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[65352-421386]Economia_2019

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UnisulVirtual
Palhoça, 2019
Economia
Universidade Sul de Santa Catarina
Universidade do Sul de Santa Catarina – Unisul
Reitor
Mauri Luiz Heerdt
Vice-Reitor
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Pró-Reitor de Ensino, Pesquisa, Pós-graduação, Extensão e Inovação
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Campus Universitário UnisulVirtual
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Gerente de Ensino, Pesquisa, Pós-graduação, Extensão e Inovação
Moacir Heerdt
Gerente de Relacionamento e Mercado
Guilherme Araujo Silva
Gerente da Rede de Polos
José Gabriel da Silva
Livro Didático
Professor(es) conteudista(s)
André Luis da Silva Leite
Joseane Borges de Miranda
Designer Instrucional
Carmelita Schulze
Projeto Gráfico e Capa
Equipe UnisulVirtual
Diagramação
Fernanda Vieira Fernandes
Revisão Ortográfica
Diane Dal Mago
Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Universitária da Unisul
L55
Leite, André Luis da Silva 
Economia : livro didático / André Luis da Silva Leite, Joseane Borges de 
Miranda. – Palhoça : UnisulVirtual, 2019.
90 p. : il. ; 28 cm.
Inclui bibliografia.
1. Microeconomia. 2. Macroeconomia. 3. Moeda. 4. Finanças internacionais. I. 
Miranda, Joseane Borges de. II. Título.
CDD (21. ed.) 330
Copyright © UnisulVirtual 2019
Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida por qualquer meio sem a prévia autorização desta instituição. 
Partes dessa obra foram publicadas originalmente com o título “Fundamentos Econômicos”, na edição do ano 2007, tendo como autor 
André Luis da Silva Leite, e com o ISBN 978-85-60694-74-7.
Livro didático
UnisulVirtual
Palhoça, 2019
Economia
André Luis da Silva Leite
Joseane Borges de Miranda
Sumário
Introdução | 7
Capítulo 1
Introdução à microeconomia | 9
Capítulo 2 
Introdução à Macroeconomia | 37
Capítulo 3
A moeda e o sistema financeiro | 57
Capítulo 4
Elementos de economia internacional | 75
Considerações Finais | 85
Referências | 87
Sobre os Professores Conteudistas | 89
Introdução 
Palavras dos professores,
Bem-vindo ao estudo dos fundamentos econômicos.
O objetivo aqui é que você assimile com sucesso os conceitos introdutórios de 
economia. Esses conceitos são muito importantes para um futuro profissional 
de qualquer área de gestão, pois são, muitas vezes, empregados nas decisões 
empresariais.
Haja vista que diversos fenômenos relevantes nas áreas de marketing, finanças e 
administração geral, entre outras, têm sua fundamentação na teoria econômica.
Sempre que a política econômica sofre uma alteração, os impactos são sentidos 
nas empresas que trabalhamos ou que gerimos, bem como no nosso dia a dia. 
Um bom exemplo disso é a inflação, se a inflação aumenta o nosso poder de 
comprar reduz e essa redução impacta todo o ciclo econômico. Outra importante 
variável para o crescimento econômico é o conceito de PIB (Produto Interno 
Bruto) de um país. Quanto maior o PIB mais emprego, mais bem-estar social. 
Mas quais as outras variáveis econômicas determinam esse crescimento? Essa, 
portanto, é uma das perguntas que esse livro buscará responder.
Algumas instituições têm um papel importante na economia de um país, como 
é o caso do Banco Central. É importante também entender por que os países 
promovem comércio entre si e identificar quais as principais barreiras ao livre 
comércio.
Tudo isso será tratado aqui. Pois, estudar o conjunto das variáveis econômicas 
é, repetindo, o principal objetivo deste livro. E ele foi preparado com o intuito de 
tornar o seu primeiro contato com a ciência econômica simples e agradável.
Bons Estudos!
Professores André Luiz da Silva Leite e Joseane Borges de Miranda
9
Capítulo 1
Introdução à microeconomia
Seção 1
Introdução ao estudo de economia 
1.1 A produção e o consumo de bens e serviços 
A satisfação das necessidades materiais (roupas, habitação, por exemplo) e não 
materiais (educação, serviços de saúde) de uma sociedade leva seus membros 
a se ocuparem de determinadas atividades produtivas. Assim, produzem bens 
e serviços que necessitam e que são distribuídos à sociedade. Ou seja, há 
produção e consumo, que são dois itens fundamentais do estudo da economia.
No que diz respeito à produção, as empresas devem decidir que bens produzir e 
de que forma produzir. Em relação ao consumo, as famílias devem decidir como 
vão gastar seu orçamento para satisfazer suas necessidades.
Portanto, todos nós participamos do sistema econômico do país, consumindo hoje 
bens e serviços ou poupando parte de nossa renda para consumirmos no futuro.
Enfim, somos influenciados pelas mudanças na economia. E é por isso que o 
entendimento da economia caracteriza-se numa ferramenta importante para 
os profissionais das mais diversas áreas, especialmente gestores, engenheiros, 
contadores e advogados. Diversos fenômenos relevantes nas áreas de marketing, 
finanças, estratégia e administração geral, entre outras, têm sua fundamentação 
na teoria econômica.
Economia é a ciência que estuda a forma pela qual a sociedade (pessoas, empresas e 
governos) toma decisões em relação ao uso dos recursos disponíveis, que são escassos, 
visando a satisfazer da melhor forma possível as necessidades individuais e coletivas. 
* LEITE, André Luis da Silva; MIRANDA, Joseane Bordes de. Economia: livro didático – Palhoça, 2019. Págs 09 
a 36.
10
Capítulo 1 
Utilizando alguns autores renomados da área das ciências econômicas, 
encontramos que:
A economia estuda como as sociedades administram recursos escassos para 
produzir bens e serviços (MOCHÓN, 2007, p. 1.).
Economia pode ser definida como a ciência social que estuda como o indivíduo 
e a sociedade decidem utilizar recursos produtivos escassos, na produção 
de bens e serviços, de modo a distribuí-los entre as várias pessoas e grupos 
da sociedade, com a finalidade de satisfazer às necessidades humanas 
(VASCONCELLOS, 2001, p. 21).
A natureza dos problemas econômicos reside na constatação de que os recursos 
que a coletividade dispõe para a satisfação de suas necessidades são limitados. 
Por outro lado, as necessidades do ser humano não têm limite. Em outras 
palavras, as pessoas precisam de certos bens (roupas, alimentos, casa para 
morar, automóvel) e serviços (educação, lazer, saúde) que são escassos, isto é, 
existem em quantidades limitadas. Já as aspirações humanas são, no entanto, 
relativamente ilimitadas, superando o volume de bens e serviços disponíveis para 
a satisfação desses desejos.
O problema fundamental da economia é a escassez. Pode-se dizer que 
a economia se preocupa com a maneira como a sociedade administra seus 
recursos, visando a obter o melhor aproveitamento possível. Por exemplo, uma 
família emprega seu limitado orçamento de forma cuidadosa ao longo de um 
período de tempo, com a finalidade de aproveitá-lo ao máximo para pagar pelos 
bens e serviços consumidos.
A economia estuda a maneira como se administram os recursos escassos, com 
o objetivo de produzir bens e serviços e distribuí-los para seu consumo entre os 
membros da sociedade. 
As necessidades humanas são ilimitadas, porém, os recursos econômicos são 
escassos. Conforme lembram Trostes e Mochón (1999), este não é um problema 
tecnológico, mas sim de disparidade entre os desejos humanos e os meios 
disponíveis para satisfazê-los.
Este dilema pode ser traduzido pelo confronto entre fatores de produção 
escassos X necessidades ilimitadas.
11
Economia
E este dilema implica a existência de quatro questões fundamentais:
 • O que produzir?
 • Quanto produzir?
 • Como produzir?
 • Para quem produzir?
A resposta para essas questões fundamentais da economia depende do sistemaeconômico, ou seja, se você está numa economia capitalista ou de mercado, ou 
se está numa economia socialista ou planificada.
Como os recursos ou fatores de produção – capital, terra, trabalho– são escassos, 
não podemos ter tudo que desejamos ao mesmo tempo – por isso é preciso 
escolher entre os bens e serviços que serão produzidos e oferecidos à coletividade. 
Fatores de produção são os elementos que as empresas 
utilizam para produzir um determinado bem ou serviço. 
Aqui iremos considerar apenas esses três fatores de 
produção, embora alguns livros considerem também a 
tecnologia e a capacidade gerencial. 
A atividade econômica, por meio da produção de bens e 
serviços, visa a satisfazer as necessidades humanas. E a 
produção desses bens e serviços, numa economia de mercado, realiza-se nas 
diversas empresas. E cada uma delas emprega fatores de produção.
Assim, para ofertar bens ou serviços, as empresas precisam de fatores de 
produção.
Estes fatores são divididos em três grandes grupos:
 • Recursos naturais: formado pelo espaço físico, pela água e 
pelas matérias-primas em geral. Por exemplo, uma fazenda utiliza 
bastante espaço físico para sua produção.
 • Capital: são as máquinas, equipamentos e instalações empregados 
na produção. Muitas empresas trabalham com um número grande 
de máquinas nas linhas de produção.
 • Trabalho: refere-se aos serviços das pessoas empregadas na 
produção, como o operário, o gerente etc. São os trabalhadores que 
operarão as máquinas e transformarão a matéria-prima.
As definições desses 
fatores encontram-
se em: SILVA, C.; 
LUIZ, S. Economia e 
mercados: introdução 
à economia. 15ª Ed. 
São Paulo: Saraiva, 
1996. 
12
Capítulo 1 
Você já deve ter ouvido falar num famoso ditado popular que diz que “nem relógio 
trabalha de graça”. Assim, cada um dos fatores de produção, ou melhor, seus 
proprietários, mencionados anteriormente, devem receber uma renda pela sua 
utilização. Essa renda chamamos de remuneração dos fatores de produção.
Assim, a renda:
 • da terra é o aluguel;
 • do capital é o lucro (quando o capitalista constitui uma empresa) ou 
o juro (quando ele empresta dinheiro);
 • do trabalho é o salário.
