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Aula 6 - Involução metropolitana, desmetropolização e a dinâmica

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1 
CEDERJ – CENTRO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR A DISTÂNCIA 
DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO 
 
 
CURSO: GEOGRAFIA DISCIPLINA: GEOGRAFIA URBANA DO BRASIL 
 
CONTEUDISTA: Marcelo Werner da Silva 
 
 
AULA 6 – INVOLUÇÃO METROPOLITANA, DESMETROPOLIZAÇÃO E A 
DINÂMICA DAS CIDADES MÉDIAS NO BRASIL 
 
Meta 
 
Espera-se demonstrar a discussão sobre uma possível tendência à 
desmetropolização da realidade urbana brasileira, bem como discutir o 
fortalecimento, no pais, das cidades intermediárias, ou médias, sua classificação e 
significados na urbanização brasileira. 
 
Objetivos 
 
Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de: 
 
1. Entender a possível tendência a uma desmetropolização do fenômeno urbano 
no Brasil; 
2. Entender os critérios para a delimitação das cidades médias. 
 
 
 
 
 2 
Introdução 
 
Sabe-se do grande crescimento da população urbana no Brasil e da expansão do 
processo de urbanização. Tal expansão, associada aos mecanismos da 
globalização da economia e o desenvolvimento de tecnologias da informação, 
levam à diminuição dos níveis hierárquicos da rede urbana e ao aumento da 
importância das cidades médias. A isso alguns autores associam termos como 
desmetropolização ou involução urbana, que estão associados ao aumento de 
importância das cidades médias. 
 
 
1. UM PROCESSO DE DESMETROPOLIZAÇÃO? 
 
No livro “A urbanização brasileira”, Milton Santos se pergunta de uma possível 
tendência à desmetropolização no Brasil. Em suas palavras: 
 
...os números revelam que, paralelamente ao crescimento das 
aglomerações grandes e muito grandes, há lugar, também, para o 
aumento do número de cidades intermediárias e das respectivas 
populações. Pode-se, aqui, desde logo, falar em desmetropolização? O 
que, em todo caso, está se verificando é a expansão da metropolização 
e, paralelamente, a chegada de novas aglomerações à categoria de 
cidade grande e de cidade intermediária. Um porcentual cada vez mais 
expressivo da população que vive em núcleos com mais de 20 mil 
habitantes vai, agora, para as grandes cidades médias (SANTOS, 2005, 
p. 93). 
 
Portanto a desmetropolização seria a tendência de surgimento de novas cidades 
grandes e de cidades intermediárias. Outro termo utilizado pelo mesmo autor e 
que se relaciona à desmetropolização, seria o de "involução metropolitana": 
 
Nos dias atuais, as cidades tocadas pelo processo de modernização 
agrícola ou industrial típico do período técnico-científico conhecem um 
crescimento econômico considerável, ao passo que é nas grandes 
cidades que se acumulam a pobreza e atividades econômicas pobres, 
uma reversão em relação ao período anterior. O interior modernizado 
se desenvolve e as metrópoles conhecem taxas de crescimento 
 3 
relativamente menores. Daí a nossa designação de "involução 
metropolitana"... (SANTOS, 2009, p. 73, grifo nosso). 
 
Para o autor, a involução metropolitana pode ser constatada por, ao menos, três 
indicadores: 
 
1. O PIB cresce menos nas metrópoles que no país como um todo e em 
certas áreas de sua região de influência. 
2. Nas áreas onde o capitalismo amadurece há tendências à reversão do 
leque salarial, com certas ocupações menos bem remuneradas 
envolvendo um maior percentual de trabalhadores na metrópole que no 
campo. 
3. Certos índices de qualidade de vida tendem a ser melhores no interior 
do que nas regiões Metropolitanas (SANTOS, 2009). 
 
