com incidência de energia entre 150 e 300W por m2. A imagem a seguir mostra as regiões de maior incidência de energia de fonte solar no mundo. As cores mais próximas do vermelho são as áreas de maior incidência de energia. Os pontos pretos no mapa têm uma capacidade de geração combinada de 18TW (terawatts de energia). Incidência de energia solar no mundo em W por m2. A tecnologia para a conversão fotovoltaica A geração de eletricidade por células fotovoltaicas ocorre, pela incidência dos raios solares sobre os painéis solares, por meiodo efeito fotovoltaico. Nesse efeito, os fótons originários do sol são convertidos em eletricidade. Importante destacar que mesmo em dias nublados ocorre a geração de eletricidade. Entretanto, quanto maior for a incidência de luz, maior a quantidade de eletricidade gerada. A geração fotovoltaica utiliza três diferentes gerações ou tecnologias para a conversão dos fótons em eletricidade: São células que têm como base o elemento químico semicondutor silício. Essas células podem ser monocristalinas ou policristalinas. As células de primeira geração são a tecnologia mais difundida, confiável e com melhores rendimentos quando se trata de conversão fotovoltaica. As células monocristalinas são baseadas em um único cristal de silício, tendo uma eficiência entre 10 e 15% superior às células policristalinas. Essas células são, no entanto, cerca de 20% mais caras que as células policristalinas. As células policristalinas são baseadas em vários cristais de silício. A direita, célula fotovoltaica de silício policristalino. A esquerda, conjunto de células de silício monocristalinas em um painel fotovoltaico. São células denominadas filmes finos. Utilizam materiais avançados como silício amorfo, disseleneto de cobre e índio e telureto de cádmio para a geração por meio do efeito Primeira geração Segunda geração fotoelétrico, que, no entanto, ainda apresentam um rendimento inferior à primeira geração. Painel solar em filme fino flexível: segunda geração. Também são células de filmes finos, baseadas em materiais mais avançados, inclusive moléculas orgânicas (OPV - organic photovoltaic). Ainda em fase de testes. Célula fotovoltaica orgânica (OPV). A viabilidade da geração elétrica por conversão fotovoltaica A geração solar tem se tornado cada vez mais viável. Os custos dos módulos solares caíram 90% desde 2009. Entre 2010 e 2019, o LCOE médio mundial para a geração fotovoltaica caiu de 0,378 USD porkWh para 0,068. Terceira geração LCOE para a geração fotovoltaica em USD porkWh entre 2010 e 2019. A faixa de LCOE médio para a produção a partir de combustíveis fósseis oscila entre 0,05 USD porkWh e 0,177 USD porkWh, dependendo da tecnologia e da região do mundo. Com isso, os investimentos na geração fotovoltaica aumentaram em todas as regiões. Os aportes anuais de investimentos nesse tipo de geração ultrapassaram anualmente as cifras de 100 bilhões de dólares. Investimentos anuais em geração fotovoltaica. Entre 2010 e 2020, a capacidade instalada de geração por conversão fotovoltaica saltou de 40,3 GW para 710 GW. Veja a evolução da capacidade instalada no período. Capacidade instalada para geração fotovoltaica no mundo 2010-2020. Análise da energia eólica Da mesma forma que a geração solar fotovoltaica, a energia eólica atingiu LCOE competitivo em relação a outras formas de geração de eletricidade. Vamos analisar a fonte eólica como alternativa economicamente viável para a geração de eletricidade. O potencial da energia eólica para geração de eletricidade As estimativas para o potencial de geração de eletricidade a partir da energia do vento mostram valores bastante elevados, oscilando entre 18 e 68 TW de potência. A conversão de parte significativa desse potencial energético em eletricidade garantiria a independência de geração a partir da queima de combustíveis fósseis. Entretanto, a implantação de sistemas de geração eólica depende de outros fatores como, por exemplo, a consistência dos ventos em uma determinada região. Ao longo de um ano, é possível estimar a velocidade média dos ventos com elevada precisão. Mesmo ao longo de um dia, existem variações importantes nas velocidades dos ventos que afetam a constância da geração elétrica. As