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Fundamentos_da_Economia_II

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Contas nacionais: ótica da produçªo
JosØ Tadeu de Almeida
Introdução
Você já deve ter ouvido falar no Produto Interno Bruto(PIB) e em como as políticas econômi-
cas afetam o dia a dia das pessoas. Vamos agora entender um pouco mais sobre estes termos?
Você vai estudar, nesta aula, uma matéria atual, presente na mídia e de grande interesse da 
sociedade.
Objetivos de aprendizagem 
Ao final desta aula, você será capaz de:
 • entender o que são agregados e políticas econômicas;
 • entender o que são e como são formados os agregados econômicos: valor bruto da
produção, produto interno bruto e renda.
1 O que são agregados macroeconômicos
Os agregados macroeconômicos identificam as principais contas nacionais. O objetivo de 
conhecê-las é ode contabilizá-las e, desta forma, acompanhar a evolução da economia ao longo 
do tempo. O estudo destes agregados é ponto de partida para que você entenda a economia de 
um país. São eles:
• produto: é o valor, o resultado econômico de todos os esforços dos setores primário, 
secundário e terciário, incluindo-se o Estado(em sistemas econômicos que possuam 
um governo) para a produção final de bens e serviços;
• renda: é o somatório da remuneração dos insumos (materiais básicos) de uma econo-
mia. O total dos salários pagos (remuneração do insumo trabalho) somado aos alu-
guéis e/ou royalties recebidos (remuneração do insumo terra e recursos naturais), 
soma-dos aos juros (remuneração do insumo capital), somados aos lucros 
(remuneração do insumo iniciativa empresarial), geram a renda.
• despesas: também conhecidas por dispêndios, representam a totalidade gasta pelos 
agentes econômicos para a aquisição de bens e serviços produzidos.
2 O que são políticas econômicas
Trata-se de um conjunto de ações intencionais, integradas e sistêmicas (inseridas em sis-
temas de tomada de decisão), gerenciadas pelo Estado objetivando, por exemplo, gerar renda, 
emprego, controlar a inflação e, sobretudo, prover o desenvolvimento da sociedade. As políticas 
econômicas manipulam os agregados macroeconômicos para que sejam atingidas metas de pro-
dução e crescimento econômico.
FIQUE ATENTO!
Políticas econômicas são sempre adotadas em conjunto, ao menos para o caso 
brasileiro, em que elas são geridas pelo Ministério da Economia e pelo Banco 
Central.
As principais políticas econômicas, para economias que possuam governo e 
mantenham relações com o exterior (economias abertas), são:
 • política monetária, que trata da oferta e da demanda de moeda em circulação. O
Governo pode ofertar um volume maior de moeda e, neste caso, diz-se que a economia
está monetizada ou, ainda, retira-se amoeda de circulação. A principal ferramenta para
a execução desta política é a oferta e demanda de títulos públicos;
 • política fiscal, exercida através de variações de tributos e de gastos do Governo;
EXEMPLO
Quando o Governo toma medidas da chamada austeridade fiscal, reduzindo gastos 
e buscando a elevação de impostos, está tomando medidas de política fiscal. 
 • política cambial, que define a taxa de câmbio do país com o resto do mundo, ou seja, a
relação de valor de sua moeda como outras moedas, alterando, desta forma, o volume
de importações e exportações e o resultado do balanço de pagamentos e, em especial,
da balança comercial.
FIQUE ATENTO!
Há outras políticas formuladas pelos gestores de uma economia e que somam-se 
às três que mencionamos, como as políticas: de geração de renda e emprego; de 
distribuição de renda e diminuição da pobreza; e de concessão de créditos. Todas 
envolvem importantes medidas de impacto na economia e são desdobramentos 
dos conceitos de políticas fiscal, monetária e cambial.
Figura 1 – A política monetária trabalha a oferta e demanda por moeda
Fonte: Lisa S./Shutterstock.com
3 Conceituação de valor bruto da produção
Se você somar o valor bruto (isto é, sem a exclusão de impostos, pagamentos e outras taxas) 
de tudo o que é produzido nos setores primário, secundário e terciário, incluindo-se o Estado, 
obterá o valor bruto da produção (VBP).
O VBP remete a todos os bens que foram produzidos na economia, sejam bens de consumo 
(destinados ao uso imediato dos agentes, de sigla BC), bens de capital (destinados a produzir 
outros bens, como máquinas e ferramentas, de sigla BK), bens intermediários (que são produzidos 
como parte da produção de outros bens, como tecidos para roupas, de sigla BI) e os bens públicos 
(fornecidos pelo Estado, como iluminação pública, calçadas, forças armadas e segurança nacio-
nal, de sigla BP).
Esta contabilização, no entanto, pode gerar contagens em duplicidade ou até mesmo em 
multiplicidade do valor dos bens produzidos, já que um insumo que seja utilizado na elaboração 
de um bem final pode ter o seu valor total considerado na composição do valor final deste bem.
Por exemplo, se uma peça de algodão tem valor de R$ 10 e uma camisa tem valor de R$ 30, 
você poderia deduzir que a produção teve valor total de R$ 40, quando, na verdade, ela teve valor 
total de R$ 30.
Para evitar essa dupla (ou múltipla) contagem, você deve considerar apenas o valor agregado 
bruto, que contabiliza apenas valores agregados, eliminando, desta forma, a múltipla contagem.
Vamos especificar para você: parte da produção poderá não ser usada para produzir outros 
bens, mas sim exportada. Isto vale, sobretudo, para os bens intermediários cuja demanda externa 
também é grande (tratemos os bens intermediários exportados por XBI). Da mesma forma, a pro-
dução pode contar com bens intermediários importados (de sigla MBI). Assim, a produção de uma 
economia corresponde à soma de seus bens produzidos, de acordo com a equação:
PIB = BC + BK + BP + XBI – MBI
Abrindo este raciocínio para os outros tipos de bens fabricados em uma economia (BC, BK 
e BP), você poderá observar que nem todos os bens são necessariamente consumidos interna-
mente, no chamado mercado doméstico (chamaremos os bens consumidos no mercado domés-
tico por: DBC, DBK e DBP; com D de doméstico). Eles também podem ser exportados (chamare-
mos assim: XBP. XBC e XBK).
Tenha atenção, portanto ao conceito de produto, que considera os valores finais utilizados 
para a produção de bens e serviços nos três setores da economia.
4 Conceituação de produto interno bruto
O valor monetário obtido pelo somatório de tudo que é produzido nos três setores da econo-
mia para elaboração de bens e serviços finais é chamado de produto interno bruto, o PIB. Assim, 
a equação anterior pode ser aberta, considerando-se a possibilidade de exportações de bens, da 
seguinte forma:
PIB = DBC + XBC + DBK + XBK + DBP + XBP + XBI – MBI (SILVA, 1999)
Em outras palavras, o PIB é soma de todos dos valores agregados de tudo o que é produzido 
na economia para consumo ou exportação, no espaço geográfico que comporta esta economia, 
normalmente ao longo de um ano.
EXEMPLO
Outras variáveis podem ser medidas em períodos maiores ou menores, a critério do 
pesquisador. O consumo, por exemplo, por ser sazonal (varia mais em determina-
dos períodos) e poderá ser medido mensalmente.
Desdobrando-se este conceito, pode-se afirmar que o PIB é composto pelo consumo das 
famílias (C) para a aquisição de bens e serviços (DBC + MBC), pelos investimentos (I) realizados 
pelas empresas (DBK + MBK), pelos gastos governamentais (G, formado por DBP + XBP) e pelo 
saldo líquido das transações realizadas com o resto do mundo (X – M), conhecidos como saldo de 
transações reais (SILVA, 1999). O PIB é uma medida quantitativa e que considera apenas valores 
agregados para a elaboração do produto final.
PIB = C + I + G + (X – M)
Figura 2 – Bens de capital
Fonte: Nadezhda Sundikova/Shutterstock.com
FIQUE ATENTO!
O PIB configura-se como uma relevante medida de verificação do crescimento eco-
nômico capaz de sinalizar políticas econômicas indutoras de desenvolvimento.
Figura 3 – Participação dos países na composição do PIB mundial em 2015
Fonte: MaxxiGo/Shutterstock.com
Saiba que o termo em inglês Gross Domestic Product(GDP) corresponde ao nosso Produto 
Interno Bruto.
SAIBA MAIS!
Mankiw (2006, p. 500) aprofunda os conceitos de PIB, renda e despesa neste 
capítulo sugerido sob o título “Medindo a Renda Nacional”.
5 Conceituação de renda nacional
No primeiro tópico, conceituamos para você a renda como o agregado macroeconômico 
que computa os valores de todas as remunerações dos fatores de produção em um determinado 
período. Contudo, esta definição pode ser mais “apurada” através do conceito de renda nacional, 
visível quando a economia possui um governo.
Você sabe que um governo se mantém através de impostos. Neste sentido, a renda nacio-
nal é o somatório da remuneração de todos os fatores de produção percebidos por todos os 
proprietários destes mesmos fatores, deduzidos os impostos e somados às transferências reali-
zadas pelo Governo para o setor privado através de pagamentos de subsídios para as empresas e 
de pensões e outros benefícios previdenciários para as famílias.
Assim,
RN = Renda + transferências governamentais – impostos.
SAIBA MAIS!
Quer conhecer um caso prático da aplicação dos conceitos vistos até então?
Acesse o portal da prefeitura de São José dos Pinhais/PR, através do link: 
<http://www.sjp.pr.gov.br/pib-e-renda/>.
6 Renda = PIB
Como você sabe, o PIB mede o valor final de todos os bens e serviços produzidos em uma 
economia em um determinado período de tempo e, como todos estes bens e serviços são con-
sumidos, você pode concluir que o PIB também é uma medida da despesa. Como você viu que 
renda = despesa, pode-se afirmar que o PIB é uma medida tanto da despesa quanto da renda 
(MANKIW, 2006, p. 500). Assim, torna-se legítima a identidade:
PIB = Renda = Despesa.
A identidade produto = renda = despesa configura o modelo conhecido como “Fluxo Circular 
da Renda”. Como você pode observar, a geração de produto traz como consequência a remune-
ração dos insumos através da renda. Sendo consumida na forma de bens, a renda se iguala à 
despesa.
Por exemplo, se a despesa de um empresário for de R$ 1 milhão com o pagamento de salá-
rios, a renda dos trabalhadores será usada para o consumo dos bens produzidos, retornando-se, 
assim, a renda para o fluxo circular.
