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livro Psicologia Geral e do Desenvolvimento

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Prévia do material em texto

Desenvolvimento
Prof.ª Fernanda de Paula Carvalho 
Prof.ª Maria Clara Alves de Barcellos Fernandes
Psicologia 
geral e Do
Indaial – 2022
1a Edição
Impresso por:
Elaboração:
Prof.ª Fernanda de Paula Carvalho 
Prof.ª Maria Clara Alves de Barcellos Fernandes
Copyright © UNIASSELVI 2022
 Revisão, Diagramação e Produção:
Equipe Desenvolvimento de Conteúdos EdTech
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada pela equipe Conteúdos EdTech UNIASSELVI
C331p
Carvalho, Fernanda de Paula
Psicologia geral e do desenvolvimento. / Fernanda de Paula Carvalho; 
Maria Clara Alves de Barcellos Fernandes. – Indaial: UNIASSELVI, 2022.
134 p.; il.
ISBN 978-85-515-0491-8
1. Psiquismo. – Brasil. I. Fernandes, Maria Clara Alves de Barcellos. 
II. Centro Universitário Leonardo Da Vinci.
CDD 158
Olá, acadêmico! Seja bem-vindo ao Livro Didático Psicologia Geral e do 
Desenvolvimento. A Psicologia é a ciência que se dedica a estudar o comportamento 
e os processos mentais humanos (psiquismo). Dessa forma, ao afirmar que se trata 
de uma  ciência,  pressupõe-se entender que a Psicologia é orientada pelas mesmas 
leis do  método científico,  que pautam outras ciências, no sentido de buscar um 
conhecimento objetivo, sustentado em fatos empíricos. No entanto, o conhecimento 
psicológico precisou percorrer todo um processo para se constituir como ciência. 
O recorte histórico dessa evolução será acompanhado ao longo da Unidade 
1, que apresentará a formação das principais escolas da Psicologia, bem como as 
possibilidades de atuação profissional nos tempos atuais. Assim, veremos a evolução 
histórica do conhecimento psicológico até a sua constituição como ciência, passando 
pelas ideias psicológicas vinculadas à Filosofia até a constituição do primeiro laboratório 
de experimentos psicológicos e das principais escolas da Psicologia.
Na Unidade 2, trataremos da Psicologia do desenvolvimento e das fases 
da infância e da adolescência, com objetivo de oferecer um amplo debate sobre os 
diferentes aspectos que compõem a constituição da criança e do adolescente.
Por fim, na Unidade 3, discutiremos os temas emergentes em Psicologia, 
abordando os assuntos mais urgentes da sociedade e como a Psicologia desdobra 
determinadas temáticas, como família, violência, sexualidade, meios de comunicação 
de massa e suas tecnologias.
Bons estudos!
Prof.ª Fernanda de Paula Carvalho 
Prof.ª Maria Clara Alves de Barcellos Fernandes
APRESENTAÇÃO
Olá, acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a você – 
e dinamizar, ainda mais, os seus estudos –, nós disponibilizamos uma diversidade de QR 
Codes completamente gratuitos e que nunca expiram. O QR Code é um código que permite 
que você acesse um conteúdo interativo relacionado ao tema que você está estudando. Para 
utilizar essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos e baixe um leitor de QR Code. Depois, 
é só aproveitar essa facilidade para aprimorar os seus estudos.
GIO
Olá, eu sou a Gio!
No livro didático, você encontrará blocos com informações 
adicionais – muitas vezes essenciais para o seu entendimento 
acadêmico como um todo. Eu ajudarei você a entender 
melhor o que são essas informações adicionais e por que você 
poderá se beneficiar ao fazer a leitura dessas informações 
durante o estudo do livro. Ela trará informações adicionais 
e outras fontes de conhecimento que complementam o 
assunto estudado em questão.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos 
os acadêmicos desde 2005, é o material-base da disciplina. 
A partir de 2021, além de nossos livros estarem com um 
novo visual – com um formato mais prático, que cabe na 
bolsa e facilita a leitura –, prepare-se para uma jornada 
também digital, em que você pode acompanhar os recursos 
adicionais disponibilizados através dos QR Codes ao longo 
deste livro. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura 
interna foi aperfeiçoada com uma nova diagramação no 
texto, aproveitando ao máximo o espaço da página – o que 
também contribui para diminuir a extração de árvores para 
produção de folhas de papel, por exemplo.
Preocupados com o impacto de ações sobre o meio ambiente, 
apresentamos também este livro no formato digital. Portanto, 
acadêmico, agora você tem a possibilidade de estudar com 
versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador.
Preparamos também um novo layout. Diante disso, você 
verá frequentemente o novo visual adquirido. Todos esses 
ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos 
nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, 
para que você, nossa maior prioridade, possa continuar os 
seus estudos com um material atualizado e de qualidade.
QR CODE
Acadêmico, você sabe o que é o ENADE? O Enade é um 
dos meios avaliativos dos cursos superiores no sistema federal de 
educação superior. Todos os estudantes estão habilitados a participar 
do ENADE (ingressantes e concluintes das áreas e cursos a serem 
avaliados). Diante disso, preparamos um conteúdo simples e objetivo 
para complementar a sua compreensão acerca do ENADE. Confira, 
acessando o QR Code a seguir. Boa leitura!
ENADE
LEMBRETE
Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma 
disciplina e com ela um novo conhecimento. 
Com o objetivo de enriquecer seu conheci-
mento, construímos, além do livro que está em 
suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, 
por meio dela você terá contato com o vídeo 
da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementa-
res, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de 
auxiliar seu crescimento.
Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que 
preparamos para seu estudo.
Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada!
SUMÁRIO
UNIDADE 1 — PSICOLOGIA: AS ORIGENS E O DESENVOLVIMENTO .................................... 1
TÓPICO 1 — A CONSTITUIÇÃO DA PSICOLOGIA COMO CIÊNCIA PSICOLÓGICA ................3
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................................3
2 PERSPECTIVAS HISTÓRICAS ............................................................................................3
2.1 A PSICOLOGIA FUNCIONALISTA ..........................................................................................................7
2.2 A ESCOLA DO ESTRUTURALISMO .................................................................................................... 9
2.3 ASSOCIACIONISMO .............................................................................................................................. 9
3 FUNDAÇÃO DA PSICOLOGIA CIENTÍFICA ......................................................................10
3.1 O ADVENTO DO CAPITALISMO EMERGENTE ................................................................................ 10
3.2 NOVAS DESCOBERTAS DO SÉCULO XIX E A SUA IMPORTÂNCIA PARA A EVOLUÇÃO 
DA PSICOLOGIA COMO CIÊNCIA ....................................................................................................... 11
RESUMO DO TÓPICO 1 ......................................................................................................... 13
AUTOATIVIDADE ..................................................................................................................14
TÓPICO 2 — PSICOLOGIA DO SÉCULO XX: PERSPECTIVAS ATUAIS ................................ 17
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 17
2 BEHAVIORISMO ................................................................................................................18
2.1 CARL ROGERS E A VISÃO HUMANISTA ......................................................................................... 19
2.2 A GESTALT: A PSICOLOGIA DA FORMA ...........................................................................................21
3 SIGMUND FREUD E A PSICANÁLISE ...............................................................................24
3.1 A PSICANÁLISE ...................................................................................................................................25
3.2 A ORIGEM DA PSICANÁLISE ............................................................................................................25
3.3 A DESCOBERTA DO INCONSCIENTE .............................................................................................. 27
RESUMO DO TÓPICO 2 ........................................................................................................ 29
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................. 30
TÓPICO 3 — ATUAÇÃO PROFISSIONAL EM PSICOLOGIA ................................................. 33
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 33
2 AS ÁREAS DE ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO ...................................................................... 33
2.1 O OBJETIVO DE TRABALHO DO PSICÓLOGO ..............................................................................34
2.2 ÁREAS DE ATUAÇÃO .........................................................................................................................35
2.3 A ÉTICA PROFISSIONAL DO PSICÓLOGO ...................................................................................... 37
3 O PSICÓLOGO E A EQUIPE MULTIPROFISSIONAL.......................................................... 38
3.1 A IMPORTÂNCIA DO PSICÓLOGO EM UMA EQUIPE MULTIPROFISSIONAL ...........................38
LEITURA COMPLEMENTAR ................................................................................................ 40
RESUMO DO TÓPICO 3 ........................................................................................................ 42
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................. 43
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 45
UNIDADE 2 — A PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO HUMANO .....................................47
TÓPICO 1 — UM OLHAR SOBRE O DESENVOLVIMENTO HUMANO .................................... 49
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 49
2 A CRIANÇA EM DESENVOLVIMENTO: ASPECTOS HISTÓRICOS E 
BIOPSICOSSOCIAIS ......................................................................................................... 50
3 A PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO: CONCEITOS E CARACTERÍSTICAS ............... 51
4 DIMENSÕES E PROCESSOS SUBJACENTES AO DESENVOLVIMENTO HUMANO ........ 53
5 INFÂNCIA E SUAS CARACTERÍSTICAS DESENVOLVIMENTISTAS ............................... 54
6 ADOLESCÊNCIA: AS INFLUÊNCIAS SOBRE OS PROCESSOS BÁSICOS ....................... 55
7 ADULTO E O ENVELHECIMENTO: OS ASPECTOS PSICOLÓGICOS ................................ 56
RESUMO DO TÓPICO 1 ........................................................................................................ 58
AUTOATIVIDADE ..................................................................................................................59
TÓPICO 2 — CONHECENDO AS TEORIAS DO DESENVOLVIMENTO HUMANO ................... 61
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 61
2 URIE BRONFENBRENNER: A TEORIA BIOECOLÓGICA DO DESENVOLVIMENTO 
HUMANO ........................................................................................................................... 62
3 HENRI WALLON: A AFETIVIDADE COMO ELEMENTO DO DESENVOLVIMENTO 
HUMANO ........................................................................................................................... 63
4 SIGMUND FREUD: OS PROCESSOS PSICODINÂMICOS DO DESENVOLVIMENTO 
HUMANO ........................................................................................................................... 65
5 ERIK ERIKSON: TEORIA DO DESENVOLVIMENTO PSICOSSOCIAL ............................... 68
RESUMO DO TÓPICO 2 .........................................................................................................72
AUTOATIVIDADE ..................................................................................................................73
TÓPICO 3 — O DESENVOLVIMENTO COGNITIVO: JEAN PIAGET E LEV VYGOTSKY .........75
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................................75
2 PIAGET: A CONCEPÇÃO COGNITIVA ...............................................................................75
2.1 ESTÁGIOS DO DESENVOLVIMENTO ................................................................................................ 76
2.2 PROCESSO DE EQUILIBRAÇÃO, ACOMODAÇÃO E ASSIMILAÇÃO .......................................... 77
3 LEV VYGOTSKY: A TEORIA SOCIOCULTURAL – DESENVOLVIMENTO COGNITIVO ......79
3.1 ZONA DE DESENVOLVIMENTO PROXIMAL .................................................................................. 80
3.2 A FALA NO DESENVOLVIMENTO COGNITIVO .............................................................................. 81
LEITURA COMPLEMENTAR ................................................................................................ 83
RESUMO DO TÓPICO 3 ........................................................................................................ 89
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................. 90
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 92
UNIDADE 3 — TEMAS EMERGENTES EM PSICOLOGIA ......................................................95
TÓPICO 1 — FAMÍLIA: A BASE PARA O DESENVOLVIMENTO .............................................97
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................................97
2 A HISTÓRIA DA FAMÍLIA: SUA CONTEXTUALIZAÇÃO ....................................................97
3 TIPOS DE FAMÍLIA E MODELOS PARENTAIS .................................................................. 98
4 A IMPORTÂNCIA DA FAMÍLIA NO PROCESSO DO DESENVOLVIMENTO HUMANO: 
ETAPAS DE CICLO VITAL ..................................................................................................99
5 TEORIA GERAL DOS SISTEMAS .....................................................................................103
RESUMO DO TÓPICO 1 .......................................................................................................106
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................107
TÓPICO 2 — VIOLÊNCIA NA CONTEMPORANEIDADE ......................................................109
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................109
2 CONCEITOS E CONTEXTUALIZAÇÃO ............................................................................109
3 SEXUALIDADE .................................................................................................................111
4 VIOLÊNCIA CONTRA A CRIANÇA: O BULLYING ............................................................. 113
5 VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER..................................................................................... 114
5.1 BREVE HISTÓRICO DA VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER ..........................................................115
5.2 TIPOS DE VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER ..................................................................................116
RESUMO DO TÓPICO 2 .......................................................................................................118
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................ 119
TÓPICO 3 — MEIOS DE COMUNICAÇÃO DE MASSA.......................................................... 121
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 121
2 A TELEVISÃO E O CINEMA .............................................................................................. 121
3 RÁDIO ..............................................................................................................................123
4 PROPAGANDA ................................................................................................................123
5 AS NOVAS TECNOLOGIAS: A INTERNET E OS GAMES ..................................................125
5.1 REDES SOCIAIS E PRODUÇÃO DE SUBJETIVIDADE ............................................................... 125
LEITURA COMPLEMENTAR ...............................................................................................128
RESUMO DO TÓPICO 3 .......................................................................................................130
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................ 131
REFERÊNCIAS ....................................................................................................................133
1
UNIDADE 1 — 
PSICOLOGIA: AS ORIGENS E 
O DESENVOLVIMENTO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
 A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
•	 identificar	os	aspectos	históricos	que	contribuíram	para	a	constituição	da	Psicologia	
como	ciência	psicológica;
•	 apresentar	a	Psicologia	como	ciência	com	suas	áreas	de	estudo;
•	 apresentar	a	Psicologia	como	profissão	com	as	áreas	de	atuação	dos	psicólogos;
•	 atuação	do	profissional	psicólogo	na	equipe	multiprofissional.