usinas eólicas onshore e offshore As usinas eólicas podem ser instaladas em uma variedade de regiões. Uma opção interessante para a instalação em terra onshore são as áreas litorâneas, que apresentam um regime de vento elevado e bastante consistente. Além das usinas em terra onshore têm ganhado força nos últimos anos as instalações offshore, isto é, usinas eólicas instaladas no mar. A geração offshore ainda apresentam um LCOE mais elevado do que para as instalações onshore, mas apresentam como vantagens o aproveitamento melhor do vento no mar e não provocar problemas como a poluição sonora e visual das instalações em terra. Parque eólico onshore: LCOE mais baixo para geração eólica. Parque eólico offshore: LCOE mais elevada para geração eólica. A viabilidade para a geração de eletricidade por fonte eólica A redução dos custos para a geração eólica foi significativa na última década. Com isso, os projetos passaram a se tornar viáveis, ampliando a oferta para essa forma de produção de eletricidade. A energia eólica é uma das tecnologias de energia renovável que mais crescem. O uso está em alta em todo o mundo, em parte porque os custos estão caindo. A capacidade global instalada de geração eólica onshore e offshore aumentou em um fator de quase 75 nas últimas duas décadas, saltando de 7,5 GW em 1997 para cerca de 564 GW em 2018, de acordo com os dados mais recentes da IRENA. A produção de energia eólica dobrou entre 2009 e 2013, e em 2016 a energia eólica representou 16% da eletricidade gerada por renováveis. Muitas partes do mundo têm fortes velocidades de vento, mas os melhores locais para gerar energia eólica às vezes são remotos. A energia eólica offshore oferece um enorme potencial. (IRENA, 2019) O LCOE tanto para a geração onshore como para a offshore apresentou uma significativa redução, tornando a energia eólica uma opção viável em diferentes regiões do mundo. Acompanhe o decrescimento do LCOE para a geração onshore e offshore na figura a seguir. Curvas de LCOE para a geração eólica onshore e offshore 2010 - 2019. A LCOE onshore decresceu de 8,6 centavos de dólar (USD) em 2009 para 5,6 centavos de dólar em 2019. Para a geração offshore, houve um decréscimo de 16,1 centavos de dólar para 11,5 centavos no mesmo período. Com isso, os investimentos na geração eólica cresceram em todo mundo. Investimentos em geração eólica onshore e offshore 2013-2018. Crescimento da capacidade de geração de eletricidade por fonte eólica 2010 - 2020. Análise da geração de energia a partir de biomassa A biomassa está enquadrada em um termo mais amplo que vem sendo utilizado com maior frequência atualmente: “bioenergia”. As fontes de bioenergia incluem a queima tradicional de combustíveis sólidos como madeira, bagaço de cana, resíduos orgânicos como fonte de combustão e as fontes mais modernas como biocombustíveis (etanol, biodiesel, bioquerosene, dentre outros), biogás e outras combustíveis de origem renovável não sólidos. Nesse ponto, vamos analisar as formas de aproveitamento da bioenergia no mundo. O potencial de geração de energia a partir de biomassa A geração de energia elétrica por meio da utilização de biomassa como combustível em termoelétricas ou como fonte para a cogeração de energia térmica é uma alternativa para a substituição dos combustíveis fósseis. Em sua queima, há a geração de CO2, que é absorvido pelo próprio processo de crescimento vegetal que dá origem à biomassa. Assim, a queima de biomassa tem um saldo de emissão de carbono igual a zero. Há uma discussão a respeito do saldo zero para a queima de biomassa, levando-se em conta que, se a biomassa deve ser transportada para a sua queima, devemos considerar a geração de CO2 do meio de transporte. Se considerarmos esse fator, a queima de biomassa gera de 60% a 80% de economia de emissão de CO2 quando comparada a um combustível fóssil. O cenário mundial para o uso da bioenergia Em termos mundiais, ocorre um aumento da capacidade instalada de energia a partir de fontes de biomassa entre 6 GW e 8 GW por ano. A China responde por quase 50% do total de aumento da capacidade de energia pelo uso de biomassa, somente na forma de cogeração de energia com a queima de biomassa sólida ou na obtençãode