Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 TALITA SAUER MEDEIROS EDUCAÇÃO A DISTÂNCIAFACULDADE ÚNICA PRÁTICA PEDAGÓGICA INTERDISCIPLINAR: HISTÓRIA DO BRASIL REPÚBLICA 1 HISTÓRIA DO BRASIL REPÚBLICA I TALITA SAUER MEDEIROS 1 FACULDADE ÚNICA EDITORIAL Diretor Geral: Diretor Executivo: Ger. do Núcleo de Educação a Distância: Coord. Pedag. da Equipe Multidisciplinar: Revisão Gramatical e Ortográfica: Revisão/Diagramação/Estruturação: Design: Valdir Henrique Valério William José Ferreira Cristiane Lelis dos Santos Gilvânia Barcelos Dias Teixeira Izabel Cristina da Costa Bárbara Carla Amorim O. Silva Carla Jordânia G. de Souza Rubens Henrique L. de Oliveira Brayan Lazarino Santos Élen Cristina Teixeira Oliveira Maria Luiza Filgueiras © 2020, Faculdade Única. Este livro ou parte dele não podem ser reproduzidos por qualquer meio sem Autorização escrita do Editor. NEaD – Núcleo de Educação as Distancia FACULDADE ÚNICA Rua Salermo, 299 Anexo 03 – Bairro Bethânia – CEP: 35164-779 – Ipatinga/MG Tel (31) 2109 -2300 – 0800 724 2300 www.faculdadeunica.com.br 2 HISTÓRIA DO BRASIL REPÚBLICA I 1° edição Ipatinga, MG Faculdade Única 2020 3 4 LEGENDA DE Ícones Trata-se dos conceitos, definições e informações importantes nas quais você precisa ficar atento. Com o intuito de facilitar o seu estudo e uma melhor compreensão do conteúdo aplicado ao longo do livro didático, você irá encontrar ícones ao lado dos textos. Eles são para chamar a sua atenção para determinado trecho do conteúdo, cada um com uma função específica, mostradas a seguir: São opções de links de vídeos, artigos, sites ou livros da biblioteca virtual, relacionados ao conteúdo apresentado no livro. Espaço para reflexão sobre questões citadas em cada unidade, associando-os a suas ações. Atividades de multipla escolha para ajudar na fixação dos conteúdos abordados no livro. Apresentação dos significados de um determinado termo ou palavras mostradas no decorrer do livro. FIQUE ATENTO BUSQUE POR MAIS VAMOS PENSAR? FIXANDO O CONTEÚDO GLOSSÁRIO 5 SUMÁRIO 1.1 Introdução..........................................................................................................................................................................................8 1.2 A crise do império.........................................................................................................................................................................9 1.2.1 Insatisfações de vários grupos sociais com a monarquia...........................................................................9 1.2.2 Proclamação da República...........................................................................................................................................12 1.3 O manifesto republicano e os sentidos para a República...............................................................................13 1.4 A república: um novo tipo de governo político no Brasil.................................................................................14 2.1 Introdução........................................................................................................................................................................................21 2.2 As ideias republicanas: projetos vencedores e projetos derrotados......................................................23 2.3 A constituição brasileira de 1891......................................................................................................................................25 2.4 A república velha e os republicanos militares.......................................................................................................27 3.1 Introdução.......................................................................................................................................................................................33 3.2 As oligarquias no Brasil.........................................................................................................................................................33 3.3 O coronelismo e a clientela política...............................................................................................................................35 3.4 A hegemonia cafeeira...........................................................................................................................................................38 UNIDADE 1 UNIDADE 2 UNIDADE 3 A INSTAURAÇÃO DA REPÚBLICA A PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA 4.1 Introdução......................................................................................................................................................................................46 4.2 A revolta da armada (RJ) e a Revolução Federalista (RS).............................................................................48 4.3 Os protestos populares. As guerras de Canudos e do Contestado.........................................................52 4.4 Modernidade e urbanização.............................................................................................................................................56 UNIDADE 4 A POLÍTICA DAS OLIGARQUIAS OS CONFLITOS NA PRIMEIRA REPÚBLICA UNIDADE 5 AS ORGANIZAÇÕES DOS TRABALHADORES 5.1 Introdução.......................................................................................................................................................................................63 5.2 A circulação de ideias: o socialismo, o comunismo e o anarquismo.....................................................64 5.3 As organizações dos trabalhadores urbanos..........................................................................................................65 5.4 O modernismo na arte brasileira....................................................................................................................................68 UNIDADE 6 O FIM DA PRIMEIRA REPÚBLICA 6.1 Introdução.......................................................................................................................................................................................73 6.2 A crise oligárquica....................................................................................................................................................................73 6.3 A crise dos anos 20...................................................................................................................................................................75 6.4 O tenentismo e a coluna prestes....................................................................................................................................77 6.5 O movimento de 1930............................................................................................................................................................79 Referências Bibliográficas..........................................................................................................................................................72 6 UNIDADE 1 O Brasil do fim do século XIX e do início do XX passou por diversas transformações. Um golpe pôs fim à monarquia e instaurou no país novo sistema político: a República. Nessa Unidade veremos como se deu esse processo. UNIDADE 2 Os ideais dos grupos de republicanos brasileiros e os projetos e modelos de República desejados por eles. Assim como, a Constituição Republicana de 1891 são os temas da nossa segunda Unidade. UNIDADE 3 No foco da discussão da Unidade 3 estão as práticas políticas da Primeira República: A política dos governadores. O coronelismo e a dominação oligárquica baseada no forte controle local das populações. UNIDADE 4 Os primeiros anos da República brasileira foram marcados por divergências e disputas que geraram protestos populares e conflitos como a Revolta Armada, a Revolução Federalista e as guerras de Canudos e do Contestado. Insubordinações reprimidasduramente pelo governo republicano. UNIDADE 5 Modernidade, urbanização, imigração e a