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Problemáticas no Meio Urbano APRESENTAÇÃO O planejamento urbano é um processo interdisciplinar, envolve profissionais de diferentes áreas, exigindo um envolvimento além de técnico, também social, econômico e político. O dimensionamento de um projeto urbano deverá estar sempre de acordo com o plano diretor do município, respeitando as estratégias de crescimento e desenvolvimento traçadas para a cidade em questão. Um planejamento deficiente ou obsoleto pode causar conflitos de toda ordem, por exemplo, pode provocar de problemas bioclimáticos até a falta de acessibilidade, excluindo uma parcela da sociedade. Nesta Unidade de Aprendizagem, você entenderá, especialmente, a questão da acessibilidade e inclusão. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Identificar os problemas e os conflitos urbanos.• Reconhecer o planejamento urbano, suas dimensões e variáveis.• Avaliar a necessidade de acessibilidade e inclusão nos projetos de arquitetura e urbanismo.• DESAFIO Leonardo construiu um estabelecimento comercial, um café, há muitos anos. Na época, não se atentou em criar uma acessibilidade adequada aos portadores de deficiências: no acesso para a entrada, construiu apenas uma escada. Recentemente, foi notificado pela fiscalização do órgão municipal, que exigiu adequação do acesso conforme a legislação vigente. Para isso, foi ao seu escritório de arquitetura para pedir ajuda: como realizar o projeto com as medidas adequadas da rampa e tratar dos assuntos referentes a isso? No local, você pode constatar a altura dos espelhos em 17,5 cm cada. Com base nessa medida, calcule o comprimento da rampa com a inclinação mínima adequada às normas atuais. INFOGRÁFICO A acessibilidade e a inclusão são questões cruciais quando se trata de problemáticas no meio urbano, pois sabemos que o Brasil está longe de se apresentar como exemplo de construções nesse formato. Entenda como muitas situações dificultam a vida de quem tem alguma deficiência por conta do despreparo das cidades e dos empreendimentos. CONTEÚDO DO LIVRO As problemáticas do meio urbano são compreensíveis na medida em que se conhece como funciona o planejamento e o projeto urbano em vários sentidos ou áreas. O livro Manual do arquiteto: planejamento, dimensionamento e projeto é a base teórica desta Unidade de Aprendizagem. Nele, o Capítulo 6 trata de Planejamento e desenho urbano, e o Capítulo 38 fala a respeito de Acessibilidade e inclusão. A seguir, você encontra trechos selecionados para a sua leitura. Boa leitura. DESAFIO: Conforme a norma brasileira ABNT 9050 - Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos, a inclinação de um piso em menos de 5 % não se caracteriza em uma rampa. A partir de 5 %, considera-se uma rampa; para as com inclinação maiores do que 6 %, é necessário dividi-la e criar área de descanso. O máximo ideal seria 8,33 %, podendo ter uma inclinação maior em alguns casos, chegando a 12,5 %. O que se pede é a elaboração da rampa para 4 degraus com 17,5 cm de altura (espelho) cada, ou seja, no total 0,70 m, com a inclinação mínima para rampa = 5 %. Usando a fórmula: Inclinação = altura x 100/comprimento que está na norma temos o comprimento da rampa de 14 m com 5 % de inclinação. IMAGEM 1 TERCEIRA EDIÇÃO MANUAL DO ARQUITETO PLANEJAMENTO, DIMENSIONAMENTO E PROJETO DAVID LITTLEFIELD M ANUAL DO ARQUITETO PLANEJAM ENTO, DIM ENSIONAM ENTO E PROJETO TERCEIRA EDIÇÃO ARQUITETURA/CONSTRUÇÃO Fruto de um trabalho considerável por parte de um grande número de arquitetos, engenheiros e acadêmicos, Manual do Arquiteto apresenta os princípios e dados dimensionais para o projeto de arquitetura das mais variadas tipologias de edifi cação. Esta terceira edição está completamente atualizada e inclui mudanças recentes em regulamentação e prática, como a crescente ênfase nas questões ambientais, de forma a atender às necessidades de estudantes e profi ssionais de arquitetura, urbanismo, engenharia civil e construção. Um guia completo, Manual do Arquiteto aborda os principais tipos de edifi cações, como aeroportos, hospitais, escolas, equipamentos industriais e esportivos, templos religiosos, bibliotecas, museus, hotéis e restaurantes. Para todos os casos, são fornecidos os requisitos básicos para os estudos preliminares do projeto de arquitetura, além de informações sobre planejamento e projetos complementares. Também são tratados aspectos como materiais, acústica, iluminação e espaços necessários para circulação e equipamentos. Entre os diferenciais que fazem desta uma obra única no mercado brasileiro estão capítulos que tratam dos seguintes temas: • A administração do escritório de arquitetura • Custo de capital e custo de vida útil das edifi cações • Planejamento e desenho urbano • Acessibilidade e inclusão • Terminais de transporte e pontos de conexão • Estúdios de gravação de som e imagem • Projeto de arquitetura em zonas tropicais • Instalações prediais • Materiais de construção DAVID LITTLEFIELD TERCEIRA EDIÇÃO 95379 Manual do Arquiteto.indd 1 28/3/2011 10:45:58 L778m Littlefield, David. Manual do arquiteto [recurso eletrônico]: planejamento, dimensionamento e projeto / David Littlefield ; tradução: Alexandre Salvaterra ; revisão técnica: James Miyamoto, Silvio Dias, José Barki. – Dados eletrônicos. – Porto Alegre : Bookman, 2011. Editado também como livro impresso em 2011 ISBN 978-85-7780-558-7 1. Arquitetura. 2. Arquitetura – manual. I. Título. CDU 72(035) Catalogação na publicação: Ana Paula M. Magnus – CRB 10/2052 Planejamento e desenho urbano 6 Stuart Foley Urbio Masterplanning and Urban Design PONTO-CHAVE: • O trabalho de equipe é fundamental para o processo de plane- jamento, exigindo diferentes perspectivas profissionais Conteúdos: 1 Introdução 2 Tipologias de planejamento e desenho urbano 3 Princípios de planejamento e desenho urbano 4 Equipes de consultores 5 Processos e atividades 6 Planejamento e projeto urbano 7 Panorama 8 Referências bibliográficas 1 INTRODUÇÃO O planejamento urbano é o processo pelo qual o uso fundiário existente e proposto para um determinado sítio é considerado em termos de meio ambiente e questões econômicas, sociais, políticas e técnicas. O urbanista é o profissional envolvido com esses cin- co princípios, que busca direcionar a origem de uma estratégia de planejamento para um sítio que reúna os resultados desse processo colaborativo. O planejamento urbano, em geral, é apresentado em diversos documentos – tanto por escrito como por desenhos e ima- gens – e sugere a melhor maneira de aplicar determinada estratégia de planejamento de sítio a um sítio específico. Este capítulo se concentra nos planos diretores de projetos grandes ou complexos. Serão analisadas algumas questões que geralmente precisam ser consideradas pelos projetistas (arquite- tos, arquitetos paisagistas e urbanistas) que fazem parte da equipe principal. 2 TIPOLOGIAS DE PLANEJAMENTO E DESENHO URBANO 2.01 Exercícios de planejamento são realizados em contextos urba- nos, suburbanos e rurais. O planejamento urbano pode ser neces- sário para diferentes tipos de empreendimento (Tabela 1), com escalas distintas, para fins distintos – e todas variam individual- mente. O alcance e o nível das informações utilizadas para gerar uma proposta de planejamento urbano deverão ser adequados ao seu fim. 2.02 Planejamento e desenho urbano para comercialização: loteamentos O planejamento busca elevar o perfil de um projeto em potencial, principalmente para atrair financiamento. Ele pretende mostrar as oportunidades de negócios imobiliários para os investidores em potencial. O planejamento urbano exibe detalhes amplos e busca identificar uma visão para o projeto. A investigação de alguns as- pectos importantes será considerada, embora, por questão de prati- cidade, não cubra todo o sítio. Potencialmente, muitosaspectos das propostas serão revisados em estágios mais avançados. A documen- tação do planejamento geralmente cobre alguns dos seguintes itens, ou mesmo todos eles: • Descrição do projeto. Diagramas conceituais e desenhos da proposta, informações gerais sobre exigências ambientais, de transporte e infraestrutura, uso fundiário e etapas do projeto. • Informações sobre o mercado. Dados regionais e locais, e des- crição das aspirações do projeto. • Plano de negócios estratégico. Inclui tudo o que foi realizado até o momento, futuras estratégias de desenvolvimento e um programa ou cronograma do projeto. Tabela I Tipos de projeto TIPO EXEMPLOS Residencial Habitação. Varejo Centros de varejo e