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1. CARACTERÍSTICAS 
GERAIS E CONCEITOS
A rede hidrográfica brasileira apresenta, de uma
maneira geral, as seguintes características:
• Drenagem exorreica, com rios correndo direta
ou indiretamente pa ra o Oceano Atlântico.
• Foz ou desembocadura em forma de estuário.
• Rios de planalto, com ele va do potencial
hidrelétrico (–+ 263.400.000 kW).
• Regime pluvial tropical aus tral com cheias
de verão e vazantes no inverno.
• Rios perenes predominante men te.
2. PRINCIPAIS BACIAS 
HIDROGRÁFICAS E SEUS MANEJOS
Durante muitos anos, os estudiosos do litoral bras i -
leiro consideravam a presença de pouquíssimos rios com
foz em delta; a maioria deles seriam estuários, com
exceção dos deltas dos Rios Parnaíba, Acaraú, Grande e
das Piranhas, todos com foz no Nordeste. Entre os
últimos, o professor Aziz N. Ab’Sáber, geógrafo brasileiro,
passou a considerar também os Rios Araguari, no
Amapá, o já conhecido Rio Parnaíba, no Piauí; o São
Francisco, entre Sergipe e Alagoas; o Rio Jequitinhonha,
no sul da Bahia; o Rio Doce, no Espírito Santo, e o Rio
Paraíba do Sul, na região norte do Estado do Rio de
Janeiro.
O professor Ab’Sáber discute sobre a ocupação dos
deltas desses rios, comentando o isolamento geográfico
do Rio Araguari, no Amapá; a beleza cênica do delta do
Rio Parnaíba, no Piauí, e da área mais intensa mente
ocupada do Rio Paraíba do Sul, no Rio de Janeiro.
Bacias Hidrográficas do Brasil
Amazônia
Tocantins
Principais Parnaíba� São Francisco Paraná
Platina � Paraguai
Uruguai
Costeiras do Norte
Costeiras Nordeste Ocidental
Secundárias Costeiras Nordeste Oriental
Costeiras Sudeste�
Costeiras Sul
– 129
FRENTE 1 Geografia do Brasil
HidrografiaMÓDULO 11
C2_3o_GEO_Teoria_Rose_2012 10/01/12 15:37 Page 129
1. IMPORTÂNCIA
❑ Histórica
– até 1940 a agricultura era a principal fonte de renda do
Brasil. Durante praticamente três séculos, o Brasil
produziu cana-de-açúcar e, por um século, café; só a
partir da década de 1940, diversificou sua produção.
– atualmente, a agricultura é responsável por cerca de
21,3% do PIB nacional.
– emprega cerca de 17% da mão-de-obra ativa do país.
– mostra uma relação cada vez mais intensa com a
atividade industrial, passando a depender das atividades
urbanas. Pode-se mencionar, atualmente, a agroin -
dústria, na qual a indústria fornece insumos (máquinas,
adubos, irrigação) e o campo fornece matéria-prima.
2. FATORES NATURAIS
❑ Relevo
Nosso relevo planáltico e ondulado exige cuidados,
mas não chega a ser um empecilho à produção.
❑ Clima
O clima tropical do Brasil faz que predominem culturas
como o café, a cana, o cacau, o milho ou o algodão. Mas a
porção sul de nosso território, com climas subtropicais,
permite também culturas temperadas como o trigo, a uva,
a soja, entre outros. Além disso, com a tropicalização,
alguns produtos, como a soja ou o trigo, passam a ser
cultivados em áreas tropicais. Maior problema climático: os
altos índices de chuva.
❑ Solo
É a camada superficial da rocha que se decompôs
por causa da ação do clima e das bactérias. Os solos
férteis do Brasil cobrem cerca de 6% do território na -
cional.
Os principais solos férteis do Brasil são:
a) Massapé: surge no litoral oriental do Nordeste,
resultado da decomposição do calcário, de cor preta,
profundo, lixiviado, onde se cultiva cana desde o século XVI;
b) Terra roxa: aparece no interior do Centro-Sul do
Brasil, resultado da decomposição do basalto. De cor
avermelhada, foi descoberto por plantadores de café.
Atualmente, planta-se cana neste solo;
c) Solo de várzea: surge em maior ou menor escala
junto aos rios, sendo formado por aluviões. De cor cinza ou
preta, é utilizado para culturas adaptadas a ambientes
úmidos, como o arroz.
Problemas:
a) Erosão: destruição mecânica dos solos pela ação
das enxurradas, desde que estejam desprotegidos.
Anualmente, perdem-se toneladas de solos férteis. Pode
provocar problemas como a voçoroca;
b) Lixiviação: empobrecimento do solo pela ação
da água que “lava” os nutrientes, carregando-os para as
camadas inferiores;
c) Laterização: formação de uma crosta no
horizonte superior do solo pelo acúmulo de óxidos de
ferro e alumínio, transportados para a superfície pela
evaporação.
Soluções:
a) Proteção: a prevenção é a melhor atitude.
Protegendo-se o solo pela manutenção da cobertura
vegetal original, evita-se o problema. Pode-se lançar mão
do reflorestamento.
b) Curvas de nível: técnica de cultivo que segue
as curvas das montanhas, permitindo um melhor
escoamento da água sem provocar erosão.
c) Terraceamento: em terrenos muito inclinados,
corta-se a montanha em patamares para evitar a erosão.
d) Adubação: recolocação de nutrientes artificial-
mente para recuperar um solo lixiviado.
3. A DISTRIBUIÇÃO DAS TERRAS NO BRASIL
No Brasil, há um total de 5.219.504 de propriedades.
Dessas, 53,1% ocupam um total de 2,8% da área agrícola
disponível, em estabelecimentos conhecidos como
minifúndios (propriedades com área inferior ao módulo
rural, ou seja, incapazes de produzir seu sustento e
progresso socioeconômico, geralmente com área inferior
a 10 ha). Por outro lado, há os latifúndios (propriedades
600 vezes maiores do que o módulo rural da região, ou
seja, com mais de 1.000 ha), que representam apenas
0,9% dos 5,2 milhões de propriedades, mas que abran -
gem 42,3% da área disponível.
Segundo o IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística, estabelecimento agropecuário é todo terreno
de área contínua, independente do tamanho ou situação
(urbana ou rural), formado de uma ou mais parcelas,
130 –
Importância, Fatores e 
Problemas de Agricultura e PecuáriaMÓDULOS 12 a 14
C2_3o_GEO_Teoria_Rose 07/01/12 10:08 Página 130
subordinado a um único produtor, onde se processa uma
exploração agropecuária, ou seja: o cultivo do solo com
culturas permanentes e temporárias, inclusive hortaliças
e flores; a criação, recriação ou engorda de animais de
grande e médio porte; a criação de pequenos animais; a
silvicultura ou o reflorestamento e a extração de produtos
vegetais.
Essa má distribuição de terras é acompanhada por um
processo de concentração cada vez mais intenso, devido
à mecanização, à expulsão do pequeno agricultor e ao
avanço das frentes agrícolas. Isto fez surgir figuras como:
a) o sem-Terra, também conhecido como posseiro,
que invade propriedades com o objetivo de produzir,
mesmo sem o título da terra. Há no Brasil, hoje, movimentos
como o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem
Terra), que realizam invasões para forçar o governo a
promover a reforma agrária.
b) o grileiro, aquele que falsifica títulos de proprie -
dade e vende-os como se fossem autênticos.
Propriedades Rurais
A modernização da agricultura, nas últimas décadas,
implicou na agregação de maior tecnologia e menor
necessidade de novos espaços, embora a fronteira
agrícola continue a se expandir. Se essa tendência
persistir – a do aumento da produtividade – o discurso
reformista, que questiona a estrutura agrária, sobretudo
a fundiária perderá o sentido.
É verdade que o aumento da produtividade ocorre
em ritmo acelerado, e também que a agricultura adquire
cada vez mais um caráter moderno e competitivo, mas
ainda está longe de predominar em todo o País
propriedades produtivas, independente da dimensão,
geradoras de empregos diretos e indiretos. A estrutura
agrária e fundiária do jeito que ainda se apresenta é fonte
de problemas, no campo e nas cidades.
Distribuição de Terras
A questão fundiária no Brasil agravou-se com a
evolu ção da economia do país. Nos últimos 50 anos,
apesar do País ter se tornado urbano de forte inspiração
industrial, o campo ainda guarda resquícios de seu
período colonial.
A modernização da agricultura, a subordinação do
campo à cidade, a implantação e implementação da
agroindústria não solucionaram os graves problemas
sociais no campo relativos à má distribuição das terras.
Não era esse o objetivo da capitalização do campo. O
resultado é um número crescente de trabalhadores rurais
e desempregados sem acesso a terra.
O surgimento de inúmerosmovimentos de sem-terra,
com destaque para o MST – Movimento dos Trabalhadores
Rurais Sem-Terra, passaram a se constituir elemento de
pressão sobre o governo e os proprietários.
A modernização da agricultura produtiva e compe -
titiva no plano internacional, não pode depender de
políticas demagógicas de distribuição fundiária, nem do
redirecionamento da produção visando apenas à
improdutiva geração de itens de subsistência.
– 131
C2_3o_GEO_Teoria_Rose 07/01/12 10:08 Página 131
As invasões de terras têm-
se sucedido nos últimos anos,
aumentando os conflitos e as
mortes pelo Brasil afora.
A solução seria a re for -
ma agrária, proces so me -
diante o qual o governo
de sa propriaria as terras que
não estivessem sendo utili -
zadas (ou fossem usadas
para a especulação), distri -
buindo-as aos sem-terra,
além de fornecer ajuda para
o sucesso da reforma.
A reforma agrária já vem
sendo discutida desde o fim
da Segunda Guerra Mun dial,
de acordo com a seguinte
cronologia:
– décadas de 1940-50:
criação de comissões para o
estudo do caso, sem
resultados palpáveis;
– década de 1960: pri -
 meiras tentativas feitas no
governo de João Goulart,
abortadas pelo Golpe de
1964; em outubro de 1964,
foi criado o Incra, Instituto
Nacional de Colonização e
Reforma Agrária, órgão
responsável pelo cadastra -
mento das terras e aplica ção
do Estatuto da Terra. Assentou famílias na Amazônia,
mas teve atuação incipiente na década de 1970;
– década de 1980: em 1985, foi criado o Ministério
da Reforma Agrária, com a obrigação de aplicar o PNRA
— Plano Nacional de Reforma Agrária;
– 1988: a reforma agrária foi inscrita na Constituição,
cabendo ao governo federal promovê-la; tal responsa bi -
lidade ficou a cargo do Ministério da Agricultura.
4. SISTEMAS AGRÁRIOS
No Brasil, utilizam-se, de uma maneira geral, três
sistemas de produção, a saber:
❑ Extensivo
Também conhecido como roçado, dispõe de gran -
des extensões de terra, que são subutilizadas, pequena
inversão de capitais, mão-de-obra familiar, às vezes em
esquema de mutirão, tecnologia rudimentar e baixos
rendimentos, produzindo para a subsistência ou espe -
cu lação; geralmente consiste em uma monocultura
(milho ou mandioca).
