Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
CURSO DE PÓS GRADUAÇÃO STRICTO SENSU PROGRAMA DE MESTRADO EM DIREITO ECONÔMICO E DESENVOLVIMENTO Handout do Artigo sobre: Migrações no Brasil e a Lei Nº 13.445/2017 Disciplina: Direito Internacional Professor: Sidney Guerra Mestranda: Elaine Alves Barbosa Rio de Janeiro 2019 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO, 2. BREVE HISTÓRICO DA IMIGRAÇÃO NO BRASIL, 3. OS PRINCIPAIS ÓRGÃOS VINCULADOS À APLICAÇÃO DA LEI DE MIGRAÇÃO, 4. PRINCÍPIOS, DIRETRIZES E GARANTIAS DA POLÍTICA MIGRATÓRIA, 5. DO INGRESSO DO IMIGRANTE NO BRASIL E OS DOCUMENTOS NECESSÁRIOS, APÓS A LEI DE MIGRAÇÃO, 5.1. Residência, 5.2 Asilo, 5.3 Refúgio, 6. O BRASIL DE “BRAÇOS ABERTOS” PARA OS REFUGIADOS SÍRIOS, 7. A APLICAÇÃO DA DIGNIDADE HUMANA NO ENFRENTAMENTO DA CRISE IMIGRATÓRIA E A CONDIÇÃO DOS REFUGIADOS VENEZUELANOS NO BRASIL, 8. A SITUAÇÃO JURÍDICA DOS REFUGIADOS HAITIANOS NO BRASIL E A QUESTÃO DOS REFUGIADOS AMBIENTAIS. 9. CONCLUSÃO. 10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS. RESUMO O presente artigo tem como objetivo analisar o fenômeno dos fluxos migratórios mistos, considerando seus impactos na sociedade brasileira, inclusive no que tange ao desenvolvimento econômico, tendo em vista o crescente número de imigrantes em várias regiões do Brasil e de emigrantes brasileiros procurando novas oportunidades em terras estrangeiras, como Portugal. Além disso, tratará da delicada e cada vez mais atual, necessidade de atenção à problemática situação sobre o reconhecimento das solicitações de refúgio, seu enquadramento jurídico no Brasil após a Lei nº 13.445/17 e outras questões trazidas pela adaptação da nova lei de migração em nosso país, tendo também, como pano de fundo, as normas internacionais sobre o tema. Palavras-chave: direito internacional, desenvolvimento econômico, lei de migração. 1 1. Introdução O presente artigo teve sua confecção motivada no estudo da legislação que ampara a migração em nosso país. A Lei nº 13.445 de 24 de maio de 2017, Lei de Migração (LDM), trouxe um novo conceito ao cidadão não brasileiro que ingressa no Brasil. A concepção do estrangeiro foi substituída por um novo tratamento, seguido de novas abordagens e direitos, aplicadas assim ao Imigrante. A forma como o migrante é tratado, mundialmente, sempre envolveu questões políticas, econômicas e sociais que afetam sua condição jurídica a cada época e lugar. Os fluxos migratórios em cada região condizem com a política migratória aplicada às necessidades de cada local. A Lei nº 6.815 de 19 de agosto de 1980, antigo Estatuto do Estrangeiro, revogada pela Lei de Migração, foi criada durante o regime militar. Naquela época a migração não era tratada de forma específica, era apenas uma questão de segurança nacional e, portanto, não havia o olhar humanitário e a preocupação com a ordem política e social que se convém ter hoje. Esse pensamento, na época, no cenário internacional, ainda estava engatinhando. O entendimento em se preocupar com a questão humanitária é claramente evidenciado nas situações de conflitos armados, perseguições contra grupos minoritários e tráfico de pessoas, quando através da legislação aplicável ao tema é visada a proteção do imigrante, deixando de enxerga-lo como uma ameaça, visão essa, que lhe era atribuída no Estatuto do Estrangeiro. Nessa toada, o emigrante que antes também era visto de forma preconceituosa, como consequência da precariedade do bem-estar social atual, hoje também é encarado como contribuinte do desenvolvimento econômico, tendo em vista a sua especialização profissional. Ocorre que em alguns momentos históricos, a imigração foi bem recebida pelo mundo, como no caso da reconstrução dos países europeus após a Segunda Guerra Mundial, no entanto, posteriormente, devido ao cenário do mercado financeiro global, ao 2 terrorismo e outras questões regionais e culturais, foi reforçada em escala global o discurso já existente de securitização das políticas migratórias e, consequentemente, a aplicação, com maior rigor no controle das fronteiras com o objetivo de solucionar (de forma precária) a imigração irregular. Apesar do engajamento dos Organismos Internacionais em criar normas legais sobre o tema, que possuam como base o respeito aos direitos humanos e, consequentemente, priorize a vida, a mídia mundial vem mostrando cada vez mais a intolerância aos imigrantes, com destaque maior em relação aos países europeus e ao Estados Unidos. Em contrapartida o Brasil se mostra receptivo aos imigrantes, se preocupando em acolhe-los. Um exemplo disso é o art. 123 da Lei de Migração que prevê: “Ninguém será privado de sua liberdade por razões migratórias, exceto nos casos previstos nesta Lei.” A LDM trouxe mudanças significativas para a questão dos não nacionais, estabelecendo conceitos que diferenciam a condição jurídica desses, como: imigrante, emigrante, residente fronteiriço, visitante e apátrida (art. 1º). Permitindo também, em algumas situações, a transformação do visto e, consequentemente, um tratamento contrário ao atribuído no ingresso do estrangeiro (inc. XV, art. 3º). Por todas essas e outras prerrogativas atribuídas aos não nacionais, o Brasil, através da criação da atual Lei de Migração, vem mostrando respeito e coerência com os rumos do ordenamento jurídico internacional sobre a matéria, que caminha em prol da vida e dignidade humana. 2. Breve Histórico da Imigração no Brasil: • 1530 – Inicia-se a imigração dos colonos Portugueses. • 1534 – Início da formação das Capitanias Hereditárias. • 1539 – Chegada dos africanos para ocupar a Capitania Hereditária de Pernambuco. 3 • 1580 a 1640 – Início da política de imigração de núcleos coloniais, trazendo incialmente franceses, espanhóis, holandeses, sendo muitos judeus. • 1850 a 1888 – É marcado por medidas contra a escravatura e o tráfico de escravos. • 1872 a 1929 – Momento importante da imigração italiana. Chegada de 4,1 milhões de imigrantes. Ressaltando a chegada de japoneses, ingleses, russos, poloneses, franceses, gregos e austríacos. • 1934 a 1937 – Políticas de Cotas. Os imigrantes são proibidos de quaisquer atividades políticas, associativas, manifestação cultural, inclusive o uso da própria língua pátria do imigrante. • 1945 – Política de flexibilização para acolher refugiados e deslocados da Segunda Guerra Mundial. • 1969 a 1980 – Estatuto do Estrangeiro adota a política da ideologia da segurança nacional. • 1988 – A Carta Magna prevê a criação de lei ordinária, para tratar do tema e estabelece que todos os residentes no país terão seus direitos fundamentais resguardados e serão beneficiados por políticas sociais. • 2000 a 2010 – A maior parte dos imigrantes deste período são originários do EUA, Japão, Paraguai, Bolívia e Europa. • 2010 – Inicia-se a imigração de haitianos para o nosso país. Nesse seguimento, no que tange ao ordenamento jurídico internacional e brasileiro, cabe destacar também um resumo histórico das seguintes normas: • Declaração Universal do Direitos Humanos em 1948; • Convenção da ONU relativa ao Estatuto dos Refugiados em 1951; 4 • Convenção Americana De Direitos Humanos – 1969; • Decreto nº 50.215, de 28 de janeiro de 1961 - Promulga a Convenção relativa ao Estatuto dos Refugiados, concluída em Genebra, em 28 de julho de 1951; • Decreto nº 70.946, de 07 de agosto de 1972 - Promulga o Protocolo sobre o Estatuto dos Refugiados; • LEI Nº 6.815/80 – Estatuto do Estrangeiro (EE); • LEI Nº 9.474/97 – Mecanismos para implementação do EE; • Decreto Nº 5.016, de 12 de março de 2004 - Que promulgou o Protocolo Adicional à Convenção das Nações Unidas contra o Crime Organizado Transnacionalrelativo ao Combate ao tráfico de migrantes por via terrestre, marítima e aérea; • Decreto nº 5.017 de 12 de março de 2004 – Que Promulgou o Protocolo Adicional à Convenção das Nações Unidas contra o crime, organizado transnacional relativo à prevenção, repressão e punição do tráfico de pessoas, em especial mulheres e crianças; • Decreto nº 7953, de 12 de março de 2013 - Que Promulgou o acordo sobre o tráfico ilícito de migrantes entre os Estados partes do MERCOSUL; • LEI Nº 13.344/2016 – Prevenção e Repressão ao Tráfico Interno e Internacional de Pessoas e sobre medidas de atenção às vítimas; • LEI Nº 13.445/2017 – Lei de Migração (LDM). 