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GEOGRAFIA AULA IX – O PROCESSO DE INDUSTRIALIZAÇÃO BRASILEIRO Apesar de ter ocorrido em diferentes fases, o processo de industrialização brasileiro é considerado tardio em comparação aos principais países do mundo, que intensificaram as suas indústrias principalmente no século XIX. Essa demora se deve principalmente a fatores como: - Baixo mercado consumidor (decorrente da predominância da escravidão); - Dominação econômica histórica (Portugal, Inglaterra e depois EUA); - A baixa infraestrutura das cidades, por se tratar de um país com população e economia rurais; - A baixa integração entre as regiões brasileiras; - A ausência de vontade políticas das autoridades governamentais; - Falta de interesse da elite brasileira em investir na indústria. Entretanto, antes das grandes fases industrializantes do país, ainda no século XIX se vê um nível de urbanização e industrialização na região Sudeste – principalmente Rio de Janeiro e São Paulo –, consequência indireta da economia cafeeira. Entretanto, nos inícios do século XX o Brasil ainda era um país majoritariamente exportador/importador. 1º Impulso no processo de industrialização brasileiro – Era Vargas (1930 – 1956) A primeira grande fase industrializante brasileira ocorre também impulsionada por fatores internacionais: a Crise de 1929; Com a crise mundial, o Brasil é incentivado a substituir a importação de produtos industriais pela sua produção interna (substituição de importações). Assim, para se desenvolver a industriar nacional, são criadas dificuldades, taxações e limitações para a importação de produtos (política protecionista). Nesse primeiro momento, até 1940, o setor industrial que mais se desenvolveu foi o de bens de consumo, com os bens de produção (maquinários e matéria prima) sendo ainda majoritariamente importados. Contudo, mais uma vez o cenário externo afeta a economia brasileira. A Segunda Guerra Mundial (1938 – 1945) faz com que o país tenha dificuldades de importar os bens de produção. Isso foi encarado como uma possibilidade de desenvolver esse setor industrial. Nesse contexto, são criadas a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN – 1941)*, A Companhia Vale do Rio Doce (1942), a Fábrica Nacional de Motores (1943), a Companhia Elétrica do Vale do Rio São Francisco (1945) e – já no outro período de Vargas como presidente do país – a Petrobrás (1953) e a Eletrobrás (1954). A Era Vargas foi caracterizada como um período de forte intervenção estatal na economia. Há também a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), que em 1943 instituiu o salário mínimo, a carteira profissional, as férias remuneradas e a jornada de oito horas de trabalho. 2º Impulso – Juscelino Kubitschek (JK – 1956-1961) Com seu Plano de Metas (crescer “cinquenta anos em cinco”), JK busca investir principalmente em cinco setores: transporte, energia, educação, alimentação e indústria. Buscou-se assim criar uma infraestrutura que atraísse empresas multinacionais para o país. Representou então a substituição do protecionismo de Vargas para uma abertura da economia para o capital internacional. Nesse período, o setor industrial mais beneficiado por JK foi o de bens de consumos duráveis, principalmente a indústria automobilística, com a instalação de multinacionais como a Volkswagen, Mercedes-Benz, General Motors, Ford e entre outras. É formado então o tripé econômico no Brasil: - Capital privado nacional: bens de consumo não duráveis. - Capital estatal: bens de produção. - Capital estrangeiro: bens duráveis. Como consequências desse processo temos a internacionalização da economia brasileira (aumentando a dependência nacional) e aumento da concentração de renda e desigualdade social. 