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TCC_Docência superior em tempos de pandemia da COVID-19_Desafios e possibilidades

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DESAFIOS DA DOCÊNCIA SUPERIOR EM TEMPOS DE PANDEMIA DA COVID-19
Bárbara Sionize Neves de Oliveira*
Resumo
Desde que a pandemia do Covid-19 se instalou no mundo, ele tem provocado mudanças sociais, econômicas e políticas. O isolamento social fez com que o ensino e a docência superior enfrentassem grandes desafios, principalmente no que se refere à prática do ensino à distância, acarretando dificuldades ao processo de ensino-aprendizagem para muitos discentes, englobando aqueles que têm pouco ou nenhum acesso à tecnologia, além de constituir um tópico desafiador à sociedade atual. O estudo bibliográfico teve como objetivo levantar e abordar dados acercar dos desafios enfrentados na docência superior durante a pandemia de covid-19. Para a realização do presente trabalho foi realizada uma revisão bibliográfica a partir da seleção de artigos acadêmicos relacionados ao tema que foram encontrados na plataforma SciELO ( Scientific Electronic Library Online) que é uma biblioteca eletrônica com acervos selecionados de periódicos e artigos científicos brasileiros. E apesar das dificuldades a docência superior continua sendo realizada em tempos de pandemia com uso de artifícios tecnológicos. 
Palavras-chave: Covid-19; Formação docente; Ensino Superior; Gestão; Pandemia.
Abstract
Since the Covid-19 pandemic took over the world, it has brought about social, economic and political changes. Social isolation has made teaching and higher education face great challenges, especially with regard to the practice of distance learning, causing difficulties in the teaching-learning process for many students, including those who have little or no access to technology, in addition to being a challenging topic for today's society. The bibliographic study aimed to collect and address data about the challenges faced in higher education during the covid-19 pandemic. To carry out the present work, a bibliographic review was carried out based on the selection of academic articles related to the theme that were found on the SciELO platform (Scientific Electronic Library Online), which is an electronic library with selected collections of Brazilian scientific journals and articles. And despite the difficulties, higher education continues to be carried out in times of pandemic with the use of technological devices.
Keywords: Covid-19; Teacher training; University education; Management; Pandemic.
Introdução
O século XXI, desde seu início tem sido marcado por grandes mudanças e transformações sociais, estas, ocorridas com celeridade nas últimas décadas têm repercutido nas diversas esferas da sociedade, afetando diretamente todos os níveis de educação. Especificamente no Ensino Superior, essas transformações significam novos desafios frente ao docente e à Universidade, tendo em vista este novo modelo de sociedade, aligeirado e tecnológico.
Em março de 2020, a pandemia da COVID-19 modificou a vida do homem silenciando cidades, fechando instituições das mais diversas atividades, inclusive as educacionais. A epidemia de covid-19 constitui um tópico desafiador à sociedade atual e está ocasionando modificações sociais, econômicas, políticas e médico-sanitárias. A pandemia fortaleceu a percepção da sociedade sobre a necessidade e importância da ciência para o combate aos problemas com que ela convive e a proposição de novas soluções. 
Diante da necessidade emergencial de fechamento das instituições de ensino, muitos desafios para a continuidade da educação mundial surgiram, dentre eles: harmonização do relacionamento entre os discentes e docentes; o uso excessivo da tecnologia como ferramenta de comunicação para o ensino e aprendizagem; a dificuldade dos docentes e discentes com o uso da tecnologia digital, além de todas as dificuldades socioeconômicas de docentes, discentes, familiares, até mesmo a sociedade.
A potencialização das tecnologias nos últimos 10 anos tem mostrado a importância de repensar as práticas pedagógicas de docentes e instituições de ensino superior, que então eram vistas como tradicionais.
