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Índice INTRODUÇÃO UMA BOA NOTÍCIA: VOCÊ TEM DOIS CÉREBROS (E pelo menos um você usa com certeza) De “centro de energia” a mera “barriga”. Nossos ancestrais e nós: maneiras muito diferentes de olhar para o nosso umbigo NOTÍCIAS NÃO TÃO BOAS: INSETOS REINAM EM SEU SEGUNDO CÉREBRO (Pássaros e bactérias: cada cérebro é seu) A microbiota: as forças do bem e do mal também lutam no seu microuniverso intestinal Disbiose e permeabilidade intestinal: treino de combate Gatilhos do desequilíbrio bacteriano ALIMENTAÇÃO COMO TERAPIA (Lembra-se do filme Os Gremlins? É melhor você observar o que alimenta sua tribo intestinal) Prebióticos, probióticos, simbióticos: fique com esses nomes Alimentos favoritos de bactérias benéficas Alimentos favoritos de bactérias nocivas EMOÇÕES E INTESTINOS (Sobre borboletas, nós e pontapés) Psicobióticos: bactérias contra doenças mentais Autismo: seguindo a trilha do intestino à APRENDIZAGEM, COGNIÇÃO, SISTEMA MOTOR E MEMÓRIA (Para aprender, saber, mover e lembrar você também precisa do seu intestino) Doenças neurológicas ou doenças intestinais? Parkinson e Alzheimer: onde começam? NÃO EXISTE VIDA SEM SIMBIOSE REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFIA Se este livro lhe interessou e deseja que o mantenhamos informado sobre nossas publicações, escreva-nos para comunicacion@editorialsirio.com ou cadastre-se em nosso site: www.editorialsirio.com Design de capa: Editorial Sirio SA Composição ePub por Editorial Sirio SA © desta edição SYRIAN EDITORIAL, SA www.editorialsirio.com E-Mail: sirio@editorialsirio.com ISBN: 978-84-17030-964 €«Qualquer forma de reprodução, distribuição, comunicação pública ou transformação desta obra apenas Pode ser realizada com a autorização dos seus titulares, salvo disposição legal em contrário. Ir para CEDRO (Centro Espanhol de Direitos Reprográficos, www.cedro.org) se você precisar fotocopiar ou digitalizar qualquer fragmento desta obra". Contente INTRODUÇÃO UMA BOA NOTÍCIA: VOCÊ TEM DOIS CÉREBROS (E pelo menos um você usa com certeza) De “centro de energia” a mera “barriga”. Nossos ancestrais e nós: caminhos muito diferente de olhar para os nossos umbigos Í Ã Ã É http://www.editorialsirio.com/ http://www.editorialsirio.com/ http://www.cedro.org/ NOTÍCIAS NÃO TÃO BOAS: EM SEU SEGUNDO CÉREBRO ELES ENVIAM O INSETOS (Pássaros e bactérias: cada cérebro tem o seu) A microbiota: as forças do bem e do mal também lutam no seu microuniverso intestinal Disbiose e permeabilidade intestinal: treino de combate Gatilhos do desequilíbrio bacteriano ALIMENTAÇÃO COMO TERAPIA (Você se lembra do filme Os Gremlins? Mais você vale a pena observar o que você alimenta sua tribo intestinal) Prebióticos, probióticos, simbióticos: fique com esses nomes Alimentos favoritos de bactérias benéficas Alimentos favoritos de bactérias nocivas EMOÇÕES E INTESTINOS (Sobre borboletas, nós e pontapés) Psicobióticos: bactérias contra doenças mentais Autismo: seguindo a trilha do intestino APRENDIZAGEM, COGNIÇÃO, SISTEMA MOTOR E MEMÓRIA (Aprender, saiba, mova-se e lembre-se de que você também precisa de sua intuição) Doenças neurológicas ou doenças intestinais? Parkinson e Alzheimer: Onde eles começam? NÃO EXISTE VIDA SEM SIMBIOSE REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFIA INTRODUÇÃO O objetivo deste livro é aproximar o leitor de uma revolução fascinante e, por enquanto, silenciosa. Não é um livro dirigido a profissionais, é um livro dirigido a curiosos e interessados que pretende ser uma ponte entre estes e aqueles. Em minhas idas e vindas – exploratórias e atentas – através de seminários, workshops e diversas investigações sobre nutrição e alimentação consciente, me deparei com algumas surpresas que me levaram a um tema a priori complexo, mas tremendamente tentador: a conexão intestino-cérebro. . Embora a princípio me parecesse que talvez tal questão científica estivesse longe do campo em que costumo me movimentar, logo descobri como, no fundo, era apenas um passo à frente sem desviar um pingo do meu caminho. Aquele novo mundo a descobrir que se estendia diante dos meus olhos e da minha mente me confirmou de forma categórica e emocionante que a recuperação de nossa sanidade como espécie requer um retorno à nossa essência selvagem, e também me forneceu dados científicos para empunhar como uma espada contra os céticos. Nunca antes a enorme verdade contida no aforismo "nós somos o que comemos" me foi mostrada com tanta clareza. Porque nunca tinha visto com tanta clareza que o medo, a raiva, o amor, a felicidade, a paz de espírito, o equilíbrio emocional... (em suma, o que somos, o que vivemos) pertencem ao reino das vísceras, e que, talvez , o subconsciente indescritível vive e se expressa neles. O que vou expor nas próximas páginas é uma mera introdução. Um convite, melhor dizendo. Muito do que q conto parece ficção científica, mas garanto que não é. E, além disso, que fato científico não foi ficção de um visionário até que tenha sido confirmado empiricamente? Aqui ofereço algumas confirmações e os convido a entrar pela porta que alguns visionários deixaram entreaberta para todos nós. Prepare-se para se surpreender. Obrigado por se juntar a mim. CAMILLA ROWLANDS UMA BOA NOTÍCIA: VOCÊ TEM DOIS CÉREBROS (E pelo menos um que você usa com certeza) Até muito recentemente, acreditava-se que o comando absoluto sobre o resto dos órgãos era exercido pelo cérebro, que de cima dirigia, por exemplo, a atividade intestinal. Tanto que o intestino era considerado pela ciência como um mero subordinado que obedece às ordens daquele patrão todo-poderoso que mora na área nobre da torre. No entanto, hoje se sabe que o intestino ocupa o mesmo nível –pelo menos– do cérebro craniano. A tal ponto que já estamos falando de um segundo cérebro (e não no sentido metafórico: o intestino é literalmente nosso segundo cérebro). Sim, leu bem: o que vulgarmente conhecemos por "tripas" é na verdade um cérebro e a sua função neuronal é extraordinariamente semelhante à desse outro cérebro tão conhecido e com o qual guarda inúmeras semelhanças a nível bioquímico e celular. E não só isso, nosso cérebro craniano não poderia sobreviver sem nosso cérebro intestinal, enquanto este sobreviveria sem problemas sem a necessidade dele. Ambos estão em constante comunicação, mas ao contrário do que se possa supor, é o segundo cérebro que mais envia mensagens para o chamado primeiro cérebro. Os últimos estudos indicam que noventa por cento das fibras do nervo vago – o nervo que se estende da medula oblonga às cavidades do tórax e do abdome e que rege muitos processos orgânicos – são aferentes, ou seja, transmitem sinais ascendentes, que isto é, do intestino à cabeça. O nervo vago funciona basicamente como um canal de informação do trato digestivo para o cérebro. Assim, nossas entranhas têm muito mais a dizer ao cérebro do que o cérebro a elas. E, como veremos ao longo deste livro, a função desse fluxo de informações intestino-cérebro definitivamente não se limita a nos avisar quando é a nossa vez de comer. Entre as duas camadas musculares que revestem as paredes intestinais existe uma rede de neurónios cuja estrutura é a mesma dos neurónios cerebrais, com as Eles compartilham vários recursos, incluindo a capacidade de liberar neurotransmissores importantes. É uma rede muito extensa de mais de cem milhões de células nervosas (quase o mesmo número que abriga a medula espinhal). A grande diferença é que esse cérebro intestinal não é capaz de gerar pensamento consciente e, portanto, não raciocina nem toma decisões. Ou seja, o segundo cérebro sente, mas não pensa, embora pareça "saber" e "perceber" intuitivamente. Além do mais, resultados surpreendentes de várias pesquisas de ponta apontam para este segundo cérebro com memória e pode aprender. Inclusive se começa a cogitar a hipótese de que ela tem a capacidade de experimentar –não apenas refletir– emoções básicas como o medo e o sofrimentocom os próprios distúrbios neuróticos (é aqui que entrariam em cena úlceras e doenças crônicas como a gastrite, por exemplo). Outra semelhança curiosa, que faz pensar, tem a ver com os ciclos do sono. Durante o repouso noturno, a atividade digestiva cessa e o sistema nervoso entérico emite uma espécie de ondas lentas na forma de contrações musculares em ciclos que coincidem com os do cérebro. Pode residir aí a base biológica do conhecimento popular que afirma que um jantar excessivamente farto gera pesadelos. É cada vez mais evidente que a tarefa dessa rede neural que cobre todo o trato digestivo e que constitui o que se chama de sistema nervoso entérico vai muito além da função digestiva, que em si é bastante complexa: conduzir o alimento por todo o trato digestivo através de movimentos de ondas peristálticas, secretam sucos digestivos, digerem alimentos, absorvem nutrientes, transportam esse material para o sistema circulatório, expelem resíduos, etc. Essa fraternidade cerebral começa desde o nascimento de ambos os órgãos. No que diz respeito ao desenvolvimento embrionário, os dois cérebros têm a mesma origem. O sistema nervoso central (SNC) e o sistema nervoso entérico (ENS) derivam da crista neural, uma população de células migratórias que aparece no início do processo. Uma vez migrados, alguns deles passarão a fazer parte do SNC e outros acabarão se tornando o SNE. Na verdade, há também uma enorme semelhança visual entre nosso cérebro e nossos intestinos, cada um comprimido em suas "caixas" correspondentes. O nervo vago, que liga os dois sistemas, aparecerá mais tarde, mas é claro que eles estão destinados a se entender desde o momento da gestação. Na crônica da evolução sabe-se que esse segundo cérebro, o cérebro intestinal, foi o primeiro a aparecer. Na verdade, era o cérebro original. Organismos unicelulares primitivos – apareceram há mais de três bilhões e meio