Prévia do material em texto
EF 9P -1 5- 11 H IS TÓ RI A • G RU PO 1 • V A RI A ÇÕ ES Capítulo 1A Primeira Guerra Mundial Antecedentes e fatores Durante o século XIX, a Revolução In- dustrial se desenvolveu em vários países da Europa. Esse fato promoveu grande acúmulo de capitais e expansão dos negó- cios por meio da chamada corrida imperia- lista, em busca de mercados consumidores e fornecedores de matérias-primas. No final desse mesmo século, a Alemanha en- trou nessa disputa, após o seu processo de unificação. Nessa corrida imperialista, os europeus se apossaram da África e da Ásia, onde fundaram colônias; em outras regiões, como as da América Latina, eles passaram a exercer influência, controlando os mer- cados consumidores. O nacionalismo foi usado para justifi- car a expansão imperialista, beneficiando a burguesia, classe social que controlava o poder político. Assim, para demarcar po- V. SC H EU RI CH B ER LI N / CA BI N ET P H O TO G RA PH IE 1 88 8 LI BR AR Y O F CO N G RE SS P RI N TS BO RI S KU ST O D IE V lítica e economicamente seu poderio, os países europeus iniciaram uma violenta campanha nacionalista, instigando o ódio de um povo contra outro. Em 1871, a unificação alemã se com- pletou após a derrota da França na Guerra Franco-Prussiana (1870-1871). Os fran- ceses tiveram de suportar os alemães no Palácio de Versalhes e assistir à criação do II Reich, na Sala dos Espelhos. Foram obri- gados a assinar um humilhante tratado de paz em que se estabeleceu, entre outros itens, a entrega da Alsácia-Lorena, região rica em carvão. A França não esqueceria essa humilhação. Com a unificação, a Alemanha acele- rou seu processo industrial, disputando mercados, na Europa e no mundo, com a Inglaterra; disputava também a região do Marrocos, na África, com a França. À esquerda, o kaiser alemão Guilherme II; ao centro, o rei britânico George V; à direita, o czar russo Nicolau II. Guilherme e George eram netos da rainha britânica Vitória, sendo primos em primeiro grau. George e Nicolau também eram primos, pois eram netos, segundo sua linhagem materna, do rei Cristiano IX, da Dinamarca. Os laços de sangue, contudo, não foram suficientes para conter a Primeira Grande Guerra. O grupo "Variações" envolve aspectos fun- damentais que norte- arão o conteúdo pro- gramático do 9º ano: o imperialismo econômi- co, a divisão ideológi- ca mundial promovida pela Primeira Guerra e pela Revolução Russa de 1917, além da crise do liberalismo econô- mico, em 1929. Esses assuntos po- derão ser enriquecidos com filmes de guerra, como Nada de novo no front, sobre as trin- cheiras; Sissi, a primei- ra imperatriz, sobre os últimos dias de Viena e os salões de baile; Reds, sobre a Revolução Rus- sa, um filme baseado na obra Os dez dias que abalaram o mundo, de John Reed. Ao explicar a Revolu- ção Russa, fazer sempre a ligação com a Primei- ra Guerra Mundial para os alunos entenderem 164 EF 9P -1 5- 11 Capítulo 1 – A Primeira Guerra Mundial \ Grupo 1 T���������� ��������� ��� � �������� �� ������ ��������, �� �������� �� P������� G����� RIO DE OURO MARROCOS ÁFRICA OCIDENTAL FRANCESA TUNÍSIA ARGÉLIA LÍBIA EGITO SUDÃO ANGLO-EGÍPCIO Á FR IC A E Q U A TO R IA L F R A N C E S A SOMÁLIA BRITÂNICAABISSÍNIA (ETIÓPIA) SOMÁLIA ITALIANAUGANDA ÁFRICA ORIENTAL ALEMà NIASSALÂNDIA MADAGASCARRODÉSIA DO SUL RODÉSIA DO NORTE BECHUA- NALÂNDIA SUAZILÂNDIA BASOTOLÂNDIA UNIÃO DA ÁFRICA DO SUL ÁFRICA DO SUDOESTE ALEMà ANGOLA CONGO BELGA CAMARÕES NIGÉRIA ALTO VOLTA COSTA DO MARFIM LIBÉRIA SERRA LEOA GUINÉ PORTUGUESA GÂMBIA Comores (FRA) Maurício (GB) Seicheles (GB) São Tomé e Príncipe (POR) ÁSIA OCEANO ÍNDICO MAR ME D IT E R R ÂNE O M A R V E R M E L H O MARROCOS ESPANHOL Canárias SENEGAL MAURITÂNIA GUINÉ COSTA DO OURO TO GO DA OM É RIO MUNI GABÃO TRANSVAAL MO ÇA MB IQ UE ERITREIA SOMÁLIA FRANCESA CHADE NÍGER MALI ÁFRICA ORIENTAL BRITÂNICA Cabo Verde (POR) Madeira Canal de Suez OCEANO ATLÂNTICO 700 km Alemanha Bélgica Espanha França Inglaterra Itália Portugal Países independentes Territórios sob controle de países europeus antes de 1914 A Rússia almejava controlar a região bal- cânica enfrentando o Império Austro-Hún- garo, também interessado naquela região. O objetivo desses dois impérios era o mesmo: obter uma saída para o mar Mediterrâneo. A Rússia também disputava com o Império Turco a região dos estreitos de Bósforo e Dardanelos, além de ter interesses em terri- tórios chineses. Em contrapartida, a própria Rússia fazia parte da esfera de interesse eco- nômico da Inglaterra e da França. O imperialismo e o nacionalismo divi- diram a Europa em vários blocos antagô- nicos: de um lado, a Alemanha defendia o pangermanismo, cujos objetivos eram reunir, sob o seu domínio, todos os povos de origem germânica e incorporar outros como seus satélites; de outro lado, a Rússia defendia o pan-eslavismo, visando reunir todos os povos eslavos sob a proteção da grande “mãe russa”; havia ainda a Sérvia, que tinha pretensão de formar a Grande Sérvia, conglomerando os povos vizinhos de origem sérvia, da região balcânica, em um único Estado. Em 1908, o Império Austro-Húngaro anexou a região da Bósnia-Herzegovina, pretendida pela Sérvia. Montenegro e Bulgária lutavam contra o Império Austro- -Húngaro e contra o Império Otomano. que, em determi- nado momento, o mundo estava envol- vido em duas guer- ras, praticamente: a Primeira Guerra e a Guerra Civil Russa, com participação ex- terna. EF 9P -1 5- 11 História \ Variações 165 Mar Mediterrâneo Mar Adriático Mar Negro ROMÊNIA BULGÁRIA MONTENEGRO GRÉCIA SÉRVIA ALBÂNIA BÓSNIA- HERZEGOVINA Istambul Atenas Tirana Só�a Belgrado Cetinje Saravejo Bucareste Ocupada pelo Império Austro-Húngaro desde 1878 e anexada em 1908 Às vésperas da eclosão da Primeira Guerra, a região representada no mapa aparecia como uma das mais disputadas pelas potências imperialistas europeias. Dessa maneira, ingleses, franceses, russos, alemães, austro-húngaros e ita- lianos se agruparam, segundo seus inte- resses, na chamada Política de Alianças: os três primeiros, formando a Tríplice En- tente; os três últimos, a Tríplice Aliança. O clima de rivalidade era tão forte que, ao final do século XIX, o jornal inglês Saturday review chegou a estampar como manchete do dia Delenda est Germanian (frase em latim que significa "A Alema- nha deve ser destruída"), numa referên- cia à destruição de Cartago, promovida por Roma, na Antiguidade, ao longo das Guerras Púnicas (Delenda est Cartago). ÁUSTRIA-HUNGRIA ITÁLIA ALEMANHA FRANÇA RÚSSIA INGLATERRA Mar Mediterrâneo Mar Negro Mar do Norte A Política de Alianças (ou Sistema de Alianças, como também é conhecido) Ao mesmo tempo, os países estimula- vam sua produção bélica e modernizavam seus exércitos, preparando-se para um confronto inevitável. A essa corrida arma- mentista deu-se o nome de Paz Armada. Como se tudo isso não bastasse, vários países europeus enfrentavam revoltas in- ternas de regiões que exigiam a indepen- dência: na Grã-Bretanha, irlandeses se re- voltaram; na Espanha, bascos e catalães; no Império Austro-Húngaro, tchecos, eslo- vacos e poloneses; na Macedônia, gregos, búlgaros e sérvios; na Alemanha, polone- ses, alsacianos e lorenos, entre outros. M U SEU D E ARTE D A FILAD ÉLFIA, ESTAD O S U N ID O S. Baile no Moulin Rouge (1890), de Henri de Toulouse-Lautrec, Museu de Arte de Filadélfia. Enquanto os Estados europeus se preparavam para a guerra, a população daquele continente desfrutava da chamada belle époque ("bela época"), com festas, viagens, enfim, uma "boa vida". Paris, por exemplo, era um grande centro cultural e de diversão, como buscou retratar Toulouse-Lautrec nesta obra. O confl ito O pretexto da guerra Em 28 de junho de 1914, o arquiduque Francisco Ferdinando, herdeiro do trono 166 EF 9P -1 5- 11 Capítulo1 – A Primeira Guerra Mundial \ Grupo 1 austro-húngaro, em visita a Sarajevo, capi- tal da Bósnia, recém-anexada ao Império em detrimento das ambições da Sérvia, foi assassinado por um estudante sérvio, membro de uma sociedade secreta ultra- nacionalista. O governo austríaco acusou a Sérvia de ser a mandante do assassinato, decla- rando-lhe guerra em julho de 1914. Em razão da “política de alianças”, imediata- mente países de um lado e de outro se envolveram. A Itália ficou neutra até 1915, alegando que os tratados eram defensivos e não fa- lavam em ataques ou invasões. D IO M ED IA /D EA G O ST IN I/ D EA / A. D AG LI O RT I Representação do momento em que o jovem sérvio Gavrilo Princip dispara contra o arquiduque Francisco Ferdinando e sua esposa, Sophia. O atentado e a morte do herdeiro do Império Austro- -Húngaro e o início da Primeira Guerra Mundial marcaram o fim de uma época. Guerra de movimentos (1914) Com o início da guerra, a Alemanha pôs em prática seu plano, conhecido como Plano Schlieffen, que consistia em atacar a França, via Bélgica, e, em seguida, invadir a Rússia. Na frente ocidental, os alemães foram obrigados a recuar após terem sido deti- dos por uma conjugação de forças fran- co-britânicas na Batalha do Marne, em setembro de 1914. Os alemães também foram surpreendidos pela resistência rus- sa, embora, na frente oriental, a guerra se desenrolasse mais favoravelmente à Ale- manha e à Áustria-Hungria. Guerra de trincheiras (1914-1917) Franceses e alemães iniciaram a chama- da “guerra de trincheiras”: imensos canais foram cavados na terra, entre a Bélgica e a França, nos quais os soldados permane- ciam praticamente imobilizados, cercados por arames farpados, realizando eventuais ataques, sem muito sucesso. Em 1915, a Itália entrou na guerra ao lado da Entente, em troca dos territórios que estavam em poder da Áustria e de outros benefícios. Outros países resolveram entrar no conflito, como o Japão, ao lado da Entente, e a Bulgária e o Império Turco-Otomano, ao lado da Alemanha e da Áustria: a guerra tomou caráter mundial. H U LTO N ARCH IVE/STRIN G ER / G ETTY IM AG ES Soldados britânicos entrincheirados na região francesa de Beaumont-Hamel, em 1916. Frio, vermes, doenças, ratos, sede, chuva, neve, sol, lama, gases, bombas, o odor da decomposição dos cadáveres (amigos e inimigos), a dificuldade de alimentação e de evacuação eram companheiros inseparáveis dos soldados entrincheirados. Nesses buracos, o soldado inimigo era o menor dos males. EF 9P -1 5- 11 História \ Variações 167 A E����� ��� "A�������" � ��� P�������� A��� �� G����� Paris PORTUGAL ESPANHA FRANÇA BÉLGICA LUXEMBURGO REINO UNIDO DA GRÃ-BRETANHA E IRLANDA ISLÂNDIA (DINAMARCA) ÁFRICA PAÍSES BAIXOS SUIÇA ITÁLIA ROMÊNIA GRÉCIA NORUEGA BULGÁRIA IMPÉRIO TURCO-OTOMANO IMPÉRIO RUSSO ALBÂNIA BÓSNIA-HERZEGOVINA ÁUSTRIA-HUNGRIA DINAMARCA ALEMANHA Mar Negro Mar Cáspio Mar Mediterrâneo Mar do Norte SUÉCIA Mar Báltico SÉRVIA MONTENEGRO Chipre (Brit.) TRÍPLICE ENTENTE TRÍPLICE ALIANÇA Reikjavik Londres São Petersburgo Roma Sardenha Córsega Sicília Berlim Viena OCEANO ATLÂNTICO Países neutros Maio de 1915 – Itália entra na guerra, mas do lado da Tríplice Entente Tríplice Aliança (1882) e aliados Tríplice Entente (1907) e aliados Países invadidos pelas forças da Alemanha e Áustria-Hungria A situação de guerra de trincheiras foi alterada a partir de 1917 por dois aconte- cimentos decisivos para o fim da guerra: a saída da Rússia e a entrada dos EUA. Momentos decisivos (1917-1918) Em 1917, na Rússia, uma revolução so- cialista tomou o poder, e os bolcheviques, tendo Lênin no comando do Estado, assi- naram o Tratado de Brest-Litovsky com a Alemanha (1918), retirando a Rússia da guerra. Livres da frente oriental, os alemães concentraram suas forças na frente oci- dental – contra ingleses e franceses. Ao mesmo tempo, organizavam um poderoso bloqueio marítimo para evitar apoios à In- glaterra e à França. Pela primeira vez, foram utilizados sub- marinos, que reforçaram o bloqueio ma- rítimo, principalmente contra os Estados Unidos da América, que enviavam manti- mentos e armas à Entente. Os submarinos alemães haviam afun- dado, em 1915, o navio “Lusitânia”, um transatlântico inglês no qual viajavam, entre outros, 128 passageiros estaduni- denses. Esse ataque gerou um violento protesto por parte dos Estados Unidos, até então um país neutro na guerra. Em 1917, os submarinos alemães afundaram alguns cargueiros estaduni- denses e, então, em abril, os Estados Uni- dos declararam guerra à Alemanha. Nesse mesmo ano, o navio brasileiro “Paraná” foi afundado no canal da Man- cha e o “Macau”, também brasileiro, foi atacado; em razão disso, o Brasil declarou 168 EF 9P -1 5- 11 Capítulo 1 – A Primeira Guerra Mundial \ Grupo 1 guerra à Alemanha, enviando uma equipe médica para auxiliar a Entente. A entrada dos Estados Unidos foi de- cisiva para a guerra: desembarcou na França um efetivo militar poderosamente armado, bem nutrido e descansado, para enfrentar um exército desgastado pelos quatro anos de guerra. Em 1918, a Ale- manha foi vencida. IM PE RI AL W AR M U SE U M S IW M /G ET TY IM AG ES A Primeira Guerra Mundial revolucionou a arte bélica, utilizando os mais novos inventos para a época: tanques, lança- -chamas, armas químicas, balões, submarinos, aviões e caminhões. Na foto, vemos um exemplar do tanque de guerra inglês Mark I. Os tratados de paz Ao final da Primeira Guerra Mundial, vários tratados foram feitos. O principal foi o Tratado de Versalhes (junho de 1919), imposto à Alemanha, considera- da responsável pela guerra e obrigada a acatar uma série de determinações, cujo objetivo era enfraquecê-la ao máximo: • devolução da Alsácia-Lorena à França; • cessão de territórios para o resta- belecimento da Polônia e forma- ção da Tchecoslováquia; • um território livre, na Alema- nha, para a Polônia ter acesso ao mar pelo porto de Dantzig (atual Gdansk), formando o conhecido “corredor polonês”; • perda das colônias na África; • entrega da região carbonífera do Sarre para os vencedores (em es- pecial, para a França); • redução de seu efetivo militar para 100 mil homens; • Proibição do uso de artilharia pe- sada, aviões, submarinos e navios militares; • pesada indenização, em ouro, aos países vencedores, por danos de guerra. Em resumo, a economia alemã per- deu 25% de aço e de carvão, 75% das re- servas ferríferas, 15% da produção agrí- cola, além de máquinas e equipamentos e, ainda, por anos e anos, o país foi obri- gado a pagar a indenização imposta pelo tratado. Desarmados e humilhados, os alemães não tiveram alternativa senão assinar o tratado; isso gerou uma violenta revolta no povo alemão, que, mais tarde, seria uti- lizada por Adolf Hitler em sua ascensão ao poder. Os outros países aliados da Alemanha também assinaram tratados de paz, como é possível verificar no quadro a seguir. EF 9P -1 5- 11 História \ Variações 169 Tratado Quando Quem ganhou Quem perdeu Trianon Junho de 1919 A Sérvia incorporou a Croácia; a República Tcheca ganhou a Eslováquia; a Romênia incorporou a Transilvânia. A Hungria perdeu todos esses territórios. Saint-Germain- -en-Laye Setembro de 1919 Tchecoslováquia, Reino dos sérvios, croatas, eslovenos e poloneses tiveram sua independência. A Itália abocanhou terras dos austríacos. A Áustria teve de conceder porções de seu território aos novos países. Neuilly Novembro de 1919 A Grécia anexou a Trácia. O Reino dos sérvios, croatas e eslovenos ficou com a Macedônia. A Bulgária perdeu todos esses territórios. Sèvres Agosto de 1920 França e Inglaterra dividiram as terras turcas no Oriente Médio. Grécia e Armênia anexaram parte da Turquia. A Turquia teve seu território reduzido. Foi o fim do Império Otomano. Os mapas apresentados em seguida mostrama Europa em dois momentos distintos: antes (mapa 1) e depois (mapa 2) da Primeira Guerra. Observe-os atentamente. M��� 1 – A���� �� P������� G����� M������ Mar Negro M a r B á l t ic o Mar do Norte Moscou Estoco lmoCristiânia Copenhague Haia Bruxelas Paris Berna Viena Sarajevo Cettigne Durazzo Berlim MadriLisboa Roma Atenas Só�a Bucareste Belgrado Rodes Londres GRÃ-BRETANHA E IRLANDA FRANÇA ESPANHA ÁUSTRIA-HUNGRIA ÁFRICA IMPÉRIO TURCO-OTOMANO RÚSSIA ALEMANHA PO RT UG AL SU ÉC IA NO RU EG A DINAMARCA HOLANDA BÉLGICA MONTENEGRO SÉRVIA BULGÁRIA SUÍÇA LIECHTENSTEIN ALBÂNIA GRÉCIA ROMÊNIA ANDORRA FINLÂNDIA Mediterrâneo Mar ITÁLIA OCEANO ATLÂNTICO 170 EF 9P -1 5- 11 Capítulo 1 – A Primeira Guerra Mundial \ Grupo 1 M��� 2 – D����� �� P������� G����� M������ Baleares Córsega Sardenha Sicília Creta Chipre(Brit.) Mar do Norte M a r B á l ti co Mar Negro Mar Cáspio UNIÃO DAS REPÚBLICAS SOCIALISTAS SOVIÉTICAS FI NL ÂN DI A SU ÉC IA NO RU EG A ISLÂNDIA IRLANDA GRÃ-BRETANHA FRANÇA ESPANHAPO RT UG AL ALEMANHA ITÁLIA BÉLGICA DINAMARCA POLÔNIA ROMÊNIAHUNGRIA IUGOSLÁVIA BULGÁRIA LITUÂNIA ESTÔNIA LETÔNIA ALBÂNIA TURQUIA GR ÉCI A TCHECOSLOVÁQUIA PAÍSES BAIXOS LUXEMBURGO ÁUSTRI ASUÍÇA (PARTE EUROPEIA) Dublin Londres Paris Berna Bruxelas Amsterdã Berlin Copenhague Estocolmo Oslo Helsinque Riga Vilnius Varsóvia Budapeste Viena Praga Roma Tallin Belgrado Bucareste Só�aTirana Atenas Ancara Moscou MadriLisboa Reikjavik Mediterrâneo Mar OCEANO ATLÂNTICO Novos países Observe que países novos como Tchecos- lováquia, Polônia, Lituânia, Letônia, Estônia e Finlândia formavam uma “parede”, sepa- rando a Europa capitalista da então recém- -criada União Soviética. Esses Estados forma- ram um “cordão sanitário” para isolar a URSS e proteger a Europa capitalista da expansão bolchevista, considerada o grande perigo para a humanidade e para a democracia. A Liga das Nações A Liga das Nações foi proposta pelo presidente dos Estados Unidos, Woodrow Wilson, juntamente com outras sugestões conhecidas como Os 14 Pontos de Wilson. A Liga – um dos poucos pontos propostos pelo presidente estadunidense que foram efetivamente aplicados – previa uma união de países que funcionaria como fórum in- ternacional de preservação da paz mundial. No entanto, o Congresso dos Estados Uni- dos votou contra a participação do país nes- sa instituição supranacional, o que também colaborou para o seu futuro fracasso. Em linhas gerais, os pontos sugeridos pelo presidente Wilson eram: • fim da "diplomacia secreta"; • liberdade dos mares; • eliminação das barreiras econômicas entre as nações; • redução dos armamentos nacionais; • redefinição da política colonialista, le- vando em consideração o interesse dos povos colonizados; • retirada dos exércitos de ocupação da Rússia; • restauração da independência da Bélgica; • restituição da Alsácia-Lorena à França; • reformulação das fronteiras italianas; • reconhecimento do direito ao desen- volvimento autônomo dos povos da Áustria-Hungria; • restauração da Romênia, da Sérvia e de Montenegro e direito de acesso ao mar para a Sérvia; • reconhecimento do direito ao desen- volvimento autônomo do povo da Turquia e abertura permanente dos estreitos que ligam o mar Negro ao Me- diterrâneo; • independência da Polônia; • criação da Liga das Nações ou Socieda- de das Nações. A “diplomacia se- creta”, isto é, acordos diplomáticos fechados entre dois ou mais paí- ses sem o conhecimen- to internacional, havia sido amplamente uti- lizada pelas potências europeias no período que antecedeu a Pri- meira Guerra (a chama- da Paz Armada). EF 9P -1 5- 11 História \ Variações 171 Conclusão A Primeira Guerra Mundial (1914- 1918), iniciada como um conflito euro- peu de disputas de hegemonia econômica entre as potências da época – Alemanha, França, Inglaterra e Rússia –, alastrou-se pelo mundo todo como um rastilho de pól- vora desenfreado. Foi a primeira vez que um conflito ar- mado assumiu proporções mundiais – Ja- pão, China, Brasil, Guatemala, Bélgica, Por- tugal e outros países da América, Europa e Ásia se viram envolvidos na guerra. Essa guerra determinou o fim da hege- monia europeia. As antigas potências saí- ram endividadas com os EUA, e o mundo assistiu ao nascimento de novas potências, como os EUA, a URSS e o Japão. Além das consequências já citadas nos tratados de paz, que promoveram a dimi- nuição territorial de alguns países e favo- receram o surgimento de outros tantos, é bom lembrar que essa guerra trouxe alguns benefícios para o Brasil. Por exem- plo, o país teve seu processo industrial incentivado pela ausência de produtos importados, uma vez que os países em guerra estavam preocupados com a pro- dução bélica. O mundo começou a se dividir ideologi- camente: de um lado, nascia a União Sovi- ética, um país socialista em expansão, que rapidamente se tornaria uma potência, e, de outro, estavam os países capitalistas. As enormes baixas humanas, a crise econômica e política gerada pela guerra, as humilhações impostas à Alemanha e as dívidas contraídas por ingleses e franceses tornaram a Europa uma região extrema- mente instável. Essa situação se agravaria ainda mais, a partir de 1929, com a crise do capitalismo mundial e com a expansão dos ideais socialistas, preparando o campo para a Segunda Guerra Mundial. EF 9P -1 5- 12 H IS TÓ RI A • G RU PO 1 • VA RI A ÇÕ ES Capítulo 1 A Primeira Guerra Mundial a. a necessidade de controlar regiões produtoras de matérias-primas es- senciais à indústria capitalista. b. a ideologia da superioridade ca- tólica dos europeus que levaria a todos os povos os benefícios da verdadeira fé. c. a necessidade de exportar capitais para áreas pobres do mundo, com o intuito de ajudá-las a superar seu atraso econômico. d. a conquista de pontos estratégicos para a defesa das colônias portu- guesas na África e Ásia. e. a expansão dos mercados euro- peus, após a crise dos EUA, com a quebra da Bolsa de Valores de Nova York. 03) As Alianças Militares formadas no contexto da “paz armada” tinham por objetivo: a. garantir mercados consumidores e fornecedores de matéria-prima. b. exercitar o poder político e econô- mico na África e na Ásia. c. apaziguar os atritos entre os países europeus por meio de uma arbitra- gem imparcial e na justa. d. garantir maior poder bélico e políti- co, para contra-atacar países rivais e também para defender países alia- dos. e. criar uma série de determinações, visando enfraquecer o poder das potências imperialistas na Europa. Ati vidade 1 • Antecedentes e fatores Exercícios de Aplicação 01) O revanchismo francês, um dos prin- cipais fatores responsáveis pela Primeira Guerra Mundial, ocorreu em razão: a. de a Itália ter ocupado territórios franceses durante o seu processo de unificação, além de ter apoiado a Prússia na Guerra Franco-Prussiana. b. de a Inglaterra, graças ao seu po- derio industrial e bélico, ter ocupa- do vários mercados consumidores da França e, com isso, ter causado prejuízos à indústria francesa. c. de a França, ao querer participar da Tríplice Aliança, ter sido impedida pela Inglaterra e pela Alemanha, o que a levou a desenvolver um espí- rito revanchista em relação a esses países e aderir à Tríplice Entente. d. da crise dos Bálcãs, que envolveu vá- rios países europeus. A França se pro- pôs a intermediar, a fim de buscar so- luções pacíficas; no entanto, sua ajuda foi recusada. Diante disso, esse país passou a desenvolver um espírito re- vanchista e bélico, que contribuiu para a eclosão da Primeira Guerra Mundial. e. de a França querer se vingar da derro- ta sofrida na Guerra Franco-Prussiana, na qual os franceses foram obrigados a assistir à criação do II Reich, no Palácio de Versalhes, e a entregar a Alsácia e a Lorena à Alemanha. 02) Em relação ao imperialismo no final do séculoXIX e no início do século XX, po- demos assinalar: Exercícios Propostos 04) Leia atentamente o seguinte texto e, depois, responda à questão. 1906-1913 – Não há muitas novi- dades do grande mundo. […] o novo século também se rege pelo conhecido e imutável princípio da dinâmica his- tórica: para uns o poder, para outros a servidão. […] Alguns países chama- dos potências, que praticamente divi- dem entre si toda a superfície da Terra em propriedades, ou impérios […]. Embora sempre exista entre elas uma No exercício 01, o revanchismo francês acentuou-se com a der- rota francesa diante da Prússia, em 1870. Além da derrota na guerra, a França perdeu dois territórios (Alsácia e Lorena) e assistiu, com suprema humilhação, à constituição do II Reich em pleno Palácio de Versalhes. R.: E R.: D R.: A EF 9P -1 5- 12 História \ Variações 173 concorrência ameaçadora e armada, as potências associam-se de vez em quando em blocos, com o objetivo da defesa comum de seus próprios. […] MORANTE, Elza. A história. O texto oferece uma síntese da situa- ção da Europa durante o período que pre- cedeu a Primeira Guerra Mundial. Apre- sente os blocos e os respectivos países que os compunham nessa época. 05) Após a unificação alemã (1870), a In- glaterra passou a se sentir ameaçada e a França passou a estimular o revanchismo. Por quê? 06) Conceitue: a. pan-eslavismo; b. pangermanismo. Ati vidade 2 • O confl ito Exercícios de Aplicação 01) Observe esta gravura. TH E BR ID G EM AN A RT L IB RA RY / KE YS TO N E BR AS IL A imagem retrata o momento do as- sassinato de um futuro imperador euro- peu e sua esposa, em desfile pelas ruas de Sarajevo. Esse episódio ocorreu em meio a uma séria crise que se alastrava na Europa e que levaria a uma guerra. O futuro imperador morto, a crise e a guer- ra são, respectivamente: a. Guilherme, da Alemanha, crise do Marrocos e Guerra da Crimeia. b. Francisco, do Império Austro-Hún- garo, crise das nacionalidades e Guerra da Argélia. c. Francisco Ferdinando, da Alema- nha, crise armamentista e Primeira Guerra Mundial. d. Nicolau, da Rússia, crise dos Bálcãs e Guerra Franco-Prussiana. e. Francisco Ferdinando, do Império Austro-Húngaro, crise dos Bálcãs e Primeira Guerra Mundial. Tríplice Aliança: Alemanha, Império Austro- -Húngaro e Itália Tríplice Entente: Inglaterra, França e Rússia A Inglaterra sentia-se ameaçada pelo de- senvolvimento industrial alemão e preten- dia buscar mercados em áreas africanas e asiáticas; a França, humilhada pelo Tratado de Versalhes de 1870, pelo qual cedeu à Ale- manha a região da Alsácia-Lorena, rica em carvão, espreitava uma oportunidade para retomar aqueles territórios. Pretensão russa de reunir sob o seu domínio os povos eslavos. Pretensão alemã de reunir sob seu domínio povos de origem germânica. No exercício 01, a gravura mostra o assas- sinato do arquiduque Francisco Ferdinando, herdeiro do trono aus- tro-húngaro, e de sua esposa, por um nacio- nalista sérvio, em Sara- jevo. Esse episódio, no contexto da crise dos Bálcãs, foi o estopim para a eclosão da Pri- meira Guerra Mundial. R.: E 174 EF 9P -1 5- 12 Capítulo 1 – A Primeira Guerra Mundial \ Grupo 1 Leia o trecho de texto apresentado em seguida e, depois, responda às ques- tões 2 e 3. Tornamo-nos animais selvagens. Não combatemos, nos defendemos da destruição. Sabemos que não lança- mos as granadas contra homens, mas contra a morte, que nos persegue com mãos e capacetes. […] corremos agachados como ga- tos, submersos por essa onda que nos arrasta, que nos torna cruéis, bandidos, assassinos, até demônios […] Se seu próprio pai viesse com os do outro lado, você não hesitaria em lhe atirar uma granada em pleno peito. Ainda estou atolado nessa trinchei- ra […] não me lavei, nem mesmo che- guei a tirar a roupa, e a média de sono, a cada vinte e quatro horas, tem sido de duas horas e meia […]. Em geral, para dormirmos aqueci- dos, deitávamo-nos uns juntos dos ou- tros, dividindo os cobertores […]. Os ratos eram gordos e um deles apareceu às três da manhã. Ficou olhando para mim e guinchando. REMARQUE, Eric. Nada de novo no front. São Paulo: Edibolso. Fragmento. 02) Nesse trecho de texto, há a descrição de um episódio ocorrido durante o perío- do da Primeira Guerra Mundial conhecido por guerra: a. marítima. b. de trincheiras. c. submarina. d. de movimentos. e. de selvas. 03) Ainda com base no texto, reúna-se em grupo para elaborarem uma pequena redação sobre o assunto. Exercícios Propostos 04) O assassinato do arquiduque Francisco Ferdinando, da Áustria, serviu como causa imediata da Primeira Guerra Mundial. Podem ser indicados (as), também, como causas: a. os choques entre França e Inglaterra, disputando o nordeste da África. b. as disputas entre Alemanha e Áus- tria-Hungria em decorrência da reação austríaca à vitória alemã na Guerra das Sete Semanas. c. os desentendimentos entre França e Itália em razão da Questão Romana. d. os choques entre Alemanha e Rús- sia em decorrência dos movimen- tos nacionalistas por elas liderados. e. as crises balcânicas entre Áustria- Hungria e Iugoslávia, que disputa- vam o domínio da região. 05) Ao eclodir a Primeira Guerra Mundial, em 1914, a Alemanha dispunha de um pla- no militar – o Plano Schlieffen –, que tinha como principal objetivo: a. efetuar um ataque naval à Inglaterra. b. neutralizar os EUA. c. efetivar a aliança com a Itália e com o Japão. d. agir ofensivamente contra a França e a Rússia. e. anexar a Áustria. R.: B Resposta de cada grupo R.: D R.: D No exercício 02, o texto descreve a cena de um soldado numa trincheira. As trinchei- ras marcaram um lon- go período da Primeira Guerra Mundial. No exercício 03, pedir aos grupos que tragam informações, fotos, notícias de jornais e revistas sobre os con- flitos que ocorrem nos dias atuais. Em seguida, propor uma discussão sobre os soldados que vão para a linha de fren- te, enfocando se, hoje, eles estão em melhores condições do que aque- les que participaram da Primeira Guerra. EF 9P -1 5- 12 História \ Variações 175 06) Assinale a alternativa correta em re- lação aos interesses da Itália em participar da Tríplice Entente a partir de 1915: a. a liquidação dos empréstimos que lhe foram efetuados pela França. b. a certeza da vitória da Aliança. c. a hostilidade tradicional à Áustria. d. a pressão diplomática norte-ame- ricana. e. a promessa e garantia de aquisição dos territórios que lhe foram ofe- recidos. 07) Associe as etapas da Primeira Guerra Mundial, apresentadas na coluna A, com os fatos estratégicos e diplomáticos refe- ridos na coluna B − pode haver repetição de números. Depois, assinale a alternativa correta. Coluna A 01. Primeira Etapa (1914) 02. Segunda Etapa (1915-1916) 03. Terceira Etapa (1917-1918) Coluna B ( ) Movimentação de grandes exérci- tos em equilíbrio de forças ( ) Guerra de trincheiras ( ) Ingresso de forças americanas na Guerra ( ) Ingresso da Itália na Tríplice En- tente ( ) Retirada das forças russas da Guerra A ordem numérica correta da coluna B é: a. 1, 3, 2, 3, 2 b. 1, 2, 3, 2, 3 c. 2, 3, 1, 1, 3 d. 3, 2, 3, 1, 3 e. 1, 2, 3, 1, 2 08) Explique por que o ano de 1917 deter- minou o fim da Primeira Guerra Mundial. Ati vidade 3 • Os tratados pós-Primeira Guerra Mundial Exercícios de Aplicação 01) Com o final da Primeira Guerra Mun- dial, o Tratado de Versalhes ocupou-se principalmente: a. da criação de uma organização in- ternacional destinada a garantir a paz: a sociedade das nações. b. dos problemas ligados ao reconhe- cimento do novo Estado, surgido da revolução soviética. c. da regulamentação da paz com a Alemanha, incluindo a cessão de territórios, indenizações e desar- mamento. d. do desmembramento do Império Austro-Húngaro, formando-se no- vos Estados: Áustria, Tchecoslová- quia, Iugoslávia e Hungria. e. da reorganização das fronteiras das naçõesbalcânicas, em razão da desagregação dos Impérios Turco e Austro-Húngaro. 1 2 3 2 3 R.: E R.: C R.: B Porque, nesse ano, a Rússia retirou-se da guerra em virtude de questões internas que derrubaram o czar e, em seguida, procla- mou uma república socialista. Os EUA en- traram com armas, munições e soldados em grande quantidade, decidindo a guerra para a Entente. 176 EF 9P -1 5- 12 Capítulo 1 – A Primeira Guerra Mundial \ Grupo 1 02) Segundo estudiosos, o Tratado de Versalhes, além de não ter resolvido os problemas da Primeira Guerra, preparou o terreno para a Segunda Guerra Mundial. Explique por quê. 03) A Primeira Guerra Mundial teve como principais consequências a: a. divisão da China em nacionalista e comunista e a expansão da econo- mia coreana no Oriente. b. unificação da Itália e da Alemanha e a criação do Pacto de Varsóvia. c. divisão do Ocidente em áreas de regimes totalitários e democráti- cos e o surgimento do bloco tercei- ro-mundista na África. d. implantação de governos pró-so- viéticos na América Latina e a per- da da influência americana na Ásia. e. decadência da hegemonia euro- peia sobre o mundo e a projeção da hegemonia dos EUA. Exercícios Propostos 04) Finda a Primeira Guerra Mundial, muitas transformações ocorreram no mundo. Entre elas, a formação de vários países na Europa, como Tchecoslováquia, Polônia, Lituânia, Estônia, Letônia, Iugos- lávia e Hungria, que formavam o chama- do “cordão sanitário”. A formação desses países, além de atender às nacionalidades, atendia também: a. à péssima situação de saúde das suas populações, em virtude das condições sanitárias legadas pela destruição provocada pela guerra. b. às necessidades de limpar os de- tritos deixados pela guerra e, des- sa forma, realizar uma verdadeira operação sanitária em seus territó- rios. c. à necessidade de segurança dos países capitalistas da Europa oci- dental, isolando a URSS por meio de Estados-tampões. d. aos setores anticomunistas da Eu- ropa ocidental, por denegrir a ima- gem da União Soviética. e. aos seus órgãos de saúde e sani- tarismo, no intuito de melhorar as condições de habitação e saúde prejudicadas pela guerra. 05) De que forma a guerra favoreceu a economia brasileira da época? As condições humilhantes impostas pelos vencedores à Alemanha e a pesada indeni- zação exigida provocaram não só uma vio- lenta crise econômica interna nesse país, como também fizeram nascer o sentimento de revanchismo, que foi habilmente explo- rado e canalizado por Hitler. Como os países tradicionalmente fornece- dores ao mercado brasileiro estavam envol- vidos no conflito, o Brasil se viu obrigado a produzir, aqui, os artigos de que necessita- va. Com isso, o país conheceu um surto in- dustrializante no processo de substituição das importações. R.: E R.: C No exercício 04, a formação do chamado “cordão sanitário” por alguns países do Bálti- co e do Leste Europeu constituiu-se num meio de tentar evitar a ex- pansão do comunismo para o Ocidente. EF 9P -1 5- 12 História \ Variações 177 06) Leia, com atenção, alguns artigos do Tratado de Versalhes: Art. 45 – Alemanha cede à Fran- ça a propriedade absoluta […], com direito total de exploração das minas de carvão situadas na bacia do rio Sarre. Art. 119 – A Alemanha renuncia, em favor das potências aliadas, a todos os direitos sobre as colônias ultrama- rinas. Art. 171 – Estão proibidas na Ale- manha a fabricação e a importação de carros blindados, tanques ou qualquer outro instrumento que sirva a objetivos de guerra. Art. 232 – A Alemanha se compro- mete a reparar todos os danos causados à população civil das potências aliadas e a seus bens. MARQUES, Adhemar Martins e outros. História contemporânea: textos e documentos. São Paulo: Contexto, 1999. De acordo com o texto e com seus co- nhecimentos, podemos afirmar que o Tra- tado de Versalhes: a. encerrou a Segunda Guerra Mundial, fazendo com que a Alemanha perdesse as colônias ultramarinas para os países dos Aliados. b. extinguiu a Liga das Nações, pro- pondo a criação da Santa Aliança, em 1918, com o objetivo de pre- servar a paz mundial. c. estimulou a competição econô- mica e colonial entre os países europeus, culminando na Primei- ra Guerra Mundial. d. permitiu que as potências aliadas dividissem a Alemanha, ao final da Segunda Guerra Mundial, em quatro zonas de ocupação: fran- cesa, britânica, americana e so- viética. e. impôs duras sanções à Alemanha, ao final da Primeira Guerra Mun- dial, responsabilizando-a pela eclo- são desse conflito. Momento de novas descobertas Observe o cartaz de guerra: H U LT O N -D EU TS CH C O LL EC TI O N /C O RB IS /C O RB IS (D C) / LA RT IN ST O CK No alto do cartaz, há os dizeres “Suas vidas dependem dela” e, abaixo, à esquer- da, “Trabalhadoras das fábricas de muni- ção”. 07) O que se deduz dessa foto e quais fo- ram os desdobramentos da participação das mulheres na Primeira Guerra? Como os homens adultos estavam lutando nas frentes de combate, os países convoca- ram as mulheres a ficarem na retarguarda da guerra; elas foram trabalhar em fábricas de munição, uniformes, botas e outros arti- gos necessários para a guerra. Como consequência, após a guerra, as mu- lheres passaram a lutar por seus direitos, incluindo o direito ao voto, para, assim, par- ticipar do processo político nacional. No exercício 06, o Tratado de Versalhes (1919) foi um tratado de paz assinado pelas potências europeias, que encerrou oficial- mente a Primeira Guer- ra Mundial. O principal ponto do tratado de- terminava que a Ale- manha assumisse todas as responsabilidades pelas causas da guerra e fizesse reparações a algumas nações da Trí- plice Entente. Os ter- mos impostos à Alema- nha incluíam perda de parte de seu território para nações fronteiri- ças, perda de todas as colônias do continente africano, restrição ao tamanho do exército e indenização pelos pre- juízos causados durante a guerra. A República de Weimar, criada em substituição ao II Reich, também aceitou reco- nhecer a independência da Áustria. Na Alema- nha, o tratado causou choque e humilhação à população, o que con- tribuiu para a queda da República de Weimar, em 1933, e a ascensão do nazismo. R.: E EF 9P -1 5- 11 H IS TÓ RI A • G RU PO 1 • V A RI A ÇÕ ES Capítulo 2 A Revolução Russa Antecedentes e fatores A dinastia Romanov governava a Rús- sia desde o século XVII, mantendo-a sob o forte absolutismo de seus czares, apoiada pelo clero ortodoxo, pela nobreza proprie- tária de terras e pelos militares. No início do século XVIII, na tentativa de modernizar a Rússia e equipará-la às potências ocidentais, Pedro, o Grande, efetuou algumas reformas, adotando cer- tos costumes ocidentais. Desenvolveu a indústria e o comércio baseados na mão de obra servil, estimulou a entrada de téc- nicos e intelectuais ocidentais e expandiu as fronteiras russas até os mares Báltico, Cáspio e Pacífico. Em meados do século XIX, o czar Ale- xandre II eliminou a servidão dos campo- neses; no entanto, a situação miserável dessas populações em nada foi alterada. Muitos se dirigiram para as cidades à procura de emprego nas fábricas, mas, sem qualificação alguma, acabaram en- grossando a massa de desempregados nos centros urbanos, ameaçando os já empregados e aviltando ainda mais os salários. Alexandre II incentivou a entrada de investimentos externos, que possibili- taram a implantação de um parque in- dustrial. Entretanto, a sociedade russa apresentava fortes ranços feudais, em especial os privilégios da nobreza de terra que compunha o alto clero, o alto comando militar e o alto escalão buro- crático do Estado. Com a industrialização, duas novas clas- ses sociais surgiram no país: a burguesia e o operariado, elementos modernos e mo- dernizantes naquela atrasada paisagem social russa, predominantemente agrária. Dessa forma, as contradições começa- rama aparecer. De um lado, a nascente burguesia necessitava de estruturas eco- nômicas e políticas mais condizentes com o capitalismo, para dar continuidade ao processo industrializante; de outro, o ope- rariado, superexplorado, exigia uma legis- lação que o protegesse contra os salários miseráveis, as péssimas condições de vida e a jornada de trabalho excessiva, que, normalmente, era de 14 horas por dia. De acordo com o depoimento de um trabalhador russo no início do século XX: Não nos é possível ser instruídos porque não há escolas e, desde a infân- cia, devemos trabalhar além de nossas forças por um salário ínfimo […]. Des- de os nove anos somos obrigados a ir para a usina. […] nós nos vendemos ao capitalista por um pedaço de pão Os três últimos czares da Rússia e seus períodos de reinado (da esquerda para a direita): Alexandre II (1855-1881), Alexandre III (1881-1894) e Nicolau II (1894-1917). M O N TAG EM SO BRE FO TO S D E AN N RO N AN PICTU RE LIBRARY / PH O TO 12 / AFP, I.N . KRAM SKO I (1837-1887) E AU TO R D ESCO N H ECID O . EF 9P -1 5- 11 História \ Variações 179 preto, guardas nos agridem a socos e cacetadas, nos alimentamos mal, nos sufocamos com a poeira e o ar viciado, dormimos no chão atormentados pelos vermes. AQUINO, R.; LEMOS, N. História das sociedades: das sociedades modernas às sociedades atuais. Rio de Janeiro: Do livro técnico. Trabalhadores, despertai!, do pintor russo Valentin Serov (1865-1911). Nessa obra, o artista chama atenção para a necessidade de organização da classe operária russa, no início do século XX. Inspirados nas ideias socialistas de Karl Marx e Friedrich Engels, que criticaram o capitalismo e defenderam a construção do socialismo por meio de uma nova socieda- de dirigida pela classe operária, vários par- tidos políticos começaram a se organizar, criticando a sociedade russa, apresentando algumas variações para o modelo vigente. O Partido Socialista Revolucionário agrupava várias correntes políticas de opo- sição ao regime czarista; o Partido Operá- rio Socialista-Democrático Russo era de tendência marxista; e o Partido Constitu- cional Democrata – o Kadett – era compos- to pela burguesia liberal, que defendia a monarquia constitucional parlamentarista nos moldes da Europa Ocidental. Entre esses partidos, destacou-se o Partido Operário Socialista-Democrá- tico Russo, que, após sua dissolução na Rússia e a expulsão de seus líderes, reorganizou-se no exterior e continuou a criticar, do exílio, o regime absolutista dos Romanov. Em 1903, no II Congresso do Partido Social Democrata Russo, este partido subdividiu-se em duas correntes: • Mencheviques ("minoritários") − liderados por Martov, sustentavam que a revolução socialista deveria ser instalada após uma revolução democrático-burguesa, a fim de realizar a modernização do país por meio do liberalismo e só então implantar o socialismo. • Bolcheviques ("majoritários") − li- derados por Lênin, argumentavam a necessidade de implantar o so- cialismo via revolução proletária, por meio da luta armada. Os bol- cheviques defendiam a tese de que a condição indispensável para a vitória dessa revolução era a alian- ça entre operários e camponeses, pois a burguesia seria incapaz de assumir a liderança do processo revolucionário. Lênin e seus parti- dários eram maioria no Congresso, daí o termo bolchevique, que signi- fica “majoritário”. A partir de 1905, surgiu uma terceira po- sição, defendida por Lev Bronstein – Leon Trotsky –, que defendia a ditadura do pro- letariado e a revolução permanente. A par- tir de 1917, Trotsky se tornou, com Lênin, a principal liderança bolchevique. VA LE N TI N S ER O V (1 86 5- 19 11 ) M O N TAG EM SO BRE FO TO S LIBRARY O F CO N G RESS PRIN TS AN D PH O TO G RAPH S D IVISIO N W ASH IN G TO N , D.C. E TH E RU SSIAN BO LSH EVIK REVO LU TIO N À esquerda, Lênin (Vladimir Ilitch Ulianov, 1870-1924) e, à direita, Trotsky (Lev Davidovich Bronstein, 1879-1940). 180 EF 9P -1 5- 11 Capítulo 2 – A Revolução Russa \ Grupo 1 O ensaio geral A Guerra Russo-Japonesa e a Revolução de 1905 Em 1904, a Rússia entrou em guerra contra o Japão, disputando o domínio sobre a Coreia e parte da Manchúria. O czar Nicolau II espera- va, ao derrotar o Japão, ampliar o vasto controle russo sobre o Oriente. No mapa ao lado, é possí- vel visualizar a área em conflito. Antes mesmo de findar a guerra, já era visí- vel o fracasso militar. Diante disso, as forças po- líticas de oposição redobraram suas críticas ao governo do czar. Em 22 de janeiro de 1905, uma multi- dão dirigiu-se ao Palácio de Inverno, em São Petersburgo, entoando canções religiosas e o hino de fidelidade ao governo – “Deus salve o czar” –, a fim de pedir ao imperador melhores condições de vida e de trabalho. Era uma manifestação pacífica! Entretanto, quando o czar Nicolau II e os soldados viram aquela multidão se dirigindo para o Palácio, apavoraram-se e fuzilaram os manifestantes. Esse fato entrou na História como o Domingo Sangrento. O Domingo Sangrento, na visão do pintor russo Ivan Vladimirov. Em janeiro de 1905, o governo fuzilou mais de mil pessoas que iam apresentar uma petição ao czar Nicolau II. Vitórias do Japão em áreas disputadas com a Rússia (1904-1905) RÚSSIA JAPÃO Manchúria Sacalina CHINA Manchúria do Sul COREIA Port Arthur Península Liaodong Taiwan (Formosa) Ilh as Ry uk yu Ilha s K uril as Essa violenta repressão foi o esto- pim de uma série de revoltas, tanto civis como militares, que se manifes- taram por todo o Império Russo. Uma das mais célebres foi a Revolta dos Ma- rinheiros do encouraçado Potemkin. Esse episódio produziu uma das mais belas obras-primas do cinema russo, O encouraçado Potemkin, do cineasta Sergei Eisenstein. RI A N O VO ST I / A FP EF 9P -1 5- 11 História \ Variações 181 A violenta agitação interna apressou o czar a assinar um tratado de paz com o Ja- pão, em setembro de 1905, reconhecendo a derrota russa e surpreendendo o Ociden- te, pois as teorias raciais em vigor coloca- vam o homem branco como superior aos amarelos (Ásia) e aos negros (África). Numa tentativa de acalmar os ânimos internos, Nicolau II promulgou o Manifes- to de Outubro, no qual se comprometia a instaurar uma Assembleia – Duma – e uma Constituição, instalando a monarquia constitucional parlamentarista. Contudo, as promessas não saíram do papel: o czar continuou a governar com poderes absolu- tos e a reprimir violentamente as revoltas populares. Os socialistas passaram a estimular a formação de sovietes – conselhos consti- tuídos por operários, soldados e campone- ses – em várias cidades do país, organizan- do a luta contra o governo. A Revolução 1ª fase – Os mencheviques no poder (fevereiro/março – 1917) Esse clima de instabilidade política e social prolongou-se até a Primeira Guerra Mundial, quando teve o seu desfecho. Participando do conflito mundial (1914- 1918), ao lado da Entente, os russos viram a ocupação de boa parte de seu território pelos alemães e o aniquilamento de seu exército. A situação econômica tornou-se cada vez mais precária: falta de alimentos, meios de transporte em colapso, a fome e a inflação castigavam o povo e, na linha de frente, na guerra, os soldados sofriam fome e frio. As manifestações populares aumenta- vam cada vez mais e as repressões se tor- navam cada vez mais violentas. Soldados, que também passavam por necessidades, aos poucos aderiam às causas populares e se recusavam a reprimir as manifesta- ções. Nas fábricas, operários faziam gre- ves e no front soldados desesperados de- sertavam. Em março de 1917 (fevereiro pelo ca- lendário russo), o Palácio do Governo foi tomado por um golpe de Estado liderado pelos mencheviques, obrigando o czar a renunciar ao trono. Formou-se um gover- no provisório sob o comando de Kerensky, líder menchevique, que contou com o apoio da burguesiarussa. Alexander Kerensky (1881-1970). Os mencheviques foram fundamentais na derrubada do czarismo russo, mas não conseguiram impedir o avanço das ideias socialistas no país. Esse governo enfrentou sérias oposi- ções, pois não resolveu dois problemas cruciais do povo: a guerra e a terra. Ele manteve o país na guerra – o que interes- sava à burguesia – e não distribuiu terras aos camponeses, que era o grande sonho dos trabalhadores. Enquanto isso, os sovietes continuavam a exercer grande influência política nas vá- rias cidades, chegando, em alguns casos, a desrespeitar as decisões do governo provi- sório para impor suas diretrizes. 2ª fase – A Revolução Bolchevique – outubro/novembro-1917 Beneficiado pela anistia concedida pelo governo provisório e com a ajuda da Alemanha — que planejava livrar- -se do front oriental da Primeira Guerra LIBRARY O F CO N G RESS PRIN TS AN D PH O TO G RAPH S D IVISIO N W ASH IN G TO N , D.C. Explicar aos alunos que, até a Revolução Russa, o calendário russo era embasado no "juliano", e não no "gre- goriano", por isso a "di- ferença" nos meses. 