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Imperialismo

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DESCRIÇÃO
Fundamentar o conceito de imperialismo e sua reapropriação ao longo da História Contemporânea.
PROPÓSITO
Examinar a dimensão teórico-prática do conceito de imperialismo em toda sua multiplicidade semântica e no calor das disputas políticas que construíram a modernidade.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Descrever o conceito de imperialismo, seus fundamentos teóricos e sua historicidade
MÓDULO 2
Identificar as manifestações modernas do imperialismo que se perpetuam até nossos dias
MÓDULO 3
Reconhecer o nascimento e o fortalecimento de práticas e narrativas de descolonização, tanto no plano político-econômico como no plano epistêmico
INTRODUÇÃO
O imperialismo é uma das principais características das relações internacionais construídas no período histórico que aprendemos a chamar de modernidade. Nosso objetivo é entender, na teoria e na prática político-cultural, como as relações imperialistas se construíram e como elas afetaram, e ainda afetam, o sistema internacional.
Para atingir esse objetivo, dividimos nosso conteúdo em três partes: primeiro, vamos nos dedicar à discussão teórico-conceitual, buscando compreender como a categoria “imperialismo” foi desenvolvida na bibliografia especializada e no debate político. Na segunda parte, debruçaremos sobre as práticas de dominação imperialista que construíram a modernidade tal como a conhecemos. Por último, estudaremos as práticas e as narrativas de descolonização que ganharam forma a partir da década de 1950.
A geopolítica internacional contemporânea é caracterizada por relações assimétricas entre as nações, que se manifestam nos campos político, econômico e cultural. Na bibliografia especializada, essas relações assimétricas costumam ser definidas com o conceito imperialismo.
MÓDULO 1
Descrever o conceito de imperialismo, seus fundamentos teóricos e sua historicidade
DISCUSSÕES TEÓRICO-CONCEITUAIS
Figura 1. Mapa do mundo mostrando a extensão do império britânico em 1886 | Fonte: Wikimedia
Assista a seguir a uma exposição sobre o conceito de imperialismo.
No verbete imperialismo, produzido para o Dicionário de Política organizado por Bobbio, Matteucci e Pasquino (1995), Sergio Pistone examina a história desse conceito e as práticas por ele designadas. Nas palavras do autor, imperialismo significa:
EXPANSÃO VIOLENTA POR PARTE DOS ESTADOS, OU DE SISTEMAS ANÁLOGOS, DA ÁREA TERRITORIAL DA SUA INFLUÊNCIA OU DO SEU PODER DIRETO, E FORMAS DE EXPLORAÇÃO ECONÔMICA EM PREJUÍZO DOS ESTADOS OU POVOS SUBJUGADOS, GERALMENTE CONEXAS COM TAIS FENÔMENOS.
(PISTONE apud BOBBIO; MATTEUCCI; PASQUINO, 1995)
O autor aponta a distinção entre a prática e o conceito. Este é recente, enquanto a prática é tão antiga quanto a própria história humana. Isso sugere, segundo o autor, que as práticas imperialistas modernas guardam suas especificidades quando comparadas com as antigas. Por isso, o vocabulário político moderno encontrou a necessidade de formular um conceito específico, demanda que não foi posta para o pensamento político pré-moderno. Examinaremos a formulação do conceito, lançando luz sobre sua historicidade a fim de entender as disputas políticas que o constituíram e que nos levam a refletir sobre as diferenças entre as práticas imperialistas antigas e modernas.
De acordo com Bernard Semmel (1928-2008), a origem provável do conceito está na Inglaterra vitoriana, na década de 1870, no momento de apogeu da expansão imperialista do Commonwealth. A princípio, segundo o autor, o conceito tinha função político-administrativa, pois pretendia fortalecer a unidade dos Estados autônomos do império britânico, ou seja, criar a Imperial Federation. Imperialismo, então, nesse primeiro momento, significava um conjunto de medidas estratégicas destinado a manter coeso o império britânico, garantindo, ao mesmo tempo, alguma autonomia aos poderes locais, a paz social entre os súditos da realeza e a submissão a Londres.
No fim do século XIX, conforme afirma Semmel, aconteceu uma sensível reorientação no conteúdo semântico do conceito. A intensificação da atividade imperialista entre praticamente todos os países da Europa ocidental deu origem a um campo de estudos interessado em investigar esse tipo de fenômeno. Surgiram, então, as primeiras teorias do imperialismo, que ajudaram a massificar o conceito no debate político internacional. Na esteira do princípio de autodeterminação das nações, formulado na Revolução Francesa e reforçado na Revolução Russa, essas teorias, no geral, são críticas ao imperialismo e, não poucas vezes, contaram com adesão dentro das próprias nações imperialistas.
BERNARD SEMMEL
Foi um historiador norte-americano que se dedicou a identificar as dinâmicas comerciais do império britânico.
Figura 2. A Execução de Carlos I, autor desconhecido (1649). | Fonte: nationalgalleries.org
Revolução Inglesa (1642)
Figura 3. The Black Country, ilustração do Guia de Griffiths para o comércio de ferro na Grã-Bretanha (1873). | Fonte: Wikimedia
Revolução Industrial Inglesa (1760)
Figura 4. Liberdade Liderando o Povo, por Eugène Delacroix (1830). | Fonte: Wikimedia
Revolução Francesa (1789)
Figura 5. Lamartine, em frente à Câmara Municipal de Paris, rejeita a bandeira vermelha em 25 de fevereiro de 1848, por Henri Félix Emmanuel Philippoteaux (obra do século XIX). | Fonte: Wikimedia
Primavera dos Povos (1848)
Figura 6. Inauguração do Parlamento italiano em 2 abril de 1860, por Pierre van Elven (1870). | Fonte: Wikimedia
Unificação italiana (1870)
Figura 7. Os delegados pré-parlamentares dirigem-se para a Igreja de S. Paulo em Frankfurt, onde lançaram as bases para eleger um Parlamento Nacional (1848). | Fonte: Wikimedia
Unificação alemã (1871)
Figura 8. Mapa da África do final do século XIX | Fonte: cambridgeglobalist.org
Partilha da África e Ásia (1880)
Figura 9. Gassed, por John Singer Sargent (1919) | Fonte: Wikimedia
Primeira Guerra Mundial (1914)
Figura 10. Soldados e civis se manifestando durante a Revolução em 1917 | Fonte: Wikimedia
Revolução Russa (1917)
É, DE FATO, SIGNIFICATIVO QUE AS TEORIAS SOBRE O IMPERIALISMO PARTAM, EM SUA GRANDE MAIORIA, DE UMA PERSPECTIVA A ELE ADVERSA E QUE A PRÓPRIA EXPRESSÃO “IMPERIALISMO” TENHA IDO BEM DEPRESSA ADQUIRINDO, DEPOIS DE HAVER SURGIDO COM UM SIGNIFICADO POSITIVO, UM SIGNIFICADO GERALMENTE NEGATIVO, INTERROMPENDO ASSIM UMA TRADIÇÃO HISTÓRICA ONDE A EXPRESSÃO IMPÉRIO, DE QUE DERIVA O IMPERIALISMO, TINHA TAMBÉM UM SIGNIFICADO POSITIVO, SENDO ENTENDIDA COMO SINÔNIMO DE PAZ INTERNACIONAL.
(PISTONE, 1995)
Sem dúvida alguma, o pensamento marxista se destaca no repertório das críticas ao imperialismo. Com exceção de alguns escritos sobre o colonialismo, não encontramos em Marx (1818-1883) uma discussão mais sólida a respeito do tema. Ainda assim, sua contribuição para o desenvolvimento das teorias críticas ao imperialismo elaboradas por intelectuais marxistas ao longo do século XX foi fundamental.
Ao desenvolver uma reflexão sobre as contradições do capitalismo, Marx legou aos seus herdeiros uma chave de leitura que fundamentaria aquela que talvez tenha sido a mais potente crítica ao imperialismo. Para Marx, a própria história é inimiga do capitalismo, pois, conforme o tempo passa, as contradições sociais sobre as quais o sistema está fundado se radicalizam, o que resulta na queda da taxa de lucros e em dificuldades para obtenção de mais-valia.
A pista lançada por Marx caiu como uma luva nas relações internacionais construídas entre os países europeus ao longo das duas primeiras décadas do século XX. Esse foi o apogeu da movimentação imperialista das nações europeias na África e na Ásia, alimentando tensões e conflitos no Velho Mundo, que explicam, em parte, a eclosão da Primeira Guerra Mundial (1914-1918). Ou seja, na busca pela expansão de seus mercados consumidores, na corrida pelo lucro travada na dinâmica do capitalismo monopolista industrial, as nações europeias transformaram a disputa econômica em rivalidade geopolítica e, posteriormente, em conflito militar.
Na esteira da análise do capitalismo desenvolvida por Marx,diversos autores marxistas responsabilizaram a dinâmica do capital pelo conflito mundial deflagrado em 1914. A guerra mundial seria, na perspectiva marxista, a manifestação da crise do capitalismo e a possibilidade da ruptura revolucionária.
SOCIALISMOS E IMPERIALISMO
Rosa Luxemburgo (1871-1919) e Lenin (1870-1924) são os mais importantes teóricos marxistas da crítica ao imperialismo no período que antecedeu a Primeira Guerra Mundial. A análise do fenômeno imperialista desenvolvida por Rosa Luxemburgo está baseada na noção de “subconsumo”.
Fonte: WikimediaFigura 11. Retrato de Rosa Luxemburgo | Fonte: Wikimedia
No livro Introdução à economia política, publicado pela primeira vez em 1925, Rosa Luxemburgo aprofundou a discussão desenvolvida originalmente por Marx sobre a constante necessidade de expansão do consumo, vital ao capitalismo. O sistema precisaria, então, de um mundo não completamente capitalizado, disponível para consumir seu excedente produtivo. Esse espaço de consumo não poderia estar dentro da própria sociedade capitalista, visto que a massa de trabalhadores é a parte produtiva e precisa, para continuar assim, ter limitado seu acesso ao consumo.