	 Esta	unidade	está	dividida	em	três	tópicos.	No	decorrer	dela,	você	encontrará	
autoatividades	com	o	objetivo	de	reforçar	o	conteúdo	apresentado.
TÓPICO	1	–	A	CONSTITUIÇÃO	DA	PSICOLOGIA	COMO	CIÊNCIA	PSICOLÓGICA
TÓPICO	2	–	PSICOLOGIA	DO	SÉCULO	XX:	PERSPECTIVAS	ATUAIS
TÓPICO	3	–	ATUAÇÃO	PROFISSIONAL	EM	PSICOLOGIA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure 
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
CHAMADA
2
CONFIRA 
A TRILHA DA 
UNIDADE 1!
Acesse o 
QR Code abaixo:
3
A CONSTITUIÇÃO DA PSICOLOGIA 
COMO CIÊNCIA PSICOLÓGICA
TÓPICO 1 — UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO 
Neste	tópico,	abordaremos	a	evolução	da	Psicologia	como	ciência.	Para	tanto,	
será	feito	um	resgate	histórico	do	conhecimento	psicológico,	desde	a	Filosofia	até	o	que	
entendemos	como	saber	próprio	da	Psicologia.
Quando	falamos	de	conhecimento	psicológico,	tratamos	de	 ideias	psicológicas	
que	surgiram	a	partir	do	momento	em	que	o	homem	passou	a	produzir	respostas	sobre	
os	 fenômenos	 que	 faziam	 parte	 do	 seu	 cotidiano.	 Essas	 respostas	 eram	 explicadas	
através	de	mitos;	posteriormente,	elas	se	tornaram	orientadas	pela	 razão.	A	Filosofia	
deu	a	sustentação	necessária	a	essas	respostas.
Quando	 falamos	 de	 saber	 próprio	 da	 Psicologia,	 estamos	 nos	 referindo	 ao	
conhecimento	produzido	a	partir	de	métodos	e	técnicas	específicos	e	 independentes	
da	Filosofia,	atingindo,	assim,	o	status	de	ciência.	É,	portanto,	esse	caminho	–	da	história	
das	ideias	psicológicas	à	ciência	psicológica	–	que	iremos	acompanhar	neste	tópico.
2 PERSPECTIVAS HISTÓRICAS
Seja	qual	for	a	criação	humana	–	um	lápis,	um	dogma,	um	notebook,	uma	pintura	
ou	uma	elaboração	científica	–,	vem	no	rastro	de	uma	composição	de	diferentes	homens,	
que,	 no	 passado,	 se	 questionaram,	 se	 intrigaram,	 fizeram	experimentações,	 produziram	
descobertas,	 criaram	 técnicas	 para	 lidar	 com	essas	 descobertas	 e	 construíram	 suas	
teorias.	Logo,	na	retaguarda	de	toda	a	criação	material	ou	espiritual,	pressupõe-se	uma	
história.
Para	que	possamos	entender	fenômenos	de	hoje,	precisamos	nos	deter	com	
dedicação	 ao	 estudo	 dos	 acontecimentos	 que	 os	 precederam	 e	 entender	 as	 razões	
pelas	quais	alguns	processos	se	dão	da	maneira	que	são	hoje.	Dessa	forma,	entender	
algo	que	faz	parte	do	nosso	universo	corresponde	a	trazer	de	volta	a	sua	história.
4
Passado e futuro sempre estão contidos no presente, seja como 
estrutura, seja como referência. Quando o psicólogo atende um 
paciente em sofrimento, é preciso entrar em contato com a história 
de vida do atendido, recorrer a alguns elementos do passado para 
acessar a sua constituição como sujeito e a forma como ele foi 
ensinado a responder aos processos de sua vida.
IMPORTANTE
A	extensão	da	história	de	um	determinado	objeto	pode	ser	mais	ou	menos	longa	
para	 as	 diversas	 dimensões	 da	 produção	 humana.	No	 que	 diz	 respeito	 à	 Psicologia,	
sua	história	tem	aproximadamente	dois	milênios,	período	que	abrange	a	Psicologia	no	
Ocidente,	com	início	entre	os	gregos,	na	época	anterior	à	era	cristã.
Para	compreender	a	riqueza	e	a	pluralidade	da	Psicologia	hoje,	é	imprescindível	
recuperar	 a	 sua	 história.	 A	 história	 de	 sua	 constituição	 está	 conectada,	 em	 cada	
período	histórico,	 às	demandas	de	 saber	da	humanidade,	 às	diferentes	outras	 áreas	
do	saber	humano,	às	condições	políticas	e	econômicas	de	cada	tempo	e	sociedade	e	à	
incontornável	exigência	do	homem	de	entender	a	si	mesmo	e	a	realidade	que	o	cerca.
A	história	do	pensamento	humano	data	seu	momento	grandioso	na	Antiguidade,	
entre	 os	 gregos,	 especialmente	 no	 intervalo	 de	 tempo	de	 700	 a.C.	 até	 a	 dominação	
romana,	nas	proximidades	da	era	cristã	(DAVIDOFF,	2001).
Os	gregos	 se	constituíram	na	 sociedade	mais	desenvolvida	do	período.	Com	
um	sistema	de	produção	profundamente	estruturado	e	exitoso,	foi	possível	a	edificação	
das	primeiras	cidades-estados	(pólis).	A	vigência	dessas	cidades	exigia	a	produção	de	
mais	riquezas,	as	quais	sustentavam	também	a	autoridade	dos	cidadãos	(integrantes	
da	classe	dominante	na	Grécia	Antiga)	(DAVIDOFF,	2001).
Esse	 avanço	 no	 desenvolvimento	 permitiu	 a	 exploração	 do	 conhecimento	
na	 Física,	 na	 Geometria	 e	 na	 teoria	 política	 (incluindo	 a	 elaboração	 do	 conceito	 de	
democracia),	possibilitando	também	que	o	cidadão	explorasse	as	questões	do	espírito,	
como	a	Filosofia	e	a	Arte.	Alguns	filósofos,	ainda	hoje,	muito	lidos	e	conhecidos,	como	
Platão	e	Aristóteles,	na	época,	 se	esforçaram	para	entender	o	espírito	explorador	do	
conquistador	 grego,	 isto	 é,	 a	 Filosofia	 passou	 a	 se	 ocupar	 acerca	 do	 homem	 e	 da	
sua	 interioridade.	 É,	 portanto,	 através	 dos	 filósofos	 gregos,	 que	 emerge	 o	 primeiro	
empreendimento	em	estruturar	uma	Psicologia	(DAVIDOFF,	2001).
Etimologicamente,	 a	 denominação	 psicologia	 advém	 do	 grego	 psyché,	 que	
corresponde	à	alma,	e	de	logos,	definido	como	razão.	Dessa	forma,	psicologia	significa	
“estudo	da	alma”.	A	alma	ou	espírito	era	entendido	como	o	elemento	 imaterial	do	ser	
5
humano	e	compreenderia	o	pensamento,	os	sentimentos	de	amor	e	ódio,	a	irracionalidade,	
o	desejo,	a	sensação	e	a	percepção.	Os	filósofos	pré-socráticos	 (assim	denominados	
por	precederam	Sócrates,	 importante	filósofo	grego)	ocupavam-se	em	estabelecer	 a	
relação	do	homem	com	o	mundo	por	meio	da	percepção.	Interrogavam-se	entre	si	se	
o	mundo	existe,	porque	o	homem	o	percebe	ou	se	o	homem	percebe	um	mundo	que	
já	existe.	Nesse	tempo,	existia	um	embate	de	concepções	entre	os	 idealistas	(a	 ideia	
forma	o	mundo)	e	os	materialistas	(a	matéria	que	forma	o	mundo	já	é	oferecida	para	a	
percepção)	(DAVIDOFF,	2001).
No	 entanto,	 é	 com	 o	 filósofo	 Sócrates	 (469-399	 a.C.)	 que	 a	 Psicologia	 na	
Antiguidade	adquire	densidade.	A	sua	atenção	estava	voltada	em	definir	o	 limite	que	
distingue	o	homem	dos	animais.	Assim,	afirmava	que	o	fundamental	aspecto	humano	
era	a	razão,	a	qual	concedia	ao	homem	ir	além	dosinstintos,	elemento	que	comporia	
a	 irracionalidade.	 Ao	 estruturar	 a	 razão	 como	 particularidade	 do	 homem,	 ou	 como	
essência	humana,	Sócrates	apontou	para	um	conhecimento	que	seria	muito	trabalhado	
mais	adiante	pela	Psicologia	(CAMPOS,	2008).	A	Figura	1	representa	a	marcante	frase	
do	 filósofo:	 “Só	 sei	 que	 nada	 sei”,	 que	 traz	 as	 bases	 da	 formação	 do	 pensamento	
psicológico,	a	partir	de	um	ponto	de	dúvida	para	um	ponto	em	que	podemos	ampliar	o	
conhecimento	sobre	nós	mesmos.
FIGURA 1 – FRASE “SÓ SEI QUE NADA SEI” DO FILÓSOFO SÓCRATES, GRAVADA EM UMA PEDRA DE MÁRMORE
FONTE: <https://s5.static.brasilescola.uol.com.br/img/2018/06/frase_socrates.jpg>. Acesso em: 1 dez. 2021.
As	 teorias	 da	 consciência	 são,	 de	 algum	 modo,	 efeitos	 dessa	 primeira	
investigação	 na	 Filosofia.	 O	 caminho	 posterior	 é	 fornecido	 por	 Platão	 (427-347	 a.C.),	
discípulo	de	Sócrates,	que	buscou	estabelecer	uma	“localidade”	para	a	razão	no	nosso	
próprio	corpo.	Ele	estabeleceu	que	essa	localidade	era	a	nossa	cabeça,	lugar	em	que	
está	a	alma	do	homem.	A	medula	seria,	assim,	o	componente	de	junção	da	alma	com	o	
corpo.	Esse	componente	de	junção	era	importante,	pois	Platão	entendia	a	alma	separada	
do	corpo.	Assim,	ao	falecer,	a	matéria	(o	corpo)	desapareceria,	mas	a	alma	permaneceria	
livre	para	ocupar	outro	corpo	(FIGUEIREDO,	2014).
6
Aristóteles	 (384-322	 a.C.),	 discípulo	 de	 Platão,	 foi	 um	 dos	 mais	 renomados	
pensadores	da	História	da	Filosofia.	Sua	colaboração	possibilitou	novas	formas	de	pensar	
que	alma	e	corpo	não	podem	ser	separados.	Para	Aristóteles,	a	psyché	se	constituiria	
como	o	princípio	ativo	da	vida.	Tudo	aquilo	que	cresce,	se	reproduz	e	se	alimenta	tem	a	
sua	psyché	ou	alma	(FIGUEIREDO,	2014).
