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1. CARACTERÍSTICAS 
GERAIS E CONCEITOS
A rede hidrográfica brasileira apresenta, de uma
maneira geral, as seguintes características:
• Drenagem exorreica, com rios correndo direta
ou indiretamente pa ra o Oceano Atlântico.
• Foz ou desembocadura em forma de estuário.
• Rios de planalto, com ele va do potencial
hidrelétrico (–+ 263.400.000 kW).
• Regime pluvial tropical aus tral com cheias
de verão e vazantes no inverno.
• Rios perenes predominante men te.
2. PRINCIPAIS BACIAS 
HIDROGRÁFICAS E SEUS MANEJOS
Durante muitos anos, os estudiosos do litoral bras i -
leiro consideravam a presença de pouquíssimos rios com
foz em delta; a maioria deles seriam estuários, com
exceção dos deltas dos Rios Parnaíba, Acaraú, Grande e
das Piranhas, todos com foz no Nordeste. Entre os
últimos, o professor Aziz N. Ab’Sáber, geógrafo brasileiro,
passou a considerar também os Rios Araguari, no
Amapá, o já conhecido Rio Parnaíba, no Piauí; o São
Francisco, entre Sergipe e Alagoas; o Rio Jequitinhonha,
no sul da Bahia; o Rio Doce, no Espírito Santo, e o Rio
Paraíba do Sul, na região norte do Estado do Rio de
Janeiro.
O professor Ab’Sáber discute sobre a ocupação dos
deltas desses rios, comentando o isolamento geográfico
do Rio Araguari, no Amapá; a beleza cênica do delta do
Rio Parnaíba, no Piauí, e da área mais intensa mente
ocupada do Rio Paraíba do Sul, no Rio de Janeiro.
Bacias Hidrográficas do Brasil
Amazônia
Tocantins
Principais Parnaíba� São Francisco Paraná
Platina � Paraguai
Uruguai
Costeiras do Norte
Costeiras Nordeste Ocidental
Secundárias Costeiras Nordeste Oriental
Costeiras Sudeste�
Costeiras Sul
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FRENTE 1 Geografia do Brasil
HidrografiaMÓDULO 11
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1. IMPORTÂNCIA
❑ Histórica
– até 1940 a agricultura era a principal fonte de renda do
Brasil. Durante praticamente três séculos, o Brasil
produziu cana-de-açúcar e, por um século, café; só a
partir da década de 1940, diversificou sua produção.
– atualmente, a agricultura é responsável por cerca de
21,3% do PIB nacional.
– emprega cerca de 17% da mão-de-obra ativa do país.
– mostra uma relação cada vez mais intensa com a
atividade industrial, passando a depender das atividades
urbanas. Pode-se mencionar, atualmente, a agroin -
dústria, na qual a indústria fornece insumos (máquinas,
adubos, irrigação) e o campo fornece matéria-prima.
2. FATORES NATURAIS
❑ Relevo
Nosso relevo planáltico e ondulado exige cuidados,
mas não chega a ser um empecilho à produção.
❑ Clima
O clima tropical do Brasil faz que predominem culturas
como o café, a cana, o cacau, o milho ou o algodão. Mas a
porção sul de nosso território, com climas subtropicais,
permite também culturas temperadas como o trigo, a uva,
a soja, entre outros. Além disso, com a tropicalização,
alguns produtos, como a soja ou o trigo, passam a ser
cultivados em áreas tropicais. Maior problema climático: os
altos índices de chuva.
❑ Solo
É a camada superficial da rocha que se decompôs
por causa da ação do clima e das bactérias. Os solos
férteis do Brasil cobrem cerca de 6% do território na -
cional.
Os principais solos férteis do Brasil são:
a) Massapé: surge no litoral oriental do Nordeste,
resultado da decomposição do calcário, de cor preta,
profundo, lixiviado, onde se cultiva cana desde o século XVI;
b) Terra roxa: aparece no interior do Centro-Sul do
Brasil, resultado da decomposição do basalto. De cor
avermelhada, foi descoberto por plantadores de café.
Atualmente, planta-se cana neste solo;
c) Solo de várzea: surge em maior ou menor escala
junto aos rios, sendo formado por aluviões. De cor cinza ou
preta, é utilizado para culturas adaptadas a ambientes
úmidos, como o arroz.
Problemas:
a) Erosão: destruição mecânica dos solos pela ação
das enxurradas, desde que estejam desprotegidos.
Anualmente, perdem-se toneladas de solos férteis. Pode
provocar problemas como a voçoroca;
b) Lixiviação: empobrecimento do solo pela ação
da água que “lava” os nutrientes, carregando-os para as
camadas inferiores;
c) Laterização: formação de uma crosta no
horizonte superior do solo pelo acúmulo de óxidos de
ferro e alumínio, transportados para a superfície pela
evaporação.
Soluções:
a) Proteção: a prevenção é a melhor atitude.
Protegendo-se o solo pela manutenção da cobertura
vegetal original, evita-se o problema. Pode-se lançar mão
do reflorestamento.
b) Curvas de nível: técnica de cultivo que segue
as curvas das montanhas, permitindo um melhor
escoamento da água sem provocar erosão.
c) Terraceamento: em terrenos muito inclinados,
corta-se a montanha em patamares para evitar a erosão.
d) Adubação: recolocação de nutrientes artificial-
mente para recuperar um solo lixiviado.
3. A DISTRIBUIÇÃO DAS TERRAS NO BRASIL
No Brasil, há um total de 5.219.504 de propriedades.
Dessas, 53,1% ocupam um total de 2,8% da área agrícola
disponível, em estabelecimentos conhecidos como
minifúndios (propriedades com área inferior ao módulo
rural, ou seja, incapazes de produzir seu sustento e
progresso socioeconômico, geralmente com área inferior
a 10 ha). Por outro lado, há os latifúndios (propriedades
600 vezes maiores do que o módulo rural da região, ou
seja, com mais de 1.000 ha), que representam apenas
0,9% dos 5,2 milhões de propriedades, mas que abran -
gem 42,3% da área disponível.
Segundo o IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística, estabelecimento agropecuário é todo terreno
de área contínua, independente do tamanho ou situação
(urbana ou rural), formado de uma ou mais parcelas,
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Importância, Fatores e 
Problemas de Agricultura e PecuáriaMÓDULOS 12 a 14
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subordinado a um único produtor, onde se processa uma
exploração agropecuária, ou seja: o cultivo do solo com
culturas permanentes e temporárias, inclusive hortaliças
e flores; a criação, recriação ou engorda de animais de
grande e médio porte; a criação de pequenos animais; a
silvicultura ou o reflorestamento e a extração de produtos
vegetais.
Essa má distribuição de terras é acompanhada por um
processo de concentração cada vez mais intenso, devido
à mecanização, à expulsão do pequeno agricultor e ao
avanço das frentes agrícolas. Isto fez surgir figuras como:
a) o sem-Terra, também conhecido como posseiro,
que invade propriedades com o objetivo de produzir,
mesmo sem o título da terra. Há no Brasil, hoje, movimentos
como o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem
Terra), que realizam invasões para forçar o governo a
promover a reforma agrária.
b) o grileiro, aquele que falsifica títulos de proprie -
dade e vende-os como se fossem autênticos.
Propriedades Rurais
A modernização da agricultura, nas últimas décadas,
implicou na agregação de maior tecnologia e menor
necessidade de novos espaços, embora a fronteira
agrícola continue a se expandir. Se essa tendência
persistir – a do aumento da produtividade – o discurso
reformista, que questiona a estrutura agrária, sobretudo
a fundiária perderá o sentido.
É verdade que o aumento da produtividade ocorre
em ritmo acelerado, e também que a agricultura adquire
cada vez mais um caráter moderno e competitivo, mas
ainda está longe de predominar em todo o País
propriedades produtivas, independente da dimensão,
geradoras de empregos diretos e indiretos. A estrutura
agrária e fundiária do jeito que ainda se apresenta é fonte
de problemas, no campo e nas cidades.
Distribuição de Terras
A questão fundiária no Brasil agravou-se com a
evolu ção da economia do país. Nos últimos 50 anos,
apesar do País ter se tornado urbano de forte inspiração
industrial, o campo ainda guarda resquícios de seu
período colonial.
A modernização da agricultura, a subordinação do
campo à cidade, a implantação e implementação da
agroindústria não solucionaram os graves problemas
sociais no campo relativos à má distribuição das terras.
Não era esse o objetivo da capitalização do campo. O
resultado é um número crescente de trabalhadores rurais
e desempregados sem acesso a terra.
O surgimento de inúmerosmovimentos de sem-terra,
com destaque para o MST – Movimento dos Trabalhadores
Rurais Sem-Terra, passaram a se constituir elemento de
pressão sobre o governo e os proprietários.
A modernização da agricultura produtiva e compe -
titiva no plano internacional, não pode depender de
políticas demagógicas de distribuição fundiária, nem do
redirecionamento da produção visando apenas à
improdutiva geração de itens de subsistência.
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As invasões de terras têm-
se sucedido nos últimos anos,
aumentando os conflitos e as
mortes pelo Brasil afora.
A solução seria a re for -
ma agrária, proces so me -
diante o qual o governo
de sa propriaria as terras que
não estivessem sendo utili -
zadas (ou fossem usadas
para a especulação), distri -
buindo-as aos sem-terra,
além de fornecer ajuda para
o sucesso da reforma.
A reforma agrária já vem
sendo discutida desde o fim
da Segunda Guerra Mun dial,
de acordo com a seguinte
cronologia:
– décadas de 1940-50:
criação de comissões para o
estudo do caso, sem
resultados palpáveis;
– década de 1960: pri -
 meiras tentativas feitas no
governo de João Goulart,
abortadas pelo Golpe de
1964; em outubro de 1964,
foi criado o Incra, Instituto
Nacional de Colonização e
Reforma Agrária, órgão
responsável pelo cadastra -
mento das terras e aplica ção
do Estatuto da Terra. Assentou famílias na Amazônia,
mas teve atuação incipiente na década de 1970;
– década de 1980: em 1985, foi criado o Ministério
da Reforma Agrária, com a obrigação de aplicar o PNRA
— Plano Nacional de Reforma Agrária;
– 1988: a reforma agrária foi inscrita na Constituição,
cabendo ao governo federal promovê-la; tal responsa bi -
lidade ficou a cargo do Ministério da Agricultura.
4. SISTEMAS AGRÁRIOS
No Brasil, utilizam-se, de uma maneira geral, três
sistemas de produção, a saber:
❑ Extensivo
Também conhecido como roçado, dispõe de gran -
des extensões de terra, que são subutilizadas, pequena
inversão de capitais, mão-de-obra familiar, às vezes em
esquema de mutirão, tecnologia rudimentar e baixos
rendimentos, produzindo para a subsistência ou espe -
cu lação; geralmente consiste em uma monocultura
(milho ou mandioca).
Sistema extensivo
– desflorestamento – coivara;
– esgotamento de solos;
– rotação de solos;
– pequeno rendimento;
– produção por homem;
– terra abundante.
132 –
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Dentro do sistema extensivo, surge o termo “roça” ou
sistema itinerante, em que as técnicas utilizadas são bastante
rudimentares, com pouco ou nenhum adubo, levando a terra
ao esgotamento e, posteriormente, ao abandono.
No Brasil, o sistema de roça é ainda encontrado,
apresentando, como resultado, uma agricultura de baixos
rendimentos e produção irregular.
❑ Intensivo
Trata-se da propriedade comercial, próxima a
grandes centros, onde há disponibilidade de capitais,
mas as propriedades são pequenas. Utilizam-se de mão-
de-obra especializada e insumos agrícolas; as culturas
são diversificadas (policultura) e o rendimento é elevado,
voltado para o mercado urbano (consumo direto ou
industrial).
Sistema intensivo
– uso permanente do solo;
– rotação de cultivos;
– fertilizantes;
– seleção de sementes;
– seleção de espécies;
– mecanização;
– grande rendimento;
– produção por hectare;
– mão-de-obra abundante e qualificada;
– terra escassa.
❑ Plantation
Introduzido no Brasil durante o período colonial.
Atualmente, é um sistema que dispõe de grandes
propriedades, nas melhores terras do País. Possui grande
inversão de capitais, o que permite a aplicação de
tecnologia (insumos e mecanização); pode dispor de
mão-de-obra numerosa (desde a mais humilde até a
qualificada); apresenta um elevado rendimento e produz
uma monocultura tropical (café, cacau, cana-de-açúcar
etc.), voltada para o mercado exterior ou industrial.
Plantation
– domínio geográfico: áreas tropicais;
– monocultura;
– grandes estabelecimentos;
– capitais abundantes;
– mão-de-obra numerosa e barata;
– alto nível tecnológico;
– trabalho assalariado;
– aproveitamento agroindustrial da produção;
– cultivos destinados à exportação;
– grande rendimento.
❑ Semi-intensivo
Trata-se da modernização da agropecuária com a
introdução de técnicas modernas, adoção de insumos
industriais, mas com a disposição de terra abundante,
grande impacto sobre o solos etc.
5. UTILIZAÇÃO DAS TERRAS
Segundo o IBGE, as áreas dos estabelecimentos,
tendo como critério a sua realização, foram divididas nas
seguintes categorias:
❑ Lavouras permanentes 
Compreendem a área plantada ou em preparo para
o plantio de culturas de longa duração, que após a
colheita não necessitem de novo plantio, produzindo por
vários anos sucessivos.
❑ Lavouras temporárias 
Abrangem as áreas plantadas ou em preparo para o
plantio de culturas de curta duração (via de regra, menor
que um ano) e que necessitem, geralmente, de novo plantio
após a colheita; incluíram-se também nessa categoria as
áreas das plantas forrageiras destinadas ao corte.
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❑ Terras em descanso
Terras habitualmente utilizadas para o plantio de
lavouras temporárias, que se encontram em descanso,
por prazo não superior a 4 anos em relação ao último ano
de sua utilização.
❑ Pastagens naturais
Constituídas pela áreas destinadas ao pastoreio do
gado, sem terem sido formadas mediante o plantio, ainda
que tenham recebido algum trato.
❑ Pastagens plantadas 
Abrangem as áreas destinadas ao pastoreio e
formadas mediante plantio.
❑ Matas naturais
Formadas pelas áreas de matas e florestas naturais
utilizadas para extração de produtos ou conservadas
como reservas florestais.
❑ Matas plantadas 
Compreendem as áreas plantadas ou em preparo para
o plantio de essências florestais, incluindo as áreas
ocupadas com viveiros de mudas dessas essências.
❑ Terras produtivas não utilizadas
Constituídas pelas áreas que se prestam à formação
de culturas, pastos ou matas e não estejam sendo usadas
para tais finalidades. Foram incluídas as terras não
utilizadas por período superior a 4 anos.
❑ Terras inaproveitáveis
Formadas por áreas imprestáveis para formação de
culturas, pastos e matas, tais como: areais, pântanos,
encostas íngremes, pedreiras etc., e as formadas pelas
áreas ocupadas com estradas, caminhos, construções,
canais de irrigação, açudes etc.
6. EXPLORAÇÃO DA TERRA
No Brasil, explora-se a terra de maneira direta e
indireta. Na exploração direta da terra, temos o próprio
proprietário explorando a sua terra. Cerca de 60% das
propriedades do Brasil são exploradas dessa maneira.
Na exploração indireta da terra, o proprietário cede a
sua terra para outros explorarem. Surge, então, o
arrendatário, que paga uma renda ao proprietário pela
utilização da terra. Ou então, o parceiro, que paga pelo
uso da terra com parte de sua produção. Estabelecem-se,
portanto, o meio (meeiro), o terço, o quarto, ou a forma que
o parceiro combinar com o produtor.
Quanto à utilização de mão-de-obra, nota-se no Brasil
o aumento do número de trabalhadores temporários, dentre
os quais se destaca o “boia-fria” ou volante, que, vivendo
na periferia de pequenas e médias cidades, vai trabalhar
no campo mediante empreitadas. É um trabalhador que é
atingido pela mecanização do campo e dificilmente é
protegido pela lei.
134 –
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7. PESSOAL OCUPADO
Segundo o IBGE, distinguem-se cinco categorias:
❑ Responsável e membros não-remunerados
da família
O produtor ou o administrador responsável pela
direção do estabelecimento, recebendo quantia fixa ou
cota-parte da produção.
❑ Empregados permanentes 
Pessoas contratadas para execução de tarefas per -
ma nentes ou de longa duração, mediante remuneração
em dinheiro ou em quantia fixa de produtos, inclusive os
membros das famílias dos empregados permanentes
que efetivamente os auxiliam na execução de suas
respectivas tarefas.
❑ Empregados temporários
Pessoas contratadas para execução de tarefas
eventuais ou de curtaduração, mediante remuneração
em dinheiro ou sua equivalência em produtos, inclusive
os membros das famílias desses empregados que os
auxiliam na execução de suas respectivas tarefas.
❑ Parceiros
Pessoas diretamente subordinadas ao responsável,
que executam tarefas mediante recebimento de uma
cota-parte da produção obtida com seu trabalho (meia,
terça, quarta etc.), e os seus familiares que os ajudam
na execução das suas tarefas.
❑ Outra condição
Consideram-se todas as pessoas cujo regime de
trabalho difere do regime dos grupos anteriores, tais
como: agregados, moradores etc.
8. CONFLITOS FUNDIÁRIOS
E INVASÕES DE TERRAS
A estrutura fundiária desigual exclui um grande
contingente populacional do acesso a terra, com isso
intensificaram nos últimos anos os conflitos pela posse
da terra. As invasões de terra são instrumentos, questio -
nável, de pressão popular sobre as autoridades e sobre
os grandes proprietários improdutivos.
A Constituição de 1988 estabelece que são passíveis
de desapropriação as terras improdutivas, mas define o
que é produtividade. Esse impasse traz grande
insatisfação entre os sem-terras e intranquilidade entre
proprietários, inibindo investimentos, que podem refletir
positivamente na área social.
Os conflitos fundiários no campo, devido ao recru -
descimento da violência, da organização dos sem-terra e
da iniciativa de defender a todo o custo a terra, por parte
dos grandes proprietários, têm aumentado o número de
mortes na zona rural. Por um lado, é verdade, algumas
invasões depredam o patrimônio de proprietários de terras,
mas o entendimento do problema fundiário como caso de
polícia está também longe dos verdadeiros esforços para
o entendimento, e ampliam o número de óbitos no campo
na luta por terra.
9. AGRONEGÓCIO
É a agricultura comercial de grande escala, com
modernas propriedades, alta tecnologia e produção em
larga escala, geralmente voltada para a exportação.
O Brasil está entre os maiores competidores mundiais
em agronegócio. É o maior produtor mundial de café,
laranja e cana-de-açúcar. E é o maior exportador de carne
bovina do mundo.
O cultivo de lavouras de grãos aumentou 24% no
cerrado entre 2000 e 2008, por con ta do avanço do
plantio nas pastagens de gra dadas e áreas novas de
cerrado. Esse aumento reflete uma das prin cipais
transformações no campo nesse período, que é o
aumento da integração entre a criação de gado de corte
e o plantio de grãos. Este sistema reduz o custo de
manejo das duas atividades, além de aumentar a pro du -
tividade. Ele utiliza a mesma área para a lavoura durante
três anos e depois a transfere por um ano para a
pastagem. Assim, um quarto da propriedade é des tinado
à criação de gado e o restante ao plantio de lavouras.
No verão planta-se soja e algodão e no inverno, milho e
aveia. O sistema tem garantido boa produ tividade.
Na agricultura de precisão utilizam-se infor -
mações de satélites e computação para aumentar a
eficiên cia no controle de pragas e doenças e no uso de
máquinas. O resultado é uma elevada produtividade.
Agronegócio
PIB 23,7%
Empregos 31%
Exportações 36%
Plano Agrícola 2009/2010 R$ 41 bilhões
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10.AGRICULTURA FAMILIAR
Caracterizada pelas pequenas
pro priedades onde trabalham
famílias inteiras, com no máximo dois
empre ga dos.
A agricultura familiar é a que mais
cria empregos no campo, 7 de cada
10, e é responsável também pela
mai oria dos alimentos que
abastecem a mesa do bra si lei ro,
produzindo 84% da mandioca, 67%
do feijão, 54% do leite, 49% do milho,
40% de aves e ovos e 58% dos
suínos.
Pronaf – o Programa Nacional de Fortalecimento à
Agricultura Fa mi liar possui diversos planos de crédito
para o pequeno agricultor. Esses créditos têm duas
finalidades: custeio e investimento.
Os créditos de custeio são aqueles que se destinam
à compra de insumos, como adubos, sementes ou
serviços. Servem também para o plantio das lavouras ou
para a compra de rações para animais.
Os créditos para investimento são aqueles dirigidos
à compra de bens duráveis (tratores, máquinas e imple -
mentos) ou à realização de benfeitorias, como matrizes,
cercas, silos e estábulos.
11.PRINCIPAIS PRODUTOS AGRÍCOLAS
O Brasil destaca-se pela grande produção agro -
pecuária. Apesar de o País não depender apenas da
exportação oriunda deste setor, este ainda é responsável
pelo emprego de significativo percentual de ativos e
corresponde a segmento importante de nossa balança
comercial.
Dentre os produtos agrícolas brasileiros e seus
maiores produtores, merecem destaque:
❑ Lavouras permanentes
Algodão arbóreo
CE, PB, PI, RN, PE.
Banana
SP, BA, PA, MG, SC, PE.
Cacau
BA, PA, RO, ES, MT, AM.
Erva-mate
PR, RS, SC, MS.
Hévea
SP, MT, BA, MG, ES, MA.
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138 –
Café
MG, ES, SP, RO, BA, PR.
Pimenta-do-Reino
PA, MG, BA, MA, RO, PB.
Uva
RS, SP, PE, PR, BA, SC.
Laranja
SP, BA, SE, MG, RS, PR.
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– 139
❑ Lavouras temporárias
Algodão arbustivo ou herbáceo
MT, GO, BA, SP, MS, PR.
Juta
AM, PA.
Arroz
RS, MT, SC, MA, PA, TO.
Cana-de-açúcar
SP, AL, PR, MG, PE, MT.
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140 –
Sisal
BA, PB, RN, CE, PE.
Milho
PR, RS, SP, GO, MG, SC.
Tabaco
RS, SC, PR, AL, BA, SE.
Feijão
PR, MG, SP, BA, GO, SC.
Soja
MT, PR, RS, GO, MS, BA.
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– 141
Trigo
PR, RS, MS, SP, GO, MG.
Mandioca
PA, PR, BA, RS, SP, MA.
IBGE/DPE/COAGRO – Pesquisa de Estoques 1o. semestre de 2009
12.A AGRICULTURA MODERNA DO BRASIL
Os investimentos estatal e privados no setor agro pe -
cuário mudaram nos últimos anos o perfil da agricultura
brasileira, que amargava índices baixos de produti vi -
dade, sofria com a falta de recursos e com a preca rie -
dade da infraestrutura. No entanto, este panorama
mu dou recentemente, sobretudo no que se refere à
produção voltada para a exportação.
Os agronegócios movimentam bilhões de dólares
anualmente. O mercado das commodities impôs a
necessidade de uma produção dinâmica, sob o risco de,
com o processo de globalização, o País perder espaço
no mercado internacional.
Os investimentos são múltiplos e múltiplas são as
áreas: biotecnologia, mecanização, desenvolvimento de
sistemas de escoamento mais eficazes, com destaque
para o transporte intermodal, aumento na capacidade de
armazenagem, qualificação da mão-de-obra, monito -
ramento por satélites da área plantada, correção do solo,
tecnologia na antecipação de manifestação climática,
usinagem, irrigação, calagem. Enfim, a atividade agro pe -
cuária brasileira deixou de ser a agricultura da subsistência
ou da plantation; a nova agricultura é moderna, compe -
titiva, otimizada por recursos e técnicas, mas não resolveu
suas contradições: ainda falta terra para quem quer plantar,
praticam-se ainda as queimadas; a erosão, a lixiviação, a
laterização, e a voçoroca ainda ameaçam nossas safras.
13.TIPOS DE CRIAÇÃO E REBANHOS
Efetivo dos rebanhos em 2004
comparativamente a 2003 – Brasil
IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Agropecuária,
Pesquisa da Pecuária Municipal 2003 e 2004
❑ Características gerais da atividade
pecuária brasileira
• Rebanho entre os maiores do mundo: cerca de
230 milhões de cabeças.
• Ocupa 25% da superfície do país, com pastagens
naturais e artificiais.
• Baixa produtividade, de uma maneira geral,
devida:
– à inadequada estrutura fundiária;
– ao baixo nível tecnológico;
– a técnicas rudimentares.
❑ Criação extensiva
Tem como características marcantes:
– grandes áreas;
– gado criado à solta;
– pastagens naturais;
– falta de aplicação de técnicas avançadas de
criação;
– baixo rendimento;
– ser destinada ao corte (carne);
Estoque dos produtos 
investigados em 30/06/2009 – Brasil
Produtos Estoque em 30/06/2009 (t)
Algodão (em pluma)178 050
Algodão (em caroço) 3 802
Caroço de algodão 162 606
Semente de algodão 886
Arroz (em casca) 4 813 296
Arroz beneficiado 137 069
Semente de arroz 37 301
Café (em coco) 15 805
Café (em grão) 838 219
Feijão preto (em grão) 80 683
Feijão de cor (em grão) 116 505
Milho (em grão) 11 017 491
Semente de milho 266 781
Soja (em grão) 13 822 653
Semente de soja 469 905
Trigo (em grão) 3 601 901
Semente de trigo 38 769
Rebanho Efetivo2003
Efetivo
2004
Variação
2003/2004
Bovino 195.551.576 204.512.737 4,58
Suíno 32.304.905 33.085.299 2,42
Equino 5.828.376 5.787.250 –0,71
Asinino 1.208.660 1.196.324 –1,02
Muar 1.345.389 1.358.419 0,97
Bubalino 1.148.808 1.133.622 –1,32
Caprino 9.581.653 10.046.888 4,86
Coelhos 335.555 324.582 –3,27
Ovino 14.556.484 15.057.838 3,44
Galinhas 183.799.736 184.786.319 0,54
Galos, frangas, 
frangos e pintos
737.523.096 759.512.029 2,98
Codornas 5.980.474 6.243.202 4,39
C2_3o_GEO_Teoria_Rose 07/01/12 10:08 Página 141
142 –
– número reduzido de cabeças por hectare.
Ex.: Triângulo Mineiro, Campanha Gaúcha, sul do
Pará.
❑ Criação intensiva
Tem como características marcantes:
– áreas limitadas;
– rebanhos pouco numerosos;
– alto rendimento;
– aplicação de métodos científicos;
– ser destinada à produção de leite;
– proximidade dos grandes centros urbanos.
Ex.: Vale do Paraíba, sul de Minas Gerais etc.
❑ Criação semi-intensiva
– maior expansão atualmente.
C2_3o_GEO_Teoria_Rose 07/01/12 10:08 Página 142
– 143– 143
PRODUÇÃO MUNDIAL DE GADO
Bovinos Índia Brasil Rússia EUA
Bubalinos Índia China Paquistão Brasil (10.°)
Caprinos Índia China Paquistão, Nigéria Brasil (9.°)
Equinos China EUA México, Rússia Brasil (5.°)
Ovinos Austrália Rússia China, N. Zelândia Brasil (18.°)
Suínos China Rússia EUA, Alemanha Brasil (5.°)
Evolução da Produção de Leite – Brasil
IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Agropecuária,
Pesquisa da Pecuária Municipal
Ano Quantidade de leite (1.000 litros)
1990 14.484.413
1991 15.079.186
1992 15.784.011
1993 15.590.882
1994 15.783.557
1995 16.474.365
1996 18.515.390
1997 18.666.010
1998 18.693.914
1999 19.070.048
2000 19.767.206
2001 20.509.953
2002 21.643.740
2003 22.253.863
C2_3o_GEO_Teoria_Rose 07/01/12 10:08 Página 143
144 –
1. PETRÓLEO
Principais eventos históricos:
1896 – Primeira perfuração no interior de São Paulo.
1907 – Criação do Serviço Geológico e Mineralógico.
1937 – Descoberta de petróleo na Bahia, na região
do Recôncavo.
1938 – Criação do Conselho Nacional do Petróleo;
nacionalização das jazidas.
1953 – Criação do monopólio estatal e da Petro-
bras para gerir esses monopólios.
1975 – Criação dos contratos de risco, flexibilizando
a prospecção.
1997 – Instituída a lei que “quebra” o monopólio da
Petrobras que continua sob controle estatal.
É criada a ANP (Agência Nacional de
Petróleo).
2004 – Conclusão de estudos sobre a formação de
petróleo na camada do Pré-Sal.
2006 – Autossuficiência do Brasil em petróleo.
2007 – Descoberta da Bacia de Santos, no Campo
de Tupi.
2008 – Novas descobertas no Pré-Sal no ES e
Santos.
2009 – Definição do marco regulatório de
exploração do petróleo no Pré-Sal.
Criação da Petrosal.
2. O “FIM” DO MONOPÓLIO
Na década de 1940 e 50, o Brasil assistiu a uma
campanha intitulada “O Petróleo é Nosso”, que pregava a
estatização e o controle total sobre a produção de
petróleo. Vivia-se um período de nacionalismo exacer -
bado, e a campanha desembocou na criação da
Petrobras, em 3 de outubro de 1953. Essa medida desgos -
tou grupos defensores da livre iniciativa, que queriam a
atuação das multinacionais do petróleo no Brasil. Esses
grupos ganharam grande força a partir de 1973, quando
a crise mundial do petróleo mostrou a incapacidade da
Petrobras em suprir as necessidades nacionais. Os
próprios contratos de risco de 1976 demonstraram a
insatisfação do governo com a atuação de sua estatal. Os
defensores da livre iniciativa recrudesceram suas críticas à
Petrobras, mas os governos militares impe diram qualquer
medida que pusesse fim ao monopólio estatal.
Essa situação vai mudar com o fim do militarismo.
Nos governos pós-1986, surgem no Congresso tímidas
tentativas de pôr fim ao monopólio. O incentivo vai partir
do próprio governo constituído em 1994, que passa a
apoiar o fim da ingerência do Estado na economia,
propondo o fim do monopólio.
Em 1997, o Congresso aprovou a lei que determina
o fim da exclusividade da Petrobras. Mas, atenção: o
monopólio do Estado sobre o petróleo não terminou. O
Estado continua sendo responsável pela prospecção e
lavra, refino, importação e transporte de óleo bruto, mas
poderá ceder esses direitos para outras empresas que
se habilitarem, além da Petrobras. Cabe, entretanto, à
Petrobras alguns direitos como, por exemplo, determinar
a prioridade sobre certos campos de exploração,
destinando outros que não queira explorar para outras
empresas. Para regular essas atividades, o governo criou
a ANP (Agência Nacional de Petróleo). Além disso, a Pe -
tro bras continua a ser uma estatal, apesar de o governo
acenar com a possível venda de parte de suas ações.
Não obstante a movimentação legislativa, a Petro -
bras vem aumentando sua produção de óleo bruto,
chegando a 1,860 milhão de barris por dia em 2008.
As prioridades para os próximos anos, definidas pela
ANP e pela Petrobras, são:
• O investimento pesado nos chamados campos
maduros, aqueles cuja baixa produtividade até há bem
pouco tempo inviabilizava aportes maiores de capital das
operadoras de grande porte, como a Petrobras, que
aprovou o Programa de Revitalização de Campos com
Alto Grau de Explotação (Recage), que tem por objetivo
fazer um levantamento das áreas maduras da companhia
e rediscutir estratégias a elas destinadas. Além de
tecnologia para a repontecialização, a Petrobras também
se beneficia do fato de nessas áreas já haver toda uma
infraestrutura amortizada, o que torna necessário apenas
investimentos pontuais.
• O processo de amadurecimento da Bacia de
Campos merece atenção especial da Petrobras, que já
começou a traçar não só uma estratégia de rejuvenes ci -
mento dos campos hoje maduros, como também iniciou
um processo de migração para áreas não só com alto
potencial exploratório, como Santos, Espírito Santo e
Sergipe-Alagoas, como também as consideradas de
fronteira tecnológica. Em especial, temos as Bacias de
Cumuraxatiba (BA) e as localizadas na parte equatorial
do País, nas Regiões Norte e Nordeste.
Petrobras
Fontes de EnergiaMÓDULOS 15 e 16
C2_3o_GEO_Teoria_Rose 07/01/12 10:08 Página 144
– 145
Petrobras, 2008
(Ministério de Minas e Energia (MME) – Balanço 
Energético Nacional (BEN) 2006, Ano base 2005.)
