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Aula 04 - Segurado Especial e Dependentes

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SEGURADO ESPECIAL
Disciplinando-se a fazer o que você sabe que é certo e 
importante, embora difícil, é a estrada para o orgulho, auto-
estima e satisfação pessoal. Margaret Thatcher 
A pessoa física residente no imóvel rural ou em aglomerado urbano ou rural 
próximo que, individualmente ou em regime deeconomia familiar, ainda que com o 
auxílio eventual de terceiros, na condição de:
a) produtor, seja ele proprietário, usufrutuário, possuidor, assentado, parceiro ou 
meeiro outorgados, comodatário ou arrendatário rurais, que explore atividade:
1. agropecuária em área contínua ou não de até quatro módulos fiscais;
2. de seringueiro ou extrativista vegetal na coleta e extração, de modo sustentável, de 
recursos naturais renováveis, sem delimitação de área, e faça dessas atividades o 
principal meio de vida;
b) pescador artesanal ou a este assemelhado (marisqueiro, catador de caranguejo, 
limpador pescado e catador de algas), que faça da pesca profissão habitual ou 
principal meio de vida; e
c) cônjuge ou companheiro, bem como filho maior de dezesseis anos de idade ou a 
este equiparado, do segurado que, comprovadamente, tenham participação ativa nas 
atividades rurais do grupo familiar.
Caso prático: Um lavrador que tem uma pequena lavoura de feijão em sua 
propriedade rural de 2 módulos fiscais e exerce sua atividade rural apenas com o 
auxílio da família. A sua mulher e os seus filhos maiores de dezesseis anos de 
idade ajudam diariamente na manutenção da plantação, participando ativamente nas 
atividades rurais do grupo familiar. Nessa situação, o lavrador e toda a sua família são 
segurados especiais da previdência social.
Obs.: o segurado especial, apesar de não ser segurado facultativo, pode 
contribuir facultativamente como pessoa física da mesma forma que o contribuinte 
individual, mas ainda que exerça essa faculdade permanecerá enquadrado como 
http://pensador.uol.com.br/autor/margaret_thatcher/
 
segurado especial.
A palavra facultativamente, nesse caso, significa opção. Portanto, o especial, 
apesar de ser segurado obrigatório (vínculo jurídico com o INSS) tem duas opções: 
não contribuir e receber benefício de valor mínimo, ou pode optar por contribuir e 
receber o benefício de acordo com a média das suas contribuições.
Não descaracteriza a condição de segurado especial:
I - a outorga, por meio de contrato escrito de parceria, meação ou comodato, de até 
cinquenta por cento de imóvel rural cuja área total, contínua ou descontínua, não seja 
superior a quatro módulosfiscais, desde que outorgante e outorgado continuem a 
exercer a respectiva atividade, individualmente ou em regime de economia familiar; 
II - a exploração da atividade turística da propriedade rural,
inclusive com hospedagem, por não mais de cento e vinte dias ao ano;
III - a participação em plano de previdência complementar instituído por entidade 
classista a que seja associado, em razão da condição de trabalhador rural ou de 
produtor rural em regime de economia familiar;
IV - a participação como beneficiário ou integrante de grupo familiar que tem algum 
componente que seja beneficiário de programa assistencial oficial de governo;
V - a utilização pelo próprio grupo familiar de processo de beneficiamento ou 
industrialização artesanal, na exploração da atividade;
VI - a associação a cooperativa agropecuária;
VII - o grupo familiar poderá utilizar-se de empregado ou de trabalhador em épocas 
de safra, à razão de no máximo cento e vinte pessoas/dia dentro do ano civil, em 
períodos corridos ou intercalados ou, ainda, por tempo equivalente em horas de 
trabalho, à razão de oito horas/dia e quarenta e quatro horas/semana, entendendo-se 
por época de safra o período compreendido entre o preparo do solo e a colheita. 
Exemplos: pode possuir 1 empregado durante 120 dias, 2 empregados durante 60 
dias, 4 empregados durante 30 dias, ou até 120 empregados durante 1 dia por ano. 
Em todas as hipóteses a proporção é a mesma (1/120).
VIII- § 12. A participação do segurado especial em sociedade empresária, em 
sociedade simples, como empresário individual ou como titular de empresa individual 
de responsabilidade limitada de objeto ou âmbito agrícola, agroindustrial ou 
agroturístico, considerada microempresa nos termos da Lei Complementar no 123, 
 