Aristóteles	também	investigou	as	divergências	entre	a	razão,	a	percepção	e	as	
sensações.	Essa	investigação	está	organizada	no	Da anima,	que	pode	ser	definido	como	
o	primeiro	tratado	em	Psicologia.	Assim,	2.300	anos	antes	do	surgimento	da	Psicologia	
científica,	 os	 gregos	 já	 tinham	 composto	 duas	 “teorias”:	 a	 platônica,	 que	 tratava	 da	
imortalidade	da	alma	e	a	entendia	como	separada	do	corpo;	e	a	aristotélica,	que	postulava	
a	mortalidade	da	alma	e	a	sua	relação	de	pertencimento	ao	corpo	(FIGUEIREDO,	2014).
Próximo	 ao	 advento	 da	 era	 cristã,	 emerge	 um	 novo	 império	 que	 iria	 governar	
a	Grécia,	parte	da	Europa	e	do	Oriente	Médio:	o	 Império	Romano.	Um	dos	fundamentais	
elementos	dessa	etapa	histórica	é	o	surgimento	e	crescimento	do	Cristianismo	–	uma	religião	
que,	paulatinamente,	se	constituiu	como	a	política	preponderante	(FIGUEIREDO,	2014).
Ainda	que,	com	as	invasões	bárbaras,	em	meados	de	400	d.C.,	o	Cristianismo	
permaneceu	e	ganhou	mais	força,	emergindo	como	a	religião	dominante	da	Idade	Média,	
etapa	que,	então,	se	iniciou	com	o	fim	do	Império	Romano.	Quando	pensamos	acerca	
da	Psicologia,	nesse	momento,	é	possível	associá-la	ao	saber	religioso,	visto	que,	em	
paralelo	ao	poderio	econômico	e	político,	a	Igreja	Católica	também	centralizava	o	saber	
e,	assim,	a	investigação	sobre	o	psiquismo	(FIGUEIREDO,	2014).
Nessa	direção,	dois	notórios	filósofos	simbolizam	esse	período:	Santo	Agostinho	
(354-430)	 e	 São	 Tomás	 de	 Aquino	 (1225-1274).	 Santo	 Agostinho,	 seguindo	 Platão,	
também	trabalhava	com	a	ideia	da	separação	entre	alma	e	corpo.	No	entanto,	para	ele,	
a	alma	não	era	apenas	o	lugar	da	razão,	mas	a	materialização	de	uma	demonstração	
divina	no	homem.	A	alma	era	considerada	 imortal,	por	ser	o	elo	que	 liga	o	homem	a	
Deus.	Considerando	a	alma	também	como	a	morada	do	pensamento,	a	Igreja	começou	
a	se	ocupar	também	de	sua	compreensão	(FIGUEIREDO,	2014).
São	 Tomás	 de	Aquino	 teve	 como	 base	 os	 pensamentos	 de	Aristóteles,	 para	
compor	a	diferenciação	entre	essência	e	existência.	Como	o	filósofo	grego,	São	Tomás	
de	Aquino	entendeu	que	o	homem,	em	sua	essência,	procura	a	perfeição	por	meio	de	
sua	existência.	No	entanto,	diferentemente	de	Aristóteles,	apresentou	a	sua	perspectiva	
pela	 via	 religiosa,	 postulando	 que	 apenas	 a	 Deus	 seria	 concedida	 a	 capacidade	 de	
agregar	a	essência	e	a	existência,	em	se	tratando	de	igualdade.	Assim,	a	procura	pela	
perfeição	pelo	homem	seria	a	busca	por	Deus.	São	Tomás	de	Aquino	fundamentou	suas	
ideias	em	argumentos	racionais,	para	explicar	os	dogmas	da	Igreja	e	sustentar	para	ela	
a	exclusividade	da	investigação	do	psiquismo	(FIGUEIREDO,	2014).
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Passados	 pouco	 mais	 de	 200	 anos	 da	 morte	 de	 São	 Tomás	 de	 Aquino,	
emergiu	um	período	de	mudanças	 radicais	no	mundo	europeu,	 compreendido	como	
Renascimento	ou	Renascença.	O	mercantilismo	levou	à	conquista	de	novos	territórios	
(a	América,	o	caminho	para	as	 Índias,	 a	 rota	do	Pacífico),	movimento	que	permitiu	o	
armazenamento	de	riquezas	pelas	nações	em	formação,	como	França,	Itália,	Espanha	e	
Inglaterra	(FIGUEIREDO,	2014).
Na	 passagem	 para	 o	 Capitalismo,	 surgiu	 um	 novo	 modo	 de	 organização	
econômico	e	social,	assim	como	um	movimento	de	valorização	do	homem.	As	ciências	
também	 fazem	 parte	 desse	 desenvolvimento.	 Em	 1543,	 Copérnico	 produziu	 uma	
transformação	no	conhecimento	humano	ao	observar	que	o	nosso	planeta	não	era	o	
centro	do	universo.	Em	1610,	Galileu	investigou	a	queda	dos	corpos,	colocando	em	prática	
as	primeiras	experiências	da	Física	moderna.	Esses	acontecimentos	proporcionaram	o	
início	da	organização	do	conhecimento	científico,	quando	foram	estruturados	métodos	
e	regras	fundamentais	para	a	edificação	do	conhecimento	científico	(FIGUEIREDO,	2014).
Nesse	 momento,	 René	 Descartes	 (1596-1659),	 um	 filósofo	 muito	 importante	
para	 a	 constituição	 da	 ciência,	 afirmou	 a	 separação	 entre	 mente	 (alma,	 espírito)	 e	
corpo,	assegurando	que	o	homem	possui	uma	coisa	material	(res extensa)	e	uma	coisa	
pensante	(res cogito),	e	que	o	corpo,	destituído	do	espírito,	é	somente	uma	máquina.	
Tal	entendimento	é	explicado	com	a	célebre	frase	de	Descartes:	“penso,	logo	existo”,	em	
que	o	autor	coloca	a	existência	(corpo)	definida	apenas	pela	possibilidade	do	pensamento,	 
da	razão	(FIGUEIREDO,	2014).
Esses	dois	componentes	antagônicos	(mente-corpo)	permitiram	as	pesquisas	da	
anatomia	e	da	fisiologia,	matérias	que,	no	início,	deram	subsídio	para	o	desenvolvimento	 
da	Psicologia.
2.1 A PSICOLOGIA FUNCIONALISTA
A	 partir	 da	 história	 do	 desenvolvimento	 da	 Psicologia,	 podemos	 dizer	 que	
a	 Psicologia	 moderna	 nasceu	 na	 Alemanha,	 no	 final	 do	 século	 XIX.	 Wilhelm	Wundt,	
Weber	e	Fechner,	importantes	nomes	no	desenvolvimento	da	Psicologia	como	ciência,	
trabalharam	juntos	na	Universidade	de	Leipzig.	Ainda	nesse	país,	também	se	reuniram	
outros	 importantes	 investigadores	dessa	nova	 ciência,	 que	 era	 a	Psicologia,	 como	o	
inglês	Edward	B.	Titchener	e	o	norte-americano	William	James	(DAVIDOFF,	2001).
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Para obter o status de ciência, a Psicologia precisou se desvincular da 
Filosofia e começar a seguir as novas metodologias de produção de 
conhecimento do século XIX, que corresponderam a: 
• estruturar seu objeto de estudo (o comportamento, a consciência); 
• demarcar seu campo de estudo, distinguindo-se de outras áreas 
de conhecimento, como a Filosofia e a Fisiologia; 
• compor métodos próprios de estudo desse objeto; 
• elaborar teorias, com objetivo de estruturar uma materialidade 
consistente dos conhecimentos na área (DAVIDOFF, 2001).
ATENÇÃO
Essas	teorias	precisavam	seguir	aos	padrões	básicos	da	metodologia	científica,	
ou	seja,	faz-se	necessário	trabalhar	a	partir	de	um	viés	neutro,	os	dados	precisam	ser	
replicáveis,	quando	testados,	sujeitos	à	comprovação,	e	constituir-se	como	referência	
para	 outros	 experimentos	 e	 investigações	 na	 área.	 Os	 autores	 iniciais	 da	 Psicologia	
buscaram,	dentro	da	margem	oportunidades	e	com	os	recursos	disponíveis,	alcançar	
tais	padrões	e	elaborar	teorias.	Entretanto,	os	conhecimentos	fabricados,	a	princípio,	
definiram-se	muito	mais	como	atitudes	metodológicas,	que	orientavam	a	pesquisa	e	a	
elaboração	teórica	(DAVIDOFF,2001).
Ainda	que	a	Psicologia	científica	tenha	emergido	na	Alemanha,	é	nos	Estados	
Unidos	 que	 ela	 ganha	 consistência	 para	 um	 acelerado	 desenvolvimento	 –	 efeito	
do	 grande	 progresso	 econômico	 do	 país	 nesse	momento	 –,	 emergindo	 as	 pioneiras	
abordagens	ou	escolas	em	Psicologia,	as	quais	ofereceram	estofo	às	inúmeras	teorias	
que	conhecemos	atualmente.	Essas	abordagens	são	(DAVIDOFF,	2001):	
•	 o	Funcionalismo,	de	William	James	(1842-1910);
•	 o	Estruturalismo,	de	Edward	Titchener	(1867-1927);
•	 o	Associacionismo,	de	Edward	L.	Thorndike	(1874-1949).
O	Funcionalismo	é	entendido	como	a	primeira	escola	fundamentalmente	norte-
americana	de	conhecimentos	em	Psicologia,	que	defendia	ter	como	norte	de	pesquisa	
as	perguntas	“o	que	fazem	os	homens”	e	“por	que	o	fazem”	(DAVIDOFF,	2001).
Para	 responder	 a	 esses	 questionamentos,	W.	 James	 escolheu	 a	 consciência	
como	o	ponto	central	de	suas	investigações.	A	pesquisa	se	orientou	para	o	entendimento	
de	seu	funcionamento,	no	ponto	em	que	o	homem	utiliza	a	consciência	para	se	adaptar	
ao	meio	(DAVIDOFF,	2001).
9
2.2 A ESCOLA DO ESTRUTURALISMO
O	 Estruturalismo	 está	 orientado	 para	 investigar	 o	 mesmo	 fenômeno	 que	 o	
Funcionalismo:	a	consciência.	No	entanto,	distintamente	de	W.	James,	Edward	Titchener	
trabalhou	 em	 suas	 características	 estruturais,	 ou	 seja,	 os	 estados	 elementares	 da	
consciência	como	estruturas	do	sistema	nervoso	central	(BOCK;	FURTADO;	TEIXEIRA,	2018).
Essa	 escola	 foi	 implementada	 por	 Wundt,	 mas	 foi	 seu	 discípulo,	 Titchener,	
que	utilizou	a	nomenclatura	estruturalismo	pela	primeira	vez,	com	o	sentido	de	distingui-
la	 do	 Funcionalismo.	 O	 método	 de	 observação	 de	 Titchener,	 bem	 como	 o	 de	 Wundt,	 é	
o	 introspeccionismo,	 e	 os	 conhecimentos	 psicológicos	 fabricados	 são	 essencialmente	
experimentais,	ou	seja,	constituídos	a	partir	do	laboratório	(BOCK;	FURTADO;	TEIXEIRA,	2018).
O	estruturalismo	entende	a	Psicologia	como	uma	ciência	da	consciência	e	da	
mente,	 designação	 advinda	 de Wundt.	 Entende-se	 que	 a	mente	 consistiria	 em	uma	
soma	 de	 processos	 estruturais	 e	 que	 a	 consciência	 e	 a	 mente	 eram	 efeitos	 dessa	
estruturação	(BOCK;	FURTADO;	TEIXEIRA,	2018).
Titchener	 postulava	 que	 consciência	 e	 mente	 eram	 entes	 dissociados,	 com	
funções	divergentes	na	experiência	de	vida	do	indivíduo.	Um	dos	principais	objetivos	
da	Psicologia	estruturalista	é	entender	as	características	estruturais	da	mente,	o	modo	
pelo	qual	se	estrutura	e	os	elementos	da	consciência	(BOCK;	FURTADO;	TEIXEIRA,	2018).
2.3 ASSOCIACIONISMO
No	Associacionismo,	a	relevância	de	Edward	L.	Thorndike	foi	ter	se	configurado	
no	 autor	 de	 uma	 primeira	 teoria	 de	 aprendizagem	 na	 Psicologia.	 Seus	 estudos	 se	
concentravam	mais	 em	 uma	 perspectiva	 da	 utilidade	 desse	 conhecimento	 que	 nas	
pretensões	filosóficas	que	atravessam	a	Psicologia	(DAVIDOFF,	2001).