 Este cenário de pandemia impõe novos desafios para o ensino e a docência superior, cujos principais tópicos são elencados a seguir:
· Revisão radical da maneira de oferecer as disciplinas de graduação: tanto aos discentes e quanto as docentes que tiveram que conviver, de maneira abrupta, com ferramentas pouco utilizadas no ensino tradicional. Essa experiência demonstrou como esses meios podem ser úteis para melhorar o aprendizado. Defendo que, em uma universidade de pesquisa, seu diferencial é oferecer o ensino no ambiente de pesquisa e o relacionamento aluno e professor é imprescindível. Entretanto, o emprego de novas metodologias didáticas e ferramentas desenvolvidas para o ensino a distância demonstrou que contribui e muito para o aprimoramento das aulas presenciais.
· Internacionalização com restrição à mobilidade: a internacionalização das atividades das universidades é uma ação institucional que não pode retroceder.  Temos que formar profissionais competentes e competitivos internacionalmente e as pesquisas de ponta são necessariamente realizadas de forma globalizada. O desafio é conseguir manter essa situação, com dificuldades de mobilidade tanto dos docentes quanto dos alunos, por, provavelmente, um longo período de tempo.
· Mudança do ritmo das pesquisas: pela situação emergencial, vários grupos de pesquisa responderam às demandas de maneira muito expedita, muitas vezes com equipes multidisciplinares sem atuação conjunta prévia. Esta parceria modificou o comportamento desses docentes e pesquisadores, o que deve ser disseminado em toda a instituição. Não se está defendendo um produtivismo na pesquisa, mas a introjeção desse comportamento no sistema, no qual grupos multidisciplinares trabalham conjuntamente e até no mesmo ambiente, desde o desenvolvimento do conhecimento básico até o produto final.
Todas essas transformações não são triviais e irão demandar muito esforço para a sua consecução, além da exigência da mudança de cultura e de conceitos pré-concebidos.
A metodologia utilizada para elaboração deste trabalho foi à pesquisa
bibliográfica, pautando-se de diferentes e importantes textos que discutem a
temática abordada neste estudo.
Desenvolvimento
O Ensino Superior no Brasil assume o modelo remoto em 2020 como resultados de uma pandemia que assola e aterroriza o mundo todo, à doença Covid-19, causada pelo novo coronavírus (SARS-COV-2). Conforme Conselho Nacional de Educação, a doença pode ser definida como:
Uma pneumonia de causas desconhecidas detectada em Wuhan, China, foi reportada pela primeira vez pelo escritório da Organização Mundial da Saúde (OMS) em 31 de dezembro de 2019. O surto foi declarado como Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional em 30 de janeiro de 2020.
Sendo reconhecido o estado de calamidade pública pelo Decreto Legislativo n. 6/2020 (BRASIL, 2020), demandando um desafio a pratica da docência, no que se refere ao ensinar com uso da tecnologia digital para a implementação da transmissão de informação do ensino remoto de caráter emergencial. 
O mundo buscou alternativas diante das incertezas que a pandemia provocou, dentre elas a necessidade de isolamento social. Para tanto, os estados brasileiros foram adequando iniciativas para reduzir a circulação de pessoas e evitar aglomeração, adotando medidas regulatórias através de decretos, com foco de conter a propagação do vírus.
Perante o isolamento social a maioria das instituições de ensino, tanto as públicas quando as privadas tiveram que suspender suas aulas presenciais por tempo indeterminado para assim conter a transmissão do Coronavírus (MEC, 2020). 
Em 28 de abril de 2020 foi determinado pelo Governo Federal que todas as instituições de ensino básicas e superiores deveriam cumprir
da melhor maneira o calendário escolar letivo previsto em lei, seja de forma online ou ser integralmente repostas quando as aulas presenciais forem retomadas (MEC, 2020). 
