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FUNDAMENTOS E PRÁTICA DO ENSINO DA LÍNGUA PORTUGUESA SUMÁRIO 1. ORTOGRAFIA ........................................................................................................ 4 1.1 Período Fonético ................................................................................................... 4 1.2 Período Pseudoetimológico: .................................................................................. 5 1.3 Período Reformista (ou Histórico-Científico): ........................................................ 6 1.4 Vocabulário ortográfico comum — VOC (2016) .................................................. 12 2 O NOVO ACORDO ORTOGRÁFICO DA LÍNGUA PORTUGUESA: POR QUÊ E PARA QUÊ? ............................................................................................................. 16 3 O NOVO ACORDO ORTOGRÁFICO: O QUE MUDOU, AFINAL? ....................... 21 3.1 Eixo I – Alfabeto .................................................................................................. 23 3.2 Acentuação gráfica .............................................................................................. 24 3.3 O hífen................................................................................................................. 26 4. UNIDADES MORFOLÓGICAS E ESTRUTURA INTERNA DAS PALAVRAS ..... 31 4.1 Morfemas da língua portuguesa ......................................................................... 33 4.2 Os tipos de morfema: radical e afixos ................................................................ 34 4.3 Vogal temática: o tema ........................................................................................ 34 4.4 Morfemas livres e presos .................................................................................. 36 5. SISTEMA DE GRAFIA .......................................................................................... 39 6 COMPONENTES DA ESTRUTURA INTERNA DA SÍLABA E SEUS MODELOS DE COMPOSIÇÃO ........................................................................................................... 0 6.1 Tonicidade ............................................................................................................. 5 7 CONSTRUÇÃO DOS PADRÕES ENTOACIONAIS E PARALINGUÍSTICOS A PARTIR DO CONTORNO MELÓDICO E DAS CARACTERÍSTICAS SUPRASSEGMENTAIS .............................................................................................. 9 8. ENCONTROS CONSONANTAIS ......................................................................... 15 8.1 Encontros vocálicos ............................................................................................ 17 8.2 Hiato .................................................................................................................... 19 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 21 INTRODUÇÃO Prezado aluno, O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. Bons estudos! 1. ORTOGRAFIA Nos estudos linguísticos da língua portuguesa, especialmente nos seus primeiros estágios (durante o século XVI), a ortografia foi um tópico de grande destaque. Nos séculos subsequentes, desenvolveu-se uma longa tradição filológica e gramatical na qual a ortografia sempre desempenhou um papel significativo. No entanto, na virada do século XIX para o século XX, o foco passou a ser principalmente o desejo de estabelecer alguma convenção que pudesse padronizar o uso da língua escrita. A partir desse momento, uma série de capítulos se sucedeu, alguns deles tumultuados, na busca por uma ortografia unificada. De acordo com Tavali (1987), costuma-se dividir a história da ortografia portuguesa em três períodos: 1.1 Período Fonético Segundo o auto, este período coincide com a fase arcaica da língua. Estende- se desde aproximadamente 1196 (data provável da primeira cantiga de maldizer escrita por João Soares de Paiva contra o rei de Navarra, que é o primeiro texto datado e escrito em língua portuguesa) até o final do século XV. O período fonético da ortografia da língua portuguesa se caracteriza pela falta de preocupação em escrever palavras de acordo com sua origem etimológica, priorizando exclusivamente a representação da maneira como eram pronunciadas. No entanto, devido à ausência de sistematização e coerência, o mesmo símbolo gráfico poderia ser utilizado com diferentes e por vezes contraditórios valores, às vezes até dentro do mesmo texto. Melo (1945), cita o exemplo da letra "h" podia indicar a tonicidade da vogal (como em "he" para "é"), marcar a existência de um hiato (como em "trahedor" para "traidor"), representar o fonema /i/ (como em "sabha" para "sabia") ou ainda ser usada sem uma função clara (como em "hua" para "uma" ou "hidade" para "idade"). Além disso, a grafia de uma palavra poderia variar dependendo dos hábitos do escriba, resultando em diferentes formas como "havia" e "avia", "hoje" e "oje", "homem", "omem" ou "ome". Apesar dessas variações e indecisões, o que caracterizava a escrita do português arcaico era a simplicidade e, acima de tudo, a ênfase na representação fonética das palavras. 1.2 Período Pseudoetimológico: Conforme Monteiro (2009), este período teve início no Renascimento. Começa em 1489 (data do primeiro documento impresso em língua portuguesa, o Tratado de Confissom), que já mostra as características que predominariam a partir do século XVI) e perdurou até os primeiros anos do século XX. O período pseudoetimológico da ortografia da língua portuguesa foi marcado pela influência dos estudos humanísticos, que trouxeram consigo o eruditismo e a aspiração de imitar os clássicos latinos e gregos. Como consequência natural desse movimento, houve uma tentativa de aproximar a ortografia portuguesa da ortografia latina. Durante os séculos XVI, XVII e XVIII, uma quantidade significativa de estudos foi dedicada a esse tema. No entanto, os conhecimentos linguísticos dos autores da época, como aponta Coutinho (2004), Duarte Nunes de Leão, Álvaro Ferreira de Vera, João Franco Barreto, Madureira Feijó, Luís do Monte Carmelo, entre outros, não eram particularmente sólidos. Eles propuseram uma ortografia pretensiosa e repleta de complicações desnecessárias, que ia contra os princípios de evolução da língua. Um exemplo notável desse período foi a transcrição de palavras de origem grega, que se tornou um campo fértil para demonstrações eruditas. Foram introduzidas letras como PH (em "philosophia", "nympha", "typho"), TH (em "theatro", "Athenas", "estheta"), RH (em "rhombo", "rheumatismo"), CH com som de [k] (em "chimica", "cherubim", "technico"), e Y (em "martyr", "pyramide", "hydrophobia") na escrita portuguesa. Além disso, houve uma tendência à duplicação de consoantes intervocálicas(como em "approximar", "abbade", "gatto", "bocca", etc.), que já haviam sido reduzidas na evolução da língua (COUTINHO, 2004). Apesar de ser justificada como etimológica, essa ortografia estava repleta de formas equivocadas, que contradiziam tanto a etimologia quanto a evolução natural da língua. 1.3 Período Reformista (ou Histórico-Científico): De a cordo com Aguiar (2007), este período começou com a adoção da chamada "nova ortografia". Inicia-se em 1904, ano da publicação de "Ortografia Nacional" de Gonçalves Viana e representa uma fase em que foram realizadas reformas ortográficas com base em critérios históricos e científicos para padronizar a língua portuguesa. Na história da ortografia portuguesa, Adolfo Coelho (1872), é considerado o pioneiro dos estudos baseados em princípios científicos. A partir de 1868, graças aos seus trabalhos, foi possível desenvolver uma nova perspectiva sobre o assunto. No entanto, o grande impulsionador da reforma ortográfica foi Aniceto do Reis Gonçalves Viana, que em 1904 publicou a "Ortografia Nacional", um marco fundamental para todos os passos subsequentes. Os princípios de Viana (1904), originalmente propostos em 1885, incluíam: ➢ A proibição absoluta e incondicional do uso de todos os símbolos de origem grega, como th, ph, ch (com som de [k]), rh e y. ➢ A redução das consoantes dobradas para a forma simples, com exceção de rr e ss em posição medial, que mantiveram valores específicos. ➢ A eliminação de consoantes mudas que não afetassem a pronúncia da vogal anterior. ➢ A regularização da acentuação gráfica. De acordo com Aguiar (2007), a repercussão dessas propostas levou o governo português a nomear uma Comissão em 1911 para estudar as bases de uma reforma ortográfica. Essa comissão contou com a participação de renomados filólogos portugueses, como José Leite de Vasconcelos, Carolina Michaëlis de Vasconcelos, Adolfo Coelho, Epifânio Dias, Júlio Moreira, José Joaquim Nunes e outros. Eles recomendaram a adoção do sistema de Gonçalves Viana, com pequenas modificações. De acordo com Henriques (2009), em 1911, o governo português oficializou a "nova ortografia", que foi estendida ao Brasil em 1931 por meio de um Acordo firmado entre a Academia das Ciências de Lisboa e a Academia Brasileira de Letras, com a aprovação de ambos os governos. Na comissão de unificação e contribuindo para essa padronização estavam renomados filólogos brasileiros, incluindo Antenor Nascentes, Jacques Raimundo, Mário Barreto, Silva Ramos e Sousa da Silveira. No entanto, o contexto político brasileiro da época não permitiu que o Acordo permanecesse em vigor por muito tempo. A década de 1930 foi marcada pela primeira presidência de Getúlio Vargas, que assumiu o poder em 1930 após liderar a