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PSICOLOGIA OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM > Reconhecer a história da psicologia e a forma pela qual a ciência se constituiu, assim como o sujeito se torna o foco principal de estudo. > Explicar a psicologia como ciência humana e seus paradoxos epistemológicos. > Identificar as escolas epistemológicas que influenciaram a construção desta ciência. Introdução A psicologia como ciência teve o seu início em 1879, com o primeiro laboratório de pesquisas, fundado por Wilhelm Wundt (1832–1920), considerado na história o pai da psicologia. No entanto, sabemos que uma ciência não nasce de um dia para o outro, e isso não foi diferente com a psicologia. É interessante notar a importância das influências filosóficas em seu desenvolvimento, ao mesmo tempo que o distanciamento da filosofia também marca a constituição da psicologia como ciência. O próprio conceito de ciência tem sido revisto e, no tempo de surgimento Psicologia como ciência e as escolas psicológicas: vertentes epistemológicas Maria Beatriz Rodrigues da psicologia científica ou moderna, as explicações eram muito racionais e posi- tivistas. Isso significa que as ciências humanas tinham que seguir as exigências e os critérios das ciências da natureza. Esses paradoxos fazem parte da constituição da psicologia como ciência independente da filosofia, e de outras ciências, como a fisiologia. Dessa forma, e devido a essas diversas influências, a psicologia nasce com grande diversi- dade de abordagens. Alguns autores chamam essa característica como pré- -paradigmática, outros defendem um conjunto de pressupostos ou questões, que todas as abordagens são chamadas a responder, independentemente de suas orientações teóricas. Neste capítulo, você vai conhecer essas circunstâncias da história da psico- logia e entrar no debate epistemológico sobre ela. A psicologia é considerada a ciência que se ocupa do comportamento e da mente. Em seu desenvolvimento como ciência, especialmente em trabalhos iniciais, algumas perspectivas também desenvolveram experimentos com animais, como, por exemplo, o behaviorismo e a psicologia da gestalt. Outras vertentes, como algumas abordagens da psico- logia social, pensam o homem como histórico e produzido pela sociedade. Fica evidente a diversidade de abordagens da psicologia científica. É comum que as ciências abriguem diferentes perspectivas teóricas, pois essas são questões e paradoxos do conhecimento, que continuam suscitando grandes discussões. No passeio histórico, vamos chegar aos dias de hoje, com as vertentes predominantes na psicologia. A história da psicologia e de seu objeto de estudo Uma pintura famosa e intrigante é a “extração da pedra da loucura” (de Hie- ronymus Bosch, pintada em 1494 e nomeada, em inglês, como The Extraction of the Stone of Madness, ou também conhecida como Cutting the Stone, ou, ainda, The cure of Folly, e exposta no Museo del Prado, em Madrid), devido à cena que retrata, mas, também, por revelar a curiosidade que a mente humana sempre despertou nas pessoas, sejam elas artistas ou não. A Figura 1 reproduz a pintura que apresenta a cena de um homem, amarrado à uma cadeira, que, mesmo estando sendo operado na cabeça, mantém os olhos abertos. A pessoa que o opera, supostamente um médico, usa um funil na cabeça e uma pinça na mão, com a qual está retirando algo da cabeça do Psicologia como ciência e as escolas psicológicas: vertentes epistemológicas2 homem, como se fossem cabelos ou uma planta (diz-se que é uma tulipa), e não parece ser uma pedra. Ele está sendo assistido em suas ações por um monge, que segura um recipiente, aparentemente com água, fala e gesticula com o médico. Ao seu lado, também acompanhando a ação, está uma mulher, apoiada em uma pequena mesa redonda, na qual há uma flor, e com um livro na cabeça. Sem dúvidas, é uma cena curiosa, principalmente porque retrata uma intervenção cirúrgica. No entanto, o que é importante é como os perso- nagens têm diferentes objetos na cabeça, e a pintura intitula-se retirada da pedra da loucura. A preocupação com a (in)sanidade, com a perda ou controle da razão, parece evidente. Essa é uma obra bem conhecida, utilizada para estabelecer paradoxos entre a razão e a loucura, para demonstrar que a psique humana na época era vista de forma concreta, situada e passível de ser manipulada cirurgi- camente. Há registros de práticas de abertura do crânio para retirada de espíritos ou de outros fatores atribuídos às doenças mentais. A curiosidade sobre a mente humana é muito anterior ao período de Bosch. Em determi- nado momento da história, presumia-se, por exemplo, que os problemas psicológicos eram causados pela influência de maus espíritos. Como um dos métodos para liberar o corpo desses espíritos, os curandeiros faziam um buraco no crânio das pessoas, com instrumentos rudimentares, em um procedimento chamado de trepanação (semelhante ao procedimento realizado no homem da pintura de Bosch). Embora cause estupor, essas práticas e pensamentos eram o que poderia