Maiores Consumidores Mundiais de Petróleo, 
2007-2008 (em milhares barris/dia)
(Elaboração própria a partir 
dos dados do BP Statistical Review 2009. IBGE)
PETRÓLEO – PRODUÇÃO MUNDIAL
País
produtor
2005
106t %
País
exportador
2004
106t
País
importador
2004
106t
Arábia
Saudita
519 13,2
Arábia
Saudita
346 EUA 577
Fed. Russa 470 12,0 Fed. Russa 258 Japão 206
EUA 307 7,8 Noruega 132 China 123
Irã 205 5,2 Nigéria 123 Coréia do Sul 114
México 188 4,8 Irã 122 Alemanha 110
China 183 4,7 México 105 Índia 96
Venezuela 162 4,1 E. Árabes 95 Itália 93
Canadá 143 3,6 Venezuela 94 França 85
Noruega 139 3,5 Canadá 87 Fed. Russa 63
Nigéria 133 3,4 Iraque 75 Holanda 60
Demais 1.474 37,6 Demais 716 Demais 708
Países /
Continentes
(em milhares de b /d) 2008 /
2007 (%)
% Consumo
Mundial2007 2008
Estados Unidos 20.680 19.419 –6,1% 23,0%
China 7.742 7.999 3,3% 9,5%
Japão 5.039 4.845 –3,8% 5,7%
Índia 2.748 2.882 4,9% 3,4%
Rússia 2.706 2.797 3,4% 3,3%
Alemanha 2.393 2.505 4,6% 3,0%
Brasil 2.274 2.397 5,4% 2,8%
Canadá 2.323 2.295 –1,2% 2,7%
Coreia do Sul 2.389 2.291 –4,1% 2,7%
Arábia Saudita 2.054 2.224 8,3% 2,6%
Países-membros
OCDE
48.830 47.303 –3,1% 56,0%
África 2.776 2.881 3,8% 3,4%
América do Norte 25.030 23.753 –5,1% 28,1%
América do Sul &
Central
5.681 5.901 3,9% 7,0%
Ásia-Pacífico 25.277 25.339 0,2%30,0%
Europa & Eurásia 20.031 20.158 0,6% 23,9%
Oriente Médio 6.084 6.423 5,6% 7,6%
Total 84.878 84.455 –0,5% 100,0%
PRODUÇÃO DE GÁS NATURAL
(mil metros cúbicos/dia)
RJ — 23470
ES — 11.480
AM — 9.876
SE — 2049
AL — 1486
PRODUÇÃO DE PETRÓLEO
(barris/dia)
RJ — 1.597.387
ES — 193.962
RN — 60.861
AM — 52.964
BA — 49.472
SE — 42.072
SP — 16.983
C2_3o_GEO_Teoria_Rose 07/01/12 10:08 Página 145
146 –
1. EVOLUÇÃO INDUSTRIAL
q 1a fase (até 1808)
Não havia uma indústria brasileira. A atividade
industrial resumia-se à produção de tecidos grosseiros
e raros artigos de natureza artesanal.
q 2a fase (após 1808)
Caracterizada pela liberação da atividade industrial,
que até então havia sido proibida pela metrópole.
Começavam a surgir alguns setores de necessidade
imediata e de menor custo de capitais, tais como de
produtos alimentícios, têxteis, de artefatos de couro e
material de construção. A partir de 1889, o governo
passou a tomar medidas protecionistas no intuito de
defender a indústria nacional da concorrência externa.
q 3a fase (após 1953)
Conforme a nova orientação governamental,
observamos a grande aplicação de capital estrangeiro,
o planejamento da infraestrutura e a instalação de
setores básicos, como o da indústria automobilística,
construção naval, mecânica e química.
A terceira fase, iniciada após 1953, perdurou pelos
go vernos de Juscelino Kubitschek, João Goulart e gover -
nos militares, quando grandes investimentos estrangeiros
foram feitos no Brasil, com a vinda de multinacionais do
mundo todo (na última etapa, inclusive do Japão).
O processo de industrialização vinha sendo dire cio -
na do, desde a ditadura Vargas, para a concentração
espacial em São Paulo. No governo de Ernesto Geisel,
estabeleceu-se uma política de descentralização espa -
cial das indústrias, na tentativa de atraí-las para outros
centros. Surgiu assim o Plano Siderúrgico Nacional,
criando novos polos em outros pontos do Brasil, como
Salvador, na Bahia, e Porto Alegre, no Rio Grande do Sul.
Nos anos 80 houve a um processo de crise no
crescimento industrial, causado pela alta da taxa de juros
internacional, bem como pela crise da dívida externa,
que forçou o País a reduzir salários e desvalorizar a
moeda num esforço de exportação. Passou-se por um
período conhecido como estagflação, no qual, ao mesmo
tempo em que a economia não crescia, a inflação corroía
o poder de compra dos consumidores, impedindo a
modernização e a retomada do crescimento industrial.
O processo de estagflação só findou nos anos 90,
quando a dívida foi renegociada. Entramos numa nova
fase em que se estabelece a abertura às impor tações.
Se, por um lado, isto permite o reapa re lhamento de
muitos setores industriais pela importação de
maquinário, por outro lado prejudica o desen vol vimento
de diversos setores de base, em razão da concorrência
às vezes desleal dos produtos importados, podendo
gerar desemprego.
q 4a fase (após 1990)
Caracteriza-se pelas privatizações e por um proces -
so de descentralização do parque industrial.
O crescimento menor de São Paulo deve-se ao
processo de descentralização industrial.
Graças à entrada de industrializados importados e à
retração do mercado internacional, houve uma redução
da produção e do emprego industrial nos últimos anos.
2. OS GRANDES 
CENTROS INDUSTRIAIS DO BRASIL
Em 1930, o governo estabeleceu planos para
substituir paulatinamente os produtos manufaturados
importados. Durante a Segunda Guerra Mundial, foram
criados setores de indústria pesada, empregando-se, em
geral, equipa mentos de segunda mão.
q São Paulo
Já vimos que é na Região Sudeste onde se encontra
a maior e mais importante concentração industrial do
País, destacando-se o estado de São Paulo.
A maior concentração in dus trial do estado de São
Paulo encontra-se na Grande São Pau lo, formada pelo
município de São Paulo e mais 39 muni cí pios vizinhos.
A Grande São Paulo é um centro poli-industrial e
constitui o maior parque industrial do Brasil e da América
Latina. Além do município de São Paulo, me re cem
destaque vários outros mu ni cípios de grande impor tância
industrial, tais como: ABCDMR, ou seja, pela ordem:
Indústria de TransformaçãoMÓDULOS 17 e 18
(IBGE)
C2_3o_GEO_Teoria_Rose 07/01/12 10:08 Página 146
– 147
Santo An dré, São Bernardo do Campo, São
Caetano do Sul, Diadema, Mauá e Ribeirão
Pires. Além desses, destacam-se também:
Osasco, Guarulhos, Mogi das Cruzes,
Suzano etc.
No estado de São Paulo, além da
Grande São Paulo, encontramos importantes
centros industriais, normal mente situados ao
longo dos principais eixos rodoviários ou
rodoferroviários, tais como:
– Anhanguera – Campinas, Americana,
Limeira, Piracicaba, Ribeirão Preto.
– Dutra – Jacareí, São José dos Campos,
Taubaté etc.
– Washington Luís – Rio Claro, São
Carlos, Arara quara, São José do Rio Preto
etc.
– Marechal Rondon – Bauru, Lins.
– Raposo Tavares – Sorocaba,
Itapetininga, Presi dente Prudente.
– Anchieta – Cubatão, Santos.
(Pesquisa Industrial 2008. Empresa, Rio de Janeiro: IBGE)
q Rio de Janeiro
No estado do Rio de Janeiro, a maior concentração
industrial encontra-se na Grande Rio (centro poli-
industrial).
Além da capital, destacam-se centros monoin -
dustriais, como: Petrópolis e Nova Friburgo (têxtil), Volta
Redonda, Barra Mansa (siderurgia), Campos (açúcar)
etc.
q Minas Gerais
Em Minas Gerais, graças à abundância de recursos
minerais (ferro, manganês, ouro, alumínio etc.), desen -
volveu-se um grande centro metalúrgico e siderúrgico
localizado não só na Grande Belo Horizonte (Belo
Horizonte, Sabará, Nova Lima, Contagem, Betim), mas
também em municípios como Mariana, Santa Bárbara,
Itabirito (zona metalúrgica), além de Juiz de Fora e
outros.
q Outros
• Rio Grande do Sul
Destacam-se a capital, como centro poli-industrial, e
centros periféricos, como Esteio, Canoas, Gravataí. São
importantes também: Caxias (vinhos), Novo Hamburgo
(couros, calçados), Pelotas (alimentos, carnes).
• Paraná
Destaque para a capital (móveis, alimentos, auto mo -
bilística), Ponta Grossa e Guarapuava (madeira).
Obs.: No Nordeste, a iniciativa oficial, por meio de
incen tivos, principalmente da Sudene, possibilitou a
instalação de vários parques industriais, geralmente
localizados nas capitais dos principais estados.
• Recife
Destaque para o distrito industrial do Cabo, além de
núcleos industriais como Paulista, Corado, Jaboatão e
São Lourenço da Mata.
• Salvador
Destaque para os distritos industriais de Aratu (side -
rur gia – Usiba) e Camaçari (polo petroquímico).
3. AS INDÚSTRIAS TRADICIONAIS
As indústrias tradicionais compreendem vários
ramos, tais como: alimentício, têxtil, madeireiro, bebidas,
couro, calçados, móveis, fumo etc.
A maior concentração dessas indústrias encontra-se
no estado de São Paulo, o qual participa com 40% do
total. No caso do Brasil, os dois setores mais importantes
são o alimentício e o têxtil.
q Indústria alimentícia
A indústria alimentícia abrange diversos produtos,
tais como: farinha, massas, laticínios, conservas, carnes,
ó leos e gorduras, bebidas, doces, açúcar etc. A indústria
C2_3o_GEO_Teoria_Rose 07/01/12 10:08 Página 147
148 –
alimentícia e a indústria têxtil, estão entre as primeiras
indústrias criadas no País.
Sua instalação efetiva ocorreu na segunda metade
do século XIX, apoiada principalmente em capitais
gerados pela economia cafeeira e na mão-de-obra
imigrante. No início do século XX, esta indústria atingiu a
autossuficiência e sofreu grande expansão do mercado
consumidor, a partir da década de 30 e principalmente
na década de 50, com o grande crescimento urbano.
Continua sendo a mais importante indústria do País,
ocupando o 1o lugar em número de estabelecimentos,
pessoal ocupado e em valor de produção.
Embora apareça disseminada por quase todo o
território nacional, é na Região Sudeste e, dentro desta
região, no estado de São Paulo, que se verifica a sua
maior concentração. Além de São Paulo, os agrupa -
mentos mais importantes encontram-se nas principais
metrópolesdo País, como: Rio de Janeiro, Belo Hori -
zonte, Porto Alegre, Recife, Salvador etc.
q Alguns destaques
– Carnes: (frigoríficos) – Araçatuba, Barretos,
Uberlândia, Rio Grande, Pelotas, Campo Grande.
– Bebidas: Ribeirão Preto, Caxias do Sul, Bento
Gonçalves, Jundiaí, São Roque.
– Laticínios: Araras, Guaratinguetá, Três Corações.
– Açúcar (usinas): Campos, Piracicaba, Maceió.
q Indústria têxtil 
A indústria têxtil, também instalada na segunda
metade do século XIX, teve seu crescimento e expansão
baseados no aumento populacional e consequente
ampliação do mercado consumidor.
Sofreu grande expansão a partir da década de 40,
graças ao bloqueio das importações (Segunda Guerra),
o que liberou o mercado interno para a produção
nacional e, ao mesmo tempo, fez com que conquistasse
alguns mercados externos (Europa, América Latina).
Na década de 50, este setor passou por uma certa
retração, em virtude de a maior atenção governamental
estar vol ta da para os setores dinâmicos da indústria. A
partir de 1967, ocorreu uma dinamização do setor, com
a ex pan são do mercado interno e das exportações. Entre
1972 e 1973, o aumento das exportações de tecidos foi
de 100%.
A indústria têxtil, a exemplo da alimentícia, apresen -
ta-se disseminada por grande parte do País e coloca-se
também entre as mais importantes do País em pessoal
ocupado (5a, em 1990) e em valor de produção (7a, em
1990). As maiores concentrações aparecem em São
Paulo, Minas Gerais, Santa Catarina, Rio de Janeiro e
Região Nordeste (Recife, Salvador etc.).
4. AS INDÚSTRIAS DINÂMICAS
As indústrias dinâmicas correspondem, de modo
geral, àquelas que, produzindo bens de produção, são
responsáveis pela dinamização das demais indústrias e,
em consequência, da própria atividade industrial. Por
indústrias dinâmicas podemos entender diver -
sos ramos, como: siderurgia, mecânica, naval,
química etc.
q Indústria siderúrgica
Foi somente a partir de 1917 que se instalou no País,
por iniciativa da Companhia Siderúrgica Belgo-Mineira,
localizada inicialmente em Sabará (MG) e depois em
Monlevade (MG). Aproveitando a abundância de minério
de ferro em Minas Gerais, outras siderúrgicas foram
instalando-se na região e, durante muito tempo, esse
estado foi o único centro siderúrgico do País. As cau sas
que retardaram a instalação da siderurgia no Brasil
foram:
a) escassez de carvão mineral;
b) falta de mão-de-obra;
c) falta de capitais;
d) ausência de indústrias capazes de consumir a
produção.
PRODUÇÃO DE AÇO
Brasil 25.076.000 toneladas
Minas Gerais 9.603.000 toneladas
Rio de Janeiro 5.836.000 toneladas
São Paulo 4.670.000 toneladas
Espírito Santo 3.739.000 toneladas
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– 149
A partir de 1942, a siderurgia tomou grande impulso
com a instalação da Companhia Siderúrgica Nacional
(ex-empresa estatal), em Volta Redonda, no Vale do
Paraíba fluminense. A sua localização obede ceu:
a) à situação intermediária entre as jazidas de carvão
(SC) e as áreas produtoras de minério de ferro (MG);
b) ao ponto de encontro entre a Central do Brasil e a
Rede Mineira de Viação;
c) à proximidade dos maiores centros industriais e
consumidores do País: São Paulo e Rio de Janeiro;
d) à abundância de energia elétrica;
e) à maior disponibilidade de mão-de-obra.
Tendo iniciado sua instalação em 1942, a CSN entrou
em produção a partir de 1946, representando o marco
da indústria de base no País e abrindo novas
perspectivas para o desenvolvimento industrial.
A elevada taxa de crescimento alcançada por este
setor deve-se a vários fatores, tais como:
a) desenvolvimento das atividades industriais de
base, as quais passaram a consumir a produção
siderúrgica (naval, automobilística, mecânica etc.);
b) rápido desenvolvimento do setor de construção civil;
c) grande apoio governamental;
d) aumento do consumo de produtos industria liza dos.
O principal problema que afeta a indústria side rúr gica
é o fornecimento de matérias-primas (carvão mi ne ral),
sendo, por isso, muito grande o consumo de carvão vegetal.
• Os grupos siderúrgicos
Para fins didáticos, podemos reunir as usinas
siderúrgicas do Brasil em três grupos principais:
• Grupo siderúrgico mineiro
– Usiminas, localizada em Ipatinga, no Vale do Rio
Doce.
– Acesita, em Itabira.
– Companhia Belgo-Mineira, com instalações em
Sabará e Monlevade.
– Companhia Siderúrgica Mannesmann, localizada
em Belo Horizonte.
• Grupo siderúrgico paulista
– Cosipa, localizada em Piaçaguera (município de
Cubatão).
– Aços Villares, em São Caetano do Sul e Aços
Anhanguera–SP.
• Grupo siderúrgico do Rio de Janeiro
– Companhia Siderúrgica Nacional, em Volta
Redonda.
– Companhia Siderúrgica Barra Mansa, em Barra
Mansa.
– Cosigua, na cidade do Rio de Janeiro.
Outras siderúrgicas
– Companhia Ferro e Aço de Vitória (Cofavi), em
Vitória (ES).
– Companhia Siderúrgica do Nordeste (Cosinor), em
Pernambuco.
– Usina Siderúrgica da Bahia (Usiba), em Aratu (BA).
– Aços Finos Piratini, em Canoas (RS).
– Siderúrgica da Amazônia (Siderama), em Manaus
(AM).
Observações
1) 94% da produção siderúrgica concentra-se no
Sudeste.
2) As maiores produções siderúrgicas são obtidas
pela Usiminas, CSN e Cosipa.
3) Em 1973, foi criada a Siderbras (Siderúrgica
Brasileira S/A), a fim de funcionar como planejadora e
integralizadora e de gerar empreendimentos siderúr -
gicos com participação governamental.
4) Na década de 90 houve a privatização
das siderúrgicas estatais.
C2_3o_GEO_Teoria_Rose 07/01/12 10:08 Página 149
150 –
DISTRIBUIÇÃO INDUSTRIAL
Produção de aço bruto 
(milhões de toneladas)
• Consumo per capita de aço no Brasil
O consumo aparente per capita de aço é um dos
indicadores do desenvolvimento econômico de um país.
Na América Latina, o Brasil ocupa o 1o lugar na
produção de aço, seguido por México, Argentina e
Chile. Entretanto, se levarmos em conta o consumo
aparente per capita, o Brasil é superado pela Venezuela,
Argentina e Chile.
Atualmente, o governo leva adiante um processo de
privatização das companhias siderúrgicas, como a
Cosipa, a Usiminas, a CSN, visando com isso passar
para o setor particular várias empresas que oneravam
sua balança de pagamento. Tal processo, levado a cargo
pelo BNDES, vem-se intensificando desde 1990.
q Indústria automobilística
• Histórico
Durante a Segunda Guerra Mundial, em razão das
dificul dades de importação de peças de reposição, o
Brasil passou a produzi-las no próprio País, originando,
assim, a indústria de autopeças.
Posteriormente, graças à liberação da importação de
veículos e peças, a nascente indústria de autopeças do
Brasil quase sucumbiu, isso só não ocorrendo porque em
1952 o governo passou a proibir a importação de peças
que já possuíssem similares no Brasil.
Em 1953, o governo proibiu a importação de veículos
a motor completos e montados, porque o Brasil já
possuía linhas de montagem instaladas no País.
Em 1956, com a criação, pelo governo, do Geia –
Grupo Executivo da Indústria Automobilística –, instalou-se
definitivamente a indústria automobilística no País. A
primeira indústria automobilística introduzida no Brasil foi a
Vemag (1956) e, a seguir, a Volkswagen do Brasil (1958).
Visando a estimular o desenvolvimento e os investi -
mentos do setor, foram adotadas medidas, como:
– isenção por 30 meses do pagamento do imposto
de consumo e de taxas alfandegárias para importação
dos equipamentos de produção;
– crédito do BNDE (Banco Nacional de Desen-
volvimento Econômico) e outras medidas.
Além disso, o investidor estrangeiro contava com
outras vantagens ou condições favoráveis, tais como:
– mercado interno em expansão;
– mão-de-obra numerosa e barata;
– disponibilidade de matéria-prima;
– siderurgia e química em expansão;
– existência de uma indústria de autopeças.
Diante das inúmeras vantagens oferecidas, foi
naturalmente possível atrair os investidores europeus e
norte-americanos.
A escolha para a localização da indústria auto mo -
bilística no estado de São Paulo, e particularmente na
região do ABC, deve-se a váriasrazões, como:
– instalações de montagens já pertencentes aos
estrangeiros;
– maior concentração da indústria de autopeças em
São Paulo;
– disponibilidade de energia elétrica;
– mão-de-obra a baixo custo;
– mercado consumidor;
– proximidade do porto de Santos e da Via Anchieta;
– existência de metalurgia e siderurgia (Cosipa)
para fornecer matéria-prima (chapas etc.).
Com a instalação da indústria automobilística,
verifica-se grande expansão de atividades comple -
mentares ou subsidiárias, tais como:
– indústria de artefatos de couro e borracha;
– indústria de vidros;
– metalurgia e siderurgia.
• A produção da indústria automobilística
A produção automobilística vem passando por um
grande crescimento desde 1958, colocando-se, atual -
mente, entre as dez maiores do mundo, sendo superada
pelos seguintes países: Japão, EUA, Alemanha,
Inglaterra, França, Itália, Canadá e Coreia do Sul.
As principais empresas automobilísticas são:
– Volkswagen do Brasil – SP;
– General Motors do Brasil – SP;
– Ford Motores do Brasil – SP;
– Mercedes-Benz do Brasil – SP;
– Fábrica Nacional de Motores – RJ;
– Fiat do Brasil – MG;
– Volvo do Brasil – PR.
Mundial
País / região
Janeiro / Março
2008 2007
China 124.936 115.089
UE 53.338 54.017
CEI 32.189 30.982
Japão 30.840 29.527
EUA 25.368 23.504
Outros 73.992 69.401
Total 340.663 322.520
C2_3o_GEO_Teoria_Rose 07/01/12 10:08 Página 150
– 151
PRINCIPAIS SETORES INDUSTRIAIS
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152 –
FRENTE 2 Geografia do Brasil
Região Nordeste –
Zona da Mata / Agreste / Sertão / Meio-Norte
MÓDULO 11
1. ASPECTOS GERAIS
O Nordeste é a terceira região geoeconômica do
Brasil em extensão (1.561.177,8 km2), a segunda em
efetivos populacionais (53.081.950 habitantes), segundo
o IBGE em 2010, e a terceira em termos de população
relativa, com 34,0 hab./km2.
Sua população é mal distribuída e seu padrão de
vida é mais baixo que a média nacional, constituindo-se
em tradicional área de emigração.
A Região Nordeste do Brasil está compartimentada
em quatro sub-regiões, que são: Zona da Mata, Agreste,
Sertão e Meio-Norte.
A diversidade do quadro natural em cada uma das
regiões determinou um processo diferenciado de
ocupação humana e de desenvolvimento econômico.
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– 153
2. ZONA DA MATA
Abrange 7% da área total do Nordeste e reúne
aproximadamente 23% da população, tendo como
características naturais um clima tropical quente e úmido,
solos férteis (domínio dos mares de morros florestados),
presença de rios perenes e sua cobertura vegetal,
outrora constituída por matas — Mata Atlântica —, é hoje
o que se denomina “Zona da Mata”.
A Mata Atlântica (mata latifoliada tropical úmida de
encosta), que no século XVI se estendia do Rio Grande
do Norte ao Rio Grande do Sul, encontra-se bastante
destruída, pois suas terras foram cedendo lugar à
agricultura e a outras formas de ocupação humana.
Nessas áreas, antes ocupadas pela mata, os solos são
em geral mais espessos e ricos em húmus, o que
contribuiu para a expansão da atividade agrícola.
C2_3o_GEO_Teoria_Rose_2012 10/01/12 15:55 Page 153
Hoje, o que resta da Mata Atlântica aparece prin -
cipal mente no sul da Bahia, mas a existência de
madeiras de lei (jatobá, jacarandá, pau-de-jangada etc.)
tem levado à derrubada sistemática de árvores na região.
São numerosas as serrarias, beneficiando madeiras que
são escoadas pela rodovia Rio-Bahia.
As matas tropicais aparecem em outros pontos da
região, formando verdadeiras “ilhas” no Agreste, no Cariri
e no Vale do São Francisco.
A Zona da Mata alonga-se no sentido norte-sul,
desde o Rio Grande do Norte até a Bahia. Ela apresenta-
se modi fi cada em vários pontos: ora ela é mais extensa,
como em Pernambuco, ora é mais restrita e aparece
junto aos vales fluviais (Rio Grande do Norte e Paraíba).
Podem-se verificar ao longo da Zona da Mata modifi -
cações climáticas (tropical com chuvas de inverno e
tropical sempre úmido) que terão certa influência no uso
do solo para cana-de-açúcar, cacau, coco e seringueira.
A plantation é o sistema predominante nesta faixa
litorânea e ainda hoje a lavoura canavieira é o elemento
dominante na paisagem.
Tomando o lugar anteriormente ocupado pela
floresta, a cana-de-açúcar não aparece com a mesma
intensidade nos diversos Estados nordestinos. No Rio
Grande do Norte e Paraíba, a cana ocupou as várzeas
fluviais, formando os chamados “rios de açúcar”. Em
Pernambuco, dadas as condições naturais mais favo rá -
veis, as lavouras expandiram-se e têm um papel impor -
tante, particularmente no sul do Estado. De Pernam buco
para o sul, sua importância diminui; reaparece no
Recôncavo, formando uma nova concentração.
Guardando uma feição da lavoura monocultora, a
cultura canavieira sofreu algumas transformações: seu
principal mercado é o Sudeste, existindo trechos onde
foi introduzida a mecanização (Alagoas), e os engenhos
(bangues) foram substituídos por modernas usinas
açucareiras. O aparecimento das usinas gerou profundas
alterações nas relações de trabalho. Os antigos traba -
lha dores rurais passaram em sua grande maioria à con -
dição de assalariados. A malha fundiária também se
modificou, pois, como as usinas têm maior capacidade
de produção que os engenhos tradicionais (bangues),
ela vai gradativamente incorporando terras, aumen -
tando a concentração fundiária e fazendo surgir
os chamados “engenhos de fogo morto”, “engenhos de
fogo apagado” e “engenhos de fogo de palha”; implica
até mesmo a absorção de terras destinadas às lavouras
de subsistência, privando, consequentemente, os tra ba -
lhadores rurais da possibilidade da própria manutenção
e do aumento de suas rendas familiares, por meio da
venda de excedentes.
Podemos observar, portanto, que dois processos
gerais ocorrem na agroindústria açucareira no
Nordeste:
• a concentração fundiária;
• a proletarização da população rural.
No processo de utilização de mão-de-obra, as usinas
provocaram o surgimento do trabalhador assalariado
com nivelamento por baixo, sendo a maior parte deles
não residente nas propriedades (“volantes” ou “corum -
bas”): moram em favelas, nos centros urbanos, e só têm
emprego na época de colheita. Este não é o caso dos
trabalhadores dos “engenhos do fogo morto”, que forne -
cem cana para as usinas e são na maioria rendeiros
ou parceiros.
A produção de açúcar na Zona da Mata tem sofrido
séria concorrência de São Paulo, que é o primeiro pro du -
tor brasileiro. Têm ocorrido diversas crises de superpro -
dução de açúcar, e por isso o extinto IAA (Instituto do
Açúcar e do Álcool) vem fixando cotas mínimas para
consumo do açúcar nordestino, além de tê-lo destinado,
na maior parte, à exportação. Mesmo assim, a crise
estrutural gerada pelo latifúndio monocultor de cana
persiste, o que já fez o IAA intervir em diversas usinas.
Quem mais sofre é o homem da Zona da Mata, o
trabalhador que chega a ficar muitas vezes durante oito
meses sem receber salário, o “corumba” permanen te -
mente desempregado ou subem pregado.
A população do Nordeste vive em tal situação, que
fez os cientistas sociais chamarem aquela região de
“Índia Brasileira”, pela miséria que ali se verifica, pela
terrível fome e mortalidade, principalmente infantil.
Essa área, rica em tensões sociais pela estrutura
exploratória existente, já foi palco de grandes agitações
políticas depois de alguns lavradores começarem a se
alfabetizar e a tomar consciência de seus problemas.
Além da Zona da Mata em Pernambuco e Alagoas,
de maior produção, existem também alguns “canaviais-
brejos”, como o de Cariri, onde a produção se destina
mais ao consumo local e ao fabrico de rapadura.
Mais ao sul, na Bahia, apareceu outra atividade
monocultora: o cacau — obtido em larga escala através
do sistema de plantation. Produto originário da
Amazônia, o início de seu cultivo, no começo do século
XVIII, deu margem a uma onda de povoamento, cujos
aspectos humanos mais vivos foram registrados pelos
romances do “Ciclo do Cacau” de Jorge Amado.Aí
aparecem também os latifúndios que utilizam princi -
palmente a mão-de-obra assalariada.
O cacaueiro é uma pequena árvore que exige muita
sombra, sendo por isso plantado em meio a regiões de
mata. De seu fruto, pode-se produzir chocolate, manteiga
de cacau e alguns produtos para a indústria farma cêu tica.
O Brasil é um grande exportador de cacau, ocupan -
do um dos primeiros lugares, ao lado de Gana, Nigéria e
Costa do Marfim.
A maior produção dá-se no município de Ilhéus e, a
seguir, no de Itabuna, fazendo com que a Bahia, na área
compreendida entre os rios das Contas e Cachoeiras,
detenha 95% da produção brasileira.
É também nesta porção sul da Bahia que recen -
temente foi introduzida a cultura de hévea (serin gueira),
dadas as condições naturais semelhantes às da Ama -
zô nia.
3. AGRESTE
Abrange 3% da área total do Nordeste, com cerca
de 16% de sua população.
154 –
C2_3o_GEO_Teoria_Rose 07/01/12 10:08 Página 154
O Agreste é uma faixa de transição entre a Zona da
Mata e o Sertão. Às vezes ele é bem característico em
seus aspectos, outras vezes ele pode ser identificado
com a Mata, em seus trechos mais úmidos, ou com o
Sertão, em seus trechos mais secos.
“... o que caracteriza o Agreste é a diversidade de
paisagens que ele oferece em curtas distâncias,
funcionando quase como uma miniatura do Nordeste,
com suas áreas muito secas e muito úmidas...”
(M. C. Andrade.)
O Agreste é um tipo de vegetação que se associa a
solos pedregosos, duros ou arenosos. É constituído de
árvores, arbustos e palmeiras e apresenta um tapete de
vegetação rasteira. Como vegetação de transição que é,
ora aparecem espécies de mata próxima, ora espécies
de caatinga.
Predominam aqui as pequenas propriedades de
caráter minifundiário, voltados à produção de alimentos
(nas áreas úmidas dos brejos) ou à pecuária (nas áreas
mais secas).
O Agreste está intimamente ligado à Borborema e
quase sempre ocupa a porção oriental do topo do
planalto. Constituído por uma longa faixa que se estende
do Rio Grande do Norte aos planaltos baianos, o Agreste
tem como uma das principais características a ausência
de culturas tropicais valorizadas; é a policultura que as -
sume um papel de destaque.
A presença de fazendas de gado é outro elemento
característico do Agreste, sendo a sua atividade mais
importante.
A introdução da cultura do algodão, em fins do século
XVIII, provocou transformações na estrutura fundiária e
nas relações de trabalho. As propriedades foram dividi -
das, arrendadas em parcelas e exploradas por rendei -
ros e pequenos proprietários, chegando a constituir
verdadeiros minifúndios.
Em certos trechos, devido à formação de chuvas de
relevo, formam-se os brejos, onde se produzem gêneros
alimentícios e frutas combinados com culturas comerciais:
cana, café, fumo e sisal, principalmente.
Apresentando densidades demográficas elevadas e
uma estrutura agrária que tende para o minifúndio, o Agreste
constitui uma área onde a pressão sobre a terra já se fez
sentir com certa intensidade, favorecendo as migrações.
4. SERTÃO E LITORAL SETENTRIONAL
O Sertão e o Litoral Setentrional abrangem uma vasta
área (60% da superfície regional, com 48% da popula -
ção), onde as atividades econômicas são bastante
diferenciadas.
Quanto aos aspectos naturais, convém ressaltar que
se trata de uma área onde ocorre uma fisionomia sui
generis no Brasil, pois o clima tropical semiárido (Bsh,
segundo Köppen) com caatinga e rios intermitentes a
caracterizam predominantemente, ocorrendo ainda solos
pedregosos, mas férteis. Esta é a área de domínio das
depressões interplanálticas semiáridas.
As caatingas ocupam grandes extensões no Nor des -
te. Apresentam aspectos bem diversos quanto ao porte
e à densidade vegetal, de acordo com as condi ções
climáticas e do solo.
Como um todo, as caatingas estão adaptadas às
condições semiáridas, havendo grande quantidade de
bromeliáceas (plantas semelhantes a enormes “co -
roas” de abacaxi, cujas espécies mais comuns são o
caroá e a macambira) e cactáceas (xiquexique,
facheiro, mandacaru, palma) disseminadas no meio das
árvores e arbustos (aroeira, juazeiro e umbu).
De um modo geral, as caatingas são um tipo de vege -
ta ção aberta e baixa, cujas principais características são:
perda de quase a totalidade das folhas no período seco,
grande ramificação das árvores e arbustos e existência
frequente de plantas espinhentas. Entre as formações
vegetais das caatingas, várias se destacam pelo seu valor
econômico, como a oiticica (óleos), o caroá (fibra), o angico
(tanino) e a aroeira (construção).
À medida que nos afastamos do Sertão, as caatingas
cedem lugar, para oeste, às formações do cerrado, que
recobre grandes extensões do Maranhão, Piauí e oeste
da Bahia.
Desde os tempos coloniais, predominam os latifún -
dios para a criação de gado, ainda a principal atividade
econômica. Nos trechos chamados de “pés de serra” e
“altos de serra”, bem como nos vales dos rios, que são
as áreas mais úmidas, aparecem as pequenas proprie -
dades agrícolas.