de anos – que consistia em um mero tubo digestivo - a partir do qual o SNE – sobreviveu agarrando-se a pedras esperando a comida “passar” casualmente lá. Mais tarde, com a evolução da vida na Terra, esses organismos desenvolveriam sistemas mais complexos e surgiria o SNC, necessário para uma existência cada vez mais proativa. Embora obviamente o cérebro craniano seja o que fez a diferença em nossa evolução e graças a ele e suas capacidades nossa existência se expandiu e continua se expandindo, também nos tornou surdos ao que percebemos através de nossos intestinos. Silenciamos nossa parte animal e com ela algumas capacidades perceptivas muito sutis em estado puro, sem nenhum filtro. É importante que aprendamos a ouvir o que nossas entranhas ditam. Em vez disso, é importante que nos lembremos do que sabíamos há milhares de anos. Nossos ancestrais eram guiados por seus instintos e intuições (sua atividade mental ainda era muito rudimentar), ou seja, eram guiados mais por seu cérebro intestinal. O nervo da compaixão O nervo vago – o décimo dos doze pares de nervos cranianos – é um nervo fascinante. Entre suas muitas funções está a de produzir aquelas ondas quentes que se expandem pelo nosso peito quando nos excitamos ou algo nos move. As mesmas ondas que causam aquele calor interno que sentimos quando nos abraçam. É por isso que é chamado de nervo da compaixão. Esse curioso apelido deve-se ao neurologista Stephen W. Porges, que o nomeou assim quando descobriu a faculdade "amorosa" de grande parte de sua atividade. Em pesquisas recentes, vários cientistas puxaram o fio da meada e apontam que o apelido é mais apertado do que suspeitavam. Esses cientistas sugerem que a ativação do nervo vago está diretamente relacionada a sentimentos de cuidado, proteção e ética, conclusão a que chegaram ao observar que indivíduos com alto grau de ativação desse nervo em estado de repouso tendem a experimentar e expressar sentimentos elevados de compaixão, altruísmo e gratidão. Em um estudo de 2010 publicado no Psychological Bulletin , Dacher Keltner, Ph.D. em psicologia da UC Berkeley, e sua equipe documentaram como mostrar imagens de grande sofrimento em massa aos participantes desencadeou reações muito fortes de compaixão, enquanto seu nervo vago foi ativado. Além disso, hoje se sabe que sua estimulação pode aumentar nossas habilidades cognitivas, acalmar nosso humor e equilibrar nosso comportamento. Não é de estranhar que alguns autores se refiram a este nervo da compaixão como a ligação entre o corpo e o espírito. E se, como vimos, noventa por cento das fibras do nervo vago são aferentes, ou seja, carregam sinais do intestino até a cabeça, talvez quando falamos de reações viscerais estejamos sendo muito mais literais do que pensamos. acreditava. De “centro de energia” a mera “barriga”. Nossos ancestrais e nós: maneiras muito diferentes olhar para os nossos umbigos Tudo isso já era intuído pelos sábios do antigo Egito. Os médicos da bacia do Nilo localizaram as emoções nos intestinos fétidos e consideraram o estômago como a "boca" do coração, o órgão dos sentimentos, da compreensão e da inteligência. No Papiro de Ebers, um dos primeiros tratados médicos conhecidos (cerca de 1550 aC), o coração "assustado" aparece diretamente associado à má digestão. Em sua mitologia encontramos uma ave relacionada ao tema. Aparentemente, o íbis, ave sagrada para os egípcios e associada ao deus da saúde, Thoth, foi a principal fonte de inspiração para os enemas – que começariam a ser aplicados como terapia por volta de 2.500 aC. C.– já que, com seu longo bico curvo, introduzia- se água no ânus para limpá-lo. Essa prática passou a ser tão valorizada e seus efeitos tão desejados que se tornou um hábito generalizado de toda a população (era comum fazê-lo pelo menos uma vez por mês). A tal ponto essa limpeza era considerada importante que havia um médico na corte cuja função era administrar enemas aos monarcas e seus parentes. Este peculiar médico foi chamado de "guardião do ânus", de acordo com uma inscrição na coluna de Ísis. E a limpeza –seja em casa ou em um palácio– não era considerada apenas física: ao aplicar enemas, eles também limpavam todos os resíduos que o coração ferido, oprimido e confuso derramava. A medicina ayurvédica também considerou – e considera – este tipo de limpeza muito mais do que uma prática biológica. Para esta medicina ancestral é, acima de tudo, uma limpeza energética e, portanto, emocional. Em muitos textos de diferentes correntes místicas e religiosas, fala-se claramente da relação entre limpeza corporal e pureza espiritual. E não só a pureza espiritual: são inúmeras as crónicas que atestam como os romanos associavam o “alívio” intestinal à clareza de ideias (não só as emoções e a energia estão ligadas ao intestino, mas também a compreensão). Por isso, os banhos públicos –com seus longos bancos ocos– eram palco habitual de brilhantes dissertações políticas, filosóficas, etc. Antes de tais exibições de eloquência, os cheiros ficavam em segundo plano. Outros sinais de respeito para com nossos intestinos "desprezados" também são encontrados em delicadas medicinas orientais, para as quais a região do ventre é nosso verdadeiro centro vital. Na verdade, eles não se referem a nenhum órgão específico, mas a um ponto perfeitamente localizado, um ponto localizado abaixo do umbigo chamado dan tien (cuja tradução literal seria "região da barriga") na medicina chinesa e hara nas artes marciais japonesas. Nesse centro, a mente e o corpo estão integrados. É um centro energético no qual o chi (a energia universal ou cósmico) e, com ele, o poder pessoal. É uma bússola interna carregada de sabedoria. Do ponto de vista oriental, o segredo da saúde e do bem-estar – entendido como um estado de profunda serenidade e calma aliado à correta integração de todos os sistemas orgânicos – residiria na capacidade de conexão com esse centro. Esse é precisamente o objetivo de disciplinas como tai chi ou chi kung.Nas palavras de KG Dürckheim, "o cuidado do hara exerce uma virtude curativa em relação ao nervosismo, seja qual for a forma em que se apresente". Na mesma linha, o Chi Nei Tsang é uma antiga técnica de cura taoísta baseada na premissa de que o abdômen é o centro do corpo e de nossas emoções. Esta disciplina considera que a zona do ventre é a zona de ligação energética do nosso corpo com a fonte de energia cósmica (a tradução mais correcta de chi é "energia" e de nei tsang é "entranhas") e seu objetivo é liberar a energia nociva presa no fundo para restaurar a vitalidade. É o homem moderno que envolveu toda a questão intestinal em um espesso halo de tabu e indiferença, quando não nojo. Suponho que seja parte dessa desnaturação que sofremos por nos afastarmos tanto da nossa essência e por termos largado a mão da nossa mãe natureza. Mas nossa mãe sempre sai nos procurando. E encontre-nos. Acupuntura abdominal do Dr. Bo Zhiyun Existe uma anatomia da energia que não aparece em nossos tratados médicos modernos. O doutor Zhiyun explica que seu método particular, desenvolvido há mais de vinte anos, principalmente na China, mas também nos Estados Unidos e na Europa, parte da certeza de que existem pontos específicos no abdômen que correspondem a problemas neurológicos. O ponto de acupuntura chamado Shen é responsável pela distribuição do chi por todo o corpo; Ao estimulá-lo – ele e outros pontos de acupuntura na região abdominal – é possível harmonizar os órgãos que sofrem com alguma disfunção ou desequilíbrio. Ao fazer isso, estamos ajustando a harmonia de todo o organismo. No abdome existe um complexo sistema de regulação e controle. É formado durante a fase embrionária e é o sistema mãe de todo o sistema de meridianos que conhecemos. Embora a aplicação das agulhas seja superficial, o efeito energético afeta os órgãos em níveis profundos. Para a medicina chinesa, os órgãos e vísceras estão diretamente ligados ao nosso sistema emocional e para curar um distúrbio no campo das emoções deve-se buscar a origem orgânica. A técnica de acupuntura do Dr. Zhiyun não é apenas eficaz em doenças músculo-esqueléticas e distúrbios do sistema locomotor; Também pode ter uma influência muito positiva em distúrbios psicológicos e problemas relacionados ao sistema nervoso, processos cognitivos e equilíbrio emocional. Está sendo aplicado com sucesso no tratamento da ansiedade, depressão e até mesmo em doenças da magnitude de Parkinson ou Alzheimer, com Resultados óbvios que a medicina ocidental não consegue explicar. O Dr. Zhiyun documentou isso com ressonâncias magnéticas cerebrais realizadas em pacientes saudáveis antes e depois das sessões de acupuntura abdominal. Essas imagens mostram que, após o tratamento, o número de áreas cerebrais ativadas aumenta. NOTÍCIAS NÃO TÃO BOAS: EM SEU SEGUNDO CÉREBRO ENVIE OS ERROS ( Pássaros e bactérias: para cada cérebro o seu) O que você pensaria se alguém lhe dissesse que muito mais microorganismos estranhos vivem dentro de você do que células humanas? Que você, mais que um indivíduo, é um ecossistema no qual vivem bilhões de microrganismos organizados e em contínua atividade? Que se seu DNA for levado em conta, chamar a si mesmo de "ser humano" é uma imprecisão? (Para cada célula com DNA humano, temos dez microorganismos não humanos em nossos corpos). Você acreditaria nisso se alguém lhe dissesse também que sua saúde, não só física – e aqui está a grande surpresa – mas também mental, depende das bactérias que habitam seus intestinos e que ocupam mais espaço em você do que você, e que mesmo Essas bactérias determinam em grande parte seu comportamento e sua personalidade? Talvez depois de ler os dois parágrafos anteriores, você esteja pensando: "Hmm... Bem, não sei... depende de quem me diz». Vá em frente, essa me parece uma premissa mais do que razoável nestes tempos em que todo tipo de panacéias e teorias