ser chamado de psicologia, ou a preocupação com o psiquismo humano, característico daquela época (FELDMAN, 2015). As formas como as pessoas são, como reagem e se manifestam, seus bloqueios, conflitos, limitações, características, diferenças, enfim, são ques- tões que sempre intrigaram pensadores, desde os tempos do conhecimento pré-científico, ou astrobiológico, como coloca Japiassu (1995), da filosofia, das religiões e, posteriormente, da ciência. Desde os primórdios das ciên- cias, foram desenvolvidas diferentes disciplinas e teorias com explicações sobre o comportamento humano. Do período moderno, quando o mundo era ainda explicado de forma eminentemente mecanicista, até hoje, com o vasto conhecimento acumulado e o avanço tecnológico, inclusive com a inteligência artificial, persiste o desejo de decifrar, explicar e reproduzir a mente humana. Psicologia como ciência e as escolas psicológicas: vertentes epistemológicas 3 Figura 1. A extração da pedra da loucura, de Hieronymus Bosch (1494). Fonte: Bosch (século XV, documento on-line). Como colocado por Figueiredo e Santi (2008), é frequente que os livros que tratam da história da psicologia o façam começando pela filosofia ocidental, principalmente grega, e continuem com as influências da revolução científica, ou seja, os antecedentes filosóficos, fisiológicos e físicos da psicologia. Japiassu (1995) enfatiza a importância de focar na história em si da psicologia, a partir de sua fundação como ciência, para entender melhor suas bases teóricas. O autor diz não acreditar na busca externa por bases teóricas da psicologia, e sim em sua prática. Sem deixar de considerar importantes influências, ou des- prezar as contribuições de outras ciências e disciplinas para a emergência da psicologia, a trataremos aqui desde a sua fundação como ciência. Portanto, as referências aos antecedentes serão breves e com objetivo de contextualização. Dessa forma, a epistemologia da psicologia vai sendo construída a partir do estabelecimento da ciência, da consolidação de suas teorias e das con- tribuições dos vários autores. É reconhecido que as exigências e imposições de critérios por parte de outras ciências, principalmente ciências naturais e biológicas, no momento de sua fundação, influenciaram na história da psicologia. Em outras palavras, no nascimento da ciência moderna, ocorreu um rompimento com a cosmologia religiosa, mística, astrológica e alquímica, dando espaço a um conhecimento produzido por meio da razão e da precisão. As medidas, as avaliações e os experimentos passam a constituir a produção de conhecimento, mais do que as questões anteriores, mais contemplativas e especulativas. O novo modelo positivista rompe com o antigo sistema de valores, dado pela cosmologia religiosa e mística, mas ainda não deixa clara outra forma de acolher as questões humanas que substituísse a anterior religiosa. Esse espaço é conquistado pela psicologia, quedefine o homem Psicologia como ciência e as escolas psicológicas: vertentes epistemológicas4 como objeto de ciência, opondo-se à natureza, e como sujeito de ciência, em substituição à religião. A epistemologia da psicologia busca saber como se estruturam e articulam os conhecimentos produzidos pelos psicólogos, que são ao mesmo tempo objeto e sujeito, em um contexto histórico e cultural, buscando a especificidade e a objetividade científica (JAPIASSU, 1995). Epistemologia vem do grego e é uma palavra formada por duas outras, episteme e logos. Episteme significa conhecimento, entendimento, enquanto logos significa sentido, argumento, razão. O termo tem sido usado na ciência há cerca de dois séculos, mesmo sua discussão sendo muito anterior na filosofia. Seu significado global seria discurso sobre a ciência, ou teoria do conhecimento. A epistemologia é utilizada para designar o estudo crítico das ciências, de suas formas e não conteúdos. Além disso, serve como um critério de avaliação da autonomia das ciências, em relação à filosofia, e para a distinção dos vários campos de saber (GREGÓRIO, 2010; STEUP; NETA, 2005). A história da psicologia como ciência independente começa no século XIX, quando os primeiros autores passaram a se dedicar a estudos sistemáticos e conquistaram lugares nas instituições tradicionais de saber, universidades e centros de pesquisa. Toda a mudança paradigmática exige um período de tempo para se estabelecer e, mesmo com a vigência das ciências mais racionais e precisas, o que envolvia o comportamento humano, voluntário ou involuntário, era ainda interpretado por médicos, fisiólogos, anatomistas e outros cientistas como coisas do espírito, da alma, etc. Mesmo as ciências humanas e sociais, como economia, sociologia, que surgiam nesse período, não davam ênfase interpretativa ao homem, somente como pertencente a uma sociedade, como seu produtor ou produto. O seu objeto de estudo, a psique, ou mente, não se apresentava como palpável, ou sujeito aos parâmetros da ciência da época, dominadas pela biologia e ciências naturais. A psicologia, ao nascer, manteve muitas conexões com outras