Como diz Milton Santos (2009, p. 73, grifo nosso), "...tais tendências se afirmam 
paralelamente à extensão da pobreza nas áreas metropolitanas, onde aumenta o 
chamado emprego informal. A metrópole não para de crescer. Mas outras 
áreas crescem mais depressa". 
 
No já citado livro "A urbanização brasileira", Milton Santos fala em "dissolução da 
metrópole", querendo dizer que esta, no presente momento técnico, acaba 
estando em todos os lugares, pela difusão de seu tempo a todos os lugares: "...o 
tempo que estão em todos os lugares é o tempo da metrópole, que transmite a 
todo o território o tempo do Estado e o tempo das multinacionais e das grandes 
empresas" (SANTOS, 2005, p. 101). 
 
Quando Milton Santos analisa a tendência a desmetropolização, está se referindo 
ao cenário até os anos 1980. Um dado citado para reforçar essa possível 
tendência seria o crescimento da população das áreas metropolitanas do Rio de 
Janeiro e São Paulo, que entre 1950 e 1980 cresceram quatro vezes. Já as outras 
regiões metropolitanas cresceram 4,96 vezes e as áreas não metropolitanas 
cresceram 4,26 vezes no mesmo período. Para efeito de comparação a população 
brasileira como um todo cresceu 4,28 vezes no período (SANTOS, 2005, p. 95). 
 4 
 
A partir desses dados levantados por Milton Santos, vamos analisar o fenômeno 
até datas mais próximas, para averiguar se este continua ocorrendo. Na tabela 
abaixo temos a distribuição populacional por classes de tamanho de cidades, de 
1940 a 2010. 
 
TABELA 6.1 - Percentual da população urbana segundo o tamanho das cidades, 1940-2010 
Tamanho 
das 
cidades 
1940 1950 1960 1970 1980 1991 2000 2010 
Até 20.000 46,82 38,78 33,77 26,92 21,36 19,34 18,81 17,13 
20 a 
50.000 
9,41 13,01 11,61 12,04 11,40 12,44 11,49 11,83 
50 a 
100.000 
7,65 8,86 9,57 7,80 10,50 10,23 10,57 9,93 
100 a 
500.000 
14,55 13,43 16,06 19,59 21,92 24,43 26,11 27,34 
> 500.000 21,57 25,92 29,00 33,65 34,83 33,55 33,01 33,78 
> 100.000 36,12 39,36 45,05 53,24 56,75 57,98 59,12 61,12 
Total 
População 
urbana 
12.878.647 18.775.779 31.867.324 52.097.260 80.437.327 110.990.990 137.953.959 160.925.792 
Fonte: BRITO e PINHO, 2012, p. 10, com dados FIBGE, Censos Demográficos 1940-2010. 
 
Nessa tabela podemos observar a concentração da população urbana nas cidades 
com mais de 100.000 habitantes, sobretudo a partir dos anos 1970, quando se 
acelera o processo de urbanização brasileiro. Para 1970 vemos que 53,24% da 
população urbana se encontra em municípios com mais de 100.000 habitantes, 
sendo que quase 34% estão em municípios maiores do que 500.000 habitantes. 
 
Vemos também que nas cidades entre 100 e 500.000 habitantes temos um 
aumento contínuo, passando de 19,59% em 1970 para 27,34% em 2010. 
 
Já na tabela 6.2 vemos a contribuição de cada grupo de cidades (considerando os 
grupos de tamanho) para o acréscimo populacional que ocorreu no período de 
 5 
1940 a 2010. Por essa tabela vemos então, a quantidade de acréscimo 
populacional de cada grupo de cidades, podendo mensurar-se qual grupo 
contribuiu com qual percentagem 
 