científicas circulam desenfreadamente pelas redes, sem filtro. Afirmações distorcidas como se fossem mensagens enviadas pelo "telefone maluco", aquela hilariante brincadeira infantil em que uma mensagem que começou totalmente coerente, depois de passar por várias bocas e ouvidos, chegou transformada em nonsense no ouvido do último jogador. Bem, acontece que esta teoria excêntrica foi lançada por inúmeros pesquisadores entusiasmados com o tremendo potencial, em termos de saúde, deste microuniverso que nos habita. Hoje se sabe que a maior parte da vida na Terra é microbiana e que os animais são constituídos, mais do que qualquer outra coisa, por comunidades de microrganismos. E entre os animais inclui, claro, o ser humano. Para nós, como para o resto dos animais, estes As comunidades são um componente absolutamente essencial de quem somos. Um ser humano não é um indivíduo, é a soma do indivíduo e dos microorganismos que nele se hospedam (na verdade, como já indiquei, temos dez vezes mais bactérias do que nossas próprias células. A população total de bactérias em nosso corpo pode chegar a pesar entre um e dois quilos). E um e outro evoluem juntos e se adaptam numa relação simbiótica em que a ajuda mútua é absolutamente necessária para a subsistência. Na realidade, o ser humano é um recém-chegado (aparecemos há apenas duzentos mil anos). Sem micróbios não existiríamos, mas se desaparecêssemos acho que nenhuma espécie sentiria nossa falta, nem mesmo os microorganismos. Agora, não se engane: os micróbios de hoje não são como antes, os micróbios de hoje são tão evoluídos quanto nós e são infinitamente mais resistentes. Diante de uma catástrofe planetária, eles poderiam se readaptar e sobreviver. A razão pela qual ninguém se preocupou em procurar bactérias no estômago antes da década de 1970 foi porque a comunidade científica acreditava que elas não poderiam viver em um ambiente ácido. E acontece que sim, eles podem, o que os torna – quando as circunstâncias o exigem – inimigos difíceis de derrotar, pois para sobreviver se adaptam a situações extremas e podem até se tornar assassinos brutais. São os organismos indiscutivelmente bem sucedidos a nível evolutivo –de facto, a vida nasceu de uma bactéria ancestral comum, e durante quase três mil milhões de anos só existiram bactérias na Terra–, e isto, entre outras razões, porque podem sofrer mutações com total facilidade. Pode-se dizer que somente antes de nascermos somos cem por cento humanos. Uma vez que saímos para o mundo exterior, estamos apenas 10 por cento fora. Incrível, VERDADEIRO? Eu diria até perturbador, e certamente abala todo um sistema de crenças. E isso, tão difícil de supor, acontece porque nossas companheiras bacterianas são recrutadas desde o momento do parto e durante a lactação, durante a qual, entre outros processos, os açúcares retirados do leite materno, que o neonato não consegue digerir, atuam como fertilizantes para o intestino flora, ou melhor, para a microbiota (explicarei o termo mais adiante). “Ativamos” a microbiota no momento do nascimento: a partir do momento da exposição pós-natal começamos a desenvolver um ecossistema bacteriano pessoal. Se for por parto natural, a transmissão bacteriana ocorre diretamente da mãe para o bebê cuja pele, ao atravessar o canal vaginal e entrar em contato com as fezes e fluidos da mãe, fica impregnada de bactérias que despertam sua imunidade. E não apenas topicamente, mas também oralmente. Essas bactérias são então adicionadas àquelas "engolidas" na primeira lufada de ar quando começamos a chorar com a ajuda do chicote usual. No entanto, as crianças nascidas por cesariana não entrarão em contato com as bactérias vaginais e fecais de suas mães e adquirirão uma macrobiota totalmente diferente daquelas que tiveram um parto normal. Os bebês nascidos por meio de intervenção cirúrgica são colonizados por outros tipos de microorganismos, os que se originam no ambiente hospitalar e os que provêm do contato com profissionais desaúde. E eles são colonizados pela pele, algo que pode ser considerado um tanto antinatural. As diferenças são muito marcantes. Por exemplo, a microbiota de bebês nascidos naturalmente é dominada por bifidobactérias, que são extremamente importantes porque inibem o crescimento de microorganismos nocivos, g estimulam a função imunológica, previnem a diarreia, sintetizam vitaminas e outros nutrientes, protegem contra o câncer e ajudam a digerir os amidos. e fibras dietéticas), enquanto os trazidos ao mundo por cesariana são completamente desprovidos deles. A amamentação também é decisiva e reforça e alimenta toda a colônia adquirida pelo bebê desde o momento do parto. Bebês amamentados desenvolvem um sistema imunológico exponencialmente mais eficaz do que o desenvolvido por bebês alimentados com leite substituto. Os recém-nascidos possuem um sistema imunológico completo, mas imaturo e em sua maturação os microorganismos intestinais desempenham papel fundamental, pois servem como estímulo imunogênico, ou seja, capaz de gerar uma resposta imune. Por isso o leite materno é tão importante nesse sentido, pois, além de proporcionar à criança o aporte necessário em termos de calorias, vitaminas e proteínas, é rico –e é isso que o torna insubstituível– em componentes específicos de defesa ( bactérias da microbiota, por exemplo). Estudos prospectivos têm mostrado, sem dúvida, que a morbidade, no que diz respeito às doenças infecciosas, é muito maior em crianças alimentadas artificialmente do que em crianças amamentadas. Com aproximadamente dois anos e meio a criança já terá desenvolvido uma comunidade microscópica totalmente madura. Esses minúsculos hospedeiros que se comportam como um único órgão e cuja maior concentração se encontra justamente em nosso segundo cérebro (aproximadamente noventa por cento), despertam tanto interesse que já se tornaram o foco de um grande número de pesquisadores. novas terapias eficazes contra todos os tipos de distúrbios neuropsicológicos – incluindo transtornos complexos considerados “incuráveis” e cuja origem e desenvolvimento ainda hoje estão envoltos em uma nebulosa de incógnitas, como o Alzheimer e o autismo. Consequências de curto, médio e longo prazo do parto por cesariana: 80% mais chance de sofrer de doença celíaca 50% de aumento no risco de desenvolver obesidade Risco três vezes maior de desenvolver TDAH Risco cinco vezes maior de desenvolver alergias O dobro do risco de sofrer de um transtorno do espectro do autismo Setenta por cento mais chance de desenvolver diabetes tipo I A microbiota: as forças do bem e do mal também lutam em seu microuniverso intestinal Visto ao microscópio, nosso interior é um verdadeiro microplaneta com diversas zonas climáticas e múltiplos habitats. Um ecossistema, com jardins, zonas pantanosas, grutas, zonas húmidas, florestas tropicais..., onde habitam várias formas de vida. Há espécies que são vegetação, outras que se alimentam dessa vegetação e outras que se alimentam delas. Existem herbívoros plácidos que têm que conviver com predadores terríveis. Um ecossistema completo. E é isso que se chama de microbiota. Para além deste ecossistema básico, e isto é invulgar, desenvolve-se também nas nossas entranhas uma espécie de sociedade minúscula, em que cidadãos honestos cumprem as suas obrigações quotidianas e em que um guarda perfeitamente treinado patrulha incansavelmente para garantir a lei e a ordem. Essa polícia microscópica é formada pelas células do sistema imunológico e, como em qualquer sistema que se preze, as células que monitoram devem, por sua vez, ser monitoradas para que, no exercício de suas responsabilidades, não caiam em corrupção ou abuso de poder . Continuando com o jogo de símiles, neste microscópico planeta a brutalidade policial seria representada por policiais de choque excessivamente veementes e violentos, que a qualquer indício de ameaça avançam cegamente e reduzem não só os perigosos como também os pobres pedestres que por ali passavam. Ou o que dá no mesmo: um sistema imunológico que se ativa com muita facilidade e que precisa ser regulado e monitorado pelos equânimes agentes da corregedoria. Os micróbios que povoam nosso organismo e que monitoram essas polícias/células do sistema imunológico viriam a ser esses agentes incorruptíveis. Essas centenas de trilhões de criaturas microscópicas que coabitam em nosso sistema digestivo e que funcionam e interagem como um verdadeiro ecossistema metabolicamente ativo e altamente versátil compõem o que costumávamos chamar de flora. intestino e que atualmente é conhecida como microbiota (agora sabemos que o "flora" era impreciso; nada a ver com o reino vegetal). Um microplaneta mais densamente povoado que a própria Terra e que mostra que existe uma incrível continuidade biológica entre nós como indivíduos e todo o mundo exterior. A chave está na simbiose. A simbiose é definida como um vínculo associativo desenvolvido por indivíduos de diferentes espécies. O termo é usado principalmente quando os organismos envolvidos (conhecidos como simbiontes) se beneficiam de sua existência comum, mas também existem relações simbióticas parasitárias nas quais apenas um organismo se beneficia da relação, em detrimento do outro. Outro tipo de associação simbiótica é o comensalismo, que consiste em um dos microorganismos se beneficiar da relação, mas sem custo ou com custo mínimo para o outro (Erica e Justin Sonnenburg ilustram isso com um exemplo pertinente em seu livro The Sugar Blue s 1 : " Vamos imagine que um cachorro revira nosso lixo para comer"). O mutualismo seria a terceira classe; nele ambas as partes se beneficiam da união e é exatamente isso que estabelecemos com uma microbiota equilibrada. A microbiota aumenta em quantidade e complexidade à medida que avançamos no trato gastrointestinal. E a maior concentração de bactérias ocorre no intestino grosso. Na