O conjunto de diferenciações pode ser explicado
pela relação entre o quadro natural e as formas de
atividade humana.
– 155
C2_3o_GEO_Teoria_Rose 07/01/12 10:08 Página 155
“O Litoral Setentrional, por exemplo, forma uma
estreita faixa que acompanha a costa; a praia em toda a
sua extensão é coberta por dunas arenosas que, levadas
pelo vento, caminham em geral para oeste. Este cami -
nhar constante causa sérios problemas aos habitantes
da faixa litorânea, pois quando não fixadas, elas aterram
as salinas, habitações esparsas e até pequenas aglo -
merações urbanas. Dificultam a construção de estradas
e assoreiam a foz dos rios, impedindo a utilização dos
estuários como portos… Aí, devido à baixa umidade do
ar e amplitude das marés (2 a 3 m) e à pouca elevação
da costa, os baixos vales dos Rios Açu, Mossoró e
Jagua ri be são utilizados pelos produtores de sal,
transformando-se as várzeas numa sucessão de ‘cercas’
e ‘cris- talizadores’ em que a água salgada se condensa
e onde também pirâmides de sal se empilham.”
(M. C. Andrade.)
A exploração salineira está hoje em mãos de Northon
(EUA), da MZK (holandesa) e de uma empresa italiana,
o que alterou profundamente a estrutura da produção da
área. Na década de 1970, foi construído o terminal marí -
ti mo de Areia Branca, que é o principal porto salineiro da
região e do Brasil.
Outra área bem característica é a representada pelas
várzeas largas e baixas dos rios sertanejos, que têm
dezenas de quilômetros de largura, cujas depressões
são transformadas em lagoas na época das enchentes e
que estão cobertas por verdadeiras matas galerias de
carnau beiras, ocupadas por habitações ou por roçados
de milho, algodão e culturas de subsistência. Nestas
áreas, a estrutura fundiária caracteriza-se por proprie -
dades que são estreitas junto aos rios e muito compridas,
esten dendo-se até os limites das “serras”. A população
(as salariados, arrendatários e parceiros) combina dife -
ren tes atividades econômicas (agricultura, pecuária e
extração vegetal), para fins de subsistência ou para fins
comerciais. A mais importante é a extração da cera de
carnaúba.
Nos grandes pediplanos sertanejos, onde os rios são
em sua grande maioria intermitentes, e os solos são muito
rasos, devido à presença de afloramentos rochosos, a
atividade agrícola se vê limitada a umas poucas culturas:
mandioca, feijão e milho, para fins de subsistência
(culturas de “vazantes”), e o algodão, que constitui uma
agricultura comercial típica do Sertão. A maior parte do
Sertão, entretanto, é ocupada por latifúndios de
criação (bovinos e caprinos). O gado é criado à solta,
sendo as caatingas as “pastagens” naturais que servem
de base a esta atividade econômica.
As áreas serranas (Araripe, Apodi, Ibiapaba,
Baturité), apesar de exíguas, funcionam como áreas de
concentração populacional e como centros de produção
agrícola. O Cariri, aos pés da Chapada do Araripe,
constitui uma das mais importantes “ilhas úmidas” do
Sertão. A maior umidade e a presença de solos maisférteis condicionaram a expansão de culturas como a
cana e o café, estabelecendo profundas diferenças com
as outras áreas sertanejas.
O Vale do São Francisco é uma outra área que se
destaca. Apesar de seu regime ser extremamente irre-
gular, o São Francisco é um rio perene, com cheias que
inundam as várzeas, ilhas e terras marginais, que são
assim fertilizadas à medida que as águas baixam, e
podendo então ser cultivadas. A matéria orgânica e a
umidade deixadas pelo rio permitem uma produção
diversificada, incluindo a agricultura de subsistência e a
agricultura comercial de arroz e cebola, principalmente,
e a cultura de melão e uvas.
A estrutura fundiária também se apresenta diversi fi -
cada: grandes latifúndios caracterizam as áreas de
pecuária; pequenas propriedades, que tendem ao
minifún dio, aparecem nas “serras” ou em outras áreas,
com predomínio da agricultura.
5. MEIO-NORTE
❑ Aspectos gerais
Abrange 30% da área total do Nordeste, concen tran -
do aproximadamente 13% da população. É uma zona de
transição entre o sertão nordestino, a Amazônia e o
Centro-Oeste, e, embora apresente grande variedade de
aspectos naturais que se alteram segundo a sua
localização, podemos salientar o predomínio de um
vegetal, o babaçu (Mata dos Cocais).
156 –
C2_3o_GEO_Teoria_Rose 07/01/12 10:08 Página 156
Do seu lado oeste, o Meio-Norte apresenta uma
típica característica amazônica, sendo incluída também
na Amazônia Legal a metade ocidental do Maranhão.
Caminhando para o sudeste da área, a rarefação das
chuvas, o surgimento de elementos climáticos do tipo
Bsh e das espécies vegetais características da caatinga
evidenciam influência da Região Nordeste. O Brasil
Central também se faz sentir no Meio-Norte em sua
porção meridional, onde a pecuária exercida no cerrado
lembra os campos de criação de Tocantins. Os recursos
de integração regional do Maranhão e Piauí foram até o
ano 2000 orientados tanto pela Sudam (oeste mara nhen -
se) como pela Sudene, que administrava o restante do
território desses dois Estados.
No que tange às características socioeconômicas,
ocorre predomínio dos latifúndios dedicados à criação
de gado e à extração vegetal.
Os babaçuais aparecem na porção central do
Estado do Maranhão e se estendem entre os vales dos
Rios Turiaçu e Parnaíba.
Seu aproveitamento econômico é considerável, sen -
do fonte de matérias-primas para as indústrias de sabão,
detergente, margarina, manteiga de cacau e óleos
vegetais.
À proporção que se caminha para o sudeste do Ma -
ranhão, as formações de babaçu vão se tornando menos
densas, substituídas pouco a pouco pelos carnaubais.
A carnaúba tem um papel bastante importante na
economia regional e aparece frequentemente ao longo
dos rios, formando verdadeiras matas de galerias. Os
carnaubais aparecem em geral nas áreas de clima mais
seco, estendendo-se do Piauí ao Rio Grande do Norte.
Resta fazer referência às manchas de campos (os
campos inundáveis do Maranhão são os mais impor tan -
tes) e à vegetação litorânea (manguezais, vege -
tação das dunas, restingas e tabuleiros), cuja presen ça
e cujas características dependem das condições locais.
❑ O processo de povoamento do Meio-Norte
A colonização do Meio-Norte teve basicamente duas
direções.
No Maranhão, foi a partir do século XVII que a área do
Golfão, depois da expulsão dos franceses, começou a ser
povoada, por meio de exploração agrícola nos vales dos
rios. Ao longo do Itapecuru desenvolveu-se também uma
atividade pecuária, os “currais de dentro”. O ciclo da
cana-de-açúcar não levou o Maranhão ao esplendor das
áreas litorâneas do Nordeste, mas no século XVIII a
introdução da plantation de algodão com trabalho escravo
povoou e enriqueceu a antiga província, num processo
que Celso Furtado chama de “falsa euforia” do fim do
Período Colonial. Os negros, antes inexistentes na região,
passaram a constituir parte fundamental da sua vida, e
nas regiões próximas do Golfão, como ao longo dos Vales
dos Rios Itapecuru e Mearim-Pindaré, os trabalhadores
africanos propiciaram aos seus senhores uma vida
bastante opulenta que até hoje se reflete nos antigos
sobradões das cidades tradicionais.
Afirmam os historiadores: “O algodão, apesar de
branco, tornou preto o Maranhão”. Também o arroz foi
introduzido nessa época. O Piauí, de maneira diversa, foi
colonizado a partir do fim do século XVII. Vieram da Bahia
as primeiras correntes migratórias, sob a bandeira da
pecuária sertaneja, sempre com nordestinos à sua frente:
eram os “currais de dentro”. Fugitivos da seca, até hoje
muitos nordestinos da área avançam pelo Meio-Norte,
desbravando a vegetação natural, a qual queimam e
derrubam para plantar sua roça de alimentos.
Etnicamente, observamos o predomínio do cafuzo
no Meio-Norte (mestiço de negro com índio). O
elemento negro, o indígena e o branco constituem o
restante da população, existindo também no Meio-Norte
alguns pequenos núcleos de estrangeiros brancos,
principalmente eslavos. As regiões mais povoadas são as
de atividades agrícolas associadas ao extrativismo vegetal,
predominantemente nos Vales do Itapecuru e Parnaíba.
Aliás, a colonização do Meio-Norte desenvolveu-se de
forma linear ao longo dos rios. Bastante povoada é a área
do Golfão, onde se situa São Luís e Ribamar, dois centros
importantes da vida regional. O povoamento das áreas de
criação de gado é, ao contrário do que ocorre nos vales,
bem disperso e de baixa densidade. Das cidades do
interior, apenas se destacam Parnaíba, às margens do rio
de mesmo nome, a maior do Piauí, e Caxias, no Maranhão,
às margens do Itapecuru. Em Parnaíba predomina a
população urbana, ocupada na industrialização de cera de
carnaúba e em outras indústrias de beneficiamento.
Atualmente, encontram-se em fase de consolidação várias
rodovias, ligando Teresina a São Luís e o sertão piauiense
a Recife; Parnaíba sofre uma perda de importância, em
virtude de não ser atendida por essas rodovias. Quanto a
Caxias, coloca-se como um nó de comunicação, ligando o
comércio do Piauí e o Nordeste com o Maranhão. Possui
pequenas indústrias de tecido, óleo de babaçu, calçados,
móveis, bebidas e beneficiamento de produtos agrícolas.
❑ Economia no Meio-Norte
A característica mais evidente do Meio-Norte é o
subdesenvolvimento. A industrialização é pequena e as
atividades agrárias e extrativistas, pelo atraso das suas
relações de produção e pelos baixos níveis cultural e
técnico da população ativa, não oferecem renda capaz
de arrancar o povo de seu baixo nível de vida.
– 157
C2_3o_GEO_Teoria_Rose 07/01/12 10:08 Página 157
As potencialidades do meio físico não são as piores,
e a região é perfeitamente explorável, mas o predomínio
de estruturas coloniais de exploração, com o domínio do
latifúndio improdutivo, não permite ao homem do Meio-
Norte escapar de péssimas condições de vida.
A economia maranhense está baseada no arroz,
algodão e babaçu; no Piauí, predominam a pecuária e a
carnaúba.
O trabalhador rural é muitas vezes seminômade. Não
possui terra, nem dispõe de nenhum sistema de crédito, e
por isso vive como “agregado” dos grandes latifúndios,
dedicando-se alternadamente à agricultura e à coleta, ou
ainda à agricultura e às atividades pastoris. Nas áreas de
colonização recente, os trabalhadores, na maior parte de
origem nordestina, como no Vale do Pindaré, conseguem
terras como posseiros, mas logo sofrem pressão dos
grileiros, que vêm tirá-los de suas terras.
Com todas essas dificuldades, o Meio-Norte se
ressente ainda da falta de um mercado consumidor para
produtos industriais, o que, junto com a falta de capitais,
impede o desenvolvimento manufatureiro.
A coleta do coco do babaçu e da cera de carnaúba
constitui a atividade fundamental. O Maranhão detém 85%
da produção brasileira de babaçu. Os cocais de babaçu
se concentram nas áreas que se estendem desde o leste do
Rio Turiaçu, prolongando-se paralelamente à Baía de São
Marcos e indo ao Vale Médio do Mearim e aos Vales do
Itapecuru e Parnaíba. Calcula-se em bilhões os pés de
babaçu, permitindo a produção de sabão, glicerina,velas,
alcatrão, carvão e até um sucedâneo para o chocolate.
Além disso, o óleo de babaçu apresenta alta viscosidade,
e não se altera com a temperatura, podendo assim ser
adicionado a óleos lubrificantes com grandes vantagens. A
palha da palmeira é utilizada como cobertura para casas,
na fabricação de esteiras e cestas, e o palmito serve de
alimento.
Os principais centros de produção e comércio são:
Caxias, Codó e Bacabal. São Luís é o maior produtor de
óleo, exportado para outros países.
Os homens colhem o coco, as mulheres o quebram
para extrair a amêndoa; a comercialização é feita de
maneira rudimentar, com meios de transporte precários
e dominada por intermediários. As bases de produção
são primitivas e antieconômicas, sendo a maior parte da
produção completamente abandonada. Como diz
Orlando Valverde: “O Maranhão proporciona um exemplo
de anarquia na produção e no comércio, intimamente
associada ao atraso político”.
A exploração de carnaúba, que, como o babaçu, é
feita em complementação à agricultura de subsistência,
realiza-se nas baixadas úmidas do Piauí. A carnaúba é
uma bela palmeira que chega a atingir 40 metros de
altura e da qual tudo se aproveita. A cera, principal alvo
da atividade coletora, é utilizada industrialmente na fa-
bricação de velas, discos, películas de fitas cinemato-
gráficas, glicerina e explosivos. Os frutos e folhas novas
servem para alimentar o gado; o tronco fornece boa
madeira para a construção de casas; as folhas, após a
extração do pó de cera, são usadas na cobertura de
casas, confecção de cordas, sacos, esteiras, chapéus,
bolsas, sandálias etc. Os municípios de Oeiras, Castelo
do Piauí e Campo Maior são os maiores produtores da
cera, cujo escoamento do Piauí é feito por estrada de
rodagem. A produção de Oeiras vai para o Ceará,
enquanto a dos outros centros vai para o Porto fluvial de
Parnaíba, que reexporta a produção para o Sul e para o
exterior. Utiliza-se também o Porto de Tutoia.
A exportação da cera de carnaúba vem sofrendo
uma retração recentemente, devido ao uso de produtos
sintéticos.
Apesar da enorme concentração de carnaúbas
nativas no Piauí, esse Estado não é o maior produtor: no
Ceará, essa palmeira é cultivada, assim como no Rio
Grande do Norte. Os maiores produtores do Brasil são,
pela ordem: Ceará, Piauí e Rio Grande do Norte.
❑ Agricultura do Meio-Norte
De subsistência: seminômade, com o cultivo de
vegetais de ciclo curto, principalmente o feijão e a
mandioca. Esta agricultura tem suas roças nas áreas
semiúmidas.
Comercial: o arroz é o principal produto agrícola
do Maranhão, competindo inclusive com a extração de
babaçu. Sua produção se dá nos vales úmidos, princi -
palmente nos do Mearim-Pindaré e na baixada sudeste,
a baixo custo.
O algodão é uma cultura tradicional do Maranhão,
que já chegou a ser o maior produtor do Brasil. Atual-
mente é secundária, praticada nos vales e várzeas do
sertão. Prefere o clima bem seco. A maior parte da
produção do Maranhão, que se dá no Vale do Itapecuru,
fica para o consumo das rudimentares indústrias têxteis
de São Luís e Caxias. Uma pequena parte do algodão
de fibra vai para São Paulo.
❑ Pecuária do Meio-Norte
Todo o Meio-Norte desenvolve atividade pecuária,
mas esta é mais típica no Piauí, principalmente nas áreas
do cerrado e caatinga do leste e sudeste do Estado.
Destina-se normalmente ao corte, com o uso do gado
magro do tipo “pé-duro”. Esta atividade, praticada ainda
da mesma maneira que nos tempos coloniais,
caracteriza-se pela ausência de cercas e pelas enormes
distâncias que as boiadas percorrem a pé até Parnaíba
ou até o Ceará. O município de Campo Maior é um dos
maiores destaques desse criatório. O sertanejo piauiense
é o protótipo do vaqueiro nordestino, com suas roupas
feitas totalmente de couro.
Nos campos alagadiços da Baixada Maranhense
(Perizes), a criação de gado destina-se ao abasteci men -
to de São Luís.
❑ Indústria do Meio-Norte
A instalação do Porto de Itaqui, em São Luís, a cons-
trução da E. F. Carajás-Itaqui e a facilidade na obtenção
de minério de ferro (Carajás) e bauxita (Oriximiná)
explicam o desenvolvimento industrial de São Luís, na
década de 1980.
158 –
C2_3o_GEO_Teoria_Rose 07/01/12 10:08 Página 158
❑ SUDENE
Criada, em 1958, por Juscelino Kubitschek, e
posteriormente vinculada ao Minter, teve como área de
atuação a Região Nordeste (exceto o oeste do Mara-
nhão) mais o norte de Minas (Polígono das Secas).
Após 1964, voltou-se para uma política de atração
de indústrias do centro-sul do país ou de multinacionais.
Em 1975, foi criado o Finor (Fundo de Investimento do
Nordeste), que detém parte do Imposto de Renda reco-
lhido pelas empresas e compra de ações de outras
empresas que queiram operar na região.
Sua atuação gerou um razoável desenvolvimento,
embora centralizado em áreas já mais desenvolvidas
(Pernambuco, Bahia, Ceará). Os problemas, no entanto,
continuam: seca, fome, desemprego, repulsão popula-
cional, concentração fundiária e má distribuição de
renda.
A Sudene foi extinta em 2001 e recriada pela lei
complentar 125 de 03/01/2007.
– 159
Região Sudeste – Aspectos Naturais, 
Humanos, Econômicos e Sub-Regiões
MÓDULO 12
C2_3o_GEO_Teoria_Rose 07/01/12 10:08 Página 159
1. ASPECTOS NATURAIS
❑ Relevo
Predomínio de planaltos; base cristalina do arqueo-
proterozoico.
Destaques:
– Planaltos e Serras do Atlântico Leste e Sudeste.
– Planaltos e Chapadas da Bacia do Paraná e De -
pres são Periférica da Borda Leste da Bacia do Paraná.
❑ Vegetação
A variedade de climas, solos e as peculiaridades da
topografia proporciona uma grande diversidade de tipos
de vegetação.
160 –
UNIDADE DA
FEDERAÇÃO
SUPERFÍCIE
(km2)
POPULAÇÃO
ABSOLUTA
(habitantes)
POPULAÇÃO
RELATIVA
(hab./km2)
POPULAÇÃO
URBANA
(%)
CRESCIMENTO
DEMOGRÁFICO
(% ano)
PIB
PER CAPTA
(US$)
ÍNDICE DE
DESENVOLVIMENTO
HUMANO
São Paulo 248.176,7 41.262.199 149,2 93,43 1,82 9995 0,868
Minas Gerais 586.552,4 19.597.330 30,5 82,35 1,40 5925 0,823
Rio de Janeiro 43.797,4 15.989.929 328,6 96,13 1,31 9571 0,844
Espírito Santo 46.048,3 3.514.952 67,3 79,52 2,00 6931 0,836
Região Sudeste 927.573,8 80.364.410 84,4 90,50 16,3 8774 0,842
C2_3o_GEO_Teoria_Rose 07/01/12 10:08 Página 160
❑ Hidrografia
O predomínio de planaltos torna a região um centro
dispersor de bacias.
Destaques:
– Bacia do Paraná; Bacia de São Francisco;Bacia do
Leste.
❑ Clima
Predomínio do clima tropical com duas estações
definidas: verão chuvoso e inverno seco. Destaca-se o
clima tropical de altitude na região dos “Mares de
Morros”.
2. ASPECTOS HUMANOS
A Região Sudeste é a mais populosa, com 80.364.410
habitantes e a mais povoada: 86,7 hab./km2.
Sua população é majoritariamente urbana (90,50%),
em que se destacam as metrópoles: São Paulo, Rio de
Janeiro e Belo Horizonte.
Predominam adultos em sua estrutura etária.
São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro
concentram 40% da população do Brasil.
3. ASPECTOS ECONÔMICOS
O Sudeste é a região mais industrializada do país.
Por ser a região economicamente mais desenvolvida,
sua produção representa 66,2% do PIB industrial do
Brasil. Devido à saturação de sua infraestrutura, vem co -
nhe cendo nos últimos anos um processo de descen -
tralização industrial.
4. SUB-REGIÕES 
GEOECONÔMICAS DO SUDESTE
A seguir temos as ca -
rac terísticas de cada sub-
região do Sudeste iden ti-
fi cadas no mapa:
– 161
C2_3o_GEO_Teoria_Rose 07/01/12 10:08 Página 161
q Macroeixo Rio-São Paulo
É a área mais importante da economia, compreen -
dendo as duas metrópoles nacionais e importante eixo
industrial. Seu relevo compreende as planícies litorâ-
neas, com destaque para as baixadas santista e
fluminense, além de um litoral intensamente recortado
com falésias cristalinas. O Planalto do Leste é com pos ta
pelos contrafortes das Serras do Mar e da Mantiqueira,
entremeadas por fossas e bacias sedimentares (Tietê,
Paraíba do Sul). Predomínio de clima tropical de altitude
com altos índices pluviométricos nas encostas da Serra
do Mar. Resquícios da Mata Tropical Atlântica em
reservasflorestais (como Parque da Bocaina).
Possui as duas maiores concentrações urbanas do
país, as metrópoles de São Paulo (com 39 municípios) e
Rio de Janeiro (com 17 municípios). Ao longo do Vale do
Paraíba, inúmeras cidades crescem, num processo de
conurbação. Destaque ainda para as cidades de
Campinas (SP) e Guarulhos (SP).
Em termos econômicos, seu destaque é o setor se-
cun dário ou industrial, no qual São Paulo e Rio de Janeiro
concentram quase 50% da produção do país. As indús -
trias estendem-se das simples às mais sofisticadas. É a
região que possui o melhor atendimento nos serviços. Na
agricul tura, o destaque vai para a produção de
hortifrutigranjeiros. Na pecuária, evidencia-se a criação
de gado leiteiro no Vale do Paraíba.
❑ Sudeste Ocidental
Compreende basicamente o interior do Estado de
São Paulo. Seu relevo compreen de a baixada de
Registro, os contrafortes da Serra de Paranapiacaba, a
Depressão Periférica Arenítica, as cuestas basálticas e
o Planalto Ocidental Paulista, de arenito-basalto. O clima
é o tropical, com chuvas de verão e secas de inverno. A
vegetação é dominada basicamente pelo cerrado. Os
rios são tributários, na sua maioria, do Rio Paraná, que
faz fronteira com a Região Centro-Oeste. Destaque para
os rios Grande, Tietê e Paranapanema.
A região é dominada por cidades de grande porte,
como Ribeirão Preto, Soroca ba, Bauru, Araçatuba,
Marília, São José do Rio Preto, Araraquara e Presidente
Pruden te. O êxodo rural é constante e a população
passa a ser predominantemente urbana.
O destaque econômico é a grande expansão do setor
industrial, seguido pela agricultura comercial da laranja,
cana, algodão, café, entre outras. Destaca-se, tam bém, a
criação extensiva de gado de corte, com alto rendimento;
os tecnopolos: Campinas, São Carlos, Soro caba,
Botucatu e Ribeirão Preto dão grande dinamismo à
economia regional.
❑ Planalto Sul-Mineiro
Região montanhosa dominada pela Serra da
Mantiqueira. Particularizada pelos mares de morros,
caracteriza-se consequentemente pelo clima tropical de
altitude. Possui a nascente do Rio São Francisco. É uma
região onde predomina a pecuária leiteira e onde o
turismo em estâncias hidrominerais, como Poços de Cal -
das, São Lourenço e Caxambu, é característico. Desta -
que para o crescimento do tecnopolo de Pouso Alegre.
❑ Triângulo Mineiro
Pertencente ao Planalto Sedimentar do Paraná, é o
local onde se vê formar o Rio Paraná, junção do Rio
Grande com o Paranaíba. É uma região dominada por
clima tropical, apresentando a vegetação de cerrado.
Simieli, mapa 28.
162 –
C2_3o_GEO_Teoria_Rose 07/01/12 10:08 Página 162
Os principais centros regionais são Uberaba e Uber -
lândia, importantes entrepostos no caminho sudoeste
para Brasília. A principal atividade é a agropecuária de
corte, que se dá de forma extensiva. Uberlândia é desta -
cável tecnopolo do Estado de Minas Gerais.
❑ Quadrilátero Ferrífero
Trata-se da principal região geográfica de Minas
Gerais, compondo-se de pla nal tos cristalinos antigos
ricos em minérios, como ferro e manganês, explo rados
pela Com panhia Vale do Rio Doce e escoados por
ferrovia para o Espírito Santo. Possui a região metropo -
litana de Belo Horizonte, com diversos muni cípios
conurbados, e uma concentração popula cio nal que gira
em torno de 4 milhões de habi tan tes. Possui concen -
tração de serviços e gran de número de indústrias de
base, principalmente siderúr gicas. Destaque para a
refinaria de Betim.
❑ Sudeste Oriental
Região composta pelos contrafortes da Serra da
Mantiqueira e pela planície litorânea que abrange o norte
do Rio de Janeiro e o Espírito Santo. O destaque está na
metrópole de Vitória, que concentra cerca de 1 milhão
de habitantes e se caracteriza pelas atividades por tuá -
rias. No Porto de Tubarão, temos atividades de escoa -
mento de minério de ferro e produção de aço para
expor tação. É uma região que se destaca pela cultura
de café, além de atividades pecuaristas.
❑ Norte de Minas
A maior e mais vazia sub-região do Sudeste. Seu
clima tende para o semiárido e as principais atividades
econômicas concentram-se nos Vales dos Rios São
Francisco e Jequitinhonha. Localizam-se ali pequenas
populações dedicadas a atividades pecuárias, produção
de carvão vegetal ou agricultura de subsistência. Devido
à pobreza, constitui uma zona de êxodo populacional.
– 163
1. O ESPAÇO PAULISTA
❑ Quadro físico
• Relevo
O relevo do Estado de São Paulo divide-se em quatro
compartimentos:
– planície litorânea;
– planalto atlântico oriental (Serras do Mar,
Mantiqueira, Paranapiacaba – cristalinas);
– depressão periférica sedimentar;
– planalto de arenito-basalto (Serra de Botucatu).
O Estado de São PauloMÓDULO 13
C2_3o_GEO_Teoria_Rose 07/01/12 10:08 Página 163
• Clima
O Estado apresenta os climas:
I. Tropical:
– de altitude (nas regiões serranas);
– com duas estações: verão seco e inverno chuvoso,
no litoral e interior.
II. Subtropical.
• Vegetação
Apresenta-se dividida da seguinte forma:
– litoral: mangue; serras: mata úmida de encosta;
interior: mata tropical atlântica mesclada com manchas
de cerrado.
(Revista Veja Especial — 
Mata Atlântica, 24 de dezembro de 1997.)
• Hidrografia
Sua principal característica é a drenagem voltada
para a Bacia do Paraná.
Rios:
– principais: Tietê e Paranapanema;
– secundários: Ribeira de lguape e Paraíba do Sul.
(CESP*UHE: Usina Hidrelétrica)
2. QUADRO HUMANO
❑ Principal característica
A população é predominantemente urbana.
A urbanização segue o padrão histórico da
industrialização, distribuindo-se ao longo das estradas.
164 –
C2_3o_GEO_Teoria_Rose 07/01/12 10:08 Página 164
Podemos dividir o Estado de São Paulo em duas regiões,
quanto à concentração populacional:
• a porção leste do Estado de São Paulo, de grande
urbanização, com a região metropolitana, o eixo da
Dutra, Anhanguera e Castelo Branco (S. Paulo/S. José
dos Cam pos/Cam pinas/Sorocaba/Santos).
• a porção oeste do Estado de São Paulo, mais
rural, com grandes centros como Ribeirão Preto,
Araçatuba, São José do Rio Preto, Bauru, Marília e
Presidente Prudente.
(Milton Santos, Metrópole Corporativa Fragmentada, p. 27.)
3. QUADRO ECONÔMICO
❑ Agricultura
Sua agricultura é a mais produtiva do país.
A agroindústria de exportação espalha-se pelos
terrenos férteis do oeste com cana, café, soja e algodão
(regiões de Ribeirão Preto, Araraquara e Marília).
A agricultura de verduras e frutas e a produção de
ovos espalham-se pelo cinturão verde que envolve a
capital e ao longo das estradas.
O Estado de São Paulo possui: 
– 4,8% dos estabelecimentos do país; 5,4% da área
agrícola; 5,8% do pessoal ocupado; 24,4% dos tratores.
❑ Pecuária
Divide-se em:
– pecuária leiteira: concentrada nas regiões do Vale
do Paraíba, Araraquara e São João da Boa Vista
(fronteira com MG); pecuária de corte: concentrada no
oeste do Estado de São Paulo (Araçatuba, São José do
Rio Preto e Presidente Prudente).
Os maiores rebanhos do Estado de São Paulo são:
– galinhas: 22,1% do nacional; equinos: 18,7% do
nacional; bovinos: 8,9% do nacional; suínos: 6,2% do
nacional.
❑ Indústria
É a grande característica econômica do Estado. São
Paulo possui cerca de 30% dos estabelecimentos do
país e emprega 46% da mão-de-obra da indústria
nacional. Participa com 40% do PIB brasileiro.
População absoluta 41.400.000
População relativa 158,19
Taxa de analfabetismo 5,4%
Mortalidade infantil 14,85‰
IDH 0,814
– 165
C2_3o_GEO_Teoria_Rose 07/01/12 10:08 Página 165
166 –
Problemas AmbientaisMÓDULOS 14 e 15
1. HISTÓRIA RECENTE
O ecossistema consiste no conjunto dos
relacionamentos mútuos, ou seja, na dinâmica entre os
fatores físicos (solo, clima, água) e as comunidades vivas
existentes (flora, fauna, microrganismos).
As primeiras ideias de ecossistema tiveram início no
século XIX. O tema, porém, obteve maior ênfase a partir
da década de 1960, atingindo grande destaque na
metade dos anos 80.
Alguns dos eventos que promoveram discussões e
trabalhos sobre o assunto foram:
em 1972: – 1a Conferência Sobre MeioAmbiente
Humano das Nações Unidas – Estocolmo (Suécia);
em 1983: – Comissão Mundial sobre Meio Ambiente
e Desenvolvimento;
– Relatório Brundtland de “desenvolvimento susten -
tável” (Nosso Futuro Comum);
em 2007: – 4o relatório do IPCC, Painel Intergoverna -
mental sobre Mudança do Clima, causou impacto mundial e
ganhou o Prêmio Nobel da Paz junto com Al Gore.
– Discute-se o desenvolvimento atual que permita
utilizar os recursos naturais sem ferir os direitos das
futuras gerações.
– em 2010: – COP16 – Copenhage (Dinamarca)
– em 2011: – COP17 – Durban (África do Sul)
2. II CONFERÊNCIA DAS 
NAÇÕES UNIDAS SOBRE O
DESENVOLVIMENTO E O MEIO AMBIENTE
– Rio de Janeiro, de 3 a 14 de junho de 1992;
– Conferência precedente sobre o Meio Ambiente: 
Conferência das Nações Unidas, Estocolmo, 1972.
Participantes:
– 172 países, 108 enviaram chefes de Estado; 2.400
representantes de ONGs (Organizações Não
Governamentais); mais de 17.000 pessoas participaram
do Fórum da ONGs, evento paralelo à Conferência das
Nações Unidas.
Principal tema: 
– Desenvolvimento Sustentável.
Documentos finais: 
– Declaração do Rio sobre o Meio Ambiente e
Desenvolvimento;
– Declaração dos Princípios relativos às Florestas;
– Convenção sobre as Mudanças Climáticas;
– Convenção das Nações Unidas sobre a Biodiversidade.
Mecanismos criados: 
– Comissão do Desenvolvimento.
– Comitê Consultivo Interinstitucional sobre o Desen-
volvimento Sustentável.
Os principais objetivos destas iniciativas são:
I. Promover o desenvolvimento sem destruir a natureza.
II. Criar um fundo de auxílio aos países em desenvol-
vimento para a proteção do meio ambiente.
III. Buscar uma solução para a relação entre o consumo
excessivo dos países desenvolvidos e a destruição do
meio ambiente nos países do Terceiro Mundo,
pressionados pelas dívidas externas.
• Foram criados três grupos de trabalho:
Grupo 1 – proteção à atmosfera; gestão dos
recursos terrestres; preservação da biodiversidade.
Grupo 2 – defesa das águas continentais e mari-
nhas; produção e circulação de dejetos tóxicos.
Grupo 3 – regulamentação jurídica e institucional
das medidas tomadas.
3. PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS
q Poluição
– Excesso de resíduos (sólidos, líquidos ou
gasosos) capazes de colocar em risco a biosfera.
• atmosférica: emissão de gases de combustão.
– motores de automóveis;
– equipamentos industriais (refinarias, siderúrgicas,
cimento etc.);
– queimadas e incineração de lixos.
Principais locais onde ocorre:
Milão (Itália), Seul (Coreia), Cubatão (Brasil).