A expansão sobre outros territórios surge, então, como meio de resolver essa contradição. Agora, a nação capitalista, industrial, tem um território “não capitalista” ao seu dispor, cuja capacidade de consumo não passa de um meio para o processo de acúmulo do capital, que deve ser redirecionado do território dominado para o território dominador. Essa é, para Rosa Luxemburgo, a grande perversidade do capitalismo: transformar o consumo, a finalidade da existência humana, em meio para o acúmulo do capital, que passa a ser, ele mesmo, o fim da existência humana. Nas palavras da própria autora:
O MODO DE PRODUÇÃO CAPITALISTA APRESENTA ASSIM A PARTICULARIDADE DE QUE O CONSUMO HUMANO, QUE ERA O OBJETIVO DE TODAS AS ECONOMIAS ANTERIORES, AGORA NÃO É MAIS QUE UM MEIO PARA O OBJETIVO DO CAPITAL: A ACUMULAÇÃO CAPITALISTA. O CRESCIMENTO DO CAPITAL APARECE COMO O PRINCÍPIO E O FIM, UM FIM EM SI E O SENTIDO DE TODA A PRODUÇÃO. O ABSURDO DESSA ECONOMIA (CAPITALISTA) MUNDIALIZADA SUJEITA A HUMANIDADE AO JUGO DE UM TERRÍVEL PODER SOCIAL CEGO: O CAPITAL. O OBJETIVO FUNDAMENTAL DE TODA FORMA SOCIAL DE PRODUÇÃO: A RELAÇÃO DA SOCIEDADE COM O TRABALHO, A SATISFAÇÃO DAS NECESSIDADES, APARECE ASSIM COMPLETAMENTE INVERTIDA, JÁ QUE A PRODUÇÃO PARA O LUCRO E NÃO MAIS PARA O HOMEM TORNA-SE A LEI SOBRE TODA A TERRA E O SUBCONSUMO, A INSEGURANÇA PERMANENTE DO CONSUMO E EM DETERMINADOS MOMENTOS O NÃO CONSUMO DA MAIORIA DA HUMANIDADE TORNA-SE A REGRA.
(LUXEMBURGO, 1975)
A teoria anti-imperialista, desenvolvida por Lenin, está mais preocupada com o lucro do que com o consumo. Também seguindo a trilha aberta por Marx, Lenin, no livro Imperialismo, fase superior do capitalismo, publicado em 1916, argumenta que o capitalismo é um sistema vocacionado à competição. Os atores capitalistas competem entre si, em ritmo de produção e mecanização da atividade produtiva, na busca eterna pela maximização dos lucros.
Fonte: WikimediaFigura 12. Lenin (sentado no centro) com outros membros da Liga de Luta pela Emancipação da Classe Operária, em 1897. | Fonte: Wikimedia
No mundo moderno, Pós-Revolução Industrial, esses atores capitalistas, cada vez mais, são os Estados nacionais. Uma das estratégias mobilizadas pelos Estados nacionais nessa competição é o protecionismo, por meio do qual cada país monopoliza seu mercado interno, impedindo, o máximo possível, a entrada dos produtos do país concorrente.
Segundo Lenin, o capitalismo concorrencial se torna o capitalismo monopolista. A expansão dos mercados monopolizados passa a ser, então, questão vital para as nações envolvidas na competição pelo lucro. É nesse sentido que o imperialismo, para Lenin, é a fase superior do capitalismo: o acirramento da disputa entre os agentes do capital faz com que a livre competição dê lugar ao monopólio e, consequentemente, ao aumento das tensões internas ao sistema. É daí que a disputa imperialista poderia abrir a possibilidade da ruptura revolucionária.
AS PROPORÇÕES GIGANTESCAS DO CAPITAL FINANCEIRO, CONCENTRADO EM POUCAS MÃOS, QUE DEU ORIGEM A UMA REDE EXTRAORDINARIAMENTE VASTA E DENSA DE RELAÇÕES E VÍNCULOS, E QUE SUBORDINOU AO SEU PODER NÃO SÓ A MASSA DE CAPITALISTAS, DOS PEQUENOS E MÉDIOS EMPRESÁRIOS, E MESMO O MENOR DOS PATRÕES, POR UM LADO, E, POR OUTRO LADO, O AGUÇAMENTO DA LUTA PELA PARTILHA DO MUNDO E PELO DOMÍNIO DE OUTROS PAÍSES CONTRA OUTROS GRUPOS NACIONAIS DE FINANCISTAS, TUDO ISSO ORGANIZA A PASSAGEM EM BLOCO DE TODAS AS CLASSES POSSUIDORAS PARA O LADO DO IMPERIALISMO.
(LENIN, 2007)
Fora da tradição marxista, podemos destacar a interpretação social-democrata do imperialismo, baseada, segundo Pistone, em dois pressupostos:
Fonte: Wikimedia
Figura 13. Brasão da União Soviética (1956 - 1991) | Fonte: Wikimedia
Rejeição da tese marxista que associa o imperialismo ao capitalismo, de onde se deduz que somente seria possível abolir o imperialismo com a abolição do próprio capitalismo.
Fonte: Wikimedia
Figura 14. Estátua da Deusa Atena diante do Parlamento da Áustria | Fonte: Wikimedia
Convicção de que as tendências imperialistas existentes no capitalismo podem ser eliminadas com reformas democráticas e reformas econômico-sociais.
Entre os expoentes dessa corrente de pensamento estão o liberal-democrata inglês John Atkinson Hobson (1858-1940) e o filósofo austríaco Karl Johann Kautsky (1854-1938), um dos fundadores da ideologia social-democrata.
ATKINSON HOBSON E JOHANN KAUTSKY
Fonte: WikimediaFigura 15. John Atkinson Hobson em 1910 | Fonte: Wikimedia
Na tese que influenciaria Rosa Luxemburgo e Lenin, Hobson explica a expansão imperialista com a tese do subconsumo. A diferença, exatamente aquilo que faz de Hobson um reformista do capital e não um revolucionário, está na solução proposta. Para o autor, o imperialismo poderia ser combatido pelo próprio capitalismo, desde que se reformasse por meio de políticas sociais impulsionadas pelo Estado e comprometidas em minimizar o processo de empobrecimento do proletariado.
Assim, cada nação capitalista teria, dentro do seu próprio território, um mercado de consumo capaz de absorver a produção e, assim, garantir as condições de reprodução do capital. No discurso Imperialismo, proferido no Parlamento britânico em 1902, Hobson disse que:
A CURA DA PRAGA DO SUBCONSUMO DAS CLASSES POPULARES, COM SUAS IMPLICAÇÕES IMPERIALISTAS LIGADAS À BUSCA AFLITIVA DE MERCADOS EXTERNOS ONDE VENDER E INVESTIR, ESTÁ NUMA POLÍTICA DE REFORMAS ECONÔMICO-SOCIAIS TENDENTE A AUMENTAR, NO QUADRO DE UMA ECONOMIA CAPITALISTA CONCORRENCIAL E DE LIVRE MERCADO, INTEGRADA, PORÉM, COM A AÇÃO DA DESPESA PÚBLICA, A CAPACIDADE EM CONSEQUÊNCIA DISSO, O CONSTANTE CRESCIMENTO E REGULAR A ABSORÇÃO DA PRODUÇÃO, SEM NECESSIDADE DE RECORRER À EXPANSÃO IMPERIALISTA.
(HOBSON apud HUNT, 2003)
Diferentemente dos marxistas revolucionários, Kautsky argumenta que o imperialismo não é o desfecho necessário do capitalismo, mas sim um de seus desdobramentos possíveis, sendo capaz de ser contornado por aquilo que o autor chamou de ultraimperialismo. O autor desenvolveu melhor o conceito em discurso proferido em 1919, após o término da Primeira Guerra Mundial. Convencido de que a guerra imperialista não significava a aceleração da marcha da história rumo à revolução socialista, Kautsky argumentou que:
Fonte: WikimediaFigura 16. Karl Johann Kautsky | Fonte: Wikimedia
APÓS A GUERRA DEFLAGRADA PELAS AMBIÇÕES IMPERIALISTAS, É CHEGADO O MOMENTO DE AS NAÇÕES CAPITALISTAS ASSUMIREM SUA RESPONSABILIDADE NA CONSTRUÇÃO DA PAZ MUNDIAL. PARA ISSO, SERÁ NECESSÁRIA A COLABORAÇÃO ENTRE AS NAÇÕES RICAS NO SENTIDO DE INCLUIR AS NAÇÕES POBRES E MUNDIALIZAR AS CONDIÇÕES BÁSICAS DE DESENVOLVIMENTO PARA CADA PAÍS, RESPEITANDO AS ESPECIFICIDADES DE CADA NAÇÃO.
(HOBSON apud HUNT, 2003)
Como podemos perceber, Kautsky está longe de agir como liderança revolucionária. Após romper com os marxistas revolucionários, Kautsky foi declaradocomo “renegado” por Lenin, e cada vez mais foi caminhando no sentido da formulação de uma teoria política que passou a ser chamada de “social-democracia”, que, como já sabemos, partia do princípio de que o capitalismo seria capaz de se autorreformular, tornando-se menos agressivo e conflituoso.
A solução para os problemas gerados pelo capitalismo seria, segundo os sociais-democratas, a reforma, e não a revolução. É nessa chave analítica que Kautsky pensa o imperialismo, propondo a organização de um sistema internacional assimétrico, atravessado por desigualdades, mas também “soft”, onde os poderosos aceitassem lucrar menos em nome daquilo que o autor chamou de paz universal.
JOSEPH SCHUMPETER
Fonte: WikimediaFigura 17. Joseph Schumpeter | Fonte: Wikimedia
No campo do pensamento liberal, Joseph Schumpeter (1883-1950) foi o autor que mais se dedicou ao tema do imperialismo. Se o marxismo revolucionário tratou o imperialismo como a última etapa da evolução do capitalismo e o deflagrador da crise estrutural que resultaria na ruptura evolucionária, Schumpeter negou completamente essas teses, sem, com isso, legitimar o imperialismo.