A	denominação	Associacionismo	pressupõe	que	a	aprendizagem	se	dá	por	um	
processo	de	associação	das	ideias	–	das	mais	simples	às	mais	complexas.	Dessa	forma,	
para	aprender	um	conteúdo	complexo,	a	pessoa	necessitaria,	antes	de	tudo,	entender	
as	ideias	mais	simples,	vinculadas	àquele	conteúdo	(DAVIDOFF,	2001).
Thorndike	 postulou	 a	 Lei	 do	 Efeito,	 muito	 importante	 para	 a	 Psicologia	
Comportamentalista,	 a	 qual	 defendia	 que	 todo	 comportamento	 de	 um	 organismo	
vivo	 (um	 homem,	 um	 pombo,	 um	 rato	 etc.)	 inclina-se	 a	 se	 repetir	 forem	 ofertadas	
recompensas	 (efeito)	para	o	organismo,	assim	que	este	expressar	o	comportamento.	
No	entanto,	o	comportamento	não	é	propício	a	acontecer	se	o	organismo	for	castigado	
(efeito)	após	a	sua	manifestação	(DAVIDOFF,	2001).
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Dessa	maneira,	o	organismo	irá	relacionar	essas	situações	com	outras	parecidas.	
Por	 exemplo,	 se,	 ao	 pressionarmos	 um	dos	 botões	 da	 televisão,	 formos	 “premiados”	
com	a	nossa	programação	de	televisão	favorita,	em	outras	situações,	pressionaremos	o	
mesmo	botão,	assim	como	generalizaremos	essa	aprendizagem	para	outros	aparelhos,	
como	aparelhos	de	som,	gravadores,	entre	outros.
3 FUNDAÇÃO DA PSICOLOGIA CIENTÍFICA 
Para	falarmos	da	fundação	da	Psicologia	científica,	precisamos	também	analisar	
os	acontecimentos	do	século	XIX,	no	que	se	refere	ao	papel	da	ciência	e	seu	progresso	
nesse	momento.
O	desenvolvimento	da	nova	ordem	econômica	–	o	Capitalismo	–	ocorreu	em	
paralelo	ao	advento	da	industrialização,	para	o	qual	a	ciência	precisaria	oferecer	respaldo	
e	explicações	práticas	na	área	da	técnica.	Existia,	assim,	um	investimento	importante	
no	progresso	da	ciência,	enquanto	um	apoio	para	a	nova	ordem	econômica	e	social,	e	
das	questões	trazidas	por	ela	(SCHULTZ;	SCHULTZ,	2019).
3.1 O ADVENTO DO CAPITALISMO EMERGENTE
O	advento	do	Capitalismo	trouxe	uma	mobilidade	diferente	para	o	mundo,	com	
a	urgência	de	prover	mercados	e	de	produzir	cada	vez	mais:	era	necessário	obter	novas	
matérias-primas	da	natureza;	surgiram	novas	necessidades;	foi	preciso	o	trabalho	de	
muitos,	que,	por	sua	vez,	se	tornaram	consumidores	das	mercadorias	fabricadas;	foram	
interrogadas	as	hierarquias,	no	sentido	de	tirar	do	poder	a	nobreza	e	o	clero	há	tantos	
séculos	assentados	(SCHULTZ;	SCHULTZ,	2019).
O	universo	também	foi	colocado	em	movimento.	A	partir	de	novas	descobertas,	
descobriu-se	 que	 o	 Sol	 era	 o	 centro	 do	 universo,	 que	 passou	 a	 ser	 percebido	 sem	
hierarquizações.	O	homem,	por	sua	vez,	não	era	mais	visto	como	o	centro	do	universo	
(antropocentrismo),	 sendo	percebido	 como	um	 ser	 livre,	 com	capacidade	 de	 edificar	
seu	futuro.	O	servo	(do	feudalismo),	liberto	de	seu	laço	com	a	terra,	teve	a	chance	de	
escolher	o	seu	trabalho	e	o	seu	lugar	no	estrato	social	(SCHULTZ;	SCHULTZ,	2019).
Dessa	forma,	o	Capitalismo	mudou	a	relação	do	homem	consigo	mesmo	e	com	
a	possibilidade	de	 consumo	das	mercadorias	 produzidas.	O	 conhecimento	 foi	 separado	
da	fé	e	os	dogmas	da	 Igreja	foram	colocados	em	questão.	O	mundo	se	moveu.	A	razão	
e	a	capacidade	de	pensamento	do	homem	surgiu,	assim,	como	a	significativa	aposta	de	
construção	do	conhecimento	(SCHULTZ;	SCHULTZ,	2019).
11
Nesse	 novo	 cenário,	 estavam	 estipuladas	 as	 circunstâncias	 materiais	
necessárias	para	o	progresso	da	ciência	moderna.	As	propostas	dominantes	deram	base	
à	essa	construção:	o	conhecimento	como	efeito	da	razão	e	a	oportunidade	de	descobrir	
a	 natureza	 e	 suas	 leis	 pela	 observação	 rigorosa	 e	 objetiva.	A	 procura	 de	 um	método	
rigoroso,	 que	 oferecesse	 a	 observação	 para	 a	 evidenciação	 dessas	 leis,	 direcionava	
para	a	urgência	de	que	os	homens	edificassem	novos	modos	de	produzir	conhecimento	
–	 que	 não	 era	 mais	 fornecido	 pelos	 dogmas	 religiosos	 e/ou	 pela	 autoridade	 eclesial.	 
Surgiu	a	necessidade	da	ciência	(SCHULTZ;	SCHULTZ,	2019).
A	partir	de	então,	a	concepção	de	verdade	se	torna,	 imperiosamente,	depende	
do	carimbo	da	ciência.	A	própria	Filosofia	ajusta-se	às	transformações	dos	novos	tempos,	
com	a	emergência	do	Positivismo	de	Augusto	Comte,	que	afirmava	a	 importância	de	
maior	rigor	científico	na	constituição	dos	saberes	nas	ciências	humanas.	Desse	modo,	
estabelecia-se	o	método	da	Ciência	Natural,	a	Física,	como	referência	de	produção	de	
conhecimento	(SCHULTZ;	SCHULTZ,	2019).
3.2 NOVAS DESCOBERTAS DO SÉCULO XIX E A SUA 
IMPORTÂNCIA PARA A EVOLUÇÃO DA PSICOLOGIA COMO 
CIÊNCIA
Em	meio	a	todas	essas	transformações	ocorridas	no	século	XIX,	é	importante	
localizar	 a	marca	 de	 construção	 da	 Psicologia	 como	 ciência.	 Foi	 em	meados	 desse	
século	 que	 as	 problemáticas	 e	 as	 temáticas	 da	 Psicologia,	 até	 então	 investigadas	
especificamente	pelos	filósofos,	também	passaram	a	ser	pesquisadas	pela	Fisiologia	e,	
em	particular,	pela	Neurofisiologia	(DAVIDOFF,	2001).
O	 progresso	 da	 ciência	 também	 se	 refletiu	 nessas	 áreas,	 culminando	
na	 elaboração	 de	 teorias	 sobre	 o	 sistema	 nervoso	 central,	 que	 mostraram	 que	 o	
pensamento,	 as	 percepções	 e	 os	 sentimentos	 humanos	 eram	 frutos	 dessesistema.	
É	importante	relembrar	que	o	capitalismo	trouxe	consigo	a	máquina,	cuja	participação	
primordial	passou	a	definir	o	modo	de	se	ver	o	mundo	(DAVIDOFF,	2001).
O	mundo	 visto	 à	 semelhança	 de	 uma	máquina;	 o	mundo	 como	 um	 relógio.	
Todo	o	universo	começou	a	ser	visto	como	uma	máquina,	ou	seja,	podemos	entender	o	
seu	modo	de	funcionar,	a	sua	constância,	o	que	nos	coloca	diante	da	oportunidade	de	
conhecimento	de	suas	leis.	Esse	modo	de	conceber	foi	refletido	também	nas	ciências	
do	 homem.	 Para	 entender	 o	 psiquismo	 humano,	 mostrou-se	 urgente	 entender	 os	
mecanismos	e	o	modo	de	funcionamento	da	máquina	de	pensar	do	homem	–	o	cérebro	
(DAVIDOFF,	2001).
Desse	modo,	 a	 Psicologia	 passa	 a	 se	 enredar	 pelos	 caminhos	 da	 Fisiologia,	
Neuroanatomia	e	Neurofisiologia.
12
	Os	fisiologistas,	daquela	época,	estudavam	a	Psicofísica,	ou	seja,	entendiam	os	
fenômenos	psicológicos	a	partir	de	uma	aliança	entre	a	física,	a	biologia	e	a	psicologia.	
Pesquisavam,	por	exemplo,	a	fisiologia	do	olho	e	a	percepção	das	cores.	As	cores	eram	
explicadas	pela	Física,	e	a	percepção	pela	Psicologia	(DAVIDOFF,	2001).
Em	torno	dos	anos	de	1860,	emerge	a	elaboração	de	uma	lei	fundamental	na	
área	da	Psicofísica:	 a	Lei	de	Weber-Fechner,	que	estipula	a	 relação	entre	estímulo	e	
sensação,	 concebendo	a	 sua	mensuração.	Essa	 lei	 se	mostrou	muito	 relevante	para	
a	 História	 da	 Psicologia,	 pois	 estabeleceu	 a	 oportunidade	 de	 medida	 do	 fenômeno	
psicológico,	 até	 então,	 tido	 como	 inviável.	 Dessa	 forma,	 os	 fenômenos	 psicológicos	
ganharam	a	categoria	de	científicos,	pois,	para	o	entendimento	de	ciência	da	época,	o	
que	não	era	mensurável	não	era	sujeito	a	estudo	científico	(CAMPOS,	2008).
Uma grande colaboração para o desenvolvimento da Psicologia partiu 
de Wilhelm Wundt (1832-1920), que fundou, na Universidade de Leipzig, 
Alemanha, o primeiro laboratório para efetuar experimentos na área 
de Psicofisiologia. Por esse feito e por sua profícua produção teórica 
no campo, ele é denominado como o pai da Psicologia moderna ou 
científica (CAMPOS, 2008).
NOTA
No	 início	 da	 estruturação	 da	 Psicologia	 como	 ciência,	 existia	 a	 necessidade	
de	 convergir	 os	 eventos	 biológicos	 com	 a	 Psicologia	 para	 explicá-los.	Assim,	Wundt	
criou	a	concepção	do	paralelismo	psicofísico,	que	afirma	que	os	fenômenos	mentais	
correspondem	a	fenômenos	orgânicos.	Para	 investigar	a	mente	ou	a	consciência	do	
indivíduo,	Wundt	elabora	um	método	a	que	dá	o	nome	de	introspecção.	Nessa	proposta	
metodológica,	a	pessoa	que	realiza	a	experiência	questiona	ao	sujeito,	especificamente	
instruído	 para	 a	 auto-observação,	 os	 lugares	 trilhados	 no	 seu	 interior	 por	 uma	
estimulação	sensorial	(por	exemplo,	a	picada	de	uma	agulha)	(CAMPOS,	2008).	
13
 Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
•	 A	diferenciação	entre	as	 ideias	psicológicas	e	a	Psicologia	como	ciência.	As	 ideias	
psicológicas	relacionadas	ao	campo	da	Filosofia	e	a	Psicologia	como	ciência,	quando	
ela	 se	 desvincula	 da	 Filosofia	 em	 rumo	 a	 um	 saber	 próprio,	 seguindo	 os	 padrões	
científicos.
•	 A	importância	dos	aspectos	históricos	para	a	constituição	da	Psicologia	como	ciência.	 
O	acesso	à	história	da	Psicologia	permite	compreender	quais	elementos	formaram	
esse	saber	como	o	conhecemos	hoje.
•	 As	 ideias	 psicológicas	 advindas	 com	 as	 interrogações	 da	 Filosofia	 ao	 homem	 em	
movimento	até	que	a	Psicologia	se	distanciasse	da	Filosofia,	para	a	formação	de	um	
saber	próprio.
•	 A	apresentação	da	Psicologia	como	ciência	e	a	formação	de	suas	escolas	no	século	
XIX:	o	estruturalismo,	o	funcionalismo	e	o	associacionismo.