4. CONSEQUÊNCIAS 
DA POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA
q Buraco na camada de ozônio
– Gás instável (O3) que se encontra distribuído prin -
ci palmente na estratosfera e que impede a penetração
de raios ultravioleta nocivos à vida. Seu desaparecimento
ou diminuição pode vir a provocar câncer de pele.
– Detectou-se a presença de um “buraco” sobre a
Antártida, o qual estaria aumentando; duas hipóteses
sobre sua formação: natural ou provocada pela emissão
de CFC (o cloro presente nos clorofluorcarbonetos).
C2_3o_GEO_Teoria_Rose 07/01/12 10:08 Página 166
q Inversão térmica
– Concentração de ar frio junto ao solo, impedindo
a dispersão de poluentes eventualmente aí lançados; é
observada no inverno em centros urbanos.
Principais locais onde ocorre:
São Paulo, México.
q Chuvas ácidas
– Precipitação (também em forma de neve ou geada)
em que o pH se apresenta abaixo de 7,0; trata-se da
associação da água da precipitação com elementos
(principalmente enxofre) lançados na atmosfera por
fábricas, refinarias, automóveis.
Principais locais onde ocorre:
Montes Apalaches, nos EUA; Floresta Negra, na
Europa; Cubatão (São Paulo).
q Efeito estufa
– Dispersão de gás carbônico na atmosfera, graças
à sua emissão por parte dos automóveis ou queimadas.
Provoca uma retenção das radiações infravermelhas na
camada atmosférica, podendo acarretar um aumento da
temperatura do planeta e trazendo como consequências:
derretimento de gelo nos polos, aumento do nível
oceânico e de vapor d’água na atmosfera.
q Ilhas de calor
Aumento da temperatura nos centros urbanos
graças à falta de circulação atmosférica e à concen -
tração excessiva de cimento, asfalto, reco brin do o solo e
refletindo o calor solar.
q Poluição das águas e
contaminação dos solos
– Despejos de detritos domésticos
ou industriais nas águas, causando
sua contaminação.
– Uso indiscriminado de agrotóxi -
cos, que penetram e contaminam o
solo e o lençol freático.
– Vazamentos de petróleo de
refinarias ou petroleiros.
Principais locais onde ocorre:
Guerra do Golfo; poluição de rios,
como o Tietê e o Paraíba do Sul
– 167
(Atlas of The Environment WWF)
C2_3o_GEO_Teoria_Rose 07/01/12 10:08 Página 167
168 –
(US Environmental Protection Agency,
conforme publicado em Concem. Inc.
Drinking Water: A Community Action Guide
(Washington, DC, 1986), p. 2)
(Atlas of The Environment WWF)
C2_3o_GEO_Teoria_Rose 07/01/12 10:08 Página 168
– 169
Alternativas aos pesticidas
Aplicações bem-sucedidas selecionadas de manejo integrado de pragas (MIP) e
controle biológico (CB).
• O manejo integrado de pragas consiste numa combinação de técnicas para
controlar o crescimento de pragas, ervas daninhas e patógenos: rotação e intercalação
de culturas no mesmo campo, pulverização cuidadosa de pesticidas mais benignos
ao ambiente e utilização de controle biológico.
• No controle biológico, utiliza-se o conjunto de recursos disponíveis na própria
natureza. Predadores naturais são introduzidos para manter as pragas sob controle; a
produção das pragas é desequilibrada com a liberação de machos esterilizados.
(Atlas of The Environment WWF)
Efeito
Vespas parasitas controlam praga cochonilha em
65 milhões de hectares.
Bio-herbicida à base do fungo, vendido
comercialmente, controla as ervas daninhas.
A utilização de pesticidas foi suspensa, os inimigos
naturais voltaram e controlaram as pragas da banana.
Cultura
Soja
Algodão
Banana
País/região
África Equatorial
Arkansas, EUA
Costa Rica
Efeito
A utilização de pesticidas diminuiu entre 80% e
90% nos últimos seis anos.
A utilização de pesticidas diminuiu em 90%, a
quantidade de pragas diminuiu em 84%, a
produtividade aumentou.
A utilização de inseticidas foi cortada entre 30% e
50%.
Cultura
Soja
Algodão
Arroz
País/região
Brasil
Província de Jiangsu,
China
Orissa, Índia
(Atlas of The Environment WWF)
(Atlas of The Environment WWF)
q Poluição sonora
Geralmente associada à emissão
de sons ou ruídos no perímetro urbano,
em nível acima do recomendável ao
homem.
q Poluição visual
Associada à disposição caótica de
luminosos, cartazes, principalmente ao
longo de vias de circulação, que traz
desconforto visual e provoca estresse.
q Poluição eletromagnética
Provocada pela emissão de
ondas eletromagnéticas, como, por
exemplo, pelos telefones celulares,
micro-ondas etc.
q Radiação e lixo
– Usinas nucleares com vaza-
mentos (destaque para o acidente em
Chernobyl, Ucrânia, em 1987).
– Alocação de lixo atômico.
– Dificuldade de eliminação ou
incineração de dejetos humanos e
industriais. 
(Atlas of The Environment WWF)
C2_3o_GEO_Teoria_Rose_2012 12/01/12 15:16 Page 169
170 –
(Atlas of The Environment WWF)
(Atlas of The Environment WWF)
C2_3o_GEO_Teoria_Rose 07/01/12 10:08 Página 170
– 171
q Exaustão de recursos naturais
Insumos críticos à produção, a redução em sua
disponibilidade, além de inviabilizarem atividades econô -
micas, podem gerar crises mundiais de abastecimento.
Exemplo de recursos ameaçados de exaustão: petróleo,
carvão mineral, água potável etc.
5. PROBLEMAS AMBIENTAIS NO BRASIL
q Amazônia
– Construção de usinas hidroelétricas de grande
porte, provocando inundações.
– Financiamento de projetos de agropecuária,
provocando queimadas e desmatamentos.
– Desertificação das áreas atingidas pelo desma -
tamento (incapacidade de a floresta se recompor).
– Extinção de espécies animais e vegetais (30% das
espécies conhecidas estão na região), amea -
çando a biodiversidade.
– Erosão e assoreamento derios, interferindo na pesca.
– Poluição provocada por projetos minerais.
– Ameaça à sobrevivência das comunidades
indígenas.
q Desmatamento
C2_3o_GEO_Teoria_Rose 07/01/12 10:08 Página 171
q Mata Atlântica
– Destruição intensa pelo processo de colonização
(ocupação agrícola).
– Floresta atingida pela poluição; especulação
imobiliária.
– Projetos governamentais e turismo.
– Presença de grileiros e extração de palmito.
q Pantanal
– Problemas com caça predatória, queimadas,
poluição dos rios com agrotóxicos, mineração,
usinas de açúcar.
– Implantação de lavoura de soja na região.
– Turismo predatório.
q Manguezais
– Ambiente rico em nutrientes, base de cadeia
alimentar fluviomarinha.
– Problemas: construção de estradas, aterramentos;
especulação imobiliária. 
– Instalação de fábricas e terminais com derrama
de poluentes e de esgotos.
No Brasil, a defesa do meio ambiente está a cargo
dos seguintes órgãos:
SEMA – Secretaria Especial do Meio Ambiente.
IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos
Recursos Naturais Renováveis.
Foram criados, ainda, Parques Nacionais, Reservas
Biológicas, Estações Ecológicas, Reservas
Ecológicas e Áreas de Proteção Ambiental.
6. UNIDADES DE CONSERVAÇÃO
Segundo o IBGE, existem diferentes tipos de Unida -
des de Conservação e cada uma delas possui ou foi
criada com uma finalidade específica.
Confira no quadro alguns exemplos de Unidades
Federais existentes no País.
(Departamento de Recursos Naturais – ERNA, 
Cadastro de Unidades de Conservação e 
Terras Indígenas. Diretoria de Geociência – DGC.)
Unidades de Conservação Federais
Tipos Brasil
Parques Nacionais 40
Florestas Nacionais 46
Reservas Biológicas Nacionais 26
Reservas Ecológicas Nacionais 7
172 –
Exemplos de espécies da fauna brasileira ameaçadas de extinção
Tamanduá-bandeira. Ararajuba Tartaruga-verde.
Mico-leão-dourado. Onça-pintada.
C2_3o_GEO_Teoria_Rose 07/01/12 10:08 Página 172
1. INTRODUÇÃO
O setor de transportes tem importância fundamental
na operação do sistema econômico, pois os serviços que
produz são, praticamente, absorvidos por todas as
unidades produtivas.
O investimento em transportes, atuando como
poderoso fator no espaço econômico, condiciona novos
esquemas de divisão geográfica do trabalho nessas
economias, influenciando na localização de atividades
industriais, extrativas e agrícolas.
Quanto à expansão do sistema de transportes no
Brasil, temos a fase em que predominou como elemento
determinante da geração e crescimento da renda, sendo
a exportação de produtos primários e as atividades
econômicas no Brasil caracterizadas por uma acentuada
concentração numa estreita faixa litorânea, com acesso
ao sistema de navegação de longo curso. Os investi -
mentos em transportes foram feitos nas diferentes
regiões, a fim de permitir o escoamento da sua produção
primária para o principal porto regional da maneira mais
eficiente. Por outro lado, a integração Norte-Sul dos
diferentes polos de exportação fazia-se por meio da
navegação de cabotagem.
Portanto, de início, integraram-se ferrovias e portos
na comercialização agrícola destinada à exportação.
Posteriormente, com a acelerada industrialização, por
meio de um processo de substituição de importações, o
sistema de transportes teve de fazer frente aos fluxos
adicionais de bens intermediários e finais, para
atendimento do mercado interno.
O transporte rodoviário desempenhou papel funda-
mental nesse estágio de desenvolvimento econômico.
Observa-se que um dos sérios problemas
enfrentados pelo País consiste em vencer as grandes
distâncias que separam as regiões e suprir as defi ciên -
cias em termos da ausência de meios de transporte rápi -
dos, eficientes e baratos que as interliguem e escoem
suas produções, bem como o transporte de passageiros.
A expansão do mercado interno, associada às opor -
tunidades de intercâmbio externo, acarretou modifica -
ções importantes nas escalas de produção. Os novos
da dos da realidade econômica do País impõem a
necessidade de uma revisão profunda na tradicional
concepção da política de transporte, centrada, princi -
palmente, na estrutura viária.
A crise mundial de combustíveis também contribuiu
para uma nova orientação mais ampla e eficiente, em
termos de meios de transporte, apesar de o setor
rodoviário ter sido o que mais cresceu nos últimos anos.
Veja a seguir a participação no transporte de cargas
dos diversos meios de transporte, compara tiva men te:
Os fatores que devem ser apontados para a análise
das necessidades e do traçado das vias de transporte
são múltiplos, podendo ser citados: relevo, vegetação,
navegabilidade dos rios, distâncias, custo de instalação,
custo de manutenção, o tipo de combustível, a
intensidade do fluxo de mercadorias e pessoas e o
isolamento de algumas áreas.
Na década de 60, foi criado o Geipot – Grupo
Executivo da Integração da Política de Transportes –,
com o objetivo de impulsionar o setor.
(Balança energético-nacional 1995. Brasília: Ministério de
Minas e Energia, 1998. Ano 1997.)
– 173
Sistemas de TransporteMÓDULO 16
C2_3o_GEO_Teoria_Rose 07/01/12 10:09 Página 173
q Velhos caminhos (histórico)
O período colonial foi marcado por caminhos e trilhas
abertas na mata pelos indígenas, pelos bandeirantes e
pelos jesuítas. O traçado era, geralmente, no sentido litoral
em direção ao interior.
Cumpre destacar o papel dos rios como vias de
comunicação e integração territorial; foram utilizados
pelos bandeirantes.
Com o desenvolvimento da pecuária, particularmente
no Nordeste, muitos caminhos surgiram para a passagem
do gado. Na Região Sul, também havia o caminho ligando
Sorocaba ao Rio Grande do Sul, possibilitando o
deslocamento dos tropeiros. A mineração também abriu
novos caminhos, estabelecendo contato entre as Minas
Gerais e o litoral do Rio de Janeiro e outras áreas.
No século XIX, passou a existir a preocupação em
transformar os velhos caminhos em estradas, de forma que
permitissem o tráfego regular de meios de transporte,
como os coches e diligências.
Em 1822, surgiu a Estrada do Comércio, que
ligava o Rio de Janeiro ao Vale do Paraíba, onde se
desenvolviam os cafezais. Posteriormente, surgiram:
Estrada União e Indústria (ligando Petrópolis a Juiz
de Fora, MG); Estrada Graciosa (litoral do Paraná a
Curitiba); Estrada Dona Francisca (Joinville e Rio
Negro, no atual estado de Santa Catarina).
2. TRANSPORTE FERROVIÁRIO
A nossa primeira ferrovia foi construída pela Im-
perial Companhia de Estradas de Ferro, fundada pelo
Visconde de Mauá, ligando o Porto de Mauá, na
Baía de Guanabara, à Serra da Estrela, no caminho
de Petrópolis. Tinha uma extensão de 14,5 km e bitola
de 1 m (1854).
Logo a seguir, outras surgiram no Nordeste,
Recôncavo Baiano e, principalmente, em São Paulo, para
servir à economia cafeeira, então em franco desen vol -
vimento (Estradas do Café). Eram, em geral, cons -
truídas ou financiadas por capitais ingleses que visavam
somente à satisfação de seus interesses comerciais, sem
o mínimo de planejamento.
Entre 1870 e 1920, vivíamos uma verdadeira “Era
das Ferrovias”, sendo o crescimento médio destas de
6.000 km por década.
Observe o exposto abaixo:
1855 – E.F. D. Pedro ll (E.F.C.B.);
1868 – E.F. Santos-Jundiaí;
1868 – Companhia Paulista de Estradas de Ferro;
1872 – Companhia de Estradas de Ferro São Paulo-
Rio de Janeiro;
1872 – Companhia Mogiana de Estradas de Ferro.
Após 1920, com o advento da era do automóvel, as
ferrovias entraram numa fase de estagnação, não tendo
se recuperado até hoje.
Neste quadro, notamos que, hoje, o Brasil é um país
pobre em ferrovias, e que estas se encontram
irregularmente distribuídas pelo território, pois enquanto
a Região Sudeste concentra quase
metade (47%) das ferrovias do País,
as Regiões Norte e Centro-Oeste,
juntas, concentram apenas 8%.
174 –
C2_3o_GEO_Teoria_Rose 07/01/12 10:09 Página 174
q Redes ferroviárias
Do ponto de vista geográfico, reconhecemos seis
grandes redes ferroviárias:
• Rede Sul-Rio-Grandense
• Rede Paraná-Catarinense
• Rede Nordestina• Rede Baiana
• Rede Mineiro-Fluminense
• Rede Paulista
As ferrovias do governo do estado de São
Paulo estavam reunidas na FEPASA, criada em
1971, com a finalidade de administrar e organizar o
sistema ferroviário do estado de São Paulo. Pertenciam
à Fepasa:
• Companhia Mogiana de Estradas de Ferro
• E.F. Araraquara
• Companhia Paulista de Estradas de Ferro
• E.F. Sorocabana
• E.F. Noroeste do Brasil
• Rede Paraná-Catarinense
• Rede Sul-Rio-Grandense
q Década de 1990
• FEPASA – transferida para a União, em 1997,
como parte do pagamento da dívida do Estado, foi
privatizada em 1998, sendo denominada FERROBAN.
• A RFFSA – houve a privatização no biênio 96/97,
foi desmembrada por áreas entre várias empresas
particulares consorciadas. Dentre essas, destacam-se:
– A MRS, que passou a controlar parte da antiga
malha Sudeste e Sul;
– A NOVOESTE, que passou a controlar a antiga
malha Oeste, incluindo a antiga E.F. Noroeste do Brasil,
que interligava Bauru, C. Grande e Corumbá-MS;
– A CENTRO-ATLÂNTICA, que passou a controlar
a antiga malha Centro-Leste. O consórcio de oito
acionistas é integrado também pelas empresas CVRD e
CSN, privatizadas anteriormente com aproximadamente
7.000 km. A CENTRO-ATLÂNTICA corta seis estados –
MG, RJ, ES, BA, SE e GO, criando corredores norte-sul e
leste-oeste de escoamento da produção para os principais
portos;
– A NORDESTE passou a ser controlada pelo
consórcio MANOR e é formada pela CVRD, CSN,
Taquari Participações (Vicunha) e Bradesco, com
aproximadamente 4.700 km de extensão, interligando os
estados do MA, PI, CE, RN, PB, PR, AL e SE.
• A E.F. TEREZA CRISTINA – com 169 km,
ligando Criciúma ao Porto Imbituba-SC, foi privatizada em
novembro de 1996 e é controlada por consórcio liderado
pela MPE (Montagem Projetos Especiais).
q Situação atual
Atualmente, o País possui 30.300 km de ferrovias
para tráfego, o que dá uma densidade ferroviária de 3,1
metros por km2; é bastante pequena em relação aos EUA
(150 m/km2) e Argentina (15 m/km2). Apenas 2.450 km
são eletrificados.
Além das curtas extensões, as ferrovias apre-
sentam-se mal distribuídas e mal situadas, estando 52%
localizadas em São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro.
A Brasil Ferrovias é uma companhia aberta
(holding) que controla a malha ferroviária da Ferronorte,
Novoeste, Ferroban e Portofer.
A Ferronorte é a ferrovia responsável por
transportar a produção de grãos, principalmente soja, do
Centro-Oeste brasileiro até o porto de Santos.
A Ferronorte está interligada ao sistema rodoviário
por três terminais de armazenagem e carregamento em
Chapadão do Sul, no Alto Taquari e no Alto Araguaia
(MT). Os terminais reduzem o percurso rodoviário dos
grãos e possuem silos que permitem o armazenamento
da soja.
A Ferronorte transporta a soja até o porto de Santos,
onde há um terminal de grãos e farelos. No retorno para
Mato Grosso, a ferrovia transporta insumos para a
lavoura – fertilizantes, agroquímicos e calcário.
Apesar do grande desenvolvimento da Ferronorte,
ela tem algumas limitações como:
– carência de material rodante;
– diferença de bitola dos trilhos, modernos em
Goiás e Mato Grosso e antigos em São Paulo, o que
reduz a velocidade de 80 km/h para 50 km/h.
A Portofer controla a malha ferroviária do porto de
Santos e está resolvendo os pontos de estrangulamento
da área portuária.
A contribuição da integração Ferronorte para a do
oeste brasileiro é indiscutível.
São vários os marcos pioneiros deixados no seu
rastro, como a ponte rodoferroviária, que cruza o Rio Pa -
raná, na fronteira de São Paulo com Mato Grosso do Sul.
Ferronorte Ferroban Novoeste
Vagões (unidades) 1.671 6.967 1.637
Locomotivas (unidades) 75 76 52
km de vias 526 2.241 1.604
Terminais próprios 4 7 –
Toneladas úteis (milhões) 5,5 8,3 2,8
Funcionários operacionais 383 1.014 556
Receita líquida (R$ milhões) 252 132 49
– 175
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3. TRANSPORTE RODOVIÁRIO
q Evolução rodoviária
As estradas brasileiras, como dissemos, sofreram um
colapso entre 1860-1920, graças ao incremento das
ferrovias. Porém, a partir de 1920, com a introdução dos
automotores, a situação inverteu-se, vivendo o País, até
os dias atuais, uma verdadeira “Era das Rodovias”.
Aquelas antigas estradas, transitáveis só no período
de estiagem, passaram a ser melhoradas, enquanto
outras surgiram rapidamente pelas diferentes regiões do
País. A partir de 1937, com a criação do Depar ta -
mento Nacional de Estradas de Rodagem
(DNER), iniciaram-se melhoramentos referentes à pavi -
mentação, que se intensificam ainda hoje, e à produção
do asfalto e cimento, por parte das indústrias brasileiras. 
Nos dias atuais, a extensão das nossas rodovias
é de cerca de 1.824.392 km, o que resulta em uma média
de 140 metros por km2.
As rodovias federais perfazem 66.815 km, dos
quais 38.157 km são pavimentados.
As estaduais, com 155.294 km, apresentam
35.940 km pavimentados e as municipais, com
1.181.473 km, possuem 4.476 km pavimentados.
.
Acompanhando esse aumento na extensão das
rodovias, a frota nacional de veículos também vem
crescendo rapidamente, atendida quase totalmente pela
produção brasileira.
Assim como acontece com as demais atividades
econômicas, a distribuição das rodovias não se
apresenta de forma homogênea nas diversas regiões.
Observamos que a Região Sudeste se destaca
quanto às estradas pavimentadas. A Região Centro-
Oeste, apesar de possuir maior quilometragem que a Sul,
possui apenas 4% de estradas pavimentadas.
A coordenação e planificação das nossas rodovias
estão a cargo do Geipot e do Conselho Rodoviário
Nacional.
q Rodovias federais
As rodovias federais estão divididas em 5 tipos, a
partir de 1967:
a) Rodovias radiais .................. (de BR-1 a BR-100);
b) Rodovias longitudinais ..... (de BR-101 a BR-200);
c) Rodovias transversais ...... (de BR-201 a BR-300);
d) Rodovias diagonais ......... (de BR-301 a BR-400);
e) Rodovias de ligação ....... (de BR-401 em diante).
Quadro da extensão das Rodovias 
Federais e Estaduais por regiões 
e porcentagem pavimentada
Regiões Rodovias
(total) km
Pavimen tadas
km
Não Pavimen -
tadas – km
Brasil 1.824.392 148.247 1.550.925
Norte 138.282 8.943 86.699
Nordeste 430.626 41.234 353.476
Sudeste 499.067 51.847 426.146
Sul 513.053 29.335 429.320
Centro-
Oeste
243.364 16.888 205.284
176 –
C2_3o_GEO_Teoria_Rose 07/01/12 10:09 Página 176
a) As rodovias radiais saem todas de
Brasília. A sua numeração é contada a partir do
sentido norte, aumentando no sentido horário. 
b) As rodovias longitudinais são traçadas no
sentido dos meridianos, isto é, cruzam o País na
direção norte-sul. A sua numeração aumenta de
leste para oeste, como os meridianos.
LONGITUDINAIS – BR-101 A BR-200
c) As rodovias transversais cruzam o Brasil na
direção leste-oeste. A sua numeração aumenta
de norte para sul.
Matriz energética do transporte rodoviário
Especificação
mil tep 2006
–––––– (%)
20072006 2007
Diesel 26.202 27.695 5,7
Gasolina 14.440 14.263 -1,2
Álcool 6.395 8.612 34,7
Gás Natural 2.030 2.252 10,9
TOTAL 49.067 52.822 7,7
Rodovias Radiais
Número Ligação Extensão
BR-10 Brasília-Belém (PA) 1.091 km
BR-20 Brasília-Fortaleza (CE) 1.882 km
BR-30 Brasília-Campinho (BA) 1.111 km
BR-40 Brasília-Campos (RJ) 1.154 km
BR-50 Brasília-Santos (SP) 1.051 km
BR-60 Brasília-Bela Vista (MS) 1.281 km
BR-70 Brasília-Cáceres (MT) 1.320 km
BR-80 Brasília-Manaus (AM) 3.604 km
Rodovias Longitudinais
Número Ligação Extensão/km
BR-101
Touros (CE)-Rio Grande (RS)
(Rodovia do Turismo)
4.556
BR-116 Fortaleza (CE)-Jaguarão (RS) 4.564
BR-153 Marabá (PA)-Aceguá (RS) 3.564
BR-156
Cachoeira de Santo Antônio
(AP)
Macapá (AP)-Oiapoque (AP)
851
BR-158
Altamira (MT)-Santana do
Livramento (RS)
3.959
BR-163
Tenente Portela (RS) - fronteira
com o Suriname
4.449
BR-174
Cáceres (MT)-Manaus (AM)-
Boa Vista (RR) até a fronteira
com a Venezuela
3.173
– 177
C2_3o_GEO_Teoria_Rose 07/01/12 10:09 Página 177
TRANSVERSAIS – BR-201 A BR-300
d) As rodovias diagonais cruzam o Paísna dire-
ção nordeste-sudoeste ou sudeste-noroeste.
DIAGONAIS – BR-301 A BR-400
e) Rodovias de ligação são aquelas que unem
duas rodovias entre si. São numeradas de BR-401
a BR-500, como, por exemplo, a BR-401, que vai
de Boa Vista (RR) até a fronteira com a Guiana,
com uma extensão de 140 km.
q Planejamento rodoviário
A princípio, as decisões para a realização de
uma obra rodoviária devem ser tomadas em função
do objetivo da estrada e de sua influência na economia
da região atendida e do país.
Assim sendo, as iniciativas no setor devem orientar-
se segundo critérios distintos e, em geral,
pertencentes a cada um dos seguintes casos:
– investimentos em regiões não agrupadas demo-
gráfica e economicamente;
– investimentos em regiões ocupadas e de baixo
nível de renda;
– investimentos em regiões ocupadas e de grande
potencial econômico; 
– investimentos em regiões mais desenvolvidas.
Conforme se percebe no mapa, as rodovias prestam-
se à integração nacional, lado a lado com as torres
metálicas da Embratel — Empresa Brasileira de Te-
lecomunicações —, que interligam, cada vez mais, os
pontos mais distantes do País com telefone e televisão.
Rodovias Diagonais
Número Ligação Extensão/km
BR-307
Içana (fronteira com a
Venezuela)-Taumaturgo (AC)
1.695
BR-316 Belém (PA)-Maceió (AL) 2.062
BR-319 Porto Velho (RO)-Manaus (AM) 880
BR-364
Limeira (SP)-Cuiabá-Porto Velho-
Rio Branco-Cruzeiro do Sul-Mário
Lima (fronteira com o Peru)
4.310
Rodovias Transversais
Número Ligação Extensão/km
BR-210
Perimetral Norte-Macapá (AP)-
Cruzeiro do Sul (AC), fronteira
com a Colômbia
2.452
BR-230
Transamazônica: Cabedelo (PB)-
João Pessoa (PB)- 
Benjamin Constant (AM)
5.000
BR-251 Ilhéus (BA)-Cuiabá (MT) 2.418
BR-262 Vitória (ES)-Corumbá (MT) 2.295
BR-273
Campinas (SP)-
Campo Grande (MS)
2.253
BR-277
Paranaguá (PR)-
Foz do Iguaçu (PR)
755
BR-277 Osório (RS)-Uruguaiana (RS) 730
178 –
C2_3o_GEO_Teoria_Rose 07/01/12 10:09 Página 178
Observações
Em 1982, o DNER deu início à execução das
AGROVIAS (Programa Nacional de Rodovias
Alimentadoras). Esse programa destina-se a permitir a
construção de rodovias integrantes das redes: federal,
estadual e municipal, que tenham como função básica
assegurar o transporte e o escoamento da carga do meio
rural para polos urbanos ou para vias de transporte de
longa distância. 
A Rodovia Ayrton Senna (antiga Trabalha-
dores), inaugurada em maio de 1982, liga São Paulo a
Jacareí. Além de diminuir o congestionamento da Via
Dutra, próximo à metrópole paulista, possibilitou o rápido
escoamento da produção agrícola de toda região do Vale
do Paraíba, facilitando ainda o acesso ao litoral norte e
ao Aeroporto Internacional de Cumbica.
A Rodovia Carvalho Pinto permite a ligação de
Guararema a Taubaté.
q Principais rodovias paulistas
– Via Anhanguera – liga São Paulo, Campinas,
Limeira, Igarapava.
– Via Washington Luís – liga Rio Claro, Cordei -
rópolis, São José do Rio Preto, Pereira Barreto.
– Via Fernão Dias – liga São Paulo a Belo
Horizonte.
– Via Raposo Tavares – liga São Paulo,
Presidente Prudente, Presidente Epitácio.
– Via Régis Bittencourt (BR-116) – liga São
Paulo a Jaguarão (RS); é um trecho da CE-RS.
– Via Marechal Rondon – liga Jundiaí, Campinas,
Araçatuba, Andradina.
– Via Castelo Branco – São Paulo-Avaré. 
– Via dos Imigrantes – Diadema-Baixada Santista.
– Via dos Bandeirantes – São Paulo-Campinas. 
– Via Anchieta – São Paulo-Santos.
q Rede rodoviária do norte
• Transamazônica
Sua extensão total, entre a cidade de João Pessoa
até a fronteira do Peru, é de 5.400 km. Os seus principais
objetivos são:
– integração do Nordeste e Amazônia ao Centro-Sul
do País;
– colonizar a região pelo aproveitamento do solo;
– facilitar a pesquisa e a exploração econômica de
riquezas minerais;
– completar o vasto sistema fluvial da Amazônia
(20.000 km).
A Rodovia Transamazônica tem seu trecho inicial
duplo, partindo de João Pessoa (BR-230) e de Recife (BR-
232), confluindo-se na cidade de Picos (PI). Segue o
traçado da BR-230 até Floriano (Pl), passando pelas
cidades de Carolina (MA), Estreito (MA-GO), Marabá (PA),
Jatobal (PA), Altamira (PA), Itaituba (PA), Jacareacanga
(PA), Humaitá (AM), Lábrea (AM), Rio Branco (AC),
Cruzeiro do Sul (AC) e Taumaturgo (AC).
Atravessa os estados nordestinos de Paraíba,
Pernambuco, Ceará, Piauí, Maranhão e, na Região Norte,
Pará, Amazonas e Acre, e no Centro-Oeste, Goiás. Os
seus 5.400 km cortam transversalmente as bacias dos
afluentes da margem direita do Rio Amazonas, no trecho
em que esses rios deixam de ser navegáveis, graças ao
contato entre o Planalto Central e a Planície Amazônica.
Com a finalidade de integrar duas regiões (N-NE),
ligando-as por uma estrada que permitirá novos
habitantes para a Amazônia e novos recursos para o
Nordeste, seu grande mérito é facilitar a ligação N-NE com
o Sul, por meio das rodovias que vão cruzá-la.
• Rodovia Perimetral Norte
Nascendo no Atlântico, no Amapá, acompanha as
fronteiras norte e nordeste do Brasil, encontrando-se com
a Transamazônica em Cruzeiro do Sul, no Acre, após
percorrer 3.900 km nos estados do Pará, Amazonas,
Acre, Amapá e Roraima.
q Rede básica do Nordeste
O programa rodoviário para o Nordeste estabeleceu
prioridade para a interligação das capitais e
dos portos dos nove estados nordestinos,
integrando-os ainda com o Sertão e as regiões produtoras
e conectando-os com o centro-sul do País e a Amazônia.
q Prodoeste e Provale
A Região Centro-Oeste e o Vale do São Francisco
são objetos de programas especiais de investimentos,
instituídos pelo governo.
Esse sistema viário, ao lado de outros investimentos
de infraestrutura na região, trará inestimáveis benefícios
para a economia local do País e servirá como suporte
para as rodovias Belém-Brasília, Cuiabá-Santarém e
Cuiabá-Porto Velho-Manaus, destinadas à expansão de
nossas fronteiras econômicas em direção à Amazônia.
q Redes rodoviárias do Sul e Sudeste
As Regiões Sudeste e Sul apresentam-se em fases
mais avançadas de desenvolvimento econômico, com
razoável concentração demográfica e expressiva parti -
cipação na renda nacional.
Os principais projetos em tais regiões pretendem
interligar os importantes polos econômicos, bem como
vincular as áreas de produção aos centros de consumo
e aos terminais de exportação.
Dois outros aspectos que caracterizam as inversões
rodoviárias nessas áreas são:
– investimento em estradas de interesse turístico;
– aumento da capacidade de rodovias existentes.
No primeiro caso, podemos citar as rodovias: 
BR-227 – Paranaguá a Foz do Iguaçu; BR-101 – Natal
(RN) a Osório (RS); trechos da Rio-Vitória-Salvador; e Rio-
Santos.
q Rodoanel
1o. trecho do Rodoanel foi liberado ao tráfego no
dia 23 de dezembro de 2001, ligando a Av. Raimundo
Pereira de Magalhães à Via Anhanguera.
– 179
C2_3o_GEO_Teoria_Rose 07/01/12 10:09 Página 179
2o. subtrecho do Trecho Oeste do Rodoanel, o
Módulo I, que liga as rodovias Régis Bittencourt e
Raposo Tavares, foi entregue ao tráfego no dia 14 de abril
de 2002.
3o. subtrecho do Rodoanel, ligando a Raposo
Tavares até a Via Anchieta e Imigrantes foi inaugurado em
2011.
4. TRANSPORTE MARÍTIMO
Pela posição que o Brasil ocupa no Oceano Atlân -
tico, com um perímetro costeiro de 7.400 km e possuindo
a economia voltada para o litoral, era de se esperar que
a nossa marinha mercante fosse muito desenvolvida.
Porém, tal não acontece. Em 1993, tivemos um movi men -
to de 37.360 embarcações com um total transportado de
346 milhões de toneladas.
Essa marinha mercante precária constitui
um dos pontos de estrangulamento da nossa
economia.