1.2 Os agentes econômicos
1.2.1 As empresas
Nas sociedades modernas, as empresas produzem e oferecem praticamente 
a totalidade dos bens e serviços, como o pão, os automóveis, os sapatos, os 
serviços de turismo e assim por diante.
A empresa é a unidade de produção básica. Ela contrata trabalho e compra 
fatores com o fim de fazer e vender bens e serviços e, ao final do processo, 
auferir lucro.
Nas sociedades primitivas, a produção era individual e artesanal. Hoje, as 
empresas são as maiores responsáveis pela produção, já que só elas são capazes 
de obter as vantagens da produção em massa.
Somente as empresas podem reunir grandes quantidades de recursos financeiros 
e físicos necessários para construir as instalações e os equipamentos que a 
atualidade exige.
Além disso, somente as empresas têm capacidade de organizar os complexos 
processos de produção e distribuição exigidos pela sociedade moderna.
O financiamento das empresas pode ser obtido por meio de autofinanciamento 
ou financiamento externo. Ou seja, elas podem se financiar com seu próprio 
capital ou tomar empréstimos junto aos bancos.
13
Economia
1.2.2 As famílias ou indivíduos
As famílias ou as pessoas, individualmente, têm basicamente duas funções no 
sistema econômico:
 • oferecer seus fatores de produção, isto é, trabalho e capital às 
empresas; 
 • consumir os bens e serviços postos à sua disposição. No entanto, o 
consumo é restrito pelo orçamento de que dispõem.
1.2.3 O setor público
O governo é um importante agente da economia. Afinal, ele é o maior 
responsável pelos rumos econômicos de uma nação. Há pelo menos três níveis 
de governo, a destacar:
 • a administração local, ou seja, as prefeituras;
 • as administrações estaduais; 
 • a administração central, ou seja, o Governo Federal e seus 
ministérios.
O setor público é responsável pelo fornecimento dos chamados bens públicos. 
Bens públicos são bens proporcionados a todas as pessoas a um custo igual ao 
necessário para o fornecimento a uma só pessoa.
Veja um exemplo: 
A defesa nacional é um bem público. Caso uma nação declare guerra ao Brasil, todos 
os cidadãos brasileiros terão direito à defesa nacional. Por essa característica, os bens 
públicos só podem ser providos pelo Estado. 
Há ainda outra atribuição importante do governo no que diz respeito ao sistema 
econômico. O setor público é responsável por estabelecer um marco jurídico-
institucional no qual se desenvolve a atividade econômica, sendo também 
responsável pelo estabelecimento da política econômica.
Os agentes econômicos (famílias ou pessoas, empresas e governo) podem ser 
agrupados em três grandes setores.
 • Setor primário: refere-se às atividades próximas dos recursos 
naturais, como por exemplo, a atividade agrícola ou agroindustrial, a 
atividade pesqueira, pecuária etc.
14
Capítulo 1 
 • Setor secundário: refere-se à atividade industrial. É na indústria que 
as matérias-primas são transformadas em bens.
 • Setor terciário: refere-se aos serviços, ou seja, à satisfação 
das necessidades de serviços, que não se transformam em algo 
material. Serviços de saúde, de transporte, de educação, de turismo, 
entre outros. Hoje em dia, em diversos países, incluindo o Brasil, é o 
setor que mais cresce e que mais emprega.
1.3 O sistema econômico 
Agora que você já entendeu quem são os agentes econômicos, observe como 
pode ser definido o sistema econômico. O sistema econômico é o conjunto 
de relações técnicas, básicas e institucionais que caracterizam a organização 
econômica de uma sociedade.
Conforme vimos no início deste capítulo, o sistema econômico deve responder às 
quatro questões básicas.
 • O que produzir? – Devemos produzir mais estradas ou mais 
hospitais?
 • Quanto produzir? – Dos bens que vamos produzir, quanto devemos 
produzir de cada um?
 • Como produzir? – Quais técnicas e ferramentas serão utilizadas na 
produção?
 • Para quem produzir? – Como a produção vai ser distribuída entre 
os diferentes agentes da economia?
Quem, afinal, responde a essas perguntas?
Para você encontrar a resposta a essa pergunta, precisa primeiro se voltar um 
pouco para a história da organização econômica. Desse modo, basicamente, pode-
se dizer que há dois tipos de organização da economia de um país ou nação:
 • Capitalismo ou economia de mercado.
 • Socialismo ou economia planificada.
15
Economia
No capitalismo, a economia funciona de forma livre, ou seja, cada um é livre para 
escolher o que produzir e em que quantidade, assumindo os riscos. Por isso, diz-
se que este sistema é caracterizado pela livre iniciativa.
Veja como funciona tal sistema com base no Quadro 1.1.
Quadro 1.1 – A economia de mercado
Aspectos essenciais Vantagens
Os produtores oferecem bens e serviços 
pelos quais há demanda.
As pessoas podem escolher o que consumir 
e produzir de acordo com suas vontades e 
disponibilidades.
O sistema de economia de mercado reduz a 
necessidade de intervenção do governo.
Este sistema faz com que o preço de 
mercado reduza a formação de estoque ou a 
falta de produtos.
Pessoas podem vender ou comprar 
fatores de produção, convertendo-se em 
produtores.
As pessoas têm incentivos financeiros para 
produzir, podendo obter elevados lucros, em 
alguns casos.
Fonte: Elaboração do autor, 2019.
No socialismo, quem responde às questões essenciais da economia é o Estado. 
Dessa forma, uma economia socialista é uma economia planificada, pois 
necessita do Planejamento Estatal.
Esse sistema é justamente o contrário da economia de mercado, já que as 
decisões são tomadas de forma centralizada na agência de planejamento do 
governo. Nesse caso, as famílias não detêm os fatores de produção. Esses 
pertencem à coletividade, ou seja, ao governo.
1.3.1 O sistema econômico e as trocas 
Agora você irá estudar uma atividadede suma importância para os sistemas 
econômicos modernos: as trocas.
Para entender melhor como elas acontecem, imagine uma pessoa que mora sozinha 
numa ilha. Essa pessoa deve, sozinha, ser capaz de produzir tudo aquilo de que 
necessita. E, obviamente, seu consumo está restrito aos recursos que a ilha lhe dá e 
à sua capacidade de transformação desses recursos, ou seja, o seu conhecimento.
Agora, numa sociedade moderna, como a nossa, isso é impossível, você já deve 
ter percebido. E, justamente, pode-se dizer que nossa sociedade é moderna 
devido a um conceito criado pelo primeiro economista da história moderna, o 
escocês Adam Smith, em 1776.
16
Capítulo 1 
Em seu livro, A riqueza das nações, Smith nos conta uma fábula, conhecida 
como a fábula dos alfinetes.
A fábula dos alfinetes 
Smith imagina que a produção de alfinetes pode se dar de duas formas: de forma 
artesanal e de forma industrial. 
Na forma artesanal, um único trabalhador, de forma artesanal, produzia ao final de um dia 
no máximo 20 alfinetes. 
Já na produção industrial, Adam Smith argumenta que, como a fabricação de alfinetes 
é dividida em diferentes operações, então, dez operários conseguiam fabricar, na 
Inglaterra de dois séculos atrás, mais de 48.000 alfinetes em um único dia de trabalho.
Você sabe por que o número de trabalhadores aumentou dez vezes e a produção 
aumentou 2.400 vezes? A resposta é um fenômeno chamado de especialização. 
Com dez operários especialistas, cada um pode se especializar numa 
determinada operação específica do processo produtivo, e, consequentemente, 
aumentar a produtividade diária.
A especialização permite também que cada pessoa procure um trabalho ou uma 
ocupação na qual seja mais produtiva.
Mas você deve notar que o nosso amigo que morava sozinho na ilha não pode 
ser especialista, afinal, ele vivia sozinho e todos os bens e serviços que consumia 
eram originados do seu próprio trabalho.
Já nas economias modernas, a especialização nos permite concentrar nossos 
esforços em um determinado ramo de atividade.
Mas, se ao mesmo tempo temos que ser especialistas, então, só produziremos 
uma parte dos bens e serviços que de necessitamos. Daí a importância das 
trocas no sistema econômico.
Imagine duas pessoas: um alfaiate e um agricultor. O alfaiate se especializou na 
produção de peças de roupa, enquanto o agricultor se especializou na produção 
de verduras. Dessa forma, cada um é mais produtivo naquilo que faz. Mas, como 
o alfaiate precisa se alimentar e o agricultor precisa se vestir, eles podem então 
promover uma troca de produtos.
17
Economia
1.4 Divisão do estudo da economia 
O estudo da economia é divido em duas grandes partes: a microeconomia e a 
macroeconomia.
 • A microeconomia se preocupa com a análise do comportamento 
individual dos agentes econômicos, famílias e empresas. Estuda 
também os mercados nos quais bens e serviços são transacionados. 
Por exemplo, quando se explica o aumento no preço da gasolina 
como consequência do aumento do preço do petróleo, estamos 
fazendo uma análise microeconômica.
 • A macroeconomia, por outro lado, estuda o comportamento 
global da economia, como a renda de uma sociedade ou país, o 
nível de consumo, a inflação, a taxa de juros e a taxa de câmbio 
etc. Podemos evidenciar a macroeconomia quando, ao lermos os 
jornais, nos deparamos com uma notícia sobre os impactos de um 
problema central da economia: a escassez.
Seção 2
Demanda, oferta e mercado 
2.1 Lei da demanda
A lei da demanda visa a identificar os vários fatores que afetam a decisão de 
compra do consumidor.
A identificação destes fatores é fundamental para qualquer empresa, pois todo 
empresário espera obter o maior lucro possível. Mas, para a empresa gerar um 
grande lucro, vai depender tanto da receita obtida - dinheiro obtido com a venda - 
dos produtos, quanto dos custos - insumos e recursos gastos - ocorridos durante 
a sua produção. Portanto, pode-se dizer que:
18
Capítulo 1 
Figura 1.1 – Terminação do lucro
Quantidade
Preço
Demanda
Lucro = Receita - Custos
Fonte: Elaboração do autor, 2019.
2.1.1 Receita 
Para calcular a receita, você deve levar em conta a quantidade de produtos que a 
empresa conseguiu vender e por qual preço.
