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Prévia do material em texto

1
TALITA SAUER MEDEIROS
EDUCAÇÃO A 
DISTÂNCIAFACULDADE ÚNICA
 PRÁTICA
PEDAGÓGICA 
INTERDISCIPLINAR:
HISTÓRIA DO 
BRASIL REPÚBLICA 
1
HISTÓRIA DO BRASIL REPÚBLICA I
TALITA SAUER MEDEIROS
1
FACULDADE ÚNICA EDITORIAL
Diretor Geral:
Diretor Executivo:
Ger. do Núcleo de Educação a Distância:
Coord. Pedag. da Equipe Multidisciplinar: 
Revisão Gramatical e Ortográfica:
Revisão/Diagramação/Estruturação:
Design:
Valdir Henrique Valério
William José Ferreira
Cristiane Lelis dos Santos
Gilvânia Barcelos Dias Teixeira
Izabel Cristina da Costa
Bárbara Carla Amorim O. Silva
Carla Jordânia G. de Souza
Rubens Henrique L. de Oliveira
Brayan Lazarino Santos 
Élen Cristina Teixeira Oliveira 
Maria Luiza Filgueiras
© 2020, Faculdade Única.
Este livro ou parte dele não podem ser reproduzidos por qualquer meio sem Autorização escrita do Editor.
NEaD – Núcleo de Educação as Distancia FACULDADE ÚNICA 
Rua Salermo, 299
Anexo 03 – Bairro Bethânia – CEP: 35164-779 – Ipatinga/MG
Tel (31) 2109 -2300 – 0800 724 2300
www.faculdadeunica.com.br
2
HISTÓRIA DO BRASIL REPÚBLICA I
1° edição
Ipatinga, MG
Faculdade Única
2020
3
4
LEGENDA DE
Ícones
Trata-se dos conceitos, definições e informações importantes nas 
quais você precisa ficar atento.
Com o intuito de facilitar o seu estudo e uma melhor compreensão do 
conteúdo aplicado ao longo do livro didático, você irá encontrar ícones 
ao lado dos textos. Eles são para chamar a sua atenção para determinado 
trecho do conteúdo, cada um com uma função específica, mostradas a 
seguir:
São opções de links de vídeos, artigos, sites ou livros da biblioteca 
virtual, relacionados ao conteúdo apresentado no livro.
Espaço para reflexão sobre questões citadas em cada unidade, 
associando-os a suas ações.
Atividades de multipla escolha para ajudar na fixação dos 
conteúdos abordados no livro.
Apresentação dos significados de um determinado termo ou 
palavras mostradas no decorrer do livro.
 
 
 
FIQUE ATENTO
BUSQUE POR MAIS
VAMOS PENSAR?
FIXANDO O CONTEÚDO
GLOSSÁRIO
5
SUMÁRIO
1.1 Introdução..........................................................................................................................................................................................8
1.2 A crise do império.........................................................................................................................................................................9
 1.2.1 Insatisfações de vários grupos sociais com a monarquia...........................................................................9
 1.2.2 Proclamação da República...........................................................................................................................................12
1.3 O manifesto republicano e os sentidos para a República...............................................................................13
1.4 A república: um novo tipo de governo político no Brasil.................................................................................14
2.1 Introdução........................................................................................................................................................................................21
2.2 As ideias republicanas: projetos vencedores e projetos derrotados......................................................23
2.3 A constituição brasileira de 1891......................................................................................................................................25
2.4 A república velha e os republicanos militares.......................................................................................................27 
3.1 Introdução.......................................................................................................................................................................................33
3.2 As oligarquias no Brasil.........................................................................................................................................................33
3.3 O coronelismo e a clientela política...............................................................................................................................35
3.4 A hegemonia cafeeira...........................................................................................................................................................38
UNIDADE 1
UNIDADE 2
UNIDADE 3
A INSTAURAÇÃO DA REPÚBLICA
A PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA
4.1 Introdução......................................................................................................................................................................................46
4.2 A revolta da armada (RJ) e a Revolução Federalista (RS).............................................................................48
4.3 Os protestos populares. As guerras de Canudos e do Contestado.........................................................52
4.4 Modernidade e urbanização.............................................................................................................................................56
UNIDADE 4
A POLÍTICA DAS OLIGARQUIAS
OS CONFLITOS NA PRIMEIRA REPÚBLICA
UNIDADE 5
AS ORGANIZAÇÕES DOS TRABALHADORES
5.1 Introdução.......................................................................................................................................................................................63
5.2 A circulação de ideias: o socialismo, o comunismo e o anarquismo.....................................................64
5.3 As organizações dos trabalhadores urbanos..........................................................................................................65
5.4 O modernismo na arte brasileira....................................................................................................................................68
UNIDADE 6
O FIM DA PRIMEIRA REPÚBLICA
6.1 Introdução.......................................................................................................................................................................................73
6.2 A crise oligárquica....................................................................................................................................................................73
6.3 A crise dos anos 20...................................................................................................................................................................75
6.4 O tenentismo e a coluna prestes....................................................................................................................................77
6.5 O movimento de 1930............................................................................................................................................................79
Referências Bibliográficas..........................................................................................................................................................72
6
UNIDADE 1
O Brasil do fim do século XIX e do início do XX passou por diversas transformações. 
Um golpe pôs fim à monarquia e instaurou no país novo sistema político: a República. 
Nessa Unidade veremos como se deu esse processo.
UNIDADE 2
Os ideais dos grupos de republicanos brasileiros e os projetos e modelos de República 
desejados por eles. Assim como, a Constituição Republicana de 1891 são os temas da 
nossa segunda Unidade. 
UNIDADE 3
No foco da discussão da Unidade 3 estão as práticas políticas da Primeira República: 
A política dos governadores. O coronelismo e a dominação oligárquica baseada no 
forte controle local das populações.
UNIDADE 4
Os primeiros anos da República brasileira foram marcados por divergências e 
disputas que geraram protestos populares e conflitos como a Revolta Armada, a 
Revolução Federalista e as guerras de Canudos e do Contestado. Insubordinações 
reprimidasduramente pelo governo republicano. 
UNIDADE 5
Modernidade, urbanização, imigração e a industrialização marcaram os cenários 
das cidades na primeira República. A demanda por mão de obra e as condições de 
trabalho encontradas propiciaram a circulação de ideias socialistas, comunistas e 
anarquistas no Brasil. 
UNIDADE 6
Nessa Unidade veremos que crises como a dos anos de 1920 e a crise das oligarquias 
e movimentos contestatórios como o Tenentismo, a Coluna Prestes e o movimento 
de 1930 marcaram as primeiras décadas do século XX e puseram fim a primeira 
República no Brasil. 
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7
A INSTAURAÇÃO DA REPÚBLICA UNIDADE
01
8
1.1 INTRODUÇÃO
 Para começarmos nosso estudo, vamos analisar duas importantes formas de governo: 
Monarquia e República. A Monarquia é caracterizada pelo poder político exercido por um monarca 
(rei, imperador, príncipe), de modo hereditário e vitalício. Já a República, é uma forma de governo 
representativo, cujo governante é eleito e permanece no poder por um tempo pré-determinado. 
Ambas fazem parte da História do Brasil e marcam com o desenrolar de sua trajetória política, as 
práticas políticas do país.
 O período Monárquico no Brasil é convencionalmente dividido em três fases: O Primeiro 
Reinado que vai da Independência do Brasil em 1822, à abdicação de Dom Pedro I em 1831. O Período 
Regencial, de 1831 a 1840 e o Segundo Reinado que compreende da antecipação da maioridade de 
Dom Pedro II em 1840, à Proclamação da República em 1889. Esta última é a fase que nos interessa 
aqui, pois é nesse momento que o Império passa por profundas transformações que abalam a 
ordem vigente. 
 É então que o país passa a ter um regime republicano de governo, dando início à Primeira 
República, fruto de um golpe que pôs fim à Monarquia em 15 de novembro de 1889. A Primeira 
República foi um período de muitos acontecimentos na História do Brasil, como o desenvolvimento 
da industrialização, a vinda de muitos imigrantes, a formação de uma classe operária brasileira e 
com ela, o surgimento das primeiras organizações sindicais e suas reivindicações trabalhistas. Foi 
ainda nesse período que o Brasil consolidou seus limites territoriais. Tiveram também um grande 
desenvolvimento o campo da cultura, das artes e das ideias. 
 Nesse novo regime em que ocorriam eleições para escolher os governantes do país, 
fervilharam muitas ideias acerca do que se queria para o Brasil. Porém, na prática muitos dos ideais 
republicanos, como a liberdade política, acabaram não sendo bem assim. A Primeira República foi 
um período marcado pelo poder das elites locais, o que fez com que esse período ficasse conhecido 
por denominações como República Oligárquica, República do Café com Leite, República dos 
Coronéis.
 Esse momento da experiência republicana no Brasil, de 1889 a 1930, a “Primeira República”, 
tem a sua ruptura com a Revolução de 1930. O período pós 1930 é então marcado pela modernização 
do país, pela intensificação da industrialização, ocorre a reorganização e a modernização do 
aparelho de Estado, e é nesse período em que se dá a conquista dos direitos trabalhistas. Uma 
Nova República teria surgido por oposição à anterior, que ganha então, mais uma denominação: a 
República Velha.
Hereditário: Que se transmite por sucessão, pela pessoa falecida aos seus herdeiros. 
Exemplo: Príncipe que, por direito, deve herdar o poder, o rei. 
Vitalício: Que dura até o final da vida.
GLOSSÁRIO
9
Através desse livro você poderá se aprofundar mais nas transformações que ocor-
reram no Brasil no século XIX e início do XX. O contexto que levou ao fim do Império 
e ao golpe que o derrubou. E também o que se passou no país nas primeiras déca-
das como uma república.