ciências, e essa característica explica, de alguma forma, a sua aplicação em tantos âmbitos da vida humana: clínica, trabalho, educação, entre outras (FIGUEIREDO; SANTI, 2008). A situação da psicologia científica, portanto é curiosa. Por um lado, reivindica um lugar à parte entre as ciências (e para isso criam-se faculdades e institutos de pesquisa em psicologia); ao mesmo tempo o psicólogo prático exige que sua competência específica seja reconhecida (e para isso existem órgãos como os conselhos de psicologia que excluem a presença de outros profissionais nas áreas de atuação legalmente reservadas ao psicólogo). Por outro lado, não conseguiu se desenvolver sem estabelecer relações cada vez mais estreitas com as ciências biológicas e com as da sociedade (FIGUEIREDO; SANTI, 2008, p. 16). Psicologia como ciência e as escolas psicológicas: vertentes epistemológicas 5 Quanto ao contexto sociocultural propício ao nascimento da psicolo- gia, de surgimento do interesse pelo psicológico, a subjetividade precisava transformar-se em privatizada e, posteriormente, ser colocada em crise. Privatizada, nesse caso, significa que o homem até então vivia mergulhado e condicionado por uma sociedade que estava acima dele, tanto em termos de forças religiosas, como de leis e obrigações, que o protegiam e o restringiam ao mesmo tempo. Hoje a liberdade da subjetividade privatizada parece óbvia, pois podemos ter controle de nosso espaço interno íntimo, decidir coisas, viver as emoções de forma intrínseca, pessoal. Individualidade, originalidade e liberdade parecem ter sido gradativamente conquistadas, desde a passagem da Idade Média para a Idade Moderna. A modernidade é inclusive considerada como uma característica social, mais do que apenas um período histórico, pois marca a consolidação da individualidade e do espaço interno íntimo, percebidos, por exemplo, na crescente estetização dos espaços urbanos e dos corpos (BERMAN, 1986; LIPOVETSKY, 2009). Segundo historiadores e antropólogos, a experiência da subjetividade privatizada é associada a situações de crise social, quando os credos, os valores e as normas são contestados e substituídos por novos. Quando há o questionamento de velhas tradições e a sociedade não tem respostas, os homens voltam-se aos seus “foros íntimos”, devido à perda de referências coletivas. Esses eventos aconteceram ao longo da história e nos trouxeram, junto com os sistemas políticos e econômicos, a acreditar na individualidade e liberdade pessoais. Nossa noção de subjetividade privada é relacionada à modernidade e data mais ou menos de três séculos, do Renascimento ao final do século XIX (FIGUEIREDO; SANTI, 2008). O Renascimento promoveu a primeira grande liberdade humana, com o homem no centro do universo, controlando e transformando a natureza. Homens e seus feitos eram cada vez mais enaltecidos, o desenvolvimento técnico propiciava ao homem assumir o controle de sua vida, ter suas opini- ões e expressá-la, o trabalho e o conhecimento intelectual eram acessíveis a mais pessoas. Todos esses foram eventos que criaram o espaço pessoal, íntimo, intimista do homem e de sua mente. Frente a esse ganho de autono- mia e importância do homem comum, o poder da sociedade e seus dogmas reagiram tentando dominá-los, até chegar a propor uma nova síntese entre religião e liberdade. A liberdade conquistada não poderia ser novamente retirada e, portanto, foi preservada, desde que utilizada com disciplina. O corpo precisou ser controlado em seus ímpetos e desejos. Estamos no período dos movimentos religiosos da Reforma e da Contrarreforma. A racionalização e o ceticismo ganham força na sociedade e no conhecimento, Psicologia como ciência e as escolas psicológicas: vertentes epistemológicas6 o cogito, a dúvida. Por outro lado, a dúvida precisa de um sujeito, que é mantido, como na frase “penso, logo existo” (FIGUEIREDO; SANTI, 2008). O homem moderno duvida, pensa, não é somente regido por um conheci- mento anterior, imposto. O conhecimento transita pelo espaço subjetivo, e o homem pode atingir a verdade, desde que seguindo o método correto. Esse primado da onipotência do conhecimento não dura tanto e no Iluminismo é consistentemente criticado. Resta o sujeito, como conhecedor da realidade. O romantismo acrescenta características de sensibilidade e paixão ao sujeito racional, cartesiano, com a valorização dos impulsos e das forças da natureza, incluindo a humana. Dessa forma, coloca em crise esse sujeito moderno, sobe- rano sobre tudo e todos. Outros movimentos filosóficos foram acrescentando características e criticando outras, mas a subjetividade foi definitivamente conquistada (FIGUEIREDO; SANTI, 2008; JAPIASSU, 1995). Segundo Japiassu (1995), a ciência moderna tem deixado de lado as qua- lidades sensíveis do mundo, sentimentos, emoções, paixões, em nome da razão, desde muito tempo. A subjetividade não tem tido espaço, no jogo do explicável e justificável. Mas o dito irracional, ou passional, insiste em voltar, pois as explicações meramente objetivas não dão conta de explicar a vida de forma