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Lei de Migracao

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LEI DE MIGRAÇÃO BRASILEIRA (nº 13.445/2017)
Um marco importante na legislação brasileira foi a aprovação da nova Lei de
Migração (nº 13.445/2017), que trata o movimento migratório como um direito
humano e garante ao imigrante, em condição de igualdade com os nacionais, a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à segurança e à propriedade. A Lei tem
como princípios a universalidade dos direitos humanos, o repúdio e a prevenção à
xenofobia, ao racismo e a qualquer tipo de discriminação, não criminalizando a
migração. Garante a igualdade de tratamento e de oportunidade ao migrante, além
de inclusão social, laboral e produtiva através de políticas públicas. Tem também
como princípio o repúdio a práticas de expulsão e deportação coletivas.
O texto da nova lei de migração, que substitui o Estatuto do Estrangeiro, criado
em 1980, estabelece novos princípios sobre não discriminação, combate à
homofobia e igualdade de direitos. A lei é bastante inovadora e está em
consonância com obrigações internacionais assumidas pelo Brasil. A antiga lei
adotava uma postura de segurança nacional e de criminalização do estrangeiro.
As primeiras manifestações de uma política migratória brasileira remontam ao
Império e ao início da República, quando começam a se fortificar ideias de
branqueamento racial e o combate à imigração de algumas etnias, como negros,
asiáticos ou indígenas.
Publicada com 18 vetos em 25 de maio de 2027, a nova lei é decorrente de
substitutivo da Câmara dos Deputados a projeto do senador licenciado Aloysio
Nunes Ferreira (PSDB-SP), que teve como relator Tasso Jereissati (PSDB-CE).
Segundo o consultor legislativo Tarciso Dal Maso Jardim, a nova lei considera o
migrante como um sujeito de direitos no sentido mais amplo possível, incluindo o
brasileiro que sai para o exterior, e acolhe todos os tratados ratificados e absorvidos
pelo regime constitucional brasileiro.
Para o consultor, um dos grandes valores da Lei de Migração é o direito à defesa
e à segurança jurídica, visto que as legislações precedentes autorizaram a retirada
compulsória do país, caso o estrangeiro fosse considerado nocivo, inconveniente ou
se ofendesse a tranquilidade e a moralidade.
Segundo dados divulgados pelo Comitê Nacional para os Refugiados (CONARE)
na 4º edição do relatório Refúgio em Números, o Brasil reconheceu, apenas em
2018, um total de 1.086 refugiados de diversas nacionalidades. Com isso, o país
atinge a marca de 11.231 pessoas reconhecidas como refugiadas pelo Estado
brasileiro. Desse total, os sírios representam 36% da população refugiada com
registro ativo no Brasil, seguidos dos congoleses, com 15%, e angolanos, com 9%.
Como já sabido, ao substituir o Estatuto do Estrangeiro e instituir uma perspectiva
da migração pautada nos direitos humanos com o repúdio à xenofobia, ao racismo e
a quaisquer formas de discriminação como um de seus princípios, a nova Lei de
Migração estabeleceu um novo paradigma para o Brasil. Entre as mudanças estão:
1. Regularização Migratória: a promoção da entrada regular e da regularização
é estabelecida como princípio. A Nova Lei também assegura a isenção de
taxas para emissão de documentos para migrantes sem condições
financeiras;
2. Visto Humanitário: estabelece cinco tipos de visto para ingressar ou
permanecer no Brasil, entre eles o temporário, concedido, por exemplo, em
caso de acolhida humanitária a apátridas ou migrantes de qualquer país “em
situação de grave ou iminente instabilidade institucional, de conflito armado,
de calamidade de grande proporção, de desastre ambiental ou de grave
violação de direitos humanos ou de direito internacional humanitário, ou em
outras hipóteses, na forma de regulamento”.
3. Políticas Públicas: o acesso igualitário e livre do migrante a serviços,
programas e benefícios sociais, bens públicos, educação, assistência jurídica
integral pública, trabalho, moradia, serviço bancário e seguridade social é um
princípio da nova lei.
4. Participação em protestos e organização sindical: o direito à mobilização era
proibido pelo Estatuto do Estrangeiro. A nova lei estabelece como direitos a
reunião de migrantes para fins pacíficos e de associação, inclusive sindical,
para fins lícitos.
5. Sem extradição para crime político ou de opinião: assim como a Constituição
de 1988, a nova lei determina que não haverá extradição por crime político ou
de opinião, da mesma forma como proíbe que refugiados ou asilados sejam
extraditados.
Em suma, a Lei e sua regulamentação trarão aos migrantes que vivem no Brasil um
tratamento mais digno e os transformarão em cidadãos plenos de direitos, como o
são, pois contribuem na construção de nosso país. O que seria do Brasil se não
fossem as diversas comunidades de migrantes que vieram desde 1.500? Não
podemos impedir a busca por melhores condições de vida e de trabalho pelos
migrantes.

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