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UnisulVirtual Palhoça, 2019 Economia Universidade Sul de Santa Catarina Universidade do Sul de Santa Catarina – Unisul Reitor Mauri Luiz Heerdt Vice-Reitor Lester Marcantonio Camargo Pró-Reitor de Ensino, Pesquisa, Pós-graduação, Extensão e Inovação Hércules Nunes de Araújo Pró-Reitor de Administração e Operações Heitor Wensing Júnior Assessor de Marketing, Comunicação e Relacionamento Fabiano Ceretta Diretor do Campus Universitário de Tubarão Rafael Ávila Faraco Diretor do Campus Universitário da Grande Florianópolis Zacaria Alexandre Nassar Diretora do Campus Universitário UnisulVirtual Ana Paula Reusing Pacheco Campus Universitário UnisulVirtual Diretora Ana Paula Reusing Pacheco Gerente de Administração e Serviços Acadêmicos Renato André Luz Gerente de Ensino, Pesquisa, Pós-graduação, Extensão e Inovação Moacir Heerdt Gerente de Relacionamento e Mercado Guilherme Araujo Silva Gerente da Rede de Polos José Gabriel da Silva Livro Didático Professor(es) conteudista(s) André Luis da Silva Leite Joseane Borges de Miranda Designer Instrucional Carmelita Schulze Projeto Gráfico e Capa Equipe UnisulVirtual Diagramação Fernanda Vieira Fernandes Revisão Ortográfica Diane Dal Mago Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Universitária da Unisul L55 Leite, André Luis da Silva Economia : livro didático / André Luis da Silva Leite, Joseane Borges de Miranda. – Palhoça : UnisulVirtual, 2019. 90 p. : il. ; 28 cm. Inclui bibliografia. 1. Microeconomia. 2. Macroeconomia. 3. Moeda. 4. Finanças internacionais. I. Miranda, Joseane Borges de. II. Título. CDD (21. ed.) 330 Copyright © UnisulVirtual 2019 Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida por qualquer meio sem a prévia autorização desta instituição. Partes dessa obra foram publicadas originalmente com o título “Fundamentos Econômicos”, na edição do ano 2007, tendo como autor André Luis da Silva Leite, e com o ISBN 978-85-60694-74-7. Livro didático UnisulVirtual Palhoça, 2019 Economia André Luis da Silva Leite Joseane Borges de Miranda Sumário Introdução | 7 Capítulo 1 Introdução à microeconomia | 9 Capítulo 2 Introdução à Macroeconomia | 37 Capítulo 3 A moeda e o sistema financeiro | 57 Capítulo 4 Elementos de economia internacional | 75 Considerações Finais | 85 Referências | 87 Sobre os Professores Conteudistas | 89 Introdução Palavras dos professores, Bem-vindo ao estudo dos fundamentos econômicos. O objetivo aqui é que você assimile com sucesso os conceitos introdutórios de economia. Esses conceitos são muito importantes para um futuro profissional de qualquer área de gestão, pois são, muitas vezes, empregados nas decisões empresariais. Haja vista que diversos fenômenos relevantes nas áreas de marketing, finanças e administração geral, entre outras, têm sua fundamentação na teoria econômica. Sempre que a política econômica sofre uma alteração, os impactos são sentidos nas empresas que trabalhamos ou que gerimos, bem como no nosso dia a dia. Um bom exemplo disso é a inflação, se a inflação aumenta o nosso poder de comprar reduz e essa redução impacta todo o ciclo econômico. Outra importante variável para o crescimento econômico é o conceito de PIB (Produto Interno Bruto) de um país. Quanto maior o PIB mais emprego, mais bem-estar social. Mas quais as outras variáveis econômicas determinam esse crescimento? Essa, portanto, é uma das perguntas que esse livro buscará responder. Algumas instituições têm um papel importante na economia de um país, como é o caso do Banco Central. É importante também entender por que os países promovem comércio entre si e identificar quais as principais barreiras ao livre comércio. Tudo isso será tratado aqui. Pois, estudar o conjunto das variáveis econômicas é, repetindo, o principal objetivo deste livro. E ele foi preparado com o intuito de tornar o seu primeiro contato com a ciência econômica simples e agradável. Bons Estudos! Professores André Luiz da Silva Leite e Joseane Borges de Miranda 9 Capítulo 1 Introdução à microeconomia Seção 1 Introdução ao estudo de economia 1.1 A produção e o consumo de bens e serviços A satisfação das necessidades materiais (roupas, habitação, por exemplo) e não materiais (educação, serviços de saúde) de uma sociedade leva seus membros a se ocuparem de determinadas atividades produtivas. Assim, produzem bens e serviços que necessitam e que são distribuídos à sociedade. Ou seja, há produção e consumo, que são dois itens fundamentais do estudo da economia. No que diz respeito à produção, as empresas devem decidir que bens produzir e de que forma produzir. Em relação ao consumo, as famílias devem decidir como vão gastar seu orçamento para satisfazer suas necessidades. Portanto, todos nós participamos do sistema econômico do país, consumindo hoje bens e serviços ou poupando parte de nossa renda para consumirmos no futuro. Enfim, somos influenciados pelas mudanças na economia. E é por isso que o entendimento da economia caracteriza-se numa ferramenta importante para os profissionais das mais diversas áreas, especialmente gestores, engenheiros, contadores e advogados. Diversos fenômenos relevantes nas áreas de marketing, finanças, estratégia e administração geral, entre outras, têm sua fundamentação na teoria econômica. Economia é a ciência que estuda a forma pela qual a sociedade (pessoas, empresas e governos) toma decisões em relação ao uso dos recursos disponíveis, que são escassos, visando a satisfazer da melhor forma possível as necessidades individuais e coletivas. * LEITE, André Luis da Silva; MIRANDA, Joseane Bordes de. Economia: livro didático – Palhoça, 2019. Págs 09 a 36. 10 Capítulo 1 Utilizando alguns autores renomados da área das ciências econômicas, encontramos que: A economia estuda como as sociedades administram recursos escassos para produzir bens e serviços (MOCHÓN, 2007, p. 1.). Economia pode ser definida como a ciência social que estuda como o indivíduo e a sociedade decidem utilizar recursos produtivos escassos, na produção de bens e serviços, de modo a distribuí-los entre as várias pessoas e grupos da sociedade, com a finalidade de satisfazer às necessidades humanas (VASCONCELLOS, 2001, p. 21). A natureza dos problemas econômicos reside na constatação de que os recursos que a coletividade dispõe para a satisfação de suas necessidades são limitados. Por outro lado, as necessidades do ser humano não têm limite. Em outras palavras, as pessoas precisam de certos bens (roupas, alimentos, casa para morar, automóvel) e serviços (educação, lazer, saúde) que são escassos, isto é, existem em quantidades limitadas. Já as aspirações humanas são, no entanto, relativamente ilimitadas, superando o volume de bens e serviços disponíveis para a satisfação desses desejos. O problema fundamental da economia é a escassez. Pode-se dizer que a economia se preocupa com a maneira como a sociedade administra seus recursos, visando a obter o melhor aproveitamento possível. Por exemplo, uma família emprega seu limitado orçamento de forma cuidadosa ao longo de um período de tempo, com a finalidade de aproveitá-lo ao máximo para pagar pelos bens e serviços consumidos. A economia estuda a maneira como se administram os recursos escassos, com o objetivo de produzir bens e serviços e distribuí-los para seu consumo entre os membros da sociedade. As necessidades humanas são ilimitadas, porém, os recursos econômicos são escassos. Conforme lembram Trostes e Mochón (1999), este não é um problema tecnológico, mas sim de disparidade entre os desejos humanos e os meios disponíveis para satisfazê-los. Este dilema pode ser traduzido pelo confronto entre fatores de produção escassos X necessidades ilimitadas. 11 Economia E este dilema implica a existência de quatro questões fundamentais: • O que produzir? • Quanto produzir? • Como produzir? • Para quem produzir? A resposta para essas questões fundamentais da economia depende do sistemaeconômico, ou seja, se você está numa economia capitalista ou de mercado, ou se está numa economia socialista ou planificada. Como os recursos ou fatores de produção – capital, terra, trabalho– são escassos, não podemos ter tudo que desejamos ao mesmo tempo – por isso é preciso escolher entre os bens e serviços que serão produzidos e oferecidos à coletividade. Fatores de produção são os elementos que as empresas utilizam para produzir um determinado bem ou serviço. Aqui iremos considerar apenas esses três fatores de produção, embora alguns livros considerem também a tecnologia e a capacidade gerencial. A atividade econômica, por meio da produção de bens e serviços, visa a satisfazer as necessidades humanas. E a produção desses bens e serviços, numa economia de mercado, realiza-se nas diversas empresas. E cada uma delas emprega fatores de produção. Assim, para ofertar bens ou serviços, as empresas precisam de fatores de produção. Estes fatores são divididos em três grandes grupos: • Recursos naturais: formado pelo espaço físico, pela água e pelas matérias-primas em geral. Por exemplo, uma fazenda utiliza bastante espaço físico para sua produção. • Capital: são as máquinas, equipamentos e instalações empregados na produção. Muitas empresas trabalham com um número grande de máquinas nas linhas de produção. • Trabalho: refere-se aos serviços das pessoas empregadas na produção, como o operário, o gerente etc. São os trabalhadores que operarão as máquinas e transformarão a matéria-prima. As definições desses fatores encontram- se em: SILVA, C.; LUIZ, S. Economia e mercados: introdução à economia. 15ª Ed. São Paulo: Saraiva, 1996. 12 Capítulo 1 Você já deve ter ouvido falar num famoso ditado popular que diz que “nem relógio trabalha de graça”. Assim, cada um dos fatores de produção, ou melhor, seus proprietários, mencionados anteriormente, devem receber uma renda pela sua utilização. Essa renda chamamos de remuneração dos fatores de produção. Assim, a renda: • da terra é o aluguel; • do capital é o lucro (quando o capitalista constitui uma empresa) ou o juro (quando ele empresta dinheiro); • do trabalho é o salário. 