182 EF 9P -1 5- 11 Capítulo 2 – A Revolução Russa \ Grupo 1 Mundial —, Lênin retornou à Rússia depois de vários anos de exílio, por fazer oposi- ção ao czarismo. O líder dos bolcheviques publicou as "Teses de abril" em As tarefas do proletariado na presente Revolução, defendendo a paz imediata com a Alemanha e a confraterniza- ção com os soldados germânicos: a concessão de todo o poder aos sovietes e a expro- priação de terras e fábricas. As palavras de ordem do momento eram: “Todo o poder aos sovietes” e “Paz, terra e pão”. Em 7 de novembro de 1917 (outubro pelo antigo calendário), os bolcheviques des- tituíram o governo provisório e assumiram o poder, tendo à frente Lênin. G AM M A- KE YS TO N E / G ET TY IM AG ES No comando do soviete de Petrogrado, Trotsky organizou a Guarda Vermelha e se tornou, com Lênin, a figura de proa do movimento revolucionário. Na foto, integrantes da Guarda Vermelha protegem o Palácio de Inverno de Petrogrado, logo depois que os bolcheviques tomaram o poder. Consequências O governo de Lênin (1917-1924) Tão logo assumiram o poder, os bol- cheviques institucionalizaram os sovietes como órgãos do governo e tomaram me- didas como reforma agrária, nacionaliza- ção dos bancos e indústrias, prisão e, mais tarde, execução da família imperial (1918) e o tratado de paz com a Alemanha em Brest-Litovsky. A Guerra Civil (1918-1921) Os liberais e os partidários do czar não aprovaram as reformas promovidas pelos bolcheviques e pegaram em armas, apoia- dos por países capitalistas – Inglaterra, França e Japão, entre outros –, receosos de uma possível expansão da revolução socialista pelo mundo. Teve início, assim, uma sangrenta guerra civil entre os bolcheviques – os vermelhos, por causa da Guarda Verme- lha – e a oposição, conhecida como os russos brancos. Lutando contra os exércitos estrangei- ros, os bolcheviques se apoiavam no Exér- cito Vermelho, organizado e conduzido por Trotsky, que chegou a contar com mais de três milhões de soldados. EF 9P -1 5- 11 História \ Variações 183 Durante esse período, Lênin implantou o comunismo de guerra, no qual o governo controlou a economia do país com a centralização da produção e a eliminação da econo- mia de mercado. RIA N O W O STI/AKG -IM AG ES/LATIN STO CK Lênin discursa para as tropas russas durante a Guerra Civil. Na escada, em primeiro plano, podemos ver Trotsky. controle sobre as indústrias de base, do se- tor elétrico e da saúde, sobre a educação, o comércio exterior e o sistema bancário. Lênin adotou também a política de er- radicação do analfabetismo no país. O projeto de Lênin era fortalecer a eco- nomia do país, para depois partir para a socialização, em que coexistiriam o capi- talismo privado e o capitalismo de Estado como transição para o socialismo. Em 1922, a Rússia e os territórios fede- rados, como Sibéria, Cáucaso e Ucrânia, transformaram-se na União das Repú- blicas Socialistas Soviéticas (URSS). Em maio, Lênin sofreu uma hemorragia cere- bral. Em novembro, ditou seu testamento, no qual advertia a sociedade do perigo re- presentado pelo autoritarismo de Stálin, o secretário-geral do Partido Comunista. Em 1923, a Constituição da União So- viética foi promulgada e legitimou a su- premacia do Partido Comunista (PC) e o Soviete Supremo como órgão máximo. Com a morte de Lênin, em 21 de janei- ro de 1924, o poder passou a ser dispu- tado por Trotsky, comandante do Exército Vermelho, e Stálin, o “homem de aço”, Terminada a guerra civil, em 1921 – pouco mais de dois anos após o término da Primeira Guerra Mundial –, a Rússia estava arrasada pelos longos e intensos combates dentro e fora do país; a agricul- tura, o comércio e a indústria foram seria- mente afetados; o desemprego, a fome e a insatisfação eram generalizados por todo o país. No campo externo, as nações europeias capitalistas criaram vários países ao longo da fronteira russa para barrar a expansão socialista. Esses chamados “países-tam- pão” ficaram conhecidos como “cordão sa- nitário” e isolaram a Rússia no continente. A Nova Ordem Para governar esse país isolado, endi- vidado, destruído e faminto, Lênin implan- tou uma política de reconstrução econômi- ca conhecida por Nova Política Econômica (NEP). Combinando princípios socialistas com elementos capitalistas, Lênin adotou um planejamento estatal e permitiu a liberda- de de comércio e de salários, estimulou a manufatura privada e reservou ao Estado o 184 EF 9P -1 5- 11 Capítulo 2 – A Revolução Russa \ Grupo 1 que acumulara grande poder no cargo de secretário-geral. A disputa envolvia pontos de vista opostos quanto aos rumos da revolução socialista: Stálin defendia a consolidação interna do socialismo, que seria expan- dido depois, e Trotsky defendia a tese da Revolução Permanente, isto é, dar con- tinuidade imediata ao processo revolu- cionário pela Europa, que contava com a simpatia dos operários franceses e ingle- ses. O lema do Partido Trabalhista Inglês era “não mexam na Rússia” (Hands off Russia). Trotsky foi derrotado e partiu para o exílio, fugindo de um país para outro até fixar-se no México. Durante o governo sta- linista, seu nome e sua figura foram apaga- dos dos livros de História na URSS. SO VF O TO / U N IV ER SA L IM AG ES G RO U P / G ET TY IM AG ES Ao contrário da imagem original, nessa, produzida à época de governo de Stálin, Trotsky não aparece na escada, pois foi propositalmente "apagado". No México, Trotsky se hospedou, por um tempo, na residência dos Rivera: Diego Rivera e Frida Kahlo, artistas que colocaram o México em destaque no cenário da pin- tura do século XX e eram simpatizantes do movimento revolucionário russo. Trotsky foi assassinado nesse país, em agosto de 1940, provavelmente a mando de Stálin. O governo de Stálin (1924-1953) Para se consolidar no poder, Stálin eli- minou toda oposição ou quem lhe pudes- se fazer sombra, perseguindo inclusive os antigos companheiros de Lênin. Stálin instaurou, em abril de 1933, os Processos de Moscou, que propagaram o terror na URSS, eliminando adversários políticos, de intelectuais a jornalistas. Substituiu a NEP pelos Planos Quin- quenais, com o objetivo de impulsionar a industrialização e a coletivização das terras, levando a URSS a tornar-se uma potência. CO U RTESY EVERETT CO LLECTIO N /EVERETT/LATIN STO CK Durante algum tempo, Stálin (à direita) foi acusado de ter montado essa foto para provar sua intimidade com Lênin. Contudo, o tempo provou sua autenticidade. EF 9P -1 5- 12 H IS TÓ RI A • G RU PO 1 • V A RI A ÇÕ ES Capítulo 2A Revolução Russa seus vastos recursos, sua população e seu tamanho iriam, mais cedo ou mais tarde, projetá-la mundialmente. As minas e as manufaturas criadas pelos czares do século XVIII, tendo senho- res oumercadores feudais como em- pregadores e servos como operários, estavam declinando lentamente. As novas indústrias – fábricas têxteis do- mésticas de pequeno porte – somente começaram a apresentar uma expan- são realmente digna de nota a partir de 1860. HOBSBAWM, Eric. A era das revoluções. São Paulo: Paz e Terra, 1994. p. 199. Fragmento. Forme um grupo, discuta as ideias de- fendidas pelo autor e produza um peque- no texto, expondo suas conclusões. Ati vidade 04 • Antecedentes e fatores Exercícios de Aplicação 01) Complete a oração corretamente. Os aristocratas gozavam de todos os direitos, inclusive o de promover caçadas nas terras camponesas, destruindo as la- vouras. Com o tempo, os camponeses co- meçaram a reagir e a exigir seus direitos, passando a fazer várias manifestações nos campos. A servidão russa foi abolida em 1861 pelo czar . 02) Observe a imagem. RI A N O VO ST I / A FP Esta joia é um exemplar dos famosos “ovos Fabergé”, desenhados especialmen- te para a comemoração da Páscoa. Ela foi feita por um famoso joalheiro, especial- mente para a família imperial que gover- nava a Rússia até o advento da Revolução de 1917. Estamos falando do imperador , da dinastia dos , que governou o país a partir do século . 03) Leia atentamente este texto. A Rússia era até então economica- mente desprezível, embora observa- dores de larga visão já previssem que Alexandre II Nicolau II Romanov XVII Resposta de cada grupo É importante que os alunos percebam o "atraso" econômico, político e social exis- tente na Rússia pré-re- volucionária, sobretu- do quando comparada com países como Ingla- terra, França e Alema- nha em fins do século XIX, início do século XX. Embora o potencial do país fosse muito gran- de, ele era explorado de maneira ineficiente pelo czarismo. 186 EF 9P -1 5- 12 Capítulo 2 – A Revolução Russa \ Grupo 1 Exercícios Propostos 06) O que ocorreu com o Partido Operário Socialista-Democrático Russo em 1903? 04) Leia o texto para responder ao que se pede. A estrutura rural da sociedade fazia dela uma grande aldeia serva. Contavam-se, em 1861, quando da emancipação por Alexandre II, qua- renta e sete milhões de servos mi- seráveis e místicos, contra cem mil famílias nobres, de uma nobreza de funcionários, proprietários de imen- sos domínios. O texto refere-se: a. à França pós-revolucionária. b. à Inglaterra do período da Revolu- ção Industrial. c. ao Império Austro-Húngaro. d. à Alemanha do século XIX. e. à Rússia czarista. 05) Qual era a situação partidária na Rús- sia, na passagem do século XIX para o XX? Ati vidade 5 • O "Ensaio Geral": 1905 Exercícios de Aplicação 01) A respeito da Revolução Russa de 1905, conhecida como "Ensaio Geral", as- sinale a alternativa correta. a. Extinguiu a Duma, cassando os mandatos de todos os deputados. b. O movimento foi suficientemente capaz de derrubar a monarquia russa. c. Gerou um "governo provisório", formado pelo czar e pelos sovietes. d. Provocou a ascensão dos bolchevi- ques ao poder. e. Resultou, entre outros fatores, das derrotas russas diante do Japão. 02) Explique o que foi o Domingo San- grento de 1905. Foi o fuzilamento sumário dos manifestan- tes de vários setores populares da socie- dade russa que se dirigiam ao Palácio do Governo em S. Petersburgo, para entregar um abaixo-assinado reivindicando melhores condições de vida e de trabalho, reforma agrária e convocação da Assembleia Nacio- nal (Duma). Havia o Partido Socialista Revolucionário, que agrupava várias correntes políticas de oposição ao regime czarista. O Partido Ope- rário Socialista-Democrático Russo era de tendência marxista. Já o Kadett – Partido Constitucional Democrata – era composto pela burguesia liberal, que defendia a mo- narquia constitucional parlamentarista. Nesse ano, houve a divisão do partido em duas facções: os mencheviques ("minoria") e os bolcheviques ("maioria"). Essas duas correntes políticas vieram a ser as grandes responsáveis pelos acontecimentos de 1917 na Rússia. R.: E R.: E EF 9P -1 5- 12 História \ Variações 187 Exercícios Propostos 03) Criados em 1905, esses organismos populares se disseminaram por toda a Rús- sia, constituindo um efetivo poder parale- lo, que integrava operários, camponeses e soldados. Estamos nos referindo à criação: a. das dumas, assembleias populares locais. b. dos sovietes, conselhos políticos de massas. c. dos kulacs, bases de resistência em vilas e aldeias. d. dos kadets, núcleos do Exército Vermelho. e. dos mir, organizações parlamenta- res de base. 04) Sobre os antecedentes da Revolução Russa de 1917, podemos afirmar que: a. a Rússia entrou na Primeira Guerra ao lado da Itália contra a Tríplice En- tente. Após sua derrota, trabalha- dores iniciaram uma série de confli- tos culminando na Revolução. b. após a Revolta do Potemkin, os mencheviques deflagraram um golpe contra o czar Nicolau II, pas- sando o comando para os sovietes, com Lênin assumindo o poder da nova URSS. c. aproveitando a incapacidade do czar Nicolau II de combater a crise econômica da Rússia, Lênin deixou o exílio e desfechou um golpe con- tra a monarquia russa em 1905. d. após a revolta menchevique de 1905, Stálin comandou a tomada do Kremlin, depondo o czar e reti- rando a Rússia da Segunda Guerra Mundial. e. em 1905, a Rússia sofreu uma grande derrota na guerra contra o Japão. Esse conflito desencadeou vários episódios que deram origem à Revolução de 1905, considerada por Lênin um ensaio para a Revo- lução Russa. 05) Em relação à situação socioeconômi- ca da Rússia, no início do século XIX, é cor- reto dizer que: a. a maioria da população era com- posta por operários. b. apresentava uma burguesia forte e muito bem organizada. c. os operários desfrutavam de salá- rios elevados, devido à sua organi- zação política. d. a industrialização, ainda pequena, estava restrita a poucas cidades. e. após o fim da servidão, na década de 1860, houve uma intensa refor- ma agrária. Ati vidade 6 • As revoluções de 1917 Exercícios de Aplicação 01) Complete as lacunas: A Rússia participou da Primeira Guer- ra Mundial ao lado da , da qual também participaram e . Leia o texto para responder à questão 02. O termo soviete vem do russo soviet, isto é, conselho, e adquiriu sig- nificado político específico durante a Revolução Russa de 1905-1907, quan- do foram formados, em várias cidades industriais, sovietes de representantes dos trabalhadores. Esses conselhos co- mandaram greves gerais e serviram de veículo para a agitação revolucionária dos partidos socialistas e das organiza- ções anarquistas [...]. Os sovietes torna- ram-se um grupo de pessoas extrema- mente influente, que competiram com o governo provisório, criando uma ver- dadeira situação de dualidade de poder. [...] UTECHIN, S. V. Soviete. In: Dicionário de Ciências Sociais. Rio de Janeiro: FGV/MEC, 1986. p. 1.179. Tríplice Entente Inglaterra França R.: B No exercício 04, explicar aos alunos que, em 1904, a Rússia, que desejava ex- pandir-se para o Oriente, entrou em guerra contra o Japão pela posse da Man- chúria, mas foi derrotada. A situação socioeconômi- ca do país agravou-se e o regime político do czar Nicolau II foi abalado por uma série de revoltas, em 1905, envolvendo operários, camponeses, marinheiros (como os re- voltosos do encouraçado “Potemkin”) e soldados do exército. Greves e pro- testos contra o regime absolutista do czar explo- diram em diversas regiões da Rússia. A Revolução Russa de 1905 ficou mais conhecida como “Domin- go Sangrento” e serviu de lição para os líderes revo- lucionários. R.: E R.: E 188 EF 9P -1 5- 12 Capítulo 2 – A Revolução Russa \ Grupo 1 02) A Revolução de outubro de 1917 in- troduziu na Rússia o regime soviético. Qual foi o papel dos sovietes na organização desse regime? 03) A Revolução Russa aconteceu no pe- núltimo ano da Primeira Guerra Mundial. O Partido Social-Democrata,baseado no socialismo marxista, dividira-se, por vol- ta de 1903, em duas facções: a primeira delas liderada por Lênin e a segunda, por Martov. Considerando essas informações, responda ao que se pede. a. Como se chamavam essas facções? b. Nas Teses de Abril, a facção lide- rada por Lênin propunha soluções para o problema da propriedade e da participação da Rússia na guer- ra. Qual era a “frase de efeito” que sintetizava as Teses de Abril, plata- forma da Revolução em 1917? 04) Na Rússia, a Revolução de 1917, que implantou o primeiro regime socialista da História, dividiu-se em duas fases. Carac- terize essas duas fases, citando os grupos que ocuparam o poder, os interesses que representavam e os líderes. Exercícios Propostos 05) Cite as principais causas que levaram a Rússia à Revolução de 1917. Comandaram as greves gerais pelo país afo- ra, serviram de veículo para os ideais revo- lucionários e tornaram-se instrumentos de pressão contra o governo provisório. Revolução Menchevique: representava a burguesia liberal e foi responsável por ins- taurar o governo provisório sob a liderança de Kerensky. Revolução Bolchevique: representava a classe operária com o lema: “Todo poder aos sovietes” e era liderada por Lênin e por Trotsky – esse último, o organizador do bra- ço armado da Revolução. Bolchevique, liderada por Lênin, e menche- vique, liderado por Martov. "Paz, terra e pão" Crise do czarismo, intensificada pela derrota diante do Japão, pela Revolução de 1905, pelo fracasso da Duma e pela participação russa na Primeira Guerra Mundial. EF 9P -1 5- 12 História \ Variações 189 06) Em 7 de setembro de 1917, Trotsky, no comando da Guarda Vermelha, ocupou quase todos os edifícios públicos russos, prendendo membros do governo. Os bol- cheviques conquistaram o poder com pou- quíssima luta. Essa vitória foi possibilitada pelo colapso da autoridade de Kerensky. Exercendo o poder em nome do proleta- riado, os bolcheviques trataram de pôr em prática as Teses de Abril enunciadas no slogan “Paz, terra e pão”, que sintetizava bem as três grandes aspirações populares do momento. Explicite-as. 07) Coloque C para as afirmativas corre- tas e E para as erradas. ( ) I . O p r i m e i r o m o m e n t o revolucionário foi dominado pelos bolcheviques, representantes da burguesia. ( ) II. Os sovietes representaram o braço armado da Revolução Rus- sa. ( ) III. Os mencheviques tinham esse nome porque eram minoria. ( ) IV. Os bolcheviques, liderados por Kerensky, defendiam a ime- diata expansão do socialismo. ( ) V. Lênin e Trotsky foram as prin- cipais lideranças do movimento revolucionário vitorioso. ( ) VI. A derrota diante do Japão (1905) e a participação na Primei- ra Guerra Mundial (1914-1918) contribuíram para a revolução. ( ) VII. Trotsky defendia a Revolução Permanente. 08) Agora corrija as alternativas erradas do exercício anterior. Leia o texto para responder à questão 09. Os operários das fábricas e das usinas, assim como as tropas rebel- des, devem escolher sem demora seus representantes ao governo revolucio- nário provisório, que deve ser consti- tuído sob a guarda do povo revolucio- nário amotinado e do exército. Manifesto de 27 de fevereiro de 1917. In: FERRO, Marc. A Revolução Russa de 1917. E E C E Paz: queriam a saída da Rússia da Primeira Guerra Mundial. Terra: exigiam a reforma agrária e a distri- buição de terras aos camponeses. Pão: reivindicavam a normalização da pro- dução econômica e do abastecimento de alimentos nas cidades. I – O erro está nos bolcheviques; o correto é mencheviques. II – O erro está nos sovietes; o correto é Guarda Vermelha. IV – O erro está em Kerensky; o correto é Trotsky. C C C 190 EF 9P -1 5- 12 Capítulo 2 – A Revolução Russa \ Grupo 1 09) O Manifesto, lançado em meio às ten- sões de 1917 na Rússia, revela a posição dos: a. sovietes, que buscavam organizar uma luta política para tomar o par- lamento. b. bolcheviques, que conclamavam os operários a se mobilizarem em prol dos sovietes. c. democratas, que pretendiam con- trolar a Duma. d. mencheviques, que defendiam o caráter democrático do novo go- verno. e. militares, que tentavam controlar os avanços do Exército Vermelho. 10) A Revolução Russa de 1917 estabeleceu uma nova ordem política, econômica e social. Para o triunfo da revolução, muito contribuiu: a. a existência, na Rússia, de uma única classe, formada pelos camponeses. b. a incompetência do governo cza- rista, associada ao despotismo da aristocracia e à extrema miséria dos camponeses e das classes operárias. c. a distribuição de terras aos campo- neses. d. a nacionalização dos meios de pro- dução, promovida no governo de Nicolau II. e. a indiferença da Igreja Ortodoxa Russa. Ati vidade 7 • Consequências Exercícios de Aplicação 01) O termo “comunismo de guerra”, muito usado na Rússia pós-revolucionária, refere-se: a. ao regime implantado a partir de 1917 e que vigora até nossos dias, com pequenas alterações. b. ao sistema que vigorou na Rússia entre 1918-1920 e foi posterior- mente substituído pela NEP. c. às medidas adotadas por Stalin a partir de 1928, que incluíam os planos quin- quenais e a coletivização forçada. d. às medidas adotadas por Stalin a partir da Segunda Guerra Mundial. e. aos regimes que surgiram na Europa Oriental durante a Segunda Guerra Mundial sob influência soviética. 02) Sobre o processo revolucionário na Rússia, responda ao que se pede. a. Aponte as diferenças entre as re- voluções de fevereiro e de outubro de 1917. b. Explique a Guerra Civil (1918- 1921). R.: B R.: B No exercício 09, a “Revolução de Feverei- ro” envolveu grandes protestos, motins, pas- seatas e greves de tra- balhadores. Além disso, soldados abandonavam as frentes de batalha depois de mais de dois anos de guerra. Os bol- cheviques – comunistas – procuravam organizar os setores insurretos e defendiam a formação de um governo baseado nos sovietes, conselhos formados por operários e soldados, portanto contrários à política de alianças com a burgue- sia. R.: B A revolução de fevereiro teve caráter liberal- burguês, sob a liderança menchevique; já revolução de outubro, sob o comando dos bolcheviques, implantou o governo socialis- ta, com amplo apoio dos sovietes. Consistiu no confronto entre bolcheviques, chamados de “vermelhos” por causa da Guarda Vermelha, e os liberais, conhecidos como “brancos”, apoiados por vários países capitalistas europeus. EF 9P -1 5- 12 História \ Variações 191 03) “É necessário abandonar a constru- ção imediata do socialismo para se voltar, em muitos setores econômicos, na direção de um capitalismo de Estado”. Podemos interpretar essa declaração de Lênin, governante russo da época, no sentido de: a. aceitar o insucesso dos planos quinquenais e o retorno do país à economia capitalista. b. abandonar o comunismo de guerra e o início da guerra civil. c. indicar a impossibilidade de se insta- lar o socialismo em um só país e re- tornar ao capitalismo monopolista. d. aceitar a introdução de métodos capitalistas na produção agrária, industrial e bancária. e. introduzir um novo planejamento econômico com algumas conces- Exercícios Propostos 05) Foi um dos principais nomes do pro- cesso revolucionário, autor das Teses de Abril e de uma política econômica que dava “dois passos à frente e um para trás”. a. Estamos falando de: b. Quais eram os slogans das Teses de abril? c. Explique o slogan “dois passos à frente e um para trás”. 06) As atrocidades da Guerra Civil (1918- 1921) foram denunciadas pelos “brancos” que acusavam o comandante do Exército sões ao capitalismo, a fim de possi- bilitar o avanço do socialismo. 04) A disputa pelo poder na União Sovié- tica entre Trotsky e Stálin, após a morte de Lênin, em 1924, teve como eixo a discus- são sobre: a. a expansão ou não da revolução socialista mundial como forma de consolidar internamente o regime. b. a questãoda autonomia das nacio- nalidades da Rússia branca. c. as propostas de priorizar os investi- mentos sociais em detrimento das necessidades da industrialização. d. a extinção dos planos quinquenais, sobretudo os relativos à coletivização. e. o poder dos sovietes, formado por soldados e camponeses na admi- nistração provincial. Vermelho de utilizar tropas mongóis, ini- migas da “Santa Mãe Rússia”. O coman- dante em questão era: 07) A fim de governar a Rússia após a Guerra Civil, Lênin implantou uma políti- ca de reconstrução econômica conhecida por NEP (Nova Política Econômica). No que constistia a NEP? R.: E R.: A No exercício 03, logo nos primórdios da im- plantação do governo bolchevique na Rússia, Lênin percebeu as difi- culdades que se apre- sentavam para tal re- gime resolver as crises que assolavam o país. Dessa forma, foi obriga- do a recuar no percurso de socialização, permi- tindo algumas conces- sões ao capitalismo. Implantar o socialismo utilizando alguns re- cursos e mecanismos do capitalismo, como a pequena propriedade privada e a manu- fatura familiar, e estatizar setores vitais da economia, como indústrias de base, bancos, setores de energia, saúde e educação. Idealizada por Lênin, a NEP restabeleceu as práticas capitalistas vigentes antes da revo- lução. Essa política econômica deu-se com medidas que, em parte, revertiam a política econômica adotada durante o Comunismo de Guerra, como a suspensão da estatiza- ção de fábricas que não haviam sido ainda coletivizadas ou que estavam apenas sob o controle operário. Os camponeses, ago- ra, venderiam para o Estado uma pequena parcela de sua produção a preço fixo, sendo que o restante da produção poderia ser lan- çado no mercado, como ocorre na econo- mia capitalista. Também foram permitidos empreendimentos capitalistas na pequena indústria e no comércio. "Paz, terra e pão" e "Todo poder aos sovie- tes" Lênin. Trotsky. 192 EF 9P -1 5- 12 Capítulo 2 – A Revolução Russa \ Grupo 1 08) Em 1924, após a morte de Lênin, dois dos mais destacados dirigentes do Partido Bolchevique entraram em conflito. Trotsky defendia a Revolução Permanente; Stálin defendia a implantação do socialismo em um só país. Stálin venceu essa disputa e, a partir de então, a figura de Trotsky foi sendo progressivamente retirada dos do- cumentos soviéticos. A partir da leitura do texto e utilizando seus conhecimentos, faça o que se pede. a. Transcreva o trecho que explica a divergência entre Trotsky e Stálin. b. Explique por que o stalinismo pre- cisou varrer a imagem de Trotsky da história soviética. c. Fugindo da perseguição impla- cável de Stálin, Trotsky acabou exilando-se no México, hospedan- do-se na casa de um famoso pintor. Quem foi o pintor que o hospedou? Momento de novas descobertas Leia atentamente o texto e, a seguir, responda ao que se pede. Para os socialistas da segunda metade do século XIX [...] a Revolução Francesa é portadora de uma esperança que tem um nome, mas não possui ainda um rosto. Tudo muda com 1917. A partir de então, a Revolução socialista possui um rosto: a Revolu- ção francesa deixa de ser a matriz a partir da qual pode e deve elaborar-se uma outra revolução libertadora. FURET, F. Ensaios sobre a Revolução Francesa. Lisboa, 1978. 09) O texto estabelece uma relação entre a Revolução Francesa, de 1789, e a Revo- lução Russa, de 1917. Com base em seus conhecimentos, responda à seguinte ques- tão: como essa relação é possível? “[…] Trotsky defendia a Revolução Perma- nente; Stálin defendia a implantação do so- cialismo em um só país.” Trotsky foi banido do partido em 1927 e ex- pulso do país em 1929. Seu nome e sua ima- gem foram retirados dos livros e suas obras foram proibidas de circular. Era importante para Stálin que não houvesse nenhum pro- jeto político alternativo ao seu poder abso- luto à frente do Estado. Diego Rivera Resposta pessoal Propomos aqui um desafio aos alunos, que, a essa altura do apren- dizado, podem esta- belecer conexões com dois eventos históricos tão importantes. Em linhas gerais, a relação é possível, entre outros fatores, pois as duas revoluções contiveram, em seu interior, varia- das propostas e revela- ram, ao final, a vitória de projetos socialmente transformadores. EF 9P -1 5- 11 H IS TÓ RI A • G RU PO 1 • V A RI A ÇÕ ES Capítulo 3A crise do capitalismo Introdução Após a Primeira Guerra Mundial, em 1919, a Europa estava em grande parte destruída: sua economia encontrava-se em frangalhos, havia uma multidão de es- tropiados que perambulava pelos campos e cidades e ainda estava endividada com os Estados Unidos da América. A Rússia lutava para implantar o gover- no bolchevique, combatendo os “russos brancos” numa guerra civil que se prolon- gou até 1921. Em compensação, do outro lado do Atlântico, os Estados Unidos da América viviam um momento de prosperidade e usufruíam do chamado American Way of Life, um estilo de vida caracterizado por um consumismo desenfreado, fruto do crescimento industrial e agrícola possibili- tado pela guerra. LI TE RA RY D IG ES T 19 28 -0 1- 07 H EN RY FO RD IN TE RV IE W / PH O TO G RA PH ER U N KN O W N Fábrica de automóveis da Ford, nos Estados Unidos, em 1928. Na década de 1920, os estadunidenses eram responsáveis por 42% da produção industrial do mundo. O consumo, principalmente entre a classe média, disparou por meio do siste- ma de crediário. A agricultura, cada vez mais mecanizada, crescia em ritmo ace- lerado e as indústrias, produzindo a pleno vapor para abastecer os mercados interno e externo, possibilitaram o aumento do va- lor de suas ações na Bolsa de Valores de Nova York, o coração do capitalismo. Dessa forma, difundiu-se a crença de que a América era o lugar da “igualdade de oportunidades”, de que a riqueza estava “logo ali”, cabendo ao indivíduo buscá-la. Os fatores da crise e a quebra da Bolsa de Valores de Nova York A reação estava por vir. Os salários não acompanhavam o ritmo da produção; a Europa, aos poucos, foi se recuperando e passou a importar cada vez menos. Ela também enfrentava os reflexos da revolu- ção bolchevique entre seus trabalhadores, que exigiam direitos que os capitalistas se negavam a atender. Os ventos estavam começando a to- mar novos rumos, mas, nos EUA, muita gente, entusiasmada com o crescimento industrial “sem-fim”, passou a comprar ações das empresas em vez de consumir. Com isso, o consumo diminuiu, começou a haver superprodução e os estoques de mercadorias aumentavam a olhos vistos. Como toda ação provoca uma reação in- versa na mesma intensidade, o capitalismo logo estaria colhendo os frutos amargos dessa euforia desenfreada. A crise estava se fazendo presente. Como de costume, os primeiros a sentirem o efeito foram os trabalhadores: o desem- prego começou e a pobreza aumentou. A concentração de renda marginalizava a maioria da população e mantinha a elite dominante isolada. Na década de 1920, pouco mais de 10% da população detinha quase 90% da renda nacional. Os trabalhadores, liderados por sindi- calistas e anarquistas, na maioria imigran- tes, realizavam manifestações e greves contra a crise e o desemprego. O Estado reagiu prontamente ao lado do capital, re- primindo violentamente as manifestações e prendendo líderes sindicais. Para promover o retorno “à lei e aos bons costumes”, o governo decretou a Lei Seca, em 1920, proibindo a produção, comercialização e venda de bebidas alco- 194 EF 9P -1 5- 11 Capítulo 3 – A crise do capitalismo \ Grupo 1 ólicas. Tal medida deu origem à produção e comercialização clandestina desses pro- dutos, controlados pelos gangsters do cri- me organizado. A lei só seria revogada em 1933. U N IT ED S TA TE S D EP AR TM EN T O F JU ST IC E De origem italiana, Al Capone (Alphonsus Gabriel Capone, 1899-1947) foi o mais famoso gangster ligado ao contrabando e venda de bebidas alcoólicas– além de outras atividades ilegais – durante a vigência da Lei Seca nos Estados Unidos (1919-1933). Enquanto isso, o governo americano passou a restringir a entrada de imigran- tes, pois, assim, ele evitava a concorrência com os trabalhadores americanos e tam- bém a entrada de ideias “estranhas” à de- mocracia. As manifestações de trabalhadores re- caíam sobre os ombros dos imigrantes. Segundo a ótica do governo, que defendia os interesses dos patrões acima de tudo, os imigrantes eram os “culpados” pela in- disciplina e pelo caos gerado pelas ideias anarquistas. BO ST O N P U BL IC L IB RA RY À medida que o desemprego aumenta- va, tornava-se cada vez menor a capacida- de de consumo. Entretanto, ainda assim, as indústrias continuavam produzindo. No campo, os fazendeiros assistiam, apavorados, aos preços dos produtos agrí- colas despencarem no mercado e, com seus celeiros abarrotados, vendiam-nos a qualquer preço. Sem recursos para quitar as dívidas com as instituições financei- ras, foram perdendo suas propriedades e começaram a se mudar para as cidades, congestionando a multidão de desempre- gados urbanos. Os presidentes, seguindo a cartilha do liberalismo econômico – laissez-faire, laisez-passer (cuja tradução literal do fran- cês é “deixai fazer, deixai passar”) –, não intervinham na economia, acreditando que o próprio mercado se organizaria para superar a crise do subconsumo versus su- perprodução. Enquanto isso, os bancos e as grandes empresas continuavam a emitir e a nego- ciar ações na Bolsa de Valores, com valores irreais, provocando uma onda de especu- lação financeira; eles também esperavam, como os presidentes, que as coisas retor- nassem logo aos eixos. No dia 24 de outubro de 1929 – a “quin- ta-feira negra” –, um grande volume de ações não encontrou compradores, pois desde o dia 21 circulavam rumores sobre a queda. De repente, ações que valiam, até en- tão, dezenas de dólares não passavam de papéis sem valor. Seguiram-se dias tensos. Pessoas viram sua fortuna evaporar no ar da noite para o Bartolomeo Vanzetti (à esquerda) e Nicola Sacco (à direita): em 1927, esses dois operários anarquistas, de origem italiana, foram injustamente condenados à cadeira elétrica, acusados de terem assassinado um policial, apesar de não haver nenhuma prova do fato. Após 50 anos, o governador de Massachusetts reconheceu a parcialidade do julgamento e instituiu o Dia de Sacco e Vanzetti em 23 de agosto, data da execução. EF 9P -1 5- 11 História \ Variações 195 dia, como mágica. Bancos e empresas faliram; havia mais de 15 milhões de desemprega- dos nas ruas. Muitas pessoas se suicidaram ao se verem sem nada. M ARG ARET BO U RKE-W H ITE/ M ASTERS/TIM E LIFE PICTU RES/G ETTY IM AG ES Em 1937, a fotógrafa estadunidense Margaret Bourke-White registrou essa imagem na cidade de Louisville, no estado de Kentucky. Ao fundo, um gigantesco cartaz dos áureos tempos de sucesso da economia estadunidense, onde se lê: "O mais alto padrão mundial de vida" e "Não há melhor maneira do que a maneira americana". À frente, uma fila de pessoas em busca de comida, uma cena típica da chamada Grande Depressão. 12 10 8 6 4 2 1929 1933 1936 1939 1942 Milhões de desempregados Quebra da Bolsa Início do New DealNew Deal Recessão Começo da SegundaSegunda Guerra Mundial Repercussões mundiais da crise de 1929 A quebra da Bolsa de Valores de Nova York mergulhou o mundo capitalista em uma profunda depressão econômico-social. Para atenuar a situação extremamente crítica, os Estados Unidos retiraram os investimentos aplicados no exterior e suspenderam as im- portações, “exportando” a crise econômica aos quatro cantos do mundo. 196 EF 9P -1 5- 11 Capítulo 3 – A crise do capitalismo \ Grupo 1 O ���������� �� ����� �����������, �� ������ �� 1930 30% 20% 10% 0 1930 1932 1934 1936 1938 Na Alemanha, essa violenta recessão econômica provocou o colapso da República de Weimar, instalada logo após a guerra. O descontentamento, o desemprego e a vio- lenta inflação seriam habilmente trabalha- dos por uma figura política que ascenderia ao poder culpando os franceses, os socialis- tas e os judeus pela crise alemã: Adolf Hitler. No Brasil, a crise foi responsável pelo fim da República do “café com leite” por meio da Revolução de 1930, que culpou a oligarquia cafeeira e a monocultura pela si- tuação vigente. Com a ascensão de Getúlio Vargas ao poder, houve a compra e queima de milhares de sacas de café para tentar estabilizar o preço no mercado. O New Deal Em 1932, elegeu-se presidente dos Es- tados Unidos Franklin Delano Roosevelt, cuja plataforma de campanha consistia na recuperação da crise com a intervenção do Estado na economia, contrariando os pressupostos do liberalismo, elaborando um planejamento econômico. Tanto o in- tervencionismo estatal como o planeja- mento econômico eram palavras-chave do socialismo que soavam como heresia aos ouvidos americanos. O plano de recuperação econômica foi batizado de New Deal, ou Novo Acordo, e consistia em: • investimentos em obras públicas para geração de empregos, como hidrelétricas, ferrovias e estradas; • salário-desemprego; • proibição do trabalho infantil; • compra da produção agrícola pelo governo, com vistas a manter os preços estáveis; • empréstimos aos agricultores para saldarem as dívidas com os bancos. LIBRARY O F CO N G RESS PRIN TS AN D PH O TO G RAPH S D IVISIO N W ASH IN G TO N , D.C. F. D. Roosevelt (1882-1945) foi o 32º presidente dos Estados Unidos. Lentamente, a economia estaduniden- se mostrou sinais de recuperação. Na Eu- ropa, entretanto, assistia-se à ascensão dos movimentos totalitários de direita – nazismo e fascismo, consolidando Hitler e Mussolini no poder político − e o tota- litarismo de esquerda – stalinismo – para fazer frente ao bloco capitalista. EF 9P -1 5- 12 H IS TÓ RI A • G RU PO 1 • V A RI A ÇÕ ES Capítulo 3A crise do capitalismo Ati vidade 8 • A quebra da Bolsa de Valores de Nova York Exercícios de Aplicação 01) Qual é o significado da expressão American Way of Life? 02) A crise econômica de 1929 foi deter- minada, entre outros fatores, pelo(a): a. redução da produção industrial. b. conscientização do operariado. c. descolonização das áreas afro-asi- áticas. d. desequilíbrio entre oferta e procura. e. alta desenfreada dos preços. 03) Leia atentamente o texto e, depois, responda às questões. Violar a lei tornou-se um verda- deiro business [negócio], fonte de imensos lucros, dirigido por profis- sionais com a concordância de mui- tas pessoas honestas... É preciso re- conhecer que burlar a lei [...] exigia um verdadeiro esforço intelectual... Tratava-se de conseguir a mercadoria, de entregá-la, vendê-la, em suma de conquistar uma freguesia... Os acer- tos de contas se faziam abertamente... Mais de mil assassinatos marcaram a guerra do gim em Manhattan. [...] MUHLSTEIN, Anka. A ilha prometida. São Paulo: Companhia das Letras, 1991. a. O texto faz referência a qual lei es- tadunidense? b. Por que a violação dessa lei se tor- nou, ao mesmo tempo, crime e ca- minho para a ascensão social? Trata-se do estilo de vida estadunidense no início da década de 1920, calcado no eleva- do consumo em decorrência do crescimen- to industrial e das facilidades de crédito. Trata-se da Lei Seca, que vigorou nos Es- tados Unidos entre 1920 e 1933, fruto de campanhas moralistas. Possibilitou o enriquecimento rápido e a ligação com outras contravenções domina- das pela máfia. R.: D 198 EF 9P -1 5- 12 Capítulo 3 – A crise do capitalismo \ Grupo 1 Exercícios Propostos 04) A crise de 1929 foi de: a. superprodução × subconsumo. b. pleno emprego. c. superconsumo × subprodução. d. crescimento demográfico × pleno emprego. e. capitalismo × socialismo. 05) Em linhas gerais, podemos afirmar que a Grande Depressão(1929) tem como causas: a. a queda da exportação, o desempre- go e o aumentodo consumo interno. b. a desvalorização da moeda, com o objetivo de elevar os preços dos gêneros agrícolas. c. o fechamento temporário dos ban- cos e a requisição dos estoques de ouro para sanear as finanças. d. a superprodução industrial e agríco- la, que se evidenciou quando o mer- cado não conseguiu mais absorver a produção que se desenvolvera rapi- damente. e. a emissão de papel-moeda e o abandono do padrão-ouro que permitiram ao Banco Central finan- ciar o seguro-desemprego. 06) Leia este trecho de texto e depois res- ponda ao que se pede. […] muita gente, entusiasmada com o crescimento industrial “sem fim”, passou a comprar ações das empresas em vez de consumir. Com isso, o consumo diminuiu e começou a haver superprodução e os estoques de mercadorias aumentavam a olhos vistos. […] Como de costume, os pri- meiros a sentirem os efeitos foram os trabalhadores: o desemprego começou e a pobreza aumentou. O texto anterior refere-se: a. à situação dos Estados Unidos após a Guerra de Secessão. b. à Alemanha após a Primeira Guer- ra Mundial. c. à Itália, durante o processo de uni- ficação política. d. ao Brasil, durante a crise da Repú- blica Velha, que levaria à Revolu- ção de 1930. e. aos Estados Unidos, em fins da dé- cada de 1920. Ati vidade 9 • Repercussões mundiais da crise de 1929 Exercício de Aplicação 01) Após a Primeira Guerra Mundial, os Estados Unidos se tornaram o país mais rico do mundo, consolidando o chamado “sonho americano”. Essa riqueza provinha, em grande parte, do crescimento e do avanço técnico da indústria, o que, por um lado, resultava na maior oferta de produtos industrializados baratos, mas, por outro, ocasionava crescente desemprego, com a substituição de operários por máquinas. O desemprego e as altas aplicações do dinhei- ro do mercado de ações ajudaram a desen- cadear uma crise de repercussão mundial. Identifique essa crise e analise suas principais consequências para os Estados Unidos. R.: A R.: D R.: E No exercício 06, o tex- to descreve a situação econômica dos Estados Unidos no final dos anos 1920, com a que- bra da Bolsa de Nova York, a superprodução agrícola e industrial, o desemprego, a diminui- ção do consumo, entre outros aspectos que caracterizam a Grande Depressão da década de 1930. A crise foi a de 1929, provocada pelo crack (quebra) da Bolsa de Valores de Nova York. As consequências foram violenta recessão econômica, falência de bancos, indústrias e comércio, endividamento dos pequenos e médios proprietários e desemprego em massa (mais de 15 milhões). EF 9P -1 5- 12 História \ Variações 199 02) Após ler o texto, responda aos itens a e b. Uma família isolada mudou-se de suas terras. O pai pedira dinheiro em- prestado ao banco e agora este que- ria as terras. A companhia das terras queria tratores em vez de pequenas famílias nas terras. Se esse trator produzisse os compridos sulcos em nossa própria terra, a gente gostaria do trator, gostaria dele como gostava das terras quando ainda eram da gen- te. Mas esse trator fazia duas coisas diferentes: traçava sulcos nas terras e expulsava-nos delas. Não há quase diferença entre esse trator e um tan- que de guerra. Ambos expulsam os homens que lhes barram o caminho, intimidando-os, ferindo-os. STEINBEK, John. As vinhas da ira. 1972. a. Segundo o texto, como pode ser caracterizada a situação do cam- ponês norte-americano após a cri- se de 1929? b. Cite duas medidas adotadas pelo programa de reformas de Roosevelt (New Deal) para solucio- nar os problemas sociais criados pela crise de 1929. Exercícios Propostos 03) A crise de 1929 afetou todo o mundo capitalista. Quais foram as consequências dessa crise no Brasil e na Alemanha? No Brasil, provocou a queda da República Oligárquica cafeeira e a compra e queima do estoque de café, na tentativa de estabi- lizar os preços do produto. Na Alemanha, ocorreu a ascensão de Hitler, que impôs um regime ditatorial de extrema direita. As terras foram hipotecadas como garantia de empréstimo e tomadas pelos bancos por falta de pagamento. Essas terras acabavam nas mãos dos grandes proprietários, num processo de alta concentração de terras, beneficiando os extremamente ricos, en- Entre outras medidas, houve incentivo aos pequenos agricultores com tabelamento dos produtos agrícolas e empréstimos go- vernamentais para quitação das hipotecas nos bancos. quanto pequenos e médios proprietários eram expulsos das terras. Ao mesmo tem- po, a mecanização (trator) agrícola diminuía a oferta de empregos e liberava mais mão de obra para a cidade. 200 EF 9P -1 5- 12 Capítulo 3 – A crise do capitalismo \ Grupo 1 04) A foto abaixo foi produzida em 1936 e se tornou uma das imagens mais emble- máticas dos Estados Unidos, na década de 1930. Ela mostra uma mãe e seus filhos numa condição de extrema miséria, o que não era incomum à época. FARM SECU RITY AD M IN ISTRATIO N O R O FFICE O F W AR IN FO RM ATIO N / U .S. FED ERAL G O VERN M EN T Tal condição de miséria estava direta- mente relacionada com: a. o desespero causado pela Primeira Guerra Mundial. b. a crise de 1929, em razão da que- bra da Bolsa de Valores. c. a convocação popular para o New Deal. d. a notícia da morte de parentes na Rússia. e. a eclosão da Revolução Bolchevi- que, liderada por Lênin e Trotsky. 05) Entre os anos 1933 e 1937, o governo norte-americano adotou uma série de pro- gramas, no campo econômico e social, tais como: maior controle do Estado sobre os bancos e instituições financeiras, constru- ção de obras de infraestrutura para a gera- ção de empregos, concessão de subsídios e crédito agrícola a pequenos produtores rurais, entre outras medidas. O enunciado anterior refere-se à: a. Emenda Platt, que autorizava a intervenção norte-americana em Cuba a fim de defender os precei- tos da Doutrina Monroe, abalados pela crise de 1929. b. política do Big Stick, adotada pelo presidente Theodore Roosevelt, com o objetivo de implementar um projeto expansionista e interven- cionista sobre os países vizinhos da região do Caribe. c. política do New Deal, do presi- dente Franklin Delano Roosevelt, que tinha o objetivo de recuperar e reformar, por meio de maior in- tervenção estatal, a economia na- cional, que se encontrava abalada pela Grande Depressão. d. implementação da política de combate à expansão do socialis- mo, financiada pela União Sovié- tica, no território americano, du- rante o período conhecido como Guerra Fria. e. política de valorização artificial do preço do café, garantindo o lucro dos cafeicultores, com o objetivo de impedir o avanço do anarcos- sindicalismo no Brasil e garantir o mercado consumidor brasileiro aos norte-americanos. 06) A Grande Depressão, iniciada em 1929, com a crise da Bolsa de Nova York, foi possivelmente o acontecimento do sé- culo XX, cujas repercussões se fizeram sen- tir sobre um maior número de homens e mulheres em todo o planeta. Por que os efeitos da Grande Depressão não afetaram a economia da União Soviética? R.: B R.: C No exercício 05, a Grande Depressão, ini- ciada com a Crise de 1929, persistiu ao longo da década de 1930 até a Segunda Guerra Mun- dial. Ela caracterizou-se por profunda crise eco- nômica, seguida de vio- lenta recessão provoca- da pelas altas taxas de desemprego, queda do PIB, falência generaliza- da dos setores produti- vos e financeiros, que atingiu todo o mundo capitalista. Na Europa Ocidental e na Améri- ca Latina, essa violenta recessão favoreceu o surgimento de vários governos totalitários de direita. Nos EUA, terra da livre-iniciativa, o go- verno viu-se obrigado a intervir drasticamente, adotando medidas eco- nômicas para geração de empregos e dando apoio aos pequenos e aos médios produtores. Desde o triunfo da Revolução de Outubro de 1917, a União Soviética vivia os efeitos do isolamento imposto pela maioria dos países ocidentais, ao que se somava o fato deseus dirigentes estarem empreendendo uma política econômica comprometida com a implementação do socialismo. EF 9P -1 5- 12 História \ Variações 201 Momento de novas descobertas 07) Observe esta imagem e, depois, aten- da ao que é solicitado.. SW IM IN K 2, L LC /C O RB IS /C O RB IS (D C) / LA TI N ST O CK Pesquise o papel do Super-Homem, personagem criado nos Estados Unidos em 1938. Relacione o que você estudou neste capítulo ao herói Super-Homem e produza um pequeno texto sobre suas conclusões. Resposta pessoal A criação de tal personagem estava relacio- nada ao fortalecimento da autoestima da sociedade estadunidense, abalada pela de- pressão econômica, enquanto a União Sovi- ética, socialista, prosperava. 