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Prévia do material em texto

História 
Contemporânea
Professora Me. Maria Helena Azevedo Ferreira
Reitor 
Prof. Ms. Gilmar de Oliveira
Diretor de Ensino
Prof. Ms. Daniel de Lima
Diretor Financeiro
Prof. Eduardo Luiz
Campano Santini
Diretor Administrativo
Prof. Ms. Renato Valença Correia
Secretário Acadêmico
Tiago Pereira da Silva
Coord. de Ensino, Pesquisa e
Extensão - CONPEX
Prof. Dr. Hudson Sérgio de Souza
Coordenação Adjunta de Ensino
Profa. Dra. Nelma Sgarbosa Roman 
de Araújo
Coordenação Adjunta de Pesquisa
Prof. Dr. Flávio Ricardo Guilherme
Coordenação Adjunta de Extensão
Prof. Esp. Heider Jeferson Gonçalves
Coordenador NEAD - Núcleo de 
Educação à Distância
Prof. Me. Jorge Luiz Garcia Van Dal
Web Designer
Thiago Azenha
Revisão Textual
Kauê Berto
Projeto Gráfico, Design e
Diagramação
Carlos Eduardo Firmino de Oliveira
2021 by Editora Edufatecie
Copyright do Texto C 2021 Os autores
Copyright C Edição 2021 Editora Edufatecie
O conteúdo dos artigos e seus dados em sua forma, correçao e confiabilidade são de responsabilidade 
exclusiva dos autores e não representam necessariamente a posição oficial da Editora Edufatecie. Permi-
tidoo download da obra e o compartilhamento desde que sejam atribuídos créditos aos autores, mas sem 
a possibilidade de alterá-la de nenhuma forma ou utilizá-la para fins comerciais.
 
 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - CIP 
 
F383h Ferreira, Maria Helena Azevedo 
 História contemporânea/ Maria Helena Azevedo Ferreira. 
 Paranavaí: EduFatecie, 2022. 
 99 p. : il. Color. 
 
 
 
1. História moderna. 2. Imperialismo. 3. Capitalismo. 4. 
 Neoliberalismo. 5. Berlim, Muro de (1961-1969 ) I. Centro 
 Universitário UniFatecie. II. Núcleo de Educação a 
 Distância. III. Título. 
 
 CDD : 23 ed. 909.8 
 Catalogação na publicação: Zineide Pereira dos Santos – CRB 9/1577 
 
 
UNIFATECIE Unidade 1 
Rua Getúlio Vargas, 333
Centro, Paranavaí, PR
(44) 3045-9898
UNIFATECIE Unidade 2 
Rua Cândido Bertier 
Fortes, 2178, Centro, 
Paranavaí, PR
(44) 3045-9898
UNIFATECIE Unidade 3 
Rodovia BR - 376, KM 
102, nº 1000 - Chácara 
Jaraguá , Paranavaí, PR
(44) 3045-9898
www.unifatecie.edu.br/site
As imagens utilizadas neste
livro foram obtidas a partir 
do site Shutterstock.
AUTOR
Professora Me. Maria Helena Azevedo Ferreira
Mestra em História pela Universidade Estadual de Maringá (UEM), especialista 
em Tecnologias Aplicadas ao Ensino Superior, pelo Centro Universitário Cidade Verde 
(UniFCV), graduada em História pela Universidade Estadual de Maringá. Já atuou como 
tutora pedagógica no curso a distância de História (UEM), tutora operacional na Unicesumar 
e professora orientadora dos cursos de pós-graduação lato sensu na mesma instituição. 
Atualmente é supervisora de pós-graduação no Centro Universitário Cidade Verde. 
CURRÍCULO LATES http://lattes.cnpq.br/5335993798322851
APRESENTAÇÃO DO MATERIAL
Caro(a) estudante, em nossa disciplina veremos os principais aspectos que 
marcaram a História Contemporânea. Foi um momento que se desenrola até os dias atuais, 
de interação entre as nações do mundo. Seja uma relação de troca, de dominação e, por 
vezes, conflituosa. Esperamos que a discussão iniciada aqui possa abrir caminhos para 
que você se aprofunde ainda mais em seus estudos. 
Na primeira unidade, você verá o conceito de imperialismo e como este foi usado como 
ferramenta de política externa, especialmente em países da europa, bem como dos Estados 
Unidos. O mundo, neste contexto, foi repartido e subjugado, principalmente na África e na Ásia. 
Veremos como se deu a partilha da África e ocupação da Ásia, que só foi possível pela ideia 
que os europeus tinham que se tratavam de povos inferiores. Você vai entender como essa 
perspectiva se mostra presente até os dias atuais. Bem como verá que é no século XIX que se 
desenvolvem os nacionalismos, cujo teor irá se desenvolver no início do século XX. 
Na próxima unidade, você entenderá como o crescente nacionalismo, a corrida 
armamentista e a disputa por território ocasionaram a Primeira Guerra Mundial, também 
chamada de a Grande Guerra. Veremos também como a Revolução Russa de 1917 se 
desenvolveu, no começo do século, gerando uma ordem política, econômica e social nunca 
antes vista. Veremos também, sobre a ascensão dos Fascismos, focando no caso italiano 
e, também, no movimento correlato na Alemanha, denominado nazismo. Inerente a isso 
está a Segunda Guerra Mundial, a qual mudou o rumo das potências e fez emergir os EUA 
como líderes mundiais. Os EUA tiveram como adversário a URSS, que no contexto da 
Guerra Fria, se envolveram mutuamente na disputa por zonas de influência.
Na unidade que se segue, veremos com mais detalhes a Guerra Fria e o embate 
entre socialismo e capitalismo. Nesta unidade, você verá também o que foram os “trinta 
gloriosos”, que representaram o crescimento e fortalecimento dos países desenvolvidos. 
Após a queda do muro de Berlim e a desintegração da URSS, o mundo passou por outra 
mudança drástica, já que o mundo bipolar havia deixado de existir, pelo menos em tese. 
O fim do mundo dividido entre os interesses da URSS e dos EUA, possibilitou a 
emergência do neoliberalismo. Veremos, portanto, na última unidade do que se trata esse 
conceito e a sua aplicação. Aliado a isso, temos o fortalecimento dos ideais neoliberais na 
Inglaterra de Thatcher, bem como nos Estados Unidos. Concluiremos a unidade, abordando 
a globalização e seus impactos. Por fim, esperamos que este material forneça as bases, 
para que você possa conhecer melhor os eventos que marcaram a História Contemporânea.
SUMÁRIO
UNIDADE I ...................................................................................................... 3
Imperialismo e Nacionalismo
UNIDADE II ................................................................................................... 29
A Crise do Capitalismo
UNIDADE III .................................................................................................. 69
Da Guerra Fria à Queda do Muro de Berlim
UNIDADE IV .................................................................................................. 83
O Neoliberalismo e a Globalização
3
Plano de Estudo:
● Conceituando Imperialismos;
● A partilha da África;
● Imperialismo na Ásia e no Pacífico;
● Nacionalismo.
.
Objetivos da Aprendizagem:
● Conceituar e contextualizar imperialismo;
● Compreender o processo de partilha da África
 e colonização na Ásia;
● Investigar o nascimento do nacionalismo. 
UNIDADE I
Imperialismo e 
Nacionalismo
Professora Me. Maria Helena Azevedo Ferreira
4UNIDADE I Imperialismo e Nacionalismo
INTRODUÇÃO
Prezado(a) aluno(a), nesta unidade, vamos adentrar no período que a historiografia 
convencionou chamar de história contemporânea. Nestes quatro primeiros tópicos, vamos 
discutir assuntos como imperialismos e suas consequências e nacionalismos. Você 
perceberá que foi um momento que o mundo como conhecemos hoje foi desenhado, 
repartido, subjugado. O globo ficou dividido entre dominadores e dominados, essa divisão 
marca até hoje as nações. 
No nosso primeiro capítulo, exploraremos o imperialismo. Ainda hoje usamos o 
conceito de imperialismo como um adjetivo para nos referir às nações cuja política externa 
tem como um dos escopos intervir na soberania de outros países. Você vai entender que 
esse conceito está ligado ao contexto do último quartel do século XIX e início do século 
XX. A ideia de dominação esteve ancorada em aspectos econômicos, políticos e culturais 
e foi sujeita a algumas análises teóricas. 
A concepção de que deva existir um grupo dominante e outro dominado implica 
necessariamente em reconhecer o outro como inferior, como passível de posse. No segundo 
tópico entenderemos como essa ideia se deu na prática pormeio da partilha da África. Nunca 
na história no mundo um grupo de países se sentiu tão livre para repartir um continente 
inteiro. Isso se deu, como você verá, de acordo com interesses econômicos e políticos 
na região. A partilha da África, feita com base em acordo, muitas vezes fraudulentos, que 
modificaram radicalmente o mapa do continente. De uma maneira semelhante, mas com 
formas de administração diferenciadas, se deu a colonização na Ásia e no Pacífico, tema 
do terceiro tópico. Você perceberá que várias nações, que já tinham possessões na África, 
também se empenharam em fazer esferas de influência também nesta região. 
Por fim, no último tópico discutiremos um tema importante, que até os dias atuais 
continua em voga: o nacionalismo. Vamos entender que o sentimento de pertencimento a 
um Estado-Nação não é um dado natural, apesar de ser tido como se fosse. Na Europa, 
estar sobre o mesmo território não era critério único para o desenvolvimento de um 
sentimento nacionalista. Veremos que a criação desse sentimento foi algo paulatino e foi 
um dos estopins para algo muito maior no século seguinte.
5UNIDADE I Imperialismo e Nacionalismo
1. CONCEITUANDO IMPERIALISMOS 
1.1 Imperialismo: contexto histórico 
Provavelmente você já deve ter ouvido falar em imperialismo, que determinados 
países agem de forma imperialista, mas você sabe o que significa esse conceito? É preciso 
compreendê-lo enquanto condição histórica que anda lado a lado com o capitalismo, que 
diz respeito ao período específico, mas que possui múltiplas expressões ao redor do 
globo até os dias atuais. 
Muitas sociedades se definiram como impérios, como o Império Romano, Império 
Britânico, Império Português, Império Espanhol, dentre tantos outros. De uma forma geral, 
independente do contexto histórico a que cada um pertença, eles possuem compartilham uma 
definição básica e usual acerca de suas práticas, sobre o modus operandi imperialista, que em 
síntese podemos entender que é a “expansão violenta por parte dos Estados, ou de sistemas 
políticos análogos, da área territorial da sua influência ou poder direto, e formas de exploração 
econômica em prejuízo dos Estados ou povos subjugados.” (PISTONE, 1998, p.15).
Apesar da humanidade sempre ter convivido com Impérios, Eric Hobsbawm (2008) 
afirma que entre 1875 e 1914 nunca tantos governantes se declararam imperadores. 
Esse foi o caso da Alemanha, Áustria, Turquia, Rússia, Grã-Bretanha e outros países fora 
da Europa, tais como China, Japão, Pérsia, dentre outros. Por isso, para Hobsbawm “Os 
imperadores e impérios eram antigos, mas o imperialismo era novíssimo.” (HOBSBAWM, 
2008, p. 92).
6UNIDADE I Imperialismo e Nacionalismo
Esse período é conhecido por um imperialismo colonial, com exceção da Europa 
e das Américas, o mundo inteiro foi dividido e colocado sob governo direto ou dominação 
indireta, sobretudo, por parte de países como a Grã-Bretanha, a Alemanha, a França, a 
Itália, a Holanda, os Estados Unidos, a Bélgica e o Japão. De uma maneira geral, a África 
e o Pacífico foram tomadas:
Não restou qualquer Estado independente no Pacífico, então totalmente 
distribuído entre britânicos, franceses, alemães, holandeses, norte-
americanos e – ainda em escala modesta – japoneses. Por volta de 1914, a 
África pertencia inteiramente aos impérios britânico, francês, alemão, belga, 
português e, marginalmente, espanhol. (HOBSBAWM, 2008, p. 89)
Além da conquista formal desses territórios, os países imperialistas também 
exerciam pressão política e econômica sobre a América Latina, mas nenhuma potência 
ousava desafiar os Estados Unidos, que desde a Doutrina Monroe de 1823, mostrava 
hostilidade a qualquer tipo de colonização em seu país (HOBSBAWM, 2008).
Assim, observamos uma expansão sem medidas, na qual o capitalismo cumpre 
papel central. O empresário britânico, Cecil Rhodes, expressou bem a mentalidade da 
época; olhou o céu, deprimiu-se e disse “essas estrelas (...) esses vastos mundos que nunca 
poderemos atingir. Se eu pudesse anexaria os planetas” (RHODES apud ARENDT, 1989, 
p. 154). Hobsbawm (2008) considera o imperialismo como uma nova etapa do capitalismo, 
que preconizava a divisão do mundo entre as grandes potências capitalistas, assim não há 
como negar o aspecto econômico do imperialismo.
Então, o fato maior do século XIX é a criação de uma economia global 
única, que atinge progressivamente as mais remotas paragens do mundo, 
uma rede cada vez mais densa de transações econômicas, comunicações 
e movimentos de bem, dinheiro e pessoas ligando os países desenvolvidos 
entre si e ao mundo não desenvolvido. (HOBSBAWM, 2008, p. 95) 
Na visão de Hobsbawm, o imperialismo inaugurou um novo capítulo no cenário 
mundial. O volume de exportações dos países imperialistas dobrou neste período, 
quilômetros e mais quilômetros de vias férreas foram construídas, colocando em jogo 
também a economia dos países periféricos. Havia, portanto, uma exploração dos nativos 
em função dos insumos vindos desses países, é o caso da borracha, exclusiva de clima 
tropicais, retirada no Congo e na Amazônia, do estanho da Ásia e da América do Sul, dos 
campos de petróleo do Oriente Médio, das jazidas de ouro e diamante da África do Sul – 
que é o maior produtor de ouro do mundo. 
7UNIDADE I Imperialismo e Nacionalismo
Insumos alimentícios também eram expropriados dos países dominados, deixando 
um legado para vários países, hoje subdesenvolvidos, em exportar na grande maioria 
produtos primários, dando origem ao termo “República das bananas”. (HOBSBAWM, 2008). 
O Brasil é um exemplo de país, o qual grande parte das exportações são de commodities1, 
passando por pouco ou nenhum processo industrial e que sempre foram baseados nas 
plantation2 . Modelos como o do Brasil sustentaram a economia imperialista.
[...] transformaram o resto do mundo, na medida em que o tornara um complexo 
de territórios coloniais e semicoloniais que crescentemente evoluíram em 
produtores especializados de um ou dois produtos primários de exportação 
para o mercado mundial, de cujo os caprichos eram totalmente dependentes. 
(HOBSBAWM, 2008, p. 98) 
Hobsbawm (2008) justifica a expansão imperialista dizendo que as economias 
globais sentiram, ao mesmo tempo, a necessidade de expansão de seus mercados. Já 
Arendt (1989) considera que o principal evento do imperialismo foi a emancipação da 
burguesia, que cresceu junto e dentro do Estado, delegando a este último as suas decisões 
políticas. Com isso, podemos compreender que a burguesia instrumentalizou o Estado para 
fazer valer os seus interesses por novos mercados. A expansão continuada, característica 
central do imperialismo, voltava-se, para o crescimento da produção industrial, tanto dos 
bens a serem produzidos, quanto consumidos.
O imperialismo surgiu quando a classe detentora da produção capitalista 
rejeitou as fronteiras nacionais como barreira à expansão econômica: como 
não desejava abandonar o sistema capitalista, cuja a lei básica é o 
constante crescimento econômico, a burguesia tinha de impor essa 
lei aos governo, para que a expansão se tornasse o objetivo final da 
política externa. (ARENDT, 1989, p. 156, grifo nosso)
Além do aspecto econômico do imperialismo, também gostaríamos de chamar 
a atenção para a questão política. O período mencionado, também é conhecido pela 
ascensão do nacionalismo, como veremos mais adiante, por isso, Arendt (1989) argumenta 
que diferentemente do fator econômico, que pode ser levado e multiplicado em outros 
territórios, o Estado-nação não pode ser replicado indefinidamente. Em consequência disso, 
a conquista de povos estrangeiros não comporta a ideia de integração, mas, quando muito, 
de mera assimilação. O Estado-nação deve ter a convicção de que está a impor uma lei 
superior a dos povos conquistados. (ARENDT, 2012) Cabe aqui, esclarecer que a noção de 
que os países imperialistas, considerados “avançados” estariam conquistandopovos ditos 
inferiores. Entretanto, essa intervenção do país imperialista, criava na nação conquistada o 
desejo de soberania, criando obstáculos para a criação do Império de fato. 
1Produtos que são essencialmente matéria-prima
2Grandes Extensões de terra com apenas um insumo. A história do Brasil viu a era da cana-de-açucar, do 
café, da soja, dentre outros.
8UNIDADE I Imperialismo e Nacionalismo
A ideia da existência de povos “inferiores” e “superiores”, encontrada como 
uma justificativa moral para o imperialismo, estava fortemente ancorada nos ideários de 
progresso econômico, moral, científico, bem como na concepção de darwinismo social. 
Mayer (1987), aponta que o darwinismo social se transformou na acepção aceita entre as 
classes dominantes e os governantes. Mas, afinal, do que trata tal ideologia?
Em primeiro lugar, é importante dizer que entre o final do século XIX e início 
do século XX as ciências naturais se legitimavam como campo de conhecimento e 
passavam a gozar de grande prestígio. Charles Darwin com a publicação da Origem 
das espécies, abalou o mundo ao descobrir o mecanismo de seleção natural, que 
selecionava os indivíduos mais aptos, explicando a variabilidade das espécies e sua 
evolução não-linear e aleatória. De acordo com Mayer (1987), as descobertas de Darwin 
acerca da evolução natural, influenciaram pensadores a elaborar o darwinismo social e 
também do evolucionismo social3 . Acredita-se que nas sociedades em geral vigorava 
a ideia de competição, da qual sairiam vencedores os mais fortes. Já no que concerne 
ao evolucionismo social, admitia-se que as sociedades estariam em diferentes estágios 
de evolução, em que, de grosso modo, países europeus estariam em um estágio mais 
avançado e os povos dominados em um estágio anterior ou, até mesmo, primitivo.
O que vimos até agora é o imperialismo em seu estado clássico, focado principal-
mente nas apropriações europeias, que, para Hobsbawm (2008) e outros historiadores de 
renome, vai até a eclosão da Primeira Guerra Mundial em 1914. Mas é salutar que os EUA 
também tenham vigorado como nação imperialista a partir do final do século XIX, já que até 
então eram um país dedicado à agricultura, à pecuária, ao extrativismo e ao comércio e em 
pouco tempo se tornaram uma potência militar e industrial. 
Os EUA vêm expandindo seu território desde a fundação da república em 1776, 
em constantes guerras com o México – anexando 40% do território vizinho até 1848 – e 
também com os nativos a oeste. Acreditava-se que ocupar as terras indígenas ou dos 
católicos hispânicos era parte de um desígnio divino para com a nação estadunidense, que 
acreditava ser “dotada de ética e moral”. (MUNHOZ, 2009, p. 246). Assistiu-se também 
a anexação do Alasca, comprado da Rússia por 7,2 milhões de dólares, em 1867, bem 
como a derrubada das lideranças locais do Havaí em vista da posse daquelas terras, que 
aconteceu em 1900. Esses territórios eram considerados estratégicos do ponto de vista 
comercial e militar na Ásia. A expansão estadunidense foi para além do seu entorno ainda 
em 1899, quando, em conjunto com a Alemanha, o país assumiu o controle das ilhas Samoa, 
localizadas no centro-sul do oceano Pacífico. (MUNHOZ, 2009)
3Diferentemente do Darwinismo social, o evolucionismo social tomou partido das concepções de outros 
pensadores, tais como Herbert Spencer, Edward B. Tylor, dentre outros
9UNIDADE I Imperialismo e Nacionalismo
A intenção era não apenas militar, mas também comercial. Assim como os 
imperialistas europeus, os EUA viram na conquista de novos mercados uma saída para a 
crise econômica que viviam no final do século XIX. Os EUA procuraram liderar o continente 
como um todo, influenciando largamente questões que lhe eram de interesse próprio, 
exemplo disso foi a construção do canal do Panamá, após o fracasso do projeto francês, os 
Estados Unidos decidiu levar a construção adiante, mas em meio a desentendimentos com 
a Colômbia – na época, a região do Panamá pertencia ao país latino – os EUA apoiaram 
rebeldes locais, provendo militarmente a revolta, para a declaração da independência 
panamenha. Mais tarde, os EUA assumiram o controle da região mediante pagamento e 
finalizaram a obra do canal do Panamá em 1914.
No envolto de suas práticas imperialistas, com frequência os EUA intervinham em 
questões dos países vizinhos, como foi o caso da República Dominicana, que vivia uma 
crise para com os seus credores. Os EUA ocuparam o país, justificando que era necessário 
restaurar a ordem e garantir o direito dos credos, com isso eles conseguiram afastar a 
interferência de potências europeias na região. Era isso que pregava a política do presi-
dente Roosevelt (1858-1919), o big stick, que procurava afastar a influência europeia do 
continente e acabou por violar a soberania de diversos países. 
De fato, os Estados Unidos empregavam o peso da sua economia para 
subordinar países da América Latina. Isso acontecia, sobretudo, pela 
concessão de empréstimos que levavam ao endividamento, em especial, 
dos países da América Central. Quando os débitos não podiam ser honrados 
ou se vislumbrava alguma instabilidade regional, os Estados Unidos 
justificavam a intervenção como medida de proteção aos seus direitos e 
dos seus capitalistas. (MUNHOZ, 2009, p.250) 
Diferente do que o imaginário popular legítima, não foi a livre iniciativa que 
fizeram dos EUA uma grande potência, mas sim a sistemática intervenção do Estado na 
economia. Poderíamos citar vários exemplos de corporações, como Carnegie Steel, que 
tiveram altos lucros, pois seus produtos estavam protegidos da concorrência de produtos 
de outros países, como a Inglaterra a qual eram impostas tarifas elevadas de importação. 
Nesse sentido, o imperialismo estadunidense mostra-se como compromisso entre a elite 
capitalista e o Estado. (MUNHOZ, 2009).
O imperialismo como fenômeno histórico deixou as suas marcas até os dias 
atuais. Enquanto elemento multifatorial, que envolve economia, política, cultura e 
sociedade, subjugou inúmeros povos entendidos como inferiores e modelou a sociedade 
contemporânea a que assistimos hoje. Esse fenômeno, também tomado como conceito – já 
que sua aplicabilidade é viável em diferentes contextos – foi objeto de estudo de alguns 
teóricos, como veremos a seguir.
10UNIDADE I Imperialismo e Nacionalismo
1.2 Abordagens teóricas: os imperialismos 
Hoje vemos se disseminar uma postura condenatória do imperialismo, mesmo por 
parte de países que o praticam de forma velada. As diferentes formas que o imperialismo 
assumiu e assume, desde a compreensão mais geral que abrange todas as formas de 
Império, como as mais pontuais, referentes à fase histórica e classicamente denominada 
imperialista; são tributárias de teóricos que dissertam sobre este conceito.
Dentre as interpretações sobre o conceito, temos as acepções marxistas, ainda 
que Marx em si não tenha discorrido sobre imperialismo em suas obras, mas sim tateava 
o colonialismo, que são conceitos correlatos. Os seguidores de Marx, chamando atenção 
para as contradições do capitalismo, concordam em dizer que estas contradições estruturais 
provocaram o uso de violência, que não se faria possível se não houvesse a mão do Estado, 
assim a política foi usada como instrumento pela burguesia capitalista. (PISTONE, 1998).
Por outro lado, o Imperialismo surge também como um instrumento essencial 
para fazer face às contradições do capitalismo e para prolongar a sua 
sobrevivência, estendendo-as ao âmbito internacional com a exploração de 
outros povos e permitindo com isso fazer concessões à classe operária das 
metrópoles capitalistas. (PISTONE, 1998, p. 612) 
Nesse sentido, para os marxistas, a superação do Imperialismo, só seria possível 
mediante a superação do próprio capitalismo. Isso teria ficado evidente mediante as sucessivas 
crises do capitalismo após o imperialismo, que seriam potencialmente revolucionárias,que 
é uma das contradições do capitalismo. (PISTONE, 1998). Para entender essa reflexão, 
basta pensar que a Revolução Russa, de 1917, foi subsequente ao imperialismo. 
Alguns pensadores endossam a concepção marxista sobre o imperialismo, como 
Rosa Luxemburgo e Lenin que escreveu um pequeno livro intitulado um pequeno livro 
chamado Imperialismo em 1916, que abordou a divisão do mundo brevemente. (PISTONE, 
1998), (HOBSBAWM, 2008). Pensadores estadunidenses como Baran e Swezzy, nasceu 
desta corrente análises como o neocolonialismo e subdesenvolvimento, bem como 
explicações acerca do imperialismo soviético. (PISTONE, 1998).
Pistone (1998) segue apresentando a visão Rosa Luxemburgo sobre o imperialismo. 
O autor coloca que a pensadora via que a classe trabalhadora europeia, com baixo poder 
aquisitivo, não poderia participar do consumo preconizado pela expansão ilimitada do 
capitalismo, sendo assim, teria de haver um mundo extrínseco de consumo, para não refrear 
o capitalismo. Assim, os mercados internos se mostrariam insuficientes, sendo necessária 
a conquista de colônias.
11UNIDADE I Imperialismo e Nacionalismo
Já Lenin vê o imperialismo sob outros moldes:
A hipótese fundamental da teoria de Lenin não se apóia[sic] no empobrecimento 
do proletariado e na sua falta de poder de consumo, mas na tendência à queda 
das taxas de lucro. Os monopólios financeiros dos Estados mais avançados do 
capitalismo são obrigados a explorar o mercado mundial, entrando em conflito 
com outros grupos financeiros que tentam fazer o mesmo, pois os lucros 
obtidos no mercado interno tendem a desaparecer. (PISTONE, 1998, p.614) 
A visão de Lenin ocupa lugar central entre os marxistas ortodoxos, é considerada 
a mais próxima da realidade histórica. A teoria de Lenin obteve mais aceitação do que a de 
Luxemburgo por ser mais elástica, pois apesar de ser formulada na época do colonialismo, 
serve também para abranger outros contextos. (PISTONE, 1998) 
Os economistas estadunidenses Baran e Swezzy olham para o imperialismo 
considerando um contexto de pós-guerra e sobrevivência do capitalismo. Eles entendem 
que “a exploração dos países atrasados continuou, apesar da independência, porque eles 
continuaram inseridos no sistema mundial capitalista, dominado pelos países mais fortes e 
pelas grandes empresas multinacionais”. (PISTONE, 1998, p. 614).
Outra tese acerca do imperialismo advém da corrente social-democrata. Essa 
abordagem nega a relação entre capitalismo e imperialismo, bem como a crença de que 
qualquer tendência imperialista que o capitalismo possa ter e possa ser eliminada através 
reformas democráticas e econômico-sociais. Um dos principais representante desses 
pensadores foi Karl Kautsky, que:
[...] sustenta, contra a tese dos marxistas revolucionários sobre a inevita-
bilidade das guerras imperialistas entre os países capitalistas, que o Impe-
rialismo agressivo constitui, não uma fase necessária do capitalismo, mas 
uma das suas políticas, que pode ser substituída por outra, por uma política 
“ultra-imperialista”, que implique uma pacífica colaboração entre as potên-
cias capitalistas (mais conveniente entre outras coisas porque o Imperialismo 
agressivo apresenta custos muito maiores do que vantagens), na organiza-
ção do mercado mundial e na admissão nele dos países ainda não incluídos. 
(PISTONE, 1998, p. 615)
Kautsky difere os socialistas revolucionários, segundo Pistone (1998) ao não pregar 
o fim iminente do capitalismo, mas sim a sua transformação tendo em vista um modelo 
socioeconômico colaborativo entre os países “avançados” e os “atrasados”. 
A terceira corrente, que também se encontra afastada do marxismo ortodoxo, é a 
liberal. Um dos seus principais nomes foi Joseph Alois Schumpeter, o economista analisou 
a história da antiguidade até a Primeira Guerra Mundial e discorda dos marxistas que dizem 
que o imperialismo é uma fase ou um desdobramento do capitalismo.
12UNIDADE I Imperialismo e Nacionalismo
 Para ele, existiriam, desde período Antigo, disposições culturais, políticas, sociais, 
econômicas, psicológicas, dentre outras, as quais o capitalismo não conseguiu superar e 
que deram origem ao Imperialismo moderno. Para ele,
[...] o capitalismo [...] é, por sua natureza, essencialmente pacífico, na medida 
em que lhe é intrínseca uma forte tendência à racionalização — no sentido do 
cálculo racional dos custos e dos lucros —, que estende progressivamente a 
sua influência a todos os aspectos da vida social. Ele tende particularmente a 
neutralizar as atitudes agressivo-irracionais que se revelam na praxe política 
interna e internacional, em variadas formas de violência, entre elas a guerra 
e a expansão imperialista, canalizando-as e orientando-as para a racional 
e, portanto, pacífica competição econômica no mercado, e fomentando com 
isso a instituição de procedimentos democráticos. Dada esta tendência 
do capitalismo, o fato de que haja fenômenos importantíssimos de 
política imperialista que se manifestam no âmbito da civilização 
capitalista não se pode explicar senão em virtude de nele persistirem 
atitudes psicológicas e culturais e interesses concretos de origem e 
natureza pré-capitalistas, que manifestam sua influência através do poder 
político, orientando-o para uma política imperialista que contradiz a lógica do 
capitalismo. (PISTONE, 1998, p. 616, grifo nosso)
Isso quer dizer que para Schumpeter o imperialismo é resultado de fatores pré-
capitalistas. Não haveria, portanto, um interesse econômico direto na expansão imperialista, 
mas sim um fator político de manutenção de poder e prestígios. Essa concepção teve 
bastante êxito, sobretudo, entre os liberais-conservadores estadunidenses, que tendiam a 
ver inclinações imperialistas clássicas apenas na União Soviética. 
Ao apresentarmos algumas das concepções teóricas acerca do imperialismo, 
podemos ver que não apenas a historiografia, mas também outros campos do conhecimento 
tendiam a ver a complexidade do fenômeno. Este capítulo na história contemporânea 
inaugura uma nova configuração no globo, no qual mercadorias, pessoas e ideias foram 
trocadas. Esse processo também evidenciou a visão de mundo européia e estadunidense 
e a submissão que impuseram a outros povos. 
13UNIDADE I Imperialismo e Nacionalismo
2. A PARTILHA DA ÁFRICA
A África foi palco de bruscas mudanças entre os anos de 1880 e 1910, que coincide 
com as investidas imperialistas de países europeus sobre o vasto continente. Até 1880 
algumas poucas áreas estavam sob o regime colonial europeu, e havia uma imensa área 
cujo o governo estava nas mãos de seus próprios reis, rainhas, impérios, chefes de clã, e 
toda sorte de governos.
Em toda a África ocidental, essa dominação limitava-se às zonas costeiras e 
ilhas do Senegal, à cidade de Freetown e seus arredores (que hoje fazem parte 
de Serra Leoa), às regiões meridionais da Costa do Ouro (atual Gana), ao litoral 
de Abidjan, na Costa do Marfim, e de Porto Novo, no Daomé (atual Benin), e à 
ilha de Lagos (no que consiste atualmente a Nigéria). Na África setentrional, em 
1880, os franceses tinham colonizado apenas a Argélia. Da África oriental, nem 
um só palmo de terra havia tombado em mãos de qualquer potência europeia, 
enquanto, na África central, o poder exercido pelos portugueses restringia -se 
a algumas faixas costeiras de Moçambique e Angola. Só na África meridional 
é que a dominação estrangeira se achava firmemente implantada, estendendo 
-se largamente pelo interior da região. (BOAHEN, 2010, p. 1)
14UNIDADE I Imperialismo e Nacionalismo
Observe o mapa abaixo:
FIGURA 1: COLONIZAÇÃO EUROPÉIA NA ÁFRICA ATÉ 1880
Fonte: Boahen (2010).
A colonização européia no continente africano não veio sem hostilidades e resistências 
por parte das lideranças locais, que em sua grande maioria defenderam a soberania de seus 
povos ante as investidas dos europeus. Alguns tinham exércitos já formados ou tentavam 
resolver a questão com basena diplomacia. Entretanto, é importante pontuar que muitos viam 
com bons olhos a chegada de novas tecnologias e não viam a presença de europeus como 
ameaça a sua soberania, exemplo disso foi a criação de escolas primárias e secundárias 
na Costa do Ouro e na Nigéria. Além disso, muitos africanos ricos enviavam os filhos para a 
Europa, a fim de receberem educação superior. (BOAHEN, 2010).
15UNIDADE I Imperialismo e Nacionalismo
Até 1880 os africanos possuíam relações de livre comércio com a Europa e outras 
localidades, bem como julgavam-se militarmente e religiosamente – a religião foi uma 
importante arma contra colonialismo – caso os europeus ou qualquer outro povo ousasse 
ameaçar sua independência:
No entanto um fato escapava aos africanos: em 1880, graças ao 
desenvolvimento da revolução industrial na Europa e ao progresso 
tecnológico que ela acarretara – invenção do navio a vapor, das estradas 
de ferro, do telégrafo e sobretudo da primeira metralhadora, a Maxim –, os 
europeus que eles iam enfrentar tinham novas ambições políticas, novas 
necessidades econômicas e tecnologia relativamente avançada. Por outras 
palavras, os africanos não sabiam que o tempo do livre-cambismo e do 
controle político oficioso cedera lugar, conforme diz Basil Davidson, à “era do 
novo imperialismo e dos monopólios capitalistas rivais” (BOAHEN, 2010, p.7) 
Isso quer dizer que os europeus já não queriam apenas trocar produtos, mas sim 
exercer um controle político sobre o continente, assim naquela altura, o armamento europeu 
superava tecnologicamente as armas na África. Mas como explicar o porquê de naquele 
dado momento histórico a África ter sido tomada de assalto, repartida, dominada e ocupada? 
Por que os africanos não foram capazes de proteger sua soberania e afastar o colonialismo 
europeu? São questões amplas e multifatoriais, as quais iremos explorar a seguir.
Alguns acontecimentos importantes estimularam a corrida pela partilha da África. 
O primeiro deles foi o interesse, até então inaudito, de Leopoldo I, rei dos belgas, em 1876. 
Neste ano na Conferência de Geográfica de Bruxelas, a realeza, fundamentou a exploração 
do Congo e a criação do Estado Livre do Congo. No mesmo ano, outro aspecto salutar, 
Portugal deu início a uma série de expedições, que levaram o país a anexar propriedades 
rurais moçambicanas. Um terceiro aspecto, que impulsionou a corrida, foi a política 
expansionista francesa entre 1879 e 1880, dividindo o controle do Egito com o Reino Unido, 
bem como “pelo envio de Savorgnan de Brazza ao Congo, pela ratificação de tratados com 
Makoko, chefe dos Bateke, [e] pelo restabelecimento da iniciativa colonial francesa tanto na 
Tunísia como em Madagáscar.” (UZOIGWE, 2010, p. 32).
16UNIDADE I Imperialismo e Nacionalismo
Os Estados europeus passaram a efetivar a ocupação de vários territórios, o que 
gerava conflito entre as nações. Foi então que Portugal sugeriu uma conferência internacional 
para resolver questões referentes à ocupação da África, apesar da ideia, foi Bismarck, da 
Alemanha, que levou a cabo esta sugestão. Inicialmente, a ideia da Conferência de Berlim 
– que foi de 15 de novembro de 1884 a 26 de novembro de 1885 – era discutir a abolição do 
tráfico de pessoas escravizadas e ao bem-estar africano, mas não foi isso o que aconteceu:
A conferência, que, inicialmente, não tinha por objetivo a partilha da África, 
terminou por distribuir territórios e aprovar resoluções sobre a livre navega-
ção no Níger, no Benue e seus afluentes, e ainda por estabelecer as “regras 
a serem observadas no futuro em matéria de ocupação de territórios nas cos-
tas africanas. Por força do artigo 34 do Ato de Berlim, documento assinado 
pelos participantes da conferência, toda nação europeia que, daí em diante, 
tomasse posse de um território nas costas africanas ou assumisse aí um “pro-
tetorado”, deveria informá-lo aos membros signatários do Ato, para que suas 
pretensões fossem ratificadas. (UZOIGWE, 2010, p. 33) 
A partir daí se estabeleceram regras que tornaram “legal” a apropriação do 
território africano. O que revela a prepotência dos Estados europeus da época, já que 
nunca um grupo de países se entendeu no direito de repartir um outro continente como 
lhe bem conviesse. Antes da Conferência de Berlim, os Estados tinham suas formas de 
dominação dos povos africanos, seja por meio da colonização, do envio de missionários, 
da manutenção de dirigentes africanos, ainda sob o regime de protetorado. Mas com a 
conferência esse domínio pôde ser expresso no papel. Poderiam ser tratados entre os 
africanos e os europeus ou entre os europeus. 
Os tratados afro-europeus dividiam-se em duas categorias. Primeiramente 
houve aqueles sobre o tráfico de escravos e o comércio, que foram fonte 
de conflitos e provocaram a intervenção política europeia nos assuntos 
africanos. Depois, vieram os tratados políticos, mediante os quais os 
dirigentes africanos ou eram levados a renunciar a sua soberania em troca 
de proteção, ou se comprometiam a não assinar nenhum tratado com outras 
nações europeias. (UZOIGWE, 2010, p. 34) 
Muitos africanos concordavam com esses tratados na esperança de obterem 
vantagens para seu povo. Muitas vezes um Estado africano fraco, que estava sob o domínio 
de outro Estado africano, assinava o tratado com uma potência, esperando ver-se livre do 
domínio de seu vizinho, por exemplo. Não se tratava, entretanto, de entregar a soberania de 
seu povo de bom grado, mas muitos governantes entendiam que podiam resolver conflitos 
internos com a ajuda de empresas ou governos estrangeiros. Foi mais tarde, que alguns reis e 
governantes africanos, perceberam que estes ameaçavam a independência dos seus países.
17UNIDADE I Imperialismo e Nacionalismo
As consequências da Conferência de Berlim se mostraram na legitimação do que se 
designou zonas de influência. “Uma zona de influência, portanto, nascia de uma declaração 
unilateral, mas ela só se tornava realidade uma vez aceita, ou pelo menos não contestada 
por outras potências europeias.” (UZOIGWE, 2010, p. 37-38). Ou seja, se não houvesse 
nenhuma outra potência europeia que reivindicava direitos sobre aquela região, pouco a 
pouco, o país reclamava por direitos de soberania em determinada região. Mas havia casos 
em que dois ou mais países tomavam uma região como objeto de disputa, assim existiam 
acordos que determinavam com exatidão as fronteiras, sejam elas naturais ou políticas, de 
forma ocasional se levava em consideração as fronteiras originais dos povos.
Considera- se que o tratado anglo- alemão de 29 de abril (e de 7 de maio) de 
1885, que definia as “zonas de intervenção” da Inglaterra e da Alemanha em 
certas regiões da África, talvez seja a primeira aplicação a sério da teoria das 
esferas de influência nos tempos modernos. Mediante uma série de tratados, 
acordos e convenções análogos, a partilha da África nos mapas estava 
praticamente terminada em fins do século XIX. (UZOIGWE, 2010, p. 38).
A partir daí a África foi recortada de acordo com os interesses dos países euro-
peus, seja através de tratados unilaterais ou bilaterais, o que fez com que o mapa do 
continente ficasse dividido não conforme a divisão étnica do continente. Segue abaixo um 
mapa, meramente ilustrativo, da divisão étnica do continente africano, que evidencia como 
provavelmente seria a divisão da África se não houvesse a repartição europeia.
FIGURA 2: DIVISÃO ÉTNICA DO CONTINENTE AFRICANO
Fonte: História e Cultura, 2016. Disponível em: https://historiaecultura.ciar.ufg.br/modulo2/capitulo4/cnt/1-
14.html. Acesso em: 09 dez. 2021.
18UNIDADE I Imperialismo e Nacionalismo
Com a partilha da África, o mapa do continente foi completamente alterado. 
FIGURA 3 - PARTILHA DA ÁFRICA ATÉ 1914
 