Revolução que depôs o presidente Washington Luís. Seus quinze anos de governo foram caracterizados pelo nacionalismo e populismo, e durante seu regime foi promulgada a Constituição de 1934, que determinou o retorno ao sistema ortográfico anterior. Em 1943, um novo entendimento entre os dois países resultou na Convenção Luso-Brasileira, que revigorou o Acordo de 1931. Dois anos depois, para esclarecer pequenas divergências na interpretação de algumas regras, os delegados das duas Academias reuniram-se em Lisboa, de julho a outubro de 1945. Desse terceiro encontro surgiram as "Conclusões Complementares do Acordo de 1931", que introduziram tantas modificações que quase equivaliam a uma nova reforma. Essas "Conclusões" geraram protestos veementes de respeitados professores brasileiros, como Clóvis Monteiro e Júlio Nogueira, e provocaram uma divisão na questão ortográfica do português. A "ortografia de 1945" entrou em vigor em Portugal em 1º de janeiro de 1946, mas nunca foi adotada no Brasil, onde continuou em uso a "ortografia de 1943", estabelecida no PVOLP (Pequeno Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, Imprensa Nacional, 1943) pela Academia Brasileira de Letras. No final de 1971, o Congresso Nacional brasileiro aprovou pequenas alterações nas regras de acentuação gráfica, seguindo o parecer conjunto da Academia Brasileira de Letras e da Academia das Ciências de Lisboa, de acordo com o artigo III da Convenção Ortográfica celebrada em 29 de dezembro de 1943 entre Brasil e Portugal. A Lei 5.765, sancionada em 18 de dezembro de 1971 pelo Presidente da República, introduziu simplificações nas regras ortográficas, que foram as seguintes: ➢ Abolir os acentos diferenciais nas vogais Ê e Ô dos homógrafos, com exceção de "pôde" e "pode" (exemplos: dôce, côrte, êsse, pilôto). ➢ Abolir as indicações de acento secundário nas palavras derivadas com o sufixo -mente ou sufixo iniciado por -z (exemplos: sòmente, cômodamente, cafèzal, pèzinho). ➢ Abolir o trema, que era usado facultativamente para indicar hiatos verdadeiros (exemplos: moïnho, gaüchismo) ou criados por razões poéticas (exemplos: maïsena, loüvação). De acordo com essa Lei, os membros da Academia Brasileira de Letras (ABL) ficariam responsáveis por preparar a atualização do Vocabulário Comum, a organização do Vocabulário Onomástico e a republicação do Pequeno Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa. Em 1981, a ABL cumpriu a primeira tarefa ao publicar o VOLP (Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa). Em 1999, a Academia concluiu as tarefas restantes e reeditou o VOLP. Entre 1986 e 1990, representantes de sete nações de língua portuguesa, incluindo Portugal, Brasil, Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe, se reuniram em Salvador e firmaram um acordo inicial que abordava diversos aspectos da ortografia, além da simples acentuação gráfica. No entanto, esse acordo permaneceu em estado de hibernação por um longo período. No período compreendido entre 1990 e os dias atuais, vários acontecimentos de relevância marcaram o contexto da Reforma Ortográfica, incluindo a adesão de dois novos membros à comunidade dos países de língua portuguesa: Timor-Leste, que obteve sua independência em 1999, e a Guiné Equatorial, uma antiga colônia portuguesa nos séculos XV e XVIII, que foi admitida em 2014. Além disso, em 2004, foi estabelecido que as alterações ortográficas seriam implementadas assim que três países ratificassem o Acordo. Em 2008, já eram quatro os países que haviam assinado o acordo. Portanto, no cenário atual, a iniciativa de alcançar uma unificação completa da ortografia da língua portuguesa, que é a sétima mais falada entre os diversos idiomas existentes no mundo, adentra um novo capítulo de extrema importância. Cronograma do período reformista: Fonte: pt.scribd.com O Acordo Ortográfico introduziu alterações em menos de 3% das 110 mil palavras mais comuns na língua portuguesa. Aproximadamente 600 palavras perderam as consoantes "mudas" c e p, que eram escritas apenas em Portugal em palavras como "acção," "afectivo," "direcção," "adopção," e "exacto." O mesmo aconteceu com palavras como "actor," "correcção," "factura," "optimo," e palavras com grafias duplas, como "terno" em Portugal e "fato" no Brasil, no sentido de "acontecimento", que permaneceram inalteradas. As diferenças nos acentos graves e circunflexos que distinguem o português de Portugal do português do Brasil também não foram modificadas. Da mesma forma, "bebé" em Portugal e "bebê" no Brasil mantiveram suas grafias distintas. O uso do hífen permaneceu quando o segundo elemento da palavra começa com h (como "anti- higiênico") ou pela mesma vogal ou consoante que termina o prefixo (como "contra- almirante" e "super-requintado"). O trema foi eliminado, uma vez que era utilizado apenas no Brasil. As letras k, w e y foram reintegradas ao alfabeto. Todas essas mudanças, juntamente com as diretrizes para o uso de h, vogais, ditongos, letras maiúsculas e minúsculas,estão detalhadas nas 25 páginas do Acordo Ortográfico. É possível que os brasileiros sentissem menos impacto das reformas ortográficas em comparação com os portugueses. Esse fato tem levado muitas vozes a se manifestarem contra o que consideram uma "usurpação de direitos" e uma "apropriação ilegítima" da língua. No entanto, existem aqueles que acreditam que essa unificação ortográfica pode contribuir para o fortalecimento do português, embora ainda haja oposição. As razões dos opositores nem sempre são puramente técnicas e muitas vezes refletem a resistência natural a qualquer tipo de mudança ou um apego emocional a grafias que podem ser percebidas como parte intrínseca do significado das palavras. Além das mudanças ortográficas, o Acordo prevê a criação de um dicionário técnico-científico, o estabelecimento de uma política linguística comum e sugere que, após sua implementação, a comunicação entre os falantes da língua portuguesa será mais eficaz. Inicialmente, a data oficial para a entrada em vigor do Acordo Ortográfico era 1º de janeiro de 1994. No entanto, a lei caducou devido à falta de ratificação por muitos países da Comunidade Lusófona. Em um artigo escrito em 1991, Evanildo Bechara (2009) abordou parte da história dos acordos ortográficos da língua portuguesa e mencionou que, em 4 de julho daquele ano, a Assembleia da República Portuguesa aprovou as Bases do Acordo Ortográfico. Esse esclarecimento sobre a iniciativa do Governo de Portugal de aprovar o Acordo Ortográfico demonstra claramente o interesse em promover a crescente integração dos países lusófonos. Isso ocorre mesmo que os portugueses tenham que abrir mão de mais convenções ortográficas do que as que já eram praticadas pelos brasileiros. É importante reiterar que essa mudança não se deve a uma submissão de Portugal ao Brasil, como alguns têm afirmado do outro lado do Atlântico. Pelo contrário, isso ocorre porque, após o fracasso das tentativas de unificação ortográfica em 1943 e do Acordo de 1945, as instituições oficiais de Portugal (a Academia das Ciências de Lisboa 1943, 1945) e do Brasil (a Academia Brasileira de Letras, 1943), nunca conseguiram chegar a um consenso sobre a reforma ortográfica. Os acentos graves e circunflexos que diferenciam, por exemplo, o português do Brasil e o português de Portugal, não foram alterados. Assim, "incómodo" em Portugal e "incômodo" no Brasil continuam iguais. 1.4 Vocabulário ortográfico comum — VOC (2016) O Vocabulário Ortográfico Comum (VOC) é a plataforma que reúne os recursos que estabelecem oficialmente a ortografia da língua portuguesa. Ele recebeu reconhecimento oficial dos estados-membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) durante a Conferência de Díli, realizada em 2014. Nas "Conclusões Finais da X Conferência," está previsto o desenvolvimento de um "Vocabulário Comum da Língua Portuguesa" em formato eletrônico, que terá o objetivo de consolidar tanto o léxico compartilhado entre os países lusófonos quanto as particularidades de cada um deles. Fonte: VOC (2016) O Vocabulário Ortográfico Comum (VOC) é desenvolvido sob a coordenação do Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP), que é uma instituição da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) voltada para questões relacionadas à política linguística. Essa responsabilidade foi atribuída ao IILP em 2010, quando a instituição recebeu orientações específicas para uma política multilateral da língua. Essas diretrizes foram estabelecidas no Plano de Ação de Brasília para a promoção, difusão e projeção da língua portuguesa. Esse plano foi elaborado durante a I Conferência Internacional sobre o Futuro do Português no Sistema Mundial, realizada em Brasília em março de 2010. O Corpo Internacional de Consultores do VOC é composto por representantes de seis países, com exceção da Guiné Bissau, devido a problemas políticos e sociais enfrentados pelo país, e de Angola, que ainda não ratificou o acordo. Embora Angola tenha uma equipe trabalhando no desenvolvimento do Vocabulário Ortográfico Nacional (VON) angolano, a Academia Angolana de Letras se manifestou contra a ratificação do Acordo Ortográfico em 10 de outubro de 2018. A Guiné Equatorial, o nono país-membro da CPLP, tem o português como terceira língua oficial, mas não é amplamente falado pela população. No entanto, na Ilha de Ano Bom, existe a prática de uma língua crioula de base portuguesa, chamada de fá d'ambô. O VOC está gradualmente integrando o Vocabulário Ortográfico Nacional (VON) de cada país da CPLP, após validação política e conformidade com uma metodologia comum. Até meados de 2018, já haviam sido transferidos para o IILP, para integração no VOC, os VON do Brasil, Cabo Verde, Moçambique, Portugal e Timor-Leste. O VON de São Tomé e Príncipe também está em processo de incorporação à plataforma, tendo sido concluído no final de 2017. Dois desses VON foram lançados sob a forma impressa: Fonte: VON (2017) O Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (VOLP 2009), preparado pela Comissão de Lexicografia e Lexicologia da Academia Brasileira de Letras, sob a coordenação de Evanildo Bechara, com 976 páginas e 390 mil palavras; E o Vocabulário Ortográfico Atualizado de Língua Portuguesa (VOALP 2012), organizado pelo Instituto de Lexicologia e Lexicografia da Academia das Ciências de Lisboa, sob a coordenação de Maria Helena da Rocha Pereira, Aníbal Pinto de Castro e Telmo Verdelho. A obra dá sequência às edições anteriores de 1940, 1947 e 1970, mas foi elaborada inteiramente de novo, tendo 1.100 p. e um corpus de 70 mil entradas. O VOALP integra o Vocabulário Ortográfico Português (VOP), que tomou como base o Vocabulário da Língua Portuguesa, de Rebelo Gonçalves, e é composto por cerca de 210 mil entradas. O VOP serviu de ponto de partida para a criação da base de dados do Vocabulário Ortográfico Comum da Língua Portuguesa, obra que integra formalmente desde fevereiro de 2015. A plataforma do Vocabulário Ortográfico Comum esteve aberta para consulta pública de abril a julho de 2014. Em prosseguimento à aprovação política, começou em julho de 2014 o processo de integração no VOC dos dados entregues e aprovados pelos países-membros da CPLP. A equipe técnica do VOC está elaborando a integração desses dados a partir dos instrumentos existentes em âmbito nacional nos países participantes. Em breve, todos os falantes e estudantes da língua portuguesa terão acesso livre às informações oficiais comuns para a aplicação das regras ortográficas. A criação do portal com o Vocabulário Comum é um marco importante na consolidação do Acordo Ortográfico, pois representa a construção de uma base lexical para a língua portuguesa. O grupo de trabalho encarregado dessa tarefa, composto por lexicógrafos como Gladis Maria de Barcellos Almeida, José Pedro Ferreira, Margarita Correia e Gilvan Müller de Oliveira, desempenhou um papel fundamental na elaboração da metodologia a ser adotada. No documento produzido por essa comissão, são destacados três principais problemas enfrentados pelas obras lexicográficas de referência do português em comparação com outras línguas de importância global: (a) A falta de recursos lexicais normalizadores que estejam disponíveis para permitir o processamento computacional da língua portuguesa. (b) A ausência de recursos baseados em ou que levem em consideração informações obtidas a partir de corpora linguísticos, que são coleções de textos reais que servem como base para análises linguísticas. (c) A carência de recursos que representem de forma abrangente a diversidade do português, de modo a atuar como elementos normalizadores em âmbito nacional, especialmente em países que não têm recursos próprios disponíveis para essa finalidade. A abordagem desses problemas é essencial para promovero desenvolvimento, a padronização e a utilização eficaz da língua portuguesa, tornando-a mais acessível e compatível com as tecnologias e recursos linguísticos disponíveis em outras línguas globalmente relevantes. Em síntese, a comissão do IILP (2011), decidiu adotar o seguinte planejamento: O VOC constituir-se-á numa grande base lexical online, que contemplará as variedades dos oito países lusófonos (Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné- Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste). Esse projeto está dividido em duas fases: 1) a junção de vocabulários já existentes em Portugal e Brasil, evidenciando a tradição lexicográfica portuguesa; 2) a elaboração de corpora para a constituição dos vocabulários nacionais dos demais países. Assim, nesta oportunidade, pretende-se detalhar os aspectos metodológicos que subjazem às tarefas envolvidas no referido projeto. 2 O NOVO ACORDO ORTOGRÁFICO DA LÍNGUA PORTUGUESA: POR QUÊ E PARA QUÊ? Certamente, você já ouviu falar, ou até mesmo mencionou, que a ortografia da língua portuguesa é notoriamente complexa, repleta de regras e exceções. Essas reclamações, muito provavelmente, aumentaram após as controversas mudanças nas regras ortográficas que entraram em vigor no Brasil em 2016. Essas mudanças foram estabelecidas em 1990 em acordo entre os países de língua portuguesa. No entanto, antes de discutir esse acordo ortográfico, é fundamental compreender o conceito de "lusofonia," composto por duas partes: "luso" e "fonia." o prefixo "luso" está relacionado ao "português" e, como adjetivo, faz referência àquele originário da antiga província romana chamada Lusitânia, correspondente ao território atual de Portugal. Já a palavra "fonia," de acordo com o dicionário Houaiss (2001, p. 914), refere-se ao timbre de voz e ao conjunto de falantes, escritores e leitores que utilizam uma língua (seja vernácula, franca ou de cultura) em uma determinada região, país ou comunidade linguística. Portanto, com base nas definições de Houaiss (2001), podemos entender que "lusofonia" se refere à comunidade linguística composta por todas as pessoas que falam, escrevem e leem em língua portuguesa, seja como idioma nativo, língua franca ou como parte de sua cultura linguística, independentemente do país ou região em que vivem. 1.1 conjunto de países que têm o português como língua oficial ou dominante [A lusofonia abrange, além de Portugal, os países de colonização portuguesa, a saber: Brasil, Moçambique, Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe; abrange ainda as variedades faladas por parte da população de Goa, Damão e Macau na Ásia, e ainda a variedade do Timor na Oceania.] (HOUAISS, 2001, p. 914). Apesar das divergências e debates que cercam o uso do termo "lusofonia", é relevante observar que o novo acordo ortográfico representa a consciência de oito países, com diferentes origens políticas, situações econômicas, religiões e culturas, de que ao unificarem a língua comum, estão promovendo sua valorização interna. Esse compromisso foi compartilhado pela República Popular de Angola, a República Federativa do Brasil, a República de Cabo Verde, a República da Guiné-Bissau, a República de Moçambique, a República Portuguesa e a República Democrática de São Tomé e Príncipe. Eles entenderam que a adoção de uma ortografia unificada representaria "[...] um passo significativo para preservar a unidade fundamental da língua portuguesa e aumentar seu prestígio internacional" (ACORDO..., 1990). Além de considerar os países de língua portuguesa e o acordo ortográfico, é importante compreender que a ortografia não é a própria língua, mas sim um código superficial que a representa. A língua é muito mais abrangente, englobando aspectos como sintaxe, morfologia, vocabulário, contexto e muito mais. No contexto linguístico, Henriques (2011), salienta que a dificuldade ou facilidade de entender um falante de português de Portugal pode ser comparável àquela entre um residente do sul e do norte do Brasil, e isso não implica que as regiões falem línguas diferentes. O acordo ortográfico não foi projetado para alterar essa realidade, pois a ortografia tem mais a ver com a transcrição da língua falada para sua forma escrita padrão do que com sua representação. Portanto, é fundamental entender que o novo acordo não busca unificar a língua, mas sim padronizar sua forma escrita. Além disso, o acordo ortográfico é, acima de tudo, uma decisão política, mais do que linguística. Essa perspectiva revela que a ortografia é, em essência, uma convenção cultural e está mais relacionada a práticas estabelecidas e a uma aprendizagem "de fora para dentro" (ou "de cima para baixo"), ao invés de refletir a natureza intrínseca e profunda de uma língua. Conforme Abbade (2015), todo sistema ortográfico é sempre uma convenção, um acordo político e cultural. A necessidade de uma ortografia regular para o português surgiu com o desenvolvimento da escrita." Assim, as questões mais profundas da língua permanecem inalteradas. Por exemplo, mesmo que em diversos países de língua portuguesa a obrigatoriedade das letras duplas tenha sido abandonada quando não são pronunciadas, em Portugal, essas letras continuam a ser usadas tanto na escrita quanto na fala. No que diz respeito à necessidade política que fundamentou o novo acordo ortográfico, Henriques (2011) argumenta que se Angola se afastasse ainda mais do padrão ortográfico utilizado no Brasil, isso poderia dificultar a aquisição de livros angolanos, especialmente os técnicos. Se Portugal adotasse um registro ortográfico significativamente diferente, poderia levar à preferência pela compra de livros em inglês, que é a língua global dominante. Nesse contexto, a unificação da ortografia do português abre o mercado editorial dos países lusófonos para uma audiência global, fortalecendo a posição da língua portuguesa. Isso também justifica argumentos contra a diversificação ortográfica, dada a dificuldade de produzir documentos oficiais, dicionários, livros didáticos, científicos e literários em registros ortográficos distintos. Assim, o novo acordo ortográfico tinha como objetivo principal facilitar a comunicação diplomática entre os países lusófonos, promover a difusão da