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Antropologia

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Antropologia Cultural – Resumos 2ª Frequência
Lógica Epistemológica
A epistemologia é a disciplina que examina os problemas relativos ao significado da ciência, à sua estrutura e ao seu papel. Num sentido mais atual e restritivo, é a doutrina dos fundamentos e métodos do conhecimento científico. Esta tenta responder a questões como: O que é a ciência? O que pode ser considerado ciência?
Evolucionismo Sociocultural
O evolucionismo social defende que a mente humana possuí um funcionamento uniforme, o que condiciona a evolução das sociedades, que começam por serem primitivas e vão evoluindo ao longo do tempo até alcançarem um estágio de civilização. O evolucionismo social está subordinado à antropologia social, que considera a sociedade como um todo, ou seja, realiza uma análise através da observação tendo em conta a cultura, os hábitos, crenças, etc…
O evolucionismo cultural parte do princípio de que as diferenças entre os diversos povos representariam estágios de desenvolvimento distintos. Tais culturas poderiam ser hierarquizadas numa escala que identificaria a marcha do progresso da humanidade. No nível inferior dessa escala, estariam as formas culturais mais primitivas e na parte superior, as mais evoluídas: a capitalista ocidental cristã.
Lewis Morgan estabeleceu mais tarde três etapas sucessivas e graduais: 
1. Selvagismo: que por sua vez se dividia em inferior-médio (identificado pela pesca e o domínio do fogo) e superior (com domínio de armas como o arco e a flecha). 
2. Barbárie: no nível inferior somente com o domínio da cerâmica e a domesticação; no nível médio com a conquista da agricultura e o ferro no nível superior.
3. Civilização: etapa correspondente aos povos que desenvolveram o alfabeto fonético e que possuíam registos literários. 
O evolucionismo cultural não relaciona a existência de estágios evolutivos a uma datação precisa e única para todas as sociedades.
Exemplo: Os portugueses quando chegaram pela primeira vez ao Brasil, encontravam-se num estágio avançado de civilização em relação aos índios que lá habitavam, que estariam entre a fase de selvageria e barbárie. O que significa que apesar das sociedades terem obrigatoriamente de passar pelos três estágios de evolução, não têm, necessariamente, de passar por eles ao mesmo tempo.
Método de Pesquisa
O método utilizado pelos evolucionistas era o método comparativo. Os evolucionistas comparavam dados religiosos, de parentesco, linguagem, entre outros, que eram retirados das sociedades em contextos sociais para, posteriormente, atribuírem à sociedade da qual recolheram os dados um estágio específico.
Difusionismo Cultural
O difusionismo é uma corrente antropológica que procura explicar o desenvolvimento cultural através do processo de difusão de elementos culturais de uma cultura para outra, enfatizando a relativa raridade de novas invenções e a importância dos constantes empréstimos culturais na história da humanidade. Ou seja, segundo os difusionistas o homem originário teria vivido em pequenos grupos que, isolados com o tempo criaram ciclos culturais bem caracterizados, resultantes do confronto de diferentes grupos com diferentes meios.
O difusionismo é caracterizado pela sua anti unilinearidade, pois esta não admitia uma reta cultural constante e ascendente tal como defendida pelos evolucionistas. Assim, a cultura para o difusionismo era um conjunto de traços advindos de outras culturas precursoras com várias origens e histórias distintas, sendo por isso o empréstimo cultural um fator importante para a evolução cultural de uma sociedade. O difusionismo acreditava, por isso, que as diferenças e semelhanças culturais eram uma consequência da tendência humana para imitar e a absorver traços culturais, quase como se a humanidade possuísse uma “unidade psíquica", tal como defendia Adolf Bastian.
Dentro do difusionismo formaram-se três correntes principais:
· Escola britânica: defendia a difusão como sendo a única causa da expansão e dinâmica cultural, negando a teoria do paralelismo cultural defendida pelo evolucionismo. Esta considera a existência de uma difusão heliocêntrica, com apenas um centro cultural, no Egipto Antigo, desde o qual todos os traços culturais foram difundidos. 
Fundadores: Grafton Elliot Smith e William James Perry.
· Escola alemã: defendiam a existência de círculos culturais de difusão, que surgiram em determinados espaços e épocas, dos quais se difundiram os traços culturais. Na escola alemã acreditava-se que o progresso da difusão seria a via mais eficiente para o avanço da civilização e advoga-se a necessidade de fortalecer os contactos dos povos menos civilizados com os círculos culturais.
Fundadores: Father Wilhelm Schmidt e Fritz Graebener.