Escrevendo no calor dos conflitos da Primeira Guerra Mundial, o autor argumenta que, diferentemente do que afirmavam os marxistas, o imperialismo e a guerra não eram produtos da lógica capitalista. Eram, ao invés disso, consequências funestas da sobrevivência de valores pré-capitalistas que a modernização burguesa ainda não teria sido capaz de superar. Nas palavras do autor, em ensaio publicado em 1919:
O CAPITALISMO É, POR SUA NATUREZA, ESSENCIALMENTE PACÍFICO, NA MEDIDA EM QUE LHE É INTRÍNSECA UMA FORTE TENDÊNCIA À RACIONALIZAÇÃO, QUE ESTENDE PROGRESSIVAMENTE A SUA INFLUÊNCIA A TODOS OS ASPECTOS DA VIDA SOCIAL. ELE TENDE PRATICAMENTE A NEUTRALIZAR AS ATITUDES AGRESSIVAS E IRRACIONAIS QUE SE REVELAM NA PRÁXIS POLÍTICA NACIONAL E INTERNACIONAL, EM VARIADAS FORMAS DE VIOLÊNCIA, ENTRE ELAS A GUERRA E A EXPANSÃO IMPERIALISTA, CANALIZANDO-AS PARA A PACÍFICA LIVRE COMPETIÇÃO DE MERCADO.
(SCHUMPETER apud HUNT, 2003)
A solução proposta por Schumpeter para resolver os problemas criados pelo imperialismo (a guerra mundial) não está na superação do capitalismo, mas sim no seu aprofundamento, já que, devido a interferências irracionais, ele ainda não estaria plenamente desenvolvido.
Agora aprofundaremos os conhecimentos das práticas políticas que provocaram todos esses debates conceituais que tentaram explicar, e criticar, o imperialismo.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
Parte superior do formulário
1. SERGIO PISTONE, AUTOR DO VERBETE “IMPERIALISMO” DO DICIONÁRIO DE POLÍTICA, ORGANIZADO POR BOBBIO, MATTEUCCI E PASQUINO (1995), PROPÕE IMPORTANTE DISCUSSÃO SOBRE O ASSUNTO. ASSINALE, ENTRE AS ALTERNATIVAS ABAIXO, AQUELA QUE MELHOR DEFINE A REFLEXÃO DESENVOLVIDA POR PISTONE:
Pistone argumenta que, como prática de dominação política, o imperialismo é uma invenção moderna, tal como o conceito. Por isso, não haveria diferença histórica entre o conceito e a prática, sendo ambos produtos da modernidade.
Pistone argumenta que, como prática de dominação política, o imperialismo é uma invenção moderna, diferentemente do conceito, que já era usado entre os antigos. Nesse sentido, o conceito foi uma espécie de antevisão das culturas ocidentais pré-modernas, que já conseguiam prever o posterior desenvolvimento da atividade imperialista.
Pistone argumenta que, como prática de dominação, o imperialismo é tão antigo quanto a própria história humana, tal como o conceito. Nesse sentido, conceito e prática teriam sido heranças legadas pelos antigos aos modernos.
Pistone argumenta que, como prática de dominação, o imperialismo é tão antigo quanto a própria história humana, diferentemente do conceito, que é formulação moderna. Isso sugere, segundo o autor, que as práticas modernas de imperialismo trouxeram novidades que demandaram uma formulação conceitual específica.
Pistone argumenta que, como prática de dominação, o imperialismo é tão antigo quanto a própria história humana, diferentemente do conceito, que é uma formulação moderna. Isso sugere, segundo o autor, que não há nada de específico nas práticas modernas de imperialismo, podendo o conceito ser aplicado às práticas antigas sem nenhum prejuízo analítico.
Parte inferior do formulário
Parte superior do formulário
2. APESAR DE NÃO TER DISCUTIDO O IMPERIALISMO COM MAIS DENSIDADE, MARX FORMULOU A CHAVE DE LEITURA QUE FUNDAMENTARIA AS TEORIAS CRÍTICAS À ATIVIDADE IMPERIALISTA DESENVOLVIDAS PELOS SEUS HERDEIROS. ASSINALE, ENTRE AS ALTERNATIVAS ABAIXO, AQUELA QUE MELHOR RESUME ESSA CHAVE DE LEITURA.
Marx afirmou que a história tende a fortalecer o capitalismo, sendo a expansão imperialista a prova disso. Logo, caberia aos marxistas combater a expansão imperialista e impedir o fortalecimento do capitalismo.
Marx afirmou que a história tende a fortalecer o capitalismo, sendo a expansão imperialista uma exceção, na medida em que enfraqueceria o sistema. Caberia, então, aos marxistas apoiar o imperialismo como tática de enfraquecimento do capitalismo.
Marx afirmou que a história tende a enfraquecer o capitalismo, sendo a expansão imperialista uma exceção, na medida em que fortalece o sistema. Caberia, então, aos marxistas combater o imperialismo, não necessariamente objetivando a emancipação dos territórios dominados, mas sim o combate ao capitalismo.
Marx afirmou que a história é indiferente ao capitalismo, o que fazia do imperialismo uma pauta pouco relevante para o projeto de revolução socialista. Logo, os marxistas não deveriam se envolver na questão.
Marx afirmou que a história tende a enfraquecer o capitalismo, acirrando suas contradições, o que teria se manifestado no início do século XX, com as rivalidades imperialistas que resultaram na Primeira Guerra Mundial. Os intelectuais marxistas viram, então, na crise gerada pela expansão imperialista a possibilidade de efetivação do projeto da revolução socialista.
Parte inferior do formulário
GABARITO
1. Sergio Pistone, autor do verbete “imperialismo” do Dicionário de Política, organizado por Bobbio, Matteucci e Pasquino (1995), propõe importante discussão sobre o assunto. Assinale, entre as alternativas abaixo, aquela que melhor define a reflexão desenvolvida por Pistone:
A alternativa "D " está correta.
Para Pistone, o surgimento do conceito “imperialismo” nos debates políticos travados na modernidade sugere que há algo específico nas práticas imperialistas modernas que demandou uma formulação conceitual nova.
2. Apesar de não ter discutido o imperialismo com mais densidade, Marx formulou a chave de leitura que fundamentaria as teorias críticas à atividade imperialista desenvolvidas pelos seus herdeiros. Assinale, entre as alternativas abaixo, aquela que melhor resume essa chave de leitura.
A alternativa "E " está correta.
Apesar de não ter discutido especificamente o tema do imperialismo, Marx chamou atenção para as contradições do capitalismo, que seriam acirradas com o desenvolvimento do próprio sistema. Essa foi a chave que intelectuais marxistas, como Rosa Luxemburgo e Lenin, tomaram para desenvolver as teorias críticas que trataram o imperialismo como o deflagrador de crises potencialmente revolucionárias.
MÓDULO 2
Identificar as manifestações modernas do imperialismo que se perpetuam até nossos dias
HISTÓRIA DO IMPERIALISMO
Se formos entender “imperialismo” em seu sentido mais básico, ou seja, como relações de poder envolvendo organizações políticas em expansão territorial e as que são alvo dessa expansão, poderemos dizer que se trata de algo tão antigo como a própria história humana.
Na Antiguidade Oriental, cada um a seu tempo, Egito e Mesopotâmia atuaram como centros de atividade imperialista. Na Antiguidade Ocidental, Atenas e Roma desempenharam papel semelhante, guardadas, é claro, as devidas diferenças entre todas essas atividades imperialistas tão bem estudadas pela bibliografia especializada. Também no período que costumamos chamar de Idade Média, podemos observar a existência de poderososimpérios como o bizantino, o otomano e o carolíngio.
Nosso interesse aqui é compreender o imperialismo moderno, pertencente à atmosfera histórica em que o capitalismo industrial nasceu e se estruturou. Por isso, o historiador inglês Eric Hobsbawm (1917-2012) argumenta que a atividade imperialista que manifestaria sua dimensão mais trágica no século XX deve ser pensada como um dos resultados da dupla revolução, que entre os séculos XVIII e XIX consolidou o capitalismo como sistema de organização social hegemônico na Europa.
NOVO IMPERIALISMO
A GRANDE REVOLUÇÃO DE 1789-1848 FOI O TRIUNFO NÃO DA INDÚSTRIA COMO TAL, MAS DA INDÚSTRIA CAPITALISTA; NÃO DA LIBERDADE E DA IGUALDADE EM GERAL, MAS DA CLASSE MÉDIA OU DA SOCIEDADE BURGUESA LIBERAL; NÃO DA ECONOMIA MODERNA OU DO ESTADO MODERNO, MAS DAS ECONOMIAS E DOS ESTADOS EM DETERMINADA REGIÃO GEOGRÁFICA DO MUNDO (PARTE DA EUROPA E ALGUNS TRECHOS DA AMÉRICA DO NORTE), CUJO CENTRO ERAM OS ESTADOS RIVAIS E VIZINHOS DA GRÃ-BRETANHA E FRANÇA. A TRANSFORMAÇÃO DE 1789-1848 É ESSENCIALMENTE O LEVANTE GÊMEO QUE SE DEU NAQUELES PAÍSES E QUE DALI SE PROPAGOU POR TODO O MUNDO.
(HOBSBAWM, 2005)
Hobsbawm (2014) argumenta que o novo imperialismo foi o subproduto natural de uma economia internacional baseada na rivalidade entre várias economias nacionais e industriais concorrentes.
Fonte: WikimediaFigura 18. Eric Hobsbawm | Fonte: Wikimedia
O imperialismo começa a ganhar forma na Europa após o fim do sistema de dominação colonial mercantilista, mediante o qual algumas nações europeias dominaram a América entre os séculos XVI e XIX. Com algumas variações conjunturais, a dominação colonial mercantilista era marcada por aquilo que alguns autores chamam de exclusivismo colonial, que era a tentativa das metrópoles em exercerem total dominação sobre as colônias. Essa tentativa, como também demonstram os estudos especializados, quase nunca era efetivada na prática, já que os territórios e povos dominados conseguiam contornar o poder metropolitano na rotina da vida colonial.