1.2 Os agentes econômicos 1.2.1 As empresas Nas sociedades modernas, as empresas produzem e oferecem praticamente a totalidade dos bens e serviços, como o pão, os automóveis, os sapatos, os serviços de turismo e assim por diante. A empresa é a unidade de produção básica. Ela contrata trabalho e compra fatores com o fim de fazer e vender bens e serviços e, ao final do processo, auferir lucro. Nas sociedades primitivas, a produção era individual e artesanal. Hoje, as empresas são as maiores responsáveis pela produção, já que só elas são capazes de obter as vantagens da produção em massa. Somente as empresas podem reunir grandes quantidades de recursos financeiros e físicos necessários para construir as instalações e os equipamentos que a atualidade exige. Além disso, somente as empresas têm capacidade de organizar os complexos processos de produção e distribuição exigidos pela sociedade moderna. O financiamento das empresas pode ser obtido por meio de autofinanciamento ou financiamento externo. Ou seja, elas podem se financiar com seu próprio capital ou tomar empréstimos junto aos bancos. 13 Economia 1.2.2 As famílias ou indivíduos As famílias ou as pessoas, individualmente, têm basicamente duas funções no sistema econômico: • oferecer seus fatores de produção, isto é, trabalho e capital às empresas; • consumir os bens e serviços postos à sua disposição. No entanto, o consumo é restrito pelo orçamento de que dispõem. 1.2.3 O setor público O governo é um importante agente da economia. Afinal, ele é o maior responsável pelos rumos econômicos de uma nação. Há pelo menos três níveis de governo, a destacar: • a administração local, ou seja, as prefeituras; • as administrações estaduais; • a administração central, ou seja, o Governo Federal e seus ministérios. O setor público é responsável pelo fornecimento dos chamados bens públicos. Bens públicos são bens proporcionados a todas as pessoas a um custo igual ao necessário para o fornecimento a uma só pessoa. Veja um exemplo: A defesa nacional é um bem público. Caso uma nação declare guerra ao Brasil, todos os cidadãos brasileiros terão direito à defesa nacional. Por essa característica, os bens públicos só podem ser providos pelo Estado. Há ainda outra atribuição importante do governo no que diz respeito ao sistema econômico. O setor público é responsável por estabelecer um marco jurídico- institucional no qual se desenvolve a atividade econômica, sendo também responsável pelo estabelecimento da política econômica. Os agentes econômicos (famílias ou pessoas, empresas e governo) podem ser agrupados em três grandes setores. • Setor primário: refere-se às atividades próximas dos recursos naturais, como por exemplo, a atividade agrícola ou agroindustrial, a atividade pesqueira, pecuária etc. 14 Capítulo 1 • Setor secundário: refere-se à atividade industrial. É na indústria que as matérias-primas são transformadas em bens. • Setor terciário: refere-se aos serviços, ou seja, à satisfação das necessidades de serviços, que não se transformam em algo material. Serviços de saúde, de transporte, de educação, de turismo, entre outros. Hoje em dia, em diversos países, incluindo o Brasil, é o setor que mais cresce e que mais emprega. 1.3 O sistema econômico Agora que você já entendeu quem são os agentes econômicos, observe como pode ser definido o sistema econômico. O sistema econômico é o conjunto de relações técnicas, básicas e institucionais que caracterizam a organização econômica de uma sociedade. Conforme vimos no início deste capítulo, o sistema econômico deve responder às quatro questões básicas. • O que produzir? – Devemos produzir mais estradas ou mais hospitais? • Quanto produzir? – Dos bens que vamos produzir, quanto devemos produzir de cada um? • Como produzir? – Quais técnicas e ferramentas serão utilizadas na produção? • Para quem produzir? – Como a produção vai ser distribuída entre os diferentes agentes da economia? Quem, afinal, responde a essas perguntas? Para você encontrar a resposta a essa pergunta, precisa primeiro se voltar um pouco para a história da organização econômica. Desse modo, basicamente, pode- se dizer que há dois tipos de organização da economia de um país ou nação: • Capitalismo ou economia de mercado. • Socialismo ou economia planificada. 15 Economia No capitalismo, a economia funciona de forma livre, ou seja, cada um é livre para escolher o que produzir e em que quantidade, assumindo os riscos. Por isso, diz- se que este sistema é caracterizado pela livre iniciativa. Veja como funciona tal sistema com base no Quadro 1.1. Quadro 1.1 – A economia de mercado Aspectos essenciais Vantagens Os produtores oferecem bens e serviços pelos quais há demanda. As pessoas podem escolher o que consumir e produzir de acordo com suas vontades e disponibilidades. O sistema de economia de mercado reduz a necessidade de intervenção do governo. Este sistema faz com que o preço de mercado reduza a formação de estoque ou a falta de produtos. Pessoas podem vender ou comprar fatores de produção, convertendo-se em produtores. As pessoas têm incentivos financeiros para produzir, podendo obter elevados lucros, em alguns casos. Fonte: Elaboração do autor, 2019. No socialismo, quem responde às questões essenciais da economia é o Estado. Dessa forma, uma economia socialista é uma economia planificada, pois necessita do Planejamento Estatal. Esse sistema é justamente o contrário da economia de mercado, já que as decisões são tomadas de forma centralizada na agência de planejamento do governo. Nesse caso, as famílias não detêm os fatores de produção. Esses pertencem à coletividade, ou seja, ao governo. 1.3.1 O sistema econômico e as trocas Agora você irá estudar uma atividadede suma importância para os sistemas econômicos modernos: as trocas. Para entender melhor como elas acontecem, imagine uma pessoa que mora sozinha numa ilha. Essa pessoa deve, sozinha, ser capaz de produzir tudo aquilo de que necessita. E, obviamente, seu consumo está restrito aos recursos que a ilha lhe dá e à sua capacidade de transformação desses recursos, ou seja, o seu conhecimento. Agora, numa sociedade moderna, como a nossa, isso é impossível, você já deve ter percebido. E, justamente, pode-se dizer que nossa sociedade é moderna devido a um conceito criado pelo primeiro economista da história moderna, o escocês Adam Smith, em 1776. 16 Capítulo 1 Em seu livro, A riqueza das nações, Smith nos conta uma fábula, conhecida como a fábula dos alfinetes. A fábula dos alfinetes Smith imagina que a produção de alfinetes pode se dar de duas formas: de forma artesanal e de forma industrial. Na forma artesanal, um único trabalhador, de forma artesanal, produzia ao final de um dia no máximo 20 alfinetes. Já na produção industrial, Adam Smith argumenta que, como a fabricação de alfinetes é dividida em diferentes operações, então, dez operários conseguiam fabricar, na Inglaterra de dois séculos atrás, mais de 48.000 alfinetes em um único dia de trabalho. Você sabe por que o número de trabalhadores aumentou dez vezes e a produção aumentou 2.400 vezes? A resposta é um fenômeno chamado de especialização. Com dez operários especialistas, cada um pode se especializar numa determinada operação específica do processo produtivo, e, consequentemente, aumentar a produtividade diária. A especialização permite também que cada pessoa procure um trabalho ou uma ocupação na qual seja mais produtiva. Mas você deve notar que o nosso amigo que morava sozinho na ilha não pode ser especialista, afinal, ele vivia sozinho e todos os bens e serviços que consumia eram originados do seu próprio trabalho. Já nas economias modernas, a especialização nos permite concentrar nossos esforços em um determinado ramo de atividade. Mas, se ao mesmo tempo temos que ser especialistas, então, só produziremos uma parte dos bens e serviços que de necessitamos. Daí a importância das trocas no sistema econômico. Imagine duas pessoas: um alfaiate e um agricultor. O alfaiate se especializou na produção de peças de roupa, enquanto o agricultor se especializou na produção de verduras. Dessa forma, cada um é mais produtivo naquilo que faz. Mas, como o alfaiate precisa se alimentar e o agricultor precisa se vestir, eles podem então promover uma troca de produtos. 17 Economia 1.4 Divisão do estudo da economia O estudo da economia é divido em duas grandes partes: a microeconomia e a macroeconomia. • A microeconomia se preocupa com a análise do comportamento individual dos agentes econômicos, famílias e empresas. Estuda também os mercados nos quais bens e serviços são transacionados. Por exemplo, quando se explica o aumento no preço da gasolina como consequência do aumento do preço do petróleo, estamos fazendo uma análise microeconômica. • A macroeconomia, por outro lado, estuda o comportamento global da economia, como a renda de uma sociedade ou país, o nível de consumo, a inflação, a taxa de juros e a taxa de câmbio etc. Podemos evidenciar a macroeconomia quando, ao lermos os jornais, nos deparamos com uma notícia sobre os impactos de um problema central da economia: a escassez. Seção 2 Demanda, oferta e mercado 2.1 Lei da demanda A lei da demanda visa a identificar os vários fatores que afetam a decisão de compra do consumidor. A identificação destes fatores é fundamental para qualquer empresa, pois todo empresário espera obter o maior lucro possível. Mas, para a empresa gerar um grande lucro, vai depender tanto da receita obtida - dinheiro obtido com a venda - dos produtos, quanto dos custos - insumos e recursos gastos - ocorridos durante a sua produção. Portanto, pode-se dizer que: 18 Capítulo 1 Figura 1.1 – Terminação do lucro Quantidade Preço Demanda Lucro = Receita - Custos Fonte: Elaboração do autor, 2019. 