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DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS 2 DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS Com as mudanças impostas pela Emenda Constitucional nº 103/19, é importante um olhar atento e detalhado aos arts. 37 a 41 da Constituição Federal. Esses artigos são os que têm relevância para nosso estudo neste momento, pois são reservados à Administração Pública e aos Servidores Públicos. Dessa forma, transcreverei alguns artigos da constituição de forma literal com seus respectivos comen- tários, explicando o que for importante para nosso foco de estudo. ARTIGO 37 DA CONSTITUIÇÃO DISPOSIÇÕES GERAIS SOBRE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Esta- dos, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: Comentário: aqui são citados os princípios expressos ou explícitos da Administração Pública. Existe uma aula dedicada apenas a esses princípios, logo, não me aterei a maiores explicações neste material. I - os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei, assim como aos estrangeiros, na forma da lei. Comentário: esse inciso se refere à ampla acessibilidade conferida aos cargos e empregos públicos, sendo reflexo do princípio da impessoalidade! Dessa forma, abarca brasileiros: ͫ Natos; ͫ Naturalizados; ͫ Portugueses equiparados (se houver reciprocidade). Além de Estrangeiros - As universidades e instituições de pesquisa científica e tecnológica federais poderão prover seus cargos com professores, técnicos e cientistas estrangeiros. II - a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração. Comentário: os cargos em comissão, conforme já visto em aulas passadas, são reservados às funções de DIREÇÃO, CHEFIA e ASSESSORAMENTO, podendo ser providas por SERVIDORES EFETIVOS ou QUALQUER PESSOA que preencha os requisitos em lei. Já as funções de confiança são exclusivas para SERVIDORES EFETIVOS. III - o prazo de validade do concurso público será de até dois anos, prorrogável uma vez, por igual período; Comentário: apenas é importante saber que a prorrogação tem de ser por IGUAL PERÍODO! Logo, não é possível um concurso de um ano de validade ser prorrogado por mais dois anos. DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS 3 IV - Durante o prazo improrrogável previsto no edital de convocação, aquele aprovado em concurso público de provas ou de provas e títulos será convocado com prioridade sobre novos concursados para assumir cargo ou emprego, na carreira; Comentário: aqui temos uma diferença conceitual com a Lei nº 8112/90. Segundo tal lei, não poderia ser aberto novo concurso enquanto há algum vigente. Mas, conforme a regra cons- titucional, pode sim ser aberto novo concurso nesse caso, porém deve ser observada a prioridade na nomeação! Esse conceito será melhor explorado quando tratarmos do Concurso Público de acordo com a Lei nº 8112/90. V - as funções de confiança, exercidas exclusivamente por servidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em comissão, a serem preenchidos por servidores de carreira nos casos, condições e percentuais mínimos previstos em lei, destinam-se apenas às atribuições de direção, chefia e assessoramento. Comentário: o conceito de f l~[]unção de confiança já foi explicado. Já os percentuais mínimos de cargo em comissão se referem à recomendação constitucional de que os cargos de chefia, direção e assessoramento da entidade (Comissão) sejam preenchidos NÃO APENAS por pessoas de fora da administração pública, mas TAMBÉM POR SERVIDORES DE CARREIRA! Busca-se, dessa forma dar mais continuidade à Administração Pública, entregando a chefia de maneira menos política e mais meritória. Sempre lembrando da VEDAÇÃO ao NEPOTISMO, inclusive o “cruzado”, quando uma autoridade investe em cargo em comissão o “parente” de uma outra autoridade, de maneira proposital, tendo como contrapartida a mesma postura com um parente seu, buscando “burlar” a vedação referida. Segundo a Súmula Vinculante n° 13 do STF, temos que: “a nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de função gratificada na administração pública direta e indireta em qualquer dos poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, com- preendido o ajuste mediante designações recíprocas, viola a Constituição Federal”. DIREITOS DOS SERVIDORES VI - é garantido ao servidor público civil o direito à livre associação sindical; VII - o direito de greve será exercido nos termos e nos limites definidos em lei específica. Comentário: o inciso VI apenas se refere ao direito de associação do servidor, o inciso VII con- ceitua o direito de greve, que será mais discutido em tópico oportuno, porém é interessante saber que a “lei específica” a qual o inciso se refere AINDA NÃO FOI EDITADA, o que torna a greve dos servidores públicos, de certa forma, ilegal. Para cumprir esse vácuo legislativo é usada, de MANEIRA SUBSIDIÁRIA, a lei que disciplina a greve dos servidores privados, regidos por CLT! VIII - a lei reservará percentual dos cargos e empregos públicos para as pessoas portadoras de deficiência e definirá os critérios de sua admissão. Comentário: podemos usar como base a previsão da Lei nº 8112/90, que diz: “Às pessoas porta- doras de deficiência é assegurado o direito de se inscrever em concurso público para provimento 4 de cargo cujas atribuições sejam compatíveis com a deficiência de que são portadoras; para tais pessoas serão reservadas até 20% (vinte por cento) das vagas oferecidas no concurso.” Perceba que a lei coloca “ATÉ”, nada impedindo que sejam reservadas menos vagas. IX - a lei estabelecerá os casos de contratação por tempo determinado para atender à necessidade temporária de excepcional interesse público; Comentário: previsão constitucional para os servidores temporários, que já foram discutidos anteriormente. A lei citada pelo inciso, na esfera federal é a nº 8745/93. REMUNERAÇÃO DOS SERVIDORES X - A remuneração dos servidores públicos e o subsídio de que trata o § 4º do art. 