· Escola americana: o principal campo de estudo eram as culturas particulares, ou seja, centrava os seus estudos em pequenas comunidades culturais, como por exemplo, clãs, tribos, castas e outras formas primitivas de organização social, em vez de tentar estudá-las de forma ampla, pois acreditava-se que a cultura era demasiado complexa não permitindo que se realizasse um estudo histórico de carácter universal. A difusão não seria, para a escola americana, um processo linear e mecânico, esta advinha de uma elaboração complexa por parte dos povos que apreendiam certos traços culturais. Considerava ainda que, para a compreensão de uma dada cultura era importante conhecer a sua história, pois como os traços culturais possuem várias origens diferentes a sua compreensão seria condicionada, sendo assim necessário o conhecimento histórico de uma cultura para que se possa efetivamente conhecer a cultura em si.
Fundadores: Franz Boas.
Culturalismo norte-americano (Escola Cultura e Personalidade)
No período entre as duas guerras mundiais desenvolveu-se, fundamentalmente nos Estados Unidos, uma corrente culturalista em antropológica, cuja premissa básica era a de que uma dada cultura impõe um determinado modo de pensamento aos homens nela inseridos. A cultura condiciona o comportamento psicológico do indivíduo, a sua maneira de pensar, a forma como percebe a sua vizinhança e como extrai, acumula e organiza a informação daí proveniente. 
Franz Boas criticou com veemência os determinismos biológicos e geográficos, além da crença no evolucionismo cultural. Boas apontava que cada cultura é uma unidade integrada fruto de um desenvolvimento histórico peculiar. Enfatizou a independência dos fenômenos culturais com relação às condições geográficas e aos determinantes biológicos afirmando que a dinâmica da cultura está na interação entre os indivíduos e a sociedade. Ou seja, a sua ideia central era que a cultura devia ser vista como uma totalidade, um conjunto de elementos integrados, sendo por isso, a sua conceção cultura uma rejeição ao evolucionismo unilateral e difusionista, ou seja, ao pensamento que a cultura é um mosaico de traços advindos de outras culturas precursoras com várias origens e histórias. Em consequência, não adotava explicações de estágios ou fases culturais (evolucionista), assim como o conceito de raça. Procurava antes, leis de evolução das culturas e leis de funcionamento das sociedades através do método indutivo (ver, ouvir, falar e escrever) e intensivo de campo – Método de Pesquisa – tendo tomado como objeto de estudo as particularidades de cada cultura, já que acreditava na autonomia e singularidade das culturas (relativismo cultural). Para ele, a cultura manifestava-se pelos costumes e a esta determinava mais a organização social do que o meio ambiente em que uma dada sociedade estava inserida. Boas faz, então, parte da corrente relativista, pois defende a especificidade e a validade de qualquer sociedade e da sua cultura própria. Negou os juízos de valor e as comparações, pois acreditava que elas eram apenas reflexos de preconceitos baseados na autoimagem de um povo diante do seu oposto-legitimador, "o outro".
Alunos de Franz Boas
Ruth Benedict, realizados na década de 1930, sobre os índios pueblo do sudoeste dos Estados Unidos - os quais, apesar de imersosnum meio físico semelhante ao das etnias circunvizinhas, raciocinavam de forma muito diferente diante de problemas idênticos. Distinguiu dois tipos de culturas, entre os índios norte-americanos:
· Culturas de tipo Apolíneo: 
· conformistas, pacíficos e solidários;
· respeitadores para com os outros; 
· reservados na expressão dos seus sentimentos; 
· símbolo da lógica, da razão e da ordem; 
· destacavam-se pelo seu equilíbrio..
Exemplo: os índios Pueblo - os zunis.
· Culturas de tipo Dionisíaco:
· ambiciosos e individualistas;
· agressivos e violentos em determinadas ocasiões;
· excessivos em termos afetivos;
· símbolo da emoção e apreciação dos excessos e prazeres.
· Destacavam-se pelo êxtase 
Exemplo: índios das planícies – os Kwakiutl.
Margaret Mead, por sua vez, analisou principalmente a importância da educação na formação da personalidade adulta. De acordo com Margaret Mead existiriam 3 tipos de culturas:
· Culturas pós-figurativas: onde os filhos aprendem, em primeiro lugar, com os pais. O novo é uma continuação e repetição do velho, negando-se a mudança. Os velhos e os avôs têm muita importância. A mobilidade social é reduzida e o passado forma um continuo com o presente e o futuro. Cultura da família extensa.