2.1.1 Receita Para calcular a receita, você deve levar em conta a quantidade de produtos que a empresa conseguiu vender e por qual preço. Receita = Preço X Quantidade E, por fim, acompanhe na Figura 1.2, que a relação entre preço e quantidade vendida no mercado depende, fundamentalmente, da decisão de compra do consumidor, ou seja, da demanda. 19 Economia Figura 1.2 – Relação preço e quantidade vendida GRANDE PROMOÇÃO LEVE 2 PAGUE 1 CAMISETAS POR R$ 10,00. Fonte: Elaboração do autor, 2019. O aspecto central da teoria da demanda é estabelecer a chamada lei da demanda, que propõe uma relação inversa entre preço e quantidade. Isso quer dizer que: se os preços de um determinado produto subirem no mercado, a quantidade demandada desse mesmo produto cairá. Se os preços caírem, a quantidade demandada aumentará. Afinal de contas, é assim que nos comportamos de modo geral. A sociedade tem a tendência de comprar mais quando o preço cai. A seguir, analise um exemplo, como nos mostra o Quadro 1.2. Para ilustrar, suponha o mercado de milho. E dentro desse mercado, imagine alguns preços e quantidades. Você pode notar que à medida que o preço diminui de $ 12,00 para $ 1,00, a quantidade demandada aumenta. Isso porque a sociedade comprará mais milho quando o preço estiver menor. 20 Capítulo 1 Quadro 1.2 – Mercado de milho Preço ($) Demandada (sacas de milho) 12 20 10 50 7 80 5 120 4 130 2 150 1 180 Fonte: Elaboração do autor, 2019. Você já deve ter imaginado que não é só o preço que influencia na demanda de um produto. Afinal, muitas compras que fazemos estão ligadas a marcas, propagandas etc. A demanda de um produto depende de muitos fatores, tais como: • as preferências e o gosto dos consumidores; • o preço do produto em questão; • o preço de produtos relacionados; • a renda do consumidor; • a distribuição de renda; • a disponibilidade de crédito; • as políticas governamentais direcionadas para o consumo, como impostos e subsídios. No entanto, a teoria da demanda se concentra, normalmente, em quatro desses determinantes, que são: • o preço da mercadoria; • o preço de outras mercadorias; • a renda dos consumidores; • as suas preferências. 21 Economia Graficamente, a demanda dos consumidores pode ser representada por curva negativamente inclinada em relação ao preço do produto, como a apresentada na Figura 1.3. Figura 1.3 – A Curva de demanda Preço ($) Quantidade do produto D Fonte: Elaboração do autor, 2019. Você pode perceber na Figura 1.3 que essa relação negativa simplesmente ilustra o fato de que quanto maior o preço, menor será a quantidade que os consumidores comprariam do bem em questão. Assim, a quantidade demandada depende do preço desse bem (deslocamento ao longo da curva de demanda). Além disso, se a renda do consumidor aumentar, haverá um deslocamento da curva de demanda para a direita, isso significa que ele estará disposto a consumir mais, ao mesmo preço. De certa forma, todos nós nos comportamos assim. Por isso, pense em alguns produtos que você compraria em maior quantidade caso o seu chefe hoje lhe oferecesse um belo aumento de salário. Se os preços dos demais bens da economia (ou de alguns deles) se reduzirem, isso terá um efeito semelhante a uma variação da renda. Mudanças nas preferências dos consumidores também deslocam a curva de demanda. Exemplo: Uma campanha do governo contra o fumo deslocará a curva de demanda de cigarros para baixo (demanda menor). Um dia bem quente deslocará a curva de demanda de sorvetes para a direita (demanda maior). 22 Capítulo 1 2.1.2 O que são bens substitutos ou complementares? Um outro conceito importante é o de bens substitutos e o de bens complementares para definição da demanda. Dois bens são considerados substitutos quando o consumo de um substitui o do outro. Isso interere na demanda porque quando ocorreo aumento no preço de um deles, a demanda do mesmo diminui e aumenta-se a demanda pelo outro - migra-se a demanda, ou, pelo menos, parte dela, de um para o outro. (por exemplo: carne de frango e de boi, ou viajar de avião e de ônibus). Bens substitutos Dois bens são considerados complementares quando o consu- mo de um complementa o do outro. Ou seja, quando o aumento no preço de um deles reduz a demanda pelo outro (por exemplo: gasolina e automóveis de passeio). Bens complementares 2.1.3 Elasticidade da demanda Um dos mais importantes conceitos em economia é o de elasticidade. Esse tem um papel importante na análise da demanda do consumidor e das decisões empresariais. Refere-se à sensibilidade da quantidade demandada de um produto em relação a uma variação em alguns dos fatores que determinam sua demanda. Mais especificamente, a elasticidade da demanda é a razão entre a variação da quantidade demandada de um produto e a variação percentual em alguma das variáveis que influenciam a demanda. Elasticidade de demanda = (variação % da quantidade demandada) (variação % de algum dos determinantes da demanda pelo bem) A elasticidade é sempre uma razão entre percentuais de variação. Uma variação de 5% tem sempre o mesmo significado (veja Figura 1.4), independentemente de o produto ser medido em toneladas, dúzias, caixas, garrafas, dólares ou ienes. 23 Economia Figura 1.4 – Cinco por cento 5% Fonte: Elaboração do autor, 2019. A fórmula para a elasticidade vinculada a preço da demanda é: Ep = (Δq/q) / (Δp/p) Não adianta ao empresário saber que, se ele reduzir o preço, irá vender mais. O que o empresário deseja saber é quanto ele vai vender a mais de uma dada mercadoria se ele reduzir o preço. A elasticidade da demanda dá essa resposta ao empresário. Essa elasticidade é de grande interesse para as empresas, pois serve de base para: • política de preços; • estratégia de vendas e atendimento dos objetivos de lucro; • participação no mercado. Ou seja, com base nessa informação, a empresa pode fazer previsões de venda. Veja o exemplo a seguir. Um empresário, produtor de mesas para escritório, sabe que a elasticidade-preço da demanda dos produtos que vende é igual a 1,5. Assim, caso ele aumente os preços de seus produtos em 10%, utilizando a fórmula, você poderá notar que a demanda cairá aproximadamente 15%. Ep = 1,5 1,5 = q/q/10 p/p = 10% 1,5 x 10 = q/q q/q = ? q/q = 15% O coeficiente da elasticidade-preço da demanda é negativo (quase sempre negativo, pois há raras exceções), uma vez que preço e quantidade demandada 24 Capítulo 1 são inversamente relacionados: quando o preço se reduz, a quantidade demandada aumenta, e quando o preço aumenta, a quantidade demandada cai. Como o sinal do coeficiente da elasticidade-preço é quase sempre negativo, o tamanho do coeficiente é a informação relevante. Por isso, a elasticidade-preço da demanda é expressa, em geral, em valor absoluto. Quais são os tipos de elasticidade-preço da demanda? Conforme as variações, - positivas, neutras ou negativas - a demanda assume uma denominação. • A demanda é elástica – quando a elasticidade-preço da demanda é maior do que 1 (em valor absoluto). Ep > 1 Nesse caso, um aumento de preços (de 10%, por exemplo) provocaria uma queda na quantidade demandada num percentual maior (15%, por exemplo), o que reduziria a receita da empresa (receita= preço x quantidade). Trata-se de um produto cujo consumo cai substancialmente no caso de elevação de preços, sendo normalmente substituído por um similar. • A demanda é inelástica – quando a elasticidade-preço da demanda é menor do que 1. Ep < 1 Caso o preço seja aumentado (em 10%, por exemplo), a redução percentual na quantidade é menor (5%, por exemplo), o que provocaria um aumento na receita da empresa. Trata-se de um produto do qual o consumidor não abre mão, mesmo diante de um aumento de preços – de fato, reduz um pouco o consumo, mas menos do que um caso de demanda elástica. Exemplo: Gasolina e um medicamento sem substituto no mercado são produtos com demandas inelásticas em relação a variações nos preços. Certamente, essa é a posição mais confortável para uma empresa no mercado: defrontar-se com uma elasticidade-preço da demanda reduzida. • A demanda tem elasticidade unitária – se um aumento percentual de preços provocar a mesma redução percentual da quantidade demandada. Ep = 1 25 Economia Sendo assim, a receita da empresa permaneceria constante no caso de um aumento de preços. Algumas características do mercado tornam a demanda mais inelástica. Isso ocorre quando: o produto não conta com substitutos próximos no mercado; o consumidor se importa com o desempenho do produto; deseja um produto diferenciado ou feito sob medida; é fiel à marca; ou, ainda, o custo do item é pequeno em relação ao orçamento do comprador. Exemplo: O sal de cozinha é um bom exemplo de produto com demanda inelástica em relação à variação no preço. Há também a relação entre elasticidade e renda para a demanda. A elasticidade-renda da demanda é utilizada para descrever como a quantidade demandada reage às variações na renda do consumidor. Nesse caso, a fórmula se escreve desta maneira: E, = (∆q/q) / (∆r/r) Assim, o empresário pode estimar qual será a variação na quantidade demandada de seu produto diante de variações na renda do consumidor. A estimativa da elasticidade-renda da demanda ajuda no planejamento estratégico da empresa. Um bem é chamado normal para um certo grupo de consumidores quando, diante de aumento na renda do grupo, a demanda pelo bem aumenta. Um bem é chamado inferior para um certo grupo de consumidores quando, diante de um aumento na renda do grupo, a demanda pelo bem diminui. Exemplo: Diante de uma elevação na renda de um grupo de pessoas, pode ser que elas reduzam suas viagens de ônibus (bem inferior) e aumentem suas viagens de táxi (bem normal). 