industrialização marcaram os cenários das cidades na primeira República. A demanda por mão de obra e as condições de trabalho encontradas propiciaram a circulação de ideias socialistas, comunistas e anarquistas no Brasil. UNIDADE 6 Nessa Unidade veremos que crises como a dos anos de 1920 e a crise das oligarquias e movimentos contestatórios como o Tenentismo, a Coluna Prestes e o movimento de 1930 marcaram as primeiras décadas do século XX e puseram fim a primeira República no Brasil. C O N FI R A N O L IV R O 7 A INSTAURAÇÃO DA REPÚBLICA UNIDADE 01 8 1.1 INTRODUÇÃO Para começarmos nosso estudo, vamos analisar duas importantes formas de governo: Monarquia e República. A Monarquia é caracterizada pelo poder político exercido por um monarca (rei, imperador, príncipe), de modo hereditário e vitalício. Já a República, é uma forma de governo representativo, cujo governante é eleito e permanece no poder por um tempo pré-determinado. Ambas fazem parte da História do Brasil e marcam com o desenrolar de sua trajetória política, as práticas políticas do país. O período Monárquico no Brasil é convencionalmente dividido em três fases: O Primeiro Reinado que vai da Independência do Brasil em 1822, à abdicação de Dom Pedro I em 1831. O Período Regencial, de 1831 a 1840 e o Segundo Reinado que compreende da antecipação da maioridade de Dom Pedro II em 1840, à Proclamação da República em 1889. Esta última é a fase que nos interessa aqui, pois é nesse momento que o Império passa por profundas transformações que abalam a ordem vigente. É então que o país passa a ter um regime republicano de governo, dando início à Primeira República, fruto de um golpe que pôs fim à Monarquia em 15 de novembro de 1889. A Primeira República foi um período de muitos acontecimentos na História do Brasil, como o desenvolvimento da industrialização, a vinda de muitos imigrantes, a formação de uma classe operária brasileira e com ela, o surgimento das primeiras organizações sindicais e suas reivindicações trabalhistas. Foi ainda nesse período que o Brasil consolidou seus limites territoriais. Tiveram também um grande desenvolvimento o campo da cultura, das artes e das ideias. Nesse novo regime em que ocorriam eleições para escolher os governantes do país, fervilharam muitas ideias acerca do que se queria para o Brasil. Porém, na prática muitos dos ideais republicanos, como a liberdade política, acabaram não sendo bem assim. A Primeira República foi um período marcado pelo poder das elites locais, o que fez com que esse período ficasse conhecido por denominações como República Oligárquica, República do Café com Leite, República dos Coronéis. Esse momento da experiência republicana no Brasil, de 1889 a 1930, a “Primeira República”, tem a sua ruptura com a Revolução de 1930. O período pós 1930 é então marcado pela modernização do país, pela intensificação da industrialização, ocorre a reorganização e a modernização do aparelho de Estado, e é nesse período em que se dá a conquista dos direitos trabalhistas. Uma Nova República teria surgido por oposição à anterior, que ganha então, mais uma denominação: a República Velha. Hereditário: Que se transmite por sucessão, pela pessoa falecida aos seus herdeiros. Exemplo: Príncipe que, por direito, deve herdar o poder, o rei. Vitalício: Que dura até o final da vida. GLOSSÁRIO 9 Através desse livro você poderá se aprofundar mais nas transformações que ocor- reram no Brasil no século XIX e início do XX. O contexto que levou ao fim do Império e ao golpe que o derrubou. E também o que se passou no país nas primeiras déca- das como uma república. LINK: https://bit.ly/3p0MICX BUSQUE POR MAIS 1.2 A CRISE DO IMPÉRIO Em 15 de novembro de 1889 um golpe derrubou a Monarquia e deu início à República, um evento de aparente tranquilidade em seus acontecimentos, sem confrontos armados ou derramamento de sangue. Costa (1991) pontua que para entender esse processo histórico de transição entre o período monárquico a e proclamação da república é importante considerar as tensões econômicas e sociais existentes nos fins do Segundo Reinado. É preciso conhecer as mudanças que se operam na sociedade e que propiciaram a solução revolucionária e o golpe. Já que nesse período o país passava por mudanças políticas, econômicas e sociais que contribuíram para o declínio da Monarquia e para Proclamação da República. A decadência da Monarquia criou condições para a implantação de um Regime Republicano no Brasil. No momento da independência do Brasil, a Monarquia se apresentava como a solução mais viável para o entendimento entre os interesses da Inglaterra e dos grandes proprietários de terras e de escravos, e foi nesse momento que se consolidou uma classe senhorial no Brasil. Porém, com o passar do tempo, foi ficando evidente a impossibilidade de a estrutura imperial durar por muito tempo. E no momento da Proclamação da República a Monarquia já se mostrava obsoleta. Obsoleta: fora de uso, ultrapassada. GLOSSÁRIO 1.2.1 Insatisfações de vários grupos sociais com a monarquia O Brasil Imperial era escravista e tinha uma sociedade hierarquizada, na qual a maioria da população era excluída das decisões políticas. Os anos finais do Império foram marcados pelas discussões abolicionistas. Nas décadas de 1860 -70 e principalmente na de 1880 o movimento pela abolição da escravatura no Brasil ganhou força. “O movimento abolicionista foi impulsionado em função do discurso cada vez mais frequente, principalmente na imprensa, sobre o atraso econômico e humanitário que a escravidão trazia consigo” (NUNES, 2020, p.7). E também por outros movimentos que questionavam a ordem da Monarquia e propunham outras formas de governo. 10 O fim da escravidão no Brasil foi um processo gradual. A abolição do tráfico negreiro em 1850 – estanca progressivamente a mão de obra escrava, e o Império estava estabelecido sobre o trabalho escravo. 1870 – A guerra civil americana traz à tona a questão do escravo. Apenas o Brasil seguia num regime escravista na América (conservando um regime social já universalmente condenado). 1871 – Lei do ventre livre, que declarou livre todos os filhos que nasceram de escravos. 1885 - Lei dos Sexagenários, a qual determinou a libertação dos escravos com mais de 60 anos. 1888 – Com a Lei Aurea de 13 de maio, a qual possuía apenas dois artigos: “Art. 1º É declarada extinta, desde a data desta Lei, a escravidão no Brasil. Art. 2º Revogam-se as disposições em contrário.” Finda a escravidão institucionalizada no Brasil. Tardiamente, pois, apesar de sofrer pressões internacionais desde o início do século XIX, o Império brasileiro adiou a abolição do trabalho cativo por quase 80 anos. FIQUE ATENTO Nas décadas que antecedem a Proclamação da República surgiram muitas cam- panhas, jornais, intelectuais, partidos políticos e associações abolicionistas. Eles defendiam a abolição dos escravos no Brasil e contribuíram para o seu fim. Para saber mais sobre as discussões e ações abolicionistas: LINK: https://bit.ly/3rjmJYU BUSQUE POR MAIS Por muito tempo a escravatura foi uma viga mestre sobre a qual se sustentava toda a economia brasileira. Portanto, é compreensível que a Abolição esteja atrelada ao processo que conduziu o regime monárquico ao fim. A Abolição contribuiu para alterar o quadro brasileiro (principalmente no Sul), contribuindo para as transformações do Brasil na última fase do século XIX, estando ligada a expansão da cultura do café e a imigração europeia. A partir de meados do século XIX destacou-se no país do cultivo de café, atividade voltada para a exportação que gerou muitas riquezas e também muitas transformações sociais e políticas. Com a cafeicultura, formaram-se as oligarquias rurais, principalmente nas províncias do centro- oeste. Uma oligarquia é quando o poder se concentra na mão de um grupo de pessoas (nessecaso, as elites agrárias). Durante o Império, São Paulo se tornou a região mais próspera na produção de café, mas ainda assim, pelo regime monárquico concentrar o poder de forma centralizada, os cafeicultores, por mais prósperos que fossem, não