verdade, metade do peso das fezes é bactéria. Na realidade, o cólon é um universo caótico e superlotado – nada a ver com a “ordem” ambiental do intestino delgado. E quando digo superlotado não me refiro apenas a bactérias, também é comum encontrar vermes e outras espécies de parasitas. É um universo hostil em que cada espécie luta ferozmente pela sobrevivência. Ao chegar ao cólon, tudo o que é nutritivo já foi absorvido e pouco resta aproveitável. E todas as tribos que habitam esse universo sem lei se lançarão avidamente e sem contemplação por esse “pequeno”. Mas não quero que essa maneira de expô-lo seja enganosa; o intestino grosso não é apenas um depósito de lixo, mas na verdade serve a várias funções importantes. Não se deve esquecer que a excreção é um fator fundamental na manutenção de uma ecologia interna saudável. O problema é que tal quantidade de lixo potencialmente tóxico se acumula no referido aterro que pode gerar um terreno fértil para todos os tipos de doenças, incluindo o temido câncer de cólon, diagnosticado tardiamente, já que esta parte do intestino tem pouquíssimos receptores de dor. doença progride sem fazer um som. Hoje sabemos que as criaturas que povoam nosso ecossistema interno, sem dúvida, desempenham um papel importante não apenas nas funções digestivas e imunológicas, mas também na saúde geral, incluindo a saúde mental. E tudo indica que seu raio de ação vai muito além: novos estudos mostram que as bactérias que habitam nosso corpo influenciam o funcionamento da mente e que Desconfortos psicológicos cada vez mais generalizados, como ansiedade ou depressão, podem estar amplamente relacionados ao estado em que mantemos o habitat de nossos minúsculos habitantes. Muito, e muito promissor, está sendo descoberto sobre essa grande incógnita e parece que as descobertas são decisivas porque, sem ir mais longe, os dois maiores estudos publicados até agora sobre a microbiota deram praticamente os mesmos resultados, apesar de terem sido realizados deforma independente e em dois países diferentes. Estou falando de dois trabalhos realizados pelo Flemish Institute for Biotechnology, na Bélgica, e pela Universidade de Groningen, na Holanda. Ambos chegaram a conclusões coincidentes em relação à grande maioria dos parâmetros analisados. Nesse contexto, é alarmante saber que nossas bactérias intestinais são uma espécie em extinção (novamente o paralelismo metafísico entre planeta exterior e planeta interior). Por isso, como veremos adiante, é tão importante manter a diversidade e o equilíbrio de nossa colônia bacteriana intestinal; afinal, é um ecossistema e em qualquer ecossistema a gravidade das consequências do desaparecimento de uma espécie depende da variedade e riqueza de espécies daquele sistema. Com a perda da diversidade aumenta o risco do sistema entrar em colapso. Para evitar isso, é importante conhecer bem a população e tentar manter a harmonia e proteger os bons cidadãos dos elementos mais conflituosos (como a própria vida). Simplificando e sem entrar em detalhes científicos ou nomenclatura complicada, podemos dizer que a microbiota é formada por bactérias benéficas (flora de fermentação) e bactérias nocivas (flora de putrefação). Os primeiros, laboriosos e benevolentes, desempenham papel essencial no processo digestivo, principalmente no que diz respeito ao trânsito intestinal e à eliminação de resíduos; entre outras coisas, são muito eficientes na absorção de minerais e na síntese de vitaminas, ou seja, na assimilação de todos os nutrientes. Elas produzem várias vitaminas essenciais para a saúde do cérebro e de todo o sistema nervoso, inclusive a B – cuja deficiência é fator de risco para o desenvolvimento de depressão e até 12 demência–, e colaboram ativamente na função imunológica estimulando a produção de defesas (linfócitos). Eles são nossos aliados e se contentam com pouco: em troca de comida e hospedagem, transformam nossa comida em energia e nos protegem contra qualquer tentativa de invasão patogênica. Nossos intestinos têm, graças a eles, a capacidade de receber alimentos, extrair deles as substâncias necessárias à vida e expulsar elementos inúteis ou tóxicos. Estas últimas, as bactérias "nocivas", de fato, poderíamos chamá-las de bactérias "não tão benéficas" porque não podem ser consideradas prejudiciais -também são úteis em alguns aspectos-, embora seja essencial que sejam minoria para manter o equilíbrio da microbiota. O segredo, então, é garantir que sempre haja mais bactérias benéficas – as que chegaram primeiro; se são saudáveis, são territoriais como os gatos – isto é, em manter afastados os nocivos sem eliminá-los, mas impedindo-os de tomar o poder. As funções da microbiota são inúmeras e tão fundamentais que muitos especialistas já a consideram apenas mais um órgão (afinal, estamos falando de dois quilos de biomassa essenciais à vida e cujo funcionamento afeta todo o sistema). Por isso, uma das tarefas fundamentais do chamado segundo cérebro é a manutenção de condições ótimas para o desenvolvimento de bactérias benéficas e a detecção e rápida neutralização ou expulsão de microorganismos que podem ser prejudiciais. Microbiota/microbioma Nos textos –livros, artigos, apresentações, postagens em blogs...– que tratam dessa colônia microbiana, até recentemente conhecida como flora intestinal, é frequente a confusão, ou pelo menos a falta de clareza, na hora de diferenciar entre « microbiota» e «microbioma». Eles não são sinônimos de forma alguma. A primeira é a que defini nesta seção e suas principais funções, conforme expliquei, são protetoras (contra outros tipos de bactérias e vírus potencialmente patogênicos), metabólicas (desempenha um papel essencial na digestão e absorção e síntese de nutrientes) e imune (quando seu ecossistema está em equilíbrio, para o bom funcionamento do sistema imunológico). Por sua vez, o microbioma seria um segundo genoma diferente do genoma humano e que ajuda a compensar algumas de suas deficiências. Em outras palavras, é o código genético de todos os micróbios que abrigamos. Seu estudo é relativamente incipiente e é preciso ir mais a fundo para aproveitar todo o potencial dessa nova marca identificadora. Disbiose e permeabilidade intestinal: preparação para combater A disbiose, ou disbacteriose, é conhecida como a alteração da microbiota intestinal produzida como resultado de um desequilíbrio entre bactérias benéficas e bactérias nocivas. Esta alteração deve-se na maioria dos casos a padrões alimentares que prejudicam o ecossistema bacteriano e alteram o seu funcionamento. Se durar ao longo do tempo, a disbiose acelera o envelhecimento e enfraquece visivelmente todo o nosso corpo. De facto, muitos dos problemas que indiferentemente atribuímos à idade têm a sua origem neste desequilíbrio e poderiam ser corrigidos se não tomássemos por certo que são uma condição sine qua non da velhice . Alterações na composição da microbiota – devido à eliminação de bactérias benéficas ou proliferação de nocivas – podem causar inúmeros transtornos, não apenas intestinais. Por isso é importante levar isso em consideração na hora de comer (esse assunto será abordado com mais detalhes quando falarmos sobre hábitos alimentares). Devido a estas alterações na concentração bacteriana, a parede intestinal torna-se permeável e o problema inevitavelmente passa de intestinal a generalizado, com consequências desastrosas para todo o organismo. A parede intestinal atua como ponte e fronteira; por um lado, participa na assimilação dos nutrientes e, por outro, impede a adesão de bactérias e proteínas estranhas à mucosa intestinal. Ele consegue isso graças à ação de seus anticorpos, que identificam e bloqueiam elementos ameaçadores. Quando essa fronteira é danificada e torna-se transponível sem qualquer controle, ficamos à mercê de inúmeras mazelas. E isso acontece devido ao enfraquecimento das junções apertadas que existem entre as células epiteliais que compõem o revestimento. Na verdade, mais do que um enfraquecimento, é um mau funcionamento: os cruzamentos abrem quando não deveriam, ou seja, abrem por engano ou negligência -continuando com o símile do posto de controle de fronteira- já que na realidade nem sempre deveriam estar fechados . Na verdade, essas junções intercelulares também se abrem para permitir a passagem de nutrientes. Em nosso heterogêneo ecossistema intestinal, todos os microorganismos – tanto nossos aliados quanto os potencialmente conflitantes – são separados do fluxo sanguíneo por esta barreira de enterócitos (células epiteliais). Quando os aliados –aqueles que estabelecem uma relação simbiótica conosco, os hospedeiros– estão em minoria (devido a vários fatores que veremos em breve), o risco de possíveis patógenos –partículas, substâncias, bactérias e outros microorganismos– podem passar pela barreira aumentada. Se isso acontecer, a corrente sanguínea ficará contaminada e o fígado sofrerá uma sobrecarga, o que reduzirá sua capacidade de purificação e, portanto, nossa tolerância às substâncias químicas às quais estamos expostos diariamente. Essa permeabilidade faz com que várias substâncias desagradáveis rompam e desafiem o sistema imunológico. A resposta imune que se segue dá origem à inflamação. Quando esta resposta inflamatória se torna um estado permanente e repetitivo, afeta a função de outros órgãos, incluindo o cérebro. A proteína responsável por modular a abertura ou fechamento dessas junções intercelulares é a zonulina, cuja principal função é regular o fluxo entre o intestino e a corrente sanguínea. Quando há produção excessiva de zonulina, essa modulação sai do controle e as junções se abrem perigosamente. De fato, em análise, essa molécula é considerada um marcador de muitas doenças autoimunes e de certos tipos de câncer. Os dois gatilhos para esse excesso de produção são certas bactérias intestinais e o agora