Fonte:https://overdosedeteorias.files.wordpress.com/2017/03/partilha.jpg
Você pode observar que cerca de 30% das fronteiras são linhas retas, cortando ao 
meio, muitas vezes, fronteirasétnicas e linguísticas. Antes dessa partilha, como pudemos 
contemplar na imagem 2, a África era subdivida em etnias, porém essas fronteiras, segundo 
Uzoigwe (2010) eram móveis, por conta de relações internas. A partilha da África fixou 
fronteiras, seja de maneira imposta ou seguindo alguns contornos pré-definidos. 
Vimos que a partilha da África se deu por meio de tratados unilaterais ou bilaterais 
por parte dos europeus, mas em que medida esses tratados eram válidos? Como e porque 
os africanos os “aceitaram”?
Seu estudo leva à conclusão de que alguns deles são juridicamente 
indefensáveis, outros moralmente condenáveis, enquanto outros ainda foram 
obtidos de forma legal. No entanto, trata- se aí de atos essencialmente políticos, 
defensáveis somente no contexto do direito positivo europeu, segundo o qual 
a força é a fonte de todo o direito. Mesmo quando os africanos procuravam 
abertamente celebrar tratados com os europeus, a decisão era sempre ditada 
pela força que eles sentiam no lado europeu. Em certos casos, os africanos, 
por suspeitarem das razões apresentadas pelos europeus para a conclusão 
desses tratados, recusavam-se a participar deles, mas, submetidos a pressões 
intoleráveis, acabavam por aceitá-las. Muitas vezes, africanos e europeus 
divergiam sobre o verdadeiro sentido do acordo a que haviam chegado. Fosse 
como fosse, os governantes africanos consideravam, por sua parte, que esses 
tratados políticos não os despojavam de sua soberania. Viam neles, antes, 
acordos de cooperação, impostos ou não, que deveriam ser vantajosos para 
as partes interessadas. (UZOIGWE, 2010, p. 39, grifo nosso).
19UNIDADE I Imperialismo e Nacionalismo
Assim, no contexto do Imperialismo, os povos africanos sofreram duramente com 
a partilha. Em um primeiro momento, os soberanos em África acreditavam estar fazendo 
acordos com os países europeus ou mesmo acabaram por sucumbir frente às novas 
tecnologias armamentistas da Europa. De qualquer forma, essa dominação provocou 
feridas econômicas, sociais e políticas, que custam a sarar até os dias atuais. 
20UNIDADE I Imperialismo e Nacionalismo
3. IMPERIALISMO NA ÁSIA E NO PACÍFICO
Assim como as nações africanas viram o exercício das esferas de influência, 
praticada por conta do imperialismo europeu, a Ásia e a região do Pacífico, que corresponde 
hoje a parte da Oceania, também sofreu com a intervenção dos países da Europa. Mas não 
apenas a Europa se mostrou interessada na região, os EUA e o Japão também entraram 
na corrida na busca de matérias-primas e mercado consumidor. 
Um dos mais poderosos Impérios no final do XIX e início do século XX, era o 
britânico, que por sua extensão era conhecido, de acordo com Mason (2017, p. 111) como 
“o império no qual o sol nunca se punha”. Na Ásia foi um dos países com várias possessões:
As colônias britânicas lá consistiam no que agora são sete países: Índia, 
Paquistão, Bangladesh, Sri Lanka, Birmânia, Malásia e Singapura. Havia 
outros pequenas assentamentos, como Hong Kong, e também esferas de 
influência em países nominalmente independentes, mas preparados a aceitar 
a orientação britânica. (MASON, 2017, p. 111) 
Já a França dominava o que hoje se conhece por Vietnã, Camboja e o Laos. 
Enquanto que a Holanda dominava a metade ocidental do arquipélago do Sudeste asiático. 
As mais de 400 ilhas da região do pacífico, primeiro ficaram nas mãos dos espanhóis, mais 
tarde passaram para os Estados Unidos. A China era e é uma região de grande extensão 
territorial e os imperialistas tinham dificuldade para penetrar na região ou temiam que 
os demais o fizessem, por isso, ela foi dividida em esferas de influências. Entretanto, na 
costa chinesa foram feitas importantes concessões de portos, que se industrializaram e se 
transformaram em grandes cidades, a custo da exaustão de recursos, exploração da mão 
de obra barata, gerando intenso sofrimento, pobreza e doenças. (MASON, 2017). 
21UNIDADE I Imperialismo e Nacionalismo
O Japão é um caso à parte, já que:
[...] manteve sua independência somente porque “ocidentalizou” sua 
economia e indústria com velocidade e energia notáveis e ganhou respeito dos 
dominadores ao se tornar uma potência colonial, anexando a Coreia, Taiwan 
e a Manchúria. A Tailândia, sob controle sagaz de seus reis chakri, escapou 
ao status colonial a se curvar aos ventos – abrindo mão de território onde 
isso parecia vantajoso – e aceitando orientação europeia – especialmente 
britânica. (MASON, 2017, p. 112).
A Ásia tomou uma nova composição geográfica e por onde quer que se olhasse 
via-se povos divididos, isolados de sua maioria, isso por conta dos interesses econômicos 
na região. Uma das práticas econômicas típicas do imperialismo na Ásia era a imposição de 
monopólios, como era o caso dos monopólios de sal e ópio, no qual os países produtores 
só poderiam vender para o país que o dominava. Esses monopólios eram tão lucrativos 
que dobraram a receita vinda das colônias na primeira década de vigência. 
A prática econômica imperialista representou um duro golpe para o desenvolvimento 
de vários países asiáticos. Os imperialistas consumiam as matérias-primas e desestimulavam a 
industrialização, para não competir com seus próprios mercados. Um exemplo disso foi a Índia, 
A Índia, antes da era colonial a maior fornecedora de tecidos de algodão do 
mundo, perdeu essa posição no século XIX para a massiva indústria têxtil 
que se desenvolveu nas Midlands inglesas. Efetivamente, a porção asiática 
do PIB mundial caiu de mais de 60% em 1800 para menos de 20% em 1940. 
Esse enorme declínio não foi acidental. Enquanto a indústria e as economias 
dos dominadores prosperavam, as das colônias estavam deliberadamente 
restritas. (MASON, 2017, p. 113) 
Outro aspecto econômico era a transformação de grandes extensões de terras 
em produtoras de grãos – sistema conhecido como plantation. A logística em torno da 
exportação desses insumos fez com que surgissem algumas estradas, ferrovias e portos, 
voltadas ao escoamento dos produtos e que beneficiavam em grande parte o dominador. 
O caso da Índia se mostrou particularmente importante, já que após muita 
resistência, o país se tornou uma colônia britânica durante um período de aproximadamente 
noventa anos, de 1858 até 1947. Durante a primeira parte desse período, entre 1858 e 
1914, a Índia, como qualquer outra colônia, estava sob a supervisão e tutela do parlamento 
britânico. A administração do país estava subdividida em províncias, as quais eram geridas 
por representantes do governo, ainda que algumas vezes fossem escolhidos indianos para 
ocupar esses cargos, mas subordinados sempre a uma autoridade britânica. 
Os interesses do monopólio britânico na Índia não se baseavam principalmente 
em plantações. Eles se baseavam no transporte marítimo, bancário, seguro e 
no controle de comércio dentro do país através do maquinário de distribuição, 
porque Capitalistas indianos, percebendo que tinham poucas chances de 
independência, ajustaram-se à posição de agências de firmas britânicas. 
Nas primeiras décadas do nosso período, os interesses britânicos não era de 
estabelecer indústrias na Índia. (PANIKKAR, 1961, p. 117, tradução nossa). 
22UNIDADE I Imperialismo e Nacionalismo
A colonização britânica na Índia, apoiava-se na ideia de uma suposta superioridade 
racial. Acreditava-se que o mais simples colonizador até um homem que ocupasse o mais 
alto escalão administrativo, era superior e estava sob a proteção e desígnio divino de 
governar e dominar aquele povo. (PANIKKAR, 1961). Na verdade, a ideia de superioridade 
pairava sobre o imaginário dos europeus, cada país acreditava em um suposto destino em 
explorar, ocupar, governar os povos da Ásia e do Pacífico. 
23UNIDADE I Imperialismo e Nacionalismo
4. NACIONALISMO 
 
Como pudemos ver, o período que compreende o último quartel do século XIX 
até 1914 foi marcado pela expansão dos países da Europa sobre quase todo o globo. Umsentimento comum que os unia era o sentimento de nacionalidade. A historiografia tem 
poucas dúvidas que no final do século XIX se formava caldo do nacionalismo, que vinha se 
formando desde a “primavera dos povos” de 1948. 
Para Hobsbawm (1979) a Primavera dos Povos de 1848 – série de manifestações 
populares em toda a Europa – foi uma afirmação de nacionalidade. Por toda parte via-se 
a construção de Estado-Nações, não apenas na Europa, mas nos Estados Unidos, onde a 
Guerra Civil expressou a tentativa de manter a unidade dos EUA , bem como no Japão com 
a Restauração Meiji. 
Mas do que se tratava esse nacionalismo? Certamente era algo difícil de definir, já 
que a “nação” era um dado natural. 
Certamente os ingleses sabiam o que era ser inglês, os franceses, alemães 
ou russos certamente não tinham dúvidas do que fosse sua identidade 
coletiva. Talvez não, mas na era da construção de nações acreditava-se que 
isso implicava a lógica necessária assim como a desejada transformação de 
“nações” em Estados-Nações soberanos, com um território coerente, definido 
pela área ocupada pelos membros da “nação”, que por sua vez era definida 
por sua história, cultura em comum, composição étnica e, com crescente 
importância, língua. (HOBSBAWM, 1979, p. 127-128) 
24UNIDADE I Imperialismo e Nacionalismo
Mas o nacionalismo não é tão lógico e racional como explicitado pela citação. O 
que parece estar por trás da constituição desses grupos humanos enquanto Estados-
-Nações estava assentado na recuperação das culturas orais, na herança folclórica do 
povo comum. Entretanto, aqueles que iniciaram, cada qual em sua nação, eram membros 
cultos da classe dirigente. 
Acreditava-se que as maiores nações, aquelas mais estabelecidas iriam engolir as 
pequenas e frágeis, assim, estas nações estariam destinadas a prevalecer ou a vencer a luta 
pela existência, em uma perspectiva darwinista. Esse tipo de pensamento, de cada ideólogo 
de uma nação, não era destinado apenas a pequenas minorias linguísticas que vivem em 
seus territórios, mas também a estrangeiros. Contudo, a aspiração em fazer um Estado-
Nação sob uma mesma língua, pertencente a uma classe letrada, só se fez possível como 
reação a movimentos de pequenos povos que aspiravam à própria nacionalidade. Estava 
posto o problema. Diante da questão, os ideólogos de cada nação tinham algumas escolhas. 
Primeiramente poderiam negar a legitimidade de tais movimentos nacionalistas, poderiam 
reduzi-los a movimento de autonomia regional ou mesmo aceitá-los como fatos inegáveis e 
incontroláveis. Qualquer que fosse a alternativa, nenhum outro país considerava os problemas 
internos de um outro país como um problema de cunho internacional. (HOBSBAWM, 1979) 
É importante pontuar uma diferença básica entre Estado-Nação e nacionalismo. O 
primeiro era um subterfúgio político de unificação que buscava se apoiar no nacionalismo. 
Muitos países, como foi o caso da Itália e da Alemanha possuíam dentro de seus territórios 
variedades culturais e linguísticas tão diversas, que dificilmente se poderia enxergar um 
povo único com aspirações únicas. Tal era esse disparate que Massimo d’ Azeglio – esta-
dista piemontês-italiano – exclamou em 1860: “Fizemos a Itália; agora precisamos fazer os 
italianos” (AZEGLIO apud HOBSBAWM, 1979, p.134).
É difícil mensurar ou mesmo ratificar o nacionalismo de cidadãos ingleses, france-
ses, italianos, alemães, estadunidenses etc. em meados do século XIX. Hobsbawm (ano) 
aponta que em casos de nações emergentes, como era o caso dos EUA, o nacionalismo 
começava a tomar forma graças ao mito e a propaganda. 
25UNIDADE I Imperialismo e Nacionalismo
SAIBA MAIS
A Doutrina do Destino Manifesto 
Nos EUA do século XIX se expandia para oeste, essa expansão estava apoiada na 
crença de que o país tinha uma missão, designada por Deus, de conquistar o continente. 
Sendo assim, a doutrina do Destino Manifesto estava ancorada em preceitos calvinistas, 
no qual acreditava-se que Deus escolhia os seus eleitos, tendo como missão principal 
levar valores morais e iluminar povos considerados inferiores. Este quadro, ainda que 
contestável pelos próprios contemporâneos, foi importante elemento para a criação de 
um sentimento nacional. 
Fonte: Costa, 2011. 
No entanto, seja nas nações emergentes, como nas nações consideradas 
“históricas”, a construção do nacionalismo fica circunscrita a camadas intermediárias 
como professores, estudantes, membros dos baixo clero e pequenos comerciantes. 
As classes mais tradicionais ou pobres foram as últimas a se comprometerem com um 
sentimento nacional, que começou a se concretizar apenas atrelada ao desenvolvimento 
econômico e político. O nacionalismo de massa era algo novo, diferente do nacionalismo 
de elite ou das classes médias. 
A ideia de nação era um artefato produzido, ainda que não fosse necessariamente 
novo, “embora incorporasse características que membros de grupos humanos muito 
antigos tinham ou pensavam ter em comum, ou aquilo que os unia contra estrangeiros.” 
(HOBSBAWM, 1979, p.142). Ou seja, o país precisava construir um sentimento de nação, 
seja por meio da educação ou do serviço militar obrigatório. Houve um crescimento 
considerável de universidades e escolas secundárias dentro e fora da Europa, que cresceram 
sob influência nacionalista. No entanto, o maior avanço estava nas escolas primárias, onde 
eram impostos valores morais, patriotismo, dentre outros.
Outro aspecto importante para a criação de Estados-Nações eram os meios de 
comunicação. Esses só podiam ser viáveis na medida que a população fosse alfabetizada, 
já que estamos falando de uma era dominada pela imprensa escrita. 
26UNIDADE I Imperialismo e Nacionalismo
Assim, o ensino da língua nacional e oficial para a diversidade de etnias que 
viviam em um determinado país, era aspecto fundamental na constituição do ideário de 
nacionalidade. 
Dessa forma, o nacionalismo começa a ter como característica a incorporação 
de imigrantes ou minorias étnicas em seu escopo, para formação de um Estado-Nação. 
O sentimento de ser inglês, alemão, francês, dentre outros, foi construído e construído 
para expressar unicidade e oposição ao outro. Com isso colocava em rivalidade diferentes 
povos, o que foi fermento para a primeira grande guerra, conforme veremos mais adiante. 
REFLITA 
“O poder nunca é propriedade de um indivíduo; pertence a um grupo e permanece em 
existência apenas na medida em que o grupo conserva-se unido.” (ARENDT, 1989, p. 289) 
 