A ambição do exclusivismo colonial também se fez presente no imperialismo inaugurado no século XIX, ainda que suas características destoassem bastante da colonização mercantilista, a começar pelos territórios ocupados. Enquanto a colonização mercantilista teve como alvos América, África e Ásia, o imperialismo, também muitas vezes chamado de neocolonialismo, desdobrou-se sobre África, Ásia e Oceania, tendo encontrado, inclusive, formas endógenas aos continentes fora da Europa, como foi o caso do Japão e dos EUA.
No que se refere aos centros expansionistas, observamos diferenças entre os dois modos de dominação. Se a expansão mercantilista foi protagonizada por Espanha e Portugal, o neocolonialismo foi impulsionado por novas potências, mais alinhadas à dinâmica do capitalismo moderno, devido à sua crescente industrialização, como França, Bélgica, Alemanha, Itália e, principalmente, Inglaterra.
SISTEMA COLONIAL MERCANTILISTA
Sistema político-econômico que marcava o Antigo Regime; fundamentou-se em uma economia dirigida pela aristocracia, em sua maioria monárquica, que usava o colonialismo como maneira de melhorar sua balança comercial e mantinha a exigência do Pacto Colonial.
MERCANTILISMO
Modelo econômico criado no século XV para garantir a estabilidade dos Estados. Seus teóricos defenderam ações como o metalismo (o acúmulo de metais preciosos para a constituição de tesouros) e a manutenção de uma balança comercial favorável, que possibilitava o acúmulo de capital proveniente de impostos. Os principais Estados a se beneficiarem desse modelo foram Espanha e Portugal.
NEOCOLONIALISMO
O neocolonialismo não representou uma ruptura do modelo de Estado mercantilista, criado no século XV e amplamente solidificado e discutido entre os séculos XVII e XVIII, mas, devido ao aumento da produção gerado pela industrialização, a lógica comercial entre a metrópole e as colônias foi alterada, e estas deixaram de ser meras fornecedoras de matéria-prima para se tornarem atrativos mercados consumidores, sem deixar de atender aos interesses das metrópoles.
Figura 19. William Pitt, estadista inglês, e Napoleão repartem o mundo na gravura Pudim de ameixa em perigo, de James Gillray, do Catálogo de Gravuras e Desenhos do British Museum (1805). | Fonte: Wikimedia
Espanha e Portugal não estiveram completamente ausentes da nova expansão imperialista, mas nem de longe mantiveram a força e o poder de antes. A dinâmica da dominação política também foi diferente: na colonização mercantilista, ela era direta, com os territórios administrados a partir das metrópoles, contando, para isso, com um complexo aparato burocrático instalado nas colônias. O neocolonialismo esteve mais preocupado com a dominação propriamente econômica, respeitando certa autonomia política das lideranças locais.
Segundo o historiador Valter Roberto Silvério (2013), é possível destacar alguns eventos que deflagraram a marcha imperialista europeia sobre a África:
	· Conferência Geográfica de Bruxelas, organizada pela Bélgica em 1876, que teve o objetivo de afirmar os interesses belgas no Congo.
· Ações de Portugal ao longo da década de 1880 para expandir sua dominação em Moçambique.
· Ação expansionista francesa no Egito, na Tunísia e em Madagascar.
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VALTER ROBERTO SILVÉRIO
Professor de Ciência Política (UFSCar) e pesquisador renomado nas questões do imperialismo.
Fonte: WikimediaFigura 20. China – o bolo dos reis e... dos imperadores, por Henri Meyer, Caricatura política francesa publicada no Le Petit Journal em 16 de janeiro de 1898. | Fonte: Wikimedia
O restante da Europa entendeu esses atos como o “tiro de largada” para a corrida expansionista. A partir disso, as tensões entre os Estados imperialistas ficaram mais agudas, o que tornou a geopolítica europeia particularmente conflituosa. A situação levou Otto von Bismarck (1815-1898), chanceler alemão, a liderar a organização de um foro internacional cujo objetivo era encontrar soluções diplomáticas para os conflitos provocados pela rivalidade imperialista. O foro funcionou durante dois anos, entre 1884 e 1885, e ficou conhecido como Conferência de Berlim.
ALGUMAS DAS PAUTAS DEBATIDAS NA CONFERÊNCIA FORAM AS QUESTÕES RELATIVAS À NAVEGAÇÃO DOS RIOS CONGO E NÍGER, A QUESTÃO DO MAPA COR-DE-ROSA PROPOSTO POR PORTUGAL, E TAMBÉM FOI ORGANIZADA A DIVISÃO DO CONTINENTE AFRICANO, ISTO É, ESTABELECIDAS AS FRONTEIRAS ENTRE AS REGIÕES E ESTIPULADO QUAIS NAÇÕES TERIAM DIREITOS SOBRE OS TERRITÓRIOS. A OCUPAÇÃO DO CONTINENTE AFRICANO OCORREU SOB A JUSTIFICATIVA DE SER UMA ‘MISSÃO CIVILIZATÓRIA’, NA QUAL AS NAÇÕES EUROPEIAS LEVARAM A CIVILIZAÇÃO PARA OS POVOS ‘ATRASADOS’ DA ÁFRICA. A EXPLORAÇÃO DO CONTINENTE PARA FINS ECONÔMICOS TAMBÉM SE UTILIZAVA DE MISSIONÁRIOS. TODAS ESSAS JUSTIFICATIVAS PARTIAM DE IDEAIS RACISTAS, COMO O DARWINISMO SOCIAL, QUE ESTIPULAVA QUE O HOMEM BRANCO ERA ‘SUPERIOR’.
(SILVERIO, 2013)
Após termos abordado as teorias críticas ao capitalismo, é importante dizer algo também sobre o darwinismo social, que foi sua principal ideologia de legitimação. O debate científico da segunda metade do século XIX foi fortemente impactado pelo livro A origem das espécies, escrito pelo cientista britânico Charles Darwin e publicado pela primeira vez em 1859.
Negando as narrativas religiosas vigentes, Darwin apresentou a tese segundo a qual a formação dos seres vivos seria o resultado de um longo processo de adaptação das espécies ao meio, o que ele chamou de seleção natural. Em síntese, Darwin argumentou que os organismos mais adaptados ao meio tenderiam a sobreviver e reproduzir-se, gerando descendentes mais fortes. Já os organismos menos adaptados tenderiam a morrer e suas características desapareceriam.
Com o passar dos anos, as ideias de Darwin começaram a influenciar alguns cientistas sociais, como Herbert Spencer (1820-1903) e Piotr Kropotkin (1842-1921), que começaram a utilizar os conceitos darwinistas, também, para a análise das sociedades.Surgia, assim, o darwinismo social, que definiu alguns critérios para caracterizar as sociedades como mais ou menos evoluídas: urbanização, monoteísmo, uniformidade linguística, industrialização, instituições democráticas (na concepção liberal-burguesa de democracia).
Fonte: WikimediaFigura 21. Herbert Spencer | Fonte: Wikimedia
Hábitos culturais observados nos países ocidentais eram tratados como signos de civilização e de progresso ou, na linguagem darwinista, indícios de evolução. Essas ideias foram usadas para legitimar perseguições e violências cometidas contra sociedades consideradas atrasadas. A violência, nesses casos, não seria um desvio moral, mas sim o esforço empreendido pelas nações europeias no sentido da expansão da “civilização” e da aceleração do processo evolutivo.
DO DOMÍNIO AO CONFLITO
Fonte: WikimediaFigura 22. O polvo do imperialismo inglês, charge do americano John Bull (1888). | Fonte: Wikimedia
A presença imperialista europeia na Ásia, na África e na Oceania teve diversos desdobramentos, tanto para os territórios dominados como para os territórios dominadores. Do lado dos dominados, podemos citar a demarcação de fronteiras artificiais para atender aos interesses das nações imperialistas, não respeitando as clivagens culturais locais, dando origem a conflitos civis que ainda desestabilizam os países africanos.
A exploração econômica imperialista também é uma das causas dos graves problemas sociais ainda vividos pelas nações africanas. Do lado das potências imperialistas, têm destaque as tensões geopolíticas que explicam, em parte, o início da Primeira Guerra Mundial, em 1914.
Segundo Eric Hobsbawm (1995), entre 1815 e 1914 nenhuma grande potência combateu outra fora de sua região imediata, embora expedições agressivas de potências imperiais ou candidatas a imperiais contra inimigos mais fracos do ultramar fossem comuns. A maioria dessas expedições resultava em lutas espetacularmente unilaterais.
A situação mudou drasticamente depois de 1914, quando, ainda segundo Hobsbawm, teve início uma “era da guerra total”, que somente terminou em 1945, com o desfecho do episódio que aprendemos a chamar de Segunda Guerra Mundial. A agitação imperialista, segundo o autor, é um dos principais aspectos que explicam essa transição de um momento de relativa paz internacional para um momento de intensa movimentação bélica. A mudança, no entanto, não foi repentina, pois, desde a década de 1880, observadores astutos da realidade, como os filósofos Friedrich Nietzsche (1844-1900) e Friedrich Engels (1820-1895), já denunciavam a militarização crescente das principais nações europeias e temiam um conflito internacional com proporções, até então, inéditas.
As previsões de Nietzsche e Engels se confirmariam em 1914, tendo como estopim aquilo que na época ficou conhecido como Crise dos Balcãs, que consistia numa tensão local, na Península Balcânica, que se arrastava desde 1908. Em disputa estava o controle da região, territórios remanescentes do Império Otomano, ambicionados por Sérvia, Montenegro, Grécia, Romênia, Turquia, Bulgária e Áustria. Após anos de uma movimentação geopolítica complexa que envolveu a feitura e a dissolução de blocos de aliança, o conflito foi protagonizado por Sérvia e Áustria, cada qual tendo seu projeto expansionista: o pan-eslavismo e o pangermanismo, respectivamente.