LINK: https://bit.ly/3p0MICX
BUSQUE POR MAIS
1.2 A CRISE DO IMPÉRIO
 Em 15 de novembro de 1889 um golpe derrubou a Monarquia e deu início à República, 
um evento de aparente tranquilidade em seus acontecimentos, sem confrontos armados ou 
derramamento de sangue. Costa (1991) pontua que para entender esse processo histórico de 
transição entre o período monárquico a e proclamação da república é importante considerar 
as tensões econômicas e sociais existentes nos fins do Segundo Reinado. É preciso conhecer as 
mudanças que se operam na sociedade e que propiciaram a solução revolucionária e o golpe.
 Já que nesse período o país passava por mudanças políticas, econômicas e sociais que 
contribuíram para o declínio da Monarquia e para Proclamação da República. A decadência da 
Monarquia criou condições para a implantação de um Regime Republicano no Brasil. 
 No momento da independência do Brasil, a Monarquia se apresentava como a solução mais 
viável para o entendimento entre os interesses da Inglaterra e dos grandes proprietários de terras 
e de escravos, e foi nesse momento que se consolidou uma classe senhorial no Brasil.
 Porém, com o passar do tempo, foi ficando evidente a impossibilidade de a estrutura imperial 
durar por muito tempo. E no momento da Proclamação da República a Monarquia já se mostrava 
obsoleta.
Obsoleta: fora de uso, ultrapassada. 
GLOSSÁRIO
1.2.1 Insatisfações de vários grupos sociais com a monarquia 
 O Brasil Imperial era escravista e tinha uma sociedade hierarquizada, na qual a maioria da 
população era excluída das decisões políticas. Os anos finais do Império foram marcados pelas 
discussões abolicionistas. Nas décadas de 1860 -70 e principalmente na de 1880 o movimento 
pela abolição da escravatura no Brasil ganhou força. “O movimento abolicionista foi impulsionado 
em função do discurso cada vez mais frequente, principalmente na imprensa, sobre o atraso 
econômico e humanitário que a escravidão trazia consigo” (NUNES, 2020, p.7). E também por outros 
movimentos que questionavam a ordem da Monarquia e propunham outras formas de governo.
10
O fim da escravidão no Brasil foi um processo gradual.
A abolição do tráfico negreiro em 1850 – estanca progressivamente a mão de obra escrava, e 
o Império estava estabelecido sobre o trabalho escravo.
1870 – A guerra civil americana traz à tona a questão do escravo. Apenas o Brasil seguia num 
regime escravista na América (conservando um regime social já universalmente condenado).
1871 – Lei do ventre livre, que declarou livre todos os filhos que nasceram de escravos.
1885 - Lei dos Sexagenários, a qual determinou a libertação dos escravos com mais de 60 anos.
1888 – Com a Lei Aurea de 13 de maio, a qual possuía apenas dois artigos: “Art. 1º É declarada 
extinta, desde a data desta Lei, a escravidão no Brasil. Art. 2º Revogam-se as disposições em 
contrário.” Finda a escravidão institucionalizada no Brasil. Tardiamente, pois, apesar de sofrer 
pressões internacionais desde o início do século XIX, o Império brasileiro adiou a abolição do 
trabalho cativo por quase 80 anos.
FIQUE ATENTO
Nas décadas que antecedem a Proclamação da República surgiram muitas cam-
panhas, jornais, intelectuais, partidos políticos e associações abolicionistas. Eles 
defendiam a abolição dos escravos no Brasil e contribuíram para o seu fim. 
Para saber mais sobre as discussões e ações abolicionistas: 
LINK: https://bit.ly/3rjmJYU
BUSQUE POR MAIS
 Por muito tempo a escravatura foi uma viga mestre sobre a qual se sustentava toda a 
economia brasileira. Portanto, é compreensível que a Abolição esteja atrelada ao processo que 
conduziu o regime monárquico ao fim. A Abolição contribuiu para alterar o quadro brasileiro 
(principalmente no Sul), contribuindo para as transformações do Brasil na última fase do século 
XIX, estando ligada a expansão da cultura do café e a imigração europeia.
 A partir de meados do século XIX destacou-se no país do cultivo de café, atividade voltada
 para a exportação que gerou muitas riquezas e também muitas transformações sociais e políticas.
 Com a cafeicultura, formaram-se as oligarquias rurais, principalmente nas províncias do centro-
oeste. Uma oligarquia é quando o poder se concentra na mão de um grupo de pessoas (nessecaso, as elites agrárias). Durante o Império, São Paulo se tornou a região mais próspera na produção 
de café, mas ainda assim, pelo regime monárquico concentrar o poder de forma centralizada, os 
cafeicultores, por mais prósperos que fossem, não conseguiam fazer com que seus interesses 
predominassem.
 Na época a província São Paulo tornou-se a mais rica do Império por causa do café. Mas, 
apesar de seu poder econômico tinha pouca autonomia em relação ao governo central. Os políticos 
paulistas, que em sua maioria eram membros das elites rurais, passaram então a reivindicar maior 
autonomia para administrar a província. Começam a surgir críticas quanto a centralização da 
Monarquia, seu caráter hereditário, o poder excessivo nas mãos de D. Pedro II e o sistema político 
em geral, que excluía a maioria da população.
https://bit.ly/3rjmJYU
11
 A questão da abolição da escravatura também pesava para muitos fazendeiros, pois, grande 
parte era escravocrata e ficaram insatisfeitos por perder sua mão de obra, sem qualquer indenização. 
Boa parte dos fazendeiros era extremamente dependente da mão de obra escrava. A Abolição em 
1888 fez a Monarquia perder o apoio das elites agrárias que se sentiram prejudicadas e passaram 
em benefício de seus interesses a apoiar o movimento republicano.
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65
 Pensando nas mudanças pelas quais passava o Brasil e que colaboraram para o declínio do 
período Imperial, do ponto de vista econômico é notório o grande fortalecimento dos cafeicultores 
do Oeste paulista e o fato de que a perda de apoio político dessas elites regionais contribuiu para o 
fim do império. Mas é preciso ponderar acerca dos motivos dessa oposição.
 Segundo Costa (1991), o que se passou foi que a Abolição veio dar o golpe de morte numa 
estrutura colonial de produção que já sofria para se manter perante as novas condições surgidas 
no país, a partir de 1850. Com a Lei Áurea, a Monarquia enfraqueceu suas próprias bases, perdendo 
o apoio da classe senhorial, ligada ao modo tradicional de produção, uma classe rural, incapaz de 
se adaptar as necessidades de modernização. Por sua vez, a nova oligarquia que se formava onde 
se modernizavam os métodos de produção, foi quem assumiu a liderança com a Proclamação da 
República Federativa, a qual, realizou os anseios de autonomia que o sistema monárquico unitário 
e centralizado não satisfazia. 
 Como pontua a autora, a Abolição não é propriamente a causa da República. Para ela, 
“ambas, Abolição e República, são sintomas de uma mesma realidade; ambas são repercussões, 
no nível institucional, de mudanças ocorridas na estrutura econômica do país que provocaram a 
destruição dos esquemas tradicionais” (COSTA, 1991, p.455).
 A perda de outro apoio também pesou na crise monárquica: os militares. Além da oligarquia 
cafeeira, os militares também estavam descontentes com o regime monárquico. Entre os 
republicanos havia muitos militares, especialmente oficiais do que achavam que o Exército não era 
devidamente valorizado pela Monarquia. 
 O Exército saiu fortalecido da Guerra do Paraguai, conflito ocorrido entre os anos de 1864 
a 1870, no qual, Brasil, Uruguai e Argentina como aliados, enfrentaram o Paraguai que pretendia 
expandir seu território, e os militares estavam decididos a participar da política do país. 
 Oficiais de alta patente passaram a criticar abertamente o imperador (acusando-o de 
negligência com o exército e de interferências indevidas em questões militares). Outro ponto, é 
que exército estava cada vez mais “popular” em sua composição, passando a estar em contradição 
com o elitismo que sempre caracterizou o período monárquico. 
12
 Aos poucos os militares foram se colocando contra a Monarquia, aproximando-se daqueles 
que já defendiam um regime político republicano. Costa problematiza e dimensiona a participação 
dos militares na queda da Monarquia:
A proclamação da República não é um ato fortuito, nem obra do acaso, como 
chegaram a insinuar os monarquistas; não é tampouco o fruto inesperado de 
uma parada militar. Os militares não foram meros instrumentos dos civis, nem 
foi um ato de indisciplina que os levou a liderar o movimento da manhã de 15 de 
novembro, como tem sido dito às vezes. Alguns deles tinham sólidas convicções 
republicanas e já vinham conspirando há algum tempo, sob a liderança de Ben-
jamin Constant, Serzedelo Correia, Solon e outros. Imbuídos de ideias republi-
canas, estavam convencidos de que resolveriam os problemas brasileiros liqui-
dando a Monarquia e instalando a República. A ideia de que aos militares cabia 
a salvação da pátria generalizara-se no Exército a partir da Guerra do Paraguai, 
à medida que o Exército se institucionalizava. É claro que os militares estiveram 
em todos os tempos divididos entre várias opções e seria um grande equívoco 
imaginá-los como um todo. A ideia republicana contava, ao que parece, maior 
número de adesões entre os oficiais de patentes inferiores e alunos da Escola 
Militar, enquanto a Monarquia tinha o apoio dos escalões superiores (COSTA, 
1991, p. 459).
 O que vemos, é que a Monarquia se isolava cada vez mais, perdendo suas forças de sustentação 
(civil e militar). As ideias republicanas não constituíam aspecto novo no país, mas encontraram um 
terreno fértil para se concretizar em 1889, devido a mudanças ocorridas na estrutura econômica 
e social do país, que levaram uma parcela da nação a defender as ideias republicanas e outra a 
aceitar com indiferença a queda da Monarquia. “Sem as mudanças ocorridas na estrutura, o partido 
republicano provavelmente não teria conseguido atingir os seus objetivos” (COSTA, 1991, p.459).
1.2.2 Proclamação da República 
 Um golpe militar articulado por civis e militares pôs fim a Monarquia. Setores do exército 
se aliaram aos republicanos paulistas e deram um golpe de Estado. Assim, em 15 de novembro de 
1889 foi proclamada a República. 