Fechamento
Nesta aula, você teve oportunidade de:
 • entender o que são os grandes agregados econômicos;
 • perceber como as políticas econômicas estão associadas ao produto, à renda e à
despesa;
 • identificar a diferença entre os conceitos de valor bruto da produção e o valor agregado
da produção;
 • aprender a relação existente na identidade produto = renda = despesa.
Referências
CARVALHO, José; GWARTNEY, James; STROUP, Richard; SOBEL, Russell. Fundamentos de Econo-
mia. Vol. 1.Macroeconomia. São Paulo: Cengage Learning, 2008.
MANKIW, Nicholas Gregory. Introdução à Economia. Tradução Alan Vidigal Hastings. São Paulo: 
Thomson Learning, 2006.
PREFEITURA de São José dos Pinhais. Portal da Prefeitura. PIB e Renda. PIB a preços Correntes. 
2016. Disponível em: <http://www.sjp.pr.gov.br/pib-e-renda/>. Acesso em: 27 dez. 2016.
SILVA, José Cláudio Ferreira. Modelos de Análise Macroeconômica. Rio de Janeiro: Campus, 1999.
Ótica da demanda
José Tadeu de Almeida
Introdução
Nesta aula, você verá alguns conceitos da Macroeconomia, que dedica-se ao estudo das 
políticas econômicas e seus impactos sobre a sociedade através do crescimento econômico e 
da geração da produção de uma economia. Você vai estudar também a composição da demanda 
agregada, uma identidade econômica elaborada a partir de diferentes elementos que compõem a 
produção total de bens e serviços.
Objetivos de aprendizagem
Ao final desta aula, você será capaz de:
 • entender o que é e como se forma a demanda agregada;
 • compreender a situação de equilíbrio na qual produto é igual à demanda;
 • identificar os tipos de bens que constituem as exportações e importações e o saldo de 
transações reais.
1 Consumo, investimento e gastos
Você pode verificar que os estudos de Macroeconomia levam em consideração três elementos 
fundamentais, os agregados macroeconômicos: o produto, a renda e o dispêndio. O produto corres-
ponde à soma de todos os bens e serviços produzidos pelos agentes em certo tempo. A renda, por sua 
vez, corresponde à remuneraçãode todos os recursos necessários à fabricação dos bens finais. Já o 
dispêndio, ou gasto, representa os valores usados pelos agentes para a aquisição dos bens produzidos. 
Deste modo, pode-se dizer que a renda se iguala à despesa; e que ambas, separadamente, 
igualam-se ao produto (PAULANI; BRAGA, 2013). Porém, cada agregado é determinado por variá-
veis específicas. Você poderia citar algumas?
Exemplos clássicos são os encontrados no título deste tópico, quais sejam, o consumo, o 
investimento e os gastos do Governo. Você analisará cada um desses componentes para enten-
der como é composta a chamada demanda agregada (D).
O consumo pode ser compreendido como a soma do valor das aquisições pelos agentes 
econômicos (famílias, indivíduos, empreendedores, dentre outros) de bens que destinam-se ao 
uso desses agentes (BLANCHARD, 2004). Podemos enquadrar estes bens em três categorias:
 • bens de consumo não duráveis, destinados ao uso em curtíssimo e curto prazo, às 
vezes por uma única vez, como alimentos, produtos derivados do tabaco e combustíveis.
Figura 1 – Combustíveis são bens de consumo não duráveis
Fonte: Anze Bizjan/Shutterstock.com
 • bens de consumo duráveis, normalmente utilizados por mais de uma pessoa, por mais
de uma vez e cujo prazo de deterioração é maior, como eletrodomésticos, eletrônicos e
automóveis, por exemplo.
FIQUE ATENTO!
Parte da literatura econômica separa os bens de consumo em outra categoria, a 
de bens de consumo semiduráveis, que são aqueles a serem consumidos por um 
agente em curto e médio prazos e que têm prazo de deterioração superior aos bens 
não duráveis, como calçados e roupas.
 • serviços, atividades que vêm do trabalho humano e prestam-se à satisfação de uma
necessidade dos agentes, como consultas médicas, consultorias, trabalhos advocatí-
cios etc.
SAIBA MAIS!
Uma investigação a respeito do consumo de bens duráveis e não-duráveis no 
Brasil entre 1970 e 2003 pode ser encontrada no artigo de Fábio Augusto Reis 
Gomes, “Evolução do consumo de duráveis e não duráveis: existe ajustamento len-
to no caso brasileiro?”, que está disponível no link: <http://www.scielo.br/pdf/ecoa/
v17n2/a05v17n2.pdf>.
O investimento é uma variável macroeconômica que corresponde ao somatório de 
gastos, por parte das empresas, em especial (pois, na teoria econômica, são elas, no setor 
privado, que conduzem o processo de produção) para a aquisição de bens e serviços que 
tenham por obje-tivo a realização da produção em longo prazo.
Figura 2 – Investimentos envolvem o longo prazo
Fonte: Tzido Sun/Shutterstock.com
Veja que essas aquisições podem ser de equipamentos e construção de instalações destina-
das à fabricação das mercadorias. Cabe destacar que, na categoria “equipamentos”, observa-se 
outro tipo de bens, qual seja:
 • bens de capital, destinados à produção de outros bens e cuja utilização dá-seemmédio
e longo prazos, de acordo com uma taxa de deterioração (também conhecida como
depreciação ou sucateamento).
FIQUE ATENTO!
De modo geral, a taxa de depreciação de um bem de capital é razoavelmente conhecida 
pela firma e determinada pela evolução tecnológica e intensidade de uso deste bem.
O gasto público deriva de todas as atividades realizadas pelo Estado para a aquisição de 
bens e serviços, além da remuneração dos funcionários. Essa variável é um importante 
instrumento de política econômica à medida que permite aquecer ou desacelerar a atividade 
econômica através de variações nas despesas do Estado (PAULANI; BRAGA, 2013).
FIQUE ATENTO!
A política econômica que utiliza o gasto do governo para atuar sobre a atividade 
econômica é denominada política fiscal.
Expressamos, assim, através do Consumo, do Investimento e do gasto do governo, as variá-
veis mais importantespara a determinação da demanda. Neste sentido, precisamos ter em conta 
que esta demanda por bens pode ser suprida por aqueles produzidos dentro da economia, ou bens 
domésticos (d), tanto quanto por bens importados (m).
SAIBA MAIS!
Em geral, as economias dos diferentes países mantêm relações com o resto do 
mundo, de forma que, quase sempre, visualizaremos fluxos de bens e capitais entre 
essas diferentes nações.
Deste modo, podemos, inicialmente, definir o consumo como uma relação entre a aquisição 
de bens de consumo domésticos e importados. Verifique a equação que segue.
C = dbc + mbc
Ou seja, o consumo é formado pela aquisição de bens de consumo domésticos (dbc) e 
importados (mbc).
EXEMPLO
Se foram produzidos bens no mercado doméstico com o valor de R$ 1 bilhão e os 
bens importados somaram o valor de R$ 100 milhões, temos que o consumo total 
desta economia é de R$ 1,1 bilhão.
Podemos expandir este conceito para as outras variáveis macroeconômicas que estudamos 
até agora. O investimento, enquanto se configure por um processo de aquisição de bens de capital 
(bk), pode ser determinado através da seguinte equação:
I = dbk + mbk
Da mesma forma, o gasto governamental (G) envolve a compra de bens públicos (bp) que 
serão disponibilizados à sociedade através do Estado, conforme a equação:
G = dbp + mbp
Expressando, portanto, as três variáveis que determinam a demanda agregada (D), podemos 
abri-las a partir da aquisição de bens domésticos e importados, concluindo nosso raciocínio atra-
vés da seguinte equação:
D = C + I + G = dbc + mbc + dbk + mbk + dbp + mbp
2 Em equilíbrio: PIB = renda
O Produto Interno Bruto (PIB) é a expressão do valor de todos os bens e serviços produzidos 
em uma economia ao longo de um determinado período de tempo, normalmente correspondente 
a um ano. Ele é a expressão do produto total, através da equação:
PIB = C + I + G + (X – M)
Em que C, I e G representam, respectivamente, o consumo, o investimento e os gastos 
do Governo. (X-M) representa o saldo da balança comercial (através da identidade exportações 
-importações).
Como as operações de consumo, investimento e gasto implicam uso de recursos monetá-
rios, você pode observar que esses recursos advêm da renda obtida pelas atividades produtivas 
– no consumo das famílias, no investimento das empresas, no gasto do Governo.
Figura 3 – Estado e seus gastos
Fonte: Bart Sadowski/Shutterstock.com
Supondo que essa economia seja fechada, ou seja, sem contato com o exterior, temos que o 
cálculo do Produto Interno Bruto se dá através da relação PIB = C + I + G. Vamos, porém, utilizar o 
caso de uma economia aberta, que realiza transações com o exterior.
Assim, em condições de equilíbrio, observa-se a identidade PIB = Renda; renda esta que, des-
considerando a hipótese de poupança, será correspondente à demanda. Ou seja, nessas condi-
ções, o produto se iguala à demanda (PAULANI; BRAGA, 2013).
Sabendo-se, portanto, que o PIB se iguala à demanda, temos a seguinte identidade:
PIB = D → PIB – D = 0
Neste caso, vamos abrir um pouco mais a identidade que estabelecemos no conjunto de 
equações da seção anterior.
Se o PIB se iguala à demanda, temos que, no cálculo do PIB, são computados todos os bens 
produzidos, importados e exportados, seja na forma de bens de consumo, capital ou bens públi-
cos. Porém, devemos citar uma quarta categoria de bens, qual seja, os bens intermediários, que 
são bens que já passaram pelo processo de produção, mas destinam-se à composição da produ-
ção de outros bens, como, por exemplo, de chapas de aço para a construção de automóveis.
