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MECÂNICA DOS SOLOS, DAS ROCHAS E ELEMENTOS DE GEOLOGIA PROF.a AMANDA LETÍCIA SOARES FACULDADE CATÓLICA PAULISTA Prof.a Amanda Letícia Soares MECÂNICA DOS SOLOS, DAS ROCHAS E ELEMENTOS DE GEOLOGIA Marília/SP 2023 “A Faculdade Católica Paulista tem por missão exercer uma ação integrada de suas atividades educacionais, visando à geração, sistematização e disseminação do conhecimento, para formar profissionais empreendedores que promovam a transformação e o desenvolvimento social, econômico e cultural da comunidade em que está inserida. Missão da Faculdade Católica Paulista Av. Cristo Rei, 305 - Banzato, CEP 17515-200 Marília - São Paulo. www.uca.edu.br Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem autorização. Todos os gráficos, tabelas e elementos são creditados à autoria, salvo quando indicada a referência, sendo de inteira responsabilidade da autoria a emissão de conceitos. Diretor Geral | Valdir Carrenho Junior MECÂNICA DOS SOLOS, DAS ROCHAS E ELEMENTOS DE GEOLOGIA PROF.a AMANDA LETÍCIA SOARES FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 5 SUMÁRIO CAPÍTULO 01 CAPÍTULO 02 CAPÍTULO 03 CAPÍTULO 04 CAPÍTULO 05 CAPÍTULO 06 CAPÍTULO 07 CAPÍTULO 08 CAPÍTULO 09 CAPÍTULO 10 CAPÍTULO 11 CAPÍTULO 12 CAPÍTULO 13 CAPÍTULO 14 CAPÍTULO 15 08 19 29 38 48 59 68 78 88 98 108 120 131 141 151 FATORES E PROCESSOS DE FORMAÇÃO DO SOLO COMPOSIÇÃO QUÍMICA E MINERALÓGICA DO SOLO PROPRIEDADES DAS PARTÍCULAS E ESTRUTURA DO SOLO ÍNDICES FÍSICOS ANÁLISE GRANULOMÉTRICA DOS SOLOS MACIÇOS ROCHOSOS PLASTICIDADE E CONSISTÊNCIA DO SOLO COMPACTAÇÃO DO SOLO INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA PERMEABILIDADE DO SOLO RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO DOS SOLOS COMPRESSIBILIDADE E ADENSAMENTO DO SOLO COLAPSO E SUBSIDÊNCIA DOS SOLOS ANÁLISE E MAPEAMENTO DE RISCO DESASTRE NATURAL MECÂNICA DOS SOLOS, DAS ROCHAS E ELEMENTOS DE GEOLOGIA PROF.a AMANDA LETÍCIA SOARES FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 6 INTRODUÇÃO Seja bem-vindo (a) ao mundo da Mecânica dos Solos! A mecânica dos solos é uma disciplina presente em várias grades dos cursos de engenharias, como por exemplo, engenharia civil, ambiental e sanitária, com um propósito pertinente a cada área de abrangência. De maneira geral, o estudo da mecânica dos solos e das rochas procura estudar o comportamento de maciços de solos, desde a sua origem até o seu comportamento quando solicitado. Isso mesmo, vamos estudar a origem de cada solo e você vai entender o motivo ao longo da disciplina. Mas já adianto, o conhecimento da origem do solo é fundamental para conhecermos as suas propriedades. Ao longo dos capítulos você conhecerá as propriedades e o comportamento desse material que é imprescindível em qualquer obra, desde obras que utilizam o próprio solo como elemento de construção, como por exemplo, as barragens, taludes e os aterros de estradas até informações pertinentes para as fundações das edificações. Em resumo, essa área se destina ao estudo das rochas e dos solos, verificando sua origem e, principalmente, o seu comportamento quando recebe solicitações em campo. Ainda, não podemos nos esquecer das obras de estabilidade, onde é necessário a construção de estruturas de contenção para conter uma escavação ou um aterro de solo. Todas essas obras citadas anteriormente possuem uma complexidade que necessita conhecimento aprimorado do solo. Sendo assim, de extrema relevância o conhecimento de características como: A resistência ao cisalhamento, ao percolamento de água e a porosidade, para projetarmos obras mais seguras. Quantas vezes você já não se deparou com notícias de taludes que romperam, ou deslizamentos de terra após chuvas por um longo período, ou, até mesmo, observou fissuras nas edificações e se indagou se aquela região é segura? Essas situações estão ou podem estar associadas a problemas geotécnicos. Dessa forma, como qualquer outra etapa das obras, a investigação e caracterização de solo é importante, pois, a partir delas, conseguimos minimizar ou, até mesmo, evitar problemas como os citados aqui. https://pt.wikipedia.org/wiki/Engenharia_civil https://pt.wikipedia.org/wiki/Engenharia_do_ambiente https://pt.wikipedia.org/wiki/Engenharia_sanit%C3%A1ria https://pt.wikipedia.org/wiki/Constru%C3%A7%C3%A3o https://pt.wikipedia.org/wiki/Barragem https://pt.wikipedia.org/wiki/Aterramento_mar%C3%ADtimo https://pt.wikipedia.org/wiki/Estrada MECÂNICA DOS SOLOS, DAS ROCHAS E ELEMENTOS DE GEOLOGIA PROF.a AMANDA LETÍCIA SOARES FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 7 Além disso, o conhecimento nesta área está intimamente ligado a área ambiental, buscando soluções e estudos para preservar e mapear as áreas de riscos, evitando desastres naturais. Para isso, é importante que você compreenda as metodologias de ensaios, seja em campo ou em laboratório, e saiba interpretar o que eles representam para poder aplicá-los nos projetos que precisará desenvolver. Você já entendeu o quão importante é o estudo da mecânica dos solos e como abrange um leque de possibilidades de atuação no mercado de trabalho? Você está pronto para iniciarmos nosso estudo sobre os solos? Dentro desse universo, resumidamente, você se deparará com a origem desse material, estudando os minerais e as rochas que são formadas por eles. Posteriormente, veremos as investigações de campo e de laboratório que auxiliarão na definição das características de solo, e, por fim, você verá o comportamento dos solos frente às solicitações da natureza e como podemos empregar a engenharia para mapear as áreas de riscos. Espero que você faça um bom aproveito desse material que foi carinhosamente preparado para conduzir o seu conhecimento. Não se esqueça de acessar os materiais complementares, bons estudos! Prof. Mestra. Amanda Soares. MECÂNICA DOS SOLOS, DAS ROCHAS E ELEMENTOS DE GEOLOGIA PROF.a AMANDA LETÍCIA SOARES FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 8 CAPÍTULO 1 FATORES E PROCESSOS DE FORMAÇÃO DO SOLO 1.1 Material de origem Seja bem-vindo (a), Prezado (a) aluno (a)! Preparados para ingressar nos estudos sobre mecânica dos solos? Para iniciar nessa jornada do conhecimento estudaremos sobre as definições do solo e os fatores e processos para a sua formação. Você já deve imaginar que em diferentes lugares do Brasil e do mundo nós temos formações diferentes, mas por qual motivo? O que interfere no ciclo da formação? Fique aqui comigo que você, caro (a) aluno (a), aprenderá o processo de caracterização do solo e a importância de iniciarmos o nosso estudo por essa temática! Primeiramente, Pedologia, da palavra grega pedon (solo, terra) é a ciência da formação, morfologia e classificação do solo. Além da classificação taxonômica, a ciência busca a interação dos fatores e processos de formação do solo e sua influência nas propriedades morfológicas, físicas, químicas e mineralógicas do solo (BRADY, 2013) Estimada com surgimento no século XIX, a pedologia permitiu classificar o solo em diferentes classes, desenvolver o conceito de horizonte, entender a distribuição do solo na paisagem e compreender o conceito que criou as bases da pedologia (BUENO, 1985) Agora que você, caro (a) aluno (a), já sabe o significado dessa ciência que acompanhará sua trajetória profissional, vamos discutir sobre os fatores e processos de formação do solo! Na formação do solo, o material de origem afeta diversas propriedades e pode ser dividido em dois grandes grupos: rochas e sedimentos. As rochas podem ser divididas em ácidas e básicas, as características mais importantes que diferenciam as classificações da rocha nessas categorias podem ser observadas no mapa mental (BUENO, 1985). Além disso, outras características das rochas que podem diferenciar os solos são: composição química e mineralogia, cor e textura. Estas características, estão MECÂNICA DOS SOLOS, DAS ROCHAS E ELEMENTOS DE GEOLOGIA PROF.a AMANDA LETÍCIA SOARES FACULDADE CATÓLICA PAULISTA |9 diretamente relacionadas à rocha geradora e à intensidade de alteração desses sedimentos (BRADY, 2013). Outro ponto de relevância é sobre as porcentagens e proporções de minerais presentes nas rochas. As rochas não podem suportar altas cargas se a resistência mineral for baixa. O contrário também é verdade. Minerais mais resistentes ajudam as rochas a suportar cargas maiores (MELO, 2007). Os sedimentos são formados pela desagregação das rochas e pela influência de processos erosivos, sendo muitas vezes transferidos e depositados na paisagem. Os sedimentos podem ser classificados em coluviais (sedimentos formados como resultado do intemperismo e erosão nos pontos mais altos da paisagem e depositados nas encostas) e sedimentos de inundação (vários sedimentos depositados durante o transbordamento do rio) (MELO, 2007). Figura 1.1 Título: Mapa mental – Rochas ácidas e básicas Fonte: A autora (2023) Dessa forma, sabendo da existência dos fatores na formação do solo, vamos conversar com profundidade a respeito da cada um deles: 1.1.1 Relevo A topografia é considerada um fator importante na formação do solo, pois é responsável por controlar toda a dinâmica dos fluxos hídricos da paisagem, como lixiviação de solutos, processos erosivos e condições de drenagem. MECÂNICA DOS SOLOS, DAS ROCHAS E ELEMENTOS DE GEOLOGIA PROF.a AMANDA LETÍCIA SOARES FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 10 As principais características que permeiam esses processos são a distância da superfície da água e a inclinação das encostas. Graças à água subterrânea, os lugares mais altos da paisagem têm boas condições de drenagem e promovem maior infiltração de água em relação às baixas encostas (CHIOSSI, 2013). Por outro lado, os pontos da paisagem com declives mais acentuados, aumentam o escoamento superficial das águas, o que aumenta a taxa de erosão e promove a regeneração do solo. Apesar do declive mais baixo, as partes mais baixas da paisagem estão mais próximas das águas subterrâneas e, em sua maioria, têm drenagem ruim ou muito ruim (CHIOSSI, 2013). 