 
Tabela 6.2 - Contribuição dos residentes por tamanho de cidade para o incremento da população urbana total, 1940-
2010 
 1940/1950 1950/1960 1960/1970 1970/1980 1980/1991 1991/2000 2000/2010 
Até 20.000 21,23 26,58 16,13 11,13 14,05 16,63 6,98 
20 a 50.000 20,85 9,61 12,72 10,21 15,19 7,59 13,89 
50 a 100.000 11,48 10,59 5,01 15,46 9,53 11,98 6,03 
100 a 500.000 10,99 19,82 25,16 26,19 31,04 33,05 34,69 
> 500.000 35,44 33,40 40,97 37,02 30,19 30,75 38,41 
TOTAL 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 
>100.000 46,44 53,22 66,14 63,21 61,23 63,80 73,10 
Fonte: BRITO e PINHO, 2012, p. 10, com dados FIBGE, Censos Demográficos 1940-2010. 
 
Para entender essa tabela consideremos, por exemplo, o acréscimo populacional 
urbano entre 1940 e 1950. Se consultarmos a tabela 6.1, vemos que a população 
urbana em 1940 era de 12.878.647 habitantes, passando para 18.775.779 em 
1950. Portanto houve um acréscimo urbano de 5.897.132 habitantes urbanos. O 
que a tabela expressa, é a percentagem que cada categoria de tamanho de cidade 
contribuiu para esse acréscimo. No caso que estamos analisando, a população 
das cidades de mais de 500.000 habitantes contribuíram com 35,44%, ou seja, 
com 2.089.943 habitantes e assim sucessivamente. 
 
Já a linha das cidades com mais de 100.000 habitantes (>100.000) é o resultado 
do somatório das categorias de 100 a 500.000 habitantese aquelas com mais de 
500.000 habitantes (>500.000). 
 
Com ela percebemos o grande crescimento das cidades com mais de 100.000 
habitantes, contribuindo com mais de 60% desde a década de 1970 e chegando 
entre 2000 e 2010 a 73,10%. "Uma conclusão preliminar é que o acelerado 
 6 
processo de urbanização no Brasil, fortemente alimentado pela maciça migração 
ruralurbana, tem sido, desde o seu início, não só acelerado, mas concentrador da 
população em cidades maiores do que 500.000 habitantes, com uma relativa 
tendência recente favorável às cidades médias, ou seja, aquelas entre 100 e 
500.000" (BRITO e PINHO, 2012, p. 11). 
 
Gráfico 6.1 - Contribuição dos residentes por tamanho de cidade 
para o incremento da população urbana total, 1940-2010
0
10
20
30
40
50
1940/50 1950/60 1960/70 1970/80 1980/91 1991/00 2000/10
Períodos
P
er
ce
n
tu
al
Até 20.000 hab.
20 a 50.000 hab.
50 a 100.000 hab.
100 a 500.000 hab.
> 500.000 hab.
 
Fonte: Realizado com dados da tabela 6.2. 
 
Pelo gráfico 6.1 podemos perceber a participação crescente das cidades de 100 a 
500.000 habitantes, indicando o crescimento das chamadas "cidades médias". 
 
Vemos também uma certa estabilização da participação das cidades com mais de 
500.000 habitantes, ou seja, das cidades maiores e das metrópoles. Isto reforça a 
tendência que estamos analisando, de um fortalecimento das cidades médias, que 
analisaremos a seguir. 
 
Questão 1 (atende ao objetivo 1) 
 
Destacar os dados demográficos que corroborem o processo de 
desmetropolização, conforme definido por Milton Santos. 
 
 7 
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________ 
 
Resposta Comentada 
 
Os dados apresentados do período de 1940 a 2010 mostram um crescimento 
continuado do crescimento das grandes cidades, sobretudo a partir dos anos 
1970. Nos períodos mais recentes há uma tendência à estabilização no 
crescimento das metrópoles e uma tendência constante do crescimento das 
cidades intermediárias (ou médias) na faixa entre 100.000 e 500.000 habitantes. 
 