conhecido glúten. Defato, o trigo tem muito a ver com essa questão. E quando digo trigo, refiro-me ao que continuamos a chamar de trigo, apesar de, a partir da década de 1970, os geneticistas, em prol de uma maior produção, o terem transformado numa espécie diferente, com uma composição bioquímica alheia à do trigo. trigo original. Entre esses novos componentes, destaca-se a gliadina – e não exatamente por algo positivo – a gliadina, que faz parte das proteínas do glúten e é a responsável pelos problemas de saúde atribuídos a ela, como fazer disparar os níveis de zonulina mesmo sem ter doença celíaca. Além disso, esta proteína não só produz permeabilidade intestinal, como também afeta a barreira hematoencefálica, que se torna absolutamente vulnerável a intrusos. Numerosos estudos documentam atualmente uma relação direta entre permeabilidade intestinal e doenças autoimunes. Quando a barreira enfraquece e a entrada da fronteira transborda, a confusão se espalha e o sistema imunológico, dominado pelos acontecimentos, reage de forma exagerada e, diante de uma situação de alarme permanente, começa a produzir anticorpos à distância que "disparam" certo e sinistro até contra os próprios tecidos. E isso causa inflamação, que é um elemento coincidente em condições e distúrbios tão diversos quanto diabetes, doenças autoimunes, câncer, depressão, autismo, asma, artrite, esclerose múltipla, Alzheimer ou Parkinson. Mesmo o transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) tem como mecanismo subjacente a inflamação descontrolada, devido a gatilhos como o glúten, então é absurdo pensar que é um problema meramente neurológico – nesse caso não haveria razão para diferenças tão claras em incidência do distúrbio em diferentes culturas (é extraordinariamente mais comum nas culturas ocidentais); Sendo assim, é óbvio que existem fatores ambientais determinantes. Em 2003, um estudo revelador foi realizado com um grupo de vinte crianças diagnosticadas com TDAH. Metade recebeu metilfenidato (droga psicoestimulante) como tratamento e a outra metade foi tratada com probióticos (mais sobre isso mais tarde), ácidos graxos ômega-3 e suplementos nutricionais. Ambos os grupos obtiveram resultados quase idênticos. Obviamente o grupo de estudo era muito pequeno, mas isso não invalida os resultados; embora não sejam tomadas como conclusivas, devem ser consideradas como uma indicação muito clara de algo em que é necessário aprofundar. p Para quem sofre de desconforto abdominal após as refeições, má digestão, acúmulo doloroso de gases, etc., é altamente recomendável realizar um perfil de disbiose para determinar a concentração de cada uma das espécies que compor a microbiota e completá-la com um estudo micológico para avaliar a presença de fungos, leveduras, parasitas, etc. Você pode comer de forma muito saudável, mas se a mucosa intestinal não estiver em boas condições, não adiantará muito; se não houver uma boa ecologia da microbiota, não se pode realmente falar de boa saúde. Diante de todos esses dados, a solução parece estar em uma mudança de foco da medicina que aponte para uma visão mais integradora. A alimentação, os hábitos e a ingestão de suplementos (como a glutamina, aminoácido essencial com propriedades anti-inflamatórias e que promove o crescimento e a reparação da mucosa intestinal, atuando como protetor e prevenindo irritações) são fatores fundamentais que podem gerar mudanças surpreendentes . Gatilhos do desequilíbrio bacteriano Como eu disse, há uma série de determinantes que afetam diretamente a diversidade e o equilíbrio das bactérias intestinais. Estes são fatores cotidianos que inevitavelmente fazem parte de nossas vidas, pelo menos de nós que vivemos em sociedades ocidentais urbanas e avançadas: ANTIBIÓTICOS de amplo espectro tomados por via oral são bombas de destruição em massa que desequilibram drasticamente o ecossistema bacteriano, pois, ao enfrentar os elementos patogênicos, também devastam os microorganismos benéficos. E cuidado, porque quando comemos carne e peixe (quero dizer carne de criação intensiva e peixe de viveiro), consumimos sem saber as enormes quantidades de antibióticos que foram fornecidos aos animais. A questão dos antibióticos é ainda mais delicada no caso de crianças pequenas, cuja comunidade bacteriana, como vimos, está em pleno desenvolvimento. Essas drogas caem no meio desse ecossistema tão jovem como um meteorito devastador, e se levarmos em conta o número de doenças infantis que as crianças acorrentam nos primeiros anos, teremos como resultado um bombardeio quase contínuo de medicamentos. Com esse ataque indiscriminado, a variedade da microbiota da criança diminui ostensivamente, marcando seu futuro perfil médico. Por outro lado, qualquer outra DROGA consumida por longos períodos, ou prescrita para toda a vida, altera o equilíbrio bacteriano do nosso organismo. Dentre eles, um dos mais nocivos é a pílula anticoncepcional. Os numerosos efeitos colaterais da famosa pílula são bem conhecidos; Não vou listá-los aqui, mas vou parar para lembrar que muitos estudos documentam a relação direta entre contraceptivos orais e distúrbios intestinais, como doença inflamatória e doença de Crohn. Da mesma forma, muito cuidado deve ser tomado com o ABUSO DE LAXATIVOS, não só porque desequilibram o ecossistema intestinal, mas também porque “a função cria o órgão”, ou seja, ao fazer o trabalho do órgão, ele atrofia. Além disso, na realidade, eles afetam apenas o sintoma: seus efeitos se limitam a causar um espasmo que permite que uma parte das fezes acumuladas seja rapidamente evacuada, enquanto os materiais que estão presentes há muito tempo continuam aderindo à parede intestinal , com tudo o que isso implica. ÁGUA CLORADA. A explicação é simples: o cloro mata bactérias indiscriminadamente, e a água da torneira na maioria das cidades ditas civilizadas chega até nós cheia de cloro. Afortunadamente hay un remedio sencillo y económico (las jarras con filtro), y otros efectivísimos, aunque no tan económicos, como los sistemas de osmosis inversa (se basan en aumentar la presión del agua para que atraviese una membrana, que retiene los nitratos y los metais pesados); sistemas de purificação de água ultravioleta (com várias etapas de filtragem e incorporando tratamento ultravioleta semelhante ao utilizado pelas empresas de engarrafamento de água), ou geradores de ozônio (introduzem ozônio na água e esta, ao entrar em contato com ela, é esterilizada). A alimentação. Não faz muito tempo, a revista Nature apontava em um de seus artigos, sem hesitar, que os aditivos usados para dar consistência a praticamente todos os alimentos processados e prolongar artificialmente sua conservação (são os que estão na seção "ingredientes", e com letra diminuta, são nomeados com um E seguido por um hífen e um número) alteram visivelmente a microbiota intestinal e causam inflamação interna. Como Michael Pollan, jornalista e escritor, colaborador regular do The New York Times, disse com razão Revista e autor, entre muitos outros, de El detetive no supermercado e Saber comer : «[...] esses alimentos não são feitos de comida, mas de substâncias semelhantes à comida». Tratarei desse tópico em detalhes mais adiante. O EXCESSO DE HIGIENE. Para que o sistema imunológico se desenvolva de maneira ideal, é essencial que durante a infância ele seja forçado a lidar com infecções. Você precisa deles para aprender e se fortalecer e, embora seu aprendizado dure a vida toda, são os primeiros dez anos que fazem a diferença. Assim, as doenças da infância são extremamente úteis na neste sentido, pois ativam o sistema para que crie anticorpos que serão utilizados no futuro para combater diferentes infecções. Devido a preconceitos profundamente arraigados sobre os fundamentos das teorias de Pasteur, que “criminalizavam” os micróbios em geral – pagavam o justo pelos pecadores – fomos bombardeados comas mensagens erradas. Estamos convencidos de que uma casa onde mora um bebê deve ser algo como uma sala de cirurgia. Tomados de paranóia, desinfetamos tudo repetidas vezes – incluindo brinquedos – e lançamos um passeio retrô se o animal de estimação de um amigo se aproxima. Estamos emburrecendo nosso sistema imunológico, que estando em meio a um ambiente asséptico, não precisa se preocupar em pensar ou agir e, portanto, diante de qualquer infecção grave, fica paralisado porque esqueceu todo o protocolo de ação. É cada vez mais evidente que um ambiente ultra-higiênico pode desencadear problemas de natureza imunológica. Quando falamos de micróbios, a conotação negativa aparece imediatamente. Vivemos em uma sociedade bacteriofóbica, na qual os grandes heróis são os antibióticos e bactericidas, e nos tornamos verdadeiramente paranóicos obcecados pela desinfecção. E insisto: essa paranóia nasce de uma visão reducionista errônea que, generalizando, rotulou todos os germes como nocivos. Essa má reputação nos leva a destruí-los indiscriminadamente e essa "execução em massa" está tendo consequências terríveis. Felizmente, novas ferramentas moleculares nos revelaram (e o que ainda está por vir) quem são "os mocinhos" no fascinante universo que abrigamos. POLUIÇÃO ELETROMAGNÉTICA. Pois é, por incrível que pareça, o intestino é um dos órgãos mais vulneráveis a esse tipo de contaminação (juntamente com o cérebro e o coração). Embora hoje seja praticamente impossível fugir dela (vivemos enredados num emaranhado de fios invisíveis), pequenos gestos como desligar os telemóveis e o Wi-Fi antes de se deitar ou manter o quarto livre de eletrodomésticos (especialmente a mesa-de-cabeceira) pode fazer grandes diferenças. E não se esqueça que aparelhos desligados também emitem radiação; desconecte-os quando não os estiver usando, especialmente computadores e carregadores de celular. O aumento espetacular de CESARIANAS. Na minha opinião esse aumento tem muito