conseguiam fazer com que seus interesses predominassem. Na época a província São Paulo tornou-se a mais rica do Império por causa do café. Mas, apesar de seu poder econômico tinha pouca autonomia em relação ao governo central. Os políticos paulistas, que em sua maioria eram membros das elites rurais, passaram então a reivindicar maior autonomia para administrar a província. Começam a surgir críticas quanto a centralização da Monarquia, seu caráter hereditário, o poder excessivo nas mãos de D. Pedro II e o sistema político em geral, que excluía a maioria da população. https://bit.ly/3rjmJYU 11 A questão da abolição da escravatura também pesava para muitos fazendeiros, pois, grande parte era escravocrata e ficaram insatisfeitos por perder sua mão de obra, sem qualquer indenização. Boa parte dos fazendeiros era extremamente dependente da mão de obra escrava. A Abolição em 1888 fez a Monarquia perder o apoio das elites agrárias que se sentiram prejudicadas e passaram em benefício de seus interesses a apoiar o movimento republicano. Fi g u ra 1 : P es so as e sc ra vi za d as e ra m a p ri n ci p al fo rç a d e tr ab al h o n as fa ze n d as d e ca fé n o Im p ér io Fo n te : C h ri st ia n o Ju n io r, 18 65 Pensando nas mudanças pelas quais passava o Brasil e que colaboraram para o declínio do período Imperial, do ponto de vista econômico é notório o grande fortalecimento dos cafeicultores do Oeste paulista e o fato de que a perda de apoio político dessas elites regionais contribuiu para o fim do império. Mas é preciso ponderar acerca dos motivos dessa oposição. Segundo Costa (1991), o que se passou foi que a Abolição veio dar o golpe de morte numa estrutura colonial de produção que já sofria para se manter perante as novas condições surgidas no país, a partir de 1850. Com a Lei Áurea, a Monarquia enfraqueceu suas próprias bases, perdendo o apoio da classe senhorial, ligada ao modo tradicional de produção, uma classe rural, incapaz de se adaptar as necessidades de modernização. Por sua vez, a nova oligarquia que se formava onde se modernizavam os métodos de produção, foi quem assumiu a liderança com a Proclamação da República Federativa, a qual, realizou os anseios de autonomia que o sistema monárquico unitário e centralizado não satisfazia. Como pontua a autora, a Abolição não é propriamente a causa da República. Para ela, “ambas, Abolição e República, são sintomas de uma mesma realidade; ambas são repercussões, no nível institucional, de mudanças ocorridas na estrutura econômica do país que provocaram a destruição dos esquemas tradicionais” (COSTA, 1991, p.455). A perda de outro apoio também pesou na crise monárquica: os militares. Além da oligarquia cafeeira, os militares também estavam descontentes com o regime monárquico. Entre os republicanos havia muitos militares, especialmente oficiais do que achavam que o Exército não era devidamente valorizado pela Monarquia. O Exército saiu fortalecido da Guerra do Paraguai, conflito ocorrido entre os anos de 1864 a 1870, no qual, Brasil, Uruguai e Argentina como aliados, enfrentaram o Paraguai que pretendia expandir seu território, e os militares estavam decididos a participar da política do país. Oficiais de alta patente passaram a criticar abertamente o imperador (acusando-o de negligência com o exército e de interferências indevidas em questões militares). Outro ponto, é que exército estava cada vez mais “popular” em sua composição, passando a estar em contradição com o elitismo que sempre caracterizou o período monárquico. 12 Aos poucos os militares foram se colocando contra a Monarquia, aproximando-se daqueles que já defendiam um regime político republicano. Costa problematiza e dimensiona a participação dos militares na queda da Monarquia: A proclamação da República não é um ato fortuito, nem obra do acaso, como chegaram a insinuar os monarquistas; não é tampouco o fruto inesperado de uma parada militar. Os militares não foram meros instrumentos dos civis, nem foi um ato de indisciplina que os levou a liderar o movimento da manhã de 15 de novembro, como tem sido dito às vezes. Alguns deles tinham sólidas convicções republicanas e já vinham conspirando há algum tempo, sob a liderança de Ben- jamin Constant, Serzedelo Correia, Solon e outros. Imbuídos de ideias republi- canas, estavam convencidos de que resolveriam os problemas brasileiros liqui- dando a Monarquia e instalando a República. A ideia de que aos militares cabia a salvação da pátria generalizara-se no Exército a partir da Guerra do Paraguai, à medida que o Exército se institucionalizava. É claro que os militares estiveram em todos os tempos divididos entre várias opções e seria um grande equívoco imaginá-los como um todo. A ideia republicana contava, ao que parece, maior número de adesões entre os oficiais de patentes inferiores e alunos da Escola Militar, enquanto a Monarquia tinha o apoio dos escalões superiores (COSTA, 1991, p. 459). O que vemos, é que a Monarquia se isolava cada vez mais, perdendo suas forças de sustentação (civil e militar). As ideias republicanas não constituíam aspecto novo no país, mas encontraram um terreno fértil para se concretizar em 1889, devido a mudanças ocorridas na estrutura econômica e social do país, que levaram uma parcela da nação a defender as ideias republicanas e outra a aceitar com indiferença a queda da Monarquia. “Sem as mudanças ocorridas na estrutura, o partido republicano provavelmente não teria conseguido atingir os seus objetivos” (COSTA, 1991, p.459). 1.2.2 Proclamação da República Um golpe militar articulado por civis e militares pôs fim a Monarquia. Setores do exército se aliaram aos republicanos paulistas e deram um golpe de Estado. Assim, em 15 de novembro de 1889 foi proclamada a República. Como pontua Costa (1991) o movimento foi o resultado da união de três forças: uma parcela do Exército, os fazendeiros do Oeste Paulista e representantes das classes médias urbanas. Contudo, o golpe só foi possível porque puderam contar com o desprestígio pelo qual passava a Monarquia e com o enfraquecimento das oligarquias tradicionais. Esses grupos momentaneamente unidos em torno do ideal republicano conservavam, entretanto, profundas divergências, que logo ficaram evidentes na organização do novo regime. Período no qual as contradições eclodiram em numerosos conflitos, abalando a estabilidade dos primeiros anos da República. Os dois primeiros presidentes da República foram militares, porém, depois quem triunfou foram as elites civis. UNIVESP. Especial Proclamação da República. Nele a socióloga Ângela Alonso e o historiador Marcos Napolitano discutem como o Brasil se tornou uma república federativa depois de 389 anos de colonização portuguesa e 67 anos de Império. LINK: https://bit.ly/2YLIfsY BUSQUE POR MAIS https://bit.ly/2YLIfsY 13 A Proclamação da República do Brasil é uma das fases mais importantes de nossa história recente, porém, em seu processo ela não contou com a participação popular. Um dos fatores mais marcantes deste período, destacado pelo historiador José Murilo de Car- valho em suas obras, foi a passividade do povo brasileiro durante esse processo. O autor res- salta que o povo não participou das mudanças que levaram a passagem da Monarquia para a República no Brasil, eles assistiram a tudo bestializados (CARVALHO, 1987). FIQUE ATENTO 1.3 O MANIFESTO REPUBLICANO E OS SENTIDOS PARA A REPÚBLICA Há tempos, vários grupos discutiam as ideias republicanas no Brasil. Principalmente em São Paulo cresciam os defensores da República. Mas, os pensamentos dos republicanos brasileiro só aparecem sistematizados no Manifesto Republicano, publicadono jornal A República, na edição de 3 de dezembro de 1870. Inspirado pela república norte americana, o “documento almejava que o país se transformasse em uma República federativa para se adequar à realidade dos demais países do continente e garantir uma relativa autonomia das províncias em relação ao governo central” (CASTRO, 2019, p.4). Embora houvesse tendências políticas e filosóficas diferentes dentro do movimento