Vários são os problemas que dificultam o desenvol-
vimento da marinha, entre os quais:
– embarcações velhas, em média com 44 anos de uso;
– deficiências das instalações portuárias; 
– problemas tarifários; 
– desorganização administrativa.
O setor de transporte marítimo conta com dois impor -
tantes órgãos:
– a Sunamam – Superintendência Nacional da Ma ri -
nha Mercante, que tem como objetivo reorganizar o setor;
–o Geicon – Grupo Executivo da Indústria de
Construção Naval, que cuida do planejamento, da
execução e renovação das embarcações.
Em parte, os problemas estão sendo resolvidos pelo
Fundo Portuário Nacional.
A ampliação de estaleiros, por meio da política da
Sunamam, deverá solucionar grande parte dos proble mas
referentes às embarcações, esperando-se que, num futu -
ro próximo, a frota seja quase totalmente renovada.
A navegação é feita sob duas modalidades:
q Navegação de 
longo curso ou internacional
No Brasil, a navegação de longo curso está sendo
feita pelo Loyde Brasileiro, com 55 embarcações, e
pela Fronape (Frota Nacional de Petroleiros),
que possui 69 embarcações.
A navegação de longo curso feita pelo Loyde
consegue atender a uma mínima parte dos transportes
marítimos nos portos brasileiros. O restante é executado
por navios estrangeiros fretados, o que representa
importante saída de divisas dos cofres públicos.
Quanto à Fronape, todo petróleo bruto e derivados
importados são, praticamente, transportados por esta
companhia.
As principais empresas de navegação de longo
curso, no Brasil, são:
• Fronape – petróleo e minério de ferro;
• Loyde Brasileiro – máquinas e produtos agrícolas;
• Docenave – Vale do Rio Doce Navegação S/A –
minérios. 
q Navegação de cabotagem
É a navegação que liga os diversos portos brasileiros
entre si. Essa navegação só pode ser feita por navios
nacionais, segundo dispositivos constitu cio -
nais. Porém, graças às deficiências da nossa marinha
mercante, mais de 50% da tonelagem é transportada por
embarcações estrangeiras.
Entre as principais companhias que exploram esse
tipo de navegação, temos:
• Loyde – Companhia Costeira de Navegação;
• Aliança – Companhia Baiana de Navegação;
• Companhia Paulista de Navegação.
q Portos
Em grande parte, como já dissemos, as deficiências
apresentadas pela nossa marinha mercante devem-se
às instalações portuárias, que são precárias. Dentre os
diversos portos marítimos e fluviais, dois podem ser
considerados de primeira categoria: Santos e Rio de
Janeiro.
Entre os principais portos e suas especialidades,
pode mos destacar:
Porto de Santana, junto a Macapá, no Amapá – 
minério de manganês;
Porto de Areia Branca (RN) – sal marinho;
Porto de Malhado, em llhéus (BA) – cacau;
Porto de Sepetiba (RJ) – minério de ferro;
Porto de Itajaí (SC) – pescado;
Porto de S. Sebastião (SP) – petróleo;
Porto de S. Francisco do Sul (SC) – madeira; 
Porto de Maceió (AL) – açúcar e petróleo;
S. Luís-Itaqui (MA) – ferro de Carajás (PA)
180 –
C2_3o_GEO_Teoria_Rose 07/01/12 10:09 Página 180
.
O complexo portuário-industrial de Sepetiba (RJ),
inaugurado em maio de 1982, receberá de início carvão
metalúrgico e energético, destinados ao parque
siderúrgico da Região Sudeste. Deverá estar capacitado,
também, para a futura movimentação de minério de ferro
aplicado à exportação, desafogando o transporte desse
produto no porto do Rio de Janeiro.
Sepetiba estará destinado à movimentação de gra-
néis e insumos básicos industriais, enquanto o porto do
Rio de Janeiro será restrito ao manuseio de cargas mais
nobres.
O porto de Sepetiba vai articular-se com a Ferrovia
do Aço, através da malha rodoviária existente, passando
por Japeri e Volta Redonda, o que tornará possível o
escoamento do minério de ferro de Minas Gerais. E, atra -
vés de Itutinga, fará a conexão com a malha ferroviária
do Centro-Oeste, permitindo a futura exportação por
Sepetiba da produção agrícola do Cerrado (GO, MG).
q Corredor de exportação
Foi estabelecido, por intermédio do Ministério dos
Transportes, o programa de corredores de exportação
que, melhorando a infraestrutura viária, desde áreas de
produção até certos portos selecionados, visa à redu-
ção dos custos dos transportes de bens destinados à
exportação.
• Corredor de exportação do Rio Grande
Esse corredor destina-se a estimular as exportações
de sua área de influência, compostas predominan -
temente de produtos manufaturados, como calçados e
artigos de couro.
• Corredor de exportação de Paranaguá
Podem ser relacionados como principais produtos
de exportação nesse corredor: café, algodão, soja,
milho, e, potencialmente, sorgo, carne, madeira.
As rodovias componentes desse corredor formam
um feixe convergente na cidade de Curitiba, de onde
parte a estrada para o porto de Paranaguá.
• Corredor de exportação de Santos
A área de influência do Porto de Santos compreende
todo o estado de São Paulo, Goiás, Mato Grosso do Sul
e Minas Gerais.
Entre os produtos primários de exportação,
destacam-se pelo volume: café, açúcar, milho, algodão e
carne. Também muito variada é a pauta de exportação
de produtos manufaturados.
• Corredor de exportação de Vitória-Tubarão
A área de influência desse corredor é formada pelos
estados de Espírito Santo, Minas Gerais e Rio de Janeiro.
Esse corredor contempla o Quadrilátero Ferrífero,
bem como as áreas com potenciais para exportação
madeireira, de carne, cereais, além de outros produtos
manufaturados.
Os maiores portos em carga
(em tonelagem)
Portos Carga movimentada
em mil toneladas
Tubarão (ES) 52.502
Itaqui (MA) 39.678
São Sebastião (SP) 32.772
Santos (SP) 29.111
Sepetiba (RJ) 28.756
– 181
C2_3o_GEO_Teoria_Rose 07/01/12 10:09 Página 181
5. TRANSPORTE HIDROVIÁRIO
A navegação fluvial vê-se prejudicada pelo
fato de a maior parte dos rios brasileiros ser
de planalto e os rios de planícies situarem-se
longe das áreas desenvolvidas. Cria-se, então, um
círculo vicioso: não se melhora a navegação, porque a
área é inculta e esta permanece estagnada por falta de
meios de transporte. 
Os rios de planalto não impedem definitivamente a
navegação, porém a navegabilidade destes depende da
construção de canais laterais, comportas e outros
engenhos de construção, que exigem programas de
financiamento.
182 –
Comércio ExteriorMÓDULO 17
1. HISTÓRICO
A evolução do nosso comércio externo pode ser
dividida, grosso modo, em quatro etapas, mais ou
menos distintas:
A primeira foi, praticamente, da descoberta do Brasil
até 1808, quando houve a abertura dos portos.
Nesse período, o comércio externo brasileiro era mono -
polizado pela metrópole, sendo esta atividade exercida
pelas companhias que recebiam privilégios do reino.
As exportações brasileiras eram representadas por:
açúcar, ouro, pedras preciosas e o fumo, em menor
intensidade.
As importações consistiam em gêneros alimentícios
e manufaturados.
Este monopólio se tornou mais caracterizado após a
aplicação do "Pacto Colonial".
A partir de 1808, com a abertura dos portos, o
Brasil entrou no regime de LlVRE-CAMBISMO, que foi até
1844, iniciando-se o segundo período, quando, apesar das
vantagens tarifárias obtidas pela Inglaterra pelo Tratado de
1810 (de comércio e navegação), de forma geral, o
comércio externo sofreu regular desenvolvimento.
Em 1844, foi instituída a tarifa Alves Branco, entrando
o País num regime protecionista. Foi estipulada em 30% a
tarifa alfandegária para todos os produtos e todos os países.
O estabelecimento da taxa alfandegária, em nível
elevado, diminuiu a concorrência de produtos estrangeiros,
possibilitando, dessa forma, um ligeiro desenvolvimento das
indústrias internas.
Nesse período, o café tornou-se o produto básico da
economia brasileira, atingindo 75% do valor das
exportações, por volta de 1900. Ao lado deste produto,
apareceram: algodão, cacau, borracha e açúcar.
Quanto às importações, não houve substancial
modificação do quadro anterior, embora as importações
de alguns produtos manufaturados tivessem diminuído
relativamente.
No início da República, o governo, por meio de
Rui Barbosa, passou a permitir a emissão de títulos
resgatáveis, por parte dos bancos particulares. Essa
medida foi tomada pelo fato de o meio circulante ser
deficitário, em consequência do próprio desenvolvimento
econômico e por ter havido alteração na relação de
trabalho com a abolição da escravatura.
Essa crise provocou a saída de capitais estrangeiros
do Brasil, ao mesmo tempo em que o nosso comércio
externosofreu abalo causado pela inflação.
A partir de 1900, foi então estabelecida a tarifa
Joaquim Murtinho, que vigorou até 1934.
Durante esse período, houve duas anormalidades no
comércio externo; a primeira, causada pela Primeira
Guerra Mundial, e que acarretou a diminuição das
importações; a segunda, consequência da crise da bolsa
de Nova York.
Até o início da Segunda Guerra Mundial, a exportação
do País permaneceu modesta, apesar da evolução
industrial que se verificou. Contudo, as importações de
manufaturas foram diversificando-se.
Durante a Segunda Guerra, houve violenta restrição de
importação no Brasil, uma vez que as indústrias dos países
beligerantes estavam empenhadas em produzir arma men -
tos. Mas, não havendo restrição das exportações com a
mesma intensidade, o País viu a sua capacidade de expor -
ta ção cada vez maior.
Porém, finda a guerra, houve forte importação de equi -
pamentos, para substituir os antigos ou os de segunda mão,
que vinham sendo utilizados, o que esgotou rapidamente a
nossa capacidade de importação.
Graças a esse fato e ao desenvolvimento crescente
das áreas de influências comerciais, no plano mundial,
entramos, a seguir, na fase de acordos comerciais, por
meio dos quais deveriam surgir vantagens.
A partir de 1945, profundas modificações ocor -
reram no comércio internacional.
Em consequência de vários fatores (Segunda Guerra
Mundial, desenvolvimento dos meios de transporte e
comunicações, independência dos países africanos), os
países subdesen vol vidos ativaram as suas exportações, na
tentativa de minorar os problemas econômicos internos.
Ocorre, porém, que, em geral, os subdesenvolvidos
possuem natureza climática semelhante, produzindo,
portanto, os mesmos produtos agrícolas de exportação,
tornando bastante intensa a concorrência desses no
mercado de consumo mundial.
Por outro lado, o mercado de consumo torna-se
inelástico, sofrendo lenta evolução.
Esses fatores tendem a manter os preços dos
produtos primários agrícolas em níveis bastante baixos.
Ora, como as exportações brasileiras eram consti -
tuí das por esses produtos em grande parte,
naturalmente as receitas de exportações baixavam,
C2_3o_GEO_Teoria_Rose 07/01/12 10:09 Página 182
enquanto as nos sas importações subiam graças à neces -
sidade de industria li zar o País (matéria-prima, equipa -
mentos, máquinas etc.).
Em vista dessa alteração no comércio internacional,
o Brasil lentamente modificou também o seu comércio
externo, aumentando sensivelmente as exportações a
partir de 2002.
Em 1960, foi criada a ALALC (Associação Latino-
Americana de Livre Comércio), com sede em
Montevidéu, na tentativa de solucionar os problemas
relacionados ao comércio dos países-membros, que são:
Brasil, Uruguai, Argentina, Paraguai, Chile, Peru,
Equador, Colômbia, Venezuela e México. Em agosto de
1980, a Alalc foi extinta e substituída pela Aladi
(Associação Latino-Americana de lntegração).
No entanto, vários problemas dificultaram a realização
satisfatória do comércio nesta área, como a falta de
marinha mercante dos países-membros para defender o
seu comércio, em detrimento da Associação.
Na década de 60, o Brasil envidou esforços para
depender cada vez menos das exportações de produtos
primários agrícolas, incentivando, por outro lado, vendas
de manufaturados e minérios (ferro, manganês etc.).
Quanto às importações, houve modificações, na
medida em que o País sofreu um rápido processo de
industrialização.
Em 1995, ativou-se o comércio, com a criação do
Mercosul, com os países Argentina, Paraguai e Uruguai. 
2. A DÍVIDA EXTERNA
A evolução da dívida externa brasileira está cada vez
mais relacionada à política de exportações e à adminis -
tração da Balança Comercial.
(Secex, 2004)
Contraída nos anos 50 para promover o desenvol vi -
mento brasileiro durante o governo de JK, a dívida apre -
sen tou um enorme crescimento a partir dos anos 70, por
causa de dois motivos: primeiro, o encarecimento do
preço do petróleo, graças às crises do Oriente Médio, e,
segundo, em razão de mais empréstimos contraídos para
impulsionar a expansão de infraestrutura, como a
construção de estradas, redes de água e esgotos,
construção de hidroelétricas, metrô etc. A alta de juros,
causada pela procura internacional de capitais, provocou
um avultamento da dívida, que tornou impraticável o
pagamento de juros em 1982.
– 183
C2_3o_GEO_Teoria_Rose 07/01/12 10:09 Página 183
Com o objetivo de conseguir gerar recursos para
honrar os paga mentos, o governo brasileiro estabeleceu
uma política de exportações, diminuindo os custos dos
impostos de produtos exportados, reduzindo o custo da
produção e a procura interna de produtos pela redução
de salários, desvalorizando a moeda nacional para atrair
compra dores. Como resultado, entre 1982 e 1994, o Brasil
gerou superávits que giraram em torno de 10 bilhões de
dólares anuais, com o propósito de pagar a dívida, ao
mesmo tempo em que procurava renegociá-la.
A renegociação da dívida foi um processo difícil,
graças ao fato de o Brasil, durante o governo Sarney,
negar-se, em determinados momentos, a pagar os juros
(moratória unilateral) e, por outro lado, ao grande número
de credores que o Brasil possuía, de diversos tipos
(privados e oficiais). A renegociação, iniciada em 1990
(com intermediação do FMI), foi finalizada em 1994,
quando, então, parte da dívida foi abatida, outra parte
transformada em papéis, e o saldo restante a ser pago
em 30 anos, a partir daquela data.
(Primark Datastream)
Com a estabilização da moeda melhorando a capa ci -
dade de compra do consumidor interno e a política de
afrouxamento dos impostos de importação, o Brasil pas -
sou, a partir de 1994, a importar mais do que importava,
o que gerou déficits na nossa Balança Comercial. Isso
expõe o País novamente ao endividamento externo
acelerado que pode fragilizá-lo em face do movimento
de capitais financeiros internacionais.
(BC)
184 –
Participação do 
Brasil em Organismos Internacionais
MÓDULO 18
ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS QUE O
BRASIL INTEGRA
q A I E A – Agência 
Internacional de Energia Atômica
Centro mundial de coo -
peração na área da ener -
gia nuclear, estabelecida
em 1957, constituído por
países membros das
Nações Unidas, com
finalidade de promover o
de senvolvimento pacífico,
e seguro da tecnologia
nuclear.
Sediada em Viena, Áustria, possui escritórios
regionais em Genebra, Suíça; Nova lorque, Esta dos
Unidos; Toronto, Ca nadá e em Tóquio, Japão; centros de
pesquisa e laboratórios em Viena e Seibersdorf, Áustria;
Môna co; e Trieste, Itália.
O secretariado da AIEA é composto por 2200
indivíduos de diversas áreas, de 90 países membros. Suas
missões são dirigidas segundos interesse de seus
membros, priorizando a segurança, a ciência e a tecnologia.
q ALADI – Associação Latino-Americana de
Desenvolvimento e Integração
A ALADI foi criada em 1980, dando continui dade ao
projeto de integração regio nal da América Latina,
estabelecido pela ALALC e 1960, visando promover a
C2_3o_GEO_Teoria_Rose 07/01/12 10:09 Página 184
expansão econô mica e a inte gração da região, com o
objetivo de promover o desenvolvimento econômico e
social integrado, além da criação de um mercado
comum, numa etapa mais avançada de
complementação econômica.
Formada por três
órgãos políticos: o
Conselho de Mi -
nistros das Rela -
ções Exterio res, a
Conferência de
Ava liação e Con -
vergência e o
Comitê de Repre -
sen tantes.
Países-mem -
bros originários
da ALADI, Argen -
tina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, México,
Paraguai, Peru, Uruguai e a Venezuela. Aderiram
posteriormente: Cuba, 1988.
A Associação Latino-Americana de Desenvolvi men -
to e Integração – ALADI foi instituída pelo Tratado de
Montevidéu, em 12/08/80, para dar continuidade ao
processo de inte gra ção econômica iniciado em 1960
pela Associação Latino-Americana de Livre Comércio –
ALALC. Este processo visa à implantação, de forma
gradual e pro gressiva, de um mercado comum latino-
americano, caracterizado principalmente pela adoção de
preferên cias tarifárias e pela eliminação de restrições
não-ta ri fárias.
Países membros: Argentina, Colômbia, Para guai,
Bolívia, Cuba, Peru, Brasil, Equador, Uruguai, Chile,
México e Venezuela.
q BID – Banco Interamericano de
Desenvolvimento
Criado em 1959 visan do
a cooperação técnica para
projetos de desen -
volvimento regional latino-
americano. Os programas e
instrumentos do BID foram
tão efetivos que se con -
verteram em modelo para a
criação de outras institui -
ções multilaterais de
desenvolvimento regional e
sub-regional. O BID é atual -
mente o maior de todos os bancos de desenvolvimento
regional, e constitui a maior fonte de desenvolvimento de
projetos de desenvolvimento da América Latina e Caribe.
Seus membros originais são: Argentina, Bolívia, Brasil,
Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, El Salvador,
Guatemala, Haiti, Honduras, México, Nicarágua, Panamá,
Paraguai, Peru, República Dominicana, Uruguai, Venezuela
e Estados Unidos.
Atuais membros: Argentina, El Salvador, Noruega,
Alema nha, Eslovênia, Países Baixos, Áustria, Espanha,
Panamá, Bahamas, Estados Unidos, Paraguai, Barbados,
Finlândia, Peru, Bélgica, França, Portu gal, Belize,
Guatemala, Suécia, Bolívia, Guiana, Suíça, Brasil, Haiti,
Suriname Canadá, Hon duras, Trinidad y Tobago, Chile,
Israel, Reino Unido, Colômbia, Itália, República Domini -
cana, Costa Rica, Jamaica, Uruguai, Croácia, Japão,
Venezuela, Dina marca, México, Equador, Nicarágua.
Cuba não ratificou o convênio constitutivo do Banco, e
os estatutos que deram origem à instituição.
q ALCA – Área do Livre Comércio das Américas
FTAA – Free Trading America Area
Iniciativa para a criação da ALCA surge com a
Cúpula das Américas, realizada em dezembro de 1994
em Miami, Estados Unidos. Chefes de Estado e de
Governo de 34 países do continente americano decidiram
então criar a Área de Livre Comércio das Américas (ALCA),
na qual seriam eliminadas progressivamente as barreiras
ao comércio e ao investimento. Eles acordaram que as
negociações referentes a esse acordo seriam concluídas
até o ano 2005. A ALCA fracassou.
Durante a fase preparatória (1994-1998), os ministros
responsáveis por Comércio estabeleceram doze grupos
de trabalho para identificar e examinar as medidas
relacionadas com o comércio em suas respectivas áreas
com vistas a definir os possíveis enfoques das
negociações. Quatro reuniões ministeriais foram
realizadas nesta fase preparatória: a primeira, em junho
de 1995, em Denver, Estados Unidos; a segunda, em
março de 1996, em Cartagena, Colômbia; a terceira, em
maio de 1997, em Belo Horizonte, Brasil; e a quarta, em
março de 1998, em São José, Costa Rica.
Na Declaração de São José, os Ministros
estabeleceram a estrutura das negociações, acordaram
os princípios e os objetivos gerais para orientar as
negociações e recomendaram aos Chefes de Estado e
de Governo que iniciassem as negociações formais sobre
a ALCA.
As negociações da ALCA foram oficialmente lançadas
em abril de 1998 na Segunda Cúpula das Américas, em
Santiago, Chile. Os Chefes de Estado e de Governo
participantes desse evento estabeleceram que o processo
de negociações da ALCA seria equilibrado, amplo e
congruente com a OMC e constituiria um compromisso
único. Também concordaram que o processo de
negociação seria transparente e levaria em conta as
diferenças nos níveis de desenvolvimento e tamanho das
economias das Américas a fim de facilitar a plena
participação de todos os países. Além disso, acordaram
que as negociações deveriam visar a contribuir para
elevar os níveis de vida, melhorar as condições de
trabalho dos povos das Américas e proteger melhor o
meio ambiente.
Finalmente, definiram a estrutura sob a qual seriam
conduzidas as negociações.
A ALCA conta com o apoio Técnico e Analítico: o
Comitê Tripartite é constituído pelas seguintes
instituições: Banco Interamericano de Desenvolvimento
(BID), Organização dos Estados Americanos (OEA) e
– 185
C2_3o_GEO_Teoria_Rose 07/01/12 10:09 Página 185
Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe
(CEPAL).
Os membros da ALCA são: Antigua e Barbuda,
Argentina, Bahamas, Barbados, Belize, Bolívia, Brasil,
Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica, Dominica, Equador,
El Salvador, Estados Unidos, Granada, Guatemala,
Guiana, Haiti, Honduras, Jamaica, México, Nicarágua,
Panamá, Paraguai, Peru, República Domini cana, São
Kitts e Nevis, São Vicente e Granadinas, Santa Lúcia,
Suriname, Trinidad e Tobago, Uruguai e Venezuela.
q Banco Mundial
Fundado em 1944, o Grupo
do Banco Mundial tem por
missão combater a pobreza.
Tem 184 membros, é sedia -
do em Washington e tem escri -
tórios em mais de 100 países
com mais de 10.000
funcionários. O Banco Mundial
é provedor de assistência para
o desenvolvimento con ce -
dendo empréstimos.
O Banco Mundial desenvolve projetos em mais de
100 economias em desenvolvimento, sobretudo
subdesenvolvidos. São objetivos do Banco Mundial:
investimentos, desenvolvimento social, proteção ao meio
ambiente, apoio ao setor privado, promoção do
desenvolvimento, além de promover reformas a fim de
promover a estabilidade econômica.
q Cúpula Ibero-Americana
Constituída por 21 países: Portugal, Espanha e todos
os países latino-americanos, que totalizam uma
população de pouco mais de 489 milhões de habitantes
e uma área de 21.352.017 km2, a Conferência Ibero-
Americana constitui foro político sobre temas de interesse
comum, tendo por base o compromisso com os
princípios da democracia representativa e com respeito
aos direitos humanos, às liberdades fundamentais e à
autodeterminação dos povos.
O mecanismo nasceu em Guadalajara, México, em
1991, no âmbito dos preparativos para a celebração do
V Centenário da Descoberta das Américas, e tem como
elemento comum a identidade cultural entre os povos
latino-americanos e ibéricos.
No âmbito da VIII Reunião de Cúpula da Conferên cia
Ibero-Americana (Porto, 1998) foi aprovada a criação de
uma Secretaria de Cooperação, com sede em Madri,
cujos objetivos são: contribuir para a consolidação da
Comunidade Ibero- americana de Nações sobre a base
dos valores compartilhados; contribuir para o
desenvolvimento da cooperação e aproximação e
interação dos atores da cooperação ibero-americana;
fortalecimento das características especificamente ibero-
americanas.
Esses objetivos articulam-se em torno dos seguintes
eixos: difusão das línguas e das culturas comuns;
interação das sociedades e aprofundamento do
conhecimento mútuo; fortalecimento das instituições.
q FMI – Fundo Monetário Internacional
O FMI foi cria -
do a partir do
T r a t a d o
B r e t t o n -
Woods, em
1945, e é uma
organiza ção
internacio nal
composta por
184 mem bros,
cujo obje tivo é
a promo ção de uma cooperação monetária internacional,
a estabilidade cambial, a assistência financeira e técnica
temporária no auxílio ao equilíbrio do balanço de
pagamentos.
Por se tratar de uma organização que, na prática,
visa assegurar a integridade do sistema financeiro e o
manejo adequado do serviço das dívidas externas, a
ação do FMI é comumente criticada por economistas de
esquerda, pois visa o equilíbrio financeiro, que, em
países em crise, implica em menores investimentos em
áreas sociais, redução de salários e aumento da carga
tributária e dos impostos.
q CPLP – Comunidade 
dos Países de Língua Portuguesa
A Comunidade dos Países de
Lingua Portuguesa – CPLP é o
foro multilateral privilegiado para
o aprofundamento da amizade
mútua e da cooperação entre os
seus membros. Criada em 17 de
Julho de 1996, a organização
tem como objetivos gerais: o
alinhamento político-diplo mático
entre seus estados membros;
coope ração em todos os
domínios, inclusive os da
educação, saúde, ciência e tecnologia, defesa,
agricultura, admi nistração pública, comunicações,
justiça, segurança pública, cultura, desporto e
comunicação social; a materialização de projetos de
promoção e difusão da língua portuguesa.
186 –
C2_3o_GEO_Teoria_Rose 07/01/12 10:09 Página 186
A sede da CPLP está em Lis boa, Portugal. Os
estados mem bros da CPLP são, por ordem alfabética:Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambi que,
Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.
A CPLP é regida pelos seguin tes princípios:
• Igualdade soberana dos estados membros;
• Não-ingerência nos assuntos internos de cada
estado;
• Respeito pela sua identidade nacional;
• Reciprocidade de tratamento;
• Primado da paz, da democracia, do estado de
direito, dos direitos humanos e da justiça social;
• Respeito pela sua integridade territorial;
• Promoção do desenvolvimento;
• Promoção da cooperação mutuamente vantajosa.
q Grupo do Rio
O Mecanismo Per -
manente de Consul ta
e Inte gração Polí tica
– Grupo do Rio
(GRIO) – foi criado
em 1986, no Rio de
Janeiro. Dele fazem
parte Argentina, Bolí -
via, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, México, Panamá,
Paraguai, Peru, Venezuela, Uruguai e um representante
da Comunidade do Caribe/CARICOM. A partir da Cúpula
de Cartagena (junho de 2000) Costa Rica, El Salvador,
Guatemala, Honduras, Nicará gua e República
Dominicana participam do GRIO como membros plenos
e individuais, e não mais sob a forma de representação
rotativa como vinha ocorrendo até então.
O Grupo do Rio é um mecanismo singularmente
dotado para consultas políticas no mais alto nível, com
grande maleabilidade de procedimentos e um grau
mínimo de institucionalização. Tem sido um importante
instrumento na contenção de processos que colocam em
risco a ordem democrática. Além disso, tornou-se um
foro privilegiado de integração de posições latino-
americanas e caribenhas em questões regionais e
internacionais.
Por participar ativamente das discussões sobre os
grandes temas da agenda internacional, o Grupo do Rio
tem sido reconhecido como interlocutor legítimo e
confiável de outros países, tais como Canadá, Japão e
índia, e de outras associações de países, como a União
Européia.
Na Declara ção do Rio de Ja neiro, em 1986, foram
fixa dos os principais objetivos desse mecanis mo: ampliar
e sistematizar a cooperação política entre os governos
dos países membros; examinar questões internacionais
que sejam de interesse e concertar posições comuns em
relação às mesmas; promover o melhor funcionamento e
a coordenação dos organismos latino-americanos de
cooperação e integração; apresentar solu ções próprias
aos problemas e conflitos que afetam a região;
impulsionar iniciativas e ações destinadas a melhorar,
por meio do diálogo e da coope ração, as relações
interameri canas; explorar conjuntamente novos campos
de cooperação que favoreçam o desenvolvimento
econômico, social, científico e tecnológico.
q G-77
O G-77 foi criado em junho de
1964 por setenta e sete países
não desenvolvidos.
Originalmente um Fórum Mi -
nis terial, a organização gradual -
mente foi sendo ampliada até se
transformar na maior organi zação
de países do Terceiro Mundo
integrante na ONU, que
buscavam defen der interesses
econômicos coletivos, através da promoção da coope -
ração técnica e econômica.
q Interpol
Criada para promover a
segurança internacional e o
combate integrado ao crime.
A Interpol dá
suporte às autoridades de
segu rança na cionais
preven do, repri mindo e
monitorando ativida des
criminosas, atra vés da
cooperação interna cional,
da coordenação de ações
e da troca de informações.
q OMC – Organização Mundial do Comércio
A OMC ocupa-se das
regras de funcionamento
e de dinamização do co -
mércio internacional. Os
acordos da OMC foram
assinados pela maioria
das potências comer ciais,
ratificadas por seus
parlamentos. Sua finali -
dade é auxiliar a circula -
ção de mercadorias e
serviços, otimizando as
atividades ligadas às im-
portações e às exportações.
A OMC foi criada em 1993 em substituição ao GATT
(Acordo Geral de Comércio e Preços).
q ONU – Organização das Nações Unidas
– 187
C2_3o_GEO_Teoria_Rose 07/01/12 10:09 Página 187
q SELA – Sistema 
Econômico Latino-Americano
O SELA é um organismo regional intergover -
namental, com sede em Caracas, Venezuela, composto
por 27 países da América Latina. Criado em 1975 com o
estabelecimento do Convênio Constitutivo do Panamá,
formado atualmente por: Panamá, Venezuela, México,
Cuba, Guiana, Equador, Peru, Brasil, Granada, Jamaica,
República Dominicana, Barbados, Trinidad y Tobago,
Bolivia, Honduras, Nicarágua, Guatemala, Argentina,
Costa Rica, Uruguai, Haiti, Chile, Colômbia, Suriname,
Paraguai, Belize e Bahamas.
Seus objetivos são: promover um sistema de consulta
e coordenação para alinhar posições e estratégias
comuns para o desenvolvimento da América Latina.
q TCA – Tratado de Cooperação Amazônica
Firmado em julho de 1978, o Tratado de Coope ração
Amazônica é um relevante instrumento multilateral para
promover a cooperação entre os países amazônicos –
Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Peru,
Suriname e Venezuela – em favor do desenvolvimento
sustentável da região.
q Tratado da Bacia do Prata
Estabelecido em 1969, com o objetivo de permitir o
desenvolvimento harmônico e equilibrado, assim como
o ótimo aproveitamento dos grandes recursos naturais
da região, e assegurar sua preservação para as
gerações futuras através da utilização racional dos
aludidos recursos. O tratado ainda visa: a) à facilitação e
assistência em matéria de navegação; b) à utilização
racional do recurso água, especialmente através da
regularização dos cursos d’água e seu aproveitamento
múltiplo e equitativo; c) à preservação e ao fomento da
vida animal e vegetal; d) ao aperfeiçoamento das
interconexões rodoviárias, ferroviárias, fluviais, aéreas,
elétricas e de telecomunicações; e) à complementação
regional mediante a promoção e estabelecimento de
indústrias de interesse para o desenvolvimento da Bacia;
f) à complementação econômica de áreas limitrofes; g) à
cooperação mútua em matéria de educação, saúde e
luta contra enfermidades; h) à promoção de outros
projetos de interesse comum e em especial daqueles
que se relacionem com o inventário, avaliação e
aproveitamento dos recursos naturais da área; i) ao
conhecimento integral da Bacia do Prata.
q OPANAL / Tratado de Tlatelcolco
Organismo intergo -
vernamental criado pelo
Tratado de Tlatelcolco,
para assegurar o cumpri -
mento das obrigações
nele firmadas. O Tratado
de Tla telcolco foi firmado
em fevereiro de 1967, e
entrou em vigor em 1969,
visando: assegurar a
ausência de armas
nucleares em sua zona de influência; contribuir para a não
proliferação de armas nucleares, promover o desarme geral
e completo dos países signatários, vetar o trânsito e a troca
de artefatos e técnicas nucleares e fins militares.
Seus signatários são: Antigua e Bar buda, Argen tina,
Ba hamas, Barba dos, Belize, Bolívia, Brasil, Chile, Co -
lômbia, Cos ta Rica, Cuba, Domi nica, Equa dor, El Sal -
vador, Granada, Gua temala, Guiana, Haiti, Honduras,
Ja maica, México, Nica rágua, Panamá, Paraguai, Peru,
República Dominicana, São Kitls e Nevis, São Vicente e
Granadinas, Santa Lucia, Suriname, Trinidad e Tobago,
Uruguai e Venezuela.
q OEA – Organização dos Estados Americanos
A OEA foi criada pela IX Conferência Internacional
de Estados America nos, realizada em Bogotá, maio de
1948. Como um dos mais antigos organismos regionais
do mundo, a OEA atra vessou um século em busca de
solu ções para os principais problemas do continente,
mostrando notável capacidade não só de adaptação à
conjuntura histórica, mas até mesmo de inovação.