 Como pontua Costa (1991) o movimento foi o resultado da união de três forças: uma parcela 
do Exército, os fazendeiros do Oeste Paulista e representantes das classes médias urbanas. Contudo, 
o golpe só foi possível porque puderam contar com o desprestígio pelo qual passava a Monarquia 
e com o enfraquecimento das oligarquias tradicionais. Esses grupos momentaneamente unidos 
em torno do ideal republicano conservavam, entretanto, profundas divergências, que logo ficaram 
evidentes na organização do novo regime. Período no qual as contradições eclodiram em numerosos 
conflitos, abalando a estabilidade dos primeiros anos da República. 
 Os dois primeiros presidentes da República foram militares, porém, depois quem triunfou 
foram as elites civis.
UNIVESP. Especial Proclamação da República. Nele a socióloga Ângela Alonso e 
o historiador Marcos Napolitano discutem como o Brasil se tornou uma república 
federativa depois de 389 anos de colonização portuguesa e 67 anos de Império.
LINK: https://bit.ly/2YLIfsY
BUSQUE POR MAIS
https://bit.ly/2YLIfsY
13
A Proclamação da República do Brasil é uma das fases mais importantes de nossa história 
recente, porém, em seu processo ela não contou com a participação popular.
Um dos fatores mais marcantes deste período, destacado pelo historiador José Murilo de Car-
valho em suas obras, foi a passividade do povo brasileiro durante esse processo. O autor res-
salta que o povo não participou das mudanças que levaram a passagem da Monarquia para 
a República no Brasil, eles assistiram a tudo bestializados (CARVALHO, 1987).
FIQUE ATENTO
1.3 O MANIFESTO REPUBLICANO E 
OS SENTIDOS PARA A REPÚBLICA
 Há tempos, vários grupos discutiam as ideias republicanas no Brasil. Principalmente em São 
Paulo cresciam os defensores da República. Mas, os pensamentos dos republicanos brasileiro só 
aparecem sistematizados no Manifesto Republicano, publicadono jornal A República, na edição de 
3 de dezembro de 1870.
 Inspirado pela república norte americana, o “documento almejava que o país se transformasse 
em uma República federativa para se adequar à realidade dos demais países do continente e 
garantir uma relativa autonomia das províncias em relação ao governo central” (CASTRO, 2019, p.4). 
Embora houvesse tendências políticas e filosóficas diferentes dentro do movimento republicano, 
as ideias de federação e de progresso eram comuns a todas elas. Assim foi possível uma união para 
a escrita do Manifesto Republicano de 1870.
 A ideia de Federação previa que cada uma das províncias teria liberdade, tanto de escolher 
seus líderes, quanto de tomar decisões sobre seu território. Era uma ideia que defendia a autonomia 
das províncias (ainda não eram estados) e que interessava particularmente aos cafeicultores de 
São Paulo, pois assim eles poderiam garantir a liberdade e negociar com o mercado externo. 
No Manifesto a centralização política do Império é bastante criticada, afirmando que devido a 
centralização, o governo imperial não dava conta de resolver os problemas regionais.
 As ideias republicanas expressas no Manifesto expunham a associação que muitos faziam 
da Monarquia com o atraso e da República com o progresso. Estes consideravam um atraso 
haver monarquia na América. Vendo na República o Regime político do progresso. Essa visão está 
atrelada ao contexto da época, pois em alguns lugares do país, se vivia uma grande modernização, 
e também um crescimento das cidades e das indústrias.
 No Manifesto estava previsto ainda o ensino laico, a separação entre o Estado e a Igreja e a 
renovação do Senado.
Laico: se refere ao que é separado e independente da influência da Igreja.
GLOSSÁRIO
 O Manifesto teve boa repercussão e muitos aderiram às ideias expostas por ele. Estudantes, 
profissionais liberais membros das camadas urbanas e as elites cafeicultoras tornam-se fortes 
representantes do republicanismo no Brasil. Surgem diversos clubes e Partidos Republicanos, 
sendo o mais importe deles na época o Partido republicano Paulista (PRP).
14
Manifesto Republicano de 1870 completo
LINK: https://bit.ly/3aNHzcv
BUSQUE POR MAIS
REPÚPLICA NORTE-AMERICANA: prevalência da Constituição e dos direitos inalienáveis.
Nos Estados Unidos o republicanismo é o sistema de valores políticos que vem sendo a parte 
principal do pensamento cívico dos EUA desde a Revolução Americana. Ela enfatiza a liber-
dade e os direitos inalienáveis como valores centrais, faz do povo, como um todo, soberano, 
rejeita o poder herdado, espera que os cidadãos sejam independentes em sua atuação nos 
deveres cívicos, e condena a corrupção política.
FIQUE ATENTO
1.4 A REPÚBLICA: UM NOVO TIPO DE 
GOVERNO POLÍTICO NO BRASIL
REPÚBLICA - A palavra República tem como origem os termos latinos “res”, que quer dizer coi-
sa, e “pública”, do povo, ou seja, podemos conceituar República como coisa do povo.
As principais características dessa forma de governo:
• Elegibilidade dos representantes (as autoridades chegam ao poder pela eleição).
• Temporariedade mandato (existe um tempo pré-determinado no qual permanecerá no car-
go)
• Responsabilidade dos governantes (Devem prestar contas).
• Cabe ao povo o exercício soberano do poder (através da escolha dos seus líderes).
ELEIÇÃO – A eleição pode ser direta ou indireta. 
Eleição direta se dá quando o eleitor vota diretamente no seu representante.
Eleição indireta se dá quando o povo escolhe um colégio eleitoral e este, por sua vez, escolhe o 
dirigente supremo do Estado e/ou do governo.
ELEITORES - Aos eleitores cabe estudar com discernimento cada um dos candidatos antes de 
votar e exigir dos eleitos que trabalhem voltados para o bem público. Por outro lado, aos ocu-
pantes de cargos públicos, sejam eles eletivos ou concursados, cabe observar que seus cargos 
são públicos e é a população que devem destinar seus trabalhos.
FIQUE ATENTO
15
 A partir da Proclamação da República se inicia um novo tipo de governo político até então 
inédito na História do Brasil. O país ficava dividido em vários estados e reunido numa federação 
desses estados. 
 Seguindo o modelo americano criou-se uma divisão em três poderes: executivo (que 
executava as leis – encaminhava leis para o congresso), Legislativo (faz as leis), Judiciário (julga o 
conflito entre os cidadãos, ou interpreta as leis, a Constituição). 
 Na República, temos uma organização de um governo que teoricamente deveria dar mais 
autonomia aos estados e maior direito de participação política aos cidadãos do país. Todavia, o 
período da Primeira República, que perdurou por 41 anos (1889 – 1930) foi marcado não só pela 
mudança do regime político (fim do Império – início da Republica), mas em especial, por uma 
forma de organização do poder que acabou sendo uma das principais características do período: o 
poder das oligarquias regionais e a permanência do poder nas mãos das elites.
 A República nesse momento estruturou um grande arranjo político que se manteve por 
décadas e foi capaz de assegurar o poder nas mãos das elites econômicas latifundiárias. A mesma 
elite que anteriormente concentrava a riqueza durante a época monárquica garantiu o poder na 
República, e o controle em um regime político em tese democrático.
VAMOS PENSAR?
Atualmente no Brasil vivemos em um modelo de democracia representativa, onde a socieda-
de delega a um representante o direito de representá-los, e de tomar as decisões em favor dos 
interesses de toda a população. 
O voto é o mecanismo pelo qual os representantes são eleitos, mas, durante muitos anos o 
direito ao voto foi negado a muitas pessoas, seja por cor, condição social, gênero ou grau de 
instrução.
 Aos poucos se pôde observar no Brasil a extensão deste direito a uma grande parcela popula-
cional mais ampla e diversa. Contudo, isso se dá em decorrência de muita luta e reinvindica-
ção de direitos civis e sociais.
16
1 - (SEE-MG, com adaptações) 
Leia o texto abaixo.
Enfermo a 14 de novembro, na segunda-feira o velho Lima voltou ao trabalho, ignorando 
que no entretempo caíra o regime. Sentou-se, e viu que tinham tirado da parede a velha 
litografia representando D. Pedro de Alcântara. Como na ocasião passasse um contínuo, 
perguntou-lhe:
- Por que tiraram da parede o retrato de sua majestade?
O contínuo respondeu, num tom lentamente desdenhoso:
- Ora, cidadão, que fazia ali a figura do Pedro Banana?
- Pedro Banana! - repetiu raivoso o velho Lima.
E sentando-se, pensou com tristeza:
- Não dou três anos para que isto seja uma república!
(Arthur de Azevedo. Vidas Alheias (1901). In: Lilia Moritz Schwarcz. As barbas do imperador: D. Pedro II, um monarca nos 
trópicos. São Paulo: Companhia das Letras, 1998. p. 470)
Este texto literário indica 
a) os conflitos de uma sociedade em transição, que passava por mudanças na configuração 
da mão de obra e no cenário econômico, assim como intensa disputa entre as elites pelo 
controle do poder governamental.
b) as mudanças sociais trazidas pela guerra contra o Paraguai, com a vitória brasileira 
fortalecendo a monarquia e ampliando o apoio ao imperador, inclusive entre setores 
populares.
c) a intensa participação popular no golpe militar que marcou o final da monarquia e o 
início da república, bastante valorizada pelos intelectuais do período.
d) os conflitos que deram origem a denominação do Brasil como uma “República das 
bananas”. 
e) as dinâmicas que caracterizaram esse período de transição, com as mudanças políticas 
acontecendo desvinculadas do cenário social e econômico.
2 - Como episódio, a passagem do Império para a República foi quase um passeio. Os anos 
posteriores a 15 de novembro se caracterizaram por uma grande incerteza. 
(Fausto, Boris - História concisa do Brasil, São Paulo, Ed. Da Universidade de São Paulo, 2002).