energia pela queima do lixo. O Japão é o segundo maior responsável pela expansão da geração de energia a partir da biomassa (IEA, 2019, p. 16). Índia e Brasil vêm logo após, principalmente em virtude da cogeração de energia a partir do bagaço de cana-de-açúcar, resíduos da indústria do etanol e do açúcar. Entre 2010 e 2020, houve um aumento de quase 100% na capacidade instalada de energia a partir de biomassa, com um salto de 65,9 GW em 2010 para 127,1 GW em 2020. Capacidade instalada de energia a partir das fontes de biomassa entre 2010 e 2020. Se levarmos em conta as diversas fontes de bioenergia, considerando: I) biocombustíveis sólidos; II) biogás; III) lixo; IV) biocombustíveis líquidos, temos o seguinte cenário na capacidade instalada de energia entre os anos de 2010 e 2020: Capacidade instalada para as diferentes fontes de biomassa entre 2010 e 2020. Os investimentos para a geração de energia a partir das diversas fontes de biomassa, incluindo os biocombustíveis líquidos, oscilou em uma média de 10 bilhões de dólares nos anos de 2013 e 2014, sofrendo uma redução para 9 bilhões de dólares em 2015 e fechando em um aporte médio de 5 bilhões de dólares, considerando o período de 2016 a 2018. Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 O custo nivelado para a geração de energia (LCOE) para as fontes alternativas tem apresentado significativas variações na última década. Assinale a alternativa correta quanto à variação desse parâmetro e à viabilidade de implantação de projetos de geração de eletricidade por fonte solar e eólica. Parabéns! A alternativa C está correta. O LCOE é um dos principais fatores para o direcionamento de investimentos em projetos de geração de energia. Ao longo do período entre 2010 e 2020, houve uma diminuição do LCOE tanto A O LCOE da energia solar e eólica as torna mais atrativa em comparação às outras fontes, em virtude de seus maiores valores unitários. B A LCOE da energia solar apresentou um significativo decréscimo ao longo da última década, ao contrário da fonte eólica, tornando a primeira fonte menos atrativa para a geração de energia elétrica. C Ao longo do período 2010-2020, houve um decréscimo significativo dos LCOE tanto para a fonte eólica quanto para a geração fotovoltaica, tornando os projetos de geração por essas fontes mais atrativos ao redor do mundo. D A variação dos LCOE para as energias solar e eólica explica a diminuição da capacidade instalada de geração de eletricidade por essas fontes. E Ao longo do período entre 2010 e 2020, observou-se uma redução do LCOE para a geração eólica e um aumento da LCOE para a geração fotovoltaica, tornando a primeira fonte mais atrativa do que a segunda. para a fonte solar quanto para a eólica, acarretando uma maior atratividade para a geração de energia elétrica por essas fontes. No mesmo período, a capacidade instalada de geração de eletricidade por geradores eólicos e por geração fotovoltaica se ampliou significativamente em todo mundo. Questão 2 A geração de eletricidade por fonte eólica considera a implantação de projetos onshore e offshore que têm características próprias quanto aos LCOE e impactos ambientais gerados. Assinale a alternativa correta acerca dos LCOE e dos impactos ambientais para projetos de geração eólica onshore e offshore. A Os projetos onshore apresentam LCOE mais elevadas, enquanto os offshore apresentam maiores impactos visuais e de poluição sonora. B Os projetos offshore têm uma LCOE mais baixa dos que os projetos onshore, e ambas não apresentam nenhum tipo de impacto ambiental. C Os LCOE dos projetos onshore e offshore se igualaram na última década, e ambos apresentam impactos ambientais elevados quanto à emissão de CO2. D Os LCOE dos projetos onshore e offshore apresentaram significativa redução na última década, com valores menores para o primeiro e menos impactos ambientais para o segundo. E Os impactos ambientais para a geração onshore e offshore elevaram o custo de obtenção das licenças de implantação, elevando os LCOE para a geração eólica, tornando esse tipo de projeto menos atrativo na última década. Parabéns! A alternativa D está correta. A geração onshore refere-se a projetos eólicos em terra. Esses projetos apresentam uma LCOE mais baixa que os offshore, que são instalações marítimas. Os projetos onshore têm mais impactos ambientais relacionados à poluição visual e sonora. Esses impactos são menores nos projetos offshore, pois são instalações mais remotas. 