· Culturas co-figurativas: quebram o sistema pós-figurativo. Os jovens rejeitam o modelo dos adultos e aprendem formas culturais inovadoras. Os adultos acabam por verificar que os seus métodos são insuficientes ou pouco adequados à formação do jovem e à sua integração na vida adulta. Os jovens conseguem a mobilidade social por si desejada; ignoram os padrões dos adultos ou são-lhes indiferentes. Cultura da família nuclear. Os velhos e os seus conhecimentos deixam de ser pensados como necessários.
· Cultura pré-figurativas: os adultos aprendem com os seus filhos. Nesta nova sociedade, só os jovens estão à vontade, pois dominam os progressos científicos. Em extremo, o adulto não tem descendentes e os filhos não têm antepassados. O futuro é agora e produz-se uma quebra entre uns e outros. O que interessava aos adultos já não interessa aos jovens. 
Antropologia Pós-Moderna
Na década de 80, o debate teórico na Antropologia ganhou novas dimensões. Muitas críticas a todas as escolas surgiram, questionando o método e as conceções antropológicas. No geral, este debate privilegiou algumas ideias: a primeira delas é que a realidade é sempre interpretada, ou seja, vista sob uma perspetiva subjetiva do autor, portanto a Antropologia seria uma interpretação de interpretações. Da crítica das retóricas de autoridade clássicas, fortemente influenciada pelos estudos de Foucault, surge a etnografia, ou seja, a análise antropológica da própria produção etnográfica. Contribuiu muito para esta discussão a formação de antropólogos nos países que então eram analisados apenas pelos grandes centros antropológicos.
A antropologia pós-moderna privilegia a discussão acerca do discurso antropológico, mediado pelos recursos retóricos presentes no modelo das etnografias. Politiza a relação observador-observado na pesquisa antropológica, questionando a utilização do "poder" do etnógrafo sobre o "nativo". Crítica os paradigmas teóricos e a "autoridade etnográfica" do antropólogo. A pergunta essencial é:'quem realmente fala em etnografia? O nativo? Ou o nativo visto pelo prisma do etnógrafo? A etnografia passa a ser desenvolvida como uma representação polifónica da polissemia cultural, e nela deveriam estar claramente presentes as vozes dos vários informantes. Assim, considera a cultura como um processo polissêmico (múltiplo), com diversas possibilidades de interpretação. 􀀇A etnografia é uma representação polifônica - em várias direções - da polissemia cultural, instrumento da crítica cultural: a cultura não tem compreensões únicas, unilaterais, unívocas e lineares.
Antropologia do Consumo
Definições de Consumo
· Mauss (1974)
As relações de trocas sociais são abordadas a partir de uma crítica às proposições utilitaristas do consumo, pois as relações de troca estariam longe de uma perspetiva predominantemente econômica e utilitária. A vida social não se constitui apenas na circulação de bens para a satisfação de necessidades físicas, mas também de que as trocas representam os calores sociais, a sociabilidade e o caráter simbólico destas relações. Os bens de consumo, neste contexto, são carregados da função de comunicação, os objetos possuem nome e qualidade de quem mantém relações, representados nos significados implícitos aos bens de consumo. Para Mauss (1974) as relações de troca ocorrem com base no que o autor denomina como sendo dádivas, onde as a circulação de bens e riqueza entre as partes envolvidas nesse fenômeno correspondem não somente a aspetos econômicos, mas também em honra, prestígio poder, correspondendo assim a um processo de troca de significados, onde a própria relação de troca simboliza aliança ou desacordo entre as partes envolvidas. Ao apresentar o conceito de fato social total como sendo fenômenos sociais onde se exprime toda a espécie de instituições, Mauss (1974) considera as trocas sociais como sendo fato social total, pois nessas relações o econômico, o utilitário, o simbólico, o subjetivo estão imbricados e representam a dinâmica social.
· Veblen (1983)
O autor aborda aspetos culturais influentes nas formas prevalentes das relações das trocas sociais, enfatizando o reconhecimento das diferenças e dos conflitos na sociedade que são representados e reproduzidos nas relações de com consumo. Na conceção de Veblen (1983), a expansão do consumo na sociedade ocidental não foi um processo resultante apenas da expansão da sociedade industrial, visão conservadora dos economistas de que a oferta dinamizaria a demanda. Porém, o autor destaca o papel desenvolvido pelos bens neste contexto, não apenas para saciar necessidades utilitaristas 3 individuais, mas de representação das relações e estruturas dos grupos na sociedade. O referido autor destaca questões socioeconómicas influenciadora nas questões relacionadas ao consumo, apresentando esse como fenômeno onde se constrói a estrutura das diferenças sociais, pois através dos bens consumidos se podem classificar pessoas, grupos e observar a estrutura social. Essa leitura de fenômeno do consumo não somente sob as bases utilitárias e individuais, mas no sentido do entendimento da coletividade, de um marcador de status e da dimensão simbólica cultural demonstrou ser uma das contribuições dos estudos de Veblen.