shoppings. Comercial Centros de negócios e conjuntos de escritórios. Cívico Parques e praças públicas. Saúde Conjuntos hospitalares e centros de saúde. Educação Escolas, universidades e centros de treinamento. Industrial Pesquisa e produção de equipamentos. Transporte Terminais aéreos, marítimos e ferroviários. Lazer Resorts em praias, parques de aventura e resorts para esquiação, por exemplo, Figuras 6.1 e 6.2 Misto Cidades novas, ampliações e renovações urbanas. Littlefield_06.indd 93 28/02/11 16:52 94 Manual do Arquiteto: Planejamento, Dimensionamento e Projeto • Aspectos econômicos do projeto. Inclui informações primárias sobre o retorno dos investimentos, oportunidades de empre- endimento dentro da proposta e dos pressupostos de custo do projeto. • Perfil da companhia. Informações sobre os responsáveis pelo gerenciamento, equipe de projeto e contatos particulares do escritório. • Programas de necessidades preliminares do empreendimento. Arrolamento de equipamentos, números de unidades e áreas, e detalhes de capacidade. Embora não seja uma regra, esses projetos geralmente são propostos para áreas virgens, que podem ser preparadas para qual- quer tipo de projeto (Tabela 1). Será evidente, desde o início, qual tipo de empreendimento é proposto para o sítio. Com frequência, a documentação é objetiva e de alto impacto. Exemplos de projetos podem incluir o planejamento urbano de conjuntos habitacionais exclusivos (6.1 e 6.2), campos de golfe, parques temáticos e resorts de lazer. 2.03 Planejamento e gerenciamento prévios O planejamento sempre se preocupa com o futuro; contudo, essa tipologia se concentra principalmente em objetivos estratégicos, metas de governo e de grandes organizações. Existem diversas escalas de operação para esse tipo de plane- jamento relacionado a um sítio. Projetos pequenos e complexos também podem exigir planejamento. Em grande escala, o planeja- mento pode considerar o futuro desenvolvimento de toda uma área urbana; nessas circunstâncias, geralmente são chamados de estru- turas estratégicas. Grandes instituições e corporações internacionais exigem um planejamento prévio para um empreendimento que envolva o uso fundiário. Os portfólios de grandes propriedades geralmente con- troladas por esses grupos requerem, periodicamente, a análise de grandes projetos de construção e de objetivos futuros de investi- mento, exigindo, assim, o planejamento urbano. No Reino Unido, os projetos de planejamento ou planos di- retores urbanos são preparados como documentos complementa- res aos projetos de planejamento e utilizados pelo governo local como diretrizes de desenvolvimento Local Development Fra- mework (Diretrizes de Desenvolvimento Municipal). Os dados são colhidos em nome de um proprietário de terras ou empreen- dedor, trabalhando lado a lado com as autoridades municipais de planejamento. Eles são anexados a uma Local Development Framework para indicar, futuramente, quais formas gerais de empreendimento ou uso serão consideradas aceitáveis em deter- minado local. Todas as variedades mostram um amplo nível de detalhes para todo o sítio, e se apoiam em pesquisas e levantamento de dados. Elas buscam identificar e racionalizar as várias questões estruturais que serão levantadas por um empreendimento em etapas posterio- res. Devido ao envolvimento de grandes áreas com novos usos em potencial, o verdadeiro processo incluirá, em alguns casos, o esta- belecimento de usos finais em potencial. 2.04 Concursos de planejamento e desenho urbano Concursos de desenho urbano podem ser preparados caso haja disponibilidade suficiente de informações básicas. Eles geralmen- te são úteis para projetos internacionais de grande porte e outras situações nas quais as ideias e a qualidade do projeto são particu- larmente importantes. A realização de concursos oferece ideias va- liosas para o cliente. O processo de seleção pode incluir entrevistas perante um júri técnico para os finalistas. Nesse caso, um grupo de clientes pode examinar outros fatores além do talento para desen- volver o projeto. É também o momento de esclarecer a metodologia de projeto e experiências prévias de projeto. 2.05 Planejamento para projetos e construções Os projetos urbanos geralmente surgem a partir de trabalhos ini- ciais preparados como parte de um projeto específico; ocasional- mente, são desenvolvidos no decorrer das tipologias explicadas anteriormente. O tipo de empreendimento será entendido com fa- cilidade, embora possa ser aperfeiçoado. O projeto pode cobrir um único sítio, dependendo do tamanho do mesmo. Ocasionalmente, ele cobrirá zonas de projetos de estruturas estratégicas em grande escala ou, talvez, um componente da etapa proposta de um proje- to estratégico. A planta de um projeto de desenvolvimento urbano identificará a implantação e cobrirá detalhes consideráveis para o sítio inteiro, se comparada a todas as outras tipologias de projeto. Na maioria dos casos, as informações necessárias para a obtenção de permissões e licenças para construir são apresentadas, exigindo documentação completa. 3 PRINCÍPIOS DE PLANEJAMENTO E DESENHO URBANO 3.01 Um planejamento eficiente deve estabelecer os meios que serão uti- lizados para a criação de locais agradáveis para habitação, trabalho e recreação. A criação de tal entorno é um ato interdisciplinar, obti- do através da cooperação entre clientes, profissionais, comunidades e usuários. Um planejamento bem-sucedido pode ser comparado, de certa forma, a um ecossistema, onde elementos aparentemente inde- pendentes se combinam para determinar as condições que permitirão o desenvolvimento da vida e de atividades sustentáveis. A ecologia é o ramo da biologia que trata da relação dos organismos entre si e com seu entorno físico. Ao contrário do que ocorre no mundo natural, criar ambientes para atividades humanas depende de outras variáveis além das físicas. O processo de planejamento exige que consideremos questões ambientais e tecnológicas, ou “visíveis (hard information)”, além de questões econômicas, sociais e políticas, ou “invisíveis (soft information)”. Juntas, essas questões destacam cinco postulados tec- tônicos, os quais são a “ecologia” do processo de planejamento (Tabe- la II). Para que o planejamento tenha substância, essa “ecologia” deve ser considerada holística. Da mesma forma, a ecologia de um habitat natural exige que os elementos complementares estejam em ordem, para que possam se estabelecer e prosperar. Dentre os cinco postulados, o meio ambiente é o mais relevan- te para as disciplinas de projeto. Todavia, o impacto uniforme dos cinco postulados em um planejamento urbano viável é vital. Cada postulado se distinguirá em determinado momento, ao longo de vá- rias etapas, no decorrer de um projeto. 4 EQUIPES DE CONSULTORES 4.01 Documentação para a elaboração do plano espacial Desenvolver uma estratégia para alterar o uso fundiário é o principal objetivo do processo de planejamento urbano. Há uma imagem que ilustra perfeitamente o resultado desse esforço: a planta espacial ou o projeto urbano espacial, que é preparado – invariavelmente e com diversas iterações – pelos projetistas (arquitetos, arquitetos paisagis- tas e urbanistas) da equipe principal. 4.02 Composiçãoda equipe de projeto O envolvimento de projetistas de diferentes áreas gera muito mais do que uma bela imagem final. Quando o planejamento e a engenharia se unem em um projeto espacial, surge a oportunidade de uma discus- são mais complexa. O trabalho dos projetistas deve acrescentar subs- tância à esfera ambígua do planejamento e do valor estético, à base sistêmica da engenharia por meio de uma síntese entre as disciplinas. Os planejadores urbanos geralmente adquiriram experiência de proje- to trabalhando como arquitetos, arquitetos paisagistas ou urbanistas. Littlefield_06.indd 94 12/01/11 14:21 6 Planejamento e desenho urbano 95 4.03 O planejador Para determinados projetos, deverá ser formada uma grande equipe de consultores, todos preparados para contribuir com a experiência adquirida em sua própria disciplina (Tabela III). A lista de consul- tores irá variar de acordo com cada projeto, de acordo com a de- manda “Visível” e “Invisível” do projeto em questão. O planejador é responsável pela principal equipe de consultores – e, portanto, da direção do projeto. O conhecimento de projeto será obtido pela principal equipe de consultores. Ao desempenhar esse papel funda- mental, o planejador terá condições de direcionar a equipe principal e interagir com o cliente em relação ao progresso do projeto. Ao lidar com o cliente, o planejador será responsável por resumir e interpretar o volume de informações detalhadas consideradas pela equipe principal. 