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610 Elvino Barros, Helena M. T. Barros & Cols. em menor quantidade. A presença de um produto cálcio x fósforo maior do que 70 resulta em um maior risco de deposição de cálcio nos tecidos moles, o que diminui os níveis de cálcio sérico. A hipocalcemia também pode ocorrer na elevação rápida do fósforo sérico. No tratamento da hiperfosfatemia, deve-se tratar a causa específica, suspen- der eventual suplementação de fósforo (caso seja essa a causa) e reduzir a inges- tão proteica. Nos quadros de instalação aguda, é recomendada a hidratação pa- renteral e a hemodiálise em casos de insu- ficiência renal ou cardíaca. Na insuficiên- cia renal crônica, são utilizados os quelan- tes de fósforo, como carbonato de cálcio (0,7-1,4 g/dia), acetato de cálcio (1-2 g/ dia) ou sevelamer, durante as refeições proteicas, para diminuir sua absorção in- testinal. O sevelamer pode ser utilizado na dose de 800-1.200 mg/dia durante as refeições proteicas. O hidróxido de alu- mínio, antes amplamente utilizado, tem seu uso diminuído no cenário da insufi- ciência renal crônica devido ao risco de toxicidade. Esses fármacos são discutidos no Capítulo 38, ''Fármacos utilizados nos distúrbios do cálcio e do fósforo''. MAGNÉSIO O magnésio, segundo cátion intra- celular mais abundante após o potássio, é um cofator essencial na função de uma variedade de enzimas. Todas as enzimas que se utilizam de ATP requerem magné- sio para formação de substrato; a fosfori- lação oxidativa, a glicólise, a transcrição de DNA e a síntese de proteínas depen- dem, portanto, do magnésio. Aproximadamente SOO/o do magné- sio corporal se encontra no tecido ósseo e nos tecidos moles; o restante encontra- se no meio intracelular ( 450/o) e extrace- lular (5%). Considerando-se um nível sé- rico de magnésio total de 1,8-3,0 mg/dL, 300/o estão ligados à proteína e 700/o são filtrados pelo rim (SSo/o de magnésio livre e 150/o complexado com outros ânions). Normalmente, apenas 30/o do que é fil- trado aparece na urina e, portanto, 970/o são reabsorvidos pelos túbulos renais. O rim é o órgão que melhor regula o meta- bolismo do magnésio. Diferentemente do cálcio e do fósforo, o controle hormonal do magnésio parece ter pouca importân- cia fisiológica. HIPOMAGNESEMIA Este distúrbio hidreletrolítico, mais comum em pacientes hospitalizados (prin- cipalmente nos criticamente enfermos), é definido pela concentração plasmática de magnésio inferior a 1,5 mEq/L. O diabete melito é a causa mais co- mum, provavelmente secundária à gli- cosúria e à diurese osmótica dos estados cetoacidóticos. A hipomagnesemia é co- mum nos pacientes internados nas unida- des de cuidados intensivos, especialmente naqueles com sepse e recebendo altas do- ses de diuréticos. Os distúrbios eletrolíti- cas que frequentemente acompanham a hipomagnesemia são a hipocalcemia e a hipopotassemia. As principais manifestações clí- nicas da hipomagnesemia (Mg < 1,5 mEq/L) são semelhantes àquelas vistas no paciente com hipocalcemia, incluindo hiper-reflexia, espasmos, tetania, con- vulsões e sinais de Chvostek e Trousseau. Esses sinais e sintomas podem ocorrer na ausência de hipocalcemia grave. O quadro clínico deve orientar a for- ma de reposição de magnésio quando a sua deficiência estiver instalada: • Hipomagnesemia assintomática ou crô- nica: deve ser estimulada a dieta rica em magnésio e, se necessária, a suple- mentação de magnésio VO (300-600 mg/dia) (Tabs. 37.5 e 37.6).
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