a ver com a vida moderna e seus parâmetros. Um parto pré-datado é infinitamente mais confortável, muito mais fácil de encaixar nos “horários” apertados de médicos, pais e empresas (melhor agendar as folgas exatamente). Vivemos inconscientemente e muitas vezes nem imaginamos as consequências de decisões que consideramos "sem importância". O alarmante DECENTE DA AMAMENTAÇÃO. Já descrevi como o método de educação que você escolher para seu filho marcará sua saúde ao longo da vida. Como afirma a Dra. Rochellys Díaz Heijtz, do Instituto Karolinska e do Instituto do Cérebro de Estocolmo, em um de seus artigos: «Os dados sugerem que há um período crítico nas fases iniciais da vida em que os microorganismos intestinais afetam o cérebro e mudar o comportamento na vida adulta”. É uma questão, portanto, muito mais transcendental do que muitos estão dispostos a admitir. O estresse. A relação intestino-cérebro é ativa em ambas as direções; o cérebro também pode se voltar contra seu vizinho de baixo e gerar uma série de reações que se somam e fazem a bola de neve crescer. Por exemplo, quando vivenciamos uma situação que nos causa estresse, nosso cérebro envia uma mensagem para as glândulas adrenais liberarem cortisol. Esse hormônio é responsável por fazer com que o corpo libere glicose no sangue para enviar grandes quantidades de energia aos músculos (que se preparam para lutar ou fugir, é uma resposta primitiva). Contando a história de forma simples, poderíamos dizer que o corpo se concentra em resolver essa situação de alarme e "negligencia" o restante de suas funções. Mesmo que a ameaça não seja real, o corpo estará cheio de adrenalina e esteroides naturais, e o sistema imunológico, para tentar neutralizar os inimigos e retomar o controle, secretará citocinas inflamatórias, fatores determinantes nas doenças neurodegenerativas. Quando se trata de um evento pontual, uma vez resolvida a emergência, todas as atividades fisiológicas voltam ao normal imediatamente, via de regra, sem maiores consequências. Porém, se a situação for prolongada, o estresse crônico pode ser devastador, pois ao prolongar o estado orgânico de alerta (que por natureza deveria ser pontual), os níveis de cortisol no sangue disparam e o sistema imunológico fica consideravelmente deprimido. Corpo e mente se esgotam e as funções sistêmicas do organismo começam a falhar. Pode-se dizer que o estresse agudo salva nossas vidas, mas o estresse crônico acaba com isso. Um dos primeiros afetados é o intestino, que vai sofrer permeabilidade e inflamação (e como já vimos, isso afeta nosso humor, então obviamente o círculo vicioso está servido). O cortisol altera a ecologia do intestino. Agora, nessa roda de causas e efeitos que se encadeiam até se confundirem, o intestino, além de vítima, pode se tornar um protetor, pois mais uma vez uma microbiota saudável e equilibrada vai determinar a resposta do corpo a essa situação. Em um estudo publicado no Journal of Physiology em 2004, um grupo de pesquisadores japoneses relatou que camundongos sem microbiota intestinal reagiram exageradamente a situações estressantes e seus níveis de cortisol dispararam, e que essa resposta foi revertida quando submetido a estresse. colonizar seus intestinos. Este e outros estudos semelhantes apontam, sem dúvida, para o fato de que o estresse pode ser controlado a partir do segundo cérebro. Está, portanto, bem demonstrado que a exposição contínua ao estresse provoca alterações na composição do nosso universo bacteriano. Especificamente, sabe-se que o número de bactérias nocivas aumenta, desestabilizando toda a comunidade e afetando a função imunológica (não devemos esquecer que oitenta por cento das células imunocompetentes humanas são encontradas no trato intestinal). E, neste ponto, gostaria de fazer uma observação que considero extremamente importante e sobre a qual estamos particularmente cegos. Estamos criando filhos estressados. Há algumas décadas era impensável que as crianças pudessem sofrer de stress crónico e agora, com a firme convicção de que é para o seu bem e para o seu futuro, na escola são sobrecarregadas com trabalhos de casa e nós sobrecarregamo-las com atividades extracurriculares para completar essa formação – exaustiva – o que nos parece insuficiente . E como você já sabe, o estresse afeta negativamente o equilíbrio bacteriano e, portanto, a resposta imune. Vale mesmo a pena que nossos filhos cresçam infelizes e acelerados – e, portanto, doentes – em busca de um futuro supostamente “promissor”? Optamos por eles crescerem estressados e tristes, mas, sim, em uma casa bem limpa, para que não "peguem" alguma coisa. Só eu que acho um absurdo? Na minha humilde opinião, estamos fazendo isso terrivelmente errado. Pescando bactérias milagrosas em poças O cientista britânico John Stanford, em sua busca por uma vacina contra a lepra, isolou uma bactéria encontrada em uma poça de lama em Uganda (sim, você leu certo: bactéria, poça, Uganda... Parece loucura, né?). Também envolvido na pesquisa estava sua esposa e colega, Cinthya, que na época sofria de uma doença muito rara chamada doença de Raynaud. É um distúrbio dos vasos sanguíneos “que geralmente afeta os dedos das mãos e dos pés. Esta doença causa um estreitamento dos vasos vasos sanguíneos quando a pessoa sente frio ou estresse. Quando isso ocorre, o sangue não consegue atingir a superfície da pele e as áreas afetadas ficam brancas e azuladas. Quando o fluxo sanguíneo retorna, a pele fica vermelha e você tem uma sensação de formigamento ou latejamento. Em casos graves, a perda de fluxo sanguíneo pode causar feridas ou morte do tecido." Com essa condição, qualquer atividade da vida diária poderia se tornar uma enorme dificuldade para Cinthya, e o desconforto era contínuo. Coincidentemente, depois de experimentar a vacina contra a lepra – ambos foram inoculados com ela – os sintomas da doença de Raynaud começaram a diminuirdrasticamente. E a surpresa não parou por aí. Os Stanfords começaram a tratar outros familiares com o mesmo problema e problemas de saúde ainda mais graves com essa bactéria (entre eles citam um caso de câncer que resultou em remissão espontânea) e todos melhoraram. A chave é simplesmente que esta bactéria reequilibra um estado inflamatório causado pela disbiose. Mais uma vez se mostra que nosso erro básico está em acreditar que o sistema imunológico nos protege matando os micróbios quando na verdade o que acontece é que são os micróbios que controlam nosso sistema imunológico. O bom funcionamento destes últimos depende do equilíbrio daqueles. 1. Publicado em espanhol sob o título El intestina feliz (Editorial Aguilar). à ALIMENTAÇÃO COMO TERAPIA (Lembre-se do filme Os Gremlins ? É melhor você observar o que alimenta sua tribo intestinal) É cada vez mais evidente que a saúde depende daquilo que bebemos e comemos. E Isso não exclui as chamadas patologias mentais ou doenças autoimunes, nem mesmo o câncer. Do meu ponto de vista, é triste, absurdo e escandaloso que as doenças que mais matam hoje (eu diria que causam um escandaloso número de mortes) não sejam propriamente doenças contagiosas; Embora se possa falar em epidemia, são doenças ambientais devidas em grande parte a maus hábitos e, portanto, são doenças evitáveis. Podemos viver mais, mas certamente não vivemos melhor. Todos nós tememos a velhice porque damos como certo que é uma época cheia de doenças, incapacidades e dores. Dois terços de nossas respostas imunológicas começam no intestino. Mais de setenta por cento do nosso sistema imunológico é baseado neste órgão, que é a interface entre o mundo exterior e o nosso corpo. É por isso que é vital saber como e do que se alimenta uma microbiota saudável. Ainda há muito a ser investigado, mas há evidências sólidas que nos convidam a continuar pensando em sua relação direta com as funções e capacidades potenciais do segundo cérebro e a possibilidade de regulá-las por meio da alimentação e do estilo de vida. Hoje, mais do que nunca, uma oportunidade de ouro nos é servida de bandeja: a alimentação terapêutica sem perder o prazer de comer. As espécies que compõem nossa microbiota variam de um indivíduo para outro como se fossem de planetas diferentes. A colonização, como já indiquei, começa desde o nascimento e a variedade dos colonizadores depende de múltiplos fatores, a começar pela nossa forma de vir ao mundo (por via vaginal ou cesariana). Também varia com o passar do tempo e devido a agentes externos já hábitos pessoais. Quando digo agentes externos, refiro-me a agentes nocivos que, infelizmente, estão dizimando microrganismos benéficos e transformando um ecossistema saudável em uma verdadeira fábrica de doenças. Para compensar esse ataque constante em que nos acostumamos a viver, temos uma arma que, usada com sabedoria, pode ser muito eficaz: a comida. Uma parte do mundo morre de fome e outra morre embriagada – aos poucos – pelo que come. E não é que o corpo não nos envie sinais para nos avisar dessa intoxicação; é que o envenenamento está tão "normalizado" em nossas vidas que nem registramos mais que nos sentimos mal. O intestino não é um órgão muito glamoroso e poucos de nós comentamos sobre nossos desconfortos quando envolvem a barriga e suas funções. Consideramos transtornos habituais, generalizados e até anedóticos que não deveriam ser e que são muito mais importantes do que imaginamos. Quando se trata de nutrição, o ser humano médio do primeiro mundo é caracterizado por ser superalimentado e, no entanto, subnutrido. Pode-se dizer que nossos nutrientes básicos são oxigênio, água e alimentos. E infelizmente, hoje, os problemas já começam com o primeiro, com o simples ato de respirar. Temos dificuldade para respirar, fazemos errado. A respiração mais comum é a peitoral, uma respiração causada pelo estresse e que por sua vez não favorece em nada o relaxamento. É uma respiração