republicano, as ideias de federação e de progresso eram comuns a todas elas. Assim foi possível uma união para a escrita do Manifesto Republicano de 1870. A ideia de Federação previa que cada uma das províncias teria liberdade, tanto de escolher seus líderes, quanto de tomar decisões sobre seu território. Era uma ideia que defendia a autonomia das províncias (ainda não eram estados) e que interessava particularmente aos cafeicultores de São Paulo, pois assim eles poderiam garantir a liberdade e negociar com o mercado externo. No Manifesto a centralização política do Império é bastante criticada, afirmando que devido a centralização, o governo imperial não dava conta de resolver os problemas regionais. As ideias republicanas expressas no Manifesto expunham a associação que muitos faziam da Monarquia com o atraso e da República com o progresso. Estes consideravam um atraso haver monarquia na América. Vendo na República o Regime político do progresso. Essa visão está atrelada ao contexto da época, pois em alguns lugares do país, se vivia uma grande modernização, e também um crescimento das cidades e das indústrias. No Manifesto estava previsto ainda o ensino laico, a separação entre o Estado e a Igreja e a renovação do Senado. Laico: se refere ao que é separado e independente da influência da Igreja. GLOSSÁRIO O Manifesto teve boa repercussão e muitos aderiram às ideias expostas por ele. Estudantes, profissionais liberais membros das camadas urbanas e as elites cafeicultoras tornam-se fortes representantes do republicanismo no Brasil. Surgem diversos clubes e Partidos Republicanos, sendo o mais importe deles na época o Partido republicano Paulista (PRP). 14 Manifesto Republicano de 1870 completo LINK: https://bit.ly/3aNHzcv BUSQUE POR MAIS REPÚPLICA NORTE-AMERICANA: prevalência da Constituição e dos direitos inalienáveis. Nos Estados Unidos o republicanismo é o sistema de valores políticos que vem sendo a parte principal do pensamento cívico dos EUA desde a Revolução Americana. Ela enfatiza a liber- dade e os direitos inalienáveis como valores centrais, faz do povo, como um todo, soberano, rejeita o poder herdado, espera que os cidadãos sejam independentes em sua atuação nos deveres cívicos, e condena a corrupção política. FIQUE ATENTO 1.4 A REPÚBLICA: UM NOVO TIPO DE GOVERNO POLÍTICO NO BRASIL REPÚBLICA - A palavra República tem como origem os termos latinos “res”, que quer dizer coi- sa, e “pública”, do povo, ou seja, podemos conceituar República como coisa do povo. As principais características dessa forma de governo: • Elegibilidade dos representantes (as autoridades chegam ao poder pela eleição). • Temporariedade mandato (existe um tempo pré-determinado no qual permanecerá no car- go) • Responsabilidade dos governantes (Devem prestar contas). • Cabe ao povo o exercício soberano do poder (através da escolha dos seus líderes). ELEIÇÃO – A eleição pode ser direta ou indireta. Eleição direta se dá quando o eleitor vota diretamente no seu representante. Eleição indireta se dá quando o povo escolhe um colégio eleitoral e este, por sua vez, escolhe o dirigente supremo do Estado e/ou do governo. ELEITORES - Aos eleitores cabe estudar com discernimento cada um dos candidatos antes de votar e exigir dos eleitos que trabalhem voltados para o bem público. Por outro lado, aos ocu- pantes de cargos públicos, sejam eles eletivos ou concursados, cabe observar que seus cargos são públicos e é a população que devem destinar seus trabalhos. FIQUE ATENTO 15 A partir da Proclamação da República se inicia um novo tipo de governo político até então inédito na História do Brasil. O país ficava dividido em vários estados e reunido numa federação desses estados. Seguindo o modelo americano criou-se uma divisão em três poderes: executivo (que executava as leis – encaminhava leis para o congresso), Legislativo (faz as leis), Judiciário (julga o conflito entre os cidadãos, ou interpreta as leis, a Constituição). Na República, temos uma organização de um governo que teoricamente deveria dar mais autonomia aos estados e maior direito de participação política aos cidadãos do país. Todavia, o período da Primeira República, que perdurou por 41 anos (1889 – 1930) foi marcado não só pela mudança do regime político (fim do Império – início da Republica), mas em especial, por uma forma de organização do poder que acabou sendo uma das principais características do período: o poder das oligarquias regionais e a permanência do poder nas mãos das elites. A República nesse momento estruturou um grande arranjo político que se manteve por décadas e foi capaz de assegurar o poder nas mãos das elites econômicas latifundiárias. A mesma elite que anteriormente concentrava a riqueza durante a época monárquica garantiu o poder na República, e o controle em um regime político em tese democrático. VAMOS PENSAR? Atualmente no Brasil vivemos em um modelo de democracia representativa, onde a socieda- de delega a um representante o direito de representá-los, e de tomar as decisões em favor dos interesses de toda a população. O voto é o mecanismo pelo qual os representantes são eleitos, mas, durante muitos anos o direito ao voto foi negado a muitas pessoas, seja por cor, condição social, gênero ou grau de instrução. Aos poucos se pôde observar no Brasil a extensão deste direito a uma grande parcela popula- cional mais ampla e diversa. Contudo, isso se dá em decorrência de muita luta e reinvindica- ção de direitos civis e sociais. 16 1 - (SEE-MG, com adaptações) Leia o texto abaixo. Enfermo a 14 de novembro, na segunda-feira o velho Lima voltou ao trabalho, ignorando que no entretempo caíra o regime. Sentou-se, e viu que tinham tirado da parede a velha litografia representando D. Pedro de Alcântara. Como na ocasião passasse um contínuo, perguntou-lhe: - Por que tiraram da parede o retrato de sua majestade? O contínuo respondeu, num tom lentamente desdenhoso: - Ora, cidadão, que fazia ali a figura do Pedro Banana? - Pedro Banana! - repetiu raivoso o velho Lima. E sentando-se, pensou com tristeza: - Não dou três anos para que isto seja uma república! (Arthur de Azevedo. Vidas Alheias (1901). In: Lilia Moritz Schwarcz. As barbas do imperador: D. Pedro II, um monarca nos trópicos. São Paulo: Companhia das Letras, 1998. p. 470) Este texto literário indica a) os conflitos de uma sociedade em transição, que passava por mudanças na configuração da mão de obra e no cenário econômico, assim como intensa disputa entre as elites pelo controle do poder governamental. b) as mudanças sociais trazidas pela guerra contra o Paraguai, com a vitória brasileira fortalecendo a monarquia e ampliando o apoio ao imperador, inclusive entre setores populares. c) a intensa participação popular no golpe militar que marcou o final da monarquia e o início da república, bastante valorizada pelos intelectuais do período. d) os conflitos que deram origem a denominação do Brasil como uma “República das bananas”. e) as dinâmicas que caracterizaram esse período de transição, com as mudanças políticas acontecendo desvinculadas do cenário social e econômico. 2 - Como episódio, a passagem do Império para a República foi quase um passeio. Os anos posteriores a 15 de novembro se caracterizaram por uma grande incerteza. (Fausto, Boris - História concisa do Brasil, São Paulo, Ed. Da Universidade de São Paulo, 2002). No início do período republicano no Brasil: a) Havia divergências entre os partidos políticos como o Partido Republicano e o Partido Novo Imperial. b) Os representantespolíticos da classe dominante de São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, defendiam a ideia de República centralizada e parlamentar. c) Os militares tiveram bastante influência nos primeiros anos da república. FIXANDO O CONTEÚDO izabel.cristina Balão 17 d) Havia uma coesão de ideias entre os militares, inclusive o exército e a marinha, que compartilhavam das mesmas concepções. e) Havia uma grande pressão popular pela volta da Monarquia 3 - Com relação a mão de obra nas fazendas de café no Império: a) Escravos eram a principal força de trabalho. b) Os povos indígenas colaboravam nas plantações. c) Os imigrantes italianos e árabes constituíam a principal força de trabalho. d) Desde o início predominou a mão de obra assalariada. e) A produção passava por um período de modernização, com a substituição dos trabalhadores por máquinas. 