Com isso, inicialmente todas as escolasbrasileiras foram fechadas a fim de proteger funcionários e alunos, aguardando as recomendações das entidades de saúde e do poder executivo dos entes federativos. Diante disso, Lipp (2002) afirma: (...) “Há uma pressão exercida essencialmente pelas novas tecnologias, necessitando uma adaptação sem um preparo prévio. Isso favorece a tensão, a insatisfação e a ansiedade, o que esgota o professor”.
A partir desta nova realidade, muitas Instituições de Ensino Superior, ficaram na discussão sobre utilizar ou não o “ensino remoto” e acabaram sendo vencidas pelas resistências e pré-conceitos de docentes e continuaram esperando o isolamento passar.
Deste modo, outra possibilidade de avanço na prática docente é a reflexão do trabalho pedagógico. Como já discutido e compreendido como desafio,
as constantes mudanças ocorridas na sociedade geram novas posturas ao docente universitário. Contudo, melhorias de sua prática não surgirão ao acaso, pelo contrário, a necessidade de refletir e agir em prol de melhorias é o primeiro caminho para que estas sejam garantidas. Refletir e mudar, inclusive quando as ações que vigoram o dia-a-dia dos professores são frutos de anos de prática demanda aportes teóricos específicos e esforços inesgotáveis por parte do docente. 
No documento A Framework to Guide an Education Response to the COVID-19 Pandemic of 2020, elaborado pela OCDE (2020), há indicações em relação ao que as instituições de ensino devem realizar em contexto de pandemia. Entre outros aspectos estão: repriorizar objetivos curriculares; identificar opções para recuperar o que foi perdido; identificar meios/recursos de ensino; definir papéis e expectativas de professores; criar meios de comunicação com professores e estudantes; em caso de inviabilidade do ensino on-line, identificar alternativas; definir mecanismos apropriados de avaliação dos estudantes durante a emergência; definir mecanismos adequados de aprovação e conclusão de cursos; desenvolver forma de checagem diária com cada estudante; desenvolver forma de checagem com professores; e fornecer orientações aos estudantes sobre o uso seguro das ferramentas on-line.
No Brasil, há 8,45 milhões de estudantes de graduação, sendo 75,4% matriculados em universidades privadas. Dos estudantes das universidades federais, 53,5% são de família com renda mensal per capita de até um salário mínimo; 54,6% são do sexo feminino; 51,2% são pretos, pardos ou quilombolas; e 0,9% são indígenas. Quanto às condições materiais desses estudantes, temos que 74,9% das residências têm algum tipo de acesso à Internet, sendo 98,7% do acesso feito por meio do celular. Residências que possuem microcomputador correspondem a 43,4% (IBGE, 2020). Uma vez que o Ensino Remoto Emergencial implica uso de tecnologia, é relevante que cada instituição defina que variáveis relacionadas aos estudantes precisam
ser conhecidas para que suas condições sejam caracterizadas. Sem isso, é alto o risco de exclusão de boa parte deles. Embora os dados oficiais do Inep possam indicar caracterização inicial do perfil dos estudantes, cada instituição de Ensino Superior precisará caracterizar as especificidades de seu público em particular.
No entanto, dada a nova configuração social que a pandemia produziu – com fatores como desemprego e/ou redução de salário, necessidade de cuidado dos mais idosos e crianças, realização de reuniões virtuais em casas com poucos cômodos, além de baixa qualidade ou falta de acesso à Internet (MENEZES et al., 2020) –, é necessário, também, produzir conhecimento a respeito de outros aspectos das condições de estudantes e professores para viabilizar o ensino remoto. Isso é necessário para possibilitar que os gestores tomem decisões coerentes com as condições atuais de vida das pessoas envolvidas no ensino; condições que possibilitem o atendimento de sua função.
Vivemos atualmente um grande desafio, por força e obra da realidade, um
tempo de necessária humildade, em que todos necessitam aprender e ressignificar as questões inerentes à utilização das tecnologias digitais, como parceira para a efetivação da prática docente nessa nova forma de ensinar. Dentre as novas formas de ensinar, uma das soluções adotada pelas Instituições de Ensino foi o Home Office, que apresenta alguns impactos, conforme demonstrado no quadro 1.