ampla. Dessa forma, o maior problema para a legitimidade da psicologia como ciência não é sua cientificidade, mas sua significação e poder na ciência moderna, pois o seu objeto de estudo é subjetivo e, portanto, não valorizado pela predição e medição, como outros mais técnicos. Por outro lado, segundo o autor, existe uma tendência da psicologia em dividir-se em extremos, experimentalista ou especulativo, e nenhum deles colabora com a consideração que a ciência recebe. A psicologia precisaria abandonar a ambas: a concepção experimentalista de pesquisa e a concepção especulativa da filosofia. Mudando seus métodos, segundo Japiassu (1995), pode tornar-se mais metódica e autêntica. Na próxima seção vamosdiscutir esse tipo de paradoxo na psicologia, colocado por suas origens e desafios. A psicologia e seus paradoxos epistemológicos A retrospectiva feita na seção anterior — sobre as questões epistemológicas do nascimento da psicologia como ciência, seus antecedentes filosóficos e de outras ciências, as batalhas para legitimar seu objeto de estudo e seus métodos científicos, a amplitude de seus interesses e atuação — nos auxilia a entender alguns paradoxos em sua formação como ciência. Em suma, a Psicologia como ciência e as escolas psicológicas: vertentes epistemológicas 7 condição de ciência é obtida quando a psicologia se afasta das influências filosóficas e fisiológicas, de forma a atrair estudiosos, desenvolver métodos e pesquisas, ou seja, produzir novos conhecimentos, sujeitos a novos padrões e critérios (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2004): � definição do objeto de estudo (o comportamento, a psique, a consciência); � delimitação do campo de estudo; � formulação de métodos, para o estudo do objeto; � formulação de teorias como corpo de conhecimentos da área. Pelos cânones científicos da época, dominada pelas ciências naturais, as teorias e os métodos deviam responder a critérios de neutralidade do conhe- cimento, os dados precisavam ser passíveis de comprovação e reprodução, e, dessa forma, o conhecimento deveria ser cumulativo, ou seja, servir de ponto de partida para novas pesquisas e conclusões. A psicologia inicial- mente procurou preencher esses critérios ao estabelecer-se como ciência. As iniciativas focaram prioritariamente no desenvolvimento de métodos de pesquisa, para posterior construção teórica. Retomando aqui o colocado por Japiassu (1995), a discussão sobre a epis- temologia da psicologia precisa ser centrada em como se estruturam e arti- culam os saberes produzidos pelos psicólogos, que são objeto e sujeito das pesquisas, em um contexto histórico e cultural, buscando a especificidade e a objetividade científicas. Ou seja, discutir epistemologicamente a psicologia precisa ser feito após seu estabelecimento da como ciência independente da filosofia. É verdade que os antecedentes influenciaram o seu nascimento e, portanto, são considerados, mas o conjunto de conhecimentos propostos pela ciência psicologia tem suas próprias características, fundamentos e crenças. São essas que nos interessam aqui. Dentro dessa perspectiva, a psicologia como ciência nasceu na Alemanha, fundada por Wilhelm Wundt (1832–1920), que organizou o primeiro laboratório de pesquisa. Wundt acreditava que as experiências humanas formavam os estados da consciência, portanto, a consciência seria autônoma, a ponto de organizar o seu próprio conteúdo, processo que chamou de voluntarismo. Contrário às abordagens em voga, Wundt não aceitava a ideia de elementos estáticos e passivos da consciência, ligados por processos mecânicos de associação. O método proposto por ele foi a introspeção, ou percepção interna, baseada na crença de que somente as pessoas que experimentavam as sensações e as experiências poderiam descrevê-las. A introspecção seguiu Psicologia como ciência e as escolas psicológicas: vertentes epistemológicas8 a influência filosófica, desde os tempos de Sócrates. Wundt deu início a uma nova ciência, com ideias e método próprios, podendo ser continuada, aprimorada e superada por novas abordagens, que formariam o seu corpo teórico (SCHULTZ; SCHULTZ, 2005). Mesmo tendo nascido na Europa, a psicologia atingiu grande desenvol- vimento nos Estados Unidos. O próprio Wundt se transferiu para lá, assim como o seu seguidor Edward Titchner (1867–1927), que sistematizou as ideias iniciais da psicologia, na abordagem que ficou conhecida como estruturalismo. Outras abordagens também se desenvolveram nos Estados Unidos, nação de vanguarda naquele momento em termos de inovações científicas e sociais, como o funcionalismo, de William James (1842–1910), e o associacionismo, de Edward Thorndike (1874–1949). Essas escolas da psicologia influenciaram perspectivas que existem até hoje. O estruturalismo e o funcionalismo estabeleceram disputas teóricas, principalmente sobre como compreender e estudar a estrutura da consciência por meio do estudo das percepções. O estruturalismo propunha a análise dos elementos constituintes; e o funcionalismo acreditava no estudo do processo das percepções, das