2.2 Lei da oferta Na seção anterior, você aprendeu o que é demanda, ou seja, o mercado sob o ponto de vista do demandante, aquele que compra. Já nesta seção, você irá analisar o comportamento da oferta, isto é, do ponto de vista de quem vende. Para análise da oferta, você deverá supor a existência de um mercado com muitas empresas, todas de pequeno porte. E que esse mercado é chamado de competitivo, no qual as empresas não têm capacidade para fixar os preços de seus produtos. Nesse caso, o preço é fixado pelo mercado e as empresas são tomadoras de preço, isto é, praticam o preço determinado pelo mercado. 26 Capítulo 1 Por que uma empresa decide ofertar um determinado produto? O que leva uma empresa a decidir vender ou ofertar um determinado produto é o lucro. Assim, pode-se definir lucro como sendo a remuneração de uma empresa. Antes que uma nova empresa apareça no mercado, o empresário deve fazer um estudo detalhado sobre as possibilidades de lucratividade deste novo negócio. Como é a taxa de lucro que induz os empresários a fazerem novos investimentos, então você pode deduzir que, quanto mais alto for o ganho (lucro) da empresa com um determinado produto, maior será a quantidade ofertada. Ou seja, mais empresas vão querer ofertar ou vender aquele produto. A curva de oferta informa que quantidades os vendedores estarão dispostos a ofertar para cada preço fixado pelo mercado. Essa curva é um somatório das curvas de ofertas das várias empresas que atuam no mercado, e estabelece a quantidade total que esses produtores estariam dispostos a ofertar para cada nível de preço. Observando a Quadro 1.3, que reproduz aquele mesmo mercado de milho, antes já citado, você pode perceber que à medida em que o preço do milho cai, também diminui o incentivo dos empresários para produzir. Logo, a oferta reduz quando o preço diminui, e vice-versa. Quadro 1.3 – Mercado de milho Preço ($) Quantidade Ofertada (sacas de milho) 12 150 10 120 7 80 5 50 4 30 2 20 1 10 Fonte: Elaboração do autor, 2019 27 EconomiaVários fatores influenciam a oferta, como por exemplo: • a tecnologia de produção da empresa; • os preços dos insumos; • o número de concorrentes no mercado; • as expectativas futuras. A curva de oferta é uma função direta do nível de preço do produto. Se o preço sobe, aumenta a quantidade ofertada pelas empresas no mercado. Essa proposição é conhecida como a lei da oferta (Figura 1.5). Figura 1.5 – A curva de oferta Preço ($) Quantidade do produto O Fonte: Elaboração do autor, 2019. A Figura 1.5 apresenta que à medida que o preço de mercado aumenta, eleva-se também o incentivo psicológico do empresário a produzir mais, e quando o preço diminui, o empresário tem menos incentivo para produzir mais. 2.2.1 Elasticidade-preço da oferta A elasticidade-preço da oferta é a razão entre a variação percentual na quantidade ofertada de um bem e a variação percentual no seu preço: Epo = (∆q/q) / (∆p/p) 28 Capítulo 1 Exemplo: Um certo empresário produz 2.000 pares de sapatos por mês, ao preço de R$ 50,00 cada. Se o preço dos sapatos diminuir para R$ 40,00, o empresário diminuirá sua produção para 1.800 pares por mês. Para você calcular a elasticidade-preço da oferta, deverá calcular a variação percentual na quantidade ofertada, que é igual a 10% e a variação percentual no preço, que é 20%. Dividindo a primeira pela segunda, a elasticidade-preço da oferta é igual a 0,5, ou seja, os sapatos têm oferta inelástica. Tal como a elasticidade da demanda, trata-se de uma medida de sensibilidade que compara variações percentuais. Você pode perceber que, nesse caso, a elasticidade-preço da oferta é normalmente positiva, uma vez que o empresário está disposto a ofertar mais, diante de um aumento de preços. A elasticidade-preço da oferta de um produto é diferente no curto e no longo prazo. Para a maior parte dos produtos, a oferta é mais elástica no longo prazo do que no curto prazo. Isso significa que a oferta não aumentará no curto prazo. Exemplo: Diante de elevações nos preços, as empresas, de modo geral, conseguem aumentar sua produção utilizando mais um turno de trabalho ou pagando horas extras. Em alguns setores, entretanto, a oferta no curto prazo pode ser muito inelástica, como no mercado imobiliário, no qual uma elevação nos preços, mesmo que provoque aumento no ritmo das construções, só implicará um aumento de oferta no longo prazo. 2.3 Mercado De modo bem simples, o mercado é formado pelas pessoas que desejam vender um determinado produto (vendedores) e pelas pessoas que desejam comprar esse produto (consumidores). Obviamente, você pode notar que não nos referimos somente à questão física do mercado, mas também à interação entre compradores (demanda) e vendedores (oferta). Essa interação pode se dar, por exemplo, via internet ou telefone. Você já observou que há um dilema no mercado? Enquanto os compradores querem pagar o menor preço por um determinado produto, os vendedores querem vendê-lo ao maior preço possível. 29 Economia Ou seja, o mercado implica a negociação entre o comprador e o vendedor. O maior exemplo disso são os mercados árabes, nos quais os compradores pechincham o preço de um determinado produto, e os vendedores, já sabendo disso, colocam o preço acima daquele valor que desejam receber. 2.3.1 O equilíbrio Da interação entre as curvas de demanda e de oferta surge o preço de mercado, bem como a quantidade transacionada. Os preços tendem a um valor que iguala as quantidades ofertadas e demandadas. Essa é a lei da oferta e da demanda. Figura 1.6 – O equilíbrio de mercado Preço ($) Quantidade do produto O D p* q* Fonte: Elaboração do autor, 2019. A Figura 1.6 mostra, de forma simples, como funciona um mercado. Você pode observar que a interação entre a demanda e a oferta gera um preço (p*) e uma quantidade que é produzida e vendida (q*). Chamamos este preço (p*) de preço de equilíbrio e esta quantidade (q*) de quantidade de equilíbrio. 2.3.2 O ponto de equilíbrio na prática Para você entender melhor a noção de equilíbrio, acompanhe a seguir um exemplo de como funcionam os mercados. Veja um caso fictício do mercado de milhos. O Quadro 1.4 mostra alguns preços e as quantidades de demanda e oferta do milho. 30 Capítulo 1 Quadro 1.4 – Mercado de milho Preço ($) Quantidade demandada (sacas de milho) Quantidade ofertada (sacas de milho) 12 20 150 10 50 120 7 80 80 5 120 50 4 130 30 2 150 20 1 180 10 Fonte: Elaboração do autor, 2019. Você pode perceber que: • o preço de equilíbrio (p*) é igual a $ 7,00; • a quantidade de equilíbrio (q*) é igual a 80 sacas de milho; • o preço de equilíbrio é R$ 7,00, porque a quantidade demandada é igual a quantidade ofertada; isso significa dizer que não falta nem sobra produto no mercado. Assim, pode-se dizer que todo e qualquer mercado sempre tende ao equilíbrio. Ou seja, de um modo ou de outro o mercado chega no preço e na quantidade de equilíbrio. Para perceber isso, suponha que o mercado de milho, por exemplo, passe a operar a um preço muito baixo. Pense no valor de R$ 2,00. Esse preço é muito baixo, tão baixo que a esse valor a quantidade demandada é de 150 sacas de milho. Só que este preço de R$ 2,00 não motiva os empresários. Então, eles só produzem 20 sacas de milhos. Moral da história: claramente o mercado não está em equilíbrio, pois falta milho no mercado. 31 Economia Nesse caso, a tendência é de aumento de preço do produto. O que dá valor a um bem é a sua escassez ou o excesso à disposição das pessoas. Quando o preço é muito baixo, ele tende a aumentar, pois há mais pessoas querendo demandar do que pessoas desejando ofertá-lo. Agora, suponha o exemplo contrário. Imagine que o mercado, por um erro qualquer, passe a vender o milho a $ 12,00. A esse preço, a quantidade demandada diminui para 20 sacas de milho. Em contrapartida, aumenta o incentivo aos empresários para que produzam mais, então, a produção passa a ser de 150 sacas de milho. Moral da história: ao preço de $ 12,00 sobra produto no mercado. Ou seja, sobram 130 sacas de milho. No jargão empresarial, o dito é que se formou estoque. E, quando há estoque, os empresários tendem a reduzir o preço. Assim, pode-se concluir que os preços, de uma forma ou de outra, sempre tendem ao equilíbrio. Quando o referido é o preço de equilíbrio, tem-se que levar em conta a natureza de cada produto. Por exemplo, quando você lê no jornal a cotação diária do dólar e ao acompanhar essa cotação por vários dias seguidos, você acabará por notar que a cada dia o dólar tem um equilíbrio diferente. Isso acontece porque é um produto muito transacionado, e que sua demanda e sua oferta dependem de uma série de fatores. Já a gasolina tem um preço de equilíbrio mais difícil de mudar. Um mesmo preço para a gasolina pode permanecer por meses. Já num mercado com muitos produtores e muitos consumidores, para o comportamento do ponto de equilíbrio, ocorrerá, provavelmente, que nenhum agente econômico seja capaz de manipular o mercado, fixando o preço unilateralmente. Uma vez que o preço de equilíbrio será p*, e q* unidades transacionadas. Para qualquer nível de preço mais alto, como, por exemplo, p1, haverá um excesso de oferta de bens, o que estimulará uma queda nos preços praticados nos mercados. Da mesma forma, para qualquer nível de preços abaixo do de equilíbrio, p2, por exemplo, existirão indivíduos dispostos a consumir quantidades superiores àquelas existentes no mercado, de forma que esse excesso de demanda levará a uma alta dos preços. Uma resposta muito comum para a formação de preço no mercado produtivo tem como base uma lista de elementos de custos, despesas e impostos. 