202 EF 9P -1 5- 12 Capítulo 3 – A crise do capitalismo \ Grupo 1 Anotações EF 9P -1 5- 21 H IS TÓ RI A • G RU PO 2 • A Çà O E R EA Çà O Capítulo 4Totalitarismo de direita Totalitarismo: origens No chamado período entreguerras (1919-1939), surgiram, em grande parte dos países do mundo, movimentos inter- nos de contestação ao regime estabelecido e à crise mundial provocada pela quebra da Bolsa de Valores de Nova York, em 1929. Como reação a esses movimentos, nasce- ram grupos totalitários de direita – o nazi- fascismo – e de esquerda – o stalinismo. © S U CC ES SI O N M AR CE L D U CH AM P/ LI CE N CI AD O P O R AU TV IS , B RA SI L, 2 01 3 Após a Primeira Guerra Mundial (1914- 1918), a Europa, até então "o centro do mundo", estava literalmente destruída. Contudo, antes mesmo da deflagração do conflito, havia pessoas "antenadas" com o ambiente propício à destruição, assim como com as consequências que isso traria para o Velho Continente. Em 1913, o artista francês Marcel Duchamp (1887-1968) expôs sua obra Roda de bicicleta (acima), em que a roda não serviria para andar, tampouco a cadeira para sentar. Tratava- -se de uma visão desconstrucionista de alguém que não via sentido em produzir uma obra de arte segundo padrões tradicionais europeus, em meio a um mundo que mostrava suas contradições. Na Europa Ocidental, o endurecimento e o radicalismo político de direita foram a resposta para enfrentar as crises internas e o avanço das ideias socialistas da vizinha União Soviética. Na Europa Oriental, após a morte de Lênin, Stálin ascendeu ao poder e iniciou uma série de perseguições aos inimigos políticos. Conseguiu eliminar seus adver- sários nos famosos Expurgos de Moscou, transformando as terras geladas da Sibéria num imenso campo de concentração. Tanto de um lado como de outro, a cri- se mundial de 1929 forneceu o pretexto para justificar o totalitarismo governamen- tal, culpando a liberdade individual como a responsável pelo caos. A principal diferença entre o totali- tarismo de direita e o totalitarismo de esquerda residia em suas ideologias: o primeiro apoiava e era apoiado pela bur- guesia, enquanto o segundo se susten- tava em um regime socialista, portanto, antiburguês. Mesmo assim, é possível traçar seme- lhanças entre esses totalitarismos: • política − supremacia total do Es- tado, nacionalismo exacerbado, exaltação da figura do “líder”, des- prezo pelas práticas democráticas e desenvolvimento de um forte militarismo; • economia − desenvolvimento e proteção da indústria nacional, além da realização de obras públi- cas; • sociedade − apelo às massas; • cultura − censura, controle sobre o sistema educativo, manipulação do sentimento coletivo das massas e arte produzida para enaltecer o regime. Entretanto, cabe ressaltar que, em cada país onde existiu regime totalitarista, hou- ve aspectos particulares que se manifesta- ram conforme a necessidade e o interesse dos seus governantes. O grupo Ação e Rea- ção tratará dos regimes totalitários formados no período entreguer- ras (1919-1939), dividi- dos em manifestações de direita (fascismo e nazismo) e manifesta- ções de esquerda (sta- linismo). Trata-se de um momento histórico marcado pelo descré- dito dos mais conser- vadores quanto ao liberalismo político e econômico, assim como pelo temor desse grupo quanto ao sucesso do socialismo soviético. Por outro lado, o tota- litarismo de esquerda buscou afirmar o regi- me socialista na União Soviética. É um bom momento para mos- trar aos alunos como o mundo já começava a se encontrar “dividido” entre adeptos do capi- talismo – ainda que fora da esfera liberal – e do 148 EF 9P -1 5- 21 Capítulo 4 – Totalitarismo de direita \ Grupo 2 Itália e o fascismo: antecedentes Ao final da Primeira Guerra Mundial, a Itália estava entre os vencedores, mas descontente. Seu representante na Confe- rência de Paris retirou-se antes do término por não concordar com algumas medidas, como a entrega de Fiume e Dalmácia à re- cém-criada Iugoslávia. Os custos financei- ros desse país com a guerra também não foram recuperados. A esses fatos se somam os prejuízos hu- manos na guerra – milhares de mortos e, na agricultura, campos inteiros devastados –, ocasionando o colapso no abastecimento e a falência das indústrias, o que provocou inflação e desemprego. Enquanto isso, o governo se perdia nas disputas partidárias, agravando ainda mais o quadro de insatis- fação popular. Nesse ambiente conturbado, fortale- ceu-se Benito Mussolini, fundador da or- ganização "Fascio de Combatimento", o embrião do Partido Fascista. LI BR AR Y O F CO N G RE SS P RI N TS A N D P H O TO G RA PH S D IV IS IO N W AS H IN G TO N , D .C . Benito Amilcare Andrea Mussolini. A palavra fascio, que deu origem ao termo fascismo, tem sua origem na Roma Antiga. O fasces era um feixe de varas amarradas em volta de um machado. O termo deriva da expressão, em latim, fasces lictoris (feixe de lictor). No Império Romano, estava associado ao poder e à autoridade: portando um fasces, o lictor – oficial que andava à frente dos principais magistrados na Antiga Roma – abria caminho em meio ao povo para a passagem deles, nas mais variadas cerimônias. Mais tarde, Mussolini formou milícias ar- madas conhecidas como “camisas-negras”. A finalidade era perseguir e combater socialis- tas e comunistas com o uso da violência. O movimento logo recebeu a adesão de partidos frustrados – os "ardentes" –, da classe média e da burguesia; estas se sen- tiam assustadas com o avanço das ideias socialistas, especialmente entre a massa de desempregados e empregados urbanos. Sob a ameaça de greve geral convocada pelos comunistas, Mussolini, apoiado por 50 mil camisas-negras, realizou uma gigan- tesca demonstração de força, exigindo que o governo tomasse as devidas providên- cias e estabelecesse a ordem no país. Esse episódio ficou conhecido como “Marcha sobre Roma”. PH O TO 12 / AFP Fascistas caminham durante a chamada “Marcha sobre Roma”, em outubro de 1922. Surpreendentemente, o então rei Vítor Emanuel III (na foto abaixo) convidou-o para formar um novo governo. LEEM AG E / AFP socialismo. Essa duali- dade, além de ter sido um dos motivos para a eclosão da Segunda Guerra, iria ser acentu- ada posteriormente na chamada Guerra Fria. EF 9P -1 5- 21 História \ Ação e reação 149 O governo fascista italiano Tão logo assumiu o poder, Mussolini tratou de eliminar as oposições por meio de prisões, eleições fraudulentas e fecha- mento de jornais. Exigiu ainda mais pode- res, o que foi aprovado pelo Parlamento. O deputado socialista Giacomo Matteotti denunciou as irregularidades nas eleições de 1924 e exigiu sua anulação. Logo em segui- da, Matteotti foi sequestrado e assassinado pelos camisas-negras. Entre 1925 e 1926, o Estado promulgou uma série de leis de exceção, fortalecendo o poder de Mussolini: extinguiu todos os parti- dos políticos – só ficando o Fascista –, supri- miu o direito de greve e liquidou a liberdade de imprensa. Dessa forma, consolidava-se o totalitarismo. A nova ordem era: “Nada devehaver acima do Estado, nada fora do Estado, nada contra o Estado”. E o Estado era perso- nificado por ele próprio: o Duce Mussolini. Em 1929, Mussolini assinou o Tratado de Latrão com a Igreja, pondo fim à fa- mosa Questão Romana, que se arrastava desde 1871, quando houve a unificação italiana e o papa Pio IX, não concordando em perder os territórios eclesiásticos, pro- clamou-se prisioneiro do governo italiano. Com o Tratado de Latrão, o governo italia- no reconheceu o Estado do Vaticano, em Roma, sob o governo do papa. Em troca, a Igreja concedeu seu apoio a Mussolini e ao regime fascista. LE EM AG E / AF P Pio XI (Ambrogio Damiano Achille Ratti, 1857-1939) foi o Papa da Igreja Católica que, ao assinar o Tratado de Latrão, em 1929, tornou-se também o primeiro soberano do Estado do Vaticano. Nesse mesmo ano, 1929, a Itália foi atingida pela crise mundial provocada pela "Quinta-Feira Negra" e pela quebra da Bol- sa de Valores de Nova York. Como resposta à crise, Mussolini intensificou a produção de armas e iniciou sua política imperialista sobre o norte da África. Ao mesmo tempo, a propaganda oficial alardeava os glorio- sos feitos do passado e o retorno à gran- deza do Império Romano juntamente com o culto à pessoa de Mussolini – o Duce (o chefe). D E AG O STIN I/G ETTY IM AG ES Benito Mussolini discursa na Praça Duomo (Milão), em maio de 1930. A Alemanha e o nazismo: antecedentes Em 1918, antes mesmo de terminar a Primeira Guerra, os alemães já sentiam a derrota no ar. Socialistas, comunistas, anarquistas, nacionalistas, liberais-demo- cratas, militares e outros provocaram uma onda de agitação por toda a Alemanha, que culminou na abdicação do kaiser Gui- lherme II em novembro. Nascia a Repúbli- ca de Weimar dos escombros do II Reich. Após a guerra, a Alemanha foi obrigada a aceitar as condições humilhantes impos- tas pelos países vencedores, no Tratado de Versalhes. Isso provocou insatisfação e re- volta, agravando a crise econômica e social interna do povo alemão. 150 EF 9P -1 5- 21 Capítulo 4 – Totalitarismo de direita \ Grupo 2 Em 1923, o governo alemão decidiu não pagar as parcelas da indenização de guerra correspondente àquele ano. Em represá- lia, tropas franco-belgas invadiram a região industrial do Ruhr. Os trabalhadores, com apoio do governo, entraram em greve. Para sustentar a situação, o governo imprimiu dinheiro desordenadamente, resultando em hiperinflação. Para se ter uma ideia, um dólar valia, em janeiro, 7.260 marcos; em novembro, valia 4,2 mi- lhões, isto é: um carrinho de mão cheio de notas comprava um mísero pão! Adolf Hitler, líder do Partido Nacional- Socialista dos Trabalhadores Alemães, ten- tou aproveitar-se da situação, dando um golpe de Estado – o Putsch de Munique –, mas fracassou e foi preso. Esse partido ficou conhecido como Nazi. D PA /A FP Adolf Hitler, em foto do início da década de 1920. Na prisão, Hitler ocupou o tempo es- crevendo a obra que se tornaria a "bíblia" dos partidos de direita, Mein kampf (Mi- nha luta), na qual expôs os fundamentos do nazismo. Segundo Hitler: • o liberalismo e o individualismo enfraqueciam a Nação, enquanto a democracia e o comunismo ge- ravam o caos. Somente o Estado e a força seriam capazes de impor e manter a ordem; • as ideias bolcheviques infiltradas nas organizações sindicais de tra- balhadores eram responsáveis pela subversão da ordem e da paz; • o povo alemão, descendente dos cavaleiros teutônicos e fundadores do Sacro Império Romano-Germâ- nico, deveria se orgulhar do passa- do e reerguê-lo; • a guerra era a fonte de inspiração dos bravos; • fazia-se necessária a perseguição aos judeus (antissemitismo), que, por não terem pátria, viviam pelo mundo explorando e se enrique- cendo à custa do trabalho de ou- tros povos, dominando a indústria, o comércio e os bancos; • somente a raça ariana era superior e, portanto, tinha o direito de go- vernar o mundo; • a Alemanha necessitava de territó- rios para se desenvolver (“espaço vital”). RO G ER_VIO LLET /AFP Mein kampf está dividido em dois volumes: o primeiro, escrito por Hitler quando ele ainda estava preso, foi lançado em 1925; o segundo, no ano seguinte. Em 1925, o presidente Paul von Hindenburg foi eleito e, apoiado por forças conservadoras, colocou um freio nas radicalizações políticas; o próprio Partido Nazista perdeu eleitores nas eleições de 1928. Em 1929, como se sabe, a quebra da Bolsa de Valores de Nova York mergulhou o mundo numa depressão econômica EF 9P -1 5- 21 História \ Ação e reação 151 sem precedentes. Indústrias e bancos fa- liram, os Estados Unidos da América reti- raram sua ajuda econômica e, três anos após, a Alemanha contabilizava 6 milhões de desempregados. A agitação e a radicalização política vol- taram às ruas: de um lado, os comunistas defendiam a revolução popular nos mol- des soviéticos como a saída para a crise; de outro lado, os nazistas, por meio das tropas de assalto – SA –, reprimiam violen- tamente as manifestações de esquerda. Em razão dos inflamados discursos contra o "perigo soviético", Hitler passou a contar com o apoio da burguesia alemã e dos profissionais liberais. Seu discurso na- cionalista atraía milhares de adeptos entre os camponeses, os trabalhadores e os de- sempregados urbanos. D PA /A FP Paul von Hindenburg (1847-1934), militar e político alemão, presidiu o país de 1925 até o ano de sua morte, enquanto vigorava a República de Weimar. Os nazistas passaram a promover gi- gantescas demonstrações de força com desfiles das Seções de Assalto (SA) e das Brigadas de Segurança (SS). Eles criticavam os liberais-democratas, os comunistas e os judeus e prometiam trabalho para todos e controle dos preços das mercadorias. A bandeira nazista – vermelha com a cruz gamada – passou a se multiplicar nessa Alemanha confusa. As ruas se en- chiam de camisas-pardas – o uniforme dos membros das SA, uma milícia paramilitar liderada pelo capitão Ernest Rohm. Mais tarde, surgiram os camisas-negras, as SS, um corpo policial de elite conhecido pelo fanatismo e liderado por Himmler. Em janeiro de 1933, o presidente Hindenburg nomeou Hitler chanceler (primeiro-ministro). G ERM AN FED ERAL ARCH IVES O incêndio do Reichstag (Parlamento alemão), em fevereiro de 1933, foi utilizado pelos nazistas como pretexto para a eliminação física dos comunistas. O governo nazista alemão Ao assumir o posto, Hitler iniciou a escalada para o totalitarismo: dissolveu o Parlamento, convocou novas eleições e colocou as tropas das SA e SS para "fisca- lizarem" o processo eleitoral. A oposição foi violentamente perseguida e as eleições foram garantidas para os nazistas. 152 EF 9P -1 5- 21 Capítulo 4 – Totalitarismo de direita \ Grupo 2 © B ET TM AN N /C O RB IS /C O RB IS (D C) / LA TI N ST O CK Em maio de 1933, ocorreu a grande queima de livros, episódio no qual os nazistas destruíram obras de pensadores judeus ou outros considerados antigermânicos. Entre eles, Thomas Mann, Walter Benjamin, Bertold Brecht, Sigmund Freud, Albert Einstein e Karl Marx. Na foto, vemos os nazistas em ação na noite de 10 de maio de 1933, em Berlim. Em seguida, Hitler eliminou a oposição dentro das fileiras nazistas ao promover assassinatos em massa das SA pelas tro- pas das SS, episódio que ficou conhecido como"Noite dos longos punhais” (30 de ju- nho de 1934). Com a morte do presidente em 1934, Hitler assumiu o controle político do Esta- do e das Forças Armadas e se autodeno- minou Führer, o chefe. Transferiu a capital alemã de Weimar para Berlim, pôs fim à República e fundou o III Reich, sucedendo ao I Reich – Sacro Império Romano-Germâ- nico (962-1806) – e ao II Reich – o Império dos Hohenzollern (1871-1918). O Führer decretou as Leis de Nuremberg, uma legislação antissemita, responsabili- zando os judeus pelas crises econômicas e sociais, considerando-os de "raça infe- rior". Nachamada “Noite dos Cristais” (9 de novembro de 1938), os nazistas destru- íram sinagogas, lojas e habitações de judeus. Economicamente, recuperou o país, combatendo o desemprego com grandes obras públicas – estradas, ferrovias, aero- portos – e incentivos à indústria, em espe- cial a de armamentos, apesar da proibição do Tratado de Versalhes. AU TO R D ESCO N H ECID O Monumento à Frente de Trabalho Alemã, na cidade de Dortmund, importante centro industrial. A foto, de 1935, permite visualizar as palavras de Hitler acerca do que ele compreendia ser um socialista: “Sou socialista, pois me parece incompreensível tratar uma máquina com cuidado, mas deixar os melhores representantes do trabalho, os seres humanos, afastados dele". Convém ressaltar que a Frente de Trabalho Alemã foi criada pelos nazistas para substituir todos os sindicatos e agregar, em torno dela, trabalhadores e empresários – em suma, todos os "representantes do trabalho" – sob os cuidados do governo. O controle da opinião pública e da oposição era exercido pela censura, pelo uso intenso da propaganda oficial (Minis- tério da Propaganda, dirigido por Joseph Goebbels) e pela violência da Gestapo, polícia secreta, que prendia e executava qualquer suspeito. Em 1936, a Alemanha nazista sediou os Jogos Olímpicos. Hitler viu nesse even- to a possibilidade de mostrar a superio- ridade da raça ariana sobre as demais. Contudo, as atuações do afro-americano Jesse Owens impediram a plena realiza- ção do Führer. EF 9P -1 5- 21 História \ Ação e reação 153 M O N TA G EM S O BR E FO TO S D E TI M E & L IF E PI CT U RE S/ G ET TY IM AG ES E L IB RA RY O F CO N G RE SS P RI N TS A N D PH O TO G RA PH S D IV IS IO N W AS H IN G TO N , D .C No Estádio Olímpico de Berlim, Jesse Owens ganhou quatro medalhas de ouro (nos 100 m e 200 m rasos, no salto em distância e no revezamento 4 × 100 m). Quanto à educação, Hitler pôs em prática o que já havia escrito em Mein kampf: “Todo o sistema educacional deve ter como objetivo dar às crianças de nosso povo a certeza de que são absolutamente superiores aos outros povos”. Assim, a partir dos seis anos, as crian- ças eram recrutadas para as fileiras na- zistas, cuja educação tinha por objetivo formar um novo homem, livre das humi- lhações do Tratado de Versalhes e orgu- lhoso do passado glorioso do Sacro Impé- rio Romano-Germânico e da Alemanha de Bismarck (II Reich). G AM M A- KE YS TO N E / G ET TY IM AG ES Encontro da juventude hitlerista, no Estádio Olímpico de Berlim, em 1º de maio de 1937. Guerra Civil Espanhola Em 1936, na Espanha, o general Fran- co recebeu apoio de Hitler e Mussolini. Três anos depois, em 1939, Franco assu- miu o poder, após violenta guerra civil, controlando o país até o final da década de 1970. © BETTM AN N /CO RBIS/CO RBIS (D C) / LATIN STO CK General Francisco Franco (1892-1975) Inspirado nas ideias fascistas e com apoio clerical, Franco organizou as Falan- ges (integradas pelos nacionalistas), en- quanto o povo formava a Frente Popular (integrada pelos republicanos). Evolução da Guerra Civil Espanhola La Coruña PORTUGAL Oviedo Burgos Pamplona FRANÇA Gerona Barcelona Tarragona Saragoça Valladolid Madri Cáceres Castela Valência Alicante Almeria Granada Málaga Córdoba Sevilha Mar Mediterrâneo OCEANO ATLÂNTICO TERRITÓRIOS ESPANHÓIS NO MARROCOS Guerra Civil Espanhola – set. 1836 Zona nacionalista inicial Avanço nacionalista Zona republicana 154 EF 9P -1 5- 21 Capítulo 4 – Totalitarismo de direita \ Grupo 2 La Coruña PORTUGAL Oviedo Bilbao FRANÇA Barcelona Tarragona SaragoçaValladolid Salamanca Madri Castela Valência Alicante Granada Cádiz Málaga Córdoba Sevilha Mar Mediterrâneo TERRITÓRIOS ESPANHÓIS NO MARROCOS Algérie Guerra Civil Espanhola – Out. 1937 Zona republicana Zona nacionalista La Coruña PORTUGAL Oviedo Bilbao FRANÇA Barcelona Tarragona SaragoçaValladolid Salamanca Madri Castela Valência Alicante Granada Cádiz Málaga Córdoba Sevilha Mar Mediterrâneo TERRITÓRIOS ESPANHÓIS NO MARROCOS Guerra Civil Espanhola – Nov. 1938 Zona republicana Zona nacionalista Cinquenta mil voluntários de vários países formaram as Brigadas Internacio- nais em apoio à Frente Popular contra os falangistas. A ajuda ítalo-alemã foi fundamental para a vitória dos fascistas. A guerra es- panhola serviu de “laboratório” para que Hitler testasse equipamentos e táticas bé- licas, que seriam usadas, posteriormente, na Segunda Guerra Mundial. AU TO R D ESCO N H ECID O , 1938 Desfile das Brigadas Internacionais nas ruas de Barcelona, em outubro de 1938, momento no qual a guerra se definia como favorável aos nacionalistas (fascistas). Os horrores da Guerra Civil Espanhola foram denunciados por artistas e escri- tores. Entre eles: o autor de Por quem os sinos dobram?, Ernest Hemingway, que lutou nas brigadas; o fotógrafo Robert Capa, que captou o cotidiano da guerra, acompanhando os republicanos; e Pablo Picasso, que retratou o conflito em seus quadros Guernica, por exemplo, tela ins- pirada no bombardeio sofrido pela cidade de Guernica, anteriormente capital basca, durante a Guerra Civil Espanhola, em 26 de abril de 1937. RO BERT CAPA, ERN Ö , ERN EST AN D REI FRIED M AN A morte de um miliciano, de Robert Capa, é uma das fotos mais marcantes sobre a Guerra Civil Espanhola. Trata-se do combatente legalista Federico Borrell García, o "Taino", anarquista espanhol morto, aos 24 anos, em combate na região de Córdoba, em 5 de setembro de 1936, mas há contestações sobre a veracidade da foto. EF 9P -1 5- 21 História \ Ação e reação 155 © SU CCESSIO N PABLO PICASSO / LICEN CIAD O PO R AU TVIS, BRASIL, 2013 © B ET TM AN N /C O RB IS /C O RB IS (D C) / LA TI N ST O CK Ruínas da cidade de Guernica, localizada no País Basco – parte integrante da Espanha –, após bombardeio aéreo realizado por aviões alemães da Legião Condor, em abril de 1937. O ataque apoiou as forças do general Franco, que invadiram a cidade posteriormente. Além disso, serviu também para testar aviões de guerra da Alemanha e dar experiência no combate aéreo à Luftwaffe (força aérea alemã). O quadro Guernica, pintado por Pablo Picasso em 1937, representa os horrores causados pelo bombardeio à cidade. No documento abaixo, assinado pelo “generalíssimo” – como ficou conhecido o general Francisco Franco –, foi declarado o fim da Guerra Civil Espanhola. FR AN CI SC O F RA N CO “Hoje, preso e desarmado o exército vermelho, as tropas nacionais atingiram seus últimos objetivos militares. A guerra terminou. O generalíssimo Franco Burgos, 1º de abril de 1939.” Consequências do nazifascismo europeu São inegáveis as melhorias socioeconô- micas que tanto o fascismo na Itália quan- to o nazismo na Alemanha foram capazes de produzir para as suas respectivas po- pulações. É importante lembrar que esses regimes surgiram num momento em que ambos os países viviam graves situações nas áreas sociais e econômicas por conta da Primeira Guerra Mundial. Entretanto, tais melhorias foram obti- das por meio de governos que se impu- seram pela força, pela censura e por uma forte ideologia, impedindo que o povo ti- vesse força para contradizê-los. Aqueles que se opuseram foram presos, mortos ou viram-se obrigados a fugir para ou- tros países. Um dos resultados desse “povo con- trolado” foi o desenvolvimento do princí- pio corporativista, característica marcante do nazifascismo. Misturando-se à ideia de nação forte, unida e insuperável, o povo não podia desunir-se em diferentes parti- dos, sindicatos, agremiações ou ideologias políticas: devia formar um único corpo, e essa unidade se daria em torno do “gran- de líder” (o Duce, na Itália, e o Führer, na Alemanha). Tais princípios ideológico-governamen- tais se expandiram para outros países eu- ropeus, a exemplo de Portugal,com Anto- nio Salazar, assim como para a América. No Brasil, a Ação Integralista Brasileira foi uma organização político-partidária de ins- piração fascista. 156 EF 9P -1 5- 21 Capítulo 4 – Totalitarismo de direita \ Grupo 2 AU TO R D ES CO N H EC ID O Membros da Ação Integralista Brasileira – devidamente uniformizados –, em Viçosa do Ceará, município localizado no noroeste do estado cearense. Por fim, os expansionismos militares nazifascistas acabaram levando a Europa à Segunda Guerra Mundial. A partir de 1938, Hitler anexou a Áustria (Anschulss) e passou a reivindicar outros territórios em nome do "Espaço vital" alemão. Dois anos antes, ele e Mussolini ha- viam assinado um acordo, dando origem ao eixo Roma-Berlim (ao qual se integra- ria, mais tarde, o Japão, formando o Eixo Roma-Berlim-Tóquio). A Segunda Guerra Mundial estava a caminho. H U LTO N ARCH IVE / G ETTY IM AG ES Mussolini e Hitler passam as tropas em revista, em Munique, na visita de Mussolini à Alemanha, em 1937. EF 9P -1 5- 22 H IS TÓ RI A • G RU PO 2 • A Çà O E R EA Çà O Capítulo 4Totalitarismo de direita Ati vidade 10 ● Totalitarismo: origens Exercícios de Aplicação 01) Leia atentamente o texto e depois responda ao que se pede. Que época bárbara, anárquica e in- verossímil foi a dos anos em que, com a perda do valor do dinheiro, todos os outros valores na Áustria e na Alema- nha decaíram. Foi uma época de êxtase entusiástico e fraudes ousadas, foi um misto de sofreguidão e de fanatismo. Tudo o que era extravagante e inve- rificável teve então a sua época áurea [...]. Tudo o que prometia excitações máximas, superiores às até então co- nhecidas, toda espécie de veneno ine- briante, [...] tiveram grande saída; nas peças teatrais o incesto e o parricídio, na política o comunismo e o fascismo constituíam a temática extrema e a única desejável; toda espécie de nor- malidade e moderação, ao contrário, era absolutamente condenada. [...] Sob a superfície aparentemente calma, a nossa Europa estava cheia de correntes perigosas. ZWEIG, S. O mundo que eu vi. Memórias de um europeu. Rio de Janeiro: Guanabara, 1942. Que mensagem o autor do texto nos passa? 02) Sobre o contexto de emergência do nazifascismo na Europa, marque a alterna- tiva correta. a. Período marcado pela descrença na democracia, em diversas na- ções europeias. b. Período de declínio do naciona- lismo, principalmente nos países que foram derrotados na Primeira Grande Guerra. c. Período de grande prosperidade das economias nacionais, especial- mente nos países que compunham a aliança vitoriosa na Primeira Guerra Mundial. d. Período marcado pelo chamado fim das ideologias e pela expansão do liberalismo. e. Período de paz entre as nações e de tolerância racial e étnica nos países ocidentais. 03) Leia atentamente o texto e, em segui- da, responda ao que se pede. O que o fascismo rejeita total- mente é a sociedade liberal do século XIX. O fascismo não crê que os ho- mens sejam naturalmente iguais nem que o homem seja naturalmente bom. Esta condenação global dá origem a algumas rejeições. “Rejeição da democracia”: consi- derada podre, porque é dominada por grupos de pressão e é incapaz de sal- vaguardar o interesse nacional. O sistema parlamentar não passa de um jogo estéril, o pluralismo dos parti- dos apenas gera divisões e discussões inúteis, a escolha dos dirigentes políti- cos pelo povo é nociva. “Rejeição da razão”: o fascismo é uma reação anti-intelectualista, uma desforra do instinto, prega o culto da ação, proclama a virtude da violência. MICHEL, H. Os fascismos. Lisboa: D.Quixote, 1977. Adaptado. Em suas “memórias”, o autor descreve, de maneira negativa, o período entreguerras (1919-1939), demonstrando o sentimento de que a crise econômica da época era vivi- da igualmente pela crise de valores morais. R.: A 158 EF 9P -1 5- 22 Capítulo 4 – Totalitarismo de direita \ Grupo 2 Exercícios Propostos 04) Entre os eventos políticos mais signifi- cativos do período entreguerras, podemos mencionar: a. o fortalecimento das democracias parlamentares e o advento do fas- cismo na Alemanha e em Portugal. b. a crise do regime capitalista e o advento do comunismo na Rússia e na China. c. a vitória das frentes populares con- tra o fascismo na França e na Es- panha. d. a formação de um bloco socialista sob a hegemonia da União Sovié- tica em oposição ao bloco capita- lista sob a hegemonia dos Estados Unidos. e. a crise das democracias parlamen- tares e o advento do fascismo na Itália e na Alemanha. 05) A charge reflete um momento do período entreguerras, em que a burguesia eu- ropeia fez, em alguns países, a opção por guardar sua posição de classe dominante a qualquer custo. NOVAIS, Carlos Eduardo; RODRIGUES, Vilmar. Capitalismo para principiantes. São Paulo: Ática, 1991. O que justificou a atitude dessa burguesia europeia? Discuta o texto com seu grupo e depois elabore uma crítica comentando como o fascismo condena a democracia e o so- cialismo, criticando ou apoiando as ideias apresentadas. R.: E O receio com relação ao avanço do socialismo é uma tentativa de responder ao colapso econômico promovido pela crise de 1929. Resposta coletiva No exercício 03, é in- teressante observar a posição tomada pelos grupos diante da ques- tão, sobretudo no to- cante aos argumentos que deverão apresen- tar. EF 9P -1 5- 22 História \ Ação e reação 159 06) Observe estas imagens: ALEXAN D ER ZAVAD SKY / SH U TTERSTO CK LIBRARY AN D ARCH IVES CAN AD A O período entre as duas guerras mundiais (1919-1939) foi marcado pela(o): a. crise do capitalismo, do liberalismo e da democracia e pela polarização ideológica entre fascismo e comu- nismo. b. sucesso do capitalismo, do libera- lismo e da democracia e pela coe- xistência fraterna entre fascismo e comunismo. c. estagnação das economias socia- lista e capitalista e pela aliança en- tre os EUA e a URSS para deter o avanço fascista na Europa. d. prosperidade das economias ca- pitalista e socialista, pelo apare- cimento da Guerra Fria entre os EUA e a URSS, pela coexistência pacífica entre os blocos america- no e soviético e pelo surgimento do capitalismo monopolista. e. estagnação da economia capitalis- ta e pela aliança entre os EUA e a China para deter o avanço fascista na Europa. Ati vidade 11 ● Itália e o fascismo: antecedentes Exercícios de Aplicação 01) Quais destes fatores contribuíram para a ascensão do fascismo na Itália du- rante a década de 1920? a. Antinacionalismo e ascensão do proletariado b. Crescimento econômico e fortale- cimento do poder real c. Ascensão do campesinato e expan- são colonial d. Nacionalismo e crise econômica e. Fortalecimento do liberalismo e aliança ítalo-russa 02) O que foi a Marcha sobre Roma? R.: A R.: D Manifestação dos fascistas italianos – os “camisas-negras” –, em outubro de 1922, exigindo do rei Victor Emanuel III a chegada de Mussolini ao poder. 160 EF 9P -1 5- 22 Capítulo 4 – Totalitarismo de direita \ Grupo 2 Exercícios Propostos 03) Qual a origem da palavra fascismo? 04) Descreva as principais condições que provocaram a ascensão do fascismo na Itália. Ati vidade 12 ● O governo fascista italiano Exercícios de Aplicação 01) “Tudo para o Estado, nada contra o Estado, ninguém fora do Estado [...]. O Es- tado [...] deve ser o zeloso guardião, o de- fensor e o propagador da tradição nacio- nal, do sentimento nacional, da vontade nacional” (Benito Mussolini). O princípio ideológico básico dos regimes políticos surgidos na Itália e na Alemanha, no período entre as guerras mundiais, ti- nha por fundamento: a. a recusa dos princípios antirracio- nais de exaltação da força física e da violência. b. o apoio político tanto ao interna- cionalismo proletário quanto ao internacionalismo financeiro. c. a crença no princípio de que a li- berdade individual é a finalidade principal da sociedade industrial-tecnológica. d. a afirmação do nacionalismo e a negação dos valores da democra- cia parlamentar e do Estado liberal. e. o respeito à existência de diferen- tes correntes de pensamento, ex- pressa na participação de nume- rosos partidos na condução dos problemas nacionais. 02) Explique a importância do tratado de Latrão. A origem do termo “fascismo” remonta à Roma Antiga, em que um feixe de varas amarradas em volta de um machado, cha- mado fasces, era usado, nas mais variadas cerimônias, por um lictor (fasces lictoris), que abria caminho em meio ao povo para a passagem de magistrados. Trata-se, portan- to, de um símbolo de autoridade. Embora tenha lutado ao lado dos países vi- toriosos na Primeira Guerra Mundial, a Itália se viu envolvida numa séria crise socioeco- nômica, a partir de 1919. As terras prometi- das pela França e pela Inglaterra não foram entregues; a desmobilização do Exército provocou o desemprego. Além disso, os par- tidos socialistas cresciam rapidamente para desagrado da burguesia italiana. Foi sob esse clima que surgiu o fascismo na Itália, fundado por Benito Mussolini, cuja chegada ao poder se deu em outubro de 1922. R.: D Em 1929, o papa Pio XI e o Duce Mussolini assinaram o Tratado de Latrão, colocando fim ao impasse entre Igreja e Estado, que se arrastava desde 1871, quando Roma foi ocupada pelos nacionalistas italianos, com- pletando a unificação política. Com esse tratado, o governo italiano reconhecia a in- dependência do Estado do Vaticano, sob o comando do papa. EF 9P -1 5- 22 História \ Ação e reação 161 Exercícios Propostos 03) “É melhor um dia de leão do que cem de carneiro. Acredita! Obedece! Luta!” Esses slogans eram repetidos em manifes- tações populares: a. na França, durante o período do Diretório, quando os girondinos clamavam a união com os jacobi- nos. b. na Itália, no momento em que os interesses individuais e os de clas- se passaram a se subordinar aos do Estado fascista. c. na Rússia, quando os trabalhado- res se organizaram em dachas e passaram a planificar as atividades agrícolas. d. no Brasil, quando o governo Collor conclamou a população a lutar pela emancipação política do país. e. nos EUA, por ocasião da luta dos sulistas em busca de apoio à causa abolicionista. 04) “Criamos o nosso mito. O mito é uma fé, é uma paixão. Não é preciso que seja uma realidade. [...] O nosso mito é a na- ção, o nosso mito é a grandeza da nação” (Benito Mussolini, Ópera Omnia). Acerca das ideias e das práticas fascistas, assinale a alternativa correta. a. O nacionalismo fascista foi essen- cialmente liberal e pacifista. b. O fascismo influenciou a execução da Revolução Russa, liderada por Lênin, em 1917. c. “Tudo no Estado, nada fora do Es- tado, nada contra o Estado”, lema propagado por Mussolini, restrin- giu-se apenas à Itália. d. O fascismo defendia a ação práti- ca, assentada na total obediência ao Estado. e. Benito Mussolini não recorreu à história para desenvolver o fascis- mo italiano. Ati vidade 13 ● A Alemanha e o nazismo: antecedentes Exercícios de Aplicação 01) No início da década de 1930, Adolf Hitler e os nazistas chegaram ao poder na Alemanha: a. em consequência de uma aliança com os comunistas. b. pelas mãos do Exército alemão. c. por meio de uma ação golpista. d. por meio de uma mobilização se- melhante à que ocorreu na Itália, em 1922. e. por meio da iniciativa do então presidente Hindenburg. 02) Hitler, em seu livro Minha luta, es- creveu: “Todo o sistema educacional deve ter como objetivo dar às crianças de nosso povo a certeza de que são absolutamente superiores aos outros povos”. De acordo com o texto, podemos afirmar que Hitler defendia: a. a subordinação do sistema educa- cional às necessidades políticas do Estado. b. a independência do sistema edu- cacional em relação às necessida- des da família alemã. c. o sistema educacional como o úni- co agente capaz de formar cida- dãos críticos. d. o sistema educacional como o úni- co instrumento de transformação socialista. e. o sistema educacional alemão como uma instituição inferior à de outros povos. R.: B R.: D R.: E R.: A 162 EF 9P -1 5- 22 Capítulo 4 – Totalitarismo de direita \ Grupo 2 Exercícios Propostos 03) Entre os fatores que possibilitaram a emergência do nazismo na Alemanha, em 1933, podemos mencionar: a. o advento do fascismo na Itália e na França e o intenso avanço eco- nômico alemão durante a década de 1920. b. a crise do regime parlamentar nas democracias europeias e o apoio dos socialistas e comunistas aos nazifascistas. c. as vantagens conseguidas com a assinatura da paz de Versalhes e a tradição militarista na Alemanha. d. as consequências desastrosas da Segunda Guerra Mundial e a crise do capitalismo liberal. e. os efeitos da crise econômica da década de 1920 e o agravamento das lutas de classes, provocando reação nos grupos dominantes ameaçados. 04) Em Mein kampf, Hitler escreveu: Todo cruzamento de dois seres de valor desigual dá como produto um meio-termo entre os valores dos pais [...]. Tal ajuntamento está em contra- dição com a vontade da natureza, que tende a elevar o nível dos seres. Este objetivo não pode ser atingido pela união de indivíduos de valores dife- rentes, mas só pela vitória completa e definitiva dos que representam o mais alto valor. O papel do mais forte é o de dominar e não o de se fundir com o mais fraco, sacrificando assim sua própria grandeza. A qual princípio nazista o texto diz res- peito? Ati vidade 14 ● O governo nazista alemão Exercícios de Aplicação 01) Com as crises advindas após a derrota na Primeira Guerra Mundial e a assinatura do Tratado de Versalhes, aliadas às conse- quências econômicas da crise de 1929, a Alemanha, no início da década de 1930, encontrava-se em uma crise generalizada. Essa crise explorada habilmente por Adolf Hitler serviu para que ele atingisse o poder em 1933. Com forte apoio da população alemã, Hitler recuperou a economia do país e, em cinco anos, a Alemanha havia se recuperado economicamente. Assinale a alternativa que contém os fato- res que explicam o apoio popular a Hitler: a. Enaltecimento do nacionalismo, promessas cumpridas, recupera- ção de territórios perdidos durante a Primeira Guerra Mundial, seu ca- risma e recuperação da economia. b. Seu aspecto humanista, internacio- nalismo, recuperação de territórios perdidos na Guerra Franco-Prus- siana, promessa de uma guerra de vingança contra a França. c. Recuperação da economia, inte- gração da sociedade alemã em tor- no da solidariedade humana, seu carisma, internacionalismo. d. Aspecto solidário e de compreen- são em relação ao Tratado de Ver- salhes, que foi cumprido integral- mente, recuperação da economia e promulgação de uma constitui- ção de caráter liberal. e. Enaltecimento do nacionalismo, promulgação de uma constituição liberal, promessas cumpridas e re- cuperação da economia. R.: E Essa passagem de Mein kampf diz respeito ao arianismo, isto é, à necessidade de pre- servação da “raça pura”, que, na visão de Hitler, era a alemã legítima. No exercício 01, expli- car que o comunismo e os judeus serviram de bodes expiatórios para que Hitler explicasse as crises que assolavam a Alemanha. Com isso, ele conseguiu unir a sociedade alemã por meio de discursos que agradavam tanto a alta burguesia como a classe se possível média e os trabalhadores, confor- me fosse a plateia. Informar aos alunos que os regimes totali- tários, tanto de esquer- da quanto de direita, utilizaram o poder de sedução e convenci- mento dos meios de comunicação de massa como uma de suas prin- cipais ferramentas para a consolidação de sua política. A propaganda em larga escala, segun- do a qual "uma mentira repetida mil vezes torna- -se uma verdade", ficou corriqueira. Além disso, o governo passou a exer- cer estreita vigilância sobre todos os setores da sociedade, com o ob- jetivo de evitar debates,discussões e oposições e de controlar partidos políticos, sindicatos, im- prensa, igreja e escola. Esta última, de vital im- portância para a forma- ção dos futuros quadros políticos da nação, teve professores e conteúdos programáticos vigiados e censurados. Livros con- siderados subversivos foram queimados e seus autores, perseguidos. Isso ocorreu, também, no Brasil de Getúlio Vargas e dos governos militares e, nos Estados Unidos, na democracia liberal estadunidense, durante o macarthismo, por exemplo. R.: A EF 9P -1 5- 22 História \ Ação e reação 163 02) Na tabela, é possível verificar os resultados eleitorais para o Parlamento alemão (Reichstag), no período de 1928-1933. Partidos Eleições 1928 20/mai 1930 14/set 1932 31/jul. 1932 06/nov. 1933 05/mar. Comunista alemão 10,6 13,1 14,2 16,8 12,3 Social democrata alemão 29,6 24,5 21,5 20,4 18,3 Popular bávaro 3,9 3,0 3,2 2,9 2,7 Democrático alemão 4,9 3,7 1,0 0,9 0,8 Popular alemão 8,7 4,5 1,1 1,7 1,0 Popular nacional alemão 14,2 7,0 5,9 7,2 8,0 Nazista 2,6 18,3 37,2 33,1 43,9 Outros 14,5 14,2 3,5 5,2 1,8 Total 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 Qual é a situação do Partido Nazista apresentada na tabela? Quais as justificativas para tal situação? 03) Assinale a alternativa que apresenta características comuns ao fascismo e ao nazismo: a. Racismo, liberalismo e irracionalismo b. Totalitarismo, nacionalismo e anticomunismo c. Nacionalismo exaltado, pacifismo e racismo d. Anticapitalismo, totalitarismo e internacionalismo e. Antiliberalismo, federalismo e antissocialismo Há evolução na conquista de votos por parte dos nazistas ao longo do período, sobretudo após a crise de 1929, quando o projeto nacionalista defendido pelo partido se destaca como solução para a retomada do crescimento econômico da Alemanha. O elevado percentual dos votos obtidos em 5 de março de 1933 é justificado pelo controle que os nazistas exerceram sobre essas eleições. R.: B 164 EF 9P -1 5- 22 Capítulo 4 – Totalitarismo de direita \ Grupo 2 Exercícios Propostos 04) Em 1935, ocorreram depredações e saques em estabelecimentos de proprie- dade judia na chamada “Noite dos cris- tais”. O antissemitismo nazista fundamen- tava-se: a. no arianismo. b. no pangermanismo. c. no antiliberalismo. d. no pan-eslavismo. e. no integralismo. 05) Leia atentamente as frases, proferi- das por lideranças nazistas: Os intelectuais são como as rainhas que vivem das abelhas trabalhadoras. Adolf Hitler Os verdadeiros chefes não têm nenhuma necessidade de cultura e ciência. Hermann Göring Quando ouço a palavra cultura, po- nho a mão no revólver. Joseph Goebbels Qual foi a relação entre nazismo e cultura na Alemanha? 06) Quais eram as bases sobre as quais Hitler sustentava o seu poder na Alemanha nazista? 07) Observe a imagem. U N IVERSAL IM AG ES G RO U P / G ETTY IM AG ES A qual princípio do nazismo a imagem está diretamente relacionada? a. Anticomunismo b. Antiliberalismo c. Militarismo d. Anti-individualismo e. Antissemitismo R.: A Na Alemanha nazista, a cultura, assim como a educação, foi enquadrada dentro dos prin- cípios básicos do regime, convertendo-se em instrumento ideológico de controle e propaganda. O Ministério da Propaganda, a SS (polícia de elite) e a Gestapo (polícia secreta do Estado). R.: E EF 9P -1 5- 22 História \ Ação e reação 165 Ati vidade 15 ● A Guerra Civil Espanhola Exercícios de Aplicação 01) Mais de 1 milhão de pessoas perde- ram a vida na Guerra Civil Espanhola, que terminou com a derrota dos republicanos. O Estado espanhol, após a vitória dos cha- mados nacionalistas, caracterizou-se como: a. totalitário de esquerda. b. democrático, com tendências capi- talistas. c. totalitário de direita. d. democrático, com tendências so- cialistas. e. socialdemocrata, com tendências ao radicalismo. 02) Durante a Guerra Civil Espanhola (1936-1939), as Brigadas Internacionais, que apoiavam as tropas republicanas con- tra os falangistas de Franco, receberam co- laboração de várias partes do mundo, por exemplo, do escritor Ernest Hemingway, do escritor inglês George Orwell, do escri- tor francês Saint-Exupéry e de brasileiros como Apolônio de Carvalho, que mais tar- de lutou na Resistência Francesa, quando se tornou herói de guerra. Em relação à Guerra Civil Espanhola, pode-se afirmar que: a. teve forte componente comunista, destacando-se a liderança de Fran- cisco Franco à frente das Brigadas Internacionais. b. teve início após a renúncia de Pri- mo de Rivera e a ascensão ao trono do rei Afonso XIII, fato que desgos- tou os setores militares do país. c. Saint-Exupéry, escritor e piloto du- rante a Segunda Guerra Mundial, foi autor da principal obra sobre a Guerra Civil Espanhola, intitulada Por quem os sinos dobram. d. as Brigadas Internacionais, na ver- dade, colaboraram com a Falange de Francisco Franco e, mesmo as- sim, acabaram derrotadas. e. alemães e italianos utilizaram ar- mamentos novos, como aviões de combate e bombardeiros, em forma de testes ou treinamento de seus pilotos e, num desses bombardeios, destruíram a vila de Guernica. Exercícios Propostos 03) Leia atentamente o texto e depois responda ao que se pede. “E como instrumento de guerra Pi- casso usou o pincel: em branco e pre- to retratou todo o horror de homens e crianças, mutilados, de forma magis- tralmente trágica. E criou Guernica. Conta-se que Abetz, embaixador de Hitler em Paris, ficou tão impressiona- do com a obra, que teria perguntado a Picasso, aparentando desinteresse: – É obra sua? – Não. Sua – replicou o artista com frieza. [...] O final da guerra encontra a vida de Picasso nova e transformada. [...] Recusa-se a voltar à Espanha en- quanto perdurasse o regime franquista e faz um contrato com o Museu de Arte Moderna de Nova York para que pro- teja e conserve Guernica até a queda do fascismo espanhol, quando então a obra deverá ser cedida à terra natal do pintor. CARRASCO, Walcir. Picasso. São Paulo: Abril, 1977. p. 20-22. Coleção Mestres da Pintura. Em 1937, o pintor Pablo Picasso retratou, em um famoso quadro, o massacre da al- deia de Guernica. Descreva o que ocorria na Espanha naquele momento. R.: C No exercício 02, expli- car que alemães e italia- nos apoiaram os falangis- tas de Francisco Franco e usaram o pretexto bélico para treinar seus pilotos em aviões recém-cons- truídos e para testar no- vos armamentos. R.: E A Guerra Civil Espanhola (1936-1939). O ge- neral Francisco Franco, apoiado com tropas e munições pela Alemanha e Itália e lideran- do as falanges inspiradas no nazifascismo, venceu e assumiu o governo da Espanha. 166 EF 9P -1 5- 22 Capítulo 4 – Totalitarismo de direita \ Grupo 2 04) Tendo por base as imagens a seguir, elabore um pequeno texto sobre o conteúdo estudado. Francisco Franco Mussolini e Hitler Bandeira das Brigadas InternacionaisM O N TA G EM S O BR E FO TO S D E © H U LT O N - D EU TS CH C O LL EC TI O N /C O RB IS /C O RB IS (D C) E © CO RB IS /C O RB IS (D C) / LA TI N ST O CK 01) Leia o texto com atenção e, em segui- da, responda ao que se pede: No lado direito da tribuna, em luga- res que até agora tinham permanecido vazios, com muita inveja do gentio do- méstico, instalaram-se representantes do fascio italiano, com as suas camisas negras e condecorações dependuradas, e no lado esquerdo representantes na- zis, de camisa castanha e braçadeira com cruz suástica, e todos estes esten- deram o braço para a multidão, a qual correspondeu com menos habilida- de mas muita vontade de aprender, é nesta altura que entram os falangistas espanhóis, com a já conhecida camisa azul, três cores diferentes e um só ver- dadeiro ideal. SARAMAGO, José. O ano da morte de Ricardo Reis. São Paulo: Companhia das Letras, 1988. Ati vidade 16 ● Consequências do nazifascismo europeu Exercícios de Aplicação Resposta pessoal No exercício 04, o alu- no deverá versarsobre o fascismo na Espanha, a ajuda militar nazifas- cista ao general Franco e a resistência contra o totalitarismo de direita. EF 9P -1 5- 22 História \ Ação e reação 167 a. Cite as principais características do nazismo e do fascismo. b. Que característica diferencia o na- zismo do fascismo? 02) Sobre os movimentos fascistas, afir- ma-se: I. Os movimentos fascistas visam ga- rantir a propriedade privada contra o avanço político dos comunistas. II. O período posterior à Primeira Guerra Mundial foi propício a esse avanço em razão da crise econômi- co-social. III. Na Itália, constituiu-se um Estado corporativista, uma ideologia mili- tarista, expansionista e de exalta- ção nacional. IV. Na Alemanha, as consequências da Primeira Grande Guerra e a depres- são dos anos 1930 proporcionaram a tomada do poder por Hitler, que definiu um Estado totalitário, mo- nopartidário, intervencionista, mi- litarista, nacionalista, expansionis- ta e, acima de tudo, racista. V. Outros países europeus experi- mentaram esses regimes fascistas no mesmo período, como Espanha e Portugal. São corretas as afirmativas: a. I, III e V, apenas. b. II e IV, apenas. c. I, II e III, apenas. d. III e IV, apenas. e. I, II, II, IV e V. 03) Como se deu a ascensão de Hitler na conjuntura alemã, no período entreguer- ras, e quais foram as consequências do na- zismo para a Alemanha e para a Europa? Exercícios Propostos 04) Entre Mussolini e Hitler há, em seus programas, pontos em comum, como a: a. mobilização contínua das massas com apelos nacionalistas e a ma- nutenção de uma política de apoio aos socialistas. b. ideia de centralização administra- tiva e o fortalecimento dos merca- dos de troca, principalmente ingle- ses. c. organização militar da juventude e a não intervenção do Estado na vida econômica e política. d. necessidade de fortalecimento do Estado e a adoção do corporativis- mo como base da reestruturação das relações sociais. e. produção de um ideal bélico que acentuasse o gênio militar dos fas- cistas e a incorporação, que per- mitia plena liberdade às minorias étnicas. 05) Cite dois países que sofreram algum tipo de influência do nazifascismo. Totalitarismo, anticomunismo, nacionalismo, militarismo O antissemitismo R.: E Hitler emergiu com um discurso nacionalis- ta e salvacionista para uma Alemanha mer- gulhada em grave crise econômica e social. Trouxe consigo a reconstrução da Alemanha e a Segunda Guerra Mundial. R.: D Na Europa, podemos citar Portugal; na América, o Brasil. 168 EF 9P -1 5- 22 Capítulo 4 – Totalitarismo de direita \ Grupo 2 Momento de novas descobertas! Muitos nazistas – em especial, Hitler – nu- triam verdadeira paixão pelas artes clás- sicas (greco-romanas). O documentário Arquitetura da destruição (Architektur dês Untergangs, 1992, direção de Peter Cohen) retrata todo o processo nazista do ponto de vista da obsessão hitlerista pela “purifi- cação” do povo ariano, o que se pretendia alcançar por meio da aniquilação de todos os seres que não se encaixassem no “pa- drão” nazista. Para tanto, a arte foi ampla- mente utilizada pelos nazis no sentido de disseminar essas ideias. Trata-se de uma boa oportunidade de perceber como uma ideologia política é capaz de manipular a mente de muitas pessoas. 06) Forme um grupo com seus colegas de sala e assistam ao documentário. Em seguida, estabeleçam um debate sobre o seguinte tema: Os cuidados que devo ter quando penso e ajo em relação ao “ou- tro”, que nem sempre é igual a mim. Pro- duzam um pequeno texto resumindo as principais conclusões do grupo. Resposta coletivaEstimular os alunos a realizarem essa ativida- de. O documentário é muito rico em informa- ções e deverá suscitar neles uma percepção aprofundada da ideo- logia nazista no tocan- te ao preconceito e ao racismo que ela defen- dia. Havendo possibili- dade, talvez seja uma boa oportunidade para a realização de um tra- balho em conjunto com o professor de Ciências Sociais. EF 9P -1 5- 21 H IS TÓ RI A • G RU PO 2 • A Çà O E R EA Çà O Capítulo 5Totalitarismo de esquerda Regime totalitário soviéti co − “s talinismo” Em outubro de 1917, o mundo assistiu à eclosão da Revolução Socialista ou Revo- lução Bolchevique, na Rússia. O novo governo foi assumido por Lênin, que consolidou a revolução após derrotar os Brancos ou Mencheviques na guerra civil e implantou a NEP, o primeiro plano econômico da História. Apesar de os bolcheviques não terem seguido a teoria marxista ao pé da letra, a revolução apresentou forte conteúdo democrático, tendo nos sovietes os ins- trumentos de representação dos traba- lhadores. Com a morte de Lênin, em 1924, o po- der passou a ser disputado por Trotsky – comandante do Exército Vermelho, um dos artífices da vitória sobre os “Brancos” e defensor da Revolução Permanente – e por Stálin – secretário-geral do partido co- munista, defensor da revolução em um só país. O segundo venceu. Ao assumir o poder, Stálin − cujo gover- no foi marcado por autoritarismo, exces- siva centralização e culto à personalidade − instalou uma autocracia, que passou a controlar todos os setores da sociedade soviética com “mão de ferro”. Seus opositores, denominados de “dis- sidentes”, eram perseguidos e julgados su- mariamente. Durante a década de 1930, milhões de pessoas foram julgadas pelos "Expurgos de Moscou" e enviadas à Sibéria ou executadas. O pretexto criado e usado por Stálin para as perseguições foi o assassinato de Serguei Kirov, em dezembro de 1934. Kirov participou do “Ensaio Geral” de 1905, tornando-se em seguida um im- portante bolchevique. Teve papel atuante na Revolução de Outubro de 1917, assim como na guerra civil que se seguiu na Rússia, lutando pelo Exército Vermelho. Após a morte de Lênin, apoiou a ascensão de Stálin e foi nomeado chefe da seção do Partido Comunista em Leningrado. СТАЛ И Н . К Ш ЕСТИ Д ЕСЯТИ Л ЕТИ Ю СО Д Н Я РО Ж Д ЕН И Я." М О СКВА, П РАВД А, 1940 Sergei Kirov (à esquerda) e Stálin, em foto de 1934. Apontado como sucessor natural de Stálin, o crescimento da popularidade de Kirov provocou seu assassinato, prova- velmente a mando do próprio Stálin. Sua morte foi conveniente para o stalinismo: primeiro, porque eliminou um concorren- te em potencial do “grande líder”; segun- do, porque abriu caminho para que Stálin, usando como pretexto “vingar” a morte de Kirov, desse início ao Grande Expurgo (1934-1939) ou Expurgo de Moscou, elimi- nando a maior parte das tradicionais lide- ranças bolcheviques ainda ligadas a 1917. Perseguido por Stálin, Trotsky passou por vários países. Foi assassinado no México, em 1940. Seus seguidores foram também violentamente perseguidos e sua figura foi retirada dos livros de história da União So- viética. Esses processos, na realidade, eram uma farsa com o objetivo de eliminar qualquer oposição (real ou imaginária) que contestasse ou criticasse os rumos que Stálin impunha ao socialismo e apontasse os desvios operados no socia- lismo marxista. Por outro lado, a economia crescia em razão dos planos quinquenais − planeja- mento econômico para cinco anos, que es- tabelecia fortes incentivos ao desenvolvi- mento da indús tria pesada, à coletivização e à mecanização da agricultura por meio dos sovkhozes – fazendas estatais cuja pro- dução, máquinas e terra per tenciam ao 170 EF 9P -1 5- 21 Capítulo 5 – Totalitarismo de esquerda \ Grupo 2 Estado e dos kolkozes, cooperati vas coleti- vas, cujos membros eram proprietários da produção, mas não da terra. Dessa maneira, a economia soviética pouco sofreu os efeitos da crise de 1929. Veja na tabela o crescimento industrial e a renda nacional ocorridos na União Soviéti- ca, na década de 1930. 