4.04 Projetos menores Em projetos menores, o planejador pode assumir múltiplas respon- sabilidades: por exemplo, planejador urbano, arquiteto, urbanista e gerente de projeto, pois sua experiência pessoal geralmente o capa- cita para tanto. Nem sempre será necessário ou financeiramente vi- ável contratar a lista completa de consultores (Tabela III) em todos os projetos de planejamento urbano. 4.05 Áreas de atuação dos consultores Projetos de planejamento urbano variam muito, apesar da diversi- dade das áreas de atuação dos consultores (Projeto Espacial, Con- servação e Proteção, Engenharia, Despesas, Legislação, Organiza- ção e Consultoria Pública) e tendem a ser consistentes (Tabela IV). 6.1 Tipologias de planejamento urbano: comercialização. Estratégia de projeto de resort em ilha, ilustrada com temas que tratam da melhoria e da proteção do capital natural local (Resort Vilingili Addu Attol. Ilhas Maldivas.). Littlefield_06.indd 95 12/01/11 14:21 96 Manual do Arquiteto: Planejamento, Dimensionamento e Projeto Para auxiliar o planejador e a organização da equipe principal com instruções específicas, profissionais experientes de cada grupo de consultores podem ser encarregados de cada área de atuação. Os tópicos contidos na Tabela IV facilitam a identificação das sube- quipes e ajudam a comunicação interdisciplinar ao longo dos está- gios seguintes. As várias especialidades que compõem uma área de atuação às vezes obrigam à terceirização. Essa divisão também é útil se considerarmos a estrutura das reuniões e seus participantes. A duração de um projeto de plane- jamento urbano pode durar apenas um ano, mas também pode se estender por vários. As divisões em áreas de atuação específica ajudam no caso de membros abandonarem a equipe, associando-se os especialistas a áreas profissionais específicas e, consequentemente, facilitando a continuação durante períodos de troca de profissionais. 4.06 Áreas de atuação em equipes de projeto menores Equipes de projetos menores geralmente são estruturadas para dividir a responsabilidade entre áreas de atuação múltiplas, a se- rem desempenhadas na medida em que a experiência permitir; por exemplo, Projeto Espacial e Organização ou Planejamento e 6.2 Tipologias de planejamento urbano: comercialização. Estratégia de projeto de resort em ilha, ilustrada com temas que tratam da melhoria e da proteção do capital natural local (Resort Vilingili Addu Attol. Ilhas Maldivas.). Littlefield_06.indd 96 12/01/11 14:21 6 Planejamento e desenho urbano 97 Consultoria Pública. É preciso ser prudente em tais circunstâncias, pois a carga de trabalho costuma ser pequena no início, mas tende a crescer substancialmente no decorrer do projeto. Em primeiro lugar, isso acontece porque uma característica do processo são as descobertas, um atributo que, evidentemente, faz com que a carga de trabalho seja incerta. Os problemas se revelam inesperadamen- te, exigindo atenção ao projeto e envolvimento com o mesmo. As tarefas podem se mostrar impossíveis de administrar, e a dispo- nibilidade de profissionais importantes pode ser problemática, invariavelmente causando dificuldades quando o tempo é curto. Se não houver um planejamento prévio, aumentar a equipe para redistribuir as responsabilidades reduzirá a qualidade do trabalho e atrasará o cronograma do projeto. Por outro lado, a redução da equipe aumentará, invariavelmente, a responsabilidade individual de um membro da equipe, ou mesmo de todos. Isso também afeta negativamente a qualidade e o cronograma, a menos que haja um planejamento adequado. 4.07 Comunicação interdisciplinar Há uma sobreposição significativa entre o raciocínio desenvolvi- do por cada consultor individual e entre as áreas de atuação que compõem a equipe principal. É fundamental proporcionar oportu- nidades para a comunicação interdisciplinar entre os membros da equipe principal como um grupo; dessa forma, as áreas de interesse semelhantes podem receber informações. Os consultores podem trocar opiniões entre si, discutindo e chegando a um consenso antes de tomar decisões. É importante que os consultores se reúnam re- gularmente, para que sejam estimulados a discutir as ideias iniciais e registrar as informações obtidas. Durante as reuniões das equipes de consultores, não é aconselhável utilizar técnicas de apresentação gráfica: elas levam um tempo considerável para serem preparadas e reforçam o ponto de vista de que as coisas são fixas. Alterar esses trabalhos costuma ser difícil e trabalhoso e, com honorários baixos e prazos exíguos, sempre prejudica a comunicação interpessoal. É preferível utilizar apresentações gráficas em reuniões com os clien- tes, onde é provável que haja mudanças trabalhosas e alterações a esses documentos formais. Sempre que possível, deve-se abrir espaço para comunicação interdisciplinar entre os membros da equipe principal. 5 PROCESSOS E ATIVIDADES 5.01 Evolução do projeto O planejamento e o desenho urbano estão inerentemente sujeitos a mudanças, pois as variantes que contribuem para o processo são muitas. Se não o considerarmos um processo “vivo”, as mudanças que ocorrem no decorrer do projeto serão consideradas um estorvo, quando, na verdade, são estágios importantes do desenvolvimento do trabalho. Equipes de projeto experientes buscam, constantemen- te, identificar problemas que poderão alterar o esforço de projeto tanto negativa como positivamente. Quaisquer efeitos contrários na carga de trabalho – e na força do processo – podem ser reduzidos se os problemas forem relatados desde o início. Com frequência, os clientes estarão presos a cronogramas um tanto rigorosos; ainda assim, não se deve ignorar o impacto de questões imprevistas – por exemplo, janelas sazonais em estudos ambientais (Tabela V). Se um planejamento urbano for estruturado em torno de informações incompletas ou incorretas, a credibilidade do mesmo será afetada. Consequentemente, a imagem da equipe pode ficar negativa, preju- dicando a implementação. Tabela II Cinco postulados tectônicos VISÍVEIS 1. Ambiental 2. Tecnológico INVISÍVEIS 3. Econômico 4. Político 5. Social Tabela III Equipe de consultores POSTULADO CONSULTOR VISÍVEIS Meio ambiente Arquiteto Arquiteto paisagista Urbanista Consultor ambiental Consultor ecológico Arqueólogo Tecnológico Engenheiro de transportes Engenheiro de instalações Engenheiro civil e de estruturas INVISÍVEIS Econômico Orçamentista Corretor de imóveis Político Planejadorurbano e regional Gerente de projeto Social Assessor de imprensa Tabela IV Áreas de atuação em um projeto CONSULTOR ÁREA DE ATUAÇÃO Arquiteto Arquiteto paisagista Urbanista Consultor ambiental Consultor ecológico Arqueólogo Projeto espacial Conservação e proteção Engenheiro de transportes Engenheiro de instalações Engenheiro civil e de estruturas Movimentação Serviços e esgoto Engenharia Orçamentista Corretor de imóveis Custos Planejamento urbano e regional Gerente de projeto Planejamento Organização Assessoria de imprensa Representante dos envolvidos (clientes, usuários, etc.) Littlefield_06.indd 97 12/01/11 14:21 98 Manual do Arquiteto: Planejamento, Dimensionamento e Projeto 5.02 Material de apoio Na maioria dos casos, o processo de planejamento urbano envolve todo o material de apoio já coletado e considerado para o sítio em questão. O planejador urbano ocupa uma posição que o permite direcionar esses resultados, e é importante que ele realize uma abordagem flexível e encare as questões de forma não definiti- va, uma vez que as metas iniciais talvez tenham de ser alteradas na medida em que o nível de conhecimento a respeito do projeto aumente. 5.03 Fases do processo de desenvolvimento O processo se divide em três fases básicas: Planejamento, Projeto e Execução. Os projetistas são os profissionais mais ativos nas duas primeiras fases, mas continuam a atuar na seguinte com o planeja- dor e demais membros da equipe principal. Consultores de todas as áreas de atuação devem contribuir antes e depois do período em que forem mais ativos. No decorrer do projeto, opiniões e ideias devem ser testadas regularmente à medida que as decisões forem tomadas. 