Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
As reuniões integrando as equipes técnicas responsáveis pela elaboração dos PMRR e as equipes gestoras das prefeituras municipais apresentaram inúmeros resultados positivos, que possibilitaram: compartilhar bases de dados espaciais e qualitativos sobre o território (cadastros sociais, limites e caracterização de bairros, zoneamentos da Proteção e Defesa Civil, zoneamentos do Plano Diretor, histórico de ocorrências registrados, informações sobre regularização fundiária, caracterização de assentamentos precários, entre outros); alinhar nomenclaturas já utilizadas pelos municípios, o que facilita a utilização do plano e a integração do material produzido pelos gestores municipais nas várias secretarias; levantar áreas de estudo por parte dos gestores municipais e técnicos da Defesa Civil; sobrevoo e vistoria. Na fase de imageamento das áreas, dadas as limitações impostas pela pandemia de covid-19, a equipe dividiu-se em pequenos grupos, de modo que fosse garantido em todos os campos representantes das prefeituras, majoritariamente da Defesa Civil e da a pandemia contou com orientações de especialistas da área de saúde, aquisição dos equipamentos de proteção individual (como a máscara N95) e produtos de higiene (como álcool em gel), mantendo dentro das possibilidades o distanciamento social. As equipes gestoras municipais do PMRR envolvem diversas secretarias: em São Bernardo do Campo, o comitê gestor foi constituído por técnicos representantes das secretarias de Assistência Social, Habitação; Obras e Planejamento Estratégico; Segurança Urbana/Guarda Civil Municipal; Serviços Urbanos/ Defesa Civil. Em Franco da Rocha, o grupo foi constituído por técnicos representantes das secretarias de Assistência Social, Defesa Civil, Infraestrutura e Habitação e Saúde. Figura 17. Equipes gestoras municipais do Plano Municipal de Redução de Risco: à esquerda, reunião no município de Franco da Rocha com o coordenador do projeto, Fernando Rocha Nogueira; à direita, reunião no município de São Bernardo do Campo com a coordenadora Kátia Canil. Fonte: LabGRis, 2020. Figura 7: Formação da opinião pública na esfera pública midiática. Fonte: VICTOR apud SANCHES, 2019. O QUE VIMOS ATÉ AGORA? compreender os riscos e nos preparar para enfrentá-los. A PNPDEC indica a necessidade de elaboração desses instrumentos, que acabam sendo de responsabilidade dos municípios brasileiros reconhecidos pela recorrência de situações de riscos e desastres, especialmente relacionados a processos geodinâmicos e hidrodinâmicos (sendo os mais recorrentes os deslizamentos e inundações). Mas essa demanda também aparece em documentos internacionais que abordam a Gestão de Riscos e Desastres, como o Marco de Ação de Hyogo, o Marco de Ação de Sendai e a Agenda 2030 dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Os mapeamentos fazem parte de processos-chave, tanto para a redução dos riscos presentes quanto para a prevenção de riscos futuros. Os diferentes tipos de mapeamento (Carta de Suscetibilidade, Carta Geotécnica de Aptidão à Urbanização e Carta de Risco) oferecem informações valiosas sobre as condições físicas e socioambientais dos territórios e podem apoiar planos, ações e medidas que reduzam os riscos existentes e evitem a instalação de novos. A elaboração e a análise desses instrumentos devem ser realizadas de forma integrada e conjunta entre equipes executoras e gestoras, pois esse processo é fundamental para planejar ações de prevenção, mitigação, preparação, resposta e reconstrução, como demandado pela Política Nacional de Proteção e Defesa Civil (PNPDEC) (Lei n° 12.608/2012). Chamamos a atenção para a relevância de integrar esses diferentes tipos de mapeamento para que as ações de Redução de Riscos e Desastres (RRD) no município sejam mais efetivas. Vale lembrar ainda que as ações devem ser alinhadas a outras políticas setoriais, tais como a política habitacional e instrumentos de planejamento e ordenamento territorial. Destaca-se aqui o Plano Diretor Municipal para o enfrentamento dos cenários existentes (risco instalado) e para evitar situações adversas futuras (construção de novos riscos). Ressaltamos que esses mapeamentos devem fazer parte de uma política de governo com recursos destinados a essa Devemos considerar, também, que o fortalecimento da governança da Gestão de Riscos e Desastres prevista como prioridade no Marco Sendai necessita do envolvimento de todos os grupos de interesse da sociedade, sobretudo das comunidades mais vulneráveis. Nesse sentido, as boas práticas para o enfrentamento do problema devem considerar processos e metodologias participativas, que trazem a complexidade dos problemas, do nivelamento de conceitos e das diversas leituras e experiências dos participantes diante da diversidade de cenários de riscos na qual se encontram. Os três tipos de mapeamento apresentados (Carta de Suscetibilidade, Carta Geotécnica de Aptidão à Urbanização e Carta de Risco) necessitam de experiência nas áreas de engenharia geotécnica, civil, ambiental e urbana, geologia, Durante a elaboração desses mapeamentos é possível um aprendizado coletivo, envolvendo a equipe executora, os gestores públicos e os técnicos das diversas secretarias das prefeituras, tendo a Defesa Civil sempre um papel protagonista nas atividades de campo, por ter maior interação com o território e as comunidades. Por esse motivo, é importante avançarmos na produção desses mapeamentos de forma participativa junto com as equipes municipais e com a também orientar as ações de Proteção e Defesa Civil. Além disso, pode ser uma estratégia para engajar a gestão pública e a sociedade no planejamento urbano e na execução de medidas em torno de cidades mais resilientes. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BITAR, Omar Yazbek (Coord.). Cartas de suscetibilidade a movimentos gravitacionais de massa e inundações, 01:25.000. Nota técnica explicativa (livro eletrônico). São Paulo: Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT). Brasília: CPRM – Serviço Geológico do Brasil, 2014. Disponível em: http://rigeo.cprm.gov.br/xmlui/bitstream/handle/doc/16588/NT-Carta_ Suscetibilidade.pdf?sequence=1. Acesso em: 25 de mar. 2021. BRASIL. Decreto nº 10.692, de 3 de maio de 2021. Institui o Cadastro Nacional de Municípios com Áreas Suscetíveis à Ocorrência de Deslizamentos de Grande Impacto, Inundações Bruscas ou Processos Geológicos ou Hidrológicos Correlatos. BRASIL. Lei nº 12.608, de 10 de abril de 2012. Institui a Política Nacional de Proteção e Defesa Civil (PNPDEC); dispõe sobre o Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil (SINPDEC) e sobre o Conselho Nacional de Proteção e Defesa Civil (CONPDEC); autoriza a criação de sistema de informações e monitoramento de desastres; altera as Leis nº 12.340, de 1º de dezembro de 2010, nº 10.257, de 10 de julho de 2001, nº 6.766, de 19 de dezembro de 1979, nº 8.239, de 4 de outubro de 1991, e nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996; e dá outras providências. CANIL, Kátia; NOGUEIRA, Fernando Rocha; MORETTI, Ricardo de Souza; FUKUMOTO, Marina Midori; RAMALHO, Paula Ciminelli; POLLINI, Paula Bittencourt; REGINO, Tássia de Menezes; GOMES, Aramis H. O processo interativo na elaboração da carta geotécnica de aptidão à urbanização e sua aplicação ao planejamento e gestão territorial do município de São Bernardo do Campo, SP. In: III CONGRESSO DA SOCIEDADE DE ANÁLISE DE RISCO LATINO- AMERICANA. Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), Associação Brasileira de Geologia de Engenharia e Ambiental (ABGE). São Paulo: IPT, 2016. Anais... São Paulo: ABGE, 2016. Geotécnica e Geoambiental. In: OLIVEIRA, Antonio Manoel dos Santos; MONTICELI, João Jerônimo (Eds.). Geologia de engenharia ambiental, 1 ed., v. 2. São Paulo: Associação Brasileira de Geologia de Engenharia e Ambiental (ABGE), 2018. p. 422-437. CARVALHO, Celso Santos; MACEDO, Eduardo Soares de; OGURA, Agostinho Tadashi (Orgs.). Mapeamento de riscos em encostase margem de rios. Brasília: Ministério das Cidades; Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), 2007. Disponível em: http://planodiretor.mprs.mp.br/arquivos/mapeamento.pdf. Acesso em: 24 de mar. 2021. CERRI, Leandro Eugenio da Silva; AKIOSSI, Adriano; AUGUSTO FILHO, Oswaldo; ZAINE, José Eduardo. Cartas e mapas método de detalhamento progressivo. In: 8° CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA DE ENGENHARIA. Rio de Janeiro, 1996. Anais... São Paulo: Associação Brasileira de Geologia de Engenharia e Ambiental (ABGE), v.2. p. 537-548. CONSÓRCIO INTERMUNICIPAL DO GRANDE ABC, 2014. Disponível em: https://consorcioabc.sp.gov.br/historico. Acesso em: 28 mar. 2021. (Coord. e Org.). a desastres naturais. 1 ed., Capítulo 3. Convênio Ministério das Cidades, Grupo de Engenharia Geotécnica de Encostas, Planícies e Desastres (GEGEP) e Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Brasília: MCidades, GEGEP e UFPE, 2013. MACEDO, Eduardo Soares. Elaboração de cadastro de risco iminente relacionado a escorregamentos: avaliação e Ciências Exatas (IGCE), da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP). São Paulo: UNESP, 2001. NOGUEIRA, Fernando Rocha; SULAIMAN, Samia Nascimento; VASCONCELOS, Vitor Vieira; COSTA E SILVA, Rafael; CARVALHO, Beatriz Oliveira de. Mensuração de vulnerabilidade na escala de detalhe para mapeamento de riscos: uma proposição inicial. In: 16º CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA DE ENGENHARIA E AMBIENTAL. Instituto de Geociências e Ciências Exatas (IGCE), 2018, São Paulo. Anais... São Paulo: ABGE, 2018. SOUZA, Leonardo Andrade de; SOBREIRA, Frederico Garcia. Guia para elaboração de cartas geotécnicas de aptidão à urbanização frente aos desastres naturais: estudo de caso de Ouro Preto – 2013. 1 ed., 68 p. Brasília, 2014. UFABC — Universidade Federal do ABC. Cartas geotécnicas de aptidão à urbanização dos municípios de São Bernardo do Campo e Rio Grande da Serra (SP). Santo André: UFABC, 2015. UFABC — Universidade Federal do ABC. Cartas geotécnicas de aptidão à urbanização dos municípios de Caieiras, Itapecerica da Serra, Itapevi e Santana de Parnaíba (SP). Santo André: UFABC, 2017. ZAINE, José Eduardo. Mapeamento geológico-geotécnico por meio do método do detalhamento progressivo: ensaio de aplicação na área urbana do Município de Rio Claro (SP). Tese (Doutorado) em Geociências e Meio Ambiente. Instituto de Geociências e Ciências Exatas (IGCE), da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP). Rio Claro, 2000.
Compartilhar