Sistema extensivo
– desflorestamento – coivara;
– esgotamento de solos;
– rotação de solos;
– pequeno rendimento;
– produção por homem;
– terra abundante.
132 –
C2_3o_GEO_Teoria_Rose 07/01/12 10:08 Página 132
Dentro do sistema extensivo, surge o termo “roça” ou
sistema itinerante, em que as técnicas utilizadas são bastante
rudimentares, com pouco ou nenhum adubo, levando a terra
ao esgotamento e, posteriormente, ao abandono.
No Brasil, o sistema de roça é ainda encontrado,
apresentando, como resultado, uma agricultura de baixos
rendimentos e produção irregular.
❑ Intensivo
Trata-se da propriedade comercial, próxima a
grandes centros, onde há disponibilidade de capitais,
mas as propriedades são pequenas. Utilizam-se de mão-
de-obra especializada e insumos agrícolas; as culturas
são diversificadas (policultura) e o rendimento é elevado,
voltado para o mercado urbano (consumo direto ou
industrial).
Sistema intensivo
– uso permanente do solo;
– rotação de cultivos;
– fertilizantes;
– seleção de sementes;
– seleção de espécies;
– mecanização;
– grande rendimento;
– produção por hectare;
– mão-de-obra abundante e qualificada;
– terra escassa.
❑ Plantation
Introduzido no Brasil durante o período colonial.
Atualmente, é um sistema que dispõe de grandes
propriedades, nas melhores terras do País. Possui grande
inversão de capitais, o que permite a aplicação de
tecnologia (insumos e mecanização); pode dispor de
mão-de-obra numerosa (desde a mais humilde até a
qualificada); apresenta um elevado rendimento e produz
uma monocultura tropical (café, cacau, cana-de-açúcar
etc.), voltada para o mercado exterior ou industrial.
Plantation
– domínio geográfico: áreas tropicais;
– monocultura;
– grandes estabelecimentos;
– capitais abundantes;
– mão-de-obra numerosa e barata;
– alto nível tecnológico;
– trabalho assalariado;
– aproveitamento agroindustrial da produção;
– cultivos destinados à exportação;
– grande rendimento.
❑ Semi-intensivo
Trata-se da modernização da agropecuária com a
introdução de técnicas modernas, adoção de insumos
industriais, mas com a disposição de terra abundante,
grande impacto sobre o solos etc.
5. UTILIZAÇÃO DAS TERRAS
Segundo o IBGE, as áreas dos estabelecimentos,
tendo como critério a sua realização, foram divididas nas
seguintes categorias:
❑ Lavouras permanentes 
Compreendem a área plantada ou em preparo para
o plantio de culturas de longa duração, que após a
colheita não necessitem de novo plantio, produzindo por
vários anos sucessivos.
❑ Lavouras temporárias 
Abrangem as áreas plantadas ou em preparo para o
plantio de culturas de curta duração (via de regra, menor
que um ano) e que necessitem, geralmente, de novo plantio
após a colheita; incluíram-se também nessa categoria as
áreas das plantas forrageiras destinadas ao corte.
– 133
C2_3o_GEO_Teoria_Rose 07/01/12 10:08 Página 133
❑ Terras em descanso
Terras habitualmente utilizadas para o plantio de
lavouras temporárias, que se encontram em descanso,
por prazo não superior a 4 anos em relação ao último ano
de sua utilização.
❑ Pastagens naturais
Constituídas pela áreas destinadas ao pastoreio do
gado, sem terem sido formadas mediante o plantio, ainda
que tenham recebido algum trato.
❑ Pastagens plantadas 
Abrangem as áreas destinadas ao pastoreio e
formadas mediante plantio.
❑ Matas naturais
Formadas pelas áreas de matas e florestas naturais
utilizadas para extração de produtos ou conservadas
como reservas florestais.
❑ Matas plantadas 
Compreendem as áreas plantadas ou em preparo para
o plantio de essências florestais, incluindo as áreas
ocupadas com viveiros de mudas dessas essências.
❑ Terras produtivas não utilizadas
Constituídas pelas áreas que se prestam à formação
de culturas, pastos ou matas e não estejam sendo usadas
para tais finalidades. Foram incluídas as terras não
utilizadas por período superior a 4 anos.
❑ Terras inaproveitáveis
Formadas por áreas imprestáveis para formação de
culturas, pastos e matas, tais como: areais, pântanos,
encostas íngremes, pedreiras etc., e as formadas pelas
áreas ocupadas com estradas, caminhos, construções,
canais de irrigação, açudes etc.
6. EXPLORAÇÃO DA TERRA
No Brasil, explora-se a terra de maneira direta e
indireta. Na exploração direta da terra, temos o próprio
proprietário explorando a sua terra. Cerca de 60% das
propriedades do Brasil são exploradas dessa maneira.
Na exploração indireta da terra, o proprietário cede a
sua terra para outros explorarem. Surge, então, o
arrendatário, que paga uma renda ao proprietário pela
utilização da terra. Ou então, o parceiro, que paga pelo
uso da terra com parte de sua produção. Estabelecem-se,
portanto, o meio (meeiro), o terço, o quarto, ou a forma que
o parceiro combinar com o produtor.
Quanto à utilização de mão-de-obra, nota-se no Brasil
o aumento do número de trabalhadores temporários, dentre
os quais se destaca o “boia-fria” ou volante, que, vivendo
na periferia de pequenas e médias cidades, vai trabalhar
no campo mediante empreitadas. É um trabalhador que é
atingido pela mecanização do campo e dificilmente é
protegido pela lei.
134 –
C2_3o_GEO_Teoria_Rose 07/01/12 10:08 Página 134
7. PESSOAL OCUPADO
Segundo o IBGE, distinguem-se cinco categorias:
❑ Responsável e membros não-remunerados
da família
O produtor ou o administrador responsável pela
direção do estabelecimento, recebendo quantia fixa ou
cota-parte da produção.
❑ Empregados permanentes 
Pessoas contratadas para execução de tarefas per -
ma nentes ou de longa duração, mediante remuneração
em dinheiro ou em quantia fixa de produtos, inclusive os
membros das famílias dos empregados permanentes
que efetivamente os auxiliam na execução de suas
respectivas tarefas.
❑ Empregados temporários
Pessoas contratadas para execução de tarefas
eventuais ou de curtaduração, mediante remuneração
em dinheiro ou sua equivalência em produtos, inclusive
os membros das famílias desses empregados que os
auxiliam na execução de suas respectivas tarefas.
❑ Parceiros
Pessoas diretamente subordinadas ao responsável,
que executam tarefas mediante recebimento de uma
cota-parte da produção obtida com seu trabalho (meia,
terça, quarta etc.), e os seus familiares que os ajudam
na execução das suas tarefas.
❑ Outra condição
Consideram-se todas as pessoas cujo regime de
trabalho difere do regime dos grupos anteriores, tais
como: agregados, moradores etc.
8. CONFLITOS FUNDIÁRIOS
E INVASÕES DE TERRAS
A estrutura fundiária desigual exclui um grande
contingente populacional do acesso a terra, com isso
intensificaram nos últimos anos os conflitos pela posse
da terra. As invasões de terra são instrumentos, questio -
nável, de pressão popular sobre as autoridades e sobre
os grandes proprietários improdutivos.
A Constituição de 1988 estabelece que são passíveis
de desapropriação as terras improdutivas, mas define o
que é produtividade. Esse impasse traz grande
insatisfação entre os sem-terras e intranquilidade entre
proprietários, inibindo investimentos, que podem refletir
positivamente na área social.
Os conflitos fundiários no campo, devido ao recru -
descimento da violência, da organização dos sem-terra e
da iniciativa de defender a todo o custo a terra, por parte
dos grandes proprietários, têm aumentado o número de
mortes na zona rural. Por um lado, é verdade, algumas
invasões depredam o patrimônio de proprietários de terras,
mas o entendimento do problema fundiário como caso de
polícia está também longe dos verdadeiros esforços para
o entendimento, e ampliam o número de óbitos no campo
na luta por terra.
9. AGRONEGÓCIO
É a agricultura comercial de grande escala, com
modernas propriedades, alta tecnologia e produção em
larga escala, geralmente voltada para a exportação.
O Brasil está entre os maiores competidores mundiais
em agronegócio. É o maior produtor mundial de café,
laranja e cana-de-açúcar. E é o maior exportador de carne
bovina do mundo.
O cultivo de lavouras de grãos aumentou 24% no
cerrado entre 2000 e 2008, por con ta do avanço do
plantio nas pastagens de gra dadas e áreas novas de
cerrado. Esse aumento reflete uma das prin cipais
transformações no campo nesse período, que é o
aumento da integração entre a criação de gado de corte
e o plantio de grãos. Este sistema reduz o custo de
manejo das duas atividades, além de aumentar a pro du -
tividade. Ele utiliza a mesma área para a lavoura durante
três anos e depois a transfere por um ano para a
pastagem. Assim, um quarto da propriedade é des tinado
à criação de gado e o restante ao plantio de lavouras.
No verão planta-se soja e algodão e no inverno, milho e
aveia. O sistema tem garantido boa produ tividade.
Na agricultura de precisão utilizam-se infor -
mações de satélites e computação para aumentar a
eficiên cia no controle de pragas e doenças e no uso de
máquinas. O resultado é uma elevada produtividade.
Agronegócio
PIB 23,7%
Empregos 31%
Exportações 36%
Plano Agrícola 2009/2010 R$ 41 bilhões
– 135
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136 –
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C2_3o_GEO_Teoria_Rose 07/01/12 10:08 Página 136
– 137
10.AGRICULTURA FAMILIAR
Caracterizada pelas pequenas
pro priedades onde trabalham
famílias inteiras, com no máximo dois
empre ga dos.
A agricultura familiar é a que mais
cria empregos no campo, 7 de cada
10, e é responsável também pela
mai oria dos alimentos que
abastecem a mesa do bra si lei ro,
produzindo 84% da mandioca, 67%
do feijão, 54% do leite, 49% do milho,
40% de aves e ovos e 58% dos
suínos.
Pronaf – o Programa Nacional de Fortalecimento à
Agricultura Fa mi liar possui diversos planos de crédito
para o pequeno agricultor. Esses créditos têm duas
finalidades: custeio e investimento.
Os créditos de custeio são aqueles que se destinam
à compra de insumos, como adubos, sementes ou
serviços. Servem também para o plantio das lavouras ou
para a compra de rações para animais.
Os créditos para investimento são aqueles dirigidos
à compra de bens duráveis (tratores, máquinas e imple -
mentos) ou à realização de benfeitorias, como matrizes,
cercas, silos e estábulos.
11.PRINCIPAIS PRODUTOS AGRÍCOLAS
O Brasil destaca-se pela grande produção agro -
pecuária. Apesar de o País não depender apenas da
exportação oriunda deste setor, este ainda é responsável
pelo emprego de significativo percentual de ativos e
corresponde a segmento importante de nossa balança
comercial.