5.04 Fase de planejamento Esta fase determina o contexto estratégico do projeto, recolhendo informações relacionadas aos cinco postulados (Tabela II) – am- biental, tecnológico, econômico, político e social. No início, quan- do começar a avaliação do sítio, os projetistas se envolverão prin- cipalmente com as questões ambientais e tecnológicas. Durante a realização desse trabalho, é preciso continuar a análise de programa dos outros três postulados. Para os projetistas da equipe principal, o último estágio da fase de Planejamento geralmente consiste em reunir e organizar todas as informações de referência em um programa de necessidades do plano diretor. O programa irá definir as necessidades, determinar as metas iniciais e estabelecer a estrutura que orientará a prepa- ração do plano geral durante a fase seguinte. A equipe de projeto frequentemente racionaliza essas informações por meio de textos e gráficos, e organiza todo o trabalho em apenas um documento, em nome de todos os consultores da equipe principal. Durante essa fase, é preciso resistir ao julgamento de valores, uma vez que o mesmo geralmente pressupõe um conhecimento que ainda não foi qualificado. Devem-se relatar fatos e observações, além de anotar ideias (para incorporá-las mais tarde no Memorial Descritivo do Projeto) separadamente, para uso posterior na fase de Projeto. 5.05 Apresentação para o cliente Depois de concluído, o documento será apresentado ao cliente para avaliação. Os detalhes do programa estarão sujeitos a alterações: levantamentos podem estar à espera de autorização, por exemplo, ou ainda incompletos. Informações negligenciadas podem apare- cer e originar novos problemas. Essas novas informações devem ser incorporadas ao programa assim que possível. Espera-se que o programa tenha uma natureza mutável, e o cliente deve estar ciente desse fato e de suas causas. 5.06 Áreas de trabalho para planejadores e urbanistas 1. Identifique as metas e os objetivos iniciais do projeto: a. Apresente-os em um documento. i. Reúna detalhadamente as questões levantadas em conver- sas com o cliente, com participação da equipe principal. 2. Produza o programa de necessidades do plano diretor: a. Recolha e analise informações disponíveis. i. Esses são estudos feitos em escritório, que dispensam uma visita ao sítio (Tabela VI). Realizar tais estudos an- tes de visitar o sítio ajudará a criar um mapa mental da área projetada. b. Análise no local e estudos terceirizados: i. Este trabalho garante informações atualizadas. Os con- sultores farão levantamentos de campo e realizarão aná- lises variadas (Tabela VII). É particularmente importante estudar os limites e a capacidade do sítio para fundação, transporte e instalações. c. Retrate a visão do projeto: i. Declare as aspirações e elabore-as com imagens em um documento de consulta. d. Reúna os dados e apresente o programa de necessidades do plano geral: i. Apresente os primeiros documentos para análise. Os ca- pítulos podem incluir Visão do Projeto, Meio Ambiente, Paisagem, Fechamento da Edificação, Transporte, Insta- lações e Planejamento. O capítulo final pode sumarizar as ideias iniciais. 3. Continue a análise do programa: a. Aspectos econômicos. Analise o plano de negócio inicial. b. Aspectos sociais. Identifique os principais envolvidos. Re- vise as estratégias de consulta e comunicação. c. Aspectos políticos. Considere as questões de execução do projeto. Tabela V Levantamento de dados sobre o habitat – períodos mais indicados no Reino Unido JAN FEV MAR ABR MAIO JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ TEXUGO MORCEGOS PÁSSAROS – REPRODUÇÃO PÁSSAROS – MIGRAÇÃO DE INVERNO CAMARÃO DE ÁGUA DOCE RATO SILVESTRE SALAMANDRA DE CRISTA GRANDE RÉPTEIS DADOS COLHIDOS SOBRE A VEGETAÇÃO RATÃO-D’ÁGUA Littlefield_06.indd 98 12/01/11 14:21 Acessibilidade e inclusão 38 Neil Smith e David Dropkin Consultores seniores para acessibilidade, Buro Happold Ltd., Londres PONTOS-CHAVE: • É preciso considerar as necessidades de todos os portadores de necessidades especiais e não apenas dos cadeirantes, que representam uma pequena porcentagem dentro de um grupo tão diversificado de pessoas • Em alguns momentos ao longo da vida, as pessoas podem pre- cisar dos mesmos equipamentos projetados para portadores de necessidades especiais; a flexibilidade é fundamental Conteúdo 1 Projeto inclusivo 2 Pessoas 3 Equipamentos de locomoção 4 Alcance das mãos 5 Distâncias de percurso 6 Toaletes 1 PROJETO INCLUSIVO 1.01 Princípios de projeto Um projeto de qualidade reflete a natureza diversificada das pes- soas e não impõe nenhum tipo de barreira. O projeto inclusivo ga- rante acesso para todos, incluindo portadores de necessidades espe- ciais, idosos e famílias com crianças pequenas. Os Principles of Inclusive Design (Princípios do Projeto Inclusivo – CABE) estimulam o projeto inclusivo de alta qualidade no ambiente construído. Ao incorporar esses princípios, os projetos se tornam: • Inclusivos – todos usam com segurança, com facilidade e com dignidade. • Responsivos – levam em consideração aquilo que as pessoas dizem que desejam e precisam. • Flexíveis – utilizados por diferentes pessoas de diferentes ma- neiras. • Convenientes – todos conseguem usar sem fazer muito esforço e sem distinção. • Acolhedores – para todos, independentemente da idade, do sexo, da mobilidade, da etnia ou das circunstâncias. • Receptivos – sem barreiras intransponíveis que possam excluir algumas pessoas. • Realistas – reconhecem que uma única solução talvez não fun- cione para todos e oferecem soluções adicionais conforme o necessário. 1.02 Processo do projeto Para a criação de ambientes inclusivos, é preciso integrar os princí- pios do projeto inclusivo ao processo de elaboração do projeto des- de os estágios iniciais. Para elaborar ambientes que todos possam usar com facilidade, é preciso considerar outros fatores além dos físicos. Eles incluem as placas e mapas de orientação, a iluminação, o contraste visual, os controles, as portas e os materiais. O projeto inclusivo depende tanto do processo de elaboração do projeto quanto do produto final, vinculando a experiência do usuá- rio com a experiência profissional e as práticas de gestão. O proces- so seinicia na concepção e passa pelo planejamento, o projeto dos detalhes, a construção, a ocupação, a administração e a operação. O objetivo de criar ambientes estéticos e funcionais que pos- sam ser utilizados igualmente por todos – independentemente da idade, do sexo, das crenças ou das necessidades – exige um proces- so de projeto criativo e inclusivo que busque acomodar uma ampla variedade de usuários. O seguimento das provisões mínimas das normas da cons- trução ou das diretrizes de melhor prática não resultará, por si só, em projetos inclusivos. Para tanto, é necessário o envolvimento da equipe de projeto, do cliente e da comunidade. 2 PESSOAS 2.01 Portadores de necessidades especiais A lei sobre a discriminação contra os portadores de necessidades espe- ciais (Disability Discrimination Act), criada no Reino Unido em 1995, os define como indivíduos que possuem alguma necessidade especial, que tenha efeitos adversos substanciais e de longo prazo, afetando sua capacidade de realizar tarefas cotidianas. Estima-se que aproximada- mente 20% da população do Reino Unido (mais de 10 milhões de pessoas) se encaixe na descrição da Disability Discrimination Act. Ainda que as necessidades espaciais dos cadeirantes e das pes- soas com dificuldades de locomoção sejam importantes em termos do projeto do ambiente físico, também é necessário compreender as barreiras enfrentadas por pessoas com dificuldades de aprendiza- do ou enfermidades mentais, deficiências visuais e auditivas, bem como as condições, a saber, de HIV, câncer, doenças cardíacas e diabete. 2.02 Em geral, os projetos que possibilitam o acesso – seja ele físico ou intelectual – geram resultados que beneficiam a comunidade como um todo. Muitos aspectos dos ambientes inclusivos serão úteis para todos ou para a maioria dos portadores de necessidades especiais (além de muitas outras pessoas). Para obter resultados abrangentes, é preciso entender a natureza diversificada e complexa das neces- sidades, reconhecendo que seus graus variam significativamente, assim como seus efeitos combinados. 