Estes bens intermediários (tratados por BI) podem ser exportados ou importados conforme 
as especificidades da economia, logo, para o cálculo do o saldo dos bens intermediários em uso 
na economia, temos a seguinte equação:
BI = xbi – mbi
Sabendo, assim, que no cálculo do PIB os bens intermediários também devem ser computa-
dos, obtemos a seguinte equação:
PIB = BC + BK + BP + BI
Logo:
PIB = dbc + mbc + dbk + mbk + dbp + mbp + xbi – mbi
Como o PIB se iguala à demanda em condições de equilíbrio, temos que:
PIB = D → dbc + xbc + dbk + xbk + dbp + xbp + xbi – mbi = dbc + mbc + dbk + mbk + dbp + mbp
Deste modo:
PIB – D = dbc + xbc + dbk + xbk + dbp + xbp + xbi – mbi – (dbc + mbc + dbk + mbk + dbp + mbp)
Retirando-se as variáveis que eliminam-se mutuamente, temos que:
PIB – D = xbc – mbc + xbk - mbk+ +xbp – mbp +xbi – mbi
Assim, PIB – D se igualam ao saldo de exportações e importações de bens:
PIB – D = X – M (SILVA, 1999)
3 Exportações, importações e saldo de transações reais
Considerando o conjunto de equações apresentado na seção anterior, você pode compreen-
der o resultado da identidade macroeconômica (PIB – D) como o saldo de transações reais (ou 
correntes) de uma economia (com notação STR).
Logo, sabendo-se que PIB – D = STR, temos que:
STR = X – M
Ou seja, o saldo em transações reais corresponde aos resultados das transações da econo-
mia com o exterior, através dos processos de exportação e importação de produtos (SILVA, 1999)
EXEMPLO
Se as exportações tiveram um saldo final de R$ 4 bilhões e as importações 
tiveram saldo de R$ 3 bilhões, temos que o saldo de transações reais é igual a 
STR = 4 – 3 = R$ 1 bilhão.
Figura 4 – Transações correntes: relações de uma economia com o exterior
Fonte: Fine Art/Shutterstock.com
4 PIB = D + (X-M)
Tendo explorado o conceito de transações correntes, vamos incorporá-lo ao cálculo da 
demanda para compreendermos a formação do produto interno bruto, identidade de grande 
importância macroeconômica.
Vamos recuperar a equação PIB = C + I + G + (X-M) para o caso de uma economia aberta. 
Sabendo-se que o consumo, o investimento e o gasto do Governo são expressões da demanda na 
economia, podemos transformar essa equação em:
PIB = D + (X – M)
Ou seja, o produto interno bruto é formado pela demanda adicionada dos saldos das transa-
ções no exterior, constituindo, assim, a demanda agregada que iguala-se ao produto. Tratamos, 
então, a demanda como “agregada”, pois ela não é individualizada, mas sim composta pela soma 
das atividades dos agentes econômicos.
Fechamento
Nesta aula, você teve oportunidade de:
 • entender a natureza e os fatores determinantes de importantes variáveis macroeconô-
micas, como o consumo, o investimento e o gasto do Governo;
 • verificar que o produto interno bruto se iguala à renda sob condições de equilíbrio;
 • conhecer os instrumentos de relações de uma economia com o exterior através do 
saldo de transações reais.
Referências
BLANCHARD, Olivier. Macroeconomia. 3 ed. Rio de Janeiro: Pearson, 2004.
GOMES, Fábio Augusto Reis. Evolução do consumo de duráveis e não duráveis: existe ajustamento 
lento no caso brasileiro? In: Economia Aplicada. v. 17, n. 2, 2013. p. 275-294. Disponível em: <http://
www.scielo.br/pdf/ecoa/v17n2/a05v17n2.pdf>. Acesso em: 31 dez. 2016.
PAULANI, Leda Maria; BRAGA, Márcio Bobik. A nova contabilidade social – uma introdução à 
macroeconomia. 4 ed. São Paulo: Saraiva, 2013.
ROSSETTI, José Paschoal. Introdução à Economia. 21 ed. São Paulo: Atlas, 2016.
SILVA, José Cláudio Ferreira. Modelos de análise macroeconômica: um curso completo de macro-
economia. Rio de Janeiro: Campus, 1999.
Produto nacional bruto
José Tadeu de Almeida
Introdução 
No estudo da Macroeconomia, das políticas econômicas e seus efeitos sobre a economia 
de um país e sua sociedade, é muito importante que você conheça e acompanhe a evolução de 
relevantes conceitos e identidades macroeconômicas. Uma destas identidades você conhecerá 
agora: é o chamado Produto Nacional Bruto (PNB). Você entenderá melhor a sua composição e 
quais as variáveis mais importantes que determinam a sua existência em um sistema econômico.
Objetivos de aprendizagem
Ao final desta aula, você será capaz de:
 • aprender sobre os agregados – renda líquida, saldo de conta corrente e PNB;
 • entender quando a renda líquida é negativa e quando é positiva.
1 Os agregados que formam arenda líquida 
e se ela foi enviada ou recebida do exterior
O estudo dos agregados macroeconômicos, notoriamente o produto, a renda e a despesa, 
são fundamentais para a compreensão da estrutura econômica de uma sociedade. O produto 
representa a soma dos valores dos bens produzidos por uma sociedade ao longo de certa janela 
temporal, por exemplo, um ano fiscal.
Um desdobramento do conceito de produto é o chamado Produto Interno Bruto (PIB), que 
corresponde exatamente à produção de bens e serviços de um país ao longo de um determinado 
período. Pela ótica da demanda, você observa que o PIB é formado por quatro variáveis fundamen-
tais, todas com igual importância. Em primeiro lugar, tem-se o consumo, formado pela aquisição 
dos bens e serviços necessários à economia. A segunda identidade é o investimento, enquanto 
função direta (e inversamente proporcional) à taxa de juros de longo prazo na economia, e que 
mede os valores aplicados na compra de bens destinados à produção (bens de capital) bem como 
na ampliação de espaços destinados à produção e outras atividades correlatas. Os gastos do 
Governo, para uma economia que possua governo, também fazem parte do cálculo do PIB. Por 
fim, os saldos comerciais desta economia, caso ela seja aberta e tenha relações com o exterior, 
também são necessários para o cálculo do Produto Interno Bruto (PAULANI; BRAGA, 2013).
SAIBA MAIS!
O PIB é tratado como bruto, pois não inclui as depreciações dos bens de capital ao 
longo do período de análise. Quando a depreciação – decorrente do uso desses 
bens de capital para o consumo – é incorporada ao cálculo, tem-se um novo indica-
dor, o Produto Interno Líquido (PIL).
No entanto, você precisa ter em conta que uma economia não é formada apenas da produ-
ção de bens tangíveis, ou seja, bens concretos, que podemos possuir, armazenar, tocar, manter e 
guardar. Há, por exemplo, os serviços das empresas, dos profissionais liberais, autônomos, e sua 
produção também deve ser computada no cálculo do Produto Interno Bruto.
Figura 1 – Taxas de crescimento do PIB dos Estados Unidos (1996-2015)
Fonte: freer/Shutterstock.com
Por fim, devemos também destacar as relações que essa economia tem com o resto do 
mundo através do recebimento e envio de capitais entre a economia nacional e o setor externo. 
Começaremos, portanto, a discussão a respeito da chamada renda líquida enviada ao exterior, 
também conhecida pela sua sigla RLEE.
Na Macroeconomia, um dos agregados mais importantes é a renda, entendida como a soma, 
em valores monetários, da remuneração dos chamados fatores de produção, ou seja, dos recursos 
utilizados por essa economia na produção dos bens e serviços indispensáveis ao andamento da 
sociedade. Nesse agregado, podemos incluir o pagamento de funcionários de empresas priva-
das, empregadas domésticas, bem como a compra de insumos (recursos destinados à produção, 
como matérias-primas e bens intermediários, já manufaturados, como o aço, por exemplo) (PAU-
LANI; BRAGA, 2013).
FIQUE ATENTO!
A remuneração dos funcionários públicos é parte da despesa pública e, portanto, 
um gasto governamental.
Para facilitar sua compreensão, suponha que a economia em discussão seja a brasileira. Neste 
caso, as empresas com capital nacional venderão seus bens e obterão lucros que serão apropriados 
pelos seus proprietários ou acionistas, que poderão, por exemplo, usá-los para novos investimentos.
Mas há ainda outras duas categorias de empresas: as empresas estrangeiras instaladas em 
território nacional, bem como as empresas nacionais que possuem plantas industriais, filiais, lojas, 
escritórios ou qualquer outro tipo de atividade produtiva no exterior. Nestes casos, essas empre-
sas também realizam alguma forma de atividade produtiva e, ao gerarem uma produção, também 
geram renda. Esta renda é obtida, por exemplo, com o lucro dessas empresas e o pagamento dos 
fatores de produção, como salários e aluguéis de edifícios, bem como por doações unilaterais. 
Mas, quando elas não estão em território nacional, saiba que a tendência é a de que esses capitais 
não permaneçam nesses países, mas que sejam reenviados ao país de origem da empresa.
Figura 2 – Agentes econômicos de diferentes origens
Fonte: sergign/Shutterstock.com
Desse modo, as transações entre rendas entre países configuram uma movimentação desta 
renda. Dá-se, assim, o conceito de Renda Líquida Enviada ao Exterior (RLEE).A RLEE pode ser 
entendida como o resultado entre as rendas enviadas e as rendas recebidas, deste modo:
RLEE = Rendas Enviadas ao Exterior – Rendas recebidas do Exterior
As rendas enviadas ao exterior correspondem aos lucros e às receitas das empresas estran-
geiras instaladas em território nacional e que são enviadas às suas matrizes, em seus países de 
origem. Por outro lado, as rendas recebidas do exterior correspondem às rendas enviadas pelas 
filiais das empresas nacionais instaladas no exterior e remetidas de volta à nação. No agregado, 
forma-se o componente das Rendas Líquidas Enviadas ao Exterior (PAULANI; BRAGA, 2013).
EXEMPLO
Se uma economia tem agentes nacionais instalados no exterior, que enviam ao 
seu país de origem uma renda de um bilhão de dólares, e agentes estrangeiros ins-
talados em seu território enviam de volta três bilhões, o total da RLEE = 3-1 = dois 
bilhões de dólares.
A RLEE pode ser entendida também como uma medida de internacionalização de uma eco-
nomia. Em países onde há um grande número de empresas estrangeiras operando em volumes 
superiores aos das empresas nacionais sediadas no exterior e cuja renda enviada é maior que a 
recebida, você observa que há uma baixa internacionalização dos recursos nacionais no exterior. 
Esses países, na verdade, exportam renda, pois há mais recursos sendo enviados ao exterior do 
que recebidos dele.