1927-1928 1932 1937 Eletricidade* 5 13,4 36,2 Carvão** 35,4 64,3 128 Petróleo** 11,7 21,4 28,5 Aço** 4 5,9 17,7 Renda Nacional*** 24,4 45,5 96,3 * Bilhões de quilowatts; **Milhões de toneladas; ***Milhões de rublos.NOVE, A. An economic history of the USSR. London: Penguin Books, 1990. Adaptado. Durante o stalinismo, a arte soviética foi dominada pelo realismo socialista, o estilo artístico oficial do regime. Sob o controle do Estado, a literatura, a pintura, a escul- tura, a arquitetura, a música, o teatro, o ci- nema e o design de produtos, tudo passou por uma estética pensada como produção cultural e veículo de propaganda. © B ET TM AN N /C O RB IS /C O RB IS (D C) / LA TI N ST O CK A maioria da produção do realismo socialista serviu para promover o regime, sustentado, sobretudo, no culto ao grande líder (culto à personalidade). Qualquer desvio dos padrões oficiais nos campos estético, cultural ou científico era suficiente para enfrentar o “processo de Moscou”, sob a acusação de alienação, adesão à cultura burguesa”, “decadente” etc. RIA N O VO STI / AFP Ao assumir o país, Stálin procurou governar com mãos de ferro, a fim de implementar o projeto socialista de acordo com a sua tese: inicialmente a URSS, depois o mundo, implantando o totalitarismo de esquerda e evitando a todo custo a entrada de influências negativas burguesas. A imagem acima é de sua carteira de membro honorário da Academia Soviética de Ciências. Mesmo não sendo cientista, era preciso que o “grande guia do povo soviético” transmitisse confiança às pessoas em todas as áreas. Consequências do "stalinismo" Sob o stalinismo, rapidamente a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas tor- nou-se um dos primeiros produtores de aço e petróleo, entre outros produtos. Entre tanto, esse desenvolvimento eco- nômico não foi acompanhado pelo desen- volvimento social, pois a ênfase econômica dada à indústria pesa da relegou a segundo plano o desenvolvimento das indústrias de bens de consumo. Paralelamente, houve grande impulso na educação, erradicando o analfabetis- mo e desenvolvendo-se o ensino técnico e científico. O texto que segue ilustra esse assunto. EF 9P -1 5- 21 História \ Ação e reação 171 […] Entre 1928 e 1941, o total de diplo- mados universitários cresceu de 233 para 908 mil. No ensino secundário, o salto registrado foi de 288 mil para 1,49 milhão de diplomados. Entre os matriculados nas rabfaks [faculdades operárias], houve um aumento de cer- ca de 50 para 285 mil, em apenas qua- tro anos, de 1928 a 1932.[…] REIS FILHO, Daniel Aarão. As revoluções russas e o socialismo soviético. São Paulo: Ed. Unesp, 2003. p. 94. Coleção Revoluções do Século XX. Entretanto, todo o desenvolvimento educacional, científico, cultural e artístico era obrigado a seguir o realismo socialis- ta, que exaltava o trabalhador, o governo, o socialismo e, principalmente, Stálin. Este passou a ser venerado como guia infalível dos povos. Embora o totalitarismo russo estivesse ligado indissoluvelmente ao nome de Stálin, isso não significa que tenha terminado com sua morte. Até meados da década de 1980, existiu na União Soviética o “stalinis- mo sem Stálin”, isto é, o totalitarismo. Contudo, conforme analisa a filóso- fa brasileira Marilena Chauí, em seu livro Convite à filosofia, isso foi possível porque o stalinismo destruiu as grandes teses de Karl Marx: […] – À tese marxista da revolução pro- letária mundial, o stalinismo contra- pôs a tese do socialismo num só país, transformando-a em diretriz obriga- tória para os partidos comunistas do mundo inteiro. […] – À tese marxista da ditadura do proletariado para a derrubada do Esta- do, o stalinismo contrapôs a ditadura do partido único e do Estado forte. – À tese marxista da abolição do Estado na sociedade comunista sem classes sociais, contrapôs o agi- gantamento do Estado, a absorção da sociedade pelo aparelho estatal e pe- los órgãos do partido, cuja burocracia constituiu-se numa nova classe do- minante, com interesses e privilégios próprios. – À tese marxista da luta proletária contra a burguesia […], o stalinismo contrapôs a tese oportunista da “estra- tégia” e da “tática”, segundo a qual, em certos casos, o proletariado faria alianças e nelas permaneceria e, em outros, não faria aliança alguma, se isso não fosse do interesse da vanguar- da partidária. – À tese marxista do internaciona- lismo proletário (“Proletários de todos os países, uni-vos”, dizia o Manifesto Comunista), contrapôs o nacionalismo e o imperialismo russos […]. – À tese marxista do partido polí- tico como instrumento de organização da classe trabalhadora e expressão prá- tica de suas ideias e lutas, contrapôs a burocracia partidária como vanguarda política, que não só “representa” os in- teresses proletários, mas os encarna e os dirige, pois é detentora do poder e do saber. – À tese marxista da relação indisso- lúvel […] entre teoria e prática, que per- mitia o desenvolvimento da consciência crítica da classe trabalhadora, contrapôs a propaganda estatal, a ideologia do chefe como “pai dos povos”, o controle da educação e dos meios de comunica- ção pelo partido e pelo Estado. – À tese de Marx de que a teoria e a prática estão numa relação dialé- tica, que o conhecimento é histórico e um processo interminável de análise e compreensão das condições concretas postas pela realidade social, o stalinis- mo […] considerou função do Estado definir o pensamento correto. Para tanto, os intelectuais do partido foram encarregados de determinar as linhas “corretas” para a filosofia, as ciências e as artes. Instituiu-se a psicologia ofi- cial, a medicina e a genética oficiais, a literatura, a pintura, a música e o ci- nema oficiais, a filosofia e a ciência oficiais, encarregando-se a polícia se- 172 EF 9P -1 5- 21 Capítulo 5 – Totalitarismo de esquerda \ Grupo 2 AF P Na foto acima, tirada em 23 de março de 2013, podemos verificar uma demonstração de que o stalinismo ainda hoje é visto com saudosismo por muitos que viveram na extinta União Soviética. Para essas pessoas, Stálin foi uma espécie de “pai da pátria”, sobretudo quando se leva em consideração a vitória soviética sobre o nazismo, na Segunda Guerra Mundial. Entretanto, não devemos nos esquecer de que essa vitória, assim como o regime stalinista como um todo, custou a vida de milhões de soviéticos, que sucumbiram vítimas da fome ou em combates dos quais não podiam se retirar. creta de queimar obras, prender, tortu- rar, assassinar ou enviar para campos de concentração os “dissidentes” ou “desviantes”. […] – À tese marxista de que a classe trabalhadora é sujeito de sua própria história quando toma consciência de sua situação e luta contra ela, apren- dendo com a memória dos combates e a tradição das derrotas, o stalinismo contrapôs a ideia de história oficial da classe proletária, identificada com a história do partido comunista e com a interpretação dada por este último aos acontecimentos históricos, roubando assim dos trabalhadores o direito à memória. – À tese marxista de que os inimi- gos da classe trabalhadora não são in- divíduos dessa ou daquela classe, mas uma outra classe social enquanto clas- se, contrapôs a ideia de “inimigos do povo saídos do seio do próprio povo” como inimigos de sua própria classe, porque são “agentes estrangeiros infil- trados no seio do povo uno, indiviso, bom e homogêneo”. – À tese de Marx da nova socieda- de como concretização da liberdade, da igualdade, da abundância, da justi- ça e da felicidade, o stalinismo contra- pôs o “operário-modelo” e o “militante exemplar”, acostumados à obediência cega aos comandos do Estado e do partido e à hierarquia social imposta por eles. Viver pelo e para o Estado e o partido tornaram-se sinônimos de feli- cidade, liberdade e justiça.[…] CHAUÍ, Marilena. Convite à filosofia. 13. ed. São Paulo: Ática, 2003. p. 397-398. Adaptado. EF 9P -1 5- 22 H IS TÓ RI A • G RU PO 2 • A Çà O E R EA Çà O Capítulo 5Totalitarismo de esquerda Ati vidade 17 ● Regime totalitário soviéti co: "stalinismo" Exercícios de Aplicação 01) Observeo cartaz com atenção e, de- pois, responda ao que se pede: © R YK O FF C O LL EC TI O N /C O RB IS /C O RB IS (D C) / LA TI N ST O CK Cartão postal soviético de um trabalhador exibindo o Plano Quinquenal: “Com honra vamos cumprir o novo plano quinquenal de Stálin”. No cartaz acima, identificam-se elementos fundamentais para a consolidação do so- cialismo na Rússia durante o período stali- nista (1927-1953). Explique a importância do modelo de desenvolvimento industrial adotado para esse período. 02) Leia o texto : Camaradas, a vida de nosso bem- -amado Stálin pertence ao povo intei- ro. Stálin é nosso guia, nosso sol. Mor- te a todos os restos do bando fascista (Sokorine, militante do Partido Comu- nista da URSS, 1936). FERREIRA, Jorge. O socialismo soviético. In: REIS FILHO, Daniel Aarão (Org.). O século XX: o tempo das crises. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2000. O terror e a propaganda foram dois lados complementares do regime stalinista. Con- tudo, muitos historiadores afirmam que eles não foram suficientes para explicar o grau de aprovação conseguido por este regime tanto dentro como fora da União Soviética. O apoio político dado a Stálin dentro da URSS também é explicado pela: a. adoção do comunismo de guerra, a partir de 1928. b. maneira cordial com que ele tratou seus adversários políticos. c. entrada de capitais oriundos dos Estados Unidos, a partir de 1929. d. introdução da Nova Política Econô- mica. e. manipulação estatal do nacionalis- mo, que possibilitou a mobilização popular. O desenvolvimento industrial, com ênfase na indústria de base e bens de capital, pro- vocou o crescimento econômico soviético, permitindo ao Estado implantar uma série de benefícios sociais antes inexistentes na sociedade russa, criar milhões de empregos, principalmente na indústria e na burocracia estatal, além de garantir educação e saúde para a população. R.: E 174 EF 9P -1 5- 22 Capítulo 5 – Totalitarismo de esquerda \ Grupo 2 Exercícios Propostos 03) Leia o texto com atenção e, em segui- da, responda ao que se pede: Falar de Stalin é sempre uma emo- ção: jamais um líder político substituiu outro com tanta grandeza e olhem que substituir Lênin era muito difícil. Só Stálin podia concretizar esse fato. O “bicho” era humilde e simples ao ex- tremo. Era tranquilo, sabia de cor o nome de todos os oficiais do Exérci- to, cumprimentava todos à sua volta. Ele jamais levantava a voz, não se re- dimia, não dizia não, não se aborrecia com nada, não falava palavras inúteis jamais. Era humilde e compreensivo. Comentário “anônimo” retirado do Orkut. Citado em: Os líderes históricos no Orkut. In: Revista de História da Biblioteca Nacional, Ano 1, n. 9. Abril de 2006. p. 9. Em relação ao trecho e, levando-se em conta o contexto histórico do stalinismo, explique por que razão o comentário citado pode ser entendido como “surpreendente”. 04) O Estado soviético stalinista cuidou de expurgar da cultura toda e qualquer manifestação artística que estivesse, no entendimento das autoridades, associada à burguesia. Foi criada, então, uma políti- ca cultural que decretava como arte oficial apenas as expressões que servissem de estímulo para a ideologia do proletariado. Dessa forma, foi consagrado um estilo co- nhecido por: a. romantismo comunista. b. concretismo operário. c. abstracionismo proletário. d. expressionismo soviético. e. realismo socialista. Ati vidade 18 ● Consequências do "stalinismo" Exercícios de Aplicação 01) Apresente dois fatores que justifi- quem o saudosismo de algumas pessoas em relação ao governo de Stálin. O comentário torna-se surpreendente em razão da contradição entre o que é men- cionado e aquilo que se conhece na histó- ria sobre o que foi o regime stalinista, pois sabe-se que, durante os anos em que esteve à frente do governo da extinta União Sovié- tica, Stálin construiu um governo que pode ser definido como totalitário, em razão das práticas de propagandas personalistas e a perseguição e eliminação daqueles conside- rados rivais ou que representavam ameaças aos interesses do líder máximo, destacando- -se o assassinato de Leon Trotsky no México R.: E Para algumas pessoas que viveram na extin- ta União Soviética, sob o regime stalinista, Stálin é visto como o fundador da pátria, além de ter conduzido o país na vitória so- viética sobre os nazistas, na Segunda Guerra Mundial. ou os “Expurgos de Moscou” (1936-1940), quando várias lideranças do Partido Comu- nista foram eliminadas. EF 9P -1 5- 22 História \ Ação e reação 175 02) O Estado alemão durante o regime de Hitler e o Estado soviético sob Stalin costumam ser tomados como Estados to- talitários. Acerca desse assunto, assinale a alternativa correta: a. Em ambos, a organização do partido quer o falangista, quer o menchevi- que acabou confundindo-se com a organização do Estado, dando ori- gem a uma política de partido único. b. Ao contrário da Rússia stalinista, o governo da Alemanha hitlerista ba- seava sua legitimidade na adoção de medidas comunistas. c. Os Estados hitlerista e stalinista utilizaram a propaganda política nos meios de comunicação e a po- lítica secreta como armas eficazes na eliminação dos seus adversários políticos. d. A crise do capitalismo mundial de 1929 afetou, na mesma medida, as economias da Alemanha e da União Soviética, por causa do fato de ambas serem adeptas, à época, de uma economia de mercado. e. A produção industrial serviu para alavancar a economia alemã nazis- ta, mas o mesmo fato não ocorreu com o stalinismo soviético. Exercícios Propostos 03) A restrição do espaço democrático é uma das características principais do período entre as duas guerras [1919-1939]. DROZ, B.; ROWLEY, A. História do século XX. Lisboa: Dom Quixote, 1988. Tomando como base tudo o que foi estu- dado no Grupo II, apresente quatro acon- tecimentos que confirmam essa citação. ` 04) Embora o desenvolvimento econômi- co soviético ocorrido durante o stalinismo não tenha sido acompanhado pelo desen- volvimento social, o que houve com a edu- cação nesse período? 05) Na União Soviética, o stalinismo so- breviveu a Stálin. Segundo a filósofa Mari- lena Chauí, isso foi possível por que: a. o stalinismo seguiu à risca os pre- ceitos leninistas, o que lhe conferiu popularidade. b. Stálin promoveu um governo de coalizão, absorvendo a oposição de maneira democrática. c. preservaram-se as teses de Karl Marx, sobretudo quanto à maneira por meio da qual deveriam se dar as relações entre proletariado e Estado. d. o stalinismo destruiu as grandes teses de Karl Marx, criando as suas próprias. e. a vitória soviética na Segunda Guerra Mundial apagou todos os possíveis erros cometidos por Stálin até o início da guerra. R.: C Os expurgos soviéticos (stalinismo), a Mar- cha sobre Roma (ascensão do fascismo na Itália), o fim da República de Weimar (as- censão do nazismo na Alemanha) e a Guer- ra Civil Espanhola (ascensão do fascismo na Espanha). A educação sofreu um grande impulso: o analfabetismo foi erradicado e o ensino téc- nico e científico desenvolveram-se. R.: D 176 EF 9P -1 5- 22 Capítulo 5 – Totalitarismo de esquerda \ Grupo 2 Momento de novas descobertas! Leia atentamente os quadrinhos: NOVAES, Carlos Eduardo; RODRIGUES, Vilmar. Capitalismo para principiantes. A história dos privilégios econômicos. 27. ed. São Paulo: Ática, 2006. p. 109-110. Frag mento. N O VA ES , C AR LO S ED U AR D O ; R O D RI G U ES , V IL M AR . C AP IT AL IS M O P AR A PR IN CI PI AN TE S. A H IS TÓ RI A D O S PR IV IL ÉG IO S EC O N Ô M IC O S. 2 7. E D. S ÃO PA U LO : Á TI CA , 2 00 6. P . 1 09 -1 10 . A D AP TA D O . 06) Com base nos quadrinhos, identifique as três personagens e responda se, de fato, as teorias defendidas pela personagem de cavanhaque confirmaram-se na União So- viética, com o stalinismo. É possívelidentificar um burguês, um operá- rio e Vladimir Lênin. Se levarmos em conta que o stalinismo criou uma classe social pri- vilegiada, atrelada ao Estado, o pressuposto de Lênin não se confirmou na União Sovié- tica. EF 9P -1 5- 31 H IS TÓ RI A • G RU PO 3 • D IF ER EN ÇA S E SE M EL H A N ÇA S Capítulo 6A Era de Getúlio Vargas no Brasil Introdução A crise das oligarquias tradicionais fa- voreceu a ascensão de Getúlio Vargas, após a Revolução de 1930, com a qual ele assumiu o controle político da nação, per- manecendo no poder até 1945. Vargas enfrentou, nesse período, revol- tas de tenentes que o apoiaram na implan- tação do novo regime e que se sentiram traídos pelos caminhos ditados posterior- mente pelo presidente. Getúlio Vargas, o terceiro à frente, da esquerda para a direita, ainda com o uniforme de revolucionário, apresenta-se, com outros integrantes da Revolução de 1930, à população do Rio de Janeiro, logo após tomar posse do Governo Provisório. Vargas viu crescer, em seu governo, as ideologias de esquerda e direita, que se inspiravam, por um lado, no comunismo soviético e, por outro, no totalitarismo na- zifascista. O próprio Vargas governou apoiando- -se ora em uma, ora em outra, demons- trando ambiguidade ideológica pautada nas semelhanças entre essas correntes políticas. Ambas pregavam forte inter- venção estatal na vida cotidiana e eco- nômica, rígida censura na imprensa e rigoroso controle sobre os conteúdos programáticos escolares. Entretanto, as diferenças eram mais profundas: enquanto os fascistas defen- diam a burguesia e o capital, os socialistas e comunistas defendiam o operariado e o trabalho, exigindo transformação nas rela- ções de produção. Ao mesmo tempo, parte da burgue- sia exigia investimentos na área indus- trial e parte exigia apoio à cafeicultura. Apoiando-se ora num grupo, ora noutro, Getúlio conseguiu permanecer no poder por 15 anos. Governo Provisório (1930-1934) Ao assumir o poder, Getúlio Vargas con- firmou os vários atos estabelecidos pela Junta Governativa: dissolução do Congres- so Nacional, das Assembleias Legislativas e das Câmaras Municipais. Procurando agradar aos setores que apoiaram a Revolução de 1930, ele en- tregou o Ministério da Educação a Minas Gerais e o do Trabalho, da Indústria e do Comércio ao Rio Grande do Sul. A Delega- cia Regional do Norte foi entregue a Juarez Távora, representante dos tenentes. Criou o Conselho Nacional do Café, buscando equilibrar a oferta e a procura, afetadas pelas políticas de valorização do preço internacional do café e pela crise de 1929, que gerou uma recessão econômica mundial. A solução imediata foi a compra e destruição de milhares de toneladas de café, além da proibição de novas planta- ções e o incentivo à policultura, para que o país saísse da dependência econômica de um único produto. Em fevereiro de 1931, Getúlio com- prou quase 18 milhões de sacas de café, retirando-as do mercado para forçar a alta do preço, sem grande sucesso; entre fevereiro de 1931 e junho de 1934, quase 100 milhões de sacas foram queimadas. Ainda que tal política não tenha protegi- do o Brasil dos efeitos mundiais da crise, foram essenciais para que o país pudes- se retomar o crescimento econômico em tempo mínimo. Por sua vez, a juventude militar – os tenentes – exigia a ruptura com a velha oligarquia cafeeira e saiu em defesa da B ET TM AN N / CO RB IS / CO RB IS (D C) / LA TI N ST O CK Sugerimos uma peque- na revisão dos eventos que levaram Vargas à Presidência da República, ou seja, a Revolução de 1930 e os fatores que a antecederam (tenentis- mo, movimentos operá- rios, crise de 1929, crise sucessorial provocada por Washington Luís e assassinato de João Pes- soa). Quanto aos quinze anos consecutivos em que Vargas permane- ceu à frente do Estado brasileiro, convém res- saltar o contexto inter- no (recuperação e mo- dernização econômica do país, controle dos movimentos operários) e o externo (polarização fascismo-comunismo e seus respectivos regi- mes totalitários, além da Segunda Guerra Mundial), sob os quais eles se desenrolaram. 152 EF 9P -1 5- 31 Capítulo 6 – A Era de Getúlio Vargas no Brasil \ Grupo 3 nacionalização dos bancos, das riquezas minerais e de um governo forte e autori- tário para impor essas medidas radicais. Os velhos oficiais militares não viam com bons olhos tais posições tenentis- tas, que lhes pareciam subversivas e com influências bolcheviques, o "perigo ver- melho". Getúlio sofria, ainda, forte pres- são das antigas oligarquias, que exigiam o retorno à normalidade política pela realização de eleições e esperavam, as- sim, retornar ao poder. Exigiam, por- tanto, a convocação de uma Assembleia Constituinte para elaborar uma nova car- ta magna para o país. 1932: São Paulo declara guerra ao Brasil Durante a República oligárquica (1889- 1930), o estado de São Paulo dominou o cenário político e econômico brasileiro, manipulando os resultados das eleições por meio do voto de cabresto, impondo a hegemonia da política "café com leite" so- bre as demais oligarquias. Após a Revolução de 1930, novos se- tores assumiram o controle, e São Paulo não aceitou ser relegado a um plano se- cundário nacional, iniciando um movi- mento antigetulista. Os partidos Democrático (PD) e Repu- blicano Paulista (PRP), até então inimi- gos, uniram-se contra a nomeação de um interventor militar e pernambucano, o tenente João Alberto. Juntos, exigiram um governador civil e paulista e a ime- diata reconstitucionalização do país. Getúlio cedeu à pressão e nomeou um novo governador, o civil Pedro de Toledo, e prometeu eleições para maio de 1933. Enquanto isso, São Paulo articulava apoio de outros estados contra Getúlio. Recebeu respostas favoráveis do Rio de Janeiro, do Rio Grande do Sul, de Minas Gerais e do Mato Grosso. No dia 23 de maio de 1932, manifes- tantes na Praça da República, em São Paulo, invadiram a sede da Legião Re- volucionária, organização tenentista de inspiração fascista, dirigida pelo gene- ral Miguel Costa. Eles foram recebidos à bala e, na confusão, os paulistas Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo foram mor- tos. Esses quatro jovens se tornaram o símbolo da resistência paulista, dando origem ao movimento MMDC. Revoltados com o fato, os paulistas marcaram a revolução para 14 de julho, em homenagem à queda da Bastilha, na França, ocorrida no mesmo dia, porém no ano de 1789. Imediatamente, o governo tomou as devidas providências: Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Mato Grosso recuaram. São Paulo ficou só! Uma intensa campanha para atrair vo- luntários foi realizada pela Liga da Defesa Paulista, pelo MMDC, pela Legião Negra e pelo Instituto do Café. Os jornais paulistas aderiram à causa e chamavam a população à luta contra as tropas federais. Em 9 de julho de 1932, iniciou-se a Re- volução Constitucionalista. O apoio surgiu de todas as partes: os universitários for- maram o Batalhão 14 de julho, e os atle- tas, o Batalhão Esportivo; as mulheres se organizaram em oficinas de costura, en- fermarias e refeitórios; a Escola Politéc- nica, futura Faculdade de Engenharia – USP– (Poli), colocou os professores a ser- AC ER VO IC O N O G RA PH IA Em 25 de janeiro de 1932, na comemoração do aniversário da cidade de São Paulo, milhares de paulistas saíram às ruas exigindo a Constituinte. EF 9P -1 5- 31 História \ Diferenças e semelhanças 153 viço da Revolução; artistas e intelectuais, como Anita Malfatti, Guilherme de Almei- da e Monteiro Lobato disponibilizaram pincéis e canetas, quadros, panfletos, ar- tigos e poemas, saudando São Paulo e os revolucionários. Um dos muitos cartazes inspirados no MMDC criados pelos paulistas para convocar a população à luta. A Federação das Indústrias do estado de São Paulo, Fiesp, sob o comando de Roberto Simonsen, reorganizou o parque industrial paulista para a produçãode ma- terial bélico e criou a milícia industrial para evitar que operários favoráveis a Vargas sabotassem a produção. Enquanto isso, as tropas federais avançavam. Com poder bélico superior e contando com mais soldados, eles ocu- pavam cidade por cidade. O exército pau- lista enfrentava as tropas federais e, para compensar a inferioridade bélica, utiliza- va artifícios, como o emprego de matra- cas e ruídos de motocicletas, para criar a impressão de grande poder de fogo. Após três meses, São Paulo foi der- rotado. As prisões do Rio de Janeiro − a então capital do país − ficaram lotadas. O governo acabou banindo (expulsando) muitos desses presos, como os ex-gover- nadores Altino Arantes e Pedro de Tole- do, os proprietários do jornal O Estado de S. Paulo – Júlio e Francisco Mesquita –, o poeta Guilherme de Almeida, os militares Agildo Barata e Isidoro Dias Lopes, entre outros. São Paulo forma a elite do país A derrota em outubro de 1932, custou a São Paulo a perda da hegemonia polí- tica, o que exigia uma resposta da elite paulista. Quase dois anos depois, em janeiro de 1934, Armando de Salles Oliveira criou a Universidade de São Paulo, a USP – uma forma de a elite paulista vingar a derrota militar, reafirmando a grandeza de São Paulo, a “locomotiva do Brasil”. Funcionando em casarões doados por famílias tradicionais, a USP tornou-se um centro de excelência universitária, contra- tando professores renomados no exterior. Assim, São Paulo tornou-se o polo forma- dor da elite dominante no aspecto cultural e político da nação. Consti tuição de 1934 A terceira Constituição do país − e a se- gunda da República − foi promulgada em julho de 1934, estabelecendo: • a República Federativa; • a tripartição dos poderes; • o voto secreto; • o voto feminino; • o ensino primário, atual funda- mental (1º e 2º ciclos), gratuito e obrigatório; • a jornada de trabalho de 8 horas; • o descanso semanal; • férias remuneradas; • a proibição do trabalho a menores de 14 anos. AC ER VO IC O N O G RA PH IA 154 EF 9P -1 5- 31 Capítulo 6 – A Era de Getúlio Vargas no Brasil \ Grupo 3 A Constituição estabelecia, ainda, que o primeiro presidente seria eleito pela As- sembleia, o que acabou por garantir a elei- ção de Getúlio Vargas. Iniciava-se, assim, o Governo Constitu- cional. Governo Consti tucional (1934-1937) Em 1934, Getúlio foi eleito com man- dato até 1938. Alguns fatos favoreceram a sua permanência no poder, enquanto ou- tros foram forjados. O período 1934-1937 foi extrema- mente conturbado por combates ideoló- gicos que refletiam a conjuntura política mundial. Desde a década de 1920 e, em especial, a década de 1930, o mundo se dividira entre direita e esquerda. Inspira- dos por Mussolini, na Itália, Hitler, na Ale- manha, Franco, na Espanha, e Salazar, em Portugal, grupos nazifascistas surgiram em vários outros lugares do mundo em con- traposição aos socialistas e comunistas, que se inspiravam na Revolução Bolche- vique de 1917. Enquanto os nazifascistas se apoiavam na burguesia, os socialistas, comunistas e anarquistas apoiavam-se na classe trabalhadora. O integralismo Bandeira da Ação Integralista Brasileira com o símbolo soma. No Brasil, o fascismo foi introduzido por Plínio Salgado, que, em 1932, lançou o Ma- nifesto de Outubro. Nele, tornava pública a organização política inspirada no fascis- mo italiano: a Ação Integralista Brasileira. Para divulgar o movimento político, fun- daram-se jornais, como Ofensiva e Ação, e criaram-se símbolos – a letra grega sigma, utilizada na matemática como soma –, ban- deira, uniforme e estandarte próprios. Os membros do partido saudavam- -se com o brado Anauê, palavra indígena para designar cumprimento, com o braço estendido e a mão espalmada, imitando a saudação nazista ao führer. Ainda imitando os camisas-negras fascis- tas e os camisas-pardas nazistas, os integra- listas usavam camisas verdes e logo foram apelidados de “galinhas verdes” pelo povo. Plínio Salgado em trajes integralistas Inspirados nas ideias nazifascistas, pregavam um governo autoritário apoia- do por um partido único, o controle da imprensa e das escolas; eram antiliberais e anticomunistas. Tiveram forte aceita- ção, sobretudo nas regiões Sul e Sudeste, onde se concentravam as classes médias urbanas e havia forte presença de imi- grantes e descendentes ítalo-germânicos. Aliança Nacional Libertadora (ANL) Sob a liderança de Luís Carlos Prestes, os comunistas, democratas e liberais for- maram uma frente única de combate ao ACERVO ICO N O G RAPH IA RE PR O D U Çà O EF 9P -1 5- 31 História \ Diferenças e semelhanças 155 integralismo, criando a Aliança Nacional Libertadora. Em pouco tempo, a ANL for- mou mais de 1.500 núcleos e conseguiu quase 100 mil simpatizantes. Influenciados pela União Soviética, seus integrantes pretendiam a nacionalização das empresas, o não pagamento da dívida exter- na e a reforma agrária. Seu lema era "pão, terra e liberdade". Luís Carlos Prestes, o “cavaleiro da esperança” dos tempos da Coluna Prestes, em foto de 1936. Em seu livro Brasil: de Getúlio a Caste- lo, o historiador Thomas Skidmore escre- veu sobre esse período: É muito significativo o fato de que o integralismo e a Aliança Nacional Libertadora constituíssem os primei- ros movimentos políticos nacionais e de aguda orientação ideológica. Os componentes da descosida Aliança Li- beral, que haviam feito a Revolução de 1930, não passavam de políticos locais, unidos apenas pelo desejo comum de derrubar a estreita elite governante da República Velha. Agora, tinham sido eclipsados por movimentos nacionais, de bases mais amplas e mais radicais. A Intentona Comunista Em junho de 1935, o governo decretou a ilegalidade da ANL, e os comunistas pas- saram à ação revolucionária, promovendo a ocupação de quartéis em Pernambuco, no Rio de Janeiro e no Rio Grande do Norte. A repressão foi imediata e violenta. Foram feitas prisões em massa de sindi- calistas, operários, intelectuais, políticos, estudantes e jornalistas, acusados de sub- versão à ordem política e social. Luís Carlos Prestes, o líder da Intentona Comunista, foi preso e tão barbaramente torturado que seu advogado, Sobral Pinto, chegou a invocar a Lei de Proteção aos Ani- mais em favor de seu cliente. Golpe de Estado (1937) Em 1938, terminaria o mandato de Ge- túlio Vargas. Entre os candidatos à presi- dência, Plínio Salgado era o mais exaltado. Seus adeptos, conhecidos como "galinhas verdes", promoviam grandes concentra- ções aos moldes do duce Mussolini e do führer Hitler. O pretexto Em setembro de 1937, um documento "comunista" contendo planos para levar o país ao caos com greves e assassinatos de vários líderes políticos vazou para os prin- cipais jornais da capital. O objetivo, segun- do o “tal documento”, era tomar o poder, com apoio da URSS. Tratava-se do famoso Plano Cohen, que, na verdade, foi forjado pelos integra- listas e entregue ao general Góis Monteiro, o autor da "descoberta". Com o documen- to em mãos, o governo alarmou a nação sobre o "perigo vermelho", embora quase todos os comunistas e simpatizantes já es- tivessem presos e sendo torturados. Habilmente, Getúlio explorou o "terror aos comunistas" em seu próprio benefício e, em 10 de novembro de 1937, ele concretizou o golpe de Estado. Pelos microfones das rá- dios, ele anunciou a salvação da democracia, decretando o fechamento do Congresso Na- cional, a outorga de uma nova Constituição, denominada Polaca, e a dissolução dos par- ST F / A FP 156 EF 9P -1 5- 31 Capítulo 6 – A Era de Getúlio Vargas no Brasil \ Grupo 3 tidos políticos, concentrando em suas mãos todos os poderes. Iniciava-se o Estado Novo. O Estado Novo (1937-1945) Apoiado pelas Forças Armadas, pelas classes médias urbanas e pelos integralistas, Getúlio propôs o estabelecimento de uma nova ordem a ser criada no Estado Novo. Seu discurso nas emissoras de rádiojustificava o golpe: Nos períodos de crise como o que atravessamos, a democracia de parti- dos, em lugar de oferecer segura opor- tunidade de crescimento e progresso dentro das garantias essenciais à vida e à condição humana, subverte a hierar- quia, ameaça a unidade da Pátria e põe em perigo a existência da nação, extre- mando as competições e acendendo o facho da discórdia civil. Disponível em: <http://www.franklinmartins. com.br/estacao_historia_artigo. php?titulo=o-estado-novo-discurso- manifesto-de-getulio-vargas-a-nacao- rio-1937>. Acesso em: 14 ago. 2013. Dessa forma, contra o “perigo vermelho”, Getúlio decretou estado de emergência, ex- tinguindo os partidos políticos e fechando o Congresso. Assumiu poderes para prender, julgar e condenar sumariamente pessoas denunciadas como "comunistas", "anarquis- tas", enfim, qualquer oposição era conside- rada subversão e, portanto, uma ameaça nacional. Resta lembrar que, por essa época, comunistas e anarquistas já abarrotavam os porões da ditadura getulista, desde o fracas- so da Intentona Comunista. Os estados brasileiros perderam sua autonomia e as bandeiras estaduais foram queimadas em ato público: em nome da uni- dade da Pátria, punha-se fim ao federalismo. A Ação Integralista Brasileira (AIB), que apoiara, com fervor, o golpe de 1937, por ser uma agremiação partidária, também foi fechada. Como reação, em maio de 1938, os in- tegralistas tentaram um golpe ao invadir a residência oficial do presidente. Getúlio, sua filha Alzira e a Guarda se defenderam com armas em punho, frustrando os inva- sores. Vários integralistas foram presos e Plínio Salgado foi exilado do país, refugian- do-se em Portugal. Com a oposição reprimida, Getúlio or- ganizou a administração pública, criando o Departamento de Administração do Servi- ço Público, DASP, responsável pelo recru- tamento e pela seleção profissional dos funcionários públicos federais. Criou-se o Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), responsável pela divulga- ção dos atos do governo e pela censura. A divulgação e a propaganda das rea- lizações do governo eram feitas por meio de músicas, cartilhas escolares, folhetos e festas cívicas. O rádio foi amplamente uti- lizado como instrumento político oficial, com a criação da Hora do Brasil, a atual A Voz do Brasil. Propaganda do Estado Novo direcionada à educação das crianças. O texto diz: Crianças! Aprendendo, no lar e nas escolas, o culto da Pátria, trazeis para a vida prática todas as probabilidades de êxito. Só o amor constrói e, amando o Brasil, forçosamente o conduzireis aos mais altos destinos entre as Nações, realizando os desejos de engrandecimento aninhados em cada coração brasileiro. REPRO D U ÇÃO Os integralistas apoia- ram Getúlio acreditan- do que seriam o partido a sustentar o ditador durante o Estado Novo, mas a suspensão de todo o sistema político-- -partidário levou os in- tegralistas, traídos, a se voltarem contra Vargas. EF 9P -1 5- 31 História \ Diferenças e semelhanças 157 Enquanto isso, a repressão policial e política se fortalecera. A Polícia Especial, chefiada pelo ex-tenente Filinto Müller, que passou por um "estágio" na Gestapo, polícia alemã, atualizou-se no que havia de mais moderno no campo da tortura em prisioneiros. Entre os presos torturados, sobressaí- ram-se Luís Carlos Prestes e sua esposa, Olga Benário, judia alemã, que foi entregue à Ges- tapo e faleceu em um campo de concentra- ção na Europa. Getúlio Vargas: o “pai dos pobres” Em 1931, Getúlio criou o Ministério do Trabalho e promulgou várias leis, regula- mentando as relações entre patrões e em- pregados. A partir de então, ele incentivou e con- trolou os sindicatos, que passaram a ter sua garantia econômica com o estabeleci- mento do imposto sindical, isto é, a con- tribuição anual e obrigatória, feita pelos trabalhadores, correspondente a um dia de trabalho. Surgiu, dessa forma, a figura do pelego, dirigente sindical que atuava mais em seu benefício e do governo que no interesse da classe trabalhadora. O pelego O termo "pelego" tem origem na co- bertura (manta) colocada entre a sela e o cavalo para amortecer os movimentos des- te para o cavaleiro. O pelego sindical cum- pria a função de amortecedor nas disputas entre patrões e empregados. Em 1943, Getúlio lançou a Consolida- ção das Leis Trabalhistas, CLT, inspirada na Carta do Trabalho de Mussolini, garantin- do uma série de direitos aos trabalhado- res, entre eles, o salário mínimo. A política trabalhista de Getúlio tinha por objetivo garantir o apoio político das massas urbanas ao seu governo. Para tornar-se simpático ao povo, ele iniciava seus discursos com: "Trabalhadores do Brasil!". Getúlio Vargas e a industrialização Para incrementar o processo industrial brasileiro, fazia-se necessário criar obras de infraestrutura que dessem suporte a esse desenvolvimento. Seu ministro da Fazenda, Souza Costa, deu início às obras, construindo hidrelétricas, rodovias, ferro- vias e uma usina siderúrgica. Em 1940, Getúlio conseguiu emprésti- mos dos EUA para a construção, em Volta Redonda (RJ), da Companhia Siderúrgica Nacional, a CSN. Em 1942, foi fundada a Companhia Vale do Rio Doce (atual Vale) para garantir o fornecimento de ferro à CSN. Em 1943, criou a Companhia Nacio- nal de Álcalis e a Fábrica Nacional de Mo- tores, FNM, e, em 1945, a Companhia Hi- drelétrica de São Francisco, CHESF. A crise e o fi m do Estado Novo Em 1939, explodiu a Segunda Grande Guerra. Nesse momento, o Brasil, apesar da simpatia pelos regimes nazifascistas, permaneceu neutro. Às vezes, pendia em direção aos aliados e, em outras, pendia em direção aos países do Eixo (Alemanha, Itália e Japão), obtendo vantagens de um lado e de outro. Seguindo a "política da boa vizinhança", Roosevelt (o terceiro sentado da esquerda para a direita) encontrou-se com Getúlio, em Natal, RN, em 1943. BETTM AN N / CO RBIS / CO RBIS (D C) / LATIN STO CK 158 EF 9P -1 5- 31 Capítulo 6 – A Era de Getúlio Vargas no Brasil \ Grupo 3 Dentro do governo Vargas, havia par- tidários dos EUA e partidários da Alema- nha. Aos poucos, porém, o Brasil passou a pender para o lado dos aliados, graças aos EUA, que passaram a conceder emprésti- mos a juros baixos. Além disso, o presiden- te Roosevelt visitou Getúlio Vargas, formu- lando o convite para que o Brasil fosse um dos membros fundadores da Organização das Nações Unidas (ONU). Em janeiro de 1942, o Brasil rompeu relações diplomáticas com os países do Eixo, e, em agosto, após o afundamento de navios mercantes no litoral brasileiro, declarou-lhes guerra. Em 1944, interessado no futuro espólio de guerra, o Brasil enviou tropas para a Itália com membros da Força Expedicionária Bra- sileira (FEB) e da Força Aérea Brasileira (FAB). Entretanto, a participação brasileira ao lado dos Aliados, que defendiam a liberda- de, gerou no país uma situação no mínimo estranha: as tropas brasileiras enviadas à Europa lutavam pela democracia contra países fascistas, autoritários, semelhantes à ditadura de Vargas, implantada desde 1937. Essa situação ambígua favoreceu o fortale- cimento da oposição, que passou a exigir a redemocratização do país. Uma parte da elite brasileira que havia apoiado a ditadura retirou seu apoio, lançando, em outubro de 1943, o Manifesto dos Mineiros. À medida que as notícias sobre as vitó- rias dos aliados chegavam ao Brasil, os mo- vimentos de oposição cresciam, exigindo a democracia também no Brasil. Cedendo à pressão, Getúlio anunciou, por meio de um grande comício, em 1º de maio de 1945, durante as comemorações oficiais do Dia do Trabalho, que a sua mis- são estava cumprida e que iria patrocinar a redemocratização do país. As eleições foram marcadas para o dia 2 de dezembro de 1945. Imediatamente, vários partidos políticos se organizaram, como a União Democrática Nacional (UDN), o Partido Social Democrata (PSD), o Partido Trabalhista Brasileiro(PTB, fun- dado pelos getulistas), o Partido Comunis- ta Brasileiro (PCB, que saiu da ilegalidade), o Partido Democrata Cristão (PDC) e o Partido Social Progressista (PSP). Pela coligação PSD-PTB saiu como can- didato à presidência o general Dutra; pela UDN, o brigadeiro Eduardo Gomes; e, pelo PCB, Yedo Fiúza. Foi concedida anistia aos presos políti- cos e restaurada a liberdade de imprensa. Para enfrentar a oposição crescente, os partidários de Getúlio lançaram uma cam- panha favorável à redemocratização do país, liderada por Getúlio, e realizaram co- mícios cujo lema era "Queremos Getúlio". Esse movimento ficou conhecido como queremismo. Enquanto isso, as lideranças políticas e os militares esperavam um pretexto para derru- bar Getúlio. Este surgiu em 28 de outubro de 1945, com a nomeação de Benjamim Vargas, irmão de Getúlio, e de João Alberto para os cargos de chefe de Polícia e prefeito do Rio de Janeiro, respectivamente. Com isso, os militares ameaçaram bom- bardear o Palácio da Guanabara, e Getúlio Vargas renunciou ao cargo. Terminava as- sim o Estado Novo, no mesmo ano em que findara a Segunda Guerra Mundial. Manchete de jornal noticiando a renúncia de Vargas, ocorrida em 29 de outubro de 1945. O presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro José Linhares, foi interinamente empossado como presidente da República, até que tomasse posse o vencedor das eleições presidenciais de 2 de dezembro de 1945. REPRO D U ÇÃO EF 9P -1 5- 32 H IS TÓ RI A • G RU PO 3 • D IF ER EN ÇA S E SE M EL H A N ÇA S Capítulo 6A Era de Getúlio Vargas no Brasil Ati vidade 19 ● Governo Provisório Exercícios de Aplicação 01) O MMDC constituiu-se no símbolo da resistência paulista ao governo provisório de Getúlio Vargas. Qual é o seu significado? 02) Que fatores fizeram eclodir a Revolução Constitucionalista de 1932 em São Paulo? Exercícios Propostos 03) Quais foram as principais característi- cas da Constituição de 1934? 04) O texto abaixo procura discutir a im- portância da Revolução de 1930. Leia-o atentamente. A Revolução de 1930 representou uma continuidade ou uma ruptura? Esta é uma pergunta presente em mui- tas das análises da história contempo- rânea do Brasil. Aqueles que acentuam a continui- dade consideram que o movimento de 1930 não alterou os padrões econômicos ou políticos da velha ordem, e que, por- tanto, não cabe chamá-lo de revolução. Os que sublinham as novidades introdu- zidas no pós-30 (política social, corpora- tivismo), ao contrário, tendem a afirmar que 1930 representou um movimento de ruptura com um modelo e uma prática liberais, baseados na não-intervenção do Estado no mercado de trabalho. Disponível em: <http://cpdoc.fgv.br/ producao/dossies/AEraVargas1/anos20/ Revolucao30/RupturaContinuidade>. Acesso em: 15 ago. 2013. Explique as duas interpretações desenvol- vidas no texto. 05) As medidas adotadas por Getúlio Var- gas, após a Revolução de 1930, provocaram um movimento militar que visava à recons- titucionalização do país. Tal fato ocorreu: a. no Rio de Janeiro, em 25 de março de 1934. b. no Rio Grande do Sul, em 24 de de- zembro de 1934. c. em São Paulo, em 9 de julho de 1932. d. em Minas Gerais, em 24 de outu- bro de 1932. e. em Pernambuco, em 9 de julho de 1932. MMDC corresponde às iniciais dos nomes Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo, estu- dantes mortos num confronto com a Legião Revolucionária na Praça da República, em São Paulo, durante uma manifestação con- tra o governo getulista. Esse fato impulsio- nou a Revolução de 9 de julho. São Paulo exigia a nomeação de um inter- ventor civil e paulista para o estado, além de Voto secreto, eleições diretas, salário mí- nimo, direito de voto às mulheres, regula- mentação da jornada de trabalho, ensino público e gratuito. O texto discute o impacto da revolução de 1930. Para os defensores da visão revolu- cionária, este acontecimento alterou a con- figuração do Estado brasileiro e da relação entre capital e trabalho, transformando o tecido social. Por outro lado, os defensores da visão continuísta apontam que a estru- tura econômica e política foi preservada, apesar das mudanças aparentes promovi- das por Vargas. R.: C uma constituição para o país; as oligarquias cafeeiras almejavam retornar ao poder e ha- via o ideal de uma democracia urbana por parte dos jovens. 160 EF 9P -1 5- 32 Capítulo 6 – A Era de Getúlio Vargas no Brasil \ Grupo 3 Ati vidade 20 ● Governo Consti tucional Exercícios de Aplicação b. a execução do Plano Cohen para evitar que o Brasil se inclinasse para o totalitarismo de direita. c. uma revolução armada, apoiada pela União Soviética, para promo- ver a reforma agrária. d. a realização de um plebiscito para verificar o apoio popular ao Estado Novo. e. a instalação de um governo ditato- rial ultranacionalista, inspirado nos governos nazifascistas europeus. 03) Coloque C para a alternativa correta e E para a errada, justificando o porquê do erro. ( ) As mulheres conquistaram o direito ao voto pela Constituição de 1934. ( ) A Intentona Comunista possibilitou a Getúlio Vargas armar a farsa do Plano Cohen para dar um golpe de Estado. ( ) A ideologia fascista recebeu gran- de impulso da Aliança Libertadora Nacional. 04) Com a extinção da ANL, em 1935, seus membros organizaram uma insur- reição comunista, rápida e violentamente sufocada por Vargas. Assinale a alternativa que apresenta a ação política subsequente e relacionada à insurreição. a. A proposta anti-imperialista e an- tilatifundiária do programa da ANL foi prontamente abandonada em razão da repressão. 01) O mundo, na primeira metade do século XX, apresentava-se bastante con- turbado, com crises econômicas, sociais, ideológicas e políticas. Leia as afirmações referentes a esse período logo abaixo, as- sinale a alternativa correta e justifique a resposta. I. Podemos dizer que a crise de 1929 representou um dos mais impor- tantes fatores para o surgimento do fascismo na Itália. II. O New Deal, plano de recuperação econômica elaborado pelo presi- dente Franklin D. Roosevelt, apre- sentou um aspecto inusitado para o capitalismo liberal: a intervenção na economia. III. A crise de 1929 não apresentou as- pectos negativos para a economia cafeeira do Brasil, na medida em que a referida crise estava vincula- da apenas ao setor industrial. IV. O tenentismo, movimento ocor- rido na década de 1920, teve seu apogeu com a Coluna Prestes. V. O Governo Constitucional de Ge- túlio Vargas foi marcado, entre outros aspectos, pela intensa luta ideológica travada entre os setores de esquerda, liderados pela ANL de Luís Carlos Prestes, e os setores de direita, liderados pela AIB de Plínio Salgado. Assinale a alternativa que une as afirma- ções corretas. a. II, IV e V b. I, II e III c. I, III e V d. II, III e IV e. III, IV e V 02) A Ação Integralista Brasileira (AIB), organizada na década de 1930 por Plínio Salgado, pretendia: a. a formação de uma frente única, composta por vários segmentos sociais, para combater o fascismo. R.: E C C E O fascismo foi impulsionado pela Ação In- tegralista Brasileira. A ANL recebeu influên- cia socialista. R.: A No exercício 01, expli- car que o New Deal, plano de recuperação da economia norte-- -americana, apresentou um aspecto estranho ao liberalismo praticado no país: o intervencionismo estatal. A Coluna Prestes representou o ápice do tenentismo no Brasil; durante o governo cons- titucional de Getúlio Vargas (1934-1937), o país conviveu com uma perigosa luta ideológi- ca, reflexo da situação europeia, entre esquer- da (ANL, de Luís Carlos Prestes) e direita (AIB, de Plínio Salgado), que culminaria com o golpe de Estado dado por Ge- túlio Vargas, em 1937. EF 9P -1 5- 32 História \ Diferenças e semelhanças 161 b. Com a Intentona Comunista, o go- verno Vargas concedeu anistia aos presos políticos. c. Vargas explorou, habilmente e em seu próprio benefício,o terror co- munista, conseguindo grande apoio popular. d. As classes dirigentes colaboraram para o sucesso da propaganda co- munista por meio do Plano Cohen. e. Os revoltosos se renderam após o governo suspender definitivamen- te o pagamento da dívida externa. 