Fim da resposta comentada 
 
2. O ESTUDO DAS CIDADES MÉDIAS 
 
Iniciamos a discussão sobre as cidades médias partindo de uma definição ampla. 
Para alguns autores considerando a perda da centralidade da indústria, tem-se 
uma tendência a urbanização com concentração da população em um número 
reduzido de cidades. Nesse contexto as metrópoles seguem tendo importância, 
"...mas aumenta a relevância de um grupo de cidades de médio porte na rede 
urbana, algumas das quais se tornaram centros regionais e articuladores do 
território. Estamos chamando esse grupo de “cidades médias não-
metropolitanas”, as cidades com população superior a 100 mil habitantes 
que não sejam capitais estaduais ou localizadas em regiões metropolitanas 
(SANTOS, 2013, p. 138, grifo nosso). 
 8 
 
Essa é uma definição que engloba todas as cidades médias existentes, bem como 
algumas metrópoles, tendo em vista a determinação de regiões metropolitanas 
vista na aula 4 (A dinâmica das regiões metropolitanas no Brasil). Porém. como já 
visto também na aula 5 (A rede urbana brasileira) há que considerar também as 
funções desempenhadas pelas cidades dentro da rede urbana brasileira. 
 
Historicamente essa preocupação com as cidades médias vem da década de 
1970. Como visto na aula 3, foi nesse período que foram criadas as primeiras 
regiões metropolitanas. Já nesse período surge um "Programa de Cidades de 
Porte Médio", determinando a partir do governo federal uma planificação que, 
além do tamanho populacional também considerava a centralidade, a hierarquia 
urbana, a extensão física, as características funcionais e econômicas (BRANCO, 
2006, p. 246). 
 
A discussão das cidades médias, abandonada em anos posteriores com a 
substituição de um planejamento territorial por um planejamento setorial, é 
retomada com o processo de globalização, pois as novas dinâmicas produtivas 
determinadas pela abertura de economia e a inserção em uma sociedade em 
rede, ressaltaram a importância do território e da urbanização e portanto, das 
cidades médias (BRANCO, 2006, p. 246). 
 
Com o processo de globalização, três novas funções são exercidas pelas cidades 
médias: a de articuladoras privilegiadas nos eixos ou corredores de 
desenvolvimento, a de participarem nos sistemas de redes regionais ou nacionais 
e de serem um fator de localização para tecnopólos (BRANCO, 2006, p. 247). Isto 
tudo porque a partir do desenvolvimento de novas tecnologias da informação, não 
há mais necessidade das atividades econômicas se localizarem apenas nas 
grandes metrópoles, aumentando a importância das cidades médias. 
 
 9 
Sanfeliu e Torné (2004) mostram como no período atual se simplificam os níveis 
da hierarquia urbana. De uma estrutura vigente nos anos 1950 e 1960, em que 
haviam metrópoles mundiais, metrópoles nacionais, metrópoles regionais, cidades 
grandes, cidades médias, cidades pequenas e centro rurais, passou a uma 
tendência simplificada, em que há apenas metrópoles mundiais, metrópoles 
nacionais, uma rede urbana (regional e nacional) e o território urbanizado inter-
reticular, ou seja, em uma estrutura de rede. 
 
2.1 As Cidades Médias Brasileiras 
 
Para demonstrar uma possível organização das cidades médias brasileiras 
utilizaremos o estudo de Branco (2006), pesquisadora do IBGE. Para a autora, as 
seguintes características são definidoras de cidades médias: 
 
• o tamanho populacional - deve ser considerado, porém sem ser o elemento 
definidor da cidade média; o tamanho econômico - indica a dinâmica 
econômica da cidade que é responsável pela existência de infra-estrutura 
que gere o poder de atração locacional e o papel de intermediação das 
cidades médias; 
• o grau de urbanização - é importante pois as funções de articulador do 
sistema urbano e de centro de atividades produtivas e de serviços são 
características tipicamente urbanas; 
• a centralidade - é fundamental, pois nela se apoia seu poder de articulação 
entre centros de diferentes níveis, para o fornecimento de bens e serviços 
para sua área de influência e como nó de diferentes tipos de redes ; 
• a qualidade de vida - aspecto relevante por considerar a oferta de infra-
estrutura urbana, segurança, facilidade de deslocamento, constituindo, 
portanto, um fator de atração locacional. 
 