39 somente poderão ser fixados ou alterados por lei específica, observada a iniciativa privativa em cada caso, assegurada revisão geral anual, sempre na mesma data e sem distinção de índices. Comentário: a constituição prevê que qualquer alteração ou fixação da remuneração do servidor público DEVE ser feita por LEI, não sendo possível outro ato normativo nesta situação, como o decreto. A INICIATIVA da lei deve ser: ͫ Chefe Poder Executivo – Cargos e Empregos de sua Estrutura; ͫ STF, Tribunais Superiores e TJs – Cargos do Poder Judiciário; ͫ Câmaras Deputados/Vereadores e Senado – Servidores Poder Legislativo. Obs.: subsídio trata-se de parcela única, sendo vedado o acréscimo de qualquer gratificação, adicional, abono, prêmio, verba de representação ou outra espécie remuneratória. Já a revisão geral anual à que o dispositivo constitucional se refere diz respeito à correção pela inflação para que a remuneração/subsídio mantenha seu poder de compra, porém, segundo o STF essa revisão geral NÃO É OBRIGATÓRIA! Porém, executivo deve se justificar (STF). IMPORTANTE: revisão geral NÃO É OBRIGATÓRIA! Porém, executivo deve se justificar quando não a conceder. XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, funções e empregos públicos da administração direta, autárquica e fundacional, dos membros de qualquer dos Poderes da União,dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores de mandato eletivo e dos demais agentes políticos e os proventos, pensões ou outra espécie remuneratória, percebidos cumulativamente ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer outra natureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, aplicando-se como limite, nos Municípios, o subsídio do Prefeito, e nos Estados e no Distrito Federal, o subsídio mensal do Governador no âmbito do Poder Executivo, o subsídio dos Deputados Estaduais e Distritais no âmbito do Poder Legislativo e o subsidio dos Desembargadores do Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por cento do subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, no âmbito do Poder Judiciário, aplicável este limite aos membros do Ministério Público, aos Procuradores e aos Defensores Públicos. Comentário: pela extensão do inciso, não deixarei em negrito as partes mais importantes, já resumindo e explicando abaixo: DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS 5 O inciso trata do TETO REMUNERATÓRIO, que é o “limite” da remuneração ou subsídio que pode ser paga ao servidor público. IMPORTANTE: verbas INDENIZATÓRIAS, como diárias e auxílio moradia, NÃO SÃO COMPUTADAS para o cálculo do teto remuneratório. ͫ O Teto da União - Subsídio mensal dos Ministros do Supremo Tribunal Federal; ͫ O Teto dos municípios - Subsídio do Prefeito; ͫ O Teto dos estados e no Distrito Federal: Subsídio do governador - Poder Executivo; Subsídio dos deputados estaduais e distritais - Poder Legislativo; Subsídio dos desembargadores do Tribunal de Justiça, limitado a 90,25% do subsídio dos Ministros do STF - Poder Judiciário. Obs.: “Subteto” do Poder Judiciário é aplicável aos membros do Ministério Público, aos Procuradores (INCLUSIVE MUNICIPAIS) e aos defensores públicos. Perceba que apenas nos ESTADOS e no DF o teto se modifica de acordo com o poder ao qual pertence o servidor. A exceção se dá pelos procuradores municipais que se sujeitam ao teto dos desembargadores, conforme o texto constitucional. Ainda em relação a esse inciso, o texto constitucional nos traz que é facultado aos estados e ao DF, mediante emenda às respectivas Constituições e Lei Orgânica, como limite único, o subsídio mensal dos desembargadores do respectivo TJ, NÃO SE APLICANDO aos subsídios dos deputados estaduais e distritais e dos vereadores. Ou seja, os estados e municípios podem usar como limite ÚNICO de teto remuneratório os 90,25% dos ministros do STF, tal qual os desembargadores. Essa previsão, no entanto, exclui os membros do poder legislativo estadual, distrital e municipal (deputados, deputados do DF e vereadores). IMPORTANTE: o teto aplica-se às empresas públicas e às sociedades de economia mista e suas subsidiárias, que receberem recursos da União, dos estados, do Distrito Federal ou dos municípios para pagamento de despesas de pessoal ou de custeio Ou seja, empresas estatais (empresas públicas e sociedades de economia mista) que NÃO SEJAM DEPENDENTES (não necessitem de recursos públicos para desenvolver suas atividades) NÃO SE SUBMETEM AO TETO REMUNE- RATÓRIO, pois não têm suas despesas pagas pelo poder público, gerando seus PRÓPRIOS LUCROS para paga- mento de sua folha. IMPORTANTE: NÃO SE SUBMETEM AO TETO: ͫ Verbas Indenizatórias; ͫ Direitos Sociais: hora extra, adicional de férias, 13° etc.; ͫ Abono de Permanência. XII - os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e do Poder Judiciário não poderão ser superiores aos pagos pelo Poder Executivo; Comentário: apesar de pouco vista na prática, essa previsão constitucional deve ser decorada para provas, sem muitos comentários relevantes neste quesito. 6 XIII - é vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer espécies remuneratórias para o efeito de remuneração de pessoal do serviço público. Comentário: as vantagens e remunerações devidas aos cargos dentro do serviço público não podem ser usadas como base para outras vantagens e remunerações em outros cargos. Cada carreira conta com sua própria característica remuneratória. IMPORTANTE: SÚMULA VINCULANTE Nº 37: não cabe ao Poder Judiciário, que não tem função legislativa, aumen- tar vencimentos de servidores públicos sob o fundamento de isonomia. XIV - os acréscimos pecuniários percebidos por servidor público não serão computados nem acumulados para fins de concessão de acréscimos ulteriores. Comentário: os adicionais devidos na remuneração serão aplicados sobre o valor “base”, e não “um sobre o outro”, não se computando um adicional no cálculo de concessão de outro.
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