de 14 de dezembro de 2006, não o exclui de tal categoria previdenciária, desde que, 
mantido o exercício da sua atividade rural na forma do inciso VII do caput e do § 1o, a 
pessoa jurídica componha-se apenas de segurados de igual natureza e sedie-se no 
mesmo Município ou em Município limítrofe àquele em que eles desenvolvam suas 
atividades
Não perde a qualidade de segurado especial o membro de grupo familiar 
(somente ele) que possuir outra fonte de rendimento, decorrente de:
I - benefício de pensão por morte, auxílio-acidente ou auxílioreclusão, cujo valor 
não supere o do menor benefício de prestação continuada da Previdência 
Social, considerado o valor de cada benefício, quando receber mais de um;
II - benefício previdenciário pela participação em plano de previdência complementar;
III - exercício de atividade remunerada (urbana ou rural) em período de entressafra ou 
do defeso, não superior a cento e vinte dias, corridos ou intercalados, no ano 
civil; 
IV - exercício de mandato eletivo de dirigente sindical de organização da categoria de 
trabalhadores rurais;
V - exercício de mandato de vereador do município onde desenvolve a atividade 
rural, ou de dirigente de cooperativa rural constituída exclusivamente por 
segurados especiais;
VI - parceria ou meação outorgada;
VII - atividade artesanal desenvolvida com matéria-prima produzida pelo respectivo 
grupo familiar, (sem incidência de IPI) independentemente da renda mensal obtida, 
podendo ser utilizada matéria-prima de outra origem, desde que, neste caso, a 
renda mensal obtida na atividade não exceda ao do menor benefício de 
prestação continuada da Previdência Social;
VIII - atividade artística, desde que em valor mensal inferior ao menor benefício de 
prestação continuada da Previdência Social; e
IX- rendimentos provenientes de aplicações financeiras.
 
FACULTATIVOS
Segurado facultativo é a pessoa física maior de dezesseis anos de idade que, 
por ato volitivo, se inscreva como contribuinte da Previdência Social, desde que não 
exerça atividade remunerada que implique filiação obrigatória a qualquer regime de 
Previdência Social no País.
Vamos imaginar que na época em que encerrou o seu contrato com o clube do 
Atlético Mineiro, o jogador de futebol Ronaldinho gaúcho tivesse optado em continuar 
jogando gratuitamente, apenas pelo amor ao clube. Nessa hipótese, pela ausência 
de atividade remunerada, poderia inscrever-se no RGPS na qualidade de segurado 
facultativo. 
De acordo com a legislação previdenciária, podem inscrever-se 
facultativamente ao Regime Geral de Previdência Social – RGPS as seguintes 
pessoas físicas, dentre outras: 
1) a dona-de-casa;
o síndico de condomínio, quando não remunerado;
Cuidado com as pegadinhas: vamos supor que um determinado servidor 
público federal aposentado, tenha sido eleito síndico do condomínio em que reside 
sem remuneração. Nesse caso, o referido servidor, apesar de aposentado, não 
poderá filiar-se ao Regime Geral da Previdência Social (RGPS) na condição de 
segurado facultativo por já estar vinculado a Regime Próprio.
Nesse entido, art. 201 § 5º da CF:
 É vedada a filiação ao regime geral de previdência social, 
na qualidade de segurado facultativo, de pessoa 
participante de regime próprio de previdência. 
3) o estudante;
4) o brasileiro que acompanha cônjuge que presta serviço no exterior;
5) aquele que deixou de ser segurado obrigatório da previdência social;
6) o membro de conselho tutelar, quandonão esteja vinculado a qualquer regime de 
previdência social;
 
Atenção: os segurados abaixo, apesar de receberem, são facultativos. Entende-se, 
nos caso do bosista e do estagiário que eles recebem valores a título de indenização:
7) o bolsista e o estagiário que prestam serviços a empresa;
8) o bolsista que se dedique em tempo integral a pesquisa, curso de especialização, 
pós-graduação, mestrado ou doutorado, no Brasil ou no exterior, desde que não 
esteja vinculado a qualquer regime de previdência social;
9) o presidiário que não exerce atividade remunerada nem esteja vinculado a 
qualquer regime de previdência social;
10) o brasileiro residente ou domiciliado no exterior, salvo se filiado a regime 
previdenciário de país com o qual o Brasil mantenha acordo internacional; e
11) o segurado recolhido à prisão sob regime fechado ou semiaberto, que, nesta 
condição, preste serviço, dentro ou fora da unidade penal, a uma ou mais 
empresas, com ou sem intermediação da organização carcerária ou entidade afim, ou 
que exerce atividade artesanal por conta própria.
ATENÇÃO: a idade mínima correta do facultativo está prevista no Regulamento da 
Previdência Social. Neste aspecto a Lei 8.213/91 está desatualizada.
Art. 13, Lei 8.213/91. É segurado facultativo o maior de 14 (quatorze) anos que se 
filiar ao Regime Geral de Previdência Social, mediante contribuição, desde que não 
incluído nas disposições do art. 11.
Art. 11. RPS. É segurado facultativo o maior de dezesseis anos de idade que se filiar 
ao Regime Geral de Previdência Social, mediante contribuição, na forma do art. 199, 
desde que não esteja exercendo atividade remunerada que o enquadre como 
segurado obrigatório da previdência social.
DEPENDENTES
Dependente é beneficiário da Previdência Social por força de determinado 
vínculo estabelecido com o segurado (beneficiário indireto das prestações da 
Seguridade Social).
Incumbe ao segurado a inscrição de seus dependentes – porém, pode ser 
promovida após seu falecimento, mediante apresentação dos documentos constantes 
do art. 22 do RPS.
Os dependentes da Previdência Social, nos termos do artigo 16 do Decreto 
 