Fonte: WikimediaFigura 23. Friedrich Nietzsche em 1882 | Fonte: Wikimedia
PAN-ESLAVISMO E PANGERMANISMO
Movimentos políticos e socioculturais nacionalistas que buscavam a unidade do Estado-nação através da unidade étnica e cultural do povo, gerando a discriminação de minorias e a redefinição de fronteiras nacionais.
A centelha que fez explodir o “barril de pólvora” foi acesa em junho de 1914, quando o arquiduque austríaco Francisco Ferdinando foi assassinado em Sarajevo por um militante envolvido com o movimento nacionalista sérvio. Por uma série de reações em cascata, as potências europeias se organizaram em grupos de aliança militar. Começava, assim, o conflito que posteriormente seria chamado de Primeira Guerra Mundial.
O mais importante para nós é entender aquela que foi uma das principais questões que levaram a Europa a interromper a situação de relativa paz internacional que já durava cem anos. Várias nações estavam convencidas de que tinham o direito à expansão de seus territórios. O mundo não foi capaz de suportar tantos projetos expansionistas. Daí que podemos dizer que o imperialismo, em marcha crescente desde o século XIX, foi um dos elementos responsáveis pelos anos de “guerra total”, para usar as palavras de Hobsbawm, que marcaram a história mundial na primeira metade do século XX.
Fonte: WikimediaFigura 24. Tropas japonesas entrando em Shenyang, China, durante o Incidente de Mukden, em 1931. | Fonte: Wikimedia
Engana-se, por outro lado, quem acreditar que o imperialismo moderno se restringiu à expansão da Europa sobre as outras regiões do mundo. O fenômeno foi muito mais complexo e encontrou feições específicas em outras partes do planeta. Na Ásia, por exemplo, teve destaque a atuação imperialista do Japão que, em meados do século XIX, após um processo interno de reorganização administrativa e modernização capitalista, construiu seu próprio projeto de expansão territorial.
O historiador Bill Gordon (2008) analisa a expansão do império japonês, demonstrando como o processo se deu em dois movimentos: primeiro, na transição do século XIX para o século XX, o Japão derrotou seus adversários locais, como China, Coreia e Rússia. A vitória na guerra contra a Rússia, em 1905, repercutiu no mundo inteiro, colocando definitivamente o Japão como player relevante na geopolítica mundial. A partir de então, o Japão dobrou suas ambições e passou a controlar o Oceano Pacífico. Foi nesse momento que as pretensões nipônicas começaram a se chocar com os interesses de outra potência emergente, os EUA, provocando conflitos que resultariam no ataque japonês à base naval de Pearl Harbor, em 1941, que marcou a entrada dos norte-americanos na Segunda Guerra Mundial.
É impossível contar a história do imperialismo moderno sem mencionar os EUA, que começaram a exercer pressão imperialista sobre seus vizinhos latino-americanos ainda no século XIX, logo depois da independência, quando o jovem país começou a expandir seu território para além da faixa que, no período da colonização, era ocupada pelas treze colônias inglesas. A expansão se deu para o oeste, sobre as populações indígenas, e para o sul, sobre o México.
Atualmente, os EUA são o mais poderoso império do mundo, tendo grande poder de dominação militar, econômica, política e cultural. É claro que, ao longo desse período, as táticas de expansão mudaram, assim como a extensão do império norte-americano. Os anos de consolidação do império norte-americano foram marcados pela Doutrina Monroe, que foi o conjunto de estratégias e doutrinas imperialistas lançado em 1823, quando o presidente dos EUA era James Monroe (1758-1831).
Fonte: WikimediaFigura 25. Retrato de James Monroe, por John Vanderlyn (1816). | Fonte: Wikimedia
Sintetizada na frase “A América para os americanos”, a Doutrina Monroe tinha o objetivo de diminuir a influência europeia, principalmente inglesa, no continente americano, especialmente nos países da América Latina. Usando como pretexto a “independência do Novo Mundo”, os EUA tomaram a via da dominação indireta, segundo a qual respeitavam formalmente a autonomia política das nações latino-americanas, estabelecendo com elas uma relação de dominação econômica.
Fonte: WikiwandFigura 26. Nesta charge, o presidente Theodore Roosevelt transforma o Mar do Caribe em um lago norte-americano, por meio da aplicação do Big Stick (1904). | Fonte: Wikiwand
A doutrina imperialista e as estratégias de dominação foram transformadas no final do século XIX, sob o comando do Presidente Theodore Roosevelt (1858-1919), no que ficou conhecido como “Big Stick”, ou o “grande porrete”. Nesse momento, o imperialismo norte-americano ganhou dimensão propriamente militar, passandoa ser marcado por interferências diretas nos países latino-americanos. Em 1898, os EUA agiram militarmente em Cuba, Porto Rico e Honduras, que na época eram colônias espanholas.
O episódio ficou conhecido como Guerra Hispano-Americana, quando os EUA enfrentaram e venceram a Espanha, mostrando ao mundo que na América nascia uma nova potência.
Ainda em 1898, os EUA anexaram o Havaí, território localizado na Oceania e fundamental para as pretensões norte-americanas no Oceano Pacífico. No mesmo ano, os EUA interferiram na Colômbia, viabilizando a independência de um território que se transformaria no Panamá, onde foi construído o famoso canal do Panamá, que se tornou estratégico para as atividades comerciais norte-americanas.
O imperialismo norte-americano ficaria restrito ao continente americano até o final da Primeira Guerra Mundial, que teve como um dos resultados a destruição da infraestrutura produtiva europeia. No pós-guerra, os EUA se tornaram a indústria do mundo, consolidando-se, definitivamente, como potência global, o que se acentuou ainda mais após a Segunda Guerra Mundial, quando os EUA chegaram a financiar, com o Plano Marshall, lançado em 1948, a reconstrução da Europa, com o claro objetivo de alargar sua zona de influência pelo Velho Mundo, em um cenário de intensas rivalidades com a URSS. Chamamos de Guerra Fria os anos compreendidos entre o final das décadas de 1940 e 1980, quando EUA e URSS, dois projetos imperialistas ideologicamente distintos, disputaram o mundo.
IMPERIALISMO E GUERRA FRIA
A Guerra Fria intensificou a pressão imperialista dos EUA sobre as nações latino-americanas e da URSS sobre os países no Leste Europeu.
APÓS OS ACORDOS DE YALTA, QUE DELIMITAM AS ESFERAS DE INFLUÊNCIA DOS ESTADOS UNIDOS E DA UNIÃO SOVIÉTICA, A POLÍTICA INTERNACIONAL DAS DUAS SUPERPOTÊNCIAS REDEFINE SEUS RUMOS PARA UMA DISPUTA QUE PRIVILEGIA A CONSOLIDAÇÃO DA HEGEMONIA NOS SEUS RESPECTIVOS BLOCOS E A EXPANSÃO POR VIAS QUE DESCARTEM O CONFLITO MILITAR DIRETO.
(AYERBE, 2002)
Já que o objetivo de ambas as potências era evitar ao máximo o conflito direto, as disputas foram deslocadas para a interferência direta nas áreas de influência. Na América Latina, as tensões aumentaram após a Revolução Cubana, em 1959. A princípio o movimento não estava alinhado com o comunismo internacional. Tratava-se, antes disso, de uma revolta antioligárquica liderada por Fidel Castro (1926-2016) e impulsionada pela insatisfação de parte da sociedade cubana com a subserviência do país aos interesses das elites norte-americanas, que faziam da ilha caribenha um território para o desenvolvimento de negócios relativos à indústria do entretenimento, como jogos de azar e turismo sexual.
Na época, os EUA eram governados pelo presidente John Kennedy (1917-1963), que tentou intervir em Cuba e controlar a insurreição. O resultado foi a pior derrota militar da história dos EUA, em 1961, no episódio que ficou conhecido como Invasão da Baía dos Porcos. Militares norte-americanos, treinados e dirigidos pela CIA, tentaram invadir o país vizinho, uma pequena república, pobre e pouco industrializada, sendo derrotados, o que significou uma humilhação internacional para a administração Kennedy. A partir de então, os EUA adotariam a tática do bloqueio internacional para enfraquecer o governo de Fidel Castro, o que acabou aproximando o governo revolucionário cubano da URSS.
Fonte: WikimediaFigura 27. Soldados cubanos, a frente de um tanque T-34, lutando na Baía dos Porcos (1961). | Fonte: Wikimedia
Cuba aderiria ao bloco comunista, definitivamente, em 1962, tornando-se um verdadeiro símbolo para as esquerdas latino-americanas e um risco para a hegemonia norte-americana na região. A partir de então, em praticamente todos os países latino-americanos despontaram movimentos libertários. Alguns mais alinhados com o exemplo cubano, outros menos. Alguns mais claramente comprometidos com a ruptura socialista, outros menos. Alguns revolucionários, outros reformistas. Fato é que, ao longo das décadas de 1960 e 1970, praticamente todos os países da região, da Nicarágua ao Brasil, passando por Chile, Bolívia, Uruguai, Argentina e Venezuela, foram abalados por rupturas institucionais, golpes de Estado, apoiados diretamente pelos EUA, com o claro objetivo de manter o controle sobre o continente na dinâmica da Guerra Fria.
Fonte: WikimediaFigura 28. Selo húngaro com a imagem de Josef Stalin da década de 1950. | Fonte: Wikimedia
Algo semelhante estava acontecendo no Leste Europeu. A URSS foi fundada em 1922, como um dos desdobramentos da Revolução Russa, iniciada em 1917, com o objetivo de construir uma rede de auxílio mútuo formada por países socialistas a fim de resistir aos ataques do ocidente capitalista. Depois da morte de Lenin, em 1924, Josef Stalin (1878-1953), após derrotar Leon Trotsky (1879-1940) na disputa interna pelo poder, assumiu o controle da URSS, que cada vez mais foi tomando a feição de um império, agindo com violência contra as partes dissidentes.