funções mais dos que de seus conteúdos. O funcionalismo queria entender o que e por que as pessoas pensavam e agiam, ao passo que o estruturalismo propunha entender o conteúdo e os elementos estruturais da mente (STERNBERG, 2010). Essas divergências foram, de alguma forma, sintetizadas pelo associacio- nismo, que propôs princípios para a ocorrência das associações de ideias na aprendizagem: contiguidade (informações que ocorrem juntas ou próximas); similaridade (informações com traços ou propriedades semelhantes); e con- traste (informações que parecem opostas claro/escuro, quente/frio, etc.). H. Ebbinghaus (1850–1909) e E. Thorndike (1874–1949), foram expoentes do movimento. O primeiro estudou os seus próprios processos mentais, por meio dos princípios do associacionismo, contando e registrando erros, calculando tempos de respostas e refletindo sobre o papel das repetições na aprendi- zagem. O segundo relacionou a produção de respostas com recompensas, introduzindo o que chamou de lei do efeito. Para ele, a aprendizagem, ou a repetição de comportamentos, se daria pela associação entre a recompensa recebida e a resposta correta (STERNBERG, 2010). Ficam evidentes as conexões dessas ideias com a escola de pensamento que as sucedeu: o behaviorismo. O behaviorismo, nos seus primórdios, conduziu experimentos com ani- mais, para identificar as relações entre estímulos e respostas e estudar o comportamento observável, ações produzidas para responder a estímulos ambientais. O funcionamento mental não fazia parte dos interesses dos Psicologia como ciência e as escolas psicológicas: vertentes epistemológicas 9 behavioristas. Os experimentos com aprendizagem involuntária de I. Pavlov (1849–1936) contribuíram para o nascimento dessa abordagem, com o trei- namento de cães que salivavam ao verem o técnico de laboratório, mesmo quando ele não trazia alimento. Esse mecanismo, por não prever controle consciente, ficou conhecido como aprendizado por meio de condicionamento clássico. Os princípios nascidos com o associacionismo foram aprofundados nesse tipo de experimento, preocupado em demonstrar as relações entre estímulo e resposta, sem referência aos processos mentais (STERNBERG, 2010). O desenvolvimento posterior do behaviorismo, chamado de behaviorismo radical, foi coordenado por J. Watson (1878–1958), que excluiu as referências à mente dos estudos da psicologia, após 1913, com o Manifesto Behavio- rista. B. F. Skinner (1904–1990), outro behaviorista influente, acreditava que o comportamento humano em geral, e não somente a aprendizagem, era produzido como resposta a estímulos ambientais. Ele introduziu o conceito de condicionamento operante, ou seja, a geração ou extinção de comporta- mentos por meio da utilização de reforços, ou punições (SCHULTZ; SCHULTZ, 2005; STERNBERG, 2010). Muitas abordagens teóricas manifestaram insatisfações com o beha- viorismo e demonstraram fragilidades em seus métodos e princípios. Por exemplo, as pesquisas de A. Bandura (1925–2021) sobre aprendizagem social e vicária salientaram o papel das cognições e de modelos de processamento de informações no desenvolvimento, além de demonstrarem que a aprendizagem dependia de outras questões que não somente a manipulação do ambiente. Bandura é considerado um dos autores que demonstraram claramente as limitações do modelo comportamental (KNAPP; BECK, 2008). A psicologia da gestalt, por meio de seus estudos sobre a percepção da totalidade, como sendo diferente da soma das partes componentes, já oposta às ideias do estruturalismo, também fez oposição frontalaos princípios do behaviorismo. Em seu desenvolvimento americano, após a saída dos autores da Alemanha nazista, a escola se chocou com o behaviorismo e defendeu ferrenhamente o retorno dos estudos da consciência, abrindo, assim, caminhos para, por exemplo, a psicologia cognitiva (NEUFELD; BRUST; STEIN, 2011). Os trabalhos de J. Piaget (1896–1980), centrados no desenvolvimento cognitivo infantil, também contribuíram para as críticas ao behaviorismo e para o nascimento da psicologia cognitiva. Piaget estudou os fenômenos psicológicos pelo viés genético-funcional, explicando-os a partir de suas gêneses na história do sujeito e de suas contribuições nos processos de adaptação. É uma abordagem interacionista, concebida por meio das relações entre indivíduos e meio ambiente, diferindo da perspectiva inatista, que re- Psicologia como ciência e as escolas psicológicas: vertentes epistemológicas10 laciona o desenvolvimento psicológico à maturação definida geneticamente; assim como por meio da perspectiva do ambientalismo, que relaciona o desenvolvimento à aprendizagem por condicionamento. Sendo interacionista e construtivista, Piaget coloca ênfase no indivíduo, que age no mundo para construir e reconstruir o seu conhecimento (CAMPOS; NEPOMUCENO, 2010). A psicologia, em sua evolução histórica, produziu muitas teorias para o entendimento das capacidades mentais, dos comportamentos e da vida psíquica, uma vez que é um campo de conhecimento que utiliza concepções e métodos oriundos de