05) Explique o que foi o Plano Cohen. 06) Estes cartazes representam duas or- ganizações políticas originárias da radica- lização do movimento tenentista. Quais são suas diferenças e semelhanças quanto à doutrina política? Exercícios Propostos 07) Leia este trecho e depois responda ao que se pede. Subitamente, parecia que a es- querda havia ganhado vida. Mais de 1.600 sedes locais da Aliança Nacio- nal Libertadora haviam brotado. [...] A plataforma da Aliança pedia o can- celamento das "dívidas imperialis- tas", a nacionalização das empresas estrangeiras e a liquidação dos lati- fúndios. Os radicalizantes estavam igualmente ativos na direita. Um mo- vimento fascista chamado Integralis- mo vinha com igual força... Thomas Skidmore. Brasil, de Getúlio a Castelo. Fragmento. Explique o momento histórico do Brasil e do mundo citado no texto. R.: C Documento que continha um plano de to- mada do poder pelos comunistas, apoiados pela URSS. Na realidade, esse documento foi forjado pelos integralistas e utilizado por Getúlio para justificar seu golpe de Estado em 10 de novembro de 1937 e instaurar o Estado Novo. Diferenças: A ANL era fortemente influencia- da pelo Partido Comunista e representava a “esquerda” brasileira. Era composta principal- mente por sindicalistas, socialistas, tenentistas e intelectuais. A AIB era influenciada pelos partidos fascistas e representava a "direita" brasileira. Era com- posta por parte do empresariado, pelo clero e por militares. Eram anticomunistas ferozes, que defendiam um Estado ditatorial, sem a partici- pação do povo, e estimulavam o culto ao líder, Plínio Salgado. Tinham símbolos, como o sig- ma, uniformes e bandeiras próprios. Semelhanças: As duas correntes encontraram apoio nas camadas médias urbanas. Possuíam posições ideológicas bem definidas. Objetiva- vam modernizar a vida política nacional criti- cando as oligarquias tradicionais. Foram movimentos que ganharam impulso no Brasil, na década de 1930, e forneceram o pretexto necessário para Getúlio tomar o poder em 1937. Esses movimentos se inspi- raram no sucesso bolchevique, na URSS, e na ascensão de regimes totalitários de direi- ta, como o fascismo na Itália e o nazismo na Alemanha. 162 EF 9P -1 5- 32 Capítulo 6 – A Era de Getúlio Vargas no Brasil \ Grupo 3 08) Leia o trecho do texto abaixo. Em setembro de 1937, o serviço secreto “descobriu um documento comunista que continha um plano para levar o país ao caos com greves e assassinatos de vários líde- res políticos e para tomar o poder, apoiado pela URSS. O documento fora produzido pe- los integralistas e entregue ao general Góis Monteiro. Com o documento em mãos, o governo alarmou o país sobre o ‘perigo ver- melho’. Getúlio explorou o episódio em seu favor e implantou, em 10 de novembro de 1937, uma ditadura que foi legitimada pela outorga de uma constituição”. Em relação ao texto, assinale a alterna- tiva que contém as respostas corretas para as seguintes perguntas: qual o nome do plano em questão, como ficou conhecido o período ditatorial e como ficou conhecida a constituição outorgada em 1937? a. Plano Novo, Período Constitucio- nal e Constituição da Mandioca b. Plano Novacap, era Vargas e Cons- tituição Cidadã c. Plano Cohen, Estado Novo e Polaca. d. Plano Monteiro, Estado de Direito e Constituição Liberal e. Plano Heaven, Estado Constitucio- nal e Redentora 09) Na caricatura, referente ao período 1934-1937, vê-se o presidente Getúlio Var- gas, em frente ao Palácio do Catete, espa- lhando cascas de banana, que podem ser interpretadas como “armadilhas”. Identifique um objetivo político de Vargas expresso nessa caricatura. a. Obstruir o processo de sucessão presidencial. b. Defender-se dos paulistas constitu- cionalistas. c. Viabilizar sua permanência no po- der por meio de eleições democrá- ticas. d. Manter os tenentes afastados do poder. e. Incentivar a diversificação agrícola no país. 10) O historiador Thomas Skidmore, em sua obra Brasil, de Getúlio a Castelo, res- saltou aspectos importantes apresentados pela AIB e ANL. Destaque alguns itens. Ati vidade 21 ● Estado Novo Exercícios de Aplicação 01) O período de 1937 a 1945, conhe- cido como Estado Novo, identifica-se, ideologicamente, com o regime estabe- lecido: a. na França por Leon Blum. b. na Alemanha por Konrad Adenauer. c. nos Estados Unidos por Franklin Roosevelt. d. na Itália por Mussolini. e. em Portugal por Mário Soares. 02) Explique por que os líderes sindicais do período getulista receberam o nome de "pelegos". No exercício 08, expli- car aos alunos que, em 1937, a situação política do Brasil encontrava-se bastante delicada, so- frendo influências das lutas ideológicas que grassavam na Europa e apresentavam, de um lado, o nazifascimo e, de outro, o comunismo. Em 1935, já havia ocorrido a Intentona Comunista, violentamente reprimida pelo governo getulista. Aproveitando-se dessa situação e de posse do falso Plano Cohen, Getú- lio, com apoio das Forças Armadas, deu um golpe de Estado, implantando o Estado Novo. R.: A O forte componente ideológico, a abrangên- cia nacional e a disciplina na sua organiza- ção. R.: D O termo, que se refere à cobertura colocada entre a sela e o cavalo, denominava os líderes sindicais, que defendiam seus interesses e os do governo e, ao mesmo tempo, amorteciam os choques entre patrões e operários. R.: C EF 9P -1 5- 32 História \ Diferenças e semelhanças 163 Na gravação definitiva, os versos foram modificados: O bonde de São Januário Leva mais um operário sou eu que vou trabalhar a. A modificação da letra foi "suge- rida" pelo órgão que controlava a censura, denominado: b. Quais foram os motivos dessa cen- sura? 03) Empenhar-me-ei a fundo para fazer um governo nacionalista. O Brasil ainda não conquistou a sua independência econômica e, nesse sentido, farei tudo para consegui-la. Com base no texto, coloque C para a alter- nativa certa e E para a errada, corrigindo-a. ( ) O nacionalismo proposto por Var- gas consistia em preservar para o capital estatal e para os capitais privados nacionais os setores es- tratégicos da economia. ( ) A força política de Vargas assenta- va-se principalmente nas massas trabalhadoras urbanas, organiza- das em sindicatos controlados pelo Estado. ( ) A força política de Vargas assenta- va-se principalmente no poder dos grandes proprietários favoráveis à implantação da reforma agrária. 04) Em 1940, Wilson Batista e Ataulfo Al- ves compuseram um samba que apresen- tava inicialmente a seguinte letra: O bonde de São Januário Leva mais um otário sou eu que vou trabalhar Exercício Proposto 05) As leis trabalhistas elaboradas a partir de 1930 receberam um corpo jurídico com a promulgação da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) por Getúlio Vargas. Esse conjunto de leis foi apresentado como um presente, um ato de generosidade em que o governo de Getúlio Vargas concedia di- reitos aos trabalhadores brasileiros. As- sinale a alternativa correta e justifique-a em relação aos propósitos de Getúlio, ao promulgar a CLT. a. Atendia às prerrogativas do Con- gresso Nacional, pressionado pela oposição política. b. Atendia aos reclamos dos traba- lhadores rurais, na época os mais combativos nas exigências dos di- reitos trabalhistas. c. Procurou cooptar as massas traba- lhadoras urbanas, dando início ao chamado populismo. d. Atendia à obrigatoriedade imposta pela OIT, órgão da ONU direciona- do aos direitos trabalhistas. e. Concluía um projeto trabalhista elaborado pelos governos anterio- res, isto é, da república do "Café com Leite", na década de 1920. A força política de Vargas assentava-se nos trabalhadores urbanos. C CE DIP − Departamento de Imprensa e Propa- ganda. Com a implantação do Estado Novo, em 1937, Vargas, inspirando-se nos regimes nazifascistas, implementou forte censura sobre todos os aspectos da vida literária, intelectual e artística no Brasil. Os artistas não podiam criticar o governo ou o país, sob pena de terminarem na prisão. A troca de “otário” por “operário” era para "levantar" o ânimo dos operários, exaltados por Vargas como "construtores" do Brasil. No exercício 05, expli- car que a Revolução de 1930 promoveu a re- composição das forças políticas, destacando-se a ascensão das camadas urbanas da população (classe média e burgue- sia) ligadas ao comér- cio e à indústria, que apresentavam grande contingente de traba- lhadores vinculados aos comunistas e aos anar- cossindicalistas. Getúlio Vargas, então, passou a organizar e controlar os sindicatos operários e, dessa forma, afastou os trabalhadores das orga- nizações de esquerda, cooptando-os para seu populismo. R.: C 164 EF 9P -1 5- 32 Capítulo 6 – A Era de Getúlio Vargas no Brasil \ Grupo 3 Ati vidade 22 ● A crise e o fi m do Estado Novo Exercícios de Aplicação 01) Apesar da simpatia getulista às dou- trinas nazifascistas, na Segunda Guerra Mundial o Brasil alinhou-se aos EUA con- tra os países do Eixo. Quais eram os países do Eixo? 02) O que se entende por “queremismo”? 03) Leia as afirmações a seguir e, na se- quência, assinale a alternativa correta. I. A Aliança Nacional Libertadora, liderada por Luís Carlos Prestes, foi um movimento de tendência esquerdista. II. Para instalar o Estado Novo, o go- verno utilizou-se de um documento falso conhecido como Plano Cohen. III. No final do Estado Novo, foram criados vários partidos políticos. a. Apenas a afirmativa I é correta. b. Apenas as afirmativas I e II são cor- retas. c. Apenas as afirmativas II e III são corretas. d. Todas as afirmativas são corretas. e. Todas as afirmativas são incorretas. Exercícios Propostos 05) Após a Revolução de 1930, seguiu- -se o longo governo de Getúlio Vargas até 1945. Caracterize esse período no que se refere a seus aspectos político-partidários. 04) O Estado Novo terminou em 1945. Associe o seu fim ao da Segunda Guerra Mundial. Alemanha, Itália e Japão Foi um movimento político realizado por Getúlio Vargas, no final do Estado Novo, com o objetivo de manter-se no poder. O termo “queremismo” tem origem no slogan bradado por seus adeptos: "Queremos Ge- túlio". R.: D A participação do Brasil na Segunda Guer- ra, ao lado das forças aliadas, defensoras dos valores liberais e da democracia, tornou incompatível a preservação de um regime autoritário no país. Da Revolução até pouco antes da Constituição de 1934, Vargas sufocou a oposição em razão de seu centralismo e da suspensão da Consti- tuição anterior. A partir daí, ocorreu uma po- larização entre direita e esquerda com a Ação Integralista Brasileira e a Aliança Nacional Li- bertadora. Com o golpe de 1937, houve o fim dos partidos e a total centralização do poder nas mãos de Vargas, que durou até meados de 1945, quando o Presidente, pressionado pela oposição, liberou a formação de partidos. EF 9P -1 5- 32 História \ Diferenças e semelhanças 165 Momento de novas descobertas 06) Getúlio Vargas é visto por muitos historiadores e cientistas sociais como o maior re- presentante do populismo no Brasil. Faça uma pesquisa – individual ou em grupo – sobre o significado de populismo como forma de governo, entre as décadas de 1930 e 1960. Converta os dados pesquisados em texto. Resposta pessoal A pesquisa visa ante- cipar o conhecimento dos alunos a respeito de um tema que será estudado mais à fren- te. Como referência ao populismo no Brasil, transcrevemos um pe- queno trecho, adapta- do da obra O populismo na política brasileira, de Francisco Weffort: "O populismo, en- quanto estilo de go- verno, foi sensível às pressões populares, mas sempre procuran- do conduzir o povo, manipulando suas as- pirações. Correspondeu à emergência das clas- ses populares no bojo do desenvolvimento urbano e industrial e à necessidade – sentida pela nascente burgue- sia brasileira – de incor- poração das massas ao jogo político. Por outro lado, o po- pulismo foi também um modo de expressão das insatisfações populares. Foi, ao mesmo tempo, uma forma de estru- turação do poder para os grupos dominantes e a principal forma de expressão política da emergência popular no processo de desenvol- vimento industrial e ur- bano brasileiro. Apoiou-se sempre em algum tipo de autorita- rismo, seja o autorita- rismo institucional da ditadura Vargas (1937- 1945), seja o autorita- rismo paternalista ou carismático dos líderes de massas da demo- cracia do pós-guerra (1945-1964)." EF 9P -1 5- 31 H IS TÓ RI A • G RU PO 3 • D IF ER EN ÇA S E SE M EL H A N ÇA S Capítulo 7 A Segunda Guerra Mundial Antecedentes e fatores A Europa pós-Primeira Guerra Mundial PORTUGAL ESPANHA FRANÇA BÉLGICA LUXEMBURGO REINO UNIDO ISLÂNDIA IRLANDA ÁFRICA HOLANDA SUÍÇA ITÁLIA ROMÊNIA GRÉCIA NORUEGA SUÉCIA BULGÁRIA TURQUIA FINLÂNDIA URSSESTÔNIA LETÔNIA ALBÂNIA IUGOSLÁVIA HUNGRIA LITUÂNIA ÁUSTRIA TCHECOSLOVÁQUIA POLÔNIA DINAMARCA ALEMANHAOCEANO ATLÂNTICO Mar Negro Mar Cáspio Mar Mediterrâneo Alemanha (Prússia Oriental) O mapa evidencia a formação dos novos países formando um cordão de isolamento entre a URSS e a Europa. Destaque para a Alemanha, que teve seu território separado. Entre ela e a Prússia Oriental, passava o território polonês – "corredor polonês" – que facilitava aos poloneses a saída para o mar, pelo porto de Dantzig (atual Gdansk). O ataque a Dantzig deu início à Segunda Guerra Mundial. Em 1919, os países vencedores da Pri- meira Guerra Mundial – a qual fora “feita para pôr fim a todas as guerras" – elabo- raram o Tratado de Versalhes, cujas con- dições impostas à Alemanha acabaram criando forte sentimento de revanchis- mo entre os alemães. De acordo com esse tratado, a Alema- nha, que havia sido derrotada na guerra e deixara de ser um Império (II Reich), perdeu territórios, foi proibida de ter Forças Arma- das e ainda foi responsabilizada pelas perdas materiais e econômicas, sendo obrigada a pagar pesada indenização aos vencedores. Essa situação pós-guerra gerou, na Ale- manha, uma série de crises não só econô- micas e sociais como também ideológicas, representadas pelas disputas internas en- tre comunistas e nacionalistas. Os comunistas perderam o ímpeto após o assassinato dos líderes Rosa Luxemburgo e Karl Liebnecht, e os nacionalistas, isto é, os nazistas, foram derrotados em 1923, ao tentarem um golpe de Estado, que ficou conhecido como Putsch de Munique. A partir de 1924, a economia alemã co- meçou a dar sinais de recuperação, graças ao Plano Dawes – plano de apoio econômi- co estadunidense, que consistiu em inves- tir e fazer empréstimos para a Alemanha. Contudo, no cenário mundial, a crise de 1929, iniciada com a quebra da Bolsa Esclarecer aos alu- nos que, apesar das diferenças ideológicas entre socialistas (União Soviética) e capitalistas (Inglaterra e Estados Unidos), os dois blocos se uniram contra os pa- íses do Eixo (Alemanha, Itália e Japão). Esta aula também pode ser amplamente enriquecida com filmes como: O resgate do soldado Ryan – sobre o desem- barque na Normandia; Além da linha verme- lha – sobre confrontos ocorridos no Pacífico; Rapsódia em agosto – filme nipo-americano que conta a vida de uma família em Naga- saki na década de 1990, mas sofrendo ainda os problemas da guerra. Inclui-se nele uma cena em que se mostra o lo- cal onde a bomba caiu e onde foi erguido um EF 9P -1 5- 31 História \ Diferenças e semelhanças 167 O caricaturista Belmonte satirizou a política de apaziguamento, que antecedeu a Segunda Guerra. de Nova York e logo expandida por todo o ocidente capitalista, arruinou todos esses esforços.Os EUA, com a crise, cortaram os empréstimos, suspenderam os finan- ciamentos e exigiram o repatriamento dos capitais investidos no exterior. Na Itália, o duce Mussolini, após resol- ver a famigerada "Questão Romana” com a Igreja, por meio do Tratado de Latrão, ini- ciou o expansionismo, invadindo a Etiópia, no norte da África, em 1935. Na Ásia, o Japão invadiu a Manchúria (China) em 1931 e, em seguida, expandiu seu domínio para várias ilhas do Pacífico, seguindo a política "Ásia para os asiáticos". Enquanto isso, a Liga das Nações, que tinha por função preservar a paz mun- dial, não conseguia exercer efetivamente seu papel. Na Alemanha, a crise fez emergir to- dos os problemas e frustrações do pas- sado recente. Essa situação de crise foi habilmente explorada e canalizada por Adolf Hitler para chegar ao poder em 1933. No ano seguinte, ele já se tornava o führer, o líder. Com forte apoio da população, que depositava nele e em seus discursos in- flamados toda a esperança de retornar ao passado de glórias, Hitler começou a contestar mais veementemente as deci- sões do Tratado de Versalhes: deu início ao rearmamento do país, aumentou os efetivos militares e recuperou a região do Sarre, que estava sob controle da Liga das Nações. A Alemanha e a Itália fortaleceram ain- da mais seus laços após terem participa- do da Guerra Civil Espanhola (1936-1939), consolidando o “eixo Berlim-Roma”. Enquanto isso, países como Inglaterra e França se mantinham passivos diante do avanço fascista. Praticavam, segundo eles, a política de apaziguamento. Os EUA se mantinham neutros, deixando Hitler à vontade em sua ambição imperialista, já que seu anticomunismo era bem-visto pe- las potências europeias. BELM O N TE monumento à paz, com contribuições de vários países, entre eles o Bra- sil; A lista de Schindler – sobre os campos de concentração nazistas e a salvação de judeus pelo industrial Oskar Schindler; O grande ditador – clássico de Charles Cha- plin, no qual o ator in- terpreta o personagem Hitler; Círculo de fogo – so- bre Stalingrado; Pearl Harbor – sobre o ataque japonês à base militar estadunidense, no Havaí; O pianista – retrata a perseguição nazista aos judeus; A queda – sobre os úl- timos dias de Hitler em seu banker; Cartas de Iwo Jima – embora dirigido pelo estadunidense Clint Eastwood, busca mos- trar a guerra pela visão dos combatentes nipô- nicos instalados naque- la ilha. 168 EF 9P -1 5- 31 Capítulo 7 – A Segunda Guerra Mundial \ Grupo 3 No Pacífico, o Japão continuava a avan- çar e, para isolar a URSS, assinou com a Ale- manha e com a Itália o Pacto Anti-Komin- tern, formando o Eixo Roma-Berlim-Tóquio, em 1939. Em comum entre eles, havia a necessidade de territórios ricos em maté- rias-primas e a incidência de nacionalismo exacerbado, militarismo e anticomunismo. Japão e Alemanha aliando-se no Pacto Anti-Komintern. Em 1938, a Alemanha anexou a Áustria, alegando a existência de identidade racial, formando um único povo germânico. Essa anexação ficou conhecida como Anschluss (União). Hitler queria anexar a região dos Sude- tos, na Tchecoslováquia, alegando que a população germânica que habitava aquela região era oprimida pelo governo. Itália, Alemanha, França e Inglaterra se reuniram na Conferência de Munique para decidi- rem o futuro da Tchecoslováquia, que foi proibida de participar da Conferência. Es- tabeleceu-se que Hitler ficaria com os Su- detos e não poderia mais anexar nenhum território. Hitler avançou sobre o território, incor- porando outras regiões, e proclamou a in- dependência da Eslováquia. Sem represá- lia por parte das demais potências, Hitler continuou avançando: ele queria a devolu- ção do porto de Dantzig (atual Gdansk) e a união da Prússia Oriental, que estava sepa- rada do restante da Alemanha pelo "corre- dor polonês", criado ao final da Primeira Guerra Mundial pelo Tratado de Versalhes. Cartaz alemão afirmando "Dantzig é alemã", reivindicando o território perdido em 1919. Em agosto de 1939, o mundo foi sur- preendido pela divulgação do tratado Molotov-Ribbentrop, o também chamado de Pacto Germano-Soviético de não agres- são. O anúncio do pacto causou estranha- mento na comunidade europeia, já que os germânicos consideravam os soviéticos seus inimigos ideológicos, incentivando a luta de classes, o que enfraqueceria o ideal nacionalista germânico. Por esse pacto, os dois países, inimigos até então, comprometiam-se à neutralida- de em caso de guerra e, ao mesmo tempo, dividiam a Polônia entre si, estabelecendo ainda o controle soviético sobre a Finlân- dia, a Letônia e a Estônia e o controle ale- mão sobre a Lituânia. CO RBIS / CO RBIS (D C) / LATIN STO C K Caricatura da época sobre a união entre dois inimigos mortais e o acordo de não agressão M ICH AEL N ICH O LSO N / CO RBIS / CO RBIS (D C) / LATIN STO CK H U LT O N -D EU TS CH C O LL EC TI O N / CO RB IS / CO RB IS (D C) / LA TI N ST O CK EF 9P -1 5- 31 História \ Diferenças e semelhanças 169 A reação imediata da França e da In- glaterra foi de abandonar a "política de apaziguamento" e declarar apoio militar à Polônia em caso de ataque. Em setembro de 1939, em razão do trata- do de não agressão, Hitler conseguiu isolar a URSS e invadir a Polônia pelo oeste, utilizan- do a tática militar de "guerra-relâmpago", blitzkrieg, uma guerra moderna, com ata- que-surpresa, utilizando veículos blindados (as divisões Panzer), a aviação (Luftwaffe) e veículos motorizados. A URSS invadiu a Polô- nia pelo leste e anexou a Finlândia e as repú- blicas bálticas da Letônia e Estônia. Cumprindo o acordo anterior, Inglater- ra e França declararam guerra à Alemanha. Começava a Segunda Guerra Mundial. A guerra na Europa Em poucos dias, a Polônia estava ocupada e dividida entre a Alemanha e a URSS, que, até então, eram inimigos mortais. Hitler instalou um novo governo e deu início à perseguição aos judeus na Polônia de acordo com a política antisse- mitista nazista. No ano seguinte (1940), os exércitos nazistas ocuparam a Dinamarca, a Norue- ga, a Holanda e a Bélgica, empurrando as tropas inglesas e francesas até o porto de Dunquerque, perto do canal da Mancha. Os alemães chegaram rapidamente protegidos pelo intenso bombardeio da Luftwaffe. Ali, cerca de 40 mil franceses foram aprisionados e quase todo o equipamento bélico inglês foi tomado pelos nazistas. Em maio de 1940, houve uma fuga desespera- da para a Inglaterra, a qual ficou conhecida como a Retirada de Dunquerque. Em 14 de junho de 1940, Hitler entrou triunfalmente em Paris. Com a rendição francesa, estabeleceu-se que o norte fica- ria sob a ocupação militar nazista e o sul, com sede em Vichy, ficaria a cargo do cola- boracionista francês marechal Petain, tam- bém controlado pelos nazistas. O general Charles de Gaulle foi contrá- rio ao governo colaboracionista de Petain e organizou, em Londres, um governo pa- ralelo, incitando, pela rádio BBC, o povo a lutar contra os nazistas, formando uma re- sistência francesa à ocupação germânica. A batalha da Inglaterra (1940-1941) Com a França sob controle, era neces- sário, agora, destruir a Inglaterra, a grande adversária do nazismo. A partir de agosto de 1940, intensos bombardeios sobre a Inglaterra foram or- denados pela Alemanha. Durante dias e noites, a Luftwaffe despejou sobre Lon- dres e sobre portos e aeroportos ingleses mais de 37 mil toneladas de bombas. A defesa inglesa foi empreendida pela RAF (Royal Air Force), que conseguiu recha- çar a Luftwaffe, apesar dos mais de 40 mil ci- vis mortos. O heroísmo dos pilotos da RAF foi reconhecido pelo então primeiro-ministro britânico Winston Churchill, que declarou: “Nunca tantos deveram tanto a tão poucos”. Trilhas de fumaças no céu londrino marcavam os combates entre a Luftwaffe e a RAF. Operação Barbarossa A máquina de guerra nazista ocupou também o Leste Europeu: Romênia, Hungria, Bulgária, Iugosláviae Grécia. Em junho de 1941, Hitler lançou a Operação Barbarossa (ou Barba-Ruiva) e invadiu a URSS, desrespeitando o tratado de não agressão. Além do anticomunismo, Hitler ambicionava os miné- rios, os cereais e o petróleo soviéticos. A blitzkrieg foi colocada em ação. Assim como pretendeu Na- poleão Bonaparte no século XIX, Hitler imaginou que a conquista de Moscou seria rápida. H U LTO N -D EU TSCH CO LLECTIO N / CO RBIS / CO RBIS (D C) / LATIN STO CK 170 EF 9P -1 5- 31 Capítulo 7 – A Segunda Guerra Mundial \ Grupo 3 O führer ordenou a invasão em três frentes: pelo norte até Leningrado, pelo centro até Moscou e pelo sul até a Ucrânia e os vastos campos petrolíferos da região do mar Cáspio. O front do Pacífi co O Japão, um dos participantes do Eixo, acalentando o sonho de conquistar o Pa- cífico Sul, já havia dominado vastas exten- sões territoriais na Ásia. Incomodado com a presença norte-americana no Pacífico, passou a entrar em atrito com os EUA. No dia 7 de dezembro de 1941, os japonenes atacaram a base naval norte- -americana em Pearl Harbor, no Havaí, destruindo parte da frota naval dos EUA. No dia seguinte, os EUA declararam guerra ao Japão. ALBU M / AKG -IM AG ES / AKG -IM AG ES / LATIN STO CK O ataque a Pearl Harbor fez os EUA decidirem-se pela guerra. A guerra no mundo Até a invasão alemã à URSS e o ataque japonês a Pearl Harbor em 1941, a guerra restrin- giu-se à Europa e a partes da Ásia. Contudo, a partir desses eventos, ela se tornou mundial. Domínios do Eixo em meados de 1942 GRÃ-BRETANHA FRANÇA ALEMANHA ABISSÍNIA ETIÓPIA ARÁBIA ÍNDIA JAPÃO FILIPINAS AUSTRÁLIA OCEANO PACÍFICO INDONÉSIA NOVA GUINÉ CHINA UNIÃO SOVIÉTICA LÍBIA PÉRSIA OCEANO ATLÂNTICO OCEANO ÍNDICO MANCHÚRIA ÁFRICA Havaí Pearl Harbor Ofensiva italiana Ofensiva alemã Ofensiva japonesa EF 9P -1 5- 31 História \ Diferenças e semelhanças 171 Contrapondo-se ao Eixo – Alemanha, Itália e Japão –, países como Inglaterra, Es- tados Unidos, União Soviética, França e ou- tros, incluindo o Brasil, que enviou tropas da FEB e FAB, formaram o bloco dos Aliados. Até meados de 1942, os países do Eixo dominaram a guerra, obtendo sucessivas vitórias. Os alemães organizaram o Afrika Korps, contando com o efetivo italiano, sob o comando do marechal Rommel, a "raposa do deserto", ameaçando o domí- nio britânico no Egito. Durante cinco meses, as sucessivas vi- tórias alemãs na URSS empolgaram o Alto Comando. Nada parecia deter os blinda- dos alemães. O mais fi el dos “soldados” russos A invasão nazista na URSS coincidiu com um verão quente e seco, com tempe- raturas acima de 40 °C. De acordo com Erik Durschmied: A poeira fina das estradas entupia os radiadores e filtros de ar, supera- quecia os motores, cobria de bolhas os pés dos soldados; os braços e rostos suados e poeirentos eram atacados por insetos. A água potável fora contami- nada pelos soviéticos, com animais mortos jogados dentro dos poços. O pesado equipamento bélico – cartucheiras, munição, armas, mortei- ro, remédios – pesava cada vez mais. Para aliviar o peso, os soldados joga- ram fora os pesados capotes e túnicas, ficando em mangas de camisa. Afinal, a guerra seria rápida e eles estariam em casa antes do inverno. Era o que prometera o führer. Entretanto, uma série de erros de es- tratégia militar atrasou a campanha. Ao mesmo tempo em que Hitler discordava de seus generais, a população russa come- çava a enfrentar os nazistas. O frio se aproximava. Os alemães não tinham trajes de inverno. O exército rus- so estava equipado com luvas, casacos e botas forrados de pele. Seu casaco branco acolchoado misturava-se à neve, confun- dindo o exército alemão, enquanto os ale- REPRO D U ÇÃO mães, com uniformes cinza-escuros, eram verdadeiros alvos ambulantes. Soldados russos em uniformes brancos confundiam-se com a neve para enfrentar o exército nazista. O termômetro desceu e a neve fofa congelava os membros dos soldados, para desespero do capitão-médico alemão: "Agora, nosso Exército inteiro só tem alei- jados". O "general Inverno", o soldado mais fiel da “Santa Mãe” Rússia, estava de novo no front de guerra. Stálin conclamou o povo a defender a terra como pudesse. O povo chamou o con- flito de a Grande Guerra Patriótica e lutava com fervor quase religioso. Enquanto isso, as pontes eram dinamitadas e as estradas eram minadas pela resistência russa. Entre 1942 e 1943, o exército alemão foi derrotado na mais sangrenta das bata- lhas: a Batalha de Stalingrado, pondo fim à invencibilidade alemã. Comandado pelo marechal Zukov, o Exército Vermelho começou a empurrar os alemães para fora da União Soviética e, ao mesmo tempo, dirigia-se para a Alemanha. Ao final da guerra, os soviéticos foram os pri- meiros a entrar vitoriosamente em Berlim. 172 EF 9P -1 5- 31 Capítulo 7 – A Segunda Guerra Mundial \ Grupo 3 Avanço dos Aliados (1942-1945) No combate aos nazistas, houve mais de vinte milhões de russos mortos; em contrapartida, o exército alemão perdeu sua elite e cerca de 65% de seu efetivo militar. Era o início do fim para os nazis- tas, derrotados pelas condições climáti- cas e pelo povo soviético. Enquanto o Exército Vermelho reto- mava os territórios do Leste Europeu, os estadunidenses e os ingleses bombardea- vam as principais cidades alemãs. Na Ásia, o Japão era derrotado na Batalha Naval do Mar de Coral e na Batalha de Midway, na qual perderam quatro porta-aviões. Com a conquista de Guadalcanal (fevereiro de 1943), os estadunidenses obrigaram os japoneses a recuar e, comandados pelo general MacArthur, adotaram a tática de reto- mar ilha por ilha. No norte da África, o marechal britâni- co Bernard Law Montgomery derrotou os nazistas em El Alamein, no Egito (1943). Na Europa, tropas aliadas invadiram a Sicília, chegando até Roma. O rei Vitor Emanuel III demitiu Mussolini e nomeou um novo ministro. Este assinou a rendi- ção da Itália, que passou a ser inimiga da Alemanha. Os alemães resistiram sozinhos, na Europa, e de Pennemünde lançaram as bombas voadoras, V.1 e V.2, em direção a Londres. Os aliados se organizaram numa gi- gantesca força-tarefa, sob o comando do general Eisenhower. No dia 6 de junho de 1944, milhares de soldados ingleses, estadunidenses e canadenses desembar- caram na Normandia, França, na Opera- ção Overlord: o Dia D. Paraquedistas ata- caram ao amanhecer; navios caça-minas limparam as águas e belonaves e aviões bombardearam as posições inimigas. Ao final do dia, mais de 3 milhões de soldados haviam desembarcado nas praias francesas. Desembarque aliado na praia designada como Omaha, no Dia D – 6/6/1944. No início de 1945, os estadunidenses desembarcaram em Iwo Jima e Okinawa, no Japão. Soldados americanos hasteando a bandeira em Iwo Jima. Enquanto isso, o Exército Vermelho conti- nuava a atacar os alemães pela frente orien- tal, em direção a Berlim. Acuados, em 30 de abril de 1945, Hitler e sua mulher, Eva Braun, suicidaram- -se em seu bunker (fortaleza), seguidos por Goebbels, ministro da Propaganda. 1945: o fi m da guerra Invadida nos quatro cantos pelo Exérci- to Aliado, a Alemanha rendeu-se, incondi- cionalmente, em 8 de maio de 1945. Acabava, assim, o III Reich e a Segunda Guerra Mundial, na Europa. No Oriente, os japoneses ainda resis- tiam, utilizando os kamikazes – filhos do N ATIO N AL ARCH IVES U SA CO RBIS / CO RBIS (D C) / LATIN STO CK EF 9P -1 5- 31 História \ Diferenças e semelhanças 173 vento, pilotos suicidas que se atiravam so- bre os encouraçados estadunidenses. Depois da rendição alemã, os EUA exi- giram a rendição incondicional do Japão, o que não foi feito. O então presidente, Harry Truman, ordenou o lançamento de um novo armamento sobre o Japão. O piloto do superfortaleza B-29 – batiza- do de Enola Gay – tinha as seguintes ordens: “Lançar a primeira bomba especial tão logo o clima permitisse bombardeio visual após 3 de agosto de 1945 numdos seguintes al- vos: Kokura, Niígata, Hiroshima, Nagasaki". No dia 6 de agosto de 1945, o avião Enola Gay percebeu uma cidade iluminada pelo sol da manhã e anunciou: "Já temos o alvo, Hiroshima". Às 8h15, desse mesmo dia, o mundo entrou na era nuclear. Diante do poder de destruição da bomba atômica e de seu cogumelo gigantesco a se levantar pelo céu adentro, a reação do capi- tão Robert Lewis, copiloto, expressava todo o horror que essa nova arma produzira no mundo: "Meu Deus, o que foi que fizemos?", enquanto os sobreviventes contavam: "Vi- mos um clarão e ficamos assim", não conse- guindo explicar como foram queimados. Em poucos segundos, 100 mil pessoas foram mortas. Três dias depois, outra bom- ba matou mais de 200 mil pessoas em Naga- saki. O Japão rendeu-se incondicionalmente, a bordo do encouraçado Missouri, perante o general MacArthur. Assim, em agosto de 1945, terminava oficialmente a Segunda Guerra Mundial. Rendição dos japoneses a bordo do encouraçado USS Missouri. Os efeitos devastadores da bomba atômica, apelidada de Little Boy, sobre Hiroshima. CO RB IS / CO RB IS (D C) / LA TI N ST O CK BETTM AN N / CO RBIS / CO RBIS (D C) / LATIN STO CK O “saldo” deixado pela guerra Foi o povo quem arcou com todos os pre- juízos da Segunda Guerra Mundial. Foi de seu meio que vieram os soldados que mor- reram lutando pela pátria em terras e mares desconhecidos; foi ele que produziu peças, armamentos e vestuários para os exércitos; foi o povo que teve seus campos destruídos e sua lavoura arrebatada pelos governos e, no final, foi novamente ele que arcou com a fome, as doenças e o desemprego. Os números mostram o quanto deve- mos ao povo, apesar de ele não aparecer, dando lugar a generais e marechais e a presidentes e ministros de Estado. Na URSS, foram 26 milhões de mortos; na Polônia, 4,3 milhões; na Alemanha, 4,2 milhões; na China, 2,2 milhões; no Japão, 1,2 milhões; na França, 600 mil; nos EUA, 400 mil; na Itália, 410 mil. O povo judeu, sem pátria, perseguido desde a Antiguidade, perdeu 6 milhões de pessoas, exterminadas pelos nazistas nos campos de concentração de Auschwitz, Dachau, Treblinka, Buchenwald, Sobibor, entre tantos outros. 174 EF 9P -1 5- 31 Capítulo 7 – A Segunda Guerra Mundial \ Grupo 3 Prisioneiros judeus em campo de concentração dos “três grandes”: Churchill, Roosevelt e Stálin (URSS). No encontro, Stálin conse- guiu que se abrisse uma frente de guerra no Ocidente para aliviar a pressão nazista sobre o território soviético. Da decisão, nasceu o desembarque aliado na Norman- dia – o Dia D – e os EUA e a Inglaterra reco- nheceram a anexação dos países bálticos – Lituânia, Letônia e Estônia – pela URSS. Em fevereiro de 1945, novamente os "três grandes" se reuniram na Conferência de Yalta, às margens do mar Negro, na Cri- meia, e discutiram a criação da ONU após a guerra. Estabeleceu-se a divisão da Coreia em áreas de dominação capitalista e socialis- ta. A URSS ganhou o controle da Europa Oriental, libertada da ocupação nazista pelo Exército Vermelho. Sentados, da esquerda para direita: Churchill, Roosevelt (então muito doente vindo a falecer logo depois) e Stálin, em Yalta. Em julho de 1945, novamente os “três grandes” se reuniram na Conferência de Potsdam, perto de Berlim. Com a morte de Roosevelt, Truman representou os EUA. As principais decisões dessa Conferên- cia para a Alemanha foram a redução de sua capacidade industrial, a abolição dos trustes e cartéis, a desmilitarização, a im- posição de pesadas indenizações aos alia- dos (20 bilhões de dólares, a serem pagos com máquinas, equipamentos industriais e navios mercantes) e a cessão do porto de Dantzig à Polônia. Decidiram ainda a divisão da Alemanha em quatro zonas de ocupação, administra- BE TT M AN N / CO RB IS / CO RB IS (D C) / LA TI N ST O CK BETTM AN N / CO RBIS / CO RBIS (D C) / LATIN STO CK Essa perseguição aos judeus, em nome da raça ariana pura e superior, estendeu- -se também sobre outros povos: eslavos e ciganos. Mesmo na loucura da guerra, os judeus contaram com a ajuda de pes- soas que arriscaram fortuna e posição na missão de tentar salvá-los, como o alemão Schindler e o brasileiro Souza Dantas. Decisões fi rmadas pelos Aliados Antes mesmo do final da guerra, os Alia- dos, já dando como certa a derrota do Eixo, assinaram os primeiros acordos e tratados relativos à guerra e à reorganização mun- dial. Neles, definiram a partilha do mundo e estabeleceram as áreas de influência. Em novembro de 1943, realizou-se a Conferência do Cairo, no Egito, com as participações de Roosevelt (EUA), Churchill (Inglaterra) e Chiang Kai-Chek (China), para discutir o futuro do Império Japonês. Nessa conferência, foi decidido que os territórios ocupados pelo Japão, com exce- ção da Coreia, seriam restituídos à China. O Japão ainda perderia todas as ilhas do Pací- fico e territórios ocupados desde 1914. Ao final de novembro, houve a Confe- rência de Teerã, no Irã, com o encontro EF 9P -1 5- 31 História \ Diferenças e semelhanças 175 H U LT O N A RC H IV E / G ET TY IM AG ES das por Inglaterra, EUA, França e URSS. A capital da Alemanha, Berlim, que ficou na zona soviética, também foi dividida: meta- de para os soviéticos e outra metade para ingleses, franceses e estadunidenses. Os líderes nazistas foram considerados criminosos de guerra a serem julgados por um Tribunal Internacional instalado em Nuremberg. Tribunal de Nuremberg Nuremberg foi escolhida para sediar o Tribunal Internacional. No Palácio da Justiça, jornalistas do mun- do inteiro cobriram o julgamento dos líderes do nazismo acusados de crimes contra a paz, preparação e condução de guerra nas quais se desrespeitaram convênios e acordos in- ternacionais, crimes de guerra caracteriza- dos em assassinatos, deportações de popu- lações dos territórios ocupados, pilhagem de propriedades públicas e privadas, persegui- ções raciais, políticas, religiosas etc. Quase duas centenas de nazistas foram processados e julgados, entre os quais o marechal Hermann Goering, comandan- te da Luftwaffe; Ribbentrop, ministro do Exterior; e Rudolf Hess, representante de Hitler no Partido Nazista. Goering, o comandante da Luftwaffe, foi condenado à morte, mas suicidou- -se com uma cápsula de cianureto, cuja origem é um mistério até hoje. Ao final de 218 dias, 11 dos acusados foram condenados à morte, três à prisão perpétua, quatro a penas entre 10 anos e 20 anos e três foram inocentados. Muitos nazistas escaparam ao julga- mento refugiando-se em outros países. Em 1960, Adolf Eichman, responsável pela deportação e extermínio de judeus, foi localizado na Argentina e levado a Israel, onde foi executado; Franz Stangl, chefe dos campos de concentração de Treblinka e Sobibor, foi encontrado em São Paulo e extraditado para a Alemanha em 1967; Josef Mengele, o "anjo da morte", res- ponsável pelo extermínio em Auschwitz, e Birkenau, palco de experiências "cientí- ficas", foi declarado morto em São Paulo, em 1979. Organização das Nações Unidas Em 1941, Churchill e Roosevelt assina- ram a Carta do Atlântico, na qual a Ingla- terra e os EUA renunciavam à anexação de territórios e propunham a liberdade nos mares e a cooperação entre as nações. Em 1942, 26 nações aliadas contra o Eixo formaram o Pacto de Washington, aderindo à ideia de se criar um organismo internacional para zelar pela paz mundial. Após a Conferência de Yalta, 50 países se reuniram nos EUA, em 1945, na Confe- rência de São Francisco, para a criação da ONU – Organização das Nações Unidas –, tendo como objetivos: manter a paz e a segurança internacional, buscar a coope- ração entre os povos e soluções para os problemas econômicos, sociais, culturais e humanitários. Atualmente, a ONU congrega quase todas as nações do mundo e sua sede, em Nova York, compreende seis órgãos de decisão: Conselho de Segurança: órgão mais importante,responsável pela manutenção da paz e da segurança no mundo, compos- to por cinco membros permanentes com direito a veto – EUA, Inglaterra, França, Rússia e China – e dez membros sem di- reito a veto, eleitos a cada dois anos pela Assembleia-geral. 176 EF 9P -1 5- 31 Capítulo 7 – A Segunda Guerra Mundial \ Grupo 3 Assembleia-Geral: participam todos os países-membro com direito a voto. Secretaria-Geral: administra a institui- ção e coloca em prática os projetos elabo- rados pela entidade. O secretário-geral é a principal autoridade da ONU e é eleito, com direito à reeleição, pelo Conselho de Segurança e confirmado pela Assembleia- -Geral por cinco anos. Conselho de tutela: proteção a povos sem governo próprio. Corte internacional de justiça: estabe- lece os princípios de direito aceitos por to- dos os países, julga as disputas entre eles e resolve conflitos legais. Conselho econômico e social: responsá- vel pelos programas econômicos e sociais. pelos cinco membros do Conselho de Segu- rança, os quais, por terem o direito de veto, impõem sua vontade sobre os demais. Início da Guerra Fria Após a guerra, o mundo assistiu à dis- puta entre a União Soviética e os Estados Unidos da América pela hegemonia mun- dial. As duas Nações se tornaram as maio- res potências, ocupando o lugar da Ingla- terra, França e Alemanha. A Segunda Guerra não só não resolveu os problemas econômicos e sociais como, em muitos casos, aprofundou-os: lançou o mundo à beira de um ataque de nervos por causa da crescente rivalidade entre os ex- -aliados, URSS e EUA, e à ameaça de uma guerra nuclear, logo após o seu término. Assim, em 1947, teve início a chamada Guerra Fria. Esta caracterizou-se pela cor- rida armamentista e espacial, pela tensão crescente entre socialismo e capitalismo no campo ideológico e pela consequente disputa por áreas de influência, pelos dois países hegemônicos. O ocidente capitalista estava em alerta com relação à expansão soviética no Leste Europeu. O presidente estadunidense Harry Truman concedeu apoio econômico e mi- litar à Grécia e à Turquia, a fim de conter o avanço socialista, e lançou as bases da Doutrina Truman. Nela, defendia a lide- rança internacional dos EUA, que se colo- cavam como "guardiões da liberdade dos povos”, para conter a influência soviética. Em seguida, o secretário de Estado, Ge- orge Marshall, lançou um programa de in- vestimentos e recuperação das economias europeias destruídas pela guerra, o Plano Marshall. No início, a URSS chegou a par- ticipar das conversações, mas logo se reti- rou das negociações rejeitando a proposta e acusando-os de favorecer interesses dos EUA. Com a rejeição soviética, o Plano Marshall passou a ter como objetivos fun- damentais conter a expansão dos ideais comunistas por meio da recuperação eco- nômica europeia e manter o parque indus- ST AN H O N D A / AF P Assembleia-geral da ONU A ONU tem, ainda, órgãos específi- cos, como a Organização das Nações Uni- das para a Educação, Ciência e Cultura – Unesco; a Organização Mundial de Saúde – OMS; a Organização Internacional do Trabalho – OIT; o Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento – Bird; o Fundo Monetário Internacional – FMI; a Organização para Alimentação e Agricultu- ra – FAO; o Fundo das Nações Unidas para a Infância – Unicef, entre outros. Apesar de a ONU propor a igualdade so- berana de todos os países-membro, ela foi estruturada de modo a garantir a hegemonia das grandes potências mundiais, compostas EF 9P -1 5- 31 História \ Diferenças e semelhanças 177 RE PR O D U Çà O trial norte-americano em pleno funciona- mento, destinando parte de sua produção ao mercado europeu. Novas relações internacionais Para fazer frente à recuperação econô- mica da Europa Ocidental, a URSS tratou logo de reforçar seus aliados. Assim, criou, em 1949, o Conselho de Assistência Eco- nômica Mútua – Comecom, a fim de co- ordenar a política econômica dos países- -membro socialistas. No mesmo ano, os EUA e a Europa Oci- dental se aliaram militarmente e forma- ram a Organização do Tratado do Atlânti- co Norte, Otan. Cartaz da Otan, em que se pode ler: Vigilância, o preço da liberdade. Para se defenderem de um possível ata- que da Otan, a URSS e a Europa Oriental for- maram, em 1955, o Pacto de Varsóvia, que se dissolveu em 1991, com o fim da URSS. Alemanha Como dito anteriormente, a Alema- nha foi responsabilizada pela guerra. Com isso, teve seu território dividido em zonas de ocupação aliada em 1945 e foi oficial- mente dividida em dois países em 1949: a República Democrática Alemã (RDA) ou Alemanha Oriental, com capital em Berlim, sob influência soviética, e a República Fe- deral Alemã (RFA) ou Alemanha Ocidental, com capital em Bonn, sob influência norte- -americana. Apesar de estar na parte soviética, a ci- dade de Berlim foi dividida em duas: parte leste, socialista, e parte oeste, capitalista. Em 1961, a cidade dividida foi separada pelo Muro de Berlim: 165 km de concreto, arame farpado, torres de vigia, soldados armados e fios eletrificados, que fechava a fronteira entre a parte socialista e a ca- pitalista. Em 1989, o Muro de Berlim foi derru- bado e, no ano seguinte, a Alemanha tor- nou-se novamente um único país. IM AG EBRO KER / KEYSTO N E BRASIL Em 1989, comemoração da queda do Muro de Berlim Conclusão O final da Segunda Guerra dividiu o mun- do em dois blocos antagônicos, cuja conse- quência foi a emergência da Guerra Fria en- tre os países hegemônicos EUA e URSS. A estrutura das relações internacionais tornou-se, assim, bipolar. A paz era garan- tida pelo equilíbrio do terror: uma guerra envolvendo as duas nações significava a destruição mútua e do planeta. As disputas de áreas de influência fize- ram surgir organizações de ajuda militar mútua, como a Otan e o Pacto de Varsóvia. Estas incentivaram a proliferação de armas nucleares, as lutas pelo controle de áreas estratégicas e apoiaram conflitos armados localizados. Esse clima de tensão mundial perdu- rou até 1991, quando realmente ocorreu a queda do socialismo. EF 9P -1 5- 32 H IS TÓ RI A • G RU PO 3 • D IF ER EN ÇA S E SE M EL H A N ÇA S Capítulo 7 A Segunda Guerra Mundial 01) Explique a Conferência de Munique e o que nela foi estabelecido. 02) Um dos primeiros passos da expansão nazista foi o Anschluss. O que significava? 03) A participação nazista na Guerra Civil Espanhola teve especial significado na Eu- ropa pré-guerra, porque: a. Hitler passou a controlar a passagem por Gibraltar com exclusividade. b. a Alemanha passou a controlar mi- litarmente os países ibéricos. c. a Alemanha provou sua superiori- dade racial perante o mundo. d. a Alemanha usou a Espanha como laboratório de testes para suas ar- mas. e. a conquista da Espanha assegurava a vitória sobre a França. 04) A pretensão da hegemonia ariana, do retorno às glórias do Império Romano e da política "Ásia para os asiáticos" deu origem à formação de um bloco, cujo resultado foi a Segunda Guerra Mundial. a. A que bloco estamos nos referindo? b. Quais países compuseram-no? c. Quais eram as semelhanças exis- tentes entre esses países? 05) Em que medida os historiadores afir- mam que a Segunda Guerra Mundial foi a continuação da Primeira Guerra? 06) A respeito do tratado Molotov- -Ribbentrop, responda ao que se pede. a. Por que o mundo foi “surpreendi- do” pela assinatura desse tratado? Ati vidade 23 ● Antecedentes e fatores Exercícios de Aplicação Foi uma reunião entre Itália, Alemanha, França e Inglaterra para decidir a divisão da Tchecoslováquia, entregando à Alemanha a região dos Sudetos. Ressalta-se ainda que essa reunião foi realizada sem a participação da Tchecoslováquia, a maior interessada. A anexação da Áustria pela Alemanha sob o pretexto de ambos formarem um único povo ariano. R.: D Ao Eixo Alemanha, Itália e Japão Entre Alemanha, Itália e Japão, as seme- lhanças eram o imperialismo,a necessidade de territórios fornecedores de matérias- -primas e o fato de serem anticomunistas. Entre Alemanha e Itália, havia o fascismo, doutrina totalitária de extrema-direita, e o apoio da grande burguesia. Ao final da Primeira Guerra, o Tratado de Versalhes estabeleceu condições humilhan- tes para a Alemanha, que viu seu parque industrial aniquilado e suas forças armadas anuladas. Ao mesmo tempo, a Itália não fi- cou satisfeita com a divisão do mundo entre França e Inglaterra. Some-se a isso o fato de as pretensões territoriais em busca de mercado fornecedor de matéria-prima e da ampliação do mercado consumidor não ter sido resolvido pela Primeira Guerra Mun- dial, dando margem à Alemanha, ao Japão e à Itália de buscar esses territórios. Este tratado estabelecia um acordo de não agressão entre a URSS e a Alemanha nazis- ta. Ele surpreendeu a todos porque o nazis- mo pregava que o comunismo era a causa de toda a desordem econômica alemã e da crise social estabelecida com os movimen- tos operários. Ao mesmo tempo, França e Inglaterra, que fechavam os olhos à expan- são germânica por causa do anticomunismo ferrenho dos nazistas, passaram a ficar se- riamente preocupadas com Hitler. EF 9P -1 5- 32 História \ Diferenças e semelhanças 179 b. O que mais foi estabelecido por meio dele? c. Qual foi a sua consequência inter- nacional? 07) A partir de 1931, o Japão deu início à política "Ásia para os asiáticos". A primeira região a ser invadida foi: a. a China centro-ocidental. b. a Mongólia. c. a Rússia ocidental. d. o Havaí. e. a Manchúria. 08) O cartaz abaixo, produzido pelo go- verno da Alemanha, afirmando "Dantzig é alemão", atiçava o povo contra qual país e por quê? Exercícios Propostos 09) Essa foto de 1939, publicada pela Time-Life, registra o sucesso de Hitler as- sistindo ao desfile nazista em comemora- ção à vitória, em Varsóvia. Em que país se localiza a referida cidade e qual foi a importância dessa vitória? 