· Rocha (1985)
Sistema simbólico que articula coisas e seres humanos e, como tal, uma forma privilegiada de ler o mundo que nos cerca. Através dele a cultura expressa princípios, estilos de vida, ideais, categorias, identidades sociais e projetos coletivos. Para Rocha (2000; 1985) os bens de consumo são artefactos resultantes das atividades de produção humana utilizados como instrumentos para a reprodução, representação e manipulação das culturas.
· McCraken (2003)
Considera que a grande transformação do Ocidente, evidenciada na revolução industrial, não apresentou apenas uma mudança desenvolvida por novos modos de produção, mas também se constitui com uma face da revolução do consumo. O resultado destas mudanças não foi relacionado apenas em atitudes relacionadas a compras, mas também nos padrões culturais da sociedade. Alterações nos conceitos de tempo, espaço, sociedade, indivíduo, família e Estado foram influenciadas na medida em que [...] cultura e consumo começaram a compor sua atual relação de mutualidade profundamente complexa” Para o referido autor, o consumo é um artefato histórico resultante de profundas mudanças sociais, econômicas e culturais no Ocidente.
· Douglas e Isherwood (2006)
Para Douglas e Ishewoord (2006) as relações estabelecidas entre cultura e consumo assumem um papel de estruturação dos valores, identidades, relações sociais que congregam aspectos da cultura compartilhada e de diferentes grupos culturais. Neste sentido, os significados atribuídos aos bens estão relacionados a suprir necessidades simbólicas por,primeiramente, evidenciar e estabilizar categorias culturais e, segundo, por ser compreendido como um código de classificação do mundo que cerca a cada indivíduo e sua socialização. Estes significados, enquanto implícitos de aspectos culturais, se constituem como forma de comunicação social, na medida em que os bens mantêm relação com outros bens, formando um encadeamento de significantes que podem ser lidos e interpretados por aqueles que conhecem e decodificam os códigos construídos pelo consumo. Desse modo, os bens possuem significados na medida em que estão inseridos em um contexto cultural, pois como possuem a capacidade de comunicação na sociedade sua utilização não é neutra, possui finalidades que podem ser utilizadas tanto quanto forma de estabelecer pontes entre grupos e indivíduos, como pode ser instrumento de exclusão.
O Mundo Simbólico do Consumo – Visão Antropológica
A antropologia do consumo reconhece que as relações estabelecidas entre os indivíduos e os bens de consumo não possuem apenas características utilitárias ou imposições sociais extrínsecas aos indivíduos. Mas a existência de inúmeras particularidades individuais e culturais de determinado contexto social relacionadas às práticas de consumo, auxiliando na compreensão de que consumir também é um modo constituído de se comunicar e constituir significados em nossa sociedade. A compreensão do fenômeno do consumo possui então, um estreito relacionamento com a cultura. É através da conjunção da cultura e do consumo que se podem entender aspetos sociais contemporâneos como, por exemplo, categorias culturais de tempo, gênero, idade que são representadas na atualidade através de relações de consumo.
Em relação à adoção da compreensão do consumo na abordagem antropológica as principais implicações as pesquisas em marketing remetem ao entendimento de que a necessidade de bens pelos consumidores apresenta uma dimensão cultural, possui uma essência simbólica. Nesse sentido, a necessidade de bens é uma construção social pautada nas relações constituídas entre os indivíduos as quais suprem de significados e de sentido o mundo que os cerca, onde as relações de mercado, ou de consumo, estão incluídas nessa dinâmica. O consumo é compreendido nesse contexto como um sistema de códigos construídos pelos indivíduos pelo qual é possibilitado representar, reproduzir ou modificar a dinâmica do contexto social. Ou seja, o sistema de produção de bens precisa ser revestido de símbolos que constituem o sentido de utilização destes, onde ao constituir de significados este processo cria códigos que fazem nascer o consumo. Esses códigos são formas de classificação do mundo que cerca os indivíduos onde, portanto, além de incluir produtos, serviços e necessidade de consumo, inclui também as construções das identidades dos indivíduos e dos grupos sociais, representando significativamente nossas vidas. Nesse processo de construção social do consumo são reconhecidos também as descontinuidades e os conflitos que os consumidores possuem com empresas e com as próprias relações de mercado. Ao reconhecer significados culturais presentes nessa dinâmica se pode observar tanto aspetos de aceitação como de negação de um produto ou serviço, pois as relações dos consumidores com as organizações não apresentam apenas caráter harmonioso. 