Encontra-se atualmente em processo de revitalização,
marcado por novas perspectivas de atuação, ao lado de
novos desafios. A partir da década de 90, a ênfase no
fortalecimento da democracia marcou os trabalhos da
Organização, ocorrendo, ao mesmo tempo, uma
atualização de sua agenda política, resultante do novo
quadro internacional. Assim, a OEA passou a atuar mais
intensamente em áreas de interesse de seus Estados-
membros, tais como o comércio e integração, controle
de entorpecentes, repressão ao terrorismo, corrupção,
lavagem de dinheiro e preservação do meio-ambiente.
São atualmente em número de 35 os Estados-
membros da OEA: Antigua e Barbuda, Argentina,
Bahamas, Barbados, Belize, Bolívia, Brasil, Canadá,
Chile,Colôm bia, Costa Rica, Cuba (cujo Governo está
suspenso desde 1962), Dominica, El Salvador, Equador,
Estados Unidos, Granada, Guatemala, Guiana, Haiti,
Honduras, Jamaica, México, Nicarágua, Panamá,
Paraguai, Peru, República Dominicana, São Cristóvão e
Nevis, Santa Lúcia, São Vicente e Granadinas, Suriname,
Trinidad e Tobago, Uruguai e Venezuela. Em 2005 foi
eleito José Miguel Insulga, ministro do interior do Chile
como secretário-geral da OEA.
188 –
C2_3o_GEO_Teoria_Rose 07/01/12 10:09 Página 188
A OEA atua nas se guintes principais áreas:
fortalecimento da de mocracia; segurança hemisférica;
constru ção da paz; promoção e defesa dos direitos
humanos; estímulo ao comércio entre as na ções;
combate às drogas; preservação do meio ambiente;
com bate ao terrorismo; incentivo à probidade
administrativa e cooperação para o desenvolvimento.
q Mercosul
A criação do Mercosul sur giu, inicialmen te, como
zona de livre comércio, estimulada pela liberalização
tarifária gradual, linear e automá tica acordada por seus
quatro Estados Partes (Brasil, Argentina, Paraguai e
Uruguai). O segundo passo foi estabelecer os primeiros
contornos da União Aduaneira, com a entrada em vigor
em 10 de janeiro de 1995 da Tarifa Externa Comum (TEC).
O Tratado de Assunção, firmado por Brasil, Argen -
tina, Paraguai e Uruguai em 26 de março de 1991, é o
instrumento jurídico fundamental do Mercosul. Como
resultado da utilização dos instrumentos previstos no
Tratado, cerca de 95% do comércio intra-Mercosul
realiza-se atualmente livre de barreiras tarifárias,
condição que deve alcançar a totalidade do comércio
intra-regional até o ano 2000. A Tarifa Externa Comum
(TEC) encontra-se definida para praticamente todo o
universo tarifário do Mercosul, tendo sido implementada
em grande parte a partir de 10 de janeiro de 1995. Até
2006, quando termina o período de convergência
ascendente ou descendente das tarifas nacionais que
ainda se encontram em regime de exceção, a TEC
estará implementada para a totalidade do universo
tarifário.
A configuração atual do Mercosul encontra seu
marco institucional no Protocolo de Ouro Preto, assinado
pelos quatro países em dezembro de 1994.
O Mercosul é hoje uma realidade econômica de
dimensões continentais. Somando uma área total de
pouco menos de 12 milhões de quilômetros quadrados,
o que corresponde a mais de quatro vezes a União
Européia, o Mercosul representa um mercado potencial
de 200 milhões de habitantes e um PIB acumulado de
mais de 1 Trilhão de dólares, o que o coloca entre as
quatro maiores economias do mundo, logo atrás do
Nafta, União Européia e Japão.
O Mercosul é hoje um dos principais pólos de atração
de investimentos do mundo. As razões para este sucesso
não são poucas: o Mercosul é ao mesmo tempo um das
maiores economias mundiais e uma das principais
reservas de recursos naturais do planeta. Suas reservas
de energia estão entre as mais importantes, em especial
as de minério e as hidroelétricas.
O Mercosul é um global trader e, como tal, tem todo
o interesse em manter um relacionamento externo amplo
e variado. Seus quatro países membros têm se
preocupado constantemente em manter uma inserção
comercial global. Destacam-se: a) a negociação de
acordos de livre comércio entre o Mercosul e os demais
membros da Aladi; b) a implementação do Acordo-
Quadro Inter-regional de Cooperação Econômica e
Comercial, firmado em dezembro de 1995 entre o
Mercosul e a União Européia; c) a coordenação de
posições no âmbito das negociações com vistas à
formação da Área Hemisférica de Livre Comércio.
Seus membros são: efetivos: Brasil, Argentina,
Paraguai e Uruguai, membros associados: Bolívia e Chile.
– 189
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1. CARACTERÍSTICAS GERAIS
Área: 42 mihões de km2
População aproximada: 700 milhões de habitantes.
O continente americano pode ser dividido de acordo
com dois diferentes critérios: físico e cultural-eco nômico.
A divisão física (clássica) divide a América em: 
– América do Norte: com 52% da área conti nen -
tal, é constituída por México, EUA e Canadá, além da
Groenlândia.
– América Central: com apenas 2% da área, é
constituída pelo istmo e pela porção insular (Grandes
Antilhas, Pequenas Antilhas, Bahamas), apresentando
grande subdivisão.
– América do Sul: com os restantes 46% de área,
possui o Brasil e a Argentina em destaque, em ter mos
territoriais.
A divisão cultural e econômica leva em conside ra -
ção as origens da colonização e o grau de desenvolvi -
mento econômico. Assim, temos: 
– América Anglo-Saxônica: formada pelos
povos de origem inglesa, EUA e Canadá, apresenta um
elevado grau de desenvolvimento econômico.
– América Latina: colonizada por povos latinos,
co mo portugueses, espanhóis e franceses, é a parte
sub de senvolvida da América. Nela também se incluem
paí ses de línguas saxônicas, mas que são subdesen vol -
vidos, como Suriname, Guiana, Bahamas, Curaçao, Ja -
mai ca, Granada e outros.
2. QUADRO FÍSICO
Relevo: a América apresenta três compartimen tos
de relevo: a leste, planaltos antigos, desgastados, como
o Planalto Brasileiro e os Montes Apalaches, por exem -
plo; planícies centrais, como a do Mississippi e a do
Ama zonas, e montanhas de formação recente a oeste,
como os Andes ou as Montanhas Rochosas.
Clima e vegetação: a América, por possuir um
território que se estende de 80° de latitude norte até 56°
de latitude sul, possui todos os tipos de clima da terra e,
consequentemente, todos os tipos de vegetação. A
América do Norte possui climas principalmente tempe ra -
dos, enquanto na América Central e do Sul, pre do minam
climas tropicais.
Hidrografia: na América do Norte, na porção nor -
te, devido ao relevo plano e aos climas frios, predo minam
lagos (Cinco Grandes Lagos). Na porção sul, sur ge com
destaque a bacia do Rio Mississippi. Na Amé rica do Sul,
há três grandes bacias: ao norte, a Bacia do Rio Ore -
noco; ao centro, a Bacia Amazônica e, ao sul, a Bacia Platina.
190 –
FRENTE 3 Geografia Geral
Continente Americano e CanadáMÓDULO 11
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– 191
Canadá
1. ASPECTOS GERAIS
Segundo maior país do mundo, e o maior do
continente americano, com uma área de 9.970.610 km2. 
Federação dividida em 10 províncias e dois territórios
autônomos.
Banhado por três oceanos: Glacial Ártico ao norte,
Atlântico a leste e Pacífico a oeste.
Limita-se ao sul com os Estados Unidos, e a noroeste
com o Alasca, estado americano. Na porção sudeste
entre os dois países estão os Grandes Lagos: Huron,
Superior, Eriê, Ontário, metade canadense e metade
americana, e o Lago Michigan, totalmente americano.
Esses lagos são ligados ao Oceano Atlântico pelo Rio
São Lourenço.
2. ASPECTOS NATURAIS
q Relevo
Oeste: Montanhas Rochosas – geologicamente
instável.
Centro: Planícies (Prairie) – área de sedimentação.
Leste: Escudo Canadense – geologicamente estável.
q Hidrografia
Vertente do Ártico, Rios Mackenzie Nelson, Churchill,
Nelson e Severn.
Vertente do Pacífico, Rios Frazer, Skeena e Stikine.
Vertentes do Atlântico, Rio São Lourenço.
q Clima e vegetação
Norte: Polar e Subpolar – Tundra
Centro: Temperado Frio – Floresta de Coníferas (Taiga).
Centro-sul: Temperado Seco – Pradarias.
3. ASPECTOS HUMANOS
A população absoluta do Canadá gira em torno de
32.000.000 de habitantes, a densidade demográfica em
torno de 3,1 hab/km2, sendo considerado portanto um país
pouco populoso e pouco povoado. A distribuição da
população é irregular pelo território: 90% de seus
habitantes estão concentrados na fronteira com os
Estados Unidos.
O padrão de vida no Canadá é elevado, seu IDH
corresponde a 0,932, um dos maiores do mundo, 1.o do
continente americano. A expectativa de vida dos homens
é de 76 anos e das mulheres 82. A taxa de mortalidade
infantil é de 6‰. Não existem analfabetos no país. A renda
anual per capita é de US$ 19,640.
A população canadense é majoritariamente urbana
(77%); suas maiores cidades são: Toronto (4,2), Montreal
(3,3), Vancouver (1,8) e Ottawa (1,1). 40% da populaçãodo Canadá é descendente de ingleses e está concentrada
principalmente na província de Ontário e 27% de ascen -
dência francesa na província de Quebec. Os inuit ou
esquimós perfazem menos de 3% da população ca -
nadense e concentram-se ao norte ao longo da Baía de
Hudson. A eles o governo canadense cedeu uma província
autônoma denominada Nunavut.
4. ASPECTOS ECONÔMICOS
País economicamente desenvolvido, primeiro do
mundo, América Anglo-Saxônica.
Membro do Commonwealth (Comunidade Britânica
das Nações) e do Nafta (North American Free Trading
Agreement – Acordo de Livre Mercado da América do
Norte).
q Agropecuária
Sudeste e sudoeste: policultura alimentícia e
pecuária intensiva leiteira.
Centro-Sul: triticultura mecanizada e criação
extensiva de bovinos.
q Recursos naturais
Ferro: Escudo Canadense
Petróleo, Carvão e Gás Natural: Prairie
Urânio: Lago Huron
Ouro, Prata e Cobre: Montanhas Rochosas
Pesca: costa do Pacífico e Províncias Atlânticas
Madeira: centro/Floresta de Coníferas
q Indústrias
Sudeste: Siderurgia, Petroquímica, Papel e a
Metalurgia (alumínio)
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192 –
Centro-Sul: Petroquímica.
Sudoeste: Alimentícia e papel.
5. REGIÕES GEOECONÔMICAS
A) Grande Norte
Clima polar, tundra, vazio demográfico, caça,
pesca, exploração da madeira, esquimós, Nunavut.
B) Colúmbia Britânica
Clima temperado, floresta de coníferas, Montanhas
Rochosas, Vancouver, policultura alimentícia, pecuária
leiteira, pesca, madeira, indústria do papel.
C) Prairie
Planície, clima temperado seco, pradarias, vazio
demográfico, triticultura, pecuária extensiva de bovinos,
petróleo, gás natural e carvão mineral.
D)Sudeste
Escudo Canadense, clima temperado, floresta de
coníferas, Grandes Lagos, Rio São Lourenço, 50% da
população absoluta, províncias de Ontário e de Quebec,
policultura alimentícia, e pecuária intensiva leiteira, ferro,
urânio e potencial hidrelétrico, indústria siderúrgica,
petroquímica, papel e metalurgia do alumínio.
E) Províncias Atlânticas
Vazio demográfico, clima temperado, floresta de
coníferas, pesca, turismo e a exploração madeireira.
Estados UnidosMÓDULO 12
Os Estados Unidos são formados por 50 Estados,
tendo uma superfície descontínua de 9.372.614 km2.
É o quarto país em extensão, do globo, em terras
descontínuas.
1. FORMAÇÃO DO TERRITÓRIO DOS EUA
O processo de formação territorial dos EUA sofreu
um grande avanço a partir de 1776 (independência),
expandindo-se para o oeste. Assim, temos:
• 1776 – independência das Treze Colônias que eram:
Nova Hampshire; Massachusetts; Nova York; Rhode Island;
Connecticut; Pensilvânia; Carolina do Norte; Carolina do
Sul; Georgia; Delaware; Maryland; Nova Jersey e Virgínia.
• 1783 – reconhecimento da independência pela
Inglaterra, que cede o território ao redor dos Grandes Lagos
e do meio-oeste (Estados de Wisconsin; Michigan; Illinois;
Indiana; Ohio; Kentucky; Tennessee; Mississípi e Alabama).
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– 193
• 1803 – os EUA compram da França o território da
Louisiana que se estendia do Rio Mississípi até as
Rochosas (estados de Montana; Dakota do Norte; Dakota
do Sul; Wyoming; Minnesota; Iowa; Nebraska; Colorado;
Kansas; Missouri; Oklahoma; Arkansas e Louisiana).
• 1819 – os EUA compram a Flórida da Espanha.
• 1845 – os EUA incorporam o Texas, território
mexicano que havia sido invadido por norte-americanos.
• 1846 – a Inglaterra cede seu território noroeste
(atuais Estados de Washington, Idaho e Oregon).
• 1853 – após uma guerra com o México, os EUA
invadem e anexam o território onde se encontram os
Estados da Califórnia, de Nevada, de Utah, do Arizona e
do Novo México.
• 1867 – os EUA adquirem da Rússia o território do
Alasca e as Ilhas Aleutas.
• 1898 – anexação do Havaí, Guam, Filipinas e
Porto Rico, após guerra com a Espanha.
• 1903 – término da construção do Canal do Pana-
má, sobre o qual os EUA exercerão domínio até 1999.
• 1916 – compra das Ilhas Virgens com a Dinamarca.
2. RELEVO
É composto por três sistemas:
• No oeste: as Montanhas Rochosas (dobramentos
do Terciário de origem recente, sujeitas a instabilidade e
vulcanismo);
• No centro: planícies (como a do Rio Mississípi);
• No leste: planaltos antigos geologicamente está -
veis (como os Apalaches, ricos em carvão mineral).
3. CLIMA E VEGETAÇÃO
Devido à sua posição, os EUA possuem predomínio
de clima temperado, com algumas variações:
• no oeste, litoral da Califórnia: temperado mediter -
râneo, com o maqui e o garrigue;
• no sudoeste: desértico com xerófitas (fronteira
com o México);
• nas Rochosas: temperado frio e seco;
• no centro: temperado seco com estepes e pradarias;
• no sudeste: subtropical, com vegetação subtropical;
• no leste: temperado oceânico com florestas de
coníferas.
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194 –
4. HIDROGRAFIA
Destacam-se:
• A região dos Grandes Lagos, no nordeste do país,
e o Rio São Lourenço, que, a despeito de situar-se no
Canadá, é amplamente utilizado pelos Estados Unidos.
• Rios Mississípi-Missouri drenam a porção central
do país – as planícies centrais –, sendo amplamente
navegáveis. Destacam-se ainda nessa bacia os rios:
Ohio, Tennessee, Arkansas e Vermelho.
• Na costa do Pacífico destacam-se dois grandes
rios: o Colúmbia, de elevado potencial hidrelétrico, e o
Colorado, amplamente utilizado para a irrigação.
❑ População
O país possui 310 milhões de habitantes em 2002, dos
quais metade concentra-se na região nordeste (Grandes
Lagos, Vale do Ohio e Costa Atlântica). Há também
importantes concentrações no sul do país (desembo -
cadura do Rio Mississípi, Texas, Nova Orleans) e na costa
do Pacífico (cidades industriais como Los Angeles – a
segunda do país – e São Francisco).
Os vazios demográficos se verificam no oeste, nas
Montanhas Rochosas, nas Planícies Centrais e no Alasca.
A população dos EUA é predominantemente adulta
(o crescimento vegetativo é baixo, 0,89% ao ano) e
urbana (77%). Há predomínio de brancos (83%), com os
negros somando 11% da população. Estes últimos estão
concentrados principalmente no sul e nas grandes
cidades. Há também parcela significativa de hispânicos,
uma pequena porção de asiáticos e um número ainda
menor de ameríndios.
Contribuição do imigrante
No período que vai de 1800 a 1920, chegaram mais
de 44 milhões de imigrantes, dos quais 80% eram euro -
peus. Houve um período áureo entre 1820 e 1870,
destacando-se a entrada de alemães, italianos, irlande -
ses e ingleses.
• 1800-1850: imigração moderada de europeus
(ingleses e irlandeses).
• 1850-1880: maciça imigração de ingleses,
escandinavos e alemães.
• 1880-1920: imigração de mediterrâneos
(italianos), eslavos e judeus.
• 1920: as autoridades votam leis restritivas à
entrada de povos amarelos (chineses, japoneses) e de
povos latinos.
• 1920 em diante: sensível diminuição da imigra -
ção.
A esses imigrantes se juntaram aproximadamente 25
milhões de negros e 900 mil indígenas, tendo como
resultado uma população heterogênea, embora com
83% de brancos.
Atualmente, os EUA recebem, principalmente,
imigrantes europeus, canadenses e mexicanos.
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– 195
Área 1.972.547 km2
América do Norte e América Latina.
1. ASPECTOS NATURAIS
Relevo Geologicamente instável 
Rede Hidrográfica pobre
Clima Árido Xerófitas
Tropical Floresta Tropical 
2. ASPECTOS HUMANOS
País populoso
População: adultos 52% e urbana 75%
Mestiços (Astecas e Maias)
Baixo padrão de vida
Forte emigração para os EUA
População absoluta: 110 milhões de habitantes
População relativa: 51,61 milhões de habitantes
Crescimento vegetativo: 1,42%
3. ASPECTOS ECONÔMICOS
❑ Agricultura
O México concentra sua agricul tura na porção
centro-sul do país por causa do clima menos rigoroso.
Ao norte cultiva-se o algodão; ao centro, o milho e o trigo;
o café, nas encostas da Sierra Madre; e a cana, no litoral
Atlântico. O México foi o primeiro país da América a
promover uma reforma agrária com acriação dos
éjidos, cooperativas agrícolas indígenas.
México e América CentralMÓDULO 13
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196 –
AMÉRICA CENTRAL: ASPECTOS NATURAIS, HUMANOS E ECONÔMICOS
❑ Indústria
Território pequeno com elevado grau de fragmentação política. Divide-se em:
• porção ístmica: ou porção continental;
• porção insular: Grandes Antilhas, Pequenas Antilhas e Bahamas.
País População Absoluta(Habitantes) Área (km
2) Densidade Demográfica(Hab./km2)
Porção Ístmica ou Continental
Guatemala 12.118.903 108.889 111,29
Belize 236.720 22.965 10,30
El Salvador 6.504.213 21.393 304,03
Honduras 6.712.412 112.088 59,88
Nicarágua 5.324.387 130.700 40,73
Costa Rica 4.213.096 51.100 82,44
Panamá 2.983.123 77.082 38,70
Porção Insular ou Antilhas
Cuba 11.343.711 114.524 99,05
Jamaica 2.643.387 10.991 240,50
República Dominicana 8.611.320 48.443 177,76
Haiti 8.432.611 27.760 303,76
São Cristóvão e Névis 41.272 261,6 157,76
Antígua 68.342 441,6 154,75
Dominica 73.242 760,6 96,29
Santa Lúcia 156.719 616,0 254,4
Barbados 269.117 430,0 625,8
S. Vicente e Granadinas 115.220 39,3 293,8
Granada 998.119 344,0 285,2
❑ Extrativismo mineral
As sierras mexicanas são ricas em minerais metá li -
cos, como o chumbo e o cobre. Junto ao litoral do Golfo
do México há petróleo. A PEMEX mono polizava a pro -
du ção desde 1938, mas esse monopólio foi flexibilizado
nos anos 1990.
❑ Indústria
Concentra-se no triângulo forma do por Guadalajara,
Cidade do Méxi co e Monterrey. A mão-de-obra barata
tem atraído investimentos estrangeiros (EUA, União
Europeia) e se destacam as indústrias petroquímica,
têxtil, au to mo bi lística, siderúrgica e metalúrgica.
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Existem inúmeras possessões estrangeiras, principalmente europeias e norte-americanas, na América Central
Território
População
Absoluta
(habitantes)
Área (km2)
Densidade
Demográfica
(Hab./km2)
Bermudas (dependência do Reino Unido) 61.200 53 1.154,7
Ilhas Cayman (dependência do Reino Unido) 31.306 259 120,8
Porto Rico (Estado livre associado aos EUA) 4.236.045 9.104 465,2
Ilhas Virgens Americanas (dependência dos EUA) 9.813 354,8 276,5
Ilhas Virgens Britânicas (colônia do Reino Unido) 17.412 153 113,8
Anguila (dependência do Reino Unido) 8.340 96 86,87
Guadalupe (dependência ultramar da França) 412.625 1.780 231,81
Martinica (dependência ultramar da França) 431.426 1.100 392,2
Antilhas Holandesas (parte autônoma da Holanda) 203.704 800 254,6
Aruba (parte autônoma da Holanda) 65.719 193 340,5
St. Pierre e Miquelon (dependência ultramar da França) 7.812 242 32,28
Montserrat (colônia do Reino Unido) 13.443 109 123,3
Ilhas Turks e Caicos (colônia do Reino Unido) 15.616 430 36,31
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198 –
1. ASPECTOS NATURAIS
❑ Relevo
Origem recente, geologicamente instável, onde
estão presentes inúmeros vulcões e onde são frequentes
os movimentos sísmicos. Destaca-se o alinhamento
central na porção ístmica, com planícies litorâneas.
❑ Clima
Grande influência da maritimidade, sendo o clima
predominantemente tropical úmido com chuvas oriundas
das massas atlânticas. Destacam-se nesta porção os
tornados e os ciclones.
❑ Vegetação
O clima úmido faz surgir uma formação florestal
úmida e relativamente exuberante, a floresta tropical úmi -
da, hoje grandemente devastada pela ação antrópica.
❑ Hidrografia
Os rios desta porção são de pequena extensão e de
curso acidentado, sem, no entanto, apresentar des ta -
ques.
2. ASPECTOS HUMANOS
A América Central é povoada apesar de sua
população absoluta ser reduzida.
Predominam jovens devido às elevadas
taxas de nata lidade e mortalidade. É elevado
o grau de mesti ça gem entre brancos e negros
na porção insular e entre brancos e amerín -
dios na porção ístmica.
É baixo o padrão de vida, elevadas as
taxas de analfabetismo, subnutrição e de
doenças endêmicas.
3. ASPECTOS ECONÔMICOS
Exceto Cuba, país socialista desde a
década de 1960, os países centro-americanos
integram a periferia do sistema capitalista e
são, portanto, países subde senvolvidos. Além
de apresentarem um baixo padrão social,
suas economias são dependentes do capital
externo e apresentam grandes desigualdades
sociais.
❑ Agricultura
Na agricultura de subsistência destaca-se
a cultura do milho. Predominam as
plantations de produtos como: café, cana-de-
açúcar, tabaco e cacau, cuja produção desti -
na-se fundamental mente à exportação.
❑ Pecuária
Devido à escassez de terras, a atividade é pouco
desenvolvida na região, exceto a criação de gado
leiteiro, próximo às grandes cidades.
❑ Mineração
Atividade de importância restrita, com destaque para
a bauxita na Jamaica e o níquel em Cuba.
❑ Indústria
É baixo o nível de industrialização destacando-se
apenas as petroquímicas nas Antilhas de origem multina -
cional, principalmente dos EUA.
Destaque para a instalação de multinacionais na
Costa Rica.
❑ Turismo 
É atividade importante para a maioria dos países
centro-americanos, principalmente nas Pequenas
Antilhas.
❑ Política
A intervenção dos EUA na região tem provocado
crises institucionais em países como Nicarágua, Cuba,
Haiti, Granada e Panamá. Este último recobre-se de
enorme importância pela presença do Canal do Panamá,
que permaneceu sob controle americano até 1999,
sendo devolvido ao Panamá em 2000.
O canal do Panamá é um sistema de barragens e comportas que
permite aos navios ganhar as alturas do istmo. A rigor, não é um
canal, pois as águas do Pacífico e do Atlântico não se comunicam.
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4. CUBA
Cuba vive sob embargo econômico imposto pelos
Estados Unidos desde o início da década de 1960. Esse
embargo, associado ao fim da União Soviética e do
socialismo no leste europeu – seus maiores parceiros
comerciais –, agravou a crise em Cuba, que enfrenta
sérios problemas no setor da alimentação e da energia.
O governo cubano procura, na medida do possível,
atrair investimentos externos, que nos anos 1990 destina -
ram-se ao desenvolvimento do turismo.
❑ Paraísos Fiscais
Países ou possessões estrangeiras que possuem
legislações bastante flexíveis sobre o trânsito de capitais
em seus sistemas financeiros, e baixos impostos que
atraem investimentos especulativos e, principalmente,
possibilitam o trânsito de capitais entre setores legais e
ilegais da economia, sendo, portanto, interessantes as
atividades relacionadas ao narcotráfico.
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200 –
1. AMÉRICA ANDINA
• Composta por 6 países:
Venezuela, Colômbia, Equador, Peru, Chile e Bolívia.
• Relevo dominado pela Cordilheira dos Andes, de
formação recente e sujeito a terremotos e vulcanismo,
com as maiores altitudes da América.
• Clima influenciado pela altitude: em corte vertical
da cordilheira, poderemos encontrar, da base para o
topo, todos os tipos de clima e vegetação.
• População de origem mestiça (brancos e índios –
incas); negros no Peru e Colômbia. População jovem,
com alta natalidade e mortalidade, predominantemente
rural, mas com grande êxodo.
• Economia baseada na monoprodução; reduzida
industrialização.
Principais bases econômicas:
Venezuela: petróleo.
Equador: petróleo; frutas tropicais.
Colômbia: café.
Peru: pescado; algodão, Fe, Zn, Ag, Pb.
Bolívia: estanho e gás natural.
Chile: cobre e salitre.
2. GUIANAS
República da Guiana (ex-possessão inglesa).
Suriname (ex-possessão holandesa).
Guiana Francesa (território da França).
– Planícies litorâneas, interior com planaltos.
– Clima tropical úmido, mata tropical.
– População composta por elementos vindos de
outras colônias, poucos brancos.
– Economia precária, baseada em minérios e
produtos tropicais.
3. AMÉRICA PLATINA
É composta por três países: Argentina, Uruguai e
Paraguai.
O elemento comum entre esses três países é a Bacia
Platina, formada pelos rios Paraná, Paraguai e Uruguai.
❑ Paraguai
• Área: 406.752 km2.
• População absoluta: 5,4 milhões de habitantes.
• Principais cidades:Assunção, Ciudad del Este,
San Lorenzo.
• Predomínio de mestiços.
• População urbana: 54%.
• Crescimento vegetativo: 2,6%.
• Destaques econômicos: soja, algodão, cana e
bovinos.
❑ Uruguai
• Área: 176.215 km2.
• População absoluta: 3,3 milhões de habitantes.
• Principais cidades: Montevidéu, Salto e Paysandú.
• Predomínio de brancos.
• População urbana: 91%.
• Crescimento vegetativo: 0,7%.
• Destaques econômicos: trigo, arroz, milho, bovinos
e ovinos.
América do Sul –
Países Andinos, Platinos e Guianas
MÓDULOS 14 e 15
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– 201
❑ Argentina
• Área: 2.780.092 km2.
• População absoluta: 36,6 milhões de habitantes.
• Principais cidades: Buenos Aires, Córdoba,
Rosário e La Plata.
• Predomínio de brancos.
• População urbana: 89%.
• Crescimento vegetativo: 1,3%.
Destaques econômicos: cereais, bovinos,
ovinos, cana, algodão, vinicultura, petróleo, carvão,
oliveiras, indústria mecânica, têxtil e alimentícia.
4. MERCOSUL
A efetiva integração dos países do Cone Sul da
América teve início com a assinatura do Tratado de
Assunção, de 26/3/1991.
C2_3o_GEO_Teoria_Rose 07/01/12 10:09 Página 201
202 –
O Mercosul, bloco econômico que vigora desde 1.o
de janeiro de 1995, estabeleceu uma zona de livre
comércio entre seus países-membros, que são Brasil,
Argentina, Uruguai e Paraguai. O estabelecimento deste
acordo multilateral não se constitui um lance da
diplomacia econômica de seus integrantes, mas resulta
de um amplo e retrospecto processo de aproximação,
que se acentuou com o advento da globalização, que,
por sua vez, se intensificou com o fim da Guerra Fria,
mas que pode ter como concreto ponto de partida a
assinatura entre o Brasil e a Argentina, em 1986, da Ata
para a Integração Argentino – Brasileira. A integração
Brasil-Argentina, antecedente imediato do Mercosul, foi
impulsionada por três fatores principais:
a) a superação das divergências geopolíticas bilaterais;
b) a democratização política;
c) a crise do sistema econômico internacional.
As tentativas de integração regional, na América
Latina, remontam à criação da ALALC – Associação
Latino-Americana de Livre Comércio, em 1960, sucedida
pela ALADI – Associação Latino-Americana de Integração,
em 1980.
O Tratado de Assunção, firmado por Brasil, Argen -
tina, Paraguai e Uruguai, em 1991, representa o primei -
ro instrumento jurídico do Mercosul. Esse tratado, que
garante o fim das barreiras tarifárias entre os países-
membros, possibilitou trocas comerciais isentas de
qualquer taxação aduaneira.
A TEC – Tarifa Externa Comum, que varia de 0% a 20%,
para todo o Mercosul, vigora desde 1o de janeiro de 1995.
O Protocolo de Ouro Preto, assinado em 1994, re -
conhece o status jurídico de direito internacional do bloco.
A Declaração de Iguaçu, de 1985, que visava à
integração entre Brasil e Argentina nas áreas técnica,
econômica, financeira, comercial, sobretudo objetivando
à cooperação na utilização pacífica da energia nuclear,
buscava formar um espaço econômico comum por meio
da abertura seletiva dos mercados brasileiro e argentino.
Em 1988, o Tratado de Integração, Cooperação e
Desenvolvimento estipularam num prazo de dez anos um
espaço econômico comum por meio da liberalização
integral do comércio.
Em 1990, com a assinatura da Ata de Buenos Aires,
Brasil e Argentina estabeleceram a data de 31/12/1994
para a efetivação de um mercado comum.
Nesse mesmo ano, Paraguai e Uruguai foram
convidados a ingressar nesse bloco.
A União Europeia assinou, em 1995, um acordo com
o Mercosul, documento que abriu novas e promissoras
perspectivas para o crescimento comercial de ambos os
lados. O Mercosul já celebrou acordos de livre-comércio
com o Chile (1996) e a Bolívia (1997), resultando numa
ampliação do acesso de vários produtos brasileiros
àqueles mercados. Ambos passaram, assim, a usufruir do
status de países associados ao Mercosul sem, entretanto,
se tornar membros plenos, pois não participam da união
aduaneira.
5. ARGENTINA
Localização: Cone Sul do continente americano.
Superfície: 2.780.092 km2, segundo maior país da
América Latina.
Divisão administrativa: 22 províncias.
Limita-se a oeste com o Chile, ao norte com a Bolívia
e a nordeste com Paraguai, Brasil e Uruguai.
Banhada pelo Oceano Atlântico e atravessada ao
norte pelo Trópico de Capricórnio.
Apresenta litígio de fronteira envolvendo o Canal de
Beagle, disputado com o Chile.
População absoluta: 36,6 milhões de habitantes.
População relativa: 13,17 hab./km2.
População urbana: 89,3%; principais cidades: Buenos
Aires, Córdoba, Rosário e La Plata.
Crescimento vegetativo: 1,3% ao ano.
Expectativa de vida: mulheres: 70 anos;
homens: 77 anos.
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– 203
Mortalidade infantil: 22‰.
Taxa de analfabetismo: 4%.
IDH: 0,827. 7% agropecuária
PIB US$ 325 bilhões, sendo {33% indústria60% serviços
Crescimento do PIB: 5,4% ao ano.
Exportações: US$ 26,3 bilhões.
Importações: US$ 30,3 bilhões.
❑ Destaques Econômicos
Trigo, milho, soja, arroz, mate e frutas.
Bovinos, ovinos.
Petróleo, carvão, gás.
Indústria: alimentícia (bebidas, carnes, laticínios);
química (petroquímica), couro;
mecânica (automobilística).
❑ População
A população é de 37.500.000 habitantes, dos quais
99% são bran cos.