RESUMO DO TÓPICO 1
14
AUTOATIVIDADE
1	 Há	 cerca	 de	 140	 anos,	 a	 Psicologia	 teve	 seu	 objeto	 de	 estudo	 definido	 e	 seus	
fundamentos	 estabelecidos,	 tornando-se	 disciplina	 independente	 em	 relação	 à	
Filosofia.	Ao	final	do	século	XIX,	o	método	científico	foi	adotado	como	recurso	para	
tentar	 resolver	problemas	da	Psicologia	e,	 em	 1879,	 foi	 implantado,	na	Alemanha,	o	
primeiro	 laboratório	 de	Psicologia	 do	mundo.	A	 respeito	 do	 autor	 desse	 laboratório,	
assinale	a	alternativa	CORRETA:
a)	 (			)	 Wilhelm	Wundt.
b)	 (			)	 Edward	Bradford Titchener.
c)	 (			)	 William	James.
d)	 (			)	 B.	F.	Skinner.
2	 Para	que	possamos	entender	 fenômenos	da	atualidade,	precisamos	nos	deter	com	
dedicação	ao	estudo	dos	acontecimentos	que	nos	precederam	e	entender	as	razões	
pelas	quais	alguns	processos	se	dão	da	maneira	que	são	hoje.	Dessa	forma,	entender	
algo	que	faz	parte	do	nosso	universo	corresponde	a	trazer	de	volta	a	sua	história.	
Com	base	na	evolução	histórica	da	Psicologia,	analise	as	afirmativas	a	seguir:
I-	 A	 história	 da	 produção	 de	 conhecimento	 psicológico	 tem	 seu	 início	 no	 Império	
Romano.	
II-	 Ao	 entender	 a	 razão	 como	 característica	 própria	 do	 homem	 ou	 como	 essência	
humana,	Sócrates	abriu	uma	passagem	que	seria	muito	trabalhada	pela	Psicologia.	
As	teorias	da	consciência	são,	de	algum	modo,	efeitos	dessa	primeira	organização	
na	Filosofia.
III-	 O	 termo	Psicologia	vem	do	 latim	psyché,	 que	 significa	 consciência,	 e	 logos,	 que	
significa	estudo.	Portanto,	originalmente,	Psicologia	significa	“estudo	da	consciência”.
Assinale	a	alternativa	CORRETA:
a)	 (			)	 As	afirmativas	I	e	II	estão	corretas.
b)	 (			)	 Somente	a	afirmativa	II	está	correta.
c)	 (			)	 As	afirmativas	I	e	III	estão	corretas.
d)	 (			)	 Somente	a	afirmativa	III	está	correta.
3	 Próximo	ao	advento	da	era	cristã,	emergiu	um	novo	império,	que	iria	governar	a	Grécia,	
parte	da	Europa	e	do	Oriente	Médio:	o	Império	Romano.	Um	dos	principais	aspectos	
dessa	época	foi	o	surgimento	e	o	desenvolvimento	do	Cristianismo.	Nesse	contexto,	
emergem	alguns	 importantes	pensadores	que	 lançariam	sementes	para	a	formação	
da	Psicologia	 como	 conhecimento	 próprio.	 Considerando	 as	 contribuições	 desses	
pensadores	 da	 Idade	 Média	 e	 do	 Renascimento,	 classifique	 V	 para	 as	 sentenças	
verdadeiras	e	F	para	as	falsas:
15
(			)	 	Santo	Agostinho,	 inspirado	em	Platão,	 também	fazia	uma	separação	entre	alma	
e	 corpo.	 Entretanto,	 para	 ele,	 a	 alma	 não	 era	 apenas	 o	 lugar	 da	 razão,	 mas	 a	
confirmação	de	uma	existência	divina	no	homem.
(			)	São	Tomás	de	Aquino,	inspirado	em	Aristóteles,	afirmava	a	separação	entre	essência	
e	 existência.	 Como	 Aristóteles,	 ele	 acreditava	 que	 o	 homem,	 em	 sua	 essência,	
procura	a	perfeição	através	de	sua	existência.
(			)	René	Descartes	(1596-1659),	um	filósofo	muito	 importante	para	a	constituição	da	
ciência,	propunha	o	entendimento	da	inseparabilidade	entre	mente	(alma,	espírito)	
e	corpo,	assegurando	que	o	homem	possui	uma	coisa	material	(res	extensa)	e	uma	
coisa	pensante	(res	cogito).
Assinale	a	alternativa	que	apresenta	a	sequência	CORRETA:
a)	 (			)	 V	–	F	–	F.
b)	 (			)	 V	–	V	–	F.
c)	 (			)	 F	–	V	–	F.
d)	 (			)	 F	–	F	–	V.
4	 A	partir	da	História	da	Psicologia,	foi	possível	perceber	que	o	seu	status	de	ciência	
é	 conquistado	 no	momento	 que	 se	 “desprende”,	 pouco	 a	 pouco,	 da	 Filosofia,	 que	
teve	 forte	 contribuição	 na	 sua	 estruturação,	 convocando	 novos	 estudiosos	 e	
pesquisadores,	 que,	 sob	 os	 novos	 enquadres	 de	 produção	 de	 conhecimento,	 se	
autorizam	 a	 produzir	 ciência	 psicológica.	 Disserte	 sobre	 quais	 critérios	 os	 novos	
pesquisadores	precisaram	assumir	para	compor	pesquisas	científicas.
5	 Ainda	que	a	Psicologia	científica	tenha	se	manifestado,	primeiramente,	na	Alemanha,	
foi	nos	Estados	Unidos	que	ela	ganhou	espaço	para	um	acelerado	desenvolvimento,	
efeito	do	grande	desenvolvimento	econômico	que	pôs	o	país	na	primazia	do	sistema	
capitalista.	É	nesse	território	que	emergem	as	primeiras	abordagens	ou	escolas	em	
Psicologia,	que	fecundaram	as	diferentes	teorias	que	vigoram	atualmente.	Disserte	
sobre	o	Estruturalismo,	uma	dessas	escolas	em	Psicologia	criadas	naquela	época.
16
17
PSICOLOGIA DO SÉCULO XX: 
PERSPECTIVAS ATUAIS
UNIDADE 1 TÓPICO2 — 
1 INTRODUÇÃO 
A	Psicologia	como	uma	vertente	da	Filosofia	 investigava	a	alma.	A	Psicologia	
científica	emergiu	a	partir	do	momento	em	que,	seguindo	com	as	normas	da	ciência	do	
século	XIX,	Wundt	priorizou	a	Psicologia	sem	alma,	isto	é,	sem	estar	mais	vinculada	à	
Filosofia	(SCHULTZ;	SCHULTZ,	2019).
O saber, entendido como científico, precisava ser aquele construído 
em laboratórios, com a utilização de mecanismos de observação e 
medição. Se antes a Psicologia estava submetida à Filosofia, no século 
XIX, ela começou a coligar-se ao ramo da Medicina, que adotava o 
método de investigação das ciências naturais como padrão rígido 
de edificação do conhecimento. A Psicologia científica, que consistiu 
em três escolas – Associacionismo, Estruturalismo e Funcionalismo 
–, sendo substituída no século XX por diferentes teorias. As três 
mais relevantes propostas teóricas da Psicologia nesse período são 
reconhecidas por diversos pesquisadores como o Behaviorismo ou a 
Teoria S-R (do inglês stimuli-respond – estímulo-resposta), a Gestalt e 
a Psicanálise (SCHULTZ; SCHULTZ, 2019).
IMPORTANTE
O	Behaviorismo,	pensado	primeiramente	por	Watson	e	que	ganhou	uma	grande	
repercussão	nos	Estados	Unidos,	em	razão	de	suas	aplicabilidades	práticas,	consagrou-
se	como	 importante	por	ter	estipulado	o	fato	psicológico,	de	forma	consistente,	a	partir	 
da	concepção	de	comportamento	(behavior)	(SCHULTZ;	SCHULTZ,	2019).
A	Gestalt,	que	nasceu	na	Europa,	afirmava	que	não	existe	a	possibilidade	de	se	
fragmentar	 processos	 psicológicos,	 por	 exemplo,	 o	 entendimento	 do	 funcionamento	
mente	e	corpo,	como	vinham	aparecendo	nas	abordagens	da	Psicologia	científica	do	
século	XIX,	defendendo	a	importância	de	se	entender	o	homem	como	uma	totalidade	
(SCHULTZ;	SCHULTZ,	2019).
A	 Psicanálise,	 criada	 por	 Freud,	 na	Áustria,	 foi	 resultante	 da	 prática	médica,	
resgatando,	 para	 a	 Psicologia,	 a	 relevância	 da	 afetividade	 e	 trazendo	 a	 proposta	 do	
inconsciente	 como	objeto	 de	 estudo,	 desconstruindo	 a	 herança	 da	Psicologia	 como	
ciência	da	consciência	e	da	razão	(SCHULTZ;	SCHULTZ,	2019).
18
	Neste	tópico,	abordaremos	cada	uma	dessas	importantes	escolas	teóricas,	a	
partir	da	introdução	de	alguns	de	seus	conceitos	básicos.
2 BEHAVIORISMO
A	denominação	Behaviorismo	foi	desenvolvida	pelo	norte-americano	John	B.	
Watson.	O	termo	inglês	behavior	significa	“comportamento”	e,	por	 isso,	para	se	referir	
a	essa	vertente	teórica,	utilizamos	Behaviorismo	–	e	também	Comportamentalismo,	Teoria	
Comportamental,	 Análise	 Experimental	 do	 Comportamento,	 Análise	 do	 Comportamento	
(BAUM,	2006).
Watson,	 tomando	 o	 comportamento	 como	 objeto	 de	 estudo	 da	 Psicologia,	
emprestava	a	essa	ciência	a	 solidez	que	os	psicólogos	do	período	precisavam	–	um	
objeto	que	fosse	observável,	mensurável,	cujos	experimentos	fossem	passíveis	de	ser	
reproduzidos	em	diversas	circunstâncias	e	sujeitos	(BAUM,	2006).
Esses	aspectos	foram	importantes	para	que	a	Psicologia	ganhasse	o	status	de	
ciência,	promovendo	uma	ruptura	definitiva	com	a	sua	vertente	filosófica.	Watson	também	
apostava	 em	 uma	 visão	 funcionalista	 para	 a	 Psicologia,	 ou	 seja,	 o	 comportamento	
precisaria	 ser	 investigado	 como	 função	 de	 determinadas	variáveis	 do	meio.	 Quando	
realizado	dado	estímulo,	o	organismo	reage	a	partir	de	certas	respostas	e	isso	acontece,	
pois	os	organismos	se	adaptam	aos	seus	ambientes	através	de	mecanismos	hereditários	 
e	pela	construção	de	hábitos	(BAUM,	2006).
Watson,	 em	 seu	 trabalho,	 procurava	 a	 constituição	 de	 uma	 Psicologia	 sem	
alma	 e	 sem	mente,	 sem	 se	 utilizar	 de	 termos	mentalistas	 e	 de	métodos	 subjetivos,	
e	 que	 oferecesse	 a	 possibilidade	 de	 prever	 e	 controlar.	 Ainda	 que	 estabelecesse	 o	
“comportamento”	 como	 objeto	 de	 estudo	 da	 Psicologia,	 o	 Behaviorismo	 foi,	 desde	
Watson,	transformando	o	modo	de	se	entender	essa	palavra	(BAUM,	2006).
Nos	dias	atuais,	não	se	concebe	comportamento	como	uma	ação	destacada	
de	um	indivíduo,	mas,	sim,	como	uma	inter-relação	entre	o	que	o	indivíduo	faz	e	o	meio	
onde	o	seu	“fazer”	acontece.	Desse	modo,	o	Behaviorismo	se	debruça	na	pesquisa	das	
inter-relações	entre	o	 indivíduo	e	o	 seu	meio,	 entre	as	atividades	do	 indivíduo	 (suas	
respostas)	e	o	seu	meio	(as	estimulações)	(BAUM,	2006).
Os	 psicólogos	 que	 trabalhavam	 com	 essa	 vertente	 cunharam	 os	 nomes	
“resposta”	 e	 “estímulo”	 para	 indicar	 àquilo	 que	 o	 organismo	 faz	 e	 às	 diferentes	
inconstâncias	ambientais	que	se	relacionam	com	o	indivíduo	(BAUM,	2006).
O	objeto	de	estudo	comportamento,	concebido	como	a	inter-relação	indivíduo-
ambiente,	compõe	o	início	para	uma	ciência	do	comportamento.	O	homem	passa	a	ser	
investigado	a	partir	de	sua	relação	com	o	meio,	sendo	olhado,	ao	mesmo	tempo,	como	
autor	e	fruto	dessas	relações.