No seu apogeu, a URSS reuniu, apenas na Europa, quinze repúblicas, fora os aliados em outros continentes, que em alguns momentos estiveram sob influência direta de Moscou, como foi o caso da China, da Coreia do Norte e do Camboja na Ásia, Congo e Somália na África e de Cuba na América. De modo algum, o império soviético esteve imune às críticas e rebeliões internas ao longo dos seus sessenta e nove anos de existência.
Não foram raros os episódios de questionamento, e mesmo de revolta aberta, contra a autoridade de Moscou. Sem dúvida, o mais emblemático deles aconteceu na Hungria, em 1956. A revolta popular começou no centro de Budapeste, em um movimento de estudantes que protestavam contra o autoritarismo do governo apoiado por Moscou, e logo foi absorvido por todo o país. A população se organizou em milícias e conseguiu derrotar as forças do governo, que contavam com o apoio de tropas soviéticas. Logo depois, aconteceu uma reviravolta e, após sangrentos conflitos que deixaram um saldo de aproximadamente 4 mil mortos, a autoridade soviética foi restabelecida. Mesmo com a vitória, a autoridade de Moscou saía arranhada em um momento de muitas dificuldades, quando os crimes contra a humanidade cometidos no período stalinista estavam sendo denunciados à comunidade internacional.
A Guerra Fria acabou junto com a URSS, no final da década de 1980, o que não significou o fim das tensões imperialistas. O final do século XX assistiu à ascensão da China como importante potência internacional, passando a rivalizar com os EUA na economia, na corrida tecnológica e no plano geopolítico.
A história do imperialismo não é marcada apenas por dominação, mas também por resistências e projetos de descolonização. É esse o assunto que veremos no próximo módulo.
Assista a seguir a uma exposição sobre a história do imperialismo.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
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1. SEGUNDO O HISTORIADOR INGLÊS ERIC HOBSBAWM, O IMPERIALISMO, COMO TODAS AS OUTRAS CATEGORIAS MODERNAS, DEVE SER LIDO EM DETERMINADA PERSPECTIVA POLÍTICA. ASSINALE, ENTRE AS OPÇÕES ABAIXO, AQUELA QUE MELHOR APRESENTA O ARGUMENTO DE HOBSBAWM.
Para o autor, o imperialismo é uma categoria que a modernidade herdou da Idade Média, sendo, então, necessário recuperar essa ancestralidade, o que torna os impérios modernos muito parecidos com os impérios medievais.
Para o autor, o imperialismo deve ser visto em sua concretude histórica, em seu sentido burguês, pois a expansão imperialista que começou no século XIX foi um dos resultados da “dupla revolução”, que entre os séculos XVIII e XIX consolidou o capitalismo como organização social hegemônica na Europa.
Para o autor, o imperialismo é uma categoria que surge apenas na segunda metade do século XX, como resultado da construção da URSS, devendo ser, portanto, lida à luz do repertório conceitual do socialismo real.
Para o autor, o imperialismo é uma categoria que surge apenas na segunda metade do século XX, como resultado do capitalismo financeiro, devendo ser, por isso, desvinculado da fase industrialda história do capitalismo.
Para o autor, o imperialismo é uma categoria que surge vinculada ao capitalismo industrial, mas sua dinâmica cultural é muito semelhante ao projeto do “reino cristão universal”, característico do imperialismo medieval.
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2. A HISTÓRIA MODERNA APRESENTA DOIS GRANDES MOVIMENTOS DE DOMINAÇÃO IMPERIALISTA. O SISTEMA DE DOMINAÇÃO COLONIAL MERCANTILISTA, ENTRE OS SÉCULOS XVI E XIX, E O IMPERIALISMO, TAMBÉM CHAMADO DE NEOCOLONIALISMO, NOS SÉCULOS XIX E XX. ASSINALE, ENTRE AS OPÇÕES ABAIXO, AQUELA QUE MELHOR APRESENTA AS DIFERENÇAS ENTRE OS DOIS.
A dominação mercantilista teve como alvos a América, a África e a Ásia, enquanto a dominação neocolonialista esteve concentrada na África, na Ásia e na Oceania. A colonização mercantilista se caracterizou pela dominação política direta, enquanto o neocolonialismo esteve mais preocupado com a dominação propriamente econômica, garantindo certa autonomia política para as lideranças locais.
A dominação mercantilista teve como alvos a África, a Ásia e a Oceania, enquanto a dominação neocolonialista esteve concentrada na América e na África. A colonização mercantilista se caracterizou pela dominação política direta, enquanto o neocolonialismo esteve mais preocupado com a dominação propriamente econômica, garantindo certa autonomia política para as lideranças locais.
A dominação mercantilista teve como alvos a América, a África e a Ásia, enquanto a dominação neocolonialista esteve concentrada na África, na Ásia e na Oceania. O neocolonialismo se caracterizou pela dominação política direta, enquanto a dominação mercantilista esteve mais preocupada com a dominação propriamente econômica, garantindo certa autonomia política para as lideranças locais.
A dominação mercantilista teve como alvos a África, a Ásia e a Oceania, enquanto a dominação neocolonialista esteve concentrada na América e na África. O neocolonialismo se caracterizou pela dominação política direta, enquanto a dominação mercantilista esteve mais preocupada com a dominação propriamente econômica, garantindo certa autonomia política para as lideranças locais.
Tanto a dominação mercantilista como o neocolonialismo tiveram como alvos a África, a Ásia e a Oceania. A diferença é que o neocolonialismo se caracterizou pela dominação política direta, enquanto a dominação mercantilista esteve mais preocupada com a dominação propriamente econômica, garantindo certa autonomia política para as lideranças locais.
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GABARITO
1. Segundo o historiador inglês Eric Hobsbawm, o imperialismo, como todas as outras categorias modernas, deve ser lido em determinada perspectiva política. Assinale, entre as opções abaixo, aquela que melhor apresenta o argumento de Hobsbawm.
A alternativa "B " está correta.
Na interpretação de Hobsbawm, o imperialismo não pode ser lido como uma categoria abstrata, mas sim como uma das outras tantas categorias constitutivas do repertório conceitual burguês moderno, forjado entre os séculos XVIII e XIX, o período da “dupla revolução”.
2. A História Moderna apresenta dois grandes movimentos de dominação imperialista. O sistema de dominação colonial mercantilista, entre os séculos XVI e XIX, e o imperialismo, também chamado de neocolonialismo, nos séculos XIX e XX. Assinale, entre as opções abaixo, aquela que melhor apresenta as diferenças entre os dois.
A alternativa "A " está correta.
O neocolonialismo não se desdobrou sobre a América com a mesma intensidade da dominação mercantilista e, na prática de poder, o neocolonialismo resguardava alguma autonomia política para as lideranças locais.
MÓDULO 3
Reconhecer o nascimento e o fortalecimento de práticas e narrativas de descolonização, tanto no plano político-econômico como no plano epistêmico
PROJETOS DE DESCOLONIZAÇÃO
Assista a seguir a uma exposição sobre descolonialidade e decolonialidade.
A essa altura de nossos estudos, já sabemos que o termo imperialismo é usado para designar relações assimétricas entre sociedades. De um lado, estão as sociedades mais poderosas, em expansão. Do outro, as sociedades mais fracas, dominadas. Entretanto, precisamos ter o cuidado de não absolutizar essas assimetrias, pois nem os poderosos têm poder absoluto, nem os dominados são completamente incapazes de oferecer resistência.
Enquanto existirem relações imperialistas, existirão, também, práticas de questionamento e rebeldia à dominação. No caso específico do imperialismo moderno, como mostram os estudos desenvolvidos pelo historiador Terence Ranger (1929-2015), movimentos de resistência questionaram a presença europeia na África ainda no século XIX, desde os primeiros momentos da ocupação.
Na década de 1880, o Egito, sob influência britânica, protagonizou uma grande revolta popular que ficou conhecida como Revolução Urabista, que tinha agenda nacionalista e questionava a dominação inglesa. A revolta teve sucesso em um primeiro momento, conseguindo derrubar o governo alinhado a Londres. Mas, em 1882, as forças inglesas invadiram o Egito, reprimiram violentamente os revoltosos e derrubaram o governo revolucionário.
Fonte: WikimediaFigura 29. Ilustração do London News, de julho de 1882. | Fonte: Wikimedia
A violência da repressão enfraqueceu as lideranças anti-imperialistas egípcias a tal ponto que novas rebeliões voltariam a acontecer apenas no século XX, durante a Primeira Guerra Mundial.
Em 1895, foi a vez da Somália se rebelar contra a dominação europeia. Disputado por França, Inglaterra e Itália, o país africano se levantou em armas, liderado por Sayyid Mohammed Abdullah Hassan (1856-1920). O conflito durou décadas sem que os rebeldes jamais tenham conseguindo assumir efetivamente o controle do território nem expulsar os invasores. Mas a Rebelião Hassaniana tornou-se um importante capital simbólico para a luta anti-imperialista na Somália até a segunda metade do século XX.
Fonte: WikimediaFigura 30. Desembarque do 40º Batalhão de Chasseur à Pieds em Majunga, em maio de 1895. | Fonte: Wikimedia
Até o início da década de 1880, o reino de Madagascar era independente e possuía um sólido projeto de modernização em marcha, liderado pelo primeiro-ministro Rainilaiarivoni (1828-1896), que ocupava o cargo desde 1864. A ilha foi invadida pelos franceses em 1882, originando um período de guerras que durou até a década de 1890, quando o país foi completamente dominado pela França, situação em que permaneceria até a década de 1960.
A Ásia tem lugar importante no imaginário europeu desde o final da Idade Média, sendo representada como as “Índias”, fonte das valiosas especiarias tão ambicionadas pelos comerciantes ocidentais. Na esteira do neocolonialismo, o continente foi ocupado, pioneiramente, pela Inglaterra em meados do século XIX, mediante uma série de conflitos conhecidos como Guerra do Ópio, que se desenvolveram em duas ondas: a primeira foi entre 1849 e 1842 e a segunda entre 1856 e 1860.
