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P á g i n a | 177 ARQUIDIOCESE DE TERESINA PAROQUIA NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO DE FÁTIMA COMUNIDADE SÃO LUCAS PASTORAL DA CATEQUESE INICIAÇÃO A VIDA CRISTÃ CRISMA 2022/2024 CATEQUISTA: ADRIANO DA SILVA 33. DONS DO ESPÍRITO SANTO: TEMOR DE DEUS. P á g i n a | 178 ORAÇÃO INICIAL/FINAL (ver página 67) PALAVRA DE DEUS COMENTADA Eclesiástico 1, 1 – 27 Estes dons são graças de Deus e, só com nosso esforço, não podemos fazer com que cresçam e se desenvolvam. Necessitam de uma ação direta do Espírito Santo para podermos atuar dentro da virtude e perfeição cristã. No Espírito Santo, Terceira Pessoa da Santíssima Trindade, reside o Amor Supremo entre o Pai e o Filho. Foi pelo Divino Espírito Santo que Deus se encarnou no seio de Maria Santíssima, trazendo Jesus ao mundo para nossa salvação. Peçamos à Maria, esposa do Espírito Santo, que interceda por nós junto a Deus concedendo-nos a graça de recebermos os divinos dons, apesar de nossa indignidade, de nossa miséria. Nas Escrituras, o próprio Jesus quem nos recomenda: "Pedi e se vos dará. Buscai e achareis. Batei e vos será aberto" (Mt VII, 7s). Hugo de São Vítor, famoso mestre medieval, deixou-nos esplêndidos comentários e sermões, além da sua célebre obra “Didascalion”. Um dos seus vários opúsculos trata dos Cinco Septenários que haveria no tesouro da Igreja: ✓ os sete pedidos do Pai-Nosso; ✓ os sete vícios capitais; ✓ os sete dons do Espírito Santo; ✓ as sete virtudes; ✓ as sete Bem-Aventuranças. Poeticamente – porque esse excelente autor medieval sempre fala com poesia –, ele nos explica que os sete vícios capitais são comparáveis aos sete rios da Babilônia, que espalham todo o mal, gota a gota, por toda a terra, já que deles defluem todos os pecados. Por isso, lembra ele, a Escritura nos diz: “Junto aos rios da Babilônia nós nos assentamos e choramos, lembrando-nos de ti, ó Sião” (Sl CXXXVI, 1). Hugo de São Vítor coloca os vícios capitais em certa ordem lógica, a fim de relacioná-los com os sete pedidos do Pai-Nosso. Assim ele ordena os vícios capitais: soberba, inveja, ira, preguiça ou tristeza, avareza, gula e luxúria. 1 – Soberba versus “Santificado seja o vosso nome” e o dom do Temor de Deus O primeiro vício capital, causa primeira de todos os nossos males espirituais, é a soberba. Por esse vício atribuímos a nós mesmos, ao nosso próprio ser, a causa do bem existente em nós. Pela soberba deixamos de reconhecer a Deus como Fonte de todo o bem. Ao fazer isso, o homem deixa de amar o Bem em si mesmo para amar o bem enquanto existe nele próprio, porque existe nele. Dessa forma, o homem rompe a sua união com a Fonte do bem. Precisamos ter cuidado com o orgulho. O orgulho nos faz pensar que somos melhores que outras pessoas. O orgulhoso não se submete a Deus porque acha que seu próprio caminho é melhor. Mas no fim descobrirá que o caminho de Deus é perfeito e será humilhado. Nosso orgulho deve estar em Deus. É Deus quem nos ajuda a ter sucesso; é Deus quem nos dá talentos e sabedoria. Quando entendemos que tudo vem de Deus, teremos uma visão equilibrada de nossos sucessos, sem orgulho excessivo. Condenando a maldade do orgulho, exclama o mestre: P á g i n a | 179 “Ó peste de orgulho, que fazes tu aí? Por que persuadir o riacho a separar-se de sua fonte? Por que persuadir o raio de luz a romper sua ligação com o Sol? Por que, senão para que o riacho, cessando de ser alimentado pela fonte, seque, e o raio de luz, cortada a sua união com o Sol, se converta em treva? Por que, senão para que assim ambos, no mesmo instante em que cessam de receber o que ainda não têm, percam imediatamente aquilo mesmo que já têm?” E assim é que o homem soberbo, arvorando-se como causa do bem que Deus