2.03 Estatísticas A seguir, algumas estatísticas essenciais associadas às necessidades especiais: • Cerca de 70% dos portadores de necessidades especiais do Reino Unido têm capacidade de locomoção reduzida ou limita- da. Eles representam 14% da população total. • Os cadeirantes representam apenas 0,85% da população em geral. • Aproximadamente dois milhões de pessoas no Reino Unido (cerca de 4% da população do país) declaram que possuem problemas ou dificuldades de visão. • Há mais de oito milhões de pessoas com problemas auditivos parcial ou total no Reino Unido (14,5% da população). Littlefield_38.indd 709 28/02/11 17:31 710 Manual do Arquiteto: Planejamento, Dimensionamento e Projeto • Há 700 mil pessoas no Reino Unido que possuem dificuldades auditivas. • 14% da população do Reino Unido enfrenta dificuldades para alcançar algo ou se esticar, ou possuem motricidade re- duzida. • 5,6 milhões de pessoas têm dificuldades de coordenação física. • 3,9 milhões de pessoas no Reino Unido enfrentam dificuldades de aprendizado e compreensão. • 700 mil pessoas têm dificuldades para identificar situações de risco. 2.04 Idosos O número de idosos na população está aumentado e muitos deles têm ou terão algum tipo de necessidade especial. Ao longo dos pró- ximos 30 anos – embora se preveja que a população geral crescerá menos de 7% – a proporção de habitantes com mais de 65 anos aumentará em 40%, dobrando o número de pessoas com mais de 65 anos. Além disso, acredita-se que a proporção de habitantes com mais de 80 anos irá triplicar. Há uma correlação entre a idade e as necessidades especiais. Aproximadamente cinco milhões de pessoas com mais de 65 anos possuem alguma enfermidade de longo prazo; mais da metade das pessoas com mais de 75 anos têm algum tipo de necessidade especial. Dois terços dessas pessoas estão nessa faixa etária. As pessoas também tendem a ficar um pouco mais baixas com a idade. Mais significativamente, o corpo costuma perder a flexibi- lidade de se adaptar a situações desfavoráveis em termos de dimen- sões. Os idosos costumam ter mais de uma necessidade especial. Portanto, é importante que o projeto considere os idosos. A Tabela I mostra as dimensões de pessoas entre 65 e 80 anos. 2.05 Crianças e adolescentes As estaturas (ou equivalentes) das diferentes faixas etárias no Rei- no Unido são apresentadas na Tabela II (Estaturas, ou equivalentes, de britânicos em diferentes faixas etárias). Sempre que os equipamentos forem usados exclusivamente por crianças pequenas, as alturas específicas devem ser ajustadas conforme suas necessidades. Há aproximadamente 3,3 milhões de famílias no Reino Unido com crianças menores de cinco anos. Os projetos em geral também devem considerar as necessidades das crianças – por exemplo, ao criar equipamentos para uso familiar ou instalar pias mais baixas nos toaletes. Também é preciso considerar que aproximadamente 7% das crianças britânicas têm algum tipo de necessidades especiais (cer- ca de 770 mil). Atualmente, as crianças e os jovens portadores de necessidades especiais enfrentam barreiras múltiplas, tendo mais dificuldade para desenvolver seu potencial, obter os resultados que seus colegas esperam e ter sucesso na educação. É preciso considerar os pais e acompanhantes portadores de necessidades especiais em todas as etapas da elaboração do projeto. 2.06 Pessoas obesas A obesidade também precisa ser considerada. A ocorrência de obesidade em crianças com menos de 11 anos passou de 9,9% em 1995 para 13,7% em 2003. Acredita-se que essa tendência continuará. Desde a década de 1980, os casos de obesidade entre adultos triplicaram. Mais de metade dos adultos no Reino Unido Tabela I Dimensões dos britânicos entre 65 e 80 anos Percentis masculinos Percentis femininos 5º 50º 95º 5º 50º 95º De pé 1. Estatura 2. Altura dos olhos 3. Altura dos ombros 4. Altura dos cotovelos 5. Altura das mãos (juntas) 6. Altura de alcance 1.575 1.470 1.280 975 670 1.840 1.685 1.575 1.380 895 730 1.965 1.790 1.685 1.480 975 795 2.090 1.475 1.375 1.190 740 645 1.725 1.570 1.475 1.280 810 705 1.835 1.670 1.570 1.375 875 760 1.950 Sentado 7. Altura em relação ao assento 815 875 930 750 815 885 8. Altura dos olhos em relação ao nível do assento 705 760 815 645 710 770 9. Altura dos ombros em relação ao nível do assento 520 570 625 475 535 590 10. Distância entre o cotovelo e a ponta dos dedos 425 460 490 390 420 450 11. Cotovelos em relação ao assento 175 220 270 165 210 260 12. Espaço livre para as coxas 125 150 175 115 145 170 13. Parte de cima dos joelhos, altura em relação ao piso 480 525 575 455 500 540 14. Altura poplítea 385 425 470 355 395 440 15. Da frente do abdômen até a frente dos joelhos 210 280 350 325 295 365 16. Extensão poplítea – nádegas 430 485 535 430 480 525 17. Da parte de trás das nádegas até a frente dos joelhos 530 580 625 520 565 615 19. Largura do assento 305 350 395 310 370 430 De pé e sentado 20. Alcance frontal 700 755 805 640 685 735 21. Distância entre as pontas dos dedos (de braços abertos) 1.605 1.735 1.860 1.460 1.570 1.685 23. Largura dos ombros 400 445 485 345 385 380 Tabela II Estaturas (ou equivalentes) de britânicos em diferentes faixas etárias Percentis 5º 50º 95º Recém-nascidos 465 500 535 Crianças lactentes com menos de seis meses de idade 510 600 690 Crianças lactentes entre seis meses e um ano de idade 655 715 775 Crianças lactentes entre um ano e 18 meses de idade 690 745 800 Crianças lactentes entre 18 meses e dois anos de idade 780 840 900 Percentis meninos/ homens Percentis meninas/ mulheres 5º 50º 95º 5º 50º 95º Crianças, 2 anos de idade Crianças, 3 anos de idade Crianças, 4 anos de idade Crianças, 5 anos de idade Crianças, 6 anos de idade Crianças, 7 anos de idade Crianças, 8 anos de idade Crianças, 9 anos de idade Crianças,10 anos de idade Crianças, 11 anos de idade Crianças, 12 anos de idade Crianças, 13 anos de idade Crianças, 14 anos de idade 15 anos de idade 16 anos de idade 17 anos de idade 18 anos de idade 19–25 anos de idade 19–45 anos de idade 19–65 anos de idade 45–65 anos de idade 65–85 anos de idade Idosos 850 910 975 1.025 1.070 1.140 1.180 1.225 1.290 1.325 1.360 1.400 1.480 1.555 1.620 1.640 1.660 1.640 1.635 1.625 1.610 1.575 1.515 930 990 1.050 1.110 1.170 1.230 1.280 1.330 1.390 1.430 1.490 1.550 1.630 1.690 1.730 1.750 1.760 1.760 1.745 1.740 1.720 1.685 1.640 1.010 1.070 1.125 1.195 1.270 1.320 1.380 1.435 1.490 1.535 1.620 1.700 1.780 1.825 1.840 1.860 1.860 1.880 1.860 1.855 1.830 1.790 1.765 825 895 965 1.015 1.070 1.125 1.185 1.220 1.270 1.310 1.370 1.430 1.480 1.510 1.520 1.520 1.530 1.520 1.515 1.505 1.495 1.475 1.400 890 970 1.050 1.100 1.160 1.220 1.280 1.330 1.390 1.440 1.500 1.550 1.590 1.610 1.620 1.620 1.620 1.620 1.615 1.610 1.595 1.570 1.515 955 1.045 1.135 1.185 1.250 1.315 1.375 1.440 1.510 1.570 1.630 1.670 1.700 1.710 1.720 1.720 1.710 1.720 1.715 110 1.695 1.670 Littlefield_38.indd 710 12/01/11 14:32 38 Acessibilidade e inclusão 711 estão acima do peso ou são obesos, totalizando quase 24 milhões de pessoas. Assim como os obesos, as mulheres grávidas também podem ser prejudicadas pelo projeto do ambiente. Corredores e escadas mais longos costumam ser muito cansativos. Assentos e portas es- treitos e boxes de toalete pequenos são outras barreiras muito co- muns. Em edificações como estádios, vãos de portas deliberadamente estreitas são usadas para garantir o controle sobre a entrada. Em casos como esse – e também quando há o uso de roletas – é preciso criar equipamentos adicionais para obesos. Sempre que houver assentos fixos (como em teatros, por exemplo), deve haver alguns assentos de apoio facilmente aces- síveis, que possuam mais espaço para as pernas, apoios para os braços removíveis ou de dobrar e ainda um espaço para cães-guia. 3 EQUIPAMENTOS DE LOCOMOÇÃO 3.01 Principais dimensões Os cadeirantes precisam de bastante espaço para se mover com conforto e segurança; as pessoas que andam com o auxílio de duas muletas podem precisar de uma rota de circulação mais lar- ga do que os cadeirantes. É preciso considerar que um carrinho de bebê duplo pode ser mais largo do que uma cadeira de rodas elétrica. 