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Estudo cognitivo-funcional da formação da construção [XQUE]CONECT no Português Monique Petin K. dos Santos* Universidade Federal do Rio de Janeiro moniquepks@gmail.com Maria Maura Cezario** Universidade Federal do Rio de Janeiro / Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico mmcezario@gmail.com Resumo Este trabalho tem como objetivo apresentar e analisar as construções já que, uma vez que e assim que por meio de uma abordagem diacrônica com base nos pressupos- tos da Linguística Centrada no Uso. A formação dessas construções fundamenta-se nos princípios da Mudança Construcional e da Construcionalização, conforme pos- tulam Traugott e Trousdale (2013). Além disso, a partir da análise histórica das construções estudadas, o artigo mostra a organização da rede [Xque]CONECT em português. Essa explicação segue os pressupostos teóricos do Mode- lo da Gramática das Construções, a fim de comprovar o dinamismo linguístico e a mudança da rede linguística, vista como um conjunto de nós, ou seja, um conjunto de construções (que são pareamentos entre forma e sentido) interligados. Os dados foram coletados a partir do Corpus do Português entre os séculos xiii e xvii, disponibilizados eletronicamente pela Biblioteca de Lisboa. Palavras-chave Linguística Centrada no Uso, construcionalização, mu- dança construcional, formação de conectivos Sumário Introdução. 2. Aporte teórico. 2.1. Linguística centrada no uso. 2.2. Mudança construcional e construcionalização. 2.3. Rede construcional e construção. 2.4. Metodologia e análise. 3. Considerações finais. Abstract This paper aims to present and to analyze the constructions já que, uma vez que and assim que through a diachronic approach based on assumptions of Usage-based Linguis- tic. The formation of these constructions is based on the principles of Constructional Changes and Constructiona- lization as postulated by Traugott and Trousdale (2013). In addiction, from the historical analysis of the construc- tions studied above, the article shows the organisation of [Xque]CONECT network in portuguese. This explanation follows the theoretical assumptions of the Construction Grammar Model in order to demonstrate the linguistic dynamism and change of the languagem network, seen as a set of nodes, i.e, a set of interconnected constructions (pairings of form and meaning). Data has been collected from Corpus do Português: texts written between the thir- teenth and seventeenth centuries, and avaiable in electronic format at the Library of Lisbon. Keywords Usage-based Linguistic, constructionalisation, construc- tional change, formation of the connector Contents 1. Introduction. 2. Theoretical Contribution. 2.1. Usage Based-Language Linguistic. 2.2. Constructional Changes and Constructionalisation. 2.3. Constructional Network and Construction. 2.4. Methodology and Analysis. 3. Final Considerations. Cognitive-functional study construction [XQUE]CONECT formation in Portuguese * Doutoranda em Linguística - UFRJ. ** Professora Doutora do Programa de Pós-graduação em Linguística da UFRJ. Pesquisadora Nível 2 do CNPq. Coordenadora do Projeto Discurso e Gramática- UFRJ e Integrante do Projeto para a História do Português Brasileiro. Gallæcia. Estudos de lingüística portuguesa e galega Universidade de Santiago de Compostela, 2017. ISBN 978-84-16954-41-4, pp. 959-974 DOI http://dx.doi.org/10.15304/cc.2017.1080.55 960 Gallæcia. Estudos de lingüística portuguesa e galega 1. Introdução O presente artigo objetiva apresentar uma proposta de análise da formação dos co- nectivos uma vez que, já que e assim que (conectivos que fazem parte da construção que denominamos [Xque]CONECT), com base numa visão construcionista para mudança, conforme a Linguística Funcional Centrada no Uso1. Trabalhamos especificamente com o modelo apresentado em Traugott (2015) e Traugott / Trousdale (2013), se- gundo os quais as construções linguísticas são formadas a partir de outras construções por meio de vários processos que levam a mudanças construcionais. Quando ocorrem mudanças na forma e na função de uma construção, temos uma nova construção, fenômeno denominado construcionalização pelos autores. A nova construção é um novo signo na língua, um novo nó na rede construcional da gramática. Dessa maneira, mostraremos a distribuição dos usos conectivos em questão mediante uma rede cognitiva2 e a relação entre o grau de parentesco (ou de fami- liaridade) e suas relações de vizinha. Procuraremos explicar o modelo teórico, que é diferente do modelo da gramaticalização, pois insere conhecimentos das ciências cognitivas, e apresentar uma análise ainda preliminar da formação desses conectivos no português com base nesses pressupostos, a partir da análise de textos escritos em português nos sécs. xv e xvii. De acordo com a abordagem construcional, construções são unidades simbó- licas convencionais de