27UNIDADE I Imperialismo e Nacionalismo
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Caro(a) aluno (a),
Nesta unidade que inaugura nossos estudos em História Contemporânea, você 
viu alguns elementos que marcaram as últimas décadas do século XIX e as primeiras do 
século XX. Temas como imperialismo e nacionalismo, continuam em pauta, ainda que com 
roupagens diferentes. 
No primeiro tópico discutimos sobre o imperialismo e suas consequências. A ideia 
de um grupo considerar-se como superior e, portanto, autorizado a dominar outros povos 
nasceu há muito tempo, mas foi só nos séculos XIX e XX que pudemos ver enquanto 
prática estabelecida de vários países da Europa e mais tarde dos EUA e do Japão. Essa 
política, que também é econômica e cultural, deixou marcas na organização do globo e até 
os dias atuais está sujeita a análises teóricas. 
Os europeus, os estadunidenses e outras nações à época viam legitimidade no 
domínio do que se considerava o “outro”. Este outro viu seu território ser invadido, suas 
riquezas exploradas e sua soberania expropriada. Conforme discutimos, isso foi presente 
no que reconhecemos hoje como a partilha da África. Um continente inteiro foi dividido 
conforme os interesses das grandes potências. Isso não se deveu a uma inocência dos 
africanos, mas sim a diversos fatores que foram explorados ao longo do tópico. A ideia de 
dominação também pairou sobre a Ásia e o Pacífico, nestes locais foram estabelecidasformas de administração política e econômica, mais uma vez de acordo com interesses de 
outros países. Esse foi o tema no terceiro tópico. 
No quarto e último tema falamos sobre a questão do nacionalismo. O nacionalismo, 
que começa a se formar a partir da noção da existência de um Estado-Nação, foi 
responsável por mudanças importantes no decorrer do século XX. Por isso, foi importante 
explorar suas bases, entendendo que é um artefato. 
28UNIDADE I Imperialismo e Nacionalismo
MATERIAL COMPLEMENTAR
 