3º Impulso – Ditadura Militar (1964-1985) Dando continuidade a abertura da economia brasileira ao capital internacional, os militares realizam um crescimento econômico que ficou conhecido como “milagre econômico brasileiro”, facilitado também pelo contexto internacional. O “milagre” brasileiro se caracterizou pelo crescimento do Produto Interno Bruto (PIB, que é a soma dos valores gerados pelos setores da economia no ano) e por investimentos principalmente em: - Infraestrutura: rodovias, ferrovias, portos, usinas hidroelétricas, etc. - Indústria de base: mineração, siderurgia e metalurgia; - Indústria de bens duráveis: automóveis e eletrodomésticos; - Agroindústria de alimentos: produção e industrialização de grãos, carnes e laticínios. Assim, o “milagre econômico” brasileiro teve como consequências a modernização industrializando e o aumento do PIB, mas não resultou em benefícios para a maioria da população. A concentração de renda e a desigualdade social aumentaram. Após a Crise Internacional do Petróleo (1973), o crescimento econômico é finalizado e a dívida externa, intensificada pelos empréstimos realizados pelos militares para financiar o “milagre”, começa a ser cobrada. As consequências foram: aumento da inflação, desvalorização dos salários e estagnação do setor industrial. Os anos 1980 são conhecidos como “década perdida”. 4º Impulso: Neoliberalismo e indústria nacional (1985 – 2007) Os governos dos anos 1990 continuam com a política de abertura da economia ao capital estrangeiro, atraindo cada vez mais multinacionais. As consequências desse processo são o fechamento de empresas nacionais, elevação do desemprego e a privatização de grandes companhias estatais brasileiras, como a Companhia Siderúrgica Nacional e a Companhia Vale do Rio Doce. Essas ações reduzem a capacidade de investimento e intervenção do Estado brasileiro na indústria nacional. Dessa forma, ele passa a assumir novas funções de normatização e fiscalização, criando as agências nacionais de controle. QUESTÕES 1 – (ESPECEX – 2018) Analise a tabela a seguir referente à participação das regiões brasileiras no valor da transformação industrial: Disponível em http://www.ibge.gov.br/home/presidencial/noticias/noticia _ visualiza.php?id_ noticia=1653&rid_pagina1> Tendo por base as características da industrialização brasileira e considerando os dados apresentados na tabela, é correto afirmar que I- a partir da década de 1970, constata-se a perda de participação da Região Sudeste no valor total da produção industrial do País, como reflexo direto do desvio dos investimentos empresariais para novas localizações, longe das chamadas deseconomias de aglomeração daquela Região. II- o significativo aumento do valor da produção industrial da Região Centro-Oeste pode ser explicado pela migração de indústrias de bens de capital de São Paulo, em busca de vantagens econômicas de produção nessa Região. III- empresas inovadoras de alta tecnologia reforçaram sua concentração industrial na Região Sudeste, especialmente no estado de São Paulo, tendo em vista estarem ligadas aos centros de pesquisas avançadas, fundamentais à garantia da competitividade nos mercados interno e externo. IV- a indústria automobilística tem se destacado no cenário da desconcentração espacial no País, buscando condições mais competitivas de produção, principalmente nas Regiões Norte e Nordeste, que apresentam menores custos de mão de obra. Assinale a alternativa em que todas as afirmativas estão corretas. A) I e III B) II e III C) I e IV D) I, II e IV E) II, III e IV 2 – (ESPCEX – 2017) Com relação às características do processo de industrialização das regiões brasileiras, assinale a alternativa correta. A) A industrialização da Região Norte, na Zona Franca de Manaus, foi estimulada, principalmente, pela proximidade das fontes de matéria- prima, o que reduz o custo de produção. B) A produção industrial da Região Nordeste manteve um equilíbrio entre o interior e as regiões metropolitanas de Salvador, de Recife e de Fortaleza. C) Na Região Sul, dois fatores foram muito importantes para a industrialização: a imigração estrangeira e a organização de uma economia voltada para o abastecimentodo mercado regional. D) Os grandes investimentos do capital privado em infraestrutura (energia, transporte e siderurgia) foram a base para a expansão industrial da Região Sudeste entre 1960 e 1980. E) No Centro-Oeste, aproveitando a grande produção agrícola da região, a participação da indústria alimentícia foi marcante, e concentrou-se na porção norte do estado do Mato Grosso. 