Figura 3 – Agentes enviam recursos de volta a seus países de origem
Fonte: gosphotodesign/Shutterstock.com
Por outro lado, veja que economias cujas empresas estão espalhadas pelo mundo tendem 
a possuir um maior grau de internacionalização de seus ativos. Deste modo, as rendas recebidas 
são maiores que as enviadas e o saldo de RLEE tenderá a ser negativo: são países que importam 
renda do exterior.
FIQUE ATENTO!
Se os agentes investirem seus recursos, por exemplo em bens de capital, fora de 
seu país de origem, este recurso não entrará na conta das rendas enviadas.
O sinal da RLEE é muito importante: trata-se, para a economia nacional, de avaliar qual é a 
quantidade de renda que está deixando o país. Por isso, as rendas recebidas que, em teoria, deve-
riam ter sinal positivo (pois está entrando dinheiro na economia), na verdade, possuem sinal nega-
tivo. Se a RLEE for negativa, há mais rendas sendo recebidas. O sinal positivo demonstra que elas 
estão sendo enviadas ao exterior em maior quantidade. A inversão do sinal nos mostraria não as 
rendas líquidas enviadas, mas as rendas líquidas recebidas do exterior (RLRE). Na contabilidade 
social brasileira, costumamos, porém, utilizar o conceito de RLEE com sinal negativo.
A RLEE entra no cálculo das transações correntes, ou seja, as transações que uma economia 
mantém com o resto do mundo em conjunto com os saldos da balança comercial (exportações – 
importações), da balança de serviços (que agrega os fluxos de renda, como a RLEE e outros) e as 
transferências unilaterais. Em conjunto, esse saldo conforma o chamado saldo em conta corrente 
de um governo (PAULANI; BRAGA, 2013).
2 Diferença entre PIB e PNB
Agora, vamos expandir o raciocínio para você entender melhor o impacto da RLEE sobre o 
Produto Interno Bruto (PIB).
O PIB, enquanto soma de todos os bens e serviços produzidos em uma economia, embute 
também os recursos e a renda produzida pelos agentes estrangeiros sediados em território nacio-
nal. Se a economia é fechada, sem transações com o exterior, esses ativos não estarão presentes.
FIQUE ATENTO!
No mundo real, praticamente não há economias fechadas, salvo raríssimas exce-
ções, como a Coreia do Norte,por exemplo, que também não é totalmente fechada, 
pois possui relações com a China.
As economias tendem a possuir amplas relações com as economias de outros países. Nes-
tas circunstâncias, parte da renda total produzida em um país também embute as rendas que 
serão redirecionadas ao exterior.
Figura 4 – Circulação internacional de renda
Fonte: Natalya Timofeeva/Shutterstock.com
Dessa forma, para deduzir o efeito das RLEEs, tem-se o conceito de Produto Nacional Bruto 
(PNB), que corresponde a todos os bens e serviços produzidos em uma economia, deduzida a 
RLEE, conforme a seguinte equação:
PNB = PIB – RLEE
Cabe lembrar: o sinal negativo da variável RLEE nos mostra que, se houver mais renda sendo 
enviada ao exterior do que recebida, há recursos deixando a economia nacional.
Como você pode perceber, o Produto Nacional Bruto exclui as rendas líquidas enviadas ao 
exterior. Trata-se de um demonstrativo da produção nacional baseada nos valores monetários 
advindos do uso de fatores de produção essencialmente nacionais (PAULANI; BRAGA, 2013).
EXEMPLO
Se o Produto Nacional Bruto de uma economia é de US$ 99.999.999,999,00 e seu 
PIB foi medido em US$ 100 bilhões, pela equação anterior temos que:
99.999.999.999,00 = 100.000.000.000,00– RLEE
Logo, RLEE = US$ 1,00.
Como consequência desta equação, observe que o Produto Interno Bruto corresponde à 
soma do Produto Nacional Bruto com as Rendas Líquidas Enviadas ao Exterior. Neste caso, o sinal 
da RLEE se inverte, pois consideramos que há um volume de recursos que está fazendo parte da 
economia, mas que não é produzido por fatores de produção nacionais.
SAIBA MAIS!
Você poderá encontrar maiores definições sobre os conceitos de PIB, PNB e RLEE no 
texto do ex-ministro da Fazenda, Luiz Carlos Bresser-Pereira, e do professor Yoshiaki 
Nakano: “Contabilidade Social”, originalmente publicado em 1972. Disponível em: 
<http://www.bresserpereira.org.br/papers/1972/72.ContabilidadeSocial.pdf>.
Fechamento
Nesta aula, você teve oportunidade de:
 • verificar que, em economias abertas, certos bens podem ser produzidos por agentes 
estrangeiros em território nacional e por agentes nacionais no exterior;
 • compreender que esses recursos são geralmente reenviados a seus países de origem, 
na forma de rendas e que a soma destas rendas corresponde às Rendas Líquidas 
Enviadas ao Exterior;
 • entender que o Produto Nacional Bruto corresponde ao Produto Interno Bruto, deduzi-
das as Rendas Líquidas Enviadas ao Exterior.
Referências
BRESSER-PEREIRA, Luiz Carlos; NAKANO, Yoshiaki. Contabilidade Social. Apostila da FGV/SP:EC-
-MACRO-L-9. ago. 1972. Disponível em: <http://www.bresserpereira.org.br/papers/1972/72.Conta-
bilidadeSocial.pdf>. Acesso em: 01 jan. 2017.
PAULANI, Leda Maria; BRAGA, Márcio Bobik. A nova contabilidade social – uma introdução à 
Macroeconomia. 4 ed. São Paulo: Saraiva, 2013.
Necessidades setoriais 
de financiamento
José Tadeu de Almeida
Introdução
Nesta aula, você estudará um importante agente macroeconômico: o Estado. Ele tende a ser 
analisado somente como uma fonte de gastos. Agora, você verificará as dinâmicas que condicio-
nam o seu funcionamento.
Você verá também uma distinção que faremos entre as variáveis macroeconômicas nomi-
nais e reais e seus impactos sobre a formulação de políticas econômicas.
Objetivos de aprendizagem
Ao final desta aula, você será capaz de:
 • Aprender sobre os agregados – renda disponível, impostos e poupança;
 • Entender a diferença entre variáveis nominais e reais.
1 O que forma e para onde vai a renda disponível
Quando analisamos a geração de produto e renda, sempre é preciso levar em conta se essas 
economias são abertas ou fechadas, ou seja, se mantêm relações com o exterior. Estas relações 
ocorrem, por exemplo, através do fluxo de exportações e importações de bens e capitais.
FIQUE ATENTO!
No mundo real, praticamente todas as economias são abertas, ainda que da forma 
mais limitada possível, como a da Coreia do Norte, cujo principal parceiro comercial 
é a China.
E necessário verificar se nessas economias há ou não um governo representado pelo Estado 
eque consome bens e serviços para manter-se como agente de controle da sociedade, bem como 
para prover bens e serviços que são indispensáveis a ela – como justiça e segurança pública 
(PAULANI; BRAGA, 2013).
SAIBA MAIS!
Na área da Microeconomia, que estuda as relações de produção e consumo de 
empresas e indivíduos, os bens públicos são entendidos como fornecidos pelo 
Estado aos seus habitantes para a garantia de seu bem-estar. Esses bens, em 
geral, não são oferecidos pela iniciativa privada por conta dos altos investimentos 
necessários ou por interesse nacional.
Figura 1 – Forças Armadas, financiadas pelo Estado
Fonte: BPTU/Shutterstock.com
O Estado é representado por duas identidades: a de gerador de gastos e de arrecadador 
de impostos.
Os impostos são taxas, expressas por valores monetários, que os cidadãos devem pagar ao 
Estado em troca do bem-estar que este ente deve proporcionar.
SAIBA MAIS!
Você pode obter mais informações a respeito da política tributária no Brasil 
Colonial no artigo de Luciano Raposo de Almeida Figueiredo, “Derrama e política 
fiscal ilustrada”. Disponível em: <www.siaapm.cultura.mg.gov.br/acervo/rapm_pdf/
Derrama_e_politica_fiscal_ilustrada.PDF>.
Figura 2 – Impostos drenam parte da renda dos agentes
Fonte: ivector/Shutterstock.com
A discussão a respeito dos impostos sempre leva em consideração se eles são justos e se 
são eficientes. Impostos justos devem incidir:
 • sobre os agentes que podem pagar mais;
 • igualmente sobre pessoas de mesma capacidade de pagamento, sendo assim 
universais;
 • sobre os que utilizam os serviços da nação.
Por sua vez, a eficiência nos impostos é dada pelo seguinte:
 • devem ser cobrados de maneira eficiente, ou seja, evitando a sonegação e o mau uso 
do dinheiro;
 • devem maximizar o bem-estar da população;
 • devem gerar o menor nível possível de distorção no mercado, evitando queda de inves-
timento e da demanda de mão-de-obra.
FIQUE ATENTO!
Um Governo fixa a sua carga tributária conforme as suas necessidades de financia-
mento. Sem entrarmos na discussão se essa carga tributária, no Brasil, é compatí-
vel com os bens e serviços que o Governo nos oferece, vamos focar nossa atenção 
nos efeitos dos impostos.
Considerando-se que uma economia é formada por um agregado de agentes, o pagamento 
de taxas ao Estado reduz o volume de renda decorrente da remuneração desses fatores de produ-
ção (mão-de-obra, serviços, etc.) que fica “nas mãos” destes agentes, que podem, ainda, receber 
alguns subsídios do Governo (como auxílios, bolsas de estudo e outros), que configuram as cha-
madas transferências governamentais (PAULANI; BRAGA, 2013).
Assim, temos o conceito de renda disponível, ou renda pessoal disponível, que é a renda 
mantida pelos cidadãos (dada por Yd) após o pagamento de seus impostos diretos (TD) e o rece-
bimento de eventuais transferências do governo (TR), de acordo com a seguinte equação:
renda pessoal disponível = renda pessoal – impostos + transferências governamentais.
Como desdobramento, temos outra equação que mostra que a renda disponível para a eco-
nomia, como um todo, depende dos tributos pagos, e das rendas enviadas ao exterior (rl):
Yd = Y - T– rl
Sendo T = TD – TR, ou seja, o montante de impostos T é dado pelo saldo dos tributos diretos 
pagos (TD), diminuídas as transferências (TR).