10) Em 1941, em plena Segunda Guerra Mundial, o primeiro-ministro da Inglater- ra, Winston Churchill, afirmou: "Esta guer- ra, de fato, é a continuação da anterior". Ele chegou a essa conclusão em razão: a. de a Itália, derrotada na Primeira Guerra Mundial, haver adotado o fascismo como regime de governo. b. de a França e a Alemanha serem inimigas tradicionais, sendo que, após a Primeira Guerra Mundial, a rivalidade aumentou por causa da derrota da França e seu desejo de revanche. c. de as indenizações exigidas pe- los países vencedores da Primei- ra Guerra terem sido tão pesadas que, somadas às outras incluídas no Tratado de Versalhes, levaram a um clima de ressentimento entre os alemães, habilmente utilizado pelos nazistas. M ICH AEL N ICH O LSO N / CO RBIS / CO RBIS (D C) / LATIN STO CK H U G O JA EG ER / TI M E & L IF E PI CT U RE S / G ET TY IM AG ES A divisão da Polônia entre soviéticos e ale- mães e o controle comunista sobre Finlân- dia, Letônia e Estônia, enquanto a Alema- nha ficava com a Lituânia. França e Inglaterra abandonaram a "políti- ca de apaziguamento" e declararam apoio à Polônia em caso de ataque. R.: E Contra a Polônia, porque, após a Primeira Guerra Mundial, a Alemanha foi obrigada a lhe ceder parte de seu território para ter acesso ao mar. Como consequência, a Ale- manha ficou dividida: a maior parte no oes- te e a outra parte no leste – a Prússia orien- tal e, entre elas, os poloneses. Varsóvia é a capital da Polônia, que, à épo- ca, tinha o apoio da Inglaterra e da França. Após sua invasão pelos nazistas, em 1º de setembro de 1939, ingleses e franceses de- clararam guerra à Alemanha, dando início à Segunda Guerra Mundial. R.: C 180 EF 9P -1 5- 32 Capítulo 7 – A Segunda Guerra Mundial \ Grupo 3 d. do avanço do comunismo, liderado pela URSS, que se assemelhava ao avanço ocorrido antes da Primeira Guerra, sob a liderança de Lênin. e. de a Segunda Guerra Mundial ter sido travada pelos mesmos países, agrupados nos mesmos blocos ideológicos. Ati vidade 24 ● A guerra na Europa Exercícios de Aplicação 01) Qual é o significado de blitzkrieg e no que consistia? 02) Com relação ao mapa, responda ao que se pede. A França em 1940 Londres Calais Bruxelas Vichy OCEANO ATLÂNTICO Mar Mediterrâneo FRANÇA Rio Loire Rio Reno Território ocupado pelos alemães Território francês controlado pelo governo Vichy (colaboracionista) Luxemburgo Linha Maginot Paris Dunquerque a. Quem ficou responsável pelo governo colaboracionista de Vichy? b. Como a França resistiu à ocupação alemã? Os países vencedores da Primeira Guerra, es- pecialmente a França, carregada de revan- chismo, impuseram à Alemanha o Tratado de Versalhes, obrigando- -a não só a pagar uma exorbitante indeniza- ção em dinheiro, como também a entregar ter- ritórios, armamentos, produção industrial, en- tre outras obrigações. Essas exigências provo- caram entre os alemães um intenso sentimento de humilhação que, mais tarde, foi canaliza- do por Adolf Hitler para fazer crescer o nazismo. Marechal Petain Guerra-relâmpago: consistia em uma guerra que utilizava intensamente blindados, tanques panzers, veículos motorizados e aviação, possibilitando a rápida invasão e a sequente ocupação do território inimigo. O general Charles de Gaulle organizou, em Londres, um governo paralelo e, pela rádio BBC, conclamava os franceses a resistirem aos alemães, organizando a "resistência". EF 9P -1 5- 32 História \ Diferenças e semelhanças 181 03) Os bombardeios aéreos foram utiliza- dos tanto pelos países do Eixo quanto pe- los Aliados. Uma das batalhas aéreas mais famosas foi travada nos céus de Londres. a. Quais forças se enfrentaram? b. Como o ministro inglês Churchill resumiu o sucesso da RAF? 04) O frio se aproximava. Os alemães não tinham trajes de inverno. Napoleão já fora derrotado pelo "general inverno" e Hitler, aparentemente, que nunca deu muita im- portância à História, como deixou claro o general Guderian, o gênio da blitzkrieg: “Sim, mein führer, foi o senhor que nos colocou nesta confusão. Sem tanques sufi- cientes, sem efetivos suficientes. E o tem- po! Nós lemos o livro de Napoleão, mas o senhor – o senhor não quis escutar quando o avisamos sobre o clima... Agora estamos aqui, atolados...” In: DURSCHMIED, E. Como a natureza mudou a história – p. 208. O texto refere-se a um episódio da Segun- da Guerra Mundial que foi fundamental para o seu desfecho, representado pela in- vasão alemã à URSS, conhecida como: a. Operação Overlord. b. Dia D. c. Guerra de Movimentos. d. Retirada de Dunquerque. e. Operação Barba-Ruiva. Exercícios Propostos 05) Um dos episódios mais dramáticos da Segunda Guerra Mundial foi a "Retirada de Dunquerque". Explique por quê. 06) No que consistiu a "Operação Barba-- -Ruiva”? A RAF (Royal Air Force) e a Luftwaffe (Força Aérea Alemã). "Nunca tantos deveram tanto a tão poucos". No exercício 04, in- vasão nazista sobre a URSS, a fim de destruir o comunismo e, ao mesmo tempo, ocupar os campos de trigo e de produção de petróleo, foi chamada de Opera- ção Barba-Ruiva. Trata-se da fuga de franceses e ingleses para a Inglaterra, os quais atravessaram o canal da Mancha, após terem sido “empurrados” pelo avanço alemão. Foi a invasão nazista feita pelos alemães à União Soviética, com o objetivo de liquidar o comunismo e anexar territórios ricos em cereais, minérios e petróleo. R.: E 182 EF 9P -1 5- 32 Capítulo 7 – A Segunda Guerra Mundial \ Grupo 3 07) Leia o texto a seguir e explique o que o autor quis afirmar com a “falta de realis- mo” de Stalin: Hoje sabemos que Stálin foi a prin- cipal vítima dessa falta de realismo, recusando-se obstinada e sistematica- mente a aceitar a acumulação de provas detalhadas e absolutamente confiáveis do plano de Hitler de atacar a União So- viética, mesmo depois que os alemães já haviam cruzado sua fronteira. HOBSBAWM, E. Tempos interessantes. São Paulo: Companhia das Letras.2002, p. 186. Fragmento. Ati vidade 25 ● A guerra no mundo Exercícios de Aplicação 01) Leia o texto e justifique a alternativa assinalada: Às 5 da manhã do dia 7 de dezembro de 1941, aviões japoneses bombardearam a base da Marinha norte-americana de Pearl Harbor, no Havaí, colocando os Estados Unidos na guerra. Sobre o conflito no Pacífico durante a Segunda Guerra Mundial, podemos afirmar: a. Abriu-se espaço para a expansão do Japão, no Oriente Médio, que conseguiu colocar sob a sua órbita de influência o Paquistão e a Índia. b. Demonstrou-se a instabilidade que pairava sobre o Pacífico e o Sudeste Asiático, antes controlados por França e Inglaterra e, agora, disputados por japoneses e norte-americanos. c. Os violentos combates aéreos e os bombardeios efetuados por todos os países no conflito, principalmente pela Itália e Alemanha, visavam a defender as posi- ções japonesas. d. Foi fundamental para o avanço dos países do Eixo, tanto no próprio Pacífico quan- to na Europa, culminando com o lançamento das bombas atômicas pela Inglater- ra sobre a Ásia. e. Nos combates entre japoneses e norte-americanos contra tropas sino-soviéticas, o objetivo era expandir o socialismo no Sudeste Asiático. A “falta de realismo” de Stálin a que se re- fere o autor baseia-se na existência de um pacto de não agressão entre Alemanha e URSS, conhecido por Pacto Molotov- -Ribbentrop, que foi assinado em 23 de agosto de 1939 em Moscou, estabelecen- do que ambos os países se comprometiam a manterem-se afastados um do outro em termos bélicos. Tal tratado foi feito por ini- ciativa de Hitler, que estava interessado em invadir a Polônia e, para isso, deveria isolar a URSS. Entretanto, em abril de 1941, Hitler rompeu o tratado e invadiu a URSS, na Ope- ração Barbarossa (ou Barba-Ruiva). No exercício 01, em razão de franceses e ingleses terem volta- do sua atenção para a guerra que se espa- lhava pela Europa, o Sudeste Asiático ficou desguarnecido e atraiu a cobiça de japoneses e, em seguida, de norte- -americanos. R.: B EF 9P -1 5- 32 História \ Diferenças e semelhanças 183 03) Até meados de 1942, os países do Eixo estavam em vantagem, mas, desde esse momento, ocorreram alguns eventos que marcaram a inversão da guerra, isto é, a vantagem passou para os Aliados. De quais eventos estamos falando? Com base em conhecimentos históricos, po- de-se afirmar que essa imagem representa: a. a nacionalização de empresas americanas e europeias pelo go- verno japonês. b. a propaganda nazista contra o Ja- pão nos anos iniciais da Segunda Guerra Mundial. c. a superioridade do guerreiro sa- murai japonês diante das forças dos Aliados. d. o bombardeio atômico das cidades de Hiroshima e Nagasaki pela avia- ção norte-americana. e. a aliança entre o Japão e a União Soviética contra o avanço dos Alia- dos na Segunda Guerra Mundial. Exercícios Propostos 05) Até o final de 1941, desenrolavam-se no mundo duas guerras: a guerra euro- peia, iniciada por Hitler ao atacar a Polô- nia, e a guerra asiática, iniciada pelo Japão ao atacar a Manchúria. Em 7 de dezembro de 1941, as duas guerras formaram uma. O que aconteceu nesse dia? RE PR O D U Çà O 02) O marechal britânico Bernard Law Montgomery foi um dos grandes líderes dos Aliados no norte da África. a. Quem era seu principal inimigo na região? b. Como se chamava a divisão alemã na África? c. A derrota nazista imposta por Montgomery no norte da África ocorreu em: 04) Observe o cartaz, difundido no Ja- pão durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Era o marechal Erwin Johannes Eugen Rom- mel, apelidado de “A raposa do deserto”. Afrika Korps El Alamein, no Egito Da vitória soviética em Stalingrado e das vi- tórias norte-americanas nas batalhas marí- timas do Coral e de Midway sobre o Japão. O cartaz retrata a supe- rioridade do guerreiro samurai, personagem que caracteriza a cultu- ra japonesa, em relação às forças dos Aliados no contexto da Segunda Guerra Mundial. O Japão atacou a base naval norte-ameri- cana de Pearl Harbor, provocando a decla- ração de guerra dos Estados Unidos a este país, que participava do Eixo, aproximando os norte-americanos dos Aliados e fundin- do o conflito, que contaria com a definitiva participação norte-americana na Europa a partir de 1942, após submarinos alemães afundarem navios mercantes dos EUA. R.: C 184 EF 9P -1 5- 32 Capítulo 7 – A Segunda Guerra Mundial \ Grupo 3 01) Antes do término da guerra, os países aliados começaram a fazer acordos deci- dindo o futuro dos países do Eixo. Em qual tratado tomou-se decisões sobre o império japonês? 02) O presidente dos EUA, na Conferência de Yalta (fevereiro de 1945), foi criticado por alguns setores aliados, porque, entre outros aspectos: a. permitiu que o Japão conservasse territórios ocupados na China. b. defendeu a não divisão do territó- rio alemão em zonas de ocupação. c. negou a validade de um tribunal internacional para julgar os líde- res nazistas acusados de crimes de guerra. d. propôs a realização de um plebisci- to para a divisão da Itália em zonas de ocupação. e. concordou em deixar a Europa Oriental sob a influência soviética. 03) Na Conferência de Potsdam, realiza- da pelos “três grandes” − Stálin, Churchill (Attlee) e Truman −, ficou decidido(a): a. a reunificação da Alemanha b. a intervenção da URSS no Japão após a rendição alemã. c. a divisão da Alemanha em quatro zonas de ocupação. d. a substituição da ONU pela Liga das Nações. e. o controle soviético sobre China, Iugoslávia e Polônia. 04) O que foi decidido sobre a Coreia na Conferência de Yalta e qual a relevância desta conferência para o mundo? Ati vidade 26 ● Decisões fi rmadas pelos Aliados Exercícios de Aplicação 06) Após a rendição da Itália e da Alema- nha, o Japão continuou a guerra num con- fronto tão suicida quanto os voos de seus pilotos kamikazes (“vento divino”). Em agos- to, o Japão rendeu-se, incondicionalmente, a bordo do encouraçado Missouri, às forças aliadas. Que fato apressou o fim da Guerra? 07) Explique o que foi o Dia D e qual foi o nome da operação ocorrida nesse dia. Na Conferência do Cairo (novembro de 1943), em que se estabeleceu que os terri- tórios ocupados pelo Japão seriam restituí- dos à China, com exceção da Coreia. R.: E R.: C A Coreia foi dividida em duas zonas de influ- ência: ao norte, influência socialista; ao sul, capitalista. Yalta foi o ponto de partida para que EUA e URSS dividissem o mundo, no século XX, entre eles, estabelecendo suas áreas de influência e dando origem à bipo- larização mundial. As bombas atômicas estadunidenses lançadas sobre as cidades de Hiroshima e Nagasaki. Operação Overlord, que consistiu no desembarque dos Aliados na Normandia, França, a fim de abrir uma nova frente de combate aos alemães. EF 9P -1 5- 32 História \ Diferenças e semelhanças 185 Exercícios Propostos 05) Explique a Conferência de Teerã como responsável pela derrota alemã. 06) Observe a imagem abaixo. Essa foto foi tirada na Conferência de Potsdam, realizada entre 17 de julho e 2 de agosto de 1945. Da esquerda para a di- reita, sentados estão o primeiro-ministro britânico Clement Attlee (que havia subs- tituído Churchill no cargo dez dias após o início da Conferência), o presidente esta- dunidense Harry Truman (que, na condi- ção de vice-presidente, assumiu o gover- no dos Estados Unidos após a morte de Franklin Delano Roosevelt, em 12 de abril de 1945) e o líder soviético Joseph Stálin. Quais foram as decisões tomadas por Attlee, Stálin e Truman em relação à Ale- manha nessa conferência? U N IVERSAL IM AG ES G RO U P / G ETTY IM AG ES Ati vidade 27 ● Início da Guerra Fria Exercícios de Aplicação 01) Em 1946, na cidade norte-americana de Fulton, o então ex-primeiro ministro britânico Winston Churchill alertou o Oci- dente da ameaça comunista e denominou os países socialistas que faziam fronteira com a Europa ocidental de "Cortina de Ferro". Paraimpedir esse avanço na Euro- pa ocidental, o presidente estadunidense elaborou a “Doutrina Truman”. Explique os objetivos dela. Ela estabeleceu a abertura de uma fren- te ocidental que deu origem à Operação Overlord, que consistiu em um gigantesco desembarque das tropas aliadas na costa da Normandia. O exército nazista não teve con- dições de enfrentar os soviéticos pelo leste nem os anglo-americanos pelo oeste. Promulgada em 1947, a Doutrina Truman marcou historicamente o início da Guerra Fria. Seu primeiro objetivo foi prestar ajuda econômica e militar à Grécia e à Turquia, ameaçadas pelo socialismo. Mais tarde, ela passou a defender a liderança mundial dos Pagamento de pesada indenização de guer- ra (20 bilhões de dólares) aos Aliados; di- visão de seu território e de sua capital em quatro zonas de influência (URSS, EUA, In- glaterra e França) e julgamento dos líderes nazistas. EUA, que se colocavam como protetores da liberdade e da democracia contra o comu- nismo ateu. 186 EF 9P -1 5- 32 Capítulo 7 – A Segunda Guerra Mundial \ Grupo 3 02) Analise o mapa. Distribuição das forças no confronto entre Estados Unidos e União Soviética PORTUGAL ESPANHA FRANÇA BÉLGICA LUXEMBURGO REINO UNIDO ISLÂNDIA IRLANDA ÁFRICA HOLANDA SUÍÇA ITÁLIA ROMÊNIA GRÉCIA NORUEGA SUÉCIA BULGÁRIA TURQUIA FINLÂNDIA IUGOSLÁVIA HUNGRIA ÁUSTRIA TCHECOSLOVÁQUIA POLÔNIA DINAMARCA ALEMANHA ORIENTAL ALEMANHA OCIDENTAL Mar Negro Mar Cáspio Mar Mediterrâneo Mar do Norte CANADÁ URSS EUA ALBÂNIA Assinale a alternativa que afirme corretamente o contexto histórico retratado pelo mapa e justifique a resposta. a. Primeira Guerra Mundial b. Segunda Guerra Mundial c. Crise de 1929 d. Guerra Fria e. Guerra de Varsóvia 03) Quando e para que foi criada a ONU? 04) Explique o que significam: a. Plano Marshall; b. Comecom; c. Otan; Plano Marshall: ajuda econômica norte- -americana para a reconstrução da Europa Ocidental e para garantir mercados para a produção industrial. Em 1945, na Conferência de São Francisco, para garantir a paz mundial no mundo pós- -guerra. O mapa se refere ao contexto da Guerra Fria, destacando os países-membro das alianças militares daquela época, Otan e Pacto de Varsóvia. Comecom: Conselho de Assistência Eco- nômica Mútua, ajuda econômica soviética para a reconstrução da Europa Oriental. Otan: Organização do Tratado do Atlântico Norte, aliança político-militar entre os EUA e os países da Europa Ocidental contra um possível ataque soviético. R.: D EF 9P -1 5- 32 História \ Diferenças e semelhanças 187 d. Pacto de Varsóvia; e. Tribunal de Nuremberg. 05) Assinale C para a afirmativa correta, E para a afirmativa errada e corrija os erros das afirmações equivocadas. O plano Marshall tinha por objetivo: ( ) I. reconstruir a Europa Oriental, por meio de ajuda financeira, após a crise do socialismo. ( ) II. combater os efeitos da Grande Depressão sobre a economia nor- te-americana, procurando retomar a prosperidade do país. ( ) III. refazer o aparelho produtivo europeu e, ao mesmo tempo, abrir caminho para a penetração do ca- pital norte-americano na Europa. ( ) IV. servir de obstáculo à expansão dos ideais socialistas nos países de- vastados pela guerra. ( ) V. apoiar e incentivar o desenvolvi- mento industrial da América Latina. 06) Leia o texto abaixo: A Europa estava em declínio havia décadas, ainda que muitos analistas acreditassem que a situação era mara- vilhosa e que o futuro estava garanti- do. Eles tinham essa impressão porque nos anos seguintes à Segunda Guerra Mundial a recuperação dos países eu- ropeus havia sido espetacular e promis- sora. [...] Ao mesmo tempo, a Europa era dependente dos Estados Unidos no campo de defesa. A cooperação militar interessava a todos enquanto havia a União Soviética. LAQUEUR, Walter. Veja, 1º fev. 2012. Fragmento. Podemos perceber no texto que o autor faz algumas referências implícitas acerca de de- terminados momentos históricos sobre a Eu- ropa pós-guerra. Assinale a alternativa que melhor corresponde aos fatos mencionados no texto e justifique a resposta. a. A divisão da Alemanha em dois países e a implementação da União Europeia para promover a recupe- ração econômica do continente. b. O período da Guerra Fria, a ajuda econômica promovida pelo Plano Marshall e a criação da Otan. c. A ajuda econômica aos países do Leste Europeu, promovida pelo Comecon, e a criação do Pacto de Varsóvia. d. A derrota dos países do Eixo ante os Aliados e a cooperação econô- mica entre os países asiáticos con- tra o imperialismo soviético. e. A rivalidade interna entre os Alia- dos, na Segunda Guerra Mundial, e a formação de dois blocos militares antagônicos, promovendo o enfra- quecimento da Europa. Pacto de Varsóvia: aliança político-militar entre a URSS e a Europa Oriental para se de- fenderem de um eventual ataque da Otan. Tribunal de Nuremberg: Tribunal Internacio- nal de Justiça, para julgamento de líderes nazistas por crimes de guerra. C E E E C I. O objetivo era apoiar os países da Europa Ocidental arruinados pela Segunda Guerra. II. Os efeitos da Grande Depressão foram combatidos pelo New Deal. V. Os objetivos eram o apoio e o incentivo às indústrias da Europa Ocidental. R.: B Guerra Fria: tempo histórico de disputas estratégicas e conflitos indire- tos entre Estados Unidos e União Soviética, compreendendo o período entre o final da Segunda Guerra Mundial (1945) e a extinção da União Soviética (1991). Plano Marshall: elaborado pelos Estados Unidos, tinha o objetivo de reconstruir os países aliados da Europa nos anos seguintes à Segunda Guerra Mundial, entre 1948-1951. O nome do plano deve-se ao seu mentor, George Marshall, então secretário de Estado. Organização do Tratado do Atlântico Norte: aliança militar intergover- namental que tinha o objetivo de instituir um sistema de defesa coletiva, na qual os seus Estados-membro concordavam com a defesa mútua em resposta a ataques cometidos por qualquer entidade externa. Essa alian- ça militar, formada por EUA, países europeus e Canadá, foi criada em 1949, no contexto da Guerra Fria. Com a queda do socialismo, países do Leste Europeu passaram a fazer parte dessa organização militar. 188 EF 9P -1 5- 32 Capítulo 7 – A Segunda Guerra Mundial \ Grupo 3 Exercícios Propostos combros: cidades e campos haviam sido destruídos e arruinados. Havia ainda a forte sensação de perda e de vazio nas pessoas, pois sua casa, seu emprego e seus parentes haviam desaparecido. Sobre essa paisagem desoladora, pairava uma sombra ameaçadora que vinha do Leste Eu- ropeu e assustava os EUA, em razão de seu crescente aumento: o comu- nismo. Diante disso, os Estados Unidos: a. lançaram a Doutrina Truman e o Plano Marshall, a fim de deter a expansão comunista e recuperar a Europa, mantendo, ao mesmo tempo, sua capacidade industrial em funcionamento. b. ocuparam militarmente vários pontos da Europa, especialmente aqueles que faziam fronteira com países comunistas. c. lançaram o Plano Dawes, com a finalidade de recuperar as eco- nomias alemã e italiana, pois possíveis radicalizações pode- riam acontecer nesses países e, ao mesmo tempo, colaborar com as empresas norte-americanas ali estabelecidas. d. elaboraram o Destino Manifesto, a fim de fazer frente ao avanço comunista em direção à Europa Ocidental, ajudando militarmen- te os países aliados. e. passaram a importar produtos manufaturados e de tecnologia de ponta dos países europeus, com a finalidade de colaborar com a sua recuperação econômi- ca, social e industrial. 07) O conceito de Guerra Fria, aplicado às relações internacionais após 1945, signifi- cou basicamente: a. o apoio às repúblicas latino-ame- ricanas ameaçadas após o sucesso de Fidel Castro, em Cuba. b. as disputas entre árabes e judeus pela posse da Palestina. c. a rivalidade entre dois blocos anta- gônicos, liderados por EUA e URSS. d. as lutas de independênciado con- tinente africano contra o domínio português. e. a insatisfação da China e do Japão com a divisão da Coreia entre os países hegemônicos. 08) Após o fim da Segunda Guerra Mun- dial, o presidente norte-americano Harry Truman promulgou a sua doutrina – Dou- trina Truman –, com a finalidade de colo- car os EUA como os "guardiões da liberda- de dos povos". Em seguida, o secretário de Estado, George Marshall, lançou o Plano Marshall, que consistia em: a. efetuar investimentos a fim de re- cuperar as economias dos países ocidentais, com o objetivo de evi- tar a expansão do comunismo. b. reurbanizar os países europeus de- vastados pela guerra. c. recuperar apenas as economias da Alemanha e do Japão, os países mais devastados pela guerra. d. rearmar os países aliados, a fim de pre- venir um possível ataque soviético. e. ajudar todos os países envolvidos na guerra e, dessa forma, tentar evitar uma expansão comunista. 09) Assinale a alternativa correta e justifi- que a resposta: Após a Segunda Guerra Mun- dial, a Europa encontrava-se em es- No exercício 09, termi- nada a Segunda Guerra Mundial, os Estados Uni- dos ficaram assustados com o ímpeto expan- sionista do comunismo pelo Leste europeu e pela Ásia. Diante disso, o presidente Harry Tru- man lançou a sua dou- trina: os Estados Unidos ajudariam qualquer país "ameaçado" pelo co- munismo; estava come- çando a Guerra Fria. O Plano Marshall, lançado na mesma época, teve a finalidade de recuperar a Europa Ocidental e o Japão, pois, ao mesmo tempo em que evitaria a expansão do comu- nismo, recuperaria um grande mercado con- sumidor representado pela Europa, o que faria com que a indústria nor- te-americana mantives- se a sua produção. R.: A R.: C O Plano Marshall visava não só evitar a expansão comunista, mas tam- bém achar um meio de manter o capitalismo funcionando, pois, com as economias ocidentais praticamente destruídas, o mercado consumidor para os produtos agríco- las e industriais estaduni- denses seria demasiada- mente restrito. R.: A EF 9P -1 5- 32 História \ Diferenças e semelhanças 189 Momento de novas descobertas 10) A imagem abaixo retrata a construção do Muro de Berlim, em 1961. Esse muro foi o grande símbolo da Guer- ra Fria. Embora o muro de Berlim tenha sido destruído, ainda há outros “muros” pelo mundo, que também separam as pessoas e/ou nações. Forme um grupo para localizar esses “muros” e cite pelo menos dois casos em que isso existe, produzindo um resumo das principais in- formações obtidas. KE YS TO N E- FR AN CE / G AM M A- KE YS TO N E / G ET TY IM AG ES Resposta pessoal O exercício 10 possi-bilita a realização de um trabalho interdisciplinar, englobando Geografia e Ciências Sociais. Em geral, os novos "muros" hoje em evidência são o da Cisjordânia (Oriente Médio) e o da fronteira dos Estados Unidos com o México, entre tantos outros. 190 EF 9P -1 5- 32 Capítulo 7 – A Segunda Guerra Mundial \ Grupo 3 Anotações EF 9P -1 4- 41 H IS TÓ RI A • G RU PO 4 • RE LA ÇÕ ES Capítulo 8República brasileira: de Dutra a JK Aspectos gerais da República brasileira após a Segunda Guerra Após o encerramento do Estado Novo, em fins de outubro de 1945, assumiu tem- porariamente a Presidência da República brasileira o ministro do Supremo Tribunal Federal, José Linhares. G AL ER IA D E PR ES ID EN TE S / G O VE RN O D O B RA SI L O cearense José Linhares (1886-1957) foi a opção imediata para assumir o comando do país após a renúncia de Getúlio Vargas, uma vez que não havia vice-presidente– cargo suspenso no Brasil desde 1934 –, assim como não havia presidente da Câmara dos Deputados, tampouco presidente do Senado, já que o Poder Legislativo tinha sido abolido no Estado Novo. Em 2 de dezembro de 1945, foram realizadas eleições, como estava previsto. O candidato à Presidência da República pela coligação PSD-PTB (Partido Social Democrata e Partido Trabalhista Brasileiro), general Eurico Gaspar Dutra, foi o vencedor com pouco mais de 55% dos votos, derro- tando os candidatos Eduardo Gomes, da UDN (União Democrática Nacional), e Yedo Fiúza, do PCB (Partido Comunista Brasileiro). Também foram eleitos deputados fede- rais e senadores para compor uma Assem- bleia Nacional Constituinte, a fim de ela- borar uma nova Constituição para o Brasil pós-Estado Novo. Dutra e os parlamentares eleitos toma- ram posse em fins de janeiro de 1946. Os tra- balhos da Assembleia Constituinte tiveram início em seguida e, em setembro de 1946, foi promulgada a quinta Constituição do Bra- sil e a quarta da República, que vigorou até 1964, quando um golpe de Estado dado por militares rompeu com várias de suas deter- minações. Três anos mais tarde, o governo militar brasileiro substituiria definitivamente a Carta Magna brasileira por outra. Características da Constituição de 1946: • restabelecimento da República Fe- derativa Presidencialista; • três poderes harmônicos e inde- pendentes entre si; • voto secreto e universal aos maio- res de 18 anos e alfabetizados; • igualdade de todos perante a lei; • eleições diretas para todos os níveis; • restrições ao direito de greve e à organização sindical; • obstáculos à reforma agrária, im- pondo pesadas indenizações pré- vias aos proprietários em caso de desapropriações. ACERVO ICO N O G RAPH IA A Constituição de 1946 restabeleceu o cargo de vice-presidente, eleito de maneira dissociada do presidente (o eleitor votava separadamente para os dois cargos, ao contrário do que acontece atualmente no Brasil, quando o vice é eleito vinculadamente ao presidente). Nereu Ramos foi o primeiro eleito para esse cargo, mas de forma indireta, ou seja, pelos deputados federais e senadores. Professor(a), o perío- do da República brasi- leira que se inicia com o fim do Estado Novo e se estende até 1964 (capí- tulos 8 e 9) costuma ser designado de várias ma- neiras: República Liberal, República Populista, Re- pública Liberal-Populista, República Democrática. O mais importante é que os alunos percebam que, de fato, o país caminhou mais em direção à demo- cracia, sobretudo se to- marmos como exemplos os períodos da História do Brasil anteriores a ele. Contudo, vale res- saltar que o direito de voto não era concedido aos analfabetos e que o populismo orientava as ações governamentais. Isso precisa ser esclareci- do para os alunos, a fim de que eles percebam as limitações da "demo- cracia" brasileira desse período, principalmente 128 EF 9P -1 4- 41 Capítulo 8 – República brasileira: de Dutra a JK \ Grupo 4 MONTAGEM SOBRE FOTOS DE GALERIA DE PRESIDENTES / GOVERNO DO BRASIL, ARCHIVO GENERAL DE LA NACIÓN E ARCHIVO GENERAL DE LA NACIÓN ARGENTINA O populismo O “fenômeno político” conhecido como populismo emergiu em países como Brasil, México e Argentina a partir da década de 1930. Para compreendê-lo melhor, precisamos relacioná-lo ao con- texto das transformações econômicas e sociais ocorridas na América Latina, em decorrência da Crise de 1929 e da Gran- de Depressão que a ela se seguiu: a eco- nomia capitalista mundial foi arrastada para um longo ciclo de falências, dimi- nuição do comércio e desemprego. Sob essas circunstâncias, o modelo agrário-exportador da economia latino- -americana entrou em colapso por causa da retração do comércio internacional, abalando, assim, o predomínio das oligar- quias no poder político. Por outro lado, a crise acabou por es- timular um moderado desenvolvimento industrial no Brasil, no México e na Argen- tina. Assim, a economia meramente agrá- rio-exportadora desses países começou a dividir espaço com a industrial, voltada, sobretudo, para o abastecimento interno. Da esquerda para a direita: Getúlio Vargas, Lázaro Cárdenas (México) e Juan Domingo Perón (Argentina). Esses são considerados os principais representantes do populismo na América Latina. Nesse quadro de industrialização,ini- ciou-se o processo de transição de uma sociedade rural, de base econômica agrá- ria, para uma sociedade urbana, de base econômica industrial. Houve a emergência de novas classes sociais, como o proleta- riado (operários das fábricas) e os setores médios urbanos, que se tornaram elemen- tos políticos importantes no novo cenário socioeconômico da América Latina. A transformação econômica e a incor- poração desses novos setores sociais sob o controle do Estado formaram a base do populismo: pela primeira vez, as reivindi- cações populares foram introduzidas nos programas do Estado, ainda que sob o con- trole deste. No caso brasileiro, o populismo foi engendrado durante a Era Vargas (1930- 1945), mas manteve-se como fenômeno político até 1964. Governo de Eurico Gaspar Dutra Esse governo foi iniciado num quadro econômico favorável. A balança de paga- mentos estava em situação favorável, o governo possuía uma reserva disponível de 700 milhões de dólares, graças às ex- portações realizadas durante a guerra. Mas Dutra, seguindo o modelo liberal, abriu o mercado brasileiro às importações, principalmente de produtos dos Estados Unidos. O resultado foi que, em apenas um ano, o Brasil gastou praticamente toda a sua reserva monetária. A conjuntura internacional pós-guerra também exerceu grande influência: na bi- polarização mundial, o Brasil alinhou-se à política externa estadunidense, inserindo-se no quadro da Guerra Fria, a partir de 1947, com o lançamento da Doutrina Truman. Para sedimentar a aliança, o Brasil rece- beu os EUA na Conferência Interamericana de Petrópolis, Rio de Janeiro, em agosto/ setembro de 1947, e uma das resoluções foi a assinatura do Tratado Interamerica- no de Assistência Recíproca (Tiar) entre os dois países. Em vista de tamanha proximidade com os Estados Unidos, nada mais natural que o governo brasileiro rompesse relações diplomáticas com a URSS e, por consequ- ência, decretasse a extinção do Partido Comunista, chefiado por Luís Carlos Pres- tes, cassando os mandatos dos deputados eleitos pelo PCB. pelo fato de o populismo "atrelar" as massas ur- banas (e, a partir de fins da década de 1950, tam- bém as rurais) a determi- nadas figuras políticas, dificultando, assim, uma autoconsciência socio- política. Habilidades a serem trabalhadas: Reconhecer a impor- tância da participação política e do voto para o exercício da cidadania. Identificar as princi- pais características do Estado brasileiro em diferentes períodos da República. EF 9P -1 4- 41 História \ Relações 129 A política econômica que reduzira dras- ticamente as nossas reservas monetárias obrigou o Estado a intervir na economia, procurando retomar o crescimento econô- mico. Para fazer frente à crise, o governo passou a emitir papel-moeda, desvalori- zando a moeda nacional frente ao dólar e alimentando a inflação. Nas ruas e nas fábricas, aumentava a in- satisfação contra o aumento do custo de vida e o congelamento dos salários que vigorava desde 1942, quando o Brasil adotou uma "economia de guerra". Iniciou-se então uma série de protestos e greves operárias. Seguindo a orientação de economistas estadunidenses, que, por meio da Missão Cooke-Abbink, tinham a finalidade de es- tudar uma solução para o desenvolvimen- to econômico do Brasil sob o contexto da "política da boa vizinhança" mantida pelos Estados Unidos, o governo Dutra elaborou o Plano Salte – Saúde, Alimentação, Trans- porte e Energia – para combater a crise. Entretanto, a própria Missão Cooke- -Abbink havia afirmado que o Brasil pre- cisaria de recursos externos para pôr em prática um plano econômico. Em se tra- tando do imediato pós-Segunda Guerra, o único país com condições de "auxiliar" o Brasil seria os Estados Unidos, mas este es- tava comprometido com a Europa Ociden- tal, por conta do Plano Marshall. Restrito apenas aos próprios recursos, o Brasil viu o Plano Salte não obter grandes êxitos. H AR RY S T RU M AN L IB RA RY & M U SE U M Dutra (à direita) recebendo o presidente estadunidense Harry Truman para a Conferência Interamericana de Petrópolis, na qual o Brasil firmou aliança com o bloco capitalista, durante a Guerra Fria. Enquanto isso, Getúlio Vargas se prepa- rava para retornar à arena política, fazendo acordos com lideranças estaduais e adotan- do uma postura democrática na imprensa. A sucessão presidencial A disputa pela Presidência da República deu-se entre o brigadeiro Eduardo Gomes (UDN – União Democrática Nacional), João Mangabeira (PSB – Partido Socialista Bra- sileiro), Cristiano Machado (PSD – Partido Social Democrata) e Getúlio Vargas (PTB – Partido Trabalhista Brasileiro –, dissidentes do PSD e PSP – Partido Social Progressista). Nas eleições de 3/10/1950, Getúlio Var- gas tornou-se o novo presidente do Brasil. E ele voltou! Governo de Getúlio Vargas Getúlio Vargas, eleito presidente pelo voto popular direto, encontrou um país di- ferente daquele que deixara em 1945. O setor industrial se expandira, assim como a presença do capital estrangeiro, notadamente o estadunidense. Com a sua ascensão, dois grupos emer- giram no contexto político-econômico: de um lado, tendo à frente a UDN, se en- contravam os defensores de maior parti- cipação do capital externo na economia nacional, alegando a necessidade de trans- ferência de tecnologia e capitais; e, de ou- tro lado, os defensores da promoção do desenvolvimento econômico com capital nacional e participação do Estado, rejei- tando a abertura da economia ao capital estrangeiro. Estes eram denominados na- cionalistas enquanto aqueles, que defen- diam a presença do capital externo, eram chamados de “entreguistas”. Getúlio Vargas manteve-se fiel ao seu pensamento nacional populista, mas sabia que era impossível renegar a presença do capital estadunidense. Para contornar a si- tuação, ele defendeu a ideia de que os ca- pitais externos deveriam ser disciplinados e o Estado deveria participar ativamente do processo econômico. Nesse contexto, ele criou, em 1953, a Petrobras, estabelecendo a nacionalização 130 EF 9P -1 4- 41 Capítulo 8 – República brasileira: de Dutra a JK \ Grupo 4 do petróleo e o monopólio estatal sobre a prospecção e refino do petróleo no país, após uma intensa campanha popular: "O petróleo é nosso!". Planejava, ainda, criar a Eletrobras, uma estatal para cuidar da geração e dis- tribuição de energia elétrica. D IV U LG AÇ ÃO Participaram da campanha "O petróleo é nosso" intelectuais como Monteiro Lobato, jornalistas, estudantes (UNE – União Nacional dos Estudantes) e vários partidos políticos. A oposição a Getúlio se fortalecia cada vez mais. A criação da Petrobras e o na- cionalismo de Getúlio Vargas não eram bem vistos pelos Estados Unidos e, como forma de pressão, o presidente estadu- nidense Eisenhower cancelou unilateral- mente o acordo de desenvolvimento en- tre Brasil e EUA, entregando-nos apenas 180 milhões de dólares dos 400 milhões prometidos. Esse acordo era fruto da Mis- são Brasil-EUA, uma retomada da Missão Cooke-Abbink que, dada a mudança do ce- nário internacional com a Guerra da Coreia (1950-1953), levara os EUA a ampliar sua atenção para os países em desenvolvimen- to, possíveis alvos de avanço do comunis- mo internacional. Para complicar a situação, os traba- lhadores, que eram a massa de apoio do governo, realizavam greves reivindicando aumentos salariais. Em 1953, Getúlio Vargas nomeou João Goulart como ministro do Trabalho, o qual, para não perder o apoio operário, reorga- nizou os sindicatos e concedeu, com a au- torização de Vargas, um aumento de 100% no salário mínimo. Duas figuras emblemáticas do governo de Vargas, eleito pelo voto direto: à esquerda, João Belchior Marques Goulart (1919- 1976), conhecido por “Jango”, e, à direita, um dos maiores expoentes da oposição ao nacionalismo varguista: Carlos Frederico Werneck de Lacerda (1914-1977). Reações negativas e atitudes de insatisfa-ção começaram a surgir por toda parte: os Estados Unidos mostravam-se descontentes com a criação da Petrobras e preocupados em fiscalizar os lucros de suas empresas no país com a Lei de Lucros Extraordinários, que só não foi aprovada no Congresso graças à pressão de grupos internacionais; a burgue- sia estava assustada com o aumento do salá- rio mínimo; os militares acusavam o governo de comunista por causa do apoio dos traba- lhadores e lançaram o Manifesto dos Coro- néis; e a imprensa, por meio dos jornais de maior circulação da época, publicava artigos acusando o governo de corrupção e de estar envolvido em "um mar de lama". A crise atingiu seu ápice no dia 5 de agosto de 1954, quando Lacerda sofreu um atentado na rua Toneleros, em Copa- cabana. Ele foi ferido, mas um amigo que o acompanhava, o major da Aeronáutica Rubens Vaz, foi morto. A autoria do crime apontou para Gregório Fortunato, o guar- da-costas de Getúlio. G AL ER IA D E PR ES ID EN TE S / G O VE RN O D O B RA SI L CO PY RI G H T © A G ÊN CI A ES TA D O . T O D O S O S D IR EI TO S RE SE RV AD O S EF 9P -1 4- 41 História \ Relações 131 AC ER VO IC O N O G RA PH IA RE PR O D U Çà O Acima, Carlos Lacerda ferido no atentado da rua Toneleros, Rio de Janeiro, 5/8/1954. Abaixo, o major da Aeronáutica, Rubens Florentino Vaz (1922-1954), que perdeu a vida no atentado. A oposição, com apoio dos militares, exigia a renúncia de Getúlio Vargas. Na madrugada de 24 de agosto de 1954, Vargas suicidou-se com um tiro no coração e a notícia provocou uma violenta comoção popular. A reação do povo surpreendeu seus oponentes. Uma onda de simpatia por Getúlio Var- gas envolveu o país. Lacerda precisou esconder-se e pouco depois deixava o país à espera de que a fúria do povo amainasse. Caminhões de entrega do jornal oposicionista O Globo foram queimados pela multidão enfurecida, que se lançou de assalto ao edifício da embaixada dos EUA. SKIDMORE, T. De Getúlio a Castelo. Ed. Saga. ACERVO U H /FO LH APRESS O adeus do povo ao "Pai dos pobres". Uma multidão acompanha o corpo do presidente Getúlio Vargas até o Aeroporto Santos Dumont, de onde seguiria para o enterro em São Borja (RS), sua cidade natal. O “golpe preventi vo” Para cumprir o restante do mandato de Getúlio, que terminaria em janeiro de 1956, assumiu o vice-presidente João Café Filho. Em outubro de 1955, ocorreram elei- ções para presidente da República e para vice-presidente, tendo sido eleitos para esses cargos, respectivamente, Juscelino Kubitscheck de Oliveira (PSD) e João Goulart (PTB). Os candidatos à Presidên- cia derrotados foram Juarez Távora (UDN) e Adhemar de Barros (PSP). JK, como ficou conhecido o presidente Juscelino, recebeu pouco mais de 35% dos votos, enquanto Távora ficou com cerca de 30% e Adhemar de Barros próximo de 26%. O fato de JK não ter obtido maioria dos votos – embora a Constituição de 1946 não exigisse essa ob- tenção– serviu de pretexto para que setores golpistas da UDN, aliados a membros da Ae- ronáutica, questionassem o pleito eleitoral. Em novembro de 1955, por razões de saúde, Café Filho licenciou-se do cargo, as- sumindo em seu lugar o então presidente da Câmara dos Deputados, Carlos Luz, de- putado federal pelo PSD. A UDN, derrotada pela terceira vez consecutiva em eleições presidenciais, animou-se com a possibilida- de de um golpe de estado visando impedir a posse de JK e Jango, alegando, inclusive, 132 EF 9P -1 4- 41 Capítulo 8 – República brasileira: de Dutra a JK \ Grupo 4 que os dois estavam sendo apoiados por comunistas. Ainda na época da campanha, Carlos Lacerda havia publicado em seu jor- nal, A Tribuna da Imprensa, um documento em que João Goulart aparecia tendo liga- ções com peronistas argentinos, que esta- riam fornecendo armas destinadas às mi- lícias operárias brasileiras. Tal documento, conhecido com Carta Brandi, não teve sua autenticidade comprovada. Percebendo a manobra política e gol- pista dos udenistas, que contavam com o apoio de Carlos Luz, o então ministro da Guerra, general Henrique Teixeira Lott, liderou o que ficou conhecido como Mo- vimento de 11 de Novembro, ou “Golpe Preventivo”: Carlos Luz foi deposto da Presidência da República apenas três dias após ter assumido, e o cargo foi entregue por Lott ao vice-presidente do Senado, Ne- reu Ramos (senador pelo PSD). Alguns dos principais personagens políticos de 1955 (da esquerda para a direita): Café Filho, Carlos Luz, Teixeira Lott e Nereu Ramos. Em 31 de janeiro de 1956, Nereu Ra- mos empossou JK e Jango. Governo de Juscelino Kubitschek Juscelino Kubitschek de Oliveira co- meçou a governar enfatizando a neces- sidade de promover o desenvolvimento e a ordem: o desenvolvimento agradaria e atenderia aos anseios da população dese- josa de mudanças e de modernização, e a ordem, por sua vez, era uma maneira de atender os militares e acalmá-los. Em seu discurso de posse, JK afirmou: "Se alguma coisa nos falta é termos consciência exata de que somos irremediavelmente um grande país. Não podemos convencer os outros dessa realidade quando não estamos dela convencidos". 50 anos em 5 O programa de governo de JK foi esta- belecido no Plano de Metas, explicitando 31 objetivos que procuravam privilegiar os setores de energia, transporte, alimen- tação, indústria de base e educação. Seu slogan era “Crescer 50 anos em 5”. Cunhou a expressão "nacional desen- volvimentismo", que representava uma po- lítica econômica que combinava a ação do Estado com as empresas nacionais e com o capital estrangeiro para promover o desen- volvimento com base na industrialização. A chamada "metassíntese" consistia na construção de Brasília, com os objetivos de transferir a capital do Rio de Janeiro para o interior, afastando-se da intensa agitação do eixo Rio-São Paulo, e, ao mesmo tem- po, incentivar a interiorização demográfica e econômica. G AL ER IA D E PR ES ID EN TE S / G O VE RN O D O B RA SI L G AL ER IA D E PR ES ID EN TE S / G O VE RN O D O B RA SI L G AL ER IA D E PR ES ID EN TE S / G O VE RN O D O B RA SI L G AL ER IA D E PR ES ID EN TE S / G O VE RN O D O B RA SI L AG ÊN CI A ES TA D O EF 9P -1 4- 41 História \ Relações 133 Unindo-se ao talento e à criatividade de Oscar Niemeyer e Lúcio Costa, JK construiu a terceira capital do Brasil, urbanisticamen- te planejada, com linhas arquitetônicas le- ves e arrojadas, cujo resultado inscreveu o Brasil na história da arquitetura e urbanis- mo mundiais, sendo tombada como patri- mônio da humanidade pela ONU. FO LH AP RE SS G IA N CA RL O L IG U O RI / SH U TT ER ST O CK Dos cérebros privilegiados de Lúcio Costa (1902-1998) e Oscar Niemeyer (1907- 2012) para as pranchetas; das pranchetas ao chão e deste erguendo-se para o céu. Brasília, a nova capital, foi trabalho de todos: dos anônimos "candangos" ao presidente JK, e é a prova de que um sonho que se sonha junto torna-se realidade. Para colocar em prática o Plano de Me- tas, JK criou uma espécie de "administra- ção paralela", representada por grupos de trabalho e execução subordinados direta- mente à Presidência. Esses grupos tinham por finalidade desenvolver os vários se- tores industriais – automobilístico, naval, máquinas pesadas – para promover um rápido desenvolvimento, realizando em 5 anos o que se faria em 50. Daí o lema "50 anos em 5". Para reforçar o otimismo e a euforia, o Brasil foi campeão mundial de futebol em 1958, na Suécia. ACERVO ICO N O G RAPH IA Após o fiasco de perder a Copa em casa, no Maracanã, para o Uruguai, em 1950, o Brasil tornou-se campeão na Suécia, em 1958, revelando artistas da bola como Garrincha, Nilton Santos, Didi e Pelé, e inflando o orgulho nacional: "A taça do mundo é nossa. Com o brasileiro não há quem possa!". (Da esquerda para a direita, em pé: o treinadorFeola, Djalma Santos, Zito, Bellini, Nilton Santos, Orlando, Gilmar; agachados: Garrincha, Didi, Pelé, Vavá, Zagalo e o preparador físico Paulo Amaral) O crescimento econômico não atingiu as várias regiões do país, e as disparida- des regionais foram acentuadas, principal- mente entre o Sudeste e o Nordeste. Assim, populações nordestinas, vitima- das historicamente pelo latifúndio e pelas secas prolongadas, passaram a reivindicar melhores condições de vida, de trabalho e reforma agrária, tendo à frente Francisco Julião, que organizou os trabalhadores ru- rais nas Ligas Camponesas. Em 1959, procurando diminuir tais dis- paridades, assim como "esvaziar" a influên- cia de Francisco Julião junto ao campesinato nordestino, JK criou a Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste – Sudene –, colocando o economista Celso Furtado na direção, com o objetivo de promover o de- senvolvimento da região. Habilidade a ser tra- balhada: Reconhecer que o processo histórico não decorre apenas da ação dos chamados grandes personagens. 134 EF 9P -1 4- 41 Capítulo 8 – República brasileira: de Dutra a JK \ Grupo 4 A sucessão A campanha para a sucessão de JK apresentou um dado novo: Jânio Quadros, governador de São Paulo, candidato pelo PTN (Partido Trabalhista Nacional), que contava com o apoio de Carlos Lacerda, da UDN. Segundo o historiador Boris Fausto: "A UDN hesitava entre o lançamento de uma candidatura própria e o apoio a Jânio". Jânio corria em faixa própria, critican- do a corrupção do governo e a desordem financeira. Sem ter programa definido e desprezando os partidos políticos, atraía o povo com sua figura popularesca e ameaçadora, que prometia castigo impla- cável aos beneficiários de negociatas e de qualquer tipo de corrupção. Estava longe do figurino da UDN, mas, ao mesmo tempo, incorporava, a seu modo, algo do discurso udenista. Representava, sobretudo, uma grande oportunidade de o partido chegar, afinal, à Presidência, embo- ra por um atalho desconhecido. Concorriam com Jânio Quadros Ademar de Barros pelo PSP, autor de frases como “Para a frente e para o alto!", referindo-se à cidade de São Paulo, – acusado várias vezes de corrupção, ficou conhecido pelo “Rouba, mas faz!” –, e o general Lott pela coligação PSD-PTB. Em outubro de 1960, os resultados das urnas deram a vitória a Jânio Quadros (48,27% dos votos), e João Goulart foi elei- to vice-presidente novamente, formando a dobradinha Jan-Jan, Jânio e Jango. Contu- do, Jango havia sido candidato a vice pela coligação PSD-PTB, o que o distanciava politicamente de Jânio Quadros (devemos nos lembrar de que os votos para presi- dente e vice-presidente eram separados, desvinculados). Contudo, no cenário nacional, a es- tabilidade política, o desenvolvimento econômico e a liberdade democrática en- chiam o país de otimismo. Em apenas três anos, uma capital foi construída. Iniciada em 1956, foi inaugurada em 21 de abril de 1960. As regiões de Santo André, São Bernar- do do Campo e São Caetano – ABC paulis- ta – receberam indústrias automobilísticas como a Volkswagen, a Ford e a General Motors, tornando essa região o maior cen- tro da classe operária brasileira. Em função das indústrias automobi- lísticas, expandiram-se as estradas de ro- dagem, em prejuízo da rede ferroviária. A localização geográfica de Brasília obrigou o país a construir estradas para interligar as várias regiões e a capital. Para abastecer o setor industrial, JK construiu as usinas hidrelétricas de Furnas e Três Marias. A construção dessas obras públicas exigiu enormes investimentos. Para ar- car com os gastos, JK emitiu papel-moe- da, elevando a inflação e prejudicando as camadas populares devido à corrosão sa- larial, aumentou consideravelmente a dí- vida externa do país e favoreceu os inves- timentos estrangeiros. A concentração industrial no ABC pau- lista transformou São Paulo no "Eldora- do" brasileiro. Para lá e também para as cidades industrializadas de Minas Gerais e Rio de Janeiro acorriam populações de várias partes do Brasil em busca de em- prego e de melhores condições de vida, transformando as relações regionais e aprofundando as desigualdades econô- mico-sociais entre o Sudeste e as demais regiões brasileiras. EF 9P -1 4- 42 H IS TÓ RI A • G RU PO 4 • RE LA ÇÕ ES Capítulo 8República brasileira: de Dutra a JK Ati vidade 28 • Aspectos gerais da República brasileira após a Segunda Guerra Exercícios de Aplicação M O N TA G EM S O BR E FO TO S D E G AL ER IA D E PR ES ID EN TE S / G O VE RN O D O B RA SI L, AR CH IV O G EN ER AL D E LA N AC IÓ N E A RC H IV O G EN ER AL D E LA N AC IÓ N A RG EN TI N A 01) A respeito da Constituição de 1946, responda ao que se pede. a. Ela foi promulgada. O que isso significa? b. Apesar de ser uma das Constitui- ções mais democráticas promul- gadas no Brasil até a sua época, a Carta Magna de 1946 continha aspectos negativos em relação aos interesses das camadas populares. Apresente alguns desses aspectos. 