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Trabalho G1 em PDF respondido

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Fundação Escola Superior do Ministério Público 
Jorge Henrique da Silva Lima 
Direito Civil IV – Conrado da Rosa 
 
1) Nessa configuração, quem seriam os herdeiros de João? Maria teria algum direito no patrimônio do 
falecido? (0,5 pontos) 
Frente à ordem de vocação hereditária prevista no art. 1.829 do Código Civil, são herdeiros de João, apenas, 
seus filhos e os filhos de Antônio (Lucas, Otávio e Carlos), uma vez que Maria, casada com João pelo regime 
supletivo de bens em 1967, a saber: o regime de comunhão universal de bens, não concorre com os filhos 
na herança do falecido, dispondo; no entanto, do direito de meação. 
In casu, quanto aos filhos do de cujus, o recebimento da herança se dará por direito próprio; no entanto, 
os filhos de Antônio, possuem direito à herança por representação a seu pai, que é pré-morto, forte no art. 
1.851 do Código Civil. 
Assim, a herança se limitará a ser passada aos quatro filhos vivos de João e aos três netos, filhos de seu filho 
pré-morto, forte na disposição do art. 1.833 do Código Civil, não passando aos irmãos ou aos outros netos 
do de cujus. 
2) Caso Marcelo queira abrir mão de parte da sua herança em favor do sobrinho Henrique, de que forma 
ele poderia perfectibilizar essa vontade? É possível que Marcelo abra de toda sua herança em favor do 
sobrinho, ou apenas de parte dela? (0,5 pontos) 
Marcelo poderá abrir mão de sua quota parte da herança em favor de seu sobrinho Henrique por meio do 
instituto da cessão de direitos hereditários, previsto no art. 1.793 do Código Civil, a ser realizado por 
escritura pública. Diferente do instituto da renúncia, a cessão de direitos é um contrato bilateral em que há 
a transferência da totalidade ou de frações da herança a um cessionário específico. Importante ressaltar 
que Marcelo pode doar toda sua herança, mas não pode doar toda a herança, ou seja, poderá doar o 
quinhão da herança que lhe pertence e que lhe é disponível, razão pela qual a previsão do §2º do art. 1.793, 
que prevê como ineficaz a cessão sobre qualquer bem da herança considerado singularmente. Ainda, de se 
ressaltar que resta, no caso, respeitado o direito de preferência, nos termos do art. 1.794 do Código Civil. 
3) Supondo que os herdeiros descobrissem, após a morte de João, que Luciana caluniou o pai em juízo, 
eles poderiam afastá-la da sucessão, de modo que não receberia herança? Qual meio apropriado para a 
exclusão da herança, nesse caso? Caso Luciana fosse excluída, como ficaria a sucessão de João, quem 
seriam os herdeiros? (1 ponto) 
Sim, é possível afastar Luciana da sucessão, fazendo-a não receber a herança. O meio apropriado para que 
isso ocorra é com o ajuizamento de uma ação declaratória de indignidade, a fim de declarar a indignidade 
de Luciana, a qual é uma das formas de exclusão da sucessão e possui prazo de quatro anos desde a morte 
do de cujus (§1º do art. 1815), ou, aplicando-se a teoria da actio nata, de desde o dia em que ocorrida a 
ciência da indignidade. No caso, Luciana poderá ser declarada indigna pois acusou caluniosamente, em 
juízo, o autor da herança, incidindo na previsão do art. 1.814, II, do Código Civil. Tal indignidade será 
declarada em sentença e poderá ser ajuizada pelos demais herdeiros, ou pelo Ministério Público, nos casos 
do inciso I do art. 1.814 do Código Civil. 
Considerando que os efeitos da sentença de declaração de indignidade são pessoais, ou seja, não 
ultrapassam a pena do ofensor, os filhos do herdeiro indigno receberão a herança em seu lugar, como se 
Luciana estivesse morta no momento da morte do de cujus, nos termos do art. 1.816 do Código Civil. 
Assim, sendo Luciana excluída da sucessão, seriam herdeiros de João: seus outros três filhos vivos (Marcelo, 
Francisco e Marta), duas netas, filhas de Luciana (Helena e Giovana) e os filhos de Antônio, pré-morto, 
(Lucas, Otávio e Carlos). 
Por fim, de se ressaltar que não é causa de deserdação, pois João já estava morto e não manifestou esse 
interesse em clausula testamentária deserdatória.

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