LIVRO
Título: A Era dos Impérios: 1875 -1914
Autor: Eric Hobsbawm.
Editora: Paz e Terra.
Sinopse: Este livro faz parte da trilogia das “Eras” do importante 
historiador Eric Hobsbawm. As obras de Hobsbawm são leituras 
quase que obrigatórias para estudantes e pesquisadores de 
História Contemporânea. No livro em questão, o autor traz uma 
análise sobre os acontecimentos desde a crise de 1875, a expansão 
europeia, o imperialismo até os acontecimentos que deram origem 
à Primeira Guerra Mundial. 
FILME/VÍDEO 
Título: O Homem que Queria ser Rei
Ano: 1975.
Sinopse: Enquanto a Índia era dominada pelos colonizadores 
ingleses, dois ex-soldados britânicos decidem explorar os países 
ao redor. Os destemidos Peachy Carnahan (Michael Caine) e 
Daniel Dravot (Sean Connery) viajam para o Kafiristão, onde 
pretendem conquistar o sucesso e viver como reis.
29
Plano de Estudo:
● Primeira Guerra e Revolução Russa; 
● A tentação totalitária: a ascensão dos Fascismos;
● O Nazismo na Alemanha;
● Segunda Guerra Mundial;
● A Guerra Fria.
Objetivos da Aprendizagem:
● Compreender as causas e consequências da 
Grande Guerra e da Revolução Russa;
● Analisar o surgimento e a anatomia do Fascismo; 
● Entender a ascensão do Nazismo na Alemanha; 
● Refletir sobre as causas da Segunda Guerra Mundial; 
● Analisar os principais eventos da Guerra Fria. 
UNIDADE II
A Crise do 
Capitalismo
Professora Me. Maria Helena Azevedo Ferreira
30UNIDADE I Imperialismo e Nacionalismo 30UNIDADE II A Crise do Capitalismo
INTRODUÇÃO
Prezado (a) estudante, ao longo desta unidade veremos o desenrolar do breve século 
XX. Nas palavras de Hobsbawm este foi um momento de profunda crise do capitalismo, 
correlacionado com a derrocada dos sistemas democráticos; liberais e a ascensão de regimes 
totalitários. Com isso, esperamos que nesta unidade você possa ter domínio dos fatos e 
interpretações históricas que marcaram o mundo, especialmente a Europa e os EUA.
O primeiro tópico traz dois assuntos, a Primeira Guerra Mundial e a Revolução 
Russa, que são fenômenos contemporâneos. Veremos que a Grande Guerra, como também 
é chamada, foi fruto de um crescente nacionalismo e imperialismo dos países beligerantes 
logo no início do século. Abordaremos também a queda do czar na Rússia e a subsequente 
implantação de um sistema político e econômico inspirado nas acepções socialista.
O próximo tópico traz uma discussão importante sobre a ascensão do Fascismo. 
Nos debruçaremos, em especial, no caso italiano, que inspirou outras formas de fascismo 
em outros lugares do mundo. Procuraremos situar o fenômeno como consequência do 
conflito para as nações derrotadas, que viram o crescimento vertiginoso de movimentos 
ultranacionalistas, de extrema direita e de teor totalitário. 
Inerente ao fascismo temos o Nazismo na Alemanha que, como é de conhecimento 
geral, promoveu o holocausto gerando a morte de milhões de pessoas. É fundamental 
compreender que esse movimento na Alemanha também foi um desdobramento da Grande 
Guerra, da Grande Depressão de 1929, bem como de ideias eugenistas, racistas e do 
darwinismo social. Tais elementos, conforme veremos, vêm acompanhados da ideia de 
superioridade racial dos germânicos em detrimento de outros povos, como os judeus. Você 
verá com mais detalhes como aconteceu a escalada ao poder de Hitler. 
Além disso, a Alemanha de Hitler apregoava a necessidade de um “espaço vital”, 
justificando a política expansionista da Alemanha. Conforme abordaremos mais adiante, 
essa foi uma das causas do estopim da Segunda Guerra Mundial. Esse conflito teve como 
característica central o conceito de guerra total, quando todas as forças produtivas do país 
estão a serviço da guerra e também mobiliza não apenas militares, mas também civis. 
Por fim, discutiremos os principais eventos da Guerra Fria e seus desdobramentos. Dessa 
forma, procuraremos explorar os principais acontecimentos do século XX. 
Bons estudos!
31UNIDADE I Imperialismo e Nacionalismo 31UNIDADE II A Crise do Capitalismo
1. PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL E REVOLUÇÃO RUSSA
1.1 A Primeira Guerra 
Vimos na unidade anterior que a virada do século XIX para o século XX foi para 
as nações um momento de intensa rivalidade, seja na partilha dos continentes asiático 
e africano, como também da construção do Estado-Nação, instrumentalizado pelo 
nacionalismo. Sem dúvida, esses foram alguns dos elementos que possibilitaram que 
eclodisse um conflito sem precedentes até então. 
A Primeira Guerra Mundial foi a primeira que envolveu as massas, diferentemente 
de guerras anteriores com maior duração e número de pessoas equivalentes, como foi o 
caso da Revolução Francesa e das guerras napoleônicas, ela foi para além dos campos 
de batalha. Nunca também as nações foram capazes de canalizar praticamente toda sua 
indústria pesada para fins bélicos, bem como nunca haviam voltado ao setor tecnológico 
exclusivamente para descobrir novos modos de destruição. Perdeu-se o controle da 
guerra. Houve uma disparidade entre as intenções e as consequências, que foram muito 
além do que qualquer um poderia imaginar. 
Dito isso, Thomson nos alerta: 
Por esta razão, é necessário manter perfeitamente separadas as questões 
declaradamente envolvidas na guerra, quando ela começou, e aquelas que 
vieram a sê-lo, antes do seu término; devem ser consideradas igualmente 
distintas de ambas as coisas as consequências que, agora o sabemos, deri-
varam da guerra. (THOMSON, 1976, p. 55) 
32UNIDADE I Imperialismo e Nacionalismo 32UNIDADE II A Crise do Capitalismo
Desta citação, podemos retirar três perspectivas: 1) As razões primárias que 
fizeram com que o conflito se deflagrasse 2) Os motivos que se sustentaram durante o 
conflito e 3) As consequências inesperadas da guerra. A primeira perspectiva diz respeito 
às razões pelas quais a Guerra se iniciou, portanto, comecemos por elas. 
Uma guerra generalizada na Europa já era prevista desde o último quartel do século 
XIX, pelo menos em nível intelectual. Enquanto Friedrich Engels em 1880 examinava as 
possibilidades de um conflito em nível mundial, Nietzsche observou a crescente militarização 
dos países da Europa. A preocupação foi suficiente para que fosse realizado o Congresso 
Mundial da Paz em 1890, o primeiro Nobel da Paz em 1897 e a primeira das Conferências 
de Paz de Haia em 1899. Apesar disso, “nos anos 1900, a guerra ficou visivelmente mais 
próxima e nos anos 1910 podia ser considerada iminente.” (HOBSBAWM, 1995, p. 419).
Antes de tudo é preciso entender a corrida armamentista que precedeu a 
guerra. Os exércitos, cada vez maiores e mais militarizados, serviam, sobretudo, para as 
guerras nas colônias, que eram extremamente inóspitas pelo alto índice de mortalidade, 
contudo, raramente os soldados atuavam no próprio continente. Tendo isso em vista que os 
governantes passaram a investir em tecnologia bélica, que cresceu notavelmente a partir 
de 1880. Essa “tecnologia da morte” cresceu não apenas no âmbito militar, mas também no 
campo civil com a invenção das cadeiras elétricas, por exemplo. Essa corrida armamentista 
foi extremamente cara, pois os países competiam um com outro em termos de poder bélico, 
movimentando a indústria da morte. Um exemplo de capitalista que enriqueceu no ramo de 
explosivos, foi Alfred Nobel, que tentando compensar sua atividade, destinou parte de sua 
riqueza à causa da Paz. Assim, foi criada uma economia da morte:
Os bens que essa indústriaproduzia eram determinados não pelo mercado, mas 
pela interminável concorrência dos governos, que os fazia procurar garantir para 
si um fornecimento satisfatório das armas mais avançadas e, portanto, mais 
eficientes. E mais, o que os governos precisavam não era tanto da produção real 
de armas, mas sim da capacidade de produzi-las numa escala compatível com 
uma época de guerra, se fosse o caso; isso quer dizer que ele tinham que zelar 
para que suas indústrias mantivessem uma capacidade de produção altamente 
excedente para tempos de paz. (HOBSBAWM, 1995, p. 425) 
A partir disso, fica claro que os governos para além de uma concorrência com outros 
Estados-Nação, tinham que manter a indústria nacional funcionando, ou seja, adotaram 
medidas protecionistas contra o livre-mercado e a imprevisível livre concorrência, por 
isso, os governos preferiram se aliar aos capitalistas nacionais. Ainda que os fabricantes 
de armas tenham feito acordo com os governos, não é possível explicar a guerra nesses 
termos. (HOBSBAWM, 1995).
33UNIDADE I Imperialismo e Nacionalismo 33UNIDADE II A Crise do Capitalismo
De maneira gradual, formaram-se dois blocos de países e essa divisão foi 
originária da unificação da Alemanha, ocorrida entre 1864 e 1871, que buscava aliados 
para se defender do principal perdedor, a França, que perdeu a região da Alsácia-Lorena. 
Fruto, em partes, deste episódio foi a aliança entre Alemanha e a Áustria-Hungria para 
assegurar a integridade do frágil Império Alemão. Desse modo, juntou-se a aliança à 
Itália1 para formar a Tríplice Aliança. (HOBSBAWM, 1995)
A Áustria-Hungria enfrentava problemas na região dos Bálcãs – região disputada 
por vários países –, que se aprofundaram com a conquista da Bósnia-Herzegovina, gerando 
oposição da Rússia. Ficou claro que a Alemanha, apesar de Bismarck ter tentado ter boas 
relações com a Rússia, teria que ficar ao lado da Áustria-Hungria. Dada à oposição entre 
Alemanha e França, era óbvio que a França buscasse como aliada à Rússia, que foi deixada 
de lado pelos alemães. (HOBSBAWM, 1995). 
Veja, são duas zonas de tensão, a primeira, entre a França e a Alemanha, devido 
à anexação da Alsácia-Lorena e, a segunda, entre Áustria e Rússia, devido à região dos 
Bálcãs. Mas como o conflito se generalizou a ponto de se tornar um conflito de grandes 
proporções? Os problemas entre França e Alemanha não eram de interesse da Áustria, 
bem como a questão dos Bálcãs não era relevante para a França. Sobre a nossa questão, 
Hobsbawm explica:
Três problemas transformaram o sistema de aliança numa bomba-relógio: 
a situação do fluxo internacional, desestabilizado por novos problemas e 
ambições mútuas entre as nações, a lógica do planejamento militar conjunto 
que congelou os blocos que se confrontavam, ornando-os permanentes, e a 
integração de uma quinta grande nação, a Grã-Bretanha, a um dos blocos. 
(HOBSBAWM, 1995, p. 433) 
Entre 1903 e 1907, a Grã-Bretanha se uniu ao lado anti alemão, mas quais foram os 
motivos dessa oposição? Em um primeiro momento a Grã-Bretanha não tinha atritos com 
a Alemanha, nem mesmo antes da unificação e construção do Império Alemão, tampouco 
tinha razões para estar ao lado da França, já que foram antagonistas em inúmeras guerras 
desde o século XVII, bem como concorrentes imperialistas. No que se refere à Rússia, 
o Império Britânico também foi seu oponente na conquista de territórios do oriente e em 
terras mal definidas que ficavam entre a Índia e as terras czaristas. As alianças entre Grã-
Bretanha, França e Rússia aconteceram desafiando todas as probabilidades. 
Aconteceu porque até então o mapa de rivalidades estava restrito à Europa e agora 
tinha ficado bem maior com a entrada dos EUA e do Japão, bem como fatores inerentes à 
nova configuração econômica mundial que mudaram a posição da Grã-Bretanha.
1A Italia se afastou em 1915 para se unir ao campo anti alemão
34UNIDADE I Imperialismo e Nacionalismo 34UNIDADE II A Crise do Capitalismo
Diferentemente de meados do século XIX, a Grã-Bretanha já não era a “oficina do 
mundo”, nem o principal mercado importar, pelo contrário a centralidade britânica agora era 
posta em questão. Com isso, o poderio econômico, ligado ao contexto de concorrência, 
esteve também ligada ao poder militar e a sua demonstração. (HOBSBAWM, 1995) 
No contexto imperialista, a penetração da Alemanha no Império Otomano gerou 
preocupação nos britânicos, que tinham claras intenções de continuar e expandir sua 
influência ao redor do globo. Cada vez mais ser um grande Estado passou a ser sinônimo 
de ser uma grande economia e capitalismo, cujo núcleo é a busca por lucro, não possui 
limites. Sendo assim, um conflito de grandes proporções entre Alemanha e Grã-Bretanha 
por territórios coloniais parecia impensável, mas não era igualmente imprevisto que os 
britânicos se unissem ao lado anti-alemão. Assim foi formado o bloco anglo-franco-russo, 
ou mais conhecido por Tríplice Entente.
A Alemanha, pós-unificação, adotava um tom cada vez mais expansionista e 
nacionalista, expressa pela frase: “Heute Deutschland, margen die ganze” (Hoje a Alemanha, 
amanhã o mundo inteiro). 
O perigo residia antes que um poder global exigia uma marinha global, e a 
Alemanha empreendeu (1897), portanto, a construção de uma grande es-
quadra de guerra, que tinha a vantagem incidental de representar não os 
velhos estados alemães, mas exclusivamente a nova Alemanha unificada [...] 
(HOBSBAWM, 1995, p. 440) 
Isso era um sinal de alerta para a Grã-Bretanha, a senhora dos mares, que entendeu 
essa posição da Alemanha como extremamente preocupante, já que ameaça seus domínios. 
Por isso, os britânicos se aliaram aos EUA, um país amigo, para proteger as águas america-
nas, e as águas do extremo oriente ficaram a cargo dos EUA e Japão, que na época estavam 
envolvidos em conflitos regionais e não pareciam representar uma ameaça ao Império Bri-
tânico. Diante do perigo que se avizinhava, na visão dos britânicos, era lógico que estes se 
aproximassem dos franceses e dos russos contra a Alemanha. (HOBSBAWM, 1995).
Essa divisão em blocos, entre Tríplice Aliança e Tríplice Entente levou um pouco 
mais de duas décadas, demonstrando o atrito internacional que foi instalado. Foram várias 
as tentativas de reaproximar os países de cada bloco, mas falharam tornando-os ainda 
mais inflexíveis. Houve algumas questões internacionais como 1) a revolução da Rússia 
de 1905 (que antecedeu a revolução de 1917), que deixou o poder czarista enfraquecido 
e abriu espaço para a Alemanha em suas investidas no Marrocos. 2) em 1907 houve a 
Revolução Turca que destruiu acordos pré-firmados e permitiu que a Áustria se apoderasse 
de uma vez por todas da Bósnia-Herzegovina, 3) A Alemanha enviou um canhão para o 
porto de Agadir no Marrocos – à época estava sob o protetorado dos franceses – a fim de 
obter alguma compensação, mas desistiu porque a Grã-Bretanha estava ao lado da França. 
35UNIDADE I Imperialismo e Nacionalismo 35UNIDADE II A Crise do Capitalismo
Diante da desintegração do Império Otomano por revolucionários turcos, as 
potências europeias assistiram desesperadas a região ficar fora do controle da Europa:
O máximo que as potências europeias conseguiram foi criar um Estado inde-
pendente na Albânia (1913) [...] A crise balcânica seguinte foi precipitada em 28 
de junho de 1914, quando o herdeiro do trono austríaco, arquiduque Francisco 
Fernando, visitou a capital da Bósnia, Sarajevo. (HOBSBAWM, 1995, p.444) 
Quando um jovem terrorista, o ativista sérvio Gavrilo Princip, decidiu pelo assassinato 
do arquiduque não se esperava que tal ato deflagrasse a primeira grande guerra. Foi então 
que a Áustria entrou em guerra com a Sérvia em 1914, a Alemanha ficou ao lado dos 
austríacos e não tentou acalmar a situação, enquanto que a Rússia e a França ficaram ao 
lado dos Sérvios. (THOMSON, 1976; HOBSBAWM, 1995).
FIGURA 1 - REGIÃO DOS BÁLCÃS EM 1914
Fonte: O Espaço daHistória, 2017. Disponível em: http://www.oespacodahistoria.com/index.php/ct-menu-
item-1/201-os-balcas-em-1914. Acesso em: 09 dez. 2021.
36UNIDADE I Imperialismo e Nacionalismo 36UNIDADE II A Crise do Capitalismo
Para entender a configuração dos motivos que levaram o Império Austro-húngaro 
a declarar guerra à Sérvia, é preciso entender a região dos bálcãs como um caldeirão 
multicultural, cujo o crescimento da Sérvia era vista como ameaça aos austríacos, no 
sentido de desintegrar os seus tão frágeis componentes nacionais. Já a Rússia, de 
acordo com Thomson (1976, p. 55) “não podia tolerar a Expansão Austríaca nos Bálcãs 
sem perder a simpatia dos povos eslavos da Europa Oriental”. No momento a Alemanha 
ficou ao lado da Áustria e a França ao lado da Rússia e da Sérvia era porque temiam 
perder suas alianças. A partir daí o jogo de alianças passará a ser perigoso. Depois 
disso, a Alemanha invadiu a Bélgica – que fica ao norte da Europa e faz divisa com a 
França – para atentar contra Paris “antes que os russos pudessem a atacar e antes que 
um possível apoio britânico pudesse se tornar efetivo” (THOMSON, 1976, p.55). 
Logo em seguida, a Grã-Bretanha declarou guerra à Alemanha, temendo o poder 
naval do país. O Japão também declarou guerra à Alemanha com intenção de se apoderar 
de concessões na China e de ilhas no Pacífico. Depois de um certo tempo, o Império Turco 
Otomano e a Bulgária se aliaram à Alemanha, porque um era inimigo da Rússia e outro nutria 
desavenças com a Sérvia. A Itália se uniu à Tríplice Entente porque lhe foram prometidos ganhos 
territoriais, por meio do Tratado de Londres. De todo modo, a entrada de cada uma das nações 
foi guiada por avaliações acerca da segurança e poder nacional. (THOMSON, 1976).
Thomson (1976) entende que uma vez começada a guerra, no final de junho de 
1914, os motivos que levaram à eclosão se modificaram. A França continuava lutando por 
uma questão de sobrevivência, porque havia sido invadida, na mesma situação estavam 
a Sérvia e a Rússia. A Alemanha lutava em duas frentes, a leste e a oeste, e tentava não 
sucumbir à invasão dos inimigos. Os Impérios Austro-húngaro e Turco viam a guerra como 
alternativa única ao colapso interno. Apenas Grã-Bretanha e mais tarde os EUA tinham 
alternativa, pois ainda não corriam o risco de serem invadidas. 
Até 1917 não podemos definir uma posição ideológica dos blocos. Os britânicos, 
russos e franceses, diziam lutar contra o imperialismo e militarização da Alemanha, mas eles 
próprios eram imperialistas e altamente militarizados. O ponto central de 1917, consistiu na 
saída da Rússia da guerra, que enfrentava os próprios conflitos internos – como veremos 
mais adiante – e na entrada definitiva dos EUA. 
A partir daí, tornou-se principalmente uma guerra entre as potências 
marítimas ocidentais, que também eram coloniais, e de idéias democráticas, 
e as potências dinásticas centrais e orientais, que eram impérios continentais 
hostis aos ideais da democracia. (THOMSON, 1976, p. 58) 
37UNIDADE I Imperialismo e Nacionalismo 37UNIDADE II A Crise do Capitalismo
Houve uma transformação da natureza do conflito em seu terceiro ano, que 
influenciou o resultado, uma vez que a participação dos EUA foi fundamental para a vitória 
da Tríplice Entente. A entrada dos EUA e a saída da Rússia fez com que fosse desenhado 
um conflito de ideologias entre nações “democráticas” e não-democráticas. Esse modelo 
tendeu a se fortalecer em outros conflitos, como foi o caso da Segunda Guerra. 
De uma maneira geral, a guerra não foi longa, se comparada a outros embates 
europeus. A Grande Guerra durou cinquenta e dois meses e ficou mais conhecida pela sua 
intensidade, pela capacidade veloz de mobilização de exércitos e suprimentos e também 
pela capacidade de autodestruição. Cada potência passou a requerer maiores esforços 
de sua população, como o alistamento obrigatório e o aumento/inserção de impostos. Os 
apelos pela ajuda dos civis tinham uma pauta nacionalista e defendiam a justiça social após 
a guerra e “cada vez mais se ouvia o argumento de que, se a organização e a determinação 
humanas podiam produzir tais maravilhas na guerra, um esforço comparável na paz podia 
remover todos os males sociais.” (THOMSON, 1976, p. 60) 
Os discursos produzidos no contexto da guerra, essencialmente pelo bloco Entente, 
versavam sobre como seria a Europa pós-guerra. O presidente W. Wilson dos EUA esboçou 
14 pontos para as negociações do pós-guerra e dentre estes pontos vemos: 1) liberdade 
nos mares em tempos de paz e guerra 2) retiradas das barreiras comerciais 3) reajuste 
das reivindicações coloniais e novo desenho do mapa da Europa, especialmente a região 
oriental 4) Criação de uma organização internacional para impedir a guerra. (THOMSON, 
1976). Estava formada uma ideologia de cunho liberal, que também tocava no ponto 
nevrálgico das diversas nacionalidades que estavam sob a guarida dos Impérios Alemão e 
Austro-húngaro, em uma espécie de guerra psicológica, desestabilizando a unidade destes 
Estados. Aos poucos a guerra foi tomada como uma cruzada moral, pela democracia e 
pelos ideais liberais. Mas, é importante lembrar que esse idealismo estava sobreposto aos 
velhos ideais nacionalistas que haviam guiado as nações ao conflito.
A Grande Guerra ficou conhecida como a guerra das trincheiras, compostas por 
um emaranhado de arames farpados e homens munidos com metralhadoras. Isso quer 
dizer que a vantagem ficou entre aqueles que escolheram um plano militar estratégico 
mais defensivo, já que a ofensiva era extremamente dispendiosa. Thomson (1976, p.64) 
ressalta, porém, que “Somente duas armas podiam arrebatar a vantagem de que gozava a 
defensiva. Um era o tanque e a coluna motorizada.”
38UNIDADE I Imperialismo e Nacionalismo 38UNIDADE II A Crise do Capitalismo
Depois que a Rússia se retirou da guerra, através de um tratado de paz com os 
alemães em 1917, a Alemanha estava disponível para lutar em apenas uma frente, a 
ocidental. Por outro lado, todos os aliados dos alemães estavam entrando em colapso, 
pois viam as nacionalidades dentro de seus territórios se inflamarem, o que as fez ruir em 
um momento posterior. Com o reforço estadunidense na frente oeste, a Alemanha não 
encontrou outra saída:
Agora, no outono de 1918, com a Alemanha extenuada ao máximo, seus 
aliados rendendo-se e as tropas americanas desembarcando na Europa 
a uma média de 250.000 por mês, o Alto Comando Alemão notificou seu 
governo de que não poderia vencer a guerra, e recomendou que a Alemanha 
solicitasse armistício. (THOMSON, 1976, p.67)
Os adversários da Alemanha insistiram que um acordo armistício só poderia ocorrer 
com uma Alemanha democrática. Diante da pressão exercida, de um motim e uma greve 
geral, o Kaiser Guilherme II renunciou ao trono alemão, com isso, a Alemanha tornou-se 
uma república e dois dias mais tarde o armistício foi assinado, no dia 11 de novembro. 
A guerra terminou com o exército alemão em território francês e nenhuma força inimiga 
nas terras alemãs, reforçando a ideia que o exército alemão não havia sido derrotado. 
“Ficou para a nova república democrática a responsabilidade pela assinatura do armistício 
e aceitação dos termos de paz” (THOMSON, 1976, p.68) 
O mapa da Europa se modificou e nasceram novas nações. Depois da guerra o 
Império Austro-húngaro se desintegrou e a Áustria e a Hungria se transformaram em re-
públicas diferentes. “Apareceram no mapa os novos Estados da Tcheco-Eslováquia, sob a 
liderança do tchecos, a Iugoslávia, sob a liderança dos sérvios, uma Polônia ressuscitada 
e uma Romênia aumentada” (THOMSON, 1976, p.68)
O resultado do pós-guerra foi uma Europa dividida , graças à fragmentação dos 
Impérios Austro-húngaro e Turco. As novas nacionalidades buscaram auxílio de uma ou 
outra potência para conseguirem se estabelecer, que depois da derrota da Alemanha e 
Rússia – bem como outros impérios – sentiram o vácuono poder. 
Em 1919 os beligerantes se reuniram em Paris para estabelecer as condições pós-
guerra. As decisões foram encabeçadas pelo presidente Wilson dos EUA, pelo presidente 
da França Georges Clemenceau e pelo primeiro-ministro britânico David Lloyd George. As 
principais decisões versaram acerca do Tratado de Versalhes firmado com a Alemanha, da 
independência da Bélgica e da restituição da Alsácia e da Lorena à França. Além disso, a 
Alemanha foi pressionada a assinar uma cláusula de culpabilidade, bem como forçada a 
pagar valores de restituição. Não apenas isso, a Alemanha perdeu todas as suas possessões 
coloniais e cidadãos perderam suas propriedades no exterior. Quanto ao exército, os alemães 
tiveram-no restrito a 100 mil homens e tiveram proibidas as artilharias pesadas.
39UNIDADE I Imperialismo e Nacionalismo 39UNIDADE II A Crise do Capitalismo
Uma das consequências mais visíveis da guerra foi o fortalecimento das paixões 
nacionais:
As mobilizações das massas e as perdas, as violentas paixões levantadas 
pelo massacre de dez milhões de homens, a prolongada tensão de um 
esforço de guerra demorado, a partilha das mágoas na adversidade, e do 
triunfo na vitória, tudo conspirou para atormentar os espíritos dos homens 
com orgulho nacionalista e fervor patriótico. Em cada país, o inimigo era 
apresentado como bestial, inescrupuloso e completamente dominado pelo 
ódio. (THOMSON, 1976, p. 76-77) 
No pós-guerra os países europeus se encontraram em dificuldades financeiras. 
Procurando pagar seus débitos de guerra, o padrão de vida dos europeus sofreu mudanças 
bruscas. Isso fez com que fosse deslocado o centro da economia mundial, esse cenário 
veio ao encontro da rápida expansão industrial dos EUA. A Europa nunca mais se recuperou 
em comparação aos áureos tempos antes de 1914. A guerra deixou baixas não apenas 
demográficas e econômicas, mas mudou integralmente a forma de fazer guerra e mostrou 
ao mundo que conflitos dessa dimensão eram extremamente perigosos. Não apenas isso, 
a primeira guerra colocou em evidência as economias liberais e ditas democratas, mas não 
sem concorrência, como veremos a seguir.
1.2 A Revolução Russa
Como vimos, a Rússia saiu da Grande Guerra após conflitos internos. A realidade 
é que a Rússia via apenas perdas e doze anos antes já havia eclodido uma revolta 
contra o czar, após a derrota do país contra o Japão. O movimento foi dissolvido, mas 
algumas concessões foram feitas, como a constituição de uma assembleia representativa. 
Entretanto, o governo do czar permanecia despótico e corrupto, gerando desconfiança de 
todas as classes sociais. Foi quando em 12 de março de 1917 o governo do czar Nicolau II 
foi deposto e, então, discutia-se qual tipo de governo deveria ser estabelecido. Mas antes 
precisamos falar sobre as condições que levaram à eclosão da Revolução. 
Diferentemente da Europa ocidental, a Rússia permanecia praticamente agrária, 
baseando-se em um regime feudal. A classe média russa não havia se desenvolvido e ido 
para o espectro político. Em suma, o país vivia uma estagnação econômica e autonomia 
política e econômica de uma burguesia era praticamente nula. Com isso, não houve chances 
para que as ideias liberais penetrassem, como havia acontecido na Europa. (HILL, 1977) 
A pequena industrialização russa foi motivada pela entrada de capital estrangeiro, 
o que gerou também uma relativa massa operária. 
40UNIDADE I Imperialismo e Nacionalismo 40UNIDADE II A Crise do Capitalismo
Rapidamente, a classe operária mal paga e em horríveis condições de vida e de 
trabalho, tomou consciência de si, da importância da coletividade, da organização e da 
possibilidade e da necessidade de uma convulsão social que desembocaram na Revolução:
Ao contrário da classe média, o proletariado russo assimilava do Ocidente 
uma ideologia que ainda não esgotara a própria vitalidade. A revolução de 
1848 e a Comuna de Paris de 1871, juntamente com os escritos de Marx e 
Engels, mais a experiência política dos partidos da Segunda Internacional, 
criaram um corpo de doutrina socialista trabalhadora. (HILL, 1977, p. 18) 
Por que ideias socialistas encontraram terreno fértil em um país que sequer havia 
passado pela industrialização de fato? Diferente da Inglaterra ou da França onde as demandas 
dos trabalhadores eram absorvidas pelas ideias reformistas dos liberais, na Rússia não 
vigorava essa tradição e muito menos havia esperança que houvesse mudanças por meio 
constitucionais. Desde o início, os líderes do movimento proletário acreditavam que era 
necessária uma ruptura violenta com o regime vigente e o que dizia o Manifesto Comunista, 
de Marx e Engels representava uma verdade para os trabalhadores. (HILL, 1977) 
Um governo como o do czar, por um período de tempo, quando a extensão 
do país não permitia a comunicação pelo extenso território, serviu como elemento 
centralizador. Mas, com a invenção do telégrafo e do trem a vapor, a existência desse 
poder centralizador representado pelo czar começou a se mostrar obsoleto. Apesar disso, 
Nicolau II continuava insistindo em seu direito divino para governar e em recusar qualquer 
interferência em seu governo absolutista. 
Portanto, segundo Hill (1977, p. 21), a razão fundamental para a Revolução foi 
a “incompatibilidade entre o regime czarista e as exigências da civilização moderna”. A 
Grande Guerra veio acelerar a crise, pois os conflitos anteriores que acabaram deflagrando 
a Grande Guerra, como o embate com o Japão em 1905, trouxeram não apenas a 
derrota, mas também geraram insatisfação com um governo ineficiente e corrupto. O que 
se desenrolou na Revolução de 1905, que instituiu a Duma, uma espécie de assembleia 
legislativa, com representantes eleitos pelo povo.
O ano de 1906 foi decisivo, na medida em que o czar prometera que nenhuma 
decisão seria tomada sem antes passar pela Duma de Estado. Contudo, Nicolau II recebeu 
um empréstimo voluptuoso de banqueiros franceses e a partir disso, acreditou que poderia 
ignorar a Duma. (HILL, 1977).
41UNIDADE I Imperialismo e Nacionalismo 41UNIDADE II A Crise do Capitalismo
A guerra criou uma situação delicada para a Rússia e para o czar, na medida 
que as tropas avançavam elas ficavam sem os suprimentos básicos. O que colocava em 
cheque a eficiência do imperador em prosseguir no conflito e fazia com que os aliados, 
como a Inglaterra e a França apoiassem a Duma para pressionar o czar a liberar as 
forças improdutivas do país. Além disso, “em 1916 os juros e reservas da dívida do 
Estado ascendiam a muito mais que toda a receita, metade devia-se a bancos e governos 
estrangeiros, e a dívida externa aumentava rapidamente. (HILL, 1977, p. 24).
O jovem Vladimir I. Lenin, aos vinte cinco anos, no programa do Partido Social-
Democrático, até então inexistente, advogava pela união dos trabalhadores frente ao 
capitalismo. Como já dissemos, boa parte da industrialização do país era devida ao capital 
estrangeiro. Para Lênin os capitalistas encontraram na Rússia um governo solicito, uma 
massa de trabalhadores desorganizados e um padrão de vida reduzido, gerando ainda 
mais lucros. Mas isso estava prestes a mudar, já que o investimento estrangeiro e o 
desenvolvimento do capitalismo tardio, criava condições para uma revolução contra o czar. 
Por outro lado, o czar e as demais potências estavam prontos para uma revolução 
burguesa em território russo, de caráter parlamentarista, no entanto, não foi isso o que 
aconteceu:
Mas os interesses dos capitalistas nativos e dos investidores estrangeiros coin-
cidiram tarde. Por esse tempo o movimento proletário já evoluíra a um 
ponto em que estava apto a pôr de lado o frágil governo liberal, de tão 
pouca base social na Rússia quanto o governo czarista em seus dias derra-
deiros; e com o advento dos bolcheviques, em novembro de 1917, saíram da 
cena juntos o capitalismo russo e o estrangeiro. (HILL, 1977, p. 25, grifo nosso) 
Para Lenin, alei fundamental da revolução para a Revolução não era apenas que 
as classes oprimidas tomassem consciência de sua exploração e exigissem mudanças, 
mas também que os opressores não tivessem meios para viver como antes. Daí por diante 
era preciso criar uma classe trabalhadora consciente e capaz de dar a própria vida pela 
Revolução. (HILL, 1977)
Neste contexto, havia uma forte aliança entre o Estado e a Igreja Ortodoxa. O 
governo de Nicolau II lutava para que qualquer pensamento dissidente fosse calado. A 
Igreja, por sua vez, convocava confissões de clérigos e fiéis para colher informações para 
o Estado, além de promover conversões forçadas, perseguições às pessoas, chegando a 
afastar filhos de pais. Isso fazia com que aqueles que sofreram tais tipos de perseguições, 
logo enfileiram-se pela revolução e pela liberdade de crença. (HILL, 1977).
42UNIDADE I Imperialismo e Nacionalismo 42UNIDADE II A Crise do Capitalismo
Depois do estopim da guerra em 1914, em São Petersburgo, inflamou-se um 
movimento grevista, que clamava por maiores salários em vista da alta de preços. O salário 
subiu nos quatro anos que se seguiram, mas não acompanhou o aumento vertiginoso de 
preços. A guerra começou a ser vista como mero capricho do czar em face das milhares de 
vidas perdidas e da situação econômica delicada, enquanto que a Rússia somava derrotas 
nos campos de batalha. 
O cenário já estava crítico quando Rasputin – místico influente na família de Nicolau 
II – foi assassinado por um membro da Duma. Três meses depois, o governo autocrático 
foi derrubado “por um movimento de massa quase espontâneo, de operários e soldados, 
Petrogrado, movimento que ninguém jamais reivindicou o mérito de tê-lo organizado.” 
(HILL, 1977, p. 33). A partir daí, foi organizado um Governo Provisório, com integrantes dos 
partidos liberais, que eram maioria na Duma, que prometeu: 
[...] liberdade de opinião, de imprensa, de reunião e de associação; direito 
de greve; extinção de todos os privilégios nacionais e de classe; organização 
de uma milícia popular com oficiais eleitos; eleição para a criação de órgãos 
regionais de governo e uma Assembléia Constituinte, por sufrágio universal, 
igualitário, direto e secreto. (HILL, 1977, p. 33)
Isso foi em março de 1917 e obteve a simpatia dos aliados da Rússia, que temiam 
que o pior acontecesse depois da saída do país da guerra. As massas clamavam por 
revolução e liberdade e para Hobsbawm (2005, p. 67) “o feito extraordinário de Lenin foi 
transformar essa incontrolável anárquica popular em poder bolchevique”.
Com a notícia da abdicação do czar, os exilados que viviam na Suíça puderam 
voltar, dentre eles Lenin. Mas quem foi Lenin? Lenin nasceu em 1870 em Simbirsk e era 
filho de professores de classe média, intelectualmente esclarecidos. Teve uma educação 
normal primária, mas ao chegar na faculdade foi expulso por participar e encabeçar motins. 
Dali por diante, esteve na mira policial e teve negado diversos pedidos de ingressar em 
universidades. Só conseguiu fazê-lo em anos mais tarde e em 1891 se formou como o 
primeiro da classe de Direito. Depois disso, Lenin exerceu a advocacia como assistente 
de um advogado liberal. (HILL, 1977)
Mais tarde, em 1887, esboçou a vontade de se tornar um revolucionário profissional 
a amigos. Já realizava leituras como O Capital de Marx e fazia parte de grupos de estudos 
marxistas. Em 1893 uniu-se a um grupo de marxistas que fazia contato com trabalhadores 
em fábricas. A esta altura, Lenin havia construído uma reputação com teórico, ele escrevia 
panfletos, que eram distribuídos aos operários. Em seguida, Lenin e seus companheiros 
foram presos, o líder bolchevique ficou um ano na cadeia e foi mandado para o exílio. 
Quando voltou à Rússia em 1917 foi aclamado chefe do Partido Bolchevique.
43UNIDADE I Imperialismo e Nacionalismo 43UNIDADE II A Crise do Capitalismo
Quando o governo do czar caiu, além do governo provisório, surgiu uma série de 
conselhos das mais variadas vertentes, os social-democratas bolcheviques e os social-
revolucionários, os mencheviques. Contudo, as massas não sabiam muito bem o que 
significavam todos estes rótulos e não pretendiam estar sob o controle de qualquer tipo de 
autoridade. A reivindicação das massas pobres era o pão, dos operários melhores condições 
de salário e trabalho e da maioria da Rússia – 80% agrária – era a terra, assim como 
desejava-se o fim da guerra. Logo o slogan “Pão, paz e terra”, dos bolcheviques, ganhou 
popularidade. Vemos, portanto, que os bolcheviques se apropriaram de insatisfações 
populares e as incorporaram em seu programa. 
O Governo Provisório, por outro lado, não soube reconhecer o que levava a Rússia 
a não obedecer as leis e os decretos. As suas pautas como tentar estabelecer uma disciplina 
de trabalho, radicalizou os trabalhadores ainda mais; a sua tentativa de retornar a guerra 
deu lugar a deserção dos soldados. Enquanto isso, os bolchevistas cresciam em número e 
em dimensão, penetrando não apenas nas fábricas, mas também no exército, com isso, de 
acordo com Hobsbawm (1995, p. 68) “o Governo Provisório tornou-se cada vez mais irreal”. 
Os bolcheviques tomaram o poder, através daquela que ficou conhecida como 
Revolução de Outubro em 1917. A pergunta era se o bolchevismo era capaz de governar 
um país em face da anarquia, o próprio Lenin debruçou-se sobre o problema. Com a ideia 
central de “Todo poder aos sovietes”, que eram conselhos operários deliberativos, os 
bolcheviques continuaram no poder. (HOBSBAWM, 1995)
Hobsbawm (1995) argumenta que existem três motivos centrais, pelos quais a 
Rússia Soviética teria sobrevivido: 1) A existência de um partido único, o Partido Comunista, 
em caráter centralizado e organizado. 2) Se mostrou a única opção de governo viável, já 
que a Rússia não tinha uma longa tradição liberal. 3) Por fim, este governo permitiu ao 
campesinato tomar a terra. 
Com isso, a Revolução Russa pôs em xeque as aspirações de um globo uniformemente 
liberal. Representando para o mundo, um perigo e uma esperança, na medida em que 
governos liberais ocidentais temem revoltas similares em seus territórios e uma esperança 
para os socialistas de todo mundo. Seja por um socialismo de caráter mundial, como queria 
Lenin, que morreu cedo em 1922, ou por uma URSS centralizada e forte como apregoou 
Stálin, o seu sucessor, a Revolução marcou para sempre o mundo contemporâneo. 
44UNIDADE I Imperialismo e Nacionalismo 44UNIDADE II A Crise do Capitalismo
2. A TENTAÇÃO TOTALITÁRIA: A ASCENSÃO DOS FASCISMOS 
O Fascismo foi produto típico do século XX, um movimento de massas antiesquerdista, 
antidemocrático e ultranacionalista tomou conta de partes da Europa e, até mesmo, influenciou 
outras regiões do mundo. A palavra fascismo remete a um feixe ou maço em termos italianos 
ou, até mesmo, de forma mais remota, ao termo latino fasces, que era um machado “cercado 
por um feixe de varas que era levado diante dos magistrados, nas procissões públicas romanas, 
para significar a autoridade e a unidade do Estado”. (PAXTON, 2007, p. 14)
Oficialmente, o fascismo nasceu em Milão, em um domingo, 23 de março de 
1919. Naquela manhã, pouco mais de cem pessoas, entre elas veteranos de 
guerra, sindicalistas que haviam apoiado a guerra e intelectuais futuristas, 
além de alguns repórteres e um certo número de curiosos, encontram-se na 
sala de reuniões da Aliança Industrial e Comercial de Milão, cujas janelas se 
abriam para a Piazza San Sepolcro, para “declarar guerra ao socialismo (...) 
em razão deste ter-se oposto ao nacionalismo”. Nessa ocasião, Mussolini 
chamou o seu movimento de Fasci di Combattimento, o que significa, 
aproximadamente, “fraternidades de combate”. (PAXTON, 2007, p. 16) 
Meses mais tarde, após este episódio, surgiu o programa fascista. Uma curiosa 
mistura entre nacionalismo e experimentos radicais, numa espécie de “nacional-socialismo”. 
Do lado nacionalista, o programavisava a expansão da Itália sobre a região dos Bálcãs, 
mas também pregava o sufrágio feminino, o voto aos dezoito anos de idade, uma nova 
constituição para a Itália, jornada de oito horas diárias, participação dos trabalhadores 
na administração das fábricas, confisco de determinados bens da Igreja e a expropriação 
parcial de todos os tipos de riqueza. (PAXTON, 2007) 
45UNIDADE I Imperialismo e Nacionalismo 45UNIDADE II A Crise do Capitalismo
O movimento comandado por Mussolini também se caracterizava pela violência e 
pelo caráter anti-intelectual. Enfim, estavam articulados veteranos de guerra, sindicalistas 
pró-guerra e os chamados “intelectuais futuristas”. Mas quem eram esses grupos, por que 
estavam ao lado de Mussolini na agenda fascista? Primeiro, os sindicalistas estiveram 
lado a lado a Mussolini para levar a Itália à Primeira Guerra em 1915, estes eram rivais 
do socialistas parlamentares, pois enquanto estes últimos lutavam por reformas pontuais 
que levariam a obsolescência do capitalismo, seguindo a linha marxista. Os sindicalistas, 
ao contrário, acreditavam que poderiam derrubar o capitalismo pela sua força de vontade, 
derrubando o capitalismo num só golpe. No contexto da entrada na Primeira Guerra 
Mundial, alguns sindicalistas acreditaram, junto com Mussolini, que o ingresso da Itália 
na Guerra faria com que essa se aproximasse a uma revolução social. Assim, nasceram 
os chamados “sindicalistas nacionais”. 
Os intelectuais futuristas, por sua vez, eram uma associação de jovens escritores 
e artistas que apoiavam os “Manifestos Futuristas” de Marinetti. Os seguidores de Marinetti 
se opunham ao legado histórico dos museus e bibliotecas e se voltavam para a exaltação 
da velocidade e da violência, enquanto elementos libertários. Outra corrente que apoiou 
Mussolini se manifestou sobre aqueles que acreditavam no segundo ressurgimento italiano e 
faziam duras críticas ao parlamentarismo, que deixara a Itália numa posição subalterna. Estes 
sonhavam com uma “Grande Itália” e um novo Estado, com “líderes enérgicos, cidadãos 
motivados e a comunidade nacional unida como a Itália merecia”. (PAXTON, 2007, p. 19)
O fascismo irrompe na Itália não apenas com atos de violências para com jornais 
socialistas, mas também contra a “legalidade burguesa”, em nome de um suposto bem 
maior. Foi na Itália que o fascismo começou e recebeu o seu nome, mas ao mesmo tempo, 
em outras partes do mundo, nasciam movimentos nacionalistas, anti capitalistas, anti 
socialistas, que usavam de violência ativa contra os inimigos. (PAXTON, 2007).
A retórica anticapitalista, porém, não durou muito, diferentemente da perseguição 
aos comunistas, que seguiu firme. Chegando ao poder, o governo fascista proibiu as 
greves, acabaram com os sindicatos independentes, reduziram o poder de compra do 
trabalhador e inflaram a indústria armamentista, para deleite dos patrões. A crítica do 
fascismo acerca do capitalismo em nada tinha a ver com a exploração, como faziam os 
comunistas. Eles criticavam a indiferença com a nação e a incapacidade de mobilizar 
indivíduos em volta dela.
46UNIDADE I Imperialismo e Nacionalismo 46UNIDADE II A Crise do Capitalismo
É importante salientar que no regime fascista a relação entre Estado e indivíduo 
foi redemolada. Há uma tentativa de fazer com que o interesse individual inexista e este só 
pode ganhar corpo à medida que corrobora com a coletividade, representada pelo Estado 
e seus símbolos.
Em seu desenvolvimento máximo [o fascismo] redesenhou as fronteiras 
entre o público e o privado, reduzindo aquilo que antes era intocavelmente 
privado. Transformou a prática da cidadania, do gozo dos direitos e deveres 
constitucionais à participação em cerimônias de massa de afirmação e 
conformidade. Reformulou as relações entre indivíduo e coletividade, de 
forma a que um indivíduo não tivesse qualquer direito externo ao interesse 
comunitário. (PAXTON, 2007, p. 28)
Nesta busca pelo controle total, há a ampliação dos poderes do executivo. Há de 
se considerar que o fascismo requer a figura de um grande líder, porém, é necessário, 
segundo Paxton (2007) desmistificar a noção de que este agia sozinho. Mussolini, assim 
como outros líderes fascistas, contavam com o suporte do judiciário, da polícia, do exército, 
bem como das elites conservadores para poder governar. Desse modo, atribuir a culpa 
essencialmente ao líder é errôneo, já que a ascensão do fascismo contou com apoio de 
parte da população e das instituições. 
Antes de se tornar um regime, que vigorou no período entre guerras, o Fascismo 
foi um movimento, depois transformou-se em partido, para logo em seguida se firmar 
enquanto regime. É importante dizer que, após a Primeira Guerra, vários países viram 
nascer movimentos de caráter totalitário, nem todos foram para frente. Nesse sentido, 
Mussolini foi pioneiro em conseguir êxito na implantação do fascismo. Colocava-se de início 
quase como um anti-partido, rejeitando o socialismo, o liberalismo, era também a soma de 
várias queixas heterogêneas de vários grupos sociais. No entanto, ao chegarem ao poder 
tiveram que abrir do espectro “anti”, tornando claras as suas prioridades. (PAXTON, 2007).
Para alcançar êxito na arena política era necessário mais do que esclarecer prio-
ridades e tecer alianças. Era preciso também um novo estilo político que atraísse 
eleitores que haviam chegado à conclusão que a política havia-se tornado suja 
e fútil. Posar de “antipolítico” muitas vezes funcionava com pessoas cuja grande 
motivação política era o desprezo pela política. (PAXTON, 2007, p.106)
Mas como os fascistas chegaram ao poder? Ao longo de 1922, os squadristi 
- grupo armado paramilitar absorvido pelos fascistas e conhecidos como Camisas Negras - 
passaram de saques e ataques às sedes socialistas jornais, para ações em cidades inteiras, 
tomando o poder local.Tomando várias cidades, a meta não poderia deixar Roma. Os 
Camisas negras tomaram pontos estratégicos de Roma como prédios públicos, estações 
ferroviárias e agências dos correios. 
47UNIDADE I Imperialismo e Nacionalismo 47UNIDADE II A Crise do Capitalismo
O governo italiano não estava preparado para lidar com essa ofensiva, na verdade 