forma e sentido (cf. Goldberg 1995). E, por serem partilhadas entre falantes de uma comunidade linguística, tornam-se arbitrárias. Com base em Traugott e Trousdale (2013), as mudanças construcionais podem ocorrer ou na forma ou na função. Quando ocorrem nos dois planos – forma e função – temos uma nova construção. Assim, o pesquisador precisa procurar os contextos críticos (cf. Diewald 2006) que devem ter permitido que novas associações de forma e sentido ocorres- sem, explicar todas as mudanças construcionais ocorridas até a convencionalização da nova construção e verificar a expansão dos contextos de usos e a relação dessa construção com outras na rede construcional da língua. Quando ocorre a formação de uma construção nova (ou novo nó na rede), há a construcionalização. A gramática, segundo Bybee (2010), é entendida como uma organização cognitiva da língua e cer- tas instâncias particulares de construções afetam as representações cognitivas. Dessa maneira, a gramática é moldada e mudada pelo uso da linguagem, pela frequência alta ou baixa das construções. 1 Conforme cita Martelotta (2011), em países do exterior, aplica-se o termo usage-based model para designar modelos teóricos que privilegiam o uso da língua. 2 Hudson (2007) considera que a linguagem equivalha a um sistema cognitivo, visto que a mesma mantém um alto grau de similaridades no que tange ao nível organizacional em relação a outros conhecimentos cognitivos. Em outras palavras, concebe a linguagem como uma rede formada por nós (ou construções) que se conectam por intermédio de links. 961Monique P. K. SantoS e Maria Maura Cezario estudo cognitivo-funcional da formação da construção [Xque]ConeCt no Português Como o modelo da construcionalização/ mudança construcional (Traugott / Trousdale 2013) é novo, embora incorpore os conhecimentos que tínhamos acerca de gramaticalização (cf. Heine 1991, 2003; Hopper 1991; Bybee 2003, 2010), lexica- lização (cf. Brinton / Traugott 2005) e gramática de construção (cf. Goldberg 1995, 2006), também é parte dos objetivos deste artigo divulgar os pressupostos teóricos desse modelo, que é, na verdade, uma teoria de mudança linguística e não de tipos particulares de mudanças, como era o caso do que era estudado em gramaticalização e lexicalização. Para explicar as mudanças construcionais que aconteceram na forma- ção de alguns dos conectivos em português na forma [Xque]CONECT (assim que, uma vez que etc.), precisamos compreender também os processos cognitivos que estão sempre por trás tanto da mudança como da variação linguística. Assim, vamos abor- dar também conceitos importantes presentes na obra de Bybee (2010). 2. Aporte teórico 2.1. Linguística centrada no uso A Linguística Funcional baseia-se no princípio de que a linguagem é um processo de interação social, não se limitando apenas aos seus aspectos formais. De acordo com essa abordagem, aspectos culturais não deveriam ser considerados menos importan- tes dentro dos estudos linguísticos, uma vez que o uso da linguagem não se restringe a certas habilidadescognitivas. Nos estudos formalistas, a sintaxe, por exemplo, é com- preendida como um módulo independente dos demais. Em contrapartida, sob a ótica cognitivo-funcional, não há como desvincular sintaxe e semântica. Além disso, para que a atividade compartilhada ocorra, uma série de processos cognitivos entra em cena, tais como inferência, capacidade de se colocar no lugar do outro, analogia, além de aspectos ligados à memória, ao conhecimento de mundo e a aspectos psicológicos. Neste século, a Linguística funcional (cf. Bybee 2010; Heine 2003; Traugott 2012, 2010; dentre outros) se aproximou muito da linguística cognitiva (cf. Goldberg 1995, 2006; Croft 2001; Lakoff 2003; Geerats 2007; dentre outros), razão pela qual ganha um novo rótulo: Linguística Funcional Centrada no Uso. Embora o uso de determinadas expressões dependa de certas motivações co- municativas e do sentido negociado entre falante e ouvinte, a língua não se modifica de forma irregular e aleatória. Segundo Bybee (2010: 1), podemos comparar a mudan- ça linguística com dunas, já que estas possuem aparente forma na regularidade e na estrutura, mas são maleáveis. A linguagem em sua superfície também mantém certa estabilidade, porém, ao mesmo tempo, mostra variações em todos os seus níveis, o que explica também o fato de haver um contínuo entre as categorias linguísticas. Por exemplo, com relação ao nosso fenômeno, sabemos que há um contínuo categorial en- 962 Gallæcia. Estudos de lingüística portuguesa e galega tre advérbio/locução adverbial e conectivo tanto na sincronia (é comum usarmos ad- vérbios para unirmos partes do texto, como unimos orações com conectivo) como na diacronia, com conectivos sendo formados a partir de advérbios (cf. Martelotta 1996). Baseadas nos pressupostos cognitivo-funcionais, assinalamos, em termos ge- rais, certas habilidades cognitivas (cf. Bybee 