4 - E�ciência energética e a gestão energética Ao �nal deste módulo, você será capaz de analisar a e�ciência energética e a gestão energética. Vamos começar? E�ciência energética e gestão energética Neste vídeo, será apresentado o conceito de eficiência energética e os procedimentos gerais para a implantação de um programa de gestão energética em uma empresa. A e�ciência energética Como analisar a eficiência energética? A quantidade de energia que efetivamente pode ser convertida em trabalho por uma máquina elétrica ou térmica é um parâmetro importante na escolha dos melhores equipamentos para a realização de uma determinada tarefa. Nesse ponto, vamos analisar a eficiência energética e os procedimentos para a implantação de um programa de gestão energética em uma empresa. Ao nos referirmos a eficiência em termos de energia, estamos interessados na quantidade de trabalho que pode ser produzida a partir de uma quantidade de energia fornecida ao sistema. Um sistema pode ser uma geladeira, uma furadeira, uma máquina de lavar, um eletrodoméstico, um automóvel ou qualquer máquina que realize um trabalho. Assim, a eficiência é descrita como: Em termos percentuais, temos: Vamos conhecer a eficiência energética e como isso afeta a demanda de energia e a sociedade? A e�ciência no consumo de energia elétrica Eficiência = Trabalho realizado Energia fornecida → E f = W E E f (%) = W E × 100% Aparelhos ou máquinas que realizam trabalho a partir do aproveitamento de energia elétrica vêm evoluindo para uma melhor eficiência. Geladeiras mais antigas consomem mais energia para o trabalho de refrigeração do que as modernas. O mesmo ocorre com ar- condicionado, televisões, liquidificadores, ventiladores e uma infinidade de máquinas elétricas para uso doméstico, comercial e industrial. Com o avanço da tecnologia, novos materiais, designs e arquitetura interna das máquinas conseguem extrair uma maior quantidade de trabalho com menos energia, aumentando a eficiência energética. Como exemplo, uma lâmpada incandescente (que usa filamento) tem uma eficiência energética de apenas 8%. O restante 92% de energia é dispersada na forma de calor para o ambiente. No Brasil, existe um programa de etiquetagem para a eficiência energética das máquinas elétricas. A etiquetagem classifica os produtos entre os mais eficientes (A ou B) até os menos eficientes (C, D, E). Produtos mais eficientes terão um menor consumo de energia para realizar o mesmo trabalho em comparação a uma máquina elétrica menos eficiente. Veja a seguir um exemplo de etiquetagem para o consumo de energia, aplicada a uma máquina de lavar roupas. Etiquetagem indicativa de eficiência energética. Produtos mais eficientes dentro de sua categoria recebem uma etiqueta denominada selo PROCEL (Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica) de economia de energia. Essa ação foi instituída em 1994 pelo PROCEL. Observe a seguir uma imagem do selo PROCEL. Produtos que recebem essa etiqueta têm um desempenho superior em termos de eficiência energética em comparação aos produtos similares. Selo PROCEL. A e�ciência energética para veículos automotores O Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular, estabelecido pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia - Inmetro, fornece informações sobre o desempenho dos produtos, considerando atributos quanto à eficiência energética,no caso de veículos. O objetivo é contribuir na escolha dos consumidores finais quando da aquisição de produtos de forma mais consciente (BRASIL; MINISTÉRIO DA ECONOMIA, 2022). Os veículos automotores também aproveitam a energia gerada pela queima do combustível para gerar trabalho mecânico. A relação entre a quantidade de trabalho mecânico gerado e a quantidade de energia fornecida pelo combustível representa a eficiência energética do veículo. De maneira similar aos aparelhos elétricos, existe uma etiqueta de eficiência energética para os carros. Os veículos classificados como “A” e “B” são