1.1.2 Clima A influência do clima na pedogênese está principalmente relacionada às características da precipitação, taxas de evaporação e temperatura, considerando sua influência no clima e no desenvolvimento do solo. A água da chuva afeta diretamente a formação do solo, pois através das reações química o material inicial é modificado e as substâncias dissolvidas produzidas na reação são removidas. Além disso, a água afeta o movimento, adição ou remoção de materiais no perfil do solo. A temperatura tem um efeito indireto, influenciando a taxa de reações químicas e as condições climáticas (MELO, 2007). Em ambientes de clima tropical com alta precipitação e alta temperatura, o intemperismo é intenso, produzindo solos profundos (maior do que 2 metros) (Figura 1.2) com composições químicas e mineralógicas profundamente alteradas (CHIOSSI, 2013). MECÂNICA DOS SOLOS, DAS ROCHAS E ELEMENTOS DE GEOLOGIA PROF.a AMANDA LETÍCIA SOARES FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 11 Figura 1.2 Título: Estratificação dos solos profundos Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Solo#/media/Ficheiro:Kashtanovaya_pahotnaya_pochva.jpg Em regiões de clima frio e temperado, o solo costuma ser mais jovem, ou seja, menos intemperizado e com maior teor de carbono orgânico no horizonte superficial. Em locais onde a taxa de evaporação excede a quantidade de precipitação, podem formar-se inclusive solos salinos e/ou ricos em sódio (CHIOSSI, 2013). 1.1.3 Organismos Os organismos formadores de solo têm estreita relação com o fator climático, considerando a adaptabilidade da fauna e da flora às condições de umidade e temperatura de determinado ambiente. Estes são considerados pré-requisitos para a pedogênese - a atividade dos organismos no substrato representa a diferença entre a pedogênese e os processos de intemperismo (BUENO, 1985). MECÂNICA DOS SOLOS, DAS ROCHAS E ELEMENTOS DE GEOLOGIA PROF.a AMANDA LETÍCIA SOARES FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 12 Segundo Brady (2013) a matéria orgânica adicionada ao solo pelas plantas ou através de resíduos de folhas ou raízes e sua decomposição pela fauna como: formigas, minhocas e microorganismos influenciam os seguintes processos do solo: • Afeta a agregação de partículas; • Escurecimento e coloração do solo; • Horizonte superficial; • Infiltração de água e erosão. 1.1.4 Tempo De acordo com Melo (2007) os fatores temporais representam não apenas relações cronológicas, mas também relações de maturidade e desenvolvimento: ⇨ Em climas áridos e semiáridos, formam-se solos jovens e pouco desen- volvidos devido à baixa intensidade do intemperismo, mesmo com baixa pluviosidade e exposição prolongada do material de origem. ⇨ Por outro lado, condições de intemperismo severo e alteração do mate- rial de origem, mesmo que recentemente exposto, formam solos madu- ros e desenvolvidos. O conceito de solo como um corpo organizado da natureza com suas próprias origens, ou seja, o solo é mais do que um manto de rocha erodida na superfície, e a formação do solo envolve mais do que intemperismo. Com base nesse conceito, assume-se que as propriedades e a distribuição geográfica dos solos em uma paisagem estão intimamente relacionadas ao tipo de condições ambientais em um determinado local ao longo do tempo (BRADY, 2013). 1.1.5 Processos Pedogenéticos Interações diversas e específicas do solo levam a processos pedogenéticos nos quais quatro processos múltiplos (transformação, migração, adição e perda) são reconhecidos. A execução desses processos em diferentes intensidades, dependendo das condições ambientais, resulta na variabilidade do tipo de solo em uma determinada paisagem. Como podemos observar nas ilustrações abaixo (Figura 1.3 e Figura 1.4), ambas são variações de argissolos, com suas respectivas características (MELO, 2007). MECÂNICA DOS SOLOS, DAS ROCHAS E ELEMENTOS DE GEOLOGIA PROF.a AMANDA LETÍCIA SOARES FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 13 Figura 1.3 Título: Argissolo de coloração acinzentado Fonte:https://pt.wikipedia.org/wiki/Argissolo#/media/Ficheiro:Argissolo_Acinzentado_(SIBCS,_2018).png Figura 1.4 Título: Argissolo com coloração vermelho-amarelo. Fonte: Argissolo Vermelho-Amarelo (SIBCS, 2018) - Argissolo – Wikipédia, a enciclopédia livre (wikipedia.org) Segundo Das (2019), múltiplos processos de transformação atuam para modificar a composição do solo, seja ela física ou química. Processo de migração significa o movimento de substâncias orgânicas ou inorgânicas dentro do perfil. Os processos de adição consistem na introdução de material no solo a partir de uma fonte externa. Os processos de perda são caracterizados pela remoção de partículas por erosão ou remoção de cátions por lixiviação. Caro (a) aluno (a), MECÂNICA DOS SOLOS, DAS ROCHAS E ELEMENTOS DE GEOLOGIA PROF.a AMANDA LETÍCIA SOARES FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 14 Você estudou que a formação de rochas não é um processo simples, leva muito tempo e depende de fatores complexos para ser totalmente concluído. No entanto, é esse processo de formação que define as propriedades das rochas, principalmente porque sua composição mineral as influencia muito. Além disso, as rochas podem ser divididas em três grandes grupos: ⇨ Rochas ígneas; ⇨ Metamórficas; ⇨ Sedimentares. Vamos estudar os detalhes de cada um? 1.2 Rochas Metamórficas, Sedimentares e Ígneas Segundo Das (2019), as rochas ígneas são formadas pelo resfriamento do magma: ⇨ Quando o magma esfria dentro da crosta ele também pode ser classifi- cado como plutônico ou intrusivo. Quando esse resfriamento ocorre dentro da crosta, ele ocorre lentamente, dando tempo suficiente para que as rochas se formem bem, tornando-as visualmente mais atraentes, como por exemplo, o granito (Figura 1.5). Figura 1.5 Título: Colorações e variações de granitos Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Granito#/media/Ficheiro:Various_granites.jpg O granito é umexemplo de rocha ígnea intrusiva composta de minerais como quartzo, feldspato e mica. Essa rocha é produto do magma granítico e tem uma textura pegajosa que dificulta a chegada desse material à superfície. Como tal, acaba por cristalizar em profundidade, provocando o crescimento mineral de forma visível a olho nu (CHIOSSI, 2013). O granito é frequentemente vendido para construção civil e normalmente é usado para bancadas de pias de cozinha e banheiro. Além disso, pode haver variações na cor, sendo encontrado comercialmente da rosa ao cinza. ⇨ Quando o magma esfria fora da crosta ele também pode ser classifica- do como vulcânico ou efusivo. MECÂNICA DOS SOLOS, DAS ROCHAS E ELEMENTOS DE GEOLOGIA PROF.a AMANDA LETÍCIA SOARES FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 15 O basalto (Figura 1.6) é um exemplo de rocha ígnea vulcânica com composições ricas em magnésio e ferro. Sua formação decorre do magma basáltico, que é mais quente e fluido que o magma granítico. Isso torna o material menos viscoso e mais fácil de alcançar as superfícies (DAS, 2019). Figura 1.6 Título: Basalto - Rocha ígnea eruptiva Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Basalto#/media/Ficheiro:BasaltUSGOV.jpg ISTO ACONTECE NA PRÁTICA Esse tipo de pedra também é comercializado na construção civil, mas o uso mais comum é como agregado, por exemplo, pedras britadas (Figura 1.7) para concreto ou pavimentação. Figura 1.7 Título: Brita de 20 milímetros para o uso de agregados de construção Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Brita#/media/Ficheiro:20mm-aggregate.jpg MECÂNICA DOS SOLOS, DAS ROCHAS E ELEMENTOS DE GEOLOGIA PROF.a AMANDA LETÍCIA SOARES FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 16 As rochas sedimentares são formadas a partir da deposição de sedimentos formados pelo intemperismo, ou seja, são “o acúmulo de produtos de decaimento e desagregação de todas as rochas da crosta terrestre” (DAS, 2019). Para a formação das rochas sedimentares é necessária a ação do ambiente atmosférico, seja vento, água ou mudanças de temperatura, que têm um efeito desintegrador das rochas que já estão ali. O transporte, como água ou vento, é necessário para transportar esses sedimentos para outro local e depositá-los. Finalmente, à medida que novas camadas são depositadas, esses sedimentos vão se consolidando até se tornarem rochas (DAS, 2019). ⇨ As rochas sedimentares podem ser classificadas como rochas calcá- rias ou químicas de acordo com o processo pelo qual foram formadas. Na primeira categoria, os sedimentos podem ser compactados e mantidos juntos por materiais como óxido de ferro, calcita, dolomita e quartzo, que são transportados em solução pelas águas subterrâneas (CHIOSSI, 2013). Na segunda categoria, as rochas sedimentares químicas são formadas por processos químicos usando íons que precipitam em solução e são, na maioria das vezes, apresentados com texturas não clástica (CHIOSSI, 2013). ISTO ACONTECE NA PRÁTICA A imagem a seguir ilustra a Dolomita (Figura 1.8) classificada como uma rocha sedimentar é um mineral que contém íons de cálcio e magnésio encontrada em diversas partes do mundo. Usada para fins industriais, agrícolas e decorativos, este mineral também é empregado na fabricação de vidro e porcelana, bem como na produção de ferro e aço (CHIOSSI, 2013). Figura 1.8 Título: Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Dolomita#/media/Ficheiro:Dolomite-Magn%C3%A9site-_Navarre.jpg MECÂNICA DOS SOLOS, DAS ROCHAS E ELEMENTOS DE GEOLOGIA PROF.a AMANDA LETÍCIA SOARES FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 17 Finalmente, as rochas metamórficas são rochas que se formaram a partir da alteração de outras rochas que já existiam. A palavra metamorfose vem das palavras gregas meta, que significa mudança, e morfo, que significa forma. Como o nome sugere, o metamorfismo altera a composição e a textura das rochas apenas com a ajuda de alta temperatura e pressão (DAS, 2019). ⇨ Portanto, é importante satisfazer pelo menos três condições para que ocorra a transformação: Temperatura, pressão e fluido. A temperatura (acima de 200°C) e a pressão favorecem a quebra das ligações minerais e iniciam o processo de compressão de novas estruturas rochosas. O último ponto contribui para o transporte de produtos químicos que dão suporte a novos processos de formação de minerais (CHIOSSI, 2013). O metamorfismo pode ocorrer sem a perda ou adição de novo material. Ou seja, neste caso ocorrem apenas mudanças estruturais da rocha, não mudanças na composição química. Esse tipo de transformação é chamado de metamorfose regular. Quando o metamorfismo resulta em mudanças na composição química das rochas, é denominado metamorfismo metassomático (CHIOSSI, 2013). Além disso, podemos buscar vários aspectos para identificar as propriedades das rochas metamórficas. A primeira é que esta rocha possui minerais alongados dispostos em fileiras. Em segundo lugar, observamos dobras e fendas na rocha, principalmente devido à ação da pressão. E por fim, as rochas são de média a alta dureza (CHIOSSI, 2013). ISTO ACONTECE NA PRÁTICA Na construção civil, o mármore, um exemplo de rocha metamórfica (Figura 1.9), pode ser utilizado em banheiros, nichos ou como pedras decorativas. Figura 1.9 Título: Rocha metamórfica – Mármore. Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%A1rmore#/media/Ficheiro:MarbleUSGOV.jpg MECÂNICA DOS SOLOS, DAS ROCHAS E ELEMENTOS DE GEOLOGIA PROF.a AMANDA LETÍCIA SOARES FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 18 1.3 Conceitos e definições 1.3.1 Perfis do Solo e Estratos Caro (a) aluno (a), à medida que o solo sofre modificações, o material de origem é dividido em seções aproximadamente paralelas ao solo, chamadas de horizontes. Sendo assim, um perfil de solo representa os efeitos combinados de vários fatores que contribuem para sua aparência, como textura, cor, estrutura, coerência e continuidade do horizonte (BUENO, 1985). ⇨ Um perfil de solo é, portanto, definido pelo conjunto de horizontes ali observados. Horizontes podem ser definidos como trechos de compo- sição orgânica ou mineral que são quase paralelos à superfície da Terra e possuem características criadas por processos de formação de solo que os distinguem de outros trechos adjacentes. Os horizontes do perfil do solo são moldados por múltiplos processos pedogenéticos de adi- ção, perda, deslocamento e transformação. ⇨ Os estratos diferem dos horizontes porque não são ou são pouco afeta- dos pelos processos de formação do solo. Os perfis representam, portanto, a unidade básica de estudo dos solos. Os estudos dos perfis dos solos podem ser realizados em campo por meio de descrições morfológicas (ou simplesmente descrições de perfis) e determinações analíticas (físicas, consistindo na amostragem de cada horizonte descritos) (BUENO, 1985). O solo pode ser inspecionado por amostragem, mas apresenta inconvenientes como a destruição de unidades estruturais, impossibilitando a avaliação correta da estrutura e cerosidade. No entanto, é possível examinar cores e avaliar texturas e consistências. Caro (a) aluno (a), a respeito da cerosidade e outras terminologias empregadas na avaliação do solo iremos discutir nas próximas unidades. Até a próxima unidade! ISTO ESTÁ NA REDE Em seus mais de 50 anos de existência, o Heinz Ebert Stones and Minerals Museum tem como missão transmitir conhecimento às gerações futuras. Este conhecimento está agora disponível numa base de dados completa contendo uma vasta gama de informação sobre investigação em ciências da terra para apoiar atividades educativas no ensino básico, secundário e superior. https://museuhe.com.br/ https://museuhe.com.br/ MECÂNICA DOS SOLOS, DAS ROCHAS E ELEMENTOS DE GEOLOGIA PROF.a AMANDA LETÍCIA SOARES FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 19 CAPÍTULO 2 COMPOSIÇÃO QUÍMICA E MINERALÓGICA DO SOLO 2.1 Composição do solo Prezado (a), aluno (a)! Você já parou para refletir a importância do solo? Ele é a base da produção agrícola, das construções e estradas, além de preservar nossaságuas subterrâneas. Isto é, o solo está presente na maioria das atividades humanas. Devido a essa importância, a composição do solo é abordada nesta unidade. Sabendo que o solo é essencial para a vida, sua conservação é primordial para o funcionamento de todo o meio ambiente. Os solos são compostos por três estágios distintos e inter-relacionados, cada um com sua própria importância e função. Esta unidade centra-se, assim, no estudo da composição do solo, compreendendo o modo como cada uma das suas fases constituintes desempenha um papel relevante no funcionamento do sistema do solo. Os propósitos específicos desta unidade são: a) Compreender as funções de cada fase que constitui o solo e as suas relações. b) Compreender a matéria orgânica e mineral do solo; c) Compreender os processos de contaminação do solo e como evitar que os contaminantes afetem os sistemas biológicos. Ao final desta unidade, você será capaz de assimilar as fases do solo e entender como ocorre as trocas de nutrientes no solo. 2.11 Intemperismo Caro (a), aluno (a), você aprendeu no capítulo anterior que os solos são formados pela decomposição de rochas através de processos físicos e químicos de intemperismo. As propriedades químicas e mineralógicas das partículas de solo assim formadas dependem essencialmente da composição da rocha matriz e também do clima local. Segundo Massad (2016), essas propriedades têm grande influência no comportamento mecânico dos solos. Além disso, eles podem ser divididos em dois grandes grupos: MECÂNICA DOS SOLOS, DAS ROCHAS E ELEMENTOS DE GEOLOGIA PROF.a AMANDA LETÍCIA SOARES FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 20 Primário ⇒ encontrado no solo e nas alterações das rochas sobreviventes (resultando, portanto, do intemperismo físico). Minerais primários são minerais derivados de rochas que começam a se decompor devido ao clima e à ação biológica e formam o solo. Esse processo de degradação das rochas pela ação de agentes químicos, físicos e biológicos é chamado de intemperismo. Portanto, os minerais que estão no solo exatamente como estavam nas rochas são chamados de minerais primários porque sofreram apenas intemperismo físico (redução). Secundário ⇒ formado quando a rocha se transforma em solo (intemperismo químico). Os minerais secundários são formados no solo pelo intemperismo dos minerais primários. Ou seja, os minerais primários, que eram do tamanho de areia ou silte, são intemperizados quimicamente, dissolvidos completamente e os elementos químicos liberados se recombinam para formar minerais secundários, minerais formados no próprio solo, e tem uma alta fração de argila. O solo é composto por um ou mais agregados minerais (Figura 2.1). A parte de areia e silte consiste principalmente em minerais primários, enquanto a parte de argila consiste em minerais secundários. Se esses elementos dissolvidos não se recombinarem, eles permanecem na solução do solo e podem ser absorvidos pelas plantas ou simplesmente perdidos por lixiviação. Esses minerais possuem diversas reservas nutricionais. Em resumo, essas composições minerais incluem nutrientes vegetais como cálcio (Ca), potássio (K), magnésio (Mg), ferro (Fe) e manganês (Mn) cobre (Cu), zinco (Zn), entre outros (MELO, 2007). Figura 2.1 Título: Fatores essenciais para a formação do solo Fonte: https://br.freepik.com/fotos-gratis/agricultura-inteligente-iot-com-fundo-de-arvore-de-plantio-a-mao_17121716.htm#&position=23&from_view=undefined MECÂNICA DOS SOLOS, DAS ROCHAS E ELEMENTOS DE GEOLOGIA PROF.a AMANDA LETÍCIA SOARES FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 21 Esses nutrientes fazem parte da estrutura dos minerais primários que liberam os compostos na solução do solo durante o intemperismo. As frações de argila são compostas principalmente por minerais secundários e, ao contrário das frações de areia e silte, são desprovidas de nutrientes (MASSAD, 2016). Mas se a porcentagem de argila no solo é tão pequena, por que ela é tão importante? Já se questionou sobre esse detalhe? Figura 2.2 Título: Mapa mental das trocas de nutrientes Fonte: A autora (2023) A resposta para essa pergunta é simples: Apesar de não possuir nenhum nutriente armazenado na sua parte interna, na sua superfície ela possui cargas. Essas cargas são responsáveis pela capacidade de troca catiônica (CTC) do solo (DAS, 2019). A carga na superfície da argila retém os nutrientes por simples atração eletrostática, remove-os da solução do solo e evita que sejam perdidos do solo por lixiviação. As plantas e os organismos absorvem os nutrientes que eles necessitam da solução do solo, ou seja, dos nutrientes que estão retidos na superfície da argila (DAS, 2019). Sendo assim, segundo Melo (2007) a planta faz uma troca com a superfície argilosa, liberando H+ para a superfície, que libera nutrientes pela solução do solo. Logo, CTC MECÂNICA DOS SOLOS, DAS ROCHAS E ELEMENTOS DE GEOLOGIA PROF.a AMANDA LETÍCIA SOARES FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 22 refere-se à presença de uma carga negativa na superfície da matéria orgânica e frações de argila. A maioria dos nutrientes essenciais das plantas tem uma carga positiva. Portanto, sua retenção em superfícies de argilas ou da matéria orgânica é maior quando essas superfícies carregam uma carga negativa. O mapa mental das trocas de nutrientes ilustra a retenção de cátions e ânions. Por que é importante que o nutriente seja retido? É importante que o nutriente seja capturado na superfície dos minerais ou da matéria orgânica para evitar que seja lixiviado, ou seja, “lavado” do solo. Os minerais secundários mais comuns encontrados nas frações argilosas são minerais silicáticos (contém silício em sua estrutura) e oxihidróxidos de ferro (Fe) e alumínio (Al) (DAS, 2019). A presença de certos minerais depende basicamente do grau de intemperismo do solo. Solos mais jovens, isto é, solos que sofreram pouco intemperismo, são geralmente solos mais planos, e as partes argilosas são dominadas por minerais como vermiculita e esmectita (DAS, 2019). A vermiculita e esmectita possuem alta CTC e propriedades de expansão e contração na presença e ausência de água. Essa propriedade dos minerais de inchar e contrair de acordo com os níveis de umidade do solo resulta em solo com propriedades físicas indesejáveis, como, por exemplo, possui alta dureza e, consequentemente, a formação de muitas fendas na estação seca (MELO, 2007). Por outro lado, em solos altamente intemperizados (“velhos”), geralmente solos profundos, a fração argila é composta principalmente por minerais como a caulinita com baixo CTC (MELO, 2007). Também são encontrados nesses solos mais intemperizados óxidos de ferro (como hematita e goethita) e hidróxidos de alumínio (como a gibbsita), que carregam inúmeras cargas positivas em sua superfície e aumentam a capacidade de troca aniônica (CTA) do solo. Esses minerais são mais comuns nas frações argilosas dos solos brasileiros, em consequência da maioria dos solos presentes serem caracterizados como intemperizados em virtude dos climas tropicais (MELO, 2007). 