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ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 1 UFRR Exasiu Prof. Nome Professor CADERNO DE PROPOSTAS Exasiu estretegiavestibulares.com.br EXTENSIVO ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 2 Sumário APRESENTAÇÃO 6 1. PROPOSTAS ANTERIORES DA BANCA 6 1.1. UFRR 6 1.1.1 UFRR 2021 6 1.1.2 UFRR 2020 - Tema I 7 1.1.3 UFRR 2020 - TEMA II 7 1.1.4 UFRR 2019 - TEMA I 8 1.1.5 UFRR 2019 - TEMA II 8 1.9.6 UFRR 2019 - TEMA III 9 1.2. COMENTÁRIO UFRR 10 1.2.1 UFRR 2021 10 1.2.2 UFRR 2020 - TEMA I -SEM COMENTÁRIO 11 1.2.3 UFRR 2020 - TEMA II - SEM COMENTÁRIO 11 1.2.4 UFRR 2019 - TEMA I - SEM COMENTÁRIO 11 1.2.5 UFRR 2019 - TEMA II -SEM COMENTÁRIO 11 1.2.6 UFRR 2019 - TEMA III -SEM COMENTÁRIO 11 1. 2. PROPOSTAS POR EIXO TEMÁTICO - TEMAS SOCIAIS 11 1. (FAMEMA 2018 ) Atletas transexuais 11 2 (UEA 2018) Trabalho escravo 13 3. (Famerp 2019)Obrigatoriedade da vacinação 14 4. (Autoral 2020/ Wagner Santos) Formação identitária de grupos minoritários 15 5. (Autoral –/ Wagner Santos) Apropriação cultural 17 6. (UEA) Epidemia de sífilis no Brasil 18 7. (FAMEMA 2020) Redução da maioridade penal 19 8. (Faculdade Israelita Albert Einstein 2020) “Uberização” do trabalho 21 9 . (Mackenzie 2014) Fome e desperdício de alimentos 22 10. (Autoral 2020) Coronavírus 23 11. (UENP 2013) O papel da mulher nos dias atuais 24 12. (Unifesp 2011) A intolerância em xeque 26 13. (FGV/Economia 2020) Informalidade no mercado de trabalho 27 14. (FGV 2019) Teorias da conspiração 28 15.(Famerp 2018) Fracasso de lei de cotas para deficientes 30 16. (UNAERP 2/2019) Violência contra a mulher X aspectos culturais 31 17. (Autoral) Valor social do idoso 35 18. ( FGV Adm. 2018) As sociedades contemporâneas e a solidão 36 01 DE JANEIRO DE 2020 ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 3 19.( Famerp 2016) Impostos sobre grandes fortunas 37 2.1. Comentário – Questão social 38 1. (FAMEMA 2018) Atletas transexuais 38 2. (UEA 2018) Trabalho escravo 40 3. (Famerp 2019) Obrigatoriedade da vacinação 41 4. (Autoral 2020 Wagner Santos) Formação identitária de grupos minoritários 43 5. (Autoral / Wagner Santos) Apropriação cultural 44 6. (UEA) Epidemia de sífilis no Brasil 44 7. (FAMEMA 2020) Redução da maioridade penal 47 8. (Faculdade Israelita Albert Einstein 2020) “Uberização” do trabalho 50 9. (Mackenzie 2014) Fome e desperdício de alimentos 52 10. (Autoral 2020) Coronavírus 55 11. (UENP 2013) O papel da mulher nos dias atuais 57 12. (Unifesp 2011) A intolerância em xeque 61 13. FGV/Economia 2020) Informalidade no mercado de trabalho 65 14. (FGV 2019) Teorias da conspiração 70 15. (Famerp 2018) Fracasso da lei de cotas para deficientes 75 16. (UNAERP 2/2019) Violência contra a mulher X aspectos culturais 78 17. (Autoral) Valor social do idoso 80 18. (FGV Adm. 2018) As sociedades contemporâneas e a solidão 83 19.( Famerp 2016) Impostos sobre grandes fortunas 84 2.2 ÉTICA 88 20. (Facisb 2019) O papel do consumidor no combate à escravidão moderna 88 21. (FAMEMA 2018) Violência contra o professor 89 22 . (UEA 2019) Comportamentos machistas na internet 90 23 . (Autoral 2020 Wagner Santos) Depressão na adolescência 91 24. (FAMERP 2017) Selfies 92 25. (FAMECA 2016) Remoção de órgãos saudáveis para prevenir o câncer 93 26. (UFGRS 2019) Criação dos filhos 94 27. (Mackenzie 2019) Videogames violentos 96 28. (Faculdades Integradas Padre Albino 2012) Consumo 97 29. (Faculdade Albert Einstein/Medicina 2017 ) O papel da argumentação nas redes sociais 98 30.( FAMEMA 2017) Excesso de cirurgias plásticas 100 31. (Autoral/ UNB - Wagner Santos) A corrupção e a passividade do brasileiro 101 32. (UNIFESP 2018) Redes sociais 102 33. (UNICAMP 2018) Há limite para a liberdade de expressão? 103 34. (FAMEMA 2016) Leitura como medida de redução de pena 105 35. (Autoral 2020) Linchamento virtual 107 36. (UEA 2017) Zoológicos 109 37. (PUC 2019 inverno ) Humor e liberdade de expressão dentro dos limites da ética 111 38. (Uerj 02/2018) É justificável cometer um crime para vingar outro crime? 114 39. (UEA 2015 ) A adoção de crianças por casais homossexuais deve ser proibida? 114 40. (UDESC 2016) Desumanização do ser humano 115 41. (UNAERP/ 2014) A obrigatoriedade de ser feliz da geração atual 116 42.( UFGRS 2015) Amizade nos dias de hoje 117 43. (FAMECA 2011) Relação médico-paciente 118 2.2.1 Comentário – Ética 119 20. (Facisb 2019) O papel do consumidor no combate à escravidão moderna 119 21. (FAMEMA 2018) Violência contra o professor 121 22. (UEA 2019) Comportamentos machistas na internet 122 23. (Autoral/ Wagner Santos) Depressão na adolescência 123 24. (FAMERP 2017) Selfies 124 25. (FAMECA 2016) Remoção de órgãos saudáveis para prevenir o câncer 127 26. (UFGRS 2019) Criação dos filhos 130 27. (Mackenzie 2019) Videogames violentos 134 28. (Faculdades Integradas Padre Albino 2012) Consumo 137 29. (Faculdade Albert Einstein/Medicina 2017 ) O papel da argumentação nas redes sociais 140 30. ( FAMEMA 2017) Excesso de cirurgias plásticas 143 31. (Autoral/ UNB - Wagner Santos) A corrupção e a passividade do brasileiro 147 32. (UNIFESP 2018) Redes sociais 147 33. (UNICAMP 2018) Há limite para a liberdade de expressão? 149 ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 4 34. (FAMEMA 2016) Leitura como medida de redução de pena 150 35. (Autoral 2020) Linchamento virtual 154 36. (UEA 2017) Zoológicos 155 37. (PUC 2019 inverno ) Humor e liberdade de expressão dentro dos limites da ética 159 38. (Uerj 02/2018) É justificável cometer um crime para vingar outro crime? 160 39. (UEA 2015 ) A adoção de crianças por casais homossexuais deve ser proibida? 162 40. (UDESC 2016) Desumanização do ser humano 166 41. (UNAERP/ 2014) A obrigatoriedade de ser feliz da geração atual 169 42.( UFGRS 2015) Amizade nos dias de hoje 171 43. (FAMECA 2011) Relação médico-paciente 175 2.3 Educação 178 44.( FAMECA 2019) Obrigatoriedade do ensino de Filosofia e Sociologia 179 45. (FAMERP 2020) Homeschooling 180 46. (INSPER/ 2018) Uso do celular na escola 181 47. (UFRGS 2016) O livro na era da digitalização do escrito e da adoção de novas ferramentas de leitura 182 48. (Mackenzie/2015) Leitura no Brasil 184 49. (Autoral) O uso das novas tecnologias na educação 184 50. (FAMERP 2015) Simplificação de livros clássicos 188 51. (Mackenzie 2019) A importância do contato com a arte 189 2.3.1 Comentário – Educação 190 44.( FAMECA 2019) Obrigatoriedade do ensino de Filosofia e Sociologia 190 45. (FAMERP 2020) Homeschooling 192 46. (INSPER/ 2018) Uso do celular na escola 195 47. (UFRGS 2016) O livro na era da digitalização do escrito e da adoção de novas ferramentas de leitura 198 48. (Mackenzie/2015) Leitura no Brasil 201 49. (Autoral) O uso das novas tecnologias na educação 204 50. (FAMERP 2015) Simplificação de livros clássicos 206 51. (Mackenzie 2019) A importância do contato com a arte 209 2.4 .Representação do Mundo 211 52. (Autoral) Importância das Ciências Humanas no século XXI 211 53. (Autoral 2020 ) Um mundo por imagens na época da manipulação midiática 213 54. (Faculdade Israelita Albert Einstein 2019) Telenovelas e compromisso com a realidade 216 55 . (FGV/Adm. 2020) No Brasil, o passado não passa? 216 2.4.1. Comentários – Representação do mundo 217 52. (Autoral) Importância das Ciências Humanas no século XXI 217 53. (Autoral 2020 ) Um mundo por imagens na época da manipulação midiática 219 54. (Faculdade Israelita Albert Einstein 2019) Telenovelas e compromisso com a realidade 221 55. (FGV/Adm. 2020) No Brasil, o passado não passa? 222 2.5 Tecnologia 227 56. (Autoral/Wagner Santos ) Estelionato virtual Autoral 227 57. (Faculdade Cásper Líbero 2018) Negacionismo em relação à internet 228 2.5.1 Comentários – Tecnologia 230 56. (Autoral/Wagner Santos ) Estelionatovirtual Autoral 230 57. (Faculdade Cásper Líbero 2018) Negacionismo em relação à internet 231 2.6. Meio Ambiente 233 58. (Autoral) Ativismo ambiental 233 59.( FAMECA 2017) Agrotóxicos 235 60. (UNEMAT 2019.2)Lixo: da educação às políticas públicas 235 61. (Instituto Federal do Norte de Minas Gerais 2015) Crise da água 237 62. (UFMS 2009) A conscientização dos jovens diante das “mudanças climáticas” 239 2.6.1 Comentários – Meio ambiente 241 58. (Autoral) Ativismo ambiental 241 59.( FAMECA 2017) Agrotóxicos 242 60. (UNEMAT 2019.2)Lixo: da educação às políticas públicas 243 61. (Instituto Federal do Norte de Minas Gerais 2015) Crise da água 246 ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 5 62. (UFMS 2009) A conscientização dos jovens diante das “mudanças climáticas” 250 2.7 . Política 254 63. (Autoral) Intervenção do Estado na dinâmica social e vigilância do indivíduo 254 64. (Autoral/ Wagner Santos ) Democratização da Cultura 256 65. (Autoral/ Wagner Santos) Participação política do jovem no século XXI 258 66. (IME 2017/2018 modificada ) Possibilidades e limites da ação política e moral 260 67. (UNIFESP 2017) Voto nulo 262 68. (Faculdade Israelita Albert Einstein 2017) Quadro de desesperança política brasileira 263 69.(UNB/2017) Guerras: derrota para a humanidade 266 70. (Autoral) Questão indígena 267 71. (UENP 2015) Conceito de família a ser adotado na Constituição Federal 270 2.7.1 Comentários - Política 272 63. (Autoral) Intervenção do Estado na dinâmica social e vigilância do indivíduo 272 64. (Autoral/ Wagner Santos ) Democratização da Cultura 273 65. (Autoral/ Wagner Santos) Participação política do jovem no século XXI 274 66. (IME 2017/2018 modificada ) Possibilidades e limites da ação política e moral 275 67. (UNIFESP 2017) Voto nulo 276 68. (Faculdade Israelita Albert Einstein 2017) Quadro de desesperança política brasileira 279 69.(UNB/2017) Guerras: derrota para a humanidade 282 70. (Autoral) Questão indígena 286 71. (UENP 2015) Conceito de família a ser adotado na Constituição Federal 288 3. PROPOSTAS AUTORAIS 292 Tema 1: Empatia 292 Tema 2: Esporte e Política 294 Tema 3: Otimismo 295 Tema 4: Derrubar estátuas 297 Tema 5: Indivíduo como mercadoria de si mesmo 299 Tema 6: Valores em colapso 301 3.1 Comentário 302 Tema 1: Empatia 302 Tema 2: Esporte e política 303 Tema 3: Otimismo 306 Tema 4: Derrubar estátuas 308 Tema 5: O indivíduo como mercadoria de si mesmo 310 Tema 6: Valores em colapso 313 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS 318 ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 6 Caderno de Propostas APRESENTAÇÃO Olá! Como parte do material, disponibilizamos um número grande de propostas de redação, a maioria já dadas e outras inéditas. Você pode aproveitar esse material e escrever à vontade. As atualizações serão periódicas. Cada nova atualização trará mais propostas. Bora lá, corujinha sangue nos olhos e caneta na mão. Boa escrita. Fernando Andrade 1. PROPOSTAS ANTERIORES DA BANCA 1.1. UFRR 1.1.1 UFRR 2021 TEMA II Queimadas tendem a piorar Covid-19 em áreas de floresta As queimadas em larga escala na Amazônia e no Pantanal - que atingiram níveis recordes em 2020 - tendem a agravar o quadro da epidemia de COVID-19 nessas regiões, onde vivem populações extremamente vulneráveis e com sistema de saúde precário. O alerta foi feito em nota técnica divulgada nesta quarta-feira, 11, por pesquisadores do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (ICICT/Fiocruz). A nota aponta risco de 30% no aumento da internação por doenças respiratórias de crianças moradoras de áreas próximas a queimadas. A exposição à fumaça pode gerar problemas respiratórios, processos inflamatórios e agravar os casos de COVID-19. ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 7 "Além disso", diz a nota, "mesmo que não haja infecção pelo novo coronavírus, as pessoas afetadas pela fumaça podem enfrentar problemas de atendimento e diagnóstico na rede de saúde que já se encontra comprometida com a atenção aos casos graves de covid”. Fonte: Jornal Estado de Minas. Seção Estadão Conteúdo. 11/11/2020. Disponível em: <Queimadas tendem a piorar COVID-19 em áreas de floresta -Nacional -Estado de Minas> Disserte sobre: As relações entre as queimadas e o enfrentamento da pandemia de Covid-19. 1.1.2 UFRR 2020 - Tema I Escolha um dos temas a seguir e sobre ele redija um texto dissertativo-argumentativo, em modalidade escrita formal da língua portuguesa. TEMA I P&G SE UNE A APELO GLOBAL PARA FIM DE TESTES DE COSMÉTICOS EM ANIMAIS Estima-se que meio milhão de animais são usados anualmente em testes feitos pela indústria de cosméticos e produtos de higiene pessoal A gigante de bens de consumo Procter & Gamble (P&G) se uniu à iniciativa #BeCrueltyFree da organização de proteção animal Human Society International (HSI) para proibir testes de cosméticos e produtos de higiene pessoal em animais em todos os principais mercados globais de beleza até 2023. (...) O apoio da P&G à #BeCrueltyFree inclui uma campanha global para estimular mudanças regulatórias em prol do uso de testes para avaliação de segurança que não envolvam animais. E ela não está sozinha. A Unilever (dona de Omo, Seda, Dove, Hellmann‟s e Kibon) declarou apoio à campanha em outubro passado. Até agora, 37 países ao redor do mundo já aprovaram legislação para proibir, total ou parcialmente, os testes em animais. A maioria, porém, ainda não considera ilegal esses testes. O próximo país na fila para proibir a prática poderia ser o Brasil, por meio do Projeto de Lei 70/2014, em tramitação no Congresso, que dispõe sobre a vedação da utilização de animais para o desenvolvimento de produtos de uso cosmético para humanos e aumenta os valores de multa nos casos de violação. Segundo pesquisa do IBOPE (Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística) feita pela HSI, 66% dos brasileiros apoia uma proibição nacional de testes em animais para cosméticos e seus ingredientes, e 61% concordam que testar novos cosméticos em animais não justifica o sofrimento. (BARBOSA, Vanessa. P&G se une a apelo global para fim de testes de cosméticos em animais. Revista Exame. 22 de fevereiro de 2019. Disponível em https://exame.abril.com.br/negocios/pg-se-une- a-apeloglobal-para-fim-de-testes-de-cosmeticos-em-animais/) Disserte sobre o fato de a indústria farmacêutica utilizar animais para testar as substancias que ela produz. 1.1.3 UFRR 2020 - TEMA II Escolha um dos temas a seguir e sobre ele redija um texto dissertativo-argumentativo, em modalidade escrita formal da língua portuguesa. https://exame.abril.com.br/negocios/pg-se-une-a-apeloglobal-para-fim-de-testes-de-cosmeticos-em-animais/ https://exame.abril.com.br/negocios/pg-se-une-a-apeloglobal-para-fim-de-testes-de-cosmeticos-em-animais/ ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 8 TEMA II A necessidade humana pela água é básica e vital. Seja em grandes cidades ou em uma comunidade indígena vivendo na floresta Amazônia, todos necessitamos de água de qualidade. As formas de contaminação da água também são variadas, como por rejeitos químicos, esgoto sem tratamento, etc. Disserte sobre o processo de contaminação das águas e os males que isso pode acarretar aos seres humanos. 1.1.4 UFRR 2019 - TEMA I Escolha um dos temas abaixo e sobre ele redija um texto dissertativo-argumentativo, em modalidade escrita formal da língua portuguesa. TEMA I NOBEL DA PAZ 2018 VAI PARA ATIVISTAS QUE LUTAM CONTRA VIOLÊNCIA SEXUAL COMO ARMA DE GUERRA Médico Denis Mukwege tratou com sua equipe de cerca de 30 mil vítimas de violência sexual na República Democrática do Congo. Já a ativista Nadia Murad é sobrevivente da escravidão sexual imposta pelo Estado Islâmico no Iraque. Denis Mukwege, de 63 anos, passou grande partede sua vida adulta ajudando as vítimas de violência sexual na República Democrática do Congo, na África, e lutando por seus direitos. Ele e sua equipe trataram cerca de 30 mil vítimas desses ataques, desenvolvendo grande experiência no tratamento de lesões sexuais graves. (...) Financiado pela Unicef e outros doadores, Mukwege montou um hospital com 350 leitos, uma unidade de atendimento móvel e um sistema para oferecer microcrédito para as vítimas reconstruírem sua vida. Nadia Murad, de 25 anos, se tornou uma ativista dos direitos humanos da minoria yazidi após sobreviver a três meses de escravidão sexual imposta por integrantes do EI no Iraque. Após escapar dos terroristas, em 2014, ela liderou uma campanha para impedir o tráfico de pessoas e libertar o grupo étnico-religioso yazidis, que é composto por cerca de 400 mil pessoas. As crenças desse grupo misturam componentes de várias religiões antigas do Oriente Médio. A etnia é considerada "infiel" pelos extremistas do EI. Disponível em https://g1.globo.com/mundo/noticia/2018/10/05/denismukwege-e-nadia-murad- ganham-o-nobel-da-paz-2018.ghtml. Acesso em: 05/10/2018. A violência sexual, sobretudo contra mulheres e crianças, tem representado um flagelo social cotidiano em todo o mundo, mas atinge proporções inimagináveis em zonas de conflitos, de disputas, de guerras. Disserte sobre isso e opine sobre o significado da concessão do Prêmio Nobel da Paz para duas pessoas envolvidas com essa causa. 1.1.5 UFRR 2019 - TEMA II SUICÍDIO Entre 1980 e 2012, as taxas de suicídio cresceram 62,5% na população em geral. Na faixa etária dos 15 aos 29 anos, a média aumenta em ritmo mais rápido do que em outros segmentos. São 5,6 mortes a cada 100 mil jovens (20% acima da média nacional). Os dados são da pesquisa Violência Letal contra as Crianças e Adolescentes do Brasil e do Mapa da Violência: os Jovens do Brasil, ambos coordenados pelo ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 9 sociólogo Julio Jacopo Waiselfisz, da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso), organismo de cooperação internacional para pesquisa. O aumento do número de mortes de jovens está na contramão do observado em países da Europa ocidental, Estados Unidos e Austrália, onde os índices vêm caindo. NICOLIELO, Bruna. Precisamos falar sobre suicídio de jovens: taxa cresce no Brasil. Revista Claudia. https://claudia.abril.com.br/suavida/precisamos-falar-sobre-suicidio-taxa-cresce-no- brasil/. Acesso em: 25/10/2018 O texto acima, retirado da Revista Claudia, aborda um tema delicado, que tem sido motivo de preocupação para famílias, educadores e profissionais de saúde de diversas áreas: o suicídio. A questão é tão séria que foi criada a campanha Setembro Amarelo, por iniciativa Centro de Valorização da Vida (CVV), do Conselho Federal de Medicina (CFM) e da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), com objetivo de dedicar o mês de setembro, simbolicamente, à prevenção do suicídio e à valorização da vida. Disserte sobre o assunto e opine sobre quais seriam as possíveis causas e possíveis soluções o problema em questão. 1.9.6 UFRR 2019 - TEMA III PROFISSÕES EM EXTINÇÃO. QUE TRABALHOS DEIXARÃO DE EXISTIR? A tecnologia sofistica o trabalho e algumas funções tendem a ter fim. O povo inicia a série profissões em extinção Por Camila de Almeida/Especial para O Povo A tecnologia não apenas torna mais otimizados os processos como também muda as relações de trabalho. Algumas profissões podem ser substituídas por soluções digitais. Por exemplo, para dar agilidade ao atendimento e evitar as longas filas nos estacionamentos, shoppings já investem em aplicativos para smartphones. Nos Estados Unidos e em alguns países da Europa, o abastecimento do veículo pode ser feito pelos próprios motoristas nos postos. Na Europa e já em Fortaleza, alguns motoristas acumulam também a função de cobrador. A tendência é que a tecnologia sofistique os postos de trabalho e que algumas funções sejam incorporadas por outras. “O mercado é muito mutante. Sempre haverá profissões que vão deixar de existir”, destacou a coordenadora do gerenciamento humano da CMGB Consultoria, Celânia Pinto Lima. As profissões que tendem a desaparecer são, em sua maioria, as que têm condições mais precárias, segundo Gisele Studart, diretora da Studart RH e diretora de marketing da Associação Brasileira de recursos humanos do Ceará (ABRH/CE). “É uma tendência, principalmente nas funções em condições mais precárias, trabalhos mais operacionais”, destacou. Ela lembrou que funções como a de chaveiro são escassas e caras na Europa. (...) Fonte:https://www20.opovo.com.br/app/opovo/dom/2014/11/15/noticia sjornaldom,3348266/profissoes-em-extincao-que-trabalhos-deixarao-deexistir.shtml. Acesso em: 07/11/2018. Adaptado. Disserte sobre a possibilidade da extinção de algumas carreiras e profissões, em decorrência, por exemplo, da automatização e substituição dos humanos. Discorra sobre o tema apresentando as perspectivas para o futuro e a(s) forma(s) de superação. ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 10 1.2. COMENTÁRIO UFRR 1.2.1 UFRR 2021 Comentário A proposta apresenta apenas um texto motivador que serve de apoio para a compreensão do tema. O texto é uma reportagem publicada originalmente pelo Jornal Estado de Minas e comenta acerca das queimadas nas florestas em território nacional e as consequências e efeitos dessas queimadas. Desse modo, vamos à interpretação do texto que, apesar de breve, possui informações relevantes para auxiliar na produção de sua dissertação. Interpretação do texto motivador O texto de apoio aborda duas situações contemporâneas que tiveram maior foco no ano de 2020. Desse modo, o texto discute as queimadas das florestas que ocorreram de forma expressiva, devido à falta de políticas de fiscalização nos territórios de áreas verdes no Brasil. Ao mesmo tempo comenta acerca dos efeitos dessas queimadas no tratamento da Covid 19, tendo em vista que essa doença afeta as vias respiratórias, principalmente os pulmões. Segundo o texto, as queimadas ocorreram, no ano de 2020, mais expressivamente na Amazônia e no Pantanal, dois biomas importantes para a regulação e preservação da pureza do ar. O texto ressalta que essas áreas afetadas também possuem um sistema de saúde precário, sendo essas informações apresentadas pelos pesquisadores da Fiocruz. De acordo com os pesquisadores, o risco de internações, por doenças respiratórias, em crianças aumenta em 30% devido às queimadas presentes nessas regiões. Além disso, ressalta o aumento de problemas respiratórios e inflamatórios ocasionados pela COVID 19. Por fim, o texto aponta uma informação importante que conversa diretamente com a informação inicial do texto. Lembre-se de que inicialmente o texto apontou que as regiões em que ocorrem as queimadas apresentam um sistema de saúde deficitário. Dessa maneira, quando os afetados pelos efeitos das queimadas procuram os postos e hospitais, esses cidadãos encontram dificuldades de atendimento, devido aos casos mais graves de Covid 19. Logo, isso pode dificultar o tratamento e diagnóstico dessas pessoas. Proposta A proposta pede para que você elabore um texto dissertativo argumentativo, desse modo, é importante apresentar uma tese que será defendida ao longo de seu desenvolvimento, logo em sua ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 11 argumentação. Para selecionar a sua tese, procure tornar a frase tema em um questionamento, dessa forma: Quais são as relações entre as queimadas e o enfrentamento da pandemia de Covid-19? Por meio dessa pergunta, você conseguirá refletir acerca das principais problemáticas que envolvem o tema. Sendo assim, pode ser interessante reunir os principais agravantes de cada problemática, para em seguida relacioná-las. Argumentos possíveis - Problemas de superlotaçãodos hospitais podem ser agravantes para o enfrentamento da pandemia, tendo em vista a demora ou a falta de diagnósticos. Isso pode ser mais expressivo diante da falta de unidades de atendimento e profissionais de saúde. - A fata de medidas regulatórias que protejam as florestas das queimadas acentua os problemas relacionados às síndromes respiratórias e à Covid 19. - Devido ao fato de as queimadas prejudicarem a qualidade do ar e as complicações da Covid 19 afetarem a respiração, as queimadas afetam diretamente os cidadãos próximos a essas áreas. - A dificuldade de diagnosticar a Covid 19 nos cidadãos, que vivem próximos às áreas de queimadas, pode propagar ainda mais a disseminação do vírus, tendo em vista a falta de isolamento desses indivíduos, pois há a falta de confirmação desses casos. 1.2.2 UFRR 2020 - TEMA I -SEM COMENTÁRIO 1.2.3 UFRR 2020 - TEMA II - SEM COMENTÁRIO 1.2.4 UFRR 2019 - TEMA I - SEM COMENTÁRIO 1.2.5 UFRR 2019 - TEMA II -SEM COMENTÁRIO 1.2.6 UFRR 2019 - TEMA III -SEM COMENTÁRIO colocam o seu ideal de moral a frente do que seria o correto diante das leis. 1. 2. PROPOSTAS POR EIXO TEMÁTICO - TEMAS SOCIAIS 1. (FAMEMA 2018 ) Atletas transexuais Texto 1 Primeira jogadora transexual a atuar na Superliga feminina, Tifanny Abreu marcou 39 pontos em um mesmo jogo nesta terça-feira (30.01.2018) e quebrou o recorde da principal competição nacional de ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 12 vôlei – que antes pertencia a Tandara, com 37 pontos. Tal fato atiçou ainda mais o questionamento sobre a permissão de atletas trans atuarem em esportes de alto rendimento. Ao entrar em quadra por uma liga profissional, Tifanny carrega com ela a representatividade de toda uma minoria social, que busca abrir oportunidades de inserção em vários âmbitos da sociedade, inclusive no mercado de trabalho. Então não seria diferente no esporte, que vem se profissionalizando cada vez mais nas últimas décadas. (Maíra Nunes. “Caso Tifanny: Proibir transexuais no esporte é solução?”. http://blogs.correiobraziliense.com.br, 31.01.2018. Adaptado.) Texto 2 Aos 33 anos, Tifanny Pereira de Abreu é a primeira transexual a disputar a Superliga feminina de vôlei. Mas, depois de completar a transição de gênero, incluindo duas cirurgias de mudança de sexo, e ser liberada pela Comissão Nacional Médica (Conamev) da Confederação Brasileira de Vôlei (CBV), a atacante do Bauru (SP) tem a condição feminina discutida. Isso porque a ciência ainda não é capaz de determinar quanto tempo o corpo precisaria para se adaptar à nova realidade, com testosterona compatível ao corpo de uma mulher. É por esta razão que João Granjeiro, coordenador da Conamev, responsável pela liberação da atleta para a disputa da competição mais importante do vôlei nacional, acredita que Tifanny não deveria atuar entre as mulheres: “Ela nasceu homem e construiu seu corpo, músculos, ossos, articulações com testosterona alta. Nenhuma mulher, a não ser que tenha usado testosterona de origem externa ao organismo, conseguiria formar o mesmo corpo. É só olhar para a atleta, alta e muito forte.” (Carol Knoploch e João Pedro Fonseca. “Médicos que liberaram Tifanny acham que ela não deveria atuar no feminino”. https://oglobo.globo.com, 03.01.2018. Adaptado.) Texto 3 O espaço conquistado de maneira íntegra por mulheres no esporte está em jogo. Tenho orgulho de ser herdeira dos valores que construíram a civilização ocidental, a mais livre, próspera, tolerante e plural da história da humanidade. Este legado sociocultural único permitiu que nós mulheres pudéssemos conquistar nosso espaço na sociedade, no mercado e nos esportes. A verdade mais óbvia e respeitada por todos os envolvidos no esporte é a diferença biológica entre homens e mulheres. Se não houvesse, por que estabelecer categorias separadas entre os sexos? O combate ao preconceito contra transexuais e homossexuais é uma discussão justa e pertinente. A inclusão de pessoas transexuais na sociedade deve ser respeitada, mas essa apressada e irrefletida decisão de incluir biologicamente homens, nascidos e construídos com testosterona, com altura, força e capacidade aeróbica de homens, sai da esfera da tolerância e constrange, humilha e exclui mulheres. (Ana Paula Henkel. “Carta aberta ao Comitê Olímpico Internacional”. https://politica.estadao.com.br, 16.01.2018. Adaptado.) Texto 4 Para uma transexual entrar no mercado de trabalho, é uma verdadeira via crucis. Elas enfrentam preconceito, desconfiança e muita rejeição. Mas o desafio pode ser ainda pior para aquelas que sonham em seguir carreira como atleta. O esporte ainda é muito fechado para a diversidade sexual e poucas esportistas chegam ao nível de alto rendimento. De acordo com a pesquisadora Joanna Harper, do Providence Portland Medical Center, nos Estados Unidos, “terapia hormonal para mulheres trans normalmente envolve um bloqueador de testosterona e um suplemento de estrógeno. Quando os níveis do ‘hormônio masculino’ se aproximam do esperado para a transição, a paciente percebe uma diminuição na massa muscular, densidade óssea e na proporção de células vermelhas que carregam o oxigênio no corpo”, diz Joanna. Ainda conforme pontuou a especialista, enquanto isso, o estrógeno aumenta as reservas de gordura, principalmente nos quadris. Juntas, essas mudanças levam a uma perda de velocidade, força e resistência — todos componentes importantes de um atleta. Durante a ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 13 terapia hormonal, Tifanny perdeu toda a potência e explosão. Se saltava 3,50 m quando homem, agora pula, no máximo, 3,25m. (Juliana Contaifer. “Afinal, atletas transexuais têm mais força que as jogadoras cisgênero?”. www.metropoles.com, 11.03.2018. Adaptado.) Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva uma dissertação, empregando a norma- -padrão da língua portuguesa, sobre o tema: Atletas transexuais devem participar de esportes competitivos sob o novo gênero? 2 (UEA 2018) Trabalho escravo UEA/ 2019 Texto 1 O Ministério da Economia divulgou a atualização do cadastro de empregadores que tenham submetido trabalhadores a condições análogas à escravidão, conhecido como lista suja do trabalho escravo. A lista denuncia pela prática do crime 187 empregadores, entre empresas e pessoas físicas. No total, 2375 trabalhadores foram submetidos a condições análogas à escravidão. A maioria dos casos está relacionada a trabalhos praticados em fazendas, obras de construção civil, oficinas de costura, garimpo e mineração. A legislação brasileira atual classifica como trabalho análogo à escravidão toda atividade forçada desenvolvida sob condições degradantes ou em jornadas exaustivas. Também é passível de denúncia qualquer caso em que o funcionário seja vigiado constantemente, de forma ostensiva, por seu patrão. Outra forma de escravidão contemporânea reconhecida no Brasil é a servidão por dívida, que ocorre quando o funcionário tem seu deslocamento restrito pelo empregador sob alegação de que deve liquidar determinada quantia de dinheiro. (Bruno Bocchini. “Atualização da lista suja do trabalho escravo tem 187 empregadores”. https://agenciabrasil.ebc.com.br, 03.04.2019. Adaptado.) Texto 2 A lista de empregadores flagrados utilizando trabalho análogo ao escravo no Brasil é considerada pela ONU um modelo de combate à escravidão contemporânea em todo o mundo. A partir da chamada “lista suja”, empresas e bancos públicos que assinaram o Pacto Nacional pela Erradicação do Trabalho Escravo podem negar crédito, empréstimos e contratos a empresários que usam trabalho análogo ao escravo. “A lista é simplesmente um instrumento de transparência da ação do Estado, que tem a obrigação de fiscalizar e garantir direitos trabalhistas”, afirma Mércia Silva, do Instituto Pacto Nacional para a Erradicação do Trabalho Escravo (Inpacto). “A listasuja combate o trabalho escravo, mas, mais do que isso, é um instrumento de gerenciamento de risco para a atividade econômica brasileira, porque ninguém quer se associar a empresas que usam trabalho análogo à escravidão”, disse o cientista político Leonardo Sakamoto. “Não é uma questão de ‘bondade’ do mercado. A empresa que foi flagrada com trabalho escravo pode estar sofrendo um processo grande e pode nem ter dinheiro no futuro para quitar empréstimos que venha a tomar, se for condenada a pagar milhões. Era necessário que o mercado brasileiro tivesse um instrumento para garantir esse controle”, afirma Sakamoto. (Camilla Costa. “Para que serve a ‘lista suja’ do trabalho escravo?”. www.bbc.com, 06.04.2015. Adaptado.) Texto 3 Para o presidente do Tribunal Regional do Trabalho do Distrito Federal, Pedro Foltran, a função da lista suja do trabalho escravo é intimidar empresas. As empresas afirmam que são incluídas na lista depois de um suposto flagrante autuado pelos fiscais do governo e alegam que não têm a oportunidade de se manifestar no processo, o que viola seu direito à ampla defesa. (“‘Lista do trabalho escravo’ serve para intimidar, diz presidente do TRT-10”. https://conjur.com.br, 06.03.2017. Adaptado.) ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 14 Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva um texto dissertativo- argumentativo, empregando a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema: Lista suja do trabalho escravo: entre a proteção aos trabalhadores afetados e o direito de defesa das empresas. 3. (Famerp 2019)Obrigatoriedade da vacinação Texto 1 O sarampo era considerado uma doença erradicada no Brasil desde 2016, quando a Organização Mundial da Saúde (OMS) identificou que o país estava há um ano sem registro de casos do vírus. Mas isso mudou em 2018: boletins recentes da entidade advertem que está em curso um surto da doença, altamente contagiosa e que pode levar à morte crianças pequenas ou causar sequelas graves. O Ministério da Saúde, por sua vez, informou haver alto risco de retorno da poliomielite em pelo menos 312 cidades brasileiras. A doença era considerada erradicada na América do Sul desde 1994, após décadas provocando milhares de casos de paralisia infantil. A preocupação com a pólio se dá pelo fato de que, embora não tenha havido casos recentes no Brasil, identificou-se um registro da doença na vizinha Venezuela e a circulação do vírus em outros 23 países do mundo nos últimos três anos. Os alertas acima colocam em evidência doenças que estavam controladas graças à vacinação em massa, mas que ameaçam provocar estragos na saúde pública brasileira caso a imunização sofra baixas. “Por não termos mais contato com algumas doenças infecciosas, a percepção é que elas deixaram de existir e que a vacinação é inútil. Mas poucas intervenções da medicina foram tão eficazes como as vacinas, capazes de erradicar doenças que antes matavam muitas pessoas”, avalia o pesquisador do Serviço de Bacteriologia do Instituto Butantan, Paulo Lee Ho. (Laís Modelli. “Sarampo, pólio, difteria e rubéola voltam a ameaçar após erradicação no Brasil”. www.bbc.com, 07.07.2018. Adaptado.) Texto 2 Embora o Brasil tenha um dos mais reconhecidos programas públicos de vacinação do mundo, com os principais imunizantes disponíveis a todos gratuitamente, vêm ganhando força no país grupos que se recusam a vacinar os filhos ou a si próprios. Esses movimentos “antivacina” estão sendo apontados como um dos principais fatores responsáveis por um recente surto de sarampo na Europa, onde mais de 7 mil pessoas já foram contaminadas. No Brasil, os grupos, principalmente de pais, são impulsionados por meio de páginas temáticas em redes sociais que divulgam, sem base científica, supostos efeitos colaterais das vacinas. Os pais também trocam informações sobre como não serem denunciados (por exemplo, não informar aos pediatras sobre a decisão de não vacinar os filhos) e compartilham estratégias que eles acreditam que garantiriam a imunização das crianças de forma alternativa, com óleos, homeopatia e alimentos. (Fabiana Cambricoli e Isabela Palhares. “Grupos contrários à vacinação avançam no país; movimento preocupa Ministério da Saúde”. https://noticias.uol.com.br, 22.05.2017. Adaptado.) Rio de Janeiro, início do século XX. Uma cidade com cerca de 700 mil habitantes e graves problemas urbanos: rede insuficiente de água e esgoto, toneladas de lixo nas ruas, cortiços superpovoados. Um ambiente propício à proliferação de várias doenças, o Rio era conhecido pelos imigrantes que aqui aportavam como “túmulo de estrangeiros”. Texto 3 ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 15 Nessa época, Oswaldo Cruz criou as Brigadas Mata- Mosquitos, formadas por grupos de funcionários do Serviço Sanitário que, acompanhados de policiais, invadiam as casas – e tinham até mesmo autoridade para mandar derrubá-las nos casos em que as considerassem uma ameaça à saúde pública – para desinfecção e extermínio dos mosquitos transmissores da febre amarela. Para acabar com os ratos, transmissores da peste bubônica, ele mandou espalhar raticida pela cidade e tornou obrigatório o recolhimento do lixo pela população. E, finalmente, para erradicar a varíola, lançou a vacinação obrigatória, medida que se tornou o estopim de uma revolta da população. Apesar das divergências estatísticas, sabe-se que a Revolta da Vacina foi o maior motim da história do Rio de Janeiro. (Rio de Janeiro. Secretaria Especial de Comunicação Social. 1904 – Revolta da Vacina. A maior batalha do Rio, 2006. Adaptado.) Com base em seus conhecimentos e nos textos apresentados, escreva uma dissertação, empregando a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema: Obrigatoriedade da vacinação: entre a prevenção a doenças e o respeito às escolhas individuais 4. (Autoral 2020/ Wagner Santos) Formação identitária de grupos minoritários Texto 1 Turbante, dreadlocks, cocar, desenhos tradicionais. Símbolos culturais e estéticos que, se por um lado ajudam a compor o imaginário de nação miscigenada, também carregam seu valor simbólico de resistência dentro da comunidade na qual estão inseridos. No palco dos sincretismos, diversos atores e culturas se misturam, não sem provocar polêmica e discussões que muitas vezes não arranham mais que a superfície da questão. Enquadra-se aí o debate sobre “apropriação cultural”, tema que vem dividindo opiniões desde que sites e jornais repercutiram o caso de uma garota branca que teria sido repreendida por duas mulheres negras porque usava um turbante. A educadora e pesquisadora de dinâmicas raciais Suzane Jardim afirma que, toda vez que emerge, essa discussão é erroneamente deslocada para o âmbito do “purismo cultural”, na qual apenas os responsáveis pela criação de um determinado elemento teriam autorização de utilizá-lo. Longe disso, o que está em jogo segunda ela é a forma como se dá a interação entre grupos historicamente marginalizados e seus antagonistas – relação que seria marcada por “preconceito, exclusão, etnocentrismo, poder e capitalismo”. “Vemos a diferença sistêmica entre os que usam esses elementos como adorno e os que usam por princípio, religião ou resgate de uma identidade”, diz Jardim. “Quando falam em cultura, os negros se referem muito mais a resistência e racismo do que à origem dos elementos, propriamente”. ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 16 Disponível em: revistacult.uol.com.br. Acesso em: 23/07/2019. Texto 2 Há algum tempo, havia uma preocupação em relacionar a questão da identidade à nacionalidade do indivíduo. Era importante impor um laço de pertencimento ao território onde o sujeito se encontrava. Para este não havia necessidade, pois sabia que pertencia àquele lugar, ali estavam suas origens e suas relações sociais que eram concentradas no domínio da proximidade.Não havia dúvidas quanto à veracidade de sua nacionalidade. Mas, com o nascimento do Estado moderno, surgem mudanças e o indivíduo, que antes mantinha uma relação de proximidade, começa a ser deslocado daquele lugar ao qual pertencia. Um bom exemplo das transformações ocorridas está na revolução dos transportes, que propiciaram uma rápida expansão dos territórios. Dessa forma, com o desenvolvimento das regiões e a consequente legitimação da nação, o problema da identidade seria visto de forma positiva e as pessoas assim admitiriam sua nacionalidade/identidade. Nesse sentido, podemos observar que, desde o início, a identidade nacional foi vista como um marco da soberania do Estado. Por muitas vezes, para se mantê-la, mesmo que incompleta, fazia-se um esforço gigantesco e usava-se uma pequena dose de força para que a nacionalidade fosse protegida. Vale salientar que as identidades consideradas “menores” só seriam aceitas se não violassem a lealdade nacional, pois o Estado detinha o poder e nada poderia estremecê-lo. Atualmente, podemos perceber que muitas foram as mudanças ocorridas. As preocupações contemporâneas transcenderam a simples (se podemos assim dizer) questão da identidade nacional. Na sociedade pós-moderna, temos assistido a uma profusão de transformações, principalmente no campo das relações interpessoais, fazendo com que haja mudanças no comportamento dos sujeitos. Segundo Bauman (2005), a “identificação” se torna cada vez mais importante para os indivíduos que buscam desesperadamente um “nós” a que possam pedir acesso. As “novas” relações começam a interferir em nossas construções cotidianas, nossas práticas sociais, como forma de entendimento do mundo. Com isso, as identidades, antes consideradas seguras e estáveis, começam a fragmentar-se. Tudo o que somos e pensamos advém de nosso contato com o mundo. Nesse sentido, um “eu” verdadeiro, um sujeito singular não é possível no contexto da pós- modernidade, pois seria determinado por uma série de situações, seria um simulacro de um sujeito real. Hall (2005) aponta que as velhas identidades, que por tanto tempo estabilizaram a vida social, estão em declínio, fazendo surgir novas identidades e fragmentando o indivíduo moderno, até aqui visto como sujeito unificado. Não há mais uma identidade una, centralizada, mas um sujeito plural, heterogêneo. Dessa forma, ao refletirmos sobre a questão do sujeito na era da globalização, vislumbramos carências, dúvidas e urgências, presentes nesse indivíduo, perdido em suas inseguranças, com a necessidade emergencial de pertencer a algum lugar. Será esse um colapso do sujeito moderno? Uma crise de identidade? Como observa Mercer (1990, p. 43), “a identidade somente se torna uma questão quando está em crise, quando algo que se supõe como fixo, coerente e estável é deslocado pela experiência da dúvida e da incerteza”. (Sheila da Silva Monte. A IDENTIDADE DO SUJEITO NA PÓS-MODERNIDADE: ALGUMAS REFLEXÕES. ITABAIANA: GEPIADDE, Ano 6, Volume 12/jul-dez de 2012.) A partir dos textos acima, que têm caráter unicamente motivador, redija, utilizando a modalidade padrão da língua escrita, um texto dissertativo-argumentativo que verse acerca do seguinte tema: A construção identitária das minorias e grupos de exclusão no Brasil do século XXI Em seu texto: • Defina minorias e grupos de exclusão; ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 17 • Aborde as práticas sociais que auxiliam na construção da identidade das minorias e dos grupos de exclusão. 5. (Autoral –/ Wagner Santos) Apropriação cultural Texto 1 Turbante, dreadlocks, cocar, desenhos tradicionais. Símbolos culturais e estéticos que, se por um lado ajudam a compor o imaginário de nação miscigenada, também carregam seu valor simbólico de resistência dentro da comunidade na qual estão inseridos. No palco dos sincretismos, diversos atores e culturas se misturam, não sem provocar polêmica e discussões que muitas vezes não arranham mais que a superfície da questão. Enquadra-se aí o debate sobre “apropriação cultural”, tema que vem dividindo opiniões desde que sites e jornais repercutiram o caso de uma garota branca que teria sido repreendida por duas mulheres negras porque usava um turbante. A educadora e pesquisadora de dinâmicas raciais Suzane Jardim afirma que, toda vez que emerge, essa discussão é erroneamente deslocada para o âmbito do “purismo cultural”, na qual apenas os responsáveis pela criação de um determinado elemento teriam autorização de utilizá-lo. Longe disso, o que está em jogo segunda ela é a forma como se dá a interação entre grupos historicamente marginalizados e seus antagonistas – relação que seria marcada por “preconceito, exclusão, etnocentrismo, poder e capitalismo”. “Vemos a diferença sistêmica entre os que usam esses elementos como adorno e os que usam por princípio, religião ou resgate de uma identidade”, diz Jardim. “Quando falam em cultura, os negros se referem muito mais a resistência e racismo do que à origem dos elementos, propriamente”. Disponível em: revistacult.uol.com.br. Acesso em: 23/07/2019. Texto 2 Ultimamente tem se falado muito sobre apropriação cultural nas redes sociais. Textos e mais textos sobre o tema, discussões, muitas vezes infrutíferas, e esvaziamento de conceitos. Sim, acredito que é necessário se discutir essa questão com seriedade, porém, sem intransigências e desonestidade. Há colunistas, por exemplo, escrevendo que apropriação cultural não existe, e por outro lado, pessoas colocando a responsabilidade nos indivíduos, ignorando as questões estruturais. Acredito que ambos os caminhos são equivocados. Precisamos entender como o sistema funciona. Por exemplo: durante muito tempo, o samba foi criminalizado, tido como coisa de “preto favelado”, mas, a partir do momento que se percebe a possibilidade de lucro do samba, a imagem muda. E a imagem mudar significa que se embranquece seus símbolos e atores para com o objetivo de mercantilização. Para ganhar dinheiro, o capitalista coloca o branco como a nova cara do samba. Por que isso é um problema? Porque esvazia de sentido uma cultura com o propósito de mercantilização ao mesmo tempo em que exclui e invisibiliza quem produz. Essa apropriação cultural cínica não se transforma em respeito e em direitos na prática do dia a dia. Mulheres negras não passaram a ser tratadas com dignidade, por exemplo, porque o samba ganhou o status de símbolo nacional. E é extremamente importante apontar isso: falar sobre apropriação cultural significa apontar uma questão que envolve um apagamento de quem sempre foi inferiorizado e vê sua cultura ganhando proporções maiores, mas com outro protagonista. Disponível em: https://azmina.com.br/. Acesso em: 23/07/2019. ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 18 A partir dos textos acima, que têm caráter unicamente motivador, redija, utilizando a modalidade padrão da língua escrita, um texto dissertativo-argumentativo que verse acerca do seguinte tema: Apropriação cultural: soma de culturas ou violência cultural? 6. (UEA) Epidemia de sífilis no Brasil Texto 1 O Brasil vive uma nova epidemia de sífilis, uma doença sexualmente transmissível que parecia existir, para a maior parte da população, apenas nos livros de história. A doença, causada por uma bactéria, pode levar a problemas de fertilidade e até a morte, se não tratada. O Ministério da Saúde divulgou dados recentes mostrando que o número de pessoas infectadas no Brasil aumentou 32,7% entre 2014 e 2015 e algumas mudanças comportamentais ajudam a entender porque a bactéria voltou a assustar. Os jovens de 13 a 15 anos estão se protegendo menos na hora do sexo, segundo um levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em 2012, 75% dos entrevistados usaram preservativo em sua última relação sexual. No ano passado, apenas 66% fizeram uso da camisinha. Para reverter essequadro, será preciso investir mais do que em campanhas que elucidem sobre os perigos do sexo sem camisinha, mas que contemplem a prevenção nas diferentes formas de exercer a sexualidade. A camisinha, seja masculina ou feminina, ainda é o único método contraceptivo capaz de impedir a transmissão de DSTs. “Os adolescentes estão transando e não há nada que os impeça. O objetivo é apostar em conhecimento, e não no medo, como foi feito anos atrás”, diz Lena Vilela, educadora sexual. As campanhas de prevenção devem focar nas novas formas de exercer a sexualidade, dando abertura para que as pessoas possam discutir abertamente com seus médicos seus comportamentos e as melhores formas de se prevenir. (Bruna de Alencar. “Por que o Brasil vive uma epidemia de sífilis?”. www.epoca.globo.com, 01.11.2016. Adaptado.) Texto 2 Segundo o ginecologista e obstetra Dr. Ricardo Luba, na década de 70, o Brasil também passou por uma epidemia de sífilis semelhante a que estamos vendo agora devido à liberação sexual e aos valores que foram contestados na época. Para ele, a falta de cuidado consigo mesmo é algo muito enraizado na mentalidade dos brasileiros. Isso rebate conceitos preconceituosos, tanto é que pessoas do mais alto nível intelectual também podem contrair, devido à negligência com o próprio corpo, algo que vem acontecendo com homens e mulheres ao redor do mundo. O principal fator é a falta do uso de preservativo associado a um comportamento de risco, que implica na rotatividade de parceiros e parceiras. Não há problema em ter uma vida sexual agitada desde que você se proteja e faça exames de rotina com certa regularidade. Quando descoberta no estágio primário, a sífilis pode ser tratada com uma dose única de penicilina benzatina intramuscular. O problema maior começa a surgir quando o diagnóstico não é feito rapidamente. (Débora Stevaux. “5 perguntas para entender a epidemia de sífilis no Brasil”. www.claudia.abril.com.br, 21.04.2017. Adaptado.) ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 19 Texto 3 Segundo a médica colaboradora da Organização Mundial de Saúde (OMS), Nemora Barcellos, o esgotamento do impacto das campanhas de uso de preservativos e da sua ampla disponibilização parece ser um dos fatores do agravamento dos casos de sífilis. Para ela, a principal forma de prevenção é o uso de preservativos no ato sexual. Por outro lado, a implicação do desabastecimento de penicilina afeta a evolução individual da doença e a possibilidade de cura, já que o tratamento correto e completo também é considerado uma forma eficaz de controle, pois interrompe a cadeia de transmissão. Além disso, o tratamento de ambos os parceiros é muito importante na prevenção para impedir que ocorra a reinfecção, garantindo que o ciclo seja interrompido. Para a médica, o histórico de prática sexual sem uso de preservativos deve ser investigado com seriedade em consultas, seja na atenção básica, seja com especialistas da área de ginecologia ou urologia. A existência de testes rápidos para sífilis facilita muito a investigação. (Marina Wentzel. “Como se proteger da epidemia de sífilis no Brasil?”. www.bbc.com, 24.09.2016. Adaptado.) Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva uma dissertação, empregando a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema: A epidemia de sífilis no Brasil é resultado do comportamento dos jovens ou de problemas do sistema de saúde? 7. (FAMEMA 2020) Redução da maioridade penal Texto 2 Tema bastante controverso, a redução da maioridade penal vem conquistando um número cada vez maior de adeptos, que, pressionados pela sensação generalizada de insegurança, veem a sua implantação como a única solução imediatamente possível para a diminuição da criminalidade praticada por menores. ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 20 Vige desde o século XIX a teoria de que crianças e adolescentes não possuiriam o desenvolvimento intelectual e psicológico completo, necessário e essencial para a responsabilização criminal nos termos do Código Penal. Considerando-se as transformações ocorridas na sociedade, em que os jovens têm maior acesso às informações e participam de forma cada vez mais autônoma das diversas relações sociais, ter-se-ia por indispensável o conhecimento daquilo que é ou não lícito. Tanto é assim, que o Código Civil prevê a capacidade relativa da pessoa com 16 anos completos, permitindo-lhe casar, continuar atividade empresária já iniciada, dispor de seu patrimônio em testamento, ser emancipado, dentre outras hipóteses. Além disso, a Constituição Federal autoriza que os menores púberes (com 16 anos) possam exercer o direito de voto. Ora, seria inconcebível pressupor a capacidade intelectiva para tais atos e sustentar que os jovens infratores não possuem plena consciência dos atos ilícitos porventura cometidos. A impunidade, certamente, é a causa principal da ocorrência, cada vez maior, de atos ilícitos entre os adolescentes. Certos de que se capturados sofrerão restrição de liberdade por não mais de 03 anos, os jovens infratores se sentem atraídos por essa vantagem. A impunidade, além de constranger, desrespeitar e violar os direitos das vítimas de crimes cometidos por menores infratores, incentiva a prática de novos crimes, bem como a formação de novos infratores. Izabelle Rhaissa F. Moreira. “Argumentos favoráveis à redução da maioridade penal”. https://jus.com.br, fevereiro de 2017. Adaptado. Texto 3 “Se prisão resolvesse alguma coisa, nós deveríamos ser um país muito mais seguro”, comenta Rafael Custódio, coordenador do programa de justiça da ONG Conectas Direitos Humanos. O sistema prisional brasileiro atravessa problemas históricos, como a superlotação e o alto índice de reincidência criminal. De acordo com dados do Conselho Nacional de Justiça, um em cada quatro condenados volta a cometer crimes. Nesse cenário, Custódio aponta que inserir menores de idade no sistema penal adulto contribuiria para que a violência aumentasse ao invés de diminuir. “O Brasil criou um sistema carcerário que viola direitos, não recupera ninguém e só produz mais violência. Diante dessa realidade, nós queremos trazer os adolescentes para essa lógica? Não faz sentido”. Heloisa de Souza Dantas, mestre em Psicologia Comunitária pela Michigan State University, também afirma que a redução da maioridade penal não é o caminho para combater a violência. Além de investimentos em educação e saúde, a psicóloga defende que a sociedade deve mudar o tratamento dado a esse assunto. “É um país que precisa olhar os adolescentes como seus filhos e não como inimigos”. Sobre o debate acerca do assunto, a psicóloga acha que está se formando uma “cortina de fumaça” que desvia as atenções do problema real. A maioria dos atos infracionais cometidos por jovens estão relacionados ao tráfico de drogas, enquanto crimes hediondos representam um número menor. Souza aponta que um investimento maior em inteligência policial ajudaria a pegar os “peixes grandes” do tráfico de drogas ao invés de manter a política de encarceramento em massa, que não tem ajudado a reduzir os índices de violência no Brasil. Natália Silva. “Os riscos da redução da maioridade penal”. www.cartacapital.com.br, 08.11.2018. Adaptado. Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva um texto dissertativo- argumentativo, empregando a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema: A redução da maioridade penal pode colaborar para a diminuição da violência no Brasil? ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 21 8. (Faculdade Israelita Albert Einstein 2020) “Uberização” do trabalho Texto 1 Nem só de grupos, influenciadores e jogos vivem os aplicativos. Com a queda do número de vagas formais no mercado de trabalho, as pessoas vêm buscando novas fontes de renda e trabalhar para aplicativos de serviçosé uma delas. Se, por um lado, as novas plataformas propiciam um espaço para que as pessoas possam obter rendimentos, por outro, geram também questões inerentes ao século XXI, sobre transformação das relações de trabalho, qualidade de vida e saúde. No novo modelo, o trabalhador tem mais autonomia sobre seu processo produtivo e horários de trabalho. Para isso, no entanto, muitos abrem mão de direitos garantidos pela CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), como o décimo terceiro salário e as férias e, em muitos casos, abdicam até mesmo dos finais de semana. O fenômeno já é conhecido como “uberização do trabalho” e está sendo estudado por áreas que vão do direito às ciências sociais. (Mariana Ceci. “Autônomos usam aplicativos para driblar crise financeira no RN”. http://tribunadonorte.com.br, 19.05.2019. Adaptado.) Texto 2 Uma massa de 5,5 milhões de profissionais brasileiros já trabalha para ou com aplicativos, segundo a Associação Brasileira Online to Offline, que representa as empresas do setor. Se esses trabalhadores fossem considerados empregados formais, grupos como Uber, iFood ou Rappi seriam os maiores do país em número de funcionários. O Diretor da associação, Marcos Carvalho, contesta, no entanto, a tese defendida por muitos atualmente de que haja vínculo trabalhista entre esses profissionais e as empresas. Segundo ele, “o profissional tem total autonomia e flexibilidade para definir sua jornada de trabalho de acordo com o que for conveniente, sem ter que prestar nenhuma satisfação com relação ao horário ou à forma como ele vai realizar entregas, por exemplo. São pessoas que possivelmente estariam com grandes dificuldades de ter uma fonte de renda. Isso mostra o impacto de inclusão social desses trabalhos num momento de tanta fragilidade econômica como o que estamos tendo no país.” (Guilherme Balza. “Brasil já tem mais de 5 milhões trabalhando para aplicativos”. https://cbn.globoradio.globo.com, 05.06.2019. Adaptado.) Texto 3 As empresas responsáveis pelos aplicativos afirmam que apenas fazem a “ponte” entre as partes, as quais trabalham de forma autônoma e com liberdade de acordo com sua disposição e necessidades — um argumento frequente em tempos de “uberização” do trabalho. Mas, para especialistas, não é bem assim. “Este modelo de trabalho se apoia no discurso do empreendedorismo, na ideia de você não ter patrão e poder fazer o seu próprio horário”, afirma Selma Venco, socióloga do Trabalho e professora da Unicamp. Segundo ela, este “discurso neoliberal camufla a real situação, que é a de precarização não apenas nas relações de trabalho, mas também nas condições de vida. Há uma superexploração do trabalhador, pois ele terá que trabalhar uma jornada de 14 ou 15 horas para ter um ganho mínimo, ou seja, irá além dos limites físicos para poder sobreviver. E sem nenhuma proteção, nenhum direito associado a isso.” ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 22 (Gil Alessi. “Jornada maior que 24 horas e um salário menor que o mínimo, a vida dos ciclistas de aplicativo em SP”. https://brasil.elpais.com, 13.08.2019. Adaptado.) Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva um texto dissertativo- argumentativo, empregando a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema: “Uberização”: entre a autonomia do trabalhador e a perda de direitos trabalhistas 9 . (Mackenzie 2014) Fome e desperdício de alimentos Redija uma dissertação a tinta, desenvolvendo um tema comum aos textos abaixo. Obs.: O texto deve ter título e estabelecer relação entre o que é apresentado nos textos da coletânea. Texto I Muitas vezes, tomamos conhecimento de movimentos nacionais e internacionais de luta contra a fome. Ficamos sabendo que, em outros países e no nosso, milhares de pessoas, sobretudo crianças e velhos, morrem de penúria e inanição. Sentimos piedade. Sentimos indignação diante de tamanha injustiça (especialmente quando vemos o desperdício dos que não têm fome e vivem na abundância). Sentimos responsabilidade. Movidos pela solidariedade, participamos de campanhas contra a fome. Nossos sentimentos e nossas ações exprimem nosso senso moral. Marilena Chauí, filósofa Texto II Em todo o mundo joga-se fora ou perde-se, por ano, 1,3 bilhão de toneladas de alimentos, o equivalente a um terço da produção total e mais da metade da colheita de cereais. Num cenário em que a população do planeta deve saltar dos atuais 7 bilhões para 9 bilhões de habitantes até 2050, impõe-se a revisão urgente dos padrões de consumo e de produção alimentar. Assim, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) e a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) decidiram lançar uma campanha de conscientização para tentar reduzir o desperdício que se verifica, em maior ou menor grau, em todos os países. O Estado de S.Paulo, 02/02/2013 Texto III De acordo com um levantamento da FAO (sigla em inglês para “Food and Agriculture Organization”, agência especializada das Nações Unidas destinada a lidar com assuntos como este), apesar do número ainda grande de famintos, atualmente por volta de 1 bilhão de pessoas, pela primeira vez em quinze anos o número total de pessoas em situação de insegurança alimentar registrou queda de 10%. Outro dado positivo é que, atualmente, as chamadas fronteiras da fome, ou seja, o conjunto de países com problemas crônicos de distribuição alimentar, vem diminuindo. ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 23 www.infoescola.com, acesso em setembro de 2013 10. (Autoral 2020) Coronavírus Texto I Disponível em https://www.agazeta.com.br/charge/charge-do-amarildo-panico-boliche-e-o-coronavirus-0320, acessado em 12.10.2019. Texto II Folha de São Paulo, 28/03/2020 Pandemia leva a guerra estúpida entre 'arautos da vida' e 'campeões da economia' (Demétrio Magnoli) Em nome da coerência, a conta da crise precisa chegar às grande fortunas Economia é vida: inexiste a alternativa de proteger a saúde pública às custas do desligamento indefinido da produção e do consumo. O humanismo com vista para o mar é tão nocivo quanto o negacionismo que nasce do desprezo pela ciência. Além de indivíduos com espessos colchões financeiros, há profissionais de empresas que adotaram o home office, empregados de setores que seguem funcionando, funcionários públicos estáveis. Desses estratos brotam torrentes incontroláveis de humanismo. Vidas não têm preço, valem qualquer sacrifício do vil metal, explicam-nos os que não sacrificarão seus empregos ou meios de sobrevivência. Mas, apesar deles, economia é vida. Disponível em https://www1.folha.uol.com.br/colunas/demetriomagnoli/2020/03/pandemia-leva-a-guerra-estupida-entre- arautos-da-vida-e-campeoes-da-economia.shtml , acessado em 12.10.2019. Texto III El país (28/03/2020): OCDE calcula que cada mês de confinamento tira dois pontos do PIB O organismo calcula que a Espanha será uma das economias mais afetadas https://www.agazeta.com.br/charge/charge-do-amarildo-panico-boliche-e-o-coronavirus-0320 https://www1.folha.uol.com.br/colunas/painelsa/2020/03/herdeiro-do-giraffas-perde-cargo-na-rede-apos-video-sobre-desemprego-no-coronavirus.shtml https://www1.folha.uol.com.br/colunas/painel/2020/03/advogado-reclama-que-funcionarios-fazem-home-office-com-pijama-e-olho-remelento.shtml https://www1.folha.uol.com.br/colunas/demetriomagnoli/2020/03/pandemia-leva-a-guerra-estupida-entre-arautos-da-vida-e-campeoes-da-economia.shtml https://www1.folha.uol.com.br/colunas/demetriomagnoli/2020/03/pandemia-leva-a-guerra-estupida-entre-arautos-da-vida-e-campeoes-da-economia.shtml ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 24 Conforme a pandemia de coronavírus avança, a OCDE traça um panorama cada vez mais sombrio para a atividade. Segundo seus cálculos, por cada mês de confinamento as economias sofrerão uma perda de aproximadamentedois pontos percentuais do PIB. A conta é a seguinte: o PIB de uma semana é aproximadamente 2% do de todo o ano (52 semanas). Se este cair 25% durante quatro semanas, então estão se esfumando dois pontos do PIB ao mês. (disponível em https://brasil.elpais.com/economia/2020-03-28/ocde-calcula-que-cada-mes-de- confinamento-tira-dois-pontos-do-pib.html, acessado em 30.03.2020). Nesse ano, a crise do coronavirus trouxe à tona uma antiga dicotomia entre economia e vidas humanas. Dentro desse contexto e com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva um texto dissertativo-argumentativo, empregando a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema: Crise do coronavirus: entre a economia e a saúde. 11. (UENP 2013) O papel da mulher nos dias atuais Orientações: 1. A sua redação deverá ser no formato PROSA, ter no mínimo 20 e no máximo 30 linhas. 2. Dê um TÍTULO à sua redação. 3. Apresente-a de forma legível e sem rasuras, na folha VERSÃO DEFINITIVA, utilizando caneta esferográfica com tinta da cor azul ou preta. 4. Para rascunho, use a folha disponível no final deste caderno. 5. Será considerada para avaliação apenas a versão definitiva da redação. 6. Use a norma culta da linguagem. 7. Leia os fragmentos a seguir. Eles servem de apoio para a produção de sua DISSERTAÇÃO, ou seja, os textos não são apresentados para que você os copie integral ou parcialmente. Eles apenas servem para você organizar o tema e relacionar argumentos, com o objetivo de defender seu ponto de vista. TEXTO I Constituição de 1988 Art. 5. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição. Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado. § 4º - Entende-se, também, como entidade familiar a comunidade formada por qualquer dos pais e seus descendentes. § 5º - Os direitos e deveres referentes à sociedade conjugal são exercidos igualmente pelo homem e pela mulher. Veja: Em um artigo para o jornal The Guardian, a senhora afirmou que a gravidez era um contrassenso. Por quê? Texto II Susan Greenfield: Referia-me à questão profissional. São poucas as mulheres na minha área que conseguem chegar aonde eu cheguei. É difícil desde o início. No colégio, as meninas recebem menos incentivos do que os meninos para seguir a carreira científica. Afinal, ciência é coisa de homem. Quando conseguem superar essa barreira, elas encontram outro obstáculo: a gravidez. Não sou contra ter filhos, https://brasil.elpais.com/ciencia/2020-03-27/evolucao-dos-casos-de-coronavirus-no-brasil.html https://brasil.elpais.com/economia/2020-03-27/empatia-ou-pragmatismo-o-dilema-de-empresas-entre-o-respeito-a-vidas-e-a-retomada-da-economia.html https://brasil.elpais.com/economia/2020-03-27/empatia-ou-pragmatismo-o-dilema-de-empresas-entre-o-respeito-a-vidas-e-a-retomada-da-economia.html https://brasil.elpais.com/noticias/pib/ https://brasil.elpais.com/economia/2020-03-28/ocde-calcula-que-cada-mes-de-confinamento-tira-dois-pontos-do-pib.html https://brasil.elpais.com/economia/2020-03-28/ocde-calcula-que-cada-mes-de-confinamento-tira-dois-pontos-do-pib.html ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 25 mas, na ciência, quem se afasta, mesmo que por pouco tempo, perde a vez, infelizmente. Eu optei por não ter filhos. (...) Revista Veja, Entrevista, 9/01/2013. TEXTO III MULHERES MAIS PODEROSAS DO MUNDO Angela Merkel: Chanceler da Alemanha. Hillary Clinton: Secretária de Estado dos E.U.A. Dilma Rousseff: Presidente do Brasil Melinda Gates: Co-presidente da Fund.Bill & Melinda Gates Jill Abramson: Editora-executiva do New York Times Christine Lagarde: Diretora Geral do FMI (http://www.forbes.com/power-women/) TEXTO IV A PRIMEIRA MULHER BRASILEIRA Ada Rogato: aviadora a chegar sozinha à Terra do Fogo, no extremo sul do nosso continente (1960). http://www.engbrasil.eng.br/revista/v112009/historia) Rachel de Queiroz : a ingressar na Academia Brasileira de Letras (1977) Nélida Piñon: a presidir a ABL, em 1996 e 1997 Maria das Graças Foster: a presidir a Petrobrás,2012 Dalva Mª Carvalho Mendes: a ser promovida oficial general das forças armadas brasileiras, em 2013. (folha.uol.com.br 10/01/2013) TEXTO V A mulher ficava mais presa aos cuidados com o lar enquanto cabia ao marido sustentar a família até os anos de 1970, mas a necessidade de maior renda e a busca pela igualdade com o homem a levou ao mercado de trabalho. Sócio-diretor do Data Popular, Renato Meirelles lembra ainda que muitas delas ainda são chefes de família. ''Como a mulher geralmente é quem administra as despesas domésticas, ao ajudar diretamente no pagamento dessas, ela ganhou voz muito maior dentro de casa'', afirma. Folha de Londrina, 17/11/2012 Texto VI http://www.forbes.com/power-women/ http://www.engbrasil.eng.br/revista/v112009/historia ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 26 12. (Unifesp 2011) A intolerância em xeque TEXTO I Num restaurante de classe média, pessoas torcem o nariz e pagam a conta antecipadamente, sem concluir a refeição, porque na mesa ao lado senta-se um casal negro, com uma filha e um filho adolescentes. Ninguém comenta ou reclama de que se trata de uma demonstração criminosa de racismo, não comprovável, mas evidente. A adolescente discriminada põe-se a chorar e pede aos pais para irem embora também. A família comemorava ali o 14º aniversário dela. Uma mulher decide sair de um casamento infeliz e pede a separação. O marido, que certamente também não está feliz, recusa qualquer combinação amigável e quer uma separação litigiosa. As duas filhas moças tomam o partido do pai, como se de repente a mãe que delas cuidara por mais de vinte anos tivesse se transformado em alguém desprezível, irreconhecível e inaceitável. Nenhuma das duas lhe pergunta os seus motivos; ninguém deseja saber de suas dores; nenhuma das duas jovens mulheres lhe dá a menor chance de explicação, o menor apoio. Parece-lhes natural que, diante de um passo tão grave da parte de quem as criara, educara, vestira, acarinhara e acompanhara devotadamente por toda a vida, fosse negado qualquer apoio, carinho e respeito. Os casos se multiplicam, são muito mais cruéis do que estes, existem em meu bairro, em seu bairro. Nossa postura diante do inesperado, do diferente, raramente é de atenção, abertura, escuta. Pouco nos interessam os motivos, o bem, as angústias e buscas, direitos e razão de quem infringe as regras da nossa acomodação, frivolidade ou egoísmo. Queremos todos os privilégios para nós, a liberdade, a esperança. Para os outros, mesmo se antes eram muito próximos, queremos a imobilidade, a distância. Cassamos sem respeitar os seus direitos humanos mais básicos. A intolerância, que talvez não conste no índex das religiões mais castradoras, é com certeza um feio pecado capital. Do qual talvez nenhum de nós escape, se examinarmos bem. (Lya Luft. Veja, 15.12.2004. Adaptado.) TEXTO II Entrevista com Zilda Márcia Gricoli, historiadora e diretora-executiva do Laboratório de Estudos da Intolerância da Universidade de São Paulo (USP), que investiga e discute o tema em todas suas vertentes. Qual a proposta do Laboratório de Estudos da Intolerância? Trata-se de um centro multidisciplinar da Universidade de São Paulo (USP) que investiga todos os dilemas da intolerância, seja ela política, religiosa, cultural, sexual. Incluímos também o que chamamos de tolerância ao intolerável: prostituição infantil e massacres de populações indígenas e de rua, por exemplo. Trabalhamos ainda com os direitos dos animais. Refletindo sobre a forma como oshomens os tratam, descobrimos como eles agem em relação aos seres humanos. Faremos um grande seminário sobre o assunto, aberto ao público. Dê exemplos da intolerância no Brasil, Não toleramos o pobre, por exemplo. Pobre é lixo, não queremos ver, queremos jogá-los fora. Pode ser índio, negro, branco. Em São Paulo, há praças que contam com o banco “antimendigo”, com braçadeiras especiais, que não permitem que ninguém durma ali. Gradearam chafarizes para que a população não tome banho. Tudo para “limpar” a cidade dos pobres. Como se eles fossem responsáveis pela sujeira. É possível desenvolver a tolerância? Sim. A intolerância é totalmente cultural. A cultura foi criada pelo homem para a sobrevivência da espécie. Ela tem esse objetivo, que é a proteção da vida, e não a destruição. A autonomia cultural não ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 27 pode ir além da vida humana. Quando a cultura se apropria da negação do outro, é preciso uma intervenção. (http://planetasustentavel.abril.com.br. Adaptado.) Texto III Fascismo, comunismo, nazismo e todos os outros ismos totalitários produziram ao longo dos tempos algumas das mais pavorosas cenas de intolerância perpetradas pelo homem contra alguém que ele julga diferente. “Fogueiras, patíbulos, decapitações, guilhotinas, fuzilamentos, extermínios, campos de concentração, fornos crematórios, suplícios dos garrotes, as valas dos cadáveres, as deportações, os gulags, as residências forçadas, a Inquisição e o índex dos livros proibidos”, descreveu o jurista italiano Italo Mereu, são algumas das mais bárbaras manifestações de ódio adotadas por quem julga “possuir a verdade absoluta e se acha no dever de impô-la a todos, pela força”. A praga da intolerância só atinge esse patamar de perversidade quando um outro valor já não vigora mais há muito tempo: a democracia. É mais ou menos assim que as coisas funcionam. Aniquila-se a democracia em nome de um ideal revolucionário que promete semear a liberdade e o fim da opressão dos mais fracos. Essa é a promessa, mas o que se colhe jamais é a libertação, apenas abuso e intolerância. Numa primeira fase, o abuso é interno e concentrado contra os inimigos políticos do regime. Depois, todos se tornam inimigos em potencial e até a delação de vizinhos vira uma arma de controle social. Na fase seguinte, surgem as guerras contra os inimigos externos. (Amauri Segalla. Veja, 16.04.2003. Adaptado.) Com base nas informações e reflexões dos textos apresentados – ou, ainda, agregando a eles outros elementos que você julgar pertinentes –, redija uma dissertação em prosa e em norma padrão sobre o seguinte tema: A intolerância em xeque 13. (FGV/Economia 2020) Informalidade no mercado de trabalho TEXTO I Quase dois anos depois da reforma trabalhista o Brasil ainda enfrenta um grande entrave no mercado de trabalho. É a informalidade, que registrou alta nos últimos quatro anos e tem impacto na produtividade do país, o que fica claro, por exemplo, ao se constatar que empresas formais têm produtividade média quatro vezes superior à das informais”, explica Fernando Veloso, economista e pesquisador da área de Economia Aplicada da FGV IBRE. Segundo a Síntese de Indicadores Sociais 2018 do IBGE, o contingente de brasileiros com trabalho informal chegou a 37,3 milhões de pessoas, ou 40,8% da população com algum tipo de ocupação. Com uma série de encargos sociais incidindo sobre a contratação, não é incomum que as empresas optem por utilizar mão de obra sem registro. “O recolhimento de inúmeras contribuições, nem sempre revertidas em benefícios ao colaborador, cria praticamente uma tributação sobre a folha de pagamento. Isso gera um efeito que incentiva a informalidade, tanto da parte da firma quanto do trabalhador”, analisa Veloso. (“Como a informalidade afeta a produtividade e a economia?”. https://g1.globo.com, 28.08.2019. Adaptado.) TEXTO II A entrada de trabalhadores no mercado informal ajudou a reduzir o desemprego e colocou um número recorde de pessoas na força de trabalho. Mas esse fenômeno, que à primeira vista pode indicar uma reação da economia, não se traduziu em melhora na produtividade. Para especialistas, é mais um ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 28 sintoma da fraqueza da atividade econômica e de sua lenta recuperação, refletidos no resultado do Produto Interno Bruto (PIB) do país. O professor da faculdade de economia da USP, Hélio Zylberstajn, observa que é evidente que para um desempregado é melhor conseguir uma ocupação informal do que nada, mas a informalidade é uma coisa muito ruim, visto que, por exemplo, o rendimento médio de um trabalhador sem carteira assinada pode ser quase 40% menor que o de um registrado, segundo o IBGE. (Taís Laporta e Marta Cavallini. “Desemprego cai, mas aumento do trabalho informal dificulta retomada da economia”. https://g1.globo.com, 31.08.2018. Adaptado.) TEXTO III O Brasil registrou em 2018 recorde de trabalhadores sem carteira assinada, e a informalidade atingiu o maior nível desde 2012, quando o IBGE começou a fazer sua atual pesquisa. O trabalho por conta própria, por exemplo, garantiu o sustento de praticamente um em cada quatro brasileiros (25,4%). Segundo o IBGE, o desemprego fechou 2018 em queda, algo que não acontecia havia três anos. A taxa média de desocupação foi de 12,3%, contra 12,7% em 2017. Em 2018, 12,8 milhões de brasileiros estavam sem emprego, menos que os 13,2 milhões de 2017. “Desde o segundo trimestre de 2018, percebeu-se uma queda significativa da desocupação, o que seria uma notícia excelente não fosse o fato de ela vir acompanhada por informalidade. Ou seja, em termos de qualidade, há uma falha nesse processo de recuperação”, declarou Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE. Segundo ele, a informalidade vem acompanhada por uma série de fatores desfavoráveis, como a falta de estabilidade, o rendimento baixo e a falta da segurança previdenciária. (“Informalidade bate recorde, e 1 a cada 4 pessoas trabalha por conta própria”. https://economia.uol.com.br, 31.01.2019. Adaptado.) Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva um texto dissertativo-argumentativo, empregando a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema: Informalidade no mercado de trabalho: entre a necessidade de uma ocupação e os prejuízos para a economia 14. (FGV 2019) Teorias da conspiração TEXTO I Revelado: populistas são muito mais propensos a acreditar em teorias da conspiração. O YouGov-Cambridge Globalism Project lança nova luz sobre uma parte da população mundial que parece ter uma confiança muito limitada em especialistas científicos e em democracia representativa. A análise da pesquisa descobriu que a tendência mais clara entre as pessoas com atitudes populistas muito resistentes era a crença em teorias da conspiração, crença essa tanto mais forte quanto mais essas teorias eram desmentidas pela ciência ou por evidências factuais. A pesquisa pode, de certa forma, ajudar a compreender o sucesso de populistas de direita em todo o mundo, os quais alimentaram teorias conspiratórias as mais variadas, minaram esforços para enfrentar o aquecimento global e rejeitaram o jornalismo baseado em fatos, acusando-o de propagar notícias falsas [fake news]. A pesquisa - de mais de 25.000 pessoas em quase duas dúzias de países - abrange partes da Europa, das Américas, da África e da Ásia, representando, no total, 4,7 bilhões de pessoas. Entre as 19 grandes democracias pesquisadas, o Brasil revelou-se o país mais populista, seguido pela África do Sul. Os cientistas políticos afirmam que havia razões para se esperar uma relação próxima entre algumas teorias da conspiração e o populismo - uma vez que este, tipicamente, envolve a crença de que elites amorais estão em conluio,explorando as pessoas comuns para seus próprios interesses. Os dados ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 29 mostraram também que a descrença dos populistas nas evidências científicas tem menos a ver com suas deficiências educacionais do que com raiva e desconfiança em relação às elites e aos especialistas. The Guardian, 02/05/2019. Adaptado TEXTO II Teorias da conspiração ajudam o populismo de direita Deutsche Welle: As teorias da conspiração são diversas: elas podem ser divertidas, porque são inofensivas, como Elvis, que supostamente vive numa ilha solitária, ou ridículas, quando dizem que Angela Merkel é uma alienígena. Quando uma teoria da conspiração se torna problemática? Michael Butter: Mesmo uma teoria da conspiração inofensiva à primeira vista pode ser problemática, como quando alguém acredita que Angela Merkel é uma alienígena e acha que precisa fazer algo a respeito. Em geral, elas não são inofensivas quando são dirigidas contra os mais fracos ou minorias, como refugiados ou, historicamente, contra os judeus. Ao mesmo tempo, as teorias da conspiração podem, claro, ser perigosas para nossa coexistência democrática. DW: Pelo fato de que a desconfiança em relação à política fica fora de controle? MB: Se alguém acredita que os nossos políticos estão todos em um grande conluio e que não faz diferença alguma votar na CDU ou no SPD ou nos Verdes ou na Esquerda, porque eles são todos marionetes de uma conspiração, então ou a pessoa se retira da cena política e não participa mais de nada – esse seria o famoso desencantamento político – ou a pessoa vota naqueles que se apresentam como uma verdadeira alternativa a essa velha política. E estes são, nos últimos anos, em todo o mundo ocidental e também além dele, os partidos populistas de direita, que na realidade também não contribuem realmente para a solução dos problemas. DW: O que torna os defensores das teorias da conspiração tão resistentes aos fatos? MB: Estudos dos EUA mostram que os teóricos da conspiração acreditam ainda mais em suas teorias da conspiração depois que são confrontados com evidências conclusivas que as desmentem. As teorias da conspiração são extremamente importantes para a identidade daqueles que acreditam nelas. Elas são uma oferta de explicação de como o mundo funciona. E nelas tudo funciona, não há coincidências, uma engrenagem encaixa na outra. A crença e a propagação das teorias da conspiração tornam possível à pessoa se destacar da multidão. Os defensores de teorias da conspiração dizem de si mesmos: “Entendemos como o mundo realmente funciona. Nós acordamos, abrimos nossos olhos, enquanto outros estão andando pelo mundo dormindo.” Por isso, a identidade deles é muito dependente das teorias da conspiração. DW: Mesmo mudanças que são percebidas pela maioria das pessoas como conquistas e coisas óbvias, como a igualdade de gênero, são usadas para teorias da conspiração. Será que a realidade é liberal demais para os seguidores dessas teorias? MB: As teorias da conspiração frequentemente têm um forte ímpeto conservador no sentido de preservar uma ordem ameaçada ou trazer de volta uma ordem abolida pelos supostos conspiradores. Este é também um paralelo em relação ao populismo. Tanto teóricos da conspiração como populistas são movidos por uma nostalgia pelo passado. Tomemos como exemplo o medo de homens brancos nos EUA que veem sua posição social sendo minada cada vez mais. Mesmo quando eram pobres, ficaram por muito tempo acima de todos os que não eram brancos – e ficavam acima das mulheres. E agora eles mesmos são desafiados. Esta é uma defesa contra uma mudança social que certas pessoas não querem aceitar e que passam a tomar como efeitos de uma conspiração, contra a qual seria perfeitamente legítimo lutar, já que essa luta seria apenas a defesa contra um complô. 1 - Populismo: aqui, no sentido de conjunto de práticas políticas que se justificam por um apelo direto ao “povo”, geralmente contrapondo esse grupo às “elites” e às instituições. 2 - Partidos políticos na Alemanha. Entrevista de Michael Butter* a Deutsche Welle, 20/06/2019. ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 30 Adaptado. * Professor de Literatura e História da Universidade de Tübingen. A crença em “teorias da conspiração”, considerada em suas relações com a vida social e a política, tornou-se, nos últimos anos, uma questão relevante tanto nacional como internacionalmente. Com base nos textos aqui reproduzidos, que tratam desse assunto, bem como em outras informações que você considere pertinentes, redija uma dissertação em prosa sobre o tema: As “teorias da conspiração” na atualidade: inofensivas ou perigosas? 15.(Famerp 2018) Fracasso de lei de cotas para deficientes TEXTO I A Lei de Cotas para Deficientes (Lei no 8.213/91) determina um percentual (de 2% a 5% das vagas no quadro de efetivos) para empresas, a partir de 100 funcionários, contratarem pessoas com deficiência. Apesar de ter completado 25 anos de vigência, a Lei não alcança nem a metade da meta estabelecida pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Isso gera questionamentos sobre quais são as dificuldades para que sejam feitas as contratações, uma vez que há vagas disponíveis. Uma das barreiras a ser ultrapassada é a forma como as companhias entendem a contratação de pessoas com deficiência. A principal desculpa para não empregar é a de que não são encontrados profissionais qualificados para as oportunidades oferecidas. Entretanto, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), existem quase três milhões de pessoas com deficiência no país com ensino superior, sendo que muitos possuem mestrado e doutorado. Outro ponto em discussão é a maneira pela qual as empresas estabelecem os parâmetros de contratação. Muitas, inclusive, exigem qualificações que não condizem com a realidade salarial. É claro que a admissão da pessoa com deficiência exige adaptações para cada caso. “Cabe às empresas encontrar a forma mais adequada de incluir o funcionário no quadro de empregados”, diz Mizael Conrado de Oliveira, medalhista paralímpico na categoria futebol de cinco, para cegos, e presidente da Comissão de Direitos das Pessoas com Deficiência da Ordem dos Advogados do Brasil de São Paulo (OAB SP). Parte significativa das companhias acredita que a contratação de colaboradores com deficiência implica gastos exorbitantes em acessibilidade física e tecnologia assistiva, fato que pode ser rebatido com exemplos de companhias que conseguiram adequar instalações sem comprometer seu orçamento, conforme informação do secretário municipal da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida, Cid Torquato Júnior. De acordo com o secretário, o Brasil conta cada vez mais com ampla diversidade de recursos, inclusive tecnológicos, que auxiliam as pessoas com deficiência em suas atividades. “Muitos deles são gratuitos ou de baixo custo, caso de alguns softwares leitores de tela”, pondera. (Jornal do Advogado. “Lei de Cotas para Deficientes está longe de atingir metas”. www.oabsp.org.br, 12.04.2017. Adaptado.) TEXTO II Passados 25 anos de vigência da Lei de Cotas para Deficientes, o que temos para festejar é o nosso sonho de que um dia a realidade social possa ser perfeita. As pessoas com deficiência não devem ser destinatárias de atos de caridade, mas de políticas públicas e privadas que lhes garantam a dignidade humana. O não cumprimento das cotas definidas pela Lei tem acarretado a aplicação de multas injustas às empresas, mas não é fácil cumprir a lei por conta da ineficiência das ações estatais. Um ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 31 exemplo: é comum que uma empresa, depois de enfrentar todas as dificuldades para selecionar um empregado com deficiência, ainda assim não possa contratá-lo pelo fato de não existirum serviço de transporte público nas imediações da empresa que seja adaptado às necessidades da pessoa com deficiência. E a multa sancionada pelo não cumprimento da cota é fixada contra o empresário. As empresas enfrentam muita burocracia: provar, por laudo, a deficiência do empregado; adotar um programa de acompanhamento para garantir a integração ao ambiente de trabalho; não poder contratar trabalhadores com um único tipo de deficiência – por exemplo, contratar apenas cegos seria discriminação às outras deficiências; não poder exigir experiência anterior, porque existe um débito social com o trabalhador com deficiência; idem quanto à escolaridade; prover as adequações físicas, sendo que as entrevistas, por exemplo, precisam estar aparelhadas com os meios necessários – intérprete de sinais, testes em braile etc. O não atendimento a essas exigências, assim como o não cumprimento das cotas, pode ser punido com multas pesadíssimas e a negativa de emprego pode ser considerada crime. Temos uma lei atrasada, cujo ideal jamais foi alcançado em 25 anos. Não só as ações oficiais de políticas inclusivas são irrisórias, como temos um sistema apto a sancionar empresas, mas inapto a sancionar o maior devedor social: o Estado. Com base em seus conhecimentos e nos textos apresentados, escreva uma dissertação, empregando a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema: O fracasso da lei de cotas para deficientes: negligência das empresas ou falha do Estado? 16. (UNAERP 2/2019) Violência contra a mulher X aspectos culturais ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 32 ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 33 Integração de Refugiados no Brasil UENP 2016 UENP/2016 ORIENTAÇÕES • Os (As) candidatos(as) que não obedecerem à proposta da produção quanto ao gênero textual, tema e número de linhas (mínimo de 20 e máximo de 30 linhas) serão penalizados na correção do texto. • Dê um Título à sua redação. A ausência do título implica na perda de pontos, mas não na anulação da redação. • Apresente a redação de forma legível e sem rasuras na FOLHA DE REDAÇÃO DEFINITIVA, utilizando caneta esferográfica com tinta azul ou preta. • Para o rascunho, use a folha disponível no final deste caderno. • Será considerada para avaliação apenas a FOLHA DE REDAÇÃO DEFINITIVA. • Use a norma culta da linguagem. Produza um artigo de opinião, assumindo o papel social de um leitor de jornal que intenciona publicar seu ponto de vista em relação à questão: Cidadãos oriundos de países com violência constante ou em situação de grande pobreza têm sido obrigados a procurar refúgio em locais distantes de seu hábitat. Tendo em vista o grande número de imigrantes recebidos pelo Brasil, o que fazer para proporcionar a integração desses refugiados e evitar as manifestações de xenofobia e intolerância contra essas pessoas? Não se esqueça de que o artigo de opinião é um texto argumentativo, por isso, além de se posicionar frente à questão exposta, é preciso selecionar bons argumentos para a defesa da sua tese. Os textos, o ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 34 infograma e a charge a seguir discorrem sobre a questão apresentada. Mas lembre-se de que eles podem ser usados apenas como suportes para a sua argumentação e nunca copiados deliberadamente. Você será avaliado pelo grau de autoria do texto! TEXTO I ONU: número de refugiados é o mais alto da história A agência para refugiados da Organização das Nações Unidas (ONU) informa que o número de pessoas deslocadas por conflitos é o mais alto da história, superando até mesmo os dados da II Guerra Mundial, quando dezenas de países dos cinco continentes se envolveram no mais devastador embate bélico da humanidade. O total de refugiados no final de 2015 atingiu 65,3 milhões, ou uma em cada 113 pessoas do planeta Terra, de acordo com o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR). O número representa um aumento de 5,8 milhões em relação ao ano anterior. O relatório oferece três razões principais para o aumento da taxa de deslocamentos forçados: situações de longo prazo, tais como o conflito no Afeganistão; situações novas e crescentes, tais como os conflitos na Síria e Sudão do Sul; e o ritmo lento para implantar soluções para os refugiados e deslocados internos. (Adaptado de: https://veja.abril.com.br/mundo/onu-numero-de-refugiados-e-o-mais-alto-da- historia/. Acesso em: 20 jul. 2016.) TEXTO II Vilarejo na Suíça prefere pagar multa de 1 milhão de reais a receber 10 refugiados Um dos vilarejos mais ricos da Europa decidiu pagar uma multa de 290 mil francos suíços, mais de 1 milhão de reais, para não receber cerca de dez refugiados, de acordo com a nova cota imposta pelo governo da Suíça. Segundo o jornal Independent, a maioria dos residentes de Oberwil-Lieli votou “não” em um referendo para aceitar os imigrantes porque eles “não iriam se encaixar”. Recentemente, o Governo Federal anunciou que iria cumprir com a promessa de aceitar 50 mil pedidos de asilo no país. Por rejeitar os planos, o vilarejo causou revolta na Suíça, com cidadãos acusando os moradores do local de racismo. A população da cidade conta com 300 milionários entre os seus 22 mil habitantes. Um dos residentes disse ao jornal britânico Daily Mail que “apenas não os queremos aqui, é simples assim”. “Nós trabalhamos duro durante todas as nossas vidas e temos um adorável vilarejo que não queremos que seja prejudicado”, disse o morador que pediu para não ser identificado. (Adaptado de: https://veja.abril.com.br/mundo/vilarejo-na-suica-prefere-pagar-multa-de-1- milhao-de-reais-a-receber-10-refugiados/. Acesso em: 20 jul. 2016.) TEXTO III https://veja.abril.com.br/mundo/onu-numero-de-refugiados-e-o-mais-alto-da-historia/ https://veja.abril.com.br/mundo/onu-numero-de-refugiados-e-o-mais-alto-da-historia/ https://veja.abril.com.br/mundo/vilarejo-na-suica-prefere-pagar-multa-de-1-milhao-de-reais-a-receber-10-refugiados/ https://veja.abril.com.br/mundo/vilarejo-na-suica-prefere-pagar-multa-de-1-milhao-de-reais-a-receber-10-refugiados/ ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 35 TEXTO IV 17. (Autoral) Valor social do idoso Leia o texto abaixo, para fazer sua redação. Vice-governador do Texas sugere que idosos arrisquem a vida pela economia (UOL 24/03/2020) O vice-governador do Texas, Dan Patrick, sugeriu em um programa de TV da Fox News que as pessoas devam voltar às suas vidas normais em meio a pandemia de coronavírus para salvar a economia dos Estados Unidos. Na entrevista ao jornalista Tucker Carlson, o político disse que até mesmo os idosos devem deixar o isolamento preventivo. (...) Segundo Patrick, ver a economia dos EUA em colapso após um possível fechamento de três meses é pior que a morte. "Nosso maior presente que damos ao nosso país, nossos filhos e netos, é o legado de nosso país", afirmou o vice-governador. "E agora, isso está em risco, e eu sinto que, como disse o presidente, a taxa de mortalidade é tão baixa, temos que fechar o país inteiro por isso?". Os posicionamentos de Dan Patrick não foram bem recebidos nas redes sociais dos EUA e ele recebeu muitas críticas. (Disponível em https://noticias.uol.com.br/internacional/ultimas-noticias/2020/03/24/vice-governador-do-texas-sugere-que-idosos- arrisquem-a-vida-pela-economia.htm, acessado em 30.03.2019 ). Em 2014, a FUVEST solicitou que o candidato emitisse sua opinião sobre a frase de Taro Aso de que “os velhos deveriam se apressar em morrer”. Na época, foi solicitado um texto que discutisse o significado da frase no mundo atual. Passados seis anos, em plena crise do coronavírus, uma frase semelhante foi ouvida de uma autoridade pública. Sendo assim, vale a pena voltar ao tema. O que se propõe agora é o seguinte: Dada a desvalorização do idoso, disserte sobre a questão dovalor social das pessoas mais velhas. Elas deveriam ser valorizadas somente se houver algum ganho? Há ganhos na preservação da vida dessas pessoas? Quais são os valores que devem servir de premissa para a preservação da vida do idoso? ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 36 18. ( FGV Adm. 2018) As sociedades contemporâneas e a solidão Reino Unido cria Ministério da Solidão O Reino Unido nomeou nesta quarta-feira, 17 de janeiro de 2018, pela primeira vez na história, uma ministra da Solidão, para enfrentar o que a primeira-ministra britânica, Theresa May, descreveu como “ a triste realidade da vida moderna”. (...) Mais de 9 milhões de pessoas dizem viver permanentemente ou frequentemente sozinhas, de uma população de 65,6 milhões, de acordo com a Cruz Vermelha britânica. A instituição descreve a solidão como uma “epidemia oculta”, afetando pessoas de todas as idades e em todos os momentos de suas vidas, como durante a aposentadoria, na morte do parceiro ou na separação. Deutsche Welle (DW Brasil). Consultado em 17/01/2018. Adaptado. Reino Unido cria Ministério da Solidão para solucionar “triste realidade moderna” A solidão é um problema crônico da sociedade moderna e pode atingir qualquer pessoa de qualquer idade. Muitas vezes, uma mudança aparentemente comum, como uma criança que muda de escola e não se adapta, é o bastante para abrir essa caixa. Diversos estudos indicam que mais de uma em cada três pessoas dos países ocidentais – o que inclui o Brasil – sente-se sozinha habitualmente ou com frequência. Há vários fatores que culminam nessa taxa, como o envelhecimento da população, o crescimento dos afazeres diários, o pouco tempo de lazer, a falta de contato pessoal trazido pelas redes sociais, mas, principalmente, o isolamento social causado pela farta porção de informações que atingem o ser humano todos os dias. (...) Os médicos alertam que o isolamento social é uma epidemia crescente que pode ter consequências físicas, mentais e emocionais. A solidão também foi classificada como o maior risco de doença cardíaca, diabetes e câncer, de acordo com os pesquisadores da área da saúde. www.hypeness.com.br. Consultado em 17/01/2018. Adaptado. Reino Unido escolhe “Ministra da Solidão” Um acontecimento que você pode considerar muito sinistro ou simplesmente um sinal dos tempos: o Reino Unido apontou um “Ministro da Solidão” para lidar com uma verdadeira epidemia de tristeza que atinge mais de 9 milhões de britânicos. A primeira-ministra britânica se pronunciou sobre o assunto, afirmando que “para muita gente, a solidão é a realidade da vida moderna”, e é por isso que ela tomou a decisão, apontando Tracey Crouch para o cargo (...). No Brasil, a solidão é um medo que não esconde seus números: em 2017, uma pesquisa realizada com homens e mulheres acima dos 55 anos pela Sociedade de Geriatria e Gerontologia de São Paulo descobriu que 29% dos entrevistados teme a solidão. Mas pessoas jovens também precisavam enfrentar diariamente a pressão da sociabilidade (ou medo da falta dela). Com as redes sociais e as inovações tecnológicas, novas síndromes já surgiram – como a “fomo” (“fear of missing out” em inglês, algo próximo de “medo de perder a oportunidade”). Sabe aquele sentimento ruim que bate quando você passa pela timeline do Instagram e vê todo mundo se divertindo enquanto você está em casa? É Fomo. Estima-se que a solidão pode estar relacionada a 50% dos suicídios cometidos anualmente – cerca de um milhão. Lucas Barany, Superinteressante. 17/01/2018. Adaptado. Ministério da Solidão E que tal um ministro para a solidão? (...) Confesso que a ideia me parece absurda. (...) Theresa May está errada quando acredita que a solidão é uma “realidade” moderna. Não é. A solidão, tal como a tristeza e o fracasso, faz parte da condição humana, provavelmente desde o momento em que os membros da espécie adquirem consciência de si próprios. Além disso a solidão é, sob certos aspectos, uma condição indispensável à constituição da dimensão reflexiva do sujeito humano. Mas ela também está errada por outro motivo: e se o grande problema da “vida moderna” não for excesso de solidão, mas a sua escassez? A vida moderna é uma gigantesca conspiração para abolir a solidão. Basta escutar os desejos utópicos de um qualquer Zuckerberg ensandecido: para os novos profetas do Vale do Silício, o ideal é atingir um ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 37 mundo de conversas contínuas, em que a privacidade não passa de uma relíquia – e todos podem espiar todos. João Pereira Coutinho, Folha de S. Paulo. 