os mais eficientes. Veículos classificados como “C”, “D” e “E” apresentam menor eficiência. Etiqueta de eficiência energética em veículo. No site do Inmetro, é possível acessar as informações completas dos veículos comercializados no Brasil, possibilitando ao consumidor a oportunidade de comparar as diversas opções nos quesitos de eficiência energética, emissões e consumo. Gestão energética A energia é um insumo fundamental para assegurar o desenvolvimento econômico e social de um país. A racionalização de seu uso apresenta- se como alternativa de baixo custo e de curto prazo de implantação. Em alguns casos, economias significativas podem ser obtidas apenas com mudanças de procedimentos e de hábitos. [GUIA TÉCNICO GESTÃO ENERGÉTICA, 2014] A gestão energética gera economia, privilegia a eficiência dos recursos energéticos e impacta positivamente o meio ambiente. Programa de gerenciamento de energia em uma empresa - PGE A crise hídrica de 2001 teve como um dos resultados o gerenciamento de energia que os brasileiros fizeram em seus próprios lares. Na ocasião, tornou-se comum a troca de lâmpadas incandescentes por fluorescentes, com menor consumo, e a opção por produtos com maior eficiência de energia. De um modo amplo e gerencial, as empresas buscam um uso mais racional de sua energia. Vamos aos passos para a implantação de um programa de gerenciamento de energia em uma empresa - PGE? Um PGE ou Progen deve ser implantado a partir de quatro passos. Vamos a eles: 1 Ações de treinamento e informação com a implantação de uma Comissão Interna de Conservação de Energia (CICE). 2 Estruturação do programa com a implantação do planejamento e do controle das demandas energéticas da empresa. 3 Procedimentos operacionais de engenharia, que consistem em formalizar procedimentos e aplicar ferramentas para o alcance de uma maior eficiência energética na empresa. O PGE está amparado nos seguintes pilares que serão responsáveis por executar os passos e as ações necessárias para alcançar a maior eficiência energética: Pilares do PGE. A Direção deverá estabelecer objetivos claros e apoiar a implantação do PGE, enfatizando sua necessidade e importância, aprovando e estabelecendo metas a serem atingidas ano a ano, efetuando um acompanhamento rigoroso, confrontando os resultados obtidos com as metas previstas, analisando os desvios, propondo medidas corretivas em caso de distorções e providenciando revisões periódicas e oportunas nas previsões estabelecidas (ELETROBRAS, 2005). Vamos olhar mais de perto cada um dos passos do PGE? Implantação do Plano de Gerenciamento de Energia - PGE Para a implantação do PGE, são recomendados quatro passos. Vamos identificar as etapas para que a o gerenciamento de energia seja bem- sucedido? 4 Avaliação de resultados. Passo 1: ações de treinamento e informação Inicialmente deve ser instituída uma CICE, que será responsável pela implantação do PGE. Nesse primeiro passo, será definido um programa de treinamento, normalmente em duas etapas: Devem ser incluídos tópicos como aspectos gerais de gerenciamento de energia, conscientização para a eficiência energética, requisitos para medição de energia, métodos para acompanhar e controlar os gastos de energia, avaliação dos resultados e vista a um programa de PGE já implantado. Focado no setor de utilidades da empresa, deve incluir tópicos de manutenção para melhor eficiência energética e inserção desses aspectos no setor de qualidade da empresa. Passo 2: estruturação do programa Deve seguir a premissa geral de planejar para controlar. Uma estruturação coerente deve: identificar vetores primários e secundários; identificar parâmetros de controles; estabelecer metas de redução de consumo; estabelecer sistemas de medição. Vamos analisar cada ponto dessa estruturação: Os vetores primários representam a energia bruta adquirida pela empresa, como combustível, eletricidade, gás ou outras formas Treinamento para a gerência de energia Treinamento em nível técnico Vetores primários e secundários de suprimentos energéticos; os vetores secundários representam a forma como a energia bruta é empregada na empresa, como eletricidade para aquecimento, para iluminação; gás para aquecimento de caldeiras e geração