2.1.2 Composição orgânica Prezado (a), aluno (a)! Vamos sintetizar o que aprendemos até o momento? ⇨ As superfícies carregadas negativamente da argila retêm cátions (íons carregados positivamente), e as superfícies carregadas positivamente MECÂNICA DOS SOLOS, DAS ROCHAS E ELEMENTOS DE GEOLOGIA PROF.a AMANDA LETÍCIA SOARES FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 23 carregam ânions (íons carregados negativamente). ⇨ Cátions e ânions contidos nas soluções do solo podem ser perdidos por lixiviação antes de serem absorvidos pelas plantas. Cátions e ânions retidos na superfície de minerais secundários e matéria orgânica são nutrientes prontamente disponíveis para as plantas. ⇨ Quanto à composição da parte inorgânica, muitos minerais foram iden- tificados, a maioria dos quais à base de silicatos. Isso é esperado, pois o silício e o oxigênio são os elementos mais comuns no solo. No entanto, devidoao seu alto estágio de intemperismo, os óxidos metálicos são facilmente encontrados em solos tropicais, principalmente frações argi- losas. Devido à complexidade dos constituintes orgânicos, é difícil listar todos os compostos presentes. No entanto, de maneira didática podemos resumir a composição orgânica do solo como: • Matéria orgânica não humificada: Baseia-se principalmente em compostos liberados por processos de decomposição, seja em sua forma original ou ligeiramente alterada. Apesar da grande diversidade de plantas, apenas algumas estruturas orgânicas podem ser detectadas no solo, incluindo vários carboidratos, aminoácidos, proteínas, lipídios, ácidos nucléicos, lignina e ácidos orgânicos (CHIOSSI, 2013). • Matéria orgânica humificada: A maioria das argilas e compostos orgânicos têm propriedades coloidais, entre as quais se destaca o fato de possuírem uma carga superficial. Por esta razão, estes dois componentes da fração de sólidos são considerados o local mais importante da atividade do solo e, portanto, são os principais responsáveis por sua reatividade (CHIOSSI, 2013). Como veremos mais adiante, as fases líquida e gasosa ocupam os espaços porosos do solo formados pela aglomeração de partículas sólidas. A seguir, discutiremos em duas partes: sólidos orgânicos ou orgânicos e sólidos inorgânicos ou inorgânicos. Para melhor entendimento, essas partes (solos orgânicos e inorgânicos) são apresentadas separadamente: 2.1.3 Fase sólida orgânica do solo A matéria orgânica, a chamada fase orgânica sólida do solo, é composta por resíduos vegetais (folhas, galhos, frutos, raízes) e animais (esqueleto e fezes) de variados graus de decomposição. MECÂNICA DOS SOLOS, DAS ROCHAS E ELEMENTOS DE GEOLOGIA PROF.a AMANDA LETÍCIA SOARES FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 24 Resíduos vegetais frescos depositados sobre ou no solo sofrem processos de degradação por organismos do solo. Esta matéria orgânica é a fonte de nutrientes para plantas e organismos. Parte dessa matéria orgânica é formada pelos organismos do solo em uma fração conhecida como húmus ou fração de húmus, que é composta por moléculas orgânicas muito grandes e complexas (CHIOSSI, 2007). As frações húmicas são de grande importância nos solos, pois não apenas suportam a agregação de partículas sólidas, mas também são responsáveis pela maioria das cargas que podem reter nutrientes em solos tropicais e subtropicais (CHIOSSI, 2007). A matéria orgânica é importante para o solo, mas está presente em pequenas quantidades (cerca de 5% ou menos do volume do solo). Pelo fato de ser depositado principalmente por plantas e animais sobre ou na superfície do solo, está concentrado na primeira camada (MELO, 2007). Portanto, à medida que a profundidade do solo aumenta, o conteúdo de matéria orgânica no solo diminui. O teor de matéria orgânica varia muito de solo para solo, pois depende da quantidade de resíduos orgânicos depositados no solo e de quanto dessa matéria orgânica foi mineralizada. A mineralização destrói as moléculas orgânicas, transformando-as em moléculas inorgânicas. No processo, o solo perde matéria orgânica. À medida que os resíduos orgânicos são decompostos, forma-se húmus e aumenta o teor de matéria orgânica do solo, melhorando assim a quantidade de coesão e carga negativa (MELO, 2007). As plantas absorvem nutrientes do solo e os incorporam ao tecido vegetal, quando essas plantas despejam resíduos no solo, seus nutrientes retornam ao solo e são reabsorvidos por novas plantas que crescem lá. Esse processo é chamado de ciclo dos nutrientes (MELO, 2007). Segundo Melo (2007) o ciclo de nutrientes é um processo muito importante, garantindo que alguns solos pobres sustentem florestas exuberantes. Em outras palavras, a ciclagem de nutrientes pelas plantas sustenta as florestas. No Brasil, esse processo pode ser observado na floresta amazônica, a maior parte do solo sob esta floresta é pobre em nutrientes, mas mesmo quando o solo é pobre, a floresta se forma devido à ciclagem de nutrientes pelas plantas (Figura 2.3). A proporção da matéria orgânica pode ser observada através da coloração. As camadas de solo com maior teor de matéria orgânica variam de marrom a preto, conforme mostrado na Figura 2.4. A matéria orgânica é formada durante a decomposição de detritos vegetais e animais depositados no solo. MECÂNICA DOS SOLOS, DAS ROCHAS E ELEMENTOS DE GEOLOGIA PROF.a AMANDA LETÍCIA SOARES FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 25 Além disso, a matéria orgânica não só melhora a coesão do solo, mas também aumenta a porosidade do solo, colaborando com a infiltração de água. A quantidade de matéria orgânica que se acumula no solo depende do clima, tipo de vegetação, composição do solo, umidade e tipo de uso (CHIOSSI, 2013). Figura 2.3 Título: floresta tropical brasileira Fonte: https://br.freepik.com/fotos-gratis/foto-aerea-de-um-rio-cercado-por-ilhas-cobertas-de-vegetacao-sob-a-luz-solar_8858045.htm#query=floresta%20 amazonica&position=14&from_view=search&track=ais O aumento da porosidade é benéfico para a agricultura, pois facilita a penetração da água, porém para engenharia, é indesejável, uma vez que favorece a percolação do solo e aumenta o deslocamento quando solicitado (CHIOSSI, 2013). Figura 2.4 Título: Coloração do solo escuro devido a quantidade de matéria orgânica Fonte: https://br.freepik.com/fotos-gratis/plana-colocar-as-maos-segurando-o-solo_4969590.htm#&position=2&from_view=undefined MECÂNICA DOS SOLOS, DAS ROCHAS E ELEMENTOS DE GEOLOGIA PROF.a AMANDA LETÍCIA SOARES FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 26 2.1.4 Fase sólida inorgânica do solo Segundo Pinto (2006) a parte mineral consiste em rochas e fragmentos minerais de várias formas e tamanhos. Nos solos, os minerais, ou simplesmente minerais do solo, são classificados de acordo com o tamanho das partículas. ⇨ Partículas maiores que 2 mm são chamadas de esqueleto do solo e con- sistem em cascalho (2 mm a 2 cm); ⇨ Seixos/calhaus (2 a 20 cm); ⇨ Rochas/matacões (>20 cm). A parte conhecida como solo fino, que consiste em partículas menores que 2 mm. É dividido em: ⇨ Areia (0,05 mm até 2 mm); ⇨ Silte (0,002 mm até 0,05 mm); ⇨ Argila (<0,002 mm). Esta classificação refere-se apenas ao tamanho das partículas (como mostra a Figura 2.5) e não ao tipo de minerais de que são compostas. Matacões Seixos Cascalhos Areia Silte Argila Figura 2.5 Título: Ilustração dos tamanhos das partículas Fonte: A autora (2023) Portanto, quando classificamos um solo em argiloso, estamos dizendo que nesse solo predominam minerais do tamanho de argila. Ou seja, você não tem apenas grãos de argila, você tem várias partículas de areia e silte também, porém em maior quantidade a argila (PINTO, 2006). Em geral, o solo possui algumas frações que compõem o solo fino. Claro, em alguns solos a porcentagem de uma fração é maior do que as outras, mas todas as três frações estão sempre presentes (PINTO, 2006). A dimensão das partículas está intimamente relacionada com os fatores de capacidade de adsorção da água e sua taxa de drenagem. Ou seja, quanto menor a dimensão da partícula mais fácil para reter água no solo. Além disso, segundo Melo (2007) também podemos correlacionar a área superficial específica, isto é, uma medida de um objeto sólido que compara a área da superfície do objeto com sua massa e é particularmente relevante em materiais como solo. Sua MECÂNICA DOS SOLOS, DAS ROCHAS E ELEMENTOS DE GEOLOGIA PROF.a AMANDA LETÍCIA SOARES FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 27 importância advém do fato de mensurarmos o contato entre as partículas e o impacto que esse contato influencia, como por exemplo, quanto maior a superfície especifica: • Maior a CTC • Maior a retenção de água • Maior teor de matéria orgânica e argila Prezado (a), aluno (a), conversaremos com maior profundidade sobre as propriedades das partículas sólidas nas próximas unidades, mas já foi possível compreender o impacto