2010) importantes para a estruturação e modificação da língua, dentre elas: (a) categorização; (b) chunking; (c) memória rica; (d) analogia e (e) associação transmodal. A primeira refere-se ao processo de simila- ridade ou de correspondência na identificação, que ocorre quando palavras, sintagmas e outros elementos linguísticos são reconhecidos e combinados em representações armazenadas na memória. O segundo relaciona-se ao processo pelo qual sequências de unidades são utilizadas em conjunto para formar unidades mais complexas. Assim, as sequências repetidas das palavras (ou dos morfemas) são associadas conjuntamente na cognição e transformam-se apenas em uma unidade. A memória rica constitui-se nos exemplares que são arquivados em formas de representações. Os falantes estocam detalhes fonéticos, estruturas, significados e inferências associados aos enunciados. Quanto mais uma forma é usada, mais forte ela fica na representação da memória (o contrário também é verdadeiro). A analogia designa o processo pelo qual novos enunciados são produzidos, baseados em enunciados prévios. A associação transmo- dal relaciona-se à habilidade de conexão que os usuários executam entre forma e significado (Bybee 2010: 7). Além disso, sabemos que a frequência de uso também é fundamental tanto para explicar a estrutura linguística sincrônica, como a variação e a mudança linguística. A partir do momento em que duas ou mais palavras são empregadas juntas fre- quentemente, elas desenvolvem uma relação sequencial, denominada chunking. A for- ça desencadeadora dessas relações é determinada pela frequência (repetição) com que essas unidades ocorrem no texto. Por esta razão, julgamos que o chunking seja uma das habilidades cognitivas mais importantes, uma vez que a sequência de certas unidades compõe um todo de forma e de sentido, conforme aconteceu com a formação, por exemplo, dos advérbios em –mente, em que adjetivos e o substantivo mente foram to- mados como uma única unidade representacional, formando a construção [Xmente], quando não há mais reconhecimento do –mente como substantivo e novos elementos puderam ser usados no slot3 X (cf. Campos 2013; Campos, Cezario, Alonso, inédito). 2.2. Mudança construcional e construcionalização Embora os modelos de Gramática das Construções contenham uma base ampla- mente sincrônica, em estudos mais recentes, a dimensão histórica foi adicionada 3 Tradução livre. 963Monique P. K. SantoS e Maria Maura Cezario estudo cognitivo-funcional da formação da construção [Xque]ConeCt no Português como ferramenta para análise diacrônica (Traugott 2012), a fim de um maior enten- dimento do processo de mudança das construções. De acordo com Traugott e Trousdale (2013), como a mudança é o resultado da língua em uso, as microinovações, que decorrem por meio dos tokens (construtos)4, podem dar origem a novos signos ou não. Conforme o modelo construcional de mu- dança de Traugott (2010, 2012) e de Traugott e Trousdale (2013), é importante fazer a diferenciação entre o desenvolvimento das novas construções (construcionalização) e o processo de mudança dos subcomponentes da construção (mudança construcional). Segundo os autores, a mudança construcional afeta os subcomponentes da construção, ou seja, pode haver mudanças apenas na forma ou apenas no conteúdo. Mas, quando as mudanças são na forma e no conteúdo, há um novo pareamento for- ma-função. Neste caso, temos a construcionalização. Ainda de acordo com Traugott (2015), as microinovações ocorrem no nível do construto (ou token), mas somente são consideradas mudanças quando se alastram entre os falantes. Dessa maneira, a inovação inclui a reinterpretação da construção por parte do ouvinte, diferenciando-se da análise feita pelo falante. Ao reutilizar os novos sentidos atribuídos ao construto, o falante gera novas relações lógicas e, a partir daí, o usuário reutiliza a construção com outro significado. Neste estágio, porém, as inovações não são visualizadas como microconstruções, uma vez que a nova associa- ção entre forma do construto e significado não está convencionalizada. A convencionalização somente começa quando outros ouvintes passam por processos similares. Traugott (2015) afirma que, como resultado da repetição dessas associações, os falantes implicitamente aceitam a relação entre a estrutura original e o novo significado. Este processo permite a combinação entre a morfossintaxe da construção original e a dos novos construtos5. A construcionalização, assim, decorre da neoanálise da forma morfossintática dos construtos. Quando novas propriedades semânticas são partilhadas entre indi- víduos de uma mesma comunidade, novas microconstruções são adicionadas à rede mediante uma nova unidade simbólica convencional. A partir deste ponto, um novo tipo surge e a construcionalização se estabelece. 4 Segundo Traugott e Trousdale (2013), os construtos referem-se às construções empiricamente com- provadas. 