A Argentina, o Uruguai e o Brasil são considerados
os três países brancos da América Latina, onde a po pu -
lação indígena tem uma im por tân cia muito reduzida. A
Argen tina recebeu uma grande corrente imi gra tória de
espa nhóis e italianos.
❑ Regiões geográficas
Chaco
A Planície do Chaco estende-se do Rio Salado para
o Norte do país. É uma região fracamente povoada, onde
a agricultura irrigada (cana-de-açúcar e algodão) ao lado
da pe cuá ria são as principais atividades.
Tucumán é o maior cen tro pro du tor de ca na-de-açú car.
Mesopotâmia
Estende-se ao sul do Rio Iguaçu e é limitada pelos
rios Paraná e Uruguai. É pouco povoada, sendo des ta cá -
vel zona agrícola (arroz, fumo, milho, algodão) e de cria -
ção bovina. Há exploração de madeira e erva-mate.
Cor rientes é centro rizicultor, e Missões é centro ervateiro.
Pampa
A Planície do Pampa estende-se do Rio Salado (Nor -
te) até o Rio Colorado (Sul). É a região mais rica do país
e a mais densamente povoada (20 hab./km2).
A agricultura pampeana baseia-se no cultivo de ce -
reais; seu solo negro é comparável ao das estepes da
Ucrânia. O Pampa é responsável por 50% da produção
agrí cola argentina (trigo, aveia, cevada, girassol, milho,
amen doim), além de pos suir 66% do re ba nho bo vino e
50% do rebanho ovino do país.
Essa re gião con cen tra os maio res par ques indus -
triais do país. Sua indus trialização foi bastante intensa
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desde 1945 até 1956, tendo sido irregular nos últimos
anos, de vi do a uma instabilidade política acentuada. As
princi pais indústrias são: alimentícias (carne), têxteis,
siderúr gicas e de apa relhos eletrodomésticos.
A região de Buenos Aires concentra 70% dos esta -
be le ci mentos industriais, emprega 75% dos operários e
obtém 80% do valor industrial do país. O principal eixo
econômico está entre Buenos Aires, Rosário, Santa-Fé
(Rio Pa raná).
Patagônia
O Planalto da Patagônia estende-se desde o vale do
Rio Colorado até a Terra do Fogo. Seu clima é muito frio,
sendo o principal obstáculo à ocupação humana,
bastante reduzida nesta região.
A pecuária extensiva (ovinos) é a atividade predomi -
nante. A agricultura é pouco significativa, com exceção
de alguns vales irrigados, onde ela é intensiva e voltada
para a exportação, como a produção de pêras e maçãs
dos oásis irrigados do Rio Negro.
Na Patagônia, estão as maiores jazidas de petróleo
e gás natural do país, destacando-se Comodoro
Rivadávia e Neuquém, que se ligam a Buenos Aires por
rede de oleo dutos.
O mais importante complexo hidrelétrico acha-se no
Rio Negro, ao norte da Patagônia; trata-se de El Chocón.
No sul da Patagônia, destaca-se a área produtora de
carvão do Rio Turbio.
Piemonte Andino
É umaregião próxima aos Andes, caracterizada pelo
clima desértico, onde se destacam os oásis (Mendoza),
com agricultura irrigada de vinhedos e oliveiras (S. Juan).
Em Mendoza destacam-se a produção de vinhos e a
exploração de petróleo e carvão.
❑ Principais destaques 
urbanos da Argentina
Córdoba apresenta o principal centro da indústria
auto mobilística argentina.
Rosário, ativo porto fluvial no Rio Paraná, é um
próspero centro comercial ligado à agropecuária (milho,
trigo, açúcar, lã e couro).
Mendoza, localizada no Piemonte Andino, trans for -
mou-se no grande centro da indústria vinícola. A cultura
da uva na encosta andina é irrigada com a água do
degelo andino.
La Plata apresenta grande destaque industrial,
com os setores de refino de petróleo e derivados de
carne.
Em 2008, o governo criou um imposto ‘móvel’ sobre a
exportação de soja, cuja alíquota aumenta quanto
maiores forem os preços internacionais do produto. Em
resposta, os agricultores suspenderam as exportações e
bloquearam as estradas. O protesto no campo ganhou o
apoio da classe média urbana, que promove protestos
diários contra o governo nas ruas da capital Buenos Aires.
Os produtores agropecuários da Argentina anuncia -
ram em abril de 2008, a suspensão do locaute, protestos
que realizaram durante semanas, devido ao aumento de
impostos aplicados às exportações de produtos
agrícolas.
Anunciaram, também, a suspensão de piquetes nas
estradas, que impediram o trânsito de caminhões que
transportavam produtos agrícolas e provocaram o
desabastecimento de alimentos nas principais cidades.
Em abril, outra crise foi anunciada: dura crise ener -
gética, que ameaça a Argentina desde 2004: raciona -
mento para as indústrias e apagões nas principais
cidades.
“Com a crise econômica do final dos anos 1990, a
classe média ficou empobrecida e a taxa de desemprego
chegou a 20% da população ativa do país. Nesse
contexto surgiu o movimento que propôs novas formas
de ação para que desempregados pudessem ser
ouvidos.
O piquete fabril, uma modalidade tradicional das
lutas operárias, adquiriu um novo significado nos
bloqueios de entrada proposto pelo movimento.”
(Le Monde Diplomatique, maio 2009)
“Sempre dependente de trigo, o Brasil terá de buscar
mercados mais distantes para completar a cota de
importação do cereal nesta safra que se inicia.
A Argentina tradicional fornecedora e que já teve
problemas no fornecimento ao país em 2008, deverá ter
pouco produto a oferecer. Envoltos em uma série de
problemas, vindos tanto da lavoura como da política
intervencionista do governo, estão abandonando o trigo
e podem semear apenas 3,7 milhões de hectares – a
menor área em 20 anos.
Com um plantio tão reduzido e o desinteresse dos
produtores, a safra total de trigo do país vizinho poderia
cair até 6 milhões, segundo as estimativas mais
pessimistas. Algumas ainda apontam para volume de 11
204 –
C2_3o_GEO_Teoria_Rose 07/01/12 10:09 Página 204
milhões. Em 2007/8, produziram 16 milhões de toneladas
e o consumo interno girou em 6 milhões.
Já o Brasil, com produção prevista de 5,5 milhões a
6 milhões de toneladas e consumo próximo de 11
milhões, terá de buscar o restante em mercados como
EUA e Canadá, elevando o custo das importações. O
produto é mais caro e o custo do transporte é maior.
O país vizinho ainda vive os efeitos de uma forte seca
e escassez de financiamento para os insumos. Além
disso, a intervenção do governo no setor, segurando
exportações e derrubando preços, deixa os produtores
desanimados.
Já no Brasil, com o incentivo dado pelo governo aos
preços mínimos nas duas últimas safras, a produção
poderá voltar a 6 milhões de toneladas.
O Paraná, maior produtor nacional, aumenta a área
para 1,17 milhão de hectares e a produção fica entre
2,94 milhões e 3,25 milhões de toneladas. Já os gaúchos
devem semear 865 mil hectares, 11% menos do que em
2008. A produção recua para 1,72 milhão de toneladas,
contra 2,2 milhões de 2008.” 
(Folha de S. Paulo, 19/5/09)
“Para a agência de classificação de risco Moody’s,
os argentinos devem enfrentar dificuldades até para
pagar suas atuais dívidas em 2010. Sem muita
alternativa, nos últimos meses Cristina tem apelado para
medidas que restringem suas importações (e os gastos
do país em dólar), o que afeta bastante o comércio no
Brasil.
Em setembro, a Argentina passou a exibir licenças
automáticas de importação para um conjunto de 1.200
itens. Ela também elevou os preços mínimos de
importação para 120 produtos brasileiros e chineses.
Como resultado, só o primeiro bimestre deste ano, o
comércio bilateral caiu 46,5%.
Outra medida anticrise prevista por Cristina é a
criação de um fundo para obras de infraestrutura com
recursos vindos dos impostos sobre a venda de soja ao
exterior.”
(O Estado de S. Paulo, 27/3/2009
6. VENEZUELA
Na primeira fase, o Coronel Chávez obteve o controle
total das instituições venezuelanas. Conta hoje com uma
Assembleia Nacional prestativa e submissa e com um
Judiciário que só faz a sua vontade. Ampliou também as
formas de controle social, de um lado, criando milícias à
semelhança dos Comitês de Defesa da Revolução cuba -
nos, que reprimem com violência qualquer manifestação
oposicionista que surja nos quarteirões sob sua responsa -
bilidade, e, de outro lado, sufocando os meios de comuni -
cação independentes. Hoje, na Venezuela, quase todas as
rádios e televisões estão sob o controle direto ou indireto do
governo, resistindo às pressões apenas alguns jornais.
Na segunda fase, Chávez buscou institucionalizar a
ditadura. De início, fracassou quando a maioria da
população rejeitou, em referendo, o seu projeto de
constituição bolivariana que instituía um peculiar regime
socialista e criava as condições para a sua perpetuação
no poder. Mas persistiu e, por meio de “leis habilitantes”,
fez várias das reformas – todas elas atentatórias às
liberdades individuais e políticas e à iniciativa privada –
que haviam sido repelidas no referendo. Por fim, no
referendo de fevereiro, obteve a tão desejada
autorização para se candidatar quantas vezes quiser à
presidência da República.
A terceira fase está sendo dedicada à consolidação
do “socialismo do século 21”, mas, para que isso possa
ser feito sem percalços, primeiro o caudilho está
liquidando sistematicamente todo e qualquer foco de
oposição política.
“A democracia corre sério perigo de colapso”,
advertiu o Episcopado venezuelano, em sua mensagem
de Páscoa, referindo-se ao persistente trabalho de
demolição do pouco que restava de democrático neste
regime que já dura dez anos e às perseguições de que
são vítimas os políticos de oposição e os antigos
militantes bolivarianos que deixaram de concordar com
as políticas liberticidas do coronel.
(…)
Enquanto isso, os sindicatos estão sendo substítui -
dos por “conselhos de trabalhadores” controlados pelo
governo.
Chávez controla os Três Poderes e sufoca a oposição
usando seus poderes arbitrários. É esse o regime que
busca ingresso no Mercosul, uma associação de países
que, por seu tratado constitutivo, só aceita regimes
democráticos.
(O Estado de S. Paulo, 22/4/2009)
– 205
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7. PARAGUAI
O presidente eleito em 2008, Fernando Lugo, pro -
meteu aos eleitores a revisão do Tratado de Itaipu,
assinado por Brasília e Assunção, em 1973.
Pelo Tratado, a propriedade da usina hidrelétrica
construída pelo Brasil no rio Paraná, é dividida entre o
Brasil e o Paraguai. A energia gerada também é dividida
entre os dois.
Mas enquanto, o Brasil utiliza toda sua cota (20% do
consumo total de energia elétrica no Brasil), o Paraguai
utiliza apenas 5% do que tem direito, quantia suficiente
para suprir 95% de sua demanda total. O restante, nos
termos do Tratado, tem que ser vendido ao Brasil.
Com a renda da venda do excedente de energia, o
Paraguai amortiza a sua parte nos empréstimos tomados
pelo Brasil para a construção da usina binacional. 
Lugo prometeu elevar o valor pago pelo Brasil ou
encontrar outros compradores para o excedente de
Itaipu. Atualmente,os royalties, lucros e dividendos
obtidos pelo Paraguai através de Itaipu representam
cerca de 4% do seu PIB. O governo brasileiro apresen -
tou ao Paraguai um conjunto de acordos de cooperação,
um programa de obras de infraestrutura para estimular o
agronegócio e a industrialização no Paraguai e a
promessa de investi mentos de empresas brasileiras que
usam muita energia elétrica, abrindo novas perspectivas
para a economia paraguaia. 
Da oferta brasileira ao Paraguai estão três grandes
obras: (1) a construção de uma linha de transmissão de
energia de Itaipu até Assunção. (2) Trecho ferroviário
entre Cascavel e Foz de Iguaçu, que fará parte da futura
ligação entre o Porto do Paranaguá (PR) e a de
Antogasta (Chile). (3) Construção de entreporto franco,
que permitirá o escoamento, pela hidrovia do rio Uruguai,
de parte da soja produzida no Mato Grosso do Sul e em
fazendas paraguaias.
8. UNASUL
A União das Nações Sul-americanas, a UNASUL, foi
criada pela Declaração de Cuzco (Peru) em 2006,
integrando países membros do CAN – Co mu nidade Andina
(Bolívia, Colômbia, Equador e Peru); países do Mercosul
(Argentina, Brasil, Para guai, Uruguai e Venezuela); outros
países como: Chile, Guiana e Suriname; e países obser -
vadores: Panamá e México.
A UNASUL pretende criar um mercado comum, com
eliminação de tarifas; promover cooperação de
infraestrutura, como a construção da rodovia ligando o
Atlântico ao Pacífico e o Anel Energético Sul-Americano;
promover livre circulação de pessoas e organizar o
Conselho Sul-Americano de Defesa. Particular mente,
essa última, trata-se de uma proposta brasileira para
trabalhar uma política conjunta de defesa, com
intercâmbio de pessoas entre as Forças Armadas de
cada país, realizando exercícios militares conjuntos e
participando de operações militares das Nações Unidas.
Para o Brasil, isso representa a possibi lidade de exercer
uma Lide rança, dando ao país uma plataforma de
lançamento de reivindicações de maior presença em
esferas in ternacionais, como o pedido de parti cipação
do Conselho de Segurança da ONU.
9. MILA (MERCADO 
INTEGRADO LATINO-AMERICANO)
O ano de 2011 foi marcado pelo começo de um novo
bloco, caracterizado pela integração de investimentos nas
bolsas de valores do Chile, Peru e Colombia.
206 –
África –
Aspectos Naturais, Humanos e Econômicos
MÓDULOS 16 e 17
1. CLIMA
Por sua posição geográfica, cortada pelos dois tró-
picos, a África é dominada por climas quentes. Em
geral, as temperaturas do mês mais frio não descem a
menos de 10°C, e, por toda parte, o mês mais quente
apresenta sempre mais de 20°C. Nos desertos, a
temperatura chega a mais de 50°C.
Na distribuição das chuvas, o continente
africano apresenta grande variedade. Em algumas
regiões as chuvas são abundantes, mas em outras são
extremamente escassas.
Há uma África úmida, bem diferenciada. Na região
equatorial e na costa do Golfo da Guiné, existe a zona de
calmarias, que produz chuvas de convecção: chove em
abundância quase diariamente. Em regiões mais afastadas
dessa zona, as precipitações diminuem e aparece um
período sensivelmente menos chuvoso em certos meses do
ano, que corresponde aos meses menos quentes: é o
regime de climas tropicais úmidos propriamente dito.
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Em contraposição à anterior, há uma África seca. Nas
latitudes tropicais sopram os ventos alíseos; como
consequência, a estação seca prolonga-se por quase todo
o ano, e as chuvas, bem raras, são muito irregulares. Já
nas suas extremidades norte e sul, o continente torna-se
mais úmido. Aí os ventos do oeste provocam chuvas que
se concentram nos meses de inverno, caracterizando
climas mediterrâneos.
A diferenciação do clima se faz, de uma maneira
geral, acompanhando o sentido dos paralelos. De norte
a sul encontramos:
q Clima equatorial
Com chuvas abundantes durante o ano todo, sem
estação fria. Corresponde às áreas próximas ao Equador,
Congo, Quênia etc.
q Clima tropical
Com chuvas durante o verão e secas no inverno.
Médias térmicas anuais elevadas, aparecendo nas áreas
entre os desertos e o clima equatorial.
q Clima desértico quente
Nos desertos Saara e Calaari.
q Clima subtropical
Nos extremos norte e sul da África, em latitudes
médias e nas elevadas altitudes. No extremo norte da
África, o clima subtropical pode ser chamado mediter -
râneo, em função de acentuadas influências do Mar
Mediterrâneo.
Na porção meridional do domínio do Saara, e em
menor proporção em seu extremo noroeste, há um
processo natural de desertificação que é acelerado pela
apropriação do solo sem a preocupação com sua
conservação: é o Sahel, que se estende praticamente da
porção ocidental do continente até o chifre africano.
2. VEGETAÇÃO
As paisagens vegetais na África distribuem-se de um
lado e de outro da linha do Equador, de acordo com a
distribuição das chuvas: a zona equatorial, quente, muito
úmida, com uma floresta densa e alta; a zona tropical,
úmida, mas com estação seca bem marcada e
vegetação de savana; por fim, encontram-se as estepes
e os desertos.
q Florestas da África úmida
Uma floresta densa cobre toda a Bacia do Congo e
as regiões costeiras do Golfo da Guiné. Compreende
centenas de espécies, muitas delas de madeira de lei.
Também a fachada costeira da África Oriental é ocupada
por densa floresta, cuja riqueza vegetal é compa -
rável à da Amazônia. Entretanto, sob o húmus da
floresta, os solos em geral são muito pobres e esgotam-
se facilmente quando cultivados.
q As savanas
As savanas estendem-se de um lado a outro da
Floresta Equatorial, na faixa tropical, mas também
predominam nos planaltos e na região dos grandes lagos
africanos.
Os solos são pobres e em grandes extensões preju-
dicados por lateritas (a laterita é uma crosta estéril que se
forma na superfície do solo nas regiões tropicais).
Nas savanas vivem grandes mamíferos como a girafa,
a zebra e o elefante, além de outros de menor porte.
q As estepes e os desertos
As estepes predominam nas margens da savana,
entre esta e o deserto, numa faixa que se estende do
Atlântico ao Mar Vermelho. Os desertos abrangem as
áreas onde as chuvas são inferiores a 250mm. Onde
existe alguma umidade, uma vegetação rasteira e de
folhas grossas cresce em tufos e recobre os leitos secos
dos rios intermitentes. No Deserto de Calaari, entre
blocos de rochas, cresce uma vegetação xerófila.
– 207
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q Vegetação mediterrânea
Carvalhos, coníferas, mangues no extremo norte, no
litoral do Mediterrâneo (maquis e garrigue).
3. ÁFRICA – DA 
COLONIZAÇÃO À INDEPENDÊNCIA
A parte setentrional do continente africano,
depois de períodos de grande desenvolvimento,
especialmente com a civilização egípcia, as presenças
grega, fenícia e romana, e também a expansão árabe,
permaneceu como que adormecida durante séculos,
tendo sido, especialmente no interior, descoberta ou
redescoberta pelos europeus.
A África ao sul do Saara, por sua vez, isolada
do mundo mediterrâneo pelo deserto, só pôde ser
devassada e explorada pelo europeu a partir
do último quartel do século XIX, graças ao
instrumento de relações representado pelo mar.
q Colonização Europeia
A partir de meados do século XIX, as atividades de
exploradores e cientistas europeus no continente
despertaram a atenção das potências da Europa para
essa parte da Terra, anteriormente apenas tocada
perifericamente por portugueses, espanhóis e outros. O
continente, em pouco tempo, foi como que repartido
entre alguns Estados europeus, partilha esta pratica -
mente sancionada internacionalmente pelo Congresso
de Berlim de 1885.
A colonização europeia, que não se havia afastado
muito do litoral, começou a avançar em toda parte rumo
ao interior. Os ingleses bombardearam Alexandria e
ocuparam o Egito em 1882.
Três anos depois, tropas italianas estabeleceram
uma colônia na Eritreia, região da Abissínia, e em se-
guida Somália, Marrocos, Tunísia, Argélia, Mauritânia,
Mali e Gabão passaram a pertencer à França. Desde
1885 os belgas colonizavamo que chamaram de
República Livre do Congo: em 1907 a região foi oficial -
mente anexada como colônia da Bélgica. Camarões e
Togo eram protetorados dos alemães e passaram à
administração francesa mais tarde. 
ÁFRICA POLÍTICA EM 1884
Durante as quatro primeiras décadas do século XIX, a
África apresentou-se como um continente colonial —
verdadeiro quintal da Europa —, pois suas terras se
encontravam repartidas praticamente na sua totalidade
por alguns Estados europeus.
Ao findar a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), no
continente africano existiam tão-somente quatro Estados
independentes: Libéria, Etiópia, Egito e União Sul-Africa -
na. Na prática, entretanto, todo o continente era colonial.
O Egito fora um protetorado britânico até o ano de
1922, mas não só continuava abrangido pela esfera de
influência dessa potência, como também sofria controle
militar e financeiro em uma de suas mais significativas
áreas, a do Canal de Suez.
A Etiópia, antigo Estado africano, fora ocupada pela
Itália de 1935 a 1941, passando, praticamente, para a
esfera de influência britânica.
A Libéria, definida a partir de 1822 com o objetivo de
abrigar uma população norte-americana descendente de
escravos africanos, embora oficialmente soberana, sem -
pre esteve economicamente vinculada aos Estados
Unidos.
A União Sul-Africana constituía um domínio
da Comunidade Britânica de Nações. Embora na
prática fosse independente, nela ainda eram vivos os
fatos relativos à Guerra dos Bôeres.
208 –
C2_3o_GEO_Teoria_Rose 07/01/12 10:09 Página 208
ÁFRICA POLÍTICA EM 1940
q Independência africana (1945 a 1980)
No fim da Segunda Guerra Mundial, um sopro de
liberdade percorreu o mundo inteiro. Na África, durante
os anos que se seguiram, os movimentos de eman ci pa -
ção das colônias europeias sucederam-se em cadeia.
Em cerca de 15 anos, de 1951 a 1965, uma parte consi -
de rável do continente deixou de caracterizar-se pelo
status colonial.
Os novos Estados surgidos no continente africano
constituem o fruto da presença colonial na África. Contra -
ria mente ao que se verifica em outras partes do globo,
especialmente na Europa, onde os Estados puderam
definir-se após longo processo de elaboração, na África,
as novas unidades políticas como que surgiram de repente,
dentro de quadros elaborados a partir de estímulos
estranhos ao continente e dentro de perspectivas que, a
não ser excepcionalmente, não compreendiam a criação
de Estados soberanos. Daí não ser difícil entender que os
novos Estados africanos tenham surgido com uma
vestimenta que, em grande parte, é de res pon sabilidade
da vontade e dos interesses europeus.
A partilha da África verificou-se em época em que o
continente era ainda quase desconhecido. Os territórios
foram sendo abrangidos dentro deste ou daquele império
colonial praticamente sem nenhuma atenção às condições
naturais do continente, assim como às condições étnicas
e às tradições de sua população. As fronteiras, frequen -
temente traçadas arbitrariamente em face de condições
locais, atendendo tão-somente às resultantes dos conflitos
de interesses entre as potências europeias, eram corrigidas
eventualmente, porém sempre em função dos referidos
interesses. Expressam nas suas características, particu lar -
mente em seus traçados quase sempre artificiais, soluções
de grande instabilidade.
No conjunto, o quadro político da África
deve ser considerado pouco estável, sujeito não
apenas a modificações resultantes do prosseguimento
do processo de emancipação de antigos territórios
coloniais, mas também aos frutos dos rearranjos que
inevitavelmente deverão ser verificados, num processo
de adequação dos quadros decorrentes da presença
colonial a uma realidade ignorada.
Surgidos em um momento particular em face do quadro
político-econômico mundial, e de certa forma aproveitando-
se desse momento, os novos Estados africanos constituem,
pelo seu elevado número, elementos de primeiríssima
ordem dentro desse quadro. Admitidos na ONU, formam,
como bloco africano ou unidos aos Estados asiáticos, uma
frente poderosa, com capacidade para influir nas decisões
do referido organismo internacional. Por outro lado, durante
a Guerra Fria tiveram importância indiscutível no jogo de
interesses entre o mundo liderado pelos ocidentais e
aquele liderado pela União Soviética, forma como
participavam ativamente dos conflitos de interesses
envolvendo Estados de um mesmo grande bloco, como
acontecia com a presença chinesa diante da soviética
ou a europeia diante da norte-americana.
E é sob o ponto de vista dos interesses que caracte -
ri zam o mundo atual que devem ser vistos os Estados
africanos, isto é, no seu conjunto, pois em função das
possibilidades de cada um, fracos e pobres, com uma
estrutura econômica organizada graças à pre sen ça
colonial, conseguiram ter uma posição significativa.
Na verdade, os Estados africanos vieram a ampliar
consideravelmente o quadro do Terceiro Mundo ou do
mundo subdesenvolvido. É evidente que, na condição
de áreas subdesenvolvidas, essas unidades já existiam
anteriormente; entretanto, sua independência tornou o
fato mais nítido, na medida em que o próprio processo
de emancipação inclui a consciência do problema do
subdesenvolvimento e da proposição de soluções.
Sob esse aspecto talvez a África conheça seu maior
drama. No momento em que se emancipa politicamente,
percebe a impossibilidade de desenvolver-se economi-
camente, como seria de desejar, sem uma forma qualquer
de auxílio do exterior. Isso pode significar, em muitos casos,
outras formas de dependência. Realmente, parece lícito
perguntar até que ponto os programas soviéticos (ou
chineses), norte-americanos ou europeus não constituíam
aspectos de um processo de competição visando, como
em um novo colonialismo, a abranger a África dentro de
uma área política e econômica deste ou daquele bloco.
Nesse sentido, a associação de uma série de novos
Estados africanos (antigas dependências francesas,
italianas ou belgas) ao Mercado Comum Europeu não
seria uma volta da África à condição de quintal da
Europa? Poderia ser o início da definição de uma
Euráfrica — unidade interdependente em que, dentro de
muito tempo ainda, as áreas mais ricas, as europeias,
teriam o papel de colaborar para o desen volvimento das
áreas africanas mais pobres.
– 209
C2_3o_GEO_Teoria_Rose 07/01/12 10:09 Página 209
DIVISÃO POLÍTICA DA ÁFRICA
q A instabilidade política e os 
conflitos no continente africano
Os conflitos no continente africano parecem
crônicos. Seus determinantes são de ordem interna e
externa. Ordem Interna: a diversidade étnica e religiosa
da composição da maioria dos países, cujas fronteiras
foram impostas pelas potências imperialistas, princi pal -
mente Inglaterra e França, além das estruturas políticas
pouco evoluídas e de suas frágeis economias, depen -
dentes da exportação de gêneros primários, minérios e
produtos agrícolas. Ordem Externa: a herança deixada
pelo imperialismo, ou seja, fronteiras não condizentes
com a evolução histórica da região e, durante a Guerra
Fria, a ação direta ou indireta das superpotências,
especialmente durante o processo de descolonização.
O fim da Guerra Fria não significou o fim dos confli tos,
ao contrário. A ação das superpotências, que para do -
xalmente levou tensão ao continente, ao mesmo tempo
proporcionava um equilíbrio de forças, ou simplesmente
sufocava as manifestações nacionais, étnicas ou reli gio -
sas, pois essas poderiam constituir uma ameaça à sua
dominação. Assim, o fim da Guerra Fria possibilitou a
eclosão de movimentos autonomistas de ordem nacional,
religiosa ou étnica, que levam muitos países à guerra civil
ou à guerra de fronteira.
Como a maioria destes conflitos não ameaçam a
estabilidade da economia mundial, nem o processo de
globalização capitalista, seu equacionamento e solução
são negligenciados, o que os torna crônicos em algumas
regiões, como em Angola, na Nigéria, na Somália ou na
Etiópia.
4. QUADRO HUMANO
q População africana
A população africana é ava liada em cerca de990
milhões de habi tantes, distribuindo-se irregular mente
pelos qua se 30 milhões de km2 de superfície que a África
possui. A densidade demo gráfica média é de 20 habi -
tantes por km2, concentran do-se principalmente no Baixo
Nilo (onde encontramos as cidades do Cairo e Alexan -
dria, as mais populosas da África) e no Magreb
Setentrional ou África Menor (porção mediterrânea no
Marrocos, Argélia e Tunísia). As menores densidades
apa recem no Saara, Calaari e florestas equatoriais do
Congo.
q Os grupos de povos africanos
De uma maneira geral, apesar da enorme diversi -
dade das etnias na África, há uma inclinação
comum de começar por considerar duas Áfricas distintas
em um só continente imenso.
210 –
C2_3o_GEO_Teoria_Rose_2012 10/01/12 16:17 Page 210
Agrupam-se na primeira dessas Áfricas, a África
Negra ou Subsaariana, com 34 países, Estados
jovens (em média 15 anos de sobera nia), que têm em
comum a procura de um destino novo que, funda -
mentado nas ver dadeiras raízes cul turais, pos sa se
desen vol ver li vre de er ros que a história re gistra na vida
dos paí ses mais antigos.
Os demais paí ses compõem a África Branca ou
Saariana, com um terço de africanos de raça não negra.
Todo o norte é ocupado por árabes, mou ros, bérberes,
além dos europeus que chegaram como colonizadores.
Na África do Sul e Oriental vivem também minorias de
origem europeia, remanescentes da fase colonialista.
As diversas etnias aparecem assim distribuídas no
espaço africano:
• Os brancos
Caracterizando o norte e a parte ocidental da África,
os brancos – que na realidade são morenos, chegando
mesmo a possuir pele escura – repartem-se em dois
grandes grupos: os camitas e os semitas.
Camitas: são os antigos habitantes, povos cuja
origem ainda não é totalmente conhecida, correspon -
dendo a diversos grupos: galas e somalis (na Etiópia),
núbios (Egito, Sudão), felás (Egito), bérberes, que
correspondem aos mouros, cabilas, tuaregues (no
Marrocos, Argélia e Tunísia) etc.
Semitas: árabes e judeus. A partir do século XVII
os árabes conquistaram todo o norte da África, oriundos
do Oriente Médio (expansões islâmicas), e os judeus
encontram-se espalhados pelos centros urbanos da
África Menor e Egito.
Europeus: além dos camitas e semitas, cumpre
lembrarmos os europeus e seus descendentes, fixados por
toda a África, de longa data, ao tempo em que a África era
um continente colonial (após o século XVlll). Vieram da
França, Inglaterra, Espanha, Portugal, Itália, Bélgica, dos
Países Baixos (os bôeres da África do Sul) etc.
• Os negros
Espalhando-se do sul do Saara até a África do Sul,
os milhões de negros africanos (400 milhões, no mínimo)
aparecem em dois grandes grupos: os sudaneses e os
bantos.
Sudaneses: mais civilizados, grande parte con-
verteu-se ao islamismo e habita a África Ocidental e parte
Central, compreendendo os chiliques (no Nilo),
háussos e ibos (no centro-oeste) e mandigues (a
oeste). Nos séculos XVI e XVII chegaram como escravos
ao Brasil, geralmente aportando em Salvador, na Bahia.
Bantos: estendem-se de Camarões, na África
Central, ao Cabo, na África Meridional. Foram denomi -
na dos KAFIRS, ou infiéis, pelos árabes, que não conse -
guiram convertê-los ao Islão. Compreendem os zulus e
congoleses e chegaram ao Brasil oriundos de Angola
e Moçambique, aportando, geralmente, no Rio de
Janeiro e Recife.
Outros: além dos sudaneses e bantos, temos os
pigmeus ou negritos (na África Central, com 1,30m a
1,40m), os nilóticos ou wantuses (no alto Nilo,
geralmente com mais de 1,90m de altura), os hoten to -
tes e bosquímanos (no sudeste africano) e os hovas
(malaios da Ilha de Madagascar).
q Modo de vida 
• Atividades tradicionais
Nas estepes norte-africanas, predominam os
grupos de pastores nômades, com seus rebanhos
de ovelhas ou camelos. Nos oásis do deserto ou na
região mediterrânea, as populações sedentárias
caracterizam-se pelo desenvolvimento tradicional da
agricultura de regadio nas planícies (tamareiras,
cereais, legumes, forragens). Nas encostas cultivam-se
os produtos típicos (oliveiras, figueiras, amendoeiras etc.)
e criam-se animais.
Na África Central a criação é prejudicada pela doença
do sono. Nas áreas de savanas mais secas e nos planaltos
orientais, os negros criam gado da raça zebu.
A maior parte da população é de agricul to -
res, praticando uma agricultura extensiva e em grande
parte itinerante, com queimas anuais e esgo tamento do
solo em três anos em algumas regiões.
Na zona equatorial são produzidos tubérculos, como
inhame e mandioca. Na zona tropical destacam-se os
cereais, como milho, sorgo, oleaginosas e amendoim,
sendo importantes também as culturas de bananeiras e
dendezeiros.
O camponês africano vive em hábitat rural concentrado
(aldeias), onde o trabalho coletivo é muito comum.
• Transformações recentes
A influência da atuação europeia aparece claramen -
te nas regiões onde sua presença é mais marcante.
Inicialmente ela aparece na primeira fase de comércio
com o exterior, que se caracterizou pelo tráfico de
escravos e de matérias-primas (marfim, ouro, madeira).
Em seguida, houve uma ocupação do solo, sob
a forma de sistema de plantation, destinada a
suprir as necessidades europeias de produtos tropicais,
como: café, cacau, algodão, amendoim, azeite de
dendê, cítricos e borracha.