diferentes vertentes sobre a natureza humana. De forma sintética, para entender os aspectos psicológicos do comportamento humano, a psicologia partiu, em seus primórdios, do estudo dos processos mentais, com o estruturalismo e o funcionalismo; focou na aprendizagem como base do comportamento, no período de predominância do behaviorismo; introduziu o conceito de inconsciente e de vida intrapsíquica, com a psicanálise; investiu no livre-arbítrio e na liberdade humana, com o humanismo; na percepção para além dos órgãos do sentido, com a gestalt; retomou os processos de aquisição de conhecimentos e a organização mental, com a psicologia cog- nitiva. A psicologia continua revendo e retomando conceitos importantes de cada abordagem, assim como inovando na contemporaneidade. Cada abordagem ou escola de pensamento obteve êxito em alguma esfera de atuação da psicologia e satisfez anseios de diferentes momentos históricos. Algumas escolas persistem até hoje, outras foram se extinguindo com as condições que as criaram. Apresentamos uma síntese das principais escolas de pensamento (SCHULTZ; SCHULTZ, 2005) e, posteriormente, discutiremos as abordagens mais recentes. � Estruturalismo: sistema da psicologia que considera a experiência consciente como dependente das pessoas que a vivenciam. � Funcionalismo: sistema da psicologia que se dedica ao funcionamento da mente na adaptação do organismo ao ambiente. � Behaviorismo: ciência do comportamento que considera apenas o comportamento passível de observação e descrição objetivos. � Psicologia da gestalt: sistema que se dedica à aprendizagem e à per- cepção, sugerindo que a combinação de elementos sensoriais produz novos padrões, com propriedades que eram inexistentes nos elementos individuais. É conhecido pela expressão “o todo é maior do que a soma das partes”. � Psicanálise: a teoria de Freud sobre a personalidade e o modelo de psicoterapia. Introduz a ideia de inconsciente na vida psíquica, in- Psicologia como ciência e as escolas psicológicas: vertentes epistemológicas 11 consciente como lugar de armazenamento de conteúdos reprimidos, esquecidos ou suprimidos da consciência. � Psicologia humanista: sistema de psicologia que enfatiza o estudo da experiência consciente e da integridade da natureza humana. � Psicologia cognitiva: sistema de psicologia que se concentra nos pro- cessos de aquisição do conhecimento, especificamente na forma de organização das experiências na mente. Pela diversidade das formas de conceber o comportamento, o funcio- namento mental e psicológico, a psicologia é considerada uma ciência pré- -paradigmática, ou seja, em seu estágio de desenvolvimento como ciência ainda tem várias escolas de pensamento concorrentes, que não concordam com as mesmas interpretações e formas metodológicas para obtê-las. O paradigma é um modelo, um padrão de questões e respostas, formas de pensamento aceitos em uma disciplina científica. A psicologia não tem essas características, que a possam nomear como paradigmática, pois não há uma escola predominante e unificadora das posições teóricas e metodológicas. A psicologia, em sua evolução, foi sendo construída de forma fragmentada, a partir de interesses específicos. Podemos dizer que as escolas de pensamento, que congregam os psicólogos que comungam as mesmas ideias, são inúmeras, independentes e, muitas vezes, antagônicas (SCHULTZ; SCHULTZ, 2005). No entanto, há autores que discordam dessa afirmação e consideram que, mesmo com a diversidade que apresenta, a psicologia possui questões epistemológicas norteadoras, consideradas pelos psicólogos independen- temente da linha teórica que seguem. Na próxima seção vamos discutir as principais questões norteadoras e entender, por meio de exemplos, como os psicólogos de diferentes abordagens as respondem. Escolas epistemológicas na constituição da psicologia como ciência Como introduzido ao final da seção anterior, há a discussão sobre a psico- logia ser pré-paradigmática ou não, por não possuir questões norteadoras aceitas por todas as abordagens. Segundo Feldman (2015), em qualquer área que um psicólogo se especializar, ele dependerá de uma das cinco grandes perspectivas atuais: neurociência, cognitiva, comportamental, humanística e psicodinâmica. Por exemplo, no caso de um psicoterapeuta infantil, mesmo que sua abordagem seja psicodinâmica, ele precisará conhecer e dialogar com Psicologia como ciência e as escolas psicológicas: vertentes epistemológicas12 a neurologia, com a perspectiva cognitiva, etc. O mesmo autor afirma que existem questões-chave da psicologia, conforme o Quadro 1, com as quais todos os psicólogos concordam. Com isso, pretende colocar que, mesmo tendo argumentos diferentes para abordar e oferecer respostas às ques- tões, a psicologia é uma ciência unificada pelas questões epistemológicas, por reconhecer que as questões precisam ser resolvidas para que o campo avance. As questões não podem ser consideradas como excludentes, ou essa ou aquela, e sim como um continuum, no qual as abordagens se posicionam. Quadro 1. Questões