Receita = Preço X Quantidade
E, por fim, acompanhe na Figura 1.2, que a relação entre preço e quantidade 
vendida no mercado depende, fundamentalmente, da decisão de compra do 
consumidor, ou seja, da demanda.
19
Economia
Figura 1.2 – Relação preço e quantidade vendida
GRANDE PROMOÇÃO
LEVE 2
PAGUE 1
CAMISETAS
POR R$ 10,00.
Fonte: Elaboração do autor, 2019.
O aspecto central da teoria da demanda é estabelecer a chamada lei da 
demanda, que propõe uma relação inversa entre preço e quantidade. Isso 
quer dizer que: se os preços de um determinado produto subirem no mercado, 
a quantidade demandada desse mesmo produto cairá. Se os preços caírem, 
a quantidade demandada aumentará. Afinal de contas, é assim que nos 
comportamos de modo geral. A sociedade tem a tendência de comprar mais 
quando o preço cai.
A seguir, analise um exemplo, como nos mostra o Quadro 1.2. Para ilustrar, 
suponha o mercado de milho. E dentro desse mercado, imagine alguns preços e 
quantidades. Você pode notar que à medida que o preço diminui de $ 12,00 para 
$ 1,00, a quantidade demandada aumenta. Isso porque a sociedade comprará 
mais milho quando o preço estiver menor.
20
Capítulo 1 
Quadro 1.2 – Mercado de milho
Preço ($) Demandada (sacas de milho)
12 20
10 50
7 80
5 120
4 130
2 150
1 180
Fonte: Elaboração do autor, 2019.
Você já deve ter imaginado que não é só o preço que influencia na demanda de um 
produto. Afinal, muitas compras que fazemos estão ligadas a marcas, propagandas etc. 
A demanda de um produto depende de muitos fatores, tais como:
 • as preferências e o gosto dos consumidores;
 • o preço do produto em questão;
 • o preço de produtos relacionados;
 • a renda do consumidor;
 • a distribuição de renda;
 • a disponibilidade de crédito;
 • as políticas governamentais direcionadas para o consumo, como 
impostos e subsídios.
No entanto, a teoria da demanda se concentra, normalmente, em quatro desses 
determinantes, que são:
 • o preço da mercadoria;
 • o preço de outras mercadorias;
 • a renda dos consumidores; 
 • as suas preferências.
21
Economia
Graficamente, a demanda dos consumidores pode ser representada por curva 
negativamente inclinada em relação ao preço do produto, como a apresentada na 
Figura 1.3.
Figura 1.3 – A Curva de demanda
Preço ($)
Quantidade do produto
D
Fonte: Elaboração do autor, 2019.
Você pode perceber na Figura 1.3 que essa relação negativa simplesmente 
ilustra o fato de que quanto maior o preço, menor será a quantidade que os 
consumidores comprariam do bem em questão. Assim, a quantidade demandada 
depende do preço desse bem (deslocamento ao longo da curva de demanda).
Além disso, se a renda do consumidor aumentar, haverá um deslocamento da 
curva de demanda para a direita, isso significa que ele estará disposto a consumir 
mais, ao mesmo preço.
De certa forma, todos nós nos comportamos assim. Por isso, pense em alguns 
produtos que você compraria em maior quantidade caso o seu chefe hoje lhe 
oferecesse um belo aumento de salário. Se os preços dos demais bens da 
economia (ou de alguns deles) se reduzirem, isso terá um efeito semelhante a 
uma variação da renda.
Mudanças nas preferências dos consumidores também deslocam a curva de 
demanda.
Exemplo: 
Uma campanha do governo contra o fumo deslocará a curva de demanda de cigarros 
para baixo (demanda menor). Um dia bem quente deslocará a curva de demanda de 
sorvetes para a direita (demanda maior). 
22
Capítulo 1 
2.1.2 O que são bens substitutos ou complementares? 
Um outro conceito importante é o de bens substitutos e o de bens 
complementares para definição da demanda.
Dois bens são considerados 
substitutos quando o consumo de 
um substitui o do outro. Isso 
interere na demanda porque 
quando ocorreo aumento no preço 
de um deles, a demanda do 
mesmo diminui e aumenta-se a 
demanda pelo outro - migra-se a 
demanda, ou, pelo menos, parte 
dela, de um para o outro. (por 
exemplo: carne de frango e de boi, 
ou viajar de avião e de ônibus).
Bens substitutos
Dois bens são considerados 
complementares quando o consu-
mo de um complementa o do 
outro. Ou seja, quando o aumento 
no preço de um deles reduz a 
demanda pelo outro (por exemplo: 
gasolina e automóveis de passeio).
Bens complementares
2.1.3 Elasticidade da demanda
Um dos mais importantes conceitos em economia é o de elasticidade. Esse tem 
um papel importante na análise da demanda do consumidor e das decisões 
empresariais.
Refere-se à sensibilidade da quantidade demandada de um produto em relação 
a uma variação em alguns dos fatores que determinam sua demanda. Mais 
especificamente, a elasticidade da demanda é a razão entre a variação da 
quantidade demandada de um produto e a variação percentual em alguma das 
variáveis que influenciam a demanda.
Elasticidade de demanda = (variação % da quantidade demandada)
(variação % de algum dos determinantes da 
demanda pelo bem)
A elasticidade é sempre uma razão entre percentuais de variação. Uma variação 
de 5% tem sempre o mesmo significado (veja Figura 1.4), independentemente de 
o produto ser medido em toneladas, dúzias, caixas, garrafas, dólares ou ienes.
23
Economia
Figura 1.4 – Cinco por cento
5%
Fonte: Elaboração do autor, 2019. 
A fórmula para a elasticidade vinculada a preço da demanda é: 
Ep = (Δq/q) / (Δp/p)
Não adianta ao empresário saber que, se ele reduzir o preço, irá vender mais. 
O que o empresário deseja saber é quanto ele vai vender a mais de uma dada 
mercadoria se ele reduzir o preço. A elasticidade da demanda dá essa resposta 
ao empresário.
Essa elasticidade é de grande interesse para as empresas, pois serve de base para:
 • política de preços;
 • estratégia de vendas e atendimento dos objetivos de lucro; 
 • participação no mercado.
Ou seja, com base nessa informação, a empresa pode fazer previsões de venda. 
Veja o exemplo a seguir.
Um empresário, produtor de mesas para escritório, sabe que a elasticidade-preço 
da demanda dos produtos que vende é igual a 1,5. Assim, caso ele aumente os 
preços de seus produtos em 10%, utilizando a fórmula, você poderá notar que a 
demanda cairá aproximadamente 15%.
Ep = 1,5 1,5 = q/q/10
p/p = 10% 1,5 x 10 = q/q
q/q = ? q/q = 15%
O coeficiente da elasticidade-preço da demanda é negativo (quase sempre 
negativo, pois há raras exceções), uma vez que preço e quantidade demandada 
24
Capítulo 1 
são inversamente relacionados: quando o preço se reduz, a quantidade 
demandada aumenta, e quando o preço aumenta, a quantidade demandada cai.
Como o sinal do coeficiente da elasticidade-preço é quase sempre negativo, o 
tamanho do coeficiente é a informação relevante. Por isso, a elasticidade-preço 
da demanda é expressa, em geral, em valor absoluto.
Quais são os tipos de elasticidade-preço da demanda? 
Conforme as variações, - positivas, neutras ou negativas - a demanda assume 
uma denominação.
 • A demanda é elástica – quando a elasticidade-preço da demanda é 
maior do que 1 (em valor absoluto). Ep > 1
Nesse caso, um aumento de preços (de 10%, por exemplo) 
provocaria uma queda na quantidade demandada num percentual 
maior (15%, por exemplo), o que reduziria a receita da empresa 
(receita= preço x quantidade). Trata-se de um produto cujo consumo 
cai substancialmente no caso de elevação de preços, sendo 
normalmente substituído por um similar.
 • A demanda é inelástica – quando a elasticidade-preço da demanda 
é menor do que 1. Ep < 1
Caso o preço seja aumentado (em 10%, por exemplo), a redução 
percentual na quantidade é menor (5%, por exemplo), o que 
provocaria um aumento na receita da empresa. Trata-se de um 
produto do qual o consumidor não abre mão, mesmo diante de um 
aumento de preços – de fato, reduz um pouco o consumo, mas 
menos do que um caso de demanda elástica.
Exemplo: 
Gasolina e um medicamento sem substituto no mercado são produtos com demandas 
inelásticas em relação a variações nos preços. 
Certamente, essa é a posição mais confortável para uma empresa no mercado: 
defrontar-se com uma elasticidade-preço da demanda reduzida.
 • A demanda tem elasticidade unitária – se um aumento percentual 
de preços provocar a mesma redução percentual da quantidade 
demandada. Ep = 1
25
Economia
Sendo assim, a receita da empresa permaneceria constante no caso de um 
aumento de preços. 
Algumas características do mercado tornam a demanda mais inelástica. Isso 
ocorre quando: o produto não conta com substitutos próximos no mercado; 
o consumidor se importa com o desempenho do produto; deseja um produto 
diferenciado ou feito sob medida; é fiel à marca; ou, ainda, o custo do item é 
pequeno em relação ao orçamento do comprador.
Exemplo: O sal de cozinha é um bom exemplo de produto com demanda 
inelástica em relação à variação no preço. 
Há também a relação entre elasticidade e renda para a demanda. 
A elasticidade-renda da demanda é utilizada para descrever como a quantidade 
demandada reage às variações na renda do consumidor. Nesse caso, a fórmula 
se escreve desta maneira:
E, = (∆q/q) / (∆r/r)
Assim, o empresário pode estimar qual será a variação na quantidade demandada 
de seu produto diante de variações na renda do consumidor. A estimativa da 
elasticidade-renda da demanda ajuda no planejamento estratégico da empresa.
Um bem é chamado normal para um certo grupo de consumidores quando, 
diante de aumento na renda do grupo, a demanda pelo bem aumenta.
Um bem é chamado inferior para um certo grupo de consumidores quando, 
diante de um aumento na renda do grupo, a demanda pelo bem diminui.
Exemplo: Diante de uma elevação na renda de um grupo de pessoas, pode ser 
que elas reduzam suas viagens de ônibus (bem inferior) e aumentem suas viagens 
de táxi (bem normal).