3. Os Principais Órgãos Vinculados à Aplicação da Lei de Migração: 5 O Ministério da Justiça e Segurança Pública exerce várias funções atreladas a Lei de Migração, tendo em vista os assuntos de sua competência afetos ao tema, como prevê a Lei nº 13.844 de 18 de junho de 2019, que revogou a Lei nº 13.502 de 01 de novembro de 2017: nacionalidade, imigração e estrangeiro (curioso uma lei atual manter a nomenclatura “estrangeiro”, após a criação da LDM) e prevenção e combate à corrupção, à lavagem de dinheiro e ao financiamento do terrorismo e cooperação jurídica internacional, respectivamente citados nos incs. V e VII d art. 37. Ainda assim, cabe apenas destacar a previsão contida no Código de Processo Civil: “O Ministério da Justiça exerce as funções de autoridade central na ausência de designação especifica”. (§4º, art. 26, da Lei nº 13.105/15). Nesse sentido, conforme o art. 2º do Decreto nº 9.662 de 1º de janeiro de 2019, o Ministério da Justiça e Segurança Pública possui em sua estrutura, órgãos que atuam na questão da migração, através da Secretaria Nacional de Justiça, ao qual estão vinculados o Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional e o Departamento de Migrações (DEMIG); da Polícia Federal e; do Comitê Nacional para Refugiados (o CONARE). O policiamento marítimo, aeroportuário e fronteiriço é atribuído à Polícia Federal. O controle migratório, primeiramente, realizado pela Polícia Federal, deve ser exercido como medida de proteção do território nacional, primando sempre pela soberania. No entanto, as medidas de controle migratório, com o advento da atual Lei de Migração, se tornaram mais equilibradas, por terem como base os Direitos Humanos e nossa Carta Magna, haja vista que o art. 5º de nossa atual Constituição Federal, consagra o princípio da igualdade entre os brasileiros e os não brasileiros, combatendo, claramente, a discriminação, a xenofobia e outras práticas que sejam contrárias aos direitos humanos. O CONARE é constituído por representantes governamentais e não- governamentais. Pelo governo, fazem parte do Conare o Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJ - presidência), o Ministério das Relações Exteriores (MRE), o Ministério da Saúde (MS), o Ministério da Educação (MEC), o Ministério da Economia (ME), e a Polícia Federal (PF). Os atuais representantes da sociedade civil (titular e suplente, respectivamente) são da Cáritas Arquidiocesanas do Rio de Janeiro e de São Paulo. 6 Diferentemente dos demais membros, o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur) possui voz, mas não voto.)1 De todos os órgãos vinculados à aplicação da LDM, o que exerce o principal papel de interligação com os demais é o CONARE. A Polícia Federal controla a permanência dos não brasileiros; o MJ, através do DEMIG, concede a condição de permanência; os representantes da Sociedade Civil atuam no acolhimento dos imigrantes; a Acnur verifica a condição de refugiado; o MRE, concede os vistos, atribuindo a expedição dos mesmos aos Consulados, mas todas essas atividades estão interligadas ao CONARE. Todavia, há de se considerar também as atribuições do Conselho Nacional de Imigração (CNig), que é o responsável pela Política Migratória Laboral brasileira. Apesar do CNig ter sido criado ainda na vigência do Estatuto do Estrangeiro, o órgão vem implementando, através de Resoluções Normativas e Resoluções Conjuntas, medidas significativas que contribuem com os almejados acolhimento e integração aos imigrantes. Ainda assim, outro ponto importante que deve ser destacado a respeito dos órgãos vinculados à LDM é a criação do SISCONARE, o sistema por meio do qual, desde 15 de setembro de 2019, é o único meio para solicitação de reconhecimento da condição de refugiado no Brasil e através do qual essas solicitações são processadas. O sistema foi criado para atribuir celeridade ao processo de pedido de refúgio, almejando a desburocratização para se obter a documentação, um dos objetivos da LDM. Dessa forma, o SISCONARE será utilizado por todos os atores que participam de alguma etapa do processo de solicitação: solicitantes de reconhecimento da condição de refugiado, Polícia Federal, Comitê Nacional para os Refugiados, e os próprios refugiados. Outrossim, além dos órgãos nacionais, faz-se imprescindível citar os organismos internacionais relacionados às questões migratórias. “No Sistema das Nações Unidas, destacam-se: Organização Internacional para as Migrações – OIM (O Brasil, membro da OIM desde 30 de novembro de 2004, firmou acordo de sede com a entidade em 2010, promulgado por meio do Decreto nº 8.503/2015). Organização Internacional do Trabalho - OIT, Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados – ACNUR; Fundo das Nações para as Populações, Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e 1 https://www.justica.gov.r/seus-direitos/refugio/conare 7 Crime – UNODC, Comissão Global sobre as Migrações Internacionais, Grupo Global sobre Migração. No contexto Pan-Americano, mencionam-se o Comitê sobre Assuntos Migratórios (Commitee on Migration Issues), o Programa para Migração e Desenvolvimento e o Programa Interamericano para a Proteção dos Direitos Humanos dos Migrantes. Na Europa, além das abrangências da União Europeia, merece ser lembrado o Centro Internacional para o Desenvolvimento de Políticas de Migração.”2 4. Princípios, Diretrizes e Garantias da Política Migratória Brasileira: A seção II, do capítulo I, da A Lei nº 13.445/2017 traz explícito em seu bojo alguns princípios e garantias específicos, em consonância com a Constituição de 1988, que norteiam a política migratória brasileira, dentre eles destacam-se: o princípio da universalidade, da indivisibilidade e da interdependência dos direitos humanos; da igualdade de tratamento e oportunidade; a garantia ao migrante, em condição de igualdade com os nacionais da inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade; os direitos e liberdades civis, sociais, culturais e econômicos. A Lei de Migração enfatiza a norma constitucional quanto ao tratamento dispensado em condição de igualdade entre os nacionais e os migrantes, em relação a proteção e gozo dos direitos fundamentais, dentro do território nacional. As garantias do migrante foram elencadas no art. 4º da LDM, baseadas no art. 5º da C.F./88, ou seja, priorizando a vida, a liberdade, a igualdade, a segurança e a propriedade, assim como é garantido ao cidadão nacional. Essas garantias também foram baseadas em Tratados Internacionais, como por exemplo, a Convenção nº 97 de 1949 da OIT, sobre os trabalhadores migrantes e a Convenção nº 111 de 1958 da OIT, sobre Discriminação em Matéria de Emprego e Profissão, entre outras. No que tange aos princípios e diretrizes da Política Migratória, o art. 3º da Lei de Migração, elenca da seguinte forma: Princípios: 2 NUNES, Paulo Henrique Faria. Lei de Migração – Novo Marco Jurídico Relativo ao Fluxo Transnacional de Pessoas. Goiânia: Edição do Autor. 