3.02 Cadeirantes A variação das dimensões das cadeiras de rodas é um aspecto a ser considerado, principalmente no que se refere ao comprimen- to e à largura totais que uma cadeira de rodas ocupada talvez exija. Os valores indicados para a largura das cadeiras de rodas geralmente não incluem os cotovelos e as mãos dos usuários. O padrão ISO para cadeiras de rodas (ISO 7193) observa que, para impulsionar uma cadeira de rodas manualmente, deve haver um espaço livre mínimo de 50 mm (preferencialmente 100 mm) em ambos os lados. Atualmente, a extensão máxima ocupada por um cadeirante convencional com apoio para as pernas ou pelo usuário de um tri- ciclo motorizado provavelmente fica em torno de 1.600 mm. Os cadeirantes sentados de maneira convencional geralmente não ocu- pam uma extensão superior a 1.250 mm, aproximadamente. No en- tanto, se o cadeirante tiver um acompanhante, a extensão ocupada por ambos geralmente será de 1.375 mm – as diretrizes de projeto recomendam 1.570 mm. A altura média dos cadeirantes é de 1.080 mm, mas pode che- gar a 1.535 mm. A altura média de um usuário de triciclo motoriza- do é aproximadamente 1.170 mm, mas pode chegar a um máximo de 1.500 mm. Ao projetar para cadeirantes, as dimensões mais importantes são: • A altura do olho, aproximadamente 120 a 130 mm abaixo da altura da pessoa sentada, totalizando uma variação do 5° à 95° percentil para cadeirantes de 960 a 1.250 mm (1.080 a 1.315 mm para usuários de triciclos motorizados). • A altura do joelho, de 500 a 690 mm. • A altura do assento, de 460 a 490 mm. • A altura do cotovelo para cadeirantes manuais, de 175 a 300 mm; para usuários de cadeiras elétricas, de 380 a 520 mm. • A altura até a parte inferior do apoio para os pés, de 60 a 150 mm. O espaço livre até o chão oferecido pelos triciclos motoriza- dos convencionais atualmente no mercado chega a variar de 80 a 125 mm. A capacidade de subida dos triciclos motorizados con- vencionais atualmente no mercado também varia conforme a po- tência do motor e a quantidade de bateria; contudo, a maioria varia entre 10° e 20°. 3.03 Dimensões dos cadeirantes Essas dimensões excluem o cadeirante e consideram apenas o com- primento e a largura, 38.1. As dimensões apresentadas na Tabela III incluem cadeiras de rodas ocupadas e desocupadas em uma varie- dade de modelos, incluindo os triciclos motorizados. Tabela III Dimensões das cadeiras de rodas Tipo de cadeira (exceto infantil) Ocupada Desocupada Comprimento (mm) Largura (mm) Comprimento (mm) Largura (mm) Cadeira de rodas manual 850–1.250 560–800 700–1.200 560–750 Conduzida por um acompanhante 1.200–1.570 560–700 800–1.350 550–660 Cadeira de rodas elétrica 860–1.520 560–800 700–1.400 560–750 Triciclo motorizado 1.170–1.600 630–700 1.170–1.500 620–640 altura comprimento largura 38.1 Dimensões das cadeiras de rodas. POSIÇÃO INICIAL POSIÇÃO FINAL comprimento largura 38.2 Cadeirantes executando um giro de 90°. Littlefield_38.indd 711 12/01/11 14:32 712 Manual do Arquiteto: Planejamento, Dimensionamento e Projeto Ta be la IV D im en sõ es d os c ar ri nh os d e cr ia nç a e de b eb ê C ar ri nh o de c ri an ça de d ob ra r si m pl es C ar ri nh o de c ri an ça d e do br ar d up lo C ar ri nh o de b eb ê C ar ri nh o de b eb ê du pl o C ar ri nh o de b eb ê du pl o 90 0 m m 84 0 m m 43 5 m m 90 0 m m 84 0 m m 74 0 m m 90 0 m m 1. 06 0 m m 56 0 m m 90 0 m m 86 0 m m 95 0 m m 90 0 m m 1. 21 0 m m 56 0 m m C om pr im en to = 8 40 m m L ar gu ra = 4 35 m m C om pr im en to = 8 40 m m L ar gu ra = 7 40 m m C om pr im en to = 1 .0 60 m m L ar gu ra = 5 60 m m C om pr im en to = 8 60 m m L ar gu ra = 9 50 m m C om pr im en to = 1 .2 10 m m L ar gu ra = 5 60 m m Littlefield_38.indd 712 12/01/11 14:32 38 Acessibilidade e inclusão 713 3.04 Dimensões dos carrinhos de bebê O comprimento e a largura dos carrinhos de bebê variam bastante. Ao contrário das cadeiras de rodas manuais, não há um modelo padrão que forneça critérios para o projeto. A Tabela IV apresenta as dimensões mais comuns. 3.05 Espaços necessários para giros Os veículos que auxiliam a locomoção evidentemente precisam de espaço adequado para manobrar; esse fator deve ser considerado com as rotas de circulação e as filas (Tabelas V e VI). 3.06 Considerações para as pessoas que usam bengala, bengala branca ou muletas É importante considerar as pessoas que utilizam bengalas brancas (específicas para portadores de deficiências visuais) (38.4) e as pes- soas com dificuldades de locomoção que talvez prefiram andar com o auxílio de muletas (38.5 e 38.6). A maioria das pessoas que usa muletas as utiliza por um curto período após um acidente e não terão experiência no uso. Os usuá- rios se dividem em dois grupos amplos: aqueles que conseguem utilizar ambas as pernas e aqueles que só conseguem utilizar uma perna. Aqueles que só conseguem usar uma das pernas precisam de apoio para as mãos sempre que houver degraus – mesmo um único degrau na soleira de uma edificação. comprimento largura 38.3 Cadeirante executando um giro de 180°. Tabela V Espaço necessário para que usuários de cadeiras de rodas manuais consigam fazer um giro em 90°, 38.2 Tipo de cadeira Espaço necessário Comprimento (mm) Largura (mm) Cadeira de rodas manual Impulsionada por acompanhante Cadeira de rodas elétrica Triciclo motorizado 1.345* 1.200–1.800 1.600* 1.400–2.5001.450* 1.500–1.800 1.625* 1.300–2.500 * 90% dos usuários Tabela VI Espaço necessário para que usuários de cadeiras de rodas manuais consigam fazer um giro em 180°, 38.3 Tipo de cadeira Espaço necessário Comprimento (mm) Largura (mm) Cadeira de rodas manual Impulsionada por acompanhante Cadeira de rodas elétrica Triciclo motorizado 1.950* 1.600–2.000 2.275* 2.000–2.800 1.500* 1.500–1.800 1.625* 1.300–2.200 * 90% dos usuários 1,2 m 38.4 Pessoa com deficiência visual com bengala branca. 1,2 m 38.5 Pessoa com muletas. 800 mm 38.6 Pessoa com andador. Littlefield_38.indd 713 12/01/11 14:32 714 Manual do Arquiteto: Planejamento, Dimensionamento e Projeto 3.07 Necessidades espaciais para cães de auxílio para portadores de deficiências visuais e auditivas Os cães de auxílio incluem cães-guias e cães de assistência para pessoas com deficiências auditivas. Ainda que os portadores de de- ficiências, visuais ou auditivas, sejam os principais usuários dos cães de auxílio, pessoas com dificuldades de locomoção e cadeiran- tes também podem ter cães para assistência. A Locomoção Inclusi- va estipula que as pessoas com cães de assistência precisam de um vão livre de passagem de no mínimo 1.100 mm. 4 ALCANCE DAS MÃOS 4.01 A distância e o ângulo de alcance das mãos de cada indivíduo de- pendem de seu tamanho, agilidade, destreza e se essa pessoa se en- contra de pé ou sentada. A capacidade de alcance (seja para frente, para os lados, para cima ou para baixo) de uma pessoa sentada em uma cadeira de rodas, por exemplo, é diferente da capacidade de uma pessoa de pé. A distância do alcance forma um arco com base na altura do ombro. As variações do alcance podem ser descritas como fáceis ou confortáveis (alcance sem movimentação forçada do torso); ou máximas ou estendidas (possível apenas com deslocamento do tor- so). As pesquisas realizadas para a elaboração da norma britânica BS8300: 2001 indicam os valores das variações de alcance confor- táveis e estendidas (Tabela VII, 38.7 e 38.8). 5 DISTÂNCIAS DE PERCURSO 5.01 Distâncias de mobilidade As distâncias de mobilidade foram estudadas em detalhe na década de 1980. As normas norte-americanas, por exemplo, afirmam que, em distâncias superiores a 100 pés (30 m), as pessoas com algum tipo de necessidade especial frequentemente descansam. Essas normas sugerem que, para estimar os tempos de deslocamento em distâncias longas, é preciso incluir dois minutos para descanso a cada 30 metros. As pesquisas baseadas em um estudo subsequente do London Area Travel Survey (Levantamento de Dados de Deslocamento na Região de Londres) descobriram que, dentre os portadores de ne- cessidades especiais que têm condições de andar, aproximadamen- te 30% não conseguem percorrer mais de 50 metros sem parar ou sem sentir grande desconforto. Outros 20% conseguem se deslocar apenas entre 50 e 200 metros. O nível de mobilidade varia muito conforme a idade e o tipo de necessidade especial dos indivíduos; fatores como o clima, a topografia (inclinações) e obstáculos também afetam o nível de mobilidade. Em percursos para pedestres, as distâncias de deslocamento não devem exceder: Tabela VII Alcance das mãos Pessoa Acesso Ângulo de alcance Altura (A) Profundidade (P) Confortável Esticando-se Confortável Esticando-se Cadeirante Frontal �70 1.000 1.150 90 120 Horizontal* (750) – – 180 230 �24 650 650 120 200 Lateral �70 1.060 1.170 100 135 Horizontal** (750) – – 220 310 �24 665 630 165 230 Pessoa com dificuldade de locomoção Frontal �70 1.500 1.625 200 250 Horizontal (850) – – 280 400 �24 750 700 180 310 * Com espaço livre adequado para os joelhos. ** Com espaço livre adequado para os joelhos. Ângulos de alcance Plano de referência vertical (em relação à parte da frente do assento) Plano de referência horizontal A D Acesso frontal 38.7 Acesso frontal. Ângulos de alcance Plano de referência horizontal acesso lateral A D Plano de referência vertical (em relação às rodas) 0 38.8 Acesso lateral. Littlefield_38.indd 714 12/01/11 14:32 38 Acessibilidade e inclusão 715 • 50 m em percursos descobertos • 100 m em percursos cobertos • 200 m em percursos completamente fechados. Sempre que há inclinações, as distâncias de deslocamento de- vem ser reduzidas. Por outro lado, a oferta de assentos e locais para descanso precisa acompanhar a distância percorrida. A distância máxima recomendada entre os pontos de parada em terrenos planos não deve ser superior a 50 metros. 