2.2 Lei da oferta
Na seção anterior, você aprendeu o que é demanda, ou seja, o mercado sob o 
ponto de vista do demandante, aquele que compra. Já nesta seção, você irá 
analisar o comportamento da oferta, isto é, do ponto de vista de quem vende.
Para análise da oferta, você deverá supor a existência de um mercado com 
muitas empresas, todas de pequeno porte. E que esse mercado é chamado de 
competitivo, no qual as empresas não têm capacidade para fixar os preços de 
seus produtos. Nesse caso, o preço é fixado pelo mercado e as empresas são 
tomadoras de preço, isto é, praticam o preço determinado pelo mercado.
26
Capítulo 1 
Por que uma empresa decide ofertar um determinado produto? 
O que leva uma empresa a decidir vender ou ofertar um determinado produto é o 
lucro. Assim, pode-se definir lucro como sendo a remuneração de uma empresa.
Antes que uma nova empresa apareça no mercado, o empresário deve fazer um 
estudo detalhado sobre as possibilidades de lucratividade deste novo negócio.
Como é a taxa de lucro que induz os empresários a fazerem novos investimentos, 
então você pode deduzir que, quanto mais alto for o ganho (lucro) da empresa 
com um determinado produto, maior será a quantidade ofertada. Ou seja, mais 
empresas vão querer ofertar ou vender aquele produto.
A curva de oferta informa que quantidades os vendedores estarão dispostos a 
ofertar para cada preço fixado pelo mercado. Essa curva é um somatório das 
curvas de ofertas das várias empresas que atuam no mercado, e estabelece a 
quantidade total que esses produtores estariam dispostos a ofertar para cada 
nível de preço.
Observando a Quadro 1.3, que reproduz aquele mesmo mercado de milho, 
antes já citado, você pode perceber que à medida em que o preço do milho cai, 
também diminui o incentivo dos empresários para produzir. Logo, a oferta reduz 
quando o preço diminui, e vice-versa.
Quadro 1.3 – Mercado de milho
Preço ($) Quantidade Ofertada (sacas de milho)
12 150
10 120
7 80
5 50
4 30
2 20
1 10
Fonte: Elaboração do autor, 2019
27
EconomiaVários fatores influenciam a oferta, como por exemplo:
 • a tecnologia de produção da empresa;
 • os preços dos insumos;
 • o número de concorrentes no mercado;
 • as expectativas futuras.
A curva de oferta é uma função direta do nível de preço do produto. Se o 
preço sobe, aumenta a quantidade ofertada pelas empresas no mercado. Essa 
proposição é conhecida como a lei da oferta (Figura 1.5).
Figura 1.5 – A curva de oferta
Preço ($)
Quantidade do produto
O
Fonte: Elaboração do autor, 2019.
A Figura 1.5 apresenta que à medida que o preço de mercado aumenta, eleva-se 
também o incentivo psicológico do empresário a produzir mais, e quando o preço 
diminui, o empresário tem menos incentivo para produzir mais.
2.2.1 Elasticidade-preço da oferta
A elasticidade-preço da oferta é a razão entre a variação percentual na 
quantidade ofertada de um bem e a variação percentual no seu preço:
Epo = (∆q/q) / (∆p/p)
28
Capítulo 1 
Exemplo: 
Um certo empresário produz 2.000 pares de sapatos por mês, ao preço de R$ 50,00 
cada. Se o preço dos sapatos diminuir para R$ 40,00, o empresário diminuirá sua 
produção para 1.800 pares por mês. 
Para você calcular a elasticidade-preço da oferta, deverá calcular a variação percentual 
na quantidade ofertada, que é igual a 10% e a variação percentual no preço, que é 20%. 
Dividindo a primeira pela segunda, a elasticidade-preço da oferta é igual a 0,5, ou seja, 
os sapatos têm oferta inelástica. 
Tal como a elasticidade da demanda, trata-se de uma medida de sensibilidade 
que compara variações percentuais. Você pode perceber que, nesse caso, a 
elasticidade-preço da oferta é normalmente positiva, uma vez que o empresário 
está disposto a ofertar mais, diante de um aumento de preços.
A elasticidade-preço da oferta de um produto é diferente no curto e no longo 
prazo. Para a maior parte dos produtos, a oferta é mais elástica no longo prazo 
do que no curto prazo. Isso significa que a oferta não aumentará no curto prazo. 
Exemplo: 
Diante de elevações nos preços, as empresas, de modo geral, conseguem aumentar 
sua produção utilizando mais um turno de trabalho ou pagando horas extras. Em 
alguns setores, entretanto, a oferta no curto prazo pode ser muito inelástica, como no 
mercado imobiliário, no qual uma elevação nos preços, mesmo que provoque aumento 
no ritmo das construções, só implicará um aumento de oferta no longo prazo. 
2.3 Mercado 
De modo bem simples, o mercado é formado pelas pessoas que desejam vender 
um determinado produto (vendedores) e pelas pessoas que desejam comprar 
esse produto (consumidores).
Obviamente, você pode notar que não nos referimos somente à questão 
física do mercado, mas também à interação entre compradores (demanda) e 
vendedores (oferta).
Essa interação pode se dar, por exemplo, via internet ou telefone.
Você já observou que há um dilema no mercado? 
Enquanto os compradores querem pagar o menor preço por um determinado 
produto, os vendedores querem vendê-lo ao maior preço possível.
29
Economia
Ou seja, o mercado implica a negociação entre o comprador e o vendedor. 
O maior exemplo disso são os mercados árabes, nos quais os compradores 
pechincham o preço de um determinado produto, e os vendedores, já sabendo 
disso, colocam o preço acima daquele valor que desejam receber.
2.3.1 O equilíbrio
Da interação entre as curvas de demanda e de oferta surge o preço de mercado, 
bem como a quantidade transacionada.
Os preços tendem a um valor que iguala as quantidades ofertadas e 
demandadas. Essa é a lei da oferta e da demanda.
Figura 1.6 – O equilíbrio de mercado
Preço ($)
Quantidade do produto
O
D
p*
q*
Fonte: Elaboração do autor, 2019.
A Figura 1.6 mostra, de forma simples, como funciona um mercado. Você pode 
observar que a interação entre a demanda e a oferta gera um preço (p*) e uma 
quantidade que é produzida e vendida (q*). Chamamos este preço (p*) de preço 
de equilíbrio e esta quantidade (q*) de quantidade de equilíbrio.
2.3.2 O ponto de equilíbrio na prática 
Para você entender melhor a noção de equilíbrio, acompanhe a seguir um exemplo 
de como funcionam os mercados. Veja um caso fictício do mercado de milhos.
O Quadro 1.4 mostra alguns preços e as quantidades de demanda e oferta do milho. 
30
Capítulo 1 
Quadro 1.4 – Mercado de milho
Preço ($) Quantidade demandada (sacas de milho)
Quantidade ofertada 
(sacas de milho)
12 20 150
10 50 120
7 80 80
5 120 50
4 130 30
2 150 20
1 180 10
Fonte: Elaboração do autor, 2019.
Você pode perceber que:
 • o preço de equilíbrio (p*) é igual a $ 7,00;
 • a quantidade de equilíbrio (q*) é igual a 80 sacas de milho;
 • o preço de equilíbrio é R$ 7,00, porque a quantidade demandada é 
igual a quantidade ofertada; isso significa dizer que não falta nem 
sobra produto no mercado.
Assim, pode-se dizer que todo e qualquer mercado sempre tende ao equilíbrio. Ou seja, 
de um modo ou de outro o mercado chega no preço e na quantidade de equilíbrio.
Para perceber isso, suponha que o mercado de milho, por exemplo, passe a 
operar a um preço muito baixo. Pense no valor de R$ 2,00. Esse preço é muito 
baixo, tão baixo que a esse valor a quantidade demandada é de 150 sacas de 
milho. Só que este preço de R$ 2,00 não motiva os empresários. Então, eles só 
produzem 20 sacas de milhos. Moral da história: claramente o mercado não está 
em equilíbrio, pois falta milho no mercado.
31
Economia
Nesse caso, a tendência é de aumento de preço do produto.
O que dá valor a um bem é a sua escassez ou o excesso à disposição das pessoas.
Quando o preço é muito baixo, ele tende a aumentar, pois há mais pessoas 
querendo demandar do que pessoas desejando ofertá-lo.
Agora, suponha o exemplo contrário. Imagine que o mercado, por um erro qualquer, 
passe a vender o milho a $ 12,00. A esse preço, a quantidade demandada diminui 
para 20 sacas de milho. Em contrapartida, aumenta o incentivo aos empresários 
para que produzam mais, então, a produção passa a ser de 150 sacas de milho. 
Moral da história: ao preço de $ 12,00 sobra produto no mercado. Ou seja, sobram 
130 sacas de milho. No jargão empresarial, o dito é que se formou estoque. 
E, quando há estoque, os empresários tendem a reduzir o preço.
Assim, pode-se concluir que os preços, de uma forma ou de outra, sempre 
tendem ao equilíbrio. Quando o referido é o preço de equilíbrio, tem-se que levar 
em conta a natureza de cada produto.
Por exemplo, quando você lê no jornal a cotação diária do dólar e ao acompanhar 
essa cotação por vários dias seguidos, você acabará por notar que a cada 
dia o dólar tem um equilíbrio diferente. Isso acontece porque é um produto 
muito transacionado, e que sua demanda e sua oferta dependem de uma série 
de fatores. Já a gasolina tem um preço de equilíbrio mais difícil de mudar. Um 
mesmo preço para a gasolina pode permanecer por meses.
Já num mercado com muitos produtores e muitos consumidores, para o 
comportamento do ponto de equilíbrio, ocorrerá, provavelmente, que nenhum 
agente econômico seja capaz de manipular o mercado, fixando o preço 
unilateralmente.
Uma vez que o preço de equilíbrio será p*, e q* unidades transacionadas. 
Para qualquer nível de preço mais alto, como, por exemplo, p1, haverá um 
excesso de oferta de bens, o que estimulará uma queda nos preços praticados 
nos mercados. Da mesma forma, para qualquer nível de preços abaixo do de 
equilíbrio, p2, por exemplo, existirão indivíduos dispostos a consumir quantidades 
superiores àquelas existentes no mercado, de forma que esse excesso de 
demanda levará a uma alta dos preços.