este era quase que sumariamente inexistente devido à um parlamento extremamente 
heterogêneo. Anteriormente, em 1921, o primeiro-ministro italiano não viu outra saída a 
não ser incluir os fascistas nas eleições de maio daquele ano. (PAXTON, 2007)
Os camisas negras, apesar das tentativas em os interceptar do governo italiano, 
chegaram a Roma, estavam maltrapilhos, com pouca água e comida. Nesse ínterim, Mussolini 
se apresenta ao monarca Vittorio Emmanuel III com uma proposta difícil: ou o governo italiano 
fazia frente aos camisas negras ao custo de considerável derramamento de sangue ou fazia 
de Mussolini o Chefe de Estado. O Rei escolhe a segunda opção. Os motivos para tal são 
de ordem especulativa. Dizia-se que o monarca fora aconselhado por um Marechal que caso 
ordenasse que as tropas incidissem sobre os fascistas corria-se o risco de que estes se 
juntassem aos camisas negras. Assim, Mussolini foi direcionado ao poder após este episódio 
que ficou conhecido como Marcha sobre Roma. (PAXTON, 2007).
 Diante de uma sociedade fragmentada, bipolarizada, com problemas econômicos 
e políticos, os fascistas chegaram ao poder oferecendo um novo programa político, ainda 
que em sua prática continuassem com o apoio dos conservadores. De acordo com Paxton 
(2007), podemos destacar alguns pontos centrais acerca da retórica fascista:
1. Noção de crise catastrófica, a qual as soluções tradicionais não podem resolver.
2. Entendimento de que há uma primazia do grupo, na qual os deveres são 
superiores a qualquer direito, universais ou individuais. 
3. Crença de que o próprio grupo é sempre vítima, legitimando ações ilimitadas 
contra os supostos inimigos.
4. Medo da decadência do grupo frente à concepçõesliberais individualistas, de 
influências estrangeiras ou mesmo de conflitos de classe, ou seja, qualquer agente 
que possa desintegrar o grupo.
5. Necessidade da figura de um líder, sempre homem, capaz de sumarizar o destino 
histórico do grupo. 
6. Concepção de que os instintos do líder se sobrepõem a qualquer razão abstrata 
ou universal. 
7. Exaltação da violência como forma de êxito do grupo 
8. Visão de que o povo eleito deve dominar os demais, independente do que diga a 
lei humana, entendendo que o mais “forte” deve se sobressair aos demais.
48UNIDADE I Imperialismo e Nacionalismo 48UNIDADE II A Crise do Capitalismo
Tais características são próprias do fascismo, que se estendeu a outros países, 
como foi o caso da Alemanha de Hitler. É importante pontuar que o Nazismo alemão, 
conforme compreende Paxton (2007), faz parte do espectro Fascista, ainda que em seu 
seio possua características próprias, conforme veremos mais adiante. 
SAIBA MAIS
Fascismo de esquerda?
Recentemente emergiu no debate público um suposto fato de que o Fascismo seria 
um movimento ideológico de esquerda. Alguns autores como Paxton (2007) preferem 
dizer que não é possível situar o Fascismo sob espectros políticos de esquerda ou 
de direita. O autor defende que, ao mesmo tempo, que havia uma forte perseguição 
contra os socialistas e comunistas, os fascistas se declaravam antiliberais e contrários 
aos valores da burguesia. Entretanto, os historiadores, como Bertonha (2013), tendem 
a concordar que Mussolini e seus seguidores se desvencilharam de ideais socialistas – 
que guiavam o chefe de Estado fascista no início da carreira – e abraçaram o capitalismo. 
Ainda segundo Bertonha (2013), baseado nas definições conceituais de Bobbio, 
existem algumas diferenças fundamentais entre esquerda e direita. A primeira delas é 
que enquanto a esquerda busca desconstruir o status quo, a direita tende a mantê-lo. 
Além disso, nas acepções do campo da direita, há a manutenção da desigualdade, da 
hierarquia e da ordem. Considerando essas características, e também pelo fato que 
o regime Fascista nunca concretizou suas promessas anticapitalistas – muito pelo 
contrário – pode-se dizer que o movimento fascista aproximou-se de fato mais da 
direita do que da esquerda propriamente dita.
Fonte: BERTONHA, 2013; PAXTON, 2007. 
49UNIDADE I Imperialismo e Nacionalismo 49UNIDADE II A Crise do Capitalismo
3. O NAZISMO DA ALEMANHA 
Como já pontuamos, alguns pesquisadores do Fascismo compreendem o caso 
italiano e a questão alemã como fenômenos próximos. Entretanto, outros autores como 
Vincent (1995), contribuem para a discussão ao pontuar diferenças centrais entre os 
regimes. Para ele, a diferença mais óbvia é a questão racial e a noção de espaço vital - 
Lebensraum - apregoada pela Alemanha nazista, enquanto que na Itália de Mussolini isso 
não chegou a ser uma questão relevante de fato. 
É de conhecimento geral que o Nazismo foi o responsável por um dos maiores 
massacres e perseguição ao povo judeu. Após o fim da Segunda Guerra, o mundo assistia 
estupefato aos julgamentos dos líderes nazistas, se perguntando como e porquê aqueles 
homens relativamente comuns se envolveram ativamente no extermínio de pessoas. 
Um caso em particular, estudado por Arendt (2012) e Elias (1997), foi o julgamento de 
Eichmann, um burocrata do regime, responsável por deportar judeus para os campos de 
concentração. A simplicidade do homem, sua vida comum cotidiana, levam a Arendt (2012) 
analisar que sobre o governo hitlerista, a sociedade estava calcada em uma “banalidade 
do mal”, conceito filosófico, situado na compreensão de que o pior mal é aquele que se 
reverbera no cotidiano. Esse conceito é fundamental para entender como o nazismo pôde 
se manter no poder e serve como ponto de inflexão para entender como um país referência 
na filosofia, industrializado e com pessoas “civilizadas” se entregou a tais níveis de barbárie.
50UNIDADE I Imperialismo e Nacionalismo 50UNIDADE II A Crise do Capitalismo
Antes de compreender como Hitler chegou ao poder, precisamos nos debruçar 
sobre os antecedentes históricos da Alemanha. No contexto de unificação do Estado 
alemão na segunda metade do século XIX, temos a figura de Bismarck, líder considerado 
forte e responsável por instaurar o Segundo Reich. Bismarck procurou germanizar as 
minorias, que estavam em território alemão, seja impondo a língua alemã nas escolas ou 
mesmo incentivando a ocupação destes territórios por alemães. Entretanto, os sucessores 
de Bismarck viram que vários problemas não haviam sido sanados. além da persistências 
de povos não-germânicos - o que era mal visto pela maioria da população germânica - 
os alemães se sentiam como país de segunda classe em comparação com os ingleses 
e franceses, donos das melhores tropas e melhores possessões ao redor do globo. Às 
vésperas da Primeira Guerra, a Alemanha já havia se militarizado e o sentimento nacionalista 
estava mais exacerbado do que nunca. (EVANS, 2010).
Outro ponto que merece atenção é a questão racial. Por que o sentimento an-
tissemita se instalou no seio da sociedade alemã? Certamente, Hitler e seus apoiadores 
encontraram elementos históricos que permitiram que essa minoria - correspondente a 
quase 1% da população - fosse perseguida e o sentimento de ódio fosse legitimado. Evans 
(2010) explica que muitos judeus conseguiram certo êxito econômico ao se dedicarem a 
atividades que exigiam qualificação, ligadas à modernidade e à intelectualidade. Tal êxito 
fez com que muitos alemães ficassem ressentidos, já que dentre todas as minorias étnicas, 
os judeus foram os únicos que alcançaram um melhor status econômico. Em 1873 houve 
uma profunda crise econômica mundial que afetou muitos trabalhadores alemães que, 
em sua incompreensão sobre a estrutura que os afetava e inflados por jornais católicos e 
conservadores, logo culparam os judeus pela sua derrocada.
O antissemitismo tradicional enfocava a religião não cristã dos judeus e 
obtinha seu poder política da sanção bíblica. O Novo Testamento culpava 
os judeus pela morte de Cristo, condenando-os à desaprovação eterna ao 
declarar que de bom grado haviam concordado em deixar o sangue de 
Cristo ser derramado sobre eles e seus descendentes. Como uma minoria 
não cristã em uma sociedade governada por crenças cristãs e instituições 
cristãs, os judeus eram alvos óbvios e fáceis de ódio popular em tempos de 
crise [...] (EVANS, 2010, p. 36)
É, portanto, de suma importância entender que mesmo antes de Hitler alançar 
o poder, já havia na sociedade alemã um discurso, alimentado desde o século XIX, 
antissemita estruturado. O antissemitismo levou a criação de associações, foi tópico de 
agendas políticas e procurou se legitimar na esfera pública. Ainda no século XIX uma parte 
dos judeus foram para os EUA, fugindo da perseguição, no entanto uma boa parte ficou 
residindo em guetos. Alguns agitadores políticos, diante do contexto da crise econômica, 
culparam os banqueiros judeus pela situação, movimentando massas ao eleger um 
culpado pelos problemas do país.
51UNIDADE I Imperialismo e Nacionalismo 51UNIDADE II A Crise do Capitalismo
A perseguição aos judeus passou de uma interpretação bíblica, que os considerava 
assassinos de Cristo e se transformou em em uma questão racial. Via-se o povo germânico 
racialmente superior ao povo judaico.
Tomando emprestadas as teorias da moda do racista francês conde Joseph 
Arthur de Gobineau, Marr contrastou os judeus não com os cristãos, mas com 
os alemães, insistindo que eram duas raças distintas. Os judeus, declarou ele, 
haviam adquirido o controle na luta racial e estavam virtualmente comandando 
o país; não era de espantar, pois, que os honestos artesãos e pequenos 
empresários alemães estivessem sofrendo. Marr foi adiante, inventando a 
palavra “antissemitismo” e, em 1879, fundando a Liga de Antissemitas, a 
primeira organização do mundo a ter essa palavraem seu nome. Dedicava-
se, como dizia ele, a reduzir a influência judaica na vida alemã. Seu texto 
desferia uma nota apocalíptica pessimista. Em seu “Testamento”, ele 
proclamou: “A questão judaica é o eixo em torno do qual gira a roda da história 
do mundo”, indo adiante para registrar sombriamente sua visão: “Todo nosso 
desenvolvimento social, comercial e industrial é construído em cima de uma 
visão de mundo judaica.” (EVANS, 2010, p. 37).
Pequenos comerciantes, artesãos, lojistas e fazendeiros camponeses davam apoio à 
causa antissemita. Ainda que o partido antissemita tenha perdido boa parte de seu influência, 
alguns seus ideais foram incorporados em partidos maiores, tais como o Partido Conservador 
e o Partido de Centro. Entretanto, o ódio aos judeus não era exclusividade alemã, mas países 
como a França possuía movimentos antissemitas, bem como a Rússia. Para os contemporâ-
neos, a Alemanha era o último lugar onde seria possível um massacre em massa dos judeus. 
Isso porque o antissemitismo era uma movimento marginal. (EVANS, 2010).
Na virada para o século XX uma obra que ficou bastante conhecida no país, 
intitulada “As fundações do século XIX”, publicada em 1900, sistematizou o antissemitismo:
Nessa obra etérea e mística, Chamberlain retratou a história em termos de 
uma luta pela supremacia entre as raças germânica e judaica, os dois únicos 
grupos raciais que conservavam a pureza original em um mundo de miscigena-
ção. Contra os germânicos heróicos e cultos eram lançados os judeus cruéis e 
mecanicistas, que, desse modo, Chamberlain elevou a uma ameaça cósmica 
à sociedade humana, em vez de simplesmente desprezá-los como um grupo 
marginal ou inferior. Ligada à luta racial havia uma luta religiosa, e Chamberlain 
devotou um bocado de esforços a tentar provar que a cristandade era essen-
cialmente germânica e que Jesus, a despeito de toda evidência, não havia 
sido judeu coisa nenhuma. A obra de Chamberlain impressionou muitos 
de seus leitores com o apelo à ciência para apoiar seus argumentos; sua 
contribuição mais importante a esse respeito foi fundir antissemitismo e 
racismo com darwinismo social. (EVANS, 2010, p. 40, grifo nosso).
As ideias de Darwin acerca da seleção natural e a sobrevivência dos mais 
aptos, influenciaram uma interpretação social dos modelos biológicos do cientista. Essa 
interpretação ficou conhecida como darwinismo social e via a luta pela sobrevivência 
como chave de explicação. Em 1900 antropólogo Ludwig Woltmann, sustentou que a raça 
germânica estava no ápice da evolução e que por isso estava apta a dominar o mundo. 
52UNIDADE I Imperialismo e Nacionalismo 52UNIDADE II A Crise do Capitalismo
Entretanto, na visão dele, existiam outras raças que estavam impedindo o 
crescimento dos alemães. Outro pensador que discorreu sobre a questão racial, baseado no 
darwinismo social, foi Ploetz, este argumentou favoravelmente com relação à eugenia, ou 
seja, à eliminação dos considerados maculados e um estímulo aos considerados “fortes”, 
defendendo inclusive que uma equipe médica deveria assistir aos partos e definir se aquele 
ser humano estaria apto para viver ou se seria deixado para morrer. A ideia por trás disso 
era a eliminação dos mais fracos e o incentivo, até mesmo a força, para que os “fortes” 
procriassem mais, a fim de garantir a eficiência do Estado. Em pouco tempo, estas ideias 
foram difundidas na medicina, na assistência social e no direito (EVANS, 2010).
Evans (2010) explica que o antissemitismo e a higiene racial foram os pilares do 
nazismo. Em um contexto pós Primeira Guerra, a Alemanha, derrotada, assinou o Tratado 
de Versalhes, que lhe impôs perda do poderio e extensão de suas forças militares, além 
dos embargos econômicos colocados pelos Aliados, perda de parte dos territórios coloniais 
e a aceitação da culpa exclusiva pelo conflito. O sentimento de humilhação após estas 
condições era visível em toda a Alemanha.
Tudo isso foi recebido com horror incrédulo pela maioria dos alemães. O 
senso de ultraje e incredulidade que varreu as classes média e alta alemãs 
como uma onda de choque foi quase geral e teve impacto maciço também 
sobre muitos operários apoiadores dos social-democratas moderados. A 
força e o prestígio internacionais da Alemanha vinham em curso ascendente 
desde a unificação em 1871, de modo que a maioria dos alemães sentiu 
de repente que a Alemanha havia sido brutalmente expulsa da categoria 
das grandes potências e coberta com o que consideravam uma vergonha 
indevida. O Tratado de Versalhes foi condenado como uma paz ditada, 
imposta de forma unilateral sem possibilidade de negociação. O entusiasmo 
que muitos alemães de classe média haviam demonstrado pela guerra em 
1914 virou um ardente ressentimento quanto aos termos da paz quatro 
anos depois. (EVANS, 2010, p.60)
Evans (2010) aponta que se não fosse o cenário caótico do pós-Guerra e após 
assinatura do Tratado de Versalhes, a figura de Hitler jamais teria relevância política. Hitler, 
que era austríaco, foi um artista frustrado, que não conseguiu ingressar na Academia 
Vienense de Artes, com a justificativa de que este ficaria melhor como arquiteto. Hitler 
mudou-se para a capital e passou a viver uma vida boêmia, vivendo da venda de pequenos 
quadros, na maior parte réplicas, e alojado em um abrigo para homens. Envolto no espírito 
de sua época, Hitler passou a ter contato com jornais antissemitas. Até esse ponto seu 
antissemitismo era abastrado, contudo, ganhou formas após o fim da Primeira Guerra.
Em sua autobiografia, Minha Luta de 1925, fica claro que o seu ódio não era 
direcionado apenas aos judeus, mas também aos marxistas. 
53UNIDADE I Imperialismo e Nacionalismo 53UNIDADE II A Crise do Capitalismo
Por vezes, Hitler associa a figura do judeu com o marxismo, colocando a 
responsabilidade do caos da nação nestes indivíduos. Além disso, Hitler conservava um 
desprezo pelo Estado e pela Lei, dirigindo suas críticas ao parlamentarismo, entendendo 
que apenas um líder forte poderia salvar o povo germânico.
Depois de partir para a Alemanha, onde se sentia em casa, pois estava distante 
da cosmopolita cidade de Viena, Hitler ficou entusiasmado com a declaração da guerra em 
1914. Ainda que não fosse alemão, foi recrutado para o conflito e sentiu-se alegre com a 
oportunidade de lutar pelo o que se acreditava. Atuou como mensageiro e foi promovido 
a cabo até sofrer um ferimento de guerra e precisar se afastar do fronte. Enquanto se 
recuperava ficou sabendo da derrota alemã e do armistício. (EVANS, 2010).
Cabe lembrar que após a derrota na guerra foi instaurada a República Weimar, 
de caráter democrático e com uma nova constituição. No entanto, estes tinham que lidar 
com as consequências da guerra. Já que o número de mortes por habitante ultrapassou 
a marca de qualquer outro país beligerante, deixando viúvas e filhos órfãos. Além disso, 
mais de dois milhões de soldados voltaram com ferimento permanentes e faziam pressão 
num Estado que já estava em uma complicada situação econômica. Assim, o pagamento 
de pensões, seguro-desempregos e outros custos previdenciários aumentou muito. Para 
tentar sair desta situação, o Estado passou a imprimir mais dinheiro, o que fez com que a 
inflação aumentasse vertiginosamente. (EVANS, 2010).
Sob a República Weimar, os judeus gozaram de certa estabilidade, podiam ocupar 
cargos públicos e os jornais mais vendidos pertenciam a judeus. De fato, estes apoiavam 
a República, garantindo os votos aos democratas, ainda que vissem o antissemitismo 
crescer. Depois da guerra, os judeus passaram a ser responsabilizados pelas imposições 
do Tratado de Versalhes, bem como acusados de se envolverem com o Partido Comunista, 
implantando a República. (EVANS, 2010).
Hiperinflação, desemprego, violência urbana assolavam a Alemanha pós- guerra. 
Além disso, havia a questão política, grande parte dos alemães estavam engajados 
politicamente, o que pode ser verificadona alta de participações nas eleições. Havia 
também a crença de que a sociedade alemã estava corrompida moralmente, isso tanto 
na direita como na esquerda, os quais ficavam chocados com o hedonismo dos jovens na 
capital e também com a luta das mulheres pelo sufrágio feminino - o qual foi conquistado 
depois de 1918. (EVANS, 2010).
54UNIDADE I Imperialismo e Nacionalismo 54UNIDADE II A Crise do Capitalismo
Considerando o contexto alemão do período pós guerra, nos debruçamos a pensar 
em algumas questões, dentre elas: como Hitler e o partido nazista chegaram ao poder? 
Evans (2010) aponta que Hitler foi produto das circunstâncias, entrou em contato com as 
ideias de Schonerer, que considerava que o crescimento do povo germânico tinha como 
obstáculo a mistura das raças. Ainda assim, Hitler não se considerava com o potencial 
de liderança, pelo menos até 1914, mas um ano após a derrota em 1919, lançou-se, pela 
influência do exército, em cursos de instrução política: “Os cursos que Hitler frequentou 
destinavam-se a arrancar quaisquer sentimentos socialistas remanescentes nas tropas 
regulares da Bavária e doutriná-las com as crenças de extrema direita.” (EVANS, 2010, 
p.119). Hitler assimilou de tal forma o que era ensinado, que logo em seguida foi chamado 
para ser instrutor, foi ali que descobriu sua habilidade com oratória, destacando-se por 
conseguir se comunicar com homens comuns, bem como destacava-se pelo veemente 
antissemitismo. 
Nesta altura, Hitler era considerado agente político do exército. Assim, foi 
convocado para averiguar do pequeno, até este momento, Partido dos Trabalhadores 
Alemães. Seu fundador Anton Drexler era contrário ao capital indevido, atribuía os males 
dos trabalhadores alemães aos judeus e se voltava contra o bolchevismo. Pouco depois, 
Hitler pediu para se filiar ao partido:
Hitler, ainda encorajado pelos oficiais superiores do Exército, rapidamente 
tornou-se o orador de destaque do partido. Ele usou seu sucesso como base 
para instigar o partido a realizar reuniões públicas cada vez maiores, grande 
parte delas em cervejarias, anunciadas com antecedência por campanhas 
com cartazetes e frequentemente acompanhadas por cenas de desordem. 
No final de março de 1920, agora indispensável para o partido, decidiu com 
convicção que aquela seria sua futura atividade. A demagogia havia lhe 
restituído a identidade perdida com a derrota alemã. Deixou o Exército e se 
tornou um agitador político em turno integral. (EVANS, 2010, p.120)
Com isso, as reuniões do partido foram ficando cada vez maiores, com Hitler dizendo 
às massas exatamente o que queriam ouvir e também com uma linguagem simples e direta. 
O agitador político conquistava cada vez mais adeptos, reduzia os complexos problemas 
econômicos da Alemanha, as maquinações dos judeus. Considerava que os comerciantes 
judeus estavam jogando os preços para cima e, muito provavelmente, para enfatizar tal 
posição anticapitalista, o partido mudou de nome para Partido Nacional-Socialista dos 
Trabalhadores Alemães, abreviado para “Nazi”. 
55UNIDADE I Imperialismo e Nacionalismo 55UNIDADE II A Crise do Capitalismo
Contudo, Evans (2010) alerta que seria errôneo classificar, partindo do nome do 
partido, como uma forma de socialismo:
É verdade, conforme alguns ressaltaram, que sua retórica frequentemente 
era igualitária, sublinhava a necessidade de colocar as necessidades comuns 
acima das necessidades do indivíduo, e muitas vezes declarava-se contrária 
aos grandes negócios e ao capital financeiro internacional. Também é famoso 
o fato de que o nazismo certa vez foi tachado de “socialismo dos tolos”. Mas, 
já de saída, Hitler declarou-se implacavelmente contrário à social-democracia 
e, de início em muito menor extensão, ao comunismo; afinal de contas, os 
“traidores de novembro”, que assinaram o armistício e mais tarde o Tratado 
de Versalhes, não foram absolutamente os comunistas, mas os social-demo-
cratas e seus aliados. Os “nacional-socialistas” queriam unir os dois campos 
políticos de esquerda e direita pelo fato de que, argumentavam eles, os ju-
deus haviam manipulado a nação alemã. A base para tal seria a ideia de raça. 
Isso estava a anos-luz de distância da ideologia do socialismo, baseada nas 
classes. Em certos aspectos, o nazismo era uma contraideologia extrema ao 
socialismo, tomando emprestada muito de sua retórica no processo, desde 
a autoimagem como movimento em vez de partido, até o muito alardeado 
desprezo pela convenção burguesa e pela timidez conservadora. (EVANS, 
2010, p.121)
Ao trocar a classe, defendida pelos socialistas, por raça, assim como trocar a 
ditadura do proletariado pela ditadura do líder, o Partido Nacinal-socialista afastava-se da 
ideologia socialista. Ainda sim, usavam elementos do socialismo para atrair seguidores, 
um exemplo disso é a bandeira escolhida por Hitler, com um vermelho vibrante, cor do 
socialismo, a suástica em preto, que era o símbolo do nacionalismo racista, no centro um 
círculo branco. Essas cores fazem menção à bandeira oficial do império de Bismarck. 
No final de 1920 a retórica de Hitler contra o capitalismo judaico havia mudado 
de figura, colocando no lugar o ódio contra o marxismo. Ainda assim, Evans (2010, p. 
122) aponta que “o antibolchevismo de Hitler era produto de seu antissemitismo”. Já nesta 
época, Hitler pregava que os judeus jogavam a raça germânica uns contra os outros, dessa 
forma deveriam ser exterminados. 
Naquele ponto, o Partido Nazista havia conquistado vários adeptos e membros que 
foram peça-chave para a elaboração do programa nazista. Dentre os vinte e cinco pontos 
do programa estava o desejo de tornar a Alemanha maior, a revogação do Tratado de paz e 
pena de morte para especuladores, criminosos comuns e agiotas. Os judeus ficariam sem 
nenhum direito político e seriam considerados estrangeiros. Por fim, o programa previa a 
criação de um poder centralizado e a substituição do parlamento. (EVANS, 2010).
56UNIDADE I Imperialismo e Nacionalismo 56UNIDADE II A Crise do Capitalismo
Com um programa de extrema direita e com domínio completo sobre o partido, Hitler 
começou sua campanha de propaganda, que deslanchou e logo partiu para a violência. 
Sob a anuência de Hitler, jovens nazistas atacavam adversários. Esses episódios eram 
recorrentes e o líder nazista foi ameaçado de extradição, no entanto, Hitler acabou preso por 
um mês e quando retornou estava novamente envolvido em outras brigas. Tais episódios só 
foram possíveis porque a área paramilitar estava cada vez mais forte no Partido. 
Com as notícias vindas da Itália acerca da Marcha sobre Roma em 1922, o Partido 
Nazista teve suas esperanças renovadas:
O exemplo de Mussolini influenciou o Partido Nazista de várias maneiras, 
notadamente na adoção do título de “Líder” – Duce em italiano, Führer 
em alemão –, no final de 1922 e início de 1923, para denotar a autoridade 
inquestionável do homem à frente do movimento. O crescente culto da 
personalidade de Hitler no Partido Nazista, alimentado pelo precedente 
italiano, também ajudou a convencer o próprio Hitler de que era ele, e não 
algum personagem por vir, que estava destinado a liderar a Alemanha para um 
futuro renascimento nacional, uma convicção confirmada de modo indelével 
pelos eventos do outono de 1923. A essa altura, os nazistas também haviam 
começado a tomar emprestada dos fascistas italianos a saudação com o 
braço direito teso e estendido, com a qual cumprimentavam ritualmente seu 
líder em uma imitação das cerimônias da Roma imperial; o líder respondia 
erguendo a mão direita, com o cotovelo flexionando e a palma para cima, em 
um gesto de aceitação. (EVANS, 2010, p.127-128) 
Hitler passou a pensar que poderia fazer na Alemanha o mesmo que Mussolini 
fez na Itália. Com uma tentativa frustada de golpe em novembro de 1923, que acabou 
com cinco anos de prisão para Hitler e um pouco menos para seus companheiros, o líder 
nazista aproveitou o tempoem que esteve encarcerado para ler e também para escrever 
sua autobiografia, Mein Kampf ou Minha Luta. Neste livro ficou evidente que o conflito racial 
era central para Hitler, bem como a conquista do espaço vital, deixando claro que este 
desejava a revisão do Tratado de Versalhes. (EVANS, 2010)
Após a tentativa de golpe, tanto os nazistas como seus grupos paramilitares, foram 
colocados na clandestinidade, além disso, com o seu líder na cadeia, a tendência do 
partido foi se fragmentar. Mais tarde, solto graças a uma liminar, em 1925, Hitler refunda o 
Partido Nazista com uma faceta mais autoritária e centralizadora em torno de sua figura. 
Quando o adversário político de extrema direita saiu do jogo, Hitler ficou como um forte 
proponente deste espectro político.
57UNIDADE I Imperialismo e Nacionalismo 57UNIDADE II A Crise do Capitalismo
Foi neste período que Joseph Goebbels conheceu o partido nazista:
Em breve, Goebbels tornou-se um organizador do Partido na Renânia. Aprimorou-
se como orador eficiente, talvez o mais eficiente dos locutores nazistas com 
exceção de Hitler, lúcido, popular e rápido nas respostas aos apartes importunos. 
Começou a voltar seus talentos literários para o uso político em artigos para a 
imprensa nazista, dando um efeito pseudossocialista ao credo nazista. Goebbels 
enfim havia encontrado seu métier. Dentro de poucos meses, era um dos 
oradores nazistas mais populares da Renânia, atraindo a atenção de lideranças 
da regional do Partido e começando a desempenhar um papel significativo na 
decisão de sua política. Tanto quanto Gregor Strasser, Joseph Goebbels estava 
por trás do desafio do norte alemão à liderança do partido de Munique em 1925. 
Mas ele também logo começou a cair sob o fascínio de Hitler, entusiasmado por 
uma leitura de Minha luta. (EVANS, 2010, p. 139-140)
O Partido Nazista cresceu vertiginosamente, especialmente entre os mais jovens, 
conquistando também espaço entre os agricultores do norte da Alemanha, extremamente 
insatisfeitos com a República Weimar. Com o apoio de eleitores da zona rural, os nazistas 
viram subir o número de cadeiras no parlamento. O Partido passava a se estruturar com 
organizações para mulheres, jovens e estudantes, bem como criava, com Himmler, a 
SS nazista como um grupo militar de elite dentro do partido. Além disso, cada vez mais 
crescia o culto ao líder. (EVANS, 2010) 
No contexto da Grande Depressão de 1929, o país sofria ainda mais com a alta do 
desemprego, fazendo com que a população desacreditasse nas instituições democráticas. 
Perto de 1930 a Alemanha beirava uma guerra civil, o que fazia com que os alemães 
procurassem um governo forte, capaz de fazer o país submergir da crise. Na época, 
Hindenburg, presidente da República, desejava instalar um governo estável, encabeçado 
por conservadores nacionalistas de direita, mas rejeitava a ideia de Hitler como chefe 
de governo. Entretanto, influenciado por apoiadores, Hindenburg muda de ideia, ao ser 
assegurado de que manteriam Hitler sob controle. Assim, em janeiro de 1933 Hitler é levado 
ao cargo de chanceler. Logo mostrou que não poderia ser controlado, quando colocou 
suas tropas de elite para perseguir social-democratas e sindicalistas. Pouco tempo depois 
estavam instaurados os campos de concentração, onde seus inimigos eram torturados. 
Levaram poucos meses para que a República se transformasse em uma ditadura. As 
promessas e aspirações de Hitler para Alemanha também foram levadas a cabo. Em breve 
Hitler iria encabeçar um conflito que tomou proporções mundiais. 
58UNIDADE I Imperialismo e Nacionalismo 58UNIDADE II A Crise do Capitalismo
4. SEGUNDA GUERRA MUNDIAL 
A Segunda Guerra foi um conflito militar de caráter mundial, que durou de 1939 a 
1945. A Guerra envolveu todas as principais potências divididas em duas alianças: o Eixo 
e os Aliados. A seguir veremos como o conflito teve início e suas principais características, 
bem como descobriremos como a guerra chegou a seu fim. 
Conforme vimos na unidade anterior, a Alemanha de Hitler tinha claras pretensões 
de expandir seu território, com base na teoria de espaço vital, e também procurava 
fortalecer o seu poderio militar. Além disso, outros países tais como a Itália e Japão 
estavam dispostos a conquistar territórios. Em 1935 a Alemanha rompeu com os tratados 
de paz e começou a ressurgir como potência militar e naval, também saiu da Liga das 
Nações. Nesse mesmo ano, Mussolini invadiu a Etiópia, enquanto a Alemanha anexava 
a Renânia, com forte apoio da Itália. (HOBSBAWM, 1995).
Alemanha e Itália firmaram um acordo formal, ademais a Alemanha também fazia 
aliança com o Japão. Este último já havia invadido parte da China, em uma frente de batalha 
que durou até 1945. 
Em 1938, a Alemanha também achou que chegara a hora da conquista. A 
Áustria foi invadida e anexada em março, sem resistência militar, e, após várias 
ameaças, o acordo de Munique em outubro despedaçou a Tchecoslováquia e 
transferiu grandes partes dela para Hitler, mais uma vez pacificamente. O resto 
foi ocupado em março de 1939, encorajando a Itália, que não tinha demonstrado 
ambições imperiais por alguns meses, a ocupar a Albânia. Quase imediatamente 
uma crise polonesa, mais uma vez resultante de mais exigências territoriais 
alemãs, paralisou a Europa. Disso veio a guerra européia de 1939-41, que se 
tornou a Segunda Guerra Mundial. (HOBSBAWM, 1995, p.119).
59UNIDADE I Imperialismo e Nacionalismo 59UNIDADE II A Crise do Capitalismo
O que antes era um conflito Europeu transformou-se em um conflito em escala global. 
Eventos de caráter regional como a invasão da Itália à Etiópia (1935), a Guerra Civil Espanhola 
(1936-1939), a intervenção militar da China pelo Japão (1937) e a invasão japonesa à URSS 
(1938-1939), foram essenciais para entender como a guerra escalou internacionalmente. 
Neste contexto, os países pautados pela democracia liberal sofreram com a crise ideológica, 
fazendo pouca ou nenhuma frente aos países fascistas, enquanto estes emergiam. 
No início de setembro de 1939 a Alemanha, com o apoio da Eslováquia, invadiu 
a Polônia. Enquanto que França e Reino Unido, com os seus respectivos domínios, 
declararam guerra à Alemanha, bem como impuseram um bloqueio naval, que tinha como 
objetivo enfraquecer a Alemanha economicamente. Este pode ser considerado o estopim 
da guerra. Havia também o desejo de fazer uma frente ampla contra o fascismo, tratando 
de unir todos os países que ambicionavam o fim das investidas de Alemanha, Itália e Japão. 
Nesse sentido, a Liga das nações oferecia um bom suporte para que as alianças contra o 
Eixo se materializassem. (HOBSBAWM, 1995) 
A organização de uma frente contra o fascismo foi objeto de discussão, já que os 
países liberais e democráticos tinham várias reticências em se aliar ao regime comunista 
da URSS. Por um lado, entendia-se como fundamental a participação da URSS na guerra, 
por outro lado os soviéticos tinham ciência que não conseguiriam lidar com o Eixo sozinhos. 
Por isso, Stálin foi favorável, posteriormente, à aliança com as potências ocidentais. Além 
de que, conforme o nazismo avançava, tornou-se urgente o pacto dos demais países. 
(HOBSBAWM, 1995)
As democracias ocidentais não desejavam ingressar na Guerra, visto que para 
muitos, como a Grã-Bretanha, manter os status quo vigente desde o conflito de 1914 era 
virtualmente impossível. A Grã-Bretanha não tinha mais a força naval de outrora e também 
ficava claro que a Segunda Guerra destruiria a economia e seu império. 
Contudo, acordo e negociação eram impossíveis com a Alemanha de Hitler, 
porque os objetivos políticos do nacional-socialismo eram irracionais e ilimi-
tados. Expansão e agressão faziam parte do sistema, e, a menos que se 
aceitasse de antemão a dominação alemã, ou seja se preferisse não resistir 
ao avanço nazista, a guerra era inevitável, provavelmente mais cedo do que 
mais tarde. (HOBSBAWM, 1995, p.125)
Ainda,nesta época, alguns países ocidentais prezavam por uma política de 
apaziguamento. Porém, ela se mostrou ineficaz, pois o nazi-fascismo não estava disposto a 
ceder ou fazer qualquer tipo de acordo. A partir disso, podemos entender o desenvolvimento 
da guerra em três fases distintas. 
60UNIDADE I Imperialismo e Nacionalismo 60UNIDADE II A Crise do Capitalismo
A primeira é o poderio alemão, juntamente com as forças do Eixo, conquistaram 
partes da Tchecoslováquia - logo em seguida todo o território. Mais tarde, em maio de 1940 
a Alemanha invadiu a França, Luxemburgo, os Países Baixos e a Bélgica. Logo depois, em 
junho, a Itália também invadiu a França, dessa maneira o país Aliado não teve outra escolha 
se não se render, logo o país foi dividido em zonas de influência pelos alemães e italianos. 
Paralelamente, contingentes britânicos no país foram cercados pelas forças 
alemãs no porto de Dunquerque. Estes seriam em grande parte socorridos por 
um bem-sucedido programa de resgate capitaneado por Winston Churchill, o 
qual assumira o poder alguns dias antes, vindo a se tornar símbolo da última 
resistência liberal em luta aberta contra os nazistas após a débacle francesa. 
(SCHUSTER, 2015, p. 263)
A segunda fase, marcada pela contenção do Eixo, se iniciou em 1941, quando 
Hitler rompeu o acordo firmado com a URSS de 1939 e invadiu a URSS. Nesse ponto, 
a Alemanha dominava quase três quartos da Europa, o que viabilizou sua política de 
extermínio, chamada “solução final”, contra judeus e grupos considerados inferiores. No 
entanto, no eixo do pacífico, as tensões começaram a se multiplicar entre os EUA e o 
Japão. Cabe lembrar que até 1941 os EUA tinham declarado neutralidade, ainda que 
abastecessem os países da base Aliada. Já o Japão, que fez uma aliança com o Eixo, tinha 
pretensões expansionistas, sobretudo no sudoeste asiático, explorando todos os recursos 
que a região poderia oferecer. (SCHUSTER, 2015)
Para que sua política de expansão fosse concretizada, o Japão deveria debilitar a 
marinha estadunidense, dessa forma, lançou-se contra Pearl Harbor, no Havaí, enviando 
kamikazes para destruir a região. Depois desse episódio, os EUA lançaram-se na guerra ao 
lado dos aliados. Além disso, havia outros interesses em jogo, os EUA já haviam assinado 
com a Inglaterra um pacto contrário aos nazistas e fascistas. Estes fatores precipitaram a 
entrada dos Estados Unidos na Segunda Guerra. (SCHUSTER, 2015)
Com a ajuda dos EUA, o Japão foi derrotado pelas forças aéreas e navais. 
Concomitantemente, a Inglaterra derrotou os nazistas na batalha de El Alamein. Em 1943, 
os nazistas tiveram outra derrota significativa, contra os soviéticos, na conhecida batalha de 
Stalingrado. Logo as forças Aliadas desembarcaram na Itália, o que contribuiu decisivamente 
para a queda de Mussolini.(SCHUSTER, 2015).
A esta altura, em toda a Europa, os movimentos de resistência em territórios 
ocupados, municiados por equipamentos infiltrados pelos Aliados, avançam 
no sentido de desestruturar o domínio totalitário, principalmente a partir de 
atos de sabotagem. Desde 1943, a Alemanha já havia sido submetida a 
bombardeios maciços, causando um colapso moral que contribuía para este 
tipo de ação. No front soviético, o Exército Vermelho avançou decisivamente 
sobre as posições alemãs, enquanto no Pacífico a reconquista americana 
de ilhas sob o domínio japonês impôs os limites materiais do esforço de 
guerra nipônico. (SCHUSTER, 2015, p. 264).
61UNIDADE I Imperialismo e Nacionalismo 61UNIDADE II A Crise do Capitalismo
Na terceira fase do conflito, a derrocada do Eixo começa a ficar evidente e o fim 
da guerra avizinhava-se. O dia D, como ficou conhecido, se caracterizou pela Operação 
Fortitude, a qual pegou os nazistas de surpresa na Normandia. Esse episódio debilitou 
muito as forças armadas hitleristas, no entanto, Hitler fez mais uma ofensiva, porém as 
tropas anglo-americanas já estavam em território parisiense. 
Reunidos em Potsdam (julho de 1945), os Aliados confirmaram as diretrizes 
em torno da vitória total. Logo em seguida, a execução de Mussolini (28 de 
abril), seguida do suicídio de Hitler, dois dias mais tarde, colocou um termo em 
qualquer possibilidade de reação nazifascista. Em 8 de maio, a capitulação 
alemã encerrou definitivamente a campanha do Oeste. Enquanto a guerra 
continuava no Pacífico sem sinais de encerramento breve, tal o ímpeto da 
resistência japonesa, o Presidente Harry Truman decidiu utilizar a bomba 
atômica em Hiroshima (6 de agosto) e Nagasaki (9 de agosto). No dia 2 
de setembro, o General MacArthur recebeu a capitulação incondicional dos 
japoneses, encerrando seis anos de conflito. (SCHUSTER, 2015, p. 265)
Com um desfecho trágico, com as bombas atômicas sobre Hiroshima e Nagasaki, 
ainda não havia se dimensionado as consequências da Guerra. Esse não foi um conflito 
comum, mas sim uma guerra de âmbito internacional e também de caráter total, ou seja, 
não estava em jogo apenas a disputa militar. Civis e militares estiveram envolvidos na 
dinâmica da guerra. Logo, as consequências da guerra seriam vistas e um novo capítulo 
para novas disputas se abriram.
62UNIDADE I Imperialismo e Nacionalismo 62UNIDADE II A Crise do Capitalismo
5. GUERRA FRIA 
Conforme vimos no tópico anterior, a URSS lutou ao lado dos Aliados, ainda que 
nesta aliança, as posições ideológicas fossem diametralmente opostas. Após o fim do 
conflito, a Europa, em especial, estava em frangalhos. A Grã-Bretanha, a senhora dos 
mares, já não tinha capacidade de organizar e liderar as nações democráticas e liberais. 
Logo, o foco seguiria para os EUA, que já implementavam políticas imperialistas e saiu da 
Guerra quase ileso. Assim, começaria um embate ideológico entre as potências ocidentais 
e o socialismo da União Soviética.
Logo após a Segunda Guerra, o globo se dividiu em duas zonas de influência, uma 
sobre o controle dos EUA na parte ocidental e a URSS com uma parte oriental. Ainda assim 
os países não estavam dispostos a entrar num embate direto pelas possessões ao redor 
globo, mas sim incitavam e financiavam conflitos regionais. O fato de que as duas potências 
não estavam dispostas a se enfrentar diretamente constituiu-se em uma característica 
peculiar da chamada Guerra Fria. (HOBSBAWM, 1995).
O mundo vivia sob a tensão de uma nova guerra eclodir. Mesmo após a Segunda 
Guerra, o ocidental considerava que não estava assegurado capitalismo mundial e o 
liberalismo. Isso porque a Europa estava destruída e o perigo de uma revolução social 
se aproximava. Os países, não apenas da Europa, como do chamado terceiro mundo, 
obstinavam pelo apoio econômico das duas grandes potências. 
63UNIDADE I Imperialismo e Nacionalismo 63UNIDADE II A Crise do Capitalismo
Ainda que a URSS também estivesse destruída economicamente, além de 
enfrentar convulsões sociais nas suas zonas de influência, o país se via na defensiva frente 
aos EUA que prosperavam e estavam dispostos a ter sob seu domínio regiões que até 
então estavam nas mãos da URSS. Na maioria dos casos, o país que buscava ajuda nas 
grandes potências, não eram necessariamente fiéis ao programa ideológico da URSS ou 
dos EUA, fazendo com que estes ora estavam sob a influência soviética, ora sob o domínio 
estadunidense. (HOBSBAWM, 1995).
Contudo, dessa situação surgiu uma política de confronto dos dois lados. 
A URSS, consciente da precariedade e insegurança de sua posição, via-
se diante do poder mundial dos EUA, conscientes da precariedade e 
insegurança da Europa Central e Ocidental e do futuro incerto de grande 
parte da Ásia. O confronto provavelmente teria surgido mesmo sem 
ideologia. (HOBSBAWM, 1995, p. 183) 
De todo modo, os EUA temiam para o futuro uma escalada soviética e a URSS 
receava a hegemonia dos estadunidenses. O conflito ideológico, a criação de um inimigo 
comum - comunismo - eram de certa forma muito úteis para os EUA no que diz respeito a 
sua política eleitoral,pois fomentava as massas, já que “o anticomunismo era genuína e 
visceralmente popular num país construído sobre o individualismo e a empresa privada” 
(HOBSBAWM, 1995, p.185)
Ademais, construiu-se uma visão de que os EUA, dito defensor da liberdade, se 
defendia de uma URSS agressiva. Essa visão é ortodoxa, construída logo no início do 
conflito, que entendia que era uma luta do bem contra o mal, na qual o propósito dos EUA 
seria garantir a vitalidade da sociedade livre, enquanto a URSS pretendia abraçar o mundo 
todo, ao difundir o comunismo. 
Uma das características mais marcantes da Guerra Fria foi a corrida armamentista 
de ambos os lados, mesmo em tempos de paz. Ainda que os EUA saíssem na frente neste 
quesito, já que a URSS estava dizimada no pós- guerra. Noam Chomsky (2003) esclarece 
que a política de armamento dos EUA, cujo orçamento era o dobro da URSS, tinha como 
objetivo também defender-se de uma série de inimigos criados após a segunda guerra 
mundial. Os altos gastos com orçamento militar deveria encontrar na opinião pública uma 
justificativa, assim o instrumento da propaganda foi extremamente útil para os Estados 
Unidos, para assim mobilizar as massas em torno do propósito do país.
Depois da Grande Depressão de 1929, o sistema capitalista foi colocado à prova, 
de modo que depois da Guerra ficava claro que o braço do Estado era extremamente 
importante. Além disso, no pós-segunda guerra, ficava claro para os EUA, que eles deveriam 
liderar o mundo e dominar as partes mais remotas do globo. 
64UNIDADE I Imperialismo e Nacionalismo 64UNIDADE II A Crise do Capitalismo
A dominação política e militar no chamado Terceiro Mundo foi manifestada tanto por 
URSS como por parte dos EUA:
O apoio soviético a alvos da subversão norte-americana e de seus ataques 
granjeou um certo grau de influência para a URSS em boa parte do Terceiro 
Mundo, ainda que sua natureza fosse tênue. Quanto aos Estados Unidos, 
sua intervenção no Terceiro Mundo, sobretudo nos primeiros anos, foi im-
pulsionada, em parte, pela meta de assegurar uma região atrasada para as 
economias capitalistas de Estado que o país esperava reconstruir na Europa 
Ocidental e no Japão. Ao mesmo tempo, o conflito da Guerra Fria ajudou a 
manter a influência dos EUA sobre seus aliados industrializados e a refrear a 
política independente, os movimentos trabalhistas e outras formas de ativis-
mo popular nessas nações. (CHOMSKY, 2003, p. 39)
A partir da citação acima conseguimos entender como funcionava a dinâmica da 
Guerra Fria. Dois polos disputavam zonas de influência ao redor do mundo, ao mesmo 
tempo que tentavam legitimar sua posição política, econômica e ideológica frente aos 
aliados. A criação da OTAN, em 1949 pelos EUA, (Organização do Tratado do Atlântico 
Norte), aliança intergovernamental militar, foi uma inciativa para “encurralar seus aliados e 
afastar o neutralismo, além de refrear o russos.” (CHOMSKY, 2003, p.39). Em resposta os 
soviéticos criaram a frente oriental, o Pacto de Varsóvia, iniciativa que unia a URSS e os 
países do leste europeu, criando um acordo de ajuda mútua.
A Guerra Fria foi marcada por diferentes fases, a primeira delas ocorreu entre 1947 
e 1953. Foi um período de estabelecimento dos blocos e de tensão máxima, marcado pela 
Crise de Berlim e pela Guerra na Coréia. Após o fim da Segunda Guerra, a Alemanha foi 
dividida em Alemanha Oriental e Alemanha Ocidental, assim como a sua capital, Berlim, 
ficou dividida em duas regiões, uma sob influência do bloco capitalista e a outra sob a 
tutela do bloco comunistas. As tensões começaram a escalar quando o bloco capitalista, 
encabeçado pelos EUA, Inglaterra e França criaram a República Federal Alemã, em resposta 
a URSS fechou as saídas ferroviárias e rodoviárias para Berlim Ocidental. Mais tarde seria 
construído o Muro de Berlim que circundava toda a Berlim Ocidental.
65UNIDADE I Imperialismo e Nacionalismo 65UNIDADE II A Crise do Capitalismo
FIGURA 2 - DIVISÃO DA ALEMANHA 
 