No início do período republicano no Brasil: 
a) Havia divergências entre os partidos políticos como o Partido Republicano e o Partido 
Novo Imperial. 
b) Os representantespolíticos da classe dominante de São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande 
do Sul, defendiam a ideia de República centralizada e parlamentar.
c) Os militares tiveram bastante influência nos primeiros anos da república.
FIXANDO O CONTEÚDO
izabel.cristina
Balão
17
d) Havia uma coesão de ideias entre os militares, inclusive o exército e a marinha, que 
compartilhavam das mesmas concepções.
e) Havia uma grande pressão popular pela volta da Monarquia
3 - Com relação a mão de obra nas fazendas de café no Império:
a) Escravos eram a principal força de trabalho.
b) Os povos indígenas colaboravam nas plantações. 
c) Os imigrantes italianos e árabes constituíam a principal força de trabalho.
d) Desde o início predominou a mão de obra assalariada. 
e) A produção passava por um período de modernização, com a substituição dos 
trabalhadores por máquinas. 
4 - O termo oligarquia, tal como boa parte do léxico político ainda hoje disponível, tem sua 
origem na linguagem desenvolvida pelos antigos gregos. Inventores da democracia, e do 
termo usado para designá-la, cunharam os gregos a palavra oligarquia. O termo oligarquia, 
no entanto, não era o único a designar uma forma de governo controlada por poucos. 
Em grande medida, a aristocracia – outra forma nomeada pelos antigos gregos – também 
pode ser definida como um modo no qual poucos governam. Contudo, o que, desde o 
início, qualifica a aristocracia como forma de governo específica não é tanto esse último 
traço – o de ser um governo de poucos –, e sim sua definição como governo no qual os 
melhores (aristoi) detêm o poder (kratos).
Fonte: LESSA, Renato. Oligarquia. In: CPDOC. Fundação Getúlio Vargas (FGV). Dicionário da Elite Política Republicana 
(1889-1930). Disponível: https://cpdoc.fgv.br/dicionario-primeira-republica Acesso em: 29 nov. 2020. (adaptado).
De acordo com o texto, podemos afirmar que:
a) Oligarquia e Aristocracia são sinônimos. 
b) Aristocracia e as Oligarquias são as bases de um regime parlamentar, voltado para o 
usufruto privado. 
c) Tanto a Aristocracia quanto a Oligarquia são marcadas pelo poder exercido de forma 
democrática.
d) Embora oligarquia e aristocracia tenham em comum sua oposição ao governo de todos, 
distinguem-se entre si de modo claro por suas finalidades.
e) Oligarquia e Aristocracia são formas de governo ditatoriais.
5 - (MACK-2004) A Proclamação da República, em novembro de 1889, apontou para a crise 
decorrente das transformações econômicas e sociais verificadas no país desde a segunda 
metade do século XIX. Com relação a essas transformações, podemos afirmar que: 
a) a abolição da escravidão foi contrária aos interesses dos novos setores agrários, 
representados pelos cafeicultores do Oeste paulista.
b) as instituições monárquicas haviam se tornado incapazes de realizar as mudanças 
necessárias para a dinamização da vida social e econômica do país.
c) os setores populares, como os trabalhadores do campo e da cidade, e as classes médias 
atuaram ativamente para a mudança do regime monárquico.
d) o Exército brasileiro, após a Guerra do Paraguai, foi o único segmento da sociedade a 
permanecer fiel à monarquia.
18
e) apesar de o país atravessar uma série de mudanças, o poder econômico continuava nas 
mãos dos antigos comerciantes portugueses.
6 - (PREFEITURA DE ITABAIANA, PROFESSOR DE HISTÓRIA, 2010). No final do século XIX, 
setores do Exército brasileiro tiveram sérios atritos com o governo imperial, num momento 
que culminou com o golpe de 15 de novembro de 1889. Contribuiu para isso:
a) A origem oligárquica dos oficiais que defendiam a autonomia das províncias.
b) A influência das repúblicas latino-americanas governadas por ditadores militares.
c) A oposição do Exército brasileiro ao regime absolutista de D. Pedro II.
d) As constantes intervenções dos militares no governo, após a Guerra do Paraguai.
e) A influência das ideias positivistas associadas à reivindicação de melhoria profissional 
dos militares.
7 - (VUNESP-2010) Na Primeira República (1889-1930) houve a reprodução de muitos 
aspectos da estrutura econômica e social constituída nos séculos anteriores.
Noutros termos, no final do século XIX e início do XX conviveram, simultaneamente, 
transformações e permanências históricas.
Francisco de Oliveira. Herança econômica do Segundo Império, 1985.
O texto sustenta que a Primeira República brasileira foi caracterizada por permanências e 
mudanças históricas.
De maneira geral, o período republicano, iniciado em 1889 e que se estendeu até 1930, foi 
caracterizado
a) pela predominância dos interesses dos industriais, com a exportação de bens duráveis 
e de capital.
b) por conflitos no campo, com o avanço do movimento de reforma agrária liderado pelos 
antigos monarquistas.
c) pelo poder político da oligarquia rural e pela economia de exportação de produtos 
primários.
d) pela instituição de uma democracia socialista graças à pressão exercida pelos operários 
anarquistas
e) pelo planejamento econômico feito pelo Estado, que protegia os preços dos produtos 
manufaturados.
8 - (MACK-2005) ____________ resultou da conjugação de três forças: uma parcela do Exército, 
fazendeiros do oeste paulista e representantes das classes médias urbanas que, para a 
obtenção dos seus desígnios, contaram indiretamente com o desprestígio da monarquia e 
o enfraquecimento das oligarquias tradicionais.
 Emila Viotti da Costa 
O povo assistiu àquilo bestializado, atônito, surpreso, sem conhecer o que significava. 
Muitos acreditavam sinceramente estar vendo uma parada. 
Aristides Lobo, citado por Edgard Carone
Os fragmentos de textos acima estão relacionados à: 
19
a) Revolução de 1924.
b) Revolução de 1930.
c) Proclamação da República.
d) Revolução do Porto. 
e) Revolução Constitucionalista
20
A PROCLAMAÇÃO 
DA REPÚBLICA
UNIDADE
02
21
2.1 INTRODUÇÃO
 Quando a proclamação da República ocorreu foi um marco para o processo de 
constituição da república brasileira, porém, é importante ressaltar que o ideal republicano 
não surgiu no país em torno da Proclamação. Ele não era novo no país.
 As ideias sobre o país se tornar uma república federativa circulavam desde longa 
data. Desde que o Brasil se tornou um país independente, já no Primeiro Reinado (1822-
1831) e no período das regências (1831-1840) circulavam ideias sobre o assunto. A República 
no Brasil República já vinha sendo pensada bem antes de 1889.
 Como pontua Fonseca (2007) a palavra República possuía significados diferentes na 
primeira metade do século XIX:
 - Por vezes, era pensando na concepção grega de República, entendida como uma 
forma alternativa da noção de democracia. República numa concepção mais antiga seria 
uma das formas possíveis de organização da polis , um território regido pelas mesmas leis, 
pelo mesmo governante, independente da forma de governo. 
 - Segundo a autora, República também era entendida como a precedência do 
bem comum e a prevalência da lei e da Constituição sobre os interesses individuais. Ideia 
baseada na concepção de República surgida a partir dos Estados Livres na Renascença. 
Com o desenvolvimento de um ideal republicano pelos humanistas, ligado a conceitos 
como liberdade, virtude, cidadania, autonomia, entre outros. 
 - Em terceiro lugar, uma concepção de República desenvolvida no século XVIII, 
momento no qual o foco se centrou na legitimidade, pretendendo substituir a dominação 
de alguns homens sobre outros, pela lei. Defendia um governo eletivo e temporário.
 Como pontua Costa (1991) o fim do período colonial, significou a revolta contra a 
metrópole, a negação do estatuto colonial. Com a Independência a ideia de República 
passou a significar oposição ao governo. “A primeira fase poderia ser considerada a do 
republicanismo utópico, pois não havia propriamente uma ação organizada, um partido 
republicano e muito menos um planejamento revolucionário” (COSTA, 1991, P. 478).
Polis: era o modelo das cidades gregas na Antiguidade. Eram Cidades-Estado.
GLOSSÁRIO
 Essa situação se modifica a partirde 1870 quando novas condições sociais e 
econômicas se instauram progressivamente. A ideia de república ganha prestígio e 
começam a constituir-se partidos políticos, clubes e jornais republicanos.
[...] em 1870, no mesmo ano em que se instalava a Terceira República na França, 
criou-se o partido republicano no Brasil. [...] surgiu o Partido Republicano do Rio 
de Janeiro, seguindo-se logo após a criação do núcleo de São Paulo. De 1870 até 
1889, o partido republicano ampliou sua influência. Criaram-se clubes republica-
nos em várias regiões. Surgiram jornais republicanos por todo o país. Concentra-
vam-se de preferência no Sul do país (principalmente São Paulo, Rio de Janeiro 
e Rio Grande do Sul) (COSTA, 1991, p. 478). 
 Costa (1991) expõe que na província de São Paulo o partido contava não só com 
representantes dos grupos urbanos, médicos, engenheiros, advogados, jornalistas, 
comerciantes, que constituíam em geral o núcleo mais importante do partido republicano 
22
em outras regiões do país, como também os fazendeiros do Oeste Paulista. Essa foi uma 
característica importante, pois, nesse Estado, a preponderância de fazendeiros é o que 
define em boa parte, a orientação assumida pelo partido paulista, como o fato de evitar 
manifestar-se sobre a emancipação dos escravos ou vincular o movimento a questão 
abolicionista. Com esse posicionamento o partido conservou a simpatia dos fazendeiros, 
que em grande parte continuavam dependentes da mão de obra escrava. 
 Assim, o ideal republicano se tornou um instrumento na realização das aspirações de 
mando dos membros representantes do meio rural do Oeste Paulista. São Paulo tornava-
se a região mais rica do país e com a República, esperava controlar o e poder participar do 
poder de maneira mais eficaz.