lhe deu graciosamente, atribui-se uma honra que só cabe a seu Criador. O soberbo rouba a glória de Deus e, fazendo isso, desencadeia sobre si todos os males. A soberba, portanto, nos despoja do próprio Deus. Por isso, a primeira petição do Pai-Nosso suplica que Deus nos conceda a graça de reconhecê-Lo sempre como a fonte de todo o bem: “Pai nosso, que estais no céu, santificado seja o vosso nome”. Isto é: que Deus seja glorificado como causa de todo bem existente em nós e em todas as suas criaturas. O riacho deve ser grato à fonte que o alimenta. O raio de luz deve reconhecer o Sol como causa de seu brilho. Só assim continuarão a correr e a iluminar. O termo “santificado”, que aparece em Mateus 6:9, tem como base o original grego hagiazo, que significa: entregar ou reconhecer, ou ser respeitado ou santificado. Isto quer dizer, que enquanto oramos devemos adorar a Deus e reconhecer Sua grandeza, Santidade e Glória. Na cultura moderna, é muito comum que os filhos tratem mal a seus pais. Sejam desrespeitosos, arrogantes e “malcriados”. Na oração do Pai nosso, Jesus nos ensina que embora seja nosso Pai, Deus deve ser adorado, respeitado e reverenciado. Enquanto oramos, temos a oportunidade de dizer ao nosso Pai, tudo quanto Ele é. Isto gera em nós fé, confiança e além disso temos o privilégio de nos unir ao grande número de seres celestiais que o adoram na beleza da Sua santidade. A primeira petição refere-se ao nosso desejo de que Deus seja exaltado em nossas vidas e através dela. Deve haver em nós o anelo sincero de que outras pessoas o conheçam; conheçam a Sua bondade e sejam transformados por Sua santidade. Na primeira petição da oração que nos foi ensinada pela própria Sabedoria encarnada, rogamos que Deus nos conceda a compreensão e o reconhecimento da Sua excelência e transcendência, e que assim, por meio do dom do Temor de Deus Altíssimo, sejamos humildes e curemos a enfermidade do nosso orgulho. O orgulho é em nós uma doença grave que gera sempre outros males e enfermidades. Ele nos faz amar o bem que Deus nos concedeu como se fosse nosso, produzido, em nós, por nós mesmos. É o orgulho que faz o riacho julgar-se fonte e o raio de luz julgar-se o Sol. 1 - Temor de Deus Teme a Deus quem procura praticar os seus mandamentos com sinceridade de coração. Como nos diz as Escritura, devemos buscar em primeiro lugar o reino de Deus, e o resto nos será dado por acréscimo. O mundo muitas vezes sufoca e obscurece o coração. Todas as vezes que transigências fizemos às tentações, com certeza desprezamos a Deus Nosso Senhor. Quantas vezes preferimos a causa dos bens miseráveis deste mundo e esquecemo- nos de Deus! Quantas vezes tememos mais a justiça dos homens do que a justiça de Deus! Santo Anastácio a este respeito dizia: "A quem devo temer mais, a um homem mortal ou a Deus, por quem foram criadas todas as coisas?". Não esqueçamos, portanto, de pedir ao Deus Espírito Santo a graça de estarmos em sintonia diária com os preceitos do Criador. Por P á g i n a | 180 este divino dom, torna-se Deus a pessoa mais importante em nossa vida, onde a alma docemente afasta-se do erro pelo temor em ofendê-Lo com nossos pecados. Ter temor de Deus é respeitar o poder e a santidade de Deus. Quem tem temor a Deus quer agradá-lo. O temor de Deus nos ajuda a viver de maneira correta, escolhendo fazer o que é certo. Ter temor a Deus é uma atitude sábia. A pessoa que não tem temor a Deus não se preocupa em fazer o bem. Mas Deus não castiga, o pecado cometido traz consigo diversas consequências. Quem respeita a Deus evita o pecado e o castigo que ele traz como consequência. Mas Deus também perdoa quem se arrepende e se volta para ele. Por isso, ele merece ainda mais respeito.
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