cultura entre eles, consolidar a língua portuguesa como uma língua de cultura com maior prestígio, possibilitar a venda de obras escritas em todos os países lusófonos e fomentar o intercâmbio de materiais didáticos. Conforme Abbade (2015), o novo texto do acordo ortográfico, considerado menos problemático do que o de 1986, tinha dois principais objetivos: estabelecer e delimitar as diferenças entre os falantes da língua portuguesa e criar uma comunidade com uma unidade linguística expressiva para ampliar o prestígio internacional da língua. O documento oficial (BRASIL, 2009) também aborda esses objetivos, afirmando que o novo texto de unificação ortográfica foi elaborado com a intenção de unificar ortograficamente cerca de 98% do vocabulário geral da língua, embora seja menos abrangente do que as versões anteriores de 1945 e 1986. Entretanto, como evidenciado ao longo da história, "estabelecer e delimitar as diferenças" não é uma tarefa fácil, pois as discussões em torno do acordo ortográfico foram numerosas, tanto internamente, envolvendo aqueles que eram a favor e contra ele, quanto externamente, envolvendo a comunidade de linguistas que também se posicionaram contra essa reforma. Diversas críticas surgiram, não apenas de cidadãos comuns, mas também de especialistas renomados. Por exemplo, o linguista Sírio Possenti (2008), argumenta que a reforma ortográfica não melhora de forma significativa a capacidade de leitura de textos, e acredita que é desnecessária. Ele destaca que qualquer pessoa que saiba ler pode compreender textoscom as grafias de Portugal e do Brasil, assim como textos mais antigos e textos escritos por alunos, mesmo que apresentem problemas de grafia. Outra linguista, Coudry (2008), critica a reforma, considerando-a uma política linguística inadequada. Para ela, não é necessário escrever exatamente da mesma maneira para que haja entendimento mútuo, e o estabelecimento de uma regra comum não garante que a língua será falada de forma idêntica em todos os países lusófonos. Embora haja muitas críticas ao acordo ortográfico, os defensores desse processo também apresentam argumentos a favor. Bechara (2015) refuta algumas das críticas, argumentando que muitas delas carecem de fundamentação real. Ele menciona que uma das alegações feitas por aqueles que se opõem ao acordo é a ideia de que ele encobria um propósito de neocolonização por parte do Brasil. No entanto, Bechara ressalta que o acordo foi assinado sem restrição por representantes de sete nações soberanas, e que, ao analisar as bases do acordo, percebe-se que ele se aproxima mais das normas estabelecidas pelo sistema de 1945, em vigor entre portugueses e africanos, do que pelo sistema de 1943, oficial apenas no Brasil. Henriques (2011), também argumenta que o acordo ortográfico não se concentra em questões orais, fonéticas ou de uso, e não tem a intenção de abordar esses aspectos. Em vez disso, concentra-se no registro formal da língua, especialmente em documentos, textos oficiais, técnicos, científicos e jornalísticos. O acordo visa principalmente à linguagem formal e à escrita de prestígio. Esses argumentos visam destacar que o acordo ortográfico não foi criado com a intenção de enfraquecer ou alterar drasticamente a língua portuguesa, mas sim de unificar o registro escrito, facilitando a comunicação entre os países lusófonos e ampliando o prestígio internacional da língua. Não apenas a população não especializada, mas muitos linguistas resistiram e resistem ao acordo homologado pelos países de língua portuguesa. A principal das críticas, parece, relaciona-se às demasiadas regras quanto ao uso do hífen — apesar de algumas terem sido abolidas, outras foram criadas. Outra norma, dessa vez relacionada ao trema, foi — e é — tema de muita discussão, especialmente, quando se pensa em leitores que não conhecem de antemão palavras como “quinquênio”, por exemplo, e a leem pela primeira vez — lerão, provavelmente, como um dígrafo. Contudo, os defensores consideram que, como a mudança proposta pelo acordo está em nível da escrita (grafia), e não em nível da fala (fonética/fonologia), os novos falantes terão recursos para tirar esse tipo de dúvidas, por exemplo, com professores e outros falantes e serão corrigidos/informados sobre a pronúncia. Isso se dá porque, antes de escrever, aprende-se a falar a língua; portanto, continuar-se-á a aprender que se trata de quinquênio/pinguim/linguiça com a pronúncia do som “u” por meio da escuta dessas palavras. Na charge da Figura 1, a seguir, você confere essa resistência, característica de muitos, em relação à queda do trema. Figura 1 - Resistência a novas regras ortográficas Fonte: Solda (2009) Não podemos deixar de falar que Evanildo Bechara é um dos maiores gramáticos do Brasil, além de professor, Evanildo Bechara, é um renomado linguista e especialista em língua portuguesa. Ele é membro correspondente da Academia das Ciências de Lisboa e doutor honoris pela Universidade de Coimbra. Bechara ocupou cargos de professor titular e emérito na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e na Universidade Federal Fluminense (UFF). Além disso, é titular da cadeira nº 16 da Academia Brasileira de Filologia e da cadeira 33 da Academia Brasileira de Letras. Ele é autor de várias das principais gramáticas da língua portuguesa, que são destinadas tanto ao público em geral quanto a profissionais da área. Alguns de seus trabalhos notáveis incluem "Moderna Gramática Portuguesa" (37.ª edição, Editora Lucerna, 1999), "Gramática Escolar da Língua Portuguesa" (1.ª edição, Editora Lucerna, 2001) e "Lições de Português pela Análise Sintática" (18.ª edição, Editora Lucerna, 2004). Além disso, Bechara é editor da revista Confluência, que se dedica a temas linguísticos e é publicada pelo Liceu Literário Português. 3 O NOVO ACORDO ORTOGRÁFICO: O QUE MUDOU, AFINAL? Conforme Abbad (2015), embora no Brasil os falantes tenham expressado queixas em relação às mudanças em algumas regras ortográficas, Portugal foi o país que teve que se adaptar mais às alterações. Estima-se que 1,6% do vocabulário de Portugal tenha sofrido mudanças na escrita, enquanto no Brasil apenas 0,5% das palavras sofrerão alterações. Mas afinal, quais foram essas mudanças? O acordo ortográfico foi dividido em vinte seções, cada uma delas fundamentada em uma base. A estrutura do acordo segue a seguinte organização (BRASIL, 2014):" Base I — do alfabeto e dos nomes próprios estrangeiros e seus derivados. Base II — do h inicial e final. Base III — da homofonia de certos grafemas consonânticos. Base IV — das sequências consonânticas. Base V — das vogais átonas. Base VI — das vogais nasais. Base VII — dos ditongos. Base VIII — da acentuação gráfica das palavras oxítonas. Base IX — da acentuação gráfica das palavras paroxítonas. Base X — da acentuação das vogais tónicas/tônicas grafadas i e u das palavras oxítonas e paroxítonas. Base XI — da acentuação gráfica das palavras proparoxítonas. Base XII — do emprego do acento grave. Base XIII — da supressão dos acentos em palavras derivadas. Base XIV — do trema. Base XV — do hífen em compostos, locuções e encadeamentos vocabulares. Base XVI — do hífen nas formações por prefixação, recomposição e sufixação. Base XVII — do hífen na ênclise, na tmese e com o verbo haver. Base XVIII — do apóstrofo. Base XIX — das minúsculas e maiúsculas. Base XX — da divisão silábica. Embora tenha sido estabelecido em 1990, apenas em 2016 a nova ortografia começou a ser aplicada no Brasil. A relativa novidade dessa mudança na forma de registrar a ortografia no nosso país levanta questões sobre as suas regras. Nesse sentido, não há alternativa: é necessário estudar e revisitar o conteúdo, comparando as regras antigas e novas - bem como é essencial dissipar certos 'mitos' que têm circulado, como 'agora não existe mais hífen' ou 'os acentos não são mais utilizados'. Para os estudantes mais jovens, essa transição será mais simples, pois eles aprenderão as regras diretamente na nova ortografia - não terão, portanto, que fazer comparações com o que era feito anteriormente. No entanto, para acadêmicos e especialistas, a comparação se torna inevitável. Uma das críticas frequentemente feitas ao acordo ortográfico refere-se à eliminação do acento utilizado para distinguir certos tempos verbais, como no caso do presente do indicativo na terceira pessoa, "para", que pode ser confundido com a preposição "para". No entanto, é importante notar que essa eliminação do acento diferencial não se aplica uniformemente. Por exemplo, o verbo "pôr" manteve o acento, a fim de evitar confusão com a preposição "por". Da mesma forma, a terceira pessoa do singular do pretérito perfeito de "poder" (pôde) ainda conserva o acento circunflexo para não ser confundida com a forma verbal no tempo presente. Na Figura 1 abaixo, apresentamos uma tirinha com um exemplo do verbo "poder" conjugado e da preposição "por". Figura 1 - Exemplo do verbo “poder” conjugado no presente do indicativo e da preposição “por”. Fonte: Montanaro (2010). Nesta seção, as regras destacadas no novo acordo ortográfico, focando nas suas alterações. 