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WBA1045_v1.0 Seminários Clínicos Estudos de casos clínicos: depressão e luto Bloco 1 Autora: Gabriela Fabbro Spadari Palestrante: Aline Monique Carniel Compreensões acerca da depressão Introdução • Organização Mundial de Saúde (OMS), estima-se que 4,4% da população mundial padece com depressão. • No Brasil, esse índice é ainda maior: 5,8% (OMS, 2017). Fonte: Prostock-Studio/ iStock.com. Figura 1 - Diversidade Introdução • A depressão pode se tornar um grave problema de saúde, principalmente, quando afeta o indivíduo por um período longo e com intensidade moderada ou grave (OPAS, 2020). • Para Gonçalves et al. (2017), os transtornos depressivos (TD) têm apresentado um sério problema de saúde pública, uma vez que são altamente prevalentes na população, refletindo na saúde geral da população e gerando impactos psicossociais. Introdução De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais - DSM-5 (APA, 2014) existem diferentes tipos de processos depressivo, entre eles: • Transtorno disruptivo da desregulação do humor. • Transtorno depressivo maior. • Transtorno depressivo persistente (distimia). • Transtorno depressivo causado por substância/ medicamento ou causado por outra condição médica. • Transtorno disfórico pré-menstrual. Introdução • Em geral, o paciente com TDM tem a percepção que são malsucedidos e sem capacidades, o que resulta em uma autoestima baixa (KNAPP; BECK, 2008). • Acreditam que as outras pessoas são mais capazes e possuem mais qualidades. • Podem apresentar diminuição da frequência de tarefas vistas como prazerosas e, simultaneamente, elevação de comportamentos de fuga e esquiva de ambientes aversivos (GREENBERGER; PADESKY, 2017). Introdução o tdm é definido pela apa (2014) por uma série de critérios, tais como: permanecer deprimido grande parte do tempo. falta total ou diminuição do prazer para realizar tarefas do cotidiano. sentimento de culpa exacerbada ou de inutilidade. déficits nas habilidades de concentração e pensamento. cansaço ou falta de energia. insônia ou sonolência. agitação ou retardo psicomotor. perda ou ganho importante de peso. ideias frequentes de morte ou suicídio. Figura 2 - Definição do TDM pela APA (2014) Fonte: adaptada de APA (2014). Introdução • Grande parte dos pacientes com depressão vivenciam a psicopatologia na forma crônica e recorrente, o suicídio é um fator preocupante em relação a pacientes nessas condições (POWELL et al., 2008). • Braga e Dell'Aglio (2013), alerta para sintomas depressivos, como desânimo, falta de esperança, desmotivação e apatia pela vida, uma vez que acreditam que esses sintomas podem ocasionar em prováveis comportamentos suicidas. Estudos de casos clínicos: depressão e luto Bloco 2 Autora: Gabriela Fabbro Spadari Palestrante: Aline Monique Carniel Distorções cognitivas frequentes na depressão Distorções cognitivas na depressão • Compreendidas como interpretações enviesada da realidade, que ocasionam perturbações ao sujeito (BECK, 2014). • Equívocos na forma de interpretar as situações, acarretando compreensões e pensamentos distorcidos da realidade (RODRIGUES; HORTA, 2011). Fonte: designer491/ iStock.com. Figura 1 - Distorções Distorções cognitivas na depressão Acredita-se que as distorções estão presentes em pacientes com transtorno psicológico, uma vez que costumam interpretar equivocadamente ambientes neutros ou até mesmo favoráveis, se tornando, dessa forma, tendenciosos e com pensamentos negativos desse indivíduo (BECK, 2014). Fonte: lambada/ iStock.com. Figura 2 - Distorções Distorções cognitivas na depressão Pacientes com Transtorno Depressivo Maior costumam recorrer aos pensamentos negativos, criando um modo característico de raciocínio que resulta em interpretações negativas distorcidas sobre si, o mundo e o futuro, conhecida como a tríade cognitiva (KNAPP; BECK, 2008). Fonte: Niall_Majury/ iStock.com. Figura 3 - Distorções Distorções cognitivas na depressão • A maioria das pessoas deprimidas têm pensamentos autocríticos (GREENBERGER; PADESKY, 2017). Favorece Rebaixamento da autoestima. Autoconfiança. Contribuem para problemas interpessoais. Interferir na motivação. Fonte: adaptada