4 - O termo oligarquia, tal como boa parte do léxico político ainda hoje disponível, tem sua origem na linguagem desenvolvida pelos antigos gregos. Inventores da democracia, e do termo usado para designá-la, cunharam os gregos a palavra oligarquia. O termo oligarquia, no entanto, não era o único a designar uma forma de governo controlada por poucos. Em grande medida, a aristocracia – outra forma nomeada pelos antigos gregos – também pode ser definida como um modo no qual poucos governam. Contudo, o que, desde o início, qualifica a aristocracia como forma de governo específica não é tanto esse último traço – o de ser um governo de poucos –, e sim sua definição como governo no qual os melhores (aristoi) detêm o poder (kratos). Fonte: LESSA, Renato. Oligarquia. In: CPDOC. Fundação Getúlio Vargas (FGV). Dicionário da Elite Política Republicana (1889-1930). Disponível: https://cpdoc.fgv.br/dicionario-primeira-republica Acesso em: 29 nov. 2020. (adaptado). De acordo com o texto, podemos afirmar que: a) Oligarquia e Aristocracia são sinônimos. b) Aristocracia e as Oligarquias são as bases de um regime parlamentar, voltado para o usufruto privado. c) Tanto a Aristocracia quanto a Oligarquia são marcadas pelo poder exercido de forma democrática. d) Embora oligarquia e aristocracia tenham em comum sua oposição ao governo de todos, distinguem-se entre si de modo claro por suas finalidades. e) Oligarquia e Aristocracia são formas de governo ditatoriais. 5 - (MACK-2004) A Proclamação da República, em novembro de 1889, apontou para a crise decorrente das transformações econômicas e sociais verificadas no país desde a segunda metade do século XIX. Com relação a essas transformações, podemos afirmar que: a) a abolição da escravidão foi contrária aos interesses dos novos setores agrários, representados pelos cafeicultores do Oeste paulista. b) as instituições monárquicas haviam se tornado incapazes de realizar as mudanças necessárias para a dinamização da vida social e econômica do país. c) os setores populares, como os trabalhadores do campo e da cidade, e as classes médias atuaram ativamente para a mudança do regime monárquico. d) o Exército brasileiro, após a Guerra do Paraguai, foi o único segmento da sociedade a permanecer fiel à monarquia. 18 e) apesar de o país atravessar uma série de mudanças, o poder econômico continuava nas mãos dos antigos comerciantes portugueses. 6 - (PREFEITURA DE ITABAIANA, PROFESSOR DE HISTÓRIA, 2010). No final do século XIX, setores do Exército brasileiro tiveram sérios atritos com o governo imperial, num momento que culminou com o golpe de 15 de novembro de 1889. Contribuiu para isso: a) A origem oligárquica dos oficiais que defendiam a autonomia das províncias. b) A influência das repúblicas latino-americanas governadas por ditadores militares. c) A oposição do Exército brasileiro ao regime absolutista de D. Pedro II. d) As constantes intervenções dos militares no governo, após a Guerra do Paraguai. e) A influência das ideias positivistas associadas à reivindicação de melhoria profissional dos militares. 7 - (VUNESP-2010) Na Primeira República (1889-1930) houve a reprodução de muitos aspectos da estrutura econômica e social constituída nos séculos anteriores. Noutros termos, no final do século XIX e início do XX conviveram, simultaneamente, transformações e permanências históricas. Francisco de Oliveira. Herança econômica do Segundo Império, 1985. O texto sustenta que a Primeira República brasileira foi caracterizada por permanências e mudanças históricas. De maneira geral, o período republicano, iniciado em 1889 e que se estendeu até 1930, foi caracterizado a) pela predominância dos interesses dos industriais, com a exportação de bens duráveis e de capital. b) por conflitos no campo, com o avanço do movimento de reforma agrária liderado pelos antigos monarquistas. c) pelo poder político da oligarquia rural e pela economia de exportação de produtos primários. d) pela instituição de uma democracia socialista graças à pressão exercida pelos operários anarquistas e) pelo planejamento econômico feito pelo Estado, que protegia os preços dos produtos manufaturados. 8 - (MACK-2005) ____________ resultou da conjugação de três forças: uma parcela do Exército, fazendeiros do oeste paulista e representantes das classes médias urbanas que, para a obtenção dos seus desígnios, contaram indiretamente com o desprestígio da monarquia e o enfraquecimento das oligarquias tradicionais. Emila Viotti da Costa O povo assistiu àquilo bestializado, atônito, surpreso, sem conhecer o que significava. Muitos acreditavam sinceramente estar vendo uma parada. Aristides Lobo, citado por Edgard Carone Os fragmentos de textos acima estão relacionados à: 19 a) Revolução de 1924. b) Revolução de 1930. c) Proclamação da República. d) Revolução do Porto. e) Revolução Constitucionalista 20 A PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA UNIDADE 02 21 2.1 INTRODUÇÃO Quando a proclamação da República ocorreu foi um marco para o processo de constituição da república brasileira, porém, é importante ressaltar que o ideal republicano não surgiu no país em torno da Proclamação. Ele não era novo no país. As ideias sobre o país se tornar uma república federativa circulavam desde longa data. Desde que o Brasil se tornou um país independente, já no Primeiro Reinado (1822- 1831) e no período das regências (1831-1840) circulavam ideias sobre o assunto. A República no Brasil República já vinha sendo pensada bem antes de 1889. Como pontua Fonseca (2007) a palavra República possuía significados diferentes na primeira metade do século XIX: - Por vezes, era pensando na concepção grega de República, entendida como uma forma alternativa da noção de democracia. República numa concepção mais antiga seria uma das formas possíveis de organização da polis , um território regido pelas mesmas leis, pelo mesmo governante, independente da forma de governo. - Segundo a autora, República também era entendida como a precedência do bem comum e a prevalência da lei e da Constituição sobre os interesses individuais. Ideia baseada na concepção de República surgida a partir dos Estados Livres na Renascença. Com o desenvolvimento de um ideal republicano pelos humanistas, ligado a conceitos como liberdade, virtude, cidadania, autonomia, entre outros. - Em terceiro lugar, uma concepção de República desenvolvida no século XVIII, momento no qual o foco se centrou na legitimidade, pretendendo substituir a dominação de alguns homens sobre outros, pela lei. Defendia um governo eletivo e temporário. Como pontua Costa (1991) o fim do período colonial, significou a revolta contra a metrópole, a negação do estatuto colonial. Com a Independência a ideia de República passou a significar oposição ao governo. “A primeira fase poderia ser considerada a do republicanismo utópico, pois não havia propriamente uma ação organizada, um partido republicano e muito menos um planejamento revolucionário” (COSTA, 1991, P. 478). Polis: era o modelo das cidades gregas na Antiguidade. Eram Cidades-Estado. GLOSSÁRIO Essa situação se modifica a partirde 1870 quando novas condições sociais e econômicas se instauram progressivamente. A ideia de república ganha prestígio e começam a constituir-se partidos políticos, clubes e jornais republicanos. [...] em 1870, no mesmo ano em que se instalava a Terceira República na França, criou-se o partido republicano no Brasil. [...] surgiu o Partido Republicano do Rio de Janeiro, seguindo-se logo após a criação do núcleo de São Paulo. De 1870 até 1889, o partido republicano ampliou sua influência. Criaram-se clubes republica- nos em várias regiões. Surgiram jornais republicanos por todo o país. Concentra- vam-se de preferência no Sul do país (principalmente São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul) (COSTA, 1991, p. 478). Costa (1991) expõe que na província de São Paulo o partido contava não só com representantes dos grupos urbanos, médicos, engenheiros, advogados, jornalistas, comerciantes, que constituíam em geral o núcleo mais importante do partido republicano 22 em outras regiões do país, como também os fazendeiros do Oeste Paulista. Essa foi uma característica importante, pois, nesse Estado, a preponderância de fazendeiros é o que define em boa parte, a orientação assumida pelo partido paulista, como o fato de evitar manifestar-se sobre a emancipação dos escravos ou vincular o movimento a questão abolicionista. Com esse posicionamento o partido conservou a simpatia dos fazendeiros, que em grande parte continuavam dependentes da mão de obra escrava. Assim, o ideal republicano se tornou um instrumento na realização das aspirações de mando dos membros representantes do meio rural do Oeste Paulista. São Paulo tornava- se a região mais rica do país e com a República, esperava controlar o e poder participar do poder de maneira mais eficaz. As ideias republicanas se articulavam ao pioneirismo e as experiências empreendedoras dos paulistas. O fazendeiro dessa área distinguia-se pelo espírito progressista: procurava aper- feiçoar os métodos de beneficiamento do café, tentava substituir o escravo pelo imigrante, subscrevia capitais para ampliação da rede ferroviária e para a criação de organismos de crédito (COSTA, 1991, p. 478). Também na área urbana, os grupos republicanos começaram a crescer, entre os anos 1850-70 cidades como São Paulo e Rio de Janeiro passam por uma grande modernização – estradas de ferro, telégrafo, primeiras indústrias – e a associação da monarquia com o atraso e da República com o progresso se evidenciava. A República era defendida como um regime político do progresso, os republicanos achavam que era um atraso haver uma monarquia na América. Enquanto em São Paulo os fazendeiros formavam o núcleo mais importante do partido republicano, no Rio de Janeiro e nas demais províncias a grande maioria era constituída por representantes das camadas urbanas. Figura 2: Capa da Revista Ilustrada, 1887. No centro da capa uma caricatura feita por Angelo Agostini mostrava o imperador cochilando tranquilamente ao ler as notícias sobre o país nos jornais. Era uma crítica à passividade e à falta de ação da monarquia para lidar com as dificuldades no país Legenda embaixo da imagem: “El Rey, nosso senhor e amo, dorme o sono da...indiferença. Os jornais que diariamente trazem os desmandos dessa situação parecem produzir o efeito de um narcótico Bem aventurado senhor para vós o reino do céu e para o nosso povo.. o do inferno!” Fonte: Disponível em: https://bit.ly/2YNeJTT. Acesso em: 10 de jan. 2021 https://bit.ly/2YNeJTT 23 A propaganda foi importante para a difusão das ideias, “a partir de 1870 contribuiu para solapar as bases do sistema monárquico e preparar a nação para aceitar tranquila a forma republicana de governo” (COSTA, 1991, p. 478). Nas últimas décadas do século XIX o movimento republicano intensificou-se, vários jornais se converteram ao republicanismo e as adesões aos ideais republicanos se multiplicaram. Figura 3: Outro desenho de Angelo Agostini que circulou em 1888, pode ser visto como um exemplo das críticas a Monarquia e a difu- são das ideias defendidas pelos republicanos. Na imagem da “malhação do Judas”, o boneco do Judas dá lugar a um capitão do mato, que veste uma camisa escrita “escravismo”. A imagem vinha acompanhada da legenda: “Hoje é o dia em que moleques enforcam o Judas, sejamos moleques! Enforquemos, tam- bém, a mais hedionda das nossas instituições, representada por um capitão do mato”. Fazendo assim, a defesa da abolição. Fonte: Disponível em: https://bit.ly/2MSnKs0. Acesso em: 10 de jan. 2021 Por fim, com o terreno propício desencadeou-se a Proclamação da República. Cláudia M Viscardi. R.; José Almiro de Alencar. A República revisitada: construção e consolidação do projeto republicano brasileiro. Nesse livro você poderá se aprofundar acerca do desenvolvimento das ideias re- publicanas no Brasil e como se consolidou o golpe que deu início ao período Re- publicano. LINK: https://bit.ly/3tCiIRs BUSQUE POR MAIS 2.2 AS IDEIAS REPUBLICANAS: PROJETOS VENCEDORES E PROJETOS DERROTADOS Carvalho (1990) destaca que havia no Brasil pelo menos três correntes que disputavam a definição da natureza do novo regime: o liberalismo à americana, o jacobinismo à francesa e o positivismo de Auguste Comte , defendido por Benjamin Constant. As três correntes combateram-se intensamente nos anos iniciais da República até a vitória de uma delas. 24 As ideias que serviram de base para o positivismo surgiram na França e na Inglaterra, duran- te o século XVIII (aversão à religião e à metafísica, empirismo, busca de simplicidade, clareza, representações exatas e precisas e uniformidade na metodologia de estudo de todas as ciên- cias). O positivismo como filosofia surgiu ligado às transformações da sociedade europeia oci- dental, na implantação de sua industrialização, Auguste Comte foi o filósofo que desenvolveu essa corrente filosófica na qual o progresso social seria alcançado através da disciplina e da ordem. (SANTOS; SANTOS, 2012). FIQUE ATENTO Divergiam quanto aos métodos a serem empregados para a conquista do poder e no modelo de República a ser adotado. Dentre os projetos republicanos, o Projeto Republicano liberal, era defendido pelas elites agrárias e pelos partidos regionais (dentre eles o principal era o Partido Republicano Paulista). Essas elites estavam preocupadas com os seus interesses em cada região. O modelo de República desejado pelas grandes elites regionais era o de uma República descentralizada, ou seja, que o poder dos estados se tornasse mais amplo. O Projeto Jacobino de tendência mais Radical estava ligado aos setores urbanos e o Projeto Positivista, aos Oficiais do exército e o seu desejo de um Estado centralizado que organiza a nação e garante os direitos civis. No modelo de República deste último grupo, prevalecia à ideia de uma República centralizada, de tendência mais autoritária, pois, os militares demonstravam preocupação com a unidade nacional. Não se pense que o Exército agia coeso e unânime. Havia certamente entre os militares profundas divergências, mas a adesão de uma facção de oficiais, mais ou menos importantes, às ideias republicanas foi decisiva para a proclamação da República. Quando os civis procuraram os oficiais para tramar a conspiração e preparar o golpe, encontraram da parte deles a melhor acolhida, ligados que estavam uns e outros pelo mesmo imperativo: alterar as instituições vigentes. O Exército já manifestara apoio à causa abolicionista recusando-se a perseguir escravos fugidos. Restava proclamar a República. O clube militar foi, a partir de então, o principal núcleo da conspiração (COSTA, 1991, p. 485). Houve uma aproximação das elites civis militares para o desfeche do golpe, mas na disputa entre os modelos de República (Civis X Militares) por fim essa luta foi ganha pelas elites civis. Embora nos primeiros anos os militares tenham predominado, com dois governantes (Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto). Logo depois se formou uma repúblicacivil. A constituição aprovada mostra que a elite civil triunfou, porque era um modelo de República Federativa. Definiu-se que o Brasil ficaria dividido em vários Estados e reunido numa Federação desses Estados. Seguindo o modelo americano criou uma divisão de três poderes: executivo (que executava as leis – encaminhava leis ao congresso). Legislativo (faz as leis). Judiciário (julga o conflito entre os cidadãos, ou interpreta as leis, a constituição). As elites regionais queriam acabar com a centralização de poder nas mãos da Monarquia. Quanto mais prosperavam financeiramente, mais se tornavam influentes politicamente e queriam defender seus interesses. Boa parte sentia-se ainda prejudicada pela abolição e a perda de seus “bens”. Outro grupo que se sentia desvalorizado eram os militares. Agregando setores descontentes, o movimento republicano foi crescendo e conseguiu por fim ao período imperial. Um golpe que levou a Proclamação da República em 15 de novembro de 1889 foi articulado pelos militares e contou com o apoio de civis. 