3.1 Eixo I – Alfabeto De acordo com Tufano (2008), o Eixo I do novo acordo ortográfico diz respeito ao alfabeto da língua portuguesa. Antes, o alfabeto era composto por 23 letras, mas com as mudançasintroduzidas pelo acordo, agora ele comporta as letras K, W e Y, totalizando 26 letras ao todo. A justificativa para essa inclusão foi o fato de que no Brasil, essas letras já eram utilizadas em nomes próprios e em algumas abreviaturas, como no caso de "km" para quilômetro. Essa alteração teve como objetivo harmonizar a escrita de palavras estrangeiras e facilitar a comunicação entre os países de língua portuguesa. Uma importante mudança introduzida pelo novo acordo ortográfico diz respeito ao uso de maiúsculas e minúsculas. Agora, meses, dias da semana e estações do ano devem ser grafados em minúsculas, por exemplo, "segunda-feira" em vez de "Segunda-feira" e "janeiro" em vez de "Janeiro". Da mesma forma, os pontos cardeais também devem ser escritos com letras minúsculas, a menos que sejam usados em termos absolutos, como em "Vou para o Norte" ou "Conheço algumas línguas do Ocidente". Além disso, conforme o Acordo (2015), é opcional o uso de maiúsculas em nomes que designam domínios do saber, cursos, disciplinas, como "inglês" ou "Inglês" e nomes de logradouros públicos, como "rua da palma" ou "Rua da Palma." Nomes de templos, edifícios ou monumentos (exceto nos nomes próprios neles contidos): igreja dos anjos ou Igreja dos Anjos; convento de Mafra ou Convento de Mafra. Conforme Bechara (2015), essas mudanças visam simplificar a escrita e harmonizar o uso das maiúsculas e minúsculas na língua portuguesa. É verdade que as mudanças no uso de maiúsculas e minúsculas são importantes, pois podem afetar a escrita de nomes próprios, sobrenomes e outros aspectos da língua. É fundamental que os estudantes estejam atentos a essas alterações para evitar erros na escrita e garantir que estejam seguindo as novas regras do acordo ortográfico. A prática constante e a atenção aos detalhes ajudarão a internalizar essas mudanças e aprimorar a habilidade de escrita de forma correta e adequada. 3.2 Acentuação gráfica Tufano (2008), aborda a questão dos acentos diferenciais que é, de fato, uma das áreas mais polêmicas do novo acordo ortográfico. A supressão desses acentos pode, em alguns casos, gerar ambiguidade na leitura, como no exemplo citado de "pára" e "para". Os defensores argumentam que o contexto deve ser suficiente para esclarecer o sentido da palavra, mas críticos argumentam que a manutenção desses acentos facilitava a compreensão imediata, especialmente em textos mais técnicos ou formais. É importante que os estudantes e escritores estejam cientes dessas mudanças e saibam quando os acentos diferenciais são ou não necessários, para evitar possíveis mal-entendidos na leitura. É uma área da ortografia que requer atenção e cuidado, especialmente ao revisar textos escritos de acordo com o novo acordo ortográfico. Veja, a baixo, as novas regras relacionadas à acentuação gráfica: Trema Utiliza-se somente nas palavras estrangeiras às lusófonas, como em alemão. Exemplo antes: Lingüica Bündchen. Exemplo depois: Linguiça Bündchen. Acento diferencial Suprime-se em palavras homógrafas Exemplo antes: Para (preposição), Pára (3ª pessoa do singular, presente do indicativo). Exemplo depois: Para (preposição), Para (3ª pessoa do singular, presente do indicativo). Mantém-se em palavras homógrafas que distinguem o plural e o singular dos verbos. Exemplo antes: (ele) Tem/(eles) têm (ele) Mantém/(eles) mantêm. Exemplo depois: (ele) Tem/(eles) têm (ele) Mantém/(eles) mantêm. Acento circunflexo Suprime-se em palavras terminadas em “êem” (3ª pessoa do plural do presente do indicativo ou do subjuntivo) Em palavras com hiato “oo” Exemplo antes: Eles vêem. Eu enjôo. Exemplo depois: Eles veem. Eu enjoo. Paroxítonas com ditondo aberto “ei” e “oi” Suprime-se o acento. Exemplo antes: Idéia, assembléia, tablóide, jóia. Exemplo depois: Ideia, assembleia, tabloide, joia. Oxítonas terminadas em ditongo aberto “ei” e “oi” Permanece o acento Exemplo antes: Céu Dói. Exemplo depois: Céu Dói. Vogais tônicas “i” e “u” na posição paroxítona se precedidas de ditongo Suprime-se o acento Exemplo antes: Feiúra Baiúca. Exemplo depois: Feiura Baiuca. “U” tônico dos verbos que pertencem aos grupos “gue/gui” e “que/qui” Suprime-se o acento Exemplo antes: Apazigúe Delingúo. Exemplo depois: Apazigue Delinguo. 3.3 O hífen A reforma ortográfica trouxe mudanças significativas relacionadas ao uso do hífen no português brasileiro. Algumas palavras passaram a ser hifenizadas, outras perderam o hífen e algumas se aglutinaram. Essas alterações impactaram diretamente a escrita e a grafia de diversas palavras da língua portuguesa. Abaixo você verá exemplos dessas mudanças, que podem incluir palavras compostas, locuções, prefixos e sufixos. A compreensão das regras relacionadas ao hífen é essencial para evitar erros de escrita e garantir a conformidade com o novo acordo ortográfico. A hifenização de palavras formadas por prefixação é regida por algumas regras específicas no novo acordo ortográfico. O hífen é empregado nos seguintes casos, conforme a tabela 1. Tabela 1. O emprego do hífen após no novo acordo ortográfico Fonte: adaptada Tufano (2008) O acordo ortográfico assinado pelos países de língua oficial portuguesa é um tema complexo que envolve diversas questões, desde a história da tentativa de unificação até as polêmicas e desacordos que o cercam. É importante destacar que essa unificação se concentra na modalidade escrita da língua e não abrange as questões relacionadas ao uso oral e informal. O acordo foi assinado com base em desacordos, não sendo totalmente pacífico, e continua envolto em polêmicas. No entanto, uma vez que está em vigor, é fundamental conhecer algumas das regras que geram maior dificuldade e controvérsia, além de ler o acordo na íntegra. Entender que os objetivos desse acordo são a unificação e simplificação da ortografia é crucial. Devemos apropriar-nos dessas regras com proficiência, adquirir conhecimento sobre os aspectos relacionados à política linguística e compreender as diferentes visões sobre a reforma. O trabalho de compreensão do acordo é contínuo, uma vez que a língua é uma entidade viva e em constante evolução. Portanto, é essencial que os interessados no tema leiam o acordo completo e permaneçam envolvidos em pesquisas sobre o assunto, pois a ortografia é dinâmica e está em constante transformação. 4. UNIDADES MORFOLÓGICAS E ESTRUTURA INTERNA DAS PALAVRAS De acordo com Rocha (1998), o surgimento de novas palavras na língua portuguesa é um fenômeno dinâmico e constante, que ocorre em resposta às necessidades e contextos específicos dos falantes. Essas palavras podem surgir em várias modalidades, como a coloquial, culta, literária, técnica, científica, de propaganda, entre outras. A formação de novas palavras pode ser esporádica, ocorrendo em situações pontuais e não se tornando parte permanente do vocabulário, ou institucionalizada, quando a nova palavra é adotada e reconhecida pela comunidade linguística. As formações esporádicas geralmente surgem de maneira informal e momentânea. Um exemplo disso é quando uma criança inventa uma palavra para descrever algo que está vivenciando naquele momento, como a palavra "desmorrer" para descrever a ação de uma formiga que morreu. Essas palavras podem ser criadas por associação com outras palavras existentes na língua e são específicas para a situação em questão. No entanto, nem todas as palavras criadas de forma esporádica são incorporadas ao vocabulário da língua. Muitas delas permanecem como expressões isoladas e não são adotadas pela comunidade linguística em larga escala. Para que uma palavra se torne parte do registro lexical da língua, geralmente é necessárioum processo de consolidação e reconhecimento por um grupo significativo de falantes ao longo do tempo. Portanto, o surgimento de novas palavras na língua portuguesa é um processo complexo e multifacetado, influenciado por fatores linguísticos, culturais e sociais, e reflete a evolução contínua da língua em resposta às mudanças na sociedade e na comunicação. A formação institucionalizada de novas palavras é um processo diferente e geralmente envolve a ampla adoção de uma palavra por um grupo significativo de falantes. Isso ocorre quando uma palavra é proferida em um contexto específico, como publicidade ou mídia, e várias pessoas a ouvem e começam a repeti-la. Esse contexto especial torna a palavra familiar para os indivíduos, e ela passa a ser reconhecida e utilizada por um grupo mais amplo de falantes, o que a torna institucionalizada. É importante notar que uma palavra pode ser institucionalizada dentro de um grupo de falantes específico, mesmo que não seja conhecida por outros grupos. Por exemplo, a palavra "indesmentível" pode ser reconhecida e utilizada em uma família ou em uma residência específica, mesmo que não seja conhecida por outros grupos de falantes. O processo de institucionalização de uma palavra está relacionado à sua visibilidade, ou seja, quem a cria, e ao poder da mídia em disseminá-la. A visibilidade do "criador" da palavra desempenha um papel importante, assim como a capacidade da mídia em promover a palavra. Uma palavra criada em um contexto restrito e esporádico pode se tornar institucionalizada se alcançar uma audiência mais ampla. As redes sociais, por exemplo, desempenham um papel fundamental na disseminação de novos vocábulos. Quando uma palavra é compartilhada por muitas pessoas nas redes sociais, ela se torna conhecida e começa a ser usada em conversas fora dessas plataformas. O poder da mídia também é evidente na propagação de novas palavras. Palavras como "sextou" e "trolar" saíram das redes sociais e passaram a fazer parte dos diálogos cotidianos entre os falantes, demonstrando como a mídia desempenha um papel importante na