 As ideias republicanas se articulavam ao pioneirismo e as experiências 
empreendedoras dos paulistas.
O fazendeiro dessa área distinguia-se pelo espírito progressista: procurava aper-
feiçoar os métodos de beneficiamento do café, tentava substituir o escravo pelo 
imigrante, subscrevia capitais para ampliação da rede ferroviária e para a criação 
de organismos de crédito (COSTA, 1991, p. 478).
 Também na área urbana, os grupos republicanos começaram a crescer, entre os anos 
1850-70 cidades como São Paulo e Rio de Janeiro passam por uma grande modernização 
– estradas de ferro, telégrafo, primeiras indústrias – e a associação da monarquia com o 
atraso e da República com o progresso se evidenciava. A República era defendida como 
um regime político do progresso, os republicanos achavam que era um atraso haver uma 
monarquia na América.
 Enquanto em São Paulo os fazendeiros formavam o núcleo mais importante do 
partido republicano, no Rio de Janeiro e nas demais províncias a grande maioria era 
constituída por representantes das camadas urbanas. 
Figura 2: Capa da Revista Ilustrada, 1887. No centro da capa uma caricatura feita por Angelo Agostini mostrava o imperador cochilando 
tranquilamente ao ler as notícias sobre o país nos jornais. Era uma crítica à passividade e à falta de ação da monarquia para lidar com 
as dificuldades no país
Legenda embaixo da imagem: “El Rey, nosso senhor e amo, dorme o sono da...indiferença.
Os jornais que diariamente trazem os desmandos dessa situação parecem produzir o efeito de um narcótico 
Bem aventurado senhor para vós o reino do céu e para o nosso povo.. o do inferno!”
Fonte: Disponível em: https://bit.ly/2YNeJTT. Acesso em: 10 de jan. 2021
https://bit.ly/2YNeJTT
23
 A propaganda foi importante para a difusão das ideias, “a partir de 1870 contribuiu 
para solapar as bases do sistema monárquico e preparar a nação para aceitar tranquila a 
forma republicana de governo” (COSTA, 1991, p. 478). Nas últimas décadas do século XIX o 
movimento republicano intensificou-se, vários jornais se converteram ao republicanismo e 
as adesões aos ideais republicanos se multiplicaram.
Figura 3: Outro desenho de Angelo Agostini que circulou em 1888, pode ser visto como um exemplo das críticas a Monarquia e a difu-
são das ideias defendidas pelos republicanos.
 Na imagem da “malhação do Judas”, o boneco do Judas dá lugar a um capitão do mato, que veste uma camisa escrita “escravismo”.
A imagem vinha acompanhada da legenda: “Hoje é o dia em que moleques enforcam o Judas, sejamos moleques! Enforquemos, tam-
bém, a mais hedionda das nossas instituições, representada por um capitão do mato”. Fazendo assim, a defesa da abolição.
Fonte: Disponível em: https://bit.ly/2MSnKs0. Acesso em: 10 de jan. 2021
 Por fim, com o terreno propício desencadeou-se a Proclamação da República. 
Cláudia M Viscardi. R.; José Almiro de Alencar. A República revisitada: construção e 
consolidação do projeto republicano brasileiro. 
Nesse livro você poderá se aprofundar acerca do desenvolvimento das ideias re-
publicanas no Brasil e como se consolidou o golpe que deu início ao período Re-
publicano.
LINK: https://bit.ly/3tCiIRs
BUSQUE POR MAIS
2.2 AS IDEIAS REPUBLICANAS: PROJETOS 
VENCEDORES E PROJETOS DERROTADOS
 Carvalho (1990) destaca que havia no Brasil pelo menos três correntes que disputavam 
a definição da natureza do novo regime: o liberalismo à americana, o jacobinismo à francesa 
e o positivismo de Auguste Comte , defendido por Benjamin Constant. As três correntes 
combateram-se intensamente nos anos iniciais da República até a vitória de uma delas.
24
As ideias que serviram de base para o positivismo surgiram na França e na Inglaterra, duran-
te o século XVIII (aversão à religião e à metafísica, empirismo, busca de simplicidade, clareza, 
representações exatas e precisas e uniformidade na metodologia de estudo de todas as ciên-
cias). O positivismo como filosofia surgiu ligado às transformações da sociedade europeia oci-
dental, na implantação de sua industrialização, Auguste Comte foi o filósofo que desenvolveu 
essa corrente filosófica na qual o progresso social seria alcançado através da disciplina e da 
ordem. (SANTOS; SANTOS, 2012).
FIQUE ATENTO
 Divergiam quanto aos métodos a serem empregados para a conquista do poder 
e no modelo de República a ser adotado. Dentre os projetos republicanos, o Projeto 
Republicano liberal, era defendido pelas elites agrárias e pelos partidos regionais (dentre 
eles o principal era o Partido Republicano Paulista). Essas elites estavam preocupadas com 
os seus interesses em cada região. O modelo de República desejado pelas grandes elites 
regionais era o de uma República descentralizada, ou seja, que o poder dos estados se 
tornasse mais amplo. 
 O Projeto Jacobino de tendência mais Radical estava ligado aos setores urbanos e o 
Projeto Positivista, aos Oficiais do exército e o seu desejo de um Estado centralizado que 
organiza a nação e garante os direitos civis. No modelo de República deste último grupo, 
prevalecia à ideia de uma República centralizada, de tendência mais autoritária, pois, os 
militares demonstravam preocupação com a unidade nacional.
Não se pense que o Exército agia coeso e unânime. Havia certamente entre os 
militares profundas divergências, mas a adesão de uma facção de oficiais, mais 
ou menos importantes, às ideias republicanas foi decisiva para a proclamação 
da República. Quando os civis procuraram os oficiais para tramar a conspiração 
e preparar o golpe, encontraram da parte deles a melhor acolhida, ligados que 
estavam uns e outros pelo mesmo imperativo: alterar as instituições vigentes. 
O Exército já manifestara apoio à causa abolicionista recusando-se a perseguir 
escravos fugidos. Restava proclamar a República. O clube militar foi, a partir de 
então, o principal núcleo da conspiração (COSTA, 1991, p. 485).
 Houve uma aproximação das elites civis militares para o desfeche do golpe, mas 
na disputa entre os modelos de República (Civis X Militares) por fim essa luta foi ganha 
pelas elites civis. Embora nos primeiros anos os militares tenham predominado, com 
dois governantes (Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto). Logo depois se formou uma 
repúblicacivil. 
 A constituição aprovada mostra que a elite civil triunfou, porque era um modelo de 
República Federativa. Definiu-se que o Brasil ficaria dividido em vários Estados e reunido 
numa Federação desses Estados. Seguindo o modelo americano criou uma divisão de três 
poderes: executivo (que executava as leis – encaminhava leis ao congresso). Legislativo (faz 
as leis). Judiciário (julga o conflito entre os cidadãos, ou interpreta as leis, a constituição). 
 As elites regionais queriam acabar com a centralização de poder nas mãos da 
Monarquia. Quanto mais prosperavam financeiramente, mais se tornavam influentes 
politicamente e queriam defender seus interesses. Boa parte sentia-se ainda prejudicada 
pela abolição e a perda de seus “bens”. Outro grupo que se sentia desvalorizado eram os 
militares. Agregando setores descontentes, o movimento republicano foi crescendo e 
conseguiu por fim ao período imperial. Um golpe que levou a Proclamação da República 
em 15 de novembro de 1889 foi articulado pelos militares e contou com o apoio de civis.
25
Figura 4: A Proclamação da República. Quadro de Benedito Calixto, 1893.
Fonte: Acervo Pinacoteca do Estado de São Paulo
Para saber melhor acerca das articulações e o desfecho dos acontecimentos ocor-
ridos na Proclamação da República.
LINK: https://bit.ly/3rk9OWI
BUSQUE POR MAIS
Figura 5: Jornal Diário Popular. São Paulo, 16 de novembro de 1889. Com a manchete “Viva a República!” 
e o subtítulo “Eis a data que ficará consagrada como a mais solene e grandiosa de nossa vida política”.
Fonte: Arquivo Nacional.
2.3 A CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA DE 1891
 A Proclamação da República aconteceu em 15 de novembro de 1889, levando à 
formação de um Governo Provisório. Somente em junho de 1890 foram convocadas eleições 
para a assembleia Constituinte e, em 24 de fevereiro de 1891 a nova Constituição brasileira 
foi promulgada e trouxe várias mudanças para o Brasil. 
 A promulgação da primeira Constituição Republicana do Brasil foi narrada na coluna 
“O Congresso”, do Jornal Diário de Notícias do mesmo dia, que ressaltava ser um “dia de 
festa nacional”:
26
Está adaptada a Constituição dos Estados Unidos do Brazil; resta sua promul-
gação que terá lugar hoje, que por semelhante motivo deve ser dia de festa 
nacional. Depois de três meses de trabalho o Congresso apresenta ao paiz uma 
Constituição que tem defeitos, é verdade, mas que muito honra os represen-
tantes da nação que a discutiram com patriotismo e a fizeram, senão tão liberal 
em todos os seus artigos, ao menos bastante liberal na maioria d’elles, podendo 
comparar-se com as constituições mais democráticas do mundo, excedendo a 
dos Estados Unidos do Norte e a da Suíssa em muitos pontos... 
Jornal Diário de Notícias edição nº 2.065 de 24 de fevereiro de 1891
 De forte inspiração na carta constitucional norte–americana, a nova Constituição 
tornava o país: uma República Federativa (os estados teriam autonomia econômica e 
administrativa), uma República representativa (o povo seria representado por cidadãos 
eleitos pelo povo) e uma República presidencialista (poder exercido por um presidente). 
Estabelecia a divisão dos poderes (Executivo, o Legislativo e o Judiciário) e estabelecia várias 
mudanças: criação do casamento civil; as antigas províncias passaram a ser chamados 
estados; o Estado passou a ser independente da igreja e a partir de então, homens maiores 
de 21 anos e alfabetizados podiam votar. 