5 Tradução livre. Change starts with micro-innovations at the level of the ‘construct’ or token utterance, but can be consist to be change only when the innovation has spread to others speakers. [...] The hearer who has (re)analysed this construct, and created a tenuous link between the construct and a part of the constructional network become a speaker and reuses the construct with the new meaning [...]. At this stage, there is no micro-construction because the new form associated with the reanalysis of the construct is not conventionally associated with a new meaning. Conventionalization begins when: Others hearers go through similar processes. As a result of repeated associations, groups of speakers tacitly a on conventional relationship between the original form and a newly analyzed meaning. This leads to mismatch between the morphosyntax of the original construction and the new constructs. 964 Gallæcia. Estudos de lingüística portuguesa e galega Consoante Traugott (2010, 2015) e Traugott e Trousdale (2010, 2013), pode- mos definir a reanálise morfossintática como uma mudança na estrutura da expressão ou em uma classe de expressõesque não envolve nenhuma modificação intrínseca na estrutura superficial (Langacker 1977: 58)6. Contudo, embora em textos mais antigos, os autores abordem terminologica- mente a mudança descrita acima como reanálise, algumas ponderações devem ser co- locadas. Em obras mais atuais, Traugott (2015) e Traugott e Trousdale (2010, 2013) questionam o uso do termo ‘reanálise’ ao invés de ‘neoanálise’. Traugott enfatiza que a neoanálise pressupõe não somente a mudança de forma da estrutura, mas também uma nova interpretação por parte do leitor/ouvinte, ou seja, a mudança reside tanto na alteração das fronteiras sintáticas quanto no aspecto semântico. Diferentemente do que ocorre com a reanálise apenas formal, o mecanismo de mudança linguística procede de forma gradual, ou melhor, durante o processo de mudança construcional, as sucessivas neoanálises dar-se-ão de maneira progressiva, por efeito de micropassos. Dessa maneira, a nomenclatura mais adequada a este fenômeno seria ‘neoanálise’. De acordo com a perspectiva construcional, a neoanálise transforma-se em um fator importante para a mudança linguística, uma vez que, como toda mudança implica a neoanálise, ela se torna o principal mecanismo de mudança. Ademais, a teoria cognitivo-funcional difere da abordagem instituída pela Lin- guística Funcional Clássica. Enquanto esta exprime uma visão linear e unidirecional da trajetória dos itens, aquela estuda não somente a mudança das construções, mas tam- bém concebe a gramática como rede com nós conectados de modo hierárquico. Segun- do a Linguística Centrada no Uso, a língua estabelece-se a partir de construções, desde as mais simples até as mais complexas, que são formadas por uma unidade simbólica de forma e de significado. Assim, não caberia o estudo da gramaticalização de um elemen- to, visto que, em tal processo, um elemento passa a assumir, no curso do tempo, um novo status gramatical, tendendo a se tornar mais regular e previsível na língua. Desta forma, poderíamos assinalar que diante da visão (macro) da teoria da mudança construcional e construcionalização, os processos de gramaticalização e de lexicalização também são englobados, mas agora temos uma visão ainda mais completa, porque podemos explicar a formação de construções mais esquemáticas dentro de uma rede construcional. 2.3. Rede construcional e construção De acordo com a Gramática das Construções, a “noção do nosso conhecimento de linguagem é capturada por uma rede conceptual de construções” (Croft 2001). Ain- 6 Tradução livre. A definition given by Langacker for reanalysis in morphosyntactic change has proved foundational: ‘change in the structure of an expression or a class of expressions that does not involve any immediate or intrinsic modification of its surface manifestation’. 965Monique P. K. SantoS e Maria Maura Cezario estudo cognitivo-funcional da formação da construção [Xque]ConeCt no Português da segundo Hudson (2007), a linguagem é uma rede conceptual, dado que o termo conceptual refere-se à cognição, enquanto o termo rede remete a um sistema de en- tidades interconectadas. Dessa maneira, podemos definir a estrutura da linguagem como uma rede organizada por meio de nós (também denominados nódulos), cujas instanciações são representadas por construções, de variados graus de complexidade, partindo das construções menos complexas, desde morfemas, até construções mais complexas e abstratas, como as expressões assim que, uma vez que e já que. Postulamos que essas construções nasceram de outras construções, no caso uma expressão que indica tempo ou modo, mais o item que. Quando surge a constru- ção formada por [Xque]CONECT já temos uma nova rede no português. O paradigma de conectivos é ampliado. Dessa forma, o conectivo assim que passa a concorrer com outras formas do paradigma, como com a forma quando e logo que; uma vez que con- corre na nossa sincronia com já que. Os elementos linguísticos estão conectados em rede e qualquer alteração no pareamento forma-sentido leva à alteração de toda a rede. Como a língua está mudando o tempo todo, a rede é como uma duna (cf. Bybee 2010) que está sempre se movendo, mas que nos dá a impressão de que forma uma estrutura rígida quando a observamos sem levar em consideração o tempo que passa. 