– 211
C2_3o_GEO_Teoria_Rose 07/01/12 10:09 Página 211
E, por último, a mineração, com a explora-
ção do ferro, manganês, cobre, ouro, diamante,
petróleo etc.
A atuação europeia também se faz sentir nos meios
de articulação africanos, estabelecendo, para poder
atender à demanda dos produtos comerciais, meios de
transporte modernos, tais como rodovias e circulação
aérea, incrementando a criação de centros urbanos.
q As religiões predominantes
A maioria dos negros africanos é fetichista ou ani -
mista, enquanto o maometismo ou islamismo, introdu zido
no norte da África durante o domínio árabe, é professado
pelos camitas, árabes e parte dos negros sudaneses. O
cristianismo e o judaísmo têm seus adeptos nos descen -
dentes de europeus e judeus espalhados pela África.
q As grandes cidades
A África não se caracteriza pela urbanização, pois a
maioria dos 600 milhões de habitantes vive nas zonas
rurais ou em aldeias e pequenos aglomerados urbanos.
Poucas cidades possuem mais de um milhão de
habitantes, sendo as mais importantes: a) Cairo – capital
do Egito, com 8.000.000 de habi-tantes, é a maior da
África. b)Alexandria – também no Egito, com 2.500.000
de habitantes. c) Kinshasa – capital da República
Democrática do Congo (ex-Zaire), com 2.000.000 de
habitantes . d) Casablanca – em Marrocos, com 2.000.000
de habitantes. e) Johannesburgo – a “cidade do ouro”,
na África do Sul, com 1.500.000 habitantes. f) Argel –
capital da Argélia, com 1.200.000 habitantes. 
5. A AIDS NO CONTINENTE AFRICANO
Em 1994, após mais de três décadas de uma das
mais drásticas políticas de segregação racial de que se
tem notícia, o APARTHEID chegou ao fim na África do Sul.
A democracia, tão sonhada pela maioria da população
não branca, discriminada por tal política, vista como
subcidadãos em seu país de origem, não chegou. Eleições
diretas foram realizadas, permitiu-se até que os analfabetos
votassem. Nelson Mandela, líder da resistência sul-africana
contra o APARTHEID, chegou ao poder, mas o país, que
voltava a fazer parte da comunidade internacional, numa
economia que se globalizava, mergulhou numa guerra civil
de origem étnica e tribal, que só agravou os problemas
econômicos do país e ampliou as diferenças entre as
comunidades justapostas.
Mandela foi sucedido por outro grande líder negro
sul-africano, Thabo Mbeki, mas o país continua desolado.
As desigualdades sociais nunca atingiram índices tão
alarmantes; somando-se a isso, a caótica situação da
saúde da pobre população negra sul-africana piora a
cada dia. 20% de seus adultos estão contaminados pelo
HIV. Em seu discurso na abertura da 13a Conferência
sobre a Aids, em Durban, o presidente sul-africano
insinuou que a Aids é fruto da miséria. Talvezseja um de
seus reflexos, mas objetivamente o governo poderia
atuar mais na distribuição de medicamentos e em
campanhas de prevenção.
A situação da República Sul-Africana, país mais rico
do cone sul do continente, é apenas um exemplo da
catastrófica situação socioeconômica da África.
A população dizimada pelas guerras, muitas delas
remanescentes da Guerra Fria, pela fome, pelo colapso
econômico, endemias e, nas últimas décadas, pela Aids,
justifica a classificação do continente africano como
inviável por economistas norte-americanos. A inviabili -
dade do continente expõe-se em números, pois é o que
menos investimentos recebeu nos últimos anos e até a
ajuda humanitária parece se esgotar.
Estima-se que em uma década os índices de
expectativa de vida na África deverão cair drasticamente,
em alguns países abaixo de 40 anos.
212 –
C2_3o_GEO_Teoria_Rose 07/01/12 10:09 Página 212
q Pobreza sem fim
6. O HOLOCAUSTO AFRICANO
É cada vez mais caótica a situação do continente
africano. Em apenas uma hora quase 2000 crianças
morrem de fome, 5000 novos casos de Aids surgem no
continente a cada dia, número equivalente de novos
casos de tuberculose. A equação é simples. Subnutrida,
a população do continente é mais vulnerável a doenças
oportunistas. Sem instrução, o campo é fértil para a
disseminação do HIV. O G-8, o grupo dos sete países
mais ricos do mundo, mais a Rússia, resolveu ajudar.
Serão nos próximos anos US$ 30 bilhões a caráter de
auxílio para os mais pobres da África. Há algum tempo
parte da dívida externa do continente foi abatida. Talvez
não seja essa a solução. Mas o fato é que se não houver
ajuda externa, a população africana corre o risco de
desaparecer.
7. AGRICULTURA
• Sistema de plantation: África Ocidental
– Café: Costa do Marfim e Angola.
– Cacau: Nigéria, Gana e Costa do Marfim.
– Amendoim: Senegal e Nigéria.
• Agricultura irrigada: junto ao Nilo, produção
de algodão, trigo e arroz.
• Agricultura do Magreb: uvas, oliveiras,
figueiras, tamareiras.
8. MINERAÇÃO
• Ouro: África do Sul e Gana. Diamantes: Repú -
bli ca Democrática do Congo e África do Sul. Man -
ganês: Gabão e África do Sul. Cobre: República
Democrática do Congo e Zâmbia. Bauxita: Guiné e
Zimbábue. Carvão e ferro: África do Sul. Petróleo:
Nigéria, Líbia, Argélia, Gabão e Angola. Fosfato:
Marrocos e Tunísia.
9. INDÚSTRIA
A atividade industrial africana é muito recente e
enfrenta sérios problemas.
• Possui grandes reservas minerais, mas não
dispõe de capital para sua exploração.
• Apresenta um dos maiores potenciais hidrelétricos
do mundo, mas pequena potência instalada.
• Deficiências nas redes de transporte dificultam a
utilização dos recursos naturais.
• Falta de mão-de-obra especializada e baixo poder
aquisitivo da população.
As atividades industriais desenvolvidas por vários
países concentram-se, em sua maioria, na produção de
tecidos e nas indústrias de transformação da agricultura
comercial e do extrativismo vegetal (madeira) e mineral
(cimento, refinarias de petróleo e outras).
A República da África do Sul é o país mais
industrializado do continente africano, concentrando,
principalmente, indústrias pesadas, como metalúrgicas,
siderúrgicas, químicas, montagem de automóveis,
têxteis, equipamentos de mineração, estaleiros.
O Egito é o segundo país industrial da África. Produz
artigos têxteis, alimentícios, químicos e petroquímicos. As
indústrias estão centralizadas na Região do Cabo e em
Alexandria.
O turismo tem-se tornado importante fonte de divisas
no setor industrial do Quênia (Parque Nacional de
Nairóbi) e Gâmbia.
q Aspectos e características do
subdesenvolvimento africano
Tendo como objetivo principal a produção de gêneros
alimentícios e matérias-primas destinados à
exportação, a economia mobilizou – e às vezes explorou
ao máximo – alguns setores que pareciam particularmente
propícios aos produtos agrícolas comerciais, em razão das
aptidões do meio natural e também da proximidade dos
portos de embarque. A economia colonial organizou
a produção de minérios com vistas à exportação
de minérios brutos e de concentrados e estabeleceu a
infraestrutura de transporte em função das necessidades
desta produção e da exportação, limitando-se ao mínimo
de equipamentos, por causa das dificuldades encontradas
para estabelecê-los num país onde a mão-de-obra era
escassa e frágil, e o meio natural particularmente agressivo.
Resultou daí, em todo o continente, uma dualidade
fundamental entre os pontos de impacto da economia
colonial: de um lado, grandes portos como Dacar, zonas
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C2_3o_GEO_Teoria_Rose 07/01/12 10:09 Página 213
de plantações como a Costa do Ouro (atual Gana), zonas
minerais como Wiswatersrand e Kaanga; de outro, o
resto do continente entregue a si, diluindo-se em uma
infinidade de pequenas comunidades familiares que a
administração só controla de muito longe, contentando-
se em arrecadar os impostos e, de tempos em tempos,
fazer recrutamento de homens, sem intervir nem na
organização social nem na economia, a qual per ma -
neceu como autarquia agrícola aldeã.
As descrições da sociedade e do meio geográfico
africanos frequentemente desconcertaram por sua
disparidade. Mas essa disparidade procede da própria
realidade da África. Não existe uma agricultura da flores ta.
Existem, em verdade, quase tantas maneiras de abordar
o problema da subsistência pela utilização do solo
quantos são os povos da África. O fator comum é a
exiguidade da margem de segurança entre a quantidade
de produção obtida e a soma de necessidade da coleti -
vi dade local. E a situação torna-se cada vez mais aflitiva
por causa da generalização progressiva do crescimento
natural da produção.
Excetuando-se as zonas exploradas com a produção
de gêneros alimentícios comercializados por compa -
nhias europeias ou sob seu controle, a agricultura africa -
na é caracterizada por sua descontinuidade e por uma
baixa produtividade. Os rendimentos são desiguais, mas
geralmente baixos. 
Essa descontinuidade é consequência imediata do
despovoamento. Ela decorre também da prática das
rotações de longa duração. Os espaços cultivados
formam pequenas manchas no meio da savana e da
floresta secundária. 
São muito reduzidas as relações entre as comuni -
dades separadas por grandes distâncias de vegetação,
apenas atravessadas por péssimas trilhas. Cada coleti -
vidade não tem outra preocupação senão assegu rar sua
própria continuidade, produzindo o que Ihe é necessário
e completando esta produção com a ajuda de diversas
formas de coleta, de pesca e de caça. As colheitas,
graças às más condições de conservação, estragam-se
ou perdem-se antes do consumo. E o problema clássico
para todas as comunidades é o do período de fim de
safra, que se confunde com um período de carência de
alimentos. As trocas são pratica mente impossíveis
enquanto as coletividades não forem servidas por uma
rede de comunicações regionais. Não tendo oportu -
nidade de vender eventuais excedentes de produção,
nem de comprar em contrapar tida outros produtos ou
objetos de uso, as populações africanas não se sentem
encorajadas a aumentar seu esforço além do que Ihes
parece tradicionalmente necessário. Essa situação é desig -
nada por alguns autores pelo neologismo "escravamento". 
Aliás, qualquer esforço de aumento da produção
comporta perigos que algumas populações perceberam
perfeitamente. Uma superexploração dos solos com os
métodos técnicos das coletividades rurais africanas e
também, sob certas formas, com introdução de proces sos
agrícolas inadequados para a África ameaça transformar
regiões inteiras em verdadeiros desertos. 
A agricultura africana está à procura dos métodos de
revolução agrícola e, dentro das condições de exploração
descontínua, ela não tem nenhuma possibilidade de achá-
los. Essa agricultura é caracterizada pela separação da
agricultura e da criação de gado, portanto, pela utilização
do estrume, mesmo naquelas regiões onde a criação de
gado é possível. Ignora-se tudo a respeito dos processos
de seleção de sementes e de gado. Os rendimentossão
magros por uma soma de trabalho às vezes considerável.
As cidades, que crescem em ritmo rápido graças à
expulsão de uma parte da população rural de povoações
que não podem mais prover a manutenção integral de
sua população, estão subequipadas para a produção.
São, essencialmente, centros comerciais onde se efetuam
todos os negócios, até os mais humildes e mais sórdidos.
A aprendizagem do espírito e das técnicas da em -
pre sa é longa e difícil. Na maior parte dos casos faltam
profis sionais. É preciso encontrar métodos de equi pa -
men to e de organização que permitam a produ ção com
um número diminuto de funcionários qualifi ca dos e de
au xi liares estrangeiros. Alguns países africanos pare cem,
de imediato, poder obter melhores resultados do que
outros, mas o dia de amanhã é sempre incerto.
q As vias do desenvolvimento africano
Os Estados africanos não são igualmente favo -
recidos para poderem criar, em boas condições, uma
indústria nacional e, sobretudo, uma indústria de base.
Mas a agricultura pode ser transformada e tornar-se
fonte de criação de capital nacional. O governo
de Gana deu o exemplo fundando uma caixa de
compensação alimentada pelos excedentes de
renda provenientes da venda do cacau nos
melhores anos, sustentando os preços de produção nos
menos favoráveis e constituindo uma reserva de capitais
para os investimentos em equipamentos. Para atingir tais
resultados, mister se faz assegurar a realização de duas
condições essenciais:
a) o “desencravamento” que permita introduzir, em
todos os países considerados, o setor de produção
comercial ao lado do setor de produção de autoconsumo
e que esse setor comercial seja dedicado ao fornecimento
de excedentes de produtos alimentícios básicos, de que
as cidades em rápido crescimento têm crescente
necessidade, ou que seja inserido numa economia de
mercado internacional, como o mercado do cacau, do
óleo de palmeira, do amendoim e de bananas;
b) o aumento dos rendimentos de forma a assegurar
para a mesma quantidade de trabalho, ou um pouco
mais, a possibilidade de produzir a alimentação
necessária para a coletividade local e os excedentes,
destinados ao mercado.
A primeira condição está subordinada tanto a obras
públicas quanto à evolução da mentalidade. Em verda -
de, a experiência mostra que ambas vão de braços
dados e que o advento da estrada e do caminho
desperta novas tentações e tendências.
A segunda condição supõe uma ação esclarecida e
prudente que afasta todo perigo de dilapidação do
214 –
C2_3o_GEO_Teoria_Rose 07/01/12 10:09 Página 214
capital em terras, por meio de uma superexploração
destruidora de solos agrícolas.
A revolução agrícola pode ser realizada na África
com o mínimo de investimentos. Ela penetra desi gual -
mente conforme a região. Mas não seria possível
prejulgar o papel do exemplo como fator de aceleração,
uma vez que os camponeses podem temer que todo
esforço destinado a aumentar a produção seja fonte de
imposto suplementar. A resistência das velhas gerações
não poderia aguentar muito tempo diante da pressão das
classes jovens e numerosas, desde que estas sejam
persuadidas pela escola e pela informação da possibi -
lidade de viver melhor em troco de um esforço um pouco
maior, mas à custa de maior vigilância no trabalho.
A distribuição da população ativa entre os diversos
setores das atividades profissionais e a comparação do
volume da produção primária e das exportações, com
relação ao Produto Interno Bruto, mostram o atraso das
economias no campo do desenvolvimento industrial.
Os países africanos são subequipados do ponto de
vista energético e da organização dos transportes.
A maioria dos planos dedica parte dos in-vestimentos
e dos esforços à industrialização. Esta parece ser
necessária para absorver os excedentes de mão-de-obra
rural, e em primeiro lugar aqueles que já perderam suas
raízes e se acumulam nas favelas suburbanas, para
valorizar parte dos produtos destinados à exportação,
atualmente exportados brutos, para melhorar a balança
comercial, libertando os Estados africanos de deter mi -
nadas importações de produtos manufaturados e
assegurando-lhes os recursos para as trocas. A África
não carece de recursos de base.
Embora ela seja relativamente pobre de car -
vão e não possua os recursos técnicos e
financeiros para aproveitar o urânio, está longe de ter sido
completamente prospectada do ponto de vista do petróleo.
Ela possui ainda na zona tropical importante potencial de
energia hidrelétrica. O continente é rico em recursos
minerais de todas as espécies: minério de ferro na
Mauritânia, na Libéria, em Serra Leoa, na Guiné; bauxita
em Camarões, na Guiné, no Congo, além do ouro e
metais raros, urânio e diamante na República Sul-
Africana. Mas a distribuição geográfica das jazidas é de tal
forma que, atualmente, é impossível pretender criar uma
indústria a não ser em alguns países privilegiados por essa
distribuição e com apoio internacional.
Cada Estado pode empreender utilmente a criação
de uma indústria de equipamentos e de transformação
de nível médio: fábrica de cimento, máquinas agrícolas
e alimentícias. Mas, também nesse caso, parece ser ne-
cessária uma coordenação. A África tem carência de
infraestrutura de produção, e há poucos pioneiros capa -
zes de estabelecer as mesmas estruturas administrativas
e econômicas em vários pontos e, sobretudo, naquelas
áreas que não possuem nem mesmo um milhão de
habitantes.
É importante lembrarmos o uso de técnicas de
irrigação na região mediterrânea e nos oásis saarianos.
Esta agricultura de regadio produz tamareiras,
oliveiras, figueiras, cereais, forragens etc.
Observações
a) Os países mediterrâneos são tradicionais plan ta -
dores de oliveira (Tunísia), videira (Argélia), além de
cítricos e hortaliças.
b) Os países da África Ocidental caracterizam-se
pela produção de frutos e frutas tropicais (café, cacau,
banana), algodão, amendoim, milho e sorgo.
c) Os países africanos têm como base os produtos
florestais, destacando-se a seringueira, o den dezeiro e
a madeira no Congo e Gabão.
d) A economia do Egito ainda é baseada na agri -
cul tura, embora menos de 4% das terras do país sejam
cultiváveis, porém, estão concentradas no vale do Nilo.
As melhores terras estão no baixo vale. Graças à represa
de Assuã, o Egito aumentou a sua área cultivada e
triplicou a energia do país. O algodão é o principal
produto agrícola.
e) 30% da produção mundial do algodão de fibra
longa é obtida no Sudão.
f) A Etiópia é um país agrícola e o seu café, de
excelente qualidade (Kaffa), representa mais da metade
de suas exportações.
g) A Costa do Marfim é o maior produtor de cacau na
África, que contribui com 60% dos lucros de exportação,
empregando cerca de 40% da popu lação ativa.
PRINCIPAIS PRODUTOS E PRODUTORES
AFRICANOS (E SUA PARTICIPAÇÃO MUNDIAL)
CAFÉ
País detoneladas
Milhares % do
total
Brasil 1.298 21,0
Colômbia 1.050 17,0
Indonésia 462 7,5
México 264 4,3
Costa do Marfim 240 3,9
Etiópia 216 3,5
MUNDO 6.172 100,0
Milhares % 
do total
31,7
14,7
11,6
9,4
6,0
5,5
4,0
100,0
de
toneladas
740
343
270
220
140
129
94
2.333
País
Costa do Marfim
Brasil
Gana
Malásia
Nigéria
Indonésia
Camarões
MUNDO
CACAU
– 215
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q Agricultura
A base da economia africana são as atividades
agropecuárias e a mineração.
As atividades tradicionais africanas — agricultura de
subsistência, pastoreio nômade — vêm sofrendo rápidas
mudanças, em razão da grande influência
europeia nos meios de transporte e da
presença do capital privado estrangeiro.
Procurando abandonar as atividades tradicionais,
vários países africanos estabeleceram programas de
desenvolvimento econômico. A maioria dos programas
de dica parte dos investimentos e dos esforços à
industrialização.
O continente africano é rico em minérios, mas pre ci -
sa de uma ampla infraestrutura para alcan çar
um desenvolvimento industrial mais homogê -
neo e coerente com o potencial disponível na
maioria dos países.
A agricultura é praticada pela maioria da populaçãoafricana. Pode ser:
• de subsistência: cuja maior parte da produção
é consumida pelos próprios produtores e suas famílias.
Utiliza o sistema extensivo, itinerante, com queimadas e
esgotamento do solo.
• comercial: esse tipo fornece 75% dos seus
produtos para exportação. Utiliza o sistema de plantation,
caracterizado por monoculturas agroindustriais. Destacam-
se os países da África Ocidental, como o Senegal (amen -
doim), Gana (cacau) e Costa do Marfim (café).
q Extrativismo vegetal e mineral
• Vegetal
A bacia do Rio Zaire ou Congo é coberta pela rica e
densa Floresta Equatorial Congolesa. São
numerosas as riquezas vegetais extraídas dessa floresta.
Destaque para a produção madeireira dos países
Congo e Gabão, produtores do mogno, de alto
valor como madeira de lei.
As usinas de Libreville (Gabão) transformam as ma-
deiras, especialmente o tipo Okoumé, em compensados.
Quarenta por cento das exportações do Gabão são
de produtos florestais, enquanto na República do Congo
representam 70% das exportações.
A República Democrática do Congo (ex-Zaire)
apresenta grandes reservas florestais.
• Mineral
Os recursos minerais são numerosos no continente
africano. O embasamento cristalino africano data do Pré-
Cambriano, o que justifica a presença de grandes
reservas de minérios metálicos no continente.
Nas últimas décadas, a produção mineral tem au-
mentado consideravelmente. Observe as tabelas a
seguir, da produção mundial.
Observações
– A África do Sul é grande produtora mundial do
antimônio (13%), cromo (30%), titânio (20%) e carvão (6%).
– O petróleo, o gás natural e o ferro são as maiores
riquezas do Deserto do Saara.
– No Congo, a região de Kasai é a maior produtora
mundial de diamantes. No Planalto de Katanga, imensas
jazidas de cobre de alto teor são exploradas ao ar livre,
em gigantescos degraus.
– Desde 1880, o ouro vem sendo explorado nas
ricas jazidas do Transvaal, na África do Sul. Os
diamantes são encontrados na região de Kimberley, no
Transvaal.
– A Nigéria é o primeiro produtor mundial de nióbio,
tendo, ainda, produção de estanho, ouro, carvão, prata,
chumbo, tungstênio, além de ser a maior produtora
africana de petróleo.
– O Gabão tem grandes reservas mundiais de
petróleo, ferro, manganês, ouro e urânio.
– O Marrocos é o segundo produtor mundial e o
primeiro exportador de fosfatos.
– O Togo é o segundo produtor africano de fosfatos,
após o Marrocos.
– A Guiné possui grandes reservas mundiais de
bauxita, cuja exploração está sendo feita em Boké, na
Guiné do Norte.
– Cerca de 53% do PNB da Líbia vem do petróleo
extraído no Deserto de Saara, tornando-a uma das
grandes produtoras mundiais.
– No Níger destacam-se a usina construída com
ajuda francesa para o processamento dos depósitos de
urânio da região de Arlit e o projeto com participação
japonesa para o urânio da região de Akokan.
– Os países africanos evidenciam-se como grandes
produtores mundiais de petróleo:
q Transportes
O transporte aéreo é muito utilizado, em razão
das grandes extensões do território africano. As redes
ferroviária e rodoviária não conseguem atingir distâncias
tão longas, cabendo ao avião este trabalho. As cidades
1. Nigéria (Biafra)
2. Líbia (Saara)
3. Argélia (Saara)
4. Benin (litoral)
5. Camarões (litoral)
6. Gabão (litoral)
7. Angola (Cabinda)
FOSFATO COBRE PLATINA
1) EUA 1) Chile 1) África do Sul
2) Rússia 2) EUA 2) Rússia
3) Marrocos 3) Rússia 3) Canadá
4) China 4) Canadá 4) Colômbia
5) Chile 5) Zâmbia 5) EUA
MANGANÊS URÂNIO BAUXITA
1) Rússia 1) Rússia 1) Austrália
2) China 2) Canadá 2) Guiné
3) África do Sul 3) África do Sul 3) Jamaica
4) Brasil 4) Níger 4) Brasil
5) Austrália 5) Austrália 5) Rússia
DIAMANTE OURO
1) Austrália 1) África do Sul
2) Botsuana 2) EUA
3) R. D. Congo 3) Austrália
4) Rússia 4) Rússia
5) África do Sul 5) China
216 –
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de Argel, Cairo, Cartum, Kano, Dacar, Brazzaville,
Johannesburgo e Nairóbi possuem importantes aeroportos.
O aeroporto de Dacar é supersônico, enquanto os
de Nairóbi e Johannesburgo são os que apresentam
maior intensidade de voos.
A rede rodoviária foi construída, em geral, nas
áreas litorâneas, graças às necessidades de escoamento
dos produtos extrativos e da agricultura comercial.
Somente na década de 1970 começou a ser realizada
a verdadeira integração africana e o interior foi provido de
rodovias modernas. Destacam-se as transcontinentais:
– Transaariana, ligando Cairo a Marrakech.
– Transmauritânia, ligando Nuachot a Argel (cons -
truída por técnicos brasileiros).
A República da África do Sul possui os transportes
bastante desenvolvidos, com 320.000 km de rodovias e
26.000 km de ferrovias, além das linhas aéreas.
Camarões possui um dos melhores sistemas de
transporte da África tropical, graças à ampliação da rede
ferroviária.
Os países situados na África dos Grandes Lagos
(Quênia, Uganda, Tanzânia, Ruanda, Burundi) não
tiveram o problema da densa floresta, sendo sempre
uma zona de passagem. Uma rede ferroviária satisfatória
permite o encaminhamento dos produtos agrícolas para
os portos modernos de Dar-es-Salaam e de Mombaça.
Observando-se a tabela anterior, percebe-se a
pequena extensão ferroviária dos países africa nos.
A África Meridional é a única que apresenta liga -
ções internacionais, enquanto nas demais regiões
do continente as ferrovias limitam-se apenas a ligar áreas
portuárias com áreas agrícolas ou mineradoras.
O trans porte marí ti mo tem gran de destaque,
por serem alguns portos africanos parada obrigatória
(abasteci mento) para navios internacionais.
Durante o período de 1967-1975, enquanto o Canal de
Suez permaneceu "fechado", os portos africanos foram
muito utilizados, especialmente por navios petroleiros.
Os principais portos são:
– Mediterrâneo: Alexandria, Argel, Casablanca.
– África Ocidental: Dacar, Lagos, Abidijan,
Freetown.
– África Centro-Meridional: Libreville, Kinshasa,
Luanda, Cabo e Durban.
– Índico: Mombaça, Dar-es-Salaam, Beira e Kaputo.
A localização extraordinariamente favorável de seus
portos faz de Moçambique peça fundamental para o
sistema de transportes de alguns países situados no
interior do continente; Zimbábue é o principal deles.
Destaque para a Libéria, que possui a maior frota
mercante mundial, por facilitar o registro de navios sob
sua bandeira.
q O Canal de Suez
Ligando as águas do Mar Mediterrâneo às do
Vermelho, o Canal de Suez, com 161 km de extensão e
60 m de largura, foi construído pelo engenheiro francês
Ferdinand de Lesseps (1859-1869), aproveitando-se de
lagos existentes na região, como o Tinsah e Amargos.
De 1875 a 1956 ficou sob controle da Grã-Bretanha,
passando depois ao controle egípcio.
Esteve paralisado de 1967 (Guerra dos Seis Dias)
até 1975, com Israel ocupando uma porção de sua
margem oriental (Sinai). Ao longo do Canal, destacam-se
três cidades: Porto Said, no Mediterrâneo, Ismailia,
no Lago Tinsah, e Suez, no Vermelho.
Ferrovias
26.116 km
4.200 km
4.100 km
7.200 km
4.700 km
3.000 km
6.500 km
5.795 km
Rodovias
320.200 km
78.000 km
76.000 km
50.000 km
50.000 km
46.000 km
42.000 km
40.000 km
País
1. África do Sul
2. Zimbábue
3. Argélia
4. Egito
5. Sudão
6. Angola
7. Quênia
8. R. D. do Congo
– 217
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1. AOTEAROA OU NOVA ZELÂNDIA
Aotearoa é constituída por um arquipélago de ori gem
vulcânica, onde destacam-se duas ilhas: Norte e Sul. O
clima é temperado úmido e o território exíguo – 270.534
km2 –, coberto parcialmente por florestas, devastadas
desde o período colonial.
Segundo país mais populoso e industrializado da
Oceania, é membro da Commonwealth e da APEC. Tem
um dos maiores rebanhos ovinos do mundo, ocupando o
4º lugar e suas principais exportações são: carne,
laticínios, madeira, marisco e lã.
População absoluta: 3.913.321 habitantes
Crescimento vegetativo: 0,9%
População urbana: 85,5%
Crescimento urbano: 1,0%
Principais cidades: Wellington, Auckland,
Christchurch e Manukau
Expectativa de vida: 75,5 anos
Mortalidade infantil: 5 paracada 1000 nascimentos
Renda per capita: US$ 14.600
Elevado IDH: 0,901 (18º no ranking mundial)
Exportações: US$ 18,76 bilhões
Importações: US$ 18,34 bilhões
Quando foi descoberta em 1642 pelo holandês Abel
Tasman, a Nova Zelândia era habitada por aborígenes –
os maoris –, que impediram sua ocupação, ocorrida
apenas a partir de 1769, após o reconhecimento das
costas de suas duas maiores ilhas, pelo inglês James
Cook. Em 1840, a Nova Zelândia foi anexada à Coroa
Britânica.
A maior parte da população é de ascendência eu ro -
péia, com 73,8% branca, portanto. 10% é de origem
maori e 3,5% polinésios.
2. ÁRTICO
A Região Ártica consiste no conjunto de terras e
mares que se estende do Círculo Polar Ártico
(66°32'30"N) ao Pólo Norte; inclui o extremo norte da
Rússia (Sibéria), a Escandinávia (Lapônia), norte e ilhas
canadenses, o Alasca (EUA) e a Groenlândia (possessão
dinamar quesa), além da Islândia.
218 –
Oceania e Regiões PolaresMÓDULO 18
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É banhada pelo Oceano Glacial Ártico, o mais doce e
raso dos oceanos, que permanece a maior parte do ano
congelado, só derretendo na periferia, durante o ve rão.
Geologicamente é composta por planícies (Siberia -
na, Canadense) ou planaltos antigos (Lapônia, Urais);
seu solo é constantemente gelado (permafrost) e a
erosão ocorre pela solifluxão.
A banquisa da Groenlândia é a principal respon -
sá vel pela liberação de icebergs, carregados pela cor -
rente fria do Labrador.
O clima é o polar, apresentando verões curtos com
médias de até 10°C, podendo atingir –60°C na Sibéria.
Graças ao clima rigoroso, a vegetação dominante é
a tundra, que em áreas mais úmidas pode apresentar
árvores-anãs e em áreas mais secas, apenas musgos e
liquens.
As populações que ocupam essas regiões são ex -
tre m amente dependentes do meio, vivendo da caça
(foca, urso, baleia), da pesca e da criação de rena. Os
principais grupos são:
• amarelos: esquimós (norte do Canadá e Groen -
lândia), samoiedas e iacutos (Rússia);
• brancos: lapões (Escandinávia).
Atividades minerais importantes:
• ouro – Alasca;
• carvão – Svalbard (norte da Lapônia);
• ferro – Escandinávia;
• petróleo e urânio – Sibéria.
3. ANTÁRTIDA
A Região da Antártida é limitada entre o paralelo de
60°S e o Pólo Sul, e possui uma área de 13,6 milhões de
quilômetros qua drados. É banhada por partes dos
oceanos Atlân tico, Pacífico e Índico, formando diversos
mares.
98% do território é coberto por uma camada de
gelo que chega a ter 4.000 metros de espessura, cujo
volume é estimado em 30 milhões de quilômetros cúbi -
cos. Essa banquisa, ao solidificar-se no inverno, ultra -
passa o limite do continente, prolongando-se pelo mar.
A Antártida tem formação recente (Terciário), apre-
sentando instabilidade vulcânica.
Podemos dividi-la em duas porções:
• Antártida Ocidental: planalto vulcânico ativo
dominado por uma calota de gelo que pode atingir 4.270
m; nesta encontramos os vulcões Erebus (4.024 m) e
Terror (3.276 m).
• Antártida Oriental: sistema maior e mais anti -
go, dominado por cadeias montanhosas e vales encai -
xados em forma de U, apresentando o pico culminante
do continente — o Monte Markhanm (4.603m).
O clima antártico é mais rigoroso que o ártico, sendo
que nas regiões litorâneas as temperaturas variam de 0°
a –32°C, e, no interior, de –35° a –70°C. O local mais frio
do mundo foi observado nas estações soviéticas, onde a
temperatura chega a –99°C. As pre cipitações são
escassas e ocorrem sob a forma de ne ve. A manutenção
do calor é difícil, em razão da grande re flexão efetuada
pelo gelo.
A vegetação surge na borda do continente e cons -
titui-se de liquens. Há poucas espécies animais; a maior
parte concentra-se no mar (baleias), e outras poucas na
terra (focas, pinguins).
A Antártida não possui população nativa, sendo
habitada apenas por equipes de pesquisadores.
As primeiras expedições à Antártida realizaram-se
no século XVIII e o Pólo Sul foi atingido em 1911 por
Roald Amundsen (norueguês).
Sobre a Antártida, recentemente, constatou-se uma
descontinuidade na camada de ozônio, decorrente da
conversão de ventos de altitudes elevadas ricos em CFC.
Em 1959 foi firmado o Tratado da Antártida, que
visa internacionalizá-la, estabelecendo:
• Iiberdade de navegação e exploração, sem direi-
tos territoriais;
• restrição das atividades militares;
• exploração científica coordenada.
O Brasil envia expedições à Antártida desde 1982,
visando participar do Acordo Antártico.
Há recursos minerais na Antártida, como cobre, urâ -
nio, carvão e petróleo.
Em 1992 o Tratado Antártico foi postergado por mais
50 anos.
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