20/02/2018. Adaptado. O que a criação de um “Ministério da Solidão”, no Reino Unido, nos revela sobre as sociedades de nossa época? Tendo em vista as ideias sobre essa questão, presentes nos textos acima reproduzidos, além de outras informações que você considere relevantes, redija uma dissertação em prosa sobre o tema: As sociedades contemporâneas e a solidão. 19.( Famerp 2016) Impostos sobre grandes fortunas IMPOSTOS SOBRE GRANDES FORTUNAS TEXTO I O Imposto sobre Grandes Fortunas (IGF) é um imposto previsto na Constituição brasileira de 1988, mas ainda não regulamentado. Trata-se de um tributo federal que, por ainda não ter sido regulamentado, não pode ser aplicado. Uma pessoa com patrimônio considerado grande fortuna pagaria sobre a totalidade de seus bens uma porcentagem de imposto. Em determinados projetos de lei apresentados no Senado Federal, as alíquotas previstas são progressivas, ou seja, quanto maior o patrimônio, maior a porcentagem incidente sobre a base de cálculo. No Brasil, políticos e economistas divergem se o IGF é um instrumento eficaz de arrecadação ou de diminuição da concentração de renda e de riqueza. (“Imposto sobre Grandes Fortunas”. http://pt.wikipedia.org. Adaptado.) Texto II Sempre que o governo se vê acuado, a discussão sobre o IGF volta à baila, sob o argumento de que o “andar de cima” precisa ser mais taxado. De acordo com uma proposta do Psol, seriam taxados em 1% aqueles que têm patrimônio entre R$ 2 milhões e R$ 5 milhões. A taxação aumentaria para 2% para aqueles cujos bens estejam estimados entre R$ 5 milhões e R$ 10 milhões. Para quem tem entre R$ 10 milhões e R$ 20 milhões, a taxação prevista é de 3%. De R$ 20 milhões a R$ 50 milhões, a mordida será de 4%. E para os felizardos que têm acima de R$ 50 milhões, a cobrança será de 5%. Trocando em miúdos, todo aquele que, por ventura, adquira um patrimônio acima de 2 milhões de reais será punido anualmente com alíquotas progressivas, que variarão de 1 a 5%. Seu crime? Poupar e investir a renda, no lugar de consumi-la. Sim, pois “fortuna” nada mais é do que o estoque de riqueza que alguém acumula ao longo do tempo, resultado da poupança e/ou da transformação desta em capital (investimento). Como a renda no Brasil já é fortemente taxada, caso aprovem essa aberração, estaremos diante de um caso típico de bitributação, pois a fortuna é a renda (já tributada originalmente) não consumida transformada em ativos (financeiros e não financeiros). Sem falar que os ativos imóveis já são taxados anualmente através do IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) e do ITR (Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural). Ademais, taxar o patrimônio é absolutamente contraproducente para a economia do país. Será mais um desincentivo à poupança e ao investimento, vale dizer, menos produção, menos empregos, menos riqueza. (Rodrigo Constantino. “Tributando a poupança”. www.veja.abril.com.br, 05.03.2015. Adaptado.) ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 38 Texto III A estrutura tributária brasileira faz com que as camadas menos favorecidas economicamente sejam as mais oneradas pela tributação no Brasil. De acordo com estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), os 10% mais pobres da população mobilizam 32% da sua renda no pagamento de impostos,enquanto os 10% mais ricos gastam apenas 21%. A auditora Clair Hickmann explica por que isso não deveria ocorrer: “Há alguns princípios básicos de justiça fiscal que estão na Constituição. Um dos princípios consagrados é o da capacidade contributiva – ou seja, cada cidadão tem que contribuir para o financiamento fiscal de acordo com seu poder aquisitivo e econômico –, mas isso não acontece no Brasil. Outro princípio muito importante é o da progressividade, que significa: quanto maior a renda, maior a alíquota.” Justamente para modificar esse quadro de desigualdade é que surgem as propostas de taxação das grandes fortunas. “A CUT tem defendido o imposto sobre grandes fortunas porque é preciso desonerar a classe trabalhadora e onerar aqueles com maior capacidade de pagamento”, pontua o também economista Miguel Huertas, da Central Única dos Trabalhadores. Cabe ressaltar que uma maior taxação sobre bens e propriedades não é exatamente uma pauta “de esquerda”. “Muitos reclamam de impostos no Brasil, mas eles na realidade são baixos quando comparados com os EUA, Reino Unido ou Alemanha”, disse o economista francês Thomas Piketty. “Em muitos países extremamente ricos, a taxação sobre a riqueza é maior do que a taxação sobre o consumo, e são países capitalistas que são mais competitivos que o Brasil”, afirmou. (Anna Beatriz Anjos e Glauco Faria. “A desigualdade traduzida em impostos”. www.revistaforum.com.br. Adaptado.) Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva uma dissertação, empregando a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema: O Imposto sobre Grandes Fortunas é uma injustiça com os mais ricos? 2.1. Comentário – Questão social 1. (FAMEMA 2018) Atletas transexuais Em 2018, a FAMEMA solicitou que o candidato discorresse sobre o tema explícito: Atletas transexuais devem participar de esportes competitivos sob o novo gênero? Para isso, a Banca ofereceu 4 excertos como apoio para a reflexão. O primeiro texto narra o recorde de uma jogadora transexual, ela conseguiu marcar 39 pontos em um mesmo jogo. Tal fato atiçou o questionamento sobre permissão de atletas trans atuarem nos esportes, e, ao mesmo tempo, deu visibilidade a um grupo normalmente marginalizado, pois o fato poderia abrir oportunidades de inserção de pessoas trans no esporte. O segundo texto explica melhor a polêmica. Tifany, a jogadora, ainda não estaria nos níveis hormonais em que uma mulher se encontra, portanto, seria injusto que ele participasse em competições femininas. O texto 3, era uma “Carta aberta ao Comitê Olímpico Internacional” de Ana Paulo Henkel. Nela, Henkel demonstrava respeito pela pauta de luta dos transexuais, mas afirmava que a inclusão de alguém que tinha originalmente corpo e hormônio masculinos humilhava as jogadoras. Por fim, o último texto da coletânea esclarecia como realiza-se a transformação. Atualmente, é possível medir a taxa de hormônios e fazê-los atingir a taxa média do que se espera para uma mulher, isso traz consequências. ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 39 No caso da Tifany, ela teve alteração na densidade óssea, na musculatura e na proporção de células vermelhas. Ela perdeu potência e explosão. Teses possíveis Esse é um tipo de proposta que permite uma variação de resposta muito pequena. Há três possibilidades: 1. As atletas transexuais devem participar de esportes competitivos. 2. As atletas transexuais não devem participar de esportes competitivos. 3. As atletas transexuais podem participar, mas.... Argumentos possíveis (entre outros) Primeira tese: as atletas transexuais devem participar - O controle hormonal permite que o trans tenha o mesmo nível de hormônio que uma mulher ou um homem. - A participação de uma trans nessa área tão exclusiva poderia abrir portas para os transgêneros na luta pelo reconhecimento. - No próprio esporte, desde a década de 80, tornou-se comum o uso de substâncias que potencializam a capacidade dos atletas; ora, uma atleta trans poderia ser equiparada a um atleta que usa anabolizantes, prática comum no esporte. - Não se trata de má-fé; o atleta quer apenas ser reconhecido, não se vale de alguma vantagem física por malandragem. - O que uma trans manifesta, um nível hormonal alterado e musculatura um pouco mais robusta, também é encontrado em mulheres; ou seja, ela não está acima do espectro feminino. Segunda tese: as atletas transexuais não devem participar - Por mais que o indivíduo use hormônios e os estabilize, a formação inicial de homem deixa marcas que faz com que o atleta tenha vantagens diante de outras mulheres. - Naturalmente, as mulheres têm taxas de explosão muscular e de força mais baixas que as dos homens, por isso foi criada uma categoria só para elas. - A necessidade constante de bloqueadores de testosterona indica que o corpo, no que diz respeito ao seu funcionamento, mantém características masculinas. - Como a condição feminina é mantida artificialmente, jamais se poderá saber qual seria, de fato, as potencialidades do atleta se ele nascesse mulher. Terceira tese: As atletas transexuais deveriam participar, mas... Nesse caso, seria importante destacar em quais circunstâncias isso seria possível. Pode-se pensar que não haveria restrições... -quando a transição do gênero fosse do masculino para o feminino; - se houvesse acompanhamento médico constante que avaliasse os níveis hormonais; - para os esportes que não exigissem explosão ou potência de forma significativa, como tênis de mesa, tiro, esgrima etc... Obviamente haveria muitas outros encaminhamentos argumentativos. Repertório A questão da sexualidade e da transexualidade As recentes discussões sobre sexualidade poderiam ser incluídas no texto implícita ou explicitamente. Acredita-se, atualmente, que a identidade sexual desenvolve-se a partir de dois fatores: um fisiológico, seus órgãos genitais; e pela posterior orientação sexual. Não se deve usar a expressão “opção sexual”, pois a criança, a partir de dois anos, começa a manifestar que talvez ela não aceite sua determinação fisiológica. Ora, na infância, uma criança não poderia escolher, ou seja, não se trata de uma “opção”, palavra que dá a entender que o indivíduo escolheu conscientemente sua sexualidade. ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 40 No caso de transsexuais, a pessoa apresenta uma discordância entre o seu sexo biológico e o seu senso de pertencer a um determinado gênero. Cultura versus natureza Quem não aceita as outras formas de orientação sexual, normalmente se apegam a ideia de que existe uma sexualidade natural. A existência dos órgãos genitais expressaria isso. Essa é uma tese complicada, pois não temos provas de que isso é verdadeiro, já que, se apenas a genitália bastasse, não haveria tanta variação de desejos sexuais. A tese contrária, a de que a orientação sexual não se reduz ao dado da natureza, encontra apoio em Freud, por exemplo, o pai da psicanálise. O alemão observou que diferentemente dos animais, a sexualidade humana não se restringe à genitália, aos fins reprodutivos e nem ao coito simplesmente. Outra ideia interessante que poderia ser utilizada é a dos existencialistas, e, entre eles, a de Jean-Paul Sartre, para quem a existência precede a essência. Isso significa que o homem não tem determinações biológicas (essência), ele se produz como homem nas suas práticas e nas suas escolhas. Um trans nasce com seu sexo biológico, mas isso nada significa, pois como ele vai lidar com isso é que determinará o que ele de fato será. 2. (UEA 2018) Trabalho escravo O estilo da proposta da UEA segue o modelo já consagrado da banca VUNESP, uma coletânea média e instruções com tema explícito. Nesse caso, o candidato foi convidado a refletir sobre o tema explícito: “Lista suja do trabalho escravo: entre a proteção aos trabalhadores afetados e o direitode defesa das empresas.” Uma das grandes dificuldades em relação a esse tema se relaciona à falta de conhecimento em relação ao tema. O que é escravidão moderna? O que é lista suja? Como isso funciona? A coletânea fornecia dados para que o aluno se inteirasse da questão. O texto 1 era bastante informativo. Traduzia a prática análoga a escravidão em números: 187 empregadores estão na lista suja, 2.375 trabalhadores foram submetidos a tais condições e são 5, as áreas em que se observa esse tipo de trabalho: fazenda, construção civil, oficina de costura, garimpo e mineração. Além disso, o texto define o que é trabalho análogo à escravidão, uma atividade forçada exercida sob condições degradantes e jornadas exaustivas. Classifica-se da mesma forma a servidão por dívida. Já o texto seguinte esclarecia o que era lista suja. Trata-se de um registro de empresas que se valeram desse tipo de trabalho. Há consequências para quem tem o seu nome inserido nessa lista. Não receberá qualquer aporte de bancos públicos e nem poderá negociar com estatais. Além disso, outras empresas, que precisam manter o bom nome diante do consumidor, não vão querer vincular seus produtos a fornecedores que se valem do trabalho análogo ao escravo. Trata-se de um mecanismo de transparência. Nessa polêmica, fica difícil defender as empresas, ainda mais que a Banca não oferece muitos detalhes dos problemas que as empresas podem enfrentar. No texto 3, há uma declaração vaga das empresas de que, depois da suposta autuação, não têm a oportunidade de se manifestar nos autos. Teses possíveis Esse é um tipo de proposta bastante comum nessa banca. O candidato fica entre dois extremos podendo admitir uma situação intermediária de conciliação. 1. A lista suja deve ser defendida, pois protege os trabalhadores afetados. 2. A lista suja é injusta em relação às empresas. 3. A lista suja deve ser mantida, mas a inclusão das empresas só pode ocorrer depois de meticulosa averiguação. ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 41 Argumentos A tese a favor das empresas é mais difícil de defender, e os argumentos possíveis foram assinalados na coletânea: não se permite uma defesa ampla, pois o nome do possível infrator já é listado nesse cadastro logo depois do flagrante. Pode-se, talvez, apelar para o livre mercado ou para o fato de que tal lista suja acaba tornando a situação do empresário que deseja regularizar sua situação muito difícil. Os argumentos a favor dos trabalhadores são mais consistentes e permitem abertura para uso do repertório. Na relação entre trabalhador e empregado, obviamente, o segundo, por não ter os meios de produção (Marx), submete-se ao empregador numa situação de desigualdade de reconhecimento de diretos fundamentais. A prática de escravidão, sempre se pautou pelo uso do indivíduo como sendo um objeto para manipulação. Ideia que vai contra todos os parâmetros de direitos reconhecidos inclusive pela legislação brasileira. Pode-se citar Kant, que afirma ser totalmente antiético tratar um outro ser humano como meio e não como um fim. Outra estratégia consiste em explorar o que foi a escravidão no Brasil, só que, nesse caso, é preciso cuidado para não dar a impressão de que a escravidão daquela época “é a mesma” que podemos encontrar no Brasil de hoje. Outro veio argumentativo passa pela configuração do Liberalismo dada pelos contratualistas. Hobbes, por exemplo, entendia o Estado como regulador de contratos entre as partes (empresas/empresas ou empresas/pessoas). Ora, um contrato exige que as duas pessoas sejam livres. Sendo assim, a escravidão remete a uma fase pré-contratualista e pré-capitalista. O hábito é francamente antimoderno. Quanto à argumentação desses empresário de que não teriam direito à defesa, basta lembrar que a inclusão no cadastro só ocorre depois da atuação dos fiscais. Não há registros de ações desse tipo tenham sido fraudulentas. Quando os fiscais conseguem um mandato para realizar a operação, já há provas suficientes de que os trabalhadores estejam vivendo sob péssimas condições. A terceira via permite a produção de um texto mais equilibrado, mas não necessariamente melhor. Tudo vai depender da organização textual e do repertório que você consegue inserir na sua redação para torná-la mais interessante. Pode-se defender os direitos dos trabalhadores e, no final, apresentar alguma ressalva a favor dos empresários. Conceder que lhes seja permitido um prazo maior de defesa, por exemplo. 3. (Famerp 2019) Obrigatoriedade da vacinação A banca trouxe 3 textos de apoio e a frase tema “Obrigatoriedade da vacinação: entre a prevenção a doenças e o respeito às escolhas individuais”. Essa frase tema traz os dois direcionamentos entre os quais os candidatos devem escolher para confeccionar seu texto. Seu posicionamento deve ficar claro pela argumentação da dissertação. O texto 1 discute o retorno de ocorrências de várias doenças que haviam sido consideradas erradicadas há anos. Por fim, no último parágrafo, o texto destaca que uma possível causa desse retorno seja o descuido da população com a vacinação, já que as pessoas consideraram desnecessário vacinar-se se as doenças em questão “não existem” mais. Nesse caso, é um texto que oferece mais argumentos para aqueles candidatos que escolherem defender a importância das vacinas como métodos eficientes de prevenção de doenças. Aqui, é possível expandir a argumentação levando-se em conta a contradição entre a disseminação de informação atualmente e a concentração de informação em alguns nichos específicos, como a área da medicina. Apesar da internet e de toda a informação disponível, conhecimentos acerca de saúde foram democratizados a todos? É importante tomar muito cuidado aqui com “lugar de fala”, pois a realidade ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 42 de miséria e falta de acesso a direitos básicos ainda é recorrente em parte do Brasil, então, atente-se para não fazer generalizações que façam seu texto perder credibilidade. Mais uma expansão argumentativa poderia estar na discussão a seguir: Se há uma quantidade tão imensa de informações disponíveis, as informações corretas ou de qualidade perdem espaço e visibilidade no fluxo intenso de banalidades e acabam não atingindo o público. Quantas vezes você está rolando o feed do facebook ou do instagram e só vê superficialidades? Será que se houvesse alguma informação relevante sobre saúde (aviso do ministério da educação ou da saúde, por exemplo) não passaria despercebida? O inverso também pode ser refletido: será que o grande acesso à informação fez com que mais pessoas fossem informadas? O exemplo do preservativo talvez seja algo que se encaixe nessa linha de raciocínio. Lembrando sempre de atentar para não fugir do tema nas discussões. Já o texto 2 discute a questão da vacinação especificamente no Brasil. Apesar de possuir um sistema de vacinação admirado por todo o mundo, o país sofre retaliações de parcela da população que acredita se tratar de uma espécie de plano governamental que prejudicaria a saúde do povo. O texto explicita como existem grupos defensores desse pensamento e sua organização elaborada para se ajudarem, tanto a não serem pegos pelas autoridades quanto para encontrarem alternativas às vacinas, visto por eles como nocivas. O principal ponto a ser percebido e discutido nesse texto, em termos de sociedade, seria a relação do brasileiro com a figura da autoridade. Em geral, a população não dá muito crédito aos órgãos públicos e suas autoridades e representantes políticos. Para fundamentar esse ponto de vista, é possível utilizar o ciclo vicioso em que os processos geralmente são ineficientes no serviço público, o que faz com que as pessoas procurem não os utilizar (talvez preferindo o meio privado) e acomodem-se com essa situação, aceitando-a; e aí, sem cobrança/fiscalização/demanda, o serviço públicotambém se acomoda. Você já ouviu alguém dizer que "no serviço público ninguém trabalha?", pois então. E existe também o outro lado da moeda, em que a pergunta é "você sabe com quem está falando?". O texto 3 funciona como uma sumarização das ideias anteriormente discutidas. Ele mostra que são antigos a desconfiança da vacinação e o pensamento de que talvez haja algum prejuízo por trás. Além disso, ele reforça a desinformação da população. Por último, aqui é possível discutir (e usar a alusão histórica para fundamentar) como a falta de informação gera medo do desconhecido e atitudes por vezes extremas, como mostrado pelo texto. Encaminhamentos possíveis: 1) Fundamentando-se nas manifestações de especialistas da área da saúde sobre o enorme efeito benéfico das vacinas, não se vacinar é uma forma de se arriscar a contrair doenças outrora consideradas erradicadas. Argumentos: - Argumentos de autoridades médicas; - Estatísticas que afirmam o retorno de doenças que estavam erradicadas. 2) Embora a liberdade individual seja defendida por lei, escolher não se vacinar ou não vacinar seus filhos não se trata apenas de uma decisão individual, visto que afeta a coletividade em que se está inserido. Argumentos: - Conceito de democracia representativa, em que os representantes escolhidos, em teoria, tomam decisões em benefício de uma maioria; ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 43 - Dado que vivemos em sociedade, se uma parcela não se vacina, corre o risco de haver contaminação interna. 3) Visto que se trata de uma decisão que demanda a ingestão de componentes não naturais/químicos, vacinar-se torna-se uma decisão individual sobre como cuidar do próprio corpo. Argumentos: - Liberdade de escolha individual; - (é um caminho argumentativo um pouco mais trabalhoso) Analogia com as grávidas que recusam anestesia total ou parcial ao darem a luz, a fim de não contaminar o filho com nenhuma substância não natural. 4. (Autoral 2020 Wagner Santos) Formação identitária de grupos minoritários Nessa proposta, será necessário construir um texto dissertativo-argumentativo, também conhecido como dissertação-escolar. Nesse texto, você precisará tomar um posicionamento sobre o tema que, como podemos perceber, é um pouco mais complicado, ainda que extremamente interessante. O tema trata de uma das discussões comuns para o momento atual: como os grupos de exclusão e minorias se definem em uma sociedade massificada. Esse ponto é a origem de seu texto: você deverá olhar para o momento atual e ver como esses grupos se comportam socialmente, principalmente no que constrói sua identidade. Nesse ponto, é interessante que você pense no que é a identidade em meio à massificação social, no sentido de que todos acabam apresentando as mesmas formas de comportamento, muito influenciadas, por exemplo, pela organização econômica da sociedade e suas formas de relação pessoal. Aqui, você pode usar e abusar da teoria de Modernidade Líquida de Bauman, por exemplo, visto que ele apresenta as modificações que vêm ocorrendo, nos últimos anos, com relação às relações humanas em meio ao que ele entende como uma sociedade líquida. Vale destacar, ainda, que seu texto deve apresentar dois elementos já pedidos pela própria banca: a definição de minorias e grupos de exclusão, entendidos como aqueles grupos que não têm seus direitos respeitados e cumpridos em meio à sociedade; bem como a apresentação das práticas sociais que auxiliam na construção identitária desses grupos. Acreditamos que o primeiro conceito pode, facilmente, fazer parte de sua introdução, visto que ela fica extremamente interessante quando apresenta contextualização e não aborda diretamente sua tese. O segundo elemento pode aparecer ou em seu desenvolvimento, como fundamentação para seus argumentos, ou em sua conclusão, em que você apresentaria o conceito como retomada das ideias apresentadas. Não se esqueça de que, ainda que essa redação não seja uma redação para o ENEM, é interessante que você fundamente suas ideias, seus argumentos, sempre por meio de repertório que seja pertinente às suas ideia, para que elas não fiquem pairando, por assim dizer, no senso comum. Essa é uma dica que se aplica a todas as suas construções argumentativas: use repertório para fundamentar suas ideias. Seguindo o que a proposta pede, você produzirá uma redação que será bem avaliada na correção feita. ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 44 5. (Autoral / Wagner Santos) Apropriação cultural O tema, então, é bastante transversal, visto que, ao falarmos sobre apropriação cultural, passamos, necessariamente, por temas como o racismo e a condição do negro no país. Em uma nação que “bate no peito” para dizer que vivemos uma democracia racial, determinada apenas pelo esforço dos envolvidos, vemos que determinados símbolos da cultura negra, em especial, são vistos de maneira diferente quando utilizados por pessoas de etnias diferentes. Por exemplo, uma negra que utiliza um turbante pode ser – e é – muitas vezes muitas vezes entendidas como uma afronta à sociedade. Por outro lado, uma mulher branca usando um turbante pode ser entendida como alguém que “homenageia” outra etnia. Olhando a partir de uma outra perspectiva, é possível entender que a utilização de símbolos pode ser vista como fruto de uma construção cultural miscigenada. Esse é um caminho possível, claro, que não necessariamente será fácil de entender, principalmente quando pensamos que os símbolos são esvaziados ao serem utilizados por aqueles que não estão envolvidos culturalmente com os próprios símbolos. É o que vejo, por exemplo, com o uso constante de fantasias de índios em escolas e durante o carnaval, momentos em que a simbologia das penas e da ausência de roupas não é considerada um aspecto religioso e, principalmente, cultural. Esse é um bom exemplo comparativo para a sua construção textual. Dessa forma, pensar em uma apropriação cultural, em um país como o nosso, pode ser difícil, se levarmos em consideração a apropriação, bem como pode ser uma saída para a discussão dessa miscigenação na cultura. É inegável que o verdadeiro brasileiro é uma mistura de raças (hoje, já chamamos de raça porque consideramos a completude da etnia com os aspectos culturais), contudo é mais complicado entendermos que há, realmente, uma configuração miscigenada em nossa cultura, visto que os símbolos são ressignificados ao serem utilizados de forma mais ampla. 6. (UEA) Epidemia de sífilis no Brasil O tema toca em um assunto de enorme preocupação social: o retorno da sífilis como um problema de saúde sério. Os fatores que levam a esse retorno são muito controversos e se tornam o tema dessa redação, visto que o tema, em forma de pergunta, apresenta duas das possíveis motivações para que a epidemia aconteça. Segundo especialistas, há uma diminuição absurda no número de pessoas que usam a camisinha, principalmente com relação aos jovens. Além disso, temos um sistema de saúde exemplar em muitos aspectos – como os de atendimento de toda a população – e precário em muitos outros, principalmente com o desvio constante de verbas para a saúde. Segundo o tema, você pode escolher um desses dois caminhos para a tese, apesar de entendemos que pode haver um equilíbrio entre eles. Ou seja, você pode colocar “na conta” dos jovens que não se protegem a culpa pela maior parte das contaminações; pode dizer que isso é culpa do sistema de saúde, principalmente pela falta de prevenção e de tratamento, dado o desabastecimento de penicilina que, volta e meia, assola o país; ou, ainda, pode dividir a culpa. Os jovens, descuidados, ao buscarem tratamento não o encontram e, sem se curar, dão continuidade ao ciclo de contaminação entre outros jovens. Um dos seus argumentos, ou caminho argumentativo, é trabalhar com a necessidade de que o Estado, ainda que não seja o completo culpado pelo problema,tem como principal função cuidar dos seus cidadãos, como afirmam Aristóteles e Hobbes em momentos diferentes. Como os textos indicam, o arrefecimento das campanhas governamentais de conscientização dos jovens é um dos problemas que afeta diretamente a transmissão dessa doença. Além disso, podemos entender que a enorme discussão ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 45 acerca da disciplina de “orientação sexual” nas escolas atrapalha um momento em que os jovens poderiam aprender sobre as formas de prevenção não somente à sífilis, problema mais específico, como a todas as demais doenças sexualmente transmissíveis. Com relação à estrutura de seu texto, recomendamos que, em sua introdução, você apresente contextualização de seu tema. É importantíssimo que você pense que não o leitor de seu texto não terá conhecimento de seu tema até ler seu texto. Sei que temos uma relação estranha com isso, uma vez que já sabemos que nosso leitor é o corretor de nosso texto, claro, já sabendo do nosso tema. Eu sempre digo pra fingirmos que não sabemos quem lerá o texto, para que você coloque essa contextualização em sua introdução. Além dela, recomendamos que você já apresente sua tese, para que fique claro aquilo que será defendido por você. Depois de apresentada a tese e o tema, é hora de argumentarmos para sustentar o que estamos defendendo, ou seja, devemos sustentar a nossa tese sempre por meio de argumentos. Tais argumentos, claro, precisam de sustentação também. Essa segunda sustentação é aquilo que se convencionou chamar de repertório, ou seja, você argumenta e, ao apresentar repertório, sustenta o argumento e o tira do senso comum, dando profundidade e conteúdo que, literalmente, agrada o leitor. Pense sempre nisso: argumentou? Então, é necessário que haja repertório para sustentar o tema. Por fim, sua conclusão, a partir do tema trazido na proposta, não combina com uma proposta de intervenção, que vocês têm usado com cada vez mais frequência, por apresentar uma fórmula que auxilia vocês na escrita. Recomendamos que, aqui vocês usem uma conclusão no estilo clássico, com retomada de tese em seu início, reafirmando o que você defendeu; e resumo dos argumentos. Se, ainda assim, vocês decidirem ir para o “lado” da proposta, muito cuidado para não ferir nenhum direito garantido pela legislação brasileira ou que fira os direitos humanos. A seguir, apresentamos um resumo do que deve ser colocado por você em seu texto. Vamos lá! Coletânea de textos Na coletânea de textos dessa proposta, temos textos extremamente diretos e que corroboram nossa ideia de que a epidemia é uma relação que conjuga o descaso governamental e o comportamento ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 46 preocupante dos jovens brasileiros. Atente-se para o fato de que o tema fala diretamente dos jovens, a parcela atualmente mais afetada pela epidemia. Teses e caminhos argumentativos Como apresentei antes, nesse caso, com a construção da pergunta, ainda que essa só indique duas possibilidades de resposta, entendemos que há uma terceira, mais lógica, de que a culpa da epidemia é uma mistura de culpas, visto que somente o governo não consegue resolver e causar o problema, e que o comportamento dos jovens pode ser influenciado pelo governo, por meio de campanhas. Tente, assim, construir uma argumentação que seja condizente com essa ideia. A seguir, apresentamos alguns argumentos que podem servir como ponto de partida de seu texto. ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 47 7. (FAMEMA 2020) Redução da maioridade penal Tema e proposta O tema apresentado propõe a construção de uma dissertação-argumentativa, em que será defendida uma das teses que serão apresentadas mais à frente. Sua defesa, claro, deverá ser feita por meio de argumentos que se combinem com a tese. Importante destacar que, de posse de um tema tão complexo, é necessário que seus argumentos sejam extremamente fundamentados, por meio de base argumentativa, que, hoje, é mais conhecida como repertório, depois do ENEM. O tema em sim, que trata da redução da maioridade penal no país, é extremamente contemporâneo e polêmico, principalmente porque as pessoas se dividem, hoje, em dois grupos, essencialmente, o daqueles que são contra e o daqueles que são a favor, polarizadamente. Dessa maneira, é importante que você pondere bastante com relação à sua escolha de tese e, claro, de argumentos. Como é um tema que trata de seres humanos e punição, diretamente, é interessante notar que há sempre perigo de ferirmos os direitos humanos. Ainda que isso não seja motivo de anulação da sua redação, é comum que a nota de argumentação caia substancialmente quando esse desrespeito ocorra. Assim, organize suas ideias antecipadamente, posicionando-se diante da pergunta que é o tema. Ah sim, vale sempre destacar que, como o tema está em forma de pergunta, é necessário que vocês a respondam de maneira indireta, sem ser “sim ou não”, ou sem qualquer referência a ela. O tema deve ser apresentado e sua tese será a resposta à pergunta do tema. Pense bastante nisso antes mesmo de escrever. ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 48 Coletânea de textos É interessante notar que a coletânea de textos apresenta dois textos bastante posicionados contra a redução da maioridade, no caso, a charge e o último texto; e um texto posicionado a favor da redução, com viés de análise dos direitos e respeito às vítimas. Com relação ao posicionamento contrário à redução, temos a charge, que é o texto mais “pesado”, por assim dizer, porque inclui a classe social na discussão; e o texto 3, que aponta evidências científicas para a não redução. A favor do processo de redução, temos o texto 2, que apresenta a ideia de que as vítimas, nessa relação, não estão sendo respeitadas. A seguir, como já é praxe, apresentamos um pequeno resumo dos textos. Não se esqueça de não usar os textos que, necessariamente, são somente motivadores, sem que sejam copiados de forma alguma. Teses e argumentos possíveis para o tema A construção de um tema em forma de pergunta é muito interessante, porque as teses ficam bastante diretas. Assim, seu posicionamento poderá ser: 01. A redução auxiliará na diminuição dos números da violência no Brasil • Adolescentes de 16 e 17 anos, na proposta de redução para os 16 anos, já têm discernimento para responder pelo que faz, sabendo o que faz e porque faz. • Há grande apoio popular à redução, por pressão social e de aumento na criminalidade. • O fato de só poderem permanecer presos por 3 anos aumenta a sensação de impunidade para os adolescentes e jovens, fato que amplia a vontade de cometer crimes. ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 49 • As medidas de redução são muito comuns em outros países, como os Estados Unidos e a Nova Zelândia. • O ECA, apesar de ser um documento interessante, é insuficiente para resolver o problema da violência cometida por menores. • Os crimes cometidos antes dos 18 anos não configuram “reincidência” após os 18, fato que atrapalha a análise de vida do criminoso. • Com um maior rigor nas punições e consequente redução, temos que os menores serão menos aliciados pelos traficantes, por exemplo. 02. A redução não auxiliará na diminuição dos números da violência no Brasil • Sabe-se que educar é melhor do que punir, como provam os estudiosos. • A redução da maioridade será muito prejudicial para as classes mais pobres. • O sistema prisional é conhecido, de maneira correta, como “escola do crime”, visto que não garante a reinserção dos ex-detentos na sociedade. • O sistema carcerário, sobrecarregado, seria ainda mais prejudicado com a entrada desses jovens nos presídios. • Apesar de países com maioridade inferior a 18 anos, a maior parte dos países mantém a maioridadeem 18 anos. • Há um processo protetivo e educativo na idade da maioridade e na existência do ECA. Sempre gosto de destacar que esse são argumentos que podem servir de direcionamento para o que você escreverá, bem como os repertórios apresentados a seguir. Sabemos, inclusive, que este costuma ser um problema de início para vocês, visto que arrumar argumentos costuma ser muito complicado na produção de um texto. Repertórios • Aproximadamente 85% da população brasileira é favorável à redução, segundo pesquisa do Datafolha. • Os crimes hediondos correspondem a cerca de 20% dos crimes cometidos por menores, que são encabeçados por crimes mais leves ou relacionados ao tráfico de drogas. • A população pobre e preta é afetada de forma mais direta por qualquer modificação relacionada a crimes no país, visto corresponder a 75% dos presos em presídios no país. • Há um fortalecimento de discurso das classes dominantes nesse caso, visto que, ainda que os criminosos sejam cidadãos brasileiros também com direitos, somente a segurança da classe dominante será defendida com essa redução. • O pensamento egocêntrico, segundo Bauman, torna-se cada vez mais presente na sociedade pós-moderna. Há uma necessidade de cuidar-se exclusivamente, independente dos outros. • No Brasil, são 600 mil presidiários para 350 mil vagas nas cadeias. ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 50 • A Constituição garante o cuidado e a proteção especial para os menores de 18 anos. 8. (Faculdade Israelita Albert Einstein 2020) “Uberização” do trabalho Tema e proposta O tema é bastante atual e se mostra necessário para a discussão na sociedade, principalmente porque temos um país em que a crise econômica é extremamente presente, acompanhada de um número recorde de desempregados que encontram, na chamada economia informal, a sua forma de sustento e sobrevivência. Aproveitando-se desse problema, as empresas de aplicativos crescem pelo mundo, colocando em questão uma série de direitos e de ideias antigas sobre o trabalho. Para muitos, esse momento é criado pela própria ideia neoliberal que promete combater o problema. Seria mais ou menos o seguinte: criamos o problema e prometemos resolvê-lo. É essa a ideia desses “salvadores da pátria” que são os aplicativos, tanto os de entrega e compras, quanto os de aluguel de carros e casas. A proposta é que você lucre com a sua capacidade, colocando em xeque os seus direitos e prometendo uma enorme liberdade, pensando no momento em que você monta seu horário e dias em que quer trabalhar. Seu texto, em meio a essa discussão, deverá apresentar um posicionamento, claro, visto tratar-se de um texto dissertativo argumentativo. Por isso, você deve acrescentar, em sua introdução, a sua tese, demonstrando o que será defendido por você durante a redação. Assim, você deverá apresentar argumentos que comprovem que você está defendendo uma ideia lógica, que pode ser defendida. Por fim, não é interessante apresentar uma proposta de intervenção, como vocês têm feito com muita frequência. É importante que você termine sua redação retomando suas ideias. Coletânea de textos Nessa coletânea de textos, temos uma relação ampla para o tema, fazendo com que o pensamento dos candidatos seja extremamente amplo também na escrita. Dessa forma, percebemos que devemos considerar as diferentes formas de pensar esse assunto. Ainda mais porque há uma possibilidade de pensarmos no meio do caminho das duas formas apresentadas, afinal, temos aspectos importantes dos dois lados de pensar, seja a favor da uberização, seja contra ela. ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 51 Tese, argumentos e repertórios Da forma como o tema se apresenta, percebemos a possibilidade de somente duas colocações: a uberização como um processo ruim, ainda que “vendendo” a ideia de que o trabalhador é livre para trabalhar somente quando e como quiser; e a ideia de que a uberização garante essa liberdade e que isso é muito mais importante que ter direitos trabalhistas garantidos, como acontece nos empregos regidos pela chamada CLT. Há, ainda uma opção de colocar as ideias dos dois misturados, mostrando que a uberização tem fatores positivos e negativos. nesse caso, basta que você una as ideias mais interessante dos dois elementos colocados a seguir. ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 52 9. (Mackenzie 2014) Fome e desperdício de alimentos Tema e proposta Como já estamos acostumados nas produções textuais do Mackenzie, a banca apresenta uma coletânea de textos curtos, que serão analisados à frente, e, da leitura atenta desses textos, é necessário retirar o tema a ser tratado em uma redação dissertativa-argumentativa, a conhecida dissertação escolar, que vocês tanto estudam na escola e treinam. É uma produção de texto que depende, em nosso caso específico, de conexão com as ideias defendidas nos textos. Essa nem sempre é a “atitude” das propostas, visto que, em muitos casos, temos os textos da coletânea funcionando apenas como motivadores. O tema aqui abordado é amplo, atual e necessário para a discussão sobre a construção de uma sociedade mais justa e igualitária: a fome. Como veremos à frente de forma mais específica, os temas tratados nos textos, relacionados claro à fome, passam pela participação popular em campanhas de combate à fome; pelo enorme desperdício alimentar que assola o mundo; e pelas consequências do combate à fome em todo mundo, com uma diminuição significativa da fome no mundo. Esses são temas transversais a aparecer em seu texto. O problema da fome é um dos mais sérios do atual momento. Em um mundo com mais de 7 bilhões de habitantes, com crescimento de quase 25% previsto para os próximos 30 anos, a distribuição de alimentos, necessária a uma vida digna, como determinam os “direitos humanos”, é tema importante para discussão. É claro que há inúmeros esforços para que esse problema seja eliminado ou, ao menos, diminuído de forma significativa. Como empecilho para isso, encontramos o desperdício de quase um terço dos alimentos produzidos no mundo e, claramente, a diferença social, com grande desigualdade. Esses são argumentos que retomaremos à frente, mas que já servem para direcionar sua organização de texto. Inclusive, recomendamos que você faça um bom planejamento de seu texto antes de escrevê-lo, visto que o tema é bastante amplo. Olhando para sua produção textual, sua introdução deve apresentar o tema e, caso você vá se “dedicar” a um dos temas transversais incluídos (fato que desaconselhamos, visto que você deve fazer referência aos textos de alguma forma – sem copiá-los, claro), um recorte desse tema. Na realidade, esse recorte é importante já na introdução, visto que temos um tema amplo demais. Falar sobre fome é importante, mas envolve elementos demais que, se não forem delimitados, podem acabar causando ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 53 problemas á leitura fluida e correta de seu texto. Para auxiliar nessa clareza, é importante aquela nossa organização prévia. Destacamos, ainda, que sua tese será importante já na sua introdução. Em seu desenvolvimento, por sua vez, é importante que você apresente os argumentos que sustentarão o seu recorte e sua tese. Um parágrafo para cada um desses argumentos é o necessário. Coloque seus argumentos de forma sustentada por base argumentativa, conhecida ultimamente como repertório. Nesse caso, as estatísticas e as pesquisas serão sua principal fundamentação, visto tratar-se de um tema muito real e presente na sociedade. Ao falar de governo, cabem também repertórios relacionados ao papel do Estado nesse caso. Só não deixe de sustentar suas ideias, inclusive para que elas fujam do senso comum. Por fim, ao apresentar sua conclusão, você pode seguir um dos dois caminhos: ou apresenta uma retomada das ideiasapresentadas, com reforço de tese e resumo dos argumentos; ou, caso problematize em seu texto, pode utilizar uma proposta de intervenção que, penso, deve ser mais criativa, fugindo dos clichês de criação de leis e de campanhas que visem à conscientização da população. Seriam interessantes, por exemplo, a criação de programas nas escolas, para que as crianças aprendam, com a prática, a situação das pessoas que passam por momentos de fome. Em resumo, não se esqueça de que sua estrutura deve ser pensada da seguinte forma: Coletânea de textos A coletânea de textos, nessa proposta, é extremamente importante, visto que é da leitura dos textos que tiramos o tema e porque, como indica a banca, suas ideias precisam estar conectadas com as dos textos. Por isso, sempre que se deparar com uma proposta do Mack, leia atentamente e com calma os textos, procurando, inclusive, destacar as informações principais, porque isso já facilitará sua escrita. Destaco, contudo, que essa relação de proximidade não deve passar por cópia dos textos, não se esqueça disso. Dessa forma, o texto 1, da filósofa Marilena Chauí, temos a apresentação do problema da fome, passando pela existência de programas que visam acabar com o problema. O texto é um pouco mais subjetivo, porque apresenta a forma como nos sentimos diante desse problema tão sério que, como a ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 54 autora apresenta, atinge de forma mais forte “crianças e idosos”. Nesse texto, já temos o gancho para o que será apresentado a seguir: o desperdício como um dos problemas geradores da fome e de nossa indignação. Na conclusão do trecho, a autora apresenta que essa preocupação faz parte de nosso senso moral, ou seja, deve fazer parte de nossa formação individual. É necessário que tenhamos preocupações relacionadas ao problema da fome no mundo. O texto 2, por sua vez, apresenta de forma direta o problema do desperdício de forma direta, com dados que comprovam esse desperdício. Os números são assustadores, quando pensamos, conforme o texto, que um terço dos alimentos produzidos no mundo são desperdiçados enquanto as pessoas passam fome. Esses números indicam que o consumo por parte das pessoas que ocupam classes sociais privilegiadas e consomem desregradamente e, pior do que isso, desperdiçam sem levar em conta quem poderia ser ajudado com isso. No final do texto, o autor apresenta a relação de cuidado da ONU em lançar uma campanha de conscientização sobre o consumo e o desperdício de alimentos. Por fim, o texto 3, apresenta a ideia de que o problema é grave, claro, mas que tem começado a demonstrar melhora substancial, com diminuição do número de pessoas que passam fome e que, geograficamente, a fome tem se reduzido, com a retração das chamadas “fronteiras da fome”, as quais, como o autor aponta, são “o conjunto de países com problemas crônicos de distribuição alimentar”. De posse dessas informações trazidas pelos textos, podemos começar a pensar em alguns argumentos, apresentados a seguir, para direcionar seu pensamento, apenas. Tese e elementos argumentativos A seguir, apresentamos alguns argumentos e repertórios que podem ser utilizados por vocês na construção de seu texto. Ressaltamos, como dito anteriormente, que as informações apresentadas a seguir servirão como direcionamento para vocês e não como verdades absolutas ou redutoras. ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 55 10. (Autoral 2020) Coronavírus Tema e proposta O tema apresentado propõe a construção de uma dissertação-argumentativa, em que será defendida uma das teses que serão apresentadas mais à frente. Sua defesa, claro, deverá ser feita por meio de argumentos que se combinem com a tese. Importante destacar que, de posse de um tema tão complexo, é necessário que seus argumentos sejam extremamente fundamentados, por meio de base argumentativa, que, hoje, é mais conhecida como repertório, depois do ENEM. O tema em si, Crise do coronavirus: entre a economia e a saúde, coloca em choque os dois elementos de discussão mais severa nesse momento no mundo, a economia e a saúde colocadas frente a frente em um contexto de pandemia que pede isolamento social como forma de não crescimento da epidemia. Países que demoraram demais a propor o isolamento social, como a Itália, hoje apresentam um volume de mortes absurdo, percentualmente falando. Outros, como os EUA, que também demoraram a admitir a existência e a seriedade da pandemia, hoje são o epicentro do vírus. Independente do caminho que você escolher, sempre coloque em sua cabeça que é um argumento muito complicado aquele que fala sobre vidas valerem menos do que a economia. É uma equação muito complicada, pensar que poucas mortes são aceitáveis, desde que não tenhamos um colapso financeiro. Leve em consideração, também, que os incentivadores da não quarentena completa são aqueles que mais acumulam capital, ou seja, as grandes fortunas não querem deixar de ser grandes. Coletânea de textos Nossa coletânea de textos apresenta dois pensamentos opostos, exatamente para não direcionar o pensamento de vocês. Desses, antes do resumo, destaco a charge que trabalha com a relação entre a morte e o vírus. Esse é o cerne da discussão. Os contrários à economia como foco nesse momento, trabalham com a ideia de que as mortes causadas pelo vírus não são em volume absurdo, principalmente no Brasil, fato que pode justificar a relação de não parar o país. ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 56 Tese e argumentos possíveis (já trazendo alguns repertórios) Ao analisarmos de forma lógica a relação proposta no tema, encontramos três teses possíveis. Uma que coloca a economia acima do resto; outra que coloca a saúde acima de tudo; e, por fim, nossa tese preferida, que é a que busca o equilíbrio entre os dois casos. Claro que, a título de argumentação, apresentaremos os argumentos a favor e os contra, visto que, para a tese que prega o equilíbrio, basta pegar os melhores argumentos de cada um. Vamos ver a seguir essa relação. ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 57 Como dito na introdução dessa seção, para a nossa tese preferida, aquela que aponta a necessidade de cuidar do problema sem, necessariamente, frear a economia, você pode aproveitar-se de argumentos dos dois lados. Entenda que sua posição, seja ela qual for, deve ser objetiva e centrada. É necessário que tenhamos clareza da sua defesa durante a escrita. 11. (UENP 2013) O papel da mulher nos dias atuais Análise da proposta Tema e proposta A proposta, por meio dos textos motivadores, tenciona a igualdade entre homens e mulheres, por meio do que prescreve a Constituição. Mas é importante questionar que essa igualdade não é realizada na prática. Em um país em que até os anos de 1970 era o homem o provedor das necessidades financeiras da casa, e a mulher estava resguardada aos serviços domésticos, essa realidade não se modificaria de uma hora para outra. Por sua vez, mesmo que havia essa subserviência feminina, está claro que várias mulheres já realizavam outras atividades em vários campos das atividades humanas, em especial no provimento de renda para casa. Em vista disso, mesmo que tivesse de abdicar de várias prerrogativas da vida social e fosse julgada dentro de uma sociedade patriarcal, essas mulheres estão presentes não só as atividades da casa, mas também da ciência, e é isso que os textos da coletânea vêm demonstrar. Portanto, em sua redação, quando você não tiver um tema determinado, é preciso seguir o caminho traçado pelos textos motivadores para conseguir responder ao que os avaliadores querem de você. Assim, em posse dessas informações, vejamos, a seguir, possibilidades de se trabalhar o tema. ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 58 A partir das informaçõeselencadas no quadro, observem que o tema pode ser trabalhado a partir de variadas perspectivas. Assim, um caminho para você desenvolver seu texto é pensar como as mulheres exercem papel fundamental na organização do lar, que não se restringe simplesmente aos afazeres domésticos, mas também no mercado de trabalho, que aí se inclui a ciência. Portanto, esse pode ser um argumento que possibilite um desenvolvimento textual mais consistente, apresentando mais possibilidades de ideias a serem desenvolvidas. Diante disso, esperamos que você, em sua redação, focalize uma das posições seguintes: ou disserte sobre o papel fundamental da mulher no resguardo do; por outro lado, você pode focalizar o importante papel das mulheres na ciência bem antes da era moderna. Assim, caso você queira trabalhar a primeira perspectiva, focalize, por exemplo, que as mulheres, na ausência de seus esposos, que se restringiam a oferecer a renda para casa, elas cuidavam de toda a estrutura familiar, que incluía toda a criação dos filhos, a organização da casa, os mantimentos que davam subsistência á família. Você pode trazer para seu texto que muitas dessas mulheres lavavam e passavam para famílias de fora, para complementar a renda da casa. Por sua vez, caso você queria trabalhar com a segunda perspectiva, lembre-se que quando os homens foram para as guerras, essas mulheres que assumiram as fábricas. Lembre-se, também, que essas mulheres exerciam papéis na arte, na ciência, atos esses que mostram suas representatividades, que nos permitiram, nos dias de hoje, já ter tido uma presidenta. Portanto, você tem caminhos variados para está desenvolvendo seu texto, basta se apropriar de um deles e escolher as ideias que melhor se articulem para desenvolver uma argumentação consistente. Pensando no exame, o texto Dissertativo-Argumentativo, utilizado pela UENP, compõe-se de três partes essenciais: ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 59 Na elaboração do texto dissertativo-argumentativo, deve-se apontar uma tese clara e consistente para que você, ao longo de seu texto, consiga argumentar com facilidade, sem necessitar recorrer a ideias que possam enfraquecer sua argumentação. Assim, em sua introdução, você deverá delimitar o seu tema, visto que, como comentamos acima, é amplo, e apresentar a sua tese. A partir disso, você estará construindo seu projeto de texto, elemento fundamental na escrita de uma redação. Quando uma produção apresenta um projeto de texto, o leitor, na introdução, já focaliza o assunto que está sendo abordado e o seu ponto de vista sobre ele, o que você irá defender sobre esse tema. Logo, com o projeto de texto, mostra-se, antes de argumentar, qual o caminho opinativo, ou seja, qual a tese que você apresentará em seu texto. Pense que o seu leitor, ainda que seja um corretor, não “conhece” o seu tema. É como se estivesse entrando em contato com ele pela primeira vez. Tudo caminha para que ele compreenda o tema a partir do seu texto. Se, por acaso, você costuma se perder na argumentação, principalmente quando tratamos da organização dos argumentos na cabeça, indique, logo na introdução, os argumentos que irá trabalhar ao longo da sua redação. Isso facilita a coerência de suas ideias. Por sua vez, no desenvolvimento, você deverá apresentar seus argumentos. Comumente, recomendamos dois argumentos pela extensão da redação. Pode parecer muito, mas 30 linhas, para um texto bem desenvolvido, acaba sendo pouco. Assim, com dois argumentos, fica um pouco mais fácil de desenvolver as ideias como deve. É importante destacar que o repertório deve estar presente, fundamentando seus argumentos de forma clara e produtiva. Sempre coloque repertório em seus argumentos e apresente, claramente, a ligação entre as duas partes: a sua afirmação e o repertório. Por fim, você deve concluir as ideias desenvolvidas ao longo do texto. Retome aos argumentos explanados para poder dar um fechamento geral no texto, sempre articulando ao tema de sua redação. Coletânea de textos ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 60 Os textos motivadores são suportes para a compreensão do tema. Assim, não se pode utilizar seus argumentos e nem parte desses textos na produção textual. Busque utilizar os textos como direcionadores dos seus pensamentos. Muitas vezes, vocês apresentam a ideia de que não podem ler os textos motivadores porque ocorrem essencialmente dois problemas: ou vocês descobrem que todos os argumentos que têm estão colocados nos textos; ou sentem uma incontrolável necessidade de usar aqueles argumentos que ficam fixos no seu inconsciente. Para resolver isso, só treinando muito a produção textual. Treine e treine e, quando cansar de treinar, treine mais um pouco. Escrever, nós realmente só aprendemos escrevendo. Os textos motivadores da coletânea apresentam caminhos para que você, na hora de sua escrita, consiga focalizar melhor a discussão que está sendo esperada. Portanto, os textos tencionam a igualdade entre homem e mulher, destacando a importância que as mulheres foram ganhando no cenário social. Assim, apontam mulheres que ganharam destaque, sempre reforçando que essas, mesmo com o avanço das relações ainda dominam os afazeres da casa. Tese e argumentos possíveis Como observamos ao longo dessa descrição, é possível pensar, sem se desligar do tema, em diferentes argumentos para o desenvolvimento textual. Buscamos sinalizar que encontrar um problema para dá solução ao assunto é um dos caminhos mais fáceis para o desenvolvimento de seu texto, desviando da possibilidade de sua redação ficar muito descritiva. Assim, o processo argumentativo, que inclui defender um posicionamento acerca de uma temática específica, fica facilitado quando se enxerga problemas, sendo possível, assim, argumentar sobre a razão da existência desses problemas. Dessa forma, a tese de seu texto pode problematizar tanto a participação dessas mulheres na ciência, quanto na ciência. Lembramos a você, ainda, que quando se utiliza o argumento de tese como um problema, existe a possibilidade de se descrever o porquê desse problema, o que possibilita articular causas de consequências. É, literalmente, construir a motivação da existência do problema e, a partir disso, apresentar argumentamos em favor de comprovar essa existência. A seguir, apresentamos algumas possibilidades de argumentação. O objetivo não é apresentarmos uma verdade absoluta, mas somente indicar um caminho para que vocês possam argumentar mais claramente, visto que este costuma ser um problema para muitos estudantes. Apresentaremos argumentos para a tese que, como dissemos anteriormente, é indicada pelos textos motivadores e pelo próprio tema. ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 61 Para enriquecer sua argumentação, é interessante que você utilize repertórios. Esses podem ser compostos de dados estatísticos, de falas de sociólogos, escritores, podem ser referências de filmes, livros que você tenha lido e que se articule à ideia que você está desenvolvendo. Lembre-se que, desde que seja bem articulada ao que você está desenvolvendo, as possibilidades de referências externas são muitas, e o uso produtivo dessas referências vai enriquecer sua argumentação e possibilitar uma nota mais elevada. 12. (Unifesp 2011) A intolerância em xeque Análise da proposta Tema e proposta O tema “A intolerância em xeque” nos leva a refletir sobre um problema muito caro ao Brasil. Nosso país comporta uma miscigenação muito ampla, também é fruto de muita desigualdade. Esses fatos geram muito preconceito na sociedade, e a intolerância acaba sendo o reflexo dessa desordem social. Culturalmente um país em que a separação entre as classes é evidente, o Brasil amarga a posição de ser composto por um povo que quer dominado e que ver os outros como dominados. Percebe-se isso nas relações entrebrancos e negros, homens e mulheres, estrangeiros e nativos, criando uma cadeia de intolerância que impossibilita a convivência pacífica entre os povos. Portanto, em posse dessas informações, vejamos, a seguir, possibilidades de se trabalhar o tema. A partir das informações elencadas no quadro, observem que o tema pode ser trabalhado a partir de variadas perspectivas. Assim, um caminho para você desenvolver seu texto é pensar que a intolerância é gerada exatamente pelo sentimento de superioridade de certos grupos sobre outros. Assim, eles se sentem na possibilidade de manifestar seu sentimento oprimindo o outro. Portanto, esse pode ser um argumento que possibilite um desenvolvimento textual mais consistente, apresentando mais possibilidades de ideias a serem desenvolvidas. Diante disso, esperamos que você, em sua redação, focalize uma das posições seguintes: ou você fale que a intolerância se deve à tentativa de manutenção de poder de grupos sobre outros; por outro lado, você pode falar que ela causa o preconceito e a segregação de grupos sociais. Dessa forma, caso você queira focalizar a primeira premissa, saliente, por exemplo, que grupos dominantes se veem superiores a outras classes sociais. Isso faz com que eles se vejam melhores que o restante da população e passem a segregar essas outras pessoas. Por outro lado, caso você queira focalizar a segunda ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 62 perspectiva, saliente, por exemplo, as discriminações por motivo de cor, por religião, por poderes aquisitivos diferenciados. Tudo isso leva a confrontos e também a coerção social, mortes. Portanto, você tem caminhos variados para está desenvolvendo seu texto, basta se apropriar de um deles e escolher as ideias que melhor se articulem para desenvolver uma argumentação consistente. Pensando no exame, o texto Dissertativo-Argumentativo, utilizado pela UNIFESP, compõe-se de três partes essenciais: Na elaboração do texto dissertativo-argumentativo, deve-se apontar uma tese clara e consistente para que você, ao longo de seu texto, consiga argumentar com facilidade, sem necessitar recorrer a ideias que possam enfraquecer sua argumentação. Assim, em sua introdução, você deverá delimitar o seu tema, visto que, como comentamos acima, é amplo, e apresentar a sua tese. A partir disso, você estará construindo seu projeto de texto, elemento fundamental na escrita de uma redação. Quando uma produção apresenta um projeto de texto, o leitor, na introdução, já focaliza o assunto que está sendo abordado e o seu ponto de vista sobre ele, o que você irá defender sobre esse tema. Logo, com o projeto de texto, mostra-se, antes de argumentar, qual o caminho opinativo, ou seja, qual a tese que você apresentará em seu texto. Pense que o seu leitor, ainda que seja um corretor, não “conhece” o seu tema. É como se estivesse entrando em contato com ele pela primeira vez. Tudo caminha para que ele compreenda o tema a partir do seu texto. Se, por acaso, você costuma se perder na argumentação, principalmente quando tratamos da organização dos argumentos na cabeça, indique, logo na introdução, os argumentos que irá trabalhar ao longo da sua redação. Isso facilita a coerência de suas ideias. Por sua vez, no desenvolvimento, você deverá apresentar seus argumentos. Comumente, recomendamos dois argumentos pela extensão da redação. Pode parecer muito, mas 30 linhas, para um texto bem desenvolvido, acaba sendo pouco. Assim, com dois argumentos, fica um pouco mais fácil de ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 63 desenvolver as ideias como deve. É importante destacar que o repertório deve estar presente, fundamentando seus argumentos de forma clara e produtiva. Sempre coloque repertório em seus argumentos e apresente, claramente, a ligação entre as duas partes: a sua afirmação e o repertório. Por fim, você deve concluir as ideias desenvolvidas ao longo do texto. Retome aos argumentos explanados para poder dar um fechamento geral no texto, sempre articulando ao tema de sua redação. Coletânea de textos Os textos motivadores são suportes para a compreensão do tema. Assim, não se pode utilizar seus argumentos e nem parte desses textos na produção textual. Busque utilizar os textos como direcionadores dos seus pensamentos. Muitas vezes, vocês apresentam a ideia de que não podem ler os textos motivadores porque ocorrem essencialmente dois problemas: ou vocês descobrem que todos os argumentos que têm estão colocados nos textos; ou sentem uma incontrolável necessidade de usar aqueles argumentos que ficam fixos no seu inconsciente. Para resolver isso, só treinando muito a produção textual. Treine e treine e, quando cansar de treinar, treine mais um pouco. Escrever, nós realmente só aprendemos escrevendo. Os textos motivadores da coletânea apresentam caminhos para que você, na hora de sua escrita, consiga focalizar melhor a discussão que está sendo esperada. Portanto, o texto motivador fala das diferenças no conceito de amizade, que antes representava proximidade, e nos dias atuais, devido à ascensão das redes sociais, representa um maior número, porém com um maior distanciamento entre as pessoas. TEXTO I TEXTO II ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 64 TEXTO III Tese e argumentos possíveis Como observamos ao longo dessa descrição, é possível pensar, sem se desligar do tema, em diferentes argumentos para o desenvolvimento textual. Buscamos sinalizar que encontrar um problema para dá solução ao assunto é um dos caminhos mais fáceis para o desenvolvimento de seu texto, desviando da possibilidade de sua redação ficar muito descritiva. Assim, o processo argumentativo, que inclui defender um posicionamento acerca de uma temática específica, fica facilitado quando se enxerga problemas, sendo possível, assim, argumentar sobre a razão da existência desses problemas. Dessa forma, a tese de seu texto pode problematizar tanto a tentativa de manutenção da supremacia de uma classe sobre a outra, quanto os preconceitos gerados pela intolerância. Lembramos a você, ainda, que quando se utiliza o argumento de tese como um problema, existe a possibilidade de se descrever o porquê desse problema, o que possibilita articular causas de consequências. É, literalmente, construir a motivação da existência do problema e, a partir disso, apresentar argumentamos em favor de comprovar essa existência. ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 65 A seguir, apresentamos algumas possibilidades de argumentação. O objetivo não é apresentarmos uma verdade absoluta, mas somente indicar um caminho para que vocês possam argumentar mais claramente, visto que este costuma ser um problema para muitos estudantes. Apresentaremos argumentos para a tese que, como dissemos anteriormente, é indicada pelos textos motivadores e pelo próprio tema. Para enriquecer sua argumentação, é interessante que você utilize repertórios. Esses podem ser compostos de dados estatísticos, de falas de sociólogos, escritores, podem ser referências de filmes, livros que você tenha lido e que se articule à ideia que você está desenvolvendo. Lembre-se que, desde que seja bem articulada ao que você está desenvolvendo, as possibilidades de referências externas são muitas, e o uso produtivo dessas referências vai enriquecer sua argumentação e possibilitar uma nota mais elevada. 13. FGV/Economia 2020) Informalidade no mercado de trabalho Análise da proposta Tema e proposta O tema “Informalidade no mercado de trabalho: entre a necessidade de uma ocupação e os prejuízos para a economia” nos leva a refletir sobre o índice de desemprego no país. O Brasil tem mais de 12 milhões de pessoas desempregadas. Essa ausência de oferta de emprego impacta diretamente nos acordos trabalhistas e no aceite de qualqueroferta que gere renda por parte do trabalhador. Em vista disso, os empregadores, frente às burocracias apresentados na contratação de um trabalhador, optam por oferecer trabalhos sem vínculo empregatício, pois se eximem de pagar os direitos exigidos pela legislação. Isso gera problemas tanto para a economia do país, quanto para o trabalhador informal, a quem não é assegurado nenhuma garantia de seguridade. Portanto, em posse dessas informações, vejamos, a seguir, possibilidades de se trabalhar o tema. ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 66 A partir das informações elencadas no quadro, observem que o tema pode ser trabalho a partir de variadas perspectivas. Assim, você pode desenvolver seu texto partindo do pressuposto de que um dos motivos fundamentais da informalidade é o desemprego no país, que, devido à necessidade de ganhos, a população se submete a qualquer tipo de atividade remunerada. Portanto, esse pode ser um argumento que possibilite um desenvolvimento textual mais consistente, apresentando mais possibilidades de ideias a serem desenvolvidas. Diante disso, esperamos que você, em sua redação, focalize uma das posições seguintes: ou fale do desemprego como implicador da informalidade; por outro lado, você pode abordar a fragilidade econômica do país evidenciada pela informalidade. Com base nisso, caso você queira trabalhar a primeira perspectiva, lembre-se dos novos campos de trabalhos, como ubers, entregadores de aplicativos, diaristas. Todos esses trabalhos informais têm como causa direta a falta de oferta de trabalho qualificado, que levam essas pessoas a aceitarem qualquer atividade que ofereça uma remuneração que os leve a contribuir com a renda familiar. Por sua vez, caso você queira abordar, em sua argumentação, a segunda perspectiva, evidencie que se a atividade econômica está fraca, o investimento em qualificação dos trabalhadores é baixo, a compra de novos materiais para agilizar a atividade exercida também fica prejudicada. Isso leva à baixa produção nos setores industriais, implicando diretamente na economia do país. Portanto, você tem caminhos variados para está desenvolvendo seu texto, basta se apropriar de um deles e escolher as ideias que melhor se articulem para desenvolver uma argumentação consistente. Pensando no exame, o texto Dissertativo-Argumentativo, utilizado pela Fuvest, compõe-se de três partes essenciais: ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 67 Na elaboração do texto dissertativo-argumentativo, deve-se apontar uma tese clara e consistente para que você, ao longo de seu texto, consiga argumentar com facilidade, sem necessitar recorrer a ideias que possam enfraquecer sua argumentação. Assim, em sua introdução, você deverá delimitar o seu tema, visto que, como comentamos acima, é amplo, e apresentar a sua tese. A partir disso, você estará construindo seu projeto de texto, elemento fundamental na escrita de uma redação. Quando uma produção apresenta um projeto de texto, o leitor, na introdução, já focaliza o assunto que está sendo abordado e o seu ponto de vista sobre ele, o que você irá defender sobre esse tema. Logo, com o projeto de texto, mostra-se, antes de argumentar, qual o caminho opinativo, ou seja, qual a tese que você apresentará em seu texto. Pense que o seu leitor, ainda que seja um corretor, não “conhece” o seu tema. É como se estivesse entrando em contato com ele pela primeira vez. Tudo caminha para que ele compreenda o tema a partir do seu texto. Se, por acaso, você costuma se perder na argumentação, principalmente quando tratamos da organização dos argumentos na cabeça, indique, logo na introdução, os argumentos que irá trabalhar ao longo da sua redação. Isso facilita a coerência de suas ideias. Por sua vez, no desenvolvimento, você deverá apresentar seus argumentos. Comumente, recomendamos dois argumentos pela extensão da redação. Pode parecer muito, mas 30 linhas, para um texto bem desenvolvido, acaba sendo pouco. Assim, com dois argumentos, fica um pouco mais fácil de desenvolver as ideias como deve. É importante destacar que o repertório deve estar presente, fundamentando seus argumentos de forma clara e produtiva. Sempre coloque repertório em seus argumentos e apresente, claramente, a ligação entre as duas partes: a sua afirmação e o repertório. Por fim, você deve concluir as ideias desenvolvidas ao longo do texto. Retome aos argumentos explanados para poder dar um fechamento geral no texto, sempre articulando ao tema de sua redação. Coletânea de textos ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 68 Os textos motivadores são suportes para a compreensão do tema. Assim, não se pode utilizar seus argumentos e nem parte desses textos na produção textual. Busque utilizar os textos como direcionadores dos seus pensamentos. Muitas vezes, vocês apresentam a ideia de que não podem ler os textos motivadores porque ocorrem essencialmente dois problemas: ou vocês descobrem que todos os argumentos que têm estão colocados nos textos; ou sentem uma incontrolável necessidade de usar aqueles argumentos que ficam fixos no seu inconsciente. Para resolver isso, só treinando muito a produção textual. Treine e treine e, quando cansar de treinar, treine mais um pouco. Escrever, nós realmente só aprendemos escrevendo. Os textos motivadores da coletânea apresentam caminhos para que você, na hora de sua escrita, consiga focalizar melhor a discussão que está sendo esperada. Portanto, apresentamos abaixo as partes essenciais apresentadas nesses textos. TEXTO I TEXTO II TEXTO III ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 69 Tese e argumentos possíveis Como observamos ao longo dessa descrição, é possível pensar, sem se desligar do tema, em diferentes argumentos para o desenvolvimento textual. Buscamos sinalizar que encontrar um problema para dá solução ao assunto é um dos caminhos mais fáceis para o desenvolvimento de seu texto, desviando da possibilidade de sua redação ficar muito descritiva. Assim, o processo argumentativo, que inclui defender um posicionamento acerca de uma temática específica, fica facilitado quando se enxerga problemas, sendo possível, assim, argumentar sobre a razão da existência desses problemas. Dessa forma, a tese de seu texto pode problematizar tanto o desemprego no país, quanto o impacto à economia que informalidade gera. Lembramos a você, ainda, que quando se utiliza o argumento de tese como um problema, existe a possibilidade de se descrever o porquê desse problema, o que possibilita articular causas de consequências. É, literalmente, construir a motivação da existência do problema e, a partir disso, apresentar argumentamos em favor de comprovar essa existência. A seguir, apresentamos algumas possibilidades de argumentação. O objetivo não é apresentarmos uma verdade absoluta, mas somente indicar um caminho para que vocês possam argumentar mais claramente, visto que este costuma ser um problema para muitos estudantes. Apresentaremos argumentos para a tese que, como dissemos anteriormente, é indicada pelos textos motivadores e pelo próprio tema. ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 70 Para enriquecer sua argumentação, é interessante que você utilize repertórios. Esses podem ser compostos de dados estatísticos, de falas de sociólogos, escritores, podem ser referências de filmes, livros que você tenha lido e que se articule à ideia que você está desenvolvendo. Lembre-se que, desde que seja bem articulada ao que você está desenvolvendo, as possibilidades de referências externas são muitas, e o uso produtivo dessas referências vai enriquecer sua argumentação e possibilitar uma nota mais elevada. 14. (FGV 2019) Teorias da conspiração Análise da proposta Tema e proposta O tema “As “teorias da conspiração”na atualidade: inofensivas ou perigosas?” nos leva a refletir sobre um emblema da sociedade moderna alavancado pelas mídias sociais. Não é novidade para os internautas da rede que as brincadeiras com variadas questões é um denominador dessas redes. Entre essas charges do mundo virtual, também estão presentes as teorias da conspiração, que são descrenças em certas formas de evolução da sociedade. Esse fato pode se sobrepor a simples brincadeira, levando milhares de pessoas a acreditarem nessas informações e as repassarem. Por sua vez, vale lembrar que informações dessa natureza, que muitas vezes estavam localizadas no espaço do humor, elas sempre têm um alvo, que não sorrir perante essas informações. Dessa forma, o caráter risível da informação se torna prejudicial a determinados grupos. Portanto, em posse dessas informações, vejamos, a seguir, possibilidades de se trabalhar o tema. ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 71 A partir das informações elencadas no quadro, observem que o tema pode ser trabalho a partir de variadas perspectivas. Assim, percebemos que você trabalhar, em seu texto, que as teorias da conspiração podem trazer prejuízos a determinados seguimentos da sociedade facilitará o desenvolvimento de sua argumentação. Isso porque será possível apresentar grupos sociais que são atacados cotidianamente devido a essas crenças que são transmitidas aos cidadãos. Portanto, esse pode ser um argumento que possibilite um desenvolvimento textual mais consistente, apresentando mais possibilidades de ideias a serem desenvolvidas. Diante disso, esperamos que você, em sua redação, focalize uma das posições seguintes: ou você aponta que as teorias da conspiração afetam a convivência democrática das sociedades, ao atacar grupos específicos; por outro lado, você pode salientar que o surgimento dessas teorias é uma forma de defesa de certos grupos sociais que se consideram dominantes contra a ascensão de outros grupos que ascenderam em busca de direitos. Com base nisso, caso você queira trabalhar com a primeira premissa, nela você pode focalizar, em sua argumentação, que muitas teorias da conspiração estão respaldadas na criação de estereótipos e de crenças as quais os grupos em ascensão estão querendo acabar com aqueles que se consideram dominantes. Isso pode levantar vários preconceitos e polarizar a sociedade. Por sua vez, se seu interesse é trabalhar com a segunda perspectiva, saliente, por exemplo, que as teorias de conspiração são formas de proteção e manutenção de privilégios por parte de seus criadores. Assim, diminuir o outro, na justifica de conservar padrões antigos, é uma forma, também, de manter a estrutura da sociedade imutável e assegurar os privilégios. Portanto, você tem caminhos variados para está desenvolvendo seu texto, basta se apropriar de um deles e escolher as ideias que melhor se articulem para desenvolver uma argumentação consistente. Pensando no exame, o texto Dissertativo-Argumentativo, utilizado pela FGV, compõe-se de três partes essenciais: ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 72 Na elaboração do texto dissertativo-argumentativo, deve-se apontar uma tese clara e consistente para que você, ao longo de seu texto, consiga argumentar com facilidade, sem necessitar recorrer a ideias que possam enfraquecer sua argumentação. Assim, em sua introdução, você deverá delimitar o seu tema, visto que, como comentamos acima, é amplo, e apresentar a sua tese. A partir disso, você estará construindo seu projeto de texto, elemento fundamental na escrita de uma redação. Quando uma produção apresenta um projeto de texto, o leitor, na introdução, já focaliza o assunto que está sendo abordado e o seu ponto de vista sobre ele, o que você irá defender sobre esse tema. Logo, com o projeto de texto, mostra-se, antes de argumentar, qual o caminho opinativo, ou seja, qual a tese que você apresentará em seu texto. Pense que o seu leitor, ainda que seja um corretor, não “conhece” o seu tema. É como se estivesse entrando em contato com ele pela primeira vez. Tudo caminha para que ele compreenda o tema a partir do seu texto. Se, por acaso, você costuma se perder na argumentação, principalmente quando tratamos da organização dos argumentos na cabeça, indique, logo na introdução, os argumentos que irá trabalhar ao longo da sua redação. Isso facilita a coerência de suas ideias. Por sua vez, no desenvolvimento, você deverá apresentar seus argumentos. Comumente, recomendamos dois argumentos pela extensão da redação. Pode parecer muito, mas 30 linhas, para um texto bem desenvolvido, acaba sendo pouco. Assim, com dois argumentos, fica um pouco mais fácil de desenvolver as ideias como deve. É importante destacar que o repertório deve estar presente, fundamentando seus argumentos de forma clara e produtiva. Sempre coloque repertório em seus argumentos e apresente, claramente, a ligação entre as duas partes: a sua afirmação e o repertório. Por fim, você deve concluir as ideias desenvolvidas ao longo do texto. Retome aos argumentos explanados para poder dar um fechamento geral no texto, sempre articulando ao tema de sua redação. Coletânea de textos ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 73 Os textos motivadores são suportes para a compreensão do tema. Assim, não se pode utilizar seus argumentos e nem parte desses textos na produção textual. Busque utilizar os textos como direcionadores dos seus pensamentos. Muitas vezes, vocês apresentam a ideia de que não podem ler os textos motivadores porque ocorrem essencialmente dois problemas: ou vocês descobrem que todos os argumentos que têm estão colocados nos textos; ou sentem uma incontrolável necessidade de usar aqueles argumentos que ficam fixos no seu inconsciente. Para resolver isso, só treinando muito a produção textual. Treine e treine e, quando cansar de treinar, treine mais um pouco. Escrever, nós realmente só aprendemos escrevendo. Os textos motivadores da coletânea apresentam caminhos para que você, na hora de sua escrita, consiga focalizar melhor a discussão que está sendo esperada. Portanto, apresentamos abaixo as partes essenciais apresentadas nesses textos. TEXTO I TEXTO ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 74 Tese e argumentos possíveis Como observamos ao longo dessa descrição, é possível pensar, sem se desligar do tema, em diferentes argumentos para o desenvolvimento textual. Buscamos sinalizar que encontrar um problema para dá solução ao assunto é um dos caminhos mais fáceis para o desenvolvimento de seu texto, desviando da possibilidade de sua redação ficar muito descritiva. Assim, o processo argumentativo, que inclui defender um posicionamento acerca de uma temática específica, fica facilitado quando se enxerga problemas, sendo possível, assim, argumentar sobre a razão da existência desses problemas. Dessa forma, a tese de seu texto pode problematizar tanto as teorias da conspiração como um empecilho à democracia, quanto essas teorias como uma forma dos grupos se manterem em espaço de dominação na sociedade. Lembramos a você, ainda, que quando se utiliza o argumento de tese como um problema, existe a possibilidade de se descrever o porquê desse problema, o que possibilita articular causas de consequências. É, literalmente, construir a motivação da existência do problema e, a partir disso, apresentar argumentamos em favor de comprovar essa existência. A seguir, apresentamos algumas possibilidades de argumentação. O objetivo não é apresentarmos uma verdade absoluta, mas somente indicar um caminho para que vocês possam argumentar mais claramente, visto que este costuma ser um problema para muitos estudantes. Apresentaremos argumentos para a tese que, como dissemos anteriormente, é indicada pelos textos motivadores e pelo próprio tema. ESTRATÉGIA VESTIBULARES- UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 75 Para enriquecer sua argumentação, é interessante que você utilize repertórios. Esses podem ser compostos de dados estatísticos, de falas de sociólogos, escritores, podem ser referências de filmes, livros que você tenha lido e que se articule à ideia que você está desenvolvendo. Lembre-se que, desde que seja bem articulada ao que você está desenvolvendo, as possibilidades de referências externas são muitas, e o uso produtivo dessas referências vai enriquecer sua argumentação e possibilitar uma nota mais elevada. 15. (Famerp 2018) Fracasso da lei de cotas para deficientes Análise da proposta Tema e proposta O tema “O fracasso da lei de cotas para deficientes: negligência das empresas ou falha do Estado?” nos convida a pensar um problema que nunca foi solucionado no Brasil: a inserção de deficientes no mercado de trabalho. Sabemos que nosso país conta com uma infraestrutura precária para a atender deficientes. Esse artefato elementar para a concretização da inclusão desse grupo social na sociedade reflete diretamente o descaso das variadas esferas sociais no concerne ao trato de pessoas deficientes. Assim, como a sociedade não conseguiu oferecer o mínimo para essas pessoas, que é o direito de ir e vir, alcançar postos de trabalho se situa em uma distância ainda muito maior. Tudo isso reflete a despreocupação dos órgãos governamentais em criar políticas que facilitem a inclusão, bem como o desinteresse das empregas em facilitar o acesso do deficiente ao mercado de trabalho. Assim, mesmo que exista uma lei que garanta uma porcentagem de vagas a essas pessoas, esse direito ainda é negado. Em posse dessas informações, vejamos, a seguir, possibilidades de se trabalhar o tema. • O preconceito contra os deficientes, ao achar que eles vão produzir menos que outros funcionários. • A precária política de inclusão social deixa os deficientes à margem da sociedade; • A falta de estrutura dos espaços para deficientes dificulta o acesso dessas pessoas aos diferentes ambientes. ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 76 A partir das informações elencadas no quadro, observem que o tema pode ser trabalho a partir de variadas perspectivas. Assim, percebemos que o preconceito é um dos maiores implicadores no que concerne à inserção do deficiente no mercado de trabalho, o que acaba causando o distanciamento dessas pessoas dos espaços, seja trabalhista, seja educativo. Portanto, esse pode ser um argumento que possibilite um desenvolvimento textual mais consistente, apresentando mais possibilidades de ideias a serem desenvolvidas. Diante disso, esperamos que você, em sua redação, focalize uma das posições seguintes: ou você aponte que o preconceito é um dos fatores principais para que as empresas não contratem funcionários que apresentem algum tipo de deficiência; por outro lado, você pode salientar que o descaso do governo é o elemento principal da falta de empregabilidade de pessoas deficientes. Veja que, caso você queira desenvolver seu texto a partir da segunda perspectiva, você pode argumentar que a falta de estrutura nos espaços representa a ausência de inclusão social, que impossibilita o trânsito dessas pessoas, deixando-as à margem da sociedade. Se o deficiente não tem como transitar, ele também não possui condições de ir atrás de qualificação, de ir atrás de um emprego. O suporte governamental, portanto, falha profundamente no acolhimento desse grupo social e se torna o principal responsável pela não respeitabilidade da lei pelas empresas. Portanto, você tem caminhos variados para está desenvolvendo seu texto, basta se apropriar de um deles e escolher as ideias que melhor se articulem para desenvolver uma argumentação consistente. Pensando no exame, o texto Dissertativo-Argumentativo, utilizado pela FAmerp, compõe-se de três partes essenciais: Na elaboração do texto dissertativo-argumentativo, deve-se apontar uma tese clara e consistente para que você, ao longo de seu texto, consiga argumentar com facilidade, sem necessitar recorrer a ideias que possam enfraquecer sua argumentação. ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 77 Assim, em sua introdução, você deverá delimitar o seu tema, visto que, como comentamos acima, é amplo, e apresentar a sua tese. A partir disso, você estará construindo seu projeto de texto, elemento fundamental na escrita de uma redação. Quando uma produção apresenta um projeto de texto, o leitor, na introdução, já focaliza o assunto que está sendo abordado e o seu ponto de vista sobre ele, o que você irá defender sobre esse tema. Logo, com o projeto de texto, mostra-se, antes de argumentar, qual o caminho opinativo, ou seja, qual a tese que você apresentará em seu texto. Pense que o seu leitor, ainda que seja um corretor, não “conhece” o seu tema. É como se estivesse entrando em contato com ele pela primeira vez. Tudo caminha para que ele compreenda o tema a partir do seu texto. Se, por acaso, você costuma se perder na argumentação, principalmente quando tratamos da organização dos argumentos na cabeça, indique, logo na introdução, os argumentos que irá trabalhar ao longo da sua redação. Isso facilita a coerência de suas ideias. Por sua vez, no desenvolvimento, você deverá apresentar seus argumentos. Comumente, recomendamos dois argumentos pela extensão da redação. Pode parecer muito, mas 30 linhas, para um texto bem desenvolvido, acaba sendo pouco. Assim, com dois argumentos, fica um pouco mais fácil de desenvolver as ideias como deve. É importante destacar que o repertório deve estar presente, fundamentando seus argumentos de forma clara e produtiva. Sempre coloque repertório em seus argumentos e apresente, claramente, a ligação entre as duas partes: a sua afirmação e o repertório. Por fim, você deve concluir as ideias desenvolvidas ao longo do texto. Retome aos argumentos explanados para poder dar um fechamento geral no texto, sempre articulando ao tema de sua redação. Coletânea de textos Os textos motivadores são suportes para a compreensão do tema. Assim, não se pode utilizar seus argumentos e nem parte desses textos na produção textual. Busque utilizar os textos como direcionadores dos seus pensamentos. Muitas vezes, vocês apresentam a ideia de que não podem ler os textos motivadores porque ocorrem essencialmente dois problemas: ou vocês descobrem que todos os argumentos que têm estão colocados nos textos; ou sentem uma incontrolável necessidade de usar aqueles argumentos que ficam fixos no seu inconsciente. Para resolver isso, só treinando muito a produção textual. Treine e treine e, quando cansar de treinar, treine mais um pouco. Escrever nós realmente aprendemos escrevendo. A seguir, apresentamos uma pequena análise de cada um dos textos constantes da proposta. ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 78 TEXTO I TEXTO II Tese e argumentos possíveis Como observamos ao longo dessa descrição, é possível pensar, sem se desligar do tema, em diferentes argumentos para o desenvolvimento textual. Buscamos sinalizar que encontrar um problema para dá solução ao assunto é um dos caminhos mais fáceis para o desenvolvimento de seu texto, desviando da possibilidade de sua redação ficar muito descritiva. Assim, o processo argumentativo, que inclui defender um posicionamento acerca de uma temática específica, fica facilitado quando se enxerga problemas, sendo possível, assim, argumentar sobre a razão da existência desses problemas. Dessa forma, a tese de seu texto pode problematizar tanto o preconceito ainda existente aos deficientes, como também pode focar na ineficácia do Estadopara possibilitar a inclusão desse grupo social. Quando você utiliza o argumento de tese como um problema, existe a possibilidade de se descrever o porquê desse problema, o que possibilita articular causas de consequências. É, literalmente, construir a motivação da existência do problema e, a partir disso, apresentar argumentamos em favor de comprovar essa existência. 16. (UNAERP 2/2019) Violência contra a mulher X aspectos culturais Comportamento geral em uma prova de redação • A Lei de Cotas para Deficientes determina um percentual (de 2% a 5% das vagas no quadro de efetivos) para empresas, a partir de 100 funcionários, contratarem pessoas com deficiência; • A lei não alcança a meta prevista pelo MTE. • A principal desculpa para não empregar é a de que não são encontrados profissionais qualificados. • Existem quase três milhões de pessoas com deficiência no país com ensino superior, sendo que muitos possuem mestrado e doutorado. • As empresas oferecem salários menores para deficientes. • Parte significativa das companhias acredita que a contratação de colaboradores com deficiência implica gastos exorbitantes em acessibilidade física e tecnologia assistiva. • As pessoas com deficiência não devem ser destinatárias de atos de caridade, mas de políticas públicas e privadas que lhes garantam a dignidade humana. • O não cumprimento das cotas definidas pela Lei tem acarretado a aplicação de multas injustas às empresas, mas não é fácil cumprir a lei por conta da ineficiência das ações estatais. • As empresas enfrentam muita burocracia. • Temos uma lei atrasada, cujo ideal jamais foi alcançado em 25 anos. • Temos uma lei atrasada, cujo ideal jamais foi alcançado em 25 anos. ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 79 Iniciamos nossa análise pelas coletâneas de textos. Busque ler, sempre que você começar esmiuçar uma proposta de redação, os textos motivadores. Muitas vezes, vocês, candidatos a uma vaga em algum exame que contém redação, evitam ler os textos motivadores por medo de copiá-los ou, ainda, de perceber que tudo o que sabem está nesses textos. Claro que esses são perigos constantes a todos quando lemos os textos. Contudo, você precisa ler os textos exatamente por isso, para evitar que, sem querer, os repita, ou ainda, pense em maneiras diferentes de apresentar o que está em cada um deles. Há vestibulares, inclusive, em que o candidato é levado a explorar a coletânea em seu texto. No caso da UNAERP, pela forma como apresenta-se o enunciado, que indica “Com base nos textos apresentados”, podemos inferir que o candidato pode utilizar-se de elementos da coletânea sem “medo de ser feliz”. Entenda que, quando eu digo para que você use elementos dos textos da coletânea, não estou dizendo para você copiá-los, visto que as instruções indicam que são textos de apoio e não deve haver cópia. Contudo, inspirar-se nos elementos desses textos não configura cópia, podendo o candidato parafrasear os elementos ali encontrados. Por outro lado, usualmente, quando a banca não quer essa interação, apresenta-se um “tendo os textos acima como motivadores”, indicando para o candidato que os textos da coletânea são somente, para o direcionamento do pensamento, ou seja, para evitar que o candidato fuja facilmente ao tema. Olhando para a proposta aqui apresentada, vemos que, inicialmente, apresentam-se as instruções da proposta para sua produção. Eu sempre tenho medo, digamos assim, dessas instruções. Por quê? Porque, na maior parte das vezes, vocês correm dessas instruções, por acreditar que todas serão sempre iguais, indicando as mesmas coisas. Contudo, fique bastante atento, pois modificações na prova do vestibular, em especial na redação, são relatadas na própria prova. Dessas instruções, destaco: a necessidade de título, fator importante para a composição da nota; a recomendação de não copiarmos os textos motivadores, como eu disse antes, copiar é diferente de inspirar-se; e, por fim, a colocação clara de que o posicionamento ideológico do candidato não será julgado, fator importante, principalmente para vestibulares que costumam colocar temas e elementos mais polêmicos e atuais. Dessa forma, a leitura atenta de toda a proposta é recomendada, para evitarmos quaisquer problemas com relação a mudanças ou instruções de última hora. Combinado? Você lerá tudo o que estiver na sua proposta. Tema Normalmente, apresentamos a análise da coletânea em primeiro lugar, contudo, como na Unaerp o tema aparece em primeiro plano, antes dos textos motivadores, faremos a análise deste para, em seguida, apresentarmos os textos motivadores e as possibilidades de abordagem. Nesta prova, o tema é bastante claro e, porque não dizer, bastante polêmico e atual. Esta tem sido uma constante nos vestibulares em geral, temas mais próximos da nossa realidade e com boa dose de polêmica. Falar sobre a situação da mulher apresenta extrema importância para a sociedade, fato que coloca o tema como essencial para a sociedade. Ao pé da letra, transcrevendo o tema, temos “Violência contra a mulher: leis X aspectos culturais”. Antes de tudo, precisamos entender que esse tipo de tema apresenta duas partes, ou seja, é um tema bipartido com relação ao qual precisamos tomar cuidado. Na primeira parte do enunciado do tema, temos este de forma mais ampla: nossa redação precisará versar sobre a violência contra a mulher. Contudo, como podemos perceber pelo que vem após os dois pontos, há um direcionamento em um tema tão amplo: devemos contrapor os aspectos culturais às leis. Como veremos mais à frente, devemos colocar em choque essas duas ideias, podendo dizer qual delas deve prevalecer. Logo, logo analisaremos tudo isso. ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 80 Coletânea de textos A partir de agora, faremos a análise dos textos trazidos pela banca para este tema. São três reportagens de veículos de notícias diferentes. Caminhos argumentativos possíveis Para o tema em questão, podemos imaginar a seguinte organização e argumentos. De forma geral, acredito que nesse tema teríamos dificuldade de defender que o pensamento cultural é superior às leis, visto que as leis servem para controlar a sociedade. Dessa forma, penso que o melhor caminho a seguir seria exatamente o pensamento de que as leis devem ser respeitadas e continuar defendendo as mulheres, vulneráveis em nossa sociedade. Analisemos, a seguir, algumas possibilidades de argumentos. 