Uma resposta muito comum para a formação de preço no mercado produtivo tem 
como base uma lista de elementos de custos, despesas e impostos. 
32
Capítulo 1 
De um modo geral, porém, embora as empresas objetivem vender acima de seus 
custos totais, os preços são formados pela interação das duas forças: oferta (na 
qual se encontram os custos) e demanda. Eventualmente, esses preços podem 
se situar abaixo do nível de custos da empresa,que pode operar com prejuízo no 
curto prazo.
Seção 3
A teoria da empresa: produção e custos 
Levando em consideração a hipótese básica que norteia 
todo o estudo da microeconomia: a de que as empresas 
buscam maximizar seus lucros ou seja, tentam obter 
o maior rendimento possível. Pode-se supor que essa 
hipótese implica considerarmos também que a empresa 
procura elevar receitas e reduzir custos nas suas operações.
A busca da maximização do lucro orienta a disposição da 
empresa em ofertar produtos, mas essa decisão será afetada pelas variações nos 
preços de mercado.
3.1 Teoria da produção 
A teoria da produção está preocupada com os produtores que vão ofertar seus 
bens e serviços no mercado.
Como você já estudou, a oferta no mercado depende do nível de preço 
do produto. Entretanto, a curva de oferta de cada empresa depende 
significativamente de seus custos de produção, que, por sua vez, são limitados 
pelas tecnologias disponíveis.
Evidentemente, a escolha da tecnologia que uma empresa utilizará depende dos 
preços dos insumos.
Nos países em que há abundância de trabalho barato, como é o caso do Brasil, 
as tecnologias usadas tendem a ser mais intensivas em mão de obra.
De fato, quando uma empresa decide sobre a quantidade que deveria produzir 
e o preço que deveria fixar em seus produtos para maximizar seu lucro, ela sofre 
restrições de toda ordem, impostas pelos vendedores dos insumos necessários 
para a produção, pelos compradores de seu produto (curva de demanda), pelos 
concorrentes no mercado e pela tecnologia disponível.
Não é o único 
objetivo de uma 
empresa. Mas, por 
enquanto, partiremos 
do pressuposto que 
interessa à empresa 
apenas maximizar seus 
lucros. 
33
Economia
Essa última restrição pode ser resolvida dentro da empresa, que decide sobre 
sua oferta considerando o fato de que existem apenas algumas formas viáveis de 
se produzir a partir dos insumos disponíveis, ou seja, existem algumas escolhas 
tecnológicas possíveis.
A função de produção da empresa é uma representação matemática de como 
os insumos são combinados e transformados em produtos a serem ofertados no 
mercado.
A empresa, então, vai decidir como produzir determinada quantidade de bens e 
quanto utilizar de cada insumo, tendo em vista a tecnologia disponível, de forma a 
ter o menor custo possível para um dado nível de produção.
A função de produção relaciona a quantidade máxima de produção obtida a partir 
da utilização de determinadas quantidades de insumos.
Exemplo: 
Para facilitar o seu entendimento, acompanhe o raciocínio: 
Suponha uma determinada empresa que utiliza apenas três insumos: terra, capital e 
trabalho – além da matéria-prima. 
O Quadro 1.5 mostra a função de produção que relaciona as quantidades de insumos 
com as quantidades de produção final. 
 
Quadro 1.5 – Relação entre insumos e produção final
Terra Capital Trabalho Produção (unidades)
50 25 3 50
50 25 4 90
50 25 5 150
Fonte: Elaboração do autor, 2019.
O Quadro 1.5 mostra que, enquanto o fator de produção trabalho aumenta de 3 para 5 
unidades, fazendo o produto também aumentar, os demais fatores permanecem fixos. 
Ou seja, suponha que essa empresa mantenha terra e capital como fatores fixos e 
aumente o número de trabalhadores, nesse caso, a produção tende a aumentar, como 
você pode ver na tabela. 
A presença de um fator de produção fixo impõe um limite ao crescimento da 
produção. Quando isso ocorre, estamos diante de uma situação de curto prazo.
34
Capítulo 1 
Qual é a diferença entre o curto e o longo prazo?
 • Curto prazo é o período em que pelo menos um fator de produção 
é fixo.
 • Longo prazo é o período no qual todos os fatores de produção 
podem variar.
O conceito de curto e longo prazo, do ponto de vista microeconômico, depende 
do tipo de negócio. 
Exemplo: 
O longo prazo para uma padaria pode ser de poucas semanas, período suficiente para 
iniciar ou expandir a operação (todos os fatores de produção estão variando). Já para 
a indústria aeronáutica, o longo prazo pode ser de alguns anos, diante da necessidade 
de tempo para criar ou aumentar a capacidade de produção. 
3.1.1 Função de produção 
A função de produção descreve uma relação entre quantidades de insumo e de 
produto. À medida que maiores quantidades de insumo variável (trabalho, por 
exemplo) são utilizadas, a produção cresce.
INSUMO PRODUÇÃO
Mas, em geral, os acréscimos do insumo variável conduzem a aumentos cada 
vez menores na produção total, pois há um limite até o qual a empresa pode se 
expandir. Afinal, todas as empresas têm recursos limitados para investimentos e 
se a demanda não aumenta, nem sempre é vantajoso para a empresa se expandir.
3.2 Teoria dos custos
Atualmente, a correta análise dos custos de produção é de fundamental 
importância para as empresas, principalmente devido à globalização da economia, 
que aumentou significativamente a concorrência que as empresas enfrentam.
Para as empresas utilizarem insumos na produção, elas têm que comprá-los. 
Logo, para que haja produção, o empresário precisa adquirir os fatores de 
produção. Calculando-se o gasto do empresário com esses fatores de produção, 
temos o custo de produção.
Soma dos gastos com insumos ou fatores de produção = custo de produção
35
Economia
3.2.1 Custos de produção 
São os gastos financeiros que as empresas têm para adquirir os fatores de 
produção necessários ao processo produtivo.
A análise econômica divide os custos totais em fixos e variáveis.
Nesse caso, são considerados:
 • custos fixos: independem do nível de produção. Seja a produção 
100 mil toneladas, seja 5 mil toneladas ou zero, os custos fixos nos 
quais a empresa incorre não se modificam. Um típico custo fixo é o 
aluguel. É comum chamar de custos quase fixos aqueles que também 
independem do nível de produção, mas que só ocorrem quando a 
empresa apresenta algum nível de produção (que não zero).
 • custos variáveis: dependem da produção. Maiores níveis de 
produção implicam maiores custos variáveis. Em geral, a matéria-
prima utilizada na produção é um típico custo variável.
3.2.2 Custos e restrição tecnológica 
A contabilidade de custos difere da visão econômica em dois aspectos principais.
Em primeiro lugar, a contabilidade divide os custos totais em custos diretos e 
indiretos. Considera-se:
 • custo direto: todo gasto em fatores de produção empregados 
diretamente na linha de produção. Por exemplo: o trabalhador que 
opera o alto-forno;
 • custo indireto: os fatores de produção utilizados fora da linha de 
produção. Por exemplo: pessoal administrativo.
3.2.3 O conceito de custo de oportunidade 
Ao tomar uma decisão, a empresa deixa de realizar outra, sendo esse o seu custo 
de oportunidade.
Além do que você já acompanhou, a análise econômica dos custos difere da 
visão contábil pela introdução do conceito de custo de oportunidade, que 
simboliza bem o modo de pensar do economista. Nessa visão, os agentes 
deparam-se a todo momento com escolhas, comparando todas as alternativas 
possíveis do ponto de vista dos respectivos custos e benefícios.
36
Capítulo 1 
Exemplo: 
Ao iniciar suas atividades, uma empresa pode escolher entre adquirir um prédio que 
será sua sede ou alugar um prédio semelhante. 
Há casos nos quais é mais vantajoso alugar um edifício do que comprá-lo. Isso porque 
a empresa terá menos dispêndios financeiros. 
Assim, se o empresário deixou de alugar para adquirir uma propriedade, e caso 
o aluguel fosse financeiramente mais vantajoso, então, o valor desse foi o custo 
de oportunidade do empresário. De modo geral, o custo de oportunidade não é 
contabilizado nos livros da empresa. 
Sendo assim, para termos da economia, os custos empresariais podem ser 
divididos da seguinte maneira:
 • custos implícitos (custo de oportunidade), definidos como o valor 
das alternativas dos recursos;
 • custos explícitos (custo de produção), registrados contabilmente.
37
Capítulo 2 
Introdução à Macroeconomia
Seção 1
Objetivo da MacroeconomiaA macroeconomia é a parte da economia que estuda o conjunto das decisões 
dos agentes econômicos. Ou seja, as decisões conjuntas dos consumidores, das 
empresas e do governo.
O objetivo fundamental da macroeconomia é determinar os fatores que 
influenciam o nível total da renda e do produto do sistema econômico.
Por que os economistas se preocupam em medir a produção realizada por um 
determinado país?
Essa resposta pode ser dividida em duas partes:
 • Na primeira, você deve lembrar que o problema fundamental da 
economia é a escassez de recursos. Por essa razão, eles devem 
ser empregados de forma que se consiga a maior quantidade 
possível de bens e serviços. Isso lhe remete à questão da eficiência 
do sistema produtivo. Essa eficiência, que consiste na maior 
produção possível a partir dos fatores da produção, precisa ser 
constantemente avaliada. Daí a necessidade de se ter registros da 
atividade econômica, considerada em seu conjunto, que permitam 
esse tipo de análise.
 • Na segunda, parte remete a um fato histórico. Quase todas as 
pessoas já ouviram falar da grande crise econômica de 1929, que 
consistiu na redução das atividades econômicas, ocasionando, 
entre outros problemas, o desemprego. Tivemos, também, as duas 
grandes guerras mundiais, que envolveram diversos países e tiveram 
* LEITE, André Luis da Silva; MIRANDA, Joseane Bordes de. Economia: livro didático – Palhoça, 2019. Págs 37 
a 56.
38
Capítulo 2 
grande repercussão na economia. A partir dessa época e com a 
presença mais acentuada do Estado como regulador (gerente) 
das atividades econômicas, os economistas passaram a sentir a 
necessidade de criar meios que lhes permitissem medir e avaliar as 
atividades econômicas desenvolvidas pela sociedade. E assim, foi 
que surgiu a contabilidade social ou nacional.