19
Na	 História	 da	 Psicologia,	 localizando	 os	 estudiosos	 do	 comportamento,	
podemos	 falar	 sobre	 a	 importância	 de	 B.	 F.	 Skinner	 (1904-1990)	 como	 sucessor	 de	
Watson.	O	Behaviorismo	de	Skinner	tem	uma	grande	repercussão	no	trabalho	de	muitos	
psicólogos	norte-americanos	e	de	diferentes	países,	onde	a	Psicologia	norte-americana	
tem	importante	inserção,	como	o	Brasil	(BAUM,	2006).
Essa	 vertente	 de	 pesquisa	 ficou	 designada	 como	 Behaviorismo	 radical,	
nomenclatura	adotada	pelo	próprio	Skinner,	em	1945,	para	se	 referir	a	uma	teoria	da	
Ciência	 do	 Comportamento	 (que	 ele	 se	 colocou	 a	 resguardar),	 por	 meio	 da	 análise	
experimental	do	comportamento.	A	estrutura	da	vertente	skinneriana	se	encontra	na	
elaboração	do	comportamento	operante	(BAUM,	2006).
Para entender o Behaviorismo, sugerimos o filme Laranja Mecânica, 
de 1971, uma produção britânico-americana, adaptada, produzida e 
dirigida por Stanley Kubrick, que teve como referência o romance de 
mesmo título, escrito por Anthony Burgess, em 1962.
DICA
O	comportamento	operante	abarca	um	grande	conjunto	das	ações	humanas	
–comportamentos	 como	 correr,	 andar,	 pular,	 ou	 seja,	 comportamentos	 voluntários.	
Partindo	 da	 referência	 do	 estudo	 do	 comportamento	 respondente,	 advindo	 dos	
acontecimentos	do	meio	anteriores	à	resposta	do	organismo,	o	comportamento	operante	
é	 gerenciado,	 primordialmente,	 pelos	 acontecimentos	 ambientais	 que	 ocorrem	 depois	
da	resposta	de	um	indivíduo. São	exemplos	de	comportamento	operante	ler,	digitar	uma	
mensagem,	fazer	uma	prova,	tocar	um	instrumento	etc.	(BAUM,	2006).
2.1 CARL ROGERS E A VISÃO HUMANISTA 
O	norte-americano	Carl	Rogers	(1902-1987)	foi	um	pesquisador	muito	importante	
tanto	 para	 a	 Psicologia	 quanto	 para	 a	 educação.	 Nas	 duas	 áreas,	 a	 colaboração	 de	
seus	estudos	se	tornou	extremamente	singular,	indo	ao	encontro	de	ideias	e	práticas	
hegemônicas	nos	consultórios	e	nas	escolas	(FIGUEIREDO,	2014).
A	teoria	de	Carl	Rogers	–	que	apresenta	uma	grande	coletânea	de	conceitos	
próprios	–	surgiu	como	uma	terceira	via	entre	os	dois	campos	hegemônicos	da	Psicologia	
por	volta	do	 século	XX.	A	 linha	de	Rogers	 foi	 intitulada	como	humanista,	 posto	que,	
em	oposição	a	 corrente	 freudiana,	 se	apoia	em	uma	concepção	otimista	do	homem	
(FIGUEIREDO,	2014).
20
A	 terapia	 rogeriana	 se	 afirmou	 como	 aposta	 não	 diretiva	 e	 centrada	 no	
cliente	 (termo	 que	 Rogers	 elegia	 como	 sendo	melhor	 ao	 termo	 paciente),	 pois	 é	 de	
responsabilidade	do	cliente	a	direção	e	o	progresso	do	tratamento.	Na	concepção	de	
Rogers,	o	terapeuta	somente	auxilia	o	processo	terapêutico.	Já	em	sua	construção	de	
entendimento	na	educação,	a	função	do	professor	é	parecida	com	a	do	terapeuta	e	a	
do	aluno,	com	a	do	cliente,	ou	seja,	o	papel	do	professor	é	intermediar	o	processo	de	
ensino-aprendizagem,	fornecer	o	aprendizado	que	o	aluno	administrará	a	sua	maneira	
(FIGUEIREDO,	2014).
Para	 Rogers	 (2009),	 a	 saúde	 mental	 e	 o	 avanço	 integral	 das	 potencialidades	
subjetivas	de	cada	sujeito	são	aspectos	que	fazem	parte	da	evolução	humana.	Retiradas	
circunstanciais	 situações	 difíceis	 nesseprocesso,	 os	 sujeitos	 recuperam	 a	 progressão	
construtiva.	Rogers	focou	a	sua	dedicação	para	a	formação	do	sujeito,	a	urgência	de	investir	
em	uma	existência	que	procure	estar	em	harmonia	consigo	mesma	e	com	o	seu	meio.
Rogers	 apostava	 que	 o	 organismo	 humano	 –	 bem	 como	 todos	 os	 outros,	
incluindo	o	das	plantas	–	contém	uma	predisposição	a	recriar-se,	tendo	como	finalidade	
a	 autonomia.	 Na	 teoria	 rogeriana,	 a	 predisposição	 a	 se	 recriar	 é	 a	 exclusiva	 força	
condutora	dos	seres	vivos.	Em	se	tratando	dos	seres	humanos,	de	acordo	com	Rogers,	
o	desenvolvimento	contínuo	produziu	a	sociedade	e	a	cultura,	que	se	constituem	como	
forças	independentes	dos	sujeitos	e	podem	operar	em	oposição	ao	progresso	de	suas	
potencialidades	(ROGERS,	2009).
Outro	elemento	 importante	da	concepção	teórica	de	Rogers	é	que	o	organismo	
humano	 entende	 o	 que	 é	melhor	 para	 si	 e,	 nessa	 operação,	 se	 favorece	 dos	 sentidos	
aperfeiçoados	no	decorrer	da	evolução	da	espécie.	Tato,	 olfato	e	paladar	 identificam	
coisas	como	prazerosas	(por	exemplo,	sabor	e	cheiro	aprazíveis),	o	que	é	salutar.	Assim	
como	nossos	 instintos	estão	preparados	para	engrandecer	a	 “consideração	positiva”,	
o	 conceito	 rogeriano	 que	 aponta	 para	 ações	 como	 cuidado,	 carinho,	 atenção	 etc.	
(ROGERS,	2009)
Para entrar em contato com a obra de Carl Rogers (2009) e 
entender a sua teoria, leia o livro Tornar-se Pessoa, a partir do 
qual é possível compreender como ele entendia o processo de 
tornar-se pessoa, a psicoterapia como uma construção do cliente, 
os modos de conceber a ciência e as reflexões sobre o processo 
de ensino-aprendizagem. Acesse: https://psicologadrumond.files.
wordpress.com/2013/08/tornar-se-pessoa-carl-rogers.pdf. 
DICA
21
Rogers	acreditava,	então,	que	as	pessoas	reconhecem	o	que	é	interessante	para	
elas	e	conseguem	achar	aquilo	de	que	precisam	na	natureza	e	na	família.	No	entanto,	
de	acordo	com	o	autor	humanista,	a	sociedade	e	a	cultura	estruturam	 instrumentos	
que	vão	ao	encontro	dessas	relações	potencialmente	saudáveis.	Entre	os	instrumentos	
que	se	entendem	como	mais	perigosos	estão	a	 “valorização	condicional”,	o	costume	
e	a	tradição	familiar,	escolar	e	de	outras	instituições	sociais,	que	podem	responder	às	
necessidades	do	sujeito	se	ele	se	garantir	merecedor.	
Essa	ação	tem	como	consequência	o	que	Rogers	nomeou	como	a	“consideração	
positiva	condicional”	–	em	que	a	manifestação	característica	é	o	reconhecimento	dos	
pais	 ofertado	 como	 recompensa	 por	 bom	 comportamento	 –	 e	 a	 “autoconsideração	
positiva	condicional”	–	produzida	pela	predisposição	que	os	sujeitos	possuem	a	reter	
os	 atributos	 culturais	 e	usá-los	 como	medida	para	o	 reconhecimento	de	 si	mesmos	
(FIGUEIREDO,	2014).
Da	dimensão	conflitante	entre	o	sujeito	(“sou”)	e	o	que	se	demanda	dele	(“devo	
ser”),	 cresce	 o	 que	Rogers	 nomeia	 como	 incongruência,	 que	 produz	 sofrimento.	 Esse	
é	o	caminho	que,	para	ele,	se	estrutura	a	neurose.	Ao	se	ver	constrangido	a	atender	
às	expectativas	sociais,	o	sujeito	se	percebe	em	uma	situação	ameaçadora,	o	que	o	
induz	a	erguer	defesas	psicológicas.	Perante	a	essa	situação,	o	trabalho	do	psicólogo	
e	do	professor	 é	 possibilitar	 que	 seus	 clientes	 e	 alunos	 se	 transformem	em	sujeitos	
“plenamente	funcionais”,	isto	é,	saudáveis	(FIGUEIREDO,	2014).
Entre	 as	 formas	 de	 visualização	 do	 efeito	 dessa	 intervenção	 do	 profissional	
que	 segue	 essa	 corrente	 teórica,	 estão	 a	 pessoa	 conseguir	 se	 abrir	 para	 as	 novas	
experiências,	a	aptidão	de	viver	o	aqui	e	o	agora,	a	segurança	nos	próprios	desejos	e	
intuições,	a	liberdade	e	a	responsabilidade	de	agir,	e	a	vontade	para	criar.
Na	 teoria	 humanista,	 é	 entendido	 que,	 para	 se	 constituir	 em	 uma	 pessoa	
saudável,	o	sujeito	precisa	escutar	a	si	mesmo	e	colocar	seus	desejos	em	ato.	Assim,	o	
que	um	bom	terapeuta	ou	professor	de	abordagem	humanista	pode	fazer	é	auxiliar	nesse	
processo	e	intervir	o	menos	possível.	É	nesse	caminho	que	corresponde	o	conceito	de	
ser	um	terapeuta	“não	diretivo”,	a	referência	básica	do	rogerianismo	(FIGUEIREDO,	2014).
2.2 A GESTALT: A PSICOLOGIA DA FORMA
A	Psicologia	da	Gestalt	é	reconhecida	como	uma	das	vertentes	teóricas	mais	
consistentes	e	coerentes	da	história	da	Psicologia.	Seus	autores	tinham	por	objetivo	
constituir	não	só	uma	teoria	sólida,	mas	uma	estrutura	metodológica	robusta,	que	desse	
substância	para	uma	teoria	forte	(DAVIDOFF,	2001).
Gestalt	 é	 um	 nome	 alemão	 que	 se	 refere	 à	 forma	 ou	 configuração.	 No	 fim	 do	
século	XIX,	muitos	pesquisadores	buscavam	entender	o	fenômeno	psicológico	em	suas	 
dimensões	naturais	(primordialmente	no	que	tange	à	mensurabilidade)	(DAVIDOFF,	2001).
22
Nessa	época,	a	Psicofísica	estava	em	evidência.	O	físico	Ernst	Mach	(1838-1916)	 
e	o	filósofo	e	psicólogo	Christian	von	Ehrenfels	(1859-1932)	elaboravam	uma	Psicofísica	
com	pesquisas	 sobre	 as	 sensações	 (o	 dado	psicológico)	 de	 espaço-forma	e	 tempo-
forma	(o	dado	físico)	e	tiveram	seu	reconhecimento	como	os	mais	diretos	precursores	
da	Psicologia	da	Gestalt	(DAVIDOFF,	2001).
Max	Wertheimer	 (1880-1943),	 Wolfgang	 Köhler	 (1887-1967)	 e	 Kurt	 Koffka	 (1886-
1941),	 instrumentalizados	 pelas	 pesquisas	 da	 Psicofísica,	 que	 correlacionavam	 a	 forma	
e	 sua	 percepção,	 edificaram	 a	 estrutura	 de	 uma	 elaboração	 teórica,	 acima	 de	 tudo,	
psicológica.	Eles,	então,	começaram	suas	investigações	pela	percepção	e	sensação	do	
movimento	(DAVIDOFF,	2001).
Os	gestaltistas	buscavam	entender	quais	os	processos	psicológicos	atrelados	à	
ilusão	de	ótica,	quando	o	estímulo	físico	é	visto	pelo	indivíduo	como	um	modo	distinto	do	
que	ele	possui	na	realidade.	É	o	exemplo	do	cinema:	ao	olhar	uma	fita	cinematográfica,	
entende-se	que	ela	é	feita	de	fotogramas	estáticos,	mas	a	dinâmica	que	percebemos	
na	 tela	 é	 uma	 ilusão	 de	 ótica,	 produzida	 pela	 pós-imagem	 retiniana	 (a	 imagem	 fica	
um	pouco	mais	morosa	para	“desaparecer”	em	nossa	retina).	A	partir	dos	movimentos	
das	imagens	se	superpondo	em	nossa	retina,	ficamos	com	a	sensação	de	movimento.	