32 Capítulo 1 De um modo geral, porém, embora as empresas objetivem vender acima de seus custos totais, os preços são formados pela interação das duas forças: oferta (na qual se encontram os custos) e demanda. Eventualmente, esses preços podem se situar abaixo do nível de custos da empresa,que pode operar com prejuízo no curto prazo. Seção 3 A teoria da empresa: produção e custos Levando em consideração a hipótese básica que norteia todo o estudo da microeconomia: a de que as empresas buscam maximizar seus lucros ou seja, tentam obter o maior rendimento possível. Pode-se supor que essa hipótese implica considerarmos também que a empresa procura elevar receitas e reduzir custos nas suas operações. A busca da maximização do lucro orienta a disposição da empresa em ofertar produtos, mas essa decisão será afetada pelas variações nos preços de mercado. 3.1 Teoria da produção A teoria da produção está preocupada com os produtores que vão ofertar seus bens e serviços no mercado. Como você já estudou, a oferta no mercado depende do nível de preço do produto. Entretanto, a curva de oferta de cada empresa depende significativamente de seus custos de produção, que, por sua vez, são limitados pelas tecnologias disponíveis. Evidentemente, a escolha da tecnologia que uma empresa utilizará depende dos preços dos insumos. Nos países em que há abundância de trabalho barato, como é o caso do Brasil, as tecnologias usadas tendem a ser mais intensivas em mão de obra. De fato, quando uma empresa decide sobre a quantidade que deveria produzir e o preço que deveria fixar em seus produtos para maximizar seu lucro, ela sofre restrições de toda ordem, impostas pelos vendedores dos insumos necessários para a produção, pelos compradores de seu produto (curva de demanda), pelos concorrentes no mercado e pela tecnologia disponível. Não é o único objetivo de uma empresa. Mas, por enquanto, partiremos do pressuposto que interessa à empresa apenas maximizar seus lucros. 33 Economia Essa última restrição pode ser resolvida dentro da empresa, que decide sobre sua oferta considerando o fato de que existem apenas algumas formas viáveis de se produzir a partir dos insumos disponíveis, ou seja, existem algumas escolhas tecnológicas possíveis. A função de produção da empresa é uma representação matemática de como os insumos são combinados e transformados em produtos a serem ofertados no mercado. A empresa, então, vai decidir como produzir determinada quantidade de bens e quanto utilizar de cada insumo, tendo em vista a tecnologia disponível, de forma a ter o menor custo possível para um dado nível de produção. A função de produção relaciona a quantidade máxima de produção obtida a partir da utilização de determinadas quantidades de insumos. Exemplo: Para facilitar o seu entendimento, acompanhe o raciocínio: Suponha uma determinada empresa que utiliza apenas três insumos: terra, capital e trabalho – além da matéria-prima. O Quadro 1.5 mostra a função de produção que relaciona as quantidades de insumos com as quantidades de produção final. Quadro 1.5 – Relação entre insumos e produção final Terra Capital Trabalho Produção (unidades) 50 25 3 50 50 25 4 90 50 25 5 150 Fonte: Elaboração do autor, 2019. O Quadro 1.5 mostra que, enquanto o fator de produção trabalho aumenta de 3 para 5 unidades, fazendo o produto também aumentar, os demais fatores permanecem fixos. Ou seja, suponha que essa empresa mantenha terra e capital como fatores fixos e aumente o número de trabalhadores, nesse caso, a produção tende a aumentar, como você pode ver na tabela. A presença de um fator de produção fixo impõe um limite ao crescimento da produção. Quando isso ocorre, estamos diante de uma situação de curto prazo. 34 Capítulo 1 Qual é a diferença entre o curto e o longo prazo? • Curto prazo é o período em que pelo menos um fator de produção é fixo. • Longo prazo é o período no qual todos os fatores de produção podem variar. O conceito de curto e longo prazo, do ponto de vista microeconômico, depende do tipo de negócio. Exemplo: O longo prazo para uma padaria pode ser de poucas semanas, período suficiente para iniciar ou expandir a operação (todos os fatores de produção estão variando). Já para a indústria aeronáutica, o longo prazo pode ser de alguns anos, diante da necessidade de tempo para criar ou aumentar a capacidade de produção. 3.1.1 Função de produção A função de produção descreve uma relação entre quantidades de insumo e de produto. À medida que maiores quantidades de insumo variável (trabalho, por exemplo) são utilizadas, a produção cresce. INSUMO PRODUÇÃO Mas, em geral, os acréscimos do insumo variável conduzem a aumentos cada vez menores na produção total, pois há um limite até o qual a empresa pode se expandir. Afinal, todas as empresas têm recursos limitados para investimentos e se a demanda não aumenta, nem sempre é vantajoso para a empresa se expandir. 3.2 Teoria dos custos Atualmente, a correta análise dos custos de produção é de fundamental importância para as empresas, principalmente devido à globalização da economia, que aumentou significativamente a concorrência que as empresas enfrentam. Para as empresas utilizarem insumos na produção, elas têm que comprá-los. Logo, para que haja produção, o empresário precisa adquirir os fatores de produção. Calculando-se o gasto do empresário com esses fatores de produção, temos o custo de produção. Soma dos gastos com insumos ou fatores de produção = custo de produção 35 Economia 3.2.1 Custos de produção São os gastos financeiros que as empresas têm para adquirir os fatores de produção necessários ao processo produtivo. A análise econômica divide os custos totais em fixos e variáveis. Nesse caso, são considerados: • custos fixos: independem do nível de produção. Seja a produção 100 mil toneladas, seja 5 mil toneladas ou zero, os custos fixos nos quais a empresa incorre não se modificam. Um típico custo fixo é o aluguel. É comum chamar de custos quase fixos aqueles que também independem do nível de produção, mas que só ocorrem quando a empresa apresenta algum nível de produção (que não zero). • custos variáveis: dependem da produção. Maiores níveis de produção implicam maiores custos variáveis. Em geral, a matéria- prima utilizada na produção é um típico custo variável. 3.2.2 Custos e restrição tecnológica A contabilidade de custos difere da visão econômica em dois aspectos principais. Em primeiro lugar, a contabilidade divide os custos totais em custos diretos e indiretos. Considera-se: • custo direto: todo gasto em fatores de produção empregados diretamente na linha de produção. Por exemplo: o trabalhador que opera o alto-forno; • custo indireto: os fatores de produção utilizados fora da linha de produção. Por exemplo: pessoal administrativo. 3.2.3 O conceito de custo de oportunidade Ao tomar uma decisão, a empresa deixa de realizar outra, sendo esse o seu custo de oportunidade. Além do que você já acompanhou, a análise econômica dos custos difere da visão contábil pela introdução do conceito de custo de oportunidade, que simboliza bem o modo de pensar do economista. Nessa visão, os agentes deparam-se a todo momento com escolhas, comparando todas as alternativas possíveis do ponto de vista dos respectivos custos e benefícios. 36 Capítulo 1 Exemplo: Ao iniciar suas atividades, uma empresa pode escolher entre adquirir um prédio que será sua sede ou alugar um prédio semelhante. Há casos nos quais é mais vantajoso alugar um edifício do que comprá-lo. Isso porque a empresa terá menos dispêndios financeiros. Assim, se o empresário deixou de alugar para adquirir uma propriedade, e caso o aluguel fosse financeiramente mais vantajoso, então, o valor desse foi o custo de oportunidade do empresário. De modo geral, o custo de oportunidade não é contabilizado nos livros da empresa. Sendo assim, para termos da economia, os custos empresariais podem ser divididos da seguinte maneira: • custos implícitos (custo de oportunidade), definidos como o valor das alternativas dos recursos; • custos explícitos (custo de produção), registrados contabilmente. 37 Capítulo 2 Introdução à Macroeconomia Seção 1 Objetivo da MacroeconomiaA macroeconomia é a parte da economia que estuda o conjunto das decisões dos agentes econômicos. Ou seja, as decisões conjuntas dos consumidores, das empresas e do governo. O objetivo fundamental da macroeconomia é determinar os fatores que influenciam o nível total da renda e do produto do sistema econômico. Por que os economistas se preocupam em medir a produção realizada por um determinado país? Essa resposta pode ser dividida em duas partes: • Na primeira, você deve lembrar que o problema fundamental da economia é a escassez de recursos. Por essa razão, eles devem ser empregados de forma que se consiga a maior quantidade possível de bens e serviços. Isso lhe remete à questão da eficiência do sistema produtivo. Essa eficiência, que consiste na maior produção possível a partir dos fatores da produção, precisa ser constantemente avaliada. Daí a necessidade de se ter registros da atividade econômica, considerada em seu conjunto, que permitam esse tipo de análise. • Na segunda, parte remete a um fato histórico. Quase todas as pessoas já ouviram falar da grande crise econômica de 1929, que consistiu na redução das atividades econômicas, ocasionando, entre outros problemas, o desemprego. Tivemos, também, as duas grandes guerras mundiais, que envolveram diversos países e tiveram * LEITE, André Luis da Silva; MIRANDA, Joseane Bordes de. Economia: livro didático – Palhoça, 2019. Págs 37 a 56. 38 Capítulo 2 grande repercussão na economia. A partir dessa época e com a presença mais acentuada do Estado como regulador (gerente) das atividades econômicas, os economistas passaram a sentir a necessidade de criar meios que lhes permitissem medir e avaliar as atividades econômicas desenvolvidas pela sociedade. E assim, foi que surgiu a contabilidade social ou nacional. 