de vapor, por exemplo. Trata-se do estabelecimento da matriz energética da empresa. São estabelecidos para cada setor consumidor de energia de uma empresa. Devem estar relacionados com possíveis variações na produção (sazonalidade) e ter uma relação entre o quanto é produzido e o quanto de energia é consumido, de forma estatística ou preferencialmente linear. Devem ser coerentes, baseadas no histórico de consumo, nos parâmetros de controle, no exemplo de outras empresas que apresentam um consumo mais racional para a mesma tarefa ou na fixação arbitrária, mas coerente de um percentual de redução de consumo para um setor (por exemplo: reduzir em 0,5% o consumo de energia elétrica de um aquecedor durante um trimestre). São sistemas adequados que devem ser capazes de mostrar a realidade de consumo após as medidas de gerenciamento de energia. A verificação dos valores de consumo mostra a efetividade do PGE. Passo 3: procedimentos operacionais e de engenharia Parâmetros de controle Metas de redução de consumo Sistemas de medição O sucesso do PGE deve ser formalizado e partir de ações concretas. Deve haver um compromisso entre todos os setores e colaboradores, e cada uma das ações deve ter um responsável. O conjunto de todas as ações formalizadas constitui os procedimentos operacionais. No que se refere aos procedimentos de engenharia, o PGE deve prever ações como: políticas de aquisição de equipamentos mais eficientes energeticamente; políticas de manutenção preventivas com foco na eficiência energética; disponibilização de planilhas de dados de consumo simplificada para técnicos e demais colaboradores; instruções de operação em situações de emergência; instruções de operação em situações rotineiras; elaboração de manuais de boas práticas de consumo de energia por setor da empresa. Devem ser formais Devem ter ações concretas As ações devem ter justificativa para serem bem aceitas Devem ser quantificados em medidas de economia de energia e financeira Estabelecem responsabilidades Devem ter comprometimento com os objetivos Dinâmicos, podendo ser alterados com inovações de tecnologia e gestão Coletivos, envolvendo todos os setores e colaboradores Devem ser bem divulgados Representam uma visão de longo prazo Devem estabelecer políticas de manutenção Devem estabelecer políticas de aquisição de equipamentos mais eficientes Devem controlar, organizar e disponibilizar de dados de consumo Devem estabelecer manuais de boas práticas por setor da empresa Devem buscar ações inovadoras para a redução de consumo Caraterísticas dos procedimentos operacionais Caraterísticas dos procedimentos de Engenharia Passo 4: avaliação de resultados Nessa etapa, devem ser verificados os resultados de consumo após um período de implantação do PGE. A verificação dos resultados pode aferir o sucesso do PGE e ainda ditar necessidades para a correção e implantação de novas ações. Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 A eficiência de um equipamento elétrico foi medidapor meio de dados de consumo do aparelho e da quantificação do trabalho realizado. Em relação ao consumo, obteve-se um valor de 10.000 joules de energia, observando-se uma dispersão na forma de calor de 4.000 joules, e o restante da energia sendo efetivamente empregado para a geração de trabalho. A respeito da eficiência energética do aparelho, assinale a alternativa correta. Parabéns! A alternativa E está correta. A eficiência de energia é a relação percentual entre o trabalho efetivamente realizado pelo equipamento e a quantidade de energia fornecida. No caso, houve o fornecimento de 10.000 J de energia. Se considerarmos que o total de trabalho é a parcela de energia que não se dispersou como calor, temos que foi realizado trabalho (W) no total de 6.000 J. Assim, a eficiência será: Questão 2 A O aparelho apresenta uma eficiência inferior a 50%. B A eficiência do aparelho é superior a 90%. C A eficiência do aparelho é de 40%. D A eficiência do aparelho é de 20%. E A eficiência do aparelho é de 60%. Ef = 6.000 J 10.000 J = 0, 6 ou 60% Na estruturação de um programa de gerenciamento de energia de uma empresa, uma importante etapa é a identificação dos vetores secundários relacionados aos insumos de