3 – (PM-MT – 2012) A ocupação desta vasta região brasileira baseou- se na pecuária extensiva de corte, que abastecia os grandes mercados consumidores localizados nas proximidades do pólo industrial brasileiro. Tornou-se área de fronteira agrícola no começo da década de 80, incrementando vastas áreas à dinâmica da economia brasileira e do capital internacional. Hoje, destaca-se na produção de grãos respondendo por cerca de 40% da soja produzida no país. Por outro lado, esse mesmo cultivo trouxe para essa região o desafio de preservar o cerrado que constitui o seu maior ecossistema. (TAMDIJAM & MENDES, 2004) O texto faz alusão a que região brasileira? A) Região Norte B) Região Nordeste C) Região Sul D) Região Sudeste E) Região Centro-Oeste 4 – (PM-BA – 2011) A industrialização moderna do Nordeste esteve associada a uma fase do modelo de substituição de importações marcada pela importância das políticas de desenvolvimento regional do Estado. (MAGNOLI; ARAUJO, 2001, p. 117). Com base na informação e nos conhecimentos sobre a industrialização brasileira e nordestina, pode-se afirmar: A) As políticas de desenvolvimento industrial no país conduziram a processos de descentralização industrial em escala nacional, e de concentração industrial, em escala regional. B) A atividade industrial nordestina, na atualidade, objetiva unicamente atender às necessidades da economia regional. C) A implantação do tecnopolo nordestino modificou o sistema viário e contribuiu para o declínio da emigração. D) O Nordeste pós-industrial se tornou um tecnopolo, concentrado na Bahia e em Sergipe. E) A industrialização do Brasil foi clássica e subsidiada pelo capital privado nacional. 5 – (ESFCEX – 2014) Marque a alternativa correta. Com relação à expansão e modernização da produção industrial no Brasil, pode-se dizer que: A) se modernizou e expandiu exclusivamente a partir da imigração estrangeira entre os séculos XIX e XX. B) iniciou-se a partir da quebra da economia açucareira no século XIX. C) iniciou-se efetivamente a partir da crise econômica mundial em 1929. D) se consolidou a partir de investimentos de grandes bancos ingleses e chineses no Brasil. E) expandiu para o interior do país a partir de investimentos do Estado entre os séculos XIX e XX. 6 – (VUNESP – 2010) Analise o texto e os gráficos, nos quais está representada a posição do Brasil em relação à produção mundial de produtos selecionados, em 2007. Espaço, calor e água, empresários, investimentos, pesquisa, inovação, ausência de reforma agrária e formação qualificada permitiram um desenvolvimento considerável do agronegócio brasileiro. O país encontra-se entre os principais produtores (laranja, açúcar, café, tabaco, frango, carne bovina e milho) e exportadores (4,6% das exportações mundiais de produtos alimentícios). Todos os valores são expressos em % da produção mundial. (Marie-Françoise Durand et al. Atlas da mundialização, 2009. Texto e gráficos adaptados.) Considerando o texto e os gráficos, é possível afirmar que: I. Os resultados do agronegócio brasileiro demonstram a importância das regiões agropecuárias do Sudeste e do Sul do país. II. A produção de culturas temporárias (laranja e café) vinculadas à agroindústria tem aumentado, principalmente na região Norte do país. III. Houve avanço da frente pioneira, transformando áreas vegetadas em terras agrícolas, com substituição de áreas de cerrado e da floresta amazônica pela pecuária e cultivo de soja. IV. O dinamismo da agricultura brasileira não está associado à mobilidade territorial e à conquista de novas terras agrícolas. Estão corretas apenas as alternativas A) II e III. B) I e II. C) III e IV D) I e III. E) II e IV. 7) (PM-PA – 2012) O processo de industrialização brasileira ocorreu de forma concentrada na região Sudeste. Contudo, a partir da década de 1990, as mudanças