 10 
Em relação ao tamanho populacional tem-se várias classificações de diversos 
autores e trabalhos que variam entre 50 e 500.000 habitantes na caracterização 
das cidades médias. No trabalho que estamos considerando, Branco (2006) 
considerou como cidades médias aquelas cidades entre um mínimo de 100.000 e 
um máximo de 350.000 habitantes. 
 
É claro que somente o tamanho não pode ser (e não foi) o único critério adotado, 
pois em caso contrário muitas cidades pertencentes a regiões metropolitanas 
seriam assim indicadas. Como se sabe, nesse caso a dinâmica metropolitana se 
sobrepõe, portanto essas cidades "...não constituem cidades médias no sentido 
funcional" (BRANCO, 2006, p. 251). Portanto foram excluídas as cidades 
pertencentes a Regiões Metropolitanas, a Regiões Integradas de Desenvolvimento 
e às Áreas de Concentração de População. 
 
Boxe Multimídia 
 
As Regiões Integradas de Desenvolvimento (RIDEs) já foram abordadas na aula 
3. Tem como principal diferença em relação às Regiões Metropolitanas o fato de 
conterem municípios de Estados da Federação distintos. Para maiores detalhes 
acesse a página do Ministérioda Integração Nacional sobre o assunto: 
http://www.mi.gov.br/regioes_integradas_rides 
 
Fim do Boxe 
 
 
 
 
 11 
Boxe explicativo 
 
As áreas de Concentração de População são aquelas definidas como as principais 
áreas urbanas do pais: Manaus, Belém, São Luis, Teresina, Fortaleza, Juazeiro do 
Norte, Natal, João Pessoa, Campina Grande, Recife, Maceió, Aracaju, Salvador, 
Feira de Santana, Belo Horizonte, Juiz de Fora, Ipatinga, Uberlândia, Vitória, Rio 
de Janeiro, Campos dos Goytacazes, Volta Redonda, São Paulo, Campinas, São 
José dos Campos, Sorocaba, Ribeirão Preto, São José do Rio Preto, Curitiba, 
Londrina, Maringá, Florianópolis, Joinville, Porto Alegre, Campo Grande, Cuiabá, 
Goiânia e Brasília (BRANCO, 2006, p. 252). 
 
Fim do Boxe 
 
Para a identificação das cidades médias brasileiras através dos critérios 
apresentados, Branco (2006, p. 252) utilizou as seguintes etapas: 
 
1. Seleção do universo de centros urbanos que atendiam aos critérios de tamanho 
populacional e centralidade definidos. Foram identificadas 66 cidades, "cuja 
distribuição espacial reflete a configuração territorial da distribuição da população 
e da rede urbana brasileira: esparsos nas Regiões Norte e Centro-Oeste, pouco 
mais densos no Nordeste e densos no Sudeste e no Sul" (ver quadro 6.1). 
 
2. Em uma segunda etapa foi mensurada a presença de linhas aéreas regulares, 
utilizando o princípio de que esse parâmetro é necessário para a articulação da 
cidade média com os níveis superiores da hierarquia urbana (BRANCO, 2006, p. 
252-255). Com isso da contagem inicial sobraram 39 centros urbanos: três na 
região Norte, três na região Centro-Oeste, sete na região Nordeste, dez na região 
Sul e dezesseis na região Sudeste (ver figura 6.1). 
 
 12 
Quadro 6.1 - Municípios selecionados pelo tamanho populacional 
 
Fonte: BRANCO (2006, p. 253). 
 
