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ENCONTRO (34)


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ARQUIDIOCESE DE TERESINA 
PAROQUIA NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO DE FÁTIMA 
COMUNIDADE SÃO LUCAS 
PASTORAL DA CATEQUESE 
INICIAÇÃO A VIDA CRISTÃ CRISMA 2022/2024 
CATEQUISTA: ADRIANO DA SILVA 
 
35. DONS DO ESPÍRITO SANTO: 
CIÊNCIA. 
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ORAÇÃO INICIAL/FINAL (ver página 67) 
 
PALAVRA DE DEUS COMENTADA 
Colossenses 2, 8; Sabedoria 7, 15 – 21 
 
Estes dons são graças de Deus e, só com nosso esforço, não podemos fazer com que cresçam 
e se desenvolvam. Necessitam de uma ação direta do Espírito Santo para podermos atuar 
dentro da virtude e perfeição cristã. 
No Espírito Santo, Terceira Pessoa da Santíssima Trindade, reside o Amor Supremo entre o 
Pai e o Filho. Foi pelo Divino Espírito Santo que Deus se encarnou no seio de Maria 
Santíssima, trazendo Jesus ao mundo para nossa salvação. Peçamos à Maria, esposa do 
Espírito Santo, que interceda por nós junto a Deus concedendo-nos a graça de recebermos os 
divinos dons, apesar de nossa indignidade, de nossa miséria. Nas Escrituras, o próprio Jesus 
quem nos recomenda: "Pedi e se vos dará. Buscai e achareis. Batei e vos será aberto" (Mt 
VII, 7s). 
Uma reflexão medieval profundamente inspirada sobre 3 dos 5 septenários do Tesouro da 
Igreja! 
Hugo de São Vítor, famoso mestre medieval, deixou-nos esplêndidos comentários e sermões, 
além da sua célebre obra “Didascalion”. Um dos seus vários opúsculos trata dos Cinco 
Septenários que haveria no tesouro da Igreja: 
✓ os sete pedidos do Pai-Nosso; 
✓ os sete vícios capitais; 
✓ os sete dons do Espírito Santo; 
✓ as sete virtudes; 
✓ as sete Bem-Aventuranças. 
Poeticamente – porque esse excelente autor medieval sempre fala com poesia –, ele nos 
explica que os sete vícios capitais são comparáveis aos sete rios da Babilônia, que espalham 
todo o mal, gota a gota, por toda a terra, já que deles defluem todos os pecados. Por isso, 
lembra ele, a Escritura nos diz: 
3 – Ira ou cólera versus “Seja feita a vossa vontade, assim na terra como no céu” e o 
dom da Ciência 
Consideramos então que o Criador reparte mal os Seus bens, e que nos fez injustiça. Por isso, 
caímos em cólera contra Ele. A ira é então a filha da inveja. Ela nos leva a revoltar-nos contra 
Deus como justo distribuidor dos bens. 
A soberba despoja o homem de Deus. A inveja o separa e despoja dos demais homens. A 
cólera (ira) o despoja de si mesmo, fazendo-o perder o controle e o domínio do próprio ser. 
Porque o colérico tem raiva de Deus, a quem acusa de repartir injustamente os Seus bens, e se 
enraivece contra si mesmo, porque vê que não possui todo o bem e percebe seus defeitos e 
limitações. 
A cólera (ira) leva então o homem a ter raiva de Deus, dos outros e, enfim, de si mesmo. Com 
raiva de si mesmo, o homem, doente pelo vício da cólera, começa a detestar até o bem que tem 
em si. 
A ira (cólera) é um sentimento muito forte, difícil de controlar. Todos ficamos zangados em 
certas situações, mas não podemos deixar a ira nos dominar. Quem não se controla quando 
está irado pode muito facilmente cometer pecado. 
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A Bíblia diz para entregarmos a ira a Deus. Deus fará justiça. Quando nos sentimos muito 
zangados, devemos pedir ajuda a Deus para nos acalmarmos e reagirmos da maneira certa. 
Por todas estas razões é que Nosso Senhor colocou como terceira petição do Pai-Nosso “Seja 