17. (Autoral) Valor social do idoso Tema e proposta O tema apresentado nessa proposta é extremamente interessante e mostra como a discussão acerca da valorização das pessoas sempre está em voga. Em meio à crise mundial causada pelo coronavírus, os grupos de risco, em especial os idosos estão no centro da discussão. Isso ocorre porque ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 81 a principal forma de frear a contaminação pelo vírus é a chamada quarentena, que tem por objetivo evitar o contato social e, assim, diminuir o número de pessoas contaminadas, utilizando-se da saúde pública que, de forma geral, no mundo, não suporta a quantidade de doentes que surgem em uma pandemia. O problema causado por essa solução para a diminuição das contaminações é considerado complicado, porque coloca em risco a saúde econômica do país. Com todos recolhidos em suas casas, sem a relação básica de compra e venda, não temos a economia girando, fazendo-a correr um risco grande de recrudescer, principalmente em economias que estejam em desenvolvimento, como no caso do Brasil. Assim, surge a discussão sobre o tamanho dos perigos da pandemia, muitas vezes relativizados pelos governos; bem como discute-se o valor da vida dos grupos de risco. É comum, inclusive, ouvirmos que o problema é menor porque afeta somente esses grupos de risco. Assim, de um lado, temos a discussão humana e, do outro, adiscussão econômica. No meio desse, digamos, tiroteio, temos o principal grupo de risco, os idosos, que nem sempre são valorizados nas sociedades em que vivem, gerando declarações como a apontada na construção dessa proposta. Vale à pena destacar que as perguntas feitas no próprio tema são extremamente interessantes e auxiliam na construção do texto. De forma mais objetiva, seu texto deverá ser construído com uma tese, que contará como resposta à pergunta mais importante, Elas deveriam ser valorizadas somente se houver algum ganho? Essa é a pergunta que irá direcionar a sua tese. Você se posicionará dizendo que sim ou não, ainda que não escrevendo efetivamente que sim ou não, claro. Assim, tudo o que você colocará na sua redação parte desse ponto: qual é a valorização que devemos endereçar aos idosos? Eles devem ser valorizados independente de sua “participação” na sociedade ou só devem ser valorizados quando forem “produtivos”? Vale nosso primeiro cuidado por aqui: ainda que não tenhamos indicação de anulação da redação quando há ferimento dos direitos humanos, cuidado para que sua tese não se encaminhe para esse lado. Evite construir uma redação em que os direitos, inclusive os garantidos por lei, sejam atacados e desrespeitados por suas ideias. Particularmente, eu acho muito complicada a ideia de dizer que a morte de idosos, simplesmente porque o são, deve ser defendida em qualquer nível, para ser sincero. Contudo, há sempre defendida a liberdade de expressão. Seus argumentos, que na Fuvest, como vocês bem sabem, são extremamente importantes, devem apresentar-se e construir-se a partir da resposta às duas outras perguntas do tema: Há ganhos na preservação da vida dessas pessoas? Quais são os valores que devem servir de premissa para a preservação da vida do idoso? Claro que a resposta a essas perguntas se correlacionarão com o que você falará na sua tese. Nem preciso te dizer isso, né? Por fim, é interessante que você retome sua tese e resuma seus argumentos, naquela típica conclusão por retomada e resumo. Claro que, se você problematizar bastante, pode construir uma proposta de intervenção. Ainda assim, acho que ela corre um risco muito forte de ser clichê e mais atrapalhar do que ajudar na sua nota. Por isso, recomendo que você pense na clássica conclusão por retomada e resumo. Texto motivador O texto apresentado nessa proposta, literalmente no singular, é um texto que serve, apenas para que entendamos de onde surge essa discussão, sendo, literalmente, um texto motivador e direcionador para o tema. Tema importante, como dissemos acima, e que está sendo discutido de formas distintas, como mostra o próprio texto, com “apagamento” da importância dos mais velhos na nossa sociedade. Essa forma de ver é motivada, claramente, em meio à pandemia em que vivemos no momento. Apesar disso, é possível afirmar que temos essa visão sempre, somente muito à tona por conta do momento. ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 82 Tese, argumentos e repertórios Como discutimos acima, temos, essencialmente, duas teses possíveis, como apresentaremos a seguir. Dentre essas duas teses, temos uma mais lógica, por ser a mais, digamos, humana, e a outra que leva em consideração os fatores econômicos de forma muito aparente. Para essa segunda tese, temos muita dificuldade, por não concordarmos com ela, de encontrarmos argumentos para essa forma de pensar. De qualquer forma, apresentamos, a seguir, cada uma das teses com possíveis argumentos. Como essa proposta se aplica à Fuvest, vale lembrar que o comportamento é diferente daquele que encontramos no ENEM, por exemplo, e em outros vestibulares: as ideias e os argumentos devem sempre ser amplos. Analisar os temas sem prender-se a uma única localidade. Por isso, perceba que nossos argumentos, de forma geral, inspiram-se, claro, em um lugar, mas não necessariamente se prendem a ele. Claro que precisamos deixar muito claro que esses argumentos e esses repertórios servem, somente, para direcionar seu pensamento e seu texto. Passemos a eles. ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 83 18. (FGV Adm. 2018) As sociedades contemporâneas e a solidão Em 2018, a FGV montou uma proposta de redação com 4 textos de apoio, instruções específicas e uma proposta explícita sobre o tema da solidão no mundo contemporâneo. Os textos poderiam servir como subsídio para a produção textual. O significado da solidão no mundo atual deixava espaço para reflexão pessoal. O primeiro excerto dava uma ideia da extensão do problema. No Reino Unido, 9 milhões de um universo de 65,6 milhões de pessoas dizem viver sozinhas. O problema se tornou tão grave que, no país, foi criado o Ministério da Solidão. O artigo ainda afirma que tal problema se tornou a epidemia oculta do mundo moderno. O segundo texto assinalava causas e consequências do fenômeno. Dentre os fatores que favorecem a solidão, podem-se destacar: “envelhecimento da população, o crescimento dos afazeres diários, o pouco tempo de lazer, a falta de contato pessoal trazido pelas redes sociais”. Além disso, tal epidemia pode ter consequências físicas, mentais e emocionais. O terceiro texto aponta que o problema também assola o Brasil e aprofunda a reflexão sobre a influência das redes sociais no sentimento de solidão. Há, inclusive, uma nova síndrome, a “fomo” (“fear of missing out” em inglês, algo próximo de “medo de perder a oportunidade”). O último texto era provocador. Defendia a tese de que solidão não seria uma epidemia moderna, afinal, ela sempre existiu. Hoje, há excesso de contato pessoal ou necessidade dele por conta das demandas geradas pelas novas redes sociais. No comentário à proposta, a Banca exigia que a discussão gerasse em torno não da solidão em si, mas o que ela revela sobre nossa época. Pressuposto Nessa proposta é fácil se atrapalhar com a própria noção de solidão por se tratar de uma percepção subjetiva da realidade. Seria interessante ou fazer a distinção para o leitor ou tê-la em mente para fazer a redação. A solidão não é simplesmente estar sozinho consigo mesmo, pois alguém pode estar muito tranquilo com essa condição e não se sentir solitário. Isso significa que ela depende da expectativa do sujeito. Se ele deseja estar rodeado de pessoas que o admiram e não está, ele se sente mal, assim podemos definir solidão. Teses possíveis Observe que sua avaliação deve ser em relação à sociedade contemporânea. Considerando a instrução, não há grande variação em relação à tese, você deveria defender que o estilo de vida das pessoas na contemporaneidade é responsável por esse sentimento. Esperava-se que o candidato pudesse determinar o quê nessa sociedade poderia ser responsável por esse sentimento. Desenvolvimento O desenvolvimento da ideia exigia que você fizesse uma redação a partir de causas e consequências, ligando as causas que você destacar e as consequências que permitem reforçar a ideia de que, nas sociedades contemporâneas, a sensação de solidão é mais intensa. Causas ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 84 A coletânea permitia um bom ponto de partida. Você precisaria apenas desenvolver o tópico que você achasse mais interessante. Dentre eles, pode-se destacar: - taxa de envelhecimento - afazeres diários - pouco tempo de lazer - falta de contato pessoal trazido pelas redes sociais - isolamento causado pela farta porção de informações - competitividade nas relações sociais e empresariais - círculos de amizade pautados por interesses efêmeros (“sociedade líquida”: conceito utilizado por Zigmunt Bauman, sociólogo que fez várias descrições de uma sociedade nos quais os parâmetros de vida mudam de forma veloz). Consequências Você deve considerar uma ou duas causas, explicando-as e relacionando-as à solidão. Para tanto, você deve tirar consequências do item escolhido. Por exemplo,se você considera a taxa de envelhecimento, poderia destacar que o envelhecimento afeta também as relações sociais, pois as pessoas mais velhas têm demandas diferentes do restante da sociedade produtiva, o que os leva a um isolamento parcial. A Banca espera que você mostre competência nesse jogo de causa e consequência. 19.( Famerp 2016) Impostos sobre grandes fortunas Análise da proposta Tema e proposta O tema “O Imposto sobre Grandes Fortunas é uma injustiça com os mais ricos?” nos põe em confronto com um grande dilema. Está claro que todo cidadão brasileiro paga imposto, e não são poucos. Por sua vez, independente da renda desses cidadãos, a porcentagem de impostos é a mesma. Mas, ao se comparar as rendas, sabemos que quanto menor ela é, mais imposto se recai sobre o cidadão, uma vez que o montante o qual ela é retirada é menor, levando à constatação de que quanto mais pobre, mais imposto se paga. Entretanto, mesmo por morarmos em um país o qual o valor dos impostos é considerado relativamente alto, cobrar além do cidadão, independente do valor de sua fortuna, é visto como uma injustiça social que, inclusive, pode atrapalhar o desenvolvimento econômico do país. Em posse dessas informações, vejamos, a seguir, possibilidades de se trabalhar o tema. ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 85 A partir das informações elencadas no quadro, observem que o tema pode ser trabalho a partir de variadas perspectivas. Assim, em seu texto, você pode trabalhar a perspectiva favorável, devido à arrecadação, ou mesmo apontar ser uma injustiça social fazer com que o cidadão pague mais um tipo de imposto. A escolha de uma dessas perspectivas, por trazer intrínseco um problema, pode ser uma argumentação que possibilite um desenvolvimento textual mais consistente, apresentando mais possibilidades de ideias a serem desenvolvidas. Diante disso, esperamos que você, em sua redação, focalize uma das posições seguintes: ou você aponta que a cobrança de impostos sobre grandes fortunas representa um benefício social, uma vez que o governo pode arrecadar mais para investir em benfeitorias; por outro lado, você pode argumentar que isso representa uma injustiça social, uma vez que essas pessoas já pagam impostos, assim como qualquer cidadão. Assim, caso você queira apontar como problemática que se deve taxar as grandes fortunas, pode utilizar, por exemplo, o argumento de que, se o governo taxar os mais ricos, pode diminuir os impostos que recaem sobre os mais pobres. Isso contribuiria para a diminuição das desigualdades sociais, em vista de que sobraria mais renda para as populações mais carentes. Por sua vez, se em sua argumentação você preferiu falar sobre a injustiça social que recai na taxação, uma possibilidade seria discutir que se o indivíduo é mais taxado, menos ele investe em ações que tragam retorno para a economia do país, devido à diminuição de seu capital. Pensando no exame, o texto Dissertativo-Argumentativo, utilizado pela FAmerp, compõe-se de três partes essenciais: • A cobrança de impostos sobre grandes fortunas é importante para a arrecadação do país, podendo promover outros benefícios sociais. • A cobrança de impostos sobre grandes fortunas é injusta à população, uma vez que essas pessoas já pagam, normalmente, impostos; • A cobrança de impostos sobre grandes fortunas pode representar, mais ainda, o alargamento das desigualdades, em vista da separação mais clara das classes. ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 86 Na elaboração do texto dissertativo-argumentativo, deve-se apontar uma tese clara e consistente para que você, ao longo de seu texto, consiga argumentar com facilidade, sem necessitar recorrer a ideias que possam enfraquecer sua argumentação. Assim, em sua introdução, você deverá delimitar o seu tema, visto que, como comentamos acima, é amplo, e apresentar a sua tese. A partir disso, você estará construindo seu projeto de texto, elemento fundamental na escrita de uma redação. Quando uma produção apresenta um projeto de texto, o leitor, na introdução, já focaliza o assunto que está sendo abordado e o seu ponto de vista sobre ele, o que você irá defender sobre esse tema. Logo, com o projeto de texto, mostra-se, antes de argumentar, qual o caminho opinativo, ou seja, qual a tese que você apresentará em seu texto. Pense que o seu leitor, ainda que seja um corretor, não “conhece” o seu tema. É como se estivesse entrando em contato com ele pela primeira vez. Tudo caminha para que ele compreenda o tema a partir do seu texto. Se, por acaso, você costuma se perder na argumentação, principalmente quando tratamos da organização dos argumentos na cabeça, indique, logo na introdução, os argumentos que irá trabalhar ao longo da sua redação. Isso facilita a coerência de suas ideias. Por sua vez, no desenvolvimento, você deverá apresentar seus argumentos. Comumente, recomendamos dois argumentos pela extensão da redação. Pode parecer muito, mas 30 linhas, para um texto bem desenvolvido, acaba sendo pouco. Assim, com dois argumentos, fica um pouco mais fácil de desenvolver as ideias como deve. É importante destacar que o repertório deve estar presente, fundamentando seus argumentos de forma clara e produtiva. Sempre coloque repertório em seus argumentos e apresente, claramente, a ligação entre as duas partes: a sua afirmação e o repertório. Por fim, você deve concluir as ideias desenvolvidas ao longo do texto. Retome aos argumentos explanados para poder dar um fechamento geral no texto, sempre articulando ao tema de sua redação. Coletânea de textos Os textos motivadores são suportes para a compreensão do tema. Assim, não se pode utilizar seus argumentos e nem parte desses textos na produção textual. Busque utilizar os textos como direcionadores dos seus pensamentos. Muitas vezes, vocês apresentam a ideia de que não podem ler os textos motivadores porque ocorrem essencialmente dois problemas: ou vocês descobrem que todos os argumentos que têm estão colocados nos textos; ou sentem uma incontrolável necessidade de usar aqueles argumentos que ficam fixos no seu inconsciente. Para resolver isso, só treinando muito a produção textual. Treine e treine e, quando cansar de treinar, treine mais um pouco. Escrever nós realmente aprendemos escrevendo. A seguir, apresentamos uma pequena análise de cada um dos textos constantes da proposta. TEXTO I TEXTO II • O Imposto sobre Grandes Fortunas (IGF) é um imposto previsto na Constituição brasileira de 1988, mas ainda não regulamentado. • Uma pessoa com patrimônio considerado grande fortuna pagaria sobre a totalidade de seus bens uma porcentagem de imposto • No Brasil, políticos e economistas divergem se o IGF é um instrumento eficaz de arrecadação ou de diminuição da concentração de renda e de riqueza. • Sempre que o governo se vê acuado, a discussão sobre o IGF volta à baila, sob o argumento de que o “andar de cima” precisa ser mais taxado. • Trocando em miúdos, todo aquele que, por ventura, adquira um patrimônio acima de 2 milhões de reais será punido anualmente com alíquotas progressivas, que variarão de 1 a 5%. Seu crime? Poupar e investir a renda, no lugar de consumi-la. • Como a renda no Brasil já é fortemente ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 87 TEXTO III Tese e argumentos possíveis Como observamos ao longo dessa descrição, é possível pensar, sem se desligar do tema, em diferentes argumentos para o desenvolvimento textual. Buscamos sinalizar que encontrar um problema para dá solução ao assunto é um dos caminhos mais fáceis para o desenvolvimento de seu texto, desviando à possibilidade desua redação ficar muito descritiva. Assim, o processo argumentativo, que inclui defender um posicionamento acerca de uma temática específica, fica facilitado quando se enxerga problemas, sendo possível, assim, argumentar sobre a razão da existência desses problemas. Dessa forma, a tese de seu texto pode problematizar tanto as benesses em se taxar as grandes fortunas, quanto os malefícios sociais desse ato. Quando você utiliza o argumento de tese como um problema, existe a possibilidade de se descrever o porquê desse problema, o que possibilita articular causas de consequências. É, literalmente, construir a motivação da existência do problema e, a partir disso, apresentar argumentamos em favor de comprovar essa existência. • A estrutura tributária brasileira faz com que as camadas menos favorecidas economicamente sejam as mais oneradas pela tributação no Brasil. De acordo com estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), os 10% mais pobres da população mobilizam 32% da sua renda no pagamento de impostos, enquanto os 10% mais ricos gastam apenas 21%. • Cada cidadão tem que contribuir para o financiamento fiscal de acordo com seu poder aquisitivo e econômico –, mas isso não acontece no Brasil. Outro princípio muito importante é o da progressividade, que significa: quanto maior a renda, maior a alíquota.” ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 88 2.2 ÉTICA 20. (Facisb 2019) O papel do consumidor no combate à escravidão moderna Texto 1 Cerca de 45,8 milhões de pessoas em todo o mundo estão sujeitas a alguma forma de escravidão moderna. A estimativa é do relatório Índice de Escravidão Global 2016, da Fundação Walk Free, divulgado em maio deste ano. Segundo o último relatório, de 2014, cerca de 35,8 milhões de pessoas vivem nessa situação. A escravidão moderna ocorre quando uma pessoa controla a outra, de tal forma que retire dela sua liberdade individual, com a intenção de explorá-la. Entre as formas de escravidão está o trabalho forçado em condições degradantes, com extensas jornadas, sob coerção, violência ou ameaça. Este é um crime oculto que afeta todos os países, por isso é preciso o envolvimento dos governos, da sociedade civil, do setor privado e da comunidade para proteção da população vulnerável. A pobreza e a falta de oportunidades são fatores determinantes para o aumento da vulnerabilidade à escravidão moderna. (Andreia Verdélio. “Escravidão moderna atinge 45,8 milhões de pessoas no mundo”. www.agenciabrasil.ebc.com.br, 30.05.2016. Adaptado.) Texto 2 “Desenvolvemos nossos produtos com o objetivo de atender mulheres que valorizam a sofisticação, o requinte e o conforto sempre com um olhar contemporâneo”, dizem peças publicitárias de uma marca de roupas femininas. Mas uma investigação do Ministério do Trabalho e Emprego sugere que esse objetivo possa estar sendo cumprido com ajuda da exploração de trabalho escravo. Cinco trabalhadores bolivianos foram encontrados em uma pequena oficina de confecção, cuja produção era 100% destinada à marca. Sem carteira assinada ou férias, eles trabalhavam e dormiam com suas famílias em ambientes com cheiro forte, onde camas eram separadas de máquinas de costura por placas de madeira e plástico. Os salários desses trabalhadores eram de R$ 6,00, em média, por roupa costurada. Segundo o Ministério, a empresa, cujas peças podem custar mais de R$ 500,00 nas lojas, recusou-se a pagar os direitos trabalhistas dos resgatados. Conforme o relatório da fiscalização, “no modelo adotado nesse núcleo fabril, não havia qualquer limitação de jornada, sendo inexistentes os limites, inclusive de espaço físico entre a vida fora e dentro do trabalho”, afirmam os auditores do Ministério. “Esta jornada, agravada pelo ritmo intenso, pelo nível de dificuldade, detalhamento e concentração exigido no trabalho de costura de peças de vestuário e pela remuneração por produção, leva os trabalhadores ao esgotamento físico e mental.” (Ricardo Senra. “Fiscalização flagra trabalho escravo e infantil em marca de roupas de luxo em SP”. www.bbc.com, 20.06.2016. Adaptado.) Texto 3 É preciso entender o porquê da existência de trabalho escravo em pleno 2016. São muitos os fatores e, entre eles, está o estilo de consumo que se tem perpetuado nos dias de hoje. Tomemos como exemplo o sujeito que, no Pará, cata e vende castanhas a R$ 5,00 o quilo, produto que, nas cidades grandes, é vendido a R$ 40,00 o quilo, na lojinha de produtos orgânicos. Ou as lojas de roupas que, muito embora vendam seus produtos por preços exorbitantes, pagam R$ 5,00 às costureiras para cada peça feita. Como desconfiar de que esses produtos têm origem em trabalho escravo contemporâneo? Em que medida o consumidor, indivíduo pensante, coopera para a manutenção desses trabalhadores em situações análogas à escravidão? ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 89 Talvez a sociedade precise refletir mais sobre o produto que consome. Não dá mais para continuar a transferir a responsabilidade desse problema tão grave ao outro. Devemos parar de responsabilizar só o empresário e o empregador, sem parar para pensar em toda a cadeia que alimenta e colabora para a perpetuação desse crime. Esse problema é social. É de todos nós e de cada um de nós. Está na hora de sermos mais responsáveis pelos problemas que assolam nossa sociedade, que estão mais próximos da nossa vida do que podemos imaginar e que, ainda que inconscientemente, acabamos por alimentar. (Flávia Guth. “Sociedade precisa assumir a responsabilidade pelo trabalho escravo”. www.metropoles.com, 19.06.2016. Adaptado.) Texto 4 Campanhas para não consumir produtos de determinadas lojas ou marcas foram lançadas nas redes sociais. Mas como funciona: você deve deixar de comprar aqui para fazê-lo em outro lugar porque sua consciência manda? Certo. Mas, em alguns meses, mais uma denúncia acontece; dessa vez, é a outra marca que explora as pessoas, e o consumidor se vê, mais uma vez, tendo que mudar seu destino de compra. Quer dizer, então, que cabe ao cliente punir as empresas acusadas de trabalho escravo? Não deveria caber ao governo e às outras empresas? Ou à fiscalização relacionada a essa prática? Será que as leis não deveriam ser mais duras e a fiscalização mais certeira? É tão absurdo quanto horrendo saber que pessoas trabalham em situações sub-humanas, mas não cabe ao consumidor ser o fiscal nem o promotor dessas ações de combate. Ele deve, sim, denunciar quando houver suspeita, claro. Mas, além disso, combater o trabalho escravo é ou deveria ser de total responsabilidade do Estado e das empresas e marcas. Algumas delas estão tomando medidas proativas para abordar a escravidão em sua cadeia de abastecimento, no âmbito do Plano Nacional pela Erradicação do Trabalho Escravo. As empresas utilizam uma lista suja para identificar os fornecedores com evidência de escravidão. Empresas de abastecimento identificadas nessa lista não são elegíveis para crédito financeiro e enfrentam sanções econômicas e jurídicas. Ou seja, os esforços parecem aumentar, mas ainda precisa melhorar muita coisa. (“Trabalho escravo: a culpa é de quem?”. www.consumidormoderno.com.br, 13.05.2015. Adaptado.) Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva uma dissertação, empregando a norma--padrão da língua portuguesa, sobre o tema: “O papel do consumidor no combate à escravidão moderna”. 21. (FAMEMA 2018) Violência contra o professor Texto 1 Uma pesquisa mundial da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) com mais de 100 mil professores e diretores de escola do segundo ciclo do ensino fundamental e do ensino médio (alunos de 11 a 16 anos) põe o Brasil no topo de um ranking de violência em escolas: 12,5% dos professores ouvidos no país disseram ser vítimas de agressões verbais ou de intimidação de alunos pelo menos uma vez por semana. Trata-se do índice mais alto entreos 34 países pesquisados. A pesquisadora Rosemeyre de Oliveira, da PUC-SP, atribui a violência nas escolas à impunidade dos estudantes. “O aluno que agride o professor sabe que vai ser aprovado. Pode ser transferido de colégio – às vezes é apenas suspenso por oito dias”, diz. “Os regimentos escolares não costumam sequer prever esse tipo de crime. Aí, quando ele ocorre, nada acontece.” (Luiza Tenente e Vanessa Fajardo. “Brasil é #1 no ranking da violência contra professores: entenda os dados e o que se sabe sobre o tema”. g1.globo.com, 22.08.2017. Adaptado.) Texto 2 A presidente-executiva da organização Todos Pela Educação, Priscila Cruz, acredita que o primeiro passo para diminuir as agressões contra os professores é reconhecer que a escola sozinha não é capaz de prevenir a violência. “Muitas vezes, essa é a referência em casa, na comunidade. É preciso trabalhar a ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 90 cultura de paz na escola, motivar a solução não violenta de conflitos. Qualquer violência escolar não é um problema só da educação.” Para a coordenadora executiva da Comunidade Educativa (Cedac), Roberta Panico, esse tipo de violência é uma reprodução do que ocorre fora da escola, mas há outro tipo de agressão praticada pela escola contra o aluno, da qual pouco se fala. “A sociedade está mais violenta. Ir para uma escola suja, quebrada, não aprender o que deveria, isso também é violência.” (Maiza Santos. “Brasil é campeão em atos violentos de alunos contra professores”. www.em.com.br, 23.08.217. Adaptado.) Texto 3 No contexto escolar, a partir do conjunto de regras que ditam os comportamentos e as relações – incluído aí o exercício da autoridade por parte do professor – desenvolvem-se sentimentos, atitudes e percepções variadas acerca da própria escola, que podem, muitas vezes, levar a desinteresse, indisciplina e atos de violência por parte dos alunos. Esses reclamam que os próprios adultos infringem as regras e que há abuso de poder por parte das instituições, que impõem regras sem margens de defesa ou possibilidades de contestação por parte dos jovens. Por outro lado, os professores sugerem que a estrutura familiar e a falta de sintonia entre escola e família em relação ao papel que desempenham na formação do aluno contribuem para a incidência de agressões. Segundo os docentes, a violência contra o professor é um reflexo da classe social a que pertencem os alunos, das comunidades em que estão inseridos, da família da qual fazem parte e das mídias a que têm acesso. (Kátia dos Santos Pereira. “Violência contra os professores nas escolas”. www2.camara.leg.br, maio de 2016. Adaptado.) Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva uma dissertação, empregando a norma- -padrão da língua portuguesa, sobre o tema: A violência contra o professor é consequência de regras escolares impostas aos alunos de forma autoritária ou reflexo de uma sociedade violenta? 22 . (UEA 2019) Comportamentos machistas na internet Texto 1 Atitudes machistas de torcedores na Copa do Mundo de 2018 na Rússia geraram polêmicas com a divulgação de vídeos em que mulheres são constrangidas ao repetirem palavras ofensivas em idiomas que não conhecem. O caso que gerou maior repercussão no país envolve um grupo de brasileiros que, sob pretexto de ensinar cantos de torcida, fez com que uma jovem repetisse palavras que remetessem ao órgão sexual feminino. Ela sorri e repete animada. A jurista e ativista russa Alena Popova fez um abaixo-assinado on-line para denunciar a atitude dos torcedores brasileiros. Segundo ela, a petição pode ser usada pelo governo russo para uma possível punição. Popova diz que os torcedores poderiam ser punidos com uma multa por humilhar publicamente a honra e a dignidade da mulher russa e por violar a ordem pública. (“Vídeos machistas de torcedores na Rússia se espalham pela web e causam revolta”. https://g1.globo.com.br, 19.06.2018. Adaptado.) Texto 2 O jornalista âncora do RedeTV News, Boris Casoy, causou grande polêmica ao comentar o vídeo machista de brasileiros, gravado durante a Copa do Mundo de 2018 na Rússia: “O que esses turistas fizeram é reprovável, mas tudo isso não passa de uma molecagem que não é inédita, uma cafajestagem de péssimo gosto. Nada comparável a um crime. Portanto, nada justifica o linchamento desses ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 91 moleques, que está circulando pelo Brasil inteiro como se tivessem cometido o pior crime do mundo. São apenas moleques e cafajestes”, avaliou Casoy. (Leandro Mendonça. “Boris Casoy causa polêmica ao defender brasileiros de vídeo de assédio na Copa do Mundo”. https://minutolivre.com, 20.06.2018. Adaptado.) Texto 3 ]O ambiente virtual favorece a formação de aglomerações espontâneas que se dedicam tanto a castigar pessoas específicas quanto a atacar grupos sociais. Em seu livro “Is Shame Necessary?” (“A vergonha é necessária?”, ainda sem tradução no Brasil), a professora Jennifer Jacquet enxerga o lado positivo do fenômeno. Segundo ela, o constrangimento público facilitado pela tecnologia pode ser útil para que a sociedade civil exponha autoridades e empresas, reprovando ações que considere nocivas. “A punição pela exposição pública age não apenas para desestimular um indivíduo a repetir comportamentos, mas para sinalizar à sociedade que um comportamento não é apropriado”, reforça a professora. (Walter Porto. “Redes sociais empoderam indivíduos, mas viram nova praça de linchamento”. www1.folha.uol.com.br, 24.04.2015. Adaptado.) Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva uma dissertação, empregando a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema: A exposição de autores de comportamentos machistas na internet contribui para desestimular tais comportamentos? 23 . (Autoral 2020 Wagner Santos) Depressão na adolescência Texto I Depressão na adolescência (Drauzio Varella) Depressão é uma doença crônica, recorrente, muitas vezes com alta concentração de casos na mesma família, que ocorre não só em adultos, mas também em crianças e adolescentes. O que caracteriza os quadros depressivos nessas faixas etárias é o estado de espírito persistentemente irritado, tristonho ou atormentado que compromete as relações familiares, as amizades e a performance escolar. (...) A doença é recorrente: para quem já apresentou um episódio de depressão a probabilidade de ter o segundo em dois anos é de 40%, e de 72% em 5 anos. Em pelo menos 20% dos pacientes com depressão instalada na infância ou adolescência, existe o risco de surgirem distúrbios bipolares, nos quais fases de depressão se alternam com outras de mania, caracterizadas por euforia, agitação psicomotora, diminuição da necessidade de sono, ideias de grandeza e comportamentos de risco. Antes da puberdade, o risco de apresentar depressão é o mesmo para meninos ou meninas. Mais tarde, ele se torna duas vezes maior no sexo feminino. A prevalência da enfermidade é alta: depressão está presente em 1% das crianças e em 5% dos adolescentes. Ter um dos pais com depressão aumenta de 2 a 4 vezes o risco da criança. O quadro é mais comum entre portadores de doenças crônicas como diabetes, epilepsia ou depois de acontecimentos estressantes como a perda de um ente querido. Negligência dos pais e/ou violência sofrida na primeira infância também aumentam o risco. É muito difícil tratar depressão em adolescentes sem os pais estarem esclarecidos sobre a natureza da enfermidade, seus sintomas, causas, provável evolução e as opções medicamentosas. Uma classe de antidepressivos conhecida como a dos inibidores seletivos da recaptação da serotonina (fluoxetina, paroxetina, citalopran, etc.) é considerada como de primeira linha no tratamento em ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 92 crianças e adolescentes e os estudos mostram que 60%respondem bem a esse tipo de medicação, que apresenta menos efeitos colaterais e menor risco de complicações por “overdose” do que outras classes de antidepressivos. (https://drauziovarella.uol.com.br/drauzio/depressao-na-adolescencia/. Fragmento) Texto II Considerando as ideias apresentadas no texto e outras que julgar importantes, redija uma dissertação em prosa, na qual você exponha seu ponto de vista sobre o tema: como os jovens devem lidar com as mudanças em sua vida para tentar evitar a depressão? Instruções: • A dissertação deve ser redigida de acordo com a norma culta da língua portuguesa. • Escreva, no mínimo, 20 linhas, com letra legível, e não ultrapasse o limite de 30 linhas. • Dê, se achar necessário, um título à sua redação. 24. (FAMERP 2017) Selfies Texto 1 O respeitabilíssimo Dicionário Oxford, o mais extenso da língua inglesa, anunciou que um novo verbete passaria a figurar em suas páginas: selfie, que reúne o substantivo “self” (eu, a própria pessoa) e o sufixo “-ie”. Eis sua definição: “Fotografia que alguém tira de si mesmo, em geral com smartphone ou webcam, e carrega em uma rede social.” (Rafael Sbarai. “Selfie é a nova maneira de expressão e autopromoção”. veja.abril.com.br, 23.11.2013. Adaptado.) Texto 2 O professor de psicologia da Universidade da Geórgia, nos Estados Unidos, Keith Campbell, sugere que um dos motivos que nos fazem amar selfies é porque elas são uma forma de expressão criativa. Ele afirma que a selfie é uma variação moderna dos autorretratos dos artistas. As selfies também nos permitem exercer um nível de controle maior sobre como os outros nos enxergam online, e isso é um grande apelo. Graças às câmeras dos celulares localizadas na frente, podemos tirar inúmeras fotos de nós mesmos até conseguir a imagem que nos mostra exatamente como queremos – uma imagem a qual nos sentimos felizes de compartilhar com o mundo online. Curioso notar que uma pesquisa sugere que essa “auto representação seletiva” pode na verdade aumentar nossa autoestima e confiança. https://www.google.com.br/url?sa=i&rct=j&q=&esrc=s&source=images&cd=&cad=rja&uact=8&ved=2ahUKEwiyzaKVu-3bAhWCTJAKHa-ZAUoQjRx6BAgBEAU&url=https://matematicaeafins.com.br/blog/2018/05/03/atualidades-xxiv-2018-depressao-entre-adolescentes-e-suicidio-entre-adolescentes-e-na-populacao-em-geral/&psig=AOvVaw1Unu9XFNB4KMEcfetMiIiY&ust=1529969610476827 ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 93 E os benefícios potenciais da selfie não param aí. As selfies têm uma característica espontânea e íntima que vem mudando a maneira com que documentamos, compartilhamos e celebramos eventos. Quando encontramos uma celebridade, não buscamos mais um autógrafo impessoal, nem precisamos usar cartões postais para dividir as memórias de uma viagem bacana. Pelo contrário, capturamos esses momentos únicos e compartilhamos com nossos amigos imediatamente. A Dra. Andrea Letamendi explica que “psicologicamente, podem haver benefícios em se compartilhar selfies porque essa prática está impregnada em nossa cultura e é uma maneira de se interagir socialmente com outros.” (“O que seu selfie diz sobre você? A ciência por trás da nossa obsessão”. www.shutterstock.com. Adaptado.) Texto 3 Na mitologia grega, Narciso era conhecido por sua beleza, mas, ao ver-se refletido nas águas de uma fonte, apaixonou-se por si mesmo. E, em busca desse amor impossível, fundiu-se consigo mesmo e sucumbiu na própria imagem. Trazendo para o atual contexto, podemos ver o narcisismo nas tecnologias, principalmente com o uso das redes sociais e as tão faladas selfies, que não estariam ligadas apenas à intenção de se expor, através de um autorretrato, mas também a uma busca pelo elogio e pelo olhar do outro para ser admirado, reconhecido e, assim, amado. O que é muito discutido atualmente é se toda essa exposição e busca revela um sintoma da sociedade, cada vez menos interessada nas relações de fato e reais, à medida que apenas investe na proliferação de imagens, que não necessariamente traduzem o sentido real, ou seja, se o indivíduo de fato está feliz e bem. Mas essa busca por ser admirado e amado, de modo tão instantâneo, traduz os reais sentimentos? E, ao final, o indivíduo que terá muitas curtidas e elogios realmente se sentirá melhor? Dessa forma, cada vez mais as relações se tornam superficiais, ou seja, quando o indivíduo está realmente em contato com o outro, pouco expõe o que deseja, sente, pensa, já que está tão voltado para a sua selfie. (“O narcisismo na contemporaneidade: o mal-estar da era das selfies”. http://lounge.obviousmag.org, setembro de 2014. Adaptado.) Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva uma dissertação, de acordo com a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o seguinte tema: Selfies: mecanismo de interação social ou narcisismo em excesso? 25. (FAMECA 2016) Remoção de órgãos saudáveis para prevenir o câncer Texto 1 A decisão de Angelina Jolie de remover um órgão para prevenir a incidência de câncer gerou repercussão mundial mais uma vez, lançando luz sobre a solução indicada por especialistas para os casos de quem apresenta mutação no gene BRCA1. Angelina, que perdeu a mãe, a avó e a tia para a doença, retirou as mamas (mastectomia) em 2013 e, recentemente, fez cirurgia para a remoção de ovários e trompas de Falópio (tubas uterinas). Patricia Prolla, professora de Genética da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e coordenadora da Rede Nacional de Câncer Familial, ressalta que ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 94 a decisão da atriz em nada tem a ver com exagero ou automutilação: “O que ela está fazendo é alertar para um risco muito alto e está tentando desmistificar uma conduta que é agressiva, mas necessária.”. (“Entenda a mutação do gene de Angelina Jolie”. http://zh.clicrbs.com.br, 27.03.2015. Adaptado.) Texto 2 Segundo o Dr. Antonio Luiz Frasson, mastologista do Hospital Albert Einstein, tumores nas mamas associados à mutação do gene BRCA1 afetam mulheres mais jovens, justamente uma faixa etária na qual alguns métodos de rastreamento, como a mamografia tradicional, podem se revelar menos eficientes. O rastreamento familiar e os exames moleculares permitem identificar se há suscetibilidade hereditária a mutações. Quando confirmada a mutação genética, particularmente do gene BRCA1, a mastectomia é, sim, um eficiente recurso preventivo. (“Mastectomia profilática: fazer ou não?”. www.einstein.br, 12.06.2013. Adaptado.) Texto 3 Uma mulher com alto risco para câncer de mama pode optar por não fazer a mastectomia preventiva. Uma alternativa é redobrar o acompanhamento das mamas, partindo para exames de rastreamento, como ultrassom e mamografias, em intervalos de tempos mais curtos, por exemplo. O objetivo, nesse caso, é identificar o câncer numa fase muito precoce e iniciar o tratamento adequado a partir desse diagnóstico. Dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA) apontam que, se a doença for detectada em estágio inicial, a chance de cura chega a 90%. (“Mastectomia preventiva: cirurgia”. www.minhavida.com.br. Adaptado.) Texto 4 A cirurgia de retirada dos ovários, das trompas e das mamas não é a única forma de prevenir o câncer nesses locais. Uma alimentação equilibrada, aliada a exercícios físicos e a um rigoroso acompanhamento médico, pode evitar o crescimento de tumores e impedir a mutilação. “A retirada dos órgãos diminui em 90% a possibilidade de a mulher ter a doença, mas não a extingue por completo”, afirma Reynaldo Augusto Machado Júnior, ginecologista da Beneficência Portuguesa de São Paulo. Outro agravante da retirada dos ovários é a menopausa precoce, que pode trazer sintomas depressivos, osteoporose desencadeada pela perda de massa óssea e queda na libido. A reposição hormonal pode ajudar a evitar esses sintomas, mas, por ter potencial cancerígeno, tambémaumenta a chance de desenvolver outros tipos de câncer. (“Cirurgia de Angelina para evitar câncer leva à menopausa e queda da libido”. http://noticias.uol.com.br, 24.03.2015. Adaptado.) Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva uma dissertação, empregando a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema: Remoção de órgãos saudáveis para evitar o câncer: prevenção necessária ou conduta exagerada? 26. (UFGRS 2019) Criação dos filhos Considere a seguinte situação. ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 95 Você foi aprovado no vestibular e começou a frequentar a Universidade. No primeiro semestre, você está cursando a disciplina de Língua Portuguesa e, nela, está vivenciando atividades de leitura e produção textual. Na última aula, foi lido e discutido por todos os presentes o texto do psicanalista Contardo Calligaris, “Os adolescentes que merecemos” (colocado a seguir). As ideias apresentadas pelo psicanalista têm grande força argumentativa e expressam um ponto de vista bem definido. Evidentemente, durante a discussão em sala de aula, muitas opiniões surgiram sobre o texto: algumas favoráveis, outras contrárias. Essa diferença de opiniões, quando feita nos limites da tolerância e do respeito, é bem-vinda, pois ela possibilita instaurar um debate bem fundamentado a respeito de qualquer assunto. Após a discussão, ficou decidido que você deverá produzir um texto dissertativo sobre as ideias expressas pelo autor. Além disso, foi decidido também que você lerá seu texto, na próxima semana, integralmente, em voz alta, para todos os colegas da turma da faculdade. Ora, tendo em vista essa situação, é fundamental que sua opinião seja apresentada de modo articulado, em um conjunto de ideias claras e consistentes. Para desenvolvê-la, você pode se valer, além das ideias do texto de Contardo Calligaris, de exemplos pessoais, situações presenciadas, fatos, acontecimentos, enfim, tudo o que possa ajudá-lo a sustentar de maneira qualificada suas ideias e a convencer os colegas de turma de que seu posicionamento a respeito do texto do psicanalista é defensável. Em resumo, você deverá escrever um texto dissertativo que: a) apresente claramente sua opinião e seu ponto de vista sobre as ideias expressas pelo autor do texto a seguir; b) desenvolva argumentos que permitam fundamentar sua opinião e seu ponto de vista Os adolescentes que merecemos Contardo Calligaris ABBY SUNDERLAND nasceu na Califórnia, em outubro de 1993. A família vivia num barco, ao longo da costa do Pacífico. O irmão mais velho de Abby, Zac, aos 17 anos, tornou-se o mais jovem velejador a circum- navegar a Terra sozinho. O recorde de Zac não resistiu muito tempo: logo, Michael Perham, um adolescente inglês um ano mais jovem que Zac, completou sua volta solitária ao mundo. Note-se que Perham, aos 14 anos, já tinha atravessado o Atlântico sozinho. Abby também, desde seus 13 anos, sonhava em circum-navegar a Terra. No começo deste ano, aos 16, sozinha, ela largou as amarras de seu veleiro de 12 metros e desceu o Pacífico Sul. Passou o Cabo Horn, atravessou o Atlântico e passou o Cabo de Boa Esperança, lançando-se no Oceano Índico. Entre a África e a Austrália, Abby encontrou uma tempestade à qual o mastro de seu barco não resistiu. No sábado passado, depois de dois dias à deriva num mar infernal, ela foi resgatada. Pela internet afora e na imprensa dos EUA, os pais de Abby estão sendo criticados por um coro indignado: como vocês puderam deixar uma menina de 16 anos errar sozinha pelo mar e pelos portos? Fora tsunamis e tempestades, o que dizer dos meses insones espreitando o mar e o vento a cada meia hora, da solidão, do trabalho incessante, do frio, do desconforto de uma navegação solitária ao redor do mundo? E os piratas ao sul da Malásia? Por qual permissividade maluca vocês aceitaram que Abby se lançasse numa aventura que seria arriscada para gente grande? Já a bordo do barco que a resgatou, Abby escreveu no seu blog: "Há uma quantidade de coisas que as pessoas podem estar a fim de culpar pela minha situação: minha idade, a época do ano e muito mais. A verdade é que passei por uma tempestade, e você não navega pelo Oceano Índico sem entrar em, no mínimo, uma tempestade. Não foi a época do ano, foi apenas uma tempestade do Oceano Sul. As tempestades fazem parte do pacote ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 96 quando você veleja ao redor do mundo. No que concerne à idade, desde quando a mocidade do velejador cria ondas gigantescas?". Se você duvida que Abby tivesse a maturidade necessária para sua empreitada, leia o diário da viagem (www.soloround.blogspot.com) – sobretudo as notas de Abby durante a interminável navegação no Atlântico Sul. Os que censuram os pais de Abby afirmam que nunca autorizariam seus rebentos a velejar sozinhos ao redor do mundo porque, aos tais rebentos, falta seriedade e falta experiência. Eles devem ter razão – afinal, eles conhecem seus filhos. Mas cabe perguntar: essa falta de seriedade e experiência é efeito de quê? Da simples juventude? Duvido: La Pérouse, o navegador francês, aos 17 anos, em 1758, já estava combatendo os ingleses ao largo de Terra Nova. Então, efeito de quê? Pois é, provavelmente, os mesmos pais que se indignam com a "irresponsabilidade" dos genitores de Abby permitem a seus filhos, mais jovens que Abby, de sair em baladas nas quais os únicos adultos são os que vendem drogas e bebidas. Será que a volta para casa de madrugada, num carro dirigido por amigos exaustos, exaltados ou sonolentos, é menos perigosa do que a circum-navegação do mundo num veleiro pilotado por Abby, animada há anos por um desejo intenso e focado? E, de qualquer forma, qual das duas experiências você prefere para seus filhos? O fato é que muitos pais preferem que os filhos errem como baratas tontas, de festinha em festinha. Por quê? Simples: assim, os filhos ficam infinitamente mais dependentes. E os pais modernos, em regra, querem os filhos por perto; eles adoram que os filhos demonstrem que eles não são suficientemente maduros para sair pelo mundo e para correr os riscos que o desejo acarreta. Não deveríamos nos perguntar qual é a loucura dos pais que empurraram Zac, Abby e Michael mar adentro, mas qual é a loucura dos pais que preferem largar seus filhos nas noites, em que vodca, cerveja, maconha, ecstasy e papo furado servem para convencer os próprios adolescentes de que ainda não começaram a viver e, portanto, vão precisar dos adultos por muito tempo. Comentando a aventura de Abby, um pai me disse: "Nunca deixaria minha filha navegar sozinha, eu não quero perdê-la". Pois é, "não quero perdê-la" em que sentido? https://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq1706201023.htm. Acesso em: 10 out. 2018. 27. (Mackenzie 2019) Videogames violentos Redija uma dissertação a tinta, desenvolvendo um tema comum aos textos abaixo. Obs.: O texto deve ter título e estabelecer relação entre o que é apresentado nos textos da coletânea. Texto I O temor de tantos pais e educadores acaba de ganhar um argumento científico a favor: videogames violentos realmente tornam os jovens menos sensíveis à violência real. Pesquisadores trabalharam com o conceito de dessensibilização, isto é, a diminuição da resposta emocional, medida fisiologicamente, a cenas reais de violência. As variáveis avaliadas foram frequência cardíaca e resposta galvânica da pele (alterações da resistência elétrica da pele, muito sensível à variação dos estados emocionais). (Revista Mente-Cérebro) Texto II ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 97 Eu acho que a tendência em procurar culpados nesses momentos de tragédia existe porque a situação é tão horrível e absurda que parece que precisamos acreditar que ela só pode ter sido causada por um elemento externo e poderoso. Hoje são os games, mas já foram os quadrinhos,a televisão etc. Em relação aos videogames especificamente, o consumo deles ainda é bem atrelado a crianças e adolescentes no senso comum (embora quando analisamos estudos demográficos sobre jogos essa visão não se sustenta, já que o gamer médio tem mais ou menos 30 anos) e o “mundo dos jovens” é sempre colocado como exótico e até meio bizarro, fora da compreensão dos adultos e cheio de perigos. Aí acaba sendo uma saída mais confortável considerar games violentos culpados sem levar em conta o isolamento social e sofrimento psicológico que muitas vezes essa mesma cultura acaba impondo sobre os jovens. (Beatriz Blanco, pesquisadora de videogames) 28. (Faculdades Integradas Padre Albino 2012) Consumo Tome a foto e os textos como referência para redigir uma dissertação na modalidade culta da língua sobre o tema: A atitude do consumidor e o ato de consumir: necessidade ou compulsão? ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 98 Trabalho do italiano Michelangelo Pistoletto: “Oferta de mercadorias que se abate qual ‘avalanche’ sobre os sujeitos, impedindo-os de se saberem como sujeitos”. TEXTO I Vivemos sob as leis da economia, sustentadas pelo motor do consumo. Consumidores de mercadorias, ficamos reféns da acumulação de produtos, cada vez mais descartáveis, mas cada vez mais indispensáveis. A felicidade e a realização parecem estar reduzidas a isso. A cultura do consumo, patrocinada pela alta tecnologia e pela publicidade, determinou as relações entre os indivíduos, que passaram a consumir as coisas e os signos das coisas. O consumidor é moldado, para ser fiel ao produto que lhe é oferecido, com um valor cultural de signo, em detrimento do valor de uso. O que significa que os produtos não são mais expostos como detentores de propriedades próprias; os consumidores não compram mais meros produtos mercadológicos, mas sim o que eles representam em termos de status, de sentimentos e de emoções. Não se compra mais um refrigerante para matar a sede, mas sim para abrir caminho para a felicidade. Não se procura mais um sabonete para diminuir a gordura presente na pele e proporcionar um odor agradável, mas um que revitalize a energia para quem o use. E nessa corrida por melhorias de estado de espírito, pelo glamour e sedução, milhões de consumidores debruçam-se sobre as prateleiras das lojas e supermercados para consumirem mais e mais ideais e emoções que faltam em seus cotidianos. Será que os consumidores são conscientes de que suas aspirações de vida ultrapassam os verdadeiros parâmetros para se mascararem em itens compráveis? (www.observatoriodaimprensa.com.br/news.07.07.2009/Adaptado) TEXTO II Antes de se atacar a sociedade por consumir demais, deve-se elogiá-la por produzir muito e oferecer conforto e liberdade de escolha entre produtos e preços. Isso é reconhecer as vantagens do livre mercado. Consumista é a pessoa e não a sociedade. 