2018. 2ª edição 8 “ I - universalidade, indivisibilidade e interdependência dos direitoshumanos; II - repúdio e prevenção à xenofobia, ao racismo e a quaisquer formas de discriminação; III - não criminalização da migração; IV - não discriminação em razão dos critérios ou dos procedimentos pelos quais a pessoa foi admitida em território nacional; VI - acolhida humanitária; VIII - garantia do direito à reunião familiar; IX - igualdade de tratamento e de oportunidade ao migrante e a seus familiares; XII - promoção e difusão de direitos, liberdades, garantias e obrigações do migrante; XIII - diálogo social na formulação, na execução e na avaliação de políticas migratórias e promoção da participação cidadã do migrante; XIII - diálogo social na formulação, na execução e na avaliação de políticas migratórias e promoção da participação cidadã do migrante; XV - cooperação internacional com Estados de origem, de trânsito e de destino de movimentos migratórios, a fim de garantir efetiva proteção aos direitos humanos do migrante; XVI - integração e desenvolvimento das regiões de fronteira e articulação de políticas públicas regionais capazes de garantir efetividade aos direitos do residente fronteiriço; XVIII - observância ao disposto em tratado; XX - migração e desenvolvimento humano no local de origem, como direitos inalienáveis de todas as pessoas;e XXII - repúdio a práticas de expulsão ou de deportação coletivas.” Diretrizes da Política Migratória: “V - promoção de entrada regular e de regularização documental; VII - desenvolvimento econômico, turístico, social, cultural, esportivo, científico e tecnológico do Brasil; X - inclusão social, laboral e produtiva do migrante por meio de políticas públicas; XI - acesso igualitário e livre do migrante a serviços, programas e benefícios sociais, bens públicos, educação, assistência jurídica integral pública, trabalho, moradia, serviço bancário e seguridade social; XIV - fortalecimento da integração econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, mediante constituição de espaços de cidadania e de livre circulação de pessoas; XIV - fortalecimento da integração econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, mediante constituição de espaços de cidadania e de livre circulação de pessoas; 9 XVII - proteção integral e atenção ao superior interesse da criança e do adolescente migrante; XIX - proteção ao brasileiro no exterior; XXI - promoção do reconhecimento acadêmico e do exercício profissional no Brasil, nos termos da lei.” O princípio da acolhida humanitária foi aplicado, por exemplo, em relação aos haitianos, quando o CNIg, aprovou a Resolução Normativa 97/2012, que permitiu a concessão de visto permanente. Já em relação à garantia à reunião familiar, a questão já havia sido tratada na Resolução 108/2014 do MRE, que concedia o visto, à título de reunião familiar, aos dependentes de cidadão brasileiro, ou de estrangeiro residindo no Brasil. No que tange à integração e ao desenvolvimento das regiões fronteiriças, as iniciativas mais recentes, mencionam-se o Programa Grande Fronteira do Mercosul (Lei 10.466/02), o Programa de Promoção do Desenvolvimento da Faixa de Fronteira (PDFF) no âmbito da Política Nacional de Desenvolvimento Regional (Decreto 6.047/07) e a Comissão Permanente para o Desenvolvimento e a Integração da faixa de fronteira (CDIF), instituída em 2010. Quanto ao reconhecimento acadêmico e ao exercício profissional do não brasileiro, ressaltam-se o Acordo de Admissão de Títulos e Graus Universitários para o Exercício de Atividades Acadêmicas nos Estados Parte do Mercosul, através do Decreto nº 5.518 de 23/08/2005 e o Protocolo de Integração Educativa e Reconhecimento de Certificados e Estudos de Nível Fundamental e Médio Não-Técnico entre Estados Partes do Mercosul, Bolívia e Chile, promulgado pelo Decreto nº 6.729, de 12/01/2009. 5. Do ingresso do imigrante no Brasil e os documentos necessários, após a LDM: O Estatuto do Estrangeiro, em seu art. 54, previa como documentos do estrangeiro, apenas o Passaporte e o Laissez- Passer. No entanto, a Lei de Migração em seu art. 5º, se adequou a nova realidade mundial e, consequentemente, ampliou a possibilidade de documentos para ingresso do migrante no país, admitindo assim, os seguintes documentos: o passaporte; o laissez- passer; Autorização de Retorno; Salvo-Conduto; Carteira de Identidade de marítimo; 10 Carteira de Matrícula Consular; Documento de Identidade civil ou documento de estrangeiro equivalente; Certificado de Membro de Tripulação de Transporte Aéreo; Outros que vierem a ser reconhecidos pelo Estado brasileiro em regulamento. A LDM trata a situação do imigrante em nosso país de forma consciente com a realidade mundial, respeitando direitos antes ignorados pelo Estatuto do Estrangeiro, todavia, também mantem a preocupação em respeitar a soberania e a ordem social. Sendo assim, o visto dá a seu portador apenas a expectativa de ingresso em território nacional, conforme cita o art. 6º da Lei de Migração. O parágrafo único do art. 6º foi vetado, pois continha o seguinte texto: “emitido nos padrões estabelecidos pela Organização de Aviação Civil Internacional – OACI ou pelo Comitê Internacional da Cruz Vermelha”, dessa forma foi vetado pois não possuía informações sobre o padrão referente ao Comitê Internacional da Cruz Vermelha, não prejudicando em nada no que tange a determinação referente a OACI, pois os documentos nacionais já são padronizados nesse sentido. Sendo assim, os locais para a expedição do visto, foram elencados no art. 7º, citando assim as Embaixadas; Consulados-Gerais; Consulados; Vice- Consulados e, quando habilitados, pelo órgão competente do Poder Executivo; por escritórios comerciais e de representação do Brasil no exterior. No que tange ao tipo de visto, o art. 12 da LDM, “enxugou” a nova relação adequando a realidade atual, retirando do rol o visto permanente, de turista e de trânsito, previstos no art. 4º do Estatuto do Estrangeiro, trazendo os seguintes tipos de vistos: visita; temporário; diplomático; oficial; e de cortesia, sendo que o tipo de visto para visita, poderá ser para turismo ou trânsito, conforme o art. 13 da LDM. Ainda assim, o art. 8º prevê que poderão ser cobrados taxas e emolumentos consulares pelo processamento de visto. Ainda assim, o art. 45 da LDM estabeleceu as situações em que o indivíduo não será aceito no Brasil. O capítulo VI da Lei de Migração trata das medidas para a retirada compulsória, como a repatriação, a deportação e a expulsão. Nesse contexto, cabe como ilustração destacar a recente Portaria criada pelo Ministro Sérgio Moro que trouxe grande polêmica sobre o tema, pois demonstrava direção contrária ao avanço alcançado pela LDM, importando postura americana sobre imigração. "Ministro da Justiça quer deportação sumária de "perigosos". Para analistas, além de romper com a tradição sul-americana de hospitalidade, medida é inconstitucional, injustificada e priva estrangeiros de tratamento justo. Toda "pessoa perigosa para a segurança do Brasil" poderá agora ser deportada sumariamente ou até ter impedido seu 11 ingresso no país – é o que prevê a Portaria nº 666, expedida pelo ministro da Justiça, Sergio Moro, na última quinta-feira (25/07). No dia 14/10/2019 foi publicada a Portaria nº 770, que revogou a Portaria nº 666, em alguns aspectos. A nova portaria suprimiu a possibilidade de deportação “sumária”, retirou da lista de suspeitos, pessoas envolvidas com torcidas organizadas com histórico de violência, ampliou o prazo para defesa de 48 horas para 5 (cinco) dias e prevê que as situações que permitem o reconhecimento de suspeitos (como alertas internacionais, investigação criminal e curso ou sentença condenatória) devem estar incluídas nos sistemas de controle migratório após análise e avaliaçãopor uma unidade central da Polícia Federal. 