superficial e um tanto incompleta. A respiração autêntica é diafragmática, que envolve o diafragma e a parede abdominal. Se conseguirmos automatizar essa respiração, ativaremos e oxigenaremos todo o corpo. Quanto ao tema que nos ocupa neste livro, é especialmente benéfico porque envolve uma massagem contínua dos órgãos abdominais e um estímulo à motilidade intestinal. De fato, para a medicina tradicional chinesa, a respiração abdominal consciente é a base indiscutível do equilíbrio energético e, portanto, da saúde. Em relação à água, a grande importância que ela tem para o nosso corpo já é universalmente conhecida. Em relação às quantidades recomendadas, o número varia de um especialista para outro, por isso, na dúvida, vamos simplificar ao máximo: tem que beber muito. Para estabelecer uma escala razoável, além da brincadeira, existe uma fórmula aplicada por inúmeros naturopatas que consiste em dividir o peso em quilos por trinta e o resultado nos dará a quantidade de litros que devemos beber por dia. Por exemplo, se você pesa 60 quilos, deve beber 2 litros (60:30 = 2). Existe um estudo muito eloqüente sobre o "estômago" do primeiro mundo. A microbiota dos habitantes de uma aldeia africana (os hazda, caçadores-coletores) e a de um grupo de italianos urbanos foram analisadas comparativamente. De certa forma, tratava-se de comparar o intestino "antigo" e o intestino "moderno". Os resultados eles eram meridianos. A primeira era muito mais rica e equilibrada do que a segunda. Infelizmente, comida moderna é sinônimo de comida processada, e é exatamente isso que mais nutre os piores habitantes do nosso intestino. Estamos pagando pelo fato "evolutivo" de termos passado em poucas gerações de caçadores-coletores a estarmos completamente desconectados da vida selvagem. A dieta humana baseada na caça, pesca e coleta era composta de plantas silvestres – carregadas com fibras puras e sem os acréscimos nocivos que a civilização traria – e animais alimentados de forma saudável. Com a agricultura, o cardápio sofreu uma grande mudança: o homem foi ensaiando, testando e implementando técnicas seletivas muito simples que em um nível muito sutil começaram a modificar as frutas e verduras colhidas. O cultivo de cereais como trigo e arroz também começou. Os animais consumidos não eram apenas os caçados, mas também os criados na comunidade, alimentados com os grãos cultivados, e o homem era estimulado a consumir o leite que produziam. A Revolução Industrial foi um choque para os hábitos alimentares. Na verdade, em termos de nutrição, nos últimos quatrocentos anos pulverizamos a dieta natural, que vinha sendo seguida há milênios. A mudança foi radical e vertiginosa, e nossa alimentação agora é baseada principalmente em alimentos altamente processados (e digo comida porque o termo comida não seria muito correto nesse caso). Um alimento colhido em nutrientes e higienizado (conscientemente, não para salvaguardar a sua saúde mas para atrasar o seu prazo de validade). O primeiro mundo vive embriagado, submetido a um envenenamento gradativo. Justin e Erica Sonnenburg resumiram isso de forma inteligente em seu livro The Sugar Blues : Se nossas bactérias intestinais pudessem vagar por qualquer supermercado em uma missão para encontrar algo para comer, elas estariam em uma situação comparável à de um ser humano tentando encontrar comida. em uma loja de ferragens. Nossos micro-habitantes estão morrendo de fome. Neste momento, os micróbios sobreviventes são principalmente aqueles que prosperam e se multiplicam em um ambiente tóxico, adicionando toxicidade à toxicidade. E, infelizmente, essa é a população que a maioria de nós está abrigando e alimentando em nossos intestinos. Rudolph Virchow, médico alemão considerado o fundador da patologia celular, afirmou: Os patógenos não são a causa da doença, mas buscam seu habitat natural em “tecidos doentes”. A incrível microbiota da tribo Hadza OsHadza são uma tribo antiga –composta por aproximadamente mil indivíduos– localizado no Parque Nacional Serengeti, no grande Vale do Rift, na Tanzânia. Sua existência ocorre congelada no tempo – congelada em um tempo muito distante, uma época de puros caçadores-coletores. Estudar sua vida, seus costumes, sua alimentação é como viajar até a infância do ser humano como espécie.Os Hadza são a réplica viva de nossos ancestrais, aqueles que viveram antes que a agricultura se estabelecesse. Uma equipe internacional de pesquisadores documentou recentemente o perfil microbiano único apresentado por membros dessa tribo. Sua microbiota apresenta uma riqueza e biodiversidade muito superiores à microbiota dos ocidentais e completamente diferente de qualquer outra já vista em uma população humana moderna. Sua dieta, dependendo do que a Mãe Terra, sem intervenção humana -desconhecem a agricultura e, portanto, também a pecuária-, oferece-lhes em cada estação, composta principalmente por tubérculos, sementes e frutas, além de mel e animais silvestres. Um fato curioso: a colônia bacteriana intestinal das mulheres é diferente da dos homens e, segundo o estudo, isso se deve ao fato de elas comerem mais animais (são caçadoras) e mulheres mais do que obtêm coletando (é ficaria como o homem que come fora para trabalhar e a mulher que se dedica ao lar e come comida caseira). E outra curiosidade: sua microbiota – a de ambos os sexos – é totalmente desprovida de bifidobactérias, essenciais para um intestino saudável no primeiro mundo de hoje, mas, no geral, são indivíduos muito saudáveis. "Os hadza não apenas carecem de 'bactérias saudáveis' e não sofrem das doenças que nós sofremos, mas também têm altos níveis de bactérias comumente associadas a doenças", disse a coautora do estudo Alyssa Crittenden, antropóloga nutricional. pela Universidade de Nevada, Las Vegas. Isso mostra que os rótulos saudável/não saudável dependem do contexto que habitamos, e que a microbiota é decisiva nos processos de adaptação e sobrevivência. Ou seja, o ecossistema intestinal é teimoso e no esforço para sobreviver otimiza tudo o que encontra (outro exemplo disso pode ser encontrado no Japão, onde muitos habitantes apresentam em sua microbiota uma bactéria que se alimenta de algas e que é muito incomum nas microbiotas ocidentais. Como as algas são um elemento comum na dieta japonesa, sua microbiota evoluiu e "gerou" bactérias que podem tirar proveito dessa abundante fonte de alimento). E como não há dois sem três, aqui está outra peculiaridade interessante: de acordo com uma das conclusões finais do estudo, mais de trinta e três por cento das sequências de DNA obtidos a partir da análise da microbiota Hadza não puderam ser atribuídos a nenhum gênero bacteriano conhecido. Prebióticos, probióticos, simbióticos: fique com esses nomes O que chamamos de prebióticos e o que chamamos de probióticos? Vou tentar colocar de uma forma muito simplista. Os prebióticos são as fibras e os probióticos são os fermentos (como picles, chucrute, missô, tempeh...). Ou o que é o mesmo, os primeiros são os ingredientes indigeríveis da dieta, aqueles que chegam ao cólon sem terem sido modificados pelos sucos gástricos e que estimulam o crescimento ou a atividade de microorganismos benéficos, e os segundos são microorganismos vivos benignos – vivos, regenerativos importam – que em quantidades adequadas têm um efeito tremendamente favorável sobre o hospedeiro que os acolhe. Ou seja, os prebióticos seriam o alimento dos probióticos. As bactérias adoram fibras. Os lactobacilos favorecem a produção de vitaminas; eliminam microorganismos patogênicos e, portanto, aliviam infecções estomacais; níveis mais baixos de colesterol; favorecem o processo digestivo e melhoram a assimilação dos nutrientes. E continuando com a chuva de prefixos, há uma mensagem clara nessa nomenclatura: probiótico = pró-vida. Antibiótico = anti-vida (pelo menos no que diz respeito às bactérias). Como eu disse, é simplista, mas é tão simples quanto verdadeiro. O microbiologista ucraniano Élie Metchnikoff, Prêmio Nobel de Medicina e Fisiologia em 1908, é considerado por muitos como o pai do movimento probiótico, pois foi o primeiro a intuir, já no início do século passado, a existência de bactérias amigas. Com lucidez visionária, previu que bactérias benéficas poderiam ser implantadas no trato intestinal por meio da ingestão de alimentos fermentados. Sua ideia surgiu ao observar a longevidade geral entre os camponeses búlgaros, longevidade que ele correlacionou com o consumo habitual de leite azedo. Seguindo o mesmo caminho, mas ao contrário, chegou à conclusão de que as causas diretas do envelhecimento eram as bactérias tóxicas que habitam nossos intestinos. Seu livro La prolongación de la vida baseia-se em suas pesquisas sobre a longevidade, e em suas páginas ele documenta como naquelas populações cuja dieta diária incluía grandes quantidades de alimentos fermentados, a grande maioria dos idosos, alguns deles centenários, levavam uma vida ativa vida e saudável. Metchnikoff tornou-se o principal defensor do valor terapêutico da dieta correta e da capacidade de certos alimentos de defender o organismo da invasão de patógenos e, conseqüentemente, de melhorar e prolongar a qualidade de vida. Inclusive desenvolveu a primeira preparação terapêutica – na forma de cápsula oral– usando lactobacilos (quase ousaria dizer que este foi o primeiro suplemento alimentar feito). A dieta perfeita para equilibrar a microbiota é aquela rica em prebióticos e probióticos e pobre em proteína animal e açúcares rápidos. Como já disse, os prebióticos alimentam e mantêm os probióticos saudáveis, e estes aumentam nossa biodisponibilidade de minerais e a produção de neuroquímicos, para citar apenas dois pontos interessantes na longa lista de propriedades. Pelo contrário, dietas pobres em fibras e ricas em açúcares simples (refeições pré-cozinhadas, refrigerantes, compotas, sumos