 
 
 
 13 
Figura 6.1 - Cidades médias brasileiras selecionadas após a 2. etapa 
 
Fonte: BRANCO, 2006, p. 255. 
 
 
6.3 Tipologia das cidades médias brasileiras 
 
Após essa classificação foi realizada uma terceira etapa, com o objetivo de 
classificar esses 39 centros urbanos, realizando então uma tipologia em duas 
etapas. Na primeira foram definidos os indicadores para cada uma das dimensões 
estabelecidas: 
 
A primeira contemplou a definição dos indicadores para cada uma das 
dimensões estabelecidas: o tamanho populacional e econômico está 
representado pela população total e urbana, unidades locais de 
empresas, população economicamente ativa, agências bancárias e 
pessoal ocupado total e assalariado; o nível de urbanização foi definido 
pela taxa de urbanização e número de domicílios total e urbanos; a 
centralidade interurbana está contemplada em dois aspectos: as ligações 
por fluxos de bens e serviços e por fluxos aéreos; a qualidade de vida 
urbana está dimensionada pelo total de domicílios ligados à rede geral de 
água e à rede geral de esgotos. Na segunda fase, como critério para a 
 14 
tipologia, foi utilizado o valor da mediana dos 66 centros selecionados 
inicialmente, para cada um dos indicadores, (...), considerando que esta 
medida tem a vantagem de não ser afetada por valores extremos. Assim, 
com base na mediana, estabeleceu-se uma tipologia, identificando-se 
quatro tipos: o primeiro referente às cidades que apresentaram valores 
iguais ou superiores à mediana em todos os indicadores; o segundo, 
onde os centros apresentaram valores superiores à mediana em pelo 
menos sete dos indicadores selecionados; o terceiro, onde os centros 
apresentaram valores superiores a mediana em pelo menos um dos 
indicadores selecionados; e o quarto, onde todos os valores ficaram 
abaixo da mediana (BRANCO, 2006, p. 256). 
 
Boxe explicativo 
 
O termo “mediana” refere-se a “meio”. Dado um conjunto de informações 
numéricas, o valor central corresponde à mediana desse conjunto. Dessa forma, é 
importante que esses valores sejam colocados em ordem, seja crescente ou 
decrescente. Se houver uma quantidade ímpar de valores numéricos, a mediana 
será o valor central do conjunto numérico. Se a quantidade de valores for um 
número par, devemos fazer uma média aritmética dos dois números centrais, e 
esse resultado será o valor da mediana (Fonte: BRASILESCOLA, 2015). 
Exemplo: Digamos seis cidades tenham as seguintes populações: 1) 130.000 
habitantes; 2) 150.000 habitantes; 3) 200.000 habitantes; 4) 350.000 habitantes; 5) 
100.000 habitantes e 6) 200.000 habitantes. Colocando esses valores em ordem 
temos: 100.000; 130.000; 150.000; 200.000; 200.000 e 350.000. Os valores do 
"meio", são 150.000 e 200.000. Calculando a média aritmética temos que a 
mediana será 150.000+200.000/2= 175.000 habitantes, que será então a mediana. 
 
Fim do boxe 
 
As medianas utilizadas estão na tabela 6.3 abaixo. Com base nos critérios 
enunciados, a pesquisa chegou em uma tipologia separando as cidades em 
incipientes, baixas, médias e completas, de acordo com os critérios já detalhados 
na citação acima. Os indicadores aparecem tabulados na tabela 6.5 e 
representados na figura 6.2. 
 15 
 
Tabela 6.3 - Valor da mediana dos centros selecionados 
Informação selecionada Mediana 
População urbana 151.141 
População total 166.484 
Taxa de Urbanização 94,20 
Domicílios urbanos 38.720 
Total de Domicílios 43.440 
Domicílios ligados à rede geral de água 37.289 
Domicílios ligados à rede geral de esgoto 25.813 
População Economicamente Ativa 77.485 
Número de Unidades Locais de Empresa 6.146 
Pessoal Ocupado Total 33.385 
Pessoal Ocupado Assalariado 25.928 
Número de Agências Bancárias 9 
Fonte: BRANCO, 2006, p. 256. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 16 
Figura 6.2 - Tipologia de Cidades Médias no Brasil 
 
Fonte: BRANCO, 2006, p. 257. 
 