1.1 Contabilidade nacional 
Como medir a produção realizada pelo sistema econômico? 
Note que a produção é contínua no tempo e os bens e serviços são produzidos 
e consumidos, sendo necessário produzi-los novamente, pois grande parte 
das necessidades humanas exige um consumo contínuo, como é o caso da 
alimentação, que precisa ser satisfeita diariamente.
Em primeiro lugar, foi preciso estabelecer um período de tempo para que se 
medisse o total de bens e de serviços produzidos. Atualmente, esse período é de 
um ano e corresponde, no Brasil, ao ano civil, que vai de janeiro a dezembro.
Em seguida, foi preciso estabelecer uma unidade de medida comum, pois os bens 
e serviços têm unidades de medida diferentes: o petróleo é medido em barris; 
o leite, em litros; a energia elétrica, em quilowatts e assim por diante. A maneira 
encontrada para que se pudesse somar, ou agregar, a totalidade de bens e de 
serviços produzidos foi medi-los em termos monetários, ou seja, pelo seu preço.
Isso porque o valor de todos os bens e serviços são expressos em unidades 
monetárias, pois é o dinheiro que reflete o preço que eles alcançam no mercado, 
multiplicando o valor conforme a quantidade produzida.
Uma vez estabelecido o período que servirá de base para medir a produção, bem 
como a unidade de medida em que será expressa essa grandeza, resta o último 
problema: a ótica segundo a qual será medida a produção econômica.
39
Economia
1.1.1 Dois pontos de vista para examinar e medir a atividade econômica 
Uma das maneiras de examinar e medir a atividade econômica é pela ótica do 
produto! Mas para entendê-la, é necessário conhecer, antes, o conceito de produto. 
O produto de uma economia é a soma dos valores monetários dos bens e dos 
serviços voltados para o consumo final e produzidos em um determinado período 
de tempo.
Assim, ao se medir a atividade econômica a partir da ótica do produto, considera-
se o preço e a quantidade produzida dos bens e dos serviços, mas apenas 
daqueles voltados para o consumo final. Veja o exemplo:
Exemplo: 
Em um automóvel são empregados inúmeros bens e serviços, como chapas de aço, 
pneus, serviços de pintura etc. Entretanto, eles não são computados no cálculo do 
produto da economia, pois são bens e serviços intermediários. 
Apenas o número de automóveis produzidos e multiplicado pelo seu preço é que vai 
entrar nesse cálculo, para evitar o problema da dupla contagem, pois os preços dos 
bens e serviços intermediários já estão incluídos no preço final do automóvel. 
Outro método para medir e examinar a atividade econômica é pela ótica da 
Renda !
A renda dos agentes econômicos é a soma da remuneração paga aos fatores da 
produção durante o processo produtivo.
Renda da Economia = Σ Renda dos fatores de produção
Assim, para se obter a renda de um país, em um determinado período, são 
somados os salários, os aluguéis, os juros e os lucros, que são os pagamentos 
feitos aos fatores produtivos, ao longo do ano.
O produto de uma economia é expresso em termos monetários, multiplicando-se 
a quantidade de bens e de serviços pelos respectivos preços.
Produto da economia $ = quantidade de produção X preço
40
Capítulo 2 
A partir daí você poderia considerar o produto como sendo o total das vendas num 
determinado período de tempo mais os estoques avaliados a preço de mercado.
Produto = $ total das vendas/período de tempo + $ estoques
Com a receita obtida por meio da venda de seus produtos, os empresários 
remuneram os fatores da produção empregados: salários para os trabalhadores, 
juros para o capital, aluguéis para os proprietários e lucros para eles próprios, 
pois o lucro é a remuneração do empresário.
Seguindo este entendimento, pode-se dizer que as receitas, ou o produto da 
economia, foram direcionados para a remuneração dos fatores de produção. 
Chamando o total de pagamentos feitos aos fatores de produção de renda, 
chega-se a uma identidade fundamental na teoria macroeconômica:
Renda = produto
Até aqui você está estudando um sistema econômico bastante simples, constituído 
apenas de empresas e consumidores. Não existe, nele, o setor público, ou seja, 
o governo, que recolhe os impostos e as taxas, nem o resto do mundo, de onde 
importamos e para onde exportamos bens e serviços. 
Assim, a identidade renda igual a produto só é válida para um sistema 
econômico simples, que é constituído de empresas e consumidores. Além disso, 
há a condição de que as pessoas gastem toda sua renda na aquisição de bens e 
de serviços, ou seja, não façam poupança.
Considere outro sistema econômico simples, que é formado por empresas e 
famílias. Suponha que a quantidade de bens e de serviços produzidos pelas 
empresas, multiplicada pelos seus respectivos preços, seja igual a 1 milhão de 
reais. Esse valor é o produto desse sistema econômico. Entretanto, para obter esse 
produto, os empresários gastaram 500 mil reais em salários e ordenados pagos 
aos trabalhadores (fator trabalho). Os empresários gastaram ainda 200 mil reais em 
aluguel (fator terra), 100 mil reais em juros aos bancos (fator capital) que emprestaram 
recursos financeiros aos empresários. E, finalmente, 200 mil reais de lucro, que é a 
remuneração dos empresários, ou seja, o pagamento pelo seu trabalho. 
41
Economia
1.2 Os agregados macroeconômicos 
A contabilidade nacional mede a atividade econômica a partir de sua expressão 
mais genérica (o produto da economia), para, em seguida, e a partir dele, 
introduzir novos conceitos e assim se observar a atividade econômica.
1.2.1 Os agregados 
Os agregados recebem essa denominação pelo fato de não serem simplesmente 
uma soma de parcelas que se expressam da mesma forma e na mesma unidade 
de medida, mas sim uma soma de coisas diferentes (bens e serviços) cujo volume 
físico é expresso nas mais diferentes unidades de medida.
No entanto, os bens e serviços podem ser adicionados quando são traduzidos 
numa unidade comum de medida, ou seja, a moeda.
1.2.2 O sistema econômico real 
O sistema econômico de um país é a soma da interação das atividades 
econômicas exercidas pelas famílias, pelas empresas, pelo governo e pelos 
outros países. As famílias atuam no sistemaeconômico consumindo. As 
empresas, por sua vez, realizam investimentos, como a compra de máquinas e 
equipamentos, e contribuem para o aumento da capacidade produtiva do país. O 
governo, que é o principal agente em uma economia, contribui por meio de seus 
gastos ou do consumo da administração pública. O comércio internacional com 
outros países reflete na balança comercial e no balanço de pagamento.
1.2.3 Produto interno bruto (PIB) 
O primeiro agregado é o Produto Interno Bruto (PIB), que corresponde ao 
conceito de produto da economia, ou seja, à soma dos valores monetários dos 
bens e dos serviços finais, produzidos a partir dos fatores de produção que estão 
dentro das fronteiras geográficas do país.
Considerando a presença do Estado nas atividades econômicas, há duas 
maneiras de se medir o Produto Interno Bruto (PIB) de uma economia:
 • PIB a preços de mercado: é a soma dos valores monetários dos 
bens e serviços produzidos, computando-se os impostos indiretos e 
subtraindo-se os subsídios.
 • PIB a custo de fatores: é a soma dos valores monetários dos 
bens e serviços produzidos, subtraindo-se os impostos indiretos e 
somando-se os subsídios.
42
Capítulo 2 
A presença do governo num sistema econômico tem a possibilidade de modificá-
lo por meio do seu efeito sobre o preço dos bens e dos serviços e sobre a 
remuneração dos fatores de produção.
Componentes do PIB :
Podemos mostrar o PIB pela equação abaixo:
PIB = C + I + G+ X – M
Em que:
C = Consumo das famílias
I = Investimento das empresas
G = Gastos do Governo
X = Exportações
M = Importações
Consumo das Famílias: 
Quando mencionamos a variável consumo, referimo-nos aos gastos que as pessoas fazem 
com bens de consumo, tais como, alimentos, roupas, remédios, supérfluos etc.
Investimento: 
Já a variável investimento refere-se aos investimentos feitos pelas empresas, com o objetivo 
de aumentar a produção. Por exemplo, quando uma empresa compra uma nova máquina, 
consideramos que houve um investimento.
Gastos do Governo: 
Já os gastos do governo referem-se às diversas despesas dele. Por exemplo, o pagamento 
de funcionários públicos, construção de novas escolas e hospitais.
Exportações e Importações: 
Por fim, ao nos referirmos às exportações e importações queremos enfatizar que o comércio 
exterior também interfere na formação do PIB de um país. Note que a variável importações 
(M) é a única da equação assinalada com o sinal negativo, significando que quando essas 
aumentam, há uma redução no PIB (caso não haja variação em nenhuma outra variável).
43
Economia
1.2.4 Renda Pessoal (RP) 
Considere, mais uma vez, a intervenção do Estado na economia. Se você subtrair 
da renda nacional os lucros retidos pelas empresas, os impostos diretos das 
empresas (Imposto de Renda) e as contribuições feitas à Previdência Social, 
e somar as transferências do governo, ou seja, as despesas do governo com 
inativos, pensionistas, salário-família e outros benefícios pagos pela previdência 
social mais os juros pagos, terá a Renda Pessoal (RP).
A Renda Pessoal é o agregado macroeconômico destinado aos consumidores 
residentes no país.
Exemplo: 
Suponha que o governo arrecade 70 bilhões com o imposto de renda das empresas e 
contribuições feitas à Previdência Social e transfere, para as pessoas, 50 bilhões como 
benefícios pagos pela Previdência Social e 5 bilhões de juros. O resultado, então, será 
uma Renda Pessoal de 170 bilhões. 
Acompanhe passo a passo o raciocínio:
Quadro 2.1: Renda pessoal
Consumo 185 bilhões (Produto Nacional Líquido a custo de fatores)
- 70 bilhões (Imposto de Renda das empresas e 
contribuições à Previdência Social)
+ 50 bilhões (Benefícios pagos pela Previdência Social)
+ 5 bilhões (Juros pagos pelo governo)
= 170 bilhões (Renda Pessoal)
Fonte: Elaboração do autor, 2019.