que os tamanhosdas partículas exercem na análise do solo. ISTO ACONTECE NA PRÁTICA Os matacões são blocos de rocha que possuem tamanho variado, pela NBR 6502 – Rochas e Solos, o tamanho encontrado é de 20cm a 1m, porém, em campo, os matacões podem apresentar diversos tamanhos até vários metros e podem ser subterrâneos ou superficialmente expostos. Figura 2.6 Título: Bloco de rocha - Matacão Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Matac%C3%A3o#/media/Ficheiro:Karlu_Karlu_2.jpg MECÂNICA DOS SOLOS, DAS ROCHAS E ELEMENTOS DE GEOLOGIA PROF.a AMANDA LETÍCIA SOARES FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 28 ISTO ESTÁ NA REDE Agora que já discutimos sobre a composição do solo, assista ao vídeo “Especial: Conhecendo o Solo”, disponível em: http://www.ciencias.seed.pr.gov.br/modules/video/showVideo.php?video=9265 ⇨ Nesta unidade foram apresentadas as propriedades do solo. Os solos são divididos em três fases: ⇨ Gasosa, líquida e sólida. A fase sólida inclui a matéria orgânica do solo (concentrada nos resíduos orgânicos em vários estágios de decomposição) e a matéria mineral (composta pelos minerais do solo), que podem ser divididas em frações de areia, silte e argila de acordo com o tamanho. Também foi demonstrado que as partes de areia e silte eram compostas principalmente por partes primárias. Já as secundárias são compostas de argila mineral, que, juntamente com a matéria orgânica, estavam envolvidas na formação de CTC e CTA no solo. Prezado (a), aluno (a), se você chegou até aqui já conseguiu compreender que o solo é um sistema fundamental para a vida do planeta, por isso é muito importante usá-lo adequadamente. Bom, vamos continuar a nossa jornada do conhecimento no próximo capítulo! http://www.ciencias.seed.pr.gov.br/modules/video/showVideo.php?video=9265 MECÂNICA DOS SOLOS, DAS ROCHAS E ELEMENTOS DE GEOLOGIA PROF.a AMANDA LETÍCIA SOARES FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 29 CAPÍTULO 3 PROPRIEDADES DAS PARTÍCULAS E ESTRUTURA DO SOLO 3.1 Propriedades das partículas Prezado (a), aluno (a)! Nos capítulos anteriores estudamos sobre a origem e formação do solo, além de aprendermos sobre a sua composição química e mineralógica. De base desse conhecimento, será que conseguimos realizar uma análise visual e tátil dos solos? Eu te garanto que sim! Vamos discutir sobre a textura, coloração e outras propriedades que podem caracterizar o nosso solo. Aprendemos que textura depende do tamanho relativo e da distribuição das partículas sólidas que compõem o solo. Os estudos de textura do solo são realizados por ensaios de granulometria, descritos nos próximos capítulos. Neste ensaio, os solos podem ser divididos pela sua natureza em dois grandes grupos: solos grosseiros (areia e cascalho) e solos finos (silte e argila). Essa divisão é fundamental para compreender o comportamento do solo, pois dependendo do tamanho geral da partícula, as forças de campo que afetam seu comportamento são gravitacionais (solo espesso) ou elétricas (solo fino). Em geral, pode-se dizer que quanto maior a relação área/volume ou área/massa das partículas sólidas, mais dominantes são as forças elétricas ou de superfície. Uma vez que essas relações são inversamente proporcionais ao tamanho da partícula, as forças de superfície que influenciam o comportamento da partícula dominam em solos finos. Mas além do ensaio de granulometria, quais outros ensaios preliminares auxiliam na análise correta da composição do nosso solo? Vamos começar o nosso estudo com a identidade visual e tátil do solo! MECÂNICA DOS SOLOS, DAS ROCHAS E ELEMENTOS DE GEOLOGIA PROF.a AMANDA LETÍCIA SOARES FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 30 No campo, muitas vezes os solos precisam ser pré-identificados sem equipamentos experimentais. Esta classificação primária é muito importante na definição (ou seleção) de testes laboratoriais mais sofisticados e pode ser derivada de vários testes que são executados rapidamente em amostras de solo. Observe, caro(a) aluno(a), na Figura 3.1 que para realizar uma análise tátil visual os instrumentos necessários são: uma prancheta, uma caneta e o seu conhecimento! Figura 3.1 Título: Análise tátil visual do solo Fonte:https://br.freepik.com/fotos-gratis/as-mulheres-agricultoras-estao-pesquisando-o solo_4284053.htm#query=ensaios%20solo&position=2&from_ view=search&track=ais 3.1.1 Identidade visual e tátil dos solos Segundo Caputo (2022), os seguintes métodos são comumente usados para identificação visual e tátil dos solos: ⇨ Tato: Esfregue uma parte do solo com a mão (Figura 3.2), observe a textura: a areia é grossa e ásperas. Já a argila é pulverulenta, parece um pó, um talco no seu estado seco; Figura 3.2 Título: Método tátil Fonte: foodiesfeed.com_female-farmer-planting-seed-in-a-soil MECÂNICA DOS SOLOS, DAS ROCHAS E ELEMENTOS DE GEOLOGIA PROF.a AMANDA LETÍCIA SOARES FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 31 ⇨ Plasticidade: Formar bolas ou cilindros a partir do solo úmido (Figura 3.3). A argila é maleável, mas a areia e o silte não são moldáveis. Sendo assim, você terá facilidade para moldar a argila e dificuldade para mol- dar a areia e o silte; Figura 3.3 Título: Solo moldável em campo Fonte: foodiesfeed.com_gardener8217s-hands ⇨ Resistência do solo seco: A argila é tolerante à pressão dos dedos, enquanto os siltes e areias não são, eles têm tendência a esfarelar; ⇨ Dispersão em água: Coloque um pouco de solo seco em uma proveta, misture com água e agite. A areia assenta rapidamente, enquanto a ar- gila turva a suspensão e leva mais tempo para assentar; ⇨ Impregnação: Esfregue uma pequena quantidade de solo úmido na palma da mão. Segure sua mão sob uma torneira aberta e veja com que facilidade sua palma fica limpa. Solos finos, a argila, por exemplo, é difícil de sair e mancha a pele com mais facilidade. ⇨ Dilatância: Os testes de dilatação fornecem informações sobre a taxa de movimento da água no solo. Para realizar o teste, deve-se preparar uma amostra de solo de aproximadamente 15 mm de diâmetro e um teor de água que garanta uma consistência macia. O solo deve ser colo- cado na palma da mão e espalhada uniformemente sobre ela para que não haja película de água. Deve-se atentar para o aparecimento de uma camada de água na superfície do solo e o tempo de seu aparecimento. Em seguida, dobre a palma da mão para aplicar uma leve pressão na amostra e observe o que acontece quando há uma camada de água na superfície da amostra. O aparecimento e desaparecimento da camada de água durante a oscilação e o tempo necessário para a compressão deve ser analisado e comparado com os valores tabelados. MECÂNICA DOS SOLOS, DAS ROCHAS E ELEMENTOS DE GEOLOGIA PROF.a AMANDA LETÍCIA SOARES FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 32 Descrição da ocorrência de lâmina d’água durante DilatânciaVibração (aparecimento) Compressão (desaparecimento) Não há mudança visível Nenhuma (argila) Aparecimento lento Desaparecimento lento Lenta (silte ou areia argilosa) Aparecimento médio Desaparecimento médio Média (Silte, areia siltosa) Aparecimento rápido Desaparecimento rápido Rápida (areia) Tabela 3.1 – Dilatância do solo Fonte: A autora (2023) Após a realização destes testes, o solo deve ser classificado de acordo com os resultados obtidos (areia siltosa, argila arenosa, etc.). Já os solos orgânicos se distinguem por sua cor e odor únicos. Além da detecção de solo visual e tátil, todas as informações relacionadas à detecção de solo disponíveis em campo devem ser anotadas. Se possível, deve ser comunicada a possível presença de material cimentício ou matéria orgânica, a cor do solo, o local de onde o solo foi coletado, sua origem geológica, sua classificação genética, etc. A distinção entre solos argilosos e siltosos apresenta dificuldades particulares na prática geotécnica, pois ambos os solos são finos. No entanto, depois de realizada a identificação tátil-visual, algumas diferenças fundamentais entre eles podem ser utilizadas para distingui-los, conforme jádiscutido na seção anterior. ⇨ Um solo é classificado como argiloso se for possível moldá-lo, ou seja, se ele apresenta características plásticas com formatos resistentes ao secar. Já o solo siltoso além de apresentar uma dificuldade maior para moldá-lo, desmorona facilmente quando seco (CAPUTO, 2022). ⇨ O solo argiloso se dissolve na água mais lentamente do que o solo sil- toso. Solos siltosos, por outro lado, mostram uma expansão/dilatância distinta que não é vista em solos argilosos (CAPUTO, 2022). Caro (a), aluno (a)! Com esse conhecimento já é possível realizar uma análise preliminar, conforme já mencionado, a análise tátil e visual tem como propósito nortear inicialmente a classificação do solo. Ela não dispensa outras análises, pelo contrário, através da análise inicial é possível estimar os melhores métodos para a classificação. 