Dentre os produtos agrícolas brasileiros e seus
maiores produtores, merecem destaque:
❑ Lavouras permanentes
Algodão arbóreo
CE, PB, PI, RN, PE.
Banana
SP, BA, PA, MG, SC, PE.
Cacau
BA, PA, RO, ES, MT, AM.
Erva-mate
PR, RS, SC, MS.
Hévea
SP, MT, BA, MG, ES, MA.
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138 –
Café
MG, ES, SP, RO, BA, PR.
Pimenta-do-Reino
PA, MG, BA, MA, RO, PB.
Uva
RS, SP, PE, PR, BA, SC.
Laranja
SP, BA, SE, MG, RS, PR.
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– 139
❑ Lavouras temporárias
Algodão arbustivo ou herbáceo
MT, GO, BA, SP, MS, PR.
Juta
AM, PA.
Arroz
RS, MT, SC, MA, PA, TO.
Cana-de-açúcar
SP, AL, PR, MG, PE, MT.
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140 –
Sisal
BA, PB, RN, CE, PE.
Milho
PR, RS, SP, GO, MG, SC.
Tabaco
RS, SC, PR, AL, BA, SE.
Feijão
PR, MG, SP, BA, GO, SC.
Soja
MT, PR, RS, GO, MS, BA.
C2_3o_GEO_Teoria_Rose 07/01/12 10:08 Página 140
– 141
Trigo
PR, RS, MS, SP, GO, MG.
Mandioca
PA, PR, BA, RS, SP, MA.
IBGE/DPE/COAGRO – Pesquisa de Estoques 1o. semestre de 2009
12.A AGRICULTURA MODERNA DO BRASIL
Os investimentos estatal e privados no setor agro pe -
cuário mudaram nos últimos anos o perfil da agricultura
brasileira, que amargava índices baixos de produti vi -
dade, sofria com a falta de recursos e com a preca rie -
dade da infraestrutura. No entanto, este panorama
mu dou recentemente, sobretudo no que se refere à
produção voltada para a exportação.
Os agronegócios movimentam bilhões de dólares
anualmente. O mercado das commodities impôs a
necessidade de uma produção dinâmica, sob o risco de,
com o processo de globalização, o País perder espaço
no mercado internacional.
Os investimentos são múltiplos e múltiplas são as
áreas: biotecnologia, mecanização, desenvolvimento de
sistemas de escoamento mais eficazes, com destaque
para o transporte intermodal, aumento na capacidade de
armazenagem, qualificação da mão-de-obra, monito -
ramento por satélites da área plantada, correção do solo,
tecnologia na antecipação de manifestação climática,
usinagem, irrigação, calagem. Enfim, a atividade agro pe -
cuária brasileira deixou de ser a agricultura da subsistência
ou da plantation; a nova agricultura é moderna, compe -
titiva, otimizada por recursos e técnicas, mas não resolveu
suas contradições: ainda falta terra para quem quer plantar,
praticam-se ainda as queimadas; a erosão, a lixiviação, a
laterização, e a voçoroca ainda ameaçam nossas safras.
13.TIPOS DE CRIAÇÃO E REBANHOS
Efetivo dos rebanhos em 2004
comparativamente a 2003 – Brasil
IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Agropecuária,
Pesquisa da Pecuária Municipal 2003 e 2004
❑ Características gerais da atividade
pecuária brasileira
• Rebanho entre os maiores do mundo: cerca de
230 milhões de cabeças.
• Ocupa 25% da superfície do país, com pastagens
naturais e artificiais.
• Baixa produtividade, de uma maneira geral,
devida:
– à inadequada estrutura fundiária;
– ao baixo nível tecnológico;
– a técnicas rudimentares.
❑ Criação extensiva
Tem como características marcantes:
– grandes áreas;
– gado criado à solta;
– pastagens naturais;
– falta de aplicação de técnicas avançadas de
criação;
– baixo rendimento;
– ser destinada ao corte (carne);
Estoque dos produtos 
investigados em 30/06/2009 – Brasil
Produtos Estoque em 30/06/2009 (t)
Algodão (em pluma)178 050
Algodão (em caroço) 3 802
Caroço de algodão 162 606
Semente de algodão 886
Arroz (em casca) 4 813 296
Arroz beneficiado 137 069
Semente de arroz 37 301
Café (em coco) 15 805
Café (em grão) 838 219
Feijão preto (em grão) 80 683
Feijão de cor (em grão) 116 505
Milho (em grão) 11 017 491
Semente de milho 266 781
Soja (em grão) 13 822 653
Semente de soja 469 905
Trigo (em grão) 3 601 901
Semente de trigo 38 769
Rebanho Efetivo2003
Efetivo
2004
Variação
2003/2004
Bovino 195.551.576 204.512.737 4,58
Suíno 32.304.905 33.085.299 2,42
Equino 5.828.376 5.787.250 –0,71
Asinino 1.208.660 1.196.324 –1,02
Muar 1.345.389 1.358.419 0,97
Bubalino 1.148.808 1.133.622 –1,32
Caprino 9.581.653 10.046.888 4,86
Coelhos 335.555 324.582 –3,27
Ovino 14.556.484 15.057.838 3,44
Galinhas 183.799.736 184.786.319 0,54
Galos, frangas, 
frangos e pintos
737.523.096 759.512.029 2,98
Codornas 5.980.474 6.243.202 4,39
C2_3o_GEO_Teoria_Rose 07/01/12 10:08 Página 141
142 –
– número reduzido de cabeças por hectare.
Ex.: Triângulo Mineiro, Campanha Gaúcha, sul do
Pará.
❑ Criação intensiva
Tem como características marcantes:
– áreas limitadas;
– rebanhos pouco numerosos;
– alto rendimento;
– aplicação de métodos científicos;
– ser destinada à produção de leite;
– proximidade dos grandes centros urbanos.
Ex.: Vale do Paraíba, sul de Minas Gerais etc.
❑ Criação semi-intensiva
– maior expansão atualmente.
C2_3o_GEO_Teoria_Rose 07/01/12 10:08 Página 142
– 143– 143
PRODUÇÃO MUNDIAL DE GADO
Bovinos Índia Brasil Rússia EUA
Bubalinos Índia China Paquistão Brasil (10.°)
Caprinos Índia China Paquistão, Nigéria Brasil (9.°)
Equinos China EUA México, Rússia Brasil (5.°)
Ovinos Austrália Rússia China, N. Zelândia Brasil (18.°)
Suínos China Rússia EUA, Alemanha Brasil (5.°)
Evolução da Produção de Leite – Brasil
IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Agropecuária,
Pesquisa da Pecuária Municipal
Ano Quantidade de leite (1.000 litros)
1990 14.484.413
1991 15.079.186
1992 15.784.011
1993 15.590.882
1994 15.783.557
1995 16.474.365
1996 18.515.390
1997 18.666.010
1998 18.693.914
1999 19.070.048
2000 19.767.206
2001 20.509.953
2002 21.643.740
2003 22.253.863
C2_3o_GEO_Teoria_Rose 07/01/12 10:08 Página 143
144 –
1. PETRÓLEO
Principais eventos históricos:
1896 – Primeira perfuração no interior de São Paulo.
1907 – Criação do Serviço Geológico e Mineralógico.
1937 – Descoberta de petróleo na Bahia, na região
do Recôncavo.
1938 – Criação do Conselho Nacional do Petróleo;
nacionalização das jazidas.
1953 – Criação do monopólio estatal e da Petro-
bras para gerir esses monopólios.
1975 – Criação dos contratos de risco, flexibilizando
a prospecção.
1997 – Instituída a lei que “quebra” o monopólio da
Petrobras que continua sob controle estatal.
É criada a ANP (Agência Nacional de
Petróleo).
2004 – Conclusão de estudos sobre a formação de
petróleo na camada do Pré-Sal.
2006 – Autossuficiência do Brasil em petróleo.
2007 – Descoberta da Bacia de Santos, no Campo
de Tupi.
2008 – Novas descobertas no Pré-Sal no ES e
Santos.
2009 – Definição do marco regulatório de
exploração do petróleo no Pré-Sal.
Criação da Petrosal.
2. O “FIM” DO MONOPÓLIO
Na década de 1940 e 50, o Brasil assistiu a uma
campanha intitulada “O Petróleo é Nosso”, que pregava a
estatização e o controle total sobre a produção de
petróleo. Vivia-se um período de nacionalismo exacer -
bado, e a campanha desembocou na criação da
Petrobras, em 3 de outubro de 1953. Essa medida desgos -
tou grupos defensores da livre iniciativa, que queriam a
atuação das multinacionais do petróleo no Brasil. Esses
grupos ganharam grande força a partir de 1973, quando
a crise mundial do petróleo mostrou a incapacidade da
Petrobras em suprir as necessidades nacionais. Os
próprios contratos de risco de 1976 demonstraram a
insatisfação do governo com a atuação de sua estatal. Os
defensores da livre iniciativa recrudesceram suas críticas à
Petrobras, mas os governos militares impe diram qualquer
medida que pusesse fim ao monopólio estatal.
Essa situação vai mudar com o fim do militarismo.
Nos governos pós-1986, surgem no Congresso tímidas
tentativas de pôr fim ao monopólio. O incentivo vai partir
do próprio governo constituído em 1994, que passa a
apoiar o fim da ingerência do Estado na economia,
propondo o fim do monopólio.
Em 1997, o Congresso aprovou a lei que determina
o fim da exclusividade da Petrobras. Mas, atenção: o
monopólio do Estado sobre o petróleo não terminou. O
Estado continua sendo responsável pela prospecção e
lavra, refino, importação e transporte de óleo bruto, mas
poderá ceder esses direitos para outras empresas que
se habilitarem, além da Petrobras. Cabe, entretanto, à
Petrobras alguns direitos como, por exemplo, determinar
a prioridade sobre certos campos de exploração,
destinando outros que não queira explorar para outras
empresas. Para regular essas atividades, o governo criou
a ANP (Agência Nacional de Petróleo). Além disso, a Pe -
tro bras continua a ser uma estatal, apesar de o governo
acenar com a possível venda de parte de suas ações.
Não obstante a movimentação legislativa, a Petro -
bras vem aumentando sua produção de óleo bruto,
chegando a 1,860 milhão de barris por dia em 2008.
As prioridades para os próximos anos, definidas pela
ANP e pela Petrobras, são:
• O investimento pesado nos chamados campos
maduros, aqueles cuja baixa produtividade até há bem
pouco tempo inviabilizava aportes maiores de capital das
operadoras de grande porte, como a Petrobras, que
aprovou o Programa de Revitalização de Campos com
Alto Grau de Explotação (Recage), que tem por objetivo
fazer um levantamento das áreas maduras da companhia
e rediscutir estratégias a elas destinadas. Além de
tecnologia para a repontecialização, a Petrobras também
se beneficia do fato de nessas áreas já haver toda uma
infraestrutura amortizada, o que torna necessário apenas
investimentos pontuais.