5.1 Residência: A autorização de residência é concedida ao imigrante, residente fronteiriço ou visitante que pretenda residir temporária ou definitivamente no Brasil, desde que cumpra os requisitos da modalidade requerida, nos termos da Lei de Migração (Lei 13.445, de 24 de maio de 2017) e seu regulamento (Decreto 9.199, de 20 de novembro de 2017). O visto permanente, concedido ao imigrante que pretendia se estabelecer definitivamente no país, foi substituído pela residência (art. 30-36 da LDM; arts. 123-163 do Decreto nº 9.199/17). No entanto, a autorização de residência pode ser concedida tanto ao imigrante temporário quanto ao permanente. A LDM, através do inc. XII do art. 4º, assegura ao migrante a isenção do pagamento da autorização de residência, mediante comprovação de hipossuficiência econômica. No caso dos asilados e refugiados, a Portaria nº 1.956/15 do MJ, instituiu a gratuidade da emissão de documentos. Todavia, em relação aos demais imigrantes as decisões judiciais sobre a questão são conflitantes: “ O Egrégio Tribunal Regional Federal desta Terceira Região tem se manifestado no sentido da impossibilidade de se conceder a isenção da taxa para expedição do Registro Nacional de Estrangeiro, sob o fundamento de que as normas que outorgam isenções devem ser interpretadas literalmente consoante princípio geral de direito, de modo que não há meios de estender o benefício por similitude de situação à 12 expedição da cédula de identidade dos nacionais (...) Desta forma, inexiste dúvida de que os procedimentos de expedição dos documentos de identidade de nacional e estrangeiro não se confundem, exigindo-se neste último caso, uma atuação pormenorizada da Administração Pública a justificar a exigência de taxa pela Polícia Federal, tanto que o legislador ordinário não estendeu tal benefício.” (Mandado de Segurança nº 0024700-29.2015.403.6100, 24ª Vara Federal de São Paulo). A 25ª Vara Federal da Seção Judiciária de São Paulo, nos autos do Mandado de Segurança nº 001695-42.2015.403.6100, por outro lado, proferiu decisão diametralmente oposta em caso semelhante no mesmo ano: “Comprovada a insuficiência econômica do impetrante para arcar com as despesas na obtenção da segunda via da Carteira de Identidade de Estrangeiro, por meio de mera declaração de pobreza, resta evidente a ilegalidade do ato que indeferiu o pedido de isenção da taxa. Ora, tal indeferimento impede o pleno exercício dos direitos fundamentais do impetrante, pois sem a obtenção da segunda via da sua Carteira de Identidade de Estrangeiro, o requerente não poderá comprovar a sua regularidade no país. Ademais, de nada adianta deferir o pedido de permanência no Brasil se a parte impetrante não puder efetuar o registro e obter o documento de identidade de estrangeiro, documentos essenciais ao exercício de muitos dos direitos fundamentais previstos na Constituição Federal. A ausência de recursos financeiros não pode constituir empecilho ao exercício pleno desses direitos.” As decisões dos Tribunais Regionais Federais também são divergentes, os Tribunais Federais da 1ª e 5ª Regiões são favoráveis à concessão de isenção para o registro aos imigrantes em situação economicamente hipossuficiente, já os Tribunais Federais da 3ª e da 4ª Regiões são desfavoráveis. Decisões unânimes da 6ª Turma do TRF da 1ª Região (Processo nº 0008018-67.2009.4.01.3900 – e-DJF1, 28 nov.2011, p.528) e da 3ª Turma do TRF da 5ª Região (Processo nº 0011727-07.2014.4.05.8100 – e-DJF5, 16 de jun.2014, p. 151). Decisões da 6ª Turma do TRF 3ª Região (Processo nº 0002715- 09.2012.4.03.6100, e-DJF3, 16 mai. 2014, p. 953). Ainda assim, cabe destacar também os casos de pedido de residência de indivíduos para trabalhar no Brasil. “A lei 13.445/2017 e o Decreto 9.199/2017 passaram a reger a condição do imigrante no país e estabeleceram a competência legal da Coordenação-Geral de Imigração Laboral para emitir AUTORIZAÇÕES DE RESIDÊNCIAS PARA FINS 13 LABORAIS, nos termos das Resoluções Normativas editadas pelo Conselho Nacional de Imigração. Nesse contexto, o imigrante para trabalhar no Brasil, com vínculo empregatício ou não, salvo exceções, necessita de autorização de Residência para fins laborais. A autorização de Residência prévia para fins de trabalho é concedida pela Coordenação-Geral de Imigração Laboral ao interessado/imigrante que esteja no exterior e é exigida, salvo exceções, pelas autoridades consulares brasileiras para efeito de concessão de visto temporário ao estrangeiro que deseje ingressar no Brasil a trabalho.”3 Nesse sentido, o Ministério da Justiça e Segurança Pública, criou o Portal de Imigração Laboral para propiciar mais celeridade e transparência às solicitações de autorização de residência para imigração laboral no nosso país. 5.1 Asilo: A concessão do asilo se instituiu através dos costumes, se tornando uma prática adotada desde a antiguidade, com fundamento no princípio da solidariedade. O asilo se diferencia do refúgio e do visto humanitário, por se originar, exclusivamente, de justificativas políticas, como dissidência, crimes políticos e/ou de opinião. O Tratado de Direito Penal Internacional de Montividéu de 1889 – desenvolveu pela primeira vez, o conceito de Asilo, na América Latina. O instituto do Asilo Democrático é característico na América Latina: “El asilo es inviolable para los perseguidos por delitos políticos, pero la Nación de refugio tiene el deber de impedir que los asilados realicen en su territorio actos que pongan en peligro la paz pública de la Nación contra la cual han delinquido.” Vários Tratados e Convenções foram firmados ao longo dos anos, para disciplinar o instituto, estando entre eles: A Convenção sobre Asilo assinada na VI Conferência Pan-Americana de Havana em 1928; A Convenção sobre Asilo Político da VII Conferencia Internacional Americana de Montividèu em 1933; O Tratado sobre 3 https://portaldeimigracao.mj.gov.br/pt/informacoes-gerais https://portaldeimigracao.mj.gov.br/pt/informacoes-gerais 14 Asilo e Refúgio Político de Montividèu em 1939; e A Convenção Sobre Asilo Diplomático da X Conferência Interamericana de Caracas em 1954. A Declaração Universal dos Direitos Humanos, reconhece que todo ser humano, vítima de perseguição política, tem o direito de procurar e de gozar asilo em outros países. (§ 1º do art. XIV). O conteúdo desse dispositivo ganhou maior vigor nas Nações Unidas quando a Assembleia Geral adotou a Declaração sobre Asilo Territorial aos 14 de dezembro de 1967. Além dos documentos discutidos e aprovados no seio da ONU, são muitos os atos regionais referentes a concessão de asilo. Nas relações interamericanas, a matéria se encontra em instrumentos específicos e no Pacto de São José da Costa Rica (art. 22.7). A despeito dos acordos celebrados, o país tem a discricionariedade para se pronunciar sobre o caráter político da infração. Assim, é comum que o pedido de asilo seja analisado juntamente com o pedido de extradição. A LDM reconhece as duas espécies de asilo: territorial e diplomático, em seu art. 27, mas não disciplina os procedimentos relativos à sua concessão, apenas dispõe que deverão ser definidas em regulamento. Outrossim, a LDM veda a concessão do benefício ao autor de crime de guerra, genocídio, crime contra a humanidade e agressão nos termos do Tribunal Penal Internacional. O E.E. determinava que para o asilado sair do Brasil, deveria pedir permissão ao governo brasileiro, já a LDM apenas prevê que caso o asilado saia do país sem prévia comunicação, implicará na renúncia do benefício. 