3.2 Estrutura do solo A estrutura do solo é o arranjo criado pela ligação das partículas primárias do solo entre si por várias substâncias contidas no solo, como matéria orgânica, óxidos de ferro, óxidos de alumínio, carbonatos e sílica (BARNES, 2016). MECÂNICA DOS SOLOS, DAS ROCHAS E ELEMENTOS DE GEOLOGIA PROF.a AMANDA LETÍCIA SOARES FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 33 Este arranjo cria uma unidade estrutural, o agregado ou PEDS (Unidades Estruturais separados entre si por superfícies de fraqueza). Esta estrutura é caracterizada por três aspectos: ⇨ Tipo: Lamelar, prismático, Colunar, Blocos Angulares, Bloco Subangula- res, Granular; ⇨ Tamanho: extra pequeno, pequeno, médio, grande, extragrande; ⇨ Grau de desenvolvimento: solto, fraco, moderado, forte. Além disso, segundo Barnes (2016) é importante conhecer a estrutura do solo a partir das suas fases. O solo é constituído por uma fase líquida (água e/ou ar) e uma fase sólida (Figura 3.4). Vamos conhecer sobre essas fases, caro (a) aluno (a)? ⇨ Fase Sólida: Caracterizada pelo tamanho, forma, distribuição e compo- sição mineral das referidas partículas. ⇨ Fase gasosa: geralmente a fase composta pelo ar do solo em contato com a atmosfera, que também pode existir na forma aprisionada (bo- lhas dentro da fase aquosa). A fase gasosa é importante em problemas de deformação do solo e é muito mais compressível do que as fases sólida e líquida. ⇨ Fase Líquida: A fase líquida ocupa as cavidades deixadas pelas partí- culas sólidas. Uma fase líquida que consiste principalmente em água e pode conter solutos e outros líquidos imiscíveis. Pode-se dizer que a água existe em várias formas no solo, mas é muito difícil identificar o estado em que a água existe. Figura 3.4 Título: A figura (a) ilustra o solo em seu estado natural e a figura (b) ilustra, de forma esquemática, as três fases que compõem o solo. Fonte:https://pt.wikipedia.org/wiki/Mec%C3%A2nica_dos_solos#/media/Ficheiro:Estado_do_solo.JPG 3.3 Partículas sólidas Partículas sólidas fornecem ao solo características e propriedades de acordo com o seu formato, tamanho e textura. A forma de uma partícula tem grande influência em suas propriedades (SANTOS NETO, 2018). MECÂNICA DOS SOLOS, DAS ROCHAS E ELEMENTOS DE GEOLOGIA PROF.a AMANDA LETÍCIA SOARES FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 34 As principais morfologias das partículas são: ⇨ Polígonos angulares: possuem configurações irregulares. Exemplos de solos: areia, siltes e pedregulhos. Como podemos observar na Figura 3.5. ⇨ Polígonos arredondados: geralmente possuem superfícies arredonda- das devido aos efeitos de transporte causados pela ação da água. Exemplo: seixos rolados. ⇨ Lamelar: possuem duas dimensões principais, esse formato das partí- culas explica e possibilita algumas das propriedades, como, por exem- plo, compressibilidade e plasticidade. Exemplo: solos argilosos. ⇨ Fibrilares: têm apenas uma dimensão predominante. Exemplo: São típicos de solos orgânicos. Figura 3.5 Título: Microângulos de areia com 100 µm de tamanho, fotografados por um microscópio eletrônico. Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/1/16/Sand_under_electron_microscope.jpg As partículas poligonais (areia) têm uma área de superfície específica menor do que as partículas em camadas (argila) e dão atrito interno à areia. Dessa forma, explica o fato das partículas de argila serem moldadas e com uma plasticidade superior as partículas das areias (SANTOS NETO, 2018). 3.3.1 Consistência A consistência deve ser observada no campo sob três condições de umidade, distinguindo entre adesão e aglomeração de partículas do solo, que podem variar com a textura, matéria orgânica e minerais (BARNES, 2016). MECÂNICA DOS SOLOS, DAS ROCHAS E ELEMENTOS DE GEOLOGIA PROF.a AMANDA LETÍCIA SOARES FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 35 ⇨ Consistência de Secagem: Avalie o grau de resistência à quebra ou esfa- relamento da massa. É dividido em solto, macio, moderadamente duro, duro, muito duro e extremamente duro. ⇨ Consistência Úmida: Dada pela fragilidade da massa levemente úmida. É classificado como Fofo, Muito Frágil, Frágil, Firme, Muito Firme e Mui- to Firme. ⇨ Consistência Molhada: Observada em amostras que foram umedecidas, amassadas e homogeneizadas manualmente. Além disso, analisa a plasticidade (capacidade de moldagem do material) em três tipos: não plástica, ligeiramente plástica e muito plástica. Existem três tipos de aderência (capacidade de contato): sem aderência, aderência leve e aderência forte. 3.3.2 Porosidade A porosidade é detectada no perfil de solo e deve ser classificada de acordo com a quantidade e o tamanho dos poros (BARNES, 2016). ⇨ Quantidade: poucos, comuns ou muitos. ⇨ Tamanho: pequenos, médios grandes ou muito grandes. 3.3.3 Coesão A respeito da coesão, podemos descrever em dois graus de coesão observados em campo (BARNES, 2016): ⇨ Moderadamente coeso: material resistente à penetração de objetos cor- tantes, martelo pedológico e trado. Consistência dura quando seco e friável a firme quando úmido. ⇨ Fortemente coeso: material resiste fortemente à penetração de objetos cortantes, martelo pedológico e trado. Consistência muito dura a extre- mamente dura quando seco e friável a firme quando úmido. 3.3.4 Cor Para que se tenha um padrão de identificação de cor do solo, emprega-se a Carta de Cores de Munsell (Munsell Color Charts) (Figura 3.6), que considera as variações da cor em escalas de três componentes: matiz, valor e croma (SANTOS NETO, 2018). Bastante aplicada na agronomia e na pedologia para identificação da cor de um solo, consiste em um mapa com uma série de exemplos de cores relacionados cada um a um código de três números. A matriz refere-se à relação entre os pigmentos de cor amarela e vermelha. O valor encontrado indica a proporção das cores branco e preto no solo, enquanto o Croma menciona a contribuição do Matiz na coloração (SANTOS NETO, 2018). https://pt.wikipedia.org/wiki/Agronomia https://pt.wikipedia.org/wiki/Pedologia https://pt.wikipedia.org/wiki/Cor_do_solo https://pt.wikipedia.org/wiki/Cor_do_solo MECÂNICA DOS SOLOS, DAS ROCHAS E ELEMENTOS DE GEOLOGIA PROF.a AMANDA LETÍCIA SOARES FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 36 Apesar da fácil identificação a respeito do conteúdo de matéria orgânica, tipos de óxidos de ferro, processos de formação, praticidade e baixo custo, está sujeito a falhas de interpretação, pois como é baseado em um sistema de percepção visual (Figura 3.7), onde há comparação entre uma amostra seca de solo com as respectivas cores presentes na carta, cada interpretação é individual. Figura 3.6 Título: As cores no sistema de Munsell Fonte:https://pt.wikipedia.org/wiki/Carta_de_Munsell#/media/Ficheiro:MunsellColorWheel.png Figura 3.7 Título: Coloração dos diferentes tipos de solo Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Tipo_de_solo#/media/Ficheiro:Bodenart.jpg https://pt.wikipedia.org/wiki/Interpreta%C3%A7%C3%A3o https://pt.wikipedia.org/wiki/Percep%C3%A7%C3%A3o MECÂNICA DOS SOLOS, DAS ROCHAS E ELEMENTOS DE GEOLOGIA PROF.a AMANDA LETÍCIA SOARES FACULDADECATÓLICA PAULISTA | 37 ISTO ESTÁ NA REDE Ficou curioso como utilizar o sistema de cores? No vídeo abaixo você pode acompanhar o tutorial que apresenta formas de determinar a cor do solo pela escala Munsell, com uso de celular ou computador. https://www.youtube.com/watch?v=BrK5ND_Hc2c SÍNTESE DA UNIDADE Caro (a), aluno (a)! Nesta unidade você aprendeu que o solo é formado de uma fase fluida (água e/ou gases) e de uma fase sólida. Pode-se dizer que o solo é uma coleção de partículas sólidas com vazios entre eles, e esses vazios podem estar preenchidos com água, com gases, ou com ambos. A parte sólida pode ser interpretada e estudada através de vários testes, que iremos conversar mais adiante, ok? Mas a princípio podemos realizar uma análise prévia, tátil e visual. Além de ser uma análise mais simplista e imediata, facilita na hora de tomadas de decisões e inclusive se for necessário solicitar testes laboratoriais. Sendo assim, nesse capítulo você aprendeu quais são as características das partículas do solo e como identificá-las! https://www.youtube.com/watch?v=BrK5ND_Hc2c MECÂNICA DOS SOLOS, DAS ROCHAS E ELEMENTOS DE GEOLOGIA PROF.a AMANDA LETÍCIA SOARES FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 38 CAPÍTULO 4 ÍNDICES FÍSICOS 4.1 Índices físicos Seja bem-vindo (a), Prezado (a) aluno (a)! Nesta unidade, conversaremos mais sobre os índices físicos, que podem ser definidos como os valores geotécnicos que parametrizam e estabelece processos que permitem a entender o comportamento dos solos. Os ensaios a serem desenvolvidos nessa fase buscam calcular os parâmetros geotécnicos relativos as massas dos sólidos, volume de cada uma das fases, teor de umidade, massa específica da amostra, índice de vazios, porosidade, grau de porosidade e o grau de saturação. Mas afinal, por que é importante o conhecimento desses índices? Qual a finalidade? Tanto os índices físicos, como a granulometria (estudaremos em um capítulo separado) e os limites de consistência do solo são importantes para a classificação do solo. Na Figura 4.1 podemos observar a preparação dos solos para realização das análises que discutiremos nesse capítulo. Figura 4.1 Título: Amostra de solo em cápsula para realizar análise Fonte: https://br.freepik.com/fotos-gratis/especialista-em-agronoma-examinando-amostra-de-solo-para-agricultura_11036481.htm#query=testes%20no%20 solo&position=5&from_view=search&track=ais https://www.guiadaengenharia.com/analise-granulometrica-solo/ https://www.guiadaengenharia.com/limite-liquidez-plasticidade/ MECÂNICA DOS SOLOS, DAS ROCHAS E ELEMENTOS DE GEOLOGIA PROF.a AMANDA LETÍCIA SOARES FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 39 Inclusive as propriedades calculadas neste capítulo possibilitam determinar diversas propriedades do solo, como por exemplo: • Permeabilidade; • Compressibilidade; • Resistência. Sendo assim, aprenderemos nessa unidade a respeito as relações de cada uma das fases do solo e como aplicá-las nas análises. Animados? 