Entretanto,	o	que	está	contido	na	tela	é	uma	fotografia	estática	(DAVIDOFF,	2001).
	A	percepção	é	onde	começam	os	estudos	da	Gestalt	e	um	dos	carros-chefes	
dessa	teoria.	Os	trabalhos	com	a	percepção	conduziram	os	pesquisadores	da	Gestalt	
à	problematização	de	um	entendimento	contido	na	corrente	behaviorista	–	que	existe	
vinculação	de	causa	e	efeito	entre	o	estímulo	e	a	resposta	–,	pois,	para	os	teóricos	da	
Gestalt,	entre	o	estímulo	que	o	ambiente	emite	e	a	resposta	do	sujeito,	está	o	processo	
de	percepção.	Logo,	o	que	o	sujeito	percebe	e	como	percebe	são	elementos	cruciais	
para	o	entendimento	do	comportamento	humano	(DAVIDOFF,	2001).
O	conflito	entre	a	Gestalt	e	o	Behaviorismo	está	na	concepção	que	cada	uma	das	
vertentes	defende	perante	o	objeto	da	Psicologia	–	o	comportamento	–,	porque	tanto	
um	quanto	outro	entendem	a	Psicologia	como	a	ciência	que	investiga	o	comportamento	
(DAVIDOFF,	2001).
O	 Behaviorismo,	 assumindo	 uma	 posição	 de	 objetividade,	 investiga	 o	
comportamento	utilizando-se	da	relação	estímulo-resposta,	buscando	afastar	o	estímulo	
que	se	refere	à	resposta	esperada	e	descartando	os	conteúdos	de	“consciência”,	pela	
inviabilidade	de	regular	cientificamente	essas	variáveis	(DAVIDOFF,	2001).
A	Gestalt	questiona	a	teoria	behaviorista,	por	acreditar	que	o	comportamento,	
quando	 investigado	 de	 modo	 distanciado	 de	 uma	 conjuntura	 mais	 ampla,	 acaba	
desapossado	de	seu	significado	(a	sua	compreensão)	para	o	psicólogo	(DAVIDOFF,	2001).
23
Na	perspectiva	dos	pesquisadores	da	Gestalt,	o	comportamento	precisaria	ser	
investigado	nos	seus	conteúdos	mais	globais,	 incluindo	as	condições	que	modificam	
a	 percepção	 do	 estímulo.	 Para	 sustentar	 essa	 hipótese,	 eles	 se	 instrumentalizavam	
na	 ideia	do	 isomorfismo,	que	pressupunha	uma	unidade	no	universo,	cuja	parte	está	
sempre	associada	ao	todo	(DAVIDOFF,	2001).
Quando	 percebemos	 uma	 parte	 de	 um	 objeto,acontece	 uma	 operação	 de	
recuperação	 do	 equilíbrio	 da	 forma,	mantendo	 a	 compreensão	 do	 que	 percebemos.	
Esse	evento	da	percepção	é	orientado	pela	nossa	procura	por	fechamento,	simetria	e	
regularidade	dos	pontos	que	compõem	uma	figura	(objeto).
A Gestalt, trabalhando com os fenômenos da percepção, consegue capturar 
as condições para o entendimento do comportamento humano. O modo 
como percebemos um certo estímulo irá influenciar a manifestação do nosso 
comportamento. Em muitos momentos, os nossos comportamentos estão 
estritamente ligados aos estímulos físicos, enquanto, em outros, eles são 
totalmente diversos do esperado, pois “compreendemos” o meio que nos 
cerca de um modo diverso da sua realidade. Um exemplo são as ocasiões 
em que acenamos para uma pessoa familiar a distância, mas que, ao 
nos aproximarmos, percebemos não a conhecer. Um “equívoco” 
de percepção nos conduziu ao comportamento de acenar para o 
desconhecido. Nesse caso, quando confundimos a pessoa, estávamos 
mesmo acreditando acenar para um conhecido. Esse equívoco mostra 
que a nossa percepção do estímulo (a pessoa desconhecida) naquele 
contexto, naquelas condições que estão dadas, é intermediada pelo 
modo como damos sentido ao conteúdo percebido (DAVIDOFF, 2001).
NOTA
Se,	nos	componentes	percebidos,	não	existe	harmonia,	simetria,	invariabilidade	
e	simplicidade,	não	teremos	a	boa	forma.	O	componente	que	queremos	entender	precisa	ser	
exposto	em	características	básicas,	que	possibilitem	a	sua	decodificação,	isto	é,	a	percepção	 
da	boa	forma.	Nesse	sentido,	o	todo	é	sempre	mais	que	a	simples	soma	das	partes.
A	propensão	da	nossa	percepção	em	procurar	a	boa	forma	possibilitará	a	relação	
figura-fundo.	Quanto	mais	nítida	for	a	forma	(boa	forma),	melhor	será	a	distinção	entre	a	
figura	e	o	fundo.	Quando	esse	mecanismo	não	acontece,	torna-se	complicado	separar	o	
que	é	figura	e	o	que	é	fundo,	como	é	no	exemplo	da	Figura	2.	A	ambiguidade	entre	fundo	
e	figura	 superpõe-se,	 submetendo-se	 à	 percepção	de	quem	os	percebe,	 não	 sendo	
possível	distinguir	a	taça	e	os	perfis	ao	mesmo	tempo.
24
FIGURA 2 – FIGURA IDENTIFICADORA DE FUNDO, SEGUNDO A ESCOLA DE GESTALT
FONTE: <https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/three-times-figureground-perception-face-
vase-1138779650>. Acesso em: 1 mar. 2022.
É	claro	que	nem	todas	as	vezes	os	acontecimentos	vividos	 irão	se	colocar	de	
forma	tão	nítida	que	nos	possibilitem	a	sua	percepção	instantânea.	Esses	acontecimentos	
podem	se	definir	como	obstáculo	no	processo	de	aprendizagem,	posto	que	não	emitem	
uma	nítida	distinção	da	figura-fundo,	impossibilitando	a	relação	parte/todo.	Pode	ocorrer	
de,	 em	 um	 primeiro	momento,	 uma	 figura	 não	 ter	 qualquer	 sentido,	 mas,	 momentos	
depois,	 sem	 nenhum	 empenho	maior	 para	 isso,	 a	 relação	 figura-fundo	 se	 esclarecer.	
A	esse	fenômeno	a	Gestalt	chama	de	 insight.	O	conceito	se	refere	a	um	entendimento	
instantâneo,	enquanto	uma	forma	de	“entendimento	interno”	(DAVIDOFF,	2001).
3 SIGMUND FREUD E A PSICANÁLISE
As	teorias	científicas	emergem	sempre	atravessadas	pelo	contexto	histórico,	
nos	 seus	 mais	 diversos	 fatores	 sociais,	 econômicos,	 políticos,	 culturais	 etc.	 São,	
portanto,	 efeitos	 históricos	 produzidos	 por	 homens	 concretos,	 que	 vivenciam	 a	 sua	
época	e	colaboram	ou	transformam,	de	modo	visceral,	o	progresso	do	conhecimento.
Sigmund	Freud	(1856-1939)	foi	um	médico	vienense	que	mudou,	drasticamente,	
a	forma	de	ver	a	vida	psíquica.	Freud	foi	um	pensador	de	vanguarda	ao	entender	as	
“dinâmicas	misteriosas”	do	psiquismo,	 suas	 “regiões	obscuras”,	 ou	 seja,	 as	 fantasias,	
os	 sonhos,	os	esquecimentos,	 a	 interioridade	do	homem,	como	questões	científicas.	
A	 pesquisa	 sistemática	 dessas	 questões	 intrigantes	 para	 o	 homem	 daquele	 tempo	
conduziu	Freud	à	inauguração	da	Psicanálise	(DAVIDOFF,	2001).
25
3.1 A PSICANÁLISE 
O	 nome	 Psicanálise	 é	 utilizado	 para	 designar	 uma	 teoria,	 um	 método	 de	
investigação	e	uma	prática	profissional.	Como	teoria,	ela	se	afirma	por	uma	coletânea	
de	saberes	organizados	sobre	o	funcionamento	da	vida	psíquica,	pois	Freud,	a	partir	
de	 uma	 vasta	 obra,	 documentava	 suas	 descobertas	 e	 elaborava	 leis	 gerais	 sobre	 a	
estrutura	e	o	funcionamento	da	psique	humana.	
Como	método	de	investigação,	a	Psicanálise	se	utiliza	do	método	interpretativo,	
que,	através	da	palavra	do	analisando,	tenta	escutar	seu	sintoma	e,	com	ele,	investiga	as	
formações	do	trauma.	Na	escuta	do	analisando,	o	psicanalista	tenta	escutar	as	formas	
de	 manifestação	 do	 seu	 inconsciente,	 que	 se	 manifestam	 através	 dos	 sonhos,	 dos	 
sintomas,	dos	chistes,	das	associações	livres	e	dos	atos	falhos.	A	prática	profissional	traz	
o	modo	como	a	Psicanálise	efetua	o	tratamento	(denominado	de	análise),	que	se	orienta	
para	a	escuta	do	 inconsciente	ou	a	cura,	que	acontece	pela	via	do	autoconhecimento	
(DAVIDOFF,	2001).
Nos	dias	de	hoje,	a	prática	da	Psicanálise	acontece	de	muitos	outros	modos,	
isto	 é,	 pode	 servir	 como	 estrutura	 para	 psicoterapias	 e	 orientação	 ou	 ser	 utilizada	
no	trabalho	com	grupos,	em	 instituições.	A	Psicanálise	também	se	mostra	como	um	
mecanismo	fundamental	para	a	análise	e	entendimento	de	eventos	sociais	expressivos:	
as	novas	modalidades	de	sofrimento	psíquico,	o	crescimento	do	individualismo	como	
expressão	social	e	individual	na	contemporaneidade,	o	crescimento	da	violência,	entre	
outros	eventos	do	nosso	tempo	(DAVIDOFF,	2001).
Trabalhar	com	a	Psicanálise	se	refere,	sobretudo,	a	seguir	os	passos	de	Freud,	
acompanhando	 com	ele	 a	 edificação	 do	 seu	 conhecimento	 ao	 longo	 dos	 seus	 anos	
de	atendimentos	e	pesquisas.	A	vinculação	entre	autor	e	obra	se	transforma	em	mais	
relevante	 quando	 sabemos	 que	 ampla	 parte	 de	 sua	 pesquisa	 foi	 estruturada	 em	
experiências	 pessoais,	 reproduzidas	 com	 rigor	 em	 diferentes	 partes	 de	 suas	 obras,	
como	em	A interpretação dos sonhos	(1900)	e	A psicopatologia da vida cotidiana	(1901),	
entre	tantas	outras	(DAVIDOFF,	2001).
3.2 A ORIGEM DA PSICANÁLISE
A	 formação	 de	 Freud	 foi	 em	 Medicina	 na	 Universidade	 de	 Viena,	 em	 1881,	
onde	ele	se	especializou	em	Psiquiatria.	Fez	algumas	pesquisas	em	um	laboratório	de	
Fisiologia	e	lecionou	a	disciplina	de	Neuropatologia	no	instituto	em	que	trabalhava.	Por	
razões	financeiras,	 ficou	 impossibilitado	 de	 se	 dedicar	mais	 à	 atividade	 acadêmica	 e	
de	pesquisador.	 Iniciou,	assim,	a	sua	prática	clínica,	atendendo	pessoas	que	possuíam	
“problemas	nervosos”	(DAVIDOFF,	2001).
26
Ganhou	uma	bolsa	de	estudo	para	Paris,	onde	conheceu	Jean	Charcot	e	passou	 
a	 trabalhar	 com	 ele.	 Charcot	 era	 um	 psiquiatra	 francês	 que	 cuidava	 das	 chamadas	
histerias,	com	o	método	da	hipnose.	Em	1886,	Freud	regressou	a	Viena	e	tornou	a	clinicar,	
e	 sua	 metodologia	 de	 trabalho	 primordial	 na	 extinção	 dos	 sintomas	 dos	 distúrbios	
nervosos	foi,	naquele	primeiro	momento,	a	sugestão	hipnótica	(DAVIDOFF,	2001).