de Greenberger e Padesky (2017). Quadro 1 - Impacto das distorções cognitivas Distorções cognitivas na depressão • Para Greenberger e Padesky (2017), o sujeito, quando está deprimido, enxerga o futuro de uma forma extremamente negativa. • Essa previsão de que os eventos terminarão de modo negativo, de desesperança, sendo que, em sua forma mais extrema, a desesperança pode estimular pensamentos suicidas. Distorções cognitivas na depressão Conceito Inferência Arbitrária. • Quando o indivíduo deprimido conclui algo (geralmente, autodepreciativo) sem possuir nenhuma evidência que comprove a veracidade. Abstração Seletiva. • Quando um evento negativo ou neutro é realçado, enquanto os positivos são totalmente ignorados pela pessoa, conceituando a vivência depreciativa baseada nesse evento negativo. Hipergeneralização. • A partir de eventos negativos isolados, o indivíduo depressivo tende a dispor de uma conclusão geral negativa, expandindo esse pensamento para outras situações, sejam no presente ou futuro. Maximização ou minimização. • Quando o paciente deprimido maximiza seus defeitos ou atitudes negativas e minimizam os aspectos positivos de sua conduta ou situação. Personalização. • Apresenta uma tendência do indivíduo deprimido a assumir toda a culpa ou responsabilidade de um evento desagradável, ignorando que outras possibilidades e pessoas que também podem ser responsáveis pela situação. Pensamento tudo ou nada/ dicotômico. • Quando o sujeito visualiza apenas duas possibilidades em determinada situação, sendo cada uma o extremo da outra, com uma tendência a focar no polo negativo. Quadro 2 – Tipos de distorções cognitivas Fonte: adaptado de Beck et al. (1997). Estudos de casos clínicos: depressão e luto Bloco 3 Autora: Gabriela Fabbro Spadari Palestrante: Aline Monique Carniel Aplicabilidade da TCC em casos de depressão Aplicabilidade da TCC • Pacientes depressivos comumente apresentam a crença de que a forma como se sentem naquele momento é imutável. • Uma parte crucial do trabalho é auxiliá-los na retomada de atividades anteriormente consideradas importantes, reforçando-os por esse empenho, uma vez que essa prática tende a elevar o humor e o sentimento de autoeficácia, ajudando- o a visualizar que é possível tomar posse do domínio de seu humor (BECK, 2014). Aplicabilidade da TCC Considerando que uma das características principais do depressivo é a inatividade, Greenberger e Padesky (2017) acrescentam que a ativação comportamental é um dos primeiros métodos a ser inseridos no tratamento para depressão. Fonte: elenabs/ iStock.com. Figura 4 - Distorções Aplicabilidade da TCC Na ativação comportamental: • O terapeuta estimulará o paciente a aumentar a quantidade de tarefas a ser realizadas diariamente, sempre observando a qualidade das mesma. • Acredita-se que a melhora do humor pode ser obtida por meio de tarefas prazerosas, aumentando, dessa forma, a autoeficácia e estimulando o paciente a enfrentar os desafios diários que estão ligados ao que o paciente acredita e valoriza (GREENBERGER; PADESKY, 2017). Aplicabilidade da TCC Tipo Aplicação Objetivo Registro de pensamentos disfuncionais (RPD). Registrar pensamentos desadaptativos, de preferência, ainda na presença do desconforto psicológico. Permite ao terapeuta compreender pensamentos automáticos, comportamentos e emoções. Cartões de enfrentamento. Lembretes que devem ficar em lugares acessíveis. Os cartões podem ser elaborados em sessão ou ficar como tarefa de casa. Auxilia o paciente a emitir respostas mais adaptativasa pensamentos automáticos e crenças disfuncionais. Fonte: adaptado de Greenberger e Padesky (2017). Quadro 3 – Aplicabilidade da TCC Aplicabilidade da TCC Tipo Aplicação Objetivo Prescrição gradual de tarefas. Realizar uma atividade que está gerando ansiedade por etapas, realizando com o indivíduo uma descrição gráfica dos passos. Diminuir a ansiedade, descrevendo os passos de determinada tarefa, auxiliando a tirar o foco do quanto está distante a resolução do problema, focando no que está fazendo no aqui e agora para a resolução. Curtograma. Realizar uma lista de tarefas das quais apreciava e realizava, apreciava e não realizava, não apreciava e realizava