2.4. Metodologia e análise Realizamos, em textos dos sécs. xiii ao xvii (Corpus do Português) uma pequena aná- lise da formação dos conectivos assim que, uma vez que e já que com o intuito de veri- ficar como essas microconstruções se formaram e como foi criada a construção mais abstrata [Xque]CONECT. Nosso objetivo é compreender a formação dessa construção, aplicando os pressupostos do modelo da construcionalização e mudança constru- cional, exposto acima. Para isso, analisamos uma amostra formada por vários textos escritos em língua portuguesa, disponibilizados pela Biblioteca de Lisboa, a saber: • Cantigas da Idade Média – séc. xiii • Orto do Esposo – sécs. xiv ou xv • Cartas: informações, fragmentos históricos sermões – séc. xvi Observamos todos os usos de assim, já e uma vez, buscando verificar as pri- meiras ocorrências dos conectivos. Não encontramos os conectivos assim que, já que e uma vez que formados antes do séc. xvii. Como as gramáticas do latim apontam que já havia no latim antequam (antes que) e postquam (depois que), concebemos que essas foram as formas que deram origem à construção. Mas, como no latim só havia estas formas isoladas7, podemos dizer que a construção abstrata [Xque]CONECT 7 Havia ainda a forma priusquam, que era muito rara. 966 Gallæcia. Estudos de lingüística portuguesa e galega ainda não existia. Encontramos os primeiros usos de uma vez que como conectivo na obra intitulada Cartas do Padre Antonio Vieira (elaboradas entre 1646 e 1661), do Pe. Antonio Vieira. Para entendermos como o conectivo foi formado, demonstrar os processos cognitivos envolvidos e apresentar as mudanças construcionais, precisamos procurar os contextos críticos, ou seja, aqueles contextos que propiciaram a neonálise por parte do ouvinte para a compreensão de um novo uso e posterior propagação. Pela análise dos dados, vimos que no Orto do Esposo (fim do séc. xiv ou início do xv) não havia ainda o conectivo uma vez que, por exemplo, mas havia contextos que podem ter sido os contextos que levaram à formação da construção. Observemos o exemplo seguinte, com uma locução temporal (uma vez) na oração principal e um pronome relativo que na oração subordinada: (1) E ento~ decendeo o enperador do cauallo co~ piedade e fez aly justiça da morte daquel filho da viuua. E outrossy aco~teceu {hu~a [uez]} {que} o filho deste enperador Trayano hya correndo pella uilla e~ hu~u~ cauallo e per aquee- cime~to, sem seu grado, matou hu~u~ filho de hu~a viuua, e ella queyxou-se ao enperador, chorando(O Orto do Esposo, séc. xv). Com base na investigação da obra Cartas – Informações, fragmentos históricos e sermões (Pe. Anchieta, séc. xvi), encontramos a locução temporal uma vez, seguida do elemento só e do pronome que. Nesse caso, constatamos ainda que não há a formação do conectivo uma vez que, porém podemos dizer que esse é o contexto crítico (cf. Traugott / Trausdale 2013; Diewald 2006) que deve ter propiciado a formação da nova construção, conforme ilustra o trecho (2): (2) A outra variedade denominam bóicininga, que quer dizer, “cobra que tine”, porque tem na cauda uma espécie de chocalho, com o qual sôa quando assalta alguém. Vivem nos campos, em buracos subterrâneos; quando estão ocupadas na procreação atacam a gente; andam pela grama em saltos de tal modo apres- sados, que os índios dizem que elas voam; uma só vez que mordam, não ha mais remédio: paralizam-se a vista, o ouvido, o andar e todas as ações do corpo, fi- cando somente a dôr e o sentimento do veneno espalhados pelo corpo todo, até que no fim de vinte e quatro horas se expira (Cartas – Informações, fragmentos históricos e sermões, séc. xvi). Nos fragmentos (1) e (2),não existe ainda uma construção conectiva, posto que não houve um chunking unindo a locução temporal (uma vez) e o pronome (que). Normalmente, as locuções adverbiais ou circunstanciadores residem no final das ora- ções, enquanto o pronome que encontra-se no começo da segunda oração. A frequên- cia de uso dessa ordem deve também ter ajudado a formar mais tarde a construção [Xque]CONECT. Mas, antes do séc. xvii, pela análise de dados feita, uma vez e que não 967Monique P. K. SantoS e Maria Maura Cezario estudo cognitivo-funcional da formação da construção [Xque]ConeCt no Português constituem um todo de forma e de sentido, são duas construções separadas, estão em duas orações diferentes. De acordo com Bybee (2010), as mudanças linguísticas