5.2 Refúgio: O migrante é o indivíduo que cruza uma fronteira em busca de trabalho, estudo ou melhores oportunidades econômicas,em contrapartida, o refugiado deixa seu país de origem por medo de perseguições advindas da raça, religião, nacionalidade, grupo social ou opiniões. 15 Nesse contexto, o refugiado é um migrante diferenciado, pois ele está inserido nas situações de migrações forçadas, assim como o asilado, diferenciando apenas pelo motivo da migração, haja vista que o asilado é forçado a deixar seu país por questões políticas. Segundo alguns especialistas, a questão dos refugiados se originou com o fim da Primeira Guerra Mundial, com a queda do Império Russo, austro-húngaro e otomano e a nova ordem criada pelos Tratados de Paz. O Brasil possui um histórico de recebimento de imigrantes, que por muito tempo se manteve praticamente fora das principais rotas dos refugiados. No entanto, devido ao aumento de conflitos e fechamento de fronteiras em vários países, esse cenário vem mudando. Apesar do Brasil ainda não estar entre os países mais procurados pelas pessoas deslocadas forçadamente de seus países. Durante o Regime Militar (!964 a !985) o Brasil em relação às migrações, se preocupava apenas com a segurança pública e com questões políticas que fossem contrárias ao governo brasileiro à época. Sendo assim, o Brasil durante muito tempo, se negou a receber os refugiados que fugiam de regimes ditatoriais dos países latino- americanos, alegando reserva geográfica. Dessa forma, os refugiados chegavam ao Brasil e recebiam o visto de turista, para posteriormente serem reassentados em outros países. Em 1989 houve o fim da reserva geográfica. A LDM surgiu trazendo avanços ao tema, como a definição ampliada ao refugiado, conferindo proteção, às pessoas vítimas de guerras civis, a extensão da proteção aos cônjuges, aos ascendentes e descendentes dos refugiados, com base no direito de reunião familiar. Outra inovação é a proibição de extradição para os refugiados, quando o pedido de extradição for baseado nos fatos que fundamentaram a concessão do refúgio. Há de se destacar a situação das Migrações Forçadas e o Novo Panorama da Situação dos Refugiados no Brasil. O CONARE, consolidou a chamada estrutura tripartite, reunindo os principais atores envolvidos com os refugiados no Brasil: 1) Instituições Não Governamentais - Cáritas e IMDH – Instituto Migrações e Direitos Humanos; 2) Organização Internacional – ACNUR; 3) Governo Brasileiro – Representado por seus órgãos no colegiado, com destaque para o MJ, que o preside. 16 O Repatriamento, o reassentamento e a integração local, são soluções duráveis para a situação do refugiado que foram tratadas na LDM: “. Art. 49. A repatriação consiste em medida administrativa de devolução de pessoa em situação de impedimento ao país de procedência ou de nacionalidade. (...) § 4º Não será aplicada medida de repatriação à pessoa em situação de refúgio ou de apatridia, de fato ou de direito, ao menor de 18 (dezoito) anos desacompanhado ou separado de sua família, exceto nos casos em que se demonstrar favorável para a garantia de seus direitos ou para a reintegração a sua família de origem, ou a quem necessite de acolhimento humanitário, nem, em qualquer caso, medida de devolução para país ou região que possa apresentar risco à vida, à integridade pessoal ou à liberdade da pessoa.” “Art. 120. A Política Nacional de Migrações, Refúgio e Apatridia terá a finalidade de coordenar e articular ações setoriais implementadas pelo Poder Executivo federal em regime de cooperação com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, com participação de organizações da sociedade civil, organismos internacionais e entidades privadas, conforme regulamento.” “Art. 3º A política migratória brasileira rege-se pelos seguintes princípios e diretrizes: (...) “XIV - fortalecimento da integração econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, mediante constituição de espaços de cidadania e de livre circulação de pessoas”. O Processo de migração no Brasil passa por diversas fases, porém, a grande parte delas está diretamente relacionada ao desenvolvimento econômico e que, ao longo do tempo, busca qualidade e capacitação nos trabalhadores estrangeiros que aqui chegam. Conforme dados fornecidos pelo Observatório das migrações internacionais - OBMigra, os dados do terceiro trimestre de 2017 no que diz respeito à movimentação do trabalhador imigrante no mercado de trabalho brasileiro são as seguintes: Com relação à emissão de carteira de trabalho e previdência social - CTPS, segundo os principais países, o Haiti segue em primeiro lugar com 10.300 unidades, seguido por Venezuela, Argentina, Cuba, Paraguai, Colômbia, Bolívia, China, Angola, Uruguai. Atentando para esses dados quanto aos trabalhadores estrangeiros no mercado de trabalho formal no Brasil, torna-se imperioso citar o art. 14, § 5º da LDM: “§ 5º Observadas as hipóteses previstas em regulamento, o visto temporário para trabalho poderá ser concedido ao imigrante que venha exercer atividade laboral, com ou sem vínculo empregatício no Brasil, desde que comprove oferta de trabalho formalizada por pessoa jurídica 17 em atividade no País, dispensada esta exigência se o imigrante comprovar titulação em curso de ensino superior ou equivalente.” 6 O Brasil de “Braços Abertos” para os Refugiados Sírios: Nos últimos anos a Síria, Afeganistão, Iraque e Líbia passaram por situações de conflitos armados que forçaram milhares de pessoas a decidirem morrer em seus países ou em busca dos Direitos Humanos, arriscar trajetórias incertas. Com isso, o fluxo migratório aumentou muito no mundo nos últimos anos, e no que tange ao oriente médio a imigração acontece em decorrência de situações de guerras, terrorismo, intolerância religiosa, perseguição, entre outros. A LDM facilita ao imigrante a expedição de seus documentos, garantindo- lhe, em tese, acesso ao sistema de saúde, educação e trabalho. Todavia, na prática a realidade é outra, pois apesar da Lei de Migração ter sido criada visando, entre outras prerrogativas, a desburocratização do processo de regularização migratória, os imigrantes ainda não recebem capacitação em relação ao idioma português e tampouco informações sobre seus direitos e deveres. Apesar de existirem leis que favorecem a entrada do imigrante no país, ao analisarmos as notícias e dados informativos, verificamos que não há adequação das normativas à realidade. A falta da prática de políticas de integração, faz com que esses indivíduos dependam de ONGs. A Resolução Normativa nº 17 do CONARE, de 20 de setembro de 2013, foi criada, especialmente, para os refugiados sírios, no intuito de facilitar a entrada desses imigrantes no Brasil: “Artigo 1º Poderá ser concedido, por razões humanitárias, o visto apropriado, em conformidade com a Lei nº 6.815, de 19 de agosto de 1980, e do Decreto 86.715, de 10 de dezembro de 1981, a indivíduos afetados pelo conflito armado na República Árabe Síria que manifestem vontade de buscar refúgio no Brasil. Parágrafo único: Consideram-se razões humanitárias, para efeito desta Resolução Normativa, aquelas resultantes do agravamento das condições de vida da população em território sírio, ou nas regiões de fronteira com este, como decorrência do conflito armado na República Árabe Síria.