Fonte: Toda Matéria. Disponível em: https://www.todamateria.com.br/alemanha-oriental/. Acesso em: 09 dez. 2021.
Já a Guerra da Coréia foi resultado da derrota do Japão na Segunda Guerra, já que 
o Japão dominava militarmente essa região. Depois da guerra, esse território foi dividido 
entre comunistas ao norte e capitalistas ao sul. Em 1950 os soviéticos se lançaram contra 
o sul e então os EUA intervieram, prolongando o conflito até 1953, quando a paz foi firmada 
e as fronteiras foram mantidas.
Os principais eventos que marcaram a segunda fase da Guerra Fria, entre 1953 e 
1977 foram a construção do Muro de Berlim, a crise dos mísseis em Cuba e a Guerra do 
Vietnã. Em 1961 a URSS construiu um muro que circundava Berlim Ocidental, no mapa 
acima é possível ver que a capital ficava na parte oriental do país, esse muro tinha como 
objetivo evitar que houvesse acesso ao lado ocidental, por isso, era fortemente vigiado. A 
crise dos mísseis, por vez, foi um evento, iniciado em 1962, no qual os EUA descobriram que 
a URSS estava sendo instalados mísseis soviéticos em Cuba apontados para os Estados 
Unidos. De imediato os EUA decretou o bloqueio aeronaval do país. A situação se agravou 
e o risco de um conflito nuclear era grande, foi quando os soviéticos decidiram por um 
acordo e desmanchar a base nuclear. Após a Segunda Guerra, o Vietnã ficou dividido em 
duas esferas de influência: norte comunista e o sul capitalista, por volta de 1956, o país fez 
um plebiscito no qual se decidia reunificar o país e o norte comunista saia na frente.
66UNIDADE I Imperialismo e Nacionalismo 66UNIDADE II A Crise do Capitalismo
Temendo a vitória dos socialistas, os EUA interferiram no pleito e decidiram apoiar 
o golpe direitista. Isso causou uma série de conflitos entre o sul e o norte, foi quando os 
EUA entrou definitivamente na guerra, mas retirou-se em 1973 por conta da pressão da 
opinião pública.
Na terceira e última fase da Guerra Fria, vemos uma disputa por zonas de influência 
na Ásia e na África. Tanto Estados Unidos como a União Soviética aproveitavam de 
instabilidades políticas nestas regiões para poder exercer seu domínio em tais regiões. É 
importante dizer que, já na década de 1980 o regime soviético, apesar dos avanços militares 
e espaciais, sofriam de um desgaste junto à população, ou seja, já não tinham a legitimidade 
de outrora. Foi quando Mikhail Gorbatchev assumiu o poder em 1985 e deu entrada em 
dois planos: glasnost e a perestroika. A glasnost significava transparência e instituiu a 
liberdade de imprensa, implementação do voto secreto e autonomia dos países sob a sua 
influência. Já a perestroika, também chamada de reestruturação, visava a modernização da 
economia, estabelecendo relações internacionais, de abertura da economia. 
Outro evento importante foi a queda do muro de Berlim, que dividiu a cidade por 
décadas. Enquanto o lado ocidental de Berlim deslanchou, graças ao Plano Marshall 
e o ao apoio da Otan, o lado oriental permaneceu obsoleto e atrasado, logo surgiram 
manifestações que clamavam por liberdade de ir e vir, gerando pressão no governo local, 
que a pouco tinha decidido por liberar as restrições de viagem. Foi quando, em 1989, 
um grande número de pessoas decidiu derrubar o muro, sendo um marco para o fim 
da divisão do país. Logo depois, em 1991, eclodiram protestos na URSS pedindo o fim 
do monopólio do Partido Comunista, assim como países do leste europeu pediam por 
autonomia, assim o inevitável aconteceu e a URSS foi desintegrada.
REFLITA 
“A essência dos Direitos Humanos é o direito de ter direitos” (ARENDT, 2012)
67UNIDADE I Imperialismo e Nacionalismo 67UNIDADE II A Crise do Capitalismo
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Durante esta unidade, vimos que o século XX foi marcado por eventos notáveis 
e que refletem em nossa realidade contemporânea. O capitalismo foi colocado à prova 
enquanto sistema econômico e social. Esperamos que você possa ter compreendidoas 
principais chaves de explicação para este período.
No primeiro tópico vimos a Primeira Guerra e a Revolução Russa e suas principais 
características. Vimos que a Primeira Guerra foi fruto de um crescente nacionalismo e 
imperialismo por parte dos países que ingressaram no conflito. Já na Rússia, contemporânea 
à Guerra, observamos como se deu a queda do czar e a implantação de um sistema socialista. 
Em seguida, no contexto Pós-Primeira Guerra, veremos a ascensão do Fascismo, 
em especial no caso italiano. Situamos o fenômeno como resultado da derrota de países 
como a Itália e Alemanha no conflito. Assim, vemos o crescimento vertiginoso da extrema 
direita e de movimentos nacionalistas, que deram origem ao fascismo italiano e o nazismo 
alemão. O caso alemão, conforme analisamos, também foi fruto de uma crise econômica, 
que posteriormente gerou uma crise social, de perseguição aos judeus e posteriormente 
levou ao holocausto. Desse modo, vimos como se deu a escalada de Hitler ao poder. 
Inerente a isso, no nosso quarto tópico, observamos como a doutrina hitlerista de 
“espaço vital”, dentre outros aspectos, foram o estopim para a Segunda Guerra Mundial. 
Essa guerra teve como característica a guerra total, na qual forças civis e militares são 
dispostas para o propósito de guerra. Por fim, no último tópico discutimos acerca da Guerra 
Fria e seus desdobramentos que até hoje interferem na geopolítica do globo.
 