Quadro 1: Impactos positivos e negativos do home office.
	Positivos
	Negativos
	Flexibilidade
	Isolamento social
	Liberdade
	Sobrecarga de trabalho
	Redução de estresse devido à redução de
deslocamento
	Aumento da carga horária de trabalho
	Mais tempo com a família
	Má adaptação ao "novo"
Fonte: LabPot (2020), adaptado pelo autor.
No entanto, muitos são os desafios a serem considerados em relação à docência superior no que se refere à prática do ensinar na atualidade. Devido a impossibilidade de aprofundamento no presente texto, entendemos ser pertinente estabelecer algumas categorias em relação a estes desafios. Segundo sua natureza, identificou-se as seguintes categorias:
· Formação profissional – A formação inicial não é suficiente para o bom desempenho do trabalho docente, das aulas ministradas. A educação superior no Brasil conta ainda hoje com um número significativo de profissionais que não cursaram licenciatura e nos cursos de pós-graduação cursaram, às vezes, apenas uma disciplina de Didática do Ensino Superior ou outra equivalente como Metodologia ou Docência do Ensino Superior. A preocupação com a formação didático-pedagógica do professor tem sido objeto de investimento de algumas instituições de ensino superior, mas de forma acanhada, ainda, em alguns programas de desenvolvimento profissional de algumas instituições, como demonstra estudo de Veiga et al (2012).
· Tecnológica – O avanço tecnológico, o uso da internet, a navegação no ciberespaço, tornaram o espaço extraescolar muito mais atraente para o estudante. Nem este, nem o docente, de maneira geral, conseguiram usufruir dos benefícios que tais avanços podem proporcionar ao processo ensino-aprendizagem. Constata-se,
ainda, o uso inadequado da tecnologia na sala de aula pelo discente e docente. O primeiro usa as tecnologias como rota de fuga das experiências de sala de aula que parecem não interessar, diante da sedução das redes sociais; o segundo sente-se impotente diante da difícil e desleal disputa de espaço, nada faz além de chamar a atenção dos estudantes para a aula. O que vemos é que a tecnologia que devia estar a serviço do trabalho pedagógico, das ações dos protagonistas da aula e da reinvenção da aula como espaço-tempo de relações e interações, acaba tendo um fim em si mesma e não corrobora processos inovadores na aula.
· Didático-pedagógica – Historicamente, a aula foi trabalhada como o espaço-tempo de transmissão e reprodução do conhecimento científico acumulado pela humanidade. Nessa perspectiva, o professor transmitia o conhecimento a ser absorvido pelo discente sem questionamento. Nos dias atuais, embora haja o compromisso de muitos educadores com uma didática comprometida com a produção/construção do conhecimento, é necessário o envolvimento de todos no sentido de trabalhar a aula como um projeto colaborativo (VEIGA, 2008). No entanto, os conhecimentos didático-pedagógicos, que não são exigidos legalmente para o exercício da docência na educação superior interferem na aula. Os professores que os possuem desenvolvem a aula com a compreensão dos fundamentos teóricos e metodológicos das ciências da educação. Os que não os têm, desenvolvem um estilo pedagógico próprio e a docência pautada pelo ensaio e erro; outros desconsideram a importância dessa dimensão para o exercício da docência.
· Socioeconômico-político-histórico-cultural – Como afirma Cordeiro (2007) “por ser uma produção cultural, a aula é um espaço humanamente construído, que vem sendo ressignificado ao longo da história”. O contexto socioeconômico-político cultural é definido a partir dos determinantes históricos que elegem valores e traçam o modelo de sociedade, prevalecendo no Brasil e em países sob a égide domodo de produção capitalista, os interesses hegemônicos em detrimento do homem e das condições de vida do povo.