4.2 Fases do solo Segundo Caputo (2022), o solo é constituído por partículas sólidas que apresentam vazios entre si. Estes vazios podem estar preenchidos por água e/ou ar. Dessa forma, temos 3 fases: • Fase sólida – formada por partículas sólidas; • Fase líquida – formada pela água; • Fase gasosa – formada pelo ar (vapor, gases). Figura 4.2 Título: Representação das fases do solo Fonte: A autora (2023). Os índices ilustrados na Figura 4.2 correspondem a: • Ms = massa dos sólidos. • Mw = massa da água. MECÂNICA DOS SOLOS, DAS ROCHAS E ELEMENTOS DE GEOLOGIA PROF.a AMANDA LETÍCIA SOARES FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 40 • Ma = massa do ar. • M = massa total. • Vs = volume dos sólidos. • Vw = volume da água. • Va = voluma do ar. • Vv = volume de vazios. • V = volume total. Além de identificar as fases do solo, precisamos também considerar as diferentes condições que o solo pode encontrar, independentemente de ser afetado por fatores naturais (chuva, sol) ou não (compactação mecânica, cortes, aterros) (SANTOS NETO, 2018). Dessa forma, por exemplo, um determinado solo é formado após uma estação chuvosa, onde os vazios são preenchidos com água e o ar que havia antes é retirado. No verão, depois que a água evapora, esse mesmo solo ganha um novo espaço quando o ar penetra nos espaços vazios deixados pela água (SANTOS NETO, 2018). Para determinarmos os valores independentes das condições climáticas e estação que o solo foi submetido, usamos índices físicos para identificar a condição de um determinado solo em um determinado momento. É importante lembrar que a massa do ar não é considerada para fins de cálculo, pois não conseguimos quantificar sua ocorrência dentro da amostra de solo. Logo, segundo Caputo (2022) a massa total se dá em função da massa da água e da massa dos sólidos, de acordo com a Equação 4.1: (Equação 4.1) Já o volume do ar, pode ser contabilizado, e, por conta disso, o volume total relaciona respectivamente as três fases, como na Equação 4.2: (Equação 4.2) E, além disso, podemos relacionar o volume da água e do ar a fim de obter o volume de vazios, conforme a Equação 4.3: (Equação 4.3) O primeiro índice físico que discutiremos é o teor de umidade, representando por “w” e expresso em porcentagem. Esse índice relaciona a quantidade de água presente em uma amostra de solo contendo apenas sólidos, segundo a Equação 4.4: MECÂNICA DOS SOLOS, DAS ROCHAS E ELEMENTOS DE GEOLOGIA PROF.a AMANDA LETÍCIA SOARES FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 41 (Equação 4.4) O teor de umidade pode ser encontrado em laboratório pelo método da estufa com uma amostra de solo na configuração deformada. A norma que prescreve o procedimento do ensaio é a ABNT NBR 6457: Amostras de solo — Preparação para ensaios de compactação e ensaios de caracterização (ABNT, 2016). Para realizar o ensaio: Inicialmente, deve-se preparar a amostra com secagem prévia — o procedimento será descrito mais adiante — e, posteriormente, tomamos uma quantidade de solo que deverá ser armazenada em uma cápsula metálica com tampa e peso já conhecido — denominaremos . Em seguida, deve-se pesar o conjunto, de modo que teremos a massa total de solo e cápsula (). Após a pesagem, devemos retirar a tampa e inserir a cápsula em uma estufa regulada com temperatura de 105° a 110°C até que o conjunto apresente constância de massa; o recomendado é deixar a cápsula dentro da estufa por 24h. Passado esse tempo, podemos retirar a cápsula e deixá-la atingir a temperatura ambiente dentro do dessecador. Por fim, pesamos novamente o conjunto sem a tampa, de modo que teremos somente a massa dos sólidos e cápsula (). O teor de umidade será obtido segundo a Equação 4.5: (Equação 4.5) Em que: w corresponde ao teor de umidade (%). M1 corresponde à massa da cápsula com tampa (g). M3 corresponde à massa do solo úmido mais a massa da cápsula (g). M3 corresponde à massa do solo seco mais a massa da cápsula (g). É importante realizar, pelo menos, três ensaios, a fim de que se tenha três determinações de teor de umidade para cada amostra. O resultado será representado pela média entre esses três valores, e o resultado não deve diferir 5% da média aritmética dos resultados. MECÂNICA DOS SOLOS, DAS ROCHAS E ELEMENTOS DE GEOLOGIA PROF.a AMANDA LETÍCIA SOARES FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 42 Além disso, é muito importante preservar a amostra dentro da estufa pelo tempo pré-determinado, para que não haja interferência externa que possa modificar os resultados. O segundo índice físico que veremos é a massa específica natural, que relaciona a massa total da amostra de solo e o volume total. Esse índice é representado por “γ” e expresso em g/cm³, segundo a Equação 4.6. Quando a relação for expressa em kN/m³, chamaremos de peso específico. Esse parâmetro geotécnico pode ser obtido em laboratório a partir de uma amostra indeformada. A norma que prescreve as diretrizes para o ensaio é a ABNT NBR 16867: Solo — Determinaçãoda massa específica aparente de amostras indeformadas — Método da balança hidrostática (ABNT, 2020). Para a realização do ensaio, retiramos um pedaço da amostra indeformada e, desse pedaço, devemos talhar uma pequena circunferência com diâmetro de, aproximadamente, 2 a 5 cm. Depois, pesamos a amostra, de forma que a massa da esfera corresponderá à massa de solo (M_1). Em seguida, envolvemos essa amostra na parafina e pesamos novamente, a fim de obter a massa do solo com parafina (M_2). Por fim, realizamos a pesagem dessa amostra na balança hidrostática para obtermos o peso imerso em água (M_3). O volume de água deslocado corresponderá ao volume de solo com parafina (V_1), principio observado pelo Arquimedes, lei do empuxo, Figura 4.3. Figura 4.3 Título: Forças que atuam no princípio de Arquimedes. Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Impuls%C3%A3o#/media/Ficheiro:Buoyancy_pt.svg MECÂNICA DOS SOLOS, DAS ROCHAS E ELEMENTOS DE GEOLOGIA PROF.a AMANDA LETÍCIA SOARES FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 43 Se, desse resultado, descontarmos o volume da parafina (), teremos o volume de solo e, consequentemente, a massa específica da amostra, segundo a Equação: (Equação 4.6) Em que: M1 corresponde à massa de solo (g). M2 corresponde à massa de solo mais parafina (g). M3 corresponde à massa imersa de solo mais parafina (g). Já V1 corresponde ao volume de solo com parafina (cm³) e V2 corresponde ao volume da parafina (g) O volume de solo com parafina é encontrado pela Equação 4.7: (Equação 4.7) Onde: γw representa à massa específica da água, que equivale a 1 g/cm³. E, finalmente, o volume da parafina é dado pela Equação 4.8: (Equação 4.8) Em que: γparafina simbologia para à massa específica da parafina, equivale a 0,912 g/cm³. O terceiro índice físico a ser analisado é a massa específica dos sólidos, que relaciona a massa dos sólidos com o volume dos sólidos, segundo a Equação 4.9. Esse parâmetro é representado por “γs”, e o seu resultado é expresso em g/cm³. (Equação 4.9) Esse ensaio pode ser encontrado em laboratório utilizando uma amostra deformada com ou sem secagem prévia — os procedimentos serão descritos mais adiante. A norma que prescreve o ensaio é a ABNT NBR 6458: Grãos de pedregulho retidos na peneira de abertura 4,8 mm — Determinação da massa específica, da massa específica aparente e da absorção de água (ABNT, 2016). MECÂNICA DOS SOLOS, DAS ROCHAS E ELEMENTOS DE GEOLOGIA PROF.a AMANDA LETÍCIA SOARES FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 44 (Equação 4.10) Sabendo que: Em que: M1 corresponde à massa de solo (g). M2 corresponde à massa picnômetro com solo e água (g) M3 corresponde à massa do picnômetro com água (g). O quarto índice físico que estudaremos é o índice de vazios, que calcula o volume de vazios presente em um volume de sólidos, segundo a Equação 4.11. Esse índice é expresso por “e”, e o seu valor é adimensional, variando no intervalo de 0 a 20. (Equação 4.11) O quinto índice físico é a porosidade, que calcula o volume de vazios presente em um volume total de amostra de solo, segundo a Equação 4.12. A porosidade, por sua vez, é expressa por “η”, e o seu valor é determinado em porcentagem. (Equação 4.12) O sexto índice físico é o grau de saturação, que calcula o quanto de volume de água está presente no volume de vazios. Esse índice é expresso por “Sr”, e o seu valor é dado em porcentagem na Equação 4.13. (Equação 4.13) Inclusive, podemos calcular outros índices físicos a fim de obter a massa específica seca, a massa específica saturada e a massa específica submersa. A massa específica seca é expressa em g/cm³, segundo as Equações 4.14 e 4.15: (Equação 4.14) MECÂNICA DOS SOLOS, DAS ROCHAS E ELEMENTOS DE GEOLOGIA PROF.a AMANDA LETÍCIA SOARES FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 45 (Equação 4.15) A massa específica saturada é determinada e expressa em g/cm³, segundo a Equação 4.16: (Equação 4.16) Por fim, a massa específica submersa é representada e expressa em g/cm³, segundo a Equação 4.17: (Equação 4.17) ISTO ESTÁ NA REDE Caro (a), aluno (a)! Vamos expandir o nosso conhecimento? Separei uma leitura complementar a respeito dessa temática que apresenta uma abordagem metodológica para obter o índice de vazios de solo (e) empregando técnicas de processamento de imagens. Como essa metodologia permite uma obtenção automática, o procedimento pode ser considerado mais simples e mais rápido e mais preciso que técnicas convencionais. https://www.embrapa.br/busca-de-publicacoes/-/publicacao/567773/quantificacao-do-indice-de-vazios-do-solo-utilizando-tecnicas-de- processamento-de-imagens-digitais Perceba, prezado (a) aluno (a), que através do índice de vazios e da porosidade, é possível obter novas correlações, como podemos observar na Tabela 4.1. https://www.embrapa.br/busca-de-publicacoes/-/publicacao/567773/quantificacao-do-indice-de-vazios-do-solo-utilizando-tecnicas-de-processamento-de-imagens-digitais https://www.embrapa.br/busca-de-publicacoes/-/publicacao/567773/quantificacao-do-indice-de-vazios-do-solo-utilizando-tecnicas-de-processamento-de-imagens-digitais MECÂNICA DOS SOLOS, DAS ROCHAS E ELEMENTOS DE GEOLOGIA PROF.a AMANDA LETÍCIA SOARES FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 46 Índice físico Relação com índice de vazios Relação com porosidade Teor de umidade Massa específica natural ‘Índice de vazios Porosidade Tabela 4.1 Fonte: A autora (2023) ISTO ACONTECE NA PRÁTICA Prezado (a), aluno (a)! Já sabemos que a massa específica aparente é a relação entre a massa do material seco e seu volume, incluindo, inclusive, os poros permeáveis à água. As determinações de volume são feitas na balança hidrostática, através da diferença de massa do material ao ar e submerso. Mas como acontece na prática, você sabe? Veja o vídeo abaixo para sintetizar o conhecimento! https://www.youtube.com/watch?v=llDnfPclwxo SINTESE DA UNIDADE Caro (a), aluno (a)! Que bom que você acompanhou a leitura até aqui. Vamos relembrar os tópicos que estudamos nessa unidade