5.02 Mudanças de nível Qualquer inclinação inferior a 1:60 pode ser considerada em nível. As mudanças de nível geram problemas para muitas pessoas, prin- cipalmente aquelas com dificuldades de locomoção ou deficiências visuais. Até um único degrau é capaz de impossibilitar o acesso para um indivíduo com dificuldades de locomoção e pode apresen- tar risco no trajeto de qualquer pessoa. Sempre que as mudanças de nível não puderem ser evitadas, os declives ou rampas devem ser projetados de maneira acessível, ainda que – é preciso observar – as rampas nem sempre sejam a solução ideal e talvez ocupem um espaço considerável. Os declives ou rampas possibilitam o acesso de cadeirantes ou os pais que empurram carrinhos de bebê. Contudo, algumas pes- soas talvez prefiram subir um lance de escada a uma rampa; para elas, a presença de corrimãos para apoio é essencial. Se a mudança de nível for inferior a 300 mm, a rampa talvez seja aceita como o único meio de acesso, evitando a necessidade de degrau. Do con- trário, os degraus também são necessários. Sempre que houver rampas, sua inclinação não deve ser su- perior a 1:12; o valor mais indicado é 1:20. A Tabela VIII indica a extensão máxima de uma rampa antes da necessidade de se inserir patamares planos. Tabela VIII Extensão máxima de uma rampa entre os patamares Inclinação Extensão da rampa entre os patamares em nível (m) 1:20 10 1:19 9 1:18 8 1:17 7 1:16 6 1:15 5 1:14 4 1:13 3 1:12 2 É preciso ressaltar que, se a mudança de nível for superior a 2 m, o uso das rampas se tornará um desafio para muitas pessoas, incluindo cadeirantes. Deve haver um meio alternativo de acesso para os cadeirantes, como um elevador. Muitas pessoas têm dificuldades para percorrer longos lances de escadas; portanto, o número máximo de degraus em um único lance deve ser 12. Em caso de lances sucessivos, é importante que haja patamares para descanso, como no mínimo 1.200 mm de extensão (de preferência 1.800) ao longo de toda a largura da escada. Deve haver um patamar desobstruído no início e no final de um lance de escadas, para impedir o risco de colisões. O projeto de uma escada adequada depende de uma variedade de fatores, como a localização (externa ou interna), o tipo de edi- ficação, a distância entre dois pavimentos e outros condicionantes dimensionais, além do fato de elas serem escadas de emergência ou não. Como regra prática, os degraus confortáveis possuem um espelho entre 150 e 170 mm e um piso entre 280 e 450 mm de profundidade (o mínimo recomendado é 300 mm). Os espelhos das escadas devem ser fechados. Os degraus sem bocel diminuem o risco de tropeções. Se necessário, a projeção do bocel (focinho) não deve ultrapassar 25 mm. Todos os bocéis de- vem estar aparentes, tanto no piso quanto no espelho, ajudando as pessoas a subir e a descer a escada. As escadas e os degraus devem ter uma largura livre de no mí- nimo 1.000 mm entre os corrimãos. Os corrimãos devem ser dis- ponibilizados em ambos os lados da escada de forma a oferecer opções, já que algumas pessoas talvez tenham força em apenas um dos lados do corpo. Se a largura de uma escada for superior a 1.800 mm, é preciso que haja corrimãos centrais ou adicionais, oferecendo um ponto extra de apoio para os usuários. Assim, cada um dos lados da esca- da não terá menos de 1.000 mm entre os corrimãos. Isso resulta no projeto de escadas com largura entre 1.800 e 2.000. 6 TOALETES 6.01 Sem toaletes adequados,muitas pessoas – especialmente as porta- doras de necessidades especiais – encontram dificuldades para ir ao trabalho, às compras, etc. A maioria delas não precisa usar o toalete unissex adaptado para cadeirantes. É importante que todos os toaletes sejam acessíveis, atenden- do a uma ampla variedade de pessoas, incluindo idosos e crianças. Portanto, fatores como a pressão necessária para a abertura das por- tas, as diferentes alturas dos lavatórios e mictórios, as portas de uso facilitado e o desenho dos misturadores são essenciais para viabili- zar o uso de todos os toaletes. Também é preciso considerar que as mulheres podem precisar usar o toalete com mais frequência que os homens e, em média, levam mais tempo (isso é verdade principalmente durante o período menstrual ou durante e após a gravidez). A British Toilet Associa- tion (Associação Britânica de Toaletes) recomenda o dobro dos boxes masculinos mais o número de mictórios como a quantidade mais adequada para os boxes femininos. 6.02 Toaletes para crianças Em geral, as crianças não são consideradas durante o projeto dos to- aletes. Muitas crianças podem ser impedidas de usar o toalete sem a ajuda de terceiros devido ao projeto e a especificações inadequadas. Em locais onde a presença de crianças provavelmente é alta (como equipamentos de lazer), o ideal é que haja toaletes exclusivos para elas. Eles podem ser criados com os equipamentos para uso fami- liar, como os fraldários. Os fraldários nunca devem ser colocados dentro dos toaletes de uso geral. É importante a presença de fraldá- rios separados em áreas com acesso para cadeiras de rodas. Há aproximadamente 1,6 milhão de pessoas com problemas de incontinência urinária. Até quatro milhões de pessoas, principalmen- te homens, sofrem da “síndrome da bexiga tímida”; portanto, o leiau- te dos toaletes deve oferecer a privacidade da linha de visão, além de um número adequado de boxes e divisórias para privacidade. 6.03 Fraldários para adultos Em empreendimentos maiores, também é preciso considerar a ne- cessidade de fraldários para adultos. Algumas pessoas – incluindo indivíduos com necessidades especiais profundas e/ou múltiplas – precisam deitar de costas para terem as fraldas trocadas dentro do toalete. Quando não há fraldários para adultos, as pessoas precisam trocar o necessitando no piso do toalete. Essa situação é degradante e anti-higiênica, além de exigir muito esforço físico de terceiros, como acompanhantes ou assistentes pessoais, podendo causar gra- ves problemas de coluna. Littlefield_38.indd 715 12/01/11 14:32 Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. DICA DO PROFESSOR Você sabe como é e para que serve a pavimentação permeável? No vídeo a seguir, você entenderá as diferenças entre alguns tipos de pavimentação permeável: asfalto poroso, bloco de pedra, concreto permeável e ecopavimento de grama. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) O livro Manual do arquiteto: planejamento, dimensionamento e projeto fala sobre cinco postulados tectônicos que devem ser considerados para a realização de um bom projeto urbano. Dentre as afirmativas citadas a seguir, qual delas está correta em relação a esses postulados? A) Os cinco postulados fazem parte da etapa final do projeto, pois referem-se a sua infraestrutura. B) Na fase inicial anterior ao projeto, faz-se a coleta de dados para o desenvolvimento do projeto. A topografia é dispensável nesse momento. C) No aspecto ou postulado político, devem ser consideradas as questões de execução do projeto D) Ao elaborar um projeto urbano, deve-se atentar à lei em relação ao uso e à ocupação do solo de cada cidade apenas. E) Quanto ao acesso ao empreendimento, local onde será desenvolvido o projeto urbano, é importante planejá-lo apenas nas imediações. Sobre o planejamento urbano, conforme o que foi estudado nesta unidade de 2) Na fase de planejamento do projeto, faz-se a pesquisa de campo e da região, considerando os cinco postulados. A análise da topografia do local e, dependendo do empreendimento ou projeto, da região, é fundamental na fase de coleta de dados para o desenvolvimento do projeto. No aspecto ou postulado político, uma das questões a ser analisada é quanto à execução do projeto, normas nacionais, estaduais e municipais. Ao elaborar um projeto urbano, deve-se atentar a várias leis e normas, entre elas o Plano Diretor, lei de uso e ocupação do solo, leis ambientais, entre outras. Dependendo da dimensão do planejamento urbano, é necessário uma estratégia de acesso envolvendo grande parte da cidade ou da região, pois pode alterar o fluxo de veículos, o tráfego de ônibus, entre outras modificações regionais. aprendizagem, podemos afirmar que: I. Varios documentos, como plantas, desenhos e memoriais descritivos, são elaboradaos para apresentar a melhor maneira de aplicar determinada estratégia de