institucionalização de novas palavras na língua portuguesa. A formação de novas palavras está frequentemente relacionada a processos que são mais apelativos e enfáticos do que outros. Por exemplo, substituir "sala de fumantes" por "fumódromo" torna a expressão mais concisa e enfatiza o local designado para fumar. Portanto, é importante entender que a existência de uma palavra muitas vezes depende da necessidade de expressar uma ideia de forma mais eficaz e impactante. No nível morfológico, estudamos as unidades de significado que compõem as palavras. Na análise linguística, examinamos diferentes níveis, desde os mais amplos, que se concentram nas unidades maiores do discurso, até as unidades menores, como sílabas e sons. Em um nível intermediário, estudamos as unidades da língua que têm certa autonomia formal e podem ser encontradas como entradas lexicais em dicionários. Estamos falando das palavras e do estudo morfológico, que se concentra nas unidades de significado que compõem as palavras. A palavra "morfologia" tem origem grega e é composta por dois elementos: "morfo" e "logia", que significam, respectivamente, "forma" e "estudo". Portanto, na gramática, a morfologia é definida como o estudo que descreve as formas das palavras e investiga a estrutura interna das palavras em uma língua. Ela se concentra em entender como as palavras são formadas, quais são suas partes constituintes e como essas partes contribuem para o significado das palavras. 4.1 Morfemas da língua portuguesa Para compreender a morfologia, é essencial entender o conceito de forma no sentido de estrutura, que é composta por partes chamadas de morfemas. Toda estrutura, incluindo as palavras, é composta por elementos inter-relacionados. Isso significa que todas as palavras são formadas por unidades menores, que, quando combinadas de maneira específica, produzem significado. Essa combinação não é aleatória; na verdade, as estruturas internas, quando organizadas de determinada maneira, estabelecem relações e produzem significado. Portanto, podemos afirmar que palavras específicas, quando combinadas com outras, desempenham funções específicas em enunciados. Isso demonstra que a forma, a função e o sentido das palavras estão interligados e, muitas vezes, são interdependentes. Quando dizemos, por exemplo, que "lindos" é um adjetivo masculino plural ou que "trabalhássemos" é um verbo da 1ª conjugação no pretérito imperfeito do subjuntivo e na 1ª pessoa do plural, estamos identificando marcas formais e gramaticais que delimitam esses contextos linguísticos. Essas marcas formais são denominadas morfemas, e seu estudo é fundamental para entender como as palavras são formadas e como a gramática de uma língua opera. 4.2 Os tipos de morfema: radical e afixos No exemplo anterior, como mencionado, a marca do gênero masculino em "lindos" está no sufixo -o, enquanto a marca do plural está no sufixo -s. No verbo "trabalhássemos," a marca do pretérito imperfeito do subjuntivo está em -ss, e a marca da 3ª pessoa do singular está em -mos. É importante notar que, embora palavras como "lindos," "ricos," "pequenos" e "lisos" tenham significados diferentes, elas compartilham os morfemas -o e -s, o que indica que são todas palavras masculinas no plural. O significado específico de cada uma dessas palavras reside nos radicais "lin-," "ric-," "pequen-," e "lis-," respectivamente. Da mesma forma, no caso do verbo, a diferenciação está no radical "trabalh-," enquanto outros verbos, como "escrev-" (em "escrevêssemos") e "part-" (em "partíssemos"), têm seus próprios radicais que conferem significados específicos. Portanto, esses elementos que compõem as palavras e que são responsáveis pelos significados lexicais são chamados de radicais. O estudo dos morfemas e dos radicais é essencial para compreender como as palavras são formadas e como seus significados são construídos na língua portuguesa, conforme aponta Bechara (2010). Com base nesta reflexão, podemos chegar à conclusão de que a palavra é composta por dois tipos de morfemas: ➢ O morfema que carrega os significados relacionados à nossa compreensão do mundo, conhecido como morfema lexical ou externo, representado pelo radical. ➢ O morfema que expressa os significados gramaticais ou internos, compreendendo os morfemas de flexão e derivação, conhecidos como afixos. 4.3 Vogal temática: o tema Além disso, é importante destacar que entre o radical e os afixos é permitida a inserção de uma vogal temática, conforme Bechara, (2010). Essa vogal temática desempenha um papel de classificação, uma vez que distingue os substantivos dos verbos em diferentes grupos ou classes. Esses grupos são conhecidos como grupos nominais (por exemplo, casa, livro, ponte, etc.) e grupos verbais, que são chamados de conjugações. Por essa razão, podemos determinar que o verbo "trabalhássemos" pertence à primeira conjugação, com sua estrutura sendo "trabalh-á-sse-mos." O verbo "escrevêssemos" pertence à segunda conjugação, com a estrutura "escrev-ê-sse- mos," enquanto "partíssemos" pertence à terceira conjugação, com a estrutura "part- í-sse-mos." A combinação do radical com a vogal temática forma o tema da palavra conforme Bechara (2010), que é a parte da palavra pronta para ser usada no discurso e que está pronta para receber os afixos. Em algumas situações, ao receber determinados afixos, a vogal temática pode se tornar imperceptível, como acontece em "casinha," em que a vogal temática "-a" se torna parte do ditongo "-ai," formando "cas(a)inha." No caso dos substantivos, as vogais temáticas são representadas por "-a" e "- o." Essas vogais não apenas demarcam o grupo nominal, mas também indicamo gênero dos substantivos: "a casa" (feminino) e "o livro" (masculino). Além disso, nos nomes, as vogais temáticas "-o" e "-e" podem ser substituídas por uma semivogal em um ditongo, como em "pão/pães." A vogal "-o" também pode se transformar na variante "-u," como em "afeto/afetuoso" (afeto + oso = afetuoso). No caso de substantivos que terminam em consoante, a vogal temática "-e," que é evidente no singular, reaparece quando a palavra está no plural: casa + s = casas linda + s = lindas livro + s = livros mar/mares (mar-e-s) paz/ pazes (paz-e-s) mal/ males (mal-e-s) É fundamental destacar que a vogal temática está presente tanto nos temas simples (como "livr-o") quanto nos temas derivados (como "livr-eir-o"). 4.4 Morfemas livres e presos Os morfemas podem ser classificados como "livres" quando têm uma forma que pode aparecer de forma independente no discurso, ou "presos" quando precisam combinar com outros morfemas para ter sentido no discurso. Por exemplo, em "agricultura," "agri-" é um morfema preso, pois sozinho não tem significado, enquanto em "cultura," o morfema "cult-" é livre, pois pode ser usado independentemente no discurso (como em "a cultura do campo"). Também é importante notar que o radical de uma palavra pode ter uma variante que só aparece como forma presa, como no caso de "caber," que tem a variante presa "-ceber" em palavras como "receber," "perceber" e "conceber." Essa variante do morfema é chamada de alomorfe. Os elementos morfêmicos em uma palavra podem ser todos livres (como em "compor" e "apor"), todos presos (como em "agrícola" e "perceber"), ou uma combinação de ambos (como em "agricultura" e "gasoduto"). Além disso, uma mesma forma pode representar mais de um morfema, como o "-s," que marca o plural em "casa/casas" e a 2ª pessoa do singular nos verbos ("tu amas," "escreves," "partes"). É importante esclarecer que, além dos processos de formação e flexão das palavras, a morfologia também envolve a classificação das palavras com base não apenas em critérios formais, mas também em critérios sintáticos e semânticos. Isso ocorre porque uma mesma forma pode desempenhar diferentes funções e ter diferentes significados no discurso. Por exemplo, a palavra "canto" pode funcionar como substantivo ou como verbo, dependendo do contexto e do sentido em que é utilizada. Considere o seguinte: Substantivo: "O canto dos pássaros é muito bonito." Nesse caso, "canto" refere-se à ação de cantar dos pássaros e atua como um substantivo. Verbo: "Eu canto todas as manhãs." Aqui, "canto" denota a ação de cantar realizada por alguém e age como um verbo. Portanto, a morfologia também leva em consideração a função e o significado das palavras em diferentes contextos para sua classificação adequada. No primeiro exemplo, a palavra "canto" funciona como um substantivo, enquanto na segunda ocorrência, ela desempenha o papel de verbo. A distinção entre esses usos depende da relação sintagmática, ou seja, da maneira como a palavra se combina com outros termos na frase ou no sintagma. É importante lembrar que qualquer forma linguística pode assumir uma função substantiva, dependendo do contexto. Por exemplo: "Não gosto do cantar acelerado que ela força." Neste caso, "cantar" atua como um substantivo, e isso pode ser deduzido pela relação sintagmática que a expressão mantém com os outros elementos da frase. De acordo com Saussure (2006), o sintagma sempre é composto por duas ou mais unidades consecutivas, como em "re-ler," "contra todos," "a vida humana." Isso significa que as relações sintagmáticas são baseadas na natureza linear do signo linguístico, onde os termos se sucedem um após o outro. Na cadeia sintagmática, o valor de um termo é determinado pelo contraste com os termos que o precedem ou o sucedem, e, em alguns casos, com ambos, devido à linearidade dos sintagmas. Observe: “Hoje faz calor” De acordo com Rocha (1998), a inversão linear dos termos em "jeho faz lorca" não produz sentido, demonstrando que as relações sintagmáticas entre os elementos da cadeia fônica são essenciais para a compreensão. Dessa análise, podemos concluir que os morfemas são as menores unidades formais que possuem significado. Por outro lado, os sintagmas são sequências hierarquizadas de elementos linguísticos que formam uma unidade na sentença, seguindo uma ordem linear na fala. A noção de sintagma não se limita apenas às palavras, mas também se aplica a grupos de palavras e a unidades complexas, como palavras compostas, derivadas e frases completas, em todos os níveis da língua, incluindo o fônico, o morfológico e o sintático. Portanto, é importante destacar que os morfemas são caracterizados por um ou mais fonemas, mas, ao contrário destes últimos, possuem significado. Os fonemas, quando isolados, não possuem significado. Em resumo, os morfemas podem ser caracterizados da seguinte forma: ➢ São elementos mínimos das emissões linguísticas com significado individual. ➢ Representam a unidade mínima em um sistema de expressões que pode ser correlacionada com alguma parte do conteúdo. ➢ São as menores unidades significativas que podem construir vocábulos ou parte deles. ➢ Consistem na menor parte indivisível da palavra que possui uma relação direta ou indireta com a estrutura de significação. 