Com base na classificação apresentada as cidades podem ser apresentadas de 
acordo com seu tamanho populacional e a área de influência, conforme figura 6.2. 
 
A análise apresentada visa demonstrar como se deve fazer uma classificação, no 
caso de cidades médias e como esta depende dos critérios (indicadores) 
adotados. As cidades na categoria analisada têm aumentado de censo a censo, 
seja em população total, seja em população urbana. 
 
Também devemos destacar que qualquer classificação vai variar de acordo com 
os critérios que forem utilizados em sua realização. No caso dessa classificação, 
mudando os critérios, mudaria a classificação encontrada. 
 
 17 
Pelo critério de classificação adotado, alguns estados não possuíram nenhuma 
cidade média, caso dos Estados de Rondônia, Acre, Amazonas, Roraima, Amapá, 
Paraíba, Alagoas, Sergipe, Espírito Santo e Mato Grosso. Isso pode ter como 
causa uma estrutura primaz, de prevalência apenas da capital do estado como 
referencial dentro da hierarquia urbana. A distribuição das cidades médias ficou da 
seguinte maneira: 
 
Tabela 6.4 - Distribuição das cidades médias por Região e Estado 
Região Sudeste São Paulo 6 
 Rio de Janeiro 3 
 Minas Gerais 7 
Região Sul Paraná 3 
 Santa Catarina 1 
 Rio Grande do Sul 6 
Região Nordeste Bahia 2 
 Maranhão 1 
 Pernambuco 1 
 Rio Grande do Norte 1 
 Ceará 1 
 Piauí 1 
Região Centro-Oeste Goiás 2 
 Mato Grosso do Sul 1 
 Tocantins 1 
Região Norte Pará 2 
TOTAL 39 
Fonte: elaboração própria com dados da pesquisa de Branco (2006). 
 
Em relação ao Estado do Rio de Janeiro, três cidades médias foram identificadas 
como cidades médias: Angra dos Reis, Cabo Frio e Macaé. As duas primeiras no 
terceiro tipo e Macaé no quarto tipo: 
 
Macaé, centro urbano com 126.007 habitantes e PIB municipal de R$ 9 
bilhões, o mais elevado do conjunto de cidades selecionadas, graças à 
extração de petróleo, compreende apenas um total de seis centros em 
sua área de influência imediata, com 107.327 habitantes, enquanto que o 
alcance máximo de suas funções centrais chega a 10 municípios 
fluminenses. 
(...) 
Angra dos Reis, compreendendo um totalde 114.300 habitantes urbanos 
e PIB municipal de R$ 2 bilhões, atende apenas três centros em sua área 
de influência imediata, num total de 45.542 habitantes, e área de 
mercado constituída por quatro cidades fluminenses. 
 18 
(...) 
Cabo Frio, cidade com população de 106.237 habitantes e PIB municipal 
de R$ 3 bilhões e meio, abrange apenas quatro centros em sua área de 
influência imediata, perfazendo 201.528 habitantes, e uma área de 
mercado formada por cinco municípios fluminenses (BRANCO, 2006, p. 
266-267). 
 
No caso de Campos dos Goytacazes, a maior cidade do interior do Estado do Rio 
de Janeiro, ela não aparece como cidade média por se constituir em uma das 40 
Áreas de Concentração de População (ACP) brasileiras (conforme visto na aula 
5). Por outro critério, o da população, ela também não apareceria, por contar com 
população total de 463.731 pessoas (censo de 2010). 
 