sucedem conforme os falantes utilizam a língua e todos os mecanismos de mudança, dentre eles, a analo- gização. O mecanismo analógico corresponde ao uso de novos padrões (virtualidades possíveis) no sistema linguístico com base em exemplares previamente estocados. Essas novas formas são empregadas com outros itens, gerando novas construções por influência de exemplares já experienciados pelos falantes. Assim, novos elementos podem mudar de categoria por analogia. Nossa hipótese é que construções como uma vez que, tenham formado a construção mais abstrata [Xque]CONECT, inicialmente com o X sendo preenchido por palavra que denota tempo, (como vez, logo, já), e que por analogia outras palavras foram colocadas no slot X, como assim que, mesmo que, se bem, dentre outras. Diante do aumento da repetição e da frequência, o valor expresso por essas expressões podem se alterar, como ilustra o excerto abaixo: (3) Verdadeiramente, eu não vejo de onde isto possa vir, salvo por milagre. E é muito de notar e reparar neste ponto que, uma vez que faltemos a França com o prometido, bastará para que ela justifique o rompimento da liga, e para tomar pretexto de nos não guardar o capitulado, sem fazer caso de nossa necessidade, por extrema que seja, como se viu na do ano passado, em que disse Lanier que tinha ordem de se tornar para França se lhe negavam os três navios: resolução verdadeiramente cruel, e que é bem nos não saia da memória (Cartas do Padre António Vieira, séc. xvii). Em (3), a construção uma vez que apresenta um valor conectivo ao contexto. De acordo com a nossa análise, o conectivo uma vez que teve sua origem na união de duas construções – [uma vez], presente na oração principal e [que], presente na ora- ção subordinada – e, através de vários processos de mudança, passou a ser um chunk, uma só unidade linguística. Podemos dizer que houve construcionalização, pois a mesma agora consiste em um todo de forma e sentido. Com base no modelo de estrutura simbólica da construção (Croft 2001), pro- pomos aqui a visão elaborada por Oliveira (2013: 5) para um melhor esclarecimento dos fatores que são alterados no processo de mudança construcional e na construcio- nalização. 968 Gallæcia. Estudos de lingüística portuguesa e galega POLO PROPRIEDADE PARÂMETROS* FO R M A Sintática 1) Liberdade de posição; 2) (In)dependência de referência temporal; 3) Sujeito sintático/falante; 4) Perda de propriedades sintáticas do verbo; 5) Ordenação/função do temporal; 6) Marcação de pausa por sinal de pontuação; 7) Inserção de elemento; 8) Negação; 9) Expansão sintática (Himmelmann 2004) Fonológica 1) Redução de material fônico; 2) Formação de grupo de força Morfológica 1) Cristalização da estrutura (pessoa do discurso, configuração modo-temporal); 2) Possibilidade de variação do locativo; 3) Contrações SE N T ID O Semântica 1) Abstratização do sentido original: processos de (inter)subjetificação; 2) Atuação dos princípios de Hopper (1991); 3) Nível de integração do locativo com as formas verbais; 4) Relação frame; 5) Renovação de categorias já existentes (marcadores discursivos) Pragmática 1) Atuação dos mecanismos de inferência sugerida, metonimização e reanálise, metaforização e analogia (Traugott / Dasher 2005); 2) Ex- pansão host-class e semântico-pragmática (Himmelmann 2004); 3) Mudança funcional vinculada a contextos específicos Discursivo-funcional 1) Motivação das sequências tipológicas (Bonini 2005; Travaglia 2007) e do gênero textual (Marcuschi 2002); 2) Fatores extralinguísticos: tipo de autor/falante: papel social, grau de prestígio ou de representatividade na comunidade linguística, nível de habilidade ou letramento (Barbosa 2007), propósito comunicativo, tipo de destinatário, suporte do gênero * A palavra parâmetro não tem relação com o termo técnico da linha gerativa. QuADRO1. PARâMETRO DE ANáLISE CONTEXTUAL PARA A CONSTRUçãO [XquE]CONECT Com base nas análises teóricas e nos exemplos acima, podemos reafirmar que as construções uma vez que, assim que e já que passaram por mudanças constru- cionais na forma e na função, o que levou a uma construcionalização. Em relação à construcionalização, as construções uma vez que, já que e assim que, apesar de manterem seu valor tradicionalmente temporal, em determinados contextos, apre- sentam funções conclusiva, condicional e causal. No que tange às mudanças cons- trucionais, verificamos que os subcomponentes da construção são afetados, posto que as locuções adverbiais formadoras das construções (uma vez, já e assim), junta- mente com o item que, expressam funções conectivas. Por sua vez, essas mudanças semântica, sintática e morfológica levam à formação da construção [Xque]CONECT. (construcionalização). Com base nos estudos propostos por Hudson (2007), Traugott (2010) e por Traugott e Trousdale (2013) acerca da relação entre as construções e a rede constru- cional, postulamos que a distribuição da rede construcional [Xque]CONECT (rede esta que será explicada logo abaixo) seja a seguinte no português atual: 969Monique P. K. SantoS e Maria Maura Cezario estudo cognitivo-funcional da formação da construção [Xque]ConeCt no Português ESQuEMA 1. ORgANIzAçãO DA REDE CONSTRUCIONAL [XquE]CONECT Segundo o trabalho desenvolvido por Hudson (2007) sobre rede construcional na abordagem denominada Word Grammar, a base do triângulo encontra-se ao lado da supercategoria, enquanto o ápice aponta para a subcategoria. As retas representam uma forte ligação entre uma instância e uma categoria mais abstrata (ou esquemá- tica), assinalando as construções mais prototípicas de cada categoria. A justificativa da construção já que, por exemplo, estabelecer um link com a categoria mais ampla da função causal revela que a construção já que pertence a um dos membros cen- trais dessa categoria, ao contrário da construção uma vez que, que não denota um bom exemplo da categoria expressa pela função causal, embora compartilhe algumas propriedades com membros centrais da mesma. Dessa maneira, a construção uma vez que apresenta-se na categoria dos causais mediante uma linha pontilhada, por ser um membro não-prototípico ou mais marginal da categoria. Contudo, a mesma construção, uma vez que, enquadra-se como um membro prototípico da categoria dos condicionais, conforme exemplificam os trechos abaixo: (4) Mas uma vez que os índios estiverem independentes dos governadores, ar- rancada esta raiz, que é o pecado capital e original deste Estado, cessarão tam- bém todos os outros que dele se seguem, e Deus terá mais motivo de nos fazer mercê (Cartas do Padre António Vieira, séc. xvii). (5) O equivalente a um grão de ervilha é o suficiente, uma vez que a parte im- portante da limpeza é o uso adequado da escova8. 8 Fonte: http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2010/08/escovar-os-dentes-correta- mente-pode-prevenir-doencas-cardiacas.html?keepThis=true&TB_iframe=true&heigh- t=650&width=850 (05/01/2015). 970 Gallæcia. Estudos de lingüística portuguesa e galega No quarto caso, detectamos a construção uma vez que com função condicional, pois, além de constituir-se em um todo de forma e de significado, verificamos que a construção poderia ser substituída pela construção desdeque. Ainda conforme Neves (2012: 77) enfatiza, “a construção ‘uma vez que’ assume valor concessivo, visto que a locução ‘uma vez’ tem como ponto no passado, mas, no caso, das construções condicionais, essa ligação com o passado se ‘corrige’ com o sub- juntivo dos verbos”. No que se refere ao exemplo (5), a construção uma vez que exibe função causal, porque a construção já que pode permutar com a construção uma vez que sem qualquer modificação importante no sentido. Porém, confrontando os exem- plos acima, constatamos certas distinções entre o contexto da construção e a função apontada pela mesma. Nos trechos (1) e (4), subsequente à construção uma vez que, encontram-se verbos no modo subjuntivo, entretanto, em (5), o verbo presente na oração pertence ao modo indicativo. Esta análise preliminar mostra que existe uma correspondência direta entre o valor expresso pela construção e o contexto no qual a construção está inserida. Em (1) e (4), a construção funciona como uma conjunção condicional, enquanto, em (5), ela se comporta como conector causal. Assim, constatamos que, diante de uma perspectiva histórica, a construção acima ocupa novas funções co- nectivas. A partir dos dados observamos ainda que certas construções ocorrem em contextos específicos, ou seja, o contexto determina o surgimento de uma ou de outra função da construção. Assim, em determinados contextos que sucedem uma forma, geralmente a outra não sucede, conforme corroboram os exemplos (6), (7) e (8): (6) [...] o que peço muito a V- Rev.a nos queira aprovar e confirmar com sua autoridade, para que ela nos anime mais a todos a o ter assim por bem, e a o observar. Sigamos a Cristo deixadas as redes, já que a nossa vocação é de após- tolos, que também estas não são as com que se pescam os homens (Cartas do Padre António Vieira, séc. xvii). (7) E, como depois do sucesso de Nápoles V. Ex.a nos escreveu que aquela má- quina ou seus fundamentos haviam caído, por isso nas cartas seguintes instei a V. Ex.a que, deste dinheiro, se podia acudir a Holanda, para que não se perdes- sem ambas as negociações, já que uma não sucedesse (Cartas do Padre António Vieira, séc. xvii). (8) Agora, dizem, mandam procuradores a esse Reino, e que levam alguns ín- dios seus confidentes, que, por serem de abominável vida, não querem a dou- trina e sujeição dos padres: e todos dirão e levarão escrito e jurado contra a verdade o que lhes ditar a paixão, o ódio e o interesse injusto e cego. Assim que, Senhor, por guardarmos as leis de V. M., e porque damos conta a V. M. dos 971Monique P. K. SantoS e Maria Maura Cezario estudo cognitivo-funcional da formação da construção [Xque]ConeCt no Português excessos com que são desprezadas, e porque defendemos a liberdade- e justiça dos miseráveis índios cristãos e que de presente se vão convertendo, e sobretu- do porque somos estorvo aos infinitos pecados de injustiça que neste Estado se cometiam, somos afrontados, presos e lançados fora dele (Cartas do Padre António Vieira, séc. xvii). Nos trechos (6) e (7), a construção já que exerce diferentes funções. Enquanto, em (6), a construção mantém um caráter causal; em (7), possui valor condicional. Dessa maneira, verificamos que tanto o contexto quanto o tempo verbal presente nas orações definem o valor das construções e distinguem suas atribuições no contexto. Entretanto, nos corpora estudados até o momento, a construção assim que funciona apenas como conectivo conclusivo, conforme exemplificado em (8). Porém, este re- sultado preliminar não anula a possibilidade de nos depararmos, em outros materiais, com a construção assim que assumindo outras funções. No mais, averiguamos que, pelo mecanismo de mudança da analogização, no- vas construções são geradas, como demonstra a construção por causa que, não aceita nas nossas gramáticas normativas. Essa construção manifesta-se a partir de outras construções pré-existentes e, embora não seja aceita ainda pela gramática normativa, tem alta frequência na modalidade falada. Por enquanto, a construção por causa que torna-se um nó provisório na rede, tendo a possibilidade de se fixar, em virtude do crescente uso por parte dos falantes. Conforme apontam Goldberg (2006) e Croft (2001), define-se nó como uma construção. Entretanto, esse pareamento segue de forma gradiente, devido ao grau de complexidade das construções. Ainda segundo Traugott e Trousdale (2013:13), existem fatores que são imprescindíveis para a melhor compreensão e categorização da gramática, dentre eles a esquematicidade. A esquematicidade corresponde à propriedade de categorização que envolve crucialmente a abstração. Na visão linguística, a abstração relaciona-se diretamente com a esquematicidade. Se observarmos atentamente o Esquema (1), comprovaremos essa relação a partir dos graus de esquematicidade presentes na rede construcional. De acordo com a representação, quanto mais abstrata a construção maior torna-se o grau de esquematicidade da construção. Verificamos que, na construção [Xque]CONECT, muitos elementos cabem no lugar indicado por X. Portanto, a possibilidade de preen- chimento deste slot torna-se enorme. Entretanto, se seguirmos os subníveis da rede, verificaremos que, nas construções Xque causal e Xque condicional, há um menor grau de esquematicidade, devido à restrição de certos elementos em ocuparem o slot de causa e condição. Dessa maneira, certificamo-nos de que a hierarquia da rede cons- trucional se equipara diretamente com o grau de abstratização do slot, ou seja, com o nível de esquematicidade da construção. 972 Gallæcia. Estudos de lingüística portuguesa e galega 3. Considerações finais Com este artigo, buscamos um maior esclarecimento acerca da construcionalização, dos processos de mudança construcional, bem como um melhor entendimento do modelo de rede construcional. Para tanto, analisamos o percurso histórico das cons- truções uma vez que, já que e assim que e examinamos os contextos deflagradores das novas construções [Xque]CONECT. Verificamos que essas novas construções geram no- vas mudanças na rede, porém essas mudanças ocorrem de maneira gradual, gerando a criação de novos nós. Assim, a partir de uma visão diacrônica da língua, constatamos a redistribruição de nós e links na rede. Além disso, por meio da investigação da rede construcional da construção [Xque]CONECT, traçamos o grau de esquematicidade (parentesco) das construções, constatando a presença dos mecanismos de mudança (analogização e neoanálise) na etapa da construcionalização. Em relação à teoria, a apresentação feita poderá auxiliar os estudos linguísticos, principalmente para a Linguística Funcional Centrada no Uso, no que concerne à explicação do processo de mudança linguística, tendo em vista os usos das expressões atrelados a fatores cognitivos, como analogização, categorização e chunking. Embora existam muitos trabalhos sobre os pressupostos do modelo de gramaticalização e de lexicalização (Cezario et al. 2004, Martelotta 2008, 2011; Amorim 2013), poucos estudos seguem a visão construcional para entender mudança linguística, visto que ainda são muitos recentes. Agradecimentos Agradecemos ao CNPq pelo financiamento da pesquisa. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Amorim, Fabrício da Silva (2013): “O conector por causa de que: gramaticalização e análi- se de propriedades gramaticais e semântico-discursivas”, Filologia e Linguística Por- tuguesa, vol. 15 (1), 47-66. Anchieta, José de (1931): Cartas: informações, fragmentos históricos sermões [1554-1594]. 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