29. (Faculdade Albert Einstein/Medicina 2017 ) O papel da argumentação nas redes sociais TEXTO I As pessoas não estão prontas para opiniões nas redes sociais http://www.observatoriodaimprensa.com.br/news.07.07.2009/Adaptado ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 99 A “liberdade” das redes sociais é algo interessante de discutir. Conversando com um colega de profissão, por meio de um aplicativo de uma rede social, é claro, falávamos sobre as pessoas expressarem suas opiniões nas redes sociais. Que fique claro que, em minha# , isso é bom! Mas claro que estou Opinião sendo “educado” em dizer “expressar suas opiniões”, pois, muitas vezes, eles impõem suas opiniões e mais, transformam a liberdade de expressão em “discurso de ódio”. Grande número de participantes das discussões perde, rapidamente, a capacidade de “argumentação” e passa para grosseria. [...] A democracia tem sido posta em prática nas todos redes sociais os dias. O grande problema, em minha opinião, não é a liberdade democrática expressa em postagens curtas, longas, imagens ou textos, como este texto, publicado em redes sociais, mas sim, a falta de prática democrática nos discursos/textos.[...] Lendo algumas postagens e suas discussões, chego à seguinte conclusão: a prática da argumentação inteligente é uma importante maneira de expressar a liberdade de opinião e entender que a liberdade começa na capacidade de interpretar e respeitar a opinião do outro, até porque, isso tudo que escrevi, é a minha opinião. Especialistas garantem que estudar a arte de convencer os outros virou necessidade não só para quem quer persuadir, mas também para não ser enrolado pela conversa alheia. Uma boa argumentação abre portas. É no que se acredita desde a Antiguidade, quando as primeiras técnicas retóricas foram criadas para convencer e persuadir o público de uma ideia que, independentemente de ser verdadeira, é eloquente. Numa era de informação global, no entanto, em que comunicar está na base das relações pessoais e profissionais, estar familiarizado com as principais formas de convencimento virou um trunfo de mão dupla: quem sabe a importância de convencer alguém saberá também não cair tão fácil na primeira lábia de um interlocutor. "Num mercado altamente competitivo e em acelerada mudança, a habilidade de comunicar ideias e convencer as pessoas da necessidade de mudanças é essencial. Nestas circunstâncias, o domínio das técnicas de persuasão cria um diferencial valioso", diz Jairo Siqueira, consultor em criatividade e negociação. [...] Mestre em estudos literários pela Unesp, o linguista Victor Hugo Caparica lembra que mesmo as relações interpessoais são, em última análise, relações interdiscursivas. Ou seja: na maior parte do tempo, estamos argumentando em maior ou menor grau com as pessoas que nos cercam, influenciando e sendo por elas influenciados. Disponível em: http://br.blastingnews.com/sociedade-opiniao/2016/06/as-pessoas-nao-estaoprontas-para-opinioes-nas-redes-sociais- 00993347.html. Acesso em: 06 set. 2016. Adaptado TEXTO II A Arte de Argumentar Todos nós teríamos muito mais êxito em nossas vidas, produziríamos muito mais e seríamos muito mais felizes, se nos preocupássemos em gerenciar nossas relações com as pessoas que nos rodeiam, desde o campo profissional até o pessoal. Mas para isso é necessário saber conversar com elas, argumentar, para que exponham seus pontos de vista, seus motivos e para que nós também possamos fazer o mesmo. Segundo o senso comum, argumentar é vencer alguém, forçá-lo a submeter-se à nossa vontade. Definição errada! [...] Seja em família, no trabalho, no esporte ou na política, saber argumentar é, em primeiro lugar, saber integrar-se ao universo do outro. E também obter aquilo que queremos, mas de modo cooperativo e construtivo, traduzindo nossa verdade dentro da verdade do outro. In: ABREU, A.S. A Arte de Argumentar: gerenciando razão e emoção. Cotia, SP: Ateliê Editorial, 1999, p. 10. Fonte da imagem: Revista Língua. Ano 8. N. 88, 2013, p. 7 TEXTO III ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 100 PROPOSTA DE REDAÇÃO Diante da inquestionável necessidade de domínio da argumentação na vida em sociedade – seja nas redes sociais ou em outras situações de interlocução –, construa um texto dissertativo- argumentativo que apresente seu ponto de vista sobre o papel da argumentação nas redes sociais, em tempos em que a exposição intensa na web é uma constante. Sustente seu posicionamento com argumentos relevantes e convincentes, articulados de forma coesa e coerente. Dê um título ao texto. Seu trabalho será avaliado de acordo com os seguintes critérios: espírito crítico, adequação do texto ao desenvolvimento do tema, estrutura textual compatível com o texto dissertativo-argumentativo e emprego da modalidade escrita formal da língua portuguesa. 30.( FAMEMA 2017) Excesso de cirurgias plásticas Texto I Em 2013, o Brasil chegouao primeiro lugar no ranking dos países que mais faziam cirurgias plásticas no mundo. Segundo a mais recente pesquisa da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética, o Brasil realizou 1,22 milhão de procedimentos em 2015. O Brasil está agora em segundo lugar no ranking, superado apenas pelos Estados Unidos que, em 2015, registraram 1,41 milhão de cirurgias. (Mariana Lenharo. “Cai número de plásticas no Brasil, mas país ainda é 2o no ranking, diz estudo”. http://g1.globo.com, 27.08.2016. Adaptado.) Texto II Que modelo de mulher é a Barbie, que reinou por mais de meio século como um ideal feminino a ser atingido? Um que não existe. E não é que Barbie não exista por ser linda demais, inatingível para pobres mortais com seus genes imperfeitos, mas sim por ser bizarra demais, uma arquitetura que literalmente não para em pé. Graças a sua cinturinha, Barbie só teria espaço para acomodar metade de um rim e alguns centímetros de intestino. Como o pescoço é duas vezes maior do que o de uma mulher e 15 centímetros mais fino, ela não teria como manter a cabeça erguida. Andar, só como um quadrúpede. (Eliane Brum. “Quem precisa da Barbie, tenha o corpo que tiver?”. http://brasil.elpais.com, 01.02.2016. Adaptado.) Texto III Sabe-se que há riscos para a pessoa que faz uma cirurgia plástica. Podem ocorrer infecções, sangramentos, perfuração de órgãos e hematomas. Além disso, não são raros casos de morte na sala cirúrgica ou por complicações posteriores. Por que essa incessante busca pelo corpo perfeito, à custa de bisturi e sangue? A mídia tem uma grande influência sobre seu público. Homens e mulheres comuns estão cercados de anúncios que utilizam modelos esteticamente perfeitos. Numa guerra contra o espelho, há pessoas que não aceitam sua imagem fora do padrão estético vigente. Assim, não bastam ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 101 academias de ginástica, dietas, cosméticos e salões de beleza. É preciso cortar a própria carne. Tudo bem quando isso é feito de forma responsável e conforme o mais alto grau de profissionalismo. Contudo, a recorrência ao bisturi para alterar a aparência é um problema quando se torna obsessão. Na mitologia grega, Procusto era um malfeitor que capturava viajantes para fazê-los caber numa espécie de leito de ferro. Se fossem maiores que o leito, cortava-lhes pedaços a golpes de machado. Se menores, os esticava. Metaforicamente, eu prefiro não caber no leito de Procusto. (Márcio Chocorosqui. “À procura do corpo perfeito”. http://lounge.obviousmag.org. Adaptado.) Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva uma dissertação, empregando a norma- -padrão da língua portuguesa, sobre o tema: O excesso de cirurgias plásticas em uma sociedade de padrões estéticos opressores impostos pela mídia 31. (Autoral/ UNB - Wagner Santos) A corrupção e a passividade do brasileiro Texto I A CORRUPÇÃO NO BRASIL TAMBÉM É BANCADA POR NÓS! (Mauricio Alvarez da Silva) Estamos novamente em meio a um turbilhão de escândalos públicos, o que tem sido uma situação constante desde a época em que éramos uma simples colônia. Como diz o adágio popular vivemos na “casa da mãe Joana”. No entanto, a questão da corrupção no Brasil é muito mais profunda. Acredito que apenas uma pequena parte dos casos seja descoberta e venha a público. Imagino que grande parcela fique escondida nas entranhas públicas. Temos a corrupção política, a corrupção de servidores e de cidadãos desonestos. A corrupção sempre tem dois lados, um corrompendo e outro sendo corrompido. É nítido que a máquina pública está comprometida. Desde criança escutamos falar sobre a tal da corrupção, agora vemos, todo dia, ao vivo e a cores na TV. Na esfera política houve e há muito apadrinhamento para se obter a dita governabilidade. Não importa os interesses da sociedade, desde que os interesses pessoais e partidários sejam atendidos, com isso vem a briga pela distribuição de cargos públicos, comissionamentos e outras benesses. Isto ocorre em todos os níveis de governo (municipal, estadual e federal), afinal é preciso acomodar todos os camaradas. Se pararmos para pensar, no final das contas, mesmo que inconscientemente, somos nós que financiamos toda essa corrupção. Os corruptos visam o dinheiro público, que em última análise é o seu dinheiro e o meu dinheiro, que disponibilizamos para a manutenção da sociedade. Na medida em que os recursos destinados a financiar hospitais, escolas, saneamento básico e outras necessidades primárias são desviados, debaixo de nossos narizes, e não tomamos qualquer atitude, também temos nossa parcela de culpa, por uma simples questão de omissão. Todo mês a arrecadação tributária bate recordes, o governo encosta os contribuintes na parede e suga a maior parcela dos seus recursos e tudo isso para quê? Para vermos que o nosso dinheiro está sendo desviado, utilizado para manter um gigantesco cabide de empregos, manter o inchaço da máquina pública ou aplicado em obras fúteis, enfim, uma grande parcela escoando pelo ralo. (...) Falta-nos esse poder de mobilização e indignação, afinal quem manda neste país é o povo brasileiro, sua vontade é soberana e cabe aos ocupantes dos cargos públicos nos representar e, sobretudo, nos respeitar. A situação pode, sim, ser mudada. Desde que você e eu nos manifestemos abertamente, pois nossa manifestação, quando multiplicada, gerará a necessária mudança da opinião pública sobre o assunto. Sinta-se à vontade para utilizar ou compartilhar este artigo com seus amigos e colegas, e peça- ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 102 os para manifestarem também em blogs, twitters e outros meios, enviando cópia para deputados, senadores e outras autoridades. Texto II “No Brasil, corrupção é forma de gestão, é sistema político”, diz Jabor Esta crise vem do atraso brasileiro. Quem a provoca é a resistência daqueles que vivem da precariedade de nossas instituições, aqueles que vivem nos buracos da lei, como os ratos. O Ministério Público com Janot e o juiz Sérgio Moro não estão provocando crise alguma, mas uma mutação histórica. Mesmo que acabe em pizza, nunca mais o país será o mesmo. Isso porque aqui a corrupção nao é apenas um malfeito, um "pecado" de ladrões, mas uma forma de gestão, um sistema político que contamina os órgãos públicos, deformando qualquer hipotese de crescimento e governança. Está vindo à luz um Brasil que estava oculto debaixo da terra e dos esgotos. A maldita herança que Lula deixou abriu as portas para esse desmanche do país. Há 12 anos a ordem ainda é: "Façam o que quiserem com o Estado, desde que me apoiem". E assim se criou o pior cenário para o Brasil: uma frente única da esquerda incompetente com a mais arcaica direita feudal. O perigo que a Lava Jato corre não são as investidas do ambicioso trator Eduardo Cunha. Não. Perigosas são as artimanhas sutis, armadas para tentar que o STJ anule as investigações. No Brasil fala-se muito em democracia para não exercê-la. Mas Janot e os procuradores estão mostrando que a verdadeira democracia é: "Todos os homens são iguais perante à lei". A partir dos textos motivadores, e tomando-os unicamente como motivadores, escreva um texto dissertativo expositivo-argumentativo que verse acerca do seguinte tema: A corrupção e a passividade do brasileiro. Seu texto deverá ter, no máximo, 30 linhas e ser escrito segundo a norma culta da língua portuguesa. 32. (UNIFESP 2018) Redes sociais Texto 1 Apenas reproduzimos nas redes sociais o que somos na vida off-line. Mas hoje se convencionou que tudo é culpa da tecnologia. A previsão é sempre de um futuro sombrio, em que as pessoas não se relacionam, não se falam, não se encontram. Falava-se a mesma coisa da TV. Para os pessimistas há sempre uma praga tecnológica mais atual. Os saudosistas olham para o passado e acham que a vida era mais vida lá atrás. Nãoé melhor nem pior. É apenas diferente. Só temos que nos adaptar. As redes sociais podem, sim, nos dar uma falsa impressão de convivência cumprida. Corremos o risco de viver as relações de forma superficial. Sabemos da vida alheia, rimos das mesmas piadas, mandamos coraçõezinhos, distribuímos likes. E, então, voltamos para nossa vida ocupada. Não dou conta de responder a todos os e-mails, inbox do Facebook, mensagens de WhatsApp. Fico na intenção. Não é egoísmo. É falta de habilidade em ser onipresente em todas as plataformas. Nunca estivemos tão em contato mesmo à distância. As redes sociais têm o poder de estreitar laços e desvendar afinidades até com desconhecidos. ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 103 (Mariliz Pereira Jorge. “As redes sociais têm o poder de estreitar laços”. Folha de S.Paulo, 19.02.2015. Adaptado.) Texto 2 Não podemos supor que as redes sociais tragam somente meras mudanças de costumes, porque seu peso, associado ao desenvolvimento da informática, é semelhante à introdução da imprensa, da máquina a vapor ou da industrialização na dinâmica do nosso mundo. As redes sociais provocam mudanças de fundo no modo como as nossas relações ocorrem, intervindo significativamente no nosso comportamento social e político. Isso merece a nossa atenção, pois acredito que uma característica das redes sociais é, por mais contraditório que pareça, a implantação do isolamento como padrão para as relações humanas. Ao participar das redes sociais acreditamos ter muitos amigos à nossa volta, ser populares, estar ligados a todos os acontecimentos e participando efetivamente de tudo. Isso é uma verdade, mas também uma ilusão, porque essas conexões são superficiais e instáveis. Os contatos se formam e se desfazem com imensa rapidez; os vínculos estabelecidos são voláteis e atrelados a interesses momentâneos. Além disso, as relações cultivadas nas redes sociais se baseiam na virtualidade, portanto, no distanciamento físico entre as pessoas. A opinião do outro é apenas a oportunidade para se expressar a sua própria. O outro parece importar, mas de fato não importa. Importam apenas a própria posição e a autoexposição. Daí a constante informação sobre as viagens, os pensamentos, as emoções, as atividades de alguém. É preciso estar em cena e sempre. Há nisso um evidente desenvolvimento do narcisismo e, consequentemente, do reforço do distanciamento entre as pessoas. (Dulce Critelli. “A ilusão das redes sociais”. www.cartaeducacao.com.br, 07.11.2013. Adaptado.) Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva uma dissertação, empregando a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema: As redes sociais estreitam os laços entre as pessoas ou as tornam egoístas? 33. (UNICAMP 2018) Há limite para a liberdade de expressão? Considere a seguinte situação: uma postagem recente em uma rede social de uma mensagem de ódio contra os nordestinos foi foco de intensa discussão. Dada a repercussão do caso, o jornal de maior circulação de sua cidade resolveu fazer um caderno especial sobre o tema “Liberdade de Expressão”. Leitores de diferentes perfis foram convidados a se manifestar e você foi o estudante escolhido. Para atender a esse convite, você deverá escrever um artigo de opinião em que discutirá a seguinte questão: “Há limite para a liberdade de expressão?” No seu artigo de opinião, você deve: a) identificar e explicitar os dois principais posicionamentos sobre a questão tratada; b) assumir um desses dois posicionamentos e sustentá-lo com argumentos. Seu texto deverá considerar as seguintes citações: "Liberdade de expressão é a possibilidade de as pessoas se manifestarem sobre fatos e ideias sem interferências externas, sobretudo do Estado. Discurso de ódio é uma tentativa de desqualificar e excluir do debate grupos historicamente vulneráveis, seja por religião, cor da pele, gênero, orientação sexual ou ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 104 qualquer traço utilizado com o objetivo de inferiorizar pessoa ou grupo.” (Luís Roberto Barroso, Ministro do STF.) ---------- "A frase ‘eu discordo do que dizes, mas defenderei até a morte o teu direito de dizê-lo’ talvez seja a melhor definição para a liberdade de expressão. Afinal, é muito fácil conceder a liberdade de expressão às ideias com que concordamos; muito mais difícil é aceitar a manifestação de ideias que desgostamos. O que se tem visto no Brasil nos últimos tempos, no entanto, é uma crescente vontade de reprimir formas de expressão que sejam consideradas desrespeitosas e preconceituosas. A iniciativa, embora tenha como pano de fundo uma intenção nobre, tem gerado situações desproporcionais, limitando o direito à livre expressão e violando a Constituição Federal.” (Bruno de Oliveira Carreirão, advogado.) ---------- "Liberdade de expressão é poder se manifestar sobre aquilo que não ofenda ou ataque o sentimento íntimo das pessoas. Discurso de ódio é o que tem por objetivo incitar, criar beligerância e promover animosidades contra esses sentimentos pessoais." (Marcelo Itagiba, ex-deputado.) ---------- "As grandes sociedades se caracterizam pela pluralidade de valores, alguns excludentes. A liberdade de expressão é ligada à liberdade em si, mas há o valor da luta contra o preconceito. Como lidar com o conflito de valores? Os EUA optaram pela liberdade de expressão. O Brasil optou por uma legislação protetiva. Isso guarda um certo paternalismo, mas expressa respeito. (Fernando Schüler, cientista político.) ---------- "É necessário entender a ideia de identidade e de alteridade. Por uma questão de sobrevivência, nos sentimos seguros quando próximos de algo com que nos identificamos. Queremos sempre que o outro seja igual a nós e, se não for, talvez tenhamos que destruí-lo. Este é um pressuposto fundamental para o surgimento do discurso de ódio.” (Izidoro Blikstein, professor da FGV e especialista em Análise do Discurso.) ---------- "Liberdade de expressão é o direito de expor a opinião e exercitar a divergência sem ser perseguido ou condenado. O discurso de ódio é um conceito um tanto abstrato e elástico. Para uns, é a expressão da verdade desnuda do politicamente correto; para outros, é a tentativa abjeta de difamar seu interlocutor.” (Rachel Sheherazade, jornalista e apresentadora de TV.) ----------- "O discurso de ódio aparece quando você acha que seu modo de ser e estar no mundo deve ser um modelo com o qual outras pessoas têm que se conformar. Se isso não acontecer, o discurso de ódio vem para deslegitimar a sua vivência, para fazer com que pareça que sua vida não merece ser vivida." (Linn da Quebrada, cantora.) ---------- "Liberdade de expressão não é um direito absoluto, nem pode ser. As pessoas têm dificuldade de entender que vivem em sociedade, que existem regras e que a gente precisa delas, sobretudo no que diz respeito à vida do outro." (Djamila Ribeiro, ativista dos movimentos negro e feminista e ex-Secretária Adjunta de Direitos Humanos da prefeitura de São Paulo.) (Adaptado de http://temas.folha.uol.com.br/liberdade-de-opiniao-x-discurso-de-odio/o-que-e-o-que-e/ personalidades-discutem-o-que-e-liberdade-de-opiniao-e-discurso-de-odio.shtml. Acessado em 13/11/2017.) ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 105 É verdade, corujinha. A UNICAMP não solicita ao candidato uma dissertação. A Banca pede que o vestibulando faça duas redações de gêneros diferentes, ou seja, pode ser solicitado que se faça uma carta, um abaixo-assinado, um comentário em numa página de internet, um discurso de apresentação etc. Mas em 2018, a Banca solicitou que fosse produzido um artigo de opinião. Artigo de opinião é um texto argumentativo de cunho pessoal e enfático. Trata-se de um gênero muito próximo da dissertação. A diferença consiste em dois elementos. Em primeiro lugar, há a possibilidade de se usara primeira pessoa do singular (eu) sem causar estranheza. Pode-se dizer, por exemplo, “Nessa semana que passou, tomei um susto ao ler a publicação de um amigo na rede social. Indignado, ele divulgou alguns comentários que estavam circulando na rede sobre preconceito contra nordestinos.” O outro traço distintivo refere-se ao fato de que o redator do texto pode ser um pouco mais enfático. Na verdade, como você pode ver, as distinções são muito sutis. A estrutura dos dois (dissertação e artigo de opinião) é a mesma (introdução, desenvolvimento argumentativo e conclusão). Além disso, seu texto será avaliado, nos dois casos, pela qualidade argumentativa. A diferença é tão sutil que se você fizer uma dissertação e publicá-la no espaço dedicado ao artigo de opinião, seu texto será encarado como sendo artigo e opinião, ninguém fará objeção. Portanto, não se enrole. Aliás, aproveite. Usar a primeira pessoa torna a escrita mais fácil. Pense assim, trata-se de uma dissertação em que posso usar a primeira pessoa do singular. 34. (FAMEMA 2016) Leitura como medida de redução de pena Texto 1 O Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJSP) instituiu a redução de pena pela leitura por meio de uma portaria, em 2013, que estabeleceu a possibilidade de que o preso, no período de um ano, possa reduzir até 48 dias de sua pena por meio da apresentação de resenhas de obras literárias disponíveis na unidade prisional. O texto define que o preso tem até 30 dias para realizar a leitura de uma obra e apresentar a sua resenha a uma comissão formada no sistema prisional – em caso de suspeita de plágio, o juiz pode realizar a arguição oral do participante. De acordo com o juiz auxiliar da Corregedoria do TJSP, Jayme Garcia dos Santos Junior, a expectativa é de que, até o segundo semestre de 2016, a possibilidade de redução pela leitura, que hoje ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 106 acontece em alguns presídios da capital e do interior de São Paulo, já seja realidade em 90% das unidades prisionais do estado. (Luiza de Carvalho Fariello. www.cnj.jus.br, 30.06.2015. Adaptado.) Texto 2 O projeto “Remição da Pena pelo Estudo através da Leitura” do governo do Paraná registrou, até 2014, a média mensal de 2,3 mil detentos participantes. Pedagoga e professora do curso de pedagogia da Universidade Estadual de Maringá (UEM), Aparecida Meire Calegari-Falco ressalta a importância da leitura no processo de humanização das pessoas, especialmente daquelas que se encontram privadas de liberdade. “A leitura pode ser uma janela para o mundo lá fora, além de que o projeto talvez seja a única possibilidade de contato com a leitura que essas pessoas terão”. A pedagoga reforça, ainda, o incentivo ao conhecimento que o hábito de ler pode trazer, contribuindo para diminuir a reincidência de crimes. Segundo ela, a falta de capacitação profissional é um dos principais motivos para que ex-detentos continuem a cometer delitos, um problema que pode ser resolvido através do incentivo ao conhecimento proporcionado pela leitura. Desde a implantação da lei, o Paraná vem sendo reconhecido no cenário nacional por ser o pioneiro no projeto. Tendo ganhado vários prêmios, o Estado já possui o maior número de presos que garantiram uma vaga na universidade neste ano. Através do Sistema de Seleção Unificada (Sisu) do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), 55 detentos entraram para uma universidade pública em 2015. (Fabiola Junghans et al. www.portalcomunicare.com.br. Adaptado.) Texto 3 Cid Gomes, enquanto governador do Ceará, apresentou projeto de redução de pena pela leitura, conferindo ao condenado 4 dias a menos na prisão por livro lido no mês. Embora simpática aos olhos de alguns, a medida merece ser censurada sob vários aspectos. A respeito da execução da pena, a legislação federal estabelece a possibilidade de redução por trabalho ou por estudo, devendo, nesta hipótese, ocorrer a frequência escolar – atividade de ensino fundamental, médio, profissionalizante, superior, ou ainda de requalificação profissional. A proposta governamental esbarra nessa lei, pois a simples leitura não se enquadra em estudo regular, mesmo mediante avaliação. A leitura serve como mero deleite, busca de conhecimento, de reconstrução, de entretenimento, sendo um item a mais no processo de ressocialização. É, porém, inadmissível que ressocialização seja sinônimo de redução de pena. A leitura, pela simples leitura e sem o ensino formal, não propiciará a revitalização do sistema penitenciário brasileiro. (Heitor Férrer. www.opovo.com.br, 19.12.2014. Adaptado.) Com base na leitura dos textos e em seus próprios conhecimentos, escreva uma dissertação, na norma- padrão da língua portuguesa, sobre o seguinte tema: A leitura deve ser uma medida para a redução da pena de presidiários? ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 107 35. (Autoral 2020) Linchamento virtual Texto I A gênese do ataque A vítima de um linchamento geralmente “cumpre a função ritual e sacrificial do bode expiatório”, escreve José Martins de Souza, sociólogo e professor da USP, no livro Linchamentos: a justiça popular no Brasil. Em seu levantamento, Martins estima que haja um linchamento físico por dia no País, e que, nos últimos 60 anos, cerca de um milhão de brasileiros tenha participado de pelo menos um ato ou uma tentativa desse tipo. Apesar das diferenças entre o linchamento físico e o virtual, a efeito de pesquisa, a distinção é menos acentuada: “o linchamento virtual também é real. A pessoa atacada tem família, vida social, não é só um avatar”, explica a pesquisadora da Unicamp Karen Tank Mercuri Macedo, que estudou o tema. “Acreditamos que o linchamento virtual muitas vezes acontece por falta de letramento digital. Se a pessoa não tem uso crítico da tecnologia, não conseguirá avaliar a fonte das informações que recebe e tem mais chances de ser um linchador ou linchado em potencial.” Mas quem toma parte em linchamentos tem consciência do que está fazendo? Depende da situação. “Há um caso de um linchamento real no Rio de Janeiro em que uma idosa foi vista tentando arrancar o olho da vítima com uma colher. Quando foi levada para a delegacia, ela não lembrava o que tinha feito. Acreditamos que a fúria da multidão deixe vir à tona um comportamento que nem a pessoa entende”, explica Macedo. Mas a situação muda nas redes sociais, mesmo que envolva uma ação impensada. “A pessoa tem muito mais consciência do que está fazendo na internet do que na agressão física no mundo real, que geralmente parte de uma explosão súbita.” Três casos de linchamento virtual com consequências bem reais “NÃO PEGO AIDS, SOU BRANCA” Em dezembro de 2013, a relações públicas Justine Sacco, de 30 anos, aguardava um voo de Londres para a Cidade do Cabo, na África do Sul, quando tuitou: “Indo para a África. Espero não pegar aids. Brincadeira! Sou branca.” Onze horas depois, ao desembarcar, Sacco descobriu que havia recebido mais de 100 mil mensagens de repúdio e ameaças de morte. Até Donald Trump tuitou pedindo sua demissão — algo que de fato aconteceu. “MATE UM NORDESTINO AFOGADO” Após a vitória de Dilma Rousseff nas eleições de 2010, a estudante paulista Mayara Petruso tuitou uma série de comentários, entre os quais viralizou a frase: “Nordestino não é gente, faça um favor a SP, mate um nordestino afogado!”. A forte repercussão levou Mayara a abandonar a faculdade e ser demitida. Ela foi condenada a um ano e cinco meses de prisão por incitação à violência. FANTASIA: VÍTIMA DA MARATONA DE BOSTON Em 2013, Alicia Ann Lynch, uma norte-americana de 22 anos, decidiu tuitar sua foto do Halloween. Sua fantasia: vítima do atentado na maratona de Boston, que matou três pessoas e feriu mais 264. A reação foi rápida: mensagens de ódio, informações pessoais e até fotos íntimas de Lynch vazaram na rede. (Disponível em: <https://super.abril.com.br/tecnologia/o-que-motiva-os-linchamentos-virtuais/>.Acesso em: 26/09/1019. Fragmento) ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 108 Texto II Linchamento virtual: Uma arma perigosa que pode ser letal A irresponsabilidade utilizada como arma no meio virtual Nós, brasileiros, ocupamos a 3ª posição no ranking mundial da internet, segundo dados do Ibope Nielsen Online. O uso da internet em locais de trabalho e domicílios brasileiros vem crescendo muito nos últimos tempos, colocando o Brasil acima de países como a Alemanha, o que por um lado é benéfico, porque nos traz os benefícios dos avanços tecnológicos; mas, por outro lado, muita preocupação quanto ás formas e finalidades para as quais muitos internautas fazem uso da internet. Blogs, sites, redes sociais em geral são usadas com a finalidade de empreendedorismo por quem sabe usá-los como ferramentas e mecanismos auxiliares, e hoje, indispensáveis, na comunicação e marketing que varia dos pequenos aos grandes negócios, mas existe uma gama de usuários, que a exploram pelo lado negro, desnecessário e até criminoso, causando desconfortos e prejuízos a toda comunidade virtual. Com o crescimento da incitação ao ódio e à violência nas redes sociais, é comum nos depararmos com campanhas e mais campanhas educativas, que visam aplacar essa onda de ataques virtuais, que cresce com o desconhecimento das leis que regulamentam o uso racional e responsável da web, prevendo punições aos infratores das mesmas. A internet nunca foi terra de ninguém como apregoam os que dela utilizam para o mal. Não obstante às campanhas educativas, criação de Delegacias Especializadas em Crimes Cibernéticos, a exemplo da Safernet Brasil, DEICC, DRCI, dentre outros, é muito comum encontrarmos publicações maldosas que divulgam nomes e imagens de pessoas, de forma injuriosa, caluniosa e difamatória, frases de efeito como, “morte ao fulano”, incitando o ódio e a violência sem se quer medir as consequências danosas de tamanha irresponsabilidade virtual. Num passado não muito distante, em 03 de maio de 2014, o Brasil foi impactado pelas consequências desse, hoje, tão habitual, linchamento virtual, que veio a ser letal, trágico na vida da senhora Fabiane Maria de Jesus, dona de casa, 33 anos, violentamente agredida por dezenas de moradores de uma comunidade em Guarujá, no litoral de São Paulo, após ter sua imagem divulgada irresponsavelmente na internet, onde a denunciavam como sequestradora de crianças para rituais de magia negra. (Disponível em: <https://amitafamitaf.jusbrasil.com.br/>. Acesso em: 26/09/1019. Fragmento. Adaptado.) Texto III A professora de Estudos Ambientais da Universidade de Nova York, Jennifer Jacquet, autora do livro “A vergonha é necessária? Novos usos para uma velha ferramenta”, diz em seu livro que a exposição pública de alguém que tem um comportamento reprovável tem uma função social desejável. Ela defende que envergonhar publicamente um indivíduo ou uma marca tem o poder de mudar comportamentos sociais tanto dos alvos da vergonha quanto daqueles que entram em contato com o ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 109 ato – e pode causar mudanças reais naqueles indivíduos. Além disso, a mobilização também ajuda a chamar atenção do poder público para um caso, o que pode render alguma ação legal se o ato executado pelo indivíduo for, além de algo moralmente reprovável, um crime. No entanto, Jacquet alerta para o poder que a internet coloca na mão das multidões, para o bem e para o mal. A perseguição virtual de pessoas comuns, para ela, é um problema porque muitas vezes gera consequências desproporcionais para o indivíduo em comparação à infração que ele cometeu. E é alimentado pelo viés de grupo, fenômeno social que gera sentimento de ódio ou medo em relação àqueles que consideramos diferentes. O linchamento virtual adquire outro caráter quando lembramos que as informações que publicamos e registramos na rede são difíceis de apagar. Além do impacto imediato na vida da pessoa que foi linchada, ela pode seguir sendo punida por uma mancha enorme em sua reputação pelo resto da vida: basta uma busca na internet. (Disponível em: <https:// https://www.nexojornal.com.br/>. Acesso em: 26/09/1019. Fragmento.) O Linchamento Virtual é uma forma de denegrir virtualmente a imagem de alguém, principalmente a partir de uma forma polêmica ou diferente de agir virtualmente. Por exemplo, a postagem de uma foto ou storie (modalidade de postagem com tempo programado) que possa ofender alguém ou algum grupo acaba por viralizar e tornar a vida do usuário em um amontoado de confusões. Os prejuízos dessa forma de ação vão da criação de perfis falsos à perseguição fora do meio virtual, normalmente marcado por ameaças físicas. Em meio ao desenvolvimento de uma série de problemas típicos da virtualidade, como o estupro virtual e o estelionato virtual, o usuário de internet se vê cercado de cuidados a tomar e atitudes a controlar. Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva uma dissertação, empregando a norma- -padrão da língua portuguesa, sobre o tema: Como o linchamento virtual afeta a vida real do usuário? 36. (UEA 2017) Zoológicos Texto 1 Em maio de 2016, no zoológico de Cincinatti, nos Estados Unidos, uma criança caiu dentro de um fosso da exibição “Gorilla World”, que reproduz o hábitat desses primatas africanos. Harambe, um gorila macho de 17 anos, ficou curioso com aquele pequeno intruso e começou a arrastá-lo pela água do fosso. Antes que se tornasse agressivo, o gorila foi abatido a tiros. O caso teve imediata repercussão mundial e reabriu uma discussão mais ampla: precisamos mesmo de zoológicos? Por um lado, muitos desses lugares desempenham um papel fundamental no estudo e na preservação da diversidade biológica. Por outro, cresce a percepção de que o lugar de um animal é em seu ambiente natural. Portanto, não existe uma resposta simples. (Tony Goes. “Abate de animais reabre a discussão: para quê servem os zoológicos?”. www.folha.uol.com.br, 03.06.2016. Adaptado.) Texto 2 ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 110 Há pelo menos três décadas, a ideia de que os zoológicos são apenas espaços para observar animais dentro de jaulas foi superada. Atualmente, esses lugares reduziram o número de espécies expostas, melhoraram os cativeiros e se tornaram locais privilegiados de pesquisa, preservação e educação ambiental. Por isso, nos melhores zoológicos há muito trabalho e pesquisa para manter as espécies dentro e fora dos cativeiros. Por ano, os membros da Associação Mundial de Zoológicos e Aquários destinam 350 milhões de dólares a projetos de preservação em todo o mundo. E boa parte dos recursos vem dos visitantes – anualmente, cerca de 700 milhões de pessoas vão aos 1300 zoológicos de todo o mundo, de acordo com a Associação. “Zoológicos são espaços educativos. Trata-se de um pequeno universo em que os animais convidam as pessoas para conhecê-los e as inspiram a cuidar da natureza”, diz Richard Osterballe, diretor de um zoológico da Dinamarca. “Não é o mesmo que ver os animais na televisão ou em cartazes, precisamos que eles estejam vivos para passar essa mensagem. E, assim, conseguimos os recursos necessários para apoiar projetos de preservação”. Enquanto houver espécies ameaçadas e ambientes destruídos pelo homem, os zoológicos serão cada vez mais importantes para o estudo e a preservação do que ainda resta. Para isso, entretanto, é preciso que eles deixem de ser uma lista de animais enjaulados para divertir a população e entrem na era das pesquisas científicas e de preservação. (“Ainda existe um futuro para os zoológicos?”. www.veja.abril.com.br, 17.08.2014. Adaptado.) Texto 3 Desde o ano de 1250 a.C., os zoológicos utilizam animais atrás dasgrades para a diversão de milhões de pessoas. Apesar de os zoológicos afirmarem que realizam um importante papel na preservação e na educação ambiental, eles são lugares artificiais e, por vezes, cruéis. Primeiramente, os espaços nos zoológicos não se comparam ao hábitat onde os animais têm o direito de viver. Os zoológicos são muito menores e nada estimulantes. Por esse motivo, muitas vezes, os animais apresentam comportamentos como andar de um lado a outro, bater-se em paredes e morder o próprio corpo, que são atribuídos à depressão, ao tédio e às psicoses. Além disso, animais em zoológicos morrem mais cedo do que o normal e sofrem de doenças decorrentes de cuidados inadequados. Em sua defesa, os zoológicos afirmam que atuam na preservação ambiental, frequentemente fazendo o público acreditar que eles reproduzem animais para soltá-los na natureza, mas, na realidade, esses programas de reprodução são feitos, principalmente, com o objetivo de manter os animais em cativeiro. Também há o mito de que os zoológicos ajudam na educação ambiental quanto ao conhecimento sobre animais selvagens. No entanto, a verdade é que o ganho educacional ao visitar esses locais é pequeno, se é que ele existe – até porque os animais não se comportam de modo natural pelo simples fato de estarem presos. As pessoas podem aprender mais sobre animais selvagens assistindo a documentários (que os mostrem em seus hábitats) ou realizando viagens de estudo para observá-los na natureza. (Agência de Notícias de Direitos Animais. “Saiba os 5 motivos que fazem do zoológico um ambiente de tortura”. www.anda.jor.br, 25.01.2014. Adaptado.) Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva uma dissertação, empregando a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema: Os zoológicos são locais de preservação e educação ambiental ou uma forma cruel de diversão? ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 111 37. (PUC 2019 inverno ) Humor e liberdade de expressão dentro dos limites da ética ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 112 ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 113 ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 114 38. (Uerj 02/2018) É justificável cometer um crime para vingar outro crime? 39. (UEA 2015 ) A adoção de crianças por casais homossexuais deve ser proibida? ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 115 TEXTO I A deputada Júlia Marinho (PSC-PA) apresentou um projeto de lei com o intuito de alterar o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), de maneira que seja proibida a adoção de crianças por casais homoafetivos. O projeto de lei pretende incluir mais um parágrafo, dentro do artigo 42 do ECA. Esse dispositivo estabelece regras para a adoção de crianças no Brasil. Hoje, para ser pai adotivo ou mãe adotiva, a pessoa precisa ter 18 anos, ter pelo menos 16 anos a mais que o adotado e garantir a segurança da criança ou do adolescente. Mas a parlamentar quer incluir mais uma condicionante para as adoções: “É vedada a adoção conjunta por casal homoafetivo”, aponta o projeto. “Até que estudos científicos melhor avaliem os possíveis impactos sobre o desenvolvimento de crianças em tal ambiente e que a questão seja devidamente amadurecida, por meio de discussão no âmbito constitucionalmente previsto para tanto – o Parlamento –, deve ser vedada a adoção homoparental”, defende a deputada. “É na família que as primeiras interações são estabelecidas, trazendo implicações significativas na forma pela qual a criança se relacionará em sociedade. O convívio familiar é o espaço de socialização infantil por excelência, constituindo a família verdadeira mediadora entre a criança e a sociedade”, afirma Júlia, logo em seguida. “O novo modelo de família, contrário ao tradicional, encontra ainda resistência da população brasileira”, justifica. (Wilson Lima. “Deputada quer proibir adoção por casal homoafetivo”. http://congressoemfoco.uol.com.br, 25.03.2015. Adaptado.) TEXTO II Para a psicóloga Mariana Farias, “o desenvolvimento da criança não depende do tipo de família, mas do vínculo que esses pais e mães vão estabelecer entre eles e a criança. Afeto, carinho, regras: essas coisas são mais importantes para uma criança crescer saudável do que a orientação sexual dos pais”. Ainda assim, sobram mitos em torno da criação de filhos por pais e mães gays. Veja o que a ciência tem a dizer sobre eles: Mito 1. “Os filhos serão gays!”: A lógica parece simples. Pais e mães gays só poderão ter filhos gays, afinal, eles vão crescer em um ambiente em que o padrão é o relacionamento homossexual, certo? Não necessariamente (se fosse assim, seria difícil, por exemplo, explicar como filhos gays podem nascer de casais héteros). Um estudo da Universidade Cambridge comparou filhos de mães lésbicas com filhos de mães héteros e não encontrou nenhuma diferença significativa entre os dois grupos quanto à identificação como gays. Mito 2. “Eles precisam da figura de um pai e de uma mãe”: Filhos de gays não são os únicos que crescem sem um dos pais. Durante a 2ª Guerra Mundial, estima-se que 183 mil crianças americanas perderam os pais. No Brasil, 17,4% das famílias são formadas por mulheres solteiras com filhos. Na verdade, os papéis masculino e feminino continuam presentes como referência mesmo que não seja nos pais. Mito 3. “Essas crianças correm risco de sofrer abusos sexuais!”: Esse mito é resquício da época em que a homossexualidade era considerada um distúrbio. Desde o século 19 até o início da década de 1970, os gays eram vistos como pervertidos, portadores de uma anomalia mental transmitida geneticamente. Foi só em 1973 que a Associação de Psiquiatria Americana retirou a homossexualidade da lista de doenças mentais. É pouquíssimo tempo para a história. O estigma de perversão, sustentado também por líderes religiosos, mantém a crença sobre o “perigo” que as crianças correm quando criadas por gays. No entanto, até hoje, as pesquisas não encontraram nenhuma relação entre homossexualidade e abusos sexuais. (Carol Castro. “4 mitos sobre filhos de pais gays”. http://super.abril.com.br, fevereiro de 2012. Adaptado.) Com base em seus conhecimentos e nos textos apresentados, redija uma dissertação, na norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema: A adoção de crianças por casais homossexuais deve ser proibida? 40. (UDESC 2016) Desumanização do ser humano PROPOSTA 1 Com base na leitura dos textos motivadores abaixo, redija uma dissertação, enfocando o tema: O homem é apenas um número. TEXTO 1 “[…] O silêncio das quatro paredes, os olhares curiosos dos recepcionistas, a impessoalidade de tudo: você é apenas um número, o do seu quarto”. ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 116 SCHROEDER, Carlos Henrique. As fantasias eletivas. 4ª ed. Rio de Janeiro: Record, 2016.p.109. TEXTO 2 Muitos anos de asilo Ninguém os quis Nem a cor nem a idade certas Ficaram lá. E ficaram até depois que saíram Guardaram o apelido Ele, 36. Ela, 37. Eram os números que marcavam as roupas E as camas Os números da chamada Das cadeiras do café da manhã. VIGNA, Elvira. Vitória Valentina. 1ª ed. Rio de Janeiro: Lamparina, 2016. TEXTO 3 Você é um Número Se você não tomar cuidado vira um número até para si mesmo. Porque a partir do instante em que você nasce classificam-no com um número. Sua identidade no Félix Pacheco é um número. O registro civil é um número. Seu título de eleitor é um número. Profissionalmente falando você também é. Para ser motorista, tem carteira com número, e chapa de carro. No Imposto de Renda, o contribuinte é identificado com número. Seu prédio, seu telefone, seu número de apartamento – Tudo é número. Se é dos que abremcrediário, para eles você também é um número. Se tem propriedades, também. Se é sócio de um clube tem um número. Se é imortal da Academia Brasileira de Letras tem número da cadeira. Clarice Lispector – Disponível em: http://claricelispector.blogspot.com.br/2008/06/voc-um-nmero.html, acessado em 23/03/2017. 41. (UNAERP/ 2014) A obrigatoriedade de ser feliz da geração atual ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 117 Com base nas informações apresentadas, escreva um texto dissertativo-argumentativo sobre o tema proposto. 42.( UFGRS 2015) Amizade nos dias de hoje (...) Amigo é coisa para se guardar no lado esquerdo do peito, mesmo que o tempo e a distância digam não, mesmo esquecendo a canção. O que importa é ouvir a voz que vem do coração, pois, seja o que vier, venha o que vier, qualquer dia, amigo, eu volto a te encontrar. Qualquer dia, amigo, a gente vai se encontrar. Canção da América (Milton Nascimento e Fernando Brant) A música Canção da América, composta por Milton Nascimento e Fernando Brant, de onde foi extraída a passagem acima, fala daquela amizade capaz de resistir à distância e ao tempo, característica de uma época em que o contato físico entre amigos era a forma mais usual de aproximação. Era um tempo em que se valorizavam os poucos e verdadeiros amigos. Atualmente, com a conectividade das redes sociais, a realidade é outra. Hoje é possível manter-se em contato contínuo com pessoas que estejam em qualquer lugar do planeta, o que permite multiplicar de modo expressivo o número de amizades. Paradoxalmente, o apego ao mundo virtual parece estar promovendo um outro tipo de distanciamento, já que não é incomum, hoje em dia, ver amigos reunidos em um mesmo ambiente físico, mas isolados uns dos outros pela força atrativa dos tablets e dos smartphones. Levando em conta esse cenário, reflita sobre o tema a seguir. Na sua opinião, o que é a amizade nos dias de hoje? Para tanto, você deve: - expressar a sua opinião sobre o que caracteriza a amizade nos dias atuais; - apresentar argumentos que justifiquem o ponto de vista assumido; e - organizar esses argumentos em um texto dissertativo. Instruções A versão final do seu texto deve: 1 - conter um título na linha destinada a esse fim; ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 118 2 - ter a extensão mínima de 30 linhas, excluído o título – aquém disso, seu texto não será avaliado –, e máxima de 50 linhas. Segmentos emendados, ou rasurados, ou repetidos, ou linhas em branco terão esses espaços descontados do cômputo total de linhas; 3 - ser escrita, na folha definitiva, à caneta e com letra legível, de tamanho regular. 43. (FAMECA 2011) Relação médico-paciente Leia a coletânea de textos para subsidiar sua dissertação. TEXTO I O juramento de Hipócrates está tão antiquado que soa ridículo ouvir jovens recém-formados repetirem-no feito papagaios.