1.1 Contabilidade nacional Como medir a produção realizada pelo sistema econômico? Note que a produção é contínua no tempo e os bens e serviços são produzidos e consumidos, sendo necessário produzi-los novamente, pois grande parte das necessidades humanas exige um consumo contínuo, como é o caso da alimentação, que precisa ser satisfeita diariamente. Em primeiro lugar, foi preciso estabelecer um período de tempo para que se medisse o total de bens e de serviços produzidos. Atualmente, esse período é de um ano e corresponde, no Brasil, ao ano civil, que vai de janeiro a dezembro. Em seguida, foi preciso estabelecer uma unidade de medida comum, pois os bens e serviços têm unidades de medida diferentes: o petróleo é medido em barris; o leite, em litros; a energia elétrica, em quilowatts e assim por diante. A maneira encontrada para que se pudesse somar, ou agregar, a totalidade de bens e de serviços produzidos foi medi-los em termos monetários, ou seja, pelo seu preço. Isso porque o valor de todos os bens e serviços são expressos em unidades monetárias, pois é o dinheiro que reflete o preço que eles alcançam no mercado, multiplicando o valor conforme a quantidade produzida. Uma vez estabelecido o período que servirá de base para medir a produção, bem como a unidade de medida em que será expressa essa grandeza, resta o último problema: a ótica segundo a qual será medida a produção econômica. 39 Economia 1.1.1 Dois pontos de vista para examinar e medir a atividade econômica Uma das maneiras de examinar e medir a atividade econômica é pela ótica do produto! Mas para entendê-la, é necessário conhecer, antes, o conceito de produto. O produto de uma economia é a soma dos valores monetários dos bens e dos serviços voltados para o consumo final e produzidos em um determinado período de tempo. Assim, ao se medir a atividade econômica a partir da ótica do produto, considera- se o preço e a quantidade produzida dos bens e dos serviços, mas apenas daqueles voltados para o consumo final. Veja o exemplo: Exemplo: Em um automóvel são empregados inúmeros bens e serviços, como chapas de aço, pneus, serviços de pintura etc. Entretanto, eles não são computados no cálculo do produto da economia, pois são bens e serviços intermediários. Apenas o número de automóveis produzidos e multiplicado pelo seu preço é que vai entrar nesse cálculo, para evitar o problema da dupla contagem, pois os preços dos bens e serviços intermediários já estão incluídos no preço final do automóvel. Outro método para medir e examinar a atividade econômica é pela ótica da Renda ! A renda dos agentes econômicos é a soma da remuneração paga aos fatores da produção durante o processo produtivo. Renda da Economia = Σ Renda dos fatores de produção Assim, para se obter a renda de um país, em um determinado período, são somados os salários, os aluguéis, os juros e os lucros, que são os pagamentos feitos aos fatores produtivos, ao longo do ano. O produto de uma economia é expresso em termos monetários, multiplicando-se a quantidade de bens e de serviços pelos respectivos preços. Produto da economia $ = quantidade de produção X preço 40 Capítulo 2 A partir daí você poderia considerar o produto como sendo o total das vendas num determinado período de tempo mais os estoques avaliados a preço de mercado. Produto = $ total das vendas/período de tempo + $ estoques Com a receita obtida por meio da venda de seus produtos, os empresários remuneram os fatores da produção empregados: salários para os trabalhadores, juros para o capital, aluguéis para os proprietários e lucros para eles próprios, pois o lucro é a remuneração do empresário. Seguindo este entendimento, pode-se dizer que as receitas, ou o produto da economia, foram direcionados para a remuneração dos fatores de produção. Chamando o total de pagamentos feitos aos fatores de produção de renda, chega-se a uma identidade fundamental na teoria macroeconômica: Renda = produto Até aqui você está estudando um sistema econômico bastante simples, constituído apenas de empresas e consumidores. Não existe, nele, o setor público, ou seja, o governo, que recolhe os impostos e as taxas, nem o resto do mundo, de onde importamos e para onde exportamos bens e serviços. Assim, a identidade renda igual a produto só é válida para um sistema econômico simples, que é constituído de empresas e consumidores. Além disso, há a condição de que as pessoas gastem toda sua renda na aquisição de bens e de serviços, ou seja, não façam poupança. Considere outro sistema econômico simples, que é formado por empresas e famílias. Suponha que a quantidade de bens e de serviços produzidos pelas empresas, multiplicada pelos seus respectivos preços, seja igual a 1 milhão de reais. Esse valor é o produto desse sistema econômico. Entretanto, para obter esse produto, os empresários gastaram 500 mil reais em salários e ordenados pagos aos trabalhadores (fator trabalho). Os empresários gastaram ainda 200 mil reais em aluguel (fator terra), 100 mil reais em juros aos bancos (fator capital) que emprestaram recursos financeiros aos empresários. E, finalmente, 200 mil reais de lucro, que é a remuneração dos empresários, ou seja, o pagamento pelo seu trabalho. 41 Economia 1.2 Os agregados macroeconômicos A contabilidade nacional mede a atividade econômica a partir de sua expressão mais genérica (o produto da economia), para, em seguida, e a partir dele, introduzir novos conceitos e assim se observar a atividade econômica. 1.2.1 Os agregados Os agregados recebem essa denominação pelo fato de não serem simplesmente uma soma de parcelas que se expressam da mesma forma e na mesma unidade de medida, mas sim uma soma de coisas diferentes (bens e serviços) cujo volume físico é expresso nas mais diferentes unidades de medida. No entanto, os bens e serviços podem ser adicionados quando são traduzidos numa unidade comum de medida, ou seja, a moeda. 1.2.2 O sistema econômico real O sistema econômico de um país é a soma da interação das atividades econômicas exercidas pelas famílias, pelas empresas, pelo governo e pelos outros países. As famílias atuam no sistemaeconômico consumindo. As empresas, por sua vez, realizam investimentos, como a compra de máquinas e equipamentos, e contribuem para o aumento da capacidade produtiva do país. O governo, que é o principal agente em uma economia, contribui por meio de seus gastos ou do consumo da administração pública. O comércio internacional com outros países reflete na balança comercial e no balanço de pagamento. 1.2.3 Produto interno bruto (PIB) O primeiro agregado é o Produto Interno Bruto (PIB), que corresponde ao conceito de produto da economia, ou seja, à soma dos valores monetários dos bens e dos serviços finais, produzidos a partir dos fatores de produção que estão dentro das fronteiras geográficas do país. Considerando a presença do Estado nas atividades econômicas, há duas maneiras de se medir o Produto Interno Bruto (PIB) de uma economia: • PIB a preços de mercado: é a soma dos valores monetários dos bens e serviços produzidos, computando-se os impostos indiretos e subtraindo-se os subsídios. • PIB a custo de fatores: é a soma dos valores monetários dos bens e serviços produzidos, subtraindo-se os impostos indiretos e somando-se os subsídios. 42 Capítulo 2 A presença do governo num sistema econômico tem a possibilidade de modificá- lo por meio do seu efeito sobre o preço dos bens e dos serviços e sobre a remuneração dos fatores de produção. Componentes do PIB : Podemos mostrar o PIB pela equação abaixo: PIB = C + I + G+ X – M Em que: C = Consumo das famílias I = Investimento das empresas G = Gastos do Governo X = Exportações M = Importações Consumo das Famílias: Quando mencionamos a variável consumo, referimo-nos aos gastos que as pessoas fazem com bens de consumo, tais como, alimentos, roupas, remédios, supérfluos etc. Investimento: Já a variável investimento refere-se aos investimentos feitos pelas empresas, com o objetivo de aumentar a produção. Por exemplo, quando uma empresa compra uma nova máquina, consideramos que houve um investimento. Gastos do Governo: Já os gastos do governo referem-se às diversas despesas dele. Por exemplo, o pagamento de funcionários públicos, construção de novas escolas e hospitais. Exportações e Importações: Por fim, ao nos referirmos às exportações e importações queremos enfatizar que o comércio exterior também interfere na formação do PIB de um país. Note que a variável importações (M) é a única da equação assinalada com o sinal negativo, significando que quando essas aumentam, há uma redução no PIB (caso não haja variação em nenhuma outra variável). 43 Economia 1.2.4 Renda Pessoal (RP) Considere, mais uma vez, a intervenção do Estado na economia. Se você subtrair da renda nacional os lucros retidos pelas empresas, os impostos diretos das empresas (Imposto de Renda) e as contribuições feitas à Previdência Social, e somar as transferências do governo, ou seja, as despesas do governo com inativos, pensionistas, salário-família e outros benefícios pagos pela previdência social mais os juros pagos, terá a Renda Pessoal (RP). A Renda Pessoal é o agregado macroeconômico destinado aos consumidores residentes no país. Exemplo: Suponha que o governo arrecade 70 bilhões com o imposto de renda das empresas e contribuições feitas à Previdência Social e transfere, para as pessoas, 50 bilhões como benefícios pagos pela Previdência Social e 5 bilhões de juros. O resultado, então, será uma Renda Pessoal de 170 bilhões. Acompanhe passo a passo o raciocínio: Quadro 2.1: Renda pessoal Consumo 185 bilhões (Produto Nacional Líquido a custo de fatores) - 70 bilhões (Imposto de Renda das empresas e contribuições à Previdência Social) + 50 bilhões (Benefícios pagos pela Previdência Social) + 5 bilhões (Juros pagos pelo governo) = 170 bilhões (Renda Pessoal) Fonte: Elaboração do autor, 2019. 1.2.5 Renda Pessoal Disponível (RPD) Se você subtrair da renda pessoal os impostos diretos pagos pelas pessoas, ou seja, imposto de renda, chegará ao conceito de Renda Pessoal Disponível (RPD), que é a quantia que permanece em poder das pessoas para ser consumida ou poupada. 