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SAÚDE MENTAL DA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA W B A 0 2 6 3 _ v 1 .0 Proposta de Resolução Autoria: Cláudia Capelini Picirilli Leitura crítica: Luiza Elena Casaburi Após atender Maria e Marlene, acolher a queixa da adolescente e o pedido de ajuda da mãe em relação aos demais adolescentes da escola, você teve de executar três tarefas. Vamos às suas resoluções. A primeira tarefa consistia em elaborar a primeira hipótese psicopatológica para apresentar o caso clínico em reunião de equipe. Para isso, você deveria embasar sua compreensão de acordo com os sinais e sintomas identificados. A hipótese diagnóstica que mais se encaixa na descrição dos sinais e sintomas é transtorno depressivo (ou transtorno depressivo maior, segundo o DSM-5) porque envolve: perda de rendimento escolar e desinteresse nas atividades acadêmicas (repetiu por excessivas faltas); desinteresse em atividades que antes lhe davam prazer (dança e jogar futebol), hipótese de hipersonia (precisa investigar quantas horas a adolescente dorme por dia); perda de apetite; episódio de automutilação e a tentativa de suicídio. Contudo, lembre-se de que o diagnóstico em saúde mental na infância e na adolescência é dinâmico e deve ser um norteador do cuidado, não um quadro fechado e imutável. Elaborar a primeira hipótese diagnóstica possibilitará a execução da segunda atividade que consiste em construir um projeto terapêutico que contemple os próximos passos no cuidado de Maria. Como você atendeu a mãe e a adolescente em uma primeira entrevista, para levantar a queixa e a história dos sintomas atuais, é importante agendar atendimento para a construção da anamnese. Entender a história infantil ofertará elementos para o cuidado. Uma parte importante dessa história já foi explicitada, que são as violências de gênero e o uso abusivo de álcool por parte do genitor. Com isso, foi possível identificar, também, que Maria foi vítima de pelo menos um tipo de violência: a psicológica, que envolve as constantes depreciações que o pai lhe dirigia. Chamar o genitor para um atendimento também pode ser uma estratégia importante de cuidado e de elaboração de uma rede de ajuda. Outro passo é elaborar o genograma, para entender melhor a história familiar, e o ecomapa para identificar a rede de ajuda externa, uma vez que o quadro de Maria requer atenção constante, especialmente por conta da tentativa de suicídio. Este é o começo do projeto terapêutico, que também é dinâmico na medida em que as histórias serão construídas e o vínculo começa a ser trabalhado. Depois, a partir de seu núcleo de trabalho, outras propostas terapêuticas serão desenhadas, especialmente em conjunto com Maria. Por fim, sua última tarefa envolveu a elaboração de uma estratégia de intervenção na escola focada na prevenção e na promoção de saúde dos demais adolescentes. Elaborar estratégias de intervenção na escola consiste em desenvolver uma ação intersetorial. Portanto, seria interessante convidar outros serviços para essa atividade, como os vinculados à Atenção Básica. Ao envolvê-los, você possibilita que a prevenção e a promoção de saúde sejam pensadas de forma ampla (e não apenas em uma intervenção pontual na escola), contemplando adolescentes do território que porventura se identifiquem com o exposto. Além disso, essas atividades na escola podem envolver palestras, rodas de conversas com os adolescentes e seus familiares, debates sobre filmes ou séries que tratam da temática, possibilitando que a palavra circule e que os jovens encontrem espaço de expressão para suas angústias, direcionando-os para o cuidado na rede de saúde, quer seja na Atenção Básica ou no CAPSij quando for o caso. Tais práticas são de suma importância, são chamadas de educação em saúde mental e preconizadas principalmente pelas políticas de atenção em saúde mental.
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