68UNIDADE I Imperialismo e Nacionalismo 68UNIDADE II A Crise do Capitalismo
MATERIAL COMPLEMENTAR
 
LIVRO 
Título: O Terceiro Reich no poder 
Autor: Richard J. Evans.
Editora Planeta.
Sinopse: Como foi que os nazistas conquistaram o coração e a 
mente dos cidadãos alemães, distorceram a ciência e a cultura 
e colocaram o país no caminho de outra terrível guerra? Neste 
segundo volume da trilogia que conta a história do Terceiro Reich, 
o renomado historiador Richard J. Evans traz o relato definitivo do 
desenvolvimento da ditadura de Hitler entre 1933 e 1939, e mostra 
a impressionante nuvem de terror que se aproximou da Alemanha 
depois de os nazistas tomarem o poder.
FILME/VÍDEO
Título: Adeus Lênin
Ano: 2003.
Sinopse: Esse filme retrata os momentos finais da Guerra Fria 
na Alemanha. O desmantelamento da União Soviética, a queda 
do muro de Berlim e a reintegração das Alemanhas Oriental e 
Ocidental. O filme ganha pontos ao retratar esse período de tensão 
de uma maneira mais leve e ao focar no cotidiano das pessoas 
que viveram nesse período.
69
Plano de Estudo:
● Capitalismo x socialismo: A Guerra fria e a ameaça nuclear;
● Os trintas gloriosos;
● A queda do Muro e além;
● O mundo pós 1990.
Objetivos da Aprendizagem:
● Conceituar e contextualizar acerca da Guerra Fria; 
● Compreender os conceitos de capitalismo e socialismo; 
● Entender como a Guerra Fria transformou o mundo.
UNIDADE III
Da Guerra Fria à Queda 
do Muro de Berlim
Professora Me. Maria Helena Azevedo Ferreira
70UNIDADE III Da Guerra Fria à Queda do Muro de Berlim
INTRODUÇÃO
Prezado(a) aluno(a), nesta unidade, vamos continuar com a história contemporânea. 
Nos tópicos a seguir, entenderemos como as ideias de capitalismo e socialismo fizeram o 
mundo entrar em uma Guerra que durou 45 anos e quais foram as suas consequências.
No primeiro capítulo, compreenderemos como surgiu a Guerra Fria e quais eram 
as superpotências que estavam nessa guerra. Desse modo, entenderemos suas ideologias 
e o que eles procuravam para aumentar a sua influência no mundo. Com isso, teremos 
o contexto sobre a corrida armamentista e conseguiremos compreender a tensão que o 
mundo viveu com o medo de uma guerra utilizando armas nucleares.
Seguiremos desenvolvendo a ideia de como a economia afetou cada ideologia 
participante da guerra e como a indústria de armas ajudou os países a evoluírem. Desse 
modo, entenderemos o que significa os trinta anos gloriosos que ocorreram durante um 
período onde o mundo vivia em tensão. Você perceberá que cada fato que ocorria neste 
período poderia ser um estopim para surgir uma guerra ainda pior que a própria Guerra Fria.
Então, vamos entender e conhecer o evento que mudou o mundo e como um muro 
em Berlim ficou anos sendo um ponto chave para o fim da guerra fria. Iremos refletir sobre 
como cada momento foi decisivo para a derrubada deste muro e, por fim, veremos quais 
rumos as superpotências tomaram após o fim da Guerra Fria.
71UNIDADE III Da Guerra Fria à Queda do Muro de Berlim
1. CAPITALISMO X SOCIALISMO: A GUERRA FRIA E A AMEAÇA NUCLEAR
 
1.1 Capitalismo X Socialismo na Guerra Fria: Contexto Histórico 
Com o fim da segunda guerra mundial, tendo como conclusão lançamentos de 
bombas atômicas, o mundo entrou em um período conhecido como Guerra Fria, em que 
ficamos divididos entre duas superpotências econômicas, sendo elas: os EUA (capitalismo) 
e a URSS (socialismo). O que fez com que a humanidade tivesse medo de entrar em mais 
uma guerra mundial, que poderia vir a ser ainda pior do que as até então vividas.
Na visão das superpotências não teria risco de ter uma nova guerra mundial, mas 
o risco iminente era sempre uma preocupação, pois a diferença cultural entre elas poderia 
ocasionar em uma nova ameaça.
A URSS controlava uma parte do globo, ou sobre ela exercia predominante 
influência – a zona ocupada pelo Exército e/ou outras Forças armadas 
comunistas no término da guerra (...). Os EUA exerciam controle e 
predominância sobre o resto do mundo capitalista, além do hemisfério norte 
e os oceanos, assumindo o que restava da velha hegemonia imperial das 
antigas potências coloniais.” (HOBSBAWM, 1994, p. 179).
As superpotências entendiam que a divisão do mundo estava desigual e para 
conquistar mais território ou ter mais igualdade no poder evitava-se ao máximo o uso 
de forças armadas, para que não houvesse uma futura guerra. “Na verdade, na hora da 
decisão, ambas confiavam na moderação uma da outra para, mesmo nos momentos que 
se achavam oficialmente à beira da guerra, ou mesmo já nela” (HOBSBAWN, 1995).
72UNIDADE III Da Guerra Fria à Queda do Muro de Berlim
Como os EUA desconfiava da URSS e vice-versa havia a utilização de espiões e 
sistemas de serviços secretos, sendo a KGB o serviço secreto da URSS e a CIA dos EUA. Esses 
serviços afetaram a cultura mundial e, principalmente, nos locais onde estavam instaurados, 
influenciando na produção cinematográfica, quadrinhos, livros e, até mesmo, na criação de 
personagens que vieram a tornar-se muito populares, como James Bond de Ian Fleming.
A Guerra fria que de fato tentou corresponder a sua retórica de luta pela 
supremacia ou aniquilação não era aquela em que decisões fundamentais 
eram tomadas pelos governos, mas a nebulosa disputa entre seus vários 
serviços secretos reconhecidos ou não reconhecidos, que o ocidente produziu 
esses tão característicos subprodutos da tensão internacional, a ficção de 
espionagem e assassinato clandestino (HOBSBAWM, 1995, p. 179).
Entretanto, o medo de ataques nucleares foi uma realidade durante o período da 
guerra fria, pois a qualquer momento as superpotências poderiam entrar em conflito. Porém, 
mesmo com o risco, a população abraçava as ideologias de ambas as nações.
1.2 Guerra Nuclear Durante a Guerra Fria 
Os EUA e a União Soviética estavam em uma corrida armamentista e cada vez mais 
buscavam inovar seus arsenais de armas buscando novas tecnologias para armas, aviões, 
carros, tanques e mísseis convencionais ou nucleares. Como afirma McMahon (2012,88) 
“Tanto os Estados Unidos quanto a União Soviética inauguraram grandes arsenais de 
armas – convencionais e nucleares”.
A mostra de poderio militar era um fator muito importante na época, pois era a 
forma como as nações mostravam que estavam prontas para entrar em uma guerra a 
qualquer momento. Os EUA chegaram a ter em suas forças armadas mais de um milhão 
de soldados, expandindo a sua produção de aviões, navios de guerra e veículos blindados. 
Mas, o que deixoumarcado o avanço militar dos EUA aconteceu em outubro de 1952, onde 
testaram um dispositivo termonuclear, ou, como ficou conhecido, bomba H, que era mais 
potente que as bombas nucleares de Hiroshima e Nagasaki.
Porém, ao fim da década, os Estados unidos tinham aumentado o seu poder 
de ataque nuclear com o posicionamento de alguns bombardeiros intercon-
tinentais 538 B-52, cada um capaz e atingir os alvos soviéticos a partir das 
nos Estados Unidos (...) em 1955, Eisenhower ordenou também o desen-
volvimento de mísseis balísticos intercontinentais (ICBMs) que permitiam o 
lançamento de ogivas nucleares contra a União Soviética a partir do solo 
americano. (MCMAHON, 2012, p. 89).
A URSS se equiparava aos EUA na corrida armamentista, produzindo mísseis 
nucleares e armamento militar do Exército Vermelho, que passaram de três milhões 
de soldados para quase 5,8 milhões. Também criaram dispositivos termonucleares em 
agosto de 1953 e outro ainda mais potente em novembro de 53, mas os mísseis da União 
73UNIDADE III Da Guerra Fria à Queda do Muro de Berlim
Soviética não tinham forças de lançamento igual aos americanos, sendo assim um pouco 
limitados. “Antes de 1995, os soviéticos continuavam incapazes de realizar um ataque 
nuclear contra os Estados Unidos e consequentemente dependiam, dependiam, para fins 
dissuasivos.” (MCMAHON, 2012, p. 90).
Segundo McMahon (2012, p.91) “os anos de 1958 a 1962 apresentaram precedentes 
de confrontos Leste-Oeste, vários dos quais envolviam estratégia nuclear arriscada”, sendo 
alguns exemplos a intervenção americana na Indonésia, o golpe Estado Sangrento para 
derrubar o governo pró-ocidental no Iraque e o envio de fuzileiros americanos ao Líbano.
A Guerra Fria tem a visão de uma corrida militar para um futuro confronto. A corrida 
armamentista no Ocidente teve pouco impacto, chegando a ter armas nucleares nunca 
usadas, mas era de se esperar que os dois lados militarizados usassem essa capacidade 
para atrair aliados e clientes para conquistas de territórios e também lucrativas.
Os dois complexos industrial-militares eram estimulados por seus governos 
a usar sua capacidade excedente para atrair e armar aliados e clientes, e, 
ao mesmo tempo, conquistar lucrativos mercados de exportação, enquanto 
reservavam apenas para si os armamentos mais atualizados e, claro, suas 
armas nucleares. (HOBSBAWM, 1994, p. 185).
Havia algo que preocupava muito os EUA, e que os preocupou por muitos anos. 
Foi o país de Cuba, que em sua época tinha um revolucionário que possuía muito carisma, 
Fidel Castro. Ele lutou até chegar ao poder de Havana, derrubando a histórica dependência 
de Cuba da economia americana.
Em parte para se opuser à hostilidade americana, e em parte por causa de suas 
próprias afinidades ideológicas, Fidel Castro voltou-se para a União Soviética, 
acolhendo o seu apoio diplomático e econômico. (MCMAHON, 2012, p. 104).
Cuba tornou-se, então, o maior problema para os Estados Unidos. Na década de 
60 o presidente Kennedy persistia em dizer que Cuba era um problema e que Fidel Castro, 
seu principal opositor, principalmente por este permitir “satélites comunistas”.
Robert J, McMahon (2012, p.105) diz que “a crise de outubro ou a crise dos mísseis, 
como é conhecida, constitui o confronto soviético-americano mais perigoso de toda a 
Guerra Fria”. Os EUA tinham acesso a imagens de sítios de lançamentos de mísseis de 
alcance intermediário de Cuba, e, com estas, tinham a visão de que Cuba era uma aliada 
da União Soviética e que já teria recebidos mísseis que poderiam fazer com que a Guerra 
Fria avançasse cada vez mais na corrida armamentista e nuclear.
74UNIDADE III Da Guerra Fria à Queda do Muro de Berlim
2. OS TRINTA GLORIOSOS
 
Os trinta anos gloriosos, também conhecidos como “os anos dourados” na 
concepção de Hobsbawm (1995), duraram de 1946 até 1975. Nesse período, houve um 
crescimento vertiginoso econômico e social nos países desenvolvidos, sendo considerado 
pelos observadores como a era de ouro do capitalismo. Os EUA, que haviam saído 
fortalecidos da Segunda Guerra, continuaram avançando e outros países da Europa viram 
uma recuperação vertiginosa.
Observamos um aumento da produção de alimentos, mais rápido do que o 
crescimento da população, isso não significa, entretanto que a pobreza foi extirpada e a 
desigualdades entre os países ricos e os do chamado Terceiro Mundo desapareceram. 
Hobsbawm (1995) aponta que na década de 1960 era evidente o crescimento singular da 
economia, como nunca se havia visto antes. O crescimento da produção de manufaturados 
também quase quadruplicou, mas isso teve um custo ecológico grande, apesar disso não 
ser pauta recorrente na época, onde se colocava em voga o domínio da natureza pelo ser 
humano e o progresso ilimitado.
Contudo, não há como negar que o impacto das atividades humanas sobre 
a natureza, sobretudo as urbanas e industriais, mas também, como se 
acabou compreendendo, as agrícolas, aumentou acentuadamente a partir de 
meados do século. Isso se deveu em grande parte ao enorme aumento no 
uso de combustíveis fósseis (carvão, petróleo, gás natural etc.), cujo possível 
esgotamento vinha preocupando os que pensavam no futuro desde meados 
do século XIX. (HOBSBAWM, 1995, p. 206)
75UNIDADE III Da Guerra Fria à Queda do Muro de Berlim
Segundo Hobsbawm (1995), o que permitiu esse crescimento também foi o 
preço baixo do petróleo saudita, cujo barril custava menos de dois dólares. Isso também 
fomentou a indústria automobilística, levando a popularização do automóvel na Europa e 
também entre as classes médias latino-americanas. Com base no modelo de Henry Ford 
de produção, outras indústrias também conseguiram aumentar sua produtividade, o caso 
do McDonald’s foi um exemplo de sucesso de aplicação do modelo fordista. Outros bens 
e serviços, especialmente nos EUA, que antes eram restritos a uma pequena parcela, 
foram popularizados. Itens como geladeiras, telefones, eletrodomésticos, entre outros, 
foram largamente disseminados.
O boom tecnológico não se restringiu à produção de bens de consumo, mas 
também à produção de novos materiais sintéticos, como o plástico, que de acordo com 
Hobsbawm (1995) foi uma invenção sem precedentes. Os materiais sintéticos, bem como 
outros produtos, foram resultados de pesquisas no período da Segunda Guerra Mundial:
A guerra, com suas demandas de alta tecnologia, preparou vários processos 
revolucionários para posterior uso civil, embora um pouco mais do lado 
britânico (depois assumido pelos EUA) que entre os alemães com seu espírito 
científico: radar, motor a jato e várias idéias e técnicas que prepararam o 
terreno para a eletrônica e a tecnologia de informação do pós-guerra. 
(HOBSBAWM, 1995, p. 207).
O computador foi exemplo de tecnologia construída para a Guerra, mas se mostrou 
bastante útil entre os civis. Bem como a tecnologia nuclear, que mais tarde foi usada no 
setor de eletricidade. Ainda sim, Hobsbawm (1995) analisa que três elementos podem 
ser observados: 1) A era de ouro transformou radicalmente o cotidiano nos países ricos 
e em menor medida nos países pobres, com a disseminação do rádio, a chegada da 
“revolução verde”, entre outros aspectos que interferiram no dia a dia das pessoas. 2) 
Com a complexidade cada vez maior dos produtos, foi necessário um investimento mais 
abrangente em pesquisas e a inovação passou a ser regra nos países desenvolvidos. 
3) Os produtos que surgiam durante a era de ouro exigiam pouca mão-de-obra e mais 
consumidores, no entanto, isso não significou uma baixa no número de trabalhadores, já 
que a produção estava em constante crescimento.
76UNIDADE III Da Guerra Fria à Queda do Muro de Berlim
3. A QUEDA DO MURO E MAIS ALÉM
Um dos maiores marco histórico durante a Guerra Fria foi o Muro de Berlim, 
sendo o mais importante de toda a história entre o capitalismo e o socialismo. O muro foi 
construído em 13 de agosto de 1961, pela AlemanhaOriental (soviética) e derrubado em 9 
de novembro de 1989, depois de 28 anos. Ele dividia a cidade de Berlim em duas, sendo a 
parte Ocidental e a Oriental, fazendo com que as pessoas tivessem suas vidas totalmente 
modificadas. Seu objetivo era impedir que as pessoas da parte capitalista (ocidental) se 
mudassem para o lado comunista (oriental). Desse modo, com a proibição da passagem 
de um lado para o outro, muitas famílias ficaram divididas. Ramirez (2021) diz que “em 
um momento embaraçoso, o primeiro-ministro soviético Khrushchev ordenou que o infame 
Muro de Berlim fosse construído entre Berlim Oriental e Ocidental”.
A Alemanha após o rendimento na segunda guerra mundial se tornou o maior 
símbolo de polarização na Guerra Fria, isso quer dizer que as duas superpotências tinham 
um objetivo em comum de dominá-la para mostrar como exemplo para o resto do mundo. 
Como a derrota do nazismo foi feita com a união da URSS e os EUA, houve um entendimento 
para dividir a Alemanha para as duas superpotências na época, mas o estopim para a 
construção do muro pelo lado Oriental estava ligado ao Plano Marshall que consistia na 
ajuda dos EUA para aqueles que se aliassem com eles.
Isolando o enclave ocidental nessa cidade dividida localizada 201 
quilômetros dentro da Alemanha oriental ocupados pelos soviéticos, Stalin 
visava a expor a vulnerabilidade de seus adversários, desarranjando com 
isso a criação do Estado separado da Alemanha Ocidental que ele tanto 
temia. (MCMAHON, 2012, p. 43).
77UNIDADE III Da Guerra Fria à Queda do Muro de Berlim
FIGURA 1: DIVISÃO DE BERLIM
 
Com a construção do muro de Berlim muitos moradores tiveram medo de ficar de 
um lado, isso fazia que eles tentasse pular o muro, arriscando se machucar com arames 
farpados, altura ou até mesmo ser alvejado por tiros dos soldados soviéticos, como afirma 
MITCHELL (2017) “poucos dias depois da construção da cerca de concreto e arame, 
os alemães orientais estavam pulando janelas de construções adjacentes à fronteira ao 
longo de vários quarteirões da Bernauer Strasse no distrito de Mitte (ou “meio”), para 
calçada de Berlim Ocidental”.
Com a população da Berlim oriental querendo passar para o outro lado, alguns 
bombeiros ficavam perto do muro com redes para pegar as pessoas que pulavam o muro 
de Berlim que tinha 3,6 metros. Apesar de ser um tamanho não muito alto, muitos desses 
saltos tinham que ser por prédios perto do muro, “isso só era possível em partes da cidade 
onde as fachadas dos prédios marcavam a fronteiras, em alguns casos bombeiros de Berlim 
Ocidental usavam redes para pegar pessoas que pulavam” (MITCHELL, 2017, p. 17).
Além das tentativas de fugas por salto pelo muro, as pessoas também usavam os 
sistemas de túneis e esgotos que ligavam as cidades da Alemanha oriental e ocidental, 
ficando esses sistemas tão conhecidos que foram utilizados em filmes sobre espionagem 
e também na cultura pop.
Os alemães orientais que procuravam passar para o outro lado estavam apenas 
procurando uma maneira de reconstruir suas vidas e ter melhores condições na Alemanha 
ocidental. Algumas vezes a Alemanha Ocidental enviou suprimentos alimentares para a 
Alemanha oriental através de aviões, entretanto, querendo impedir qualquer contato com 
a Alemanha Ocidental, a parte oriental proibiu a circulação de aviões no espaço aéreo da 
Alemanha oriental. “Em resposta, os Estados Unidos e outros países ocidentais voaram 
sobre a cidade e lançaram suprimentos de comida e outras necessidades (bem como 
materiais de propaganda) pelo ar.” (RAMIREZ, 2021, p.17).
78UNIDADE III Da Guerra Fria à Queda do Muro de Berlim
A tensão durante esses 28 anos e crescia cada vez mais entre os lados, chegando 
a momentos de tensão como no dia 27 de outubro de 1961, em que o mundo inteiro voltou 
os olhos para Berlim, quando os tanques de ambos os lados tiveram um encontro no ponto 
conhecido como Checkpoint Charlie, ficando uma tensão de início de uma guerra que 
poderia ser o início da terceira guerra mundial. 
3.1 A queda do muro de Berlim
O dia 9 de novembro de 1989 ficou marcado na história. Foi o dia em que o muro de 
Berlim finalmente caiu após 28 anos de sua construção. O muro que dividiu a Alemanha em 
duas superpotências que lutavam entre si para ter um domínio maior no mundo foi abaixo e 
esse dia ficou marcado como um rompimento da tensão que existia na Guerra Fria.
Uma das coisas que ajudaram a sua derrubada foi que o lado soviético passava por 
uma crise econômica. A população de ambos os lados sempre realizavam manifestações 
pedindo mais liberdade. 
Em muitos aspectos, a demolição do Muro de Berlim e a implosão concomitante, 
mas todo o sistema de aliança do Pacto de Varsóvia significou o fim da Guerra 
Fria. O conflito ideológico estava terminado. (MCMAHON, 2012, p.188).
Desse modo, nem o comunismo e nem o estado soviético eram uma ameaça para 
o governo dos Estados Unidos. A maior ameaça que eles tinham era a Alemanha oriental, 
para muitos historiadores marca o ano de 1989 como o fim da Guerra Fria, pois a grande 
tensão que havia entre essas superpotências havia se quebrado.
A Alemanha ocidental, durante o governo do chanceler Helmut Kohl, para que 
houvesse uma reunificação do país o mais rápido possível assim a Alemanha deixaria de 
oriental ou ocidental e viraria apenas uma como é atualmente, mesmo com o muro derru-
bado demorou algum tempo para que a Alemanha se reunificasse devidos a problemas do 
passado com as Guerras Mundiais que o país passou.
No livro Guerra Fria de McMahon (2012, p.189), o autor fala que o maior medo da 
Alemanha reunificada era se tornar uma ameaça para segurança russa “O maior temor de 
Gorbachev era uma Alemanha incontrolada e recém-habitada torna-se uma futura ameaça 
para segurança russa que estava atrás da maneira de Stalin abordar o problema alemão e 
pouco depois da Segunda Guerra mundial”.
Após uma conversa entre o chanceler da Alemanha ocidental (Helmut Kohl) e o 
Soviético Mikhail Gorbachev, foi feito um acordo em que a União Soviética concordou 
retirar as tropas da Alemanha depois de 45 anos de ocupação. Junho de 1990 foi realizada 
a união monetária entre as duas Alemanhas e no dia 3 de outubro foi feito definidamente a 
reunificação do país.
79UNIDADE III Da Guerra Fria à Queda do Muro de Berlim
4. O MUNDO APÓS 1990 
Após os anos 1990 o mundo não sentia mais tanto o impacto da segunda guerra 
mundial. O fim da Guerra Fria estava próximo, ainda mais com a reunificação da Alemanha 
depois da queda do muro de Berlim, a retirada de tropas soviéticas da Alemanha feita pelo 
líder soviético Gorbachev e o uso de uma moeda para a Alemanha.
O colapso da própria União Soviética em 1991, produto de forças ativadas 
pelas reformas de Gorbachev que ele se mostrou incapaz de controlar, 
representa um marco histórico crucialmente importante por seus próprios 
méritos. Na época em que a União Soviética desapareceu a própria Guerra 
Fria já era história (MCMAHON, 2012, p.190).
Pouco tempo depois, a União Soviética viria a cair no dia 29 de agosto de 1991, 
sendo assim o governo soviético teve seu fim e as políticas russas foram passadas para 
Boris Iéltsin em 1992. Com isso, os Estados Unidos da América se tornaram a maior 
superpotência mundial, tornando-se uma referência para vários países, influenciando em 
até mesmo no que diz respeito à cultura do cinema, música e livros.
Muitos filmes foram feitos sobre o período da Guerra Fria, a maioria deles usando 
o lado soviético como vilão de toda a história, alguns se tornando famosos como o clássico 
Rocky IV em que o personagem principal é um americano e o vilão do filme é um lutador 
russo da União Soviética. 
Com os anos, após 1991, dava-se início a uma nova era, que viria a ser conhecida 
por ter multipolaridade. Sendo assim, os governos não seriam reféns apenas dos EUA, mas 
sim do próprio sistema que adotavam para governar, em sua maioria a democracia.
80UNIDADEIII Da Guerra Fria à Queda do Muro de Berlim
No ano de 2001, que marcou a virada do século XX para o século XXI, deixou 
os Estados Unidos marcado com uma nova ameaça, que mais uma vez mexeria com o 
cenário americano. Mesmo sendo uma referência de armamento militar, os Estados Unidos 
foi quem sofreu um ataque terrorista em 11 de setembro de 2001.
Agora o medo não era mais a Guerra Fria e sim ataques terroristas que poderiam 
acontecer a qualquer momento em qualquer país do mundo, como no caso dos EUA onde 
teve um impacto bastante grande e mundial.
Durante a presidência de George W Bush, após os ataques terroristas de 
11 de setembro, o presidente emitiu o que ficou conhecido como a Doutrina 
Bush. Nele ele dedicou o país a encontrar e destruir o terrorismo onde quer 
que ele exista. (MCMAHON, 2012, p. 190).
Com este ato o mundo viu que um novo mundo surgia e que o século XXI seria 
marcado por novos medos e também novos avanços na economia e tecnologia. Fazendo 
com que mais uma vez a História tivesse novos rumos.
 
REFLITA 
Estamos no início de uma nova era, caracterizada por grande insegurança, 
crise permanente e ausência de qualquer tipo de status quo [...] Devemos 
compreender que nos encontramos numa daquelas crises da história mundial 
que Jakob Burckhardt descreveu. Não é menos significativa que a de depois de 
1945, embora as condições iniciais para superá-la pareçam melhores hoje. Não 
há potências vitoriosas nem derrotadas hoje, nem mesmo na Europa Oriental. 
(M. STÜRMER, in BERGEDORF, 1993, p. 59).
SAIBA MAIS
Hoje assumimos o impacto econômico da globalização na distribuição de produtos 
e serviços, mas quando isso de fato foi empreendido? É fato que a globalização é 
consequência do fim do mundo bipolar, entretanto as atividades econômicas já não 
estavam mais circunscritas a critérios de território e Estado desde a década de 1960, 
a era de ouro do capitalismo, quando começou a se fundamentar uma economia 
transnacional, o que foi se fundamentando nas décadas posteriores. 
Fonte: HOBSBAWM, 1995.
 