1.2.5 Renda Pessoal Disponível (RPD) 
Se você subtrair da renda pessoal os impostos diretos pagos pelas pessoas, ou seja, 
imposto de renda, chegará ao conceito de Renda Pessoal Disponível (RPD), que é a 
quantia que permanece em poder das pessoas para ser consumida ou poupada.
44
Capítulo 2 
Exemplo: 
Imagine que as pessoas tenham pago o equivalente a 30 bilhões de imposto de renda. 
Então, nesse país, terá uma Renda Pessoal Disponível de 140 bilhões, obtida da 
seguinte maneira:
170 bilhões (Renda Pessoal)
- 30 bilhões (Imposto de Renda pago pelas pessoas)
= 140 bilhões (Renda Pessoal Disponível)
Você viu que a produção realizada por um sistema econômico é destinada 
à satisfação das necessidades das pessoas. Esse sistema econômico não 
permanece estável no decorrer do tempo. Ele se modifica, cresce e atravessa 
crises, tudo isso com consequências sobre as pessoas que o integram. 
Um dos campos de interesse dos economistas, e também do governo, é o nível 
de bem-estar dos habitantes de um país. Esse nível de bem-estar, apesar de ser 
um conceito subjetivo, pode ser aproximado por meio da quantidade de bens e 
de serviços disponíveis, por período de tempo, para as pessoas.
Se a quantidade de bens e serviços disponíveis aumentou de um ano para outro 
mais do que o aumento da população, pode-se dizer que aumentou o bem-estar 
das pessoas desse país. Isso aconteceria se o aumento do produto (lembre-se 
que produto é renda) tivesse sido distribuído igualmente entre as pessoas.
As observações acima permitem que você conclua que há virtudes dos agregados 
macroeconômicos para medir a satisfação das necessidades das pessoas: 
 • os agregados servem para o estudo e o acompanhamento da 
evolução do sistema econômico no decorrer do tempo;
 • por meio dos seus vários conceitos, é possível avaliar o papel do 
governo, do setor externo e das empresas na economia.
Mas você deve também considerar que há uma limitação da contabilidade 
nacional como instrumento de análise. Ela não nos diz de que forma o produto é 
distribuído entre os habitantes do país. 
Assim, uma economia pode apresentar taxas de crescimento elevadas de seu 
produto, o que não quer dizer que o crescimento seja igualmente distribuído entre 
as pessoas.
45
Economia
Nesse caso, fica difícil dizer alguma coisa a respeito do nível de bem-estar, pois o 
bem-estar de algumas pessoas pode ter aumentado, mas o de outras não. O que 
é exatamente o caso do Brasil.
De qualquer forma, a contabilidade nacional tem se mostrado útil para analisar o 
funcionamento do sistema econômico como um todo, pois fornece ao governo 
elementos que permitem dirigir as medidas de política econômica para os 
objetivos estabelecidos.
1.3 Consumo e poupança 
Um dos agregados macroeconômicos é a Renda Pessoal Disponível, ou seja, 
aquele montante que as pessoas têm a seu dispor para consumir ou poupar.
1.3.1 O consumo 
Pense no caso de uma pessoa que recebe seu salário, que é a remuneração 
do seu trabalho, no final do mês. Com esse salário, que é sua Renda Pessoal 
Disponível, ela realizará uma série de gastos necessários para sua sobrevivência e 
satisfação de suas necessidades.
Renda Disponível = Renda Bruta - descontos
Renda Disponível é a Renda Bruta menos os descontos como gastos com 
impostos e contribuições sociais.
Esses gastos podem ser divididos em três componentes, dependendo da 
natureza do bem ou do serviço que for adquirido, acompanhe a seguir.
 • Bens de consumo não duráveis. São bens cuja vida útil é 
relativamente curta, como alimentos, roupas e combustível.
 • Serviços de consumo. O que distingue os bens não duráveis dos 
serviços de consumo é o fato de que, no segundo caso, a pessoa 
não está comprando um objeto com existência física própria, mas 
um serviço prestado por outra pessoa ou por um equipamento. 
Compreendem as despesas feitas com aluguel, médicos, barbeiro, 
cinemas, transporte etc.
 • Bens de consumo duráveis. Esses bens têm vida útil maior do que 
os bens não duráveis de consumo, como eletrodomésticos em geral, 
automóveis, móveis etc.
46
Capítulo 2 
1.3.2 Poupança e investimento
Conforme você aprendeu, as pessoas podem, coma sua renda, consumir 
bens não duráveis, serviços e bens duráveis. Mas também, as pessoas podem 
consumir todos os produtos que acham necessário durante o mês, e, ainda, pode 
restar uma parte da renda.
Essa parte da renda que não é consumida chama-se poupança.
Sendo 
renda = consumo + poupança 
Então 
poupança = renda - consumo. 
 
Ou, esta identidade pode ser expressa da seguinte forma: 
S = Y - C 
Onde: 
S = poupança (em inglês, saving) 
Y = renda (em inglês, yield) 
C = consumo (em inglês, consumption).
Dessa forma, você pode concluir que há apenas duas coisas que pode fazer com 
sua renda: consumir e poupar. Em outras palavras, significa dizer que a renda é 
composta pelo consumo e pela poupança.
Assim, pergunta-se:
O que as pessoas fazem com a sua poupança, ou seja, com a parcela de sua 
renda que não é consumida?
Para você poder responder a essa pergunta adequadamente, é necessário antes 
acompanhar algumas considerações sobre o lado real do sistema econômico.
Até agora foi apresentado o fluxo monetário do sistema econômico, o lado da renda. 
Lembre-se, ainda, de que o fluxo real, ou lado real da economia, corresponde aos bens 
e serviços produzidos por período de tempo.
Você já tomou conhecimento também que o lado real é igual ao lado monetário, 
ou seja, a renda é igual ao produto. Essa igualdade indica que o total dos bens 
e serviços produzidos por período de tempo era vendido para que a receita das 
vendas remunerasse os fatores de produção.
E nesta unidade, você já pode concluir que a renda disponível é o principal 
determinante do consumo.
47
Economia
O que acontece se as pessoas poupam uma parte de sua renda e não a gastam 
integralmente em consumo?
Uma parte do produto, isto é, dos bens e serviços produzidos, não será vendida, 
havendo uma variação, num determinado período de tempo, nos estoques do 
sistema econômico.
Como o estoque de uma economia é formado pelos bens que não foram 
vendidos no período de tempo em que foram produzidos, mais o estoque no 
início do período, você pode considerar que a variação de estoques por 
período de tempo é igual à poupança no mesmo período.
Do ponto de vista do lado real do sistema econômico, a formação de estoque 
significa investimento.
1.3.3 Investimento 
Quando o assunto é investimento, está se falando da aplicação de recursos em 
empresas (novas empresas ou ampliação das empresas já existentes).
Investimentos devem, ao final de um período, gerar lucro para o empresário. E, de 
acordo com o Dicionário de Economia, investimento é a aplicação de capital em 
meios que levam ao aumento da capacidade produtiva, ou do produto.
O estudo dos investimentos é crucial para a atividade econômica, pois são as 
empresas que, ao investir, geram empregos e renda para a população.
E as empresas, para investir, precisam de capital. E este capital está disponível 
para elas nos bancos. Mas, o capital ou dinheiro que está nos bancos pertence às 
pessoas e famílias que guardam seu dinheiro. E é justamente esse dinheiro que os 
bancos emprestam às empresas.
Portanto, pode-se dizer que a poupança é igual ao investimento, no mesmo 
período. Isso nos leva à igualdade fundamental da macroeconomia, dada por:
S = I
Onde:
S = poupança
I = investimento
48
Capítulo 2 
Em resumo, o investimento se manifesta de três maneiras:
 • construção de novas fábricas e máquinas para as empresas;
 • construção de novas casas residenciais;
 • variação dos estoques.
Os principais determinantes do investimento são:
 • as expectativas dos empresários: os empresários têm certas 
expectativas sobre o rumo da atividade econômica. Essas 
expectativas direcionam suas decisões sobre investimentos;
 • a taxa de juros: a taxa de juros é o preço do dinheiro emprestado. 
Ou seja, ao pedir um empréstimo, você paga juros sobre o total 
emprestado. Dessa forma, o empresário tende a investir mais 
quando a taxa de juros é menor, pois ele terá menos custos com 
empréstimos e financiamentos;
 • a capacidade instalada: a capacidade de uma empresa refere-se 
às instalações produtivas que ela tem. Quando a empresa produz 
menos do que sua capacidade permite, ela conta com excesso de 
capacidade e não terá motivos para fazer novos investimentos.
Relacionando os conceitos estudados até agora com o sistema econômico como 
um todo, você pode concluir que:
 • o consumo do sistema econômico é a soma das despesas de 
consumo realizadas por todas as pessoas, por período de tempo;
 • a soma das poupanças das pessoas é igual à poupança do sistema 
econômico;
 • a poupança da economia é igual ao investimento, que é formado 
pela variação nos estoques e pelos atos dos empresários para 
aumentar a capacidade produtiva da economia.
Convém lembrar que os empresários são pessoas e que os gastos em 
investimentos são feitos, em parte, com suas poupanças, sendo o restante do 
investimento feito com a poupança do sistema econômico. Mais tarde, quando 
você estudar o Mercado de Capitais, entenderá como a poupança das pessoas é 
transferida para os investimentos.
49
Economia
Seção 2 
O papel do governo 
Ao longo da história, o nível de intervenção do Estado na economia tem variado 
bastante. Há épocas em que quase não se nota a presença do Estado. Mas, há 
épocas em que o Estado intervém com frequência. 
2.1 Um pouco de história 
Até 1929, quase não se percebia, nos países desenvolvidos, a intervenção do 
governo na economia. Tal situação chamava-se liberalismo. Neste ano, houve 
uma forte crise econômica que abalou todos os mercados do mundo, iniciada na 
quebra da bolsa de Nova Iorque. Isto deu início à Grande Depressão e, na maioria 
dos países ocidentais, houve uma grande recessão.
Recessão é um fenômeno caracterizado por queda da produção, aumento do 
desemprego, diminuição dos lucros e aumento do número de falências e concordatas. 