44 Capítulo 2 Exemplo: Imagine que as pessoas tenham pago o equivalente a 30 bilhões de imposto de renda. Então, nesse país, terá uma Renda Pessoal Disponível de 140 bilhões, obtida da seguinte maneira: 170 bilhões (Renda Pessoal) - 30 bilhões (Imposto de Renda pago pelas pessoas) = 140 bilhões (Renda Pessoal Disponível) Você viu que a produção realizada por um sistema econômico é destinada à satisfação das necessidades das pessoas. Esse sistema econômico não permanece estável no decorrer do tempo. Ele se modifica, cresce e atravessa crises, tudo isso com consequências sobre as pessoas que o integram. Um dos campos de interesse dos economistas, e também do governo, é o nível de bem-estar dos habitantes de um país. Esse nível de bem-estar, apesar de ser um conceito subjetivo, pode ser aproximado por meio da quantidade de bens e de serviços disponíveis, por período de tempo, para as pessoas. Se a quantidade de bens e serviços disponíveis aumentou de um ano para outro mais do que o aumento da população, pode-se dizer que aumentou o bem-estar das pessoas desse país. Isso aconteceria se o aumento do produto (lembre-se que produto é renda) tivesse sido distribuído igualmente entre as pessoas. As observações acima permitem que você conclua que há virtudes dos agregados macroeconômicos para medir a satisfação das necessidades das pessoas: • os agregados servem para o estudo e o acompanhamento da evolução do sistema econômico no decorrer do tempo; • por meio dos seus vários conceitos, é possível avaliar o papel do governo, do setor externo e das empresas na economia. Mas você deve também considerar que há uma limitação da contabilidade nacional como instrumento de análise. Ela não nos diz de que forma o produto é distribuído entre os habitantes do país. Assim, uma economia pode apresentar taxas de crescimento elevadas de seu produto, o que não quer dizer que o crescimento seja igualmente distribuído entre as pessoas. 45 Economia Nesse caso, fica difícil dizer alguma coisa a respeito do nível de bem-estar, pois o bem-estar de algumas pessoas pode ter aumentado, mas o de outras não. O que é exatamente o caso do Brasil. De qualquer forma, a contabilidade nacional tem se mostrado útil para analisar o funcionamento do sistema econômico como um todo, pois fornece ao governo elementos que permitem dirigir as medidas de política econômica para os objetivos estabelecidos. 1.3 Consumo e poupança Um dos agregados macroeconômicos é a Renda Pessoal Disponível, ou seja, aquele montante que as pessoas têm a seu dispor para consumir ou poupar. 1.3.1 O consumo Pense no caso de uma pessoa que recebe seu salário, que é a remuneração do seu trabalho, no final do mês. Com esse salário, que é sua Renda Pessoal Disponível, ela realizará uma série de gastos necessários para sua sobrevivência e satisfação de suas necessidades. Renda Disponível = Renda Bruta - descontos Renda Disponível é a Renda Bruta menos os descontos como gastos com impostos e contribuições sociais. Esses gastos podem ser divididos em três componentes, dependendo da natureza do bem ou do serviço que for adquirido, acompanhe a seguir. • Bens de consumo não duráveis. São bens cuja vida útil é relativamente curta, como alimentos, roupas e combustível. • Serviços de consumo. O que distingue os bens não duráveis dos serviços de consumo é o fato de que, no segundo caso, a pessoa não está comprando um objeto com existência física própria, mas um serviço prestado por outra pessoa ou por um equipamento. Compreendem as despesas feitas com aluguel, médicos, barbeiro, cinemas, transporte etc. • Bens de consumo duráveis. Esses bens têm vida útil maior do que os bens não duráveis de consumo, como eletrodomésticos em geral, automóveis, móveis etc. 46 Capítulo 2 1.3.2 Poupança e investimento Conforme você aprendeu, as pessoas podem, coma sua renda, consumir bens não duráveis, serviços e bens duráveis. Mas também, as pessoas podem consumir todos os produtos que acham necessário durante o mês, e, ainda, pode restar uma parte da renda. Essa parte da renda que não é consumida chama-se poupança. Sendo renda = consumo + poupança Então poupança = renda - consumo. Ou, esta identidade pode ser expressa da seguinte forma: S = Y - C Onde: S = poupança (em inglês, saving) Y = renda (em inglês, yield) C = consumo (em inglês, consumption). Dessa forma, você pode concluir que há apenas duas coisas que pode fazer com sua renda: consumir e poupar. Em outras palavras, significa dizer que a renda é composta pelo consumo e pela poupança. Assim, pergunta-se: O que as pessoas fazem com a sua poupança, ou seja, com a parcela de sua renda que não é consumida? Para você poder responder a essa pergunta adequadamente, é necessário antes acompanhar algumas considerações sobre o lado real do sistema econômico. Até agora foi apresentado o fluxo monetário do sistema econômico, o lado da renda. Lembre-se, ainda, de que o fluxo real, ou lado real da economia, corresponde aos bens e serviços produzidos por período de tempo. Você já tomou conhecimento também que o lado real é igual ao lado monetário, ou seja, a renda é igual ao produto. Essa igualdade indica que o total dos bens e serviços produzidos por período de tempo era vendido para que a receita das vendas remunerasse os fatores de produção. E nesta unidade, você já pode concluir que a renda disponível é o principal determinante do consumo. 47 Economia O que acontece se as pessoas poupam uma parte de sua renda e não a gastam integralmente em consumo? Uma parte do produto, isto é, dos bens e serviços produzidos, não será vendida, havendo uma variação, num determinado período de tempo, nos estoques do sistema econômico. Como o estoque de uma economia é formado pelos bens que não foram vendidos no período de tempo em que foram produzidos, mais o estoque no início do período, você pode considerar que a variação de estoques por período de tempo é igual à poupança no mesmo período. Do ponto de vista do lado real do sistema econômico, a formação de estoque significa investimento. 1.3.3 Investimento Quando o assunto é investimento, está se falando da aplicação de recursos em empresas (novas empresas ou ampliação das empresas já existentes). Investimentos devem, ao final de um período, gerar lucro para o empresário. E, de acordo com o Dicionário de Economia, investimento é a aplicação de capital em meios que levam ao aumento da capacidade produtiva, ou do produto. O estudo dos investimentos é crucial para a atividade econômica, pois são as empresas que, ao investir, geram empregos e renda para a população. E as empresas, para investir, precisam de capital. E este capital está disponível para elas nos bancos. Mas, o capital ou dinheiro que está nos bancos pertence às pessoas e famílias que guardam seu dinheiro. E é justamente esse dinheiro que os bancos emprestam às empresas. Portanto, pode-se dizer que a poupança é igual ao investimento, no mesmo período. Isso nos leva à igualdade fundamental da macroeconomia, dada por: S = I Onde: S = poupança I = investimento 48 Capítulo 2 Em resumo, o investimento se manifesta de três maneiras: • construção de novas fábricas e máquinas para as empresas; • construção de novas casas residenciais; • variação dos estoques. Os principais determinantes do investimento são: • as expectativas dos empresários: os empresários têm certas expectativas sobre o rumo da atividade econômica. Essas expectativas direcionam suas decisões sobre investimentos; • a taxa de juros: a taxa de juros é o preço do dinheiro emprestado. Ou seja, ao pedir um empréstimo, você paga juros sobre o total emprestado. Dessa forma, o empresário tende a investir mais quando a taxa de juros é menor, pois ele terá menos custos com empréstimos e financiamentos; • a capacidade instalada: a capacidade de uma empresa refere-se às instalações produtivas que ela tem. Quando a empresa produz menos do que sua capacidade permite, ela conta com excesso de capacidade e não terá motivos para fazer novos investimentos. Relacionando os conceitos estudados até agora com o sistema econômico como um todo, você pode concluir que: • o consumo do sistema econômico é a soma das despesas de consumo realizadas por todas as pessoas, por período de tempo; • a soma das poupanças das pessoas é igual à poupança do sistema econômico; • a poupança da economia é igual ao investimento, que é formado pela variação nos estoques e pelos atos dos empresários para aumentar a capacidade produtiva da economia. Convém lembrar que os empresários são pessoas e que os gastos em investimentos são feitos, em parte, com suas poupanças, sendo o restante do investimento feito com a poupança do sistema econômico. Mais tarde, quando você estudar o Mercado de Capitais, entenderá como a poupança das pessoas é transferida para os investimentos. 49 Economia Seção 2 O papel do governo Ao longo da história, o nível de intervenção do Estado na economia tem variado bastante. Há épocas em que quase não se nota a presença do Estado. Mas, há épocas em que o Estado intervém com frequência. 