5. SISTEMA DE GRAFIA Conforme Bagno (2017), toda língua que possui um sistema de escrita que tende a estabelecer um conjunto de regras ortográficas, conhecido como sua ortografia. Esse sistema é baseado em convenções e é regulado por diversos critérios, incluindo critérios fonéticos (onde letras como B, F, P e V sempre representam o mesmo som no português brasileiro), critérios etimológicos (que envolvem palavras escritas com H no português), critérios sociolinguísticos (onde a ortografia oficial está ligada a uma variedade linguística específica; por exemplo, não há uma grafia para o "R retroflexo" ou "R caipira," entre outros). Idealmente, em um sistema perfeito, cada unidade gráfica deveria corresponder a um valor fonético único, mas essa simplicidade não é o que ocorre na prática. Por exemplo, na língua portuguesa, a letra X pode representar o som de CH (como em "xarope"), S (como em "texto"), SS (como em "próximo"), Z (como em "exílio"), KS (como em "oxigênio"), ou KZ (como em "hexâmetro"). A complexidade da ortografia reflete a riqueza e a história da língua portuguesa, com suas influências linguísticas variadas ao longo do tempo. O desafio ortográfico é ainda mais evidente quando se considera o fonema /s/, que pode ser representado de diversas formas, incluindo s, ss, c, sc, ç, sç, z, xc e xs, em palavras como "sábado," "assoa," "céu," "descer," "caça," "desça," "traz," "excelência" e "exsudar." A história da ortografia no Brasil é longa e repleta de reformas e acordos, incluindo: ➢ Reforma ortográfica em 1911. ➢ Acordo Ortográfico de 1931, que se tornou obrigatório em 1933. ➢ Publicação do Formulário Ortográfico e do Pequeno Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (VOLP) pela Academia Brasileira de Letras em 1943. ➢ Acordo Ortográfico de 1945. ➢ Lei n. 2.623 de 1955, que oficializou a ortografia do VOLP de 1943. ➢ Reforma ortográfica de 1971. ➢ Acordo Ortográfico de 1990, que entrou em vigor em 2009. ➢ Devido à grande importância atribuída à ortografia, quando se fala de "erros de português," geralmente estamos nos referindo a "desvios das convenções ortográficas oficializadas," como destaca Bagno (2017, p. 327). Isso ressalta a relevância da ortografia como parte fundamental do uso correto da língua portuguesa. Bechara (2016) e Faraco (2017), traz algumas técnicas que podem ajudar a memorizar determinadas grafias. Quadro 1- S (E NÃO C E Ç) Fonte: adaptada de Faraco (2017) Quadro 2 - S (E NÃO Z) Fonte: adaptada de Faraco (2017) Quadro 3 - SS (E NÃO C E Ç) Fonte: adaptada de Faraco (2017) Quadro 4 - C OU Ç (E NÃO S E SS) Fonte: adaptada de Faraco (2017) Quadro 5 - Z (E NÃO S) Fonte: adaptada de Faraco (2017) Quadro 6 - J (E NÃO G) Fonte: Bechara (2016) Quadro 7 - G (E NÃO J) Fonte: Bechara (2016) Quadro 8 - CH (E NÃO X) Fonte: Bechara (2016) Quadro 9 - X (E NÃO CH) Fonte: Bechara (2016) Veja no quadro 10 algumas palavras que causam dúvidas quanto à grafia Quadro 10 - Palavras que causam dúvidas quanto à grafia Fonte: adaptada Bechara (2016). Vimos que os estudos sobre o sistema de grafia são essenciais para compreendermos a complexa relação entre a linguagem falada e sua representação escrita. A ortografia e as regras de grafia podem parecer, por vezes, desafiadoras e sujeitas a mudanças, como demonstrado pelo exemplo do novo acordo ortográfico. No entanto, é importante reconhecer que a escrita desempenha um papel crucial na preservação e na comunicação da linguagem, permitindo que as palavras sejam registradas, compartilhadas e compreendidas por pessoas em todo o mundo. Além disso, os estudos sobre o sistema de grafia nos lembram da riqueza e da diversidade das línguas, bem como das complexidades envolvidas na transposição da linguagem falada para o meio escrito. Por meio desses estudos, ganhamos uma apreciação mais profunda da linguagem e de como ela evolui continuamente para atender às necessidades da sociedade. Portanto, ao explorarmos o sistema de grafia, estamos desvendando uma parte fundamental do nosso patrimônio linguístico e cultural. É uma busca constante pelo equilíbrio entre a tradição e a adaptação, garantindo que a linguagem escrita continue a ser uma ferramenta eficaz e poderosa para a comunicação e a expressão humanas em um mundo em constante evolução. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BECHARA, E. Novo dicionário de dúvidas da língua portuguesa. Colaboração de Shahira Mahmud. Rio de Janeiro: Nova Fronteira: Lucerna, 2016. FARACO, C. A; ZILLES, A. M. Para conhecer norma linguística. São Paulo: Contexto, 2017. BAGNO, M. Não é errado falar assim: em defesa do português brasileiro. 2. ed. São Paulo: Parábola, 2017. 6 COMPONENTES DA ESTRUTURA INTERNA DA SÍLABA E SEUS MODELOS DE COMPOSIÇÃO É comum que os próprios falantes de uma língua analisem sua maneira de falar e a comparem com o sotaque de outros membros da mesma comunidade linguística. A interação social é inerente à nossa natureza comunicativa e desempenha um papel fundamental na definição de nossa linguagem. Nesse processo de análise, é essencial examinar todos os aspectos que caracterizam a língua em questão. A sílaba, compreendida como um fonema ou um conjunto de fonemas pronunciados em uma única expiração, pode ser construída de maneiras diversas por diferentes grupos de falantes em uma mesma comunidade linguística. Portanto, a sílaba desempenha um papel crucial nos estudos de fonologia e fonética de uma língua. Ao realizar um estudo sobre a capacidade dos falantes de português de identificar e separar as sílabas, a maioria demonstrará habilidade nesse aspecto, uma vez que a leitura em voz alta contribui para a percepção de cada grupo de fonemas pronunciados separadamente. No entanto, as variações na pronúncia podem levar a diferentes padrões de sílaba. Cristófaro (2003) explica que o ar dos pulmões não é expelido de maneira uniforme e constante, e cada contração e expiração de ar contribuem para a formação de uma sílaba. Portanto, a sílaba é vista como um processo muscular que aumenta em intensidade até atingir um limite máximo, a partir do qual a força muscular diminui progressivamente. Esse movimento muscular passa por diferentes estágios que compõem os elementos de uma sílaba: o início do movimento representa a parte externa de intensificação da força, em seguida, ocorre o pico, conhecido como núcleo, e, por último, há a parte externa de redução da força. A parte essencial de uma sílaba, ou seja, o seu núcleo, é formada por um segmento vocálico. As outras duas partes são opcionais e consistem em segmentos consonantais. Embora a presença de segmentos consonantais não seja obrigatória, existem sílabas na língua portuguesa que contêm duas ou mais consoantes. De toda forma, o ápice da sílaba é sempre uma vogal. Abaixo, você encontrará alguns exemplos no Quadro 1. Quadro 1 - As vogais nas palavras da língua portuguesa Fonte: adaptada Cristófaro (2003) A percepção da divisão silábica está conforme o que soa adequado em uma língua. Portanto, as sílabas que compõem as palavras dessa língua seguem padrões silábicos aceitáveis para os falantes. Em contrapartida, também existem padrões que são considerados inaceitáveis. Conforme demonstram os exemplos anteriores, no idioma português, segue-se a norma de incluir uma vogal em todas as sílabas. Portanto, no português, não existem sílabas sem vogais. Quando uma palavra possui apenas um fonema, este será, obrigatoriamente, uma vogal. Veja a frase a seguir como exemplo: Viviane fixou o olhar e em torno dela tinha um garoto faminto. Observe que as palavras destacadas consistem em apenas um fonema, composto por uma vogal. No caso das palavras "em" e "um", essa vogal é nasal. A estrutura da sílaba é influenciada pela tonicidade, padrões entoacionais e elementos paralinguísticos. Alguns arranjos de sílabas são rejeitados pelos falantes, ou seja, quando os segmentos vocálicos e consonantais são organizados de uma maneira não aceita pelos falantes, as palavras são consideradas malformadas, e ocorrem adaptações. Um exemplo desse processo é a palavra "psicologia". Os falantes brasileiros não consideram a pronúncia com o "p" mudo e