 Contudo, embora fosse uma república representativa, a definição do critério 
da alfabetização como elemento de qualificação dos que teriam direito a voto causa a 
marginalização política de grande parte da população.
 A Constituição de 1981 expõe a natureza excludente da República. Além de impor 
uma grave barreira no que tange a participação política da população: a exigência da 
alfabetização acabou garantindo a cidadania a poucos. Em seu texto, dentre as várias 
diretrizes, não existe nenhuma que se preocupe com o povo na época. 
 A República tem a sua Constituição, mas acaba sendo excludente, ao mesmo tempo 
em que descentralizou o poder, não favoreceu a criação de um sistema eleitoral sem vícios 
e controlado pelo poder público. Além de nem todos poderem participar, também há a 
questão de que o voto não era secreto o que possibilitava a fraude eleitoral. 
 Na Primeira República o voto é transformado em mercadoria, manipulado e 
controlado pelos chefes da política de estados e municípios. Há uma distância entre o que 
está definido na teoria (uma República – “coisa pública”) e a realidade – a elite é quem dá 
as cartas no regime representativo.
A CONSTITUIÇÃO é a lei maior do Brasil.
Ao longo da história, o Brasil teve 7 Constituições. Para saber mais sobre elas aces-
se o link.
LINK: https://bit.ly/2O8ja9N
FIQUE ATENTO
27
VAMOS PENSAR?
“O texto final da Constituição de 1891 considerou eleitores ‘os cidadãos maiores de 21 anos’, 
que se alistassem na forma da lei. João Barbalho julgou que o fato de não ter sido aprovada 
qualquer das emendas dando direito de voto às mulheres importava na exclusão destas, em 
definitivo, do eleitorado.”
(BARBALHO, João.Constituição Federal brasileira Rio de Janeiro: Lytho-Typographia, 1902. p. 291).
O voto feminino no Brasil – Foi apenas em 24 de fevereiro de 1932 que o Código Eleitoral passou 
a assegurar o voto feminino; mas, apenas para as mulheres casadas, com autorização dos 
maridos, e para viúvas com renda própria. Essas limitações deixaram de existir apenas em 
1934, quando o voto feminino passou a ser previsto na Constituição Federal.
2.4 A REPÚBLICA VELHA E OS REPUBLICANOS MILITARES
 Os primeiros anos da República são marcados pela atuação dos republicanos 
militares, pois é desse grupo social que derivam os dois primeiros presidentes do Brasil: os 
Marechais Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto. 
 Após a Proclamação da República Deodoro da Fonseca assume o governo provisório. 
No provisório atuou como presidente de 15 de novembro de 1889 a 24 de fevereiro de 1891, 
após esse período, assumiu outro mandato, dessa vez eleito, que durou de 25 de fevereiro de 
1891 a 23 de novembro de 1891. Na Constituição de 1891 estava previsto que os governantes 
seriam eleitos pelo voto direto, ou seja, pelos eleitores, pelo povo. Contudo, estabelecia que 
o primeiro presidente seria escolhido pelo Congresso Nacional. Assim, a eleição de Deodoro 
foi indireta.
No dia seguinte ao da promulgação da primeira Constituição republicana, foi 
realizada a eleição presidencial, indireta, votando os membros da Assembleia 
Constituinte. Contabilizaram-se 234 eleitores, e os resultados do pleito demons-
tram a tensão e a instabilidade desses primeiros tempos republicanos. Defron-
taram-se duas candidaturas, a primeira, da situação, formada pelo marechal De-
odoro da Fonseca e pelo almirante Eduard Wandenkolk e a segunda composta 
por Prudente de Morais, paulista que havia presidido a Constituinte, e por Flo-
riano Peixoto, militar de geração e formação distintas daquelas de Deodoro. Os 
resultados foram eloquentes: para a Presidência, é eleito Deodoro com 129 votos, 
contra 97 dados a Prudente de Morais. Para vice-presidente, no entanto – os dois 
cargos, nessa eleição não estavam vinculados -, Floriano recebeu 129 votos, en-
quanto Wanderkolk teve apenas 57 (NEVES, 2003, p. 35)
 Bastante atuante como militar, Deodoro lutou na Guerra do Paraguai e participou do 
cerco a Montevidéu, e foi comandante das Armas do Rio Grande do Sul. Como presidente, 
suas medidas não tiveram profundas influências na estrutura do Brasil. Das quais podemos 
destacar a ordem de exílio da família real; a naturalização de estrangeiros e principalmente, 
a convocação de eleições para uma Assembleia Constituinte. Deodoro era um homem de 
temperamento forte e acabou tendo dificuldades para governar. Após a promulgação da 
Constituição de 1891, a sua situação fica insustentável e ele deixa o governo. 
 Quem assume o poder é o seu vice: Floriano Peixoto, que acabou fazendo um 
governo nacionalista,austero e centralizador. Entre seus atos, estatizou a moeda, estimulou 
a indústria, repreendeu movimentos monarquistas e proibiu o Jornal do Brasil, na época 
com inclinações monarquistas.
28
 Floriano, diferentemente de Deodoro, conseguiu o apoio do exército, porém, seu 
período no poder não foi menos conturbado do que o do seu antecessor. Sendo marcado 
por várias crises políticas, econômicas e sociais. Durante seu período como presidente 
enfrentou revoltas como a Revolução Federalista no Rio Grande do Sul e a Revolta da 
Armada, a forma dura como suprimiu esses conflitos e lidou com seus opositores lhe 
rendeu o apelido de “Marechal de Ferro”. 
 Esse período governado por Deodoro e Floriano ficou conhecido como República da 
Espada, e é marcado pela forma autoritária com que os dois presidentes se comportaram 
e pelos conflitos que eclodiram em território nacional.
 O fim do governo de Floriano se dá com as eleições de 1894, que tinha como principal 
candidato um civil, representante dos cafeicultores: Prudente de Morais. Sua vitória põe 
fim à oposição de parte do exército, e os cafeicultores puderam finalmente realizar os seus 
anseios e assumir o poder no país com presidentes que os representavam. O sucessor de 
Prudente de Morais foi Campos Sales, que consolidou o poder dos fazendeiros, dando início 
à “política do café com leite”. 
OS PRESIDENTES DA PRIMEIRA REPÚBLICA
Marechal Deodoro da Fonseca (1889 – 1891)
Marechal Floriano Peixoto (1891-1894)
Prudente de Morais (1894-1898)
Campos Salles (1898-1902) 
Rodrigues Alves (1902-1906) 
Afonso Pena (1906-1909) 
Nilo Peçanha (1909-1910) 
Marechal Hermes da Fonseca (1910-1914) 
Venceslau Brás (1914-1918) 
Delfim Moreira (1919) 
Epitácio Pessoa (1919-1922) 
Artur Bernardes (1922-1926) 
Washington Luís (1926-1930)
FIQUE ATENTO
29
1 – (SEE/SP 2012 - VUNESP - Professor II – História)
Na história do mundo ocidental, as relações entre Estado e Igreja variaram muito de país a 
país e não foram uniformes no âmbito de cada país, ao longo do tempo. No caso português, 
ocorreu uma subordinação da Igreja ao Estado através de um mecanismo conhecido 
como padroado real. O padroado consistiu em uma ampla concessão da Igreja de Roma 
ao Estado português, em troca da garantia de que a Coroa promoveria e asseguraria os 
direitos e a organização da Igreja em todas as terras descobertas.
Fonte: Boris Fausto, História do Brasil.
Devido ao padroado real, Igreja e Estado estiveram intimamente ligados no Brasil. Essa 
ligação foi rompida no contexto
a) do Primeiro Reinado, quando D. Pedro I outorgou a Constituição de 1824, fazendo do 
Brasil um país laico.
b) da Regência, em que uma das principais reivindicações em várias rebeliões era a laicidade 
do Estado.
c) do Estado Novo, em que Getúlio Vargas perseguiu e combateu a Igreja visando a 
centralização do poder.
d) da República Velha, quando foi promulgada a Constituição de 1891 que estabelecia a 
separação entre o Estado e a Igreja.
e) do Segundo Reinado, devido à “questão religiosa”, enfrentamento entre a Igreja e a 
maçonaria que se tornou questão de Estado.
2 - A Proclamação da República aconteceu em 15 de novembro de 1891, levando à formação 
de um Governo Provisório. A nova Constituição brasileira foi promulgada em 1891 e implantou 
grandes mudanças no Brasil. A respeito dessa Constituição podemos afirmar que 
a) implantou o voto universal masculino para todos os homens maiores de 21 anos, 
alfabetizados e que não fossem mendigos ou soldados rasos.
b) estipulava que todos s nascidos em território brasileiro teriam direito ao voto. 
c) o presidente foi determinado como o chefe do Judiciário, e a sua escolha ocorreria a 
partir de eleições diretas para um mandato de quatro anos.
d) estipulava a realização de eleições diretas para a escolha de um novo presidente em 1910.
e) implantou o militarismo no Brasil, um sistema político que concedia certo grau de 
autonomia para os estados em relação à União.
3 - 
FIXANDO O CONTEÚDO
30
Sobre a interpretação da tirinha, é possível afirmar que: 
a) A tirinha se refere a grande participação popular na Proclamação da República. 
b) A tirinha aborda a forma o impacto que as notícias tiveram nos jornais na época a 
Proclamação da República. 
c) A tirinha não se utiliza de dados da realidade para construir o humor.
d) A tirinha demonstra estar descontextualizada acerca do que simbolizam as redes sociais 
nos dias de hoje e critica o excesso de informação. 
e) A tirinha produz uma ironia acerca dos hábitos atuais e satiriza um acontecimento 
passado a partir dos dias de hoje.