· Motivacional – Dificuldade em tornar a aula atraente para o aluno que a todo minuto se depara com apelos externos maiores e mais instigantes do que os encontrados na sala de aula. Outro ponto digno de ser destacado é a desvalorização da educação e do magistério pelo governo federal, distrital, estadual e municipal, pelas empresas educacionais e pela sociedade, refletindo-se no desinteresse do aluno e no desempenho do professor na sala de aula.
Os desafios apresentados, não devem ser vistos como imobilizadores do trabalho docente, ao contrário, eles devem nos provocar a buscar caminhos possíveis para pensar em inovações no modo de ensinar para atender ao perfil de discentes do ensino superior no atual contexto de sociedade. 
Outra preocupação está em como pensar na docência em tempos de pandemia, em que os docentes e discentes estabelecem outros vínculos de aproximação e as diferenças e desigualdades são cada vez mais latentes, mostrando as diferenças de acesso ao conhecimento e a outros bens necessários para sobrevivência. Segundo Hodges as discursões sobre o ensino remoto vêm se destacando como uma alterativa viável para a continuidade do ensino em tempos de pandemia. 
Desenvolver um Ensino Remoto Emergencial não implica transpor meramente o ensino presencial para o contexto remoto. Ainda que o ensino, no contexto da pandemia, tenha caráter emergencial, não pode acontecer de modo improvisado. Afinal, quando os profissionais envolvidos na educação decidem o que e como ensinar, estão contribuindo com o que as pessoas, como cidadãs e profissionais, serão capazes de fazer e como elas serão capazes de transformar a sociedade no futuro (BOTOMÉ, 1994; CARVALHO et al., 2014).
Conforme Vasconcellos e Oliveira (2011) “[...] a qualidade, da docência é um fator importante que, com frequência, tem sido ignorado pela universidade”. Compreende-se, portanto, que a qualidade da formação docente não é prioridade pelas universidades, estas que consideram qualidade, a quantidade da produção científica do docente e não a qualidade de seu ensino, sua metodologia, didática e postura coerente para a profissão de formador de professores. Nesta perspectiva “[...] a docência não entra na medida da produtividade e, portanto, não faz parte da qualidade universitária.” (CHAUÍ, 1999).
Com base nos desafios mencionados, percebe-se que a docência universitária é um campo complexo, com muitas lacunas a serem preenchidas,
muitas melhorias a serem realizadas e muitos esforços por parte dos docentes
inseridos neste espaço. Não é simples ser um mediador de aprendizagens, ainda mais quando seu trabalho não é tão valorizado quanto deveria e a demanda da sociedade vigente exige diariamente planejamento, ação e reflexão das práticas pedagógicas. Contudo, os desafios impulsionam estas reflexões para o alcance de melhorias.
É necessário compreender que não são apenas estes desafios e estas possibilidades que fazem parte do Ensino Superior e/ou da docência universitária. Coube neste momento destacar apenas alguns elementos a serem pensados e repensados. Sabe-se que desafios sempre existirão e, independente de quantos serão, a inércia docente nunca será a solução para superá-los. Por meio da reflexão e ação docente mobilizada a buscar mudanças para um processo de ensino e aprendizagem de qualidade é possível conceber os primeiros passos para a proposição de melhorias.
É preciso que a universidade repense sua história e seu papel. É preciso que os docentes nela inseridos busquem superar suas práticas em vista de
melhorias para este campo tão pouco discutido pelas políticas públicas e por
teóricos da área educacional. A sociedade em que estamos inseridos necessita um novo fazer por parte do docente, demandando estratégias motivadoras que
despertem interesse do aluno. Tratando de educação, compreende-se que os desafios são inesgotáveis, mas ao refletir para mudar e mudar para melhor é uma possibilidade fundamental que se abre para atribuir maior qualidade ao ensino.