engarrafados...) . Estas toxinas segregadas por bactérias patogénicas podem modificar a morfologia e o metabolismo das células intestinais, favorecendo o crescimento de células intestinais cancerígenas e, segundo vários estudos, estas substâncias podem estar diretamente relacionadas com determinados tipos de enxaquecas associadas a determinados tipos de dieta (i.e. o caso de aminas). Então, se falamos de comida, a chave é escolher. Se você tiver a sorte de viver no primeiro mundo: o que você come é uma questão de escolha. Você é o único responsável. Você escolhe os componentes do seu cardápio diário, cabe a você decidir se os heróis ou os vilões desembarcam na sua microbiota. Se optar pela primeira, as bactérias amigas estarão protegidas e a sua saúde e bem-estar estarão garantidos. O intestino é o lugar onde ocorre a alquimia entre o que comemos e o que se torna parte de nós como seres humanos, e podemos controlar essa alquimia se configurarmos da melhor forma a comunidade bacteriana que nos habita. Levando em consideração tudo o que foi dito acima, o alimento ideal para cuidar da nossa microbiota (e, portanto, cuidar da nossa saúde física e mental) seriam os simbióticos, alimentos altamente funcionais nos quais estão presentes prebióticos e probióticos, que interagem mutuamente potencializando seu efeito (seria o caso do kefir, por exemplo). Esse tremendo potencial sinérgico ainda não foi estudado a fundo, mas as primeiras investigações estão dando excelentes resultados, pois ao consumir simbióticos, os probióticos chegam ao intestino já acompanhados das substâncias que promovem seu crescimento (prebióticos), o que fortalece a colonização. Um exemplo perfeito de um alimento simbiótico seria o leite materno. Prebióticos, probióticos e simbióticos são alimentos funcionais, ou seja, alimentos que assumem o papel de medicamentos em termos de propriedades (devido aos seus componentes biologicamenteativos), mas ao contrário destes são isentos de efeitos colaterais. A maneira como esses três grupos de alimentos beneficiam nosso estado geral demonstra a incrível capacidade dos microorganismos de se regenerar e melhorar a vida diante da destruição e da doença. Já na Bíblia, a espantosa longevidade de Abraão (segundo a história sagrada, ele viveu até os cento e setenta e cinco anos) foi atribuída ao consumo de "leite azedo". E durante o Império Romano, o chucrute era um alimento muito valorizado e frequentemente consumido, considerado uma garantia de boa saúde. De facto, no atual contexto de maus hábitos e alimentação baseada no “não alimentar”, a recuperação da saúde significaria o regresso às práticas fermentativas das culturas tradicionais. E volto a insistir: não só saúde orgânica, mas também saúde mental e emocional. A este respeito, a pesquisa mostrou que nossa dieta tem um efeito direto e óbvio nos níveis de lipopolissacarídeo (LPS) no sangue. Os LPS são toxinas inflamatórias de origem bacteriana, uma combinação de lípidos (gorduras) e açúcares cujo habitat natural é o intestino (são um componente estrutural importante em muitas das bactérias que o povoam) mas se vazarem para a corrente sanguínea induzem uma resposta doença inflamatória muito agressiva que, como venho explicando, está na base de muitas das chamadas doenças mentais e de inúmeros transtornos emocionais. De fato, a relação entre depressão e altos níveis dessas toxinas está mais do que comprovada. Bem, vários estudos documentam que o nível de LPS no sangue é reduzido em até trinta e oito por cento! após um mês de uma dieta tradicional baseada em prebióticos e probióticos. Para um corpo saudável, basta manter uma alimentação equilibrada evitando alimentos processados e nocivos (cada vez mais conhecidos do grande público graças às redes de informação, que vão muito além do que a indústria quer que saibamos e acreditemos), mas quando desconfortos e transtornos aparecer (diarréia, constipação, inchaço, gases dolorosos...) o consumo desses três grupos de alimentos pode ser de grande ajuda, assim como a suplementação com produtos processados. A medicina alopática não dá muita atenção aos suplementos nutricionais e por isso não existem muitos estudos científicos clínicos que demonstrem "oficialmente" a sua eficácia. No entanto, do ponto de vista da medicina integrativa, são uma possibilidade muito interessante, que, embora não substitua a alimentação, pode aumentar os valores nutricionais e ajudar a cobrir algumas deficiências. Sempre com supervisão profissional, claro. Kombucha, um superalimento que está se tornando o lanche da moda Este chá fermentado de aparência nada apetitosa que está ganhando popularidade entre os campeões mais vanguardistas da revolução alimentar é, na verdade, um poderoso colônia simbiótica de bactérias e leveduras. E embora seja totalmente atual, a verdade é que já era muito apreciada como bebida curativa e estimulante em 200 aC. C. na China, onde é conhecido como o "elixir da vida". Segundo a lenda, seu nome vem de um sábio monge tibetano chamado Kombu, um excelente naturista, que deu ao imperador a estranha bebida para provar e deu a ele o fungo de onde veio. O monarca, encantado com seus efeitos, espalhou a elaboração por todo o império. Tem um sabor ácido e refrescante que não tem nada a invejar dos insanos refrigerantes artificiais. Além dos probióticos, contém vitaminas do grupo B e enzimas digestivas. Um nível ideal do primeiro mantém o estresse e a ansiedade sob controle, alivia a síndrome pré-menstrual e melhora a memória (entre muitas outras propriedades relacionadas ao sistema nervoso). Estes últimos, por sua vez, são essenciais para decompor os alimentos em moléculas para que os nutrientes sejam mais facilmente absorvidos. Alimentos favoritos de bactérias benéficas FRUTAS E VEGETAIS FRESCOS DA ESTAÇÃO. Quanto às frutas, não se deve idealizá-las ao extremo e consumi-las em abundância: é preciso ter muito cuidado com a frutose, que ainda é açúcar. E com relação aos vegetais, cuidado com o cozimento. O ideal seria levá-los crus e, no caso de cozinhá-los, fazê-lo no vapor. FRUTOS SECOS. São a opção ideal em termos de fruta já que elimina o problema da frutose, e não só são excelentes prebióticos, como também aumentam os níveis de serotonina. AVEIA. Um exemplo maravilhoso de alimento funcional que consegue manter o colesterol ruim sob controle, tem efeito suavizante na mucosa gástrica e ajuda a equilibrar a microbiota intestinal. BATATA DOCE. Além da fibra, fornece beta-caroteno, que melhora o estado da mucosa intestinal. TIGERNUTS. Também sua versão líquida, a deliciosa horchata (desde que seja orgânica e sem adição de açúcar). Tigernuts fornecem grandes quantidades de bactérias benéficas que vêm principalmente da pele do tubérculo. VINHO TINTO. Os seus polifenóis não só têm propriedades antienvelhecimento, como também reforçam os micróbios amigos (eles adoram um bom vinho) e a sua atividade é anti-inflamatória. O polifenol natural das uvas – chamado resveratrol – retarda o envelhecimento e melhora o fluxo sanguíneo para o cérebro. Além disso, consumir vinho tinto com moderação (um copo por dia para mulheres, dois copos para homens) reduz os níveis de LPS no sangue. MEL. Excelente alimento para microorganismos benéficos. Preste atenção às marcas e letras miúdas nos rótulos: nem todo mel é mel. Por outro lado, é contra-indicado no caso de sofrer de candidíase. Não é recomendado consumir em grandes quantidades, pois também contém glicose. GORDURAS SAUDÁVEIS. No que diz respeito à percepção, algo semelhante ao que acontece com as bactérias acontece com as gorduras: elas pagaram apenas pelos pecadores e a má fama de algumas gorduras fez com que todas fossem agrupadas. Grande erro (nunca melhor dito), existem gorduras amigáveis que não só não fazem mal como são absolutamente necessárias. De fato, estudos recentes mostraram que quando o nível de colesterol total no sangue é insuficiente, o cérebro não funciona como deveria, ou seja, quem tem colesterol baixo tem maior risco de desenvolver distúrbios neurológicos. Para o cérebro, o colesterol é um nutriente essencial, é o seu combustível, e a falta dele está associada a uma má função cognitiva (especialmente problemas de atenção e concentração, raciocínio abstrato e fluência verbal). Entre essas gorduras saudáveis, recomendo o óleo de coco orgânico prensado a frio (um supercombustível cerebral que também é termoestável, o que significa que não oxida quando você o aquece); azeite orgânico; peixes azuis (selvagens, nunca cultivados); o abacate; Frutas secas; as sementes e o cacau. PROBIÓTICOS. Dentro desse grupo, destacam-se: para. ESPIRULINA. Alimento vivo que ajuda com grande eficiência a equilibrar o ecossistema bacteriano do nosso intestino. Também fornece uma ampla gama de nutrientes: beta-caroteno, vitamina E, vitaminas do grupo B, manganês, cobre, zinco, selênio, ferro e ácido gama- linolênico, entre outros. Outra vantagem, a nível culinário, é que na sua forma desidratada é um realçador de sabor natural que pode adicionar aos seus ensopados, beneficiando assim tanto os seus pratos como os seus microorganismos. b. MISO, TEMPEH E OUTROS DERIVADOS DA FERMENTAÇÃO DE SOJA. Seu consumo favorece o repovoamento da flora intestinal e fortalece o sistema imunológico. Isso apenas em linhas gerais, e no que diz respeito ao intestino, porque com relação às propriedades do missô, um livro separado poderia ser escrito. Não por acaso, na mitologia japonesa aparece como um presente dos deuses aos homens para garantir felicidade, saúde e longevidade. c. KEFIR. É uma bebida que se obtém a partir do leite fermentado, ou seja, leite carregado de bactérias e leveduras, além de outros compostos orgânicos. Sobre a sua origem, diz-se que foram os pastores nómadas orientais que a descobriram acidentalmente durante
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