• O processo de amadurecimento da Bacia de
Campos merece atenção especial da Petrobras, que já
começou a traçar não só uma estratégia de rejuvenes ci -
mento dos campos hoje maduros, como também iniciou
um processo de migração para áreas não só com alto
potencial exploratório, como Santos, Espírito Santo e
Sergipe-Alagoas, como também as consideradas de
fronteira tecnológica. Em especial, temos as Bacias de
Cumuraxatiba (BA) e as localizadas na parte equatorial
do País, nas Regiões Norte e Nordeste.
Petrobras
Fontes de EnergiaMÓDULOS 15 e 16
C2_3o_GEO_Teoria_Rose 07/01/12 10:08 Página 144
– 145
Petrobras, 2008
(Ministério de Minas e Energia (MME) – Balanço 
Energético Nacional (BEN) 2006, Ano base 2005.)
Maiores Consumidores Mundiais de Petróleo, 
2007-2008 (em milhares barris/dia)
(Elaboração própria a partir 
dos dados do BP Statistical Review 2009. IBGE)
PETRÓLEO – PRODUÇÃO MUNDIAL
País
produtor
2005
106t %
País
exportador
2004
106t
País
importador
2004
106t
Arábia
Saudita
519 13,2
Arábia
Saudita
346 EUA 577
Fed. Russa 470 12,0 Fed. Russa 258 Japão 206
EUA 307 7,8 Noruega 132 China 123
Irã 205 5,2 Nigéria 123 Coréia do Sul 114
México 188 4,8 Irã 122 Alemanha 110
China 183 4,7 México 105 Índia 96
Venezuela 162 4,1 E. Árabes 95 Itália 93
Canadá 143 3,6 Venezuela 94 França 85
Noruega 139 3,5 Canadá 87 Fed. Russa 63
Nigéria 133 3,4 Iraque 75 Holanda 60
Demais 1.474 37,6 Demais 716 Demais 708
Países /
Continentes
(em milhares de b /d) 2008 /
2007 (%)
% Consumo
Mundial2007 2008
Estados Unidos 20.680 19.419 –6,1% 23,0%
China 7.742 7.999 3,3% 9,5%
Japão 5.039 4.845 –3,8% 5,7%
Índia 2.748 2.882 4,9% 3,4%
Rússia 2.706 2.797 3,4% 3,3%
Alemanha 2.393 2.505 4,6% 3,0%
Brasil 2.274 2.397 5,4% 2,8%
Canadá 2.323 2.295 –1,2% 2,7%
Coreia do Sul 2.389 2.291 –4,1% 2,7%
Arábia Saudita 2.054 2.224 8,3% 2,6%
Países-membros
OCDE
48.830 47.303 –3,1% 56,0%
África 2.776 2.881 3,8% 3,4%
América do Norte 25.030 23.753 –5,1% 28,1%
América do Sul &
Central
5.681 5.901 3,9% 7,0%
Ásia-Pacífico 25.277 25.339 0,2%30,0%
Europa & Eurásia 20.031 20.158 0,6% 23,9%
Oriente Médio 6.084 6.423 5,6% 7,6%
Total 84.878 84.455 –0,5% 100,0%
PRODUÇÃO DE GÁS NATURAL
(mil metros cúbicos/dia)
RJ — 23470
ES — 11.480
AM — 9.876
SE — 2049
AL — 1486
PRODUÇÃO DE PETRÓLEO
(barris/dia)
RJ — 1.597.387
ES — 193.962
RN — 60.861
AM — 52.964
BA — 49.472
SE — 42.072
SP — 16.983
C2_3o_GEO_Teoria_Rose 07/01/12 10:08 Página 145
146 –
1. EVOLUÇÃO INDUSTRIAL
q 1a fase (até 1808)
Não havia uma indústria brasileira. A atividade
industrial resumia-se à produção de tecidos grosseiros
e raros artigos de natureza artesanal.
q 2a fase (após 1808)
Caracterizada pela liberação da atividade industrial,
que até então havia sido proibida pela metrópole.
Começavam a surgir alguns setores de necessidade
imediata e de menor custo de capitais, tais como de
produtos alimentícios, têxteis, de artefatos de couro e
material de construção. A partir de 1889, o governo
passou a tomar medidas protecionistas no intuito de
defender a indústria nacional da concorrência externa.
q 3a fase (após 1953)
Conforme a nova orientação governamental,
observamos a grande aplicação de capital estrangeiro,
o planejamento da infraestrutura e a instalação de
setores básicos, como o da indústria automobilística,
construção naval, mecânica e química.
A terceira fase, iniciada após 1953, perdurou pelos
go vernos de Juscelino Kubitschek, João Goulart e gover -
nos militares, quando grandes investimentos estrangeiros
foram feitos no Brasil, com a vinda de multinacionais do
mundo todo (na última etapa, inclusive do Japão).
O processo de industrialização vinha sendo dire cio -
na do, desde a ditadura Vargas, para a concentração
espacial em São Paulo. No governo de Ernesto Geisel,
estabeleceu-se uma política de descentralização espa -
cial das indústrias, na tentativa de atraí-las para outros
centros. Surgiu assim o Plano Siderúrgico Nacional,
criando novos polos em outros pontos do Brasil, como
Salvador, na Bahia, e Porto Alegre, no Rio Grande do Sul.
Nos anos 80 houve a um processo de crise no
crescimento industrial, causado pela alta da taxa de juros
internacional, bem como pela crise da dívida externa,
que forçou o País a reduzir salários e desvalorizar a
moeda num esforço de exportação. Passou-se por um
período conhecido como estagflação, no qual, ao mesmo
tempo em que a economia não crescia, a inflação corroía
o poder de compra dos consumidores, impedindo a
modernização e a retomada do crescimento industrial.
O processo de estagflação só findou nos anos 90,
quando a dívida foi renegociada. Entramos numa nova
fase em que se estabelece a abertura às impor tações.
Se, por um lado, isto permite o reapa re lhamento de
muitos setores industriais pela importação de
maquinário, por outro lado prejudica o desen vol vimento
de diversos setores de base, em razão da concorrência
às vezes desleal dos produtos importados, podendo
gerar desemprego.
q 4a fase (após 1990)
Caracteriza-se pelas privatizações e por um proces -
so de descentralização do parque industrial.
O crescimento menor de São Paulo deve-se ao
processo de descentralização industrial.
Graças à entrada de industrializados importados e à
retração do mercado internacional, houve uma redução
da produção e do emprego industrial nos últimos anos.
2. OS GRANDES 
CENTROS INDUSTRIAIS DO BRASIL
Em 1930, o governo estabeleceu planos para
substituir paulatinamente os produtos manufaturados
importados. Durante a Segunda Guerra Mundial, foram
criados setores de indústria pesada, empregando-se, em
geral, equipa mentos de segunda mão.
q São Paulo
Já vimos que é na Região Sudeste onde se encontra
a maior e mais importante concentração industrial do
País, destacando-se o estado de São Paulo.
A maior concentração in dus trial do estado de São
Paulo encontra-se na Grande São Pau lo, formada pelo
município de São Paulo e mais 39 muni cí pios vizinhos.
A Grande São Paulo é um centro poli-industrial e
constitui o maior parque industrial do Brasil e da América
Latina. Além do município de São Paulo, me re cem
destaque vários outros mu ni cípios de grande impor tância
industrial, tais como: ABCDMR, ou seja, pela ordem:
Indústria de TransformaçãoMÓDULOS 17 e 18
(IBGE)
C2_3o_GEO_Teoria_Rose 07/01/12 10:08 Página 146
– 147
Santo An dré, São Bernardo do Campo, São
Caetano do Sul, Diadema, Mauá e Ribeirão
Pires. Além desses, destacam-se também:
Osasco, Guarulhos, Mogi das Cruzes,
Suzano etc.
No estado de São Paulo, além da
Grande São Paulo, encontramos importantes
centros industriais, normal mente situados ao
longo dos principais eixos rodoviários ou
rodoferroviários, tais como:
– Anhanguera – Campinas, Americana,
Limeira, Piracicaba, Ribeirão Preto.
– Dutra – Jacareí, São José dos Campos,
Taubaté etc.
– Washington Luís – Rio Claro, São
Carlos, Arara quara, São José do Rio Preto
etc.
– Marechal Rondon – Bauru, Lins.
– Raposo Tavares – Sorocaba,
Itapetininga, Presi dente Prudente.
– Anchieta – Cubatão, Santos.
(Pesquisa Industrial 2008. Empresa, Rio de Janeiro: IBGE)
q Rio de Janeiro
No estado do Rio de Janeiro, a maior concentração
industrial encontra-se na Grande Rio (centro poli-
industrial).
Além da capital, destacam-se centros monoin -
dustriais, como: Petrópolis e Nova Friburgo (têxtil), Volta
Redonda, Barra Mansa (siderurgia), Campos (açúcar)
etc.
q Minas Gerais
Em Minas Gerais, graças à abundância de recursos
minerais (ferro, manganês, ouro, alumínio etc.), desen -
volveu-se um grande centro metalúrgico e siderúrgico
localizado não só na Grande Belo Horizonte (Belo
Horizonte, Sabará, Nova Lima, Contagem, Betim), mas
também em municípios como Mariana, Santa Bárbara,
Itabirito (zona metalúrgica), além de Juiz de Fora e
outros.
q Outros
• Rio Grande do Sul
Destacam-se a capital, como centro poli-industrial, e
centros periféricos, como Esteio, Canoas, Gravataí. São
importantes também: Caxias (vinhos), Novo Hamburgo
(couros, calçados), Pelotas (alimentos, carnes).
• Paraná
Destaque para a capital (móveis, alimentos, auto mo -
bilística), Ponta Grossa e Guarapuava (madeira).
Obs.: No Nordeste, a iniciativa oficial, por meio de
incen tivos, principalmente da Sudene, possibilitou a
instalação de vários parques industriais, geralmente
localizados nas capitais dos principais estados.
• Recife
Destaque para o distrito industrial do Cabo, além de
núcleos industriais como Paulista, Corado, Jaboatão e
São Lourenço da Mata.
• Salvador
Destaque para os distritos industriais de Aratu (side -
rur gia – Usiba) e Camaçari (polo petroquímico).
3. AS INDÚSTRIAS TRADICIONAIS
As indústrias tradicionais compreendem vários
ramos, tais como: alimentício, têxtil, madeireiro, bebidas,
couro, calçados, móveis, fumo etc.
A maior concentração dessas indústrias encontra-se
no estado de São Paulo, o qual participa com 40% do
total. No caso do Brasil, os dois setores mais importantes
são o alimentício e o têxtil.
q Indústria alimentícia
A indústria alimentícia abrange diversos produtos,
tais como: farinha, massas, laticínios, conservas, carnes,
ó leos e gorduras, bebidas, doces, açúcar etc. A indústria
C2_3o_GEO_Teoria_Rose 07/01/12 10:08 Página 147
148 –
alimentícia e a indústria têxtil, estão entre as primeiras
indústrias criadas no País.
Sua instalação efetiva ocorreu na segunda metade
do século XIX, apoiada principalmente em capitais
gerados pela economia cafeeira e na mão-de-obra
imigrante. No início do século XX, esta indústria atingiu a
autossuficiência e sofreu grande expansão do mercado
consumidor, a partir da década de 30 e principalmente
na década de 50, com o grande crescimento urbano.