3048/99, podem ser divididos em três classes (rol taxativo):
a) Classe 1: O cônjuge, o(a) companheiro(a) (em união estável – pessoa que não 
seja casada – art. 16, §3º, RPS) e o filho não emancipado, de qualquer condição 
(legítimo, adotivo, etc – art. 227, §6º da CF/88), menor de 21 anos ou inválido 
(constatada mediante perícia) ou que tenha deficiência intelectual ou mental que o 
torne absoluta ou relativamente incapaz, assim declarado judicialmente (interdito);
Companheiro: Considera-se companheira ou companheiro a pessoa que
mantém união estável com o segurado ou com a segurada. União estável é aquela 
configurada na convivência pública, contínua e duradoura entre o homem e a mulher, 
estabelecida com intenção de constituição de família.
União homoafetiva: O(A) companheiro(a) homossexual de segurado(a) 
também é considerado dependente perante à Previdência Social e tem direito a 
pensão por morte e auxílio-reclusão.
Quanto ao Filho inválido:
b) Classe 2: Os pais
c) Classe 3: O irmão, não emancipado de qualquer condição, menor de 21 anos ou 
inválido ou que tenha deficiência intelectual ou mental que o torne absoluta ou 
relativamente incapaz, assim declarado judicialmente (interdito).
OBS: Não mais existe o dependente designado.
ATENÇÃO: no caso de inválido, ainda que seja emancipado, será considerado 
dependente, desde que a invalidez tenha ocorrido antes da emancipação.
Algumas considerações sobre os dependentes:
 Os dependentes de uma mesma classe concorrem em igualdade de 
condições. Entretanto, existindo dependentes de uma classe superior, os de classe 
inferior são totalmente excluídos da percepção de benefícios.
 
A dependência econômica dos dependentes de 1ª classe é presumida 
(presunção absoluta – não admite prova em contrário), enquanto a dos demais deve 
ser provada (documentos do art. 22, §3º, RPS). Exceção são o menor tutelado e o 
equiparado, que devem provar a dependência.
Equiparam-se aos filhos, mediante declaração escrita do segurado e 
comprovada a dependência econômica, o enteado e o menor que esteja sob sua 
tutela e que não possua bens suficientes para o próprio sustento. Atenção: o menor 
sob guarda não é dependente do segurado, mas apenas o menor sob tutela, 
mediante apresentação de termo de tutela. Veja-se, a respeito, o art. 25 da IN 
45/2010 do INSS. 
OBS: A Instrução Normativa do INSS nº 20, de 10 de outubro de 2007 
estabeleceu procedimentos a serem adotados para a concessão de benefícios 
previdenciários a companheiros homossexuais (posteriormente seguida pela IN 
45/2010). 
O direito a tais benefícios decorreu de Ação Civil Pública proposta em 2000 
pelo Ministério Público Federal – porém, ainda pairam recursos interpostos pelo INSS 
da decisão favorável aos homossexuais.
 
 
Perdem a qualidade de dependente
a) O cônjuge, pela separação judicial ou divórcio (também de fato, segundo a doutrina 
– “cônjuge ausente”) e o(a) companheiro(a), após cessação de união estável, 
enquanto não lhe for assegurada à prestação de alimentos (ainda que não judicial), 
pela anulação do casamento ou sentença judicial transitada em julgado. Sendo 
concedida a pensão por alimentos, é retomada situação de dependente;
b) O filho ou equiparado e irmão, ao completarem 21 anos, ou pela 
emancipação, desde que não inválidos;
 OBS: Nos termos do art. 5º do Código Civil, a emancipação pode ocorrer: a) 
pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento 
público, independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido 
o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos;
 b) pelo casamento; 
c) pelo exercício de emprego público efetivo; 
d) pela colação de grau em curso de ensino superior;
 e) pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, 
desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha
economia própria.
f) Os dependentes em geral, pela cessação de invalidez ou pelo falecimento.Se o 
dependente perde tal condição durante o gozo e benefício, o valor deste será 
dividido entre os dependentes restantes.
Segundo o art. 163 do RPS, o segurado e o dependente, após dezesseis anos 
de idade, poderão firmar recibo de benefício, independentemente da presença dos 
pais ou do tutor. Se o beneficiário for incapaz de assinar, será coletada sua impressão 
digital.

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