81UNIDADE III Da Guerra Fria à Queda do Muro de Berlim
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Caro (a) aluno (a), nesta unidade, vimos o quanto de impacto que o fim da Segunda 
Guerra Mundial trouxe ao mundo e, também, os efeitos que a Guerra Fria trouxe, deixando 
o mundo em estado de tensão por mais de 40 anos.
No primeiro tópico, tivemos a ideia de como foi o surgimento de cada superpotência, 
logo após a Segunda Guerra Mundial e como elas tinham modos de operar diferentes, 
fazendo uma corrida armamentista que ia de armas convencionais até armas nucleares. O 
que colocava o mundo em perigo, pois havia a chance de uma guerra nuclear.
Conseguimos compreender o surgimento de um movimento econômico que ajudou 
as superpotências a enriquecer durante o período da Guerra Fria e, o que foi os Trinta 
Gloriosos Anos, como foi formado e o tempo de duração dele na Guerra Fria, concluindo, 
assim que foi possível lucrar com vendas de armas.
No terceiro tópico estudamos o fenômeno mais importante da Guerra Fria, que foi 
a construção do mudo de Berlim. Vimos como os lados defendiam seu território e o que o 
muro representava para União Soviética, como as pessoas precisavam de liberdade e os 
sacrifícios que eles faziam para ir da Alemanha oriental para ocidental ou vice-versa.
Por fim, no último tópico vimos como a União Soviética chegou ao seu fim e como 
todo o contexto histórico fez com que a história do mundo chegasse ao que estamos 
vivendo atualmente. 
82UNIDADE III Da Guerra Fria à Queda do Muro de Berlim
MATERIAL COMPLEMENTAR
 
LIVRO
Título: Guerra Fria: A história da guerra épica entre Capitalismo x 
Socialismo
Autor: Saul Ramirez.
Editora: Book Brothers.
Sinopse: O livro nos mostra de maneira simples e sucinta de 
como foi à disputa entre as superpotências da época os Estados 
Unidos (EUA) e a União Soviética (URSS), este período que ficou 
conhecido como Guerra Fria onde nenhuma das superpotências 
não entravam em conflitos, pois poderia ser o estopim para uma 
nova guerra mundial.
 
FILME/VÍDEO 
Título: Adeus, Lênin
Ano: 2003.
Sinopse: Em 1989, pouco antes da queda do muro de Berlim, a Sra. 
Kerner (Katrin Sab) passa mal, entra em coma e fica desacordada 
durante os dias que marcaram o triunfo do regime capitalista. Quando 
ela desperta, em meados de 1990, sua cidade, Berlim Oriental, 
está sensivelmente modificada. Seu filho Alexander (Daniel Brühl), 
temendo que a excitação causada pelas drásticas mudanças possa 
lhe prejudicar a saúde, decide esconder-lhe os acontecimentos. 
Enquanto a Sra. Kerner permanece acamada, Alex não tem muitos 
problemas, mas quando ela deseja assistir à televisão ele precisa 
contar com a ajuda de um amigo diretor de vídeos.
83
Plano de Estudo:
● O que é neoliberalismo?
● A Inglaterra e a Dama de Ferro;
● Estados Unidos e o Neoliberalismo;
● Globalização no mundo contemporâneo. 
Objetivos da Aprendizagem:
● Conceituar e contextualizar sobre neoliberalismo;
● Compreender sobre quem foi a dama de ferro e sua influência; 
● Entender como a globalização está mudando o mundo.
UNIDADE IV
O Neoliberalismo e 
a Globalização
Professora Me. Maria Helena Azevedo Ferreira
84UNIDADE IV O Neoliberalismo e a Globalização
INTRODUÇÃO
Prezado (a) aluno (a), nesta unidade, vamos continuar com a história contemporânea 
e encerrá-la. Nos tópicos a seguir vamos entender a ideia do neoliberalismo, o que 
significa e o que ele influencia.
No primeiro tópico entenderemos a origem do Neoliberalismo e a diferença que ele 
tem do liberalismo de Adam Smith, saberemos as principais diferenças entre eles.
Seguindo, no segundo tópico conheceremos Margaret Thatcher, a sua importância 
para sociedade e história do mundo. Descobriremos o motivo dela ser conhecida como 
Dama de Ferro e sua influência sobre o mundo.
Com isso, teremos uma noção de como os Estados Unidos do governo de Reagan 
teve a influência de Margaret Thatcher e como ela ajudou a ter um controle sobre o 
neoliberalismo, entendendo o motivo de também adotar o Neoliberalismo nos EUA.
E, por fim, teremos uma ideia de como a globalização teve impacto do neoliberalismo 
e como as tecnologias de hoje em dia estão ajudando o mundo a ficar mais globalizado. 
85UNIDADE IV O Neoliberalismo e a Globalização
1. O QUE É NEOLIBERALISMO
1.1 Neoliberalismo: Contexto histórico 
Ao longo da existência humana na história e na sociedade tivemos muitos sistemas 
de economia como o mercantilismo, capitalismo, socialismo, capitalismo e liberalismo. 
Como toda história tem mudanças e adaptação, alguns desses sistemas têm também 
as suas adaptações para se compactuar com a nossa sociedade atual e assim continuar 
“vivendo”, mesmo que não seja adotada como plano econômico de algum país, mas 
continue como uma ideia.
Antes de entender sobre o que é Neoliberalismo temos que entender sobre seu 
antecessor, o liberalismo. Liberalismo sempre é lembrado como seu criador Adam Smith, 
principalmente em sua obra A riqueza das nações, publicada em 1776. Segundo Smith 
(1983), para um mundo melhor teria que haver uma livre iniciativa, atitudes econômicas 
dos indivíduos e que suas relações não fossem limitadas por regras e regulamentos que 
o Estado opõe.
A livre concorrência equivale a uma recompensa que se concede àqueles que 
fornecem as melhores mercadorias pelos preços mais baixos. Ela oferece 
uma recompensa imediata e natural, que uma multidão de rivais alimenta a 
esperança de conseguir, e atua com maior eficácia que um castigo distante, 
do qual cada um talvez espere escapar. (SMITH 1983, p. 104).
Para a doutrina liberal, se houver uma procura para o lucro o ser humano terá 
motivação e interesse para buscar este lucro, sendo assim a pessoa não se sentirá limitada 
pelo Estado e começará a buscar o lucro que ela precisa ou até mais do que ela necessita, 
sendo ela responsável pelas suas ações. Esse sistema revelaria de modo espontâneo o 
que a sociedade necessita.
86UNIDADEIV O Neoliberalismo e a Globalização
A ideia de liberalismo de Adam Smith ficou muito famosa, tanto que a sua obra mais 
famosa “a riqueza das nações” foi reeditada e citada várias vezes no mundo acadêmico e 
na economia. Nessa obra, Adam Smith afirma sobre os interesses privados dizendo “Sem 
qualquer intervenção da lei, os interesses e os sentimentos privados das pessoas naturalmente 
as levam a dividir e distribuir o capital de cada sociedade” (SMITH, 1983, p.104)
Assim como outras ideologias, o neoliberalismo também é uma forma de ver o 
mundo. Ele surgiu na década de 70, tendo o objetivo de estimular o desenvolvimento 
econômico, mas diferente do liberalismo sua ênfase não é sobre a interferência do estado 
sobre a economia.
Para os neoliberais sua principal defesa na economia está baseada no livre mercado, 
pois segundo eles isso irá garantir o crescimento econômico e também o desenvolvimento 
social do país. As principais características do Neoliberalismo são: 
● Privatização de empresas estatais;
● Livre circulação de capitais internacionais;
● Uma abertura econômica para empresas multinacionais; 
● Medidas de protecionismo econômico;
● A redução de impostos e tributos que são cobrados indiscriminadamente.
O modelo de neoliberalismo é pensado para que influencie no mundo todo, até 
mesmo, na educação, já que a escola também é vista como meio de mercado e seria 
privatizada, de modo que as escolas poderiam oferecer cursos para que o aluno saia e vá 
direto para o mercado de trabalho.
Harvey (2005, p.20) nos diz “O neoliberalismo como potencial antídoto para 
ameaças à ordem social capitalista e como solução para as mazelas do capitalismo havia 
muito se achava oculto sob as asas da política pública”. Sendo assim, esta ideologia nos 
daria um fim para uma antiga guerra entre capitalismo x socialismo.
1.2 Neoliberalismo no Brasil e na América Latina
No Brasil, na época em que tivemos como presidente Fernando Henrique Cardoso, 
foram implantadas reformas econômicas. Com isso, tivemos um ideal de liberalismo no 
Brasil, tendo essência para modernizar o país e garantir estabilidade econômica.
O neoliberalismo no Brasil foi aceito nas décadas de 1980 e 1990, tendo mais 
força com o fim do socialismo no Leste europeu. Integrantes do FMI e do Banco Mundial 
reuniram- se para organizar e analisar a economia do continente, além dessas organizações 
também tinham representantes dos EUA e países latinos americanos.
87UNIDADE IV O Neoliberalismo e a Globalização
No fim dessa reunião resultou um conjunto de medidas para controlar a inflação 
sendo elas:
● Ajuste fiscal: limitação dos gastos do Estado sendo de acordo com a arrecadação 
e eliminação do déficit público;
● Redução do tamanho do Estado: limitar a intervenção do Estado na economia;
● Abertura comercial: redução das alíquotas na importação estimula ao intercâmbio 
sendo assim impulsionar a globalização;
● Abertura financeira: Colocar um fim nas restrições de capital e permissões em 
instituições financeiras internacionais, então terá que atuar com igualdade dentro 
das condições do país;
● Fiscalização de gastos públicos;
● Serviços de terceirização;
● Investimento na infraestrutura básica.
No Brasil, existem críticas a algumas medidas do neoliberalismo que foram 
implantadas, não resolvendo alguns casos de desigualdade e até mesmo os aumentando. 
Além do Brasil, temos ideias neoliberais nos outros países da América latina com a Argentina.
Na América latina o neoliberalismo chegou pelos EUA após Washington implantar o 
consenso de Washington. Os interesses dos EUA na América latina são considerados incidentes.
Os interesses dos povos latino-americanos são meramente” incidentais” 
e não um problema nosso”. Ele reconheceu que “pode parecer que nos 
baseamos em puro egoísmo”, mas afirmou que a doutrina não tem motivos 
Mais elevados ou generosos. Os Estados Unidos lutaram para desalojar a 
Inglaterra e a França, seus rivais tradicionais, e estabelecer uma aliança 
regional sob controle à parte do sistema mundial, onde tais arranjos não 
eram admissíveis”. (CHOMSKY, 1999, p. 10).
As funções da América latina ficaram esclarecidas nas conferências que houve 
quando foi feito o consenso de Washington, sendo assim alguns ideais neoliberalistas 
ficaram implantados na América latina, sendo iguais aos que temos no Brasil.
Neoliberalismo no Brasil nunca deixou de existir, sempre tem sua influência em 
vários governos começando pelo governo Collor, que mesmo após sua saída do governo o 
país seguiu algumas ideias neoliberais que teve durante sua gestão.
88UNIDADE IV O Neoliberalismo e a Globalização
2. A INGLATERRA E A DAMA DE FERRO
 
Margaret Thatcher teve uma grande influência na história da humanidade e, também, 
na Inglaterra ficando conhecida como a mulher com mais influência em toda história. Ela 
nasceu no dia 13 de outubro de 1925 em Grantham, Lincolnshire no Reino Unido e ainda 
quando criança Thatcher e sua irmã mais velha reuniam dinheiro para uma viagem em que 
conheceriam Alfred Roberts que era um vereador e pregador da igreja metodista, dando 
assim início aos primeiros passos na carreira política de Thatcher.
Em 1950 Thatcher com seus 25 anos entrava no meio político pelo partido 
conservador. Mesmo não estando entre os aprovados do partido ela conseguiu chamar 
atenção da mídia na época. Em 1955 ela sofreria uma derrota em uma eleição, mas em 
1959 conseguiria ser eleita como deputada.
Thatcher teve muita influência pelo seu modo e por conquistar apoio na política muito 
rápido, sendo convidada em 1970 pelo partido conservador a ser secretária da Educação, as-
sumindo o cargo no dia 20 de junho de 1970. Também, nessa época, foi quando Thatcher teve 
um episódio famoso em que ela tirou o fornecimento gratuito de leite para crianças nas escolas, 
visando fazer economia nos gastos da educação que ganhou o apelido “Margaret Thatcher, 
Milk Snatcher” (em tradução livre seria algo Margaret Thatcher sequestradora de leite).
A decisão, que provocou uma onda de protestos no Partido Trabalhista e na 
mídia inglesa, gerou reflexão da ex-primeira-ministra na sua autobiografia, 
frase que melhor resumiria seus 11 anos de poder: “Provoquei o ódio político 
máximo por um benefício mínimo”. Ela se tornou amada e odiada em igual ao 
subjugar sindicatos, privatizar vastos setores da indústria britânica, brigar com 
a União Europeia e travar uma guerra com a Argentina pelas Ilhas Malvinas. 
(O GLOBO, Thatcher: de vilã do leite ao embate com sindicatos. 08/04/2013).
89UNIDADE IV O Neoliberalismo e a Globalização
Esta não seria a última vez que Thatcher chamaria a atenção da mídia e provocou 
protestos, ela também ficou conhecida por ter pulso firme em seus discursos e opiniões 
políticas.
No ano de 1976, Thatcher fez um discurso político em que ela criticava a União 
Soviética por buscar o “domínio mundial”. O episódio ficou conhecido como “Britain Awake”, 
que no português seria Alerta do Reino Unido, seu discurso fez com que o jornal soviético 
Estrela Vermelha refutasse a postura de Thatcher dando-a o título de Dama de Ferro, que 
ela abraçou e que a acompanhou por toda sua carreira política.
Em 4 de maio de 1979 tornou-se a Primeira-ministra do Reino Unido, sendo 
um dos cargos mais altos na política do país. Foi reeleita nas eleições gerais de 1983, 
ficando quase toda a década de 80 no poder, sendo considerada uma das mulheres mais 
influentes do mundo.
2.1 A Dama de Ferro e o Neoliberalismo
hatcher teve influência no pensamento de economia e monetarista por economistas 
como Milton Friedman e Alan Walters. Ela teve seu plano de governo econômico com base 
em aumentar as taxas de juros para o crescimento da oferta monetária. Sendo exemplo 
para todos os outros países.
A “Grã-Bretanha de Thatcher” é, na verdade um exemplo igualmente bom 
“evangelho do livre mercado”. (...) a primeira-ministra Margaret Thatcher 
“interveio pessoalmente para garantir a transferênciade 22 milhões de 
libras do orçamento da ajuda britânica para construção do metro de Ancara. 
(CHOMSKY, 1999, p. 35).
Seu sistema de política ficou conhecido como “política thatcheriana”, que provocou 
mudanças nas importantes instituições e na sociedade britânica. Ela fez o uso de uma ideia 
do liberalismo que é a privatização de empresas que eram estatais. Reginaldo C. Moraes 
(2001, p.71) cita que “essa privatização fundamental não foi motivada pela doutrina e sim 
pela lógica dos acontecimentos. Esse era setor que necessitava urgentemente de capital”.
Margaret Thatcher teve pouca influência para a esquerda política, sendo até impopular 
pelas pessoas que têm o ideal político da esquerda, muito disso aconteceu devido ao pouco 
investimento de Thatcher em sociedade de classes baixas. O governo de Thatcher não era 
popular entre a esquerda, isso porque tinha como base o “egoísmo social”. 
90UNIDADE IV O Neoliberalismo e a Globalização
FIGURA 1: MANIFESTANTE CONTRÁRIO AO GOVERNO THATCHER
 
Margaret Thatcher faleceu em 8 de abril de 2013 e sua carreira política influenciou 
várias pessoas e políticos, entretanto quando veio seu falecimento, houve um protesto em 
comemoração à sua morte, pois sua política conservadora e direitista acabou destruindo 
empregos e gerando problemas raciais.
Embora as controvérsias que Margaret teve durante sua vida, ela é até hoje 
uma das mulheres que mais teve influência no mundo, e causando sempre polêmicas 
por pessoas que apoiam seu modo de governo e pessoas que são contra seu modelo 
de governo, sendo influência para outros governantes que seguem sua ideologia para 
governar. Margareth ganhou um filme biográfico “a dama de ferro” que foi interpretada por 
Meryl Streep oem que conseguiu um Oscar de melhor atriz.
91UNIDADE IV O Neoliberalismo e a Globalização
3. ESTADOS UNIDOS E O NEOLIBERALISMO
Os Estados Unidos é uma das principais potências econômicas no mundo e isso 
sempre atraiu atenção de novas formas de políticas econômicas, mesmo o país sendo 
capitalista. Entre um governo e outro sempre trazem ideais novos para os Estados Unidos, 
sendo assim o país também flertou com ideais neoliberalistas.
A Escola de Chicago foi uma das responsáveis por colocar o liberalismo nos EUA, 
sendo assim, logo o país teve um encontro com o Neoliberalismo, mas antes de algum 
governo ter tendências neoliberais a Escola de Chicago levou, na época do presidente 
Roosevelt, o New Deal, um plano econômico que tiraria o país da depressão econômica 
que ocorreu em 1929, salvando-o país.
Com o liberalismo já no governo estadunidense, a chegada do neoliberalismo ficou 
mais fácil, principalmente com a eleição de Ronald Reagan nos anos de 1981 e 1989. Na 
mesma época em que o governo britânico tinha Margaret Thatcher, ambos governantes 
tinham ideais Neoliberalistas. O governo de Ronald Reagan ficou conhecido em sua época 
de governo como reaganistas.
Governos de todo mundo abraçam o ‘evangelho do livre mercado’, pregado 
na década de 1980 pelo presidente Reagan e pela primeira-ministra Margaret 
Thatcher, da Grã Bretanha. (CHOMSKY, 1999, p. 34).
A política neoliberalista auxiliava os países na movimentação de capital. O estilo de 
vida americano, junto do neoliberalismo, fez com que o plano do governo de Reagan tivesse 
boas impressões, ainda mais com a política de paz armada que resultou no aumento de 
gastos significativos na área militar. 
92UNIDADE IV O Neoliberalismo e a Globalização
Entretanto, o que mais atraia atenção era o conservadorismo crescente em meio ao 
medo da cultura de esquerda da União Soviética.
Mesmo isolados e na defensiva, os neoliberais preservaram suas crenças orto-
doxas. E voltaram à cena, na ocasião propícia no fim dos Trintas Gloriosos, os 
anos de reconstrução e desenvolvimento do capitalismo. (MORAES, 2001, p.15).
A inicialização do neoliberalismo envolveu muita “destruição criativa”, que foi a 
mudança que a cultura teve, que diminuiu um pouco do controle total que o estado tinha 
sobre o mercado econômico do país. Porém essas mudanças foram necessárias para que 
o Neoliberalismo começasse a ser executado nos Estados Unidos.
Junto com o Neoliberalismo nos Estados Unidos temos também o Consenso de 
Washington que é o conjunto de ideias neoliberais onde o país têm princípios orientados 
pelas instituições financeiras internacionais. Chomsky (1999, p. 98) cita que “Ele (Estados 
Unidos) controla e por eles mesmo implementam de formas diversas – geralmente, nas 
sociedades mais vulneráveis, como rígidos programas de ajuste estrutural”. Com isso temos 
a ideia que o Consenso Washington tem em sua base um modo de controlar os países da 
América Latina já que a liberação de mercado e o uso de privatização são possíveis se o 
país adquirir tal ideia.
Algumas ideias neoliberais ainda existem no governo estadunidense, podendo 
influenciar muito em outros países que usam o país como exemplo para crescimento 
econômico, como o Brasil, por exemplo.
93UNIDADE IV O Neoliberalismo e a Globalização
4. GLOBALIZAÇÃO NO MUNDO CONTEMPORÂNEO
Globalização é um termo que entrou em uso na época de 1980, período de processo 
de integração econômica, política e social internacional, fazendo com que o mundo se 
tornasse mais conectado. Na verdade, podemos entender que o mundo começou a ser 
globalizado muito antes da década de 80, na época em que os europeus iniciaram as 
navegações, em que deixavam seus países e iam para outros, ocasionando em um choque 
cultural. Atualmente não é mais necessário viajar para um país para termos acesso à sua 
cultura, pois com a tecnologia isso torna-se possível.
Essas técnicas da informação são apropriadas por alguns Estados e por algumas 
empresas, aprofundando assim os processos de criação de desigualdades. É 
desse modo que a periferia do sistema capitalista acaba se tornando ainda mais 
periférica, seja porque não dispõe totalmente dos novos meios de produção, seja 
porque escapa a possibilidade de controle. (SANTOS, 2003, p. 39).
Com a globalização, temos acesso a outras culturas em tempo real, o que torna 
o conhecimento bastante acessível a quem tem acesso à internet. Entretanto, apesar de 
todos os prós, existem também os contras. Como para alguns pensadores, que criticam o 
estilo de vida ultra conectado, além de pensarem sobre como este acesso não é democrá-
tico, estando mais disponível para as classes sociais mais altas. Como podemos ver nas 
ideias do pensador Zygmunt Bauman.
A informação agora flui independente dos seus portadores; a mudança e 
a rearrumação dos corpos no espaço físico é menos que necessária para 
reordenar significados e relações. Para algumas pessoas – para elite móvel, 
a elite da mobilidade - isso significa, literalmente, a libertação ao” físico”, uma 
nova imponderabilidade do poder. (BAUMAN 1999, p. 25).
94UNIDADE IV O Neoliberalismo e a Globalização
Portanto, a globalização no mundo contemporâneo é caracterizada pelo avanço da 
ciência e da tecnologia. Com isso, faz-se necessário que questionemos se estamos utilizando 
essas ferramentas de modo benéfico para nós e para toda a humanidade e natureza, ou não. 
 
REFLITA 
“Antigamente as grandes nações mandavam seus exércitos conquistar territórios e 
o nome disto era colonização. Hoje as grandes nações mandam suas multinacionais 
conquistar mercados e o nome disto é globalização.” (SANTOS, Milton, 1997).
95UNIDADE IV O Neoliberalismo e a Globalização
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Caro (a) aluno (a), nesta unidade, abordamos a história contemporânea, seguindo 
de modo a compreendermos melhor, no primeiro tópico, o que é o neoliberalismo, suas 
características e como ele influencia na política econômica dos países. Desse modo, 
conseguimos ter uma noção se esse é benéfico para a economia e, também, para a população.
No segundo tópico, vimos sobre a vida e a importância de Margaret Thatcher, sobre 
como ela teve influência na mídia e economia da Inglaterrae do mundo e, como ficou 
conhecida como a Dama de Ferro. 
Seguimos compreendendo melhor o neoliberalismo nos Estados Unidos, a forma 
como Ronald Reagan adotou políticas econômicas neoliberais e, o que é o Consenso de 
Washington, importante, inclusive, para a economia brasileira.
Por fim, compreendemos um pouco sobre a Globalização no mundo contemporâneo, 
com o questionamento se esta é somente benéfica para a sociedade como um todo, ou se 
seus benefícios são melhor vistos nas classes sociais mais altas.
96UNIDADE IV O Neoliberalismo e a Globalização
 MATERIAL COMPLEMENTAR
LIVRO
Título: O lucro ou as pessoas?
Autor: Noam Chomsky
Editora: Bertrand Brasil
Sinopse: O livro de Chomsky virou destaque na década de 90 por 
questionar sobre o Neoliberalismo e a ordem global, falando sobre 
crises políticas e como alguns planos econômicos falham quando 
é posto em prática.
 
FILME/VÍDEO 
Título: A Dama de Ferro
Ano: 2012.
Sinopse: Antes de se posicionar e adquirir o status de verdadeira 
dama de ferro na mais alta esfera do poder britânico, Margaret 
Thatcher (Meryl Streep) teve que enfrentar vários preconceitos na 
função de primeira-ministra do Reino Unido em um mundo até então 
dominado por homens. Durante a recessão econômica causada 
pela crise do petróleo no fim da década de 70, a líder política tomou 
medidas impopulares, visando à recuperação do país. Seu grande 
teste, entretanto, foi quando o Reino Unido entrou em conflito com 
a Argentina na conhecida e polêmica Guerra das Malvinas.
97
REFERÊNCIAS
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98
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100
CONCLUSÃO GERAL
Caro(a) estudante, em nossa disciplina vimos os principais aspectos que marcaram 
a História Contemporânea. Foi um momento, que se desenrola até os dias atuais, de 
interação entre as nações do mundo. Seja uma relação de troca, de dominação e, por vezes, 
conflituosa. Esperamos que a discussão que apresentamos aqui possa abrir caminhos para 
que você se aprofunde ainda mais em seus estudos. 
Na primeira unidade, você viu o conceito de imperialismo e como este foi usado como 
ferramenta de política externa, especialmente em países da europa, bem como dos Estados 
Unidos. O mundo, neste contexto, foi repartido e subjugado, principalmente, na África e na 
Ásia. Abordamos como se deu a partilha da África e ocupação da Ásia, que só foi possível pela 
ideia que os europeus tinham que se tratavam de povos inferiores. Investigamos como essa 
perspectiva se mostra presente até os dias atuais. Bem como, vimos que é no século XIX que 
se desenvolvem os nacionalismos, cujo teor irá se desenvolver no início do século XX. 
Na segunda unidade, você entendeu como o crescente nacionalismo, a corrida 
armamentista e a disputa por território ocasionaram a Primeira Guerra Mundial, também 
chamada de a Grande Guerra. No começo do século, discutimos também como a Revolução 
Russa de 1917 se desenvolveu, gerando uma ordem política, econômica e social nunca 
antes vista. Falamos também sobre a ascensão dos Fascismos, focando no caso italiano, e 
também no movimento correlato na Alemanha, denominado nazismo. Inerente a isso, está 
a Segunda Guerra Mundial, a qual mudou o rumo das potências e fez emergir os EUA como 
líderes mundiais. Os EUA tiveram como adversário a URSS, que no contexto da Guerra 
Fria, se envolveram mutuamente na disputa por zonas de influência.
Na terceira unidade, você viu com mais detalhes a Guerra Fria e o embate entre 
socialismo e capitalismo. Nesta unidade, abordamos também o que foram os “trinta 
gloriosos”, que representou o crescimento e fortalecimento dos países desenvolvidos. 
Após a queda do muro de Berlim e a desintegração da URSS, o mundo passou por outra 
mudança drástica, já que o mundo bipolar havia deixado de existir, pelo menos em tese. 
O fim do mundo dividido entre os interesses da URSS e dos EUA possibilitou a 
emergência do neoliberalismo. Vimos, portanto, na última unidade do que se trata esse 
conceito e a sua aplicação. Aliado a isso, temos o fortalecimento dos ideais neoliberais na 
Inglaterra de Thatcher, bem como nos Estados Unidos. Concluímos a unidade, abordando a 
globalização e seus impactos. Por fim, esperamos que este material forneça as bases, para 
que você possa conhecer melhor os eventos que marcaram a História Contemporânea.
+55 (44) 3045 9898
Rua Getúlio Vargas, 333 - Centro
CEP 87.702-200 - Paranavaí - PR
www.unifatecie.edu.brUNIDADE I
	Imperialismo e 
	Nacionalismo
	UNIDADE II
	A Crise do 
	Capitalismo
	UNIDADE III
	Da Guerra Fria à Queda 
	do Muro de Berlim
	UNIDADE IV
	O Neoliberalismo e 
	a Globalização

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