Continua sendo a mais importante indústria do País,
ocupando o 1o lugar em número de estabelecimentos,
pessoal ocupado e em valor de produção.
Embora apareça disseminada por quase todo o
território nacional, é na Região Sudeste e, dentro desta
região, no estado de São Paulo, que se verifica a sua
maior concentração. Além de São Paulo, os agrupa -
mentos mais importantes encontram-se nas principais
metrópolesdo País, como: Rio de Janeiro, Belo Hori -
zonte, Porto Alegre, Recife, Salvador etc.
q Alguns destaques
– Carnes: (frigoríficos) – Araçatuba, Barretos,
Uberlândia, Rio Grande, Pelotas, Campo Grande.
– Bebidas: Ribeirão Preto, Caxias do Sul, Bento
Gonçalves, Jundiaí, São Roque.
– Laticínios: Araras, Guaratinguetá, Três Corações.
– Açúcar (usinas): Campos, Piracicaba, Maceió.
q Indústria têxtil 
A indústria têxtil, também instalada na segunda
metade do século XIX, teve seu crescimento e expansão
baseados no aumento populacional e consequente
ampliação do mercado consumidor.
Sofreu grande expansão a partir da década de 40,
graças ao bloqueio das importações (Segunda Guerra),
o que liberou o mercado interno para a produção
nacional e, ao mesmo tempo, fez com que conquistasse
alguns mercados externos (Europa, América Latina).
Na década de 50, este setor passou por uma certa
retração, em virtude de a maior atenção governamental
estar vol ta da para os setores dinâmicos da indústria. A
partir de 1967, ocorreu uma dinamização do setor, com
a ex pan são do mercado interno e das exportações. Entre
1972 e 1973, o aumento das exportações de tecidos foi
de 100%.
A indústria têxtil, a exemplo da alimentícia, apresen -
ta-se disseminada por grande parte do País e coloca-se
também entre as mais importantes do País em pessoal
ocupado (5a, em 1990) e em valor de produção (7a, em
1990). As maiores concentrações aparecem em São
Paulo, Minas Gerais, Santa Catarina, Rio de Janeiro e
Região Nordeste (Recife, Salvador etc.).
4. AS INDÚSTRIAS DINÂMICAS
As indústrias dinâmicas correspondem, de modo
geral, àquelas que, produzindo bens de produção, são
responsáveis pela dinamização das demais indústrias e,
em consequência, da própria atividade industrial. Por
indústrias dinâmicas podemos entender diver -
sos ramos, como: siderurgia, mecânica, naval,
química etc.
q Indústria siderúrgica
Foi somente a partir de 1917 que se instalou no País,
por iniciativa da Companhia Siderúrgica Belgo-Mineira,
localizada inicialmente em Sabará (MG) e depois em
Monlevade (MG). Aproveitando a abundância de minério
de ferro em Minas Gerais, outras siderúrgicas foram
instalando-se na região e, durante muito tempo, esse
estado foi o único centro siderúrgico do País. As cau sas
que retardaram a instalação da siderurgia no Brasil
foram:
a) escassez de carvão mineral;
b) falta de mão-de-obra;
c) falta de capitais;
d) ausência de indústrias capazes de consumir a
produção.
PRODUÇÃO DE AÇO
Brasil 25.076.000 toneladas
Minas Gerais 9.603.000 toneladas
Rio de Janeiro 5.836.000 toneladas
São Paulo 4.670.000 toneladas
Espírito Santo 3.739.000 toneladas
C2_3o_GEO_Teoria_Rose 07/01/12 10:08 Página 148
– 149
A partir de 1942, a siderurgia tomou grande impulso
com a instalação da Companhia Siderúrgica Nacional
(ex-empresa estatal), em Volta Redonda, no Vale do
Paraíba fluminense. A sua localização obede ceu:
a) à situação intermediária entre as jazidas de carvão
(SC) e as áreas produtoras de minério de ferro (MG);
b) ao ponto de encontro entre a Central do Brasil e a
Rede Mineira de Viação;
c) à proximidade dos maiores centros industriais e
consumidores do País: São Paulo e Rio de Janeiro;
d) à abundância de energia elétrica;
e) à maior disponibilidade de mão-de-obra.
Tendo iniciado sua instalação em 1942, a CSN entrou
em produção a partir de 1946, representando o marco
da indústria de base no País e abrindo novas
perspectivas para o desenvolvimento industrial.
A elevada taxa de crescimento alcançada por este
setor deve-se a vários fatores, tais como:
a) desenvolvimento das atividades industriais de
base, as quais passaram a consumir a produção
siderúrgica (naval, automobilística, mecânica etc.);
b) rápido desenvolvimento do setor de construção civil;
c) grande apoio governamental;
d) aumento do consumo de produtos industria liza dos.
O principal problema que afeta a indústria side rúr gica
é o fornecimento de matérias-primas (carvão mi ne ral),
sendo, por isso, muito grande o consumo de carvão vegetal.
• Os grupos siderúrgicos
Para fins didáticos, podemos reunir as usinas
siderúrgicas do Brasil em três grupos principais:
• Grupo siderúrgico mineiro
– Usiminas, localizada em Ipatinga, no Vale do Rio
Doce.
– Acesita, em Itabira.
– Companhia Belgo-Mineira, com instalações em
Sabará e Monlevade.
– Companhia Siderúrgica Mannesmann, localizada
em Belo Horizonte.
• Grupo siderúrgico paulista
– Cosipa, localizada em Piaçaguera (município de
Cubatão).
– Aços Villares, em São Caetano do Sul e Aços
Anhanguera–SP.
• Grupo siderúrgico do Rio de Janeiro
– Companhia Siderúrgica Nacional, em Volta
Redonda.
– Companhia Siderúrgica Barra Mansa, em Barra
Mansa.
– Cosigua, na cidade do Rio de Janeiro.
Outras siderúrgicas
– Companhia Ferro e Aço de Vitória (Cofavi), em
Vitória (ES).
– Companhia Siderúrgica do Nordeste (Cosinor), em
Pernambuco.
– Usina Siderúrgica da Bahia (Usiba), em Aratu (BA).
– Aços Finos Piratini, em Canoas (RS).
– Siderúrgica da Amazônia (Siderama), em Manaus
(AM).
Observações
1) 94% da produção siderúrgica concentra-se no
Sudeste.
2) As maiores produções siderúrgicas são obtidas
pela Usiminas, CSN e Cosipa.
3) Em 1973, foi criada a Siderbras (Siderúrgica
Brasileira S/A), a fim de funcionar como planejadora e
integralizadora e de gerar empreendimentos siderúr -
gicos com participação governamental.
4) Na década de 90 houve a privatização
das siderúrgicas estatais.
C2_3o_GEO_Teoria_Rose 07/01/12 10:08 Página 149
150 –
DISTRIBUIÇÃO INDUSTRIAL
Produção de aço bruto 
(milhões de toneladas)
• Consumo per capita de aço no Brasil
O consumo aparente per capita de aço é um dos
indicadores do desenvolvimento econômico de um país.
Na América Latina, o Brasil ocupa o 1o lugar na
produção de aço, seguido por México, Argentina e
Chile. Entretanto, se levarmos em conta o consumo
aparente per capita, o Brasil é superado pela Venezuela,
Argentina e Chile.
Atualmente, o governo leva adiante um processo de
privatização das companhias siderúrgicas, como a
Cosipa, a Usiminas, a CSN, visando com isso passar
para o setor particular várias empresas que oneravam
sua balança de pagamento. Tal processo, levado a cargo
pelo BNDES, vem-se intensificando desde 1990.
q Indústria automobilística
• Histórico
Durante a Segunda Guerra Mundial, em razão das
dificul dades de importação de peças de reposição, o
Brasil passou a produzi-las no próprio País, originando,
assim, a indústria de autopeças.
Posteriormente, graças à liberação da importação de
veículos e peças, a nascente indústria de autopeças do
Brasil quase sucumbiu, isso só não ocorrendo porque em
1952 o governo passou a proibir a importação de peças
que já possuíssem similares no Brasil.
Em 1953, o governo proibiu a importação de veículos
a motor completos e montados, porque o Brasil já
possuía linhas de montagem instaladas no País.
Em 1956, com a criação, pelo governo, do Geia –
Grupo Executivo da Indústria Automobilística –, instalou-se
definitivamente a indústria automobilística no País. A
primeira indústria automobilística introduzida no Brasil foi a
Vemag (1956) e, a seguir, a Volkswagen do Brasil (1958).
Visando a estimular o desenvolvimento e os investi -
mentos do setor, foram adotadas medidas, como:
– isenção por 30 meses do pagamento do imposto
de consumo e de taxas alfandegárias para importação
dos equipamentos de produção;
– crédito do BNDE (Banco Nacional de Desen-
volvimento Econômico) e outras medidas.
Além disso, o investidor estrangeiro contava com
outras vantagens ou condições favoráveis, tais como:
– mercado interno em expansão;
– mão-de-obra numerosa e barata;
– disponibilidade de matéria-prima;
– siderurgia e química em expansão;
– existência de uma indústria de autopeças.
Diante das inúmeras vantagens oferecidas, foi
naturalmente possível atrair os investidores europeus e
norte-americanos.
A escolha para a localização da indústria auto mo -
bilística no estado de São Paulo, e particularmente na
região do ABC, deve-se a váriasrazões, como:
– instalações de montagens já pertencentes aos
estrangeiros;
– maior concentração da indústria de autopeças em
São Paulo;
– disponibilidade de energia elétrica;
– mão-de-obra a baixo custo;
– mercado consumidor;
– proximidade do porto de Santos e da Via Anchieta;
– existência de metalurgia e siderurgia (Cosipa)
para fornecer matéria-prima (chapas etc.).
Com a instalação da indústria automobilística,
verifica-se grande expansão de atividades comple -
mentares ou subsidiárias, tais como:
– indústria de artefatos de couro e borracha;
– indústria de vidros;
– metalurgia e siderurgia.
• A produção da indústria automobilística
A produção automobilística vem passando por um
grande crescimento desde 1958, colocando-se, atual -
mente, entre as dez maiores do mundo, sendo superada
pelos seguintes países: Japão, EUA, Alemanha,
Inglaterra, França, Itália, Canadá e Coreia do Sul.
As principais empresas automobilísticas são:
– Volkswagen do Brasil – SP;
– General Motors do Brasil – SP;
– Ford Motores do Brasil – SP;
– Mercedes-Benz do Brasil – SP;
– Fábrica Nacional de Motores – RJ;
– Fiat do Brasil – MG;
– Volvo do Brasil – PR.
Mundial
País / região
Janeiro / Março
2008 2007
China 124.936 115.089
UE 53.338 54.017
CEI 32.189 30.982
Japão 30.840 29.527
EUA 25.368 23.504
Outros 73.992 69.401
Total 340.663 322.520
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– 151
PRINCIPAIS SETORES INDUSTRIAIS
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152 –
FRENTE 2 Geografia do Brasil
Região Nordeste –
Zona da Mata / Agreste / Sertão / Meio-Norte
MÓDULO 11
1. ASPECTOS GERAIS
O Nordeste é a terceira região geoeconômica do
Brasil em extensão (1.561.177,8 km2), a segunda em
efetivos populacionais (53.081.950 habitantes), segundo
o IBGE em 2010, e a terceira em termos de população
relativa, com 34,0 hab./km2.