25 Figura 4: A Proclamação da República. Quadro de Benedito Calixto, 1893. Fonte: Acervo Pinacoteca do Estado de São Paulo Para saber melhor acerca das articulações e o desfecho dos acontecimentos ocor- ridos na Proclamação da República. LINK: https://bit.ly/3rk9OWI BUSQUE POR MAIS Figura 5: Jornal Diário Popular. São Paulo, 16 de novembro de 1889. Com a manchete “Viva a República!” e o subtítulo “Eis a data que ficará consagrada como a mais solene e grandiosa de nossa vida política”. Fonte: Arquivo Nacional. 2.3 A CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA DE 1891 A Proclamação da República aconteceu em 15 de novembro de 1889, levando à formação de um Governo Provisório. Somente em junho de 1890 foram convocadas eleições para a assembleia Constituinte e, em 24 de fevereiro de 1891 a nova Constituição brasileira foi promulgada e trouxe várias mudanças para o Brasil. A promulgação da primeira Constituição Republicana do Brasil foi narrada na coluna “O Congresso”, do Jornal Diário de Notícias do mesmo dia, que ressaltava ser um “dia de festa nacional”: 26 Está adaptada a Constituição dos Estados Unidos do Brazil; resta sua promul- gação que terá lugar hoje, que por semelhante motivo deve ser dia de festa nacional. Depois de três meses de trabalho o Congresso apresenta ao paiz uma Constituição que tem defeitos, é verdade, mas que muito honra os represen- tantes da nação que a discutiram com patriotismo e a fizeram, senão tão liberal em todos os seus artigos, ao menos bastante liberal na maioria d’elles, podendo comparar-se com as constituições mais democráticas do mundo, excedendo a dos Estados Unidos do Norte e a da Suíssa em muitos pontos... Jornal Diário de Notícias edição nº 2.065 de 24 de fevereiro de 1891 De forte inspiração na carta constitucional norte–americana, a nova Constituição tornava o país: uma República Federativa (os estados teriam autonomia econômica e administrativa), uma República representativa (o povo seria representado por cidadãos eleitos pelo povo) e uma República presidencialista (poder exercido por um presidente). Estabelecia a divisão dos poderes (Executivo, o Legislativo e o Judiciário) e estabelecia várias mudanças: criação do casamento civil; as antigas províncias passaram a ser chamados estados; o Estado passou a ser independente da igreja e a partir de então, homens maiores de 21 anos e alfabetizados podiam votar. Contudo, embora fosse uma república representativa, a definição do critério da alfabetização como elemento de qualificação dos que teriam direito a voto causa a marginalização política de grande parte da população. A Constituição de 1981 expõe a natureza excludente da República. Além de impor uma grave barreira no que tange a participação política da população: a exigência da alfabetização acabou garantindo a cidadania a poucos. Em seu texto, dentre as várias diretrizes, não existe nenhuma que se preocupe com o povo na época. A República tem a sua Constituição, mas acaba sendo excludente, ao mesmo tempo em que descentralizou o poder, não favoreceu a criação de um sistema eleitoral sem vícios e controlado pelo poder público. Além de nem todos poderem participar, também há a questão de que o voto não era secreto o que possibilitava a fraude eleitoral. Na Primeira República o voto é transformado em mercadoria, manipulado e controlado pelos chefes da política de estados e municípios. Há uma distância entre o que está definido na teoria (uma República – “coisa pública”) e a realidade – a elite é quem dá as cartas no regime representativo. A CONSTITUIÇÃO é a lei maior do Brasil. Ao longo da história, o Brasil teve 7 Constituições. Para saber mais sobre elas aces- se o link. LINK: https://bit.ly/2O8ja9N FIQUE ATENTO 27 VAMOS PENSAR? “O texto final da Constituição de 1891 considerou eleitores ‘os cidadãos maiores de 21 anos’, que se alistassem na forma da lei. João Barbalho julgou que o fato de não ter sido aprovada qualquer das emendas dando direito de voto às mulheres importava na exclusão destas, em definitivo, do eleitorado.” (BARBALHO, João.Constituição Federal brasileira Rio de Janeiro: Lytho-Typographia, 1902. p. 291). O voto feminino no Brasil – Foi apenas em 24 de fevereiro de 1932 que o Código Eleitoral passou a assegurar o voto feminino; mas, apenas para as mulheres casadas, com autorização dos maridos, e para viúvas com renda própria. Essas limitações deixaram de existir apenas em 1934, quando o voto feminino passou a ser previsto na Constituição Federal. 2.4 A REPÚBLICA VELHA E OS REPUBLICANOS MILITARES Os primeiros anos da República são marcados pela atuação dos republicanos militares, pois é desse grupo social que derivam os dois primeiros presidentes do Brasil: os Marechais Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto. Após a Proclamação da República Deodoro da Fonseca assume o governo provisório. No provisório atuou como presidente de 15 de novembro de 1889 a 24 de fevereiro de 1891, após esse período, assumiu outro mandato, dessa vez eleito, que durou de 25 de fevereiro de 1891 a 23 de novembro de 1891. Na Constituição de 1891 estava previsto que os governantes seriam eleitos pelo voto direto, ou seja, pelos eleitores, pelo povo. Contudo, estabelecia que o primeiro presidente seria escolhido pelo Congresso Nacional. Assim, a eleição de Deodoro foi indireta. No dia seguinte ao da promulgação da primeira Constituição republicana, foi realizada a eleição presidencial, indireta, votando os membros da Assembleia Constituinte. Contabilizaram-se 234 eleitores, e os resultados do pleito demons- tram a tensão e a instabilidade desses primeiros tempos republicanos. Defron- taram-se duas candidaturas, a primeira, da situação, formada pelo marechal De- odoro da Fonseca e pelo almirante Eduard Wandenkolk e a segunda composta por Prudente de Morais, paulista que havia presidido a Constituinte, e por Flo- riano Peixoto, militar de geração e formação distintas daquelas de Deodoro. Os resultados foram eloquentes: para a Presidência, é eleito Deodoro com 129 votos, contra 97 dados a Prudente de Morais. Para vice-presidente, no entanto – os dois cargos, nessa eleição não estavam vinculados -, Floriano recebeu 129 votos, en- quanto Wanderkolk teve apenas 57 (NEVES, 2003, p. 35) Bastante atuante como militar, Deodoro lutou na Guerra do Paraguai e participou do cerco a Montevidéu, e foi comandante das Armas do Rio Grande do Sul. Como presidente, suas medidas não tiveram profundas influências na estrutura do Brasil. Das quais podemos destacar a ordem de exílio da família real; a naturalização de estrangeiros e principalmente, a convocação de eleições para uma Assembleia Constituinte. Deodoro era um homem de temperamento forte e acabou tendo dificuldades para governar. Após a promulgação da Constituição de 1891, a sua situação fica insustentável e ele deixa o governo. Quem assume o poder é o seu vice: Floriano Peixoto, que acabou fazendo um governo nacionalista,austero e centralizador. Entre seus atos, estatizou a moeda, estimulou a indústria, repreendeu movimentos monarquistas e proibiu o Jornal do Brasil, na época com inclinações monarquistas. 