energia. Assinale a alternativa correta em relação aos vetores secundários que devem ser identificados pelo PGE. Parabéns! A alternativa C está correta. O vetor secundário especifica como a energia bruta é consumida na empresa, em seus diversos equipamentos e setores. Também conhecida como a matriz energética da empresa. A Referem-se somente aos gastos de energia não relacionados com a atividade fim da empresa, ou seja, às demandas secundárias de energia. B Referem-se à quantidade de energia adquirida pela empresa em suas múltiplas formas, como gás, combustíveis líquidos e eletricidade. C Referem-se a como a energia é consumida pela empresa, como por exemplo no consumo dos equipamentos tanto elétricos como dos equipamentos que utilizam energia primária, como calor de combustão. D Referem-se a todas as atividades financeiras relacionadas à compra de energia pela empresa. E Referem-se à forma como a energia é distribuída nos diversos setores, sem levar em consideração o consumo, mas somente a etapa de distribuição. Considerações �nais As diversas fontes de geração alternativa de energia elétrica apresentam como principal vantagem a baixa ou nenhuma emissão de CO₂. Entre as fontes alternativas que se destacam, temos a energia solar e a energia eólica. Programas que incentivam o uso de fontes alternativas procuram remunerar consumidores que injetam o excedente produzido na rede de distribuição, no caso principalmente da energia solar, ou buscam financiar as fontes eólicas, as pequenas centrais hidrelétricas, as centrais de geração hidrelétrica ou as usinas térmicas que queimas biomassa, como o Proinfa, no Brasil. Além dos incentivos, há de se destacar que o custo médio para a geração de eletricidade por fonte solar e eólica apresentou uma drástica redução na última década, tornando seus projetos atrativos como investimentos no setor de energia. Para qualquer que seja a fonte de energia utilizada, um parâmetro importante a ser considerado pelos consumidores é a eficiência energética. Equipamentos mais eficientes energeticamente conseguem gerar mais trabalho com a mesma quantidade de energia utilizada, em comparação aos equipamentos menos eficientes. Em termos de uso racional de energia e do aumento da eficiência, os Programas de Gerenciamento de Energia são os instrumentos necessários para racionalizar o consumo de uma empresa. Podcast Agora, o especialista Bruno Di Lello encerra o tema falando sobre os principais tópicos abordados. Explore + Pesquise o relatório síntese do Balanço Energético Nacional - BEN- 2021, para verificar os dados acerca da contabilização da oferta, transformação e consumo final de produtos energéticos no Brasil. Pesquise o Plano Decenal de Expansão de Energia 2030, documento que indica as perspectivas da expansão do setor de energia no horizonte de dez anos para os diversos energéticos. Referências BRASIL. DOU - Diário Oficial da União. ANEEL. Resolução Normativa Nº 687/2015. Consultado na internet em: 18 mar. 2022. BRASIL. Ministério da Economia. Etiquetagem veicular. Consultado na internet em: 9 jan. 2022. BRASIL. Ministério das Minas e Energia - MME. Empresa de Pesquisas Energéticas - EPE. BEN - Relatório síntese 2021 - Ano Base 2020. Consultado na internet em: 18 mar. 2022. BRASIL. Ministério das Minas e Energia - MME. Empresa de Pesquisas Energéticas - EPE. Plano Decenal de Expansão de Energia 2030. Consultado na internet em: 18 mar. 2022. IRENA - International Renewable Energy Agency, 2019 - Wind energy. Consultado na internet em: 18 mar. 2022. IEA - International Energy Agency. Analysis and Forecast 2024, 2019. Consultado na internet em: 18 mar. 2022. IEA - International Energy Agency. Renewables 2019. Consultado na internet em: 18 mar. 2022. IEA - International Energy Agency. Renewables, 2021. Consultado na internet em: 18 mar. 2022. MONTEIRO, M.A.G.; ROCHA, L.R.R. Gestão Energética, Guia Técnico. Procel, Centrais Elétricas Brasileiras (Procel) e Fupai/Efficientia, Rio de Janeiro, 2005.Consultado na internet em: 18 mar. 2022. Material para download Clique no botão abaixo para fazer o download do conteúdo completo em formato PDF. Download material O que você achou do conteúdo? Relatar problema javascript:CriaPDF()
Compartilhar