2.1 Um pouco de história Até 1929, quase não se percebia, nos países desenvolvidos, a intervenção do governo na economia. Tal situação chamava-se liberalismo. Neste ano, houve uma forte crise econômica que abalou todos os mercados do mundo, iniciada na quebra da bolsa de Nova Iorque. Isto deu início à Grande Depressão e, na maioria dos países ocidentais, houve uma grande recessão. Recessão é um fenômeno caracterizado por queda da produção, aumento do desemprego, diminuição dos lucros e aumento do número de falências e concordatas. No entanto, nessa época havia na Inglaterra um economista chamado John Maynard Keynes, que escreveu uma obra muito importante: Teoria Geral do Emprego, dos Juros e do Dinheiro. Keynes, que era banqueiro e professor de economia em Cambridge, propôs uma atitude ativa por parte dos governos diante de crises econômicas que terminassem em recessão. Em outras palavras, ele defendeu que o governo tinha que aumentar seus gastos como mecanismo de combate à depressão econômica. Para entender o que Keynes quis dizer, imagineum país bem pequeno, onde o único produto que os habitantes plantam é maçã. Imagine também que este país está em recessão. Ou seja, os produtores não estão conseguindo vender a maior parte das maçãs que produzem. Agora, pense se o governo desse país resolver, utilizando o dinheiro que arrecada com impostos e taxas, comprar as maçãs que os produtores não conseguem vender no mercado. Então, isso iria aumentar o faturamento e o lucro dos produtores, esses, por sua vez, iriam empregar mais gente. Com mais emprego, mais renda teriam as pessoas para poder comprar maior parte da produção. Ou seja, criou-se um ciclo virtuoso que gerou mais renda para as pessoas e os produtores de maçã. 50 Capítulo 2 2.2 Funções do setor público As principais funções do governo são as seguintes: Fiscalizadora O governo estabelece e arrecada impostos e taxas. Reguladora Regula a atividade econômica por meio de leis e disposições administrativas. Por exemplo, o governo pode controlar preços (gasolina, por exemplo) e impedir a formação de cartéis. Provedora de bens e serviços Por meio das empresas estatais, pode prover os bens públicos (defesa, saúde, educação) e bens econômicos (água, energia, telefonia). Redistributiva O governo pode distribuir melhor a renda entre as pessoas, regiões ou estados, procurando torná-la mais igualitária (por exemplo, o salário mínimo); Estabilizadora Controle dos agregados econômicos, para evitar as recessões. O governo, então, tem três grandes objetivos: • maior nível de emprego possível; • estabilidade dos preços, ou seja, controle da inflação; • crescimento da economia.51 Economia 2.3 A participação do Estado na economia O Estado participa de um sistema econômico pelos governos federal, estadual e municipal, desempenhando o papel de dois agentes econômicos: o de consumidor e o de produtor. Estado Consumidor � Como consumidor de bens e serviços, o Estado adquire tudo aquilo que é necessário ao funcio- namento do poder público, como veículos, armas para o exército, computadores para as repartições públicas. � O Estado também pode contratar serviços de transporte para seus funcionários ou contratar empresas para construções de estradas etc. Estado Produtor � Como produtor, ele fornece à população os chamados bens públicos, como assistência médica pela Previdência Social, educação, serviço de polícia etc. � Para desempenhar o papel de produtor, o Estado necessita de dinheiro, que é obtido mediante os tributos, ou seja, os impostos, que incidem sobre determinadas atividades econômicas. 2.3.1 Os instrumentos do governo Para alcançar seus objetivos e garantir uma melhor qualidade de vida para a população, o governo utiliza a política econômica. Essa é feita, normalmente, por meio de instrumentos de política fiscal e política monetária. • Política fiscal: refere-se às decisões do governo sobre seus gastos e os impostos que arrecada. • Política monetária: refere-se ao controle da quantidade de dinheiro que existe em uma economia. Para efeitos de sistematizar os seus estudos, este capítulo vai se concentrar somente na política fiscal, que lida com os gastos e os impostos arrecadados pelo governo. Os impostos são as receitas públicas criadas por lei e de cumprimento obrigatório para as pessoas (contribuintes) contempladas por ela. Da mesma maneira que no exemplo da maçã, o governo pode aumentar a velocidade da economia por meio dos impostos, por exemplo: reduzindo os impostos sobre a venda da maçã, o que reduziria o seu preço e aumentaria as vendas. 52 Capítulo 2 Qual a diferença entre imposto indireto e subsídios? Alguns impostos, apesar de incidirem sobre a produção, são pagos pelos consumidores, pois são adicionados ao preço final do produto pelos fabricantes. Esse tipo de imposto, que é transferido do produtor para o consumidor, chamamos de imposto indireto. Por outro lado, o setor público muitas vezes tem interesse em que determinados produtos tenham um preço mais baixo para o consumidor final e concede às empresas que os produzem os chamados subsídios, ou seja, estímulos que visam a diminuir o custo de produção de um bem ou de um serviço. 2.3.2 O orçamento do governo O orçamento do governo é uma descrição do plano de gastos e como ele financiará esses gastos. Orçamento do governo = Receitas públicas – Gastos públicos • Se as receitas do governo forem maiores que seus gastos, haverá um superávit orçamentário. • Por outro lado, se os gastos do governo forem maiores do que a arrecadação (situação comum nos diversos níveis de governo no Brasil) haverá um déficit orçamentário. • E o orçamento estará em equilíbrio quando a receita pública for igual aos gastos públicos. Assim, as medidas expansionistas (aumento dos gastos do governo ou redução dos impostos) tenderão a criar déficit no orçamento, enquanto as medidas restritivas terão o efeito contrário. 53 Economia 2.3.3 Política fiscal 1. Política fiscal expansionista: Aumento dos gastos públicos => Aumento da demanda agregada Ou Redução dos impostos => Aumento do consumo privado Com isso, a produção e o emprego aumentam (↑). 2. Política fiscal recessiva: Redução dos gastos públicos => Redução da demanda agregada Ou Aumento dos impostos => Redução do consumo privado Com isso, a produção e o emprego diminuem (↓). 2.3.4 O déficit e seu financiamento Desde a crise de 1929, em muitos países, o governo vem aumentando sua participação na atividade econômica. É importante você atentar para o dado de que o crescimento econômico do Brasil se deu fortemente amparado no Estado. Ou seja, o Brasil se desenvolveu graças à presença forte do governo. Exemplos são as empresas estatais, como as distribuidoras de energia ou as companhias de água e esgoto. Essa forte presença do Estado aumentou a necessidade de financiamentos. Para atender a essas necessidades, o governo tem três alternativas: • impostos; • criação de dinheiro; • emissão de dívida pública. 54 Capítulo 2 Os impostos são a alternativa natural para se financiar o déficit público. Porém, quando existe déficit, significa que os impostos são insuficientes para fazer frente aos gastos. Outra alternativa possível é a criação de dinheiro. O Banco Central, que é a instituição do governo responsável pela emissão de dinheiro, poderia recorrer a esse procedimento e atender o governo. Mas isso não é tão simples, pois, como você verá no capítulo sobre inflação, isso tende a aumentar a inflação. Uma terceira possibilidade é emitir dívida pública. Nesse caso, o Estado emite, ou seja, vende títulos de renda fixa, por exemplo. No entanto, tal fato tem o perverso efeito de deslocar a poupança das pessoas para o setor público. Lembre-se de que a poupança deve gerar novos investimentos, ou seja, o governo, nesse caso, desvia os recursos do setor empresarial para o setor público. 2.3.4 O equilíbrio orçamentário Assim, para não ter que aumentar impostos (o que seria uma medida extremamente impopular), não emitir dinheiro (que causa inflação) e não aumentar a dívida (o que implica a necessidade de aumento da taxa de juros), o governo deve equilibrar o seu orçamento. Ou seja, o governo, assim como qualquer outro agente da economia, não pode gastar mais do que arrecada. Em resumo, o equilíbrio orçamentário pressupõe que: RECEITAS DO GOVERNO = GASTOS DO GOVERNO Isso tornou-se também algo legalmente solicitado desde o ano de 2000, com a entrada em vigor da Lei de Responsabilidade Fiscal. Esta lei, como nos mostra o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão é: um código de conduta para os administradores públicos que passarão a obedecer as normas e limites para administrar as finanças, prestando contas sobre quanto e como gastam os recursos da sociedade. Representa um importante instrumento de cidadania para o povo brasileiro, pois todos os cidadãos devem ter acesso às contas públicas, podendo manifestar abertamente sua opinião, com o objetivo de ajudar a garantir sua boa gestão. (Brasil, 2000) Ou seja, a Lei de Responsabilidade Fiscal tem como objetivo garantir que os governantes não gastem mais do que arrecadam, tornando a gestão dos recursos públicos mais disciplinada. 55 Economia 2.4 A crise econômica mundial e a reação do governo brasileiro Em setembro de 2008, uma crise econômica se alastrou pelo planeta a partir da chamada crise dos subprimes, nos Estados Unidos. A crise econômica provocou uma recessão em diversos países, inclusive no Brasil. Porém, devido a alguns aspectos da economia brasileira, o país pouco sofreu com ela. Mas é possível lembrar que o governo brasileiro exerceu uma política fiscal expansiva. Em dezembro daquele ano, o governo anunciou um pacote de medidas contra a crise econômica. Uma das principais medidas adotadas foi a redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para veículos automotores. Os modelos equipados com motores de até 1 litro, que pagavam 7% de imposto, passaram a ser isentos. Os modelos equipados com motores entre 1 e 2 litros sofreram redução da alíquota. As picapes de até 2 litros também sofreram redução. Já os carros com motores superiores a 2 litros mantiveram as alíquotas de 25% (gasolina) e 18% (álcool ou flex). Assim, se há menos imposto indireto, os produtos ficam mais baratos, e, consequentemente, aumenta-se a demanda. Como a indústria de automóveis é intensiva em mão de obra e capital, e tem relações diretas com outras indústrias (autopeças, borracha, alumínio, aço, plástico etc.), esse aumento da demanda de carros contribuiu para reaquecer a economia, mantendo-se
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