ocorridas no cenário internacional, dentre as quais cabe destacar o surgimento da Ordem Multipolar e a formação de Blocos Econômicos, provocaram uma reorganização na lógica da localização industrial no país, com ênfase para transferência de indústrias para outras regiões. Tal fenômeno recebe o nome de: A) Desindustrialização B) Terceirização C) Desconcentração industrial D) Deseconomia de Aglomeração E) Divisão Territorial do Trabalho – D.T.T 8) (PM-PA – 2012) Ações governamentais e decisões empresariais privadas instituídas a partir dos anos de 1960 possibilitaram a integração de novas áreas ao espaço econômico nacional. Esta integração ocorreu especialmente em direção à (s) Região (Regiões): A) Sul, cuja integração foi extremamente favorecida pela abertura de grandes rodovias. B) Nordeste do país, região antes totalmente desvinculada da economia nacional. C) Centro Sul, que foi integrado através da rápida expansão da agricultura comercial, fato favorecido pela intensa fertilidade dos solos. D) Amazônica e Centro Oeste, integração resultante da aplicação de políticas integracionistas e da expansão geográfica dos capitais produtivos, mercantis e financeiros. E) Amazônica, especialmente na porção mais setentrional, que recebeu milhares de imigrantes nordestinos e sulistas através de políticas estimuladoras do Governo Federal. 9 – (PM-PA – 2012) As imagens abaixo fazem uma comparação entre o Nordeste de ontem e de hoje. Através de sua análise é correto afirmar que: A) as atividades do cangaço ainda têm grandes repercussões na economia regional. B) o Nordeste de hoje se transforma economicamente tendo na atividade industrial um dos pilares da sua economia. C) a Região nada mudou nos últimos anos, sendo o cangaço um sério obstáculo ao desenvolvimento econômico. D) o desenvolvimento industrial do Nordeste atual provocou o completo desaparecimento, inclusive culturalmente, das tradições originadas no movimento do cangaço. E) as práticas arcaicas como o cangaço, coronelismo e a “indústria da seca” desapareceram do cenário econômico-social nordestino. 10 – (COLÉGIO NAVAL – 2015) A indústria brasileira ocorreu tardiamente se comparada aos Estados Unidos, Europa Ocidental e Japão.De acordo com as mudanças estruturais das dinâmicas econômica, social e politica, o pais teve que se adequar à competitividade internacional. Sendo assim, coloque F (falso) ou V (verdadeiro) nas afirmativas abaixo, com relação à trajetória da indústria brasileira, assinalando a seguir a opção correta. ( ) O período marcado entre 1930 e 1950, não mais recebeu investimentos provenientes do setor cafeeiro no desenvolvimento da logística do país, O financiamento das ferrovias e rodovias foi proveniente do capital internacional que promoveu também a criação da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) e da Petrobras. ( ) O governo de Getúlio Vargas financiou a construção da indústria de base, com destaque para os setores de energia e de transportes; enquanto que, no governo de Juscelino Kubitschek,a prioridade foi o setor automobilístico apoiado no capital estrangeiro . ( ) O capital internacional foi o principal responsável pela industrialização brasileira, já que canalizou recursos por todas as regiões do país com o objetivo de desenvolver os sistemas de transporte, de comunicação e de energia necessários ao "salto qualitativo" nacional. ( ) No período neoliberal, o Brasil passou pelo processo de desconcentração industrial, Assim, muitas indústrias procuraram outros espaços geográficos,onde os custos de produção eram menores, como por exemplo, os incentivos fiscais, a mão-de-obra barata e a atuação sindicalpouco organizada, ( ) O fim das políticas neoliberais no Brasil possibilitou o retorno do modelo de substituição de importações. Por conseguinte, a adoção de medidas protecionistas do Estado sobre importações de bens industriais tem protegido a produção nacional da concorrência internacional. A) (V) (F) (V) (F) (F) B) (V) (V) (F) (F) (V) C) (F) (F) (V) (V) (V) D) (F) (V) (F) (V) (F) E) (F) (V) (V) (F) (F)