e não apreciava e não realizava. Auxilia no autoconhecimento, como também leva a uma autorreflexão sobre o quanto está priorizando as coisas que realmente gosta. Lista de vantagens e desvantagens. Analisar as vantagens de tomar uma decisão e, do outro lado, as desvantagens, dando peso para cada item. Consiste em auxiliar o paciente a visualizar qual é a melhor solução para o problema enfrentado. Quadro 3 – Aplicabilidade da TCC (continuação) Fonte: adaptado de Greenberger e Padesky (2017). Aplicabilidade da TCC Tipo Aplicação Objetivo Ativação comportamental. Realizar atividades que antes eram prazerosas e, devido ao transtorno, o sujeito não tem mais desejo de fazê- lo. Utiliza o comportamento para modificar cognições negativas sobre determinado evento ou atividade. Relaxamento. Psicoeduca o relaxamento muscular progressivo, o uso do imaginário e o controle da respiração. Auxilia na ativação do sistema nervoso parassimpático, o que causa uma sensação de relaxamento e bem-estar ao paciente. Biblioterapia. Realizar a leitura de material proposto. Auxilia o paciente a adquirir compreensão de seu problema e adquirir estratégias de enfrentamento do problema. Debates. Verificar a veracidade dos pensamentos e não os aceitar como verdades absolutas sem antes questioná-los. Auxilia a verificar a irracionalidade dos pensamentos desadaptativos, substituindo-os por pensamentos mais racionais. Fonte: adaptado de Greenberger e Padesky (2017). Quadro 3 – Aplicabilidade da TCC (continuação) Teoria em Prática Bloco 4 Autora: Gabriela Fabbro Spadari Palestrante: Aline Monique Carniel Reflita sobre a seguinte situação hipotética Lúcia, 32 anos, católica praticante, atua como enfermeira em um laboratório de análises clínicas, reside com companheiro, há um ano, e com o filho de quatro meses. Iniciou a terapia, após tentativa de suicídio, onde injetou água sanitária nas veias com auxilio de um acesso (equipamento de uso profissional), realizou o ato após amamentar o bebê e colocá- lo para dormir. Relatou que a cada choro do seu filho, sentia angústia e chorava constantemente. Norte para a resolução Diminuição da sintomatologia, medo, culpa, tristeza, apatia, por meio de acolhimento e escuta ativa e da verificação de pensamentos disfuncionais, questionando-os com o intuito de, aos poucos, flexibilizar as crenças centrais irracionais frequentes, como o desamor e desvalor. Além disso, a partir da incapacidade de lidar com a maternidade e com situações que exigiam tomadas de decisões e ações, rejeição e fuga da realidade. Norte para a resolução Também objetivou-se aumentar o repertório de estratégias de resolução de problemas e assertividade. Com o tempo, aliando-se à estratégias cognitivas, houve intervenção de forma comportamental, com intuito de motivá-la para demais atividades. Objetivou-se, ainda, revisar os esquemas desadaptativos, entender e ressignificar o papel da maternidade e estabelecer melhor relação com o filho, diminuição da oscilação entre a mania e depressão, bem como, trabalhar a prevenção de recaída e risco de suicídio. Dicas do(a) Professor(a) Bloco 5 Autora: Gabriela Fabbro Spadari Palestrante: Aline Monique Carniel Prezado aluno, as indicações a seguir podem estar disponíveis em algum dos parceiros da nossa Biblioteca Virtual (faça o login por meio do seu AVA), e outras podem estar disponíveis em sites acadêmicos (como o SciELO), repositórios de instituições públicas, órgãos públicos, anais de eventos científicos ou periódicos científicos, todos acessíveis pela internet. Isso não significa que o protagonismo da sua jornada de autodesenvolvimento deva mudar de foco. Reconhecemos que você é a autoridade máxima da sua própria vida e deve, portanto, assumir uma postura autônoma nos estudos e na construção da sua carreira profissional. Por isso, nós o convidamos a explorar todas as possibilidades da nossa Biblioteca Virtual e além! Sucesso! Leitura Fundamental Indicação de leitura 1 Este trabalho teve como objetivo fazer um levantamento das teorias e revisar as evidências existentes sobre o papel da terapia cognitiva-comportamental (TCC), na prevenção de recaídas e recorrências de episódios depressivos. Referência: ALMEIDA, A. M.; LOTUFO