epistemológicas-chave nas cinco perspectivas da psicologia Questão Neurociência Cogni-tiva Compor- tamental Huma- nística Psicodi- nâmica Heredita- riedade vs. ambiente Hereditarie- dade Ambos Ambiente Ambiente Hereditarie- dade Consciente vs. inconsciente Consciente Ambos Consciente Consciente Consciente comporta- mento vs. processos mentais Processos mentais Pro- cessos mentais Compor- tamento observável Processos mentais Processos mentais Livre- -arbítrio vs. determinismo Determinismo Livre- -arbítrio Determinismo Livre- -arbítrio Determinismo Diferenças individuais vs. princípios universais Universal Indivi- dual Ambos Individual Universal Fonte: Feldman (2015, p. 21). São várias as discussões e concepções que diferenciam as escolas epistemológicas; algumas se destacam, como por exemplo as influências do ambiente e da hereditariedade nos comportamentos e nas personali- dades. A hereditariedade se refere à natureza, às características herdadas geneticamente, enquanto o ambiente depende da criação, do ambiente social, familiar, de como fomos ensinados. Como se dá a integração entre esses fatores? A resposta a essa questão depende da perspectiva na qual Psicologia como ciência e as escolas psicológicas: vertentes epistemológicas 13 o psicólogo acredita e com a qual orienta o seu trabalho. Por exemplo,psicólogos que lidam com o desenvolvimento, provavelmente precisarão se aproximar de conhecimentos da neurociência e da psicologia cognitiva. Psicólogos do desenvolvimento com enfoque comportamental não se preocupariam com a hereditariedade e sim com o ambiente. No entanto, é consensual, hoje, que o comportamento não recebe uma única influ- ência e que a resposta está em algum ponto entre os dois fatores. Talvez a grande polêmica seja definir em que situações um prevalece sobre o outro (FELDMAN, 2015). A condição consciente ou inconsciente do comportamento é outra questão discutida entre os psicólogos de diferentes abordagens teóricas. Os psicó- logos psicodinâmicos, por exemplo, creem que os transtornos psicológicos são causados por fatores inconscientes, geralmente vividos precocemente na vida, difíceis de serem acessados e, portanto, difíceis de serem trabalha- dos. Já os psicólogos cognitivistas sugerem que os transtornos psicológicos derivam de processos defeituosos de pensamento. Aqui entra uma nova questão-chave — processos mentais vs. comportamento. O comportamento é visível, observável, e os processos mentais são invisíveis. A perspectiva comportamental defende o estudo do primeiro; e a cognitiva, por exemplo, do segundo. Segundo a cognitiva, para conhecer o comportamento é preciso saber o que a pessoa pensa. A valorização do livre-arbítrio, ou a capacidade de decidir por si, livremente, vai contra a ideia do determinismo ou de que as decisões são produzidas por fatores alheios ao controle das pessoas. Alguns psicólogos, inclusive, atribuem a escolhas intencionais certos adoecimentos, ou afirmam que a pessoa considerada doente psicologicamente precisa ser considerada responsável por suas ações. Outros psicólogos acreditam que a pessoa não pode controlar os seus problemas e que necessita ser tutelada. As posições assumidas pelas diversas escolas quanto aos transtornos psicológicos têm influência decisiva no tipo de intervenção que propõem. Outra questão epistemológica-chave refere-se à oposição entre diferenças individuais e princípios universais, ou seja, o quanto nosso comportamento é ditado por nossas características pessoais ou o quanto reflete a cultura e a sociedade em que vivemos. A primeira opção seria individual e a segunda universal entre humanos. Os neurocientistas buscariam explicar os compor- tamentos de forma universal, a depender de funcionamento cerebral ou a partir de hormônios, buscando sempre encontrar padrões. Por outro lado, os psicólogos humanistas buscam a expressão genuína, autêntica em cada pessoa (FELDMAN, 2015). Psicologia como ciência e as escolas psicológicas: vertentes epistemológicas14 Novas abordagens foram sendo desenvolvidas a partir das existentes e moldando o panorama teórico e de pesquisas que temos hoje, principalmente a partir das décadas de 1960 e 1970. Por exemplo, a psicologia cognitiva nasceu em oposição às crenças do behaviorismo, resgatando os estudos da consci- ência, e a mente voltou a ter lugar privilegiado nos debates. Os trabalhos do biólogo e psicólogo suíço Jean Piaget (1896–1980) foram importantes para o nascimento da psicologia cognitiva, que descreveu o desenvolvimento infantil por meio de estágios cognitivos e não psicossexuais, como proposto por Freud na psicanálise. Dessa forma, a psicologia cognitiva nasceu como reação ao desgaste de explicações teóricas anteriores e para seguir as transformações da sociedade e de outras ciências, como por exemplo, a teoria da relatividade na física, que rompe com a crença do conhecimento objetivo, até nas ciências naturais (SCHULTZ; SCHULTZ, 2005). Com relação à neurociência, associada ao desenvolvimento da psicologia cognitiva, o estudo da atividade e da estrutura cerebral serve para compreender