EXEMPLO
Se os cidadãos receberam uma renda de R$ 1 bilhão, pagaram R$ 300 milhões em 
tributos, receberam R$ 50 milhões de transferências do Governo, e enviaram R$ 100 
milhões ao exterior, temos que a renda disponível é:
Yd= 1 bilhão – 300 milhões + 50 milhões – 100 milhões = R$ 650 milhões.
A renda disponível pode ser utilizada pelos agentes econômicos conforme suas conveniên-
cias, seja para consumo ou para ser poupada em parte (PAULANI; BRAGA, 2013).
Figura 3 – A poupança como parte da renda
Fonte:Licvin/Shutterstock.comFIQUE ATENTO!
Os conceitos de poupança, enquanto identidade macroeconômica, e de caderneta 
de poupança são diferentes! O primeiro termo diz respeito à parcela da renda que 
não foi destinada ao consumo dos agentes. O segundo é um dos diferentes tipos 
de investimento que esses agentes podem realizar.
Assim, os agentes, ao receberem sua renda e após pagarem seus impostos, obtendo sua 
renda disponível, optam por consumi-la ou gerar poupança. O somatório do consumo e da pou-
pança, deste modo, corresponde ao total da renda. Considerando-se a igualdade entre os princi-
pais agregados macroeconômicos, em que o produto é igual à renda, você observa que a renda 
disponível é formada pelo somatório de consumo (C) e poupança (S), através da seguinte equação:
Yd = C + S
Podemos, ainda, ampliar esse raciocínio para as chamadas necessidades setoriais de 
financiamento. 
Por uma das identidades fundamentais da Macroeconomia, temos que o produto (Y) é gerado 
pela soma do consumo (C), do investimento (I), do gasto público (G) e dos saldos das relações 
com o exterior através da balança comercial (X-M, com X e M representando, respectivamente, 
exportações e importações), conforme esta equação:
Y = C + I + G + (X-M)
Recuperando a segunda equação apresentada e colocando-a em função de Yd, temos que:
Y = C + I + G + (X-M)
E que: Yd = Y + TR-TD
Logo, Y + TR – TD= C + S.
Assim, C + I + G + (X-M) + tr –td = C + S.
Portanto, I – S + G + tr –td + (X-M) = 0
Separando as variáveis, temos:
(I-S) + (G+ TR –TD) + (X-M) = 0 (esta equação separa os três setores da economia, quais 
sejam, o setor privado, o setor público e o setor externo).
A partir da última equação, visualizamos as chamadas necessidades setoriais de financia-
mento. A identidade (I-S) representa a necessidade de financiamento do setor privado, ou seja, os 
recursos aplicados na geração de produto através do investimento e da quantidade de poupança. 
Efetivamente, a poupança financia o investimento: os recursos que foram poupados pelos agen-
tes, como parte de sua renda, serão utilizados para a aquisição financiada de bens de capital, 
destinados à produção de outros bens.
A identidade (G + TR– TD) representa as chamadas necessidades de financiamento do setor 
público (NFSP). Observe que a soma dos gastos com as transferências deve ser menor que o total 
dos tributos para que o Governo possa ter poupança (PAULANI; BRAGA, 2013).
Quando os juros e as amortizações da dívida do Governo (que são parte de seu gasto) são 
agregados a esse cálculo e se essa soma for negativa, o Governo estará gastando mais do que 
arrecadando, gerando o chamado déficit nominal e podendo trazer a necessidade de cortes de 
gastos e/ou aumento de impostos.
Figura 4 – Deficits podem gerar corte de gastos
Fonte: Jeff Wilber/Shutterstock.com
EXEMPLO
Segundo o Banco Central do Brasil, em nota de 27 de dezembro de 2016, o déficit 
nominal da economia até o mês de novembro era de R$ 581,4 bilhões, equivalentes 
a 9,28% do PIB.
Por fim, a identidade (X-M), representando a balança comercial, demonstra as chamadas 
necessidades de financiamento do setor externo. Se as exportações, dadas por X, forem maiores 
que as importações M, há um superávit comercial, e um déficit quando as importações suplanta-
rem as exportações.
Observamos, assim, uma ligação entre os setores da economia, nos âmbitos privado, público 
e externo. Como estes setores se interligam a partir da geração de produto, um setor pode finan-
ciar suas despesas através de empréstimos “tomados” a outros setores. Um déficit nominal, por 
exemplo, pode ser financiado através de remessas de recursos gerados pelo superávit externo.
2 Variáveis nominais e reais
Uma economia moderna possui diferentes quantidades de bens produzidos, cada um deles 
a certo preço. Há, porém, ao longo do tempo, um aumento dos preços desses bens, em vista da 
inflação, dos aumentos dos preços das matérias-primas etc. 
Deste modo, tratamos as variáveis como nominais quando elas estão expressas a preços 
correntes, a preços de mercado – o preço que está sendo praticado no momento em que as vari-
áveis são observadas. Variáveis reais, por sua vez, são observadas quando são descontados os 
efeitos da inflação, do aumento de preços sobre uma determinada cesta de bens que são produ-
zidos nessa economia. 
As variáveis nominais não podem ser comparadas, pois expressam grandezas diferentes 
(preços correntes variam ao longo do tempo, de modo que, para uma análise comparativa, preci-
samos utilizar variáveis reais). Vale destacar, ainda, que as variáveis nominais são representadas 
por letras maiúsculas e as reais por letras minúsculas.
Por exemplo, se uma economia fechada e sem governo produz apenas batatas para seus 
habitantes consumirem, ao preço de R$ 100 pelo saco de 60kg, e cem mil sacos de batata são 
produzidos, logo, temos que o total do produto a preços correntes é de 100.000*100 = 10 milhões 
de reais. Este é o produto nominal, aos preços correntes.
Considere que houve uma inflação de 10% no segundo ano, de novos 10% no terceiro ano, e 
sempre de 10% até o décimo ano, com a produção constante de batatas. Calculando-se (1,1)9=2,35, 
ou seja, o saco de batatas estará cotado no décimo ano a 235 reais. O valor do produto, por sua 
vez, será de 23,5 milhões de reais. Este será o produto nominal no décimo ano. Porém, se descon-
tarmos a inflação desses dez anos, você verá que a produção permaneceu a mesma, e o valor dela 
também. Então, veja que, a preços reais, o produto dessa economia permaneceu o mesmo pelos 
dez anos (PAULANI; BRAGA, 2013).
Fechamento
Nesta aula, você teve oportunidade de:
 • compreender que a renda disponível dos agentes é avaliada após o pagamento dos 
tributos e impostos ao Governo;
 • entender as relações entre consumo, renda e poupança;
 • conhecer as diferenças entre variáveis nominais e reais, a partir de sua dissociação 
com o aumento de preços.
Referências
BANCO CENTRAL DO BRASIL. Política Fiscal – Nota para a imprensa. Disponível em: <https://
www.bcb.gov.br/htms/notecon3-p.asp>. Acesso em: 02 jan. 2017.
FIGUEIREDO, Luciano Raposo de Almeida. Derrama e política fiscal ilustrada. In: Revista do Arquivo 
Público Mineiro.Dossiê. Disponível em: <www.siaapm.cultura.mg.gov.br/acervo/rapm_pdf/
Derrama_e_politica_fiscal_ilustrada.PDF>. Acesso em: 02 jan. 2017.
GARCIA, Manuel Enriquez; VASCONCELLOS, Marco Antonio Sandoval de. Fundamentos de econo-
mia. São Paulo: Saraiva, 2014.
PAULANI, Leda Maria; BRAGA, Márcio Bobik. A nova contabilidade social – uma introdução à 
Macroeconomia. 4 ed. São Paulo: Saraiva, 2013.
Identidade fundamental 
macroeconômica
José Tadeu de Almeida
Introdução
Nesta aula, você conhecerá os elementos determinantes da identidade fundamental macro-
econômica que compõem uma das equações mais importantes da Macroeconomia na área da 
contabilidade social, através da relação entre o produto, o consumo, o investimento, o desempe-
nho comercial e os gastos governamentais, em uma economia aberta e com governo.
Objetivos de aprendizagem
Ao final desta aula, você será capaz de:
 • entender a identidade fundamental macroeconômica;
 • entender a importância fundamental dos estoques para a Macroeconomia;
 • relacionar alguns agregados macroeconômicos de nosso modelo;
 • compreender os conceitos de propensão marginal a consumir e a poupar.
1 A identidade fundamental macroeconômica
A Macroeconomia, através do estudo das relações entre produção, renda (o pagamento dos 
meios de produção) e despesa (gastos com o consumo das mercadorias produzidas em um mer-
cado), associa variáveis para a compreensão da atividade econômica conforme a equação:
Pib = y = c + i + g + x – m = c + s + t + rl
Em que y representa o produto gerado por essa economia (expressa pelo conceito de Produto 
Interno Bruto, o PIB), c o consumo e i o investimento. A variável g representa os gastos e as despe-
sas do Governo, e os saldos em balança comercial são dados por x-m, em que x e m representam, 
respectivamente,exportações e importações. A variável s representa a poupança e a variável t, os 
impostos pagos ao Governo. Esses saldos geram a chamada renda líquida (rl).
O investimento é gerado a partir da poupança, a fração da renda dos agentes, que não é con-
sumida. Da mesma forma, o montante disponível ao Governo para a realização de seus gastos é 
determinado pela quantidade de impostos arrecadados.
Esta equação representa a composição geral da economia: Aprodução (tanto a consumida 
quanto a exportada) é uma função direta da renda dos fatores de produção (destinada ao con-
sumo e ao investimento) e da despesa (através do consumo e dos gastos públicos).
2 Os estoques e o investimento
O investimento é a soma dos valores dos bens e recursos que são destinados a gerar maior 
capacidade produtiva do agente econômico (seja uma empresa ou a economia de todo um país) 
através da formação de capital fixo e de estoques.
O capital fixo é gerado pelos montantes aplicados na produção dos chamados bens de capi-
tal, ou bens de produção, que são destinados à fabricação de outros bens e serviços, como maqui-
nários especializados, caminhões, guindastes, edifícios etc. Essa aplicação de recursos faz parte 
dos chamados investimentos planejados (KRUGMAN; WELLS, 2012).
Da mesma forma, a variação de estoques é fundamental para o investimento. Estoques são o 
montante de produtos que já passaram pela produção, mas ainda não foram vendidos/consumidos.
FIQUE ATENTO!
Os estoques incluem os bens chamados finais, destinados à venda, e os chamados 
bens intermediários, que são os produtos que já passaram por alguma produção, 
mas destinam-se à produção de outros bens, como chapas de aço para a fabrica-
ção de automóveis, por exemplo.