(...) Sem desmerecer o valor científico de Hipócrates, observador de raro talento, que fugiu das explicações religiosas e sobrenaturais, deixou descrições precisas de enfermidades desconhecidas na época e abriu caminho para a medicina baseada em evidências, repetir o juramento escrito por ele sem fazer menção ao papel do médico na preservação da saúde e na prevenção de doenças na comunidade é fazer vistas grossas à responsabilidade social inerente à profissão. Por outro lado, aos olhos da sociedade, a mera existência de um juramento solene dá a impressão de que somos sacerdotes. (...) Por causa desse pretenso sacerdócio, os médicos se submetem ao absurdo medieval dos plantões de 24 horas, seguidos por mais 12 horas de trabalho continuado no dia seguinte, em claro desprezo à própria saúde e colocando em risco a dos doentes atendidos nesses momentos de cansaço extremo. O que faz da medicina uma profissão respeitável não são as noites em claro nem o conteúdo do que juramos uma vez na vida, muito menos a aparência sacerdotal, mas o compromisso diário com os doentes que nos procuram e com a promoção de medidas para melhorar a saúde das comunidades em que atuamos. (...) O exercício da medicina envolve a arte de ouvir as pessoas, de observá-las, de examiná-las, interpretar-lhes as palavras e de discutir com elas as opções mais adequadas. O tempo dos que impunham suas condutas sem dar explicações, em receituários cheios de garranchos, já passou e não voltará. Talvez a aquisição mais importante da maturidade profissional seja a consciência de que a falta de tempo não serve de desculpa para deixarmos de escutar a história que os doentes contam. De fato, muitos deles se perdem com informações irrelevantes, embaralham queixas, sintomas e, se lhes perguntamos quando surgiu a dor nas costas, respondem que foi no casamento da sobrinha. Nesses casos, o médico competente é capaz de assumir com delicadeza o comando do interrogatório de forma a torná-lo objetivo e exequível num tempo razoável. (www.drauziovarella.com.br) Texto II A relação médico-paciente, considerada uma coisa importante e quase sagrada desde os tempos de Hipócrates, está em franca degeneração, e não só no Brasil. Isso é muito ruim para tudo e para todos: sofre a qualidade da assistência médica, sofre a ética, mas sofre, principalmente, a própria eficácia da terapia; uma vez que está amplamente demonstrado que o simples fato de o paciente acreditar e confiar no médico é meio caminho andado para que ela ocorra. (Renato M. E. Sabbatini. www.sabbatini.com/renato/correio/medicina/corr9645.htm) Texto III http://www.drauziovarella.com.br/ http://www.sabbatini.com/renato/correio/medicina/corr9645.htm ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 119 Aforismo*, frequentemente atribuído a Hipócrates, define o compromisso do médico para com os doentes e foi consagrado como divisa da própria medicina: curar algumas vezes, aliviar frequentemente, consolar sempre. (www.medicinacomplementar.com.br/tema2002062.asp. Adaptado) * Aforismo: sentença ou princípio de alcance moral Com base nos textos da coletânea e em seus conhecimentos, elabore um texto dissertativo sobre o tema A relação médico-paciente nos tempos apressados da atualidade 2.2.1 Comentário – Ética 20. (Facisb 2019) O papel do consumidor no combate à escravidão moderna A banca oferece ao candidato uma coletânea composta por 4 textos de apoio e, ao final, a frase tema: “O papel do consumidor no combate à escravidão moderna”. Essa frase tema não está dividida em duas partes a fim de que o candidato se posicione entre uma delas. Aqui, o mais importante é atentar-se para não tangenciar o tema: não se deve falar de consumismo ou do consumidor ou da escravidão moderna, mas sim do papel do consumidor na escravidão moderna. O texto 1 é muito importante, pois define qual conceito de escravidão moderna está sendo considerado para essa proposta. Nesse caso, a escravidão moderna será “quando uma pessoa controla a outra, de tal forma que retire dela sua liberdade individual, com a intenção de explorá-la”. Em seguida, para ainda maior clareza sobre a abordagem, temos um exemplo: trabalho forçado em condições degradantes, com extensas jornadas, sob coerção, violência ou ameaça. O texto usa o termo “crime oculto”. É uma oportunidade de pensar: o que o torna oculto? Por que o uso do adjetivo “oculto”? Uma resposta pode se relacionar ao fato de que essa não é uma das problemáticas mais discutidas pelas mídias de comunicação. Pode-se também pensar o motivo que não leva as mídias de comunicação atuais a noticiarem bastante esse assunto? Será que tem a ver com o público afetado por essa condição de subemprego geralmente ser de classes mais baixas? O que isso significa sobre a imparcialidade das mídias? Por último, esse texto leva à reflexão do que faria pessoas aceitarem trabalhos em condições tão degradantes e não se pronunciarem. Segundo o própriotexto, “a pobreza e a falta de oportunidades são fatores determinantes para o aumento da vulnerabilidade à escravidão moderna.”. Já o texto 2 começa narrando uma situação que se enquadra na descrição dada de escravidão moderna. No segundo parágrafo, traz mais um fator à análise sobre essas condições de trabalho: inexistência de limites entre a vida dentro e fora do trabalho. Isso nos leva a pensar por um outro lado: além do trabalhador explorado sob condições insalubres, o indivíduo profundamente inserido no capitalismo, que trabalha excessivamente, em detrimento de várias coisas (saúde, tempo de lazer, tempo com a família, etc) também está em um cenário de escravidão moderna? No fim do texto, é trazida a questão do esgotamento físico e também do esgotamento mental. Esse segundo, especialmente para o indivíduo citado acima (que vive apenas a esfera do trabalho, o “workaholic”), é bastante comum. Contudo, essa discussão precisa ser aprofundada se for ser usada em redação. Atente-se para fazer a devida caracterização e separação dos cenários do trabalhador explorado e subempregado e do ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 120 trabalhador compulsivo. A questão financeira e o status são dois pontos muito importantes: ambos possuem o mesmo status em sociedade? Sofrem dores ou ausências semelhantes? O texto 3 começa questionando o motivo de, em pleno século XXI, ainda existir trabalho escravo. Surge então a questão do modelo atual de consumo. Que modelo é esse? Como você irá caracterizá-lo em redação? Aqui é muito importante prestar atenção nos saltos de raciocínio. Estamos desenvolvendo reflexões sobre conceitos que podem ser diferentemente entendidos. É necessário que você garanta que o corretor, ao ler sua redação, compreenda exatamente qual definição está sendo utilizada naquele contexto. Um outro conceito útil nesse ponto é o de “sociedade de consumo”: “sociedade de consumo é um termo utilizado para designar o tipo de sociedade que se encontra numa avançada etapa de desenvolvimento industrial capitalista e que se caracteriza pelo consumo massivo de bens e serviços disponíveis, graças a elevada produção.”. Como o modelo de consumo atual é um dos motivos, então, da escravidão moderna? Uma resposta para essa pergunta pode estar na “obsolescência programada”: “Obsolescência programada é a decisão do produtor de propositadamente desenvolver, fabricar, distribuir e vender um produto para consumo de forma que se torne obsoleto ou não-funcional especificamente para forçar o consumidor a comprar a nova geração do produto.”. Sabe a coleção verão de determinada marca? Ela está programada para se tornar obsoleta quando o verão acabar. Para aqueles profundamente inseridos nesse modelo de consumo, após o fim do verão, já não é mais aceitável comprar ou usar roupas da coleção passada. Literalmente se estaria “fora de moda”. Não é difícil pensar em outros exemplos, como o novo modelo de iphone que é lançado todo final de ano. Existe uma música da banda Engenheiros do Hawaii com o nome “3ª do plural” que fala um pouquinho dessa situação de consumo e usa, inclusive, o termo “obsolescência programada”. Pode ser uma maneira de começar sua dissertação com uma ilustração na contextualização. Voltando ao texto 3, no fim do primeiro parágrafo, o autor questiona qual o papel do consumidor nessa situação da escravidão moderna. Como o consumidor, consciente ou inconscientemente, ajuda a manter esse problema social? Podemos pensar sobre a questão de responsabilidade social do indivíduo nesse momento. Já trazendo o gancho para o texto 4: nesse texto, defende-se que a escravidão moderna é responsabilidade social das empresas e do Estado. Ao indivíduo caberia o papel de denunciar quando existirem suspeitas de exploração ou de subemprego, contudo, o texto desencoraja atitudes por parte do público, como boicotes a marcas. Encaminhamentos possíveis: 1) Em se tratando de um problema diretamente afetado por suas ações em sociedade, cabe ao consumidor se posicionar frente ao trabalho escravo moderno e às condições de subemprego. OU Dado que faz parte de uma coletividade adepta de um modelo de consumo do qual usufrui, é papel do consumidor se responsabilizar pelas consequências e manifestações desse contexto. Argumentos: - Papel político do cidadão; - Empatia; - O que comprar de uma empresa que desrespeita os direitos trabalhistas diz sobre os valores do consumidor? ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 121 - Indivíduo x coletividade. 2) Dada a separação entre o contexto empresa e cliente, o papel do consumidor frente à escravidão moderna se encerra nas denúncias e o da empresa e do Estado começam no devido seguimento dos direitos trabalhistas. Argumentos: - Crescente individualismo/ ensimesmamento; - Modelo econômico baseado na lei da oferta e da procura e regulado pelo livre mercado. 21. (FAMEMA 2018) Violência contra o professor PROPOSTA: A banca traz 3 textos na coletânea e apresenta um questionamento dividido em dois posicionamentos possíveis, um dos quais, portanto, deve ser o escolhido pelo aluno. O primeiro texto aborda a questão da alta violência física contra o professor no Brasil. O segundo texto acrescenta a reflexão da violência sofrida pelo aluno ao receber uma escola e uma educação sucateadas. O terceiro texto opina que existem diversos outros fatores da construção social dos alunos que refletem na violência contra o professor. Análise da proposta: A proposta pede a construção de uma dissertação. Gênero: O texto dissertativo é um tipo de texto argumentativo e opinativo, já que opina sobre determinado assunto ou tema, de forma lógica, coerente e coesa. Finalidade: Discutir se a violência contra o professor é causada pelas regras escolares impostas aos alunos ou se é reflexo de uma sociedade violenta. Circunstância: Texto dissertativo. Formato do comentário: O texto dissertativo tem o objetivo de discutir e argumentar sobre um tema, sendo defendido um ponto de vista. Sua estrutura mais comum envolve introdução, argumentação e conclusão. A introdução deve apresenta claramente o assunto a ser tratado. A argumentação, ou desenvolvimento, é a parte em que se expõem as ideias. Por fim, a conclusão é o momento final do texto, apresentando uma retomada, visão final do assunto discutido. É importante verificar a coesão e a coerência para que o texto faça sentido tanto na macroestrutura, que são os parágrafos, quanto na microestrutura, isto é, as ideias contidas em cada parágrafo. A linguagem deve seguir a norma culta e não há muito espaço para informalidade. Encaminhamentos: Alguns encaminhamentos possíveis são: ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 122 - sendo o Brasil um dos países com maior taxa de violência contra o professor, quais estruturas da sociedade brasileira estão diretamente relacionadas com esse ranking? - considerando que a construção social dos alunos envolve diversas esferas, cabe discutir questões brasileiras de desigualdade social, desemprego, ambiente doméstico de violência, por exemplo, e como essas situações podem influenciar as crianças e os jovens, principalmente, em suas posturas escolares. Consequentemente, cabe avaliar também como isso influência a valorização da educação do Brasil, pela sociedade e pelos detentores de poder político. - Para aprofundar ainda mais, cabe discutir o jogo de poder envolvido na política brasileira e como o sucateamento das escolas, segundo muitos pensadores, pode ser um dos sintomas mais relevantes para a manutenção de uma estrutura que desvaloriza o pensamento crítico e o professor, figura representativa disso em muitas outras culturas, acaba desvalorizado e desamparado. 22. (UEA 2019) Comportamentos machistas na internet A banca traz 3 textos de apoio e uma frase tema na forma de questionamento “A exposição de autoresde comportamentos machistas na internet contribui para desestimular tais comportamentos? ”. A resposta afirmativa ou negativa ao questionamento deve vir no posicionamento do texto. O texto 1 relata acontecimento machistas na copa do mundo de 2018. O que é muito importante de se perceber nesse texto é o papel de destaque do brasileiro. Embora não tenha sido apresentada uma pesquisa estatística sobre a presença do machismo no Brasil, esse texto, de forma mais sutil, fundamenta sua existência. O texto 2, que segue o texto 1 tanto na ordem escrita quanto no conteúdo, mostra uma faceta de como o país lida com o machismo em contrapartida a outros países. No texto 1, informa-se que uma ativista russa começou uma petição online para que os brasileiros envolvidos nas atitudes sejam responsabilizados criminalmente. Já o jornalista Boris Casoy, em uma atitude muito menos séria sobre o machismo, defende que os brasileiros agiram de maneira infantil (chama-os de “moleques e cafajestes”), mas não devem responder por nenhum crime. Aqui cabem muitas discussões. A primeira delas envolve o conceito de “jeitinho brasileiro”. “A expressão jeitinho brasileiro, ou simplesmente jeitinho, refere-se de modo abrangente à maneira que o povo brasileiro teria de improvisar soluções para situações problemáticas, usualmente não adotando procedimentos ou técnicas ou formais estipuladas previamente.”. Assim, pode-se discutir a atitude de Boris Casoy segundo todo esse modo de agir visto como típico do brasileiro. Outra discussão possível se relaciona à relativização: se as atitudes dos brasileiros, apesar de infantil e infeliz, não é criminosa, apenas a atitude do estrupo de fato é crime? Onde fica o limite? Já o texto 3 acrescenta mais um fato: as mídias online. O texto traz uma discussão importante sobre como o anonimato pode fazer com que grupo propagadores de ódio se juntem e ganhem força. Esse é o texto que mais se relaciona com a frase tema. Aqui, alguns caminhos para o raciocínio são a questão do anonimato como forma de evitar represálias legais (ser responsabilizado criminalmente) e o anonimato como forma de se impor evitando represálias sociais (não envolvem crimes, mas podem levar a exclusão ou à segregação do grupo do qual faz parte. Vários discursos de ódio que afetam fortemente celebridades, por exemplo, não tem a ver com crimes e sim com mera discordância de pontos de vista). Encaminhamentos possíveis: 1) A partir do momento em que a exposição estiver associada à responsabilização legal de forma eficiente, a tendência é que as atitudes machistas online se reduzam. Argumentos: - Internet permite fakes e anonimato; ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 123 - Responsabilizar-se criminalmente; - Ressignificação do jeitinho brasileiro. 2) Visto que a internet é composta por indivíduos que encontram, com maior facilidade, outros que compartilhem das mesmas mentalidades e sabendo de sua abrangência, torna-se inviável expor todos os autores. Tal qual a hidra, ao cortar uma cabeça, surgem outras no lugar. Assim, a redução das atitudes machistas virá de uma mudança coletiva de mentalidade e aumento do respeito à mulher. Argumentos: - Pensamento coletivo arraigado/ herança histórica sobre o papel da mulher; - País extremamente patriarcal, cuja objetificação da mulher ainda é uma realidade (exemplos na música funk podem ser usados); - Pouco arcabouço legal ainda em efetiva atuação. 23. (Autoral/ Wagner Santos) Depressão na adolescência A depressão, não somente entre os jovens, é, sem dúvida alguma, um dos problemas mais sérios da modernidade. Fruto de uma série de fatores, entre eles aspectos biológicos, vem se tornando cada dia mais comum entre os jovens, aumentando, de forma preocupante, o número de suicídios de pessoas que não conseguem encontrar saída para o problema, seja pela falta de informação, seja pelo tratamento que recebe pela sociedade. Apesar de ser um processo crescente, recomendamos que você não fale profundamente sobre o suicídio, visto que esse é um tabu na sociedade e, dependendo da forma como você o tratar, pode ocorrer um tangenciamento do tema, fator que devemos evitar. Dessa forma, baseado na maneira como a propostas e o tema foram construídos, você deve se focar nas formas de preparação para que o jovem consiga lidar com o problema da depressão, enfrentando, sem dúvida, preconceito social e familiar e, muitas vezes, o próprio preconceito. Para uma abordagem organizada, você pode pensar em um parágrafo discutindo as causas, não em forma de lista, para que você não perca em textualidade; e um parágrafo com as consequências, também em forma de texto e não de lista. Recomendo, inclusive, que você pense em uma causa e uma consequência específicas para desenvolver melhor seu texto. Não se esqueça de que, assim como ocorre com a maior parte dos exames espalhados pelo Brasil, a Fuvest avalia de forma muito específica o conteúdo de sua redação. Dessa forma, busque repertórios que auxiliem na construção e sustentação de seus argumentos. Não se esqueça de que seu texto é um texto dissertativo-argumentativo, visto que temos a defesa de um ponto de vista sobre o tema. Determine tese, preferencialmente na sua introdução; e em argumentos sustentados por repertório, para a defesa dela. Um bom caminho a seguir, por exemplo, para as causas, é lidar com as pressões sociais aumentadas pela modernidade que, como Bauman apresenta, é líquida e sem durabilidade das estruturas, que se modificam a cada momento, dependendo das necessidades envolvidas. Esse é um argumento sólido que pode ser interessante para sua redação. Com relação à conclusão, penso ser interessante com uma retomada da tese, e consequente reforço dela, em como com um pequeno resumo dos argumentos. Fuja, nesse caso, do clichê da proposta de intervenção. Por quê? Exatamente por ser um clichê no momento. ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 124 24. (FAMERP 2017) Selfies O tema apresentado é bastante interessante para a construção de uma dissertação- argumentativa, principalmente porque apresenta, em sua construção, perguntas que comporão a sua tese. Entendemos, inclusive, que há três respostas envolvidas: como mecanismo de interação social; narcisismo em excesso, e, na minha compreensão, uma mistura das duas, dependendo da forma como são utilizadas as selfies por parte dos cidadãos. Ainda que você siga esse terceiro caminho, não estará ficando em cima do muro, fato que devemos evitar com frequência cada vez maior em textos que serão julgados pelas bancas. O hábito de tirar essas fotos de si mesmo, vem crescendo grandemente nos últimos tempos, principalmente com o crescimento, na vida das pessoas, da participação das redes sociais. De qualquer forma, temos opções interessantes de caminhos para seguir. Essa prática, segundo boa parte dos estudiosos da psiquê humana, se configura como uma necessidade extrema de atenção e carinho. É o que, hoje, chamamos de “pedir biscoito” na internet. Inclusive, tal prática fez com que uma das redes mais utilizadas, o Instagram, que tem como função principal a publicação de fotos, ocultasse, dos demais usuários, o número de “curtidas” recebidas em cada uma das fotos publicadas. Segundo a plataforma, essa decisão foi tomada para que as pessoas possam postar suas fotos sem a comparação de “biscoitos” recebidos em cada foto (o problema é que o próprio usuário pode saber a sua quantidade de likes). Por outro lado, temos a ideia de que a tecnologia deve ser vista uma aliada da sociedade moderna e não uma “pedra de tropeço”, como diz a sabedoria popular. Hoje, o que vemos é uma série de pessoas endemonizando o uso das redes sociais de maneira, muitas vezes, infundada. É comum lermos que, necessariamente, o uso das redes, em especial por meio do smartphone, afasta as pessoas de relações sociais presenciais. Há uma constante comparação entre a vida on-linee a vida off-line, como se uma precisasse excluir a outra. Sabemos, que, com parcimônia, o uso das redes pode ser positivo. Inclusive, destaco que, durante o momento de pandemia do Covid-19, as redes sociais mostraram-se essenciais para que a saúde mental de boa parte das pessoas fosse mantida. Outro fator importante, antes de passarmos à estrutura do texto, diz respeito ao risco de se “perder” falando das redes sociais e da web, de forma geral, e deixar o tema fugir. Não se esqueça de que seu tema é a selfie e não a internet e seu uso. Esse, juntamente com as redes sociais, é um tema transversal, que deve parecer, claro, mas não tomar o espaço completo da sua redação. Organize seu pensamento antes exatamente para evitar o tangenciamento e a fuga ao tema. Com relação à estrutura de seu texto, recomendamos que, em sua introdução, você apresente contextualização de seu tema. É importantíssimo que você pense que não o leitor de seu texto não terá conhecimento de seu tema até ler seu texto. Sei que temos uma relação estranha com isso, uma vez que já sabemos que nosso leitor é o corretor de nosso texto, claro, já sabendo do nosso tema. Eu sempre digo pra fingirmos que não sabemos quem lerá o texto, para que você coloque essa contextualização em sua introdução. Além dela, recomendamos que você já apresente sua tese, para que fique claro aquilo que será defendido por você. Depois de apresentada a tese e o tema, é hora de argumentarmos para sustentar o que estamos defendendo, ou seja, devemos sustentar a nossa tese sempre por meio de argumentos. Tais argumentos, claro, precisam de sustentação também. Essa segunda sustentação é aquilo que se convencionou chamar de repertório, ou seja, você argumenta e, ao apresentar repertório, sustenta o argumento e o tira do senso comum, dando profundidade e conteúdo que, literalmente, agrada o leitor. Pense sempre nisso: argumentou? Então, é necessário que haja repertório para sustentar o tema. ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 125 Por fim, sua conclusão, a partir do tema trazido na proposta, não combina com uma proposta de intervenção, que vocês têm usado com cada vez mais frequência, por apresentar uma fórmula que auxilia vocês na escrita. Recomendamos que, aqui vocês usem uma conclusão no estilo clássico, com retomada de tese em seu início, reafirmando o que você defendeu; e resumo dos argumentos. Se, ainda assim, vocês decidirem ir para o “lado” da proposta, muito cuidado para não ferir nenhum direito garantido pela legislação brasileira ou que fira os direitos humanos. A seguir, apresentamos um resumo do que deve ser colocado por você em seu texto. Vamos lá! Coletânea de textos A seguir, apresentamos um resumo da coletânea de textos, na realidade com um texto de definição e dois textos que caminham para lados contrários no tema. ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 126 Tese e caminhos argumentativos Como apresentei rapidamente na análise do tema, esse permite que trabalhemos com três teses essenciais, a saber: • As selfies como mecanismos válidos de interação social (em que as redes sociais devem ser vistas de forma positiva) • As selfies como uma demonstração de narcisismo exagerado (em que as redes contribuem para o afastamento das pessoas e, principalmente, contribuem para a demonstração do usuário) • As selfies como uma forma de valorização própria e, em alguns casos, como forma de demonstração exagerada de narcisismo. A seguir, apresentaremos argumentos que servem para direcionar seu pensamento para esse tema. Como sempre digo, não pense que esses argumentos são verdade absoluta e que excluem outros caminhos. Nosso objetivo é somente “dar um empurrãozinho” na redação de vocês. ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 127 25. (FAMECA 2016) Remoção de órgãos saudáveis para prevenir o câncer Nessa proposta da FAMECA, o tema é extremamente “espinhoso” e polêmico, visto que relaciona as decisões pessoais às possibilidades de acontecimento. Ao descobrir que é um paciente em potencial para o desenvolvimento do câncer, como devem agir as pessoas? Exatamente esse é o ponto. Como julgaremos o fato de pessoas retirarem órgãos saudáveis, mas com objetivo de preservação? Essa é a discussão proposta para seu texto. Esse tema toca em dois pontos extremamente importantes, que podem ser considerados por vocês: hoje, muitas pessoas tomam medidas mais severas para a preservação de sua saúde ou estética; e os limites das decisões pessoais. Inclusive, recomendamos que não exista quaisquer referências às ações governamentais, visto que a decisão pessoal, sendo fundamentada pela ciência, determinada pelo Estado. No primeiro caso, claro que os exageros para a manutenção estética são extremamente preocupantes e perigosos, contudo não é esse o caso aqui tratado. Estamos diante de uma decisão relacionada à saúde das pessoas, fundamentada em exames e indicações médicas. Claro que, como os próprios textos apresentam, existem opções menos invasivas para o caso. Essa pode ser a sua posição, indicando que não é necessário que a automutilação aconteça no caso dessa prevenção. Você deverá fundamentar suas ideias nas alternativas para a medida mais extrema. São, ambas, posturas sustentáveis por métodos científicos que divergem, mas que não se apresentam como soluções definitivas. O que eu quero dizer, aqui, é que as duas formas de pensar são válidas e podem ser defendidas, isso não é problema. O que não deve acontecer é que tenhamos a apresentação de uma verdade absoluta. Cuidado com isso dos dois lados. Com relação à estrutura de seu texto, recomendamos que, em sua introdução, você apresente contextualização de seu tema. É importantíssimo que você pense que não o leitor de seu texto não terá conhecimento de seu tema até ler seu texto. Sei que temos uma relação estranha com isso, uma vez que ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 128 já sabemos que nosso leitor é o corretor de nosso texto, claro, já sabendo do nosso tema. Eu sempre digo pra fingirmos que não sabemos quem lerá o texto, para que você coloque essa contextualização em sua introdução. Além dela, recomendamos que você já apresente sua tese, para que fique claro aquilo que será defendido por você. Depois de apresentada a tese e o tema, é hora de argumentarmos para sustentar o que estamos defendendo, ou seja, devemos sustentar a nossa tese sempre por meio de argumentos. Tais argumentos, claro, precisam de sustentação também. Essa segunda sustentação é aquilo que se convencionou chamar de repertório, ou seja, você argumenta e, ao apresentar repertório, sustenta o argumento e o tira do senso comum, dando profundidade e conteúdo que, literalmente, agrada o leitor. Pense sempre nisso: argumentou? Então, é necessário que haja repertório para sustentar o tema. Por fim, sua conclusão a nosso ver, não deve seguir o clichê atual de construção de proposta de intervenção em todos os temas. Como temos um tema que, como vimos, toca em pontos extremamente pessoais, não acho que seria interessante que se apresente um modelo de comportamento, ainda que você seja contra “o outro lado”. Claro que isso não significa que você construirá um texto sem opinião, de maneira alguma, mas significa que você não apresentará uma forma de comportamento por meio da proposta. Você argumenta e se posiciona normalmente, somente não apresenta regras a serem seguidas. Fechou? A seguir, apresentamos um resumo do que deve ser colocado por você em seu texto. Vamos lá! Coletânea de textos Na coletânea de texto constante da proposta, temos textos motivadores que apresentam os “dois lados da moeda”, visto que apresentam as ideias relacionadas à efetividade da retirada dos órgãos como prevenção para o câncer, ao mesmo tempo em que apresentam atitudes que são opções para a retirada deórgãos. Como vimos que é possível apresentar duas teses, os textos servem para auxiliar no direcionamento de seu pensamento. Leia os textos com calma e defina suas ideias para a escrita. ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 129 Tese e caminhos argumentativos Como a proposta se fundamenta em uma pergunta com dois elementos coordenados entre si, entendemos que sua tese pode tomar dois caminhos diferentes. É possível que você apresente sua ideia de que a retirada de órgãos, para evitar o câncer, é uma medida preventiva necessária, ou, ainda, você pode se posicionar com a ideia de que essa retirada é uma conduta exagerada. Para cada uma delas, você deve buscar argumentos fundamentados em repertório para que fujamos do senso comum. Percebemos que, em um tema como esse, seus melhores repertórios serão baseados nos exemplos reais, sem copiar os textos motivadores, e nos dados estatísticos. Recomendamos que você pense em sua tese e argumentos antecipadamente, para que possa organizar suas ideias e, inclusive, escolher seu repertório. Sempre pense que esse repertório é essencial. Inclusive, em alguns casos em que você tenha menos repertório, é comum que retiremos os nossos argumentos desse próprio repertório, para evitar que não tenhamos o uso do senso comum de forma muito clara. ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 130 Partimos, então, para a apresentação de alguns argumentos que podem direcionar seu texto e sua tese. 26. (UFGRS 2019) Criação dos filhos UFRGS, como de costume, apresenta a chamada “construção de cenário”, que serve para que os candidatos possam entender a funcionalidade social de seu texto, ou seja, serve para mostrar que o texto teria, na sociedade, uma aplicação. Por tratar-se de uma dissertação-argumentativa, o cenário construído é o de uma situação acadêmica, visto que esse gênero não é facilmente aplicado na sociedade em outros cenários. Apesar do cenário, vale destacar que ele não modifica a forma de apresentação de sua redação, indicando, apenas, a necessidade de uma organização anterior de seus argumentos e tese. Pense em seu texto antecipadamente e já defina tudo o que aparecerá em seu texto. Diferente do que o título do texto parece indicar, a discussão de seu texto relaciona-se diretamente à criação dos filhos, em especial do espaço que é dado aos adolescentes e jovens. Perceba que muito se fala sobre a forma como se devem criar os filhos: para alguns pais, o cuidado com eles é essencial e não é, de forma alguma nocivo ao desenvolvimento dos filhos, enquanto para outros a liberdade é fator essencial para o crescimento e para a preparação dos filhos, que deverão enfrentar problemas reais trazidos pelo mundo, por assim dizer. É um tema interessante demais de ser tratado e apresenta muitos fatores a serem considerados. Cada pai tenta repetir, na criação de seus filhos, aquilo que vivenciaram e que, na ótica deles, é funcional. Para outros pais, a busca é a de não repetir a forma como foram criados, visto que essa forma pode envolver violências diferentes, bem como por terem sido criados de forma muito protetora. O fato ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 131 é que, por tratarmos com seres humanos, determinados psicologicamente por muitos fatores, não é possível determinar uma cartilha do que realmente funciona e daquilo que não funciona. A experiência é adquirida de formas diferentes e, pior do que isso, processada de maneira muito diferente de pessoa para pessoa. Alguns jovens e adolescentes lidam com a responsabilidade e a liberdade de forma mais tranquila, enquanto outros abusam dessas benesses. O que podemos tirar de tudo isso? É possível perceber que não há uma forma “correta” de criação dos filhos, visto que os pais, assim como os próprios filhos, são construções psicológicas diferentes, motivados por sonhos e experiências diferentes. Como diz a psicologia, somos sempre formados por aquilo que vivemos e aquilo que desejamos ter vivido. É uma soma que, muitas vezes, não fecha. Para finalizar, vale lembrar que, segundo o psicólogo Piaget, estudioso do desenvolvimento humano, essencialmente nas fases da infância e da adolescência, o crescimento só ocorre quando passamos por processos de “descentração”, em que nossa organização deixa de ser suficiente para o mundo em que vivemos. Com o protecionismo exagerado, as descentrações demoram mais a acontecer, atrasando as modificações necessárias ao crescimento e desenvolvimento psicológico dos jovens e adolescentes. Com relação à estrutura de seu texto, recomendamos que, em sua introdução, você apresente contextualização de seu tema. É importantíssimo que você pense que não o leitor de seu texto não terá conhecimento de seu tema até ler seu texto. Sei que temos uma relação estranha com isso, uma vez que já sabemos que nosso leitor é o corretor de nosso texto, claro, já sabendo do nosso tema. Eu sempre digo pra fingirmos que não sabemos quem lerá o texto, para que você coloque essa contextualização em sua introdução. Além dela, recomendamos que você já apresente sua tese, para que fique claro aquilo que será defendido por você. Depois de apresentada a tese e o tema, é hora de argumentarmos para sustentar o que estamos defendendo, ou seja, devemos sustentar a nossa tese sempre por meio de argumentos. Tais argumentos, claro, precisam de sustentação também. Essa segunda sustentação é aquilo que se convencionou chamar de repertório, ou seja, você argumenta e, ao apresentar repertório, sustenta o argumento e o tira do senso comum, dando profundidade e conteúdo que, literalmente, agrada o leitor. Pense sempre nisso: argumentou? Então, é necessário que haja repertório para sustentar o tema. Por fim, sua conclusão pode apresentar -se de forma mais clássica, com a construção de uma retomada da tese e um resumo dos argumentos. Dizemos isso, porque será muito estranho apresentar uma proposta de intervenção para determinar como as pessoas devem se comportar em suas vidas. É muito comum, hoje, que vocês, sempre que possível, “sapequem” uma proposta de intervenção em todas as redações, dado que são mais tranquilas de escrever por terem uma formulazinha a seguir. Nesse caso, não é possível aplicar uma proposta realmente. Siga pelo caminho mais clássico para facilitar sua vida. A seguir, apresentamos um resumo do que deve ser colocado por você em seu texto. Vamos lá! ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 132 Coletânea de textos A coletânea conta com apenas um texto, que deve servir de gerador para a discussão proposta pelo tema da redação. Quando isso acontece, não se esqueça de ler atentamente o texto, com destaque das ideias principais para que você possa gerar a sua redação. Faça isso com calma e atenção. A seguir, apresentamos um resumo do texto da proposta. ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 133 Tese e caminhos argumentativos possíveis Sua tese, nessa proposta, deve ser construída a partir da opinião que você apresentará com relação à forma como os jovens e adolescentes devem ser criados e tratados pelos pais. Como é um tema extremamente amplo, com muitos outros temas transversais, é necessário que vocês organizem bastante bem as ideias de vocês, com colocação de sua tese clara e seus argumentos também. A organização do texto é fruto claro de uma organização constante de suas ideias. Constante e anterior. Como tese, percebemos ser possíveis, essencialmente, dois posicionamentos, principalmente quando analisamos o texto motivador. Claro que você pode encontrar um viés diferenciado dos apresentados aqui e isso não é um problema, de maneira alguma. Tendo caminhado para não fugir ou tangenciar o tema, ok! Volto a reforçar que sua tese precisa ser definida antes de você começar a escrever. Não entre “na pilha” de partir para a escrita,colocando tudo aquilo que você pensa sobre o tema. Isso deve ser feito antecipadamente. Como teses possíveis, pensamos da seguinte forma: • Os adolescentes precisam de proteção máxima em sua criação: nesse caso, indicamos que, se você pensar dessa forma, deve apresentar argumentos sustentados para defender essa ideia, é concernente com o que apresentam, no texto motivador, aqueles pais que criticaram os pais de Abby. • Os adolescentes precisam de liberdade em sua criação: entendemos que essa seria a tese indicada, visto que, ao afirmar que os adolescentes e jovens precisam de liberdade para um melhor desenvolvimento, não abrimos, necessariamente, mão do controle desses adolescentes. ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 134 Achamos, aqui, que a tese em defesa de uma liberdade total é complicada para a defesa sustentada, visto que o controle, ainda que com parcimônia, é extremamente importante na criação de filhos. Não queremos, claro, apresentar verdades absolutas, visto que não existem. A seguir, trazemos alguns argumentos para serem usados por vocês na construção do texto. 27. (Mackenzie 2019) Videogames violentos Tema e tese A proposta do Mackenzie apresenta como tema a relação entre violência e videogames, com a ideia comum de que o uso de jogos violentos gera jovens mais violentos. Como temos um alto índice de violência entre os jovens, em especial com reações violentas com relação aos outros que os desagradam, buscam-se motivos para que esses episódios aconteçam. Esse é o tema transversal dos textos apresentados e, como apontado na proposta, é a leitura da coletânea de textos que nos interessa para a determinação desse tema. Muito se discute sobre essa influência nefasta dos videogames na vida dos jovens, levando em consideração o que esse uso deve causar. É interessante que se note que a proposta pede que seu texto se aproxime do ponto de vista apresentado nos textos motivadores, ou seja, você precisará pensar em apresentar, em seu texto, ideias que sejam concernentes com as apresentadas no texto. Por isso, deixaremos a discussão de tese e de argumentos para o momento após a apresentação da interpretação dos textos. Contudo, nesse momento, apresentaremos o tema de forma mais ampla, sem nos preocuparmos com a formação de argumentos. Como contextualização, entendemos que a geração mais nova, com pré-adolescentes, adolescentes e muitos jovens, encontra nos jogos de videogame uma forma de lazer muito profícua. Essa “vida em frente as telas”, por assim dizer, se intensifica quando a possibilidade dos ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 135 jogos em rede se tornou realidade, com a popularização da internet e da possibilidade de contato por meio dos jogos. O fato interessante é que essa forma de diversão traz, consigo, uma série de características que tornam a visão sobre essa vida um problema. Aqueles que se envolvem nessa vida dos jogos acaba se isolando um pouco do convívio social e familiar, fato que gera a visão da sociedade sobre eles em algo extremamente estereotipado. Esse estereótipo é aumentado quando pensamos que os jovens que usualmente se envolvem em massacres em escolas ou outros locais, são jogadores contumazes. São os chamados nerds, que sofrem de bullying por sua aparência e hábitos, além de conhecerem, pela visão social, a violência gratuita por meio dos jogos. Muitas vezes, as pessoas, ao colocarem a culpa dos comportamentos violentos nos jogos, se esquecem de que a violência é uma realidade social, presente em nossa sociedade. Além disso, muitas vezes não levam em consideração que esses nerds sofrem violências em seu dia a dia na escola e em outros locais de convívio. São pressionados pelos pais a terem uma vida social mais presente, experenciando as relações com os outros de forma offline, como costumamos dizer. Além disso, reduzir a formação psicológica de uma criança ou jovem ao uso de videogames é reduzir a pessoa a apenas um fator de sua constituição. É claro que o isolamento social e o convívio com cenários de violência dos jogos podem afetar mentes em formação, contudo esse é um ponto do problema maior. Poderíamos dizer que temos um combo de elementos que leva os jovens a agir de forma violenta, visto que nem todas as pessoas que se divertem dessa forma envolvem-se em cenários de violência real. Se a culpa fosse exclusivamente dos jogos, teríamos um número imenso de jovens envolvidos nesses massacres ou cometendo diferentes formas de violência na sociedade. Olhando para sua produção textual, não se esqueça de que sua estrutura deve ser pensada da seguinte forma: Busque apresentar, em sua introdução, uma boa contextualização do tema. Cite ideias relacionadas ao uso de videogames, essencialmente os violentos na sociedade. Destaque que o uso ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 136 dessa forma de lazer cresce bastante no meio digital. É um tema amplo, bastante interessante, que abre um espaço excelente para que você construa seu texto. Pense em seu texto antes, construa um bom planejamento de argumentos e texto, principalmente porque haverá muitos argumentos surgindo em sua cabeça. Coletânea de textos Nessa proposta a coletânea ganha uma importância enorme, visto que é dela que se depreende o tema. Além disso, a própria banca pede que tenhamos um texto com referências aos textos motivadores, claro que não colocando elementos copiados desses textos, mas ideias que se apresentam nos textos. O direcionamento da tese, então, fica extremamente claro: existe influência dos jogos violentos na construção de jogadores violentos, ainda que esse não possa ser reconhecido como o único fator de formação dos jovens. Assim, o texto 1 apresenta os resultados de uma pesquisa que mostra que os jovens que jogam jogos violentos tornam-se menos sensíveis à violência real. Essa pesquisa foi feita com medições fisiológicas dos jovens ao serem expostos a cenas de violência. Apesar de parecer que esse texto indica a formação de jovens violentos por culpa exclusiva dos videogames, percebemos que esse é um dos fatores que pode vir a fazer o jovem agir de forma mais violenta, visto que ele não mais se solidariza com o sofrimento alheio com facilidade. Contudo, é interessante ressaltar que o texto não afirma que a culpa da violência é dos jogos, mas que os jovens perdem sensibilidade à violência após serem expostos a esse tipo de divertimento. Essa ideia reforça a nossa tese de que os jogos contribuem para a violência, mas não a gera diretamente. O texto 2, por sua vez, apresenta que a endemonização dos games violentos é uma resposta à necessidade de achar um culpado para um momento de tragédia como ocorre nos massacres causados por jovens em escolas e em lugares públicos. A autora aponta que a ideia de que os jovens e adolescentes é falsa, porque o jogador médio desse tipo de game tem mais ou menos trinta anos. Além disso, aponta que o universo de convívio dos jovens é considerado bizarro e potencializado pelo isolamento dos games, visto que os jogadores passam muito tempo em frente ao jogo, fugindo do convívio social e familiar. Esse texto fundamenta bem nossa ideia de que a construção de um jovem vai além daquilo que o diverte. Por fim, o texto 3 é uma propaganda que aponta para a ideia de que os videogames são diferentes da violência real, offline. Utilizando-se de uma construção com duas colagens, destacando que a arma montada está relacionada à realidade, enquanto o joystick apresenta a palavra “fantasia” em destaque. Essa separação é ponto importante na discussão acerca de nosso tema. Para muitos, a fantasia pode fazer parte da construção da realidade; para outros muitos, há uma diferença entre a fantasia e a realidade, sendo que essa diferença precisa ser levada em consideração pelas pessoas. Tese e argumentos Para esse tema, precisaremos trabalharcom uma tese importante: os jogos violentos são fator de composição na violência real. Chegamos a essa tese quando analisamos os textos apresentados na proposta, visto que se percebe que não é somente o jogo violento que construirá uma pessoa violenta. Dessa forma, você deverá pensar em argumentos que devem ser entendidos como sustentação para o que você está defendendo. Cuidado, inclusive, para não construir um texto em que tenhamos uma incoerência, com supervalorização dos jogos nessa construção. A seguir, trazemos algumas ideias para ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 137 que você construa a sua redação. Não são ideias fechadas, mas ideias que podem auxiliar na sua percepção do tema, da tese e, claro, dos seus argumentos. • A constituição psicológica de uma pessoa é elemento bastante diverso, de pessoa a pessoa, sendo feita por relações de criação, de apresentação de moral e ética, e de convívio social. • Os jogos, quando utilizados de forma equilibrada, podem servir de momento de diversão e lazer para as pessoas que se dedicam a eles. • É preocupante o contexto de utilização desses jogos, que podem levar os gamers a ficar longos períodos isolados e com suas relações sociais prejudicadas. • A violência, se fosse fruto dos games violentos, só começaria a existir quando a tecnologia permitiu essa forma de diversão. Em outros momentos, essa discussão asseverou-se com relação à televisão e os filmes, visto que a violência sempre existiu. • Contextos de bullying, muitas vezes causados pela aparência e gostos dos nerds, é fator também determinante para comportamentos violentos como os encontrados nos massacres como o de Suzano, ocorrido em 2019. • A participação familiar na construção dos jovens é essencial para que a compreensão do uso dos games, fazendo os jovens entenderem que a ficção não deve, jamais, confundir-se com a realidade. 