No entanto, nessa época havia na Inglaterra um economista chamado John 
Maynard Keynes, que escreveu uma obra muito importante: Teoria Geral do 
Emprego, dos Juros e do Dinheiro. Keynes, que era banqueiro e professor de 
economia em Cambridge, propôs uma atitude ativa por parte dos governos diante 
de crises econômicas que terminassem em recessão. Em outras palavras, ele 
defendeu que o governo tinha que aumentar seus gastos como mecanismo de 
combate à depressão econômica.
Para entender o que Keynes quis dizer, imagineum país bem pequeno, onde o único 
produto que os habitantes plantam é maçã. Imagine também que este país está em 
recessão. Ou seja, os produtores não estão conseguindo vender a maior parte das 
maçãs que produzem. Agora, pense se o governo desse país resolver, utilizando o 
dinheiro que arrecada com impostos e taxas, comprar as maçãs que os produtores não 
conseguem vender no mercado. Então, isso iria aumentar o faturamento e o lucro dos 
produtores, esses, por sua vez, iriam empregar mais gente. Com mais emprego, mais 
renda teriam as pessoas para poder comprar maior parte da produção. Ou seja, criou-se 
um ciclo virtuoso que gerou mais renda para as pessoas e os produtores de maçã.
50
Capítulo 2 
2.2 Funções do setor público 
As principais funções do governo são as seguintes:
Fiscalizadora
O governo estabelece e arrecada impostos e taxas.
Reguladora
Regula a atividade econômica por meio de leis e disposições 
administrativas. Por exemplo, o governo pode controlar preços 
(gasolina, por exemplo) e impedir a formação de cartéis.
Provedora de bens e serviços
Por meio das empresas estatais, pode prover os 
bens públicos (defesa, saúde, educação) e bens econômicos 
(água, energia, telefonia).
Redistributiva
O governo pode distribuir melhor a renda entre as pessoas, 
regiões ou estados, procurando torná-la mais igualitária 
(por exemplo, o salário mínimo);
Estabilizadora
Controle dos agregados econômicos, para evitar as recessões.
O governo, então, tem três grandes objetivos:
 • maior nível de emprego possível;
 • estabilidade dos preços, ou seja, controle da inflação; 
 • crescimento da economia.51
Economia
2.3 A participação do Estado na economia 
O Estado participa de um sistema econômico pelos governos federal, estadual 
e municipal, desempenhando o papel de dois agentes econômicos: o de 
consumidor e o de produtor.
Estado Consumidor
� Como consumidor de bens e 
serviços, o Estado adquire tudo 
aquilo que é necessário ao funcio-
namento do poder público, como 
veículos, armas para o exército, 
computadores para as repartições 
públicas.
� O Estado também pode contratar 
serviços de transporte para seus 
funcionários ou contratar empresas 
para construções de estradas etc.
Estado Produtor
� Como produtor, ele fornece à 
população os chamados bens 
públicos, como assistência médica 
pela Previdência Social, educação, 
serviço de polícia etc.
� Para desempenhar o papel de 
produtor, o Estado necessita de 
dinheiro, que é obtido mediante os 
tributos, ou seja, os impostos, que 
incidem sobre determinadas 
atividades econômicas.
2.3.1 Os instrumentos do governo 
Para alcançar seus objetivos e garantir uma melhor qualidade de vida para a 
população, o governo utiliza a política econômica. Essa é feita, normalmente, por 
meio de instrumentos de política fiscal e política monetária. 
 • Política fiscal: refere-se às decisões do governo sobre seus gastos 
e os impostos que arrecada.
 • Política monetária: refere-se ao controle da quantidade de 
dinheiro que existe em uma economia.
Para efeitos de sistematizar os seus estudos, este capítulo vai se concentrar somente 
na política fiscal, que lida com os gastos e os impostos arrecadados pelo governo. 
Os impostos são as receitas públicas criadas por lei e de cumprimento obrigatório 
para as pessoas (contribuintes) contempladas por ela.
Da mesma maneira que no exemplo da maçã, o governo pode aumentar a velocidade 
da economia por meio dos impostos, por exemplo: reduzindo os impostos sobre a 
venda da maçã, o que reduziria o seu preço e aumentaria as vendas.
52
Capítulo 2 
Qual a diferença entre imposto indireto e subsídios? 
Alguns impostos, apesar de incidirem sobre a produção, são pagos pelos 
consumidores, pois são adicionados ao preço final do produto pelos fabricantes. 
Esse tipo de imposto, que é transferido do produtor para o consumidor, 
chamamos de imposto indireto.
Por outro lado, o setor público muitas vezes tem interesse em que determinados 
produtos tenham um preço mais baixo para o consumidor final e concede às 
empresas que os produzem os chamados subsídios, ou seja, estímulos que 
visam a diminuir o custo de produção de um bem ou de um serviço.
2.3.2 O orçamento do governo 
O orçamento do governo é uma descrição do plano de gastos e como ele 
financiará esses gastos.
Orçamento do governo = Receitas públicas – Gastos públicos
 • Se as receitas do governo forem maiores que seus gastos, haverá 
um superávit orçamentário.
 • Por outro lado, se os gastos do governo forem maiores do que a 
arrecadação (situação comum nos diversos níveis de governo no 
Brasil) haverá um déficit orçamentário.
 • E o orçamento estará em equilíbrio quando a receita pública for 
igual aos gastos públicos.
Assim, as medidas expansionistas (aumento dos gastos do governo ou redução 
dos impostos) tenderão a criar déficit no orçamento, enquanto as medidas 
restritivas terão o efeito contrário.
53
Economia
2.3.3 Política fiscal 
1. Política fiscal expansionista:
Aumento dos gastos públicos => Aumento da demanda agregada
Ou
Redução dos impostos => Aumento do consumo privado
Com isso, a produção e o emprego aumentam (↑). 
2. Política fiscal recessiva:
Redução dos gastos públicos => Redução da demanda agregada
Ou
Aumento dos impostos => Redução do consumo privado
Com isso, a produção e o emprego diminuem (↓).
2.3.4 O déficit e seu financiamento
Desde a crise de 1929, em muitos países, o governo vem aumentando sua 
participação na atividade econômica. É importante você atentar para o dado de 
que o crescimento econômico do Brasil se deu fortemente amparado no Estado. 
Ou seja, o Brasil se desenvolveu graças à presença forte do governo. Exemplos 
são as empresas estatais, como as distribuidoras de energia ou as companhias 
de água e esgoto.
Essa forte presença do Estado aumentou a necessidade de financiamentos. Para 
atender a essas necessidades, o governo tem três alternativas:
 • impostos;
 • criação de dinheiro; 
 • emissão de dívida pública.
54
Capítulo 2 
Os impostos são a alternativa natural para se financiar o déficit público. Porém, 
quando existe déficit, significa que os impostos são insuficientes para fazer frente 
aos gastos.
Outra alternativa possível é a criação de dinheiro. O Banco Central, que é a 
instituição do governo responsável pela emissão de dinheiro, poderia recorrer a 
esse procedimento e atender o governo. Mas isso não é tão simples, pois, como 
você verá no capítulo sobre inflação, isso tende a aumentar a inflação.
Uma terceira possibilidade é emitir dívida pública. Nesse caso, o Estado emite, ou 
seja, vende títulos de renda fixa, por exemplo. No entanto, tal fato tem o perverso 
efeito de deslocar a poupança das pessoas para o setor público. Lembre-se de que 
a poupança deve gerar novos investimentos, ou seja, o governo, nesse caso, desvia 
os recursos do setor empresarial para o setor público.
2.3.4 O equilíbrio orçamentário 
Assim, para não ter que aumentar impostos (o que seria uma medida 
extremamente impopular), não emitir dinheiro (que causa inflação) e não aumentar 
a dívida (o que implica a necessidade de aumento da taxa de juros), o governo 
deve equilibrar o seu orçamento. Ou seja, o governo, assim como qualquer outro 
agente da economia, não pode gastar mais do que arrecada.
Em resumo, o equilíbrio orçamentário pressupõe que:
RECEITAS DO GOVERNO = GASTOS DO GOVERNO
Isso tornou-se também algo legalmente solicitado desde o ano de 2000, com a 
entrada em vigor da Lei de Responsabilidade Fiscal. Esta lei, como nos mostra o 
Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão é:
um código de conduta para os administradores públicos que 
passarão a obedecer as normas e limites para administrar as 
finanças, prestando contas sobre quanto e como gastam os 
recursos da sociedade. Representa um importante instrumento 
de cidadania para o povo brasileiro, pois todos os cidadãos 
devem ter acesso às contas públicas, podendo manifestar 
abertamente sua opinião, com o objetivo de ajudar a garantir sua 
boa gestão. (Brasil, 2000)
Ou seja, a Lei de Responsabilidade Fiscal tem como objetivo garantir que os 
governantes não gastem mais do que arrecadam, tornando a gestão dos recursos 
públicos mais disciplinada.
55
Economia
2.4 A crise econômica mundial e a reação do governo brasileiro 
Em setembro de 2008, uma crise econômica se alastrou pelo planeta a partir da 
chamada crise dos subprimes, nos Estados Unidos. A crise econômica provocou 
uma recessão em diversos países, inclusive no Brasil. Porém, devido a alguns 
aspectos da economia brasileira, o país pouco sofreu com ela. Mas é possível 
lembrar que o governo brasileiro exerceu uma política fiscal expansiva.
Em dezembro daquele ano, o governo anunciou um pacote de medidas contra 
a crise econômica. Uma das principais medidas adotadas foi a redução do IPI 
(Imposto sobre Produtos Industrializados) para veículos automotores. Os modelos 
equipados com motores de até 1 litro, que pagavam 7% de imposto, passaram 
a ser isentos. Os modelos equipados com motores entre 1 e 2 litros sofreram 
redução da alíquota. As picapes de até 2 litros também sofreram redução. Já 
os carros com motores superiores a 2 litros mantiveram as alíquotas de 25% 
(gasolina) e 18% (álcool ou flex).
Assim, se há menos imposto indireto, os produtos ficam mais baratos, e, 
consequentemente, aumenta-se a demanda. Como a indústria de automóveis é 
intensiva em mão de obra e capital, e tem relações diretas com outras indústrias 
(autopeças, borracha, alumínio, aço, plástico etc.), esse aumento da demanda de 
carros contribuiu para reaquecer a economia, mantendo-se

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