02) Defina o populismo no Brasil. Exercícios Propostos 03) Observe as imagens para, em seguida, assinalar a alternativa que contenha os paí- ses correspondentes a cada líder populista, da esquerda para a direita. Vargas PerónCárdenas a. México, Brasil e Argentina. b. Brasil, Argentina e México. c. Argentina, México e Brasil. d. México, Argentina e Brasil. e. Brasil, México e Argentina. Significa que a Carta Magna de 1946 foi ela- borada por uma Assembleia Constituinte, cujos integrantes haviam sido legitimamen- te escolhidos pelo voto dos eleitores. Ela impunha restrições ao direito de greve e à organização sindical e dificultava a refor- ma agrária. Desde a Era Vargas (1930-1945), o populis- mo se caracterizou como um fenômeno po- lítico marcado pela manipulação do Estado sobre as camadas urbanas e suas reivindica- ções, atendendo a algumas exigências para melhor controlar essas massas, que se cons- tituíam em sua base de apoio. Esse fenôme- no continuou existindo na vida sociopolítica brasileira no período entre 1945 e 1964. R.: E No exercício 03, Juan Domingos Perón foi o principal representante do populismo na Argen- tina, Getúlio Vargas foi o principal líder popu- lista no Brasil, e Lázaro Cárdenas, no México. 136 EF 9P -1 4- 42 Capítulo 8 – República brasileira: de Dutra a JK \ Grupo 4 04) Situe historicamente cada uma das Constituições que o Brasil teve, entre 1824 e 1946. 05) Leia o texto abaixo. De maneira geral, o populismo no Brasil está, historicamente, alicerça- do no discurso do desenvolvimento, sobretudo, industrial. E esse discur- so é, ao mesmo tempo, o sucesso e o fracasso de um governo populista. Já que o progresso do capital vem acompanhado de desigualdades, po- breza e outras mazelas. Assim, são postos os limites da manipulação populista. Pois enquanto a economia cresceu, houve acumulação e pôde o Estado atender, no interesse dessa mesma acumulação e de sua susten- tação política, a demanda dos traba- lhadores. Contudo, tão logo se esgo- ta o ciclo de expansão da economia brasileira, essa demanda extrapola a capacidade de atendimento do Esta- do, abrindo as portas para uma ver- dadeira mobilização política popular. WEFFORT, F. O populismo na política brasileira. São Paulo: Paz e Terra, 1989. Agora, assinale a alternativa que caracteri- za o populismo no Brasil. a. Caracterizou-se pelo estabeleci- mento de governos democrático- -populares, implantados no Brasil desde a Proclamação da República, em 1889. b. Foi marcado pela consolidação do regime democrático no país, a par- tir do governo Dutra, constituindo- -se em experiência única na Amé- rica Latina. c. Caracterizou-se pela tentativa de conciliação do capital com o tra- balho, como política governamen- tal, favorecendo a organização e o atrelamento dos sindicatos ao Es- tado. d. Caracterizou-se pelo predomínio dos civis na vida políticabrasilei- ra, já que durante a sua existência ocorreu a reclusão dos militares aos quartéis, impedindo-os de par- ticipar das decisões políticas. e. Representou uma época marcada pela instabilidade política da Repú- blica, com a ocorrência de várias re- voltas sociais, como Canudos, Con- testado e a Greve Geral de 1917. Ati vidade 29 • Governo de Eurico Gaspar Dutra Exercícios de Aplicação 01) Com o fim do Estado Novo e a demo- cratização do país, o general Eurico Gaspar Dutra venceu as eleições e assumiu a Pre- sidência. Em seu governo, Dutra: a. apesar de ter sido eleito pelo voto popular, buscou reforçar as insti- tuições do Estado Novo, não per- mitindo a reabertura do Congres- so e mantendo a Constituição de 1937. b. apoiou o bloco capitalista na Guer- ra Fria, porém procurou manter relações diplomáticas com o bloco comunista, visando ao mercado consumidor dos países que com- punham esse bloco. 1824: Constituição Imperial, elaborada após a independência política. Foi outorgada pelo imperador D. Pedro I, isto é, imposta após ele ter dissolvido a Constituinte em 1823. 1891: promulgada após a proclamação da República, em substituição à Constituição Imperial. 1934: promulgada, após a Revolução de 1930, por Getúlio Vargas, para atender à pressão das classes dominantes, que exi- giam a legalização constitucional, o que re- sultou na Revolução de 1932, em São Paulo. 1937: Constituição outorgada por Getúlio Vargas após o golpe de Estado que implan- tou o Estado Novo. 1946: promulgada por Gaspar Dutra após a derrubada do Estado Novo. R.: C No exercício 05, no Bra- sil – e em outros países da América Latina –, o desenvolvimento indus- trial ocorrido nas primei- ras décadas do século XX criou as condições para o surgimento de uma bur- guesia e de um proleta- riado até então inexisten- tes. Os líderes populistas trabalharam no sentido de conciliar esses grupos, criando, por meio do go- verno, políticas de con- trole sindical. EF 9P -1 4- 42 História \ Relações 137 c. realizou um governo voltado para o desenvolvimento industrial, au- torizando os Estados Unidos a construírem a Siderúrgica de Vol- ta Redonda e, em contrapartida, apoiando os norte-americanos du- rante a Guerra Fria. d. alinhou-se integralmente ao bloco liderado pelos Estados Unidos, no contexto da Guerra Fria, pratican- do uma economia extremamen- te liberal, e buscou neutralizar a influência dos comunistas. e. não participou de nenhum dos blo- cos que dividiam o mundo duran- te a Guerra Fria, praticando uma política externa independente, visando ganhar os mercados con- sumidores dos países de ambos os blocos. 02) Explique os principais aspectos da economia brasileira durante o governo Dutra. 03) O Plano Salte (saúde, alimentação, transporte e energia) foi uma tentativa de planificação estatal da economia no governo Dutra. Pode-se afirmar que um dos fatores que condicionaram o relativo fracasso do plano foi a política econômica inicialmente adotada por aquele governo, a qual determinou: a. a elevação drástica das taxas infla- cionárias, em razão dos aumentos reais concedidos ao salário mínimo. b. uma forte recessão devida aos ter- mos ortodoxos do acordo então firmado com o FMI. c. graves dificuldades no setor expor- tador, causadas pela elevação de taxas protecionistas condenadas formalmente pelo GATT. d. falhas no abastecimento interno de insumos industriais devidas ao cancelamento unilateral de acor- dos comerciais com os Estados Unidos. e. o esgotamento das divisas interna- cionais do país, por causa da aber- tura então praticada no setor das importações. Exercícios Propostos 04) A política econômica do governo Du- tra opunha-se à praticada no Estado Novo por Vargas, na medida em que: a. anulava todas as conquistas traba- lhistas da Era Vargas. b. impunha rigoroso intervencionis- mo, ao contrário da política liberal de Vargas. c. praticava protecionismo alfandegário para defender as indústrias de base. d. adotava política liberal, facilidades alfandegárias, esgotando as reser- vas acumuladas no Estado Novo. e. defendia o nacionalismo econômico e a expulsão do capital estrangeiro. 05) Em 31/1/1946, o general Eurico Gas- par Dutra tomou posse como presidente da República, sucedendo Getúlio Vargas. Seu governo alinhou o Brasil aos EUA, na gestação da Guerra Fria, durante: a. a Conferência da Organização dos Estados americanos. b. a Conferência Interamericana da Paz. c. a Conferência de Versalhes, após a Segunda Guerra. d. a Conferência de Bandung, no Su- deste Asiático. e. a Conferência com o FMI para re- negociar a dívida externa. R.: D Ao assumir o governo, Dutra encontrou a balança de pagamentos em situação favo- rável, com uma reserva disponível de 700 milhões de dólares. Ao praticar exagerado liberalismo e abusar da importação de pro- dutos estadunidenses, colocou, em um ano, a economia brasileira em situação crítica novamente. R.: E R.: D R.: B No exercício 01, o go- verno Dutra, durante o período de redemo- cratização, em plena Guerra Fria, integrou o bloco liderado pelos Estados Unidos e prati- cou uma economia exa- geradamente liberal, que chegou a reduzir a quase zero a capitali- zação feita por Getúlio durante a guerra. Du- tra não só perseguiu os comunistas, como proibiu a existência do Partido Comunista em 1947, quando começou a Guerra Fria. No exercício 03, o re- lativo fracasso do Plano Salte é justificado pela falta de recursos esta- tais para investir nele, uma vez que a política liberal que prevaleceu no governo Dutra, nos anos que antecederam ao plano, esgotaram as divisas do Brasil. No exercício 04, en- quanto o Estado Novo foi marcado por uma política econômica protecionista, visando o desenvolvi- mento interno do Brasil, o governo Dutra, princi- palmente em seus pri- meiros anos, privilegiou uma política econômica liberal, que abriu o país para as importações. No exercício 05, a Conferência Interame- ricana para a Manu- tenção da Paz e Segu- rança no Continente, realizada no Rio de Ja- neiro em 1947, estale- ceu as bases do Trata- do Interamericano de Assistência Recíproca (TIAR), também co- nhecido como Tratado do Rio. 138 EF 9P -1 4- 42 Capítulo 8 – República brasileira: de Dutra a JK \ Grupo 4 06) O Plano Salte, organizado no gover- no Dutra (1946), previa, com a Missão Cooke- Abbink, a cooperação americano- brasileira para: 07) Em maio de 1947, o governo do pre- sidente Eurico Gaspar Dutra colocou na ilegalidade o PCB e, cerca de oito meses depois, cassou os mandatos de seus re- presentantes no Congresso Nacional, nos legislativos estaduais e executivos munici- pais. Entre os cassados, estava o senador Luís Carlos Prestes, que se elegera senador com o maior número de votos na última eleição. Esse episódio foi reflexo direto: a. dos atos efetuados pelos comunistas contra o governo, destacando-se a Intentona Comunista. b. da oposição violenta ao governo do presidente Dutra, chegando até a invadir o Palácio do Catete. c. da falta de participação nos deba- tes parlamentares realizados no Congresso Nacional. d. do início da Guerra Fria, ocorrido no mesmo ano, com a divisão do mundo em dois blocos ideológicos antagônicos. e. da pressão política exercida por Es- tados Unidos e Inglaterra para que o Brasil cassasse o PCB. Ati vidades 30 e 31 • E ele voltou! Governo de Getúlio Vargas Exercícios de Aplicação 01) No Brasil pós-1945, Getúlio Vargas procurou apoiar-se nas massas populares para obter apoio ao seu programa econô- mico. Ele concedeu especial atenção: a. aos partidos socialistas. b. aos integralistas. c. aos comunistas. d. aos tenentes. e. aos trabalhadores urbanos. 02) Senhores membros do Congresso Nacional, tenho a honra de submeter à consideração de Vossas Excelências o anexo projeto de lei destinado a criar a sociedade por ações Petróleo Brasilei- ro S.A., para levar a efeito a pesquisa, a extração, o refino, o transportede petróleo e seus derivados, bem como quaisquer atividades correlatas ou ativas, através de empreendimentos à altura das necessidades nacionais de combustíveis líquidos (...). Mensagem do presidente Getúlio Vargas ao Congresso Nacional — 8/12/1951. Explique as razões que levaram à criação da Petrobras, em 1953. Combater a crise econômica, enfatizando os setores estratégicos de saúde, alimen- tação, transporte e energia, captando re- cursos no exterior, ou seja, empréstimos estadunidenses. R.: D R.: E A Petrobras foi criada após intensa campa-nha popular envolvendo vários setores da sociedade. Ela utilizava o slogan "O petróleo é nosso" e está ligada à política nacionalista de Getúlio Vargas, visando a dotar o país de autonomia energética para subsidiar o de- senvolvimento nacional. No exercício 07, após a Segunda Guerra Mun- dial, emergiram no ce- nário mundial as cha- madas superpotências: Estados Unidos, líder do bloco capitalista, e União Soviética, líder do bloco comunista. Dessa forma, o Brasil, pelos acordos e tratados feitos com os Estados Unidos, inseriu-se no bloco ca- pitalista e, obrigatoria- mente, rompeu com o bloco comunista. No exercício 01, a li- gação de Vargas com os trabalhadores urbanos por meio das leis tra- balhistas acabou conce- dendo-lhe o apelido de "pai dos pobres". Tanto que a sua base eleitoral era o Partido Trabalhis- ta Brasileiro (PTB). EF 9P -1 4- 42 História \ Relações 139 03) Assinale C para a afirmação correta e E para a errada. A eleição de Getúlio Vargas, em 1950, para um novo mandato presidencial, apresentou um dos momentos mais representativos do chamado "Estado populista" porque: ( ) revolucionou a economia, estabe- lecendo o primeiro plano nacional – o Salte. ( ) deu maior assistência aos traba- lhadores e, ao mesmo tempo, na- cionalizou setores da economia. ( ) buscou o apoio da burguesia na- cional, aliando-se à UDN. ( ) buscou o apoio das massas popula- res para seus projetos econômicos, por meio de sua ligação com o mo- vimento trabalhista. 04) No início da década de 1950, lança- do candidato à Presidência pelo PTB, mas apoiado por diferentes classes, era natural que os discursos e as ações de Getúlio va- riassem de conteúdo na tentativa de agra- dar os diversos grupos sociais. Em um de seus discursos, Vargas diria: [...] empenhar-me-ei fundo em fazer um governo eminentemente nacionalista. O Brasil ainda não conquistou a sua in- dependência econômica e, nesse sentido, farei tudo para consegui-lo. Cuidarei de valorizar o café, de resolver o problema da eletricidade e, sobretudo, de atacar a exploração das forças internacionais. SILVA, H. História da República brasileira. São Paulo: Ed. Três. 1975. Eleito com 48,7% dos votos, o seu segundo governo (1951-1954) terminou com o seu suicídio em meio a uma crise que se for- mou graças a fatores como: a. o fechamento do Congresso, que aca- bou por unir, numa frente ampla, os defensores dos ideais democráticos, os nacionalistas e os cafeicultores. b. o apoio do presidente aos políticos da UDN (União Democrática Nacio- nal), favoráveis à organização de um golpe para mantê-lo no poder. c. a política econômica adotada, de cunho nacionalista, da qual um dos marcos foi a criação da Petrobras, que não agradou a grupos sociais ligados ao capital estrangeiro. d. a série de convulsões sociais provo- cadas pela inflação, com movimen- tos grevistas organizados pelo Parti- do Comunista, então na legalidade. e. a ruptura entre civis e militares, que culminou com o assassinato do po- lítico e jornalista Carlos Lacerda. Exercícios Propostos 05) A orientação fundamental do go- verno resume-se no propósito de for- talecer a economia nacional. Esta di- retriz condiciona a posição do Brasil no panorama internacional, que se tem pautado em intuitos pacíficos e amis- tosos em relação aos outros países. Sem sacrifício desses intuitos, temos procurado libertar o país de in fluências incompatíveis com os seus interesses, único modo de progredir realmente, porque, enquanto dependentes, estare- mos sempre sujeitos a retrocessos! Getúlio Vargas, mensagem ao Congresso Nacional, 1954. Com base no texto, explique a visão do presidente sobre a questão da participa- ção do capital estrangeiro no processo de desenvolvimento econômico do Brasil. E C E C R.: C Resposta pessoal. Espera-se que o aluno comente a visão nacionalista defendida por Vargas. No exercício 04, é im- portante lembrar que, no início dos anos 1950, o nacionalismo varguista sofreu a oposição dos chamados grupos "en- treguistas", ligados ao capital estrangeiro inves- tido no Brasil. A naciona- lização do petróleo apro- vada pelo governo de Vargas acirrou os ânimos dessa oposição. 140 EF 9P -1 4- 42 Capítulo 8 – República brasileira: de Dutra a JK \ Grupo 4 06) Por que os nacionalistas chamavam os políticos da UDN e seus aliados de "en- treguistas"? 07) Qual foi a importância de Carlos La- cerda na história do Brasil, sobretudo no ano de 1954? 08) Escreva um resumo dos principais acontecimentos que envolveram a situa- ção política e eleitoral do Brasil, desde o suicídio de Vargas até a posse de JK. Ati vidade 32 • Governo de Juscelino Kubitschek Exercícios de Aplicação 01) Com relação ao governo JK, podemos afirmar: I. Realizou um desenvolvimento in- tegrado do território nacional, di- minuindo sensivelmente as dispa- ridades regionais. II. Contribuiu para integrar a econo- mia brasileira ao sistema capita- lista ocidental, à custa de capital e tecnologia estrangeiros. III. Privilegiou a indústria alimentícia e a de bens de consumo. IV. Modernizou o país, mas deixou sérios problemas econômicos e sociais para os governos seguin- tes, como dependência econômica ao capital internacional, elevados índices de inflação e alto custo de vida. Estão corretas as afirmativas: a. I e IV, apenas. b. I e III, apenas. c. II e IV, apenas. d. II e III, apenas. e. I e II, apenas. 02) Observe a imagem a seguir. CPD O C JB/FO LH APRESS O termo "entreguista" referia-se aos parti- dários da tese de que a economia brasileira deveria receber capitais e tecnologia estran- geiros. Carlos Lacerda, proprietário do jornal Tri- buna da Imprensa, promovia acirrada cam- panha contra o governo de Getúlio Vargas. Seus artigos e discursos inflamados rende- ram-lhe um atentado à vida que ficou co- nhecido como o crime da Rua Toneleros, do qual foi acusado o guarda-costas de Vargas, Gregório Fortunato. Com o suicídio do pre- sidente, o povo mostrou-se indignado com Lacerda, acusando-o de ser um dos respon- sáveis pelo ocorrido. O vice-presidente de Getúlio Vargas, Café Filho, assumiu o governo de 1954 a 1955, mas não conseguiu impedir que a luta pelo poder continuasse, e acabou por licenciar- -se da Presidência em novembro de 1955. Seu substituto, Carlos Luz, ligou-se a ele- mentos conservadores que tentaram um golpe de Estado para impedir a posse de JK e Jango, recém-eleitos para a Presidência e Vice-Presidência da República, respectiva- mente. O golpe fracassou em razão do con- tragolpe do general Lott, que afastou Carlos Luz, colocando na Presidência da República o presidente do Senado, Nereu Ramos, em novembro de 1955, e este, em janeiro do ano seguinte, empossou o presidente eleito, Juscelino Kubitscheck. R.: C Habilidade a ser tra- balhada: Identificar a fonte histórica como uma representação do pas- sado, caracterizada por valores e interesses de seu autor e da época em que foi produzida. No exercício 01, o de- senvolvimento do Bra- sil durante o governo de JK não foi homogê- neo, pois não atendeu em igual medida to- das as regiões brasilei- ras. Da mesma forma, não é correto afirmar- mos que a política eco- nômica desse governo primou pelas indústrias alimentícias, uma vez que os invstimentos concentram-se na cons- trução de Brasília, na ampliação da malha ro- doviária, na produção de energia e na indús- tria automobilística.EF 9P -1 4- 42 História \ Relações 141 Em agosto de 1958, o Jornal do Brasil pu- blicou essa foto com o título "Me dá um di- nheiro aí", registrando o encontro entre JK e o Secretário de Estado dos Estados Unidos, Foster Dulles. Na realidade, JK estaria cum- primentando um fotógrafo atrás de Dulles. A foto provocou a indignação do presidente, que ameaçou o jornal de enquadramento na lei de segurança nacional. Por que o jornalis- ta colocou esse título na foto? 03) O governo de JK foi marcado pelo de- senvolvimento e caracterizou-se pela: a. eliminação da entrada de capital estrangeiro. b. concentração da mão de obra nas áreas tradicionais do Nordeste. c. utilização do Estado como instru- mento coordenador do desenvol- vimento. d. criação da Petrobras e da Compa- nhia Vale do Rio Doce. e. diminuição da inflação e pelo au- mento das exportações. Exercícios Propostos 04) Costuma-se dizer que Brasília nasceu da vontade de um presidente (Juscelino Kubitschek), da concepção de um urbanis- ta e do talento de um arquiteto. Mais do que isso, ela tornou-se realidade graças ao trabalho de milhares de pessoas que dei- xaram suas terras para construir, no pla- nalto, a nova capital. a. Quem foi o urbanista que conce- beu Brasília? b. Ao talento de qual arquiteto o tex- to se refere? c. Como os trabalhadores construto- res de Brasília ficaram conhecidos? 05) No fim da década de 1950, o Brasil abriu o mercado para a instalação de várias empresas estrangeiras. A região paulista do ABC tornou-se referência latino-ameri- cana. Em que governo houve a instalação das indústrias automobilísticas e o que sig- nifica a sigla ABC? 06) Explique o Plano de Metas de JK. 07) Para concorrer à sucessão presiden- cial de JK, saiu como candidato uma figu- ra políti ca que exagerava em sua postura populista, apresentando-se descabelado e posando com sanduíche de mortadela nas mãos para provar sua ligação com as camadas mais humildes da sociedade. Foi também governador de São Paulo. Esta- mos falando de: a. João Goulart. b. Jânio Quadros. c. Carlos Lacerda. d. Eduardo Gomes. e. Ademar de Barros. Por causa dos vários empréstimos contraí- dos por Juscelino para cumprir seu plano de governo – Plano de Metas – e para construir a nova capital. R.: C Lúcio Costa Oscar Niemeyer Candangos No governo de Juscelino. ABC são as iniciais das cidades da Grande São Paulo: Santo An- dré, São Bernardo do Campo e São Caetano, que concentravam a maior parte dos traba- lhadores metalúrgicos do país. Com base no slogan “50 anos em 5” (fazer o Brasil se desenvolver 50 anos em 5), o Pla- no de Metas de JK tinha 31 objetivos a se- rem atingidos pelo governo, dos quais eram prioritários: energia, transporte, alimenta- ção, indústria de base e educação. Mas a meta principal, chamada de "metassíntese", consistia na construção de Brasília, a nova capital do Brasil. R.: B No exercício 03, o na- cional-desenvolvimen- tismo que caracterizou o governo JK colocou o Estado como o grande coordenador dos capi- tais nacionais e estran- geiros, concentrando as estratégias de obtenção e aplicação de recursos na esfera estatal. No exercício 07, o enunciado descreve a figura de Jânio da Silva Quadros, o vencedor das eleições presiden- ciais de 1960 e conse- quente substituto de JK. 142 EF 9P -1 4- 42 Capítulo 8 – República brasileira: de Dutra a JK \ Grupo 4 Momento de novas descobertas A seguir, reproduzimos o último texto es- crito por Getúlio Vargas, conhecido como Carta Testamento. Após a sua leitura, aponte duas “dificuldades” apresentadas por Vargas para governar o país. Mais uma vez, as forças e os inte- resses contra o povo coordenaram-se e novamente se desencadeiam sobre mim. Não me acusam, insultam: não me combatem, caluniam e não me dão o direito de defesa. Precisam sufocar a minha voz e impedir a minha ação, para que eu não continue a defender, como sempre defendi, o povo e principalmen- te os humildes. Sigo o destino que me é imposto. Depois de decênios de domínio e espoliação dos grupos econômicos e fi- nanceiros internacionais, fiz-me chefe de uma revolução e venci. Iniciei o trabalho de libertação e instaurei o regime de li- berdade social. Tive de renunciar. Voltei ao Governo nos braços do povo. A cam- panha subterrânea dos grupos interna- cionais aliou-se às dos grupos nacionais revoltados contra o regime de garantia do trabalho. A lei de lucros extraordi- nários foi detida no Congresso. Contra a justiça da revisão do salário mínimo se desencadearam os ódios. Quis criar a liberdade nacional na potencialização das nossas riquezas através da Petrobras e, mal começa esta a funcionar, a onda de agitação se avoluma. A Eletrobras foi obstaculada até o desespero. Não que- rem que o trabalhador seja livre. Não querem que o povo seja independente. Assumi o Governo dentro da espi- ral inflacionária que destruía os valo- res de trabalho. Os lucros das empre- sas estrangeiras alcançavam até 500% ao ano. Nas declarações de valores do que importávamos existiam fraudes constatadas de mais de 100 milhões de dólares por ano. Veio a crise do café, valorizou-se o nosso principal produ- to. Tentamos defender seu preço e a resposta foi uma violenta pressão so- bre a nossa economia, a ponto de ser- mos obrigados a ceder. Tenho lutado mês a mês, dia a dia, hora a hora, resistindo a uma pressão constante, incessante, tudo suportando em silêncio, tudo esquecendo, renun- ciando a mim mesmo, para defender o povo que agora se queda desamparado. Nada mais vos posso dar a não ser meu sangue. Se as aves de rapina querem o sangue de alguém, querem continuar sugando o povo brasileiro, eu ofereço em holocausto a minha vida. Escolho este meio de estar sempre convosco. Quando vos humilharem, sentireis minha alma sofrendo ao vosso lado. Quando a fome bater à vossa porta, sentireis em vosso peito a energia para a luta por vós e vossos filhos. Quando vos vilipendiarem, sentireis no pen- samento a força para a reação. Meu sacrifício vos manterá unidos e meu nome será a vossa bandeira de luta. Cada gota de meu sangue será uma chama imortal na vossa consciência e manterá a vibração sagrada para a resistência. Ao ódio respondo com o perdão. E aos que pensam que me der- rotaram respondo com a minha vitória. Era escravo do povo e hoje me liberto para a vida eterna. Mas esse povo de quem fui escra- vo não mais será escravo de ninguém. Meu sacrifício ficará para sempre em sua alma e meu sangue será o preço do seu resgate. Lutei contra a espolia- ção do Brasil. Lutei contra a espoliação do povo. Tenho lutado de peito aberto. O ódio, as infâmias, a calúnia não aba- teram meu ânimo. Eu vos dei a minha vida. Agora vos ofereço a minha morte. Nada receio. Serenamente dou o primei- ro passo no caminho da eternidade e saio da vida para entrar na História. O pensamento político de Getúlio Vargas. Assembleia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul, Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul e Museu Julio de Castilhos. Porto Alegre/RS: 2004. Coleção O pensamento político, V. 2. Habilidade a ser tra- balhada: Reconhecer a impor- tância de analisar textos de época para melhor compreensão de temas e conteúdos históricos. EF 9P -1 4- 42 História \ Relações 143 Resposta pessoal. Há várias passagens no texto por meio das quais Vargas demonstra sua dificulda- de de governar, sobretudo em favor dos mais pobres e do nacionalismo, que lhe era característico. Exemplos: “Não me acusam, insultam: não me combatem, caluniam e não me dão o direito de defesa. Precisam sufocar a minha voz e impedir a minha ação, para que eu não continue a defender, como sempre defendi, o povo e principalmente os humildes.” “Depois de decênios de domínio e espoliação dos grupos econômicos e financeiros internacionais, fiz-me chefe de uma revolução e venci. Iniciei o trabalho de libertação e instaurei o regime de li- berdade social. Tive de renunciar. Voltei ao Governonos braços do povo. A campanha subterrânea dos grupos internacionais aliou-se às dos grupos nacionais revoltados contra o regime de garantia do trabalho. A lei de lucros extraordinários foi detida no Congresso. Contra a justiça da revisão do salário mínimo se desencadearam os ódios. Quis criar a liberdade nacional na potencialização das nossas riquezas através da Petrobras e, mal começa esta a funcionar, a onda de agitação se avoluma. A Eletrobras foi obstaculada até o desespero. Não querem que o trabalhador seja livre. Não querem que o povo seja independente.” “Assumi o Governo dentro da espiral inflacionária que destruía os valores de trabalho. Os lucros das empresas estrangeiras alcançavam até 500% ao ano. Nas declarações de valores do que importáva- mos existiam fraudes constatadas de mais de 100 milhões de dólares por ano. Veio a crise do café, valorizou-se o nosso principal produto. Tentamos defender seu preço e a resposta foi uma violenta pressão sobre a nossa economia, a ponto de sermos obrigados a ceder.” “Tenho lutado mês a mês, dia a dia, hora a hora, resistindo a uma pressão constante, incessante, tudo suportando em silêncio, tudo esquecendo, renunciando a mim mesmo, para defender o povo que agora se queda desamparado. Nada mais vos posso dar a não ser meu sangue.” EF 9P -1 4- 41 H IS TÓ RI A • G RU PO 4 • RE LA ÇÕ ES Capítulo 9 República brasileira: de Jânio ao Golpe de 1964 Governo de Jânio Quadros Jânio teve uma carreira meteórica, entre 1947 e a década de 1950: exerceu os cargos de vereador e de prefeito da cidade de São Paulo, sendo, depois, governador do esta- do. Seus discursos inflamados dirigiam-se ao combate à corrupção e, para isso, ado- tou a vassoura como símbolo, para "varrer" a sujeira e os corruptos. Nos palanques, apresentava-se despenteado, comendo sanduíches de mortadela e com o paletó cheio de caspas. Era assim que procurava se identificar com o povo. Seu “quartel-gene- ral” era a Vila Maria, bairro paulistano. G AL ER IA D E PR ES ID EN TE S / G O VE RN O D O B RA SI L Em seu discurso de posse, em janeiro de 1961, Jânio da Silva Quadros ressaltou, entre outros, os dois maiores problemas que teria de enfrentar durante o seu mandato: a dívida externa e a inflação. O país saía de um período de euforia, otimismo e esperança para um cheio de lamentações e apertos. À frente da Presidência, com vistas a enfrentar a inflação, Jânio assinou a Instru- ção 204, da Superintendência da Moeda e Crédito – Sumoc –, estabelecendo: • reforma do sistema cambial com a desvalorização da moeda nacional (cruzeiro na época); • diminuição dos subsídios para a importação de trigo e gasolina, o que provocou a imediata alta no preço do pão e dos transportes; • restrição ao crédito; • aumento dos impostos; • congelamento dos salários; • redução de vantagens dos militares. Essas medidas econômico-financeiras descontentaram vários segmentos da so- ciedade e abalaram profundamente sua popularidade. Enquanto isso, no Congresso Nacional, várias propostas presidenciais ou eram barradas, ou estudadas com grande lenti- dão, emperrando a máquina burocrático- -administrativa. Para agravar o quadro po- lítico, Jânio rompeu com a UDN. Certas decisões tomadas por Jânio, em nome da moral e dos bons costumes, pre- judicaram sua popularidade. Entre outras medidas, o presidente proibiu as corridas de cavalos durante os dias de semana, o uso de biquíni em locais públicos, as brigas de galo e o uso de lança-perfume no carnaval. A políti ca externa independente Em termos de política externa, Jânio caminhava na contramão da Guerra Fria: O presidente com a irrestrita coo- peração de seu ministro das Relações Exteriores, Afonso Arinos de Melo Franco, levou o Brasil a uma política externa independente. [...] Uma polí- tica de tal envergadura tinha, de cer- to modo, uma razão óbvia. No campo econômico, por exemplo, Quadros es- perava diminuir os males financeiros do Brasil através de negociações si- multâneas com os três grandes blocos: os EUA, a Europa e a URSS. SKIDMORE, T. Brasil, de Getúlio a Castelo. Essa política externa independente de- sagradou profundamente os Estados Uni- dos e a conservadora UDN, cujo principal representante, Carlos Lacerda – à época governador da Guanabara –, atacava vio- lentamente o presidente como já fizera com Getúlio Vargas e Juscelino Kubitschek. Lacerda passou a atacar utilizando-se do rádio, da televisão e do jornal, proferindo Abordar a crise do po- pulismo, associada ao temor, por parte dos ca- pitalistas, do crescimento do socialismo na Améri- ca Latina, sobretudo por conta da Revolução Cuba- na (1959). Esse momen- to de tensão da Guerra Fria refletiu no Brasil, de modo a interromper o já precário sistema político democrático. EF 9P -1 4- 41 História \ Relações 145 discursos violentos contra a política exter- na independente de Jânio Quadros. Che Guevara Em 19 de agosto de 1961, Jânio protago- nizou um episódio que incendiou as relações entre ele e a oposição: a condecoração com a Ordem do Cruzeiro do Sul a Ernesto "Che" Guevara, ministro da Indústria e Comércio de Cuba, país alinhado com o bloco soviético e dirigido por Fidel Castro. 19 .A G O .6 1 / FO LH AP RE S O presidente Jânio Quadros condecora o ministro cubano Ernesto "Che" Guevara. O fato foi amplamente aproveitado pela oposição, que passou a chamar o pre- sidente de comunista e alertava o país so- bre o perigo vermelho. No dia 24 de agosto, à noite, Carlos La- cerda, outra vez, fez um pronunciamento em rede de rádio e televisão denunciando uma tentativa de golpe de Estado que estaria sen- do articulado pelo presidente e por seu mi- nistro da Justiça, Oscar Pedroso Horta. No dia seguinte, logo após passar em revista as tropas na comemoração do Dia do Soldado, Jânio Quadros renunciou ao mandato presidencial. Com essa medida radical, ele intencionava mudar a situação política a seu favor, pois acreditava que o Congresso Nacional, assim como o alto comando militar e o empresariado não aceitariam sua renúncia, uma vez que João Goulart, o vice-presidente, era visto com desconfiança por muitos políticos, milita- res e empresários conservadores. Contudo, o plano de Jânio não deu cer- to. O Congresso Nacional recebeu a carta renúncia e nomeou o deputado Ranieri Mazzilli, presidente da Câmara dos Depu- tados, para ocupar a Presidência da Repú- blica, pois o vice-presidente estava na Chi- na em missão oficial. No Brasil, os militares e políticos da UDN se articulavam para tentar impedir a posse de Jango, alegando suas ligações com os sindicatos e os comunistas. A reação foi imediata. Os legalistas, en- tre eles Leonel Brizola, governador do Rio Grande do Sul, exigiram o cumprimento da Constituição, ou seja, empossar o vice- -presidente como presidente. Para isso, for- mou-se a Rede da Legalidade, composta de várias emissoras de rádio que transmitiam pronunciamentos a favor da posse de Jango. Governo de João Goulart: parlamentarismo No dia 4/9/1961, os militares aceita- ram uma solução proposta pelo Congresso Nacional: o parlamentarismo. Assim, Jan- go teria seus poderes políticos limitados, dividindo-os com o primeiro-ministro, in- dicado pelo Congresso Nacional. Também foi acordado que, em 1965, seria realizado um plebiscito para consultar a população sobre a volta do presidencialismo. G ALERIA D E PRESID EN TES / G O VERN O D O BRASIL Considerado por muitos o sucessor de Getúlio Vargas, João Goulart teve, no PTB, uma carreira política conturbada. Como ministro do Trabalho de Vargas, Jango concedera um aumento de 100% do salário- -mínimo, irritando os patrões. Como vice- -presidente de JK, sofreu ataques de Carlos Lacerda, que, por meio do jornal Tribuna da Imprensa, o acusava de ladrão e corrupto. Como vice-presidente de Jânio Quadros, foi surpreendido na China com a renúncia do presidente. Como presidente, tevede aceitar governar uma República parlamentarista. 146 EF 9P -1 4- 41 Capítulo 9 – República brasileira: de Jânio ao Golpe de 1964 \ Grupo 4 Jango concordou e chegou a Brasília, passando por Cingapura, Paris, Nova York, Montevidéu e Porto Alegre, e no dia 7 de setembro de 1961 tomou posse como pre- sidente da República. AC ER VO U H /F O LH AP RE SS Jango recebeu a seleção brasileira de futebol, bicampeã do mundo em 1962. Na foto, ele aparece cumprimentando Pelé. Contudo, a adoção do parlamentaris- mo não trouxe a estabilidade política es- perada. De setembro de 1961 a janeiro de 1963, o Brasil passou por três primeiros- -ministros: Tancredo de Almeida Neves (PSD), Francisco de Paula Brochado da Ro- cha (PSD) e Hermes Lima (PTB). Leonel Brizola deu continuidade à cam- panha pela legalidade, afirmando que a mudança na forma de governo era incons- titucional e exigindo a realização imediata do plebiscito previsto para o fim do man- dato de Jango. BU TU EM /A CE RV O U H /F O LH AP RE SS Leonel de Moura Brizola (1922-2004) foi outro político promissor do PTB. Era cunhado de João Goulart. O plebiscito foi finalmente antecipado para 6/1/1963. O resultado foi a ampla vitória do presidencialismo: dos doze mi- lhões de eleitores que compareceram às urnas, cerca de 9,5 milhões votaram “não ao parlamentarismo”. O Brasil voltava a ser uma República Presidencialista. Ù LTIM A H O RA Edição do jornal Última Hora (pró- -Jango), de 7 de janeiro de 1963. Governo de João Goulart: retorno do presidencialismo Com os poderes políticos restaurados, Jango pôs em prática um conjunto de me- didas elaboradas por Celso Furtado, mi- nistro do Planejamento, para solucionar a crise que se agravava. Denominadas de Plano Trienal, as medidas para promover o desenvolvimento econômico e social es- tabeleciam: • a liquidação dos latifúndios impro- dutivos; • a redução da dívida externa; • a nacionalização das refinarias pe- trolíferas; • o combate à inflação. Esse assunto é muito rico em fontes escritas, principalmente jornais da época – a exemplo deste que aqui expo- mos, assim como de ou- tros que virão a seguir. Nesses casos, apro- veitar para trabalhar a seguinte habilidade: reconhecer a importân- cia de analisar textos de época para melhor compreensão de temas e conteúdos históricos. EF 9P -1 4- 41 História \ Relações 147 Informações adicionais Celso Furtado (1920-2004) foi um dos mais renomados economistas brasileiros. Natural de Pombal, na Paraíba, foi diretor de Desenvolvimento da Cepal (Comissão Econômica para a América Latina), órgão por meio do qual participou da elaboração de um trabalho que serviria de base para o Pla- no de Metas, estabelecido pelo governo de Juscelino Kubitschek. Foi superintendente da Sudene (Superintendência do Desenvol- vimento do Nordeste), criada no governo de JK, e ministro do Planejamento no governo de João Goulart. Com o golpe de 1964, teve seus direitos políticos cassados e foi exilado, morando vários anos fora do Brasil. Na dé- cada de 1980, ocupou o cargo de ministro da Cultura na Presidência de José Sarney. Embora tenha escrito várias obras importan- tes, o seu livro mais conhecido é Formação econômica do Brasil, cuja primeira edição foi publicada no Brasil, em 1959. Jango concedeu aos trabalhadores ru- rais os mesmos benefícios dos trabalhado- res urbanos, promulgando o Estatuto do Trabalhador Rural. Entretanto, essas medidas assustaram terrivelmente as elites do país, ameaçadas de perder seus latifúndios e seus trabalha- dores. Ao mesmo tempo, as camadas po- pulares se agitaram por causa do aumento do custo de vida e do desemprego. A sociedade brasileira se viu envolvida em agitação de "direita" e "esquerda", de- sestabilizando o governo Jango. As camadas conservadoras, apoiadas por empresas estrangeiras, acusavam o governo de sindicalista e comunista e seus representantes no Congresso Nacional barravam as propostas de reformas do go- verno. As camadas populares eram represen- tadas por estudantes liderados pela União Nacional dos Estudantes – UNE –, pelos sindicatos, pelos comunistas e socialistas, pelo baixo clero, por pequenos proprietá- rios rurais e outros. No Nordeste, agora eleito deputado federal pelo PSB (Partido Socialista Bra- sileiro), Francisco Julião liderava as Ligas Camponesas, exigindo a reforma agrária e invadindo os latifúndios. Seu grito de guer- ra, "Reforma agrária na lei ou na marra", reforçava mais ainda o medo das elites do- minantes. As reformas de base No dia 13/3/1964, 150 mil pessoas se concentraram no Rio de Janeiro, na Praça da República, em frente à Estação Central do Brasil. Observados de perto por policiais, milhares de pessoas ouviram o discurso de Jango no famoso "Comício da Central". Havia bandeiras vermelhas, cartazes exigindo a legalização do Partido Comunista e sindicatos de todas as categorias requerendo reformas. M O N TA G EM S O BR E FO TO S D E B O SC O /A CE RV O U H /F O LH AP RE SS 148 EF 9P -1 4- 41 Capítulo 9 – República brasileira: de Jânio ao Golpe de 1964 \ Grupo 4 O anúncio de suas reformas de base prometia as reformas agrária, eleitoral, educacional, tributária e urbana. Essas reformas de base sustentariam o Plano Trienal, contendo a inflação e retomando o crescimento econômico. Em 19 de março, veio a resposta ao Co- mício da Central: em São Paulo saiu a Mar- cha pela família com Deus pela liberdade, reunindo a oposição liderada pela Igreja Católica. Eram 500 mil pessoas. FO LH AP RE SS Milhares de manifestantes contrários ao governo de João Goulart concentram- -se na Praça da Sé, em São Paulo. João Goulart não conseguia atingir seus objetivos de implantar o Plano Trienal e as reformas de base em razão da grande rea- ção dos políticos que barravam suas pro- postas; dos grupos internacionais que fi- nanciaram campanhas nos jornais e rádios entre o governo; dos proprietários rurais, que não admitiam discutir a reforma agrá- ria; dos industriais, que acusavam os sindi- catos de promover "desordens". Enquanto as forças da direita contes- tavam o presidente, Jango também era criticado pelas forças da esquerda, que o acusavam de não defender os pobres e de- morar demais para implantar as reformas exigidas pelo país. Pressionado por todos os lados, o clima de tensão chegou ao máximo com o "mo- tim dos marinheiros", no Rio de Janeiro, e com a "revolta dos sargentos", em Brasília. Jango recusou-se a punir os revoltosos, o que provocou a indignação do Alto Co- mando Militar brasileiro. Foi a gota d’água para que militares golpistas articulassem definitivamente a derrubada do governo. O Comício das Reformas, ocorri- do no dia 13 de março de 1964, e o levante dos marinheiros, no dia 25 de março, levaram o Jornal do Brasil, o Diário de Notícias, o Correio da Ma- nhã e outros jornais a intensificar a campanha contra Goulart. O editorial de primeira página do Jornal do Brasil da edição de 29/3/1964, lido nos quar- téis, conclamava o Exército a manter a legalidade e o estado de direito e colo- cava o presidente da República na ile- galidade. Os editoriais do Correio da Manhã dos dias 31 de março (“Basta”) e 1º de abril (“Fora”) tiveram grande repercussão junto à população, uma vez que este jornal carioca era visto como um jornal menos envolvido no clima de crescente radicalização. Alzira Alves de Abreu. Disponível em: <http:// cpdoc.fgv.br/producao/dossies/Jango/artigos/ NaPresidenciaRepublica/A_imprensa_e_ seu_papel_na_queda_de_Goulart>. Acesso em: 17 ago. 2013. Adaptado. O golpe militar de 1964 Para melhor compreendermos o golpe de Estado dado pelos militares contra o governo de João Goulart em 1964, é preci- so que observemos com atenção algumas questões. O mundo pós-guerra girava em torno de duas nações rivais econômica e ideolo- gicamente, ligando os demais países a um ou a outro bloco hegemônico. As ligações que João Goulartteve com Getúlio, JK e Jânio eram vistas com extre- ma cautela por grupos econômicos inter- nacionais que influenciavam a opinião pública contra o presidente, acusando-o de comunista e de manter estreitas rela- ções com os países socialistas. Além disso, temiam suas ligações com os movimentos sindicais e populares. Esses temores tive- ram fim em março de 1964. O golpe militar dado em 1964 remonta ao ano de 1954, quando os mesmos perso- EF 9P -1 4- 41 História \ Relações 149 nagens, com poucas alterações, tentaram derrubar Getúlio Vargas e acabar com o populismo. A violenta comoção nacional que tomou conta do país com o suicídio de Vargas havia impossibilitado o sucesso do golpe. O populismo desenvolvido por Getúlio Vargas teve continuidade com os presiden- tes que sucederam a ele. Entretanto, ele foi se esgotando na medida em que o pro- cesso de industrialização avançava, expan- dindo cada vez mais o proletariado urbano e, com isso, aumentando os níveis de suas reivindicações. Quando João Goulart assumiu a Presi- dência, tomou para si a responsabilidade de efetuar reformas estruturais, que deve- riam ser feitas no contexto capitalista de modernização do país, mas se chocavam com os interesses e os privilégios arcaicos das elites dominantes. Por exemplo, a reforma agrária era vista como "coisa" de comunista quando o go- verno pensou em fixar o homem no campo para evitar o êxodo rural e o inchaço das cidades; a reforma tributária ameaçava cobrar mais impostos das camadas ricas; a reforma eleitoral visava a regulamentar e organizar o processo eleitoral e, certa- mente, poderia acabar com as fraudes que beneficiavam uma minoria. Empresários, fazendeiros, políticos – especialmente da UDN –, parte da impren- sa, empresas estrangeiras e o próprio go- verno estadunidense passaram a financiar órgãos de pesquisa e divulgação. Nesse momento, surgiram duas entida- des que tiveram papel destacado na queda de Jango: o Ipes – Instituto de Pesquisa e Estudos Sociais – e o Ibad – Instituto Bra- sileiro de Ação Democrática. Financiados pelos representantes do grande capital, defendiam a manutenção do status quo apregoando postulados democráticos. Esses órgãos divulgavam que o gover- no estava ligado a comunistas, promoviam violentas campanhas contra as reformas de base, manipulando a opinião pública e impondo a ameaça do "perigo vermelho", financiavam campanhas políticas de candi- datos contrários à reforma, dificultando o governo de João Goulart. Por outro lado, organizações de es- querda – Confederação Geral do Trabalho (CGT), Pacto da Unidade e Ação (PUA), Frente Parlamentarista Nacionalista (FPN), União Nacional dos Estudantes (UNE) – pressionavam o governo, intensificando suas ações, e cobravam do Estado medidas concretas para a viabilização das reformas de base e a liquidação de grupos contrá- rios a essas reformas. Pressionado por todos os lados, o go- verno se via extremamente fragilizado. Os militares "cochichavam" pelos quartéis ar- mando o golpe. A situação política do país ficava cada vez mais tensa. Como se não bastassem as pressões in- ternas, os Estados Unidos pressionavam e sustentavam as oposições para desestabi- lizar o regime brasileiro. Nos últimos dias do mês de março de 1964, militares de alta patente saíram das sombras e receberam a adesão de vários governadores, como Adhemar de Barros (São Paulo), Carlos Lacerda (Guanabara) e Magalhães Pinto (Minas Gerais). Dessa forma, em 31/3/1964 chegou ao fim o período populista por meio de um golpe de Estado que reuniu repre- sentantes das elites dominantes, das classes médias urbanas, dos militares, da Igreja Católica – entre outros setores conservadores –, tendo à frente os mi- litares, que prenderam os líderes oposi- cionistas para evitar qualquer reação ao golpe. João Goulart decidiu-se pelo exí- lio no Uruguai, seguido de Leonel Brizo- la, que havia tentado uma reação. Foi implantado um regime político e autoritário que durou até 1985 e se ca- racterizou por um período de violentas perseguições políticas, estudantis e ope- rárias e de censura sobre os órgãos de imprensa. EF 9P -1 4- 42 H IS TÓ RI A • G RU PO 4 • RE LA ÇÕ ES Capítulo 9 República brasileira: de Jânio ao Golpe de 1964 Ati vidade 33 • Governo de Jânio Quadros Exercícios de Aplicação 01) Em 1960, Jânio Quadros ganhou as eleições para a Presidência da República, com 48,27% dos votos, após uma campa- nha com apelos fortemente demagógicos. Demagogia: ação política que se utiliza do apoio popular para conquista ambicio- sa ou corrupta de poder. (Dicionário eletrô- nico Houaiss da língua portuguesa) a. Identifique o símbolo utilizado em sua campanha. b. Qual era o significado desse sím- bolo? c. Quais características de sua cam- panha denotavam apelos forte- mente demagógicos? 