“A Antropologia do Consumo enxerga a lógica cultural, aquela que possibilita que enxerguemos a lógica da vida social do consumo”
As possibilidades de pesquisas que a adoção das contribuições da antropologia do consumo e do sistema de produção simbólica de bens permite as pesquisas em marketing, ao captar os significados culturais implícitos nas relações de mercado e de consumo, são amplas e levam a refletir sobre o sentido que os bens e serviços representam na vida e nas relações sociais dos consumidores, bem como aos aspectos associados à decisão de aquisição ou não destes bens. No último caso, pode possibilitar a compreensão sobre conflitos e descontinuidades das relações dos consumidores com as organizações, bem como na sociedade como um todo.
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Tudo transforma o comportamento Humano…
· Sociedade diferente, com alterações aceleradas;
· Imensidão de novos fluxos migratórios;
· Difusionismo cultural (nunca nos deslocamos tanto);
· Mundo mais complexo e diversificado;
· Sociedade em rede; Cibercultura;
· Redução das barreiras linguísticas;
· Estilos de vida diversos e compartilhados;
· Globalização e Glocalização;
· Second Life (realidade mais aumentada, mais confusa, mais integrada...)
· Sociedade Pós-humana
Métodos de Pesquisa
· Método Histórico
Consiste em investigar eventos do passado, a fim de compreender os modos de vida do presente, que só podem ser explicados a partir da reconstrução da cultura e da observação das mudanças ocorridas ao longo do tempo. Nessa análise histórica, a cultura do homem é desvendada.
· Método Estatístico
Método muito empregado tanto no campo biológico, verificando as variabilidades das populações, quanto no campo cultural, levando diversificações dos aspetos culturais. Os dados, depois de coletados, são reduzidos a termos quantitativos, demonstrados nas tabelas, gráficos, quadros etc.
· Método Etnográfico (Trabalho de Campo – Observação Participante – “Insider-Believer”)
Refere-se à análise descritiva das sociedades humanas, principalmente das primitivas ou ágrafas e de pequena escala. Consiste no levantamento de todos os dados possíveis sobre sociedades ágrafas ou rurais e na sua descrição, com a finalidade de conhecer melhor o estilo de vida ou a cultura específica de determinados grupos.
· Método comparativo ou etnológico
Método amplamente utilizado tanto pelos antropólogos físicos quanto pelos culturais. O método comparativo permite verificar diferenças e semelhanças apresentadas pelo material coletado.
A antropologia física compara aspetos físicos, populações extintas, através dos fósseis ou grupos humanos existentes, analisando características anatômicas: cor da pele, do cabelo, dos olhos, índice cefálico, textura dos cabelos, grossura dos lábios etc.
O método comparativo, utilizado pelo antropólogo cultural, também chamado método etnológico, compara padrões, costumes, estilos de vida, culturas do passado e do presente, ágrafas ou letradas. Verifica diferenças e semelhanças a fim de obter melhor compreensão desses grupos.
· Método Monográfico
O etnógrafo estuda, em profundidade, determinado caso ou grupo humano, sob todos os seus aspetos. Este método permite a análise de instituições, de processos culturais e de todos os setores da cultura.
· Método Genealógico
Método da antropologia cultural que permite o estudo do parentesco com todas as suas implicações sociais: estrutura familiar, relacionamento de marido e mulher, pais e filhos e demais parentes; informações sobre o cotidiano, a vida cerimonial (nascimento, casamento, morte) etc. Através do levantamento genealógico, não apenas o pesquisador terá a confirmação dos dados já observados, mas também novas informações poderão vir à luz.
Método Funcionalista
Refere-se ao estudo das culh1ras sob o ponto de vista da função, ou seja, ressalta a funcionalidade de cada unidade da cultura no contexto cultural e global. Exemplo: averiguar as funções de usos e costumes de determinada culh1ra que levam a uma identidade cultural.
· Técnica de Observação
A observação é uma técnica de coleta em que o pesquisador se vale dos sentidos para a obtenção dos dados - ver e ouvir, principalmente.
· Técnica de Entrevista
Trata-se do contato direto, face a face, entre o pesquisador e o entrevistado, a fim de que o primeiro obtenha informações úteis a seu trabalho.
· Técnica com a utilização de formulário
Técnica de coleta semelhante ao questionário. Trata-se do levantamento de dados através de uma série organizada de perguntas escritas, cujas respostas deverão se dadas pelo entrevistado. 
No formulário, o pesquisador aplica o instrumento de pesquisa, ou seja, faz e preenche o rol de perguntas. No questionário, é o próprio entrevistado quem preencheo instrumento de investigação.

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