e a sua importância? https://www.youtube.com/watch?v=llDnfPclwxo MECÂNICA DOS SOLOS, DAS ROCHAS E ELEMENTOS DE GEOLOGIA PROF.a AMANDA LETÍCIA SOARES FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 47 Aprendemos que os solos são polifásicos, o que isso significa? Significa que o seu comportamento depende da proporção relativa de cada uma das suas três fases (partículas sólidas, água e ar), dessa forma, precisamos encontrar maneiras de quantificar e relacionar essas proporções. Como podemos relacionar? Através das diversas relações que foram elucidadas ao longo da unidade podemos expressar as proporções entre elas. Além disso, outros índices físicos serão abordados nos próximos capítulos, como é o caso dos limites de plasticidade e do ensaio granulométrico, e a base do conhecimento adquirido até o momento facilitará a compreensão. Para facilitar os estudos, que tal você construir um mapa mental reunindo todas as informações que discutimos até aqui? Isso facilitará na fixação do conteúdo. Te vejo na próxima unidade! MECÂNICA DOS SOLOS, DAS ROCHAS E ELEMENTOS DE GEOLOGIA PROF.a AMANDA LETÍCIA SOARES FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 48 CAPÍTULO 5 ANÁLISE GRANULOMÉTRICA DOS SOLOS 5.1 Granulometria dos solos Seja bem-vindo (a), Prezado (a) aluno (a)! Nos capítulos anteriores estudamos a importância da análise tátil-visual, principalmente para situações que não possuímos acesso aos ensaios laboratoriais. Porém, sabemos que a análise preliminar feita ainda em campo (tátil-visual) resulta em uma classificação um pouco distinta da análise feita com todos os cuidados prescritos por norma em laboratório. Isso porque a análise tátil-visual é subjetiva e depende da experiência do usuário ao fazê-la. Inclusive, a granulometria obtida em laboratório, quando feita com defloculante, dá um resultado mais confiável, pois sua função é quebrar/segregar as partículas do solo. Assim, sem o uso do defloculante, as partículas “ligadas” se assemelhavam apartículas de diâmetro maior, como a areia, e posteriormente à ação do defloculante, as partículas separadas resultam em partículas de menor diâmetro e podem ser classificadas como argila ou silte. Dessa forma, é possível encontrar resultados distintos dependendo do método empregado. O teste de análise granulométrica é compreendido em peneiramento grosso, sedimentação e peneiramento fino. Como, neste capítulo, conversaremos sobre a granulometria do solo, precisamos saber como testar esse índice físico além de identificar o tamanho nominal das peneiras utilizadas no peneiramento. Caro (a), aluno (a)! Inicialmente, você deve relembrar dos capítulos anteriores a respeito da textura do solo. A estrutura é classificada como trifásica porque consiste em grãos de solo (fase sólida), água (fase líquida) e ar (fase gasosa). Utilizando as massas e volumes correspondentes das fases sólida, líquida e gasosa, obtemos razões que mostram a relação entre elas. MECÂNICA DOS SOLOS, DAS ROCHAS E ELEMENTOS DE GEOLOGIA PROF.a AMANDA LETÍCIA SOARES FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 49 Em geral, a quantidade de água e ar na amostra pode variar, por exemplo, quando o solo está saturado, a quantidade de água aumenta, mas quando a água evapora, ela diminui. No entanto, os vazios podem ser expelidos e preenchidos com grãos de solo se os compactarmos. Com relação aos grãos do solo, sua quantidade não muda, mas seu estado pode ser alterado (PINTO, 2006). Sendo assim, aprenderemos nessa unidade a respeito as relações de cada uma das fases do solo e como aplicá-las nas análises. Animados? Dessa maneira, a última das características que estudaremos é a análise granulométrica que mostra a composição do solo e seus depósitos correspondentes, como vimos antes. A granulometria é determinada pela NBR 7181: Solo - Análise granulométrica (ABNT, 2016). O ensaio consiste na granulometria, que inclui também para o peneiramento e teste de sedimentação. 5.1.1 Preparação da amostra Caro (a), aluno (a)! Antes de conversarmos sobre a análise granulométrica, precisamos preparar a amostra para alcançar um teste com eficácia e padrão. Segundo NBR 6457 Amostras de solo − Preparação para ensaios de compactação e caracterização (ABNT, 2016), os passos necessários para esse preparo: 1. Primeiramente, a amostra deve ser seca até atingir valores próximos da higroscopicidade. Cuidado ao desembrulhar a amostra, evitando quebrar os grãos, e homogeneizar a amostra. 2. Estratifique a quantidade de material usando um divisor de amostra ou dividindo o material até obter uma quantidade suficiente de uma amostra representativa para teste. 3. Parte da amostra resultante é retirada e peneirada em peneira de 76 mm e o restante é descartado. 4. Pegue uma quantidade do material passando pela peneira 76 mm dependendo do tamanho estimado dos grãos maiores conforme tabela abaixo: MECÂNICA DOS SOLOS, DAS ROCHAS E ELEMENTOS DE GEOLOGIA PROF.a AMANDA LETÍCIA SOARES FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 50 Dimensão dos grãos maiores contidos na mostra determinada por observação visual (mm) Quantidade mínima a tomar (Kg) < 4,8 0,5 6,3 3 9,5 < D < 25 5 32 e 38 10 50 20 64 e 76 30 Tabela 5.1 Título: Quantidade mínima de solo em função da dimensão das partículas do solo Fonte: NBR 7181 (ABNT, 2016) 5.1.2 Metodologia do ensaio Prezado (a), aluno (a)! A seguir são pontuados diversos detalhes da metodologia referente ao ensaio de granulometria (Figura 5.1) e também ao ensaio de sedimentação. Observe o passo a passo para assimilar o conteúdo, Bons estudos! Figura 5.1 Título: Conjunto de peneiras Fonte: https://www.splabor.com.br/blog/wp-content/uploads/2017/07/SP-001-10.jpg MECÂNICA DOS SOLOS, DAS ROCHAS E ELEMENTOS DE GEOLOGIA PROF.a AMANDA LETÍCIA SOARES FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 51 Figura 5.2 Título: Agitador do conjunto de peneiras Fonte: https://www.splabor.com.br/blog/wp-content/uploads/2017/07/SP-001-6.jpg Os passos a seguir são orientados conforme NBR 7181: Solo - Análise granulométrica (ABNT, 2016): 1) Inicialmente a amostra é preparada por secagem; 2) Após o preparo da amostra, o material é peneirado utilizando a peneira de 2 mm, o restante é lavado com água corrente e seco em estufa até a massa ficar homogênea. 3) Após a secagem, esse material deve ser pesado e em seguida transferido para um misturador mecânico, que faz uma peneira grossa com peneiras de 50, 38, 25, 19, 9,5 e 4,8 mm. 4) Por fim, deve-se considerar a quantidade de material acumulado em cada peneira. A fase do ensaio da sedimentação é para solo de granulação fina da etapa do peneiramento grosso - solo que passa em peneira de 2 mm. 1) Com este solo, separa-se uma quantidade padrão e adiciona-se defloculante, então temos que misturar bem e esperar 12 horas. 2) Após esse tempo, essa mistura é transferida para o dispersor de amostras por 15 minutos e adiciona-se água destilada para dispersão. 3) Essa mistura deve então ser transferida para um tubo de ensaio, que deve ser preenchido com água destilada até a marca limite. 4) Temos que agitar a mistura no tubo de ensaio e então iniciar o teste de sedimentação registrando o tempo de início correto e as leituras observadas no densímetro em intervalos de 0,5 segundos, 1 minuto, 2, 4, 8, 15 e 30 minutos, 1 hora, 2, 4, 8 e 24 horas. MECÂNICA DOS SOLOS, DAS ROCHAS E ELEMENTOS DE GEOLOGIA PROF.a AMANDA LETÍCIA SOARES FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 52 5) No final do teste, o material do tubo de ensaio é despejado em uma peneira aberta de 0,075 mm, lavado com água potável, o material deixado no forno é seco e peneirado em um agitador para um tamanho fino de 1,2; 0,6; 0,4 2; 0,25; 0,15 e 0,075 mm. 6) Por fim, pesa-se a massa acumulada em cada peneira. É importante que os tubos de ensaio permaneçam a uma temperatura constante e que não sejam movimentados durante as 2 horas, pois as partículas do solo devem assentar por si mesmas. 7) Se uma temperatura constante não puder ser mantida, a temperatura da água deve ser registrada a cada leitura do hidrômetro. 8) O densímetro usado para fazer os valores registra a densidade da água com o solo no momento de interesse, e esse resultado permitiu determinar o diâmetro e a velocidade das partículas do solo em suspensão de acordo com a lei de Stokes. 9) As peneiras devem ser dispostas em ordem decrescente de abertura, com a maior na parte superior do conjunto e a menor na parte inferior. Cada tela possui uma abertura e a numeração correspondente a essa abertura na ordem mostrada na Tabela 5.2. Série normal Série intermediária 75 mm - - 63 mm - 50 mm 37,5 mm - - 31,5 mm - 25 mm 19 mm - - 12,5 mm 9,5 mm - - 6,3 mm 4,75 mm - 2,36 mm - 1,18 mm - 0,60 mm - 0,30 mm - 0,15 mm - Tabela 5.2 Título: Dimensões de abertura das peneiras da série normal e intermediária Fonte: A autora (2023) MECÂNICA DOS SOLOS, DAS ROCHAS E ELEMENTOS DE GEOLOGIA PROF.a AMANDA LETÍCIA SOARES FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 53 Número da peneira Abertura (mm) 2” 50,8 1.1/2” 38,1 1” 25,4 3/4” 19,1 3/8” 9,5 4 4,8 10 2,09 16 1,2 30 0,6 40 0,42 60 0,25 100 0,15 200 0,075 Tabela 5.3 Título: Número da peneira e abertura em mm Fonte: A autora (2023) Para classificar o nosso solo, devemos identificar, na curva granulométrica, a respectiva porcentagem de cada uma das frações de solo (eixo y) por meio dos seus respectivos diâmetros (eixo x), como pode ser visto na Tabela 5.3. Observe que como a porcentagem que passa do gráfico é acumulada, deve-se descontar a quantidade da fração já contabilizada. Para cada massa acumulada que passar pela peneira, registre sua ocorrência na curva para que o gráfico tenha pontos o suficiente para traçar à curva granulométrica, conforme a Figura 5.3. O resultado da análise granulométrica é apresentado por uma curva granulométrica, que mostra a porcentagem de material acumulado no eixo ordenado e o diâmetro dos grãos do solo em milímetros no eixo das abcissas
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