“ Ao abrir a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas - ONU, no dia 28 de setembro de 2015, a então presidente Dilma Rousseff proferiu seu discurso sobre o tema e expressou a solidariedade do Brasil aos refugiados – em especial à população do Oriente Médio e do Norte da África, vítimas da guerra civil síria, que por razões humanitárias deixaram seus países de origem. “É um absurdo impedir o livre 18 trânsito de pessoas”, disse, acrescentando que o Brasil “está de braços abertos” para receber os refugiados. “O Brasil é um país de refugiados. Somos um país multiétnico queconvive com as diferenças e sabe da importância dela para nos tornar mais ricos e diversos”.4 Por conseguinte, nessa mesma toada seguiu o discurso do então Presidente Michel Temer na Reunião de Alto Nível sobre Grandes Movimentos de Refugiados e Migrantes, em Nova York em 19 de setembro de 2016: “Fluxos de refugiados são o resultado de guerras, de repressão, do extremismo violento – não são a sua origem. As preocupações legítimas dos governos com a segurança de seus cidadãos devem estar em consonância com os direitos inerentes a cada ser humano. Se abrirmos mão da defesa intransigente desses direitos, estaremos abrindo mão de nossa própria humanidade. Em nossa relação com o estrangeiro, com o outro, testamos a nossa fidelidade a esses valores, o nosso compromisso com a civilização”.5 No entanto, conforme dados colhidos dos próprios refugiados Sírios e de representantes da ACNUR,6 a realidade dos imigrantes sírios no Brasil é outra, conforme o seguinte: 1) Descontentamento em relação à burocracia na emissão de documentos; 2) A dificuldade de reconhecimento de seus diplomas; e 3) A inexistência de políticas de integração social, econômica e cultural. O Coordenador no Rio de Janeiro do Relatório O Perfil Socioeconômico dos Refugiados no Brasil, Charles Gomes, também chefe do Setor de Direito Político e coordenador do Centro de Proteção a Refugiados e Imigrantes (Cepri) da Fundação Casa de Rui Barbosa, emitiu o seguinte parecer sobre a questão em entrevista à Agência Brasil: 4 http://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/noticia/2015-09/brasil-e-um-pais-de- refugiados-diz-dilma-na-assembleia-geral-da-onu 5 http://www.itamaraty.gov.br/pt-BR/discursos-artigos-e-entrevistas-categoria/presidente- darepublica-federativa-do-brasil-discursos/14755-discurso-do-senhor-presidente-da- republicamichel-temer-durante-reuniao-alto-nivel-sobre-grandes-movimentos-de-refugiados- emigrantes-nova-york-19-de-setembro-de-2016 6 http://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/noticia/2019-09/relatorio-aponta-que-refugiados- necessitam-de-mais-politicas http://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/noticia/2015-09/brasil-e-um-pais-de-refugiados-diz-dilma-na-assembleia-geral-da-onu http://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/noticia/2015-09/brasil-e-um-pais-de-refugiados-diz-dilma-na-assembleia-geral-da-onu http://www.itamaraty.gov.br/pt-BR/discursos-artigos-e-entrevistas-categoria/presidente-darepublica-federativa-do-brasil-discursos/14755-discurso-do-senhor-presidente-da-republicamichel-temer-durante-reuniao-alto-nivel-sobre-grandes-movimentos-de-refugiados-emigrantes-nova-york-19-de-setembro-de-2016 http://www.itamaraty.gov.br/pt-BR/discursos-artigos-e-entrevistas-categoria/presidente-darepublica-federativa-do-brasil-discursos/14755-discurso-do-senhor-presidente-da-republicamichel-temer-durante-reuniao-alto-nivel-sobre-grandes-movimentos-de-refugiados-emigrantes-nova-york-19-de-setembro-de-2016 http://www.itamaraty.gov.br/pt-BR/discursos-artigos-e-entrevistas-categoria/presidente-darepublica-federativa-do-brasil-discursos/14755-discurso-do-senhor-presidente-da-republicamichel-temer-durante-reuniao-alto-nivel-sobre-grandes-movimentos-de-refugiados-emigrantes-nova-york-19-de-setembro-de-2016 http://www.itamaraty.gov.br/pt-BR/discursos-artigos-e-entrevistas-categoria/presidente-darepublica-federativa-do-brasil-discursos/14755-discurso-do-senhor-presidente-da-republicamichel-temer-durante-reuniao-alto-nivel-sobre-grandes-movimentos-de-refugiados-emigrantes-nova-york-19-de-setembro-de-2016 http://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/noticia/2019-09/relatorio-aponta-que-refugiados-necessitam-de-mais-politicas http://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/noticia/2019-09/relatorio-aponta-que-refugiados-necessitam-de-mais-politicas 19 “Dificuldades que eles [refugiados] têm em termos de revalidação do diploma, de cursar escola pública quando estão em situação de refúgio no país, dificuldade de acessar, na verdade, os seus direitos, desinformação em relação à possibilidade de naturalização”. O Cátedra Sergio Vieira de Mello, da Acnur, apresentou relatório em seu 10º Seminário Nacional, em que aponta para a necessidade de implementação de políticas públicas específicas que amparem os cerca de 11,2 mil refugiados atualmente no Brasil e atendam às suas demandas e dificuldades. Outra questão levantada é a abordagem de funcionários da Polícia Federal, que são os primeiros a receberem os imigrantes no Brasil. Foi relatado o despreparo desses agentes em receberem os imigrantes sírios. Denotando resquícios do EE, que visava apenas a segurança pública, sem atentar para a dignidade humana e desrespeitando também um dos princípios elencados no Inc. IV, do art 3º da LDM: ”não discriminação em razão dos critérios ou dos procedimentos pelos quais a pessoa foi admitida em território nacional”; Tendo em vista a urgência no acolhimento e a lacuna social, algumas ONGs, entidades da Sociedade Civil organizada pela igreja católica, como Cáritas e os centros de cultura árabe, como a Mesquita Brasil, se dispõem a fornecer apoio jurídico e psicológico a esses imigrantes. Segundo dados divulgados pelo CONARE, na 4ª edição do relatório “Refúgio em números”, o Brasil reconheceu, apenas em 2018, um total de 1.086 refugiados de diversas nacionalidades. Com isso, o país atinge a marca de 11.231 pessoas reconhecidas como refugiadas pela Estado brasileiro. Desse total, os sírios representam 36% da população refugiada com registro ativo no Brasil, seguidos dos congoleses, com 15% e angolanos, com 9%. 7. Aplicação da Dignidade Humana no Enfrentamento da Crise Imigratória e a Condição dos Refugiados Venezuelanos no Brasil. O motivo que enseja a migração venezuelana, é o econômico, surgido em decorrência do sistema político baseado no totalitarismo presente na Venezuela. No Brasil, a migração venezuelana, tem acontecido, especialmente, em Roraima, devido à proximidade de suas fronteiras. 