É comum que as empresas mantenham consigo certo estoque dos bens que produzem, a fim 
de poder atender rapidamente à demanda dos consumidores. Assim, é possível pensar no estoque 
de bens como parte da política de investimentos da economia, quando ele é planejado.
SAIBA MAIS!
No século XX, as firmas mantinham grandes estoques de produtos. Porém, na déca-
da de 1970, um novo padrão de produção previa a chamada “produção enxuta”, para 
aumentar a competitividade das empresas e reduzir custos. Você poderá aprender 
sobre o “toyotismo” no tópico 2.1 da dissertação de Roberto Borghi (Unicamp), dis-
ponível em: <www.bibliotecadigital.unicamp.br/document/?code=000790751&fd=y>.
A variação nos estoques também pode constituir um movimento não planejado de investi-
mento, uma vez que bens podem ser produzidos e não serem demandados. Assim, a variação dos 
estoques determina a atividade produtiva através do ritmo de investimentos: se há tendência à 
formação de estoques por queda na demanda, as empresas não investirão. Deste modo, há uma 
relação inversa entre estoques e investimentos (KRUGMAN; WELLS, 2012).
Figura 1 – Estoques de produção
Fonte: urbans/Shutterstock.com
3 Taxa de juros e investimento
Você sabe o que determina o investimento, isto é, o que faz com que os agentes prefiram 
investir a usar os seus recursos para qualquer outra finalidade?
A chave para esta questão está na taxa de juros da economia – no caso brasileiro, a taxa de 
juros de longo prazo, conhecida como TJLP. Você pode entender a taxa de juros como o “prêmio 
pelo dinheiro”, ou seja, uma remuneração que os agentes, como empresas e indivíduos, recebem 
pela aplicação dos seus recursos em investimentos de natureza financeira (poupança, títulos, 
CDBs, entre outros).
Observando a TLJP, um agente verificará duas situações para tomar sua decisão de investir: 
o retorno do investimento em termos de aumento da produção, das receitas e dos lucros (em 
resumo, seu crescimento) e o retorno em aplicações financeiras através da taxa de juros. Se o 
retorno da taxa de juros for superior ao retorno do investimento, o agente não investirá na pro-
dução. Se o investimento trouxer maiores perspectivas de ganho, a decisão do agente será a de 
investimento produtivo (PAULANI; BRAGA, 2013).
Você pode perceber, portanto, que há uma relação inversa entre a taxa de juros e o investi-
mento. Se os juros aumentam, uma firma que necessite de empréstimos para financiar a aquisição 
de bens de capital optará por não fazê-lo, dado o aumento do risco, expresso pelo valor pago como 
remuneração do agente que cede os recursos. E, ainda que a firma não necessite de financiamen-
tos para investir, ela preferirá manter seus recursos aplicados sob outras formas que não o inves-
timento produtivo, protegendo-se de outros riscos.
SAIBA MAIS!
A TJLP para a economia brasileira, no quarto trimestre de 2016, estava cotada em 7,5%.
Figura 2 – Escolhas: investir na produção ou manter o capital aplicado?
Fonte:visual3Dfocus/Shutterstock.com
EXEMPLO
Considerando que a TJLP no Brasil é de 7,5%, um empresário que possua um mon-
tante de capital deverá verificar se o crescimento da produção e de suas receitas 
e lucros com o investimento supera esse patamar. Caso não supere, você pode 
concluir que ele preferirá investir em outros ativos financeiros.
4 Renda e impostos
A renda diz respeito ao total da remuneração dos fatores de produção em uma economia, 
como o pagamento de salários, por exemplo. Qual a sua renda, hoje?
Você conhece bem seus rendimentos líquidos, aqueles que são pagos em dinheiro a você. 
Porém, este montante deve representar apenas uma parcela de sua renda total. A outra parcela é 
usada para o pagamento de impostos.
Em economias com Governo, a arrecadação de impostos é o recurso principal que este 
mesmo governo se utiliza para a manutenção de suas atividades e fornecimento de bens e servi-
ços necessários ao bem-estar da sociedade.
FIQUE ATENTO!
Há determinados bens, conhecidos como bens públicos, que o Estado fornece à 
sociedade, pois o setor privado não tem condições ou interesse em fazê-lo, como, 
por exemplo, a segurança nacional.
Porém, o Governo também pode repassar recursos de volta à população na forma de trans-
ferências governamentais, como auxílios, benefícios sociais etc (PAULANI; BRAGA, 2013). Assim, 
a renda se torna dependente do montante de impostos que os agentes pagam e as eventuais 
transferências que eles possam vir a receber, formando a chamada renda disponível. Ela é dada 
pela seguinte equação:
Yd = Y – t – rl
Em que Yd representa a renda disponível em relação à renda total (Y); os impostos são deno-
tados por t (os impostos totais são o saldo entre os tributos pagos e as transferências governa-
mentais, sendo T = TD – TR), e rl representa a renda enviada ao exterior.
Figura 3 – O pagamento de impostos reduz a renda disponível
Fonte: artisticco/Shutterstock.com
Você pode perceber que há uma relação proporcional entre renda e arrecadação do Estado. 
O aumento de impostos é diferente do aumento de arrecadação, que pode ser gerado por outras 
vias, como o pagamento de multas e reparações de guerra, por exemplo.
EXEMPLO
Se a soma da renda de uma economia é de 1 bilhão de reais, R$ 200 milhões foram 
pagos em impostos, R$ 50 milhões foram enviados ao exterior e R$ 100 milhões 
voltaram como transferências, a renda disponível é de R$ 850 milhões.
5 Renda disponível e consumo
Normalmente, os agentes não possuem acesso à sua renda total; eles devem pagar impos-
tos. Assim, aparcela da renda disponível para consumo é inferior à renda total. Portanto, o con-
sumo, como variável macroeconômica, é determinado pela renda disponível dos agentes, havendo 
uma relação positiva entre renda e consumo – que aumenta na mesma proporção do aumento 
da renda. Os agentes poderão consumir toda a sua renda ou direcioná-la para outros projetos, de 
acordo com os seus desejos de consumir ou poupar.
6 Renda disponível e poupança
Além do consumo, a renda disponível pode ser usada para a poupança (PAULANI; BRAGA, 
2013). Por “poupança”, entenda a parcela da renda que não é direcionada ao consumo, sendo pre-
servada para outros projetos dos agentes ao longo do tempo, de acordo com a equação:
Yd = c + s
Em que Yd configura a renda disponível, c o consumo e s a poupança. Há uma relação posi-
tiva entre a renda disponível e a poupança: esta aumenta em resposta ao aumento da renda dispo-
nível. Por sua vez, veja que os montantes que serão consumidos e poupados estão ligados às pre-
ferências de cada agente, conforme os conceitos de propensão marginal a consumir e a poupar.
7 Propensão marginal a consumir e a poupar
Quando você considera que cada agente efetua, conforme suas expectativas, as suas deci-
sões de consumo e poupança e isto repercute na economia como um todo, pode deduzir que cada 
variação percentual (1%) na renda da economia será seguida por uma variação nos valores das 
quantidades de bens consumidos e poupados. Essas razões confi guram as chamadas propen-
sões marginais a consumir e a poupar (KRUGMAN; WELLS, 2012).
A propensão marginal a consumir demonstra a variação do consumo ∆C perante a variação 
percentual da renda disponível ∆Yd, de acordo com a seguinte equação:
PMC =
 ∆c
 ∆Yd
Por sua vez, a propensão marginal a poupar confi gura a variação do consumo ∆S perante a 
variação percentual da Renda ∆Yd, de acordo com a Equação 05:
PMP =
 ∆s
 ∆Yd
Figura 4 – Decisões entre consumir e poupar
Fonte: sheff/Shutterstock.com
Se, em uma economia, a variação da renda corresponde a uma variação exatamente igual de 
consumo, a propensão marginal a consumir é igual a 1 e não haveria poupança. Da mesma forma, 
se todos pouparem, a propensão marginal a poupar assume valor 1 e não haveria consumo de 
bens nesta sociedade.
FIQUE ATENTO!
O conceito “clássico” de propensão marginal a consumir vem da razão entre varia-
ções de consumo e renda. Já para a matriz de estudo keynesiana, proposta por John 
Maynard Keynes (1883-1946), a PMC é uma função das expectativas dos agentes 
em relação ao comportamento do sistema econômico. Ela é uma variável subjetiva e 
afeta o consumo (C) a partir da seguinte equação: C = C0 + cYD , em que C0 representa 
o consumo fixo dos agentes e c corresponde à PMC como função direta da renda 
disponível YD.
Fechamento
Nesta aula, você teve oportunidade de:
 • conhecer a identidade fundamental macroeconômica e seus principais componentes;
 • entender a determinação do investimento a partir de suas relações com a taxa de juros 
e o fluxo de estoques;
 • compreender que a renda, o consumo e a poupança dos agentes estão entrelaçados, 
através das propensões marginais a consumir e a poupar.
Referências
BORGHI, Roberto Alexandre Zanchetta. Economia financeira e economia produtiva: o padrão de 
financiamento da indústria automobilística. Dissertação (Mestrado em Economia) –Unicamp, São 
Paulo, 2011.
GARCIA, Manuel Enriquez; VASCONCELLOS, Marco Antonio Sandoval de. Fundamentos de econo-
mia. São Paulo: Saraiva, 2014.
KRUGMAN, Paul;WELLS, Robin. Introdução à Economia. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012. Tradução 
da 2. ed. americana.
PAULANI, Leda Maria; BRAGA, Márcio Bobik. A nova contabilidade social – uma introdução à 
Macroeconomia. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2013.
Mercado interno: mercado de bens 
e serviços – curva IS, política fiscal
José Tadeu de Almeida
Introdução
Nesta aula, discutiremos alguns elementos ligados à gestão da política econômica a partir 
da política fiscal, entendendo-se esta como uma série de medidas destinadas a trazer equilíbrio à 
economia através da ação do Estado sobre o gasto e a tributação.
Você vai verificar como essas ações se traduzem na geração e variação dos volumes de pro-
dução e renda nas economias modernas.
Objetivos de aprendizagem
Ao final desta aula, você será capaz de:
 • Entender as condições de equilíbrio no mercado de bens e serviços;
 • identificar política fiscal, políticas expansionistas e contracionistas.