Os conflitos foram travados em território chinês, tendo sido motivados pelo interesse da Inglaterra em comercializar o ópio, uma droga entorpecente. Com a vitória, a Inglaterra não apenas continuou explorando o comércio de ópio, mas acentuou sua presença na região, incluindo o controle da China, que passou a ser alvo das pretensões de outras potências, como Rússia, EUA, França, Alemanha e Japão.
Fonte: WikimediaFigura 31. O 98º Regimento de Pé no ataque a Chin-Kiang-Foo, em julho de 1842, aquarela do ilustrador militar Richard Simkin. | Fonte: Wikimedia
Parte da sociedade chinesa voltaria a se rebelar contra as pressões imperialistas entre 1900 e 1901, naquilo que ficou conhecido como Guerra dos Boxers. Diferentemente do que aconteceu na Guerra do Ópio, as forças rebeldes não adotaram a tática dos grandes conflitos, mas sim das pequenas incursões, feitas sempre por poucos combatentes, organizados em milícias. O movimento foi violentamente reprimido pela coalizão das potências imperialistas com interesses na região, as quais temiam que a revolta se espalhasse por outrosterritórios.
Fonte: WikimediaFigura 32. Representantes dos Estados participantes na Conferência de Bandung (1955). | Fonte: Wikimedia
Apesar de todos esses conflitos, que demonstraram a capacidade das sociedades dominadas de reagir ao poder colonial, a agenda da descolonização só viria a se fortalecer, ganhando o apoio da opinião pública internacional, na década de 1950, quando foi realizada, na Índia, a Conferência de Bandung (1955). A conferência reuniu líderes de 29 estados asiáticos e africanos que, liderados por Indonésia, Índia, Birmânia, Sri Lanka e Paquistão, afirmaram ao mundo seu direito de autodeterminação, em clara afronta ao imperialismo europeu.
Começava aí, segundo Eric Hobsbawm, o mais destrutivo ataque ao neocolonialismo, uma vez que não acionava as armas e os exércitos, mas sim a diplomacia, e em um ambiente de comoção ainda marcado pelo trauma da Segunda Guerra Mundial. Os líderes da conferência se declararam socialistas, mas tiveram a preocupação de deixar claro seu não alinhamento na lógica da Guerra Fria, afirmando-se como um terceiro mundo, ou seja, como não pertencentes nem ao bloco capitalista, nem ao bloco comunista.
Outra característica importante da Conferência de Bandung foi a denúncia dos efeitos negativos da exploração econômica imposta pelos países ricos aos países pobres, assim como a definição do racismo como uma ofensa à humanidade, que se tornaram legados importantes para os valores compartilhados pela comunidade internacional na segunda metade do século XX, ainda que com frequência não sejam adotados na prática.
PROCESSOS DECOLONIAIS
A Conferência de Bandung foi o símbolo de um potente debate internacional que era norteado pela agenda da descolonização, tendo originado também uma corrente de pensamento que costuma ser chamada de pós-colonial, para o caso dos intelectuais africanos e asiáticos, e decolonial, para o caso dos intelectuais latino-americanos
Os pensamentos pós-colonial e decolonial partem da premissa teórica, e política, de que a dominação colonial não se deu apenas nos planos político, econômico e militar, mas também no epistêmico, uma vez que as potências europeias impuseram aos seus domínios determinadas maneiras de pensar e conhecer a realidade. Nas palavras de Syed Farid Alatas (2010), escritor malaio, a lógica colonial atribuiu estatuto marginal aos pensadores e conceitos não ocidentais.
A ideias da colonização, portanto, reforçam a dominação colonial e sobrevivem mesmo depois do fim formal das relações coloniais. Por isso, os pensamentos pós-colonial e decolonial têm notória dimensão de militância política, uma vez que o objetivo não é apenas entender a realidade, mas sim sanear o pensamento periférico da condição que lhe foi imposta pelo colonialismo.
Para o sociólogo porto-riquenho Ramón Grosfoguel (2009), trata-se de sugerir uma perspectiva epistêmica que parta de lugares étnico-raciais subalternos, visando contribuir para uma teoria crítica decolonial radical. Em jogo aqui está a convicção de que o processo de descolonização não será completo sem a descolonização do pensamento. Os pensamentos pós-colonial e decolonial questionam a possibilidade de que seja possível conhecer a realidade de forma pura, não afetada, uma vez que toda tentativa de conhecimento faz parte de um ecossistema maior, que modula, muitas vezes inconscientemente, o sujeito cognoscente. Há aqui uma insatisfação com a imagem do observador cartesiano universal e incorpóreo, uma das principais invenções da modernidade ocidental.
A depender da região, as críticas pós-coloniais e decoloniais assumiram diversos formatos e ensejaram diferentes projetos político-epistêmicos de descolonização intelectual. Na região de colonização francesa, ganhou destaque o grupo que ficou conhecido como tríade francesa, constituído por autores como Aimé Césaire (1913-2009), Albert Memmi (1920-2020) e Frantz Fanon (1925-1961). A perspectiva formulada por esses intelectuais denuncia não somente as desigualdades sociais, mas os dispositivos que produzem essas desigualdades no cotidiano, legitimados por construções epistemológicas colonialistas e racistas, que necessitam não apenas de uma simples reforma ou revisão, mas de uma revolução; uma atenção especial, uma guinada radical e urgente.
Em seu Discurso sobre o colonialismo, proferido em 1978, o poeta, dramaturgo e político martinicano Aimé Césaire questionou a capacidade da inteligência europeia moderna em cumprir as promessas de progresso e desenvolvimento feitas pela própria modernidade europeia. O que está em jogo na crítica de Césaire são as próprias concepções modernas de desenvolvimento e progresso, que não teriam levado em conta outros modos de vida para além daqueles observados nas sociedades europeias ocidentais.
Fonte: WikimediaFigura 33. Aimé Césaire em 2003 | Fonte: Wikimedia
A CIVILIZAÇÃO DITA EUROPEIA, A CIVILIZAÇÃO OCIDENTAL, COMO MODELARAM DOIS SÉCULOS DE REGIME BURGUÊS, É INCAPAZ DE RESOLVER DOIS PROBLEMAS MAIORES QUE A SUA EXISTÊNCIA DEU ORIGEM: O PROBLEMA DO PROLETARIADO E O PROBLEMA COLONIAL.
(CÉSAIRE, 1978)
Fonte: WikimediaFigura 34. Albert Memmi em 1982. | Fonte: Wikimedia
O tunisiano Albert Memmi, por sua vez, esteve interessado em investigar os impactos cognitivos da experiência colonial tanto entre colonizados como entre colonizadores. Em um conjunto de textos publicados na década de 1950, o autor fala em uma dupla alienação, já que colonizador e colonizado seriam simbolicamente dependentes um do outro, modelando seus comportamentos à luz dos valores coloniais.
Do lado do colonizador, teria acontecido a naturalização da violência, o que também impactaria de maneira nociva as sociedades imperialmente, moralmente pervertidas pelo poder colonial. Já o colonizado, mesmo odiando o colonizador, o admirava também, na medida em que via seus hábitos e comportamentos como mais desenvolvidos e evoluídos.
A DESVALORIZAÇÃO DO COLONIZADO SE ESTENDE ASSIM A TUDO O QUE ELE TOCA: INCLUSIVE AO SEU PAÍS, QUE É FEIO, QUENTE DEMAIS, ESPANTOSAMENTE FRIO, MALCHEIROSO, DE CLIMA VICIADO, COM A GEOGRAFIA TÃO DESESPERADA QUE O CONDENA AO DESPREZO E À POBREZA, À ETERNA DEPENDÊNCIA. EM SEU FUNDAMENTO, O COLONIALISMO POSSUI FORTES LIGAÇÕES COM O RACISMO E AS DEMAIS FORMAS DE PRODUÇÃO DE DESIGUALDADES, TAIS QUAIS, CLASSE, GÊNERO E ORIGEM (ÉTNICA/REGIONAL/NACIONAL), SENDO QUE O RACISMO OCUPA UM LUGAR DE DESTAQUE NESSE PENSAMENTO COLONIALISTA, POSTO QUE, O COLONIALISTA REIVINDICA À DESIGUALDADE RACIAL UMA CONDIÇÃO ONTOLÓGICA.
(MEMMI, 2007)
A superação da colonização mental demandaria, portanto, uma crítica radical às autorrepresentações feitas pelas sociedades colonizadas a partir dos códigos e dos valores forjados na, e pela, experiência colonial.
As relações entre o racismo e a dominação colonial também foram exploradas pelo filósofo e psicanalista martinicano Frantz Fanon, que escreveu dois grandes clássicos da teoria crítica pós-colonial: os livros Pele Negra, Máscaras Brancas e Os condenados da terra, publicados, respectivamente, em 1952 e 1968. O autor argumenta que nenhum ato do colonizador é por acaso, que tudo faz parte de um projeto de dominação cujo objetivo é a alienação cultural do colonizado.
Fonte: WikimediaFigura 35. Frantz Fanon | Fonte: Wikimedia
QUANDO REFLETIMOS NOS ESFORÇOS EMPREGADOS PARA PROVOCAR A ALIENAÇÃO CULTURAL TÃO CARACTERÍSTICA DA ÉPOCA COLONIAL, COMPREENDEMOS QUE NADA FOI FEITO AO ACASO E QUE O RESULTADO GLOBAL PRETENDIDO PELO DOMÍNIO GLOBAL ERA CONVENCER OS INDÍGENAS QUE O COLONIALISMO DEVIA ARRANCÁ-LOS DAS TREVAS.
(FANON, 1968).