20 Devido a condição de penúria dos imigrantes venezuelanos, são a eles atribuídos subempregos, com recebimento de valores abaixo do salário mínimo previsto por nossa atual Constituição Federal. Existem vários casos de imigrantes venezuelanos em situação de mendicância em Boa Vista, por ausência de aplicação de políticas públicas governamentais. O Brasil como signatário da OIT, ratificou a Convenção nº 97, de 1º de julho de 1949, que entrou em vigor em em 22 de janeiro de 1952, sobre o trabalho do imigrante em solo brasileiro, objetivando alcançar melhores resultados na internacionalização dos direitos humanos, em relação ao trabalho digno para a mão de obra oriunda dos imigrantes. Nesse sentido amparado no princípio da dignidade da pessoa humana, a LDM traz em seu texto a aplicação de políticas públicas voltadas ao imigrante, em especial ao direito ao trabalho de forma digna e igual ao nacional, conforme prevê o art. 77, inc. II. Porém, infelizmente, a realidade dos imigrantes venezuelanos em Roraima é outra, sendo noticiados casos de trabalho análogo a escravo: Um empresário do ramo de montagem de tendas para eventos foi preso em Boa Vista (RR) por manter em condição análoga a escravo dois venezuelanos e dois cubanos. A prisão foi na última semana, mas só foi divulgada na sexta-feira (7), pela Polícia Federal. No local onde os estrangeiros foram resgatados, a polícia constatou as mais diversas irregularidades como condições mínimas de trabalho, higiene e segurança. Os trabalhadores relataram aos agentes que tinham uma jornada exaustiva de trabalho de 12 horas diárias, sem descanso semanal. Os estrangeiros resgatados também relataram que recebiam remuneração abaixo do salário mínimo. O empregador ainda cobrava pelo fornecimento de alojamento e pela alimentação. Eles relataram, ainda, que por vezes recebiam comida estragada, dormiam em colchões no chão ebebiam água da torneira. Os trabalhadores resgatados foram levados para a Superintendência da Polícia Federal em Boa Vista e o preso foi encaminhado para audiência de custódia e ficará a disposição da Justiça. Notícia divulgada em 14 de abril de 2017, no site da Radio Agência Nacional. 21 Uma das representantes do governo brasileiro na 70ª sessão do Comitê Executivo da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), a secretária Nacional de Justiça, Maria Hilda Marsiaj Pinto, ressaltou que o Brasil abre fronteiras para receber, assistir e interiorizar os venezuelanos que deixam o país vizinho em função da grave crise política, econômica e humanitária. Ela também elencou medidas do governo brasileiro para acolher e dar oportunidades sociais e econômicas de recomeço a estrangeiros de outros países com sérias dificuldades internas. “Mais recentemente, o Brasil concedeu residência para fins humanitários a haitianos e venezuelanos, além de conceder residência para fins de política migratória a cubanos e dominicanos. Em portaria publicada nesta quarta-feira, o governo brasileiro implementou uma política de vistos humanitários para as pessoas afetadas pelo conflito na Síria, o que facilitará ainda mais o acesso à residência humanitária no Brasil”, destacou Marsiaj Pinto. Além disso, em junho, o Comitê Nacional de Refugiados (Conare) do Brasil decidiu aplicar aos solicitantes de asilo venezuelanos um processo mais rápido de determinação do status de refugiado. Brasília, 09/10/20197. (grifo nosso) Ainda assim, na contramão das dificuldades econômicas e sociais enfrentadas pelos refugiados, pesquisas oferecidas por sites como o do G1, vêm mostrando o crescimento de empreendedores venezuelanos em Roraima de 2016 à 2019. Notícia publicada no site G1, em 25 de junho de 2019: “A imigração venezuelana transformou Roraima em diversos aspectos e também tem provocado mudanças na economia. Driblando o desemprego, venezuelanos que chegam ao estado estão empreendendo para recomeçar a vida no Brasil. Nesta terça-feira (25), quando é comemorado o Dia do Imigrante, o G1 mostra histórias de dois venezuelanos que, fugindo da crise política e econômica no país natal, conseguiram abrir empreendimentos em Boa Vista. Segundo a Junta Comercial, Roraima tem 181 venezuelanos donos do próprio negócio. Mais de 30% deles se registrou como Microempreendedor Individual (MEI) entre janeiro e maio deste ano. O número quase supera o registrado no ano passado quando 64 microempresas foram abertas por venezuelanos”. (grifo nosso). 7 https://www.justica.gov.br/news/collective-nitf-content-1570656348.14 https://g1.globo.com/rr/roraima/noticia/fuga-da-fome-como-a-chegada-de-40-mil-venezuelanos-transformou-boa-vista.ghtml https://www.justica.gov.br/news/collective-nitf-content-1570656348.14 22 Essa oportunidade para empreender disponibilizada ao refugiado, principalmente ao venezuelano, que deixou seu país de origem por motivos econômicos, faz renascer a expectativa de melhor qualidade de vida ao imigrante e coloca em prática duas das medidas basilares para a criação da LDM, quais sejam: o combate à xenofobia, através da integração entre os brasileiros e os imigrantes e a não criminalização por razões migratórias, também almejados com a devida aplicação da Política Migratória. Se o imigrante tiver chance de crescimento profissional em nosso país ele estará também favorecendo ao desenvolvimento econômico nacional, pois como empregado ou empregador ele estará contribuindo com a circulação monetária. 8. A Situação Jurídica dos Refugiados Haitianos no Brasil e a Questão dos Refugiados Ambientais. A Convenção da ONU de 1951 estabeleceu um rol com as hipóteses e situações consideradas como ensejadoras de refúgio, no entanto, as situações decorrentes de desastres ambientais, não foram incluídas nesse rol, apesar desse tipo de deslocamento ser muito antigo. Dessa forma, a situação dos refugiados ambientais fica ainda mais crítica que as do demais, pela necessidade de normatização internacional que os ampare. Uma das consequências da ausência de normatização quanto aos refugiados ambientais é que esse tipo de refugiado não pode contar com a proteção que este instituto pode lhes oferecer, como por exemplo, a garantia de não devolução por parte do Estado que o recebeu, com base no princípio do non-refoulement. O princípio da não-devolução, conhecido como princípio do non-refoulement, é uma garantia dos refugiados prevista no artigo 33, da Convenção de Refugiados de 1951, que dispõe: “Nenhum dos Estados Contratantes expulsará ou rechaçará, de maneira alguma, um refugiado para as fronteiras dos territórios em que a sua vida ou a sua liberdade seja ameaçada em virtude da sua raça, da sua religião, da sua nacionalidade, do grupo social a que pertence ou das suas opiniões políticas. (CONVENÇÃO RELATIVA AOS REFUGIADOS, 1951)” Ainda assim, como a situação dos deslocados ambientais não é enquadrada como situação de refúgio no rol da Convenção da ONU de 1951, os países não possuem obrigação de recebê-los como refugiados, já que serão considerados estrangeiros comuns. 23 No Brasil, devido ao grande fluxo migratório de haitianos, após o terremoto de 2010, foram concedidos vistos a esses imigrantes, conforme a Resolução nº 97/12 do Conselho Nacional de Imigração – CNIg: “Art. 1º Ao nacional do Haiti poderá ser concedido o visto permanente previsto no art. 16 da Lei nº 6.815, de 19 de agosto de 1980, por razões humanitárias, condicionado ao prazo de 5 (cinco) anos, nos termos do art. 18 da mesma Lei, circunstância que constará da Cédula de Identidade do Estrangeiro. “Parágrafo único. Consideram-se razões humanitárias, para efeito desta Resolução Normativa, aquelas resultantes do agravamento das condições de vida da população haitiana em decorrência do terremoto ocorrido naquele país em 12 de janeiro de 2010.” (grifo nosso). Nesse contexto, foi determinado o prazo de 05 anos para os haitianos e limitou-se a concessão da cota de 1.200 vistos ao ano pela Embaixada de Porto Príncipe. No entanto, essa limitação no número de vistos a serem concedidos e a situação precária em que se encontrava o povo haitiano, ensejou a grande exploração dos imigrantes haitianos, por coiotes, atravessadores que proporcionam o tráfico de imigrantes. Em 2016 houve o furacão que devastou ainda mais a população haitiana, aumentando assim o seu deslocamento para outros países. No entanto, a LDM passou a prever em seu art. 14, § 3º, a concessão do visto humanitário aos migrantes que se deslocassem por motivos ambientais, conforme o seguinte: “O visto temporário para acolhida humanitária poderá ser concedido ao apátrida ou ao nacional de qualquer país em situação de grave ou iminente instabilidade institucional, de conflito armado, de calamidade de grande proporção, de desastre ambiental ou de grave violação de direitos humanos ou de direito internacional humanitário, ou em outras hipóteses, na forma de regulamento.” (grifo nosso). Nessa toada, a LDM através de seu art. 115, alterou o Código Penal, incluindo a este o art. 232-A, para criminalizar a conduta dos coiotes. 