1 A curva IS: os pontos sobre ela, 
à sua direita e esquerda
Você entenderá as condições nas quais é dado o equilíbrio em um mercado de bens e servi-
ços, conforme o modelo macroeconômico da curva IS. A expressão é originada do termo “Invest-
ment – Saving” (Investimento – Poupança). Ou seja, através dessa curva, você poderá observar 
como, por meio de mecanismos de determinação da poupança e sobretudo do investimento, é 
gerado o produto de uma economia (BLANCHARD, 2004).
SAIBA MAIS!
O modelo que originou a curva IS é uma interpretação dos estudos originais de John 
Maynard Keynes (1883-1946) a respeito do crescimento das economias modernas, 
e foi efetuado pelos economistas John Hicks e Alvin Hansen na década de 1940 
(BLANCHARD, 2004).
Com efeito, estamos tratando da forma como a demanda é gerada no mercado de bens, pois 
consideramos que a demanda, com notação z, iguala-se à produção, dada por y, sob condições de 
equilíbrio, através da equação:
Y = c (y – t) + i + g + (x – m) = z
Esta equação mostra a você que o produto é dado através do consumo c, do volume de inves-
timentos, dados por i, dos gastos do governo dados por g, e dos saldos em balança comercial, 
sendo x e m iguais a exportações e importações, respectivamente. A equação acima representa a 
chamada identidade fundamental macroeconômica.
FIQUE ATENTO!
Não incluímos as variáveis g e t em economias que não possuam governo ou em 
que este não atue sobre a economia. Nestas situações, o gasto é igual a zero. De 
qualquer modo, a existência de impostos pressupõe a existência de gastos.
Você pode observar que há mais duas variáveis que determinam o consumo, quais sejam, a 
relação y – t. Esta relação corresponde ao volume de bens produzidos menos os impostos pagos ao 
governo. Pela identidade correspondente aos agregados macroeconômicos principais, temos que 
o produto se iguala à renda, correspondente ao pagamento dos recursos necessários à produção.
Logo, a relação y – t demonstra o volume de renda que efetivamente fica “nas mãos” dos agen-
tes para o consumo – esta identidade é a renda disponível, com notação Yd (BLANCHARD, 2004).
FIQUE ATENTO!
Caso uma economia possua governo e recolha impostos, a renda disponível para o 
consumo será inferior à renda total recebida pelos agentes! A renda disponível é dada 
pela equação Yd = y – td+ tr, sendo td os tributos diretos e tr as transferências gover-
namentais, recursos devolvidos aos cidadãos na forma de auxílios, concessões etc.
Assim, você pode perceber o nível de produto em equilíbrio. Logo, mudanças no consumo, 
através dos impostos, e nos gastos do governo podem alterar o produto de equilíbrio.
O investimento também é importante na formação do produto. E, neste sentido, um elemento 
importante para a determinação da renda e do investimento é a taxa de juros, de notação r. Ela é 
um “prêmio pelo dinheiro”, uma remuneração aos agentes para que mantenham seus recursos apli-
cados em outros instrumentos que não sejam o investimento produtivo, ou seja, a compra de bens 
e equipamentos destinados à produção e à geração de renda. O investimento é determinado, ainda, 
pelo volume de estoques de bens e serviços, de modo que um aumento não planejado de estoques 
(em resposta a uma baixa nas vendas, por exemplo) reduzirá o aporte de capitais para investimento.
FIQUE ATENTO!
No caso brasileiro, a taxa de juros referencial para a determinação do investimento 
é a taxa de juros de longo prazo (TJLP), com valor de 7,5% no primeiro trimestre de 
2017. Ou seja, os empresários olham a TJLP ao definirem suas opções de aumentar 
a produção através do investimento.
Sempre que o retorno esperado das decisões de investimento for menor que a taxa de juros 
praticada em uma economia, os agentes não investirão.
EXEMPLO
Se a taxa de juros de longo prazo em uma economia é de 5% e o crescimento 
na produção esperada com o investimento produtivo é de 4%, este torna-se pouco 
atrativo ao agente, que tenderá a manter seus recursos aplicados em outras áreas.
O investimento, por sua vez, é determinado por duas variáveis. A primeira delas é o volume 
de estoques. As empresas precisam vender para que, assim, seja viável investir. Deste modo, 
uma queda nas vendastambém afeta o investimento, através do aumento de estoques, podendo 
mesmo zerá-lo. Em segundo lugar, temos a taxa de juros, como mencionamos.
Deste modo, expressamos a determinação do investimento através da função que segue:
I = i (estoques+, i–)
Figura 1 – Construções e investimentos
Fonte: PerfectLazybones/Shutterstock.com
Assim, o investimento I depende positivamente da produção Y (por meio da baixa dos esto-
ques) e negativamente da taxa de juros i. Portanto, você pode retomar a primeira equação, relativa 
à geração do produto, e expressá-la da seguinte forma:
Y = c (y – t) + i (estoques, r) + g
Esta equação expressa a chamada relação IS. Ela iguala a produção (Y) com a demanda (Z), 
dada uma taxa de juros i (BLANCHARD, 2004).
A relação IS permite a você refletir sobre algumas considerações:
 • variações no volume de bens produzidos geram alterações no mesmo sentido (positivo 
ou negativo) na renda disponível, que, por sua vez, determina o consumo;
 • variações no produto geram variações no mesmo sentido nos volumes do investi-
mento. Há, portanto, uma relação entre investimento e produção.
Através da relação IS, que mencionamos, podemos obter a curva IS, conforme a próxima figura.
Figura 2 – A curva IS
Tx de Juros (1)
Produto (Y)YY’
i
i”
Fonte: elaborada pelo autor, 2017.
Observe a formação da curva IS, que determina diferentes pontos de equilíbrio nos mercados 
de bens a partir da composição da demanda e do produto mediante variações da taxa de juros cuja 
elevação faz com que o volume de produto Y seja reduzido e vice-versa.
Em todos os pontos da curva IS, note que há um equilíbrio no mercado, ainda que os níveis de 
produto sejam diferentes, para cima ou para baixo. Em outras palavras, alterações na taxa de juros 
geram deslocamentos ao longo da curva IS.
A curva IS tem característica descendente, ou seja, quando a taxa de juros aumenta, o volume 
de produção diminui, e vice-versa.
Nos pontos sobre a curva IS, o produto é igual à demanda em função da identidade funda-
mental, que você viu anteriormente. Os pontos que estão à direita da curva demarcam a superio-
ridade do produto sobre a demanda. Como sabemos que o investimento é inversamente propor-
cional à taxa de juros, nestes pontos, mantido o produto constante, a taxa de juros maior diminui o 
investimento (os agentes preferirão aplicar seu capital em outras formas que não o investimento 
produtivo), de modo que a demanda será inferior à produção (com aumentos de estoque).
Por outro lado, os pontos à esquerda da curva IS demonstram excesso de demanda de bens: 
mantido constante o produto, uma baixa na taxa de juros gera aumento de investimentos e dimi-
nuição de estoques, aumentando a demanda a um nível superior ao produto.
Você pode perceber, portanto, que a curva IS é determinada pela taxa de juros e pelo nível 
de produto (BLANCHARD, 2004). Veja, agora, como determinadas medidas de política econômica 
podem gerar mudanças da curva IS.
2 Políticas expansionistas e contracionistas
No seu estudo da curva IS, se você observou que ela é determinada pelo produto e pela 
taxa de juros, poderá verificar que medidas de política econômica afetam a dinâmica desta curva, 
podendo deslocá-la.
As medidas de política econômica que se associam à curva IS são as de política fiscal, que 
são ações orientadas pelo Governo e que visam afetar o nível de produto através das variáveis 
que ele diretamente pode controlar, quais sejam, os gastos governamentais (G) e os impostos (T). 
Com estas medidas, o Governo pode gerar estabilidade econômica, crescimento ou, ainda, reagir 
a conjunturas de crise.
Deste modo, medidas de política econômica e, em especial, a política fiscal, podem ser divi-
didas em expansionistas e contracionistas, dada certa taxa de juros. Políticas expansionistas 
são aquelas que geram expansão da renda; um aumento do produto através da manipulação das 
variáveis associadas à política fiscal (G e T). Já as medidas que se destinam a reduzir o volume 
de produção (em uma conjuntura de aumento de preços, por exemplo) e da renda são entendidas 
como políticas contracionistas.
Tomemos um exemplo. Se o Governo amplia seus gastos, haverá redução de estoques. 
Ampliando-se o investimento em função da redução de estoques, gera-se mais emprego, mais 
consumo e a demanda cresce, aumentando a produção. O aumento das transações comerciais 
eleva, por sua vez, a demanda por moeda, o que gera aumento da taxa de juros, fazendo a curva 
IS deslocar-se à direita.
Figura 3 – Gastos geram aumento da demanda e do produto
Fonte: Travel Mania/Shutterstock.com
EXEMPLO
Quando um governo aumenta os impostos sobre circulação de mercadorias e ser-
viços (ICMS) para obter receitas adicionais, está aplicando uma política fiscal con-
tracionista. Neste caso, o aumento dos tributos reduz a renda disponível, o que 
gera contração do consumo e queda na demanda e no produto. Da mesma forma, 
supondo-se a oferta de moeda constante, a queda na demanda por moeda gera 
redução da taxa de juros, deslocando a curva IS para a esquerda.
Perceba que ambas as políticas mencionadas exercem efeito sobre a curva IS, embora de 
modo oposto. Deslocamentos da curva IS para a esquerda são visíveis quando a política fiscal é 
contracionista, e medidas expansionistas deslocam a curva IS para a direita (BLANCHARD, 2004).
Figura 4 – Curva IS e políticas de expansão e contraçãoi
i
Y’ Y Y”
Y
Fonte: elaborada pelo autor, 2017.
Um exemplo de política fiscal contracionista está dado na curva IS’, em vermelho. Sempre 
que o Governo aplica medidas para reduzir o volume do produto através de uma taxa de juros 
(seja por aumento de impostos, que reduzem a renda disponível e o consumo, ou por redução de 
gastos), a curva IS se desloca para a esquerda, e a uma data taxa de juros i, o novo equilíbrio 
estará sobre o ponto A’ correspondente ao nível de produto Y’.
SAIBA MAIS!