Sua população é mal distribuída e seu padrão de
vida é mais baixo que a média nacional, constituindo-se
em tradicional área de emigração.
A Região Nordeste do Brasil está compartimentada
em quatro sub-regiões, que são: Zona da Mata, Agreste,
Sertão e Meio-Norte.
A diversidade do quadro natural em cada uma das
regiões determinou um processo diferenciado de
ocupação humana e de desenvolvimento econômico.
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– 153
2. ZONA DA MATA
Abrange 7% da área total do Nordeste e reúne
aproximadamente 23% da população, tendo como
características naturais um clima tropical quente e úmido,
solos férteis (domínio dos mares de morros florestados),
presença de rios perenes e sua cobertura vegetal,
outrora constituída por matas — Mata Atlântica —, é hoje
o que se denomina “Zona da Mata”.
A Mata Atlântica (mata latifoliada tropical úmida de
encosta), que no século XVI se estendia do Rio Grande
do Norte ao Rio Grande do Sul, encontra-se bastante
destruída, pois suas terras foram cedendo lugar à
agricultura e a outras formas de ocupação humana.
Nessas áreas, antes ocupadas pela mata, os solos são
em geral mais espessos e ricos em húmus, o que
contribuiu para a expansão da atividade agrícola.
C2_3o_GEO_Teoria_Rose_2012 10/01/12 15:55 Page 153
Hoje, o que resta da Mata Atlântica aparece prin -
cipal mente no sul da Bahia, mas a existência de
madeiras de lei (jatobá, jacarandá, pau-de-jangada etc.)
tem levado à derrubada sistemática de árvores na região.
São numerosas as serrarias, beneficiando madeiras que
são escoadas pela rodovia Rio-Bahia.
As matas tropicais aparecem em outros pontos da
região, formando verdadeiras “ilhas” no Agreste, no Cariri
e no Vale do São Francisco.
A Zona da Mata alonga-se no sentido norte-sul,
desde o Rio Grande do Norte até a Bahia. Ela apresenta-
se modi fi cada em vários pontos: ora ela é mais extensa,
como em Pernambuco, ora é mais restrita e aparece
junto aos vales fluviais (Rio Grande do Norte e Paraíba).
Podem-se verificar ao longo da Zona da Mata modifi -
cações climáticas (tropical com chuvas de inverno e
tropical sempre úmido) que terão certa influência no uso
do solo para cana-de-açúcar, cacau, coco e seringueira.
A plantation é o sistema predominante nesta faixa
litorânea e ainda hoje a lavoura canavieira é o elemento
dominante na paisagem.
Tomando o lugar anteriormente ocupado pela
floresta, a cana-de-açúcar não aparece com a mesma
intensidade nos diversos Estados nordestinos. No Rio
Grande do Norte e Paraíba, a cana ocupou as várzeas
fluviais, formando os chamados “rios de açúcar”. Em
Pernambuco, dadas as condições naturais mais favo rá -
veis, as lavouras expandiram-se e têm um papel impor -
tante, particularmente no sul do Estado. De Pernam buco
para o sul, sua importância diminui; reaparece no
Recôncavo, formando uma nova concentração.
Guardando uma feição da lavoura monocultora, a
cultura canavieira sofreu algumas transformações: seu
principal mercado é o Sudeste, existindo trechos onde
foi introduzida a mecanização (Alagoas), e os engenhos
(bangues) foram substituídos por modernas usinas
açucareiras. O aparecimento das usinas gerou profundas
alterações nas relações de trabalho. Os antigos traba -
lha dores rurais passaram em sua grande maioria à con -
dição de assalariados. A malha fundiária também se
modificou, pois, como as usinas têm maior capacidade
de produção que os engenhos tradicionais (bangues),
ela vai gradativamente incorporando terras, aumen -
tando a concentração fundiária e fazendo surgir
os chamados “engenhos de fogo morto”, “engenhos de
fogo apagado” e “engenhos de fogo de palha”; implica
até mesmo a absorção de terras destinadas às lavouras
de subsistência, privando, consequentemente, os tra ba -
lhadores rurais da possibilidade da própria manutenção
e do aumento de suas rendas familiares, por meio da
venda de excedentes.
Podemos observar, portanto, que dois processos
gerais ocorrem na agroindústria açucareira no
Nordeste:
• a concentração fundiária;
• a proletarização da população rural.
No processo de utilização de mão-de-obra, as usinas
provocaram o surgimento do trabalhador assalariado
com nivelamento por baixo, sendo a maior parte deles
não residente nas propriedades (“volantes” ou “corum -
bas”): moram em favelas, nos centros urbanos, e só têm
emprego na época de colheita. Este não é o caso dos
trabalhadores dos “engenhos do fogo morto”, que forne -
cem cana para as usinas e são na maioria rendeiros
ou parceiros.
A produção de açúcar na Zona da Mata tem sofrido
séria concorrência de São Paulo, que é o primeiro pro du -
tor brasileiro. Têm ocorrido diversas crises de superpro -
dução de açúcar, e por isso o extinto IAA (Instituto do
Açúcar e do Álcool) vem fixando cotas mínimas para
consumo do açúcar nordestino, além de tê-lo destinado,
na maior parte, à exportação. Mesmo assim, a crise
estrutural gerada pelo latifúndio monocultor de cana
persiste, o que já fez o IAA intervir em diversas usinas.
Quem mais sofre é o homem da Zona da Mata, o
trabalhador que chega a ficar muitas vezes durante oito
meses sem receber salário, o “corumba” permanen te -
mente desempregado ou subem pregado.
A população do Nordeste vive em tal situação, que
fez os cientistas sociais chamarem aquela região de
“Índia Brasileira”, pela miséria que ali se verifica, pela
terrível fome e mortalidade, principalmente infantil.
Essa área, rica em tensões sociais pela estrutura
exploratória existente, já foi palco de grandes agitações
políticas depois de alguns lavradores começarem a se
alfabetizar e a tomar consciência de seus problemas.
Além da Zona da Mata em Pernambuco e Alagoas,
de maior produção, existem também alguns “canaviais-
brejos”, como o de Cariri, onde a produção se destina
mais ao consumo local e ao fabrico de rapadura.
Mais ao sul, na Bahia, apareceu outra atividade
monocultora: o cacau — obtido em larga escala através
do sistema de plantation. Produto originário da
Amazônia, o início de seu cultivo, no começo do século
XVIII, deu margem a uma onda de povoamento, cujos
aspectos humanos mais vivos foram registrados pelos
romances do “Ciclo do Cacau” de Jorge Amado.Aí
aparecem também os latifúndios que utilizam princi -
palmente a mão-de-obra assalariada.
O cacaueiro é uma pequena árvore que exige muita
sombra, sendo por isso plantado em meio a regiões de
mata. De seu fruto, pode-se produzir chocolate, manteiga
de cacau e alguns produtos para a indústria farma cêu tica.
O Brasil é um grande exportador de cacau, ocupan -
do um dos primeiros lugares, ao lado de Gana, Nigéria e
Costa do Marfim.
A maior produção dá-se no município de Ilhéus e, a
seguir, no de Itabuna, fazendo com que a Bahia, na área
compreendida entre os rios das Contas e Cachoeiras,
detenha 95% da produção brasileira.
É também nesta porção sul da Bahia que recen -
temente foi introduzida a cultura de hévea (serin gueira),
dadas as condições naturais semelhantes às da Ama -
zô nia.
3. AGRESTE
Abrange 3% da área total do Nordeste, com cerca
de 16% de sua população.
154 –
C2_3o_GEO_Teoria_Rose 07/01/12 10:08 Página 154
O Agreste é uma faixa de transição entre a Zona da
Mata e o Sertão. Às vezes ele é bem característico em
seus aspectos, outras vezes ele pode ser identificado
com a Mata, em seus trechos mais úmidos, ou com o
Sertão, em seus trechos mais secos.
“... o que caracteriza o Agreste é a diversidade de
paisagens que ele oferece em curtas distâncias,
funcionando quase como uma miniatura do Nordeste,
com suas áreas muito secas e muito úmidas...”
(M. C. Andrade.)
O Agreste é um tipo de vegetação que se associa a
solos pedregosos, duros ou arenosos. É constituído de
árvores, arbustos e palmeiras e apresenta um tapete de
vegetação rasteira. Como vegetação de transição que é,
ora aparecem espécies de mata próxima, ora espécies
de caatinga.
Predominam aqui as pequenas propriedades de
caráter minifundiário, voltados à produção de alimentos
(nas áreas úmidas dos brejos) ou à pecuária (nas áreas
mais secas).
O Agreste está intimamente ligado à Borborema e
quase sempre ocupa a porção oriental do topo do
planalto. Constituído por uma longa faixa que se estende
do Rio Grande do Norte aos planaltos baianos, o Agreste
tem como uma das principais características a ausência
de culturas tropicais valorizadas; é a policultura que as -
sume um papel de destaque.
A presença de fazendas de gado é outro elemento
característico do Agreste, sendo a sua atividade mais
importante.
A introdução da cultura do algodão, em fins do século
XVIII, provocou transformações na estrutura fundiária e
nas relações de trabalho. As propriedades foram dividi -
das, arrendadas em parcelas e exploradas por rendei -
ros e pequenos proprietários, chegando a constituir
verdadeiros minifúndios.
Em certos trechos, devido à formação de chuvas de
relevo, formam-se os brejos, onde se produzem gêneros
alimentícios e frutas combinados com culturas comerciais:
cana, café, fumo e sisal, principalmente.
Apresentando densidades demográficas elevadas e
uma estrutura agrária que tende para o minifúndio, o Agreste
constitui uma área onde a pressão sobre a terra já se fez
sentir com certa intensidade, favorecendo as migrações.
4. SERTÃO E LITORAL SETENTRIONAL
O Sertão e o Litoral Setentrional abrangem uma vasta
área (60% da superfície regional, com 48% da popula -
ção), onde as atividades econômicas são bastante
diferenciadas.
Quanto aos aspectos naturais, convém ressaltar que
se trata de uma área onde ocorre uma fisionomia sui
generis no Brasil, pois o clima tropical semiárido (Bsh,
segundo Köppen) com caatinga e rios intermitentes a
caracterizam predominantemente, ocorrendo ainda solos
pedregosos, mas férteis. Esta é a área de domínio das
depressões interplanálticas semiáridas.
As caatingas ocupam grandes extensões no Nor des -
te. Apresentam aspectos bem diversos quanto ao porte
e à densidade vegetal, de acordo com as condi ções
climáticas e do solo.