4 - República da Espada estendeu-se de 1889 a 1894 com dois presidentes militares: os 
marechais Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto. A partir de 1894, iniciou-se o período 
caracterizado pelo domínio das oligarquias e dos presidentes civis. O primeiro presidente 
civil eleito foi:
a) Campos Sales
b) Prudente de Morais
c) Hermes da Fonseca
d) Nilo Peçanha 
e) Rodrigues Alves
5 - A primeira Constituição republicana (1891) concedia o direito de voto aos brasileiros 
masculinos com mais de 21 anos, excetuando-se, entre outros, os praças militares e os 
analfabetos. Estabeleceu o voto direto e universal, suprimindo-se o censo econômico. Em 
decorrência dessa norma e de outros mecanismos constitucionais, a Primeira República 
brasileira caracterizou-se pela
a) vigência de um processo democrático abrangente, favorecendo o acesso eleitoral à 
maioria da população.
b) eleição do presidente da República em dois turnos, observando-se a presença de eleitores 
culturalmente qualificados.
c) liberdade efetiva concedida aos votantes.
d) marginalização política de grande parte da população. 
e) adoção do regime parlamentarista, ampliando o peso do voto popular na constituição 
moderador.
6)
31
A charge faz referência:
a) a discrepância entre a ideia de República como “coisa do povo” e a manutenção do 
poder nas mãos das elites. 
b) ao período republicano como um período igualitário. 
c) ao início do período de regência do monarca Deodoro da Fonseca. 
d) a Guerra de Canudos e a revoltas populares. 
e) as grandes mudanças e a melhoria de vida da população pobre que ocorreram com a 
instauração do regime republicano.
7 - O fato é que a transição do Império para a República, proclamada em 1889, constituiu 
a primeira grande mudança de regime político ocorrida desde a Independência. 
Republicanistas “puros”, como Silva Jardim, defendiam uma mudança de regime que, a 
exemplo da França, tivesse como resultado maior participação da população na vida política 
nacional. Mas, vitoriosos, os republicanos conservadores, como Campos Sales, mantiveram 
o modelo de exclusão política e sociocultural sob nova fachada. Ao “parlamentarismo sem 
povo” do Segundo Reinado, sucedeu uma República praticamente “sem povo”, ou seja, 
sem cidadania democrática.
LOPEZ, Adriana; MOTA, Carlos Guilherme. História do Brasil: uma interpretação. São Paulo: Ed. SENAC São Paulo, 2008, 
p. 552.
A participação do povo na Primeira República foi
a) bastante ampla. 
b) proibida na constituição de 1891. 
c) muito pequena. 
d) importante para a diminuição das desigualdades. 
e) o que tornou possível a instauração do novo regime político.
8 - (UECE-2007) “Havia no Brasil pelo menos três correntes que disputavam a definição da 
natureza do novo regime: o liberalismo à americana, o jacobinismo à francesa e o positivismo 
de Augusto Conte, defendido por Benjamin Constant. As três correntes combateram-se 
intensamente nos anos iniciais da República até a vitória de uma delas”.
Fonte: CARVALHO, José Murilo. A Formação das Almas – O imaginário da República no Brasil. São Paulo, Companhia das 
Letras, 1990, pp. 9-11.
A corrente vencedora foi:
a) A corrente Positivista de Benjamin Constant.
b) A corrente Liberal Americana.
c) A corrente Jacobina Francesa.
d) Um misto das correntes Positivista e Jacobina.
e) A corrente Inconfidente.
32
A POLÍTICA DAS OLIGARQUIAS UNIDADE
03
33
3.1 INTRODUÇÃO
 Quando pensamos no períododa primeira fase da República brasileira (1889-1930), 
é importante considerarmos o contexto no qual do país naquela época, um Brasil ainda 
bastante rural, no qual a elite cafeeira liderava a economia no país e controlava o governo. 
Predominava uma economia basicamente agrária, o emprego de mão de obra livre por 
assalariamento ou arrendamento, e um setor industrial em início de desenvolvimento. 
 Conforme Neves (2003) em novembro de 1889 a República foi apenas proclamada. 
Só anos mais tarde, sob o comando de Manuel Ferraz de Campos Sales (1898-1902), que 
se tornaria o grande arquiteto e o executor da obra de engenharia política que faria 
funcionar as engrenagens da Primeira República, acalmaria a turbulência da primeira 
hora republicana no Brasil. “Só então o terreno movediço e ainda indefinido da República 
brasileira se assentaria para que as bases de um equilíbrio político complexo, frágil, mas 
eficiente até a década de 1930, fossem lançadas” (NEVES, 2003, p.33).
“História do Brasil por Bóris Fausto”. Episódio 3: “República Velha “.
Nesse episódio da série documental você vai poder observar o desenvolvimento 
do Brasil no Século XX: a borracha (Norte), a pequena propriedade no Sul, o café 
(Centro-oeste) O café trouxe expansão econômica, mercado para os produtos in-
dustriais, imigração, organizações de trabalhadores. Cidades como São Paulo, Rio 
de Janeiro e Salvador, passaram por transformações urbanas e pela instalação de 
várias fábricas. O nordeste ficou a margem desse processo.
LINK: https://bit.ly/2YTVM1D
BUSQUE POR MAIS
3.2 AS OLIGARQUIAS NO BRASIL
 Uma Oligarquia é um regime político em que o poder é exercido por um pequeno 
grupo. Nas oligarquias o poder político se concentra nas mãos de um grupo de pessoas 
que podem ser pertencentes de uma família, partido político ou grupo econômico. 
 A História do Brasil está permeada de práticas oligárquicas. As Oligarquias regionais 
tem presença marcante no aparelho público institucional brasileiro. Apropriando-se 
do poder público em prol de interesses de grupos privados, os quais exercem em vários 
períodos e/ou localidades o controle político e econômico no Brasil.
 Durante muitos séculos o povo ficou praticamente ausente do poder político no 
Brasil, em sucessivos ciclos históricos é possível identificar o poder das oligarquias. É o 
caso do regime colonial no início do século XVI e a doação de terras públicas para senhores 
privados: as capitanias, e pela mercantilização dos cargos públicos. Dos senhores dos 
engenhos de açúcar e dos grandes comerciantes que negociavam para trazer africanos 
como escravos – as principais fortunas de suas épocas.
 Também na República com o poder longe das mãos da coroa formou-se um 
estruturado regime oligárquico. “as rédeas do poder do Estado, sem a mediação da coroa 
metropolitana ou da coroa imperial, estariam direta e exclusivamente nas mãos dos que 
34
– sem grandes sutilezas e com boa dose de arbítrio efetivamente imprimiam direção à 
sociedade brasileira” (NEVES, 2003, p.33). 
 Geralmente no Brasil as mudanças de regime político são fruto de uma dissidência 
da Oligarquia. Embora tenha sido uma grande marca do período da Primeira República, as 
oligarquias aparecem em outros ciclos históricos brasileiros posteriores, podemos citar os 
industriais e os banqueiros. Comumente a elite é a oligarquia e isso trás consequência para 
o país, como a acentuação da desigualdade.
 Como pontuam Ferreira e Delgado (2003) as oligarquias são “antigas, mas ainda 
usuais práticas de mandonismo local, que teimam em persistir, mesmo que possam 
parecer ultrapassadas”.
OLIGARQUIA é uma palavra grega que significa “governo de poucos”. A palavra se 
referia a uma das formas possíveis de exercício do comando ou do poder.
Para um maior aprofundamento leia o verbete “Oligarquia” de Renato Lessa.
LINK: https://bit.ly/3rkopkM
FIQUE ATENTO
Para saber mais sobre o poder exercido pelas elites no Brasil e a formação das 
oligarquias.
Renato M. Perissinotto, Luiz D. Costa, Lucas Massimo. As elites políticas: questões 
de teoria e método. 
LINK: https://bit.ly/3azbLb7
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VAMOS PENSAR?
As práticas oligárquicas no Brasil atual
Entendendo que uma OLIGARQUIA é um regime político em que o poder se con-
centra em um pequeno grupo de pessoas, para uma reflexão acerca do cenário 
político brasileiro faça uma leitura da reportagem: “Péssimos índices coincidem 
com cinco décadas de reinado dos Sarney”.
LINK: https://bit.ly/2MZgdYk
35
3.3 O CORONELISMO E A CLIENTELA POLÍTICA
 O regime representativo foi um grande avanço, mas Leal (2012) defende que a 
população, que em sua maioria era pertencente à zona rural, não estava preparada para 
este salto. Por não possuir escolaridade, era dependente dos senhores de terra e assim, 
acabava seguindo suas ordens. 
 Para o autor, as estruturas econômicas e sociais também não estavam “prontas” para 
o recebimento do poder representativo e, por esse motivo, acabou se ligando ao poder dos 
donos de terra, dando continuidade ao “coronelismo”. 
 A decadência do poder privado, ineficácia do poder público, o industrialismo precário 
e um sistema agrário ultrapassado seriam razões para que na República, o “coronelismo” 
continuasse cada vez mais consolidado nas entranhas do poder, fazendo o Estado “se 
ajoelhar” aos interesses dos grandes senhores de terra.
• O que é coronelismo?
 
 O coronelismo foi um fenômeno que aconteceu durante toda a Primeira República 
e que vai refletir diretamente na política brasileira. Os motivos dessas práticas estavam 
relacionados à questão do café. Como Minas Gerais e São Paulo eram quem comandava 
toda a estrutura política do Brasil durante o início do século XIX tiveram um papel importante 
na escolha dos representantes políticos da Primeira República. 
 O coronelismo é um sistema de barganha entre um poder público e um poder 
privado. Leal (2012, p.20) classifica o coronelismo como “resultado da superposição de 
formas desenvolvidas do regime representativo a uma estrutura econômica e social 
inadequada”. Leal (2012) expõe que no coronelismo os grandes latifúndios, os senhores 
de terra ou os coronéis atuam com muita autonomia, sendo a estrutura agrária brasileira 
o pilar de sustentação desse poder privado. A dominação oligárquica baseava-se no forte 
controle local das populações, pelos meios que julgavam cabíveis os chefes estaduais. Ou 
seja, os poderosos (poder local) tinham o controle da população.
Figura 6: Meme em referência ao coronelismo
Fonte: História no Paint
36
• Voto de cabresto
 Na Primeira República, o poder de voto se torna muito importante. Os coronéis, 
comandando uma população sem escolaridade e analfabeta, possuíam em suas mãos um 
enorme poder político. O voto direcionado pelos coronéis ficou conhecido como “voto de 
cabresto”.