Você pode obter mais referências sobre a política fiscal no Brasil no segundo 
capítulo da monografia de Marcella Mello Barbosa Derzede Paiva (PUC-RIO), 
“Política fiscal: impactos na inflação e na atividade”, disponível no link: <www.econ.
puc-rio.br/uploads/adm/trabalhos/files/Marcella_Derze_Paiva.pdf>.
Por outro lado, medidas expansionistas, como o aumento dos gastos ou a redução de impos-
tos, gerando aumento da renda disponível e do consumo, geram um nível de produto Y’’ maior que 
Y, deslocando a curva IS para a direita. Mantendo-se constante a taxa de juros, o equilíbrio estará 
agora sobre o ponto A”.
Fechamento
Nesta aula, você teve a oportunidade de:
 • verificar a relação entre produto e renda no mercado de bens;
 • entender que a demanda é afetada pelo investimento através da taxa de juros e do 
volume de produção;
 • conhecer a curva IS, suas determinações e variações a partir de medidas de política 
fiscal.
Referências
BLANCHARD, Olivier. Macroeconomia. 4. ed. São Paulo: Prentice Hall, 2004.
PAIVA, Marcella Mello Barbosa Derze. Política fiscal: impactos na inflação e na atividade. Mono-
grafia (Graduação em Economia) –Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RIO), 
2013. Disponível em:<http://www.econ.puc-rio.br/uploads/adm/trabalhos/files/Marcella_Derze_
Paiva.pdf>. Acesso em: 2 fev. 2017.
Mercado monetário
José Tadeu de Almeida
Introdução
Nesta aula, trataremos dos aspectos relacionados à dinâmica do mercado monetário e da 
oferta de moeda através do sistema bancário. Estudaremos também o conceito de Banco Central 
e como ele pode agir como mediador das relações no mercado monetário.
Verificaremos seu papel como emprestador de última instância, entendendo melhor este 
conceito; da mesma forma, será possível entender como os bancos ampliam a disponibilidade de 
moeda no mercado monetário através do dispositivo do multiplicador bancário.
Objetivos de aprendizagem
Ao final desta aula, você será capaz de:
 • entender o que é e qual o objetivo do Banco Central;
 • conhecer o conceito de oferta de moeda;
 • entender o conceito de multiplicaçãomonetária.
1 Banco Central
O Banco Central é uma autoridade monetária, ou seja, um agente do Estado, responsável por 
ordenar as operações do mercado monetário, como a compra e venda de moedas estrangeiras, 
entrada e saída de capitais, oferta e demanda por moeda nacional, dentre outras.
Figura 1 – Banco Central do Brasil
Fonte: Donatas Dabravolskas/Shutterstock.com
FIQUE ATENTO!
Mesmo que o Banco Central seja um agente estatal, uma condição importante é a 
de que ele seja independente: formule suas decisões, medidas e políticas de forma 
coordenada com os objetivos do Governo, mas não que seja totalmente sujeito a 
ele. Quando isto ocorre, há um risco de perda de confiança dos agentes.
Um Banco Central possui quatro atribuições fundamentais: 1) ser o banco dos bancos; 2) o 
depositário das reservas internacionais do país; 3) o banqueiro do Governo; e 4) o controlador da 
emissão de papel-moeda (VASCONCELOS et al, 2008).
FIQUE ATENTO!
A constituição do Banco Central, no Brasil, ocorreu na década de 1960. Antes disto, 
as suas funções eram realizadas pelo Banco do Brasil, que funcionava como insti-
tuição mista: uma autoridade monetária e um banco comercial.
Na função de banco dos bancos, você precisa compreender uma característica do sistema 
bancário: os bancos comerciais não mantêm em sua tesouraria todos os recursos que são depo-
sitados. Ao contrário, eles os utilizam para gerar crédito a outros agentes. Parte dos recursos que 
os bancos devem manter, porém, fica depositada como uma reserva estratégica.
Figura 2 – Federal Reserve, o Banco Central dos Estados Unidos
Fonte: blvdone/Shutterstock.com
Quando os bancos necessitam de recursos adicionais, face a um aumento inesperado do 
volume de saques, por exemplo, cabe ao Banco Central ser um emprestador de última instância, 
ou seja, o banco dos bancos, a instituição que fornecerá recursos e evitará a quebra, fato que pode 
causar efeitos negativos em toda a economia.
A segunda função dos bancos centrais é a de ser depositária das reservas internacionais: 
estas autoridades monetárias mantêm moeda estrangeira, as chamadas reservas internacionais, 
geradas através de operações de importação e exportação de bens e serviços, e movimentações 
de entrada e saída de capitais em uma economia. Quando a moeda nacional está se desvalori-
zando, o Banco Central intervém no mercado de câmbio com estas reservas.
EXEMPLO
O Banco Central guarda moeda estrangeira como ativo estratégico, para momentos 
de crise na economia. Nestes momentos, o Banco Central coloca dólares no merca-
do monetário a preços mais baixos que a média, aumentando a disponibilidade de 
moeda estrangeira em circulação e fazendo com que o câmbio se valorize.
A terceira função do Banco Central é a de ser o banqueiro do Governo: economias que pos-
suem governo mantêm parte de seus recursos em moeda depositada junto ao Banco Central, 
que se configura como um Tesouro Nacional. O Banco Central, ainda, financia as operações do 
Governo através do lançamento de títulos de dívida pública, que, uma vez adquiridos pelos agen-
tes, tornam-se moeda disponível para o Governo.
SAIBA MAIS!
Aprenda mais sobre os Bancos Centrais modernos no artigo da professora Maryse 
Farhi (Unicamp), disponível em:<http://www.scielo.br/pdf/rep/v34n3/v34n3a03.pdf>.
Por fim, a quarta atribuição do Banco Central é a de controlar a emissão monetária na forma de 
papel-moeda: uma das formas de um Estado obter dinheiro é imprimindo moeda, mas este processo 
gera um impacto na economia na forma de aumento de preços. O Banco Central, deste modo, con-
trola, através de restrições e expansões do meio circulante e de medidas de intervenção no mercado 
monetário, a disponibilidade de papel-moeda nacional em circulação (VASCONCELOS et al, 2008).
2 Oferta de moeda
O conceito de oferta de moeda resume uma série de fluxos e variáveis que demonstram qual 
é o montante total de recursos monetários em circulação dentro de uma economia. Você sabe 
quais são estes recursos e como eles podem ser avaliados?
A oferta de moeda consiste na criação de meios de pagamento: são diferentes ativos que cir-
culam no mercado, como moeda-dinheiro (dólares, euros ou reais, por exemplo) e títulos, nas suas 
mais variadas formas (da dívida pública, ações de empresas e outros títulos privados).
O Banco Central, enquanto “banqueiro do Governo”, tem a capacidade de intervir no mercado 
monetário, quando alguma conjuntura afetar as bases de uma economia, sobretudo pelo lado 
monetário (através da inflação) com impactos sobre todo o sistema, afetando o crescimento, a 
geração de empregos e de produção, entre outras variáveis.
Figura 3 – Diferentes economias e suas moedas
Fonte: William Potter/Shutterstock.com
Esta autoridade monetária altera a oferta de moeda, através das “operações de mercado aberto”, 
de compra e venda de títulos de dívida pública no mercado monetário. Estes títulos afetam a quanti-
dade de moeda em circulação: quando o Banco Central deseja aumentar a base monetária, ampliando 
assim a oferta de moeda, ele compra títulos da dívida que estão em circulação nas mãos dos agentes, 
pagando o preço cotado no mercado. Assim, o Banco Central coloca moeda em circulação.
Por outro lado, se há a necessidade de uma contenção da oferta de moeda, é realizada uma 
operação de venda de títulos: ao serem comprados pelos agentes, o Banco Central recolhe parte 
da moeda que está circulando (BLANCHARD, 2004).
Observamos, assim, como a oferta de moeda pode ser alterada pelo Banco Central. Porém, 
os bancos comerciais também exercem um papel importante na geração de moeda, através do 
multiplicador monetário.
3 Bancos comerciais e a multiplicação monetária
Os bancos comerciais também são agentes no mercado monetário, intermediários de compra 
e venda de títulos públicos, além de serem banqueiros dos agentes econômicos, como empresas 
e famílias, mantendo os seus recursos depositados. Da mesma forma, eles geram capital (ou seja, 
geram lucros a seus acionistas) através de atividades de crédito.
Para os bancos comerciais, a principal atividade geradora de lucro é o ganho obtido com os 
juros de empréstimos realizados aos clientes que os demandam. Assim, com os empréstimos, os 
bancos comerciais lucram e ampliam seu capital.
SAIBA MAIS!
No Brasil, o Banco Central normatiza a atividade dos bancos comerciais através de 
medidas denominadas Resoluções do Banco Central.
Porém, os bancos não mantêm a totalidade dos recursos dos agentes em sua tesouraria; 
estes recursos são novamente colocados em circulação através de empréstimos (geradores de 
lucro, como mencionamos), compra de títulos e outras operações. 
FIQUE ATENTO!
Se um banco não utiliza os recursos depositados e os mantém todos na tesouraria, 
não haverá expansão da quantidade de moeda!
Esta intervenção se dá através do mecanismo da multiplicação monetária, que pode ser 
entendida como uma série de operações realizadas pelos bancos, na forma de “rodadas” de com-
pra e venda de títulos e cessão de crédito, que ampliam a disponibilidade de recursos em circula-
ção (BLANCHARD, 2004).
Figura 4 – Moeda e transações
Fonte: Oleksandrum/Shutterstock.com
EXEMPLO
Um agente possui R$ 100 em suas mãos. Este agente, que podemos chamar de 
Agente 1, deposita os R$ 100 no seu banco, que chamaremos de Banco A.O Banco A 
não mantém os cem reais do Agente 1: ele mantém em sua tesouraria apenas R$ 10 
para eventuais saques do Agente 1 e utiliza os R$ 90 restantes para um empréstimo 
ao Agente 2. Este agente deposita os R$ 90 no Banco B. Desta forma, percebemos 
que os R$ 100 em depósitos à vista já se tornaram R$ 190, pois o Agente 1 depositou 
R$ 100 e o Agente 2, R$ 90.
Seguindo o raciocínio, suponha que o Banco B faz o mesmo processo, mantendo 
10% dos recursos depositados como reserva e comprando o restante em títulos, ou 
seja, armazena R$ 9 e empresta R$ 81 ao Agente 3, que irá depositá-los no Banco C. 
Este refaz a operação mantendo 10%. E assim por diante.
Perceba a ampliação

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