Como um todo, as caatingas estão adaptadas às
condições semiáridas, havendo grande quantidade de
bromeliáceas (plantas semelhantes a enormes “co -
roas” de abacaxi, cujas espécies mais comuns são o
caroá e a macambira) e cactáceas (xiquexique,
facheiro, mandacaru, palma) disseminadas no meio das
árvores e arbustos (aroeira, juazeiro e umbu).
De um modo geral, as caatingas são um tipo de vege -
ta ção aberta e baixa, cujas principais características são:
perda de quase a totalidade das folhas no período seco,
grande ramificação das árvores e arbustos e existência
frequente de plantas espinhentas. Entre as formações
vegetais das caatingas, várias se destacam pelo seu valor
econômico, como a oiticica (óleos), o caroá (fibra), o angico
(tanino) e a aroeira (construção).
À medida que nos afastamos do Sertão, as caatingas
cedem lugar, para oeste, às formações do cerrado, que
recobre grandes extensões do Maranhão, Piauí e oeste
da Bahia.
Desde os tempos coloniais, predominam os latifún -
dios para a criação de gado, ainda a principal atividade
econômica. Nos trechos chamados de “pés de serra” e
“altos de serra”, bem como nos vales dos rios, que são
as áreas mais úmidas, aparecem as pequenas proprie -
dades agrícolas.
O conjunto de diferenciações pode ser explicado
pela relação entre o quadro natural e as formas de
atividade humana.
– 155
C2_3o_GEO_Teoria_Rose 07/01/12 10:08 Página 155
“O Litoral Setentrional, por exemplo, forma uma
estreita faixa que acompanha a costa; a praia em toda a
sua extensão é coberta por dunas arenosas que, levadas
pelo vento, caminham em geral para oeste. Este cami -
nhar constante causa sérios problemas aos habitantes
da faixa litorânea, pois quando não fixadas, elas aterram
as salinas, habitações esparsas e até pequenas aglo -
merações urbanas. Dificultam a construção de estradas
e assoreiam a foz dos rios, impedindo a utilização dos
estuários como portos… Aí, devido à baixa umidade do
ar e amplitude das marés (2 a 3 m) e à pouca elevação
da costa, os baixos vales dos Rios Açu, Mossoró e
Jagua ri be são utilizados pelos produtores de sal,
transformando-se as várzeas numa sucessão de ‘cercas’
e ‘cris- talizadores’ em que a água salgada se condensa
e onde também pirâmides de sal se empilham.”
(M. C. Andrade.)
A exploração salineira está hoje em mãos de Northon
(EUA), da MZK (holandesa) e de uma empresa italiana,
o que alterou profundamente a estrutura da produção da
área. Na década de 1970, foi construído o terminal marí -
ti mo de Areia Branca, que é o principal porto salineiro da
região e do Brasil.
Outra área bem característica é a representada pelas
várzeas largas e baixas dos rios sertanejos, que têm
dezenas de quilômetros de largura, cujas depressões
são transformadas em lagoas na época das enchentes e
que estão cobertas por verdadeiras matas galerias de
carnau beiras, ocupadas por habitações ou por roçados
de milho, algodão e culturas de subsistência. Nestas
áreas, a estrutura fundiária caracteriza-se por proprie -
dades que são estreitas junto aos rios e muito compridas,
esten dendo-se até os limites das “serras”. A população
(as salariados, arrendatários e parceiros) combina dife -
ren tes atividades econômicas (agricultura, pecuária e
extração vegetal), para fins de subsistência ou para fins
comerciais. A mais importante é a extração da cera de
carnaúba.
Nos grandes pediplanos sertanejos, onde os rios são
em sua grande maioria intermitentes, e os solos são muito
rasos, devido à presença de afloramentos rochosos, a
atividade agrícola se vê limitada a umas poucas culturas:
mandioca, feijão e milho, para fins de subsistência
(culturas de “vazantes”), e o algodão, que constitui uma
agricultura comercial típica do Sertão. A maior parte do
Sertão, entretanto, é ocupada por latifúndios de
criação (bovinos e caprinos). O gado é criado à solta,
sendo as caatingas as “pastagens” naturais que servem
de base a esta atividade econômica.
As áreas serranas (Araripe, Apodi, Ibiapaba,
Baturité), apesar de exíguas, funcionam como áreas de
concentração populacional e como centros de produção
agrícola. O Cariri, aos pés da Chapada do Araripe,
constitui uma das mais importantes “ilhas úmidas” do
Sertão. A maior umidade e a presença de solos maisférteis condicionaram a expansão de culturas como a
cana e o café, estabelecendo profundas diferenças com
as outras áreas sertanejas.
O Vale do São Francisco é uma outra área que se
destaca. Apesar de seu regime ser extremamente irre-
gular, o São Francisco é um rio perene, com cheias que
inundam as várzeas, ilhas e terras marginais, que são
assim fertilizadas à medida que as águas baixam, e
podendo então ser cultivadas. A matéria orgânica e a
umidade deixadas pelo rio permitem uma produção
diversificada, incluindo a agricultura de subsistência e a
agricultura comercial de arroz e cebola, principalmente,
e a cultura de melão e uvas.
A estrutura fundiária também se apresenta diversi fi -
cada: grandes latifúndios caracterizam as áreas de
pecuária; pequenas propriedades, que tendem ao
minifún dio, aparecem nas “serras” ou em outras áreas,
com predomínio da agricultura.
5. MEIO-NORTE
❑ Aspectos gerais
Abrange 30% da área total do Nordeste, concen tran -
do aproximadamente 13% da população. É uma zona de
transição entre o sertão nordestino, a Amazônia e o
Centro-Oeste, e, embora apresente grande variedade de
aspectos naturais que se alteram segundo a sua
localização, podemos salientar o predomínio de um
vegetal, o babaçu (Mata dos Cocais).
156 –
C2_3o_GEO_Teoria_Rose 07/01/12 10:08 Página 156
Do seu lado oeste, o Meio-Norte apresenta uma
típica característica amazônica, sendo incluída também
na Amazônia Legal a metade ocidental do Maranhão.
Caminhando para o sudeste da área, a rarefação das
chuvas, o surgimento de elementos climáticos do tipo
Bsh e das espécies vegetais características da caatinga
evidenciam influência da Região Nordeste. O Brasil
Central também se faz sentir no Meio-Norte em sua
porção meridional, onde a pecuária exercida no cerrado
lembra os campos de criação de Tocantins. Os recursos
de integração regional do Maranhão e Piauí foram até o
ano 2000 orientados tanto pela Sudam (oeste mara nhen -
se) como pela Sudene, que administrava o restante do
território desses dois Estados.
No que tange às características socioeconômicas,
ocorre predomínio dos latifúndios dedicados à criação
de gado e à extração vegetal.
Os babaçuais aparecem na porção central do
Estado do Maranhão e se estendem entre os vales dos
Rios Turiaçu e Parnaíba.
Seu aproveitamento econômico é considerável, sen -
do fonte de matérias-primas para as indústrias de sabão,
detergente, margarina, manteiga de cacau e óleos
vegetais.
À proporção que se caminha para o sudeste do Ma -
ranhão, as formações de babaçu vão se tornando menos
densas, substituídas pouco a pouco pelos carnaubais.
A carnaúba tem um papel bastante importante na
economia regional e aparece frequentemente ao longo
dos rios, formando verdadeiras matas de galerias. Os
carnaubais aparecem em geral nas áreas de clima mais
seco, estendendo-se do Piauí ao Rio Grande do Norte.
Resta fazer referência às manchas de campos (os
campos inundáveis do Maranhão são os mais impor tan -
tes) e à vegetação litorânea (manguezais, vege -
tação das dunas, restingas e tabuleiros), cuja presen ça
e cujas características dependem das condições locais.
❑ O processo de povoamento do Meio-Norte
A colonização do Meio-Norte teve basicamente duas
direções.
No Maranhão, foi a partir do século XVII que a área do
Golfão, depois da expulsão dos franceses, começou a ser
povoada, por meio de exploração agrícola nos vales dos
rios. Ao longo do Itapecuru desenvolveu-se também uma
atividade pecuária, os “currais de dentro”. O ciclo da
cana-de-açúcar não levou o Maranhão ao esplendor das
áreas litorâneas do Nordeste, mas no século XVIII a
introdução da plantation de algodão com trabalho escravo
povoou e enriqueceu a antiga província, num processo
que Celso Furtado chama de “falsa euforia” do fim do
Período Colonial. Os negros, antes inexistentes na região,
passaram a constituir parte fundamental da sua vida, e
nas regiões próximas do Golfão, como ao longo dos Vales
dos Rios Itapecuru e Mearim-Pindaré, os trabalhadores
africanos propiciaram aos seus senhores uma vida
bastante opulenta que até hoje se reflete nos antigos
sobradões das cidades tradicionais.
Afirmam os historiadores: “O algodão, apesar de
branco, tornou preto o Maranhão”. Também o arroz foi
introduzido nessa época. O Piauí, de maneira diversa, foi
colonizado a partir do fim do século XVII. Vieram da Bahia
as primeiras correntes migratórias, sob a bandeira da
pecuária sertaneja, sempre com nordestinos à sua frente:
eram os “currais de dentro”. Fugitivos da seca, até hoje
muitos nordestinos da área avançam pelo Meio-Norte,
desbravando a vegetação natural, a qual queimam e
derrubam para plantar sua roça de alimentos.
Etnicamente, observamos o predomínio do cafuzo
no Meio-Norte (mestiço de negro com índio). O
elemento negro, o indígena e o branco constituem o
restante da população, existindo também no Meio-Norte
alguns pequenos núcleos de estrangeiros brancos,
principalmente eslavos. As regiões mais povoadas são as
de atividades agrícolas associadas ao extrativismo vegetal,
predominantemente nos Vales do Itapecuru e Parnaíba.
Aliás, a colonização do Meio-Norte desenvolveu-se de
forma linear ao longo dos rios. Bastante povoada é a área
do Golfão, onde se situa São Luís e Ribamar, dois centros
importantes da vida regional. O povoamento das áreas de
criação de gado é, ao contrário do que ocorre nos vales,
bem disperso e de baixa densidade. Das cidades do
interior, apenas se destacam Parnaíba, às margens do rio
de mesmo nome, a maior do Piauí, e Caxias, no Maranhão,
às margens do Itapecuru. Em Parnaíba predomina a
população urbana, ocupada na industrialização de cera de
carnaúba e em outras indústrias de beneficiamento.
Atualmente, encontram-se em fase de consolidação várias
rodovias, ligando Teresina a São Luís e o sertão piauiense
a Recife; Parnaíba sofre uma perda de importância, em
virtude de não ser atendida por essas rodovias. Quanto a
Caxias, coloca-se como um nó de comunicação, ligando o
comércio do Piauí e o Nordeste com o Maranhão. Possui
pequenas indústrias de tecido, óleo de babaçu, calçados,
móveis, bebidas e beneficiamento de produtos agrícolas.
❑ Economia no Meio-Norte
A característica mais evidente do Meio-Norte é o
subdesenvolvimento. A industrialização é pequena e as
atividades agrárias e extrativistas, pelo atraso das suas
relações de produção e pelos baixos níveis cultural e
técnico da população ativa, não oferecem renda capaz
de arrancar o povo de seu baixo nível de vida.
