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P á g i n a | 185 ARQUIDIOCESE DE TERESINA PAROQUIA NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO DE FÁTIMA COMUNIDADE SÃO LUCAS PASTORAL DA CATEQUESE INICIAÇÃO A VIDA CRISTÃ CRISMA 2022/2024 CATEQUISTA: ADRIANO DA SILVA 35. DONS DO ESPÍRITO SANTO: CIÊNCIA. P á g i n a | 186 ORAÇÃO INICIAL/FINAL (ver página 67) PALAVRA DE DEUS COMENTADA Colossenses 2, 8; Sabedoria 7, 15 – 21 Estes dons são graças de Deus e, só com nosso esforço, não podemos fazer com que cresçam e se desenvolvam. Necessitam de uma ação direta do Espírito Santo para podermos atuar dentro da virtude e perfeição cristã. No Espírito Santo, Terceira Pessoa da Santíssima Trindade, reside o Amor Supremo entre o Pai e o Filho. Foi pelo Divino Espírito Santo que Deus se encarnou no seio de Maria Santíssima, trazendo Jesus ao mundo para nossa salvação. Peçamos à Maria, esposa do Espírito Santo, que interceda por nós junto a Deus concedendo-nos a graça de recebermos os divinos dons, apesar de nossa indignidade, de nossa miséria. Nas Escrituras, o próprio Jesus quem nos recomenda: "Pedi e se vos dará. Buscai e achareis. Batei e vos será aberto" (Mt VII, 7s). Uma reflexão medieval profundamente inspirada sobre 3 dos 5 septenários do Tesouro da Igreja! Hugo de São Vítor, famoso mestre medieval, deixou-nos esplêndidos comentários e sermões, além da sua célebre obra “Didascalion”. Um dos seus vários opúsculos trata dos Cinco Septenários que haveria no tesouro da Igreja: ✓ os sete pedidos do Pai-Nosso; ✓ os sete vícios capitais; ✓ os sete dons do Espírito Santo; ✓ as sete virtudes; ✓ as sete Bem-Aventuranças. Poeticamente – porque esse excelente autor medieval sempre fala com poesia –, ele nos explica que os sete vícios capitais são comparáveis aos sete rios da Babilônia, que espalham todo o mal, gota a gota, por toda a terra, já que deles defluem todos os pecados. Por isso, lembra ele, a Escritura nos diz: 3 – Ira ou cólera versus “Seja feita a vossa vontade, assim na terra como no céu” e o dom da Ciência Consideramos então que o Criador reparte mal os Seus bens, e que nos fez injustiça. Por isso, caímos em cólera contra Ele. A ira é então a filha da inveja. Ela nos leva a revoltar-nos contra Deus como justo distribuidor dos bens. A soberba despoja o homem de Deus. A inveja o separa e despoja dos demais homens. A cólera (ira) o despoja de si mesmo, fazendo-o perder o controle e o domínio do próprio ser. Porque o colérico tem raiva de Deus, a quem acusa de repartir injustamente os Seus bens, e se enraivece contra si mesmo, porque vê que não possui todo o bem e percebe seus defeitos e limitações. A cólera (ira) leva então o homem a ter raiva de Deus, dos outros e, enfim, de si mesmo. Com raiva de si mesmo, o homem, doente pelo vício da cólera, começa a detestar até o bem que tem em si. A ira (cólera) é um sentimento muito forte, difícil de controlar. Todos ficamos zangados em certas situações, mas não podemos deixar a ira nos dominar. Quem não se controla quando está irado pode muito facilmente cometer pecado. P á g i n a | 187 A Bíblia diz para entregarmos a ira a Deus. Deus fará justiça. Quando nos sentimos muito zangados, devemos pedir ajuda a Deus para nos acalmarmos e reagirmos da maneira certa. Por todas estas razões é que Nosso Senhor colocou como terceira petição do Pai-Nosso “Seja feita a vossa vontade, assim na terra como no céu”. Ao orar pedindo: “seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu” (Mateus 6:10). Estamos dizendo a Deus que sobretudo, Sua vontade é o mais importante para nós. No Pai nosso, Jesus deseja que a vontade do Senhor seja manifesta e respeitada, na Terra, tanto quanto ela é no céu. Ou seja, o Senhor se aflige ao ver a humanidade caminhando cada vez mais para longe dele. O ser humano está cada vez mais distante de seu Criador. Não respeita a Bíblia Sagrada, o casamento entre homem e mulher, a justiça e nem o amor ao próximo. A vontade de Deus é preciosa. O apóstolo Paulo a descreve como “boa, agradável e perfeita vontade de Deus”. (Romanos 12:2). Quando o Senhor nos incentiva a orar sobre a vontade de Deus, ele está nos orientando a viver o melhor desta vida. Uma vida abundante! É a conformação com a vontade de Deus que nos permite vencer o vício da cólera. Quando pedimos sinceramente a Deus, no Pai-Nosso, que nos conformemos com a Sua Santíssima Vontade, Ele nos concede então o dom da Ciência, através do qual somos instruídos e compreendemos que os males que nos advêm são decorrências da justiça e de um castigo misericordioso de nossos pecados. Compreendemos que devemos aceitá-los com paciência e não com revolta. E compreendemos ainda que os bens alheios são fruto da generosa misericórdia e justiça de Deus, a qual visa sempre a Sua maior glória e também o nosso maior bem. O colérico, no entanto, não tendo o dom da Ciência, não reconhece que mereceu o castigo que sofre – e se revolta. Já quem tem o dom da Ciência tudo suporta e é consolado. Caindo nesta terceira enfermidade, a da cólera, o homem já não possui, em si, nenhum motivo de alegria nem de consolação. Como não quis tirar do bem alheio a alegria, o invejoso caiu na tristeza e no autossuplício da cólera, que o flagela depois que foi despojado de Deus, do próximo e de si mesmo. 3 – Ciência -Nos torna capazes de aperfeiçoar a inteligência, onde as verdades reveladas e as ciências humanas perdem a sua inerente complexibilidade. Nossas habilidades com as coisas acentuam-se progressivamente em determinadas áreas, conforme nossas inclinações culturais e científicas, sempre segundo os desígnios divinos, mesmo que não nos apercebamos disso. Todo o saber vem de Deus. Se temos talentos, deles não nos devemos orgulhar, porque de Deus é que os recebemos. Se o mundo nos admira, bate aplausos aos nossos trabalhos, a Deus é que pertence esta glória, a Deus, que é o doador de todos os bens. O dom da ciência nos faz entender também que toda criatura, por mais bela que seja, é sempre insuficiente para satisfazer o coração do homem. Ele sente que foi criado para o infinito e só em Deus pode ter descanso. Santo Agostinho disse, nas suas confissões, que seu coração estava inquieto e que só encontraria repouso em Deus. Por isso, muitos homens e mulheres, que, como Santo Agostinho, viveram uma vida dissoluta, sem Deus, converteram-se ao Senhor depois que experimentaram o vazio de uma vida sem Ele. Tal foi o caso de São Francisco Borja († 1572), que ao contemplar o cadáver da rainha Isabel, exclamou: “Não voltarei a servir a um senhor que possa morrer!”. O dom da ciência infusa nos imuniza de ignorância das coisas de Deus. Adão, no paraíso, conhecia as verdades de ordem religiosa e filosófica para que orientasse a sua conduta e educasse devidamente os seus filhos (cf. Eclo 17,1-8). Santo Agostinho e São Tomás de