Figura 6.3 - Cidades Médias Brasileiras - Tamanho populacional e Área de 
Influência 
 
Fonte: BRANCO, 2006, p. 262. 
 
 19 
Tabela 6.5 - Cidades médias brasileiras - indicadores analisados e tipologia 
 
 
Fonte: BRANCO, 2006, p. 275-276 
 
 20 
Esta tipologia apresentada representa um grande esforço de sistematização 
utilizando critérios definidos para a classificação de toda a rede urbana brasileira. 
Com isso foi conseguido uma tipologia representativa, que pode ser alterada, se 
os indicadores mudarem e a dinâmica da rede urbana também. 
 
Conclusão 
 
A expansão continuada da urbanização tem levado a situações em que a grande 
concentração urbana nas grandes metrópoles tem diminuído. Isso se deve a um 
possível processo de desmetropolização ou involução metropolitana. Na verdade 
as grandes cidades continuam responsáveis por grande parte da população 
brasileira, porém há uma expansão das cidades intermediárias, ou médias. Isso 
devido ao processo de globalização, que elimina níveis hierárquicos, realizando 
uma integração do território em rede. 
 
 
Atividade Final (atende aos objetivos 1 e 2) 
 
O que são cidades médias? Que relações podemos estabelecer entre elas e a 
involução metropolitana? E com o processo de globalização? 
 
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 21 
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Resposta comentada 
 
Cidades médias são também chamadas de intermediárias, estabelecendo a 
ligação entre as metrópoles e as cidades menores. Devido ao processo de 
globalização e à criação de meios de comunicação mais eficientes, muitas 
atividades econômicas se deslocaram para as cidades médias. De outro modo 
esse processo também diminuiu o número de níveis hierárquicos, favorecendo a 
desmetropolização e o aumento de importância das cidades médias. 
 
Fim da resposta comentada 
 
 
Referências Bibliográficas 
 
BRANCO, Maria Luisa Castello. Cidades Médias no Brasil. In: SPÓSITO, Eliseu 
Savério. Cidades Médias: Produção do Espaço Urbano e Regional. São Paulo: 
Expressão Popular, 2006. p. 245-277. 
 
BRASILESCOLA. Mediana. Disponível em: 
<http://www.brasilescola.com/matematica/mediana.htm>. Acesso em: 27 jul. 2015. 
 
BRITO, Fausto; PINHO, Breno Aloísio T. Duarte de. A Dinâmica do Processo de 
Urbanização no Brasil, 1940-2010. Belo Horizonte : UFMG/CEDEPLAR, 2012. 
(Texto para discussão, 464). Disponível em: 
<http://cedeplar.ufmg.br/pesquisas/td/TD%20464.pdf>. Acesso em 24 jul. 2015. 
 22 
 
SANFELIU, Carmen Bellet; TORNÉ, Josep Maria Llop. Miradas a Otros Espacios 
Urbanos: Las Ciudades Intermedias. Scripta Nova: Revista Electrónica de 
Geografía y Ciencias Sociales, Barcelona, Vol. VIII, núm. 165, 2004, Disponível 
em: <http://www.ub.edu/geocrit/sn/sn-165.htm>. Acesso em 26 jul. 2015. 
 
SANTOS, Milton. A urbanização brasileira. São Paulo: Edusp, 2005. 5. ed. 
(original de 1993). 
 
________. Por uma economia política da cidade: o caso de São Paulo. São 
Paulo: EDUSP, 2009. 2. ed. (original de 1994). 
 
SANTOS, Angela Moulin S. Penalva. Política Urbana: a importância de focalizar 
as cidades médias. Revista de Direito da Cidade. vol.05, n. 02, 2013, p. 137-152. 
Disponível em: <http://www.e-
publicacoes.uerj.br/index.php/rdc/article/view/9741/7639>. Acesso em 26 jul. 2015.

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