	Em	Viena,	Freud	começou	a	trabalhar	com	Josef	Breuer,	um	médico	e	cientista,	
que	 contribuiu	 bastante	 as	 suas	 pesquisas.	 Nessa	 direção,	 o	 caso	 clínico	 de	 uma	
paciente	de	Breuer	foi	de	fundamental	importância.	Ana	O.	(nome	fictício)	demonstrava	
um	 grupo	 de	 sintomas	 que	 a	 colocavam	 em	 sofrimento:	 paralisia	 com	 contratura	
muscular,	inibições	e	dificuldades	de	pensamento.	Esses	sintomas	passaram	a	aparecer	
quando	ela	cuidara	do	pai	doente.	Na	época	em	que	executava	essa	responsabilidade,	
ela	 havia	 tido	 pensamentos	 e	 afetos	 que	 se	 relacionavam	 a	 um	 desejo	 de	 que	 o	 pai	
morresse.	 Esses	 pensamentos	 e	 sentimentos	 foram	 recalcados/reprimidos	 e	 trocados	 
pelos	sintomas	(DAVIDOFF,	2001).
Conscientemente,	Ana	O.	não	conseguia	dizer	o	motivo	pelo	qual	apresentava	
todos	 aqueles	 sintomas,	 porém,	 quando	 estava	 sob	 a	 sugestão	 da	 hipnose,	 falava	
sobre	a	origem	de	cada	um	deles,	que	estavam	conectados	a	experiências	anteriores,	
vinculadas	 ao	 evento	 da	 doença	 do	 pai.Com	 a	 retomada	 dessas	 cenas	 e	vivências	
através	do	efeito	da	hipnose,	os	sintomas	sumiam	(DAVIDOFF,	2001).
Tal	sumiço	não	acontecia	de	modo	mágico,	mas,	sim,	pela	razão	da	liberação	das	
reações	emotivas	vinculadas	a	situação	traumática	–	a	doença	e	o	desejo	inconsciente	
da	morte	do	pai	doente.	Breuer	 intitulou	de	método	catártico	o	tratamento	que	torna	
possível	a	liberação	de	afetos	e	emoções	conectadas	a	eventos	traumáticos,	que	não	
conseguiram	ser	manifestos	no	momento	da	 experiência	 repugnante	 ou	dolorosa	 (o	
desejo	de	que	o	pai	doente	morresse)	(DAVIDOFF,	2001).
Para entender melhor o percurso do pai da psicanálise Sigmund 
Freud e a sua teoria, assista ao filme Freud além da alma, de 1962, 
que traz os anos iniciais da montagem da psicanálise de Freud, 
a sua teorização inicial sobre o complexo de édipo e os estudos 
sobre a histeria. Acesse: https://vimeo.com/142402784.
DICA
Essa	liberação	de	afetos	conduz	à	extinção	dos	sintomas.	No	começo	de	sua	
atividade	médica,	Freud	utilizava	a	hipnose	não	somente	com	a	finalidade	de	sugestão,	
mas	também	para	coletar	a	história	da	raiz	dos	sintomas.	Logo	após,	passou	a	usar	o	
método	 catártico	 e,	 ao	 longo	de	 seus	 atendimentos	 com	seus	pacientes,	 adaptou	 a	
27
técnica	de	Breuer,	deixando	de	usar	a	hipnose	como	prática,	pois	nem	todos	os	pacientes	
conseguiam	se	submeter	a	hipnose.	Freud	elaborou	a	técnica	de	concentração,	na	qual	
a	 lembrança	sucessiva	dos	fatos	era	 realizada	através	da	conversação	normal	e,	por	
fim,	após	a	sugestão	de	uma	jovem	paciente,	passou	a	não	fazer	tantas	perguntas	e	
adotou	a	técnica	da	associação	livre,	em	que	o	paciente	se	põe	a	falar	de	acordo	com	as	
ideias	que	lhe	vêm	à	mente,	com	o	objetivo	de	que,	nessa	associação,	adviesse	algo	do	
inconsciente	(DAVIDOFF,	2001).
3.3 A DESCOBERTA DO INCONSCIENTE
Um	questionamento	acompanhava	a	prática	inicial	de	Freud	em	sua	clínica:	qual	
poderia	ser	a	razão	pela	qual	os	pacientes	não	se	lembravam	de	tantos	acontecimentos	
de	sua	vida	interior	e	exterior?	
Esse	conteúdo	esquecido	era	sempre	algo	muito	difícil	para	a	pessoa	–	e	era	
precisamente	por	ser	difícil	para	a	pessoa	que	era	esquecido.	Além	disso,	o	difícil	não	
expressava,	 obrigatoriamente,	 sempre	 algo	 ruim,	mas	 tinha	 a	 possibilidade	 de	 estar	
atrelado	a	algo	bom,	mas	que	se	perdera	ou	que	fora	vivamente	desejado.
Quando	Freud	decidiu	 renunciar	às	perguntas	em	sua	prática	clínica	com	os	
pacientes	e	os	permitiu	falar	livremente,	percebendo	que,	em	muitos	momentos,	eles	
se	viam	constrangidos,	envergonhados	com	alguns	pensamentos	ou	imagens	que	lhes	
acometiam.	 Freud	 chamou	 de	 resistência	 esse	mecanismo	 psíquico	 que	 se	 insurgia	
a	 um	 conteúdo	 ser	 tornado	 consciente.	 Além	 disso,	 denominou	 como	 repressão/
recalque	 o	mecanismo	 psíquico	 que	 objetiva	 esconder,	 ocultar	 da	 consciência,	 uma	
ideia	ou	representação	insuportável	e	penosa,	que	está	na	raiz	do	sintoma	do	sujeito	 
(DAVIDOFF,	2001).
O inconsciente representa o agrupamento dos conteúdos não 
identificados no momento presente na consciência. É formado por 
conteúdos reprimidos, que não possuem entrada aos sistemas 
pré-consciente/consciente, pela atividade de censuras internas, 
que impedem o seu acesso. Esses conteúdos inconscientes podem 
ter sido conscientes, em algum momento, mas foram recalcados, 
ou seja, “migraram” para o inconsciente, ou ainda podem ser 
verdadeiramente inconscientes. O inconsciente é um sistema do 
aparelho psíquico, mantido por leis próprias de funcionamento. Ele 
é atemporal, ou seja, não possui as noções de passado e presente 
(DAVIDOFF, 2001).
NOTA
28
Com	o	efeito	do	recalque	que	atua	para	proteger	o	indivíduo	de	se	haver	com	uma	
lembrança	ou	pensamento	dolorosos,	esses	conteúdos	psíquicos	vão	para	o	inconsciente.	
Freud	 concebia,	 assim,	 o	 aparelho	 psíquico	 estruturado	 em	 três	 instâncias,	 conhecidos	
como	 primeira	 tópica:	 pré-consciente,	 consciente	 e	 inconsciente.	 Além	 disso,	 ele	 as	
localizava	com	as	suas	devidas	funções	em	nosso	psiquismo	(DAVIDOFF,	2001).
A	 descoberta	 do	 inconsciente	 e	 o	 mecanismo	 de	 funcionamento	 do	 aparelho	
psíquico	 freudiano	 resultaram	na	 estrutura	 primordial	 do	 entendimento	 das	 neuroses	 e	
promoveram	grandes	transformações	na	atividade	clínica.	O	objeto	da	Psicanálise	passou	a	
ser	desvendar	os	recalques	e	tentar	entender	a	razão	pela	qual	eles	se	erigiam,	para	que	o	
analisando	pudesse	dar	um	outro	destino	ao	seu	sofrimento	(DAVIDOFF,	2001).
29
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
•	 A	Psicologia	científica	emergiu	a	partir	do	momento	em	que,	seguindo	com	as	normas	 
da	ciência	do	século	XIX,	Wundt	priorizou	a	Psicologia	“sem	alma”.
•	 As	três	mais	relevantes	propostas	teóricas	da	Psicologia	do	século	XX	são	reconhecidas	
por	diversos	pesquisadores	como	sendo	o	Behaviorismo	ou	Teoria	(S-R),	a	Gestalt	e	a	
Psicanálise.
•	 O	 Behaviorismo,	 tomando	 o	 comportamento	 como	 objeto	 de	 estudo	 da	 Psicologia,	
emprestava	à	ciência	psicológica	a	solidez	que	os	psicólogos	do	período	precisavam	–	
um	objeto	que	fosse	observável,	mensurável,	cujos	experimentos	fossem	passíveis	de	
ser	reproduzidos	em	diversas	circunstâncias	e	sujeitos.
•	 A	 Gestalt,	 trabalhando	 com	 os	 fenômenos	 da	 percepção,	 conseguiu	 capturar	 as	
condições	para	o	entendimento	do	comportamento	humano.
•	 A	teoria	de	Carl	Rogers	–	que	apresentou	uma	grande	coletânea	de	conceitos	próprios	–	 
nasceu	 como	 uma	 terceira	 via	 entre	 os	 dois	 campos	 hegemônicos	 da	 psicologia	 por	 
volta	do	século	XX.
•	 Freud	 foi	 um	 pensador	 de	 vanguarda	 ao	 entender	 as	 “dinâmicas	 misteriosas”	 do	
psiquismo,	suas	“regiões	obscuras”,	ou	seja,	as	fantasias,	os	sonhos,	os	esquecimentos	 
e	a	interioridade	do	homem	como	questões	científicas.
RESUMO DO TÓPICO 2
30
AUTOATIVIDADE
1	 A	Psicologia,	quando	vinculada	à	Filosofia,	investigava	a	alma.	A	Psicologia	científica	
emergiu	 justamente	quando,	 seguindo	 as	 normativas	 para	 se	 constituir	 enquanto	
ciência	do	século	XIX,	Wundt	preconizou	a	Psicologia	sem	alma.	O	saber,	lido	como	
científico,	é	aquele	produzido	em	 laboratórios,	com	a	utilização	de	ferramentas	de	
observação	e	medição. Essa	Psicologia	Científica,	que	consistia	antes	de	três	escolas	
–	Associacionismo,	Estruturalismo	e	Funcionalismo	–,	foi	trocada,	no	século	XX,	por	
novas	abordagens. As	três	correntes	teóricas	da	Psicologia	mais	relevantes,	nesse	
século,	 são	 encaradas	 por	 diversos	 pesquisadores	 a	 partir	 de	 uma	 nomenclatura	
específica.	A	respeito	do	tema,	assinale	a	alternativa	CORRETA:
a)	 (			)	 Gestalt,	Humanista	e	Psicanálise.
b)	 (			)	 Behaviorismo	ou	Teoria	S-R	(de	estímulo-resposta),	Gestalt	e	Psicanálise.
c)	 (			)	 Psicanálise,	Centrada	na	Pessoa	e	Jungiana.
d)	 (			)	 Behaviorismo,	ou	Teoria	S-R	(de	estímulo-resposta),	Gestalt	e	Psicologia	Analítica.
2	 No	 artigo	O que é a psicologia?	 (1956),	 o	 pensador	 Georges	 Canguilhem	 realizou	
uma	das	críticas	mais	vorazes	às	tentativas	de	se	buscar	um	objeto	de	estudo	que	
unificasse	toda	a	Psicologia.	Assim,	propôs	tratar	a	Psicologia	no	plural	(Psicologias),	
para	abarcar	toda	a	sua	multiplicidade	de	objeto	de	estudo	e	teorias.	Nessa	direção,	
é	 necessário	 que	 cada	 profissional	 de	 Psicologia	 entenda	 que	 a	 sua	 formação	
deve	englobar	o	domínio	mínimo	das	diferentes	correntes	teóricas.	Com	base,	nas	
correntes	teóricas	da	Psicologia, analise	as	afirmativas	a	seguir:
I-	 O	estruturalismo	de	Titchener	trabalhou	a	diferença,	em	outro	momento,	realizada	
por	 William	 James,	 entre	 estruturalismo	 e	 funcionalismo.	 Na	 concepção	 do	
estruturalismo,	o	foco	se	destina	sobre	aquilo	que	“é”,	enquanto,	para	o	funcionalismo,	 
a	problemática	gira	entorno	do	“para	que”.
II-	 A	Psicologia	da	Gestalt	emergiu	como	uma	proposta	questionadora	à	concepção	
elementarista	em	Psicologia.	Na	concepção	da	Gestalt,	o	todo	é	sempre	mais	que	a	
simples	soma	das	partes.
III-	 Para	 o	 Behaviorismo	 de	 Watson,	 a	 Psicologia

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