A docência no ensino superior exigiu e exige um investimento em novas tecnologias, novas formas de ensinar e novas habilidades que vão além das técnicas exigidas por cada profissão. Aqui vale ressaltar também que o docente do ensino superior está em constante atualização. É preciso aplicar as mais novas e eficazes metodologias de ensino, conhecer as exigências do mercado de trabalho em constante mudança e preparar o futuro profissional para que esteja apto a conquistar seu espaço.
O acolhimento é um dos grandes valores nas características de um docente. Assim como o foco em qualidade, inovação, comprometimento, entre outros. O grande desafio da docência no ensino superior é, com certeza, se manter em movimento em um mundo de constante evolução. E é por isso que as Instituições de Ensino Superior devem proporcionar aos docentes uma experiência com recursos adequados e inovadores, além de garantir uma constante atualização no que quis respeito à formação docente. Tudo isso para que o profissional tenha apenas um foco: a carreira acadêmica do discente.
Os docentes são pessoas que inspiram, que lutam e que, incansavelmente, transmitem conhecimentos e experiências na formação de profissionais que atuarão no mercado de trabalho e, mais do que isto, na formação de cidadãos.
Acredita-se também que a aula faça parte de um desses desafios para docentes e discentes que convivem com uma gama imensa de apelos externos. Sob uma ótica, digamos ingênua, poderíamos até dizer que a solução para fazer frente a tais apelos, seria simplesmente trazê-los e utilizá-los na sala de aula. Os caminhos envolvem a superação de questões muito mais profundas e complexas, como a valorização da educação e do magistério pela sociedade e pelo Estado, dentre outras que vem a reboque. Portanto, a luta por outra ordem, pelo fortalecimento dos movimentos, torna-se imprescindível na construção e aplicação do conhecimento em todos os espaços da sociedade, especialmente na sala de aula.
Tal reflexão vai muito além das movimentações das Instituições de Ensino Superior para formação docente nas ferramentas tecnológicas e metodológicas de ensino, se faz necessário também a emergente discussão sobre os aspectos socioemocionais dos docentes, visto que a sala de aula é um universo de emoções, que já no ensino presencial se apresentavam com inúmeros desafios.
Conclusões
Nas últimas décadas mudanças aceleradas desencadearam a necessidade de repensar a docência em todos os níveis. No Ensino Superior, diferentes desafios são visíveis para aqueles que nela desempenham um trabalho docente. Os desafios são diversos: qualidade ruim – estrutural e metodológica –, valorização excessiva da pesquisa e desvalorização da docência, ensino ultrapassado, entre outros. 
Contudo, não são apenas as situações ruins que perpetuam e constituem o Ensino Superior. Possibilidades se abrem para aqueles que desejam melhorias e qualidade no que fazem. Algumas possibilidades foram destacadas neste estudo, sendo elas a disposição de inovações tecnológicas para melhoria do trabalho docente, a efetivação da docência por meio de um processo coletivo e emancipatório, e reflexões por parte dos docentes universitários sobre suas concepções e práticas para uma nova postura frente aos desafios emergidos.
Novos tempos, novos desafios lançados e um deles é assegurar o acesso de todos e humanizar o ambiente digital, pois ele não é neutro, ele é “meio” de organização do conhecimento, de aprendizagem, de formação profissional, mas também pessoal.
O avanço do novo coronavírus no Brasil e o estabelecimento da quarentena pelas autoridades em meados de março exigiu a adequação de diversos setores para respeitar o distanciamento social necessário, dentre eles, o de Ensino Superior. 
Há muitas dúvidas sobre quando retornar o ensino presencial, como será a metodologia de ensino devido ao risco de transmissão do vírus aos alunos e professores e a reposiçãodas aulas perdidas.
Referências
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* Pós-Graduação em Docência e Gestão do Ensino Superior da Universidade Estácio de Sá. Email: sionize@gmail.com

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