NETO, F. Revisão sobre o uso da terapia cognitiva-comportamental na prevenção de recaídas e recorrências depressivas: a review. Brazilian Journal Psychiatry, v. 25, n.4, p. 239-244. São Paulo: Associação Brasileira de Psiquiatria, 2003. Indicação de leitura 2 Este trabalho teve como objetivo identificar e discutir sobre as principais contribuições da Terapia Cognitiva Comportamental no tratamento da depressão. Referência: CIZIL, M. J.; BELUCO, A. C. R. As contribuições da terapia cognitivo comportamental no tratamento da depressão. Revista Uningá, v. 56, n. S1, p. 33-42, [s.l.], 2019. Dica do(a) Professor(a) Filme: As Horas. O filme retrata três períodos diferentes, em que vivem três mulheres ligadas ao livro Mrs. Dalloway. Em 1923, vive Virginia Woolf (Nicole Kidman), autora do livro, que enfrenta uma crise de depressão e ideias de suicídio. ALMEIDA, A. M.; LOTUFO NETO, F. Revisão sobre o uso da terapia cognitiva-comportamental na prevenção de recaídas e recorrências depressivas: a review. Brazilian Journal Psychiatry, v. 25, n.4, p. 239-244. São Paulo: Associação Brasileira de Psiquiatria, 2003. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbp/a/qPqYnvmGmzNCBvGs4KxqzXJ/?lang=pt. Acesso em: 20 jul. 2022. ASSOCIAÇÃO AMERICANA DE PSIQUIATRIA, (2014). Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5. Porto Alegre: Associação Brasileira de Psiquiatria, 2014. Disponível em: http://dislex.co.pt/images/pdfs/DSM_V.pdf. Acesso em: 20 jul. 2022. BECK, A. T.; RUSH, A. J.; SHAW, B. F. et al. Terapia cognitiva da depressão. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997. BECK, J. S. Terapia Cognitivo-Comportamental: teoria e prática. Porto Alegre: Artmed, 2014. BRAGA, L. L.; DELL’AGLIO, D. D. Suicídio na adolescência: fatores de risco, depressão e gênero. Revista Unisinos, 6(1), 2-14. Porto Alegre: Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2013. CIZIL, M. J.; BELUCO, A. C. R. As contribuições da terapia cognitivo comportamental no tratamento da depressão. Revista Uningá, v. 56, n. S1, p. 33-42, [s.l.], 2019. Disponível em: http://revista.uninga.br/index.php/uninga/article/view/88. Acesso em: 20 jul. 2022. GONÇALVES, A. M. C.; TEIXEIRA, M. T. B.; GAMA, J. R. A. et al. Prevalência de depressão e fatores associados em mulheres atendidas pela Estratégia de Saúde da Família. J. bras. psiquiatr., 67(2), p. 101–109. Rio de Janeiro: Instituto de Psiquiatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2018. Disponível em: https://www.scielo.br/j/jbpsiq/a/TrQdtMNct5Dk3VSvjpthXtH/abstract/?lang=pt. Acesso em: 20 jul. 2022. Referências Referências GREENBERGER, D., PADESKY, C. A. A mente vencendo o humor: mude como você se sente, mudando o modo como você pensa. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017. KNAPP, P.; BECK, A. T. Fundamentos, modelos conceituais, aplicações e pesquisa da terapia cognitiva. Revista Brasileira de Psiquiatria, 2, 54-64. São Paulo: Associação Brasileira dePsiquiatria, 2008. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbp/a/HLpWbYk4bJHY39sfJfRJwtn. Acesso em: 20 jul. 2022. ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Classificação estatística internacional de doenças e problemas de saúde relacionados. 10. ed. revis. Genebra: CID-10, 2017. Disponível em: http://apps.who.int/classifications/icd10/browse/2016/en. Acesso em: 20 jul. 2022. ORGANIZAÇÃO PAN AMERICANA DA SAÚDE. Depressão. Brasília, 2020. Disponível em: https://www.paho.org/pt/topicos/depressao. Acesso em: 20 jul. 2022. Referências POWELL, V. B.; ABREU, N.; OLIVEIRA, I. R. et al. Terapia cognitivo- comportamental da depressão. Revista Brasileira de Psiquiatria, 33, 573- 580. Salvador: Hospital Universitário Professor Edgard Santos; Serviço de Psiquiatria, 2008. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbp/a/XD3SXdNxQPMwj6gc4WRjqSB/?format=pdf&la ng=pt. Acesso em: 20 jul. 2022. RODRIGUES, V. S.; HORTA, L. R. Modelo cognitivo-comportamental da depressão. In: ANDRETTA, I.; OLIVEIRA, M. S. (orgs). Material Prático de Terapia Cognitivo-Comportamental. p. 119-134. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2011. Bons estudos!
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