planejamento de um sítio, considerando o futuro desenvolvimento de toda uma área urbana. II. Um planejamento estratégico determina condições que permitirão o desenvolvimento da vida e de atividades sustentáveis, enaltece o potencial do sítio e almeja evidenciar as oportunidades de negócios imobiliários para atrair financiamentos de investidores III. O planejamento estratégico pode contar com equipe de consultores formada por profissionais experientes com instruções específicas que atuarão interdisciplinarmente entre clientes, profissionais, comunidades e usuários. Assinale a alternativa que indica as sentenças corretas A) Somente a sentença I está correta B) Somente as sentenças I e II estão corretas C) Somente as sentenças II e III estão corretas D) Todas as sentenças estão corretas E) Somente as sentenças I e III estão corretas 3) Qual das alternativas abaixo expõe corretamente sobre as fases do processo de desenvolvimento urbano, conforme o Manual do Arquiteto: Planejamento, Dimensionamento e Projeto estudado nesta unidade de aprendizagem? A) O processo se divide nas seguintes fases: Anteprojeto, elaborado pelos projetistas, Projeto, elaborado pelos planejador, e Execução, elaborada pela equipe responsável O planejamento estratégico se apoiam em pesquisas e levantamento de dados para identificar e racionalizar as várias questões estruturais que serão levantadas por um empreendimento. Apresenta suas estratégias, que consideram o futuro desenvolvimento de toda uma área urbana, através de documentos, como plantas, desenhos e memoriais descritivos. Almeja evidenciar as oportunidades de negócios imobiliários para atrair financiamentos de investidores através de condições que permitirão o desenvolvimento da vida e de atividades sustentáveis, enaltece o potencial do sítio. Pode contar com equipe de consultores formada por profissionais experientes com instruções específicas que atuarão interdisciplinarmente entre clientes, profissionais, comunidades e usuários Highlight O processo se divide em três fases básicas: Planejamento, Projeto e Execução. Os projetistas são os profissionais mais ativos nas duas primeiras fases, mas continuam a atuar na seguinte com o planejador e demais membros da equipe principal. Consultores de todas as áreas de atuação devem contribuir antes e depois do período em que forem mais ativos. No decorrer do projeto, opiniões e ideias devem ser testadas regularmente à medida que as decisões forem tomadas. Os detalhes do programa estarão sujeitos a alterações: levantamentos podem estar à espera de autorização, por exemplo, ou ainda incompletos. Informações negligenciadas podem aparecer e originar novos problemas. B) Logo na primeira fase do processo já é determinado o contexto estratégico do projeto, recolhendo informações relacionadas às questões ambientais, tecnológicas, econômicas, políticas e sociais C) Nenhuma informações pode ser negligenciadas, poisdepois de uma fase concluída, espera- se que o programa seja imutável para que o cliente tenha certeza da incorporação de todo projeto D) Nas primeiras avaliações do sítio, os projetistas se envolverão unicamente com as questões ambientais e tecnológicas, deixando as demais para as próximas etapas E) Para cada área de atuação existem consultores distintos que contribuem em fases diferentes respeitando o período em que são mais ativos 4) Conforme o capítulo do livro que trata de acessibilidade e inclusão um dos princípios que estimula o projeto inclusivo de alta qualidade no ambiente é a responsividade. Qual das alternativas abaixo define melhor este princípio? A) apropriar para que todos utilizarem com segurança, facilidade e dignidade B) adaptar a utilização para diferentes pessoas de diferentes maneiras C) harmonizar com a estética própria dos equipamentos de acessessibilidade D) oferecer soluções adicionais conforme o necessário E) considerar o que as pessoas dizem que almejam e necessitam Verifique as sentenças a baixo sobre projeto de inclusão e assinale a alternativa correta. 5) Essas novas informações devem ser incorporadas ao programa assim que possível. Espera-se que o programa tenha uma natureza mutável, e o cliente deve estar ciente desse fato e de suas causas. Logo na primeira fase do processo já é determinado o contexto estratégico do projeto, recolhendo informações relacionadas recolhendo informações relacionadas aos cinco postulados - ambiental, tecnológico, econômico, político e social. Nas primeiras avaliações do sítio, os projetistas se envolverão principalmente com as questões ambientais e tecnológicas, mas durante este trabalho é preciso continuar a análise de programa dos outros três postulados. Consultores de todas as áreas de atuação devem contribuir antes e depois do período em que forem mais ativos Responsivos – levam em consideração aquilo que as pessoas dizem que desejam e precisam. Inclusivos – todos usam com segurança, com facilidade e com dignidade. Flexíveis – utilizados por diferentes pessoas de diferentes maneiras. Não existe estética própria para os equipamentos de acessessibilidade. Realistas – reconhecem que uma única solução talvez não funcione para todos e oferecem soluções adicionais conforme o necessário Highlight I. Um projeto de inclusão tem o objetivo de criar ambientes estéticos e funcionais que possam ser utilizados igualmente por todos – independentemente da idade, do sexo, das crenças ou das necessidades – exige um processo de projeto criativo e inclusivo que busque acomodar uma ampla variedade de usuários. II. Um projeto de inclusão de qualidade reflete a natureza diversificada das pessoas adultas e não impõe nenhum tipo de barreira garantindo acesso para portodores de necessidades especiais, idosos, obesos ou todo tipo de pessoa. III. Os espaços ideias para circulação e giro de cadeirantes, pessoas com bengala ou andadores e carrinhos de bebê são consideração adicionais em um projeto de inclusão, pois necessidades especiais devem ser identificadas somente em projetos especiais. Assinale a alternativa que indica as sentenças corretas: A) Somente as sentenças I e II estão corretas B) Somente as sentenças II e III estão corretas C) Somente a sentença I está correta D) Somente as sentenças I e III estão corretas E) Todas as sentenças estão corretas NA PRÁTICA Geralmente, uma vaga de estacionamento tem, em média, 2,50 m de largura por 5,00 m de profundidade, porém é importante consultar a legislação específica da sua cidade e observar qual é a medida mínima necessária para projetar vagas em diversas situações. Para o correto dimensionamento das vagas especiais para portadores de deficiência, é necessário observar algumas medidas, a sua localização na calçada rebaixada e área adicional mínima de Um projeto de inclusão tem o objetivo de criar ambientes estéticos e funcionais que possam ser utilizados igualmente por todos – independentemente da idade, do sexo, das crenças ou das necessidades – exige um processo de projeto criativo e inclusivo que busque acomodar uma ampla variedade de usuários. Um projeto de inclusão de qualidade reflete a natureza diversificada das pessoas e não impõe nenhum tipo de barreira garantindo acesso para portodores de necessidades especiais, idosos, adolescentes , crianças, obesos ou todo tipo de pessoa. Um projeto de inclusão considera espaços ideiais para circulação de cadeirantes, pessoas com bengala ou andadores, carrinhos de bebê. Todas as situações devem ser observadas contando também com espaços para giro, não somente em projetos especiais 1,20 m para a circulação, que pode ser compartilhada entre duas vagas, além de: SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Democracia na história com Raquel Rolnik Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Galeria da Arquitetura | Escola Estadual Nova Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Cidades para pessoas: Natalia Garcia no TEDxFloripa Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Urbanidades: O surgimento do planejamento urbano Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! ArchDaily: Planejamento urbano Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Cidades híbridas: Refletindo sobre os ecossistemas locais Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Arcoweb: No Rio, a primeira escola com selo Leed Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Cidades sustentáveis, cidades inteligentes SOUZA, Carlos Leite de; AWAD, Juliana di C. M. Cidades sustentáveis, cidades inteligentes: desenvolvimento sustentável num planeta urbano. Porto Alegre: Bookman, 2012.