• A figura do coronel
 É importante perceber o papel do coronel na estrutura da sociedade brasileira nesse 
momento. Nesse cenário, a figura do coronel foi muito importante, “dono da vontade dos 
eleitores e senhores dos currais eleitorais” (NEVES, 2003, p. 38). Todas as relações sociais 
estavam vinculadas a ele, que era o detentor do poder local e responsável pela criação 
de escolas, obras, empregos; e até mesmo pela Igreja que estava subordinada aos seus 
interesses. Para realizar essas obras ele usava o poder do Estado. 
 Essa força eleitoral “[...] empresta-lhe prestígio político, natural coroamento de sua 
privilegiada situação econômica e social de dono de terras” (LEAL, 2012, p. 45).
 Os coronéis tinham ampla autonomia em suas ações, favorecendo e desfavorecendo 
quem eles bem entendessem e servindo de salvação nos momentos de dificuldade dos 
seus subordinados devido a precária situação em que estes viviam no âmbito rural.
O termo “coronelismo” deriva dos coronéis que atuavam na Guarda Nacional. Basílio de Maga-
lhães (apud LEAL, 2012, p. 241) afirma que, “com efeito, além dos que realmente ocupavam nela 
(Guarda Nacional) tal posto, o tratamento de ‘coronel’ começoudesde logo a ser dado pelos 
sertanejos a todo e qualquer chefe político, a todo e qualquer potentado”. 
FIQUE ATENTO
 Clientelismo e o Mandonismo são dois mecanismos básicos para que o coronel 
exerça seu poder. A estrutura social era dirigida diretamente pelo coronel. Ele possuía 
meios para que o indivíduo fizesse aquilo que ele desejasse (exemplo: homens armados 
que o auxiliam, os capangas). Desafiar as ordens levava as pessoas mais simples a correm 
vários tipos de riscos ou sofrer represálias. 
 Essa força se consolida nas eleições com o voto de cabresto. Nessa forma de eleição 
o indivíduo recebia a ordem do coronel em quem ele iria votar. Como o voto ainda não 
era secreto, não era difícil pressionar e comandar as eleições. Que eram muitas vezes 
organizadas pelos próprios chefes locais. Nesse cenário, cédulas de votação poderiam 
já vir preenchidas, pessoas mortas votavam e muitas vezes existiam mais eleitores que 
habitantes nos municípios. Essa forma de eleições vigorou, e era a estrutura que organizava 
toda a política do Brasil. 
 Um aspecto fundamental do coronelismo era a reciprocidade:
[...] o sistema de reciprocidade: de um lado, os chefes municipais e os ‘coronéis’, 
que conduzem magotes de eleitores como quem toca tropa de burros; de outro 
lado, a situação política dominante no Estado, que dispõe do erário, dos empre-
gos, dos favores e da força policial, que possui, em suma, o cofre das graças e do 
poder da desgracia (LEAL, 2012, p. 63).
37
 O coronelismo “se apresenta como um sistema político, uma complexa rede de 
relações que permeia todos os níveis de atuação política” (CARVALHO, online). Como pontua 
Nunes (2012), a reciprocidade é aspecto essencial na liderança do coronel. Pois, existe uma 
dependência entre o poder público e o coronel (poder local). O critério de dependência 
segue uma sequência lógica: o poder público depende do coronel para chegar à grande 
parcela do eleitorado e o coronel depende do poder público para manter seu prestígio e 
liderança.
Filme “Gabriela, Cravo e Canela” (Bruno Barreto, 1983).
O filme é baseado no livro de Jorge Amado, a trama acompanha Gabriela, uma re-
tirante que sai do Sertão nordestino, fugindo da seca, em direção ao Sul da Bahia. 
Chegando em Ilhéus inicia um romance com Nacib. Ao assistir o filme observe o 
contexto no qual se passa, a região de Ilhéus era próspera pelo cultivo de cacau. E 
dominada pelos coronéis. Durante o desenrolar da trama é possível ver os bastido-
res da política local, muitas vezes resolvida na bala. 
Observe também os personagens: Mundinho Falcão, um forasteiro, vindo do Rio 
de Janeiro. Ele representa a modernidade, o progresso. Em contrapartida, o Coro-
nel Ramiro Bastos representante do poder local, o tradicionalismo.
LINK: https://bit.ly/2MVUD79
BUSQUE POR MAIS
 Como ressalta Neves (2003) a Primeira República teve um federalismo bastante 
peculiar, a política dos governadores garantia ao governo federal o apoio necessário, em 
especial, fornecendo uma base eleitoral, e o governo federal garantia em troca as verbas 
necessárias para a manutenção do prestígio da situação nos estados e municípios e para 
casos de necessidade, a Comissão de Verificação de Poderes, a qual se encarregava de 
corroborar os resultados eleitorais. E caso necessário, impedir a titulação dos eleitos, caso 
as rédeas da eleição lhes escapassem das mãos. Esses aspectos, introduzidos por Campos 
Sales como um arranjo para viabilizar o seu governo, - pois, em sua concepção, é dos 
estados que se governa a República - acabaram por se constituir na política real da Primeira 
República Brasileira, 
 Esse panorama vai permanecer até 1930 quando a Revolução liderada por Getúlio 
Vargas transformou radicalmente toda a estrutura social, econômica, política e cultural do 
Brasil.
VAMOS PENSAR?
Infelizmente práticas da época do coronelismo ainda podem ser encontradas no Brasil atual. 
Leia a reportagem de Gragnani para a BBC Brasil, publicada em 2020. Na qual expõe casos 
que comprovam que a compra de votos no Brasil ainda resiste. Mostra relatos em que foram 
acertados acordos para que se votasse em determinado candidato em troca de dinheiro, cesta 
básica, gasolina e até mesmo cachaça.
38
3.4 A HEGEMONIA CAFEEIRA
 O café tem uma grande importância na história do Brasil, como destaca Beltrão 
(2010, online) esta relação começou muito antes do período republicano:
A versão mais conhecida e aceita sobre a introdução do café no Brasil é a atribu-
ída a Francisco de Melo Palheta (1670-?), que em 1727 trouxe mudas e sementes 
da Guiana Francesa, plantando-as em Belém do Pará. Entretanto, existem in-
formações da existência do café no Maranhão antes dessa data. O cafeeiro não 
se fixou na região amazônica por falta de boas condições naturais, não tendo 
alcançado ali maior significado econômico. Da Amazônia parece ter vindo para 
a cidade do Rio de Janeiro por volta de 1760, quando algumas mudas foram 
plantadas pelos frades capuchinhos na rua. Dessas mudas saíram as que foram 
formar novas culturas nos arredores do Rio de Janeiro (Jacarepaguá, Campo 
Grande, Guaratiba e Santa Cruz) a cultura se irradiou pelo atual estado do Rio 
de Janeiro. Ao mesmo tempo, de São Gonçalo o café atingiu Itaboraí e Maricá, 
disseminando-se em direção a Campos e ao estado do Espírito Santo. Em Vas-
souras surgiu a capital do café brasileiro nas primeiras décadas do século XIX. De 
São João Marcos e Resende, os cafeeiros foram levados para São Paulo. Espalha-
ram-se pelo vale do Paraíba, atingiram Lorena, Taubaté, Jacareí, Mogi das Cru-
zes, até Jundiaí, de onde teriam se originado os cafezais do oeste de São Paulo. 
Em 1797, o porto de Santos registrou a exportação para Portugal de 1.924 arrobas 
de café. Na Bahia, apontam-se pequenos cafezais em 1790. Em Minas Gerais, as 
primeiras lavouras de café parecem ter surgido no final do século XVIII. Por volta 
de 1800, havia cafezais em número reduzido no Triângulo Mineiro. Em 1809, to-
davia, já era apreciável a produção de Araxá. Entretanto, a região de Minas Gerais 
onde a cultura do café se desenvolveu mais densamente foi a Zona da Mata, 
pela sua maior proximidade com o Rio de Janeiro. Seguiram-se a região vizinha 
do vale do Paraíba e os municípios de Mar de Espanha, Juiz de Fora, Leopoldina, 
Cataguases e Ubá, mais tarde centros cafeeiros da maior importância, embora a 
lavoura marchasse com êxito para o sul e oeste de Minas pelo vale do rio Preto, 
alcançando Goiás.
 Desde meados do século XIX, o café começou a ser o produto mais importante da 
economia brasileira. Com a decadência da escravidão, o estímulo para a vinda de imigrantes 
e o enriquecimento de um novo grupo social modifica-se todo o panorama brasileiro do 
século XX. 
 Há um grande enriquecimento dos fazendeiros cafeeiros, em geral paulistas. Outro 
grupo que também possuía força econômica no período eram os mineiros que produziam 
leite. Esses dois produtos se eternizaram na história brasileira através de um acordo político 
realizado na época. Em referência à produção de café (São Paulo) e de leite (Minas Gerais), 
foi criado o esquema que ficou conhecido como: Política do café com leite. 
Figura 7: Lata para armazenar café. Processo aperfeiçoado de fabricação de latas de fácil abertura e tampa suplementar. Lambert & 
Cia., Rio de Janeiro, 1919.
Fonte: Fotografia Mauro Domingues.
39
A “política dos governadores” é considerada a última etapa da montagem do 
sistema oligárquico ou liberalismo oligárquico, que permitiu, de forma duradou-
ra, o controle do poder central pela oligarquia cafeeira. Esse domínio se manifes-
tou na hegemonia política dos estados de São Paulo e Minas Gerais na indicação 
dos presidentes da República, a chamada “política do café-com-leite”, que vigo-
rou até a Revolução de 1930 (DIAS, 2010, online). 
 Dias (2010) pontua que a Política dos Governadores estava baseada no compromisso 
presidencial de não intervir nos conflitos regionais em troca da garantia do pleno controle 
do Executivo sobre

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