– 157
C2_3o_GEO_Teoria_Rose 07/01/12 10:08 Página 157
As potencialidades do meio físico não são as piores,
e a região é perfeitamente explorável, mas o predomínio
de estruturas coloniais de exploração, com o domínio do
latifúndio improdutivo, não permite ao homem do Meio-
Norte escapar de péssimas condições de vida.
A economia maranhense está baseada no arroz,
algodão e babaçu; no Piauí, predominam a pecuária e a
carnaúba.
O trabalhador rural é muitas vezes seminômade. Não
possui terra, nem dispõe de nenhum sistema de crédito, e
por isso vive como “agregado” dos grandes latifúndios,
dedicando-se alternadamente à agricultura e à coleta, ou
ainda à agricultura e às atividades pastoris. Nas áreas de
colonização recente, os trabalhadores, na maior parte de
origem nordestina, como no Vale do Pindaré, conseguem
terras como posseiros, mas logo sofrem pressão dos
grileiros, que vêm tirá-los de suas terras.
Com todas essas dificuldades, o Meio-Norte se
ressente ainda da falta de um mercado consumidor para
produtos industriais, o que, junto com a falta de capitais,
impede o desenvolvimento manufatureiro.
A coleta do coco do babaçu e da cera de carnaúba
constitui a atividade fundamental. O Maranhão detém 85%
da produção brasileira de babaçu. Os cocais de babaçu
se concentram nas áreas que se estendem desde o leste do
Rio Turiaçu, prolongando-se paralelamente à Baía de São
Marcos e indo ao Vale Médio do Mearim e aos Vales do
Itapecuru e Parnaíba. Calcula-se em bilhões os pés de
babaçu, permitindo a produção de sabão, glicerina,velas,
alcatrão, carvão e até um sucedâneo para o chocolate.
Além disso, o óleo de babaçu apresenta alta viscosidade,
e não se altera com a temperatura, podendo assim ser
adicionado a óleos lubrificantes com grandes vantagens. A
palha da palmeira é utilizada como cobertura para casas,
na fabricação de esteiras e cestas, e o palmito serve de
alimento.
Os principais centros de produção e comércio são:
Caxias, Codó e Bacabal. São Luís é o maior produtor de
óleo, exportado para outros países.
Os homens colhem o coco, as mulheres o quebram
para extrair a amêndoa; a comercialização é feita de
maneira rudimentar, com meios de transporte precários
e dominada por intermediários. As bases de produção
são primitivas e antieconômicas, sendo a maior parte da
produção completamente abandonada. Como diz
Orlando Valverde: “O Maranhão proporciona um exemplo
de anarquia na produção e no comércio, intimamente
associada ao atraso político”.
A exploração de carnaúba, que, como o babaçu, é
feita em complementação à agricultura de subsistência,
realiza-se nas baixadas úmidas do Piauí. A carnaúba é
uma bela palmeira que chega a atingir 40 metros de
altura e da qual tudo se aproveita. A cera, principal alvo
da atividade coletora, é utilizada industrialmente na fa-
bricação de velas, discos, películas de fitas cinemato-
gráficas, glicerina e explosivos. Os frutos e folhas novas
servem para alimentar o gado; o tronco fornece boa
madeira para a construção de casas; as folhas, após a
extração do pó de cera, são usadas na cobertura de
casas, confecção de cordas, sacos, esteiras, chapéus,
bolsas, sandálias etc. Os municípios de Oeiras, Castelo
do Piauí e Campo Maior são os maiores produtores da
cera, cujo escoamento do Piauí é feito por estrada de
rodagem. A produção de Oeiras vai para o Ceará,
enquanto a dos outros centros vai para o Porto fluvial de
Parnaíba, que reexporta a produção para o Sul e para o
exterior. Utiliza-se também o Porto de Tutoia.
A exportação da cera de carnaúba vem sofrendo
uma retração recentemente, devido ao uso de produtos
sintéticos.
Apesar da enorme concentração de carnaúbas
nativas no Piauí, esse Estado não é o maior produtor: no
Ceará, essa palmeira é cultivada, assim como no Rio
Grande do Norte. Os maiores produtores do Brasil são,
pela ordem: Ceará, Piauí e Rio Grande do Norte.
❑ Agricultura do Meio-Norte
De subsistência: seminômade, com o cultivo de
vegetais de ciclo curto, principalmente o feijão e a
mandioca. Esta agricultura tem suas roças nas áreas
semiúmidas.
Comercial: o arroz é o principal produto agrícola
do Maranhão, competindo inclusive com a extração de
babaçu. Sua produção se dá nos vales úmidos, princi -
palmente nos do Mearim-Pindaré e na baixada sudeste,
a baixo custo.
O algodão é uma cultura tradicional do Maranhão,
que já chegou a ser o maior produtor do Brasil. Atual-
mente é secundária, praticada nos vales e várzeas do
sertão. Prefere o clima bem seco. A maior parte da
produção do Maranhão, que se dá no Vale do Itapecuru,
fica para o consumo das rudimentares indústrias têxteis
de São Luís e Caxias. Uma pequena parte do algodão
de fibra vai para São Paulo.
❑ Pecuária do Meio-Norte
Todo o Meio-Norte desenvolve atividade pecuária,
mas esta é mais típica no Piauí, principalmente nas áreas
do cerrado e caatinga do leste e sudeste do Estado.
Destina-se normalmente ao corte, com o uso do gado
magro do tipo “pé-duro”. Esta atividade, praticada ainda
da mesma maneira que nos tempos coloniais,
caracteriza-se pela ausência de cercas e pelas enormes
distâncias que as boiadas percorrem a pé até Parnaíba
ou até o Ceará. O município de Campo Maior é um dos
maiores destaques desse criatório. O sertanejo piauiense
é o protótipo do vaqueiro nordestino, com suas roupas
feitas totalmente de couro.
Nos campos alagadiços da Baixada Maranhense
(Perizes), a criação de gado destina-se ao abasteci men -
to de São Luís.
❑ Indústria do Meio-Norte
A instalação do Porto de Itaqui, em São Luís, a cons-
trução da E. F. Carajás-Itaqui e a facilidade na obtenção
de minério de ferro (Carajás) e bauxita (Oriximiná)
explicam o desenvolvimento industrial de São Luís, na
década de 1980.
158 –
C2_3o_GEO_Teoria_Rose 07/01/12 10:08 Página 158
❑ SUDENE
Criada, em 1958, por Juscelino Kubitschek, e
posteriormente vinculada ao Minter, teve como área de
atuação a Região Nordeste (exceto o oeste do Mara-
nhão) mais o norte de Minas (Polígono das Secas).
Após 1964, voltou-se para uma política de atração
de indústrias do centro-sul do país ou de multinacionais.
Em 1975, foi criado o Finor (Fundo de Investimento do
Nordeste), que detém parte do Imposto de Renda reco-
lhido pelas empresas e compra de ações de outras
empresas que queiram operar na região.
Sua atuação gerou um razoável desenvolvimento,
embora centralizado em áreas já mais desenvolvidas
(Pernambuco, Bahia, Ceará). Os problemas, no entanto,
continuam: seca, fome, desemprego, repulsão popula-
cional, concentração fundiária e má distribuição de
renda.
A Sudene foi extinta em 2001 e recriada pela lei
complentar 125 de 03/01/2007.
– 159
Região Sudeste – Aspectos Naturais, 
Humanos, Econômicos e Sub-Regiões
MÓDULO 12
C2_3o_GEO_Teoria_Rose 07/01/12 10:08 Página 159
1. ASPECTOS NATURAIS
❑ Relevo
Predomínio de planaltos; base cristalina do arqueo-
proterozoico.
Destaques:
– Planaltos e Serras do Atlântico Leste e Sudeste.
– Planaltos e Chapadas da Bacia do Paraná e De -
pres são Periférica da Borda Leste da Bacia do Paraná.
❑ Vegetação
A variedade de climas, solos e as peculiaridades da
topografia proporciona uma grande diversidade de tipos
de vegetação.
160 –
UNIDADE DA
FEDERAÇÃO
SUPERFÍCIE
(km2)
POPULAÇÃO
ABSOLUTA
(habitantes)
POPULAÇÃO
RELATIVA
(hab./km2)
POPULAÇÃO
URBANA
(%)
CRESCIMENTO
DEMOGRÁFICO
(% ano)
PIB
PER CAPTA
(US$)
ÍNDICE DE
DESENVOLVIMENTO
HUMANO
São Paulo 248.176,7 41.262.199 149,2 93,43 1,82 9995 0,868
Minas Gerais 586.552,4 19.597.330 30,5 82,35 1,40 5925 0,823
Rio de Janeiro 43.797,4 15.989.929 328,6 96,13 1,31 9571 0,844
Espírito Santo 46.048,3 3.514.952 67,3 79,52 2,00 6931 0,836
Região Sudeste 927.573,8 80.364.410 84,4 90,50 16,3 8774 0,842
C2_3o_GEO_Teoria_Rose 07/01/12 10:08 Página 160
❑ Hidrografia
O predomínio de planaltos torna a região um centro
dispersor de bacias.
Destaques:
– Bacia do Paraná; Bacia de São Francisco;Bacia do
Leste.
❑ Clima
Predomínio do clima tropical com duas estações
definidas: verão chuvoso e inverno seco. Destaca-se o
clima tropical de altitude na região dos “Mares de
Morros”.
2. ASPECTOS HUMANOS
A Região Sudeste é a mais populosa, com 80.364.410
habitantes e a mais povoada: 86,7 hab./km2.
Sua população é majoritariamente urbana (90,50%),
em que se destacam as metrópoles: São Paulo, Rio de
Janeiro e Belo Horizonte.
Predominam adultos em sua estrutura etária.
São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro
concentram 40% da população do Brasil.
3. ASPECTOS ECONÔMICOS
O Sudeste é a região mais industrializada do país.
Por ser a região economicamente mais desenvolvida,
sua produção representa 66,2% do PIB industrial do
Brasil. Devido à saturação de sua infraestrutura, vem co -
nhe cendo nos últimos anos um processo de descen -
tralização industrial.
4. SUB-REGIÕES 
GEOECONÔMICAS DO SUDESTE
A seguir temos as ca -
rac terísticas de cada sub-
região do Sudeste iden ti-
fi cadas no mapa:
– 161
C2_3o_GEO_Teoria_Rose 07/01/12 10:08 Página 161
q Macroeixo Rio-São Paulo
É a área mais importante da economia, compreen -
dendo as duas metrópoles nacionais e importante eixo
industrial. Seu relevo compreende as planícies litorâ-
neas, com destaque para as baixadas santista e
fluminense, além de um litoral intensamente recortado
com falésias cristalinas. O Planalto do Leste é com pos ta
pelos contrafortes das Serras do Mar e da Mantiqueira,
entremeadas por fossas e bacias sedimentares (Tietê,
Paraíba do Sul). Predomínio de clima tropical de altitude
com altos índices pluviométricos nas encostas da Serra
do Mar. Resquícios da Mata Tropical Atlântica em
reservas

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