02) Leia o texto abaixo: O presidente com a irrestrita coo- peração de seu ministro das Relações Exteriores, Afonso Arinos de Melo Franco, levou o Brasil a uma políti- ca exterior independente. [...] Uma política de tal envergadura tinha, de certo modo, uma razão óbvia. No campo econômico, por exemplo, Quadros esperava diminuir os ma- les financeiros do Brasil através de negociações simultâneas com os três grandes blocos: os EUA, a Europa e a URSS. SKIDMORE. Brasil, de Getúlio a Castelo. Levando em conta a época, podemos con- cluir que essa política externa indepen- dente desagradou profundamente: a. à URSS, que mantinha um volumo- so comércio com o Brasil e, agora, haveria intensa concorrência com os EUA e a Europa. b. a alguns países europeus como, por exemplo, Inglaterra e França, que eram fornecedores exclusi- vos de produtos industrializados ao Brasil. c. aos setores socialistas no Brasil, na medida em que isso poderia abrir brechas para uma intensifi- cação da presença norte-ameri- cana no país. d. aos EUA, país líder do bloco capita- lista na Guerra Fria, e aos setores conservadores da sociedade bra- sileira, principalmente a UDN, que eram ligados aos Estados Unidos. e. aos países do Mercosul, pois, com essa política externa independen- te, o Brasil, certamente, colocaria os países do Mercosul em segundo plano. R.: D Vassoura Jânio afirmava que iria "varrer" do país a corrupção reinante. Uso de roupas amarrotadas, caspa nos ombros do paletó, cabelos desalinhados e consumo de pão com mortadela, nos palan- ques, durante os comícios. Seu discurso de acabar com a imoralidade também agrada- va às camadas médias e, ao afirmar que iria varrer a sujeira, a corrupção, limpar o país de políticos ineficientes e "ladrões", o povo o aplaudia de pé. No exercício 02, o an- ticomunismo era muito forte em alguns países do Ocidente e foi res- ponsável por vários golpes de estado na América Latina, a par- tir da década de 1960, como, por exemplo, no Brasil, na Argentina, no Uruguai, entre outros. Na década anterior, nos Estados Unidos, o anti- comunismo chegou ao fanatismo por meio do chamado macarthismo. Dessa forma, quando o presidente Jânio Qua- dros anunciou a sua política externa inde- pendente, isto é, des- vinculando-se do bloco capitalista, liderado pe- los Estados Unidos, os setores conservadores se apavoraram. EF 9P -1 4- 42 História \ Relações 151 Exercícios Propostos 03) A contradição inerente do gover- no provocou um clima de equilíbrio precário, cuja ruptura esperava-se a qualquer momento. A dramaticidade em que viveu o período era sempre re- novada pelas atitudes inesperadas e, às vezes, burlescas do presidente da Re- pública. O episódio da condecoração de "Che" Guevara, então ministro de Castro, com a Ordem do Cruzeiro do Sul, foi momento capital desse drama de curta duração. ODÁLIA, Nilo. Brasil em perspectiva. Com base no texto, caracterize os rumos dados à política externa brasileira por Jânio Quadros. 04) Observe a imagem. O gesto demonstrado na imagem pode ser interpretado como: a. uma tentativa, de cunho demagó-gico, de apresentar a política exter- na brasileira como "independen- te", ou seja, livre do alinhamento forçado a um dos dois blocos de poder da Guerra Fria. b. um recurso para forçar os EUA, por meio da diplomacia brasileira, a reconhecer a legitimidade da Re- volução Cubana e abandonar seus propósitos de invasão da ilha cari- benha. c. uma medida para estreitar as re- lações diplomáticas entre os dois países a fim de propiciar um maior intercâmbio cultural e científico, visto que Cuba, após a Revolução, havia se desenvolvido notadamen- te em áreas como saúde pública e educação. d. uma atitude do executivo federal para fortalecer sua ligação com os partidos políticos de esquerda, que haviam constituído a base par- tidária da vitória na eleição presi- dencial daquele ano. e. uma manifestação da simpatia que Jânio Quadros sempre tivera pelo comunismo revolucionário na América Latina, e que, então como presidente, podia transformar em orientação de sua política externa. Jânio preconizava uma política externa inde- pendente em relação às potências ociden- tais. Entre suas decisões, reatou relações diplomáticas com a URSS e a China, ambas socialistas. R.: A No exercício 04, o dis- curso do governo de Jânio quanto a uma po- lítica externa indepen- dente, livre da esfera de influência só capitalista, ou só socialista, acabou custando um desgaste desse governo diante da à oposição interna, assim como em relação aos Es- tados Unidos. 152 EF 9P -1 4- 42 Capítulo 9 – República brasileira: de Jânio ao Golpe de 1964 \ Grupo 4 Ati vidade 34 • Governo de João Goulart: parlamentarismo Exercícios de Aplicação 02) Qual foi a saída encontrada para Jan- go tomar posse? Por quê? 03) Esse manifesto nos permite entender que os militares: a. estavam excluídos de qualquer po- der no regime democrático presi- dencial. b. eram favoráveis à manutenção do regime democrático parlamentarista. c. justificavam a possibilidade de in- tervenção armada. d. apoiavam a interferência externa nas questões internas do país. e. eram contrários ao regime socialis- ta implantado pelo presidente em exercício. Exercícios Propostos 04) O político que mais se engajou na Campanha da Legalidade: a. Juscelino Kubitschek. b. Ranieri Mazzilli. c. Leonel Brizola. d. Tancredo Neves. e. Jânio Quadros. 05) A renúncia do presidente Jânio Qua- dros, em agosto de 1961, gerou uma séria crise, nos meios conservadores e militares em razão da ascensão do vice-presidente João Goulart à Presidência. Essa crise foi resolvida por meio: a. da realização de novas eleições, vencendo o candidato do PSD, Jus- celino Kubitschek. b. da implantação do parlamentaris- mo, que diminuiu os poderes do presidente João Goulart. Leia o texto e responda às questões de 01 a 03. Na presidência da República, em regime que atribui ampla autoridade e poder pessoal ao chefe de governo, o Sr. João Goulart constituir-se-á, sem dúvida alguma, no mais evidente in- centivo a todos aqueles que desejam ver o país mergulhado no caos, na anarquia, na luta civil. Manifesto dos ministros militares à nação em 29/8/1961. 01) O que ocorreu em agosto de 1961 e por que os ministros militares estavam re- ceosos do "Sr. João Goulart"? R.: C R.: B A renúncia de Jânio Quadros à Presidência do Brasil e o receio de o vice João Goulart assumir o país. Os militares, representan- do a classe dominante brasileira, olhavam o vice-presidente com reservas, pois ele já fora ministro do Trabalho de Getúlio Var- gas e autorizara um aumento de 100% do salário-mínimo, possuía fortes ligações com os sindicatos e pretendia manter uma polí- tica externa independente em relação aos EUA, estabelecendo relações diplomáticas com países socialistas. Essas razões foram sufi cientes para que Jango fosse acusado de comunista, além de ter sido vice de um presidente que recebeu Fidel Castro e "Che" Guevara. R.: C O parlamentarismo, porque o presidente teria seus poderes diminuídos, tornando-se uma figura decorativa como chefe de Es- tado, enquanto o país seria governado, de fato, pelo primeiro-ministro. No exercício 05, quan- do da renúncia de Jânio Quadros, o vice-presi- dente João Goulart en- contrava-se em missão diplomática na China, No exercício 03, o manifesto dos militares é uma clara demons- tração de que eles não concordavam com a posse de Jango. No exercício 04, o principal expoente da Campanha da Legalida- de foi o então governa- dor do Rio Grande do Sul, e cunhado de Jan- go, Leonel Brizola. EF 9P -1 4- 42 História \ Relações 153 Ati vidade 35 • Governo de João Goulart: retorno do presidencialismo Exercícios de Aplicação 01) Quais eram os principais objetivos das reformas de base propostas por Jango? 02) Logo após o anúncio das reformas de base, sob a liderança da Igreja, grupos con- servadores oposicionistas saíram às ruas, em São Paulo, numa gigantesca manifesta- ção que praticamente derrubou Jango da Presidência. Como ficou conhecida essa manifestação? Exercícios Propostos 03) Ao iniciar a execução do Plano Trie- nal, plano de combate à inflação e de pro- moção do desenvolvimento econômico do Brasil, João Goulart tinha à frente do Mi- nistério do Planejamento e Coordenação Econômica: a. Francisco Julião. b. Hermes Lima. c. Leonel Brizola. d. Francisco de Paula Brochado da Rocha. e. Celso Furtado. 04) No Comício da Central, realizado em 13/3/1964, Jango anunciou um programa de reformas que “assustou” as elites e os militares do Brasil. Detalhe esse programa, conhecido como reformas de base. c. da ascensão ao poder de um triunvirato militar que, mais tarde, passou o poder a Tancredo Neves. d. da nomeação do deputado Ranieri Mazzilli, presidente da Câmara dos Deputados, que terminou o man- dato de Jânio Quadros e o transfe- riu ao vitorioso das eleições presi- denciais, Castelo Branco. e. de Carlos Lacerda, que assumiu a Presidência com o apoio dos con- servadores e dos militares. Modernizar o país e distribuir a renda por meio das reformas agrária, tributária, admi- nistrativa, eleitoral e educacional. Trata-se da Marcha da família com Deus pela liberdade. R.: E – Reforma agrária: desapropriar e distribuir terras improdutivas aos sem-terra. – Reforma urbana: dar assistência à perife- ria dos grandes centros urbanos, como fave- las e cortiços. – Reforma educacional: combater o analfa- betismo e aumentar a rede pública escolar. – Reforma eleitoral: direito de voto a todos os brasileiros, inclusive aos analfabetos. – Reforma tributária: diminuir a carga tribu- tária sobre as camadas populares. o que piorou o conceito que os conservadores e os militares tinham de Goulart, tido como comunista e ligado aos sindicatos. Na verdade, Goulart cumpria uma missão dada pelo pre- sidente, que era abrir o mercado chinês aos produtos brasileiros, na época um mercado de 600 milhões de possí- veis consumidores para os produtos brasileiros, principalmente indus- triais. Porém, naquele contexto, representa- do pela Guerra Fria, as atitudes brasileiras em relação à política ex- terna eram malvistas pelos Estados Unidos e pelos conservadores brasileiros. No exercício 03, o eco- nomista Celso Furtado foi responsável pela ide- alização e execução do Plano Trienal, durante o governo de Jango. 154 EF 9P -1 4- 42 Capítulo 9 – República brasileira: de Jânio ao Golpe de 1964 \ Grupo 4 Ati vidade 36 • O golpe militar de 1964 Exercícios de Aplicação 01) O golpe militar de 1964 foi uma conti- nuidade da tentativa de golpe ocorrida em 1954 contra Getúlio Vargas. a. Qual era o principal objetivo dos golpistas, tanto em 1954 quanto em 1964? b. Por que o golpe de 1954 fracassou? 02) Em 31 de março de 1964, chegou ao fim o período populista brasileiro, por meio de um golpe de Estado. Quais setores da sociedade brasileira se articularam para que tal evento, de fato, se consolidasse? 05) Cite dois episódios que aceleraram o golpe de Estado que derrubouo governo de Jango, em 1964. Acabar com o populismo. O suicídio de Getúlio Vargas provocou vio- lenta comoção popular, tornando os golpis- tas impopulares, os quais foram tachados de traidores. O golpe de Estado contra o governo de João Goulart reuniu representantes de seto- res conservadores da sociedade brasileira, como o das elites dominantes, das classes médias urbanas, da Igreja Católica e do alto comando militar do país; esse último assu- miu a dianteira do golpe, com vistas a evitar manifestações oposicionistas. Resposta pessoal. Entre os episódios estão: Comício da Central do Brasil; Revolta dos Marinheiros (Rio de Janeiro); Revolta dos Sargentos (Brasília); Marcha da Família com Deus pela Liberda- de; apoio de governadores de importantes estados da Federação aos militares em caso de golpe. EF 9P -1 4- 42 História \ Relações 155 Exercícios Propostos 03) Em relação ao golpe de Estado ocor- rido no Brasil em 1964, marque as afirma- ções como verdadeiras (V) ou falsas (F). Em seguida, aponte o que está errado nas que forem marcadas como falsas. I. ( ) Os governadores de São Pau- lo (Adhemar de Barros), de Minas Gerais (Magalhães Pinto) e da Gua- nabara (Carlos Lacerda) conspira- vam com a ala militar golpista. II. ( ) Os partidos que mandaram no cenário político brasileiro entre 1945 e 1964 foram o PSD, a UDN e o PTB, tendo sido esse último o principal foco de oposição a João Goulart. III. ( ) As classes dominantes civis e militares e setores das classes médias apoiaram a derrubada do presidente João Goulart, pois fica- ram temerosos da crescente orga- nização e manifestação das massas populares. IV. ( ) Entre as forças da chamada di- reita destacavam-se organizações como o Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais (Ipes) e o Institu- to Brasileiro de Ação Democrática (Ibad), financiadas pela União So- viética. 04) Leia a citação seguinte. O que houve em 1964 não foi uma revolução. As revoluções fazem-se por uma ideia, em favor de uma doutrina. Nós simplesmente fizemos um movi- mento para derrubar João Goulart. Foi um movimento contra, e não por algu- ma coisa. General Ernesto Geisel A afirmação acima, feita pelo ex-presiden- te Ernesto Geisel, leva-nos a concluir que o movimento de 1964 foi contra: a. a forte interferência norte-ameri- cana, tanto no aspecto econômico como no político. b. os movimentos e passeatas como, por exemplo, a realizada em São Paulo, conhecida como Marcha da família com Deus pela liberdade, de caráter comunista. c. o parlamentarismo, sistema de governo implantado em 1961, que havia concentrado muitos poderes nas mãos de João Gou- lart, o que deixou os militares descontentes. d. os movimentos de esquerda, como as Ligas Camponesas no Nordeste, greves e movimentos sindicalistas no Sudeste, crise política generali- zada, inclusive nos meios militares, e o receio do comunismo. e. o movimento liderado por Leonel Brizola em apoio ao retorno de Jânio Quadros à Presidência, ale- gando a inconstitucionalidade da posse de João Goulart. Momento de novas descobertas Leia o texto. O Instituto Brasileiro de Ação Democrática (Ibad) e o Instituto de Pesquisa e Estudos Sociais (Ipes) se destacaram na oposição ao governo de João Goulart (1961-1964) e no V F V F II. De fato, os partidos que mandaram no cenário político brasileiro entre 1945 e 1964 foram o PSD, a UDN e o PTB. Porém, o prin- cipal foco de oposição a João Goulart foi a UDN. IV. O Ipes e o Ibad eram financiados por ca- pitalistas, portanto ligados aos Estados Uni- dos. R.: D No exercício 04, o gol- pe militar de 1964 foi, na verdade, um movimento de reação ao processo político que apresentava forte conotação esquer- dista, representada por movimentos rurais e urbanos como as Ligas Camponesas, lideradas por Francisco Julião, gre- ves operárias, passeatas de estudantes, rebeliões militares, entre outros movimentos. Os setores conservadores, assus- tados com esse avanço das esquerdas, apoia- ram as Forças Armadas a realizar um golpe, a fim de estancar esse avanço e recolocar o país na or- dem anterior. Habilidade a ser tra- balhada: – Reconhecer a impor- tância das várias fontes para o trabalho historio- gráfico e a necessidade de submetê-las à análise crítica. 156 EF 9P -1 4- 42 Capítulo 9 – República brasileira: de Jânio ao Golpe de 1964 \ Grupo 4 combate ao comunismo. Ambos fi- nanciavam dezenas de programas se- manais de rádio, como o “Cadeia de Democracia”, opondo-se a emissoras de orientação legalista, como a Rádio Mayrink Veiga, fechada após o golpe militar de 1964. DREIFUSS, R. A. 1964: A conquista do Estado. Petrópolis: Vozes, 1981; CALABRE, Lia. A era do rádio. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2004. Adaptado. Com base nas informações contidas no texto, faça uma pesquisa sobre a impor- tância do rádio como meio de comunica- ção, da década de 1930 à década de 1970. Escreva um pequeno texto resumindo as principais informações obtidas. Resposta pessoal No período em questão, o rádio era um dos mais importantes meios de comunicação e um eficiente instrumento de publicidade, por causa de seu grande alcance junto às massas, já que a facilidade para sua aquisi- ção era grande, se comparado à televisão; esta, por sua vez, já estava disponível no Brasil desde a década de 1950, mas inacessí- vel à maioria da população. A popularização da TV começou apenas na década de 1970. Contudo, como instrumento de comuni- cação com as massas, o rádio serviu aos propósitos ideológicos dos mais variados grupos sociais. No caso do texto, é nítida a polarização entre defensores e opositores de João Goulart. EF 9P -1 5- 51 H IS TÓ RI A • G RU PO 5 • L IG A ÇÕ ES Capítulo 10Descolonização da África Antecedentes e fatores No século XV, durante o processo de expansão marítima europeia, a África tornou-se portuguesa por conta do Tratado de Tordesilhas, assinado em 1494 pelas duas maiores potências da época, Portugal e Espanha. O ����� � � ������� �� T���������� Portugal e seu império colonial até 1580 Espanha e seu império colonial até 1580 1580 – Uni�cação dos dois impérios sob a Coroa espanhola, até 1640. OCEANO PACÍFICO OCEANO ATLÂNTICO OCEANO ÍNDICO OCEANO PACÍFICO NOVA ESPANHA NOVA CASTELA Antilhas Açores Madeira Canárias Cabo Verde 370 léguas GUINÉ Mombaça PORTUGAL Ormuz Diu Goa Calicute Sumatra Java Molucas FILIPINAS NOVA GUINÉ CHILE VENEZUELA ESPANHA Cantão MacauDamão Malaca Ceilão ANGOLA MOÇAMBIQUE MADAGASCAR Safala Melinde BRASIL Lim ite do Tr at ad o d e T or de sil ha s d e 1 49 4 Cabo da Boa Esperança s/ escala N AMÉRICA DO NORTE ÁFRICA EUROPA ÁSIA AUSTRÁLIA A adoção do Tratado de Tordesilhas permitiu à Coroa portuguesa explorar o litoral africano. Para isso, foram instaladas feitorias que passaram a negociar negros capturados no interior do território para estrategicamente servir de mão de obra escrava nas colônias americanas. A partir desse acordo, o continente africano tornou-se importante, manten- do ligações em outras partes do mundo como fonte fornecedora de trabalhado- res para outras áreas colonizadas pelos europeus. Esses trabalhadores, relegados à condição de escravos e bens de capital dos europeus durante séculos, tornaram- -se mão de obra abundante nas áreas agrícolas e mineradoras das Américas. No século XIX, como consequência da Revolução Industrial, a África sofreu nova invasão dos países europeus, promovida pela expansão capitalista. A necessidade era buscar colônias para abrigar o excedente demográfico, para complementar a econo- mia das novas metrópoles e para servir de mercados consumidores e fornecedores de matérias-primas. Esse processo ficou conhe- cido como imperialismo. A Segunda Guerra Mundial (1939-1945) criou condições para que a dominação euro- peia começasse a enfraquecer. A participa- ção dos soldados das colônias africanas nos exércitos das metrópoles deu a eles umsen- timento de nacionalismo e possibilitou-lhes a descoberta de que poderiam lutar pela sua liberdade. Após a guerra, os países europeus se viram arruinados e sem condição de man- ter as colônias, que exigiam vultosos gastos e investimentos. Além disso, as novas potên- cias pós-Guerra, URSS e EUA, que ocuparam o lugar dos países europeus no controle da política mundial, estimularam as colônias a se libertar de suas metrópoles, visando com isso ampliar suas áreas de influência. Como o assunto des- colonização africana é vasto, ele pode ser apro- veitado para pesquisas, estabelecendo relações com assuntos não só de História, mas também de outras disciplinas, de acordo com os interes- ses de cada aluno ou de cada equipe. Os alunos podem coletar material em jornais e revistas so- bre turismo e parques nacionais, relacionan- do o acontecimento à Geografia − guerrilhas, disputas tribais; à Bio- logia − fome, doenças, por exemplo aids; à Matemática − produtos de exportação; à Edu- cação Física − campeões de corrida de rua, por exemplo São Silvestre; à Educação Artística – to- tens e máscaras. 150 EF 9P -1 5- 51 Capítulo 10 – Descolonização da África \ Grupo 5 A �������� �������� – S������ XIX � XX Territórios sob controle de países europeus antes de 1914 Alemanha Bélgica Espanha França Inglaterra Itália Portugal Países independentes OCEANO ATLÂNTICO OCEANO ÍNDICO Mar Vermelho Mar Mediterrâneo ÁFRICA OCIDENTAL FRANCESA ÁFRICA ORIENTAL ALEMà ÁF RIC A E QU AT OR IA L F RA NC ES A ÁFRICA ORIENTAL BRITÂNICA Madeira Canárias Cabo Verde (POR) Canal de Suez Seichelles (GB) Príncipe (POR) São Tomé (POR) Comores (FRA) Maurício (GB) MARROCOS ESPANHOL RIO DE OURO ARGÉLIA TUNÍSIA LÍBIA NÍGERIA SUDÃO FRANCÊS SUDÃO ANGLO-EGÍPCIO EGITO MAR ROC OS ERITREIA SOMÁLIA FRANCESA SOMÁLIA BRITÂNICA SOMÁLIA ITALIANA MAURITÂNIA IFNI SENEGALGÂMBIA GUINÉ PORT. SERRA LEOA LIBÉRIA GUINÉ COSTA DO MARFIM COSTA DO OURO ALTO VOLT A TOGO DAOMÉ NIGÉRIA CA MA RÕ ES RIO MUNI ABISSÍNIA (ETIÓPIA) UG AN DA ANGOLA GABÃO BENCHUA- -NALÂNDIA UNIÃO DA ÁFRICA DO SUL TRANSVAAL SUAZILÂNDIA BASUTOLÂNDIA M AD AG AS CA R MO ÇAM BIQ UEROD ÉSIA DO N ORT E RODÉSIA DO SUL MASSALÂNDIA CHADE CONGO BELGA ÁFRICA DO SUDOESTE ALEMà EUROPA ÁSIA N s/ escala A partilha da África obedeceu a critérios geopolíticos e a interesses e relevância das nações industrializadas que participaram da reunião; não foram consideradas as diferenças étnico-culturais entre os povos africanos, o que contribuiu para a eclosão de guerras tribais nesse continente, na atualidade. Sugestão de filmes que podem servir de base para alguns trabalhos: Um grito de liberdade (1987, direção de Richard Attenborough), sobre o apartheid O poder de um jovem (1992, direção de John G. Avildsen), sobre o apartheid O senhor das armas (2005, direção de Andrew Niccol), sobre guerras tribais e guerras civis O jardineiro fiel (2005, direção de Fernando Meirelles), sobre direitos humanos Invictus (2009, direção de Clint Eastwood), sobre a África do Sul sob o governo de Nelson Mandela Diamante de sangue (2006, direção de Edward Zwick), sobre guerra civil EF 9P -1 5- 51 História \ Ligações 151 Os movimentos e as várias Áfricas As contradições existentes entre a do- minação europeia − justificada, entre ou- tros fatores, pelo darwinismo social, que afirmava a “incompetência” e a “inferiori- dade” africanas − e a atuação dos colonos na guerra tornaram-se visíveis. Ao mesmo tempo, os países europeus, enfraquecidos pela guerra, encontravam dificuldades não só para administrar como também para re- primir os movimentos libertários que sur- giam em várias partes da África. Dessa forma, alguns países, entre os quais a Inglaterra, resolveram con- ceder a independência às suas colô- nias africanas, evitando confrontos mi- litares. Até o ano de 1955, existiam, no continente africano, apenas cinco paí- ses independentes: África do Sul, Líbia, Etiópia, Egito e Libéria. Em 1960, ou seja, apenas 5 anos depois, eram 26 países. Esse salto significativo foi resultado tam- bém da Conferência de Bandung, realizada na Indonésia, em 1955, na qual foram apro- vados o “princípio da coexistência pacífica” e os “direitos à autonomia e à liberdade das colônias africanas”. Em 1958, realizou-se, em Gana, a Conferência dos Estados Africanos Independentes, que lançou as bases da orga- nização dos Estados africanos, responsável pela cooperação entre os povos com o intui- to de combater o colonialismo. Em Bandung, defendeu-se a independência em relação às potências da época − EUA e URSS − e a união dos países pobres, que formariam o então chamado Terceiro Mundo. França e Portugal, entretanto, não acei- taram perder suas colônias africanas. França Para fazer frente à guerra de indepen- dência da Argélia, a França desembarcou tropas na colônia dando início a uma vio- lenta guerra. Na realidade, a reação não era bem da metrópole. Os que defendiam os laços da colônia com a França eram os colonos franceses e seus descendentes brancos, que constituíam a elite dominan- te, comandavam os altos escalões da má- quina burocrática colonial e eram grandes proprietários e comerciantes, contra uma imensa massa de argelinos islamizados e explorados. Em 1962, o presidente Charles de Gaulle realizou um plebiscito, que foi favorável à independência e pôs fim à guerra, reconhe- cendo a Argélia como nação soberana. Portugal Após seu período áureo, nos séculos XV- XVI, Portugal, um pequeno país da Europa que dominara metade do planeta, viu-se, gradativamente, reduzido a poucas colô- nias e extremamente dependente delas. Quando os ventos da liberdade, vindos de várias partes da África, atingiram An- gola e Moçambique, Portugal lutou como pôde para manter seu controle sobre es- ses países. No entanto, o mundo bipolar do pós- -Guerra não lhe era favorável. A Guerra Fria entre os blocos socialista e capitalis- ta favoreceu a luta não só de angolanos e moçambicanos, como também de ou- tros povos africanos, o que culminou com o rompimento entre África e Europa. A União Soviética ajudou e financiou vários movimentos de independência na África. Enquanto isso, a ditadura de Marcelo Caetano, em Portugal, sucessor de Anto- nio Salazar, começou a apresentar sinais de desgaste, os quais aumentavam na mesma proporção que os custos das guer- ras de independência na África. Em Angola, Agostinho Neto lidera- va o MPLA (Movimento Popular para a Libertação de Angola) e, em Moçambi- que, Samora Machel liderava a Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique) contra Portugal. O desgaste com as guerras chegou ao auge em 1974, quando os militares derru- baram a ditadura portuguesa na Revolução dos Cravos. O novo governo estabeleceu negociações com as colônias em guerra − Guiné-Bissau (1974), Angola, Moçam- bique, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe (1975) − dando-lhes a independência. 152 EF 9P -1 5- 51 Capítulo 10 – Descolonização da África \ Grupo 5 O caso da África do Sul A África do Sul foi colonizada por holan- deses e ingleses. Seus descendentes for- maram uma elite branca que monopolizou as melhores terras, os melhores cargos, os melhores empregos, controlando o comér- cio, a agricultura, a mineração, a indústria e os bancos. Os nativos negros foram reduzidos à condição de humilhante subserviência, segregados em seu próprio território e ofi- cialmente inferiorizados em razão da polí- tica do apartheid, que legalizava a postura: ao branco, tudo; ao negro, nada. As transformações mundiais ocorridas após a Segunda Guerra Mundial e as inde- pendências das colônias africanas incenti- varam a população negra da África do Sul, por meio do Congresso Nacional Africano, a lutar contra o apartheid. O líder negro da África do Sul, Nelson Mandela (1918-2013), foi preso em 1962 e condenado à prisão perpétua. A luta con- tra o apartheid tomou rumos internacio- nais. Países e organizaçõeshumanitárias passaram a apoiar a causa das populações negras denunciando e pressionando o go- verno sul-africano e prestando solidarie- dade ao líder político preso. M O N TA G EM S O BR E FO TO S - Y O AV L EM M ER ; W AL TE R D H LA D H LA / AF P Em 1990, Mandela (à esquerda) foi libertado e voltou a liderar o movimento de reivindicação dos direitos dos negros. Em 1993, recebeu o Prêmio Nobel da Paz, dividindo-o com o então presidente sul-africano, Frederik de Klerk (à direita). Em 1994, Nelson Mandela elegeu-se presidente da África do Sul. As "várias Áfricas" A África é um continente bastante heterogêneo, com países de maioria negra e exce- ções como a Argélia, cuja maioria é branca. Da mesma forma que ainda existem comunidades primitivas, existem também cidades extremamente urbanizadas e sofisticadas, como a cidade do Cabo, na África do Sul. Habilidade a ser tra- balhada: – Identificar, com base em textos e mapas, a diversidade étnico-cul- tural que caracteriza as sociedades contempo- râneas. EF 9P -1 5- 51 História \ Ligações 153 Culturalmente, há grande diversidade, por exemplo no campo religioso, em que coexistem religiões de cultos tribais, reli- giões de origem europeia, como a lutera- na, a anglicana, a presbiteriana e a católi- ca, e religiões de origem asiática, como o hinduísmo e o islamismo. Essa diversidade acompanha a história africana desde a Antiguidade, período em que se desenvolveram grandes impérios como o egípcio. Na Idade Moderna e na Contempo- rânea, o continente foi atacado, inva- dido e espoliado pelas potências euro- peias, que buscavam riquezas minerais, especiarias, escravos, matérias-primas e mercados consumidores, obedecendo a interesses econômicos e/ou ideológi- cos dos países capitalistas e socialistas, sufocando e dizimando as populações locais em nome de “Deus”, do “capital”, “dos trabalhadores de todo o mundo”, da “democracia”, da “superioridade ariana”, da “civilização”, entre outros argumentos. O imperialismo produziu uma diver- sidade maior ainda que se arrasta até os dias atuais. Durante a dominação euro- peia, tribos rivais foram obrigadas a con- viver no mesmo espaço geográfico con- trolado pelos brancos, que se utilizaram dessas rivalidades internas para imporem seu domínio. Com a independência, as antigas fron- teiras delimitadas pelos europeus – que não levaram em conta as divisões tradi- cionais realizadas pelas tribos e etnias ao longo de sua existência – foram herda- das pelos países recém-independentes. Estes passaram a ter dificuldades para estabelecer um governo nacional que re- presentasse os interesses de todo o país, uma vez que as várias tribos, cada qual com seu próprio idioma e padrão cultu- ral, não chegavam a um consenso. Um dos casos representativos des- sa situação foi a Nigéria: o predomínio da tribo haussa levou os ibos à revolta, dando origem à Guerra de Biafra (1967- 1970). A região de Biafra, rica em petró- leo, atraiu o interesse de potências como EUA, Inglaterra e URSS, que se envolve- ram na guerra fornecendo armas, equi- pamentos e dinheiro. Ao final da guerra, os ibos foram massacrados e cerca de dois milhões de pessoas morreram, a maioria de fome. Biafra foi reincorporada à Nigéria e é, atualmente, um dos maiores produtores de petróleo e, ao mesmo tempo, um dos países mais miseráveis. © PAU L ALM ASY / CO RBIS / CO RBIS (D C) / LATIN STO CK Favela na cidade de Lagos, capital da Nigéria Portanto, a África não só é um conti- nente diversificado como também extre- mamente conturbado e marcado pela cor- rupção política. 154 EF 9P -1 5- 51 Capítulo 10 – Descolonização da África \ Grupo 5 OCEANO ÍNDICO OCEANO ATLÂNTICO TUNÍSIA 1956MARROCOS 1956 ARGÉLIA 1962 LÍBIA1951SAARA OCIDENTAL MAURITÂNIA 1960 MALI1960 NÍGER 1960 SENEGAL 1960 GÂMBIA 1965 GUINÉ-BISSAU 1974 GUINÉ1958 SERRA LEOA 1961 LIBÉRIA COSTA DO MARFIM 1960 GANA 1957 BURKINA-FASO 1960 NIGÉRIA 1960 TOGO 1960 BENIN 1960 CABINDA (ANGOLA) 1975 CONGO RUANDA 1962BURUNDI 1962 SOMÁLIA 1960 COMORES 1975 MADAGASCAR 1960 TANZÂNIA 1964 MALAVI 1964 ZÂMBIA 1964 ANGOLA 1975 NAMÍBIA 1989 ZIMBÁBUE 1980 BOTSUANA 1966 REP. DA ÁFRICA DO SUL 1961 LESOTO 1966 SUAZILÂNDIA 1968 MOÇAMBIQUE 1975 DJIBUTI 1977 CHADE 1960 SUDÃO 1960 ETIÓPIA REP. CENTRO-AFRICANA 1960 ZAIRE UGANDA 1962 QUÊNIA1963 EGITO CAMARÕES 1960 GUINÉ EQUATORIAL 1968 GABÃO 1960 (REP. POPULAR DO CONGO) 1960 ÁFRICA OCIDENTAL FRANCESA ÁFRICA ORIENTAL BRITÂNICA ÁFRICA EQUATORIAL FRANCESA CONGO BELGA ANGOLA LÍBIA EGITO SUDÃO ANGLO- -EGÍPCIO ZANZIBAR Francês Belga Português Espanhol Italiano Independente Sul-africano Britânico In�uência britânica N s/ escala Atualmente a maioria dos territórios africanos alcançou a independência, convivendo, em boa parte dos casos, com a guerra civil, herança das diferenças étnicas e da partilha africana durante o imperialismo europeu do século XIX. EF 9P -1 5- 51 História \ Ligações 155 O norte da África, onde existe o predomí- nio da cultura árabe e da religião islâmica, foi ocupado por ingleses, franceses e italianos a partir do século XIX. Tome-se o exemplo da Líbia. A região foi controlada pelos italianos, interessados no petróleo, e, após a Segunda Guerra Mundial, ficou sob a influência anglo-- -francesa. Poucos anos após a independên- cia, o país passou a ser governado ditatorial- mente pelo coronel Kadafi. A ditadura militar de Kadafi (1969-2011) só chegou ao fim após uma guerra civil líbia, ocorrida sob o contexto da chamada Pri- mavera Árabe, cujo início foi dezembro de 2010, que também derrubou governos con- siderados ditatoriais no Egito e na Tunísia. Na parte central, o predomínio francês fez surgir vários países sob influência da cul- tura francesa. A influência belga deu origem à República Democrática do Congo; a influ- ência inglesa originou a Nigéria e o Sudão; e a influência alemã deu origem a Camarões. Ao sul, o predomínio inglês deu nasci- mento a Zâmbia, Zimbábue, Botsuana, Le- soto e África do Sul. Este último país era ori- ginariamente uma possessão portuguesa, que passou para a Holanda durante o domí- nio espanhol (1580-1640), até ser anexada pelos ingleses em 1902. As regiões portu- guesas de Angola e Moçambique foram as últimas a se tornarem independentes, após receberem apoio militar de Cuba e URSS. Assim, a divisão do continente afri- cano de acordo com os interesses impe- rialistas e/ou colonialistas europeus des- truiu as culturas locais, juntando tribos inimigas, desestruturando as formas de produção vigentes e impondo sistemas de produção com base no latifúndio mo- nocultor exportador. Tudo isso contribuiu para que a instabilidade política, as diver- gências tribais e a fome estivessem cons- tantemente ligadas à história atual dessas “várias Áfricas”. EF 9P -1 5- 52 H IS TÓ RI A • G RU PO 5 • L IG A ÇÕ ES Capítulo 10 Descolonização da África 01) O continente africano foi alvo de in- vasão e exploração em dois momentos da história. O primeiro momento vai do sé- culo XV ao início do século XIX; o segun- do vai do fim do século XIX ao século XX. Explique a que momentos históricos eles correspondem. Ati vidade 37 • Antecedentes e fatores Exercícios de Aplicação 02) Denomina-se descolonização o pro- cesso ocorrido, sobretudo, nas décadas de 1950-1960, que colocou fim ao imperialis- mo europeu sobre a África. Indique uma causa da descolonização africana e relacio- ne esse processo com a Guerra Fria. Exercícios Propostos 03) De que forma a Segunda Guerra Mun- dial favoreceu o processo de independên- cia das colônias europeias na África? 04) Como o fim da Segunda Guerra ace- lerou o processo de independências afri- canas? O primeiro momento corresponde ao perío- do da expansão marítima (séculos XV-XVII), que culminou na colonização das Américas e na importação de mão de obra em grande quantidade, arrancada da África e escravizada noNovo Mundo. O segundo momento corres- ponde ao período de expansão da Revolução Industrial, caracterizado pela busca de maté- rias-primas e mercados consumidores. O enfraquecimento das grandes potências coloniais (Grã-Bretanha e França) em decor- rência da Segunda Guerra Mundial. Tanto os Estados Unidos como a URSS apoiaram o processo de descolonização como forma de ocupar os espaços deixados pelas ex-metró- poles, no contexto da disputa pela hegemo- nia mundial entre as duas superpotências. A participação dos africanos na guerra, lu- tando por suas respectivas metrópoles eu- ropeias, incentivou-lhes o sentimento de nacionalidade e de liberdade. Após o fim da Segunda Guerra Mundial, as ex-potências europeias se viram arruinadas e sem condições de manter as colônias. Por outro lado, Estados Unidos e União Sovié- tica, como novas potências mundiais, esti- mularam as colônias a se libertarem de suas metrópoles, visando ampliar suas áreas de influência sob o contexto da Guerra Fria. EF 9P -1 5- 52 História \ Ligações 157 Ati vidade 38 • Os movimentos e as "várias Áfricas" Exercícios de Aplicação 01) Leia o texto abaixo e, em seguida, res- ponda ao que se pede. Nenhum africano pode atuar como membro de um júri eleito para juízo criminal, mesmo sendo o acusado um africano. É ilegal que uma pessoa branca e uma negra tomem juntas uma xícara de chá num café de qualquer lugar..., exceto se tiver autorização especial para isso. Nenhum africano tem o direito de adquirir a propriedade de terras... A discriminação racial é um fenômeno mundial. Havia um país em que, até 1989, o racismo estava inscrito em sua Constitui- ção, como é possível ler no texto acima. Isso tornava os negros, aproximadamente 73% da população desse país, estrangeiros em sua terra natal. Identifique esse país e a política por ele adotada em relação aos negros. 02) Observe o mapa e, depois, responda ao que se pede. A���� ������� �������� �� ���������� �������� Trópico de Capricórnio Trópico de Câncer Equador OCEANO ATLÂNTICO Mar Mediterrâneo OCEANO ÍNDICO ETIÓPIA QUÊNIA UGANDA SUDÃO SUDÃO DO SUL CHADE NÍGER NIGÉRIA EGITO CHIPRE SÍRIA LÍBANO TURQUIA IRAQUE TURCOMENISTÃO IRà KUWAIT EM.ÁR. UNIDOS QATAR BAHREIN ISRAEL JORDÂNIA ARÁBIA SAUDITA LÍBIA ARGÉLIA TUNÍSIA MARROCOS ESPANHA MALI GRÉCIAITÁLIA MAURITÂNIA REPÚBLICA DA ÁFRICA DO SUL BOTSUANA ANGOLA NAMÍBIA REPÚBLICA DEMOCRÁTICA DO CONGO CAMARÕES REPÚBLICA CENTRO-AFRICANA ZÂMBIA ZIMBÁBUE MADAGASCAR ILHAS MAURÍCIO SOMÁLIA DJIBUTI ERITREIA IÊMEN OMà TANZÂNIA BURUNDI RUANDA LESOTO MOÇAMBIQUE GABÃO CONGO GA NACOSTA DO MARFIM GUINÉ SAARA OCIDENTAL MALAWI SUAZILÂNDIA BURKINA FASO SENEGAL CABO VERDE TO GO BE NI N SERRA LEOA LIBÉRIA GUINÉ-BISSAU GÂMBIA GUINÉ EQUATORIAL COMORES SEYCHELLES Luanda Pretória Bloemfontein Cidade do Cabo Windhoek Gaborone Dacar BanjulPraia Abuja Niamei Cartum Cairo Asmara YaoundéMalabo São Tomé e Príncipe Tunis Trípoli Argel Rabat El Aaiún Lusaka Harare Antananarivo Port-Louis Ndjamena Nuakchott Adis-Abeba Nairóbi Bujumbura Kigali Mogadíscio Maseru Brazzaville Djibuti Lilongue Bamaco Dodoma Kampala Kinshasa Porto Novo Bangui Ouagadougou Librevilde Freetown Conacri Yamoussoukro Bissau Monróvia Mbabane Maputo Lomé Moroni Vitória Accra N s/ escala O país é a África do Sul e a política em re- lação aos negros corresponde ao apartheid. 158 EF 9P -1 5- 52 Capítulo 10 – Descolonização da África \ Grupo 5 Note [no mapa] que as fronteiras de alguns países são retinhas, como se tivessem sido traçadas com régua, em um escritório com ar condicionado. E foram mesmo. [...] tribos e famílias terminaram divididas por linhas ima- ginárias. BRENER, J. O mundo pós-guerra. Após a Segunda Guerra (1939- 1945), com a descolonização, as fron- teiras não foram repensadas. As elites coloniais conduziram a independência, que forjou uma identidade nacional e, nos anos 1960 e 1970, constituiu deze- nas de países artificiais como entida- des políticas. Maria Odete Brancatelli. Folha de S.Paulo. 26 dez. 1996. Após a leitura dos textos, elabore um texto argumentativo sobre os problemas que, ainda hoje, perseguem os países afri- canos. Exercícios Propostos 03) Relacione os países africanos da primeira coluna aos termos da segunda coluna. a. Argélia b. Angola c. Moçambique d. África do Sul ( ) Nelson Mandela ( ) Portugal ( ) França ( ) Portugal ( ) De Gaulle ( ) Agostinho Neto ( ) Frelimo ( ) Apartheid 04) As últimas colônias a entrar no processo de descolonização da África foram as colô- nias portuguesas. Para esse fim, organizaram-se vários movimentos populares, entre os quais o MPLA e a Frelimo. A esse respeito, responda ao que se pede. a. Por quem foram fundados? b. O que significam essas siglas? Pedir aos alunos que discutam o assunto – as “fronteiras artificiais” em grupos, para estimular o debate e enriquecer o conteúdo por meio de contribuições individuais. Resposta pessoal d c a b a b c d Agostinho Neto e Samora Machel MPLA: Movimento Popular para a Libertação de Angola Frelimo: Frente de Libertação de Moçambique. EF 9P -1 5- 52 História \ Ligações 159 c. A partir de que fato histórico essas colônias passaram a ter sua inde- pendência reconhecida? 05) Coloque C para a afirmação correta e E para a errada. Justifique as que estive- rem erradas. ( ) Com o final da Segunda Guerra, as colônias africanas aceleraram o processo de independência políti- ca. ( ) O processo de independência polí- tica do continente africano signifi- cou também a independência eco- nômica e o fim das desigualdades sociais. 06) Elabore um texto sobre as “várias Áfricas”, fazendo um paralelo entre os pro- blemas daquele continente e os do conti- nente americano. Momento de novas descobertas! 07) O filme Hotel Ruanda (Hotel Rwanda, 2004, direção de Terry George) conta a his- tória real de Paul Rusesabagina, responsável por salvar a vida de mais de 1.200 pessoas durante o genocídio ocorrido em Ruanda, em 1994. Sob orientação do professor, forme um grupo para assistir ao filme, procurando ob- servar nele aspectos tratados nesse capítulo, como a influência europeia sobre a região, os grupos sociais rivais envolvidos no conflito, assim como o papel da ONU em relação ao evento. Após assistirem ao filme, conversem sobre os fatos nele relatados e, caso haja interes- se, façam uma pesquisa mais detalhada acerca dos acontecimentos ruandeses tratados na película. Em seguida, produzam textos com base nessas informações, acompanhados de ima- gens. Finalizem o trabalho organizando um grande painel para ser exposto pela sala. A partir da Revolução dos Cravos, em Portu- gal, que derrubou Marcelo Caetano, pondo fim ao salazarismo. A independência política africana manteve a dependência econômica dos novos países e as desigualdades sociais não foram sanadas. C E No exercício 06, orien- tar os alunos a refletir sobre os problemas que a América Latina e o Brasil enfrentam: a fome, o desemprego, a violência urbana, a po- luição ambiental, a po- breza em contraste com a riqueza dos países de- senvolvidos. Comentar também o crescimento do terrorismo político- -religioso e na África, como se não bastassem os problemas que ela já enfrenta. Esta atividade com- plementar trabalhará as seguintes habilidades: – Reconhecer as for- mas atuais das socieda- des como resultado das lutas pelo poder entre as nações. – Estabelecer rela- ções entre os principais elementos que carac- terizam o processo de formação das institui- ções políticas e sociais ao longo da história, aplicando conceitos de permanência e ruptura (exemplo: moderniza- ção – exclusão social). – Reconhecer a im- portância de aplicar os conteúdos aprendidos na escola a interven- ções solidárias na reali- dade, com o objetivo de garantir o respeito aos valores humanos. Resposta pessoal EF 9P -1 5- 51 H IS TÓ RI A •G RU PO 5 • L IG A ÇÕ ES Capítulo 11 Descolonização da Ásia O processo de descolonização da Ásia teve início com a Primeira Guerra Mundial (1914-1918). Vários fatores contribuíram para fomentar os processos de emanci- pação, entre eles, a declaração de Lloyd George, em 1918, de que o princípio de autodeterminação dos povos era aplicável tanto em relação às colônias quanto aos territórios ocupados na Europa; as denún- cias de Lênin contra o imperialismo; e o exemplo dos revolucionários bolcheviques que liberaram os povos subjugados do Im- pério Czarista para optarem pela separa- ção ou não separação. RO G ER -V IO LL ET / AF P David Lloyd George (1863-1945) foi primeiro- -ministro britânico, de 1916 a 1922. Além disso, durante a guerra, as tropas alistadas pelos franceses, na Indochina, e pelos ingleses, na Índia, para combater na Europa, regressaram a seus países de origem com novas noções de democracia e independência nacional e a firme deci- são de não mais aceitarem a dominação estrangeira. Índia O imperialismo inglês estava presente na Índia desde o século XVIII, quando a In- glaterra derrotou a França na Guerra dos Sete Anos (1756-1763) e recebeu, entre outros territórios, a Índia, como indeniza- ção de guerra. Ao final da Primeira Guer- ra Mundial, desenvolveu-se na região um forte movimento nacionalista liderado por Mahatma Gandhi e Nehru, defendendo a autonomia da Índia em relação à Inglater- ra, o regime democrático, a igualdade reli- giosa e a modernização do Estado. TH E ART ARCH IVE / TH E PICTU RE D ESK / AFP Mohandas Karamchand Gandhi (1869- 1948), conhecido por Mahatma Gandhi. Em sânscrito – uma das línguas oficiais da Índia –, “Mahatma” significa "Grande alma". A característica fundamental desse mo- vimento foi o caráter pacífico, pregando, por meio de marchas e de jejuns, a deso- bediência civil, insuflando a população a não pagar impostos e a não consumir pro- dutos ingleses. A estratégia desgastou a Inglaterra, que, ao término da Segunda Guerra, en- fraquecida econômica e militarmente, viu-se obrigada a admitir a independên- cia mediante a divisão da Índia em dois estados: o Paquistão, de maioria muçul- mana, e a Índia, de maioria hindu, em agosto de 1947. Essa divisão foi consequência das diver- gências religiosas que se manifestavam há longo tempo e radicalizou-se na época da emancipação política. Gandhi colocou-se contrário a essa divisão, propondo a coo- peração entre hindus e muçulmanos. Em 31 de janeiro de 1948, Gandhi foi assassi- nado por um fanático hindu. Este capítulo, assim como o anterior, também pode ser enriquecido com vários filmes. Sobre a descolonização da Índia: – Gandhi (1982, direção de Richard Attenborough) Sobre a descolonização da Indochina: – Indochina (1992, dire- ção de Régis Wargnier) – Dien Bien Phu (1992, direção de Pierre Schoen- doerffer) Sobre a Guerra do Vietnã: – Pecados de guerra (1989, direção de Brian De Palma) – O franco atirador (1979, direção de Michael Cimino) – Platoon (1986, direção de Oliver Stone). – Nascido em 4 de Julho (1989, direção de Oliver Stone) – Bom dia Vietnã (1987, direção de Barry Levinson) – Fomos heróis (2002, di- reção de Randall Wallace). – O sobrevivente (2006, direção de Werner Herzog) EF 9P -1 5- 51 História \ Ligações 161 Nesse mesmo ano, o Ceilão tornou-se independente, adotando o nome de Sri Lanka. Contudo, mesmo após a independên- cia, os problemas religiosos e de fronteiras continuaram a se manifestar: os hindus que ocupavam a área muçulmana foram obrigados a deixar o Paquistão e os muçul- manos foram obrigados a deixar a Índia. Como se não bastasse, o Paquistão foi sub- dividido em dois: o Paquistão Oriental e o Paquistão Ocidental. Os enfrentamentos entre as comunidades de credos religiosos diferentes tornaram-se cada vez mais fre- quentes e violentos, deixando um saldo de milhares de mortos. Em 1971, o Paquistão Oriental tornou-se independente, dando origem a Bangladesh. Outro ponto importante a ser destaca- do é a região da Caxemira. Desde a inde- pendência, Índia e Paquistão disputam o controle total sobre essa área. No final de década de 1990, a questão de fronteiras envolvendo a Caxemira provocou até ame- aças de guerra nuclear. A tensão entre os dois países permanece. Por fim, vale ressaltar que, atualmen- te, os Sikhs, adeptos de uma religião que mistura o hinduísmo e o islamismo, reivin- dicam a independência do Punjab, região onde são maioria. MAR ARÁBICO OCEANO ÍNDICO (ATUAL SRI LANKA) 1948 CEILÃO (ATUAL MIANMA) LAOS TAILÂNDIA 1947 ÍNDIA (ATUAL BANGLADESH) 1971 PAQUISTÃO ORIENTAL PUNJAB BIRMÂNIA (ATUAL PAQUISTÃO) 1947 PAQUISTÃO OCIDENTAL AFEGANISTÃO IRà NEPAL BUTÃO CHINACAXEMIRA Área de con�ito entre Paquistão e Índia N s/ escala O desmembramento do Império Britânico Indiano Indonésia Entre os oceanos Pacífico e Índico, no Sudeste Asiático, localiza-se a Indonésia, um arquipélago composto por mais de 17 mil ilhas. Kalimantan Central Kalimantan OrientalKalimantan Ocidental Kalimantan do Sul Gorontalo Celebes Ocidental Celebes do Sul Celebes do Sudeste Celebes do Norte Celebes Central Molucas do Norte Molucas Ilhas Riau Jambi Sumatra do Sul Bengkulu Jakarta Banten Papua Papua Ocidental Java Central Java Ocidental Java Oriental Bali Sonda Ocidental Sonda Oriental Bangka- Belitung Aceh Sumatra do Norte Sumatra Ocidental Lampung Yogyakarta A Indonésia e suas províncias, na atualidade No século XVII, ela foi colonizada pelos holandeses e, durante a Segunda Guerra Mundial, foi invadida pelos japoneses. Isso fortaleceu os nacionalistas indonésios que, liderados por Sukarno, passaram a lutar con- tra os invasores. Sobre a Guerra da Coreia: – A irmandade da guer- ra (2004, direção de Je-gyu Kang) 162 EF 9P -1 5- 51 Capítulo 11 – Descolonização da Ásia \ Grupo 5 Sacalina INDOCHINA IMPÉRIO RUSSO AFEGANISTÃO Sumatra Bornéu Java CHINA ÍNDIAARÁBIA JAPÃO FILIPINAS COREIA TURQUIA Wei-Hai-Wei Kiau-Tchéu (Al.) Chandernagor DamãoDiu Goa Mahé Pondicherry karikal Hong-Kong (R.U.) Macau (Port.) Kuang-Tchéu (Fr.) CélebsOCEANO ÍNDICO OCEANO PACÍFICO Reino Unido França Rússia Estados Unidos Portugal Alemanha Holanda Japão N s/ escala A Ásia sob o imperialismo, com a região da Indonésia destacada em azul. Com o final da guerra e a derrota do Ja- pão, um dos participantes do Eixo, Sukarno, proclamou a independência do país em rela- ção à Holanda. Os holandeses se recusaram a aceitar a independência enviando tropas a fim de retomá-la, iniciando os conflitos mili- tares na região. Em 1949, a ONU e os Estados Unidos resolveram intermediar as negociações entre as partes conflitantes e puseram fim à guerra, efetivando a independência. Na Conferência de Bandung, em 1955, Sukarno foi uma das figuras proeminentes que defenderam a política de não alinha- mento junto às duas potências mundiais. Entre os dias 18 e 25 de abril de 1955, convocados por Indonésia, Ín- dia, Ceilão, Paquistão e Birmânia, países libertados da tutela colonial, representantes de 20 países da Ásia e da África se reuniram em Bandung, dispostos a elaborar uma estratégia comum, em um mundo que, cada vez com mais clareza, apareceria como um jogo de interesses entre dois grandes blocos. Representavam 1.500 milhões de seres humanos, com apenas 8% da renda mundial. [...] ali estavam a China, o Vietnã, o Japão, a Turquia, o Irã, o Iraque [...] Gana, Egito, Etiópia, Libéria e Sudão. [...] A assembleia do Terceiro Mundo elaborou um documento em que condenava o colonialismo, a dis- criminação racial e a corrida arma- mentista [...] e pedia-se a abstenção de toda participação em acordos de defesa coletiva que sirvam aos inte- resses de uma grande potência. PERNAU, José. História mundial desde 1939. São Paulo, Salvat, 1979. Fragmento. ZH IG AYLO V A. / RIA N O VO STI / AFP Em 18 de abril de 1955, o presidente da Indonésia,