Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
N1 - AÇÕES CONSTITUCIONAIS O caso narrado apresenta situação em que o Secretário Municipal do Meio Ambiente do Município de Fernando de Morais autoriza, mediante decisão administrativa o corte de dois alqueires de mata nativa da cidade visando doar o terreno para a empresa Primos, que prometeu gerar 600 postos de trabalho ao construir unidade de produção no local. No processo em questão fora realizadas audiências públicas, mas que não foram amplamente divulgadas a população do município, visto que os convites foram direcionados diretamente a grupos interessados na doação do terreno. Tendo em vista a possibilidade de instalação da unidade de produção em outro local, de modo a preservar a mata nativa e observando as irregularidades no processo, o Presidente da Associação de Moradores, José, cidadão com plenos direitos eleitorais busca outra alternativa à doação. Tendo em vista a qualidade de cidadão de José, não resta dúvidas de que a ação constitucional a ser utilizada é a ação popular, prevista no art. 5º, inciso LXXIII da Constituição da República de 1988: LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência; O art. 1º da Lei nº 4.717/1965, a Lei da Ação Popular, dispõe no mesmo sentido: Art. 1º Qualquer cidadão será parte legítima para pleitear a anulação ou a declaração de nulidade de atos lesivos ao patrimônio da União, do Distrito Federal, dos Estados, dos Municípios, de entidades autárquicas, de sociedades de economia mista (Constituição, art. 141, § 38), de sociedades mútuas de seguro nas quais a União represente os segurados ausentes, de empresas públicas, de serviços sociais autônomos, de instituições ou fundações para cuja criação ou custeio o tesouro público haja concorrido ou concorra com mais de cinqüenta por cento do patrimônio ou da receita ânua, de empresas incorporadas ao patrimônio da União, do Distrito Federal, dos Estados e dos Municípios, e de quaisquer pessoas jurídicas ou entidades subvencionadas pelos cofres públicos. Quanto ao cabimento do remédio constitucional e a legitimidade ativa de José não resta dúvidas, por outro lado, resta saber a legitimidade passiva, ou seja, contra quem a ação será proposta. Tendo em vista que a decisão partiu do Secretário Municipal do Meio Ambiente, o art. 6º da Lei de Ação Popular assim dispõe: Art. 6º A ação será proposta contra as pessoas públicas ou privadas e as entidades referidas no art. 1º, contra as autoridades, funcionários ou administradores que houverem autorizado, aprovado, ratificado ou praticado o ato impugnado, ou que, por omissas, tiverem dado oportunidade à lesão, e contra os beneficiários diretos do mesmo. Quanto ao objeto, o artigo 5º, inciso LXXIII da CRFB/1988 acima mencionado, autoriza o uso da ação popular para anular atos lesivos ao meio ambiente. O art. 1º da Lei da Ação Popular também prevê o uso da Ação Popular para a defesa do meio ambiente. Quanto ao fundamento da ação popular, a Constituição Federal de 1988, em seu art. 23, inciso VI, estabelece que a defesa do meio ambiente é competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. A defesa do meio ambiente também está contida como princípio geral da atividade econômica: Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação; Sendo assim, diante do caso concreto, resta a ação popular como meio adequado para que o cidadão José pleiteie a anulação do ato lesivo ao meio ambiente praticado pelo Secretário Municipal, conforme amparado pela Lei Constitucional e Infraconstitucional apresentadas. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. LEI Nº 4.717, DE 29 DE JUNHO DE 1965. Regula a ação popular. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l4717.htm BRASIL. CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm
Compartilhar