feita a vossa vontade, assim na terra como no céu”. 
Ao orar pedindo: “seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu” (Mateus 6:10). Estamos 
dizendo a Deus que sobretudo, Sua vontade é o mais importante para nós. 
No Pai nosso, Jesus deseja que a vontade do Senhor seja manifesta e respeitada, na Terra, tanto 
quanto ela é no céu. 
Ou seja, o Senhor se aflige ao ver a humanidade caminhando cada vez mais para longe dele. 
O ser humano está cada vez mais distante de seu Criador. Não respeita a Bíblia Sagrada, o 
casamento entre homem e mulher, a justiça e nem o amor ao próximo. 
A vontade de Deus é preciosa. O apóstolo Paulo a descreve como “boa, agradável e perfeita 
vontade de Deus”. (Romanos 12:2). Quando o Senhor nos incentiva a orar sobre a vontade de 
Deus, ele está nos orientando a viver o melhor desta vida. Uma vida abundante! 
É a conformação com a vontade de Deus que nos permite vencer o vício da cólera. Quando 
pedimos sinceramente a Deus, no Pai-Nosso, que nos conformemos com a Sua Santíssima 
Vontade, Ele nos concede então o dom da Ciência, através do qual somos instruídos e 
compreendemos que os males que nos advêm são decorrências da justiça e de um castigo 
misericordioso de nossos pecados. Compreendemos que devemos aceitá-los com paciência e 
não com revolta. E compreendemos ainda que os bens alheios são fruto da generosa 
misericórdia e justiça de Deus, a qual visa sempre a Sua maior glória e também o nosso maior 
bem. 
O colérico, no entanto, não tendo o dom da Ciência, não reconhece que mereceu o castigo que 
sofre – e se revolta. Já quem tem o dom da Ciência tudo suporta e é consolado. 
Caindo nesta terceira enfermidade, a da cólera, o homem já não possui, em si, nenhum motivo 
de alegria nem de consolação. Como não quis tirar do bem alheio a alegria, o invejoso caiu na 
tristeza e no autossuplício da cólera, que o flagela depois que foi despojado de Deus, do 
próximo e de si mesmo. 
3 – Ciência -Nos torna capazes de aperfeiçoar a inteligência, onde as verdades reveladas e as 
ciências humanas perdem a sua inerente complexibilidade. Nossas habilidades com as coisas 
acentuam-se progressivamente em determinadas áreas, conforme nossas inclinações culturais 
e científicas, sempre segundo os desígnios divinos, mesmo que não nos apercebamos disso. 
Todo o saber vem de Deus. Se temos talentos, deles não nos devemos orgulhar, porque de 
Deus é que os recebemos. Se o mundo nos admira, bate aplausos aos nossos trabalhos, a Deus 
é que pertence esta glória, a Deus, que é o doador de todos os bens. 
O dom da ciência nos faz entender também que toda criatura, por mais bela que seja, é sempre 
insuficiente para satisfazer o coração do homem. Ele sente que foi criado para o infinito e só 
em Deus pode ter descanso. Santo Agostinho disse, nas suas confissões, que seu coração estava 
inquieto e que só encontraria repouso em Deus. Por isso, muitos homens e mulheres, que, 
como Santo Agostinho, viveram uma vida dissoluta, sem Deus, converteram-se ao Senhor 
depois que experimentaram o vazio de uma vida sem Ele. Tal foi o caso de São Francisco 
Borja († 1572), que ao contemplar o cadáver da rainha Isabel, exclamou: “Não voltarei a servir 
a um senhor que possa morrer!”. 
O dom da ciência infusa nos imuniza de ignorância das coisas de Deus. Adão, no paraíso, 
conhecia as verdades de ordem religiosa e filosófica para que orientasse a sua conduta e 
educasse devidamente os seus filhos (cf. Eclo 17,1-8). Santo Agostinho e São Tomás de