inserem um fonema vocálico entre as consoantes "p" e "s". Essa organização da cadeia sonora da fala também se aplica a palavras estrangeiras. Por exemplo, observe palavras em inglês que começam com "s": "smack," "stuart," "slim". É comum os falantes brasileiros terem a tendência de inserir um fonema vocálico antes do fonema consonantal "/s/". Essa prática demonstra que a rejeição de certos padrões silábicos leva os falantes a adaptarem palavras estrangeiras ao seu sistema fonético. Um exemplo desse processo é a adaptação da palavra inglesa "beef" para o português como "bife." Visto que o português não costuma aceitar palavras que terminam em certos fonemas consonantais, houve a rejeição do padrão "beef". De acordo com Cristófaro (2003), a organização da cadeia sonora da fala segue princípios que agrupam segmentos consonantais e vocálicos em sequências sonoras específicas, determinando a organização das sequências possíveis em uma língua. Os falantes têm uma intuição sobre quais sequências sonoras são permitidas e quais são excluídas em sua língua. No português, as sílabas podem ser formadas apenas por uma vogal, uma ou duas consoantes pré-vocálicas e uma ou duas consoantes pós-vocálicas, como exemplificado no Quadro 2. Quadro 2 - Papel das vogais orais nas palavras da língua portuguesa Fonte: adaptada Cristófaro (2003) As vogais orais podem assumir a posição de vogal em sílabas compostas apenas por vogais, podendo ocupar tanto a posição inicial quanto a intermediária de uma palavra, bem como podem ser tônicas ou átonas. As vogais átonas postônicas são geralmente encontradas no final das palavras, como exemplificado no Quadro 3. Quadro 3 - Vogais átonas postônicas Fonte: adaptada Cristófaro (2003) Já as vogais nasaisnormalmente ocorrem no início de palavra, em posição tônica ou átona. Vogais nasais em sílabas apenas constituídas de vogais Exemplo: Entender O processo de rejeição e aceitação de padrões silábicos pode criar a falsa impressão de que as palavras só podem ser divididas de uma única maneira em sílabas. Na língua falada, a pronúncia das palavras pode variar de falante para falante, resultando em divergências. Isso é especialmente evidente quando se trata de ditongos, como exemplificado em palavras como "história" (pronunciada como "his-tó- ria" ou "his-tó-ri-a") e "família" (pronunciada como "fa-mí-lia" ou "fa-mí-li-a"). Além disso, a pronúncia pode variar para o mesmo falante dependendo do contexto ou de fatores emocionais envolvidos. Nos estudos de fonêmica, conforme mencionados por Cristófaro (2003), é observado que os sons da fala tendem a se adaptar ao ambiente linguístico em que estão inseridos. Os sistemas sonoros têm uma tendência à simetria fonética, os sons podem variar e sequências características de sons podem influenciar na interpretação fonêmica de segmentos ou sequências suspeitas. Portanto, a variação na pronúncia padrão é uma característica natural da língua. Certamente, a gramática tradicional estabelece normas específicas que determinam certos usos, incluindo a separação silábica. Nos exemplos mencionados anteriormente, todos eles são considerados ditongos e não hiatos, e, portanto, existem regras específicas que regulam a divisão silábica. No entanto, na prática, o mais importante é garantir que nenhuma dessas pronúncias afete a compreensão do significado da palavra. Um exemplo disso é a dupla "secretária" e "secretaria", em que a diferença de pronúncia poderia causar problemas na compreensão do sentido pretendido. Nesse caso, a diferença principal está na sílaba tônica. 6.1 Tonicidade Na separação silábica, é importante notar de acordo com Bechara (2016), que uma das sílabas é pronunciada com mais força, um fenômeno conhecido como tonicidade. Ao produzir uma sílaba tônica, há um jato de ar mais forte envolvido na sua articulação em comparação com as sílabas átonas. A intensidade sonora da sílaba tônica é percebida auditivamente, e essa sílaba geralmente tem uma duração mais longa e é pronunciada em um tom mais alto, resultando em um aumento do volume. O Quadro 4 a seguir oferece alguns exemplos de tonicidade. Quadro 4. Tonicidade Fonte: adaptada Cristófaro (2003) É importante notar que na língua portuguesa, cada palavra possui apenas uma sílaba tônica. Essa característica é uma marca distintiva da nossa língua, já que o ritmo da fala organiza a cadeia sonora de acordo com a distribuição do acento tônico nas sílabas. Isso se relaciona com a interação entre o acento primário (acentuação tônica), o acento secundário (sílabas átonas) e a ausência de acentuação. Esse ritmo dita a organização dos segmentos na estrutura de tonicidade. É importante ressaltar que o acento tônico (ou tonicidade) não é o mesmo que o acento gráfico. Nem todas as palavras recebem acento gráfico (como "louca", "loucura" e "ano"), embora todas tenham acento tônico. Na estrutura da sílaba, a que vem antes da sílaba tônica é chamada de pretônica, enquanto a que ocorre depois da sílaba tônica é chamada de postônica. Essas categorias auxiliam na análise e compreensão do padrão de acentuação nas palavras e na organização das sílabas, como pode ser observado no Quadro 5. Quadro 5 - Sílabas pretônicas e postônicas Fonte: adaptada Cristófaro (2003) A Academia Brasileira de Letras (2019), explica que a presença de sílabas pretônicas ou postônicas pode variar dependendo da palavra e de seu padrão de acentuação. No entanto, é importante observar que sempre haverá sílabas átonas, ou seja, sílabas que não carregam o acento tônico principal da palavra. Além disso, em algumas análises gramaticais, também é considerada a sílaba subtônica, a sílaba onde ocorre o acento secundário, embora essa categoria seja menos comum e não, seja amplamente reconhecida em todas as abordagens linguísticas. Exemplo: Sofá – sofazinho Rápida – rapidamente A relação entre a sílaba tônica de uma palavra primitiva e a sílaba subtônica de uma palavra derivada pode de fato causar confusões ortográficas em alguns casos. É importante notar que o acento gráfico em palavras como "café" (oxítona) e "cafezinho" (paroxítona) é determinado pelas regras de acentuação da língua portuguesa. Tradicionalmente, as palavras são classificadas em proparoxítonas (com a sílaba tônica na antepenúltima posição), paroxítonas (com a sílaba tônica na penúltima posição) e oxítonas (com a sílaba tônica na última posição). O acento tônico desempenha um papel crucial na língua portuguesa, pois ajuda a diferenciar palavras e pode influenciar a sua forma escrita. Veja no exemplo algumas palavras diferenciadas pelo acento tônico: ➢ Cara / cará ➢ cáqui / caqui ➢ cera / será O acento tônico desempenha um papel fundamental na distinção da língua portuguesa, pois ajuda a distinguir palavras que possuem a mesma sequência de letras, mas têm significados diferentes. A oposição fonêmica mais comum na língua portuguesa ocorre entre palavras paroxítonas e proparoxítonas, geralmente ocorre entre vocábulos de categorias morfológicas diferentes, isto é, geralmente um substantivo e um verbo. Observe: ➢ Fábrica – fabrica ➢ Máquina – maquina ➢ Ânimo – anima ➢ Lástima – lastima Conforme Melo (2019), a distinção de acento tônico é uma das ocorrências mais comuns na língua portuguesa, e geralmente ocorre entre palavras de diferentes categorias gramaticais, como substantivos e verbos. No entanto, existem exceções em que o contraste de acento tônico ocorre entre pares de palavras da mesma classe gramatical. Alguns exemplos dessas exceções são: "secretária" e "secretaria", "Paris" e "pares", "Tonico" e "tônico". É importante notar que, nesses exemplos, alguns são nomes próprios, e nomes próprios têm uma tendência a seguir padrões linguísticos diferentes da língua comum, o que pode não refletir com precisão a oposição fonêmica da fala. Em resumo, a tonicidade é um elemento essencial da oralidade que contribui para a estrutura da sílaba e é característica distintiva de uma língua. Analisar esse elemento é fundamental para compreender a prosódia do português. No entanto, na oralidade da língua, também existem outros elementos importantes a serem considerados, como os padrões entoacionais e paralinguísticos, que discutiremos na próxima unidade de ensino. 7 CONSTRUÇÃO DOS PADRÕES ENTOACIONAIS E PARALINGUÍSTICOS A PARTIR DO CONTORNO MELÓDICO E DAS CARACTERÍSTICAS SUPRASSEGMENTAIS A prosódia é um dos elementos essenciais do sistema fonológico de uma língua e é estudada por aqueles que se dedicam à análise da fala, examinando seus aspectos rítmicos e entoacionais. A prosódia é composta por três parâmetros de produção: a duração, a frequência fundamental e a intensidade. Além disso, está relacionada a um fator perceptual, como o ritmo. Os primeiros parâmetros podem ser mensurados e a entoação (a altura da voz) é o principal elemento que serve como base para essa medição, contribuindo significativamente para os estudos sobre proeminência acentual. O contorno entonacional é um aspecto não lexical que funciona como um indicador de proeminência silábica e deve estar associado a sílabas fortes ou proeminentes. Portanto, a prosódia também se preocupa com a pronúncia das palavras de acordo com a sílaba tônica, desempenhando um papel fundamental na compreensão da entonação e da ênfase nas palavras durante a fala. A Academia Brasileira de Letras (2019), adverte que é importante evitar qualquer duplicidade gráfica ou prosódica nas palavras, garantindo que cada vocábulo tenha apenas uma forma, a menos
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