24 9. Conclusão Por se tratar, o Brasil, de antiga colônia, a população brasileira carrega em sua formação, a história de vários grupos migratórios, oriundos de diversos países, como imigrantes portugueses, africanos, holandeses, franceses, espanhóis, japoneses, libaneses, italianos e alemães. Faz parte dos genes da maioria do povo brasileiro, a miscigenação, advinda de imigrantes de várias regiões do mundo. Todavia, apesar da imagem de país acolhedor, até a vigência do antigo Estatuto do Estrangeiro, tinha predominado, nos discursos políticos e na convivência na sociedade, uma apatia e descaso em relação a questão migratóriaem nosso país. Contudo, a despeito do crescente aumento do número de denúncias e demonstrações de discriminação e xenofobia no país, a criação da atual Lei de Migração, cria uma expectativa de uma boa mudança sobre o tema. Faz-se necessário se basear cada vez mais nos princípios norteados pelos Direitos Humanos para que o pensamento retrógrado que se instaura, ultimamente, nos países economicamente mais favorecidos, no que tange às suas fronteiras, não atinja nosso ordenamento jurídico, para que assim consigamos notar a rica e diversa contribuição das pessoas migrantes em todos os aspectos, não somente ao longo da história brasileira, mas também hoje em dia. É imprescindível o discurso coerente internacional do Brasil “dos braços abertos” em equilíbrio com uma eficaz Política Migratória, visando assim, um discurso progressista nas discussões globais sobre migrações para que faça parte realmente das soluções globais compartilhadas para os desafios contemporâneos. O paradigma central da LDM é a proteção de Direitos Humanos na temática das migrações, como decorrência da proteção constitucional da dignidade humana. Dessa forma, diante desse contexto difícil da atual ordem mundial, onde as grandes potências econômicas mundiais parecem andar na contramão ou até mesmo, em alguns casos, regredindo na questão do bem-estar coletivo, o Brasil cria a LDM para regulamentar questões migratórias que amparem o indivíduo não nacional com as mesmas prerrogativas que ampara o cidadão brasileiro. Os deslocamentos ambientais mundiais só tendem a aumentar, em decorrência de catástrofes, causadas em muitas situações pela negligencia do ser humano; os grupos terroristas só tendem também a se solidificarem, tendo em vista a onda de intolerância pregada em países como EUA, que apesar de todos os acontecimentos históricos, ainda 25 baseiam sua economia na guerra, entre outras questões que justificam o crescente fluxo migratório mundial. Portanto, acredito que para desenvolvermos economicamente, temos que inovar, desconstituir amarras e procurar unir esforços. A mistura de raças, costumes, experiências, know-how, acrescentam à economia e propiciam por meio da integração de imigrantes e brasileiros, maior crescimento e inserção do país no cenário internacional. 26 10. Referências Bibliográficas: 1) GUERRA, Sidney; VAL, Eduardo Manuel; GUERRA, Caio Grande. Fluxos Migratórios Mistos Para as Américas – Uma abordagem jurídica. Curitiba. Instituto Memória. 2018. 2) NUNES, Paulo Henrique Faria. Lei de Migração – Novo Marco Jurídico Relativo ao Fluxo Transnacional de Pessoas. Goiânia. Edição do Autor. 2018. 3) GUERRA, Sidney. Curso de Direito Internacional Público. Editora Saraiva. 2019. 4) MELLO, Carla Antunes de. Análise da Política Migratória Brasileira à Luz da Inteligência Estratégica, a partir da Operação Acolhida. Trabalho de Conclusão de Curso Superior de Inteligência Estratégica. Rio de Janeiro. 2019. 5) SILVA, João Carlos Jarochinski; BOGUS, Lucia Maria Machado; SILVA, Stéfanie Angélica Gimenez Jarochinski. Os Fluxos Migratórios Mistos e os Entraves à Proteção aos Refugiados. Artigo. Belo Horizonte. 2017. 6) https://www.justica.gov.r/seus-direitos/refugio/conare 7) https://portaldeimigracao.mj.gov.br/pt/informacoes-gerais 8) http://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/noticia/2015-09/brasil-e-um- pais-de-refugiados-diz-dilma-na-assembleia-geral-da-onu 9) 1http://www.itamaraty.gov.br/pt-BR/discursos-artigos-e-entrevistas- categoria/presidente-darepublica-federativa-do-brasil-discursos/14755-discurso- do-senhor-presidente-da-republicamichel-temer-durante-reuniao-alto-nivel- sobre-grandes-movimentos-de-refugiados-emigrantes-nova-york-19-de- setembro-de-2016 10) 1http://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/noticia/2019-09/relatorio- aponta-que-refugiados-necessitam-de-mais-politicas 11) https://www.justica.gov.br/news/collective-nitf-content-1570656348.14 https://www.justica.gov.r/seus-direitos/refugio/conare https://portaldeimigracao.mj.gov.br/pt/informacoes-gerais http://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/noticia/2015-09/brasil-e-um-pais-de-refugiados-diz-dilma-na-assembleia-geral-da-onu http://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/noticia/2015-09/brasil-e-um-pais-de-refugiados-diz-dilma-na-assembleia-geral-da-onu http://www.itamaraty.gov.br/pt-BR/discursos-artigos-e-entrevistas-%20categoria/presidente-darepublica-federativa-do-brasil-discursos/14755-discurso-do-senhor-presidente-da-republicamichel-temer-durante-reuniao-alto-nivel-sobre-grandes-movimentos-de-refugiados-emigrantes-nova-york-19-de-setembro-de-2016 http://www.itamaraty.gov.br/pt-BR/discursos-artigos-e-entrevistas-%20categoria/presidente-darepublica-federativa-do-brasil-discursos/14755-discurso-do-senhor-presidente-da-republicamichel-temer-durante-reuniao-alto-nivel-sobre-grandes-movimentos-de-refugiados-emigrantes-nova-york-19-de-setembro-de-2016 http://www.itamaraty.gov.br/pt-BR/discursos-artigos-e-entrevistas-%20categoria/presidente-darepublica-federativa-do-brasil-discursos/14755-discurso-do-senhor-presidente-da-republicamichel-temer-durante-reuniao-alto-nivel-sobre-grandes-movimentos-de-refugiados-emigrantes-nova-york-19-de-setembro-de-2016 http://www.itamaraty.gov.br/pt-BR/discursos-artigos-e-entrevistas-%20categoria/presidente-darepublica-federativa-do-brasil-discursos/14755-discurso-do-senhor-presidente-da-republicamichel-temer-durante-reuniao-alto-nivel-sobre-grandes-movimentos-de-refugiados-emigrantes-nova-york-19-de-setembro-de-2016 http://www.itamaraty.gov.br/pt-BR/discursos-artigos-e-entrevistas-%20categoria/presidente-darepublica-federativa-do-brasil-discursos/14755-discurso-do-senhor-presidente-da-republicamichel-temer-durante-reuniao-alto-nivel-sobre-grandes-movimentos-de-refugiados-emigrantes-nova-york-19-de-setembro-de-2016 http://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/noticia/2019-09/relatorio-aponta-que-refugiados-necessitam-de-mais-politicas http://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/noticia/2019-09/relatorio-aponta-que-refugiados-necessitam-de-mais-politicas https://www.justica.gov.br/news/collective-nitf-content-1570656348.14 27
Compartilhar