a cognição humana e como essa influencia o comportamento e as decisões. Quando nos relacionamos e agimos sobre o ambiente, quando tomamos de- cisões sobre quais comportamentos são os mais adequados à determinada situação, estamos usando processos cognitivos (EYSENCK; KEANE, 2017). De forma ampla, a cognição para se desenvolver precisa que o cérebro do indivíduo perceba estímulos, aprenda com as situações, a ponto de recordá-las e utilizá-las em momentos propícios. Esse processo é mediado pelos órgãos dos sentidos: audição, tato, visão, paladar e olfato. Desde muito cedo, aprende- mos a interagir com o meio ambiente, visando a garantir nossa sobrevivência e as interações sociais com outras pessoas. Para tanto, o cérebro, órgão principal de nosso sistema nervoso, capta as informações provenientes de nossos sentidos, as traduz e as devolve em termos de respostas, voluntárias ou não, de atuação de nossos corpos sobre o meio (COSENZA; GUERRA, 2011). Hoje a evolução dos estudos em neurociências nos permite conhecer essas complexas conexões de forma cada vez mais precisa. Agora sabemos que os neurônios processam e transmitem informações por meio de estímulos elétricos, que percorrem todo o nosso corpo. O sistema nervoso não é só formado pelo cérebro, que, apesar de ser o órgão central, não conseguiria realizar sozinho tudo o que faz. São muitos nervos, órgãos e conexões entre eles, além de substâncias químicas de transmissão de impulsos. Devido à complexidade desses processos e ao papel que desempenham nos com- portamentos humanos, muitos psicólogos, além de outros profissionais, fazem desses estudos a essência de seus entendimentos. Algumas perguntas que guiam esses profissionais são: como o cérebro controla o corpo? Como Psicologia como ciência e as escolas psicológicas: vertentes epistemológicas 15 acontece a comunicação entre as partes do corpo? Como isso provoca ou afeta os comportamentos? E no caso de transtornos mentais ou deficiências? Como esses conhecimentos podem reverter em benefícios às pessoas e ao desenvolvimento de tratamentos (FELDMAN, 2015)? A abordagem psicodinâmica talvez seja a mais conhecida como caracteri- zando o trabalho do psicólogo. O senso comum geralmente coloca o psicólogo em uma posição clínica e, tantas vezes, até de forma anedótica, trabalhando com o divã (símbolo da psicanálise). Há confusão, inclusive entre estudantes de psicologia, sobre as diferenças entre terapias de abordagem psicodinâmica e psicanálise. O termo psicodinâmica é oriundo do entendimento psicanalítico da personalidade, mas diferencia-se pelo setting terapêutico, ou seja, de como a intervenção e o contrato entre terapeuta e paciente são colocados. De modo geral, essa linha teórica considera que o comportamento é motivado por forças inconscientes e conflitos internos, internalizados precocemente e difíceis de serem acessados. Portanto, a psicanálise foca em formas de trazer à consciência os conteúdos inconscientes da psique. A abordagem é muito associada ao nome de Freud, que foi revolucionário em suas propostas na época. A abordagem humanística rejeita a influência de forças biológicas no comportamento e pressupõe que as pessoas se dirijam naturalmente para a autorrealização de seus potenciais. O livre-arbítrio, ou a capacidade de decidir autonomamente por si, pode ser condicionado pelas condições sociais, mas todas as pessoas o têm. A história da psicologia é rica, independente da forma que a olhemos, seja a partir de seus antecedentes filosóficos e fisiológicos, seja a partir de seu esta- belecimento como ciências instituída. O nosso percurso neste capítulo seguiu o segundo caminho, mesmo entendendo que um não se dissocia do outro. Focamos nas primeiras escolas de pensamento, na busca por um objeto de estudo, até chegar aos dias de hoje, representado a partir de cinco vertentes epistemológicas. São muitas formas de perceber e lidar com o objeto de estudo e, como visto por meio de autores, essa é uma característica enriquecedora, que não desprestigia a psicologia como ciência. Seu objeto de estudo é complexo e, portanto, não desejamos que chegue o dia em que seja visto de uma única maneira.A subjeti- vidade é complexa e, portanto, a psicologia não poderia deixar de sê-lo também. Referências BERMAN, M. Tudo que é sólido desmancha no ar: a aventura da modernidade. São Paulo: Companhia das Letras, 1986. BOCK, A. M. B.; FURTADO, O.; TEIXEIRA, M. L. T. Psicologias: uma introdução ao estudo de psicologia. 13. ed. São Paulo: Saraiva, 2004. Psicologia como ciência e as escolas psicológicas: vertentes epistemológicas16 BOSCH, H. Louco de tulipa. [século XV]. Disponível em: https://arquivopublicors.wor- dpress.com/2017/06/28/pesquisando-no-arquivo-louco-de-tulipa/a-extracao-da- -pedra-da-loucura-hieronymus-bosch/. Acesso em: 17 fev. 2022. CAMPOS, R. H.; NEPOMUCENO, D. M. O funcionalismo europeu: Claparède e Piaget em Genebra, e as repercussões de suas ideias no Brasil. In: JACÓ-VILELA, A. M.; FERREIRA, A. A. L.; PORTUGAL, F. T. (org.). 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