É importante destacar também os intelectuais asiáticos reunidos no grupo dos estudos subalternos, com importantes nomes da intelectualidade indiana como Ranajit Guha, Partha Chatterjee, Dipesh Chakrabarty e Gayatri Spivak. Irmanados pelo conceito de subalternidade, esses autores, cada um a seu modo, estão preocupados em lançar luz sobre as maneiras de pensar que foram silenciadas pela dominação colonial. O principal objetivo desses autores foi reescrever a história da índia colonial na perspectivados colonizados, criticando assim a hegemonia da narrativa histórica inglesa. Segundo Gayatri Spivak, o subalterno não é apenas o oprimido, mas sim todos os que vivenciam alguma experiência de exclusão no mundo moderno, globalizado e capitalista, onde a subalternidade é associada ao silenciamento, à não fala. O subalterno, portanto, é aquele que não domina os dispositivos de fala, que foi silenciado, que não consegue, sequer, falar por si mesmo, sobre si mesmo.
Na América Latina, no pensamento decolonial, destaca-se o grupo Modernidade/Colonialidade, composto por autores como Edgardo Lander, Arturo Escobar, Walter Mignolo, Enrique Dussel, Aníbal Quijano (1928-2018), Fernando Coronil (1944-2011), Maria Lugones (1944-2020), preocupados em entender e denunciar os impactos das ideias coloniais nas sociedades latino-americanas contemporâneas. No caso específico da intelectualidade brasileira, esse debate já vem se manifestando desde meados do século XX, com o sociólogo baiano Alberto Guerreiro Ramos (1915-1982) e com a antropóloga mineira Lélia Gonzales (1935-1994).
Atualmente, destacam-se os trabalhos de Djamila Ribeiro, Ailton Krenak e Silvio Almeida. Podemos pensar também em precursores fundamentais, como Eduardo Galeano (1940-2015). Ao rediscutir a identidade latino-americana, perceber o princípio colonialista como um traço de fortalecimento da retórica negativa à inadequação é a base da dominação. Jamais poderíamos ser o que era esperado que nós fôssemos, pois não somos o centro; e ainda que utilizássemos o termo na época, a inquietação e os debates são fundamentais para a compreensão do assunto.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
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1. HÁ SEMELHANÇAS E DIFERENÇAS ENTRE A GUERRA DO ÓPIO (1840-1842/1856-1860) E A GUERRA DOS BOXERS (1900-1901). ASSINALE, ENTRE AS OPÇÕES ABAIXO, AQUELA QUE MELHOR APRESENTA AS SEMELHANÇAS E AS DIFERENÇAS.
Ambas as guerras foram travadas na Europa entre potências imperialistas que tinham interesses na Ásia e na África. A diferença é que a Guerra do Ópio foi vencida pela Inglaterra, enquanto a Guerra dos Boxers foi vencida pela França.
Ambas as guerras foram travadas na América, sendo caracterizadas por revoltas nas sociedades latino-americanas com a dominação dos EUA. A diferença é que a Guerra do Ópio aconteceu no Peru e a Guerra dos Boxers aconteceu na Argentina.
Ambas as guerras foram travadas na Ásia, especificamente na China, e tiveram natureza anti-imperialista. A diferença é que a Guerra do Ópio foi caracterizada por conflitos abertos, envolvendo exércitos organizados. Já a Guerra dos Boxers foi caracterizada por pequenas incursões, nas quais os rebeldes lutavam organizados em milícias.
Ambas as guerras foram travadas na África, especialmente no Egito, e tiveram natureza anti-imperialista. A diferença é que a Guerra do Ópio foi liderada pela aristocracia colonial, enquanto a Guerra dos Boxers teve perfil mais popular.
Ambas as guerras foram travadas na África, respectivamente no Egito e no Congo. A diferença é que a Guerra do Ópio era anti-imperialista, enquanto a Guerra dos Boxers foi provocada pelo interesse da sociedade civil congolesa em ser administrada pela França e não pela Inglaterra.
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2. A CONFERÊNCIA DE BANDUNG FORMULOU O CONCEITO DE TERCEIRO MUNDO. ASSINALE, ENTRE AS ALTERNATIVAS ABAIXO, AQUELA QUE MELHOR DEFINE ESSE CONCEITO.
Terceiro mundo indicava o alinhamento das nações asiáticas e africanas reunidas na Conferência de Bandung ao comunismo soviético, mas buscando uma organização própria, não diretamente tutelada por Moscou.
Terceiro mundo indicava o interesse das nações asiáticas e africanas reunidas na Conferência de Bandung em não se alinharem nem ao comunismo soviético, nem ao capitalismo norte-americano, constituindo-se, assim, em um terceiro mundo independente das duas potências que protagonizavam a Guerra Fria.
Terceiro mundo indicava o interesse das nações asiáticas e africanas reunidas na Conferência de Bandung em continuar sendo tuteladas pelas potências europeias, que ainda eram vistas como representantes da “civilização”.
Terceiro mundo indicava o interesse das nações asiáticas e africanas reunidas na Conferência de Bandung em afirmar a vocação agrícola do continente, em uma clara resistência ao projeto de industrialização que estava sendo imposto pelas potências europeias.
Terceiro mundo indicava o interesse das nações asiáticas e africanas reunidas na Conferência de Bandung em aderir à aliança militar liderada pelos EUA na dinâmica da Guerra Fria, sem com isso aderir político-ideologicamente ao capitalismo.
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GABARITO
1. Há semelhanças e diferenças entre a Guerra do Ópio (1840-1842/1856-1860) e a Guerra dos Boxers (1900-1901). Assinale, entre as opções abaixo, aquela que melhor apresenta as semelhanças e as diferenças.
A alternativa "C " está correta.
A história do imperialismo é atravessada por tensões e isso pode ser observado na Ásia durante o século XIX. As guerras do Ópio e dos Boxers foram travadas na China, com a diferença na tática adotada pelos insurgentes. Enquanto, no primeiro conflito, exércitos se enfrentaram, no segundo aconteceram pequenas incursões caracterizadas pela organização miliciana.
2. A Conferência de Bandung formulou o conceito de terceiro mundo. Assinale, entre as alternativas abaixo, aquela que melhor define esse conceito.
A alternativa "B " está correta.
Uma das principais características da Conferência de Bandung foi a declaração de não alinhamento às potências que protagonizavam a Guerra Fria.
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O imperialismo é um conceito polissêmico que costuma ser usado para definir as relações desiguais de poder entre as diferentes sociedades. Essas relações, no entanto, são complexas, tendo sido manifestadas de formas distintas na História Moderna.
Nosso interesse aqui foi reconhecer essa complexidade, chamando a atenção para o fato de que as sociedades dominantes e as sociedades dominadas não devem ser vistas como blocos homogêneos, mas sim como grupos plurais, atravessados por clivagens internas e envolvidos em experiências de conflito e negociação.
Fundamental, também, é jamais esquecer que mesmo as sociedades mais dominadas foram capazes de oferecer algum tipo de resistência, seja no conflito aberto, pegando em armas, nas práticas culturais e nos sistemas de pensamento, ou mesmo tudo isso junto.
Fica para nós a lição de que, enquanto existirem seres humanos, haverá disputas e projetos de dominação, bem como práticas de resistência.
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
ALATAS, S. F. A definição e os tipos de discursos alternativos. In: Estudos Históricos. Rio de Janeiro, v. 23, n. 46, p. 225-245, jul.-dez. 2010.
AYERBE, L. F. Estados Unidos e América Latina. São Paulo: Editora UNESP, 2002.
CÉSAIRE, A. Discurso sobre o colonialismo. Lisboa: Sá da Costa, 1978.
GORDON, B. Explanations of Japan Imperialistic Expansion. Nova York: Columbia Press, 2008.
GROSFOGUEL, R. Para descolonizar os estudos de economia política e os estudos pós-coloniais: transmodernidade, pensamento de fronteira e colonialidade global. In: SANTOS, B. S.; MENESES, M. P. Epistemologias do sul. Coimbra: CES, 2009.
FANON, F. Pele negra, máscaras brancas. Salvador: EDUFBA, 2008.
FANON, F. Os condenados da terra. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1968
HOBSBAWM, E. A era das revoluções. São Paulo: Paz e Terra, 2005.
 HOBSBAWM, E. A era dos impérios 1875-1914. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2014.
HOBSBAWM, E. A era dos extremos. São Paulo: Companhia das Letras, 2005.
HUNT, E. K. Property and Prophets: The Evolution of Economic Institutions and Ideologies. Armonk, Nova York: M. E. Sharpe, 2003.
LENIN, V. Imperialismo, fase superior do capitalismo. Brasília: Nova Palavra, 2007.
LUXEMBURGO, R. Uma introdução à economia política. São Paulo: Civilização Brasileira, 1975.
MEMMI, A. Retrato do colonizado precedido de retrato do colonizador. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2007.
PISTONE, S. Imperialismo. In: BOBBIO, N.;MATTEUCCI, N.; PASQUINO, G. Dicionário de Política. Brasília: Ed. UNB, 1995.
RANGER, T. O. Iniciativas e resistência africanas em face da partilha e da conquista. In: História geral da África VII: África sob dominação colonial, 1880-1935. 2. ed. rev. Brasília: UNESCO, 2010.
SEMMEL, B.  Imperialism and Social Reform. Londres: Allen & Unwin, 1960.
SILVÉRIO, V. R. Síntese da coleção História Geral da África: século XVI ao século XX. Brasília: UNESCO, MEC, UFSCar, 2013,
EXPLORE+
· Visite o site das Nações Unidas. Boa parte das discussões culmina na criação da ONU.
· Leia o poema O fardo do homem branco, de Rudyard Kipling, e perceba o ideal imperialista ali manifestado.
· Leia o livro O imperialismo, etapa superior do capitalismo, de Vladimir Ilitch Ulianov, Lenin.
· Leia o livro A Insustentável leveza do ser, de Milan Kundera, e avalie uma narrativa literária que abordou a relação da URSS com o Leste Europeu.
CONTEUDISTA
RODRIGO PEREZ OLIVEIRA
CURRÍCULO LATTES

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