28. (Faculdades Integradas Padre Albino 2012) Consumo Análise da proposta Tema e proposta O tema “A atitude do consumidor e o ato de consumir: necessidade ou compulsão? reflete sobre as formas de consumo moderno. Cada dia que se passa, novos produtos são lançados. Por sua vez, essa fábrica de produtos não vem simplesmente para saciar a necessidade da população, mas para levá-los a adquirir cada vez mais. O marketing surge como o impulsionador, posto que apresenta os produtos de forma a satisfazer os desejos pessoais dos consumidores, e não simplesmente para obter o produto como uma necessidade. Ademais, as mídias sociais são impulsionadoras, haja vista que apresentam propagandas constantes de produtos, e toda vez que o usuário acessa determinada propaganda, várias outras são apresentadas, alavancando cada vez mais o desejo de compra. Portanto, em posse dessas informações, vejamos, a seguir, possibilidades de se trabalhar o tema. A partir das informações elencadas no quadro, observem que o tema pode ser trabalhado a partir de variadas perspectivas. Assim, um caminho para você desenvolver seu texto é pensar que as compras da sociedade moderna são realizadas por causa da compulsão, posto que os consumidores não ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 138 adquirem os produtos por necessidade, mas pelo desejo de obter mais e mais produtos. Portanto, esse pode ser um argumento que possibilite um desenvolvimento textual mais consistente, apresentando mais possibilidades de ideias a serem desenvolvidas. Diante disso, esperamos que você, em sua redação, focalize uma das posições seguintes: ou você aponta que o consumo está sendo realizado devido à compulsão; por outro lado, você pode problematizar a necessidade de consumo para se sentir inserido na sociedade. Diante disso, caso você escolha abordar a primeira perspectiva, aponte, por exemplo, que as pessoas estão consumindo devido à desequilíbrios emocionais. Portanto, pensando que a compra vai trazer felicidade, elas acabam adquirindo produtos que não necessitam. A internet facilita, pois apresenta uma variedade enorme de produtos, e grande facilidade de compra. Por outro lado, caso você queira dissertar acerca da segunda perspectiva, sinalize, por exemplo, que a necessidade de ser aceito leva a pessoa a comprar os produtos que estão na moda, mesmo que não necessite. Também você pode focalizar que a baixo autoestima também é impulsionadora do problema. Portanto, você tem caminhos variados para está desenvolvendo seu texto, basta se apropriar de um deles e escolher as ideias que melhor se articulem para desenvolver uma argumentação consistente. Pensando no exame, o texto Dissertativo-Argumentativo, utilizado pela Faculdade Integras Padre Albino, compõe-se de três partes essenciais: Na elaboração do texto dissertativo-argumentativo, deve-se apontar uma tese clara e consistente para que você, ao longo de seu texto, consiga argumentar com facilidade, sem necessitar recorrer a ideias que possam enfraquecer sua argumentação. Assim, em sua introdução, você deverá delimitar o seu tema, visto que, como comentamos acima, é amplo, e apresentar a sua tese. A partir disso, você estará construindo seu projeto de texto, elemento fundamental na escrita de uma redação. Quando uma produção apresenta um projeto de ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 139 texto, o leitor, na introdução, já focaliza o assunto que está sendo abordado e o seu ponto de vista sobre ele, o que você irá defender sobre esse tema. Logo, com o projeto de texto, mostra-se, antes de argumentar, qual o caminho opinativo, ou seja, qual a tese que você apresentará em seu texto. Pense que o seu leitor, ainda que seja um corretor, não “conhece” o seu tema. É como se estivesse entrando em contato com ele pela primeira vez. Tudo caminha para que ele compreenda o tema a partir do seu texto. Se, por acaso, você costuma se perder na argumentação, principalmente quando tratamos da organização dos argumentos na cabeça, indique, logo na introdução, os argumentos que irá trabalhar ao longo da sua redação. Isso facilita a coerência de suas ideias. Por sua vez, no desenvolvimento, você deverá apresentar seus argumentos. Comumente, recomendamos dois argumentos pela extensão da redação. Pode parecer muito, mas 30 linhas, para um texto bem desenvolvido, acaba sendo pouco. Assim, com dois argumentos, fica um pouco mais fácil de desenvolver as ideias como deve. É importante destacar que o repertório deve estar presente, fundamentando seus argumentos de forma clara e produtiva. Sempre coloque repertório em seus argumentos e apresente, claramente, a ligação entre as duas partes: a sua afirmação e o repertório. Por fim, você deve concluir as ideias desenvolvidas ao longo do texto. Retome aos argumentos explanados para poder dar um fechamento geral no texto, sempre articulando ao tema de sua redação. Coletânea de textos Os textos motivadores são suportes para a compreensão do tema. Assim, não se pode utilizar seus argumentos e nem parte desses textos na produção textual. Busque utilizar os textos como direcionadores dos seus pensamentos. Muitas vezes, vocês apresentam a ideia de que não podem ler os textos motivadores porque ocorrem essencialmente dois problemas: ou vocês descobrem que todos os argumentos que têm estão colocados nos textos; ou sentem uma incontrolável necessidade de usar aqueles argumentos que ficam fixos no seu inconsciente. Para resolver isso, só treinando muito a produção textual. Treine e treine e, quando cansar de treinar, treine mais um pouco. Escrever, nós realmente só aprendemos escrevendo. Os textos motivadores da coletânea apresentam caminhos para que você, na hora de sua escrita, consiga focalizar melhor a discussão que está sendo esperada. Portanto, os textos motivadores vão problematizar a base do consumo provido pelas propagandas, que adicionaram ao produto o valor de status, levando o consumidor a comprá-lo não parasuprir suas necessidades básicas, mas para cumprir necessidades sociais. Assim, as pessoas são impulsionadas a comprarem produtos para se inserirem nos meios sociais. Tese e argumentos possíveis Como observamos ao longo dessa descrição, é possível pensar, sem se desligar do tema, em diferentes argumentos para o desenvolvimento textual. Buscamos sinalizar que encontrar um problema para dá solução ao assunto é um dos caminhos mais fáceis para o desenvolvimento de seu texto, desviando da possibilidade de sua redação ficar muito descritiva. Assim, o processo argumentativo, que inclui defender um posicionamento acerca de uma temática específica, fica facilitado quando se enxerga problemas, sendo possível, assim, argumentar sobre a razão da existência desses problemas. Dessa forma, a tese de seu texto pode problematizar tanto que o ato da compra se deve à compulsão, quando ao desejo de ser aceito na sociedade. Lembramos a você, ainda, que quando se utiliza o argumento de tese como um problema, existe a possibilidade de se descrever o porquê desse problema, o que possibilita articular causas de consequências. É, literalmente, construir a motivação da ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 140 existência do problema e, a partir disso, apresentar argumentamos em favor de comprovar essa existência. A seguir, apresentamos algumas possibilidades de argumentação. O objetivo não é apresentarmos uma verdade absoluta, mas somente indicar um caminho para que vocês possam argumentar mais claramente, visto que este costuma ser um problema para muitos estudantes. Apresentaremos argumentos para a tese que, como dissemos anteriormente, é indicada pelos textos motivadores e pelo próprio tema. Para enriquecer sua argumentação, é interessante que você utilize repertórios. Esses podem ser compostos de dados estatísticos, de falas de sociólogos, escritores, podem ser referências de filmes, livros que você tenha lido e que se articule à ideia que você está desenvolvendo. Lembre-se que, desde que seja bem articulada ao que você está desenvolvendo, as possibilidades de referências externas são muitas, e o uso produtivo dessas referências vai enriquecer sua argumentação e possibilitar uma nota mais elevada. 29. (Faculdade Albert Einstein/Medicina 2017 ) O papel da argumentação nas redes sociais Análise da proposta Tema e proposta O tema “o papel da argumentação nas redes sociais, em tempos em que a exposição intensa na web é uma constante”, dialoga diretamente com a nossa contemporaneidade e como as ferramentas comunicacionais invadiram o nosso dia a dia. Não é novidade que as redes sociais são espaços de poucas palavras, de notícias rápidas. Essa velocidade na transmissão de informações gerou um imbróglio: a incapacidade de pessoas construir discursos em prol da defesa de um ponto de vista. Colocar poucas palavras para transmitir o que se pensa se adequa bastante ao contexto contemporâneo, de relações voláteis. Por sua vez, isso possibilita a proliferação de notícias falsas, as tão conhecidas fake News, as quais, muitas fezes, partem de uma leitura superficial de assunto e a distorção, pelo não aprofundamento, do conteúdo que estava sendo veiculado. Vejamos, a seguir, possibilidades de se trabalhar o tema. ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 141 A partir das informações elencadas no quadro, observem que o tema pode ser trabalho a partir de variadas perspectivas. Assim, percebemos que pensar a falta de construção de discurso nas redes sociais a partir da perspectiva de discursos de ódio, em vista do internauta não conseguir defender um ponto de vista consistente, é um caminho possível. Portanto, esse pode ser um argumento que possibilite um desenvolvimento textual mais consistente, apresentando mais possibilidades de ideias a serem desenvolvidas. Diante disso, esperamos que você, em sua redação, focalize uma das posições seguintes: ou você fale sobre o discurso de ódio como entrave para o desenvolvimento argumentativo e a construção crítica em espaços virtuais; por outro lado, você também pode falar das fakes News como resultado da desinformação das notícias rápidas lidas na web. Assim, caso você queira trabalhar a primeira perspectiva, lembre-se que as redes sociais são espaços especialmente de exposição. Se o internauta quer manter sua evidência, uma das formas é exatamente a criação de conteúdos que chamem a atenção de seus seguidores. Isso está sendo executado especialmente por meio de frases curtas, que trazem poucas informações, mas que, de alguma forma, atacam uma estrutura da sociedade. Esse tipo de sensacionalismo nas redes apenas fortalece o discurso de ódio e enfraquece a argumentação, pois não há construção crítica acerca do assunto veiculado. Portanto, você tem caminhos variados para está desenvolvendo seu texto, basta se apropriar de um deles e escolher as ideias que melhor se articulem para desenvolver uma argumentação consistente. Pensando no exame, o texto Dissertativo-Argumentativo, utilizado pela Einstein, compõe-se de três partes essenciais: • A incapacidade da sociedade de criar pontos de vista e defendê-los sem precisar menosprezar o outro; • O discurso nas redes sociais como sensacionalismo; • A exposição imagética como fator de atração para chamar a atenção de seguidores. ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 142 Na elaboração do texto dissertativo-argumentativo, deve-se apontar uma tese clara e consistente para que você, ao longo de seu texto, consiga argumentar com facilidade, sem necessitar recorrer a ideias que possam enfraquecer sua argumentação. Assim, em sua introdução, você deverá delimitar o seu tema, visto que, como comentamos acima, é amplo, e apresentar a sua tese. A partir disso, você estará construindo seu projeto de texto, elemento fundamental na escrita de uma redação. Quando uma produção apresenta um projeto de texto, o leitor, na introdução, já focaliza o assunto que está sendo abordado e o seu ponto de vista sobre ele, o que você irá defender sobre esse tema. Logo, com o projeto de texto, mostra-se, antes de argumentar, qual o caminho opinativo, ou seja, qual a tese que você apresentará em seu texto. Pense que o seu leitor, ainda que seja um corretor, não “conhece” o seu tema. É como se estivesse entrando em contato com ele pela primeira vez. Tudo caminha para que ele compreenda o tema a partir do seu texto. Se, por acaso, você costuma se perder na argumentação, principalmente quando tratamos da organização dos argumentos na cabeça, indique, logo na introdução, os argumentos que irá trabalhar ao longo da sua redação. Isso facilita a coerência de suas ideias. Por sua vez, no desenvolvimento, você deverá apresentar seus argumentos. Comumente, recomendamos dois argumentos pela extensão da redação. Pode parecer muito, mas 30 linhas, para um texto bem desenvolvido, acaba sendo pouco. Assim, com dois argumentos, fica um pouco mais fácil de desenvolver as ideias como deve. É importante destacar que o repertório deve estar presente, fundamentando seus argumentos de forma clara e produtiva. Sempre coloque repertório em seus argumentos e apresente, claramente, a ligação entre as duas partes: a sua afirmação e o repertório. Por fim, você deve concluir as ideias desenvolvidas ao longo do texto. Retome aos argumentos explanados para poder dar um fechamento geral no texto, sempre articulando ao tema de sua redação. Coletânea de textos Os textos motivadores são suportes para a compreensão do tema. Assim, não se pode utilizar seus argumentos e nem parte desses textos na produção textual. Busque utilizar os textos como direcionadores dos seus pensamentos. Muitas vezes, vocês apresentam a ideia de que não podem ler os textos motivadores porque ocorrem essencialmente dois problemas: ou vocês descobrem que todos os argumentos que têmestão colocados nos textos; ou sentem uma incontrolável necessidade de usar aqueles argumentos que ficam fixos no seu inconsciente. Para resolver isso, só treinando muito a produção textual. Treine e treine e, quando cansar de treinar, treine mais um pouco. Escrever nós realmente aprendemos escrevendo. A seguir, apresentamos uma pequena análise de cada um dos textos constantes da proposta. TEXTO I TEXTO II ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 143 Tese e argumentos possíveis Como observamos ao longo dessa descrição, é possível pensar, sem se desligar do tema, em diferentes argumentos para o desenvolvimento textual. Buscamos sinalizar que encontrar um problema para dá solução ao assunto é um dos caminhos mais fáceis para o desenvolvimento de seu texto, desviando da possibilidade de sua redação ficar muito descritiva. Assim, o processo argumentativo, que inclui defender um posicionamento acerca de uma temática específica, fica facilitado quando se enxerga problemas, sendo possível, assim, argumentar sobre a razão da existência desses problemas. Dessa forma, a tese de seu texto pode problematizar tanto a ausência da construção argumentativa nas redes sociais, quanto pode destacar a proliferação de fake News como resultado da desinformação gerada pelas notícias rápidas oriundas das redes sociais. Quando você utiliza o argumento de tese como um problema, existe a possibilidade de se descrever o porquê desse problema, o que possibilita articular causas de consequências. É, literalmente, construir a motivação da existência do problema e, a partir disso, apresentar argumentamos em favor de comprovar essa existência. 30. ( FAMEMA 2017) Excesso de cirurgias plásticas Análise da proposta Tema e proposta O tema “O excesso de cirurgias plásticas em uma sociedade de padrões estéticos opressores impostos pela mídia” nos leva a discutir acerca de um tema muito comum em nossa sociedade, a realização de cirurgias com vistas apenas a cumprir um padrão de beleza imposto pelas mídias sociais. Não é de hoje que os padrões estéticos moldam os estilos de vida de nossa população. Por sua vez, com a ascensão da medicina, a efervescência de métodos para correções estéticas caminhou junto. Assim, como vivemos em um mundo midiatizado, com exposições frequentes de corpos atléticos e considerados ideias de beleza, a população procura meios para acompanhar esse ritmo de vida. O resultado é o • Os discursos de ódio nas redes sociais; • A prática da argumentação inteligente é uma importante maneira de expressar a liberdade de opinião e entender que a liberdade começa na capacidade de interpretar e respeitar a opinião do outro; • A argumentação como fator essencial das relações; • Quem sabe a importância de convencer alguém saberá também não cair tão fácil na primeira lábia de um interlocutor. • A necessidade da argumentação nas relações familiares. • Seja em família, no trabalho, no esporte ou na política, saber argumentar é, em primeiro lugar, saber integrar-se ao universo do outro. • ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 144 aumento exacerbado de usos da medicina para simples métodos estéticos, ato que pode ser, a depender da quantidade, prejudicial à saúde da pessoa. Em posse dessas informações, vejamos, a seguir, possibilidades de se trabalhar o tema. A partir das informações elencadas no quadro, observem que o tema pode ser trabalho a partir de variadas perspectivas. Assim, em seu texto, trabalhar com a perspectiva de que a mídia é uma das grandes responsáveis para a ascensão das cirurgias plásticas, em vista de promover um corpo idealizado, é um caminho mais prático para sua argumentação. A escolha dessa perspectiva, por trazer intrínseco um problema, pode ser uma argumentação que possibilite um desenvolvimento textual mais consistente, apresentando mais possibilidades de ideias a serem desenvolvidas. Diante disso, esperamos que você, em sua redação, focalize uma das posições seguintes: ou você disserte que as mídias são as grandes responsáveis pela ascensão de cirurgias plásticas na modernidade, ou aponte que os padrões sociais opressores são os causadores do problema. Assim, caso você escolha a primeira perspectiva, é possível argumentar que a visibilidade provocada pelas redes sociais levou as pessoas a se compararem cada vez mais. Essa comparação exacerbada criou um padrão de corpo ideia. Isso faz com que as pessoas recorram a cirurgias para se parecerem com os modelos corporais apresentados pela mídia. Por outro, caso você queira focalizar sua tese nos padrões sociais opressores, pense que essa realidade não é um construto de nossa época, mas atravessa tempos. Essa imposição faz com que os indivíduos se vejam sempre abaixo do ideal pregado. Devido à facilidade provocada pela ascensão da medicina, na contemporaneidade, essas pessoas procuram sanar o problema recorrendo às cirurgias, sem se atentar para os malefícios que isso traz para a saúde. Pensando no exame, o texto Dissertativo-Argumentativo, utilizado pela Famema, compõe-se de três partes essenciais: ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 145 Na elaboração do texto dissertativo-argumentativo, deve-se apontar uma tese clara e consistente para que você, ao longo de seu texto, consiga argumentar com facilidade, sem necessitar recorrer a ideias que possam enfraquecer sua argumentação. Assim, em sua introdução, você deverá delimitar o seu tema, visto que, como comentamos acima, é amplo, e apresentar a sua tese. A partir disso, você estará construindo seu projeto de texto, elemento fundamental na escrita de uma redação. Quando uma produção apresenta um projeto de texto, o leitor, na introdução, já focaliza o assunto que está sendo abordado e o seu ponto de vista sobre ele, o que você irá defender sobre esse tema. Logo, com o projeto de texto, mostra-se, antes de argumentar, qual o caminho opinativo, ou seja, qual a tese que você apresentará em seu texto. Pense que o seu leitor, ainda que seja um corretor, não “conhece” o seu tema. É como se estivesse entrando em contato com ele pela primeira vez. Tudo caminha para que ele compreenda o tema a partir do seu texto. Se, por acaso, você costuma se perder na argumentação, principalmente quando tratamos da organização dos argumentos na cabeça, indique, logo na introdução, os argumentos que irá trabalhar ao longo da sua redação. Isso facilita a coerência de suas ideias. Por sua vez, no desenvolvimento, você deverá apresentar seus argumentos. Comumente, recomendamos dois argumentos pela extensão da redação. Pode parecer muito, mas 30 linhas, para um texto bem desenvolvido, acaba sendo pouco. Assim, com dois argumentos, fica um pouco mais fácil de desenvolver as ideias como deve. É importante destacar que o repertório deve estar presente, fundamentando seus argumentos de forma clara e produtiva. Sempre coloque repertório em seus argumentos e apresente, claramente, a ligação entre as duas partes: a sua afirmação e o repertório. Por fim, você deve concluir as ideias desenvolvidas ao longo do texto. Retome aos argumentos explanados para poder dar um fechamento geral no texto, sempre articulando ao tema de sua redação. Coletânea de textos Os textos motivadores são suportes para a compreensão do tema. Assim, não se pode utilizar seus argumentos e nem parte desses textos na produção textual. Busque utilizar os textos como direcionadores dos seus pensamentos. Muitas vezes, vocês apresentam a ideia de que não podem ler os ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 146 textos motivadores porque ocorrem essencialmente dois problemas: ou vocês descobrem que todos os argumentosque têm estão colocados nos textos; ou sentem uma incontrolável necessidade de usar aqueles argumentos que ficam fixos no seu inconsciente. Para resolver isso, só treinando muito a produção textual. Treine e treine e, quando cansar de treinar, treine mais um pouco. Escrever nós realmente aprendemos escrevendo. Os textos motivadores da coletânea apresentam algumas informações que podem contribuir para o entendimento do tema e ajudar em seu desenvolvimento. Assim, o TEXTO I reflete sobre o exacerbado número de cirurgias plásticas realizadas pela sociedade brasileira, que se tornou a que mais faz esse tipo de cirurgia no mundo. O TEXTO II faz uma comparação dos modelos corporais pregados pela mídia, e que as pessoas procuram alcançar, e a boneca Barbie, procurando ressaltar que esses padrões não existem, são inalcançáveis. Por sua vez, o TEXTO III relata os perigos da recorrência ao Bisturi, pois seu excesso pode levar a complicações na saúde dos pacientes, inclusive podendo perfurar os órgãos internos dessas pessoas. Tese e argumentos possíveis Como observamos ao longo dessa descrição, é possível pensar, sem se desligar do tema, em diferentes argumentos para o desenvolvimento textual. Buscamos sinalizar que encontrar um problema para dá solução ao assunto é um dos caminhos mais fáceis para o desenvolvimento de seu texto, desviando à possibilidade de sua redação ficar muito descritiva. Assim, o processo argumentativo, que inclui defender um posicionamento acerca de uma temática específica, fica facilitado quando se enxerga problemas, sendo possível, assim, argumentar sobre a razão da existência desses problemas. Dessa forma, a tese de seu texto pode problematizar como causa do problema tanto a ascensão das mídias, quanto os padrões sociais que sempre existiram. Quando você utiliza o argumento de tese como um problema, existe a possibilidade de se descrever o porquê desse problema, o que possibilita articular causas de consequências. É, literalmente, construir a motivação da existência do problema e, a partir disso, apresentar argumentamos em favor de comprovar essa existência. A seguir, apresentamos algumas possibilidades de argumentação. O objetivo não é apresentarmos uma verdade absoluta, mas somente indicar um caminho para que vocês possam argumentar mais claramente, visto que este costuma ser um problema para muitos estudantes. Apresentaremos argumentos para a tese que, como dissemos anteriormente, é indicada pelos textos motivadores e pelo próprio tema. ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 147 Para enriquecer sua argumentação, é interessante que você utilize repertórios. Esses podem ser compostos de dados estatísticos, de falas de sociólogos, escritores, podem ser referências de filmes, livros que você tenha lido e que se articule à ideia que você está desenvolvendo. Lembre-se que, desde que seja bem articulada ao que você está desenvolvendo, as possibilidades de referências externas são muitas, e o uso produtivo dessas referências vai enriquecer sua argumentação e possibilitar uma nota mais elevada. 31. (Autoral/ UNB - Wagner Santos) A corrupção e a passividade do brasileiro A proposta apresentada nesse primeiro simulado para a UnB apresenta um tema bastante próximo do que, muitas vezes, o Cebraspe pode vir a trabalhar durante suas cobranças no vestibular: um tema socialmente encaixado. Na realidade, quando analisamos o Cebraspe, em suas provas de redação, percebemos uma alternância nem sempre seguida à risca, entre temas mais socialmente posicionados, para muitos, inclusive, ideologicamente posicionados; e temas mais subjetivos, mais “viajantes” ou filosóficos, como costumamos dizer. No nosso caso, o tema é socialmente posicionado e deve ser tratado dessa forma. Podemos concordar que o brasileiro é passivo diante da corrupção ou indicar que, na realidade ele não o é, combatendo-a a todo custo e, inclusive, colocando sua vida nesse sentido, sem cometer as pequenas corrupções diárias, tão típicas de uma vida em sociedade, tal qual frear no radar de velocidade, furar a fila, usar sua influência para se beneficiar, esse tipo de atitude que, para muitos, não se configura como atos de corrupção. O gênero pedido é, também, o mais típico do Cebraspe nos últimos anos, apesar de ser cobrado, ali e quase que exclusivamente ali. Ou seja, nenhum outro vestibular tem apresentado esse tipo de texto que, muitas vezes complica o candidato, principalmente, porque não é um texto estudado. Esse, o texto dissertativo expositivo-argumentativo, reúne características dos expositivos e dos argumentativos. Assim, a fórmula mais usada nesse tipo de texto é a apresentação do tema na introdução de seu texto, você deverá construir uma contextualização boa sobre o tema, mas, preferencialmente, sem dar indícios de pra que lado estará sua tese. No desenvolvimento, por sua vez, costumeiramente apresentam-se aspectos positivos e negativos do tema, colocando sua tese somente na conclusão, na qual, normalmente, colocamos uma retomada do que foi dito anteriormente. 32. (UNIFESP 2018) Redes sociais Tema e proposta O tema apresentado nessa proposta de redação é extremamente contemporâneo e tem sido discutido com frequência, ainda mais em meio à chamada geração millenium que, para os especialistas, nasce conectada aos aparelhos tecnológicos que permitem ligação com os outros. Em meio a tantos argumentos a favor de uma maior proximidade humana, literalmente falando, temos a tecnologia quebrando barreiras e aproximando pessoas que não podem estar juntas. Um exemplo desse momento, em que as redes sociais saem de vilãs a “heroínas”, por assim dizer, é o momento da pandemia de Covid-19, uma vez que, em processos mundiais de isolamento social, a tecnologia tem sido a forma de manutenção de contato com as outras pessoas, auxiliando, ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 148 inclusive, na preservação da saúde mental daqueles que estão quarentemados. Além disso, a relação econômica também tem se fundamentado nessa forma de comunicação para a manutenção do chamado Home Office, incluindo, ainda, as reuniões de trabalho. Assim, a tecnologia que, em muitos momentos parece fator de desunião, transforma-se em fator essencial para a sociedade atual. Por outro lado, principalmente os jovens têm aberto mão de estar com seus familiares para jogar pelo computador, ou, ainda, conversar com os amigos pela internet. Assim, é interessante que notemos que, ainda assim, a tecnologia pode ser pensada de maneira a não prejudicar as relações sociais ou o desenvolvimento dos jovens. Seu texto, em meio a essa discussão, deverá apresentar um posicionamento, claro, visto tratar- se de um texto dissertativo argumentativo. Por isso, você deve acrescentar, em sua introdução, a sua tese, demonstrando o que será defendido por você durante a redação. Assim, você deverá apresentar argumentos que comprovem que você está defendendo uma ideia lógica, que pode ser defendida. Por fim, não é interessante apresentar uma proposta de intervenção, como vocês têm feito com muita frequência. É importante que você termine sua redação retomando suas ideias. Coletânea de textos Os textos apresentam as duas visões possíveis acerca das redes sociais, fato que nos auxilia na construção de uma argumentação para qualquer um dos lados que queiramos ir. O primeiro texto é uma visão positiva dessa relação com as redes sociais, visto que entende que os laços foram estreitados por elas, enquanto o segundo texto apresenta-se bastante crítico no sentido do uso dessas redes. É interessante perceber que não temos, então, quaisquer direcionamentos de tese, como algumas vezes vemos em propostas de redação. Assim, leia-os atentamente e perceba que são motivadores apenas. Tese, argumentos e repertórios Há, nesse tema, duas possibilidades de construção de tese: ou encaramos as redes sociais como positivase capazes de aproximar as pessoas, como se percebe a partir do apontado no texto um e nos argumentos a seguir, ou, ainda, podemos ver que as redes fazem com que as pessoas se afastam umas ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 149 das outras, valorizando o egocentrismo e a pessoalidade. É claro que, normalmente, ao ver as redes sociais como algo negativo, sua tendência é tornar esse fato em algo errado, causando problemas para os demais argumentos. Cuidado com isso, meu caro candidato. Busque não endemonizar as redes sociais a partir de argumentos fundamentados no senso comum. 33. (UNICAMP 2018) Há limite para a liberdade de expressão? Essa proposta é perfeita para alguém que ainda não tem muito traquejo na escrita de dissertação. Em primeiro lugar, trata-se de um artigo, o de opinião, cuja regra mais flexível em relação ao uso da primeira pessoa do singular dá maior liberdade para quem escreve. Em segundo lugar, a tese é bem clara, você deve responder à pergunta “Há limite para a liberdade de expressão?”. Em terceiro lugar, a Banca direcionou a formatação da introdução e da tese, você deve apresentar os dois posicionamentos, escolher um e defendê-lo. E além de tudo, forneceu uma coletânea de textos curtos exigindo que o candidato utilizasse alguma dessas informações em seu texto. Como se trata de um artigo de opinião, seria interessante que você fizesse uma boa contextualização. Inicialmente, poderia indicar como ficou sabendo da polêmica e quais comentários você leu a respeito. ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 150 Nesse momento, você cumpriria a primeira parte do que foi exigido, resumindo um ou outro tópico dos defensores e um ou dois tópicos dos detratores da liberdade de expressão. Em seguida, você deveria apontar qual tese você defenderia. Logicamente, haveria 3 possibilidades de tese: ser a favor; ser contra ou ser a favor com restrições. Na verdade, dificilmente alguém defenderia a censura total, portanto, resta-nos 2 opções: liberdade absoluta ou com restrições. Seguem alguns argumentos, entre outros. A favor *Fatos históricos: há muitos fatos que poderiam ser usados a favor da liberdade de expressão, sempre a partir do exemplo negativo. Toda vez que houve limitação à liberdade de expressão, ocorreu algum tipo de prejuízo social. Eis alguns fatos: a proibição da expressão religiosa na época da Contrarreforma; a proibição da manifestação de ideias no Nazismo ou no Socialismo soviético etc. *Exemplo/ fato: a proibição da Igreja em relação às ideias Galileu Galilei. *Citação: pode-se citar a lei que garante a liberdade de expressão; pode-se argumentar que não é preciso restringir tal direito uma vez que existe a lei que configura injúria se houver abuso do direito. Contra *Exemplo: em uma família, a livre expressão, sem respeito, leva a brigas irreconciliáveis. *Fato: sem alguma restrição, a circulação de fake News compromete a sociedade, tanto que o Facebook tem tomado medidas para restringir a liberdade de expressão. *Fato/exemplo: Na década de 60, um líder da Ku Klux Klan foi preso por defender a violência em um discurso filmado. A Suprema Corte decidiu que o discurso inflamatório seria uma restrição à liberdade de expressão. 34. (FAMEMA 2016) Leitura como medida de redução de pena O tema apresentado é bastante controverso e polêmico, com visões muito diferentes. Isso faz com que seja necessário tomar muito cuidado com os argumentos e posicionamentos em seu texto. Isso, claro, nada tem a ver com cerceamento de opiniões, não me entenda mal. Contudo, em um tema como esse, muito discutido atualmente, é necessário que pensemos que deve haver respeito aos direitos humanos e parcimônia em nossos argumentos, para evitar que criemos um clima muito ruim para nossa redação. Pense calmamente, ainda que você creia que, em hipótese alguma deve haver redução de pena. Expresse-se fundamentando-se em argumentos consistentes e tudo correrá como deve. Como essa proposta apresenta um tema em forma de pergunta, é interessante que você compreenda que sua tese será a resposta a essa pergunta. Assim, você pode se posicionar de duas formas: a favor da redução de pena para aqueles que se dedicarem à leitura ou contrário a isso. Você tem liberdade para se expressar quanto à sua tese. Ao decidir qual das duas opiniões defenderá, pense em seus argumentos e apresente-os de forma sustentada. Discutiremos, a seguir, cada uma dessas formas de pensar de maneira resumida. A redução de pena, bem como os processos de ressocialização dos presos, é tema necessário e polêmico no país. Ao percebermos que temos um sistema carcerário extremamente punitivo e deficiente, nos perguntamos como esses presos, tendo cumprido a pena inteira ou não, podem voltar ao convívio social sem que se configurem como problemas novamente para a sociedade, reincidindo em ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 151 seus crimes e retornando à cadeia. Diante desse cenário, muito se tem falado sobre como seria possível “reeducar” aqueles que se envolveram em crimes, violentos ou não. Nessa discussão, surge a possibilidade de que a leitura, tornada um hábito, seja utilizada como forma de educação formal e seja transformada, para incentivar os presos a lerem, em medida de redução de pena, como ocorre com o trabalho físico nas cadeias. Muitos já são os elementos que permitem essa redução, como o trabalho físico e a participação do ENEM, por exemplo. Dessa forma, temos que avaliar como a leitura pode modificar o ser humano, ao torná-lo mais próximo da cultura. Assim, há dois fatores importantes a considerarmos: a importância e o poder transformador da leitura; e a possibilidade de modificação daqueles que estão presos e que precisam se reintegrar à sociedade. É importante, ainda, lembrar um fato: de qualquer forma, os presidiários serão reintegrados à sociedade, ainda que não contando com a redução de sua pena. Pense nisso para a definição de suas ideias com relação ao tema. Preparar um ser humano melhor dentro das cadeias é uma das funções do sistema prisional que, no Brasil, além de punitivo, tem uma função educativa, voltada exatamente a essa reinserção dos presidiários. Penso que, com a infraestrutura e os contatos existentes dentro de nosso sistema penitenciário, a reintegração torna-se complexa, muito complexa. Esse é um dos pontos que você pode abordar. Com relação à estrutura de seu texto, recomendamos que, em sua introdução, você apresente contextualização de seu tema. É importantíssimo que você pense que não o leitor de seu texto não terá conhecimento de seu tema até ler seu texto. Sei que temos uma relação estranha com isso, uma vez que já sabemos que nosso leitor é o corretor de nosso texto, claro, já sabendo do nosso tema. Eu sempre digo pra fingirmos que não sabemos quem lerá o texto, para que você coloque essa contextualização em sua introdução. Além dela, recomendamos que você já apresente sua tese, para que fique claro aquilo que será defendido por você. Depois de apresentada a tese e o tema, é hora de argumentarmos para sustentar o que estamos defendendo, ou seja, devemos sustentar a nossa tese sempre por meio de argumentos. Tais argumentos, claro, precisam de sustentação também. Essa segunda sustentação é aquilo que se convencionou chamar de repertório, ou seja, você argumenta e, ao apresentar repertório, sustenta o argumento e o tira do senso comum, dando profundidade e conteúdo que, literalmente, agrada o leitor. Pense sempre nisso: argumentou? Então, é necessário que haja repertório para sustentar o tema. Por fim, sua conclusão pode apresentar -se de forma mais clássica, com a construção de uma retomada da tese e um resumo dos argumentos. Pode, ainda, apresentar uma proposta de intervenção com a apresentação, por exemplo de como poderemos construir o hábito da leitura como um processo de redução de pena em nossospresídios. Seria literalmente apresenta uma ideia de como essa conta seria feita, como seriam controlados e administrados os livros que foram efetivamente lidos. A seguir, apresentamos um resumo do que deve ser colocado por você em seu texto. Vamos lá! ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 152 Coletânea de textos A coletânea de textos é variada e apresenta a existência de projetos com a leitura envolvida, inclusive como forma de redução de pena. Acredito que o texto 3, nesse caso, é bastante interessante por apresentar claramente o juízo de valor do autor. Os demais, são textos que discutem a eficiência já existente dos processos. ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 153 Tese e caminhos argumentativos possíveis Como apresentamos inicialmente, por ser um tema construído em forma de pergunta, você pode “trabalhar” com duas teses: o uso da leitura como fator que pode contribuir para a redução de pena e a visão de que, por mais que possa ser visto como importante, não deve resultar em redução de pena. É claro que você deve se ater a esse ponto, o da redução, podendo, claro, falar sobre ressocialização dos presos, visto que, ao reduzir a pena, esse preso será libertado em algum momento anterior àquele da condenação. CONTUDO, CUIDADO PARA NÃO FALAR SOMENTE SOBRE RESSOCIALIZAÇÃO! Essa é um tema transversal do seu texto, podendo surgir como argumento, desde que leve em consideração a temática da leitura como “contribuinte” para isso. A seguir, apresentamos argumentos que podem ajudar na sua organização textual e de direcionamento, não como definitivos ou qualquer outra forma de verdade absoluta. ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 154 35. (Autoral 2020) Linchamento virtual O linchamento é uma prática considerada criminosa e abusiva, pois dá ao cidadão o papel de juiz e carrasco da vítima. De forma física, e não virtual, é uma barbárie que, muitas vezes, acaba com a morte do alvo da fúria popular. De uma forma geral, aplica-se a crimes mais “pesados”, os quais normalmente envolvem processos sociais mais conservadores ou com atores sociais considerados indefesos, como mulheres e crianças. Como ocorre em toda relação de linchamento, é comum que tenhamos dois momentos diferentes: um primeiro cidadão “comanda” a destruição da vida da vítima, mas não segue com o processo de destruição da vida da vítima, principalmente no que diz respeito à desconstrução da vítima. Normalmente, o primeiro cidadão é o que tem, arraigados, pensamentos sociais mais conservadores e sente-se ameaçado pelo comportamento dissonante da vítima. Essa transferência de vida leva, consigo, os problemas do mundo físico. Assim, os mesmos crimes e problemas existentes em nossa realidade não virtual acabam por aparecer em meio à virtualidade. É o caso, por exemplo, do linchamento, que, agora, também acontece no meio da internet, c Tendo esses repertórios como possibilidades de sustentação, podemos começar a construir nossa argumentação. Para isso, como sabemos, é necessário, inicialmente definirmos a tese a ser defendida. Nesse caso específico, há algumas possibilidades de tese, essas serão construídas como resposta à pergunta apresentada. Dessa forma, apresentamos, a seguir, algumas opções, mais uma vez não exaustivas, para serem utilizadas como argumentos. • O linchamento virtual, por apresentar correlação com o linchamento físico, coloca em risco a vida das pessoas, tanto em um sentido mais conotativo (como a vida social e a forma de comportamento do usuário) quanto denotativo, por muitas vezes o usuário receber ameaças de violências e morte. • A vítima de linchamento pode desenvolver problemas psicológicos sérios, que incluem síndromes como a do pânico e de ansiedade. É comum que a psiquê humana reaja de forma a preservar a vida humana, visto que essas síndromes podem ser entendidas como mecanismos de defesa, por ocorrer o afastamento da vida física. • Os relacionamentos humanos tornaram-se muito voláteis e ocorrem sempre de forma a suprir a necessidade das pessoas, fato que pode tornar os usuários de internet mais suscetíveis a ameaças e linchamentos digitais. • A vida social do usuário pode ser negativamente afetada, visto que, como há difamação incluída nas táticas de linchamento, o trabalho do usuário, também chamado de vítima, pode ser afetado diretamente. • Quando o linchamento inclui crimes físicos, como no caso de Fabiane de Jesus, que, em 2013, foi confundida com uma suspeita de homicídio infantil, há perigo de que injustiças aconteçam. Ou seja, o linchamento, por ser arbitrário em nível máximo, pode gerar outros crimes que devem ser evitados. • Sempre vale à pena lembrar que o linchamento, por mais que apresente justificativas muitas vezes aceitas socialmente, é outra forma de crime, ou seja, há a resolução de um crime por meio de outro. ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 155 • A possibilidade de invisibilidade da internet nivela todas as pessoas e as coloca como possíveis agressores que não serão facilmente reconhecidos. • Há a possibilidade de criação de um perfil falso com extrema facilidade, proporcionando que o agressor fique escondido em meio à “massa digital”. • A internet ainda é uma “terra sem lei”, visto que sua modernidade e pouco tempo de existência, quando comparado com o tempo histórico necessário para um acontecimento ser analisado, impedem que as leis sejam criadas e punidas. Vale destacar, por fim, que seu texto deverá levar em consideração a modernidade do fato e, principalmente, a junção da vida digital com a não digital, ou seja, a modernidade do fato. 36. (UEA 2017) Zoológicos Análise da proposta Tema e proposta O tema “Os zoológicos são locais de preservação e educação ambiental ou uma forma cruel de diversão?” nos leva a refletir sobre um tema que para muitas pessoas não aparenta ser um problema. Não é de hoje que os zoológicos são atrações turísticas ao redor do mundo. Além de conhecer espécimes de animais, sorrir de suas diferenças, o que não chega aos frequentadores é a reflexão em como esses animais se sentem ao estarem aprisionados nesses espaços. Esse ato é motivado porque não veem humanidade nesses animais, portanto não há sentimento em torno de suas presenças em cativeiro. Mas a permanência de animais nesses espaços passou a ser questionada, levando cientistas a defenderem que sua importância se deve às pesquisas científicas que contribuem para a preservação dessas espécies. Assim, em posse dessas informações, vejamos, a seguir, possibilidades de se trabalhar o tema. A partir das informações elencadas no quadro, observem que o tema pode ser trabalhado a partir de variadas perspectivas. Assim, um caminho para você desenvolver seu texto é pensar que os zoológicos representam um problema social, que não leva em consideração os problemas que o aprisionamento dos animais pode acarretarem aos mesmos. Portanto, esse pode ser um argumento que possibilite um desenvolvimento textual mais consistente, apresentando mais possibilidades de ideias a serem desenvolvidas. ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 156 Diante disso, esperamos que você, em sua redação, focalize uma das posições seguintes: ou disserte que os zoológicos são espaços de preservação de espécies; por outro lado, você pode falar que esses espaços se tornaram locais de diversão populacional e uma crueldade com os animais. Assim, caso você queira focalizar a primeira perspectiva, aborde que os zoológicos cuidam de muitas espécies em extinção, procurando sua reprodução para que não haja seu fim. Ademais, existem muitas pesquisas científicas para viabilizar a manutenção de espécimes. Por sua vez, caso você queira trabalhar em seu texto a segunda perspectiva, sinalize que oszoológicos são modelos antigos de circos, em que havia a exposição de animais ao público em busca de lucro. Portanto, mais que um ambiente de preservação de espécies, é um espaço de comércio, que não leva em consideração o sentimento dos animais, que padecem de estresse, que pode levar à morte precoce. Pensando no exame, o texto Dissertativo-Argumentativo, utilizado pela UEA, compõe-se de três partes essenciais: Na elaboração do texto dissertativo-argumentativo, deve-se apontar uma tese clara e consistente para que você, ao longo de seu texto, consiga argumentar com facilidade, sem necessitar recorrer a ideias que possam enfraquecer sua argumentação. Assim, em sua introdução, você deverá delimitar o seu tema, visto que, como comentamos acima, é amplo, e apresentar a sua tese. A partir disso, você estará construindo seu projeto de texto, elemento fundamental na escrita de uma redação. Quando uma produção apresenta um projeto de texto, o leitor, na introdução, já focaliza o assunto que está sendo abordado e o seu ponto de vista sobre ele, o que você irá defender sobre esse tema. Logo, com o projeto de texto, mostra-se, antes de argumentar, qual o caminho opinativo, ou seja, qual a tese que você apresentará em seu texto. Pense que o seu leitor, ainda que seja um corretor, não “conhece” o seu tema. É como se estivesse entrando em contato com ele pela primeira vez. Tudo caminha para que ele compreenda o tema a partir do seu ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 157 texto. Se, por acaso, você costuma se perder na argumentação, principalmente quando tratamos da organização dos argumentos na cabeça, indique, logo na introdução, os argumentos que irá trabalhar ao longo da sua redação. Isso facilita a coerência de suas ideias. Por sua vez, no desenvolvimento, você deverá apresentar seus argumentos. Comumente, recomendamos dois argumentos pela extensão da redação. Pode parecer muito, mas 30 linhas, para um texto bem desenvolvido, acaba sendo pouco. Assim, com dois argumentos, fica um pouco mais fácil de desenvolver as ideias como deve. É importante destacar que o repertório deve estar presente, fundamentando seus argumentos de forma clara e produtiva. Sempre coloque repertório em seus argumentos e apresente, claramente, a ligação entre as duas partes: a sua afirmação e o repertório. Por fim, você deve concluir as ideias desenvolvidas ao longo do texto. Retome aos argumentos explanados para poder dar um fechamento geral no texto, sempre articulando ao tema de sua redação. Coletânea de textos Os textos motivadores são suportes para a compreensão do tema. Assim, não se pode utilizar seus argumentos e nem parte desses textos na produção textual. Busque utilizar os textos como direcionadores dos seus pensamentos. Muitas vezes, vocês apresentam a ideia de que não podem ler os textos motivadores porque ocorrem essencialmente dois problemas: ou vocês descobrem que todos os argumentos que têm estão colocados nos textos; ou sentem uma incontrolável necessidade de usar aqueles argumentos que ficam fixos no seu inconsciente. Para resolver isso, só treinando muito a produção textual. Treine e treine e, quando cansar de treinar, treine mais um pouco. Escrever, nós realmente só aprendemos escrevendo. Os textos motivadores da coletânea apresentam caminhos para que você, na hora de sua escrita, consiga focalizar melhor a discussão que está sendo esperada. Portanto, apresentamos uma síntese das principais ideias apresentadas nesses textos. TEXTO I TEXTO II TEXTO III ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 158 Tese e argumentos possíveis Como observamos ao longo dessa descrição, é possível pensar, sem se desligar do tema, em diferentes argumentos para o desenvolvimento textual. Buscamos sinalizar que encontrar um problema para dá solução ao assunto é um dos caminhos mais fáceis para o desenvolvimento de seu texto, desviando da possibilidade de sua redação ficar muito descritiva. Assim, o processo argumentativo, que inclui defender um posicionamento acerca de uma temática específica, fica facilitado quando se enxerga problemas, sendo possível, assim, argumentar sobre a razão da existência desses problemas. Dessa forma, a tese de seu texto pode problematizar tanto a importância dos zoológicos para a preservação da biodiversidade, quando destacar que sua existência está articulada ao lucro. Lembramos a você, ainda, que quando se utiliza o argumento de tese como um problema, existe a possibilidade de se descrever o porquê desse problema, o que possibilita articular causas de consequências. É, literalmente, construir a motivação da existência do problema e, a partir disso, apresentar argumentamos em favor de comprovar essa existência. A seguir, apresentamos algumas possibilidades de argumentação. O objetivo não é apresentarmos uma verdade absoluta, mas somente indicar um caminho para que vocês possam argumentar mais claramente, visto que este costuma ser um problema para muitos estudantes. Apresentaremos argumentos para a tese que, como dissemos anteriormente, é indicada pelos textos motivadores e pelo próprio tema. ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS 159 Para enriquecer sua argumentação, é interessante que você utilize repertórios. Esses podem ser compostos de dados estatísticos, de falas de sociólogos, escritores, podem ser referências de filmes, livros que você tenha lido e que se articule à ideia que você está desenvolvendo. Lembre-se que, desde que seja bem articulada ao que você está desenvolvendo, as possibilidades de referências externas são muitas, e o uso produtivo dessas referências vai enriquecer sua argumentação e possibilitar uma nota mais elevada. 37. (PUC 2019 inverno ) Humor e liberdade de expressão dentro dos limites da ética Comportamento geral em uma prova de redação Iniciamos nossa análise pela construção geral da proposta, ou seja, daquilo que está sendo apresentado de forma ampla, o macro da proposta. Busque ler, sempre que você começar esmiuçar uma proposta de redação, os textos motivadores. Muitas vezes, vocês, candidatos a uma vaga em algum exame que contém redação, evitam ler os textos motivadores por medo de copiá-los ou, ainda, de perceber que tudo o que sabem está nesses textos. Claro que esses são perigos constantes a todos quando lemos os textos. Contudo, você precisa ler os textos exatamente por isso, para evitar que, sem querer, os repita, ou ainda, pense em maneiras diferentes de apresentar o que está em cada um deles. Há vestibulares, inclusive, em que o candidato é levado a explorar a coletânea em seu texto. A proposta da PUC, como acontece em alguns outros vestibulares, apresenta o aproveitamento dos textos da prova para construir a redação. É interessante notar que esse tipo de construção torna a prova mais objetiva, evitando um acúmulo desnecessário de textos que, muitas vezes, não são explorados. Os dois textos apresentados na proposta serão explorados um pouco mais à frente. Destacamos, apenas, que as marcações encontradas no texto I são encontradas na própria prova, para uso em questão subsequente. Esta proposta apresenta alguns casos de eliminação da redação, ou seja, de atribuição de nota zero a ela. Os casos são praticamente os mesmos do Enem: não atingir o mínimo de sete linhas; fugir ao tema apresentado; e apresentar quaisquer formas de desenhos, impropérios ou partes desconectadas do texto. Vale destacar que, neste certame, ao zerar a redação, o candidato está automaticamente desclassificado do vestibular. Além disso, o texto precisa apresentar um título, que recomendamos ser atribuído após a escrita do texto. Constam como critérios de correção da redação: a criticidade; o tema e a relação entre texto e ESTRATÉGIA VESTIBULARES - UFRR CADERNO DE PROPOSTAS