28 Floriano, diferentemente de Deodoro, conseguiu o apoio do exército, porém, seu período no poder não foi menos conturbado do que o do seu antecessor. Sendo marcado por várias crises políticas, econômicas e sociais. Durante seu período como presidente enfrentou revoltas como a Revolução Federalista no Rio Grande do Sul e a Revolta da Armada, a forma dura como suprimiu esses conflitos e lidou com seus opositores lhe rendeu o apelido de “Marechal de Ferro”. Esse período governado por Deodoro e Floriano ficou conhecido como República da Espada, e é marcado pela forma autoritária com que os dois presidentes se comportaram e pelos conflitos que eclodiram em território nacional. O fim do governo de Floriano se dá com as eleições de 1894, que tinha como principal candidato um civil, representante dos cafeicultores: Prudente de Morais. Sua vitória põe fim à oposição de parte do exército, e os cafeicultores puderam finalmente realizar os seus anseios e assumir o poder no país com presidentes que os representavam. O sucessor de Prudente de Morais foi Campos Sales, que consolidou o poder dos fazendeiros, dando início à “política do café com leite”. OS PRESIDENTES DA PRIMEIRA REPÚBLICA Marechal Deodoro da Fonseca (1889 – 1891) Marechal Floriano Peixoto (1891-1894) Prudente de Morais (1894-1898) Campos Salles (1898-1902) Rodrigues Alves (1902-1906) Afonso Pena (1906-1909) Nilo Peçanha (1909-1910) Marechal Hermes da Fonseca (1910-1914) Venceslau Brás (1914-1918) Delfim Moreira (1919) Epitácio Pessoa (1919-1922) Artur Bernardes (1922-1926) Washington Luís (1926-1930) FIQUE ATENTO 29 1 – (SEE/SP 2012 - VUNESP - Professor II – História) Na história do mundo ocidental, as relações entre Estado e Igreja variaram muito de país a país e não foram uniformes no âmbito de cada país, ao longo do tempo. No caso português, ocorreu uma subordinação da Igreja ao Estado através de um mecanismo conhecido como padroado real. O padroado consistiu em uma ampla concessão da Igreja de Roma ao Estado português, em troca da garantia de que a Coroa promoveria e asseguraria os direitos e a organização da Igreja em todas as terras descobertas. Fonte: Boris Fausto, História do Brasil. Devido ao padroado real, Igreja e Estado estiveram intimamente ligados no Brasil. Essa ligação foi rompida no contexto a) do Primeiro Reinado, quando D. Pedro I outorgou a Constituição de 1824, fazendo do Brasil um país laico. b) da Regência, em que uma das principais reivindicações em várias rebeliões era a laicidade do Estado. c) do Estado Novo, em que Getúlio Vargas perseguiu e combateu a Igreja visando a centralização do poder. d) da República Velha, quando foi promulgada a Constituição de 1891 que estabelecia a separação entre o Estado e a Igreja. e) do Segundo Reinado, devido à “questão religiosa”, enfrentamento entre a Igreja e a maçonaria que se tornou questão de Estado. 2 - A Proclamação da República aconteceu em 15 de novembro de 1891, levando à formação de um Governo Provisório. A nova Constituição brasileira foi promulgada em 1891 e implantou grandes mudanças no Brasil. A respeito dessa Constituição podemos afirmar que a) implantou o voto universal masculino para todos os homens maiores de 21 anos, alfabetizados e que não fossem mendigos ou soldados rasos. b) estipulava que todos s nascidos em território brasileiro teriam direito ao voto. c) o presidente foi determinado como o chefe do Judiciário, e a sua escolha ocorreria a partir de eleições diretas para um mandato de quatro anos. d) estipulava a realização de eleições diretas para a escolha de um novo presidente em 1910. e) implantou o militarismo no Brasil, um sistema político que concedia certo grau de autonomia para os estados em relação à União. 3 - FIXANDO O CONTEÚDO 30 Sobre a interpretação da tirinha, é possível afirmar que: a) A tirinha se refere a grande participação popular na Proclamação da República. b) A tirinha aborda a forma o impacto que as notícias tiveram nos jornais na época a Proclamação da República. c) A tirinha não se utiliza de dados da realidade para construir o humor. d) A tirinha demonstra estar descontextualizada acerca do que simbolizam as redes sociais nos dias de hoje e critica o excesso de informação. e) A tirinha produz uma ironia acerca dos hábitos atuais e satiriza um acontecimento passado a partir dos dias de hoje. 4 - República da Espada estendeu-se de 1889 a 1894 com dois presidentes militares: os marechais Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto. A partir de 1894, iniciou-se o período caracterizado pelo domínio das oligarquias e dos presidentes civis. O primeiro presidente civil eleito foi: a) Campos Sales b) Prudente de Morais c) Hermes da Fonseca d) Nilo Peçanha e) Rodrigues Alves 5 - A primeira Constituição republicana (1891) concedia o direito de voto aos brasileiros masculinos com mais de 21 anos, excetuando-se, entre outros, os praças militares e os analfabetos. Estabeleceu o voto direto e universal, suprimindo-se o censo econômico. Em decorrência dessa norma e de outros mecanismos constitucionais, a Primeira República brasileira caracterizou-se pela a) vigência de um processo democrático abrangente, favorecendo o acesso eleitoral à maioria da população. b) eleição do presidente da República em dois turnos, observando-se a presença de eleitores culturalmente qualificados. c) liberdade efetiva concedida aos votantes. d) marginalização política de grande parte da população. e) adoção do regime parlamentarista, ampliando o peso do voto popular na constituição moderador. 6) 31 A charge faz referência: a) a discrepância entre a ideia de República como “coisa do povo” e a manutenção do poder nas mãos das elites. b) ao período republicano como um período igualitário. c) ao início do período de regência do monarca Deodoro da Fonseca. d) a Guerra de Canudos e a revoltas populares. e) as grandes mudanças e a melhoria de vida da população pobre que ocorreram com a instauração do regime republicano. 7 - O fato é que a transição do Império para a República, proclamada em 1889, constituiu a primeira grande mudança de regime político ocorrida desde a Independência. Republicanistas “puros”, como Silva Jardim, defendiam uma mudança de regime que, a exemplo da França, tivesse como resultado maior participação da população na vida política nacional. Mas, vitoriosos, os republicanos conservadores, como Campos Sales, mantiveram o modelo de exclusão política e sociocultural sob nova fachada. Ao “parlamentarismo sem povo” do Segundo Reinado, sucedeu uma República praticamente “sem povo”, ou seja, sem cidadania democrática. LOPEZ, Adriana; MOTA, Carlos Guilherme. História do Brasil: uma interpretação. São Paulo: Ed. SENAC São Paulo, 2008, p. 552. A participação do povo na Primeira República foi a) bastante ampla. b) proibida na constituição de 1891. c) muito pequena. d) importante para a diminuição das desigualdades. e) o que tornou possível a instauração do novo regime político. 8 - (UECE-2007) “Havia no Brasil pelo menos três correntes que disputavam a definição da natureza do novo regime: o liberalismo à americana, o jacobinismo à francesa e o positivismo de Augusto Conte, defendido por Benjamin Constant. As três correntes combateram-se intensamente nos anos iniciais da República até a vitória de uma delas”. Fonte: CARVALHO, José Murilo. A Formação das Almas – O imaginário da República no Brasil. São Paulo, Companhia das Letras, 1990, pp. 9-11. A corrente vencedora foi: a) A corrente Positivista de Benjamin Constant. b) A corrente Liberal Americana. c) A corrente Jacobina Francesa. d) Um misto das correntes Positivista e Jacobina. e) A corrente Inconfidente. 32 A POLÍTICA DAS OLIGARQUIAS UNIDADE 03 33 3.1 INTRODUÇÃO Quando pensamos no períododa primeira fase da República brasileira (1889-1930), é importante considerarmos o contexto no qual do país naquela época, um Brasil ainda bastante rural, no qual a elite cafeeira liderava a economia no país e controlava o governo. Predominava uma economia basicamente agrária, o emprego de mão de obra livre por assalariamento ou arrendamento, e um setor industrial em início de desenvolvimento. Conforme Neves (2003) em novembro de 1889 a República foi apenas proclamada. Só anos mais tarde, sob o comando de Manuel Ferraz de Campos Sales (1898-1902), que se tornaria o grande arquiteto e o executor da obra de engenharia política que faria funcionar as engrenagens da Primeira República, acalmaria a turbulência da primeira hora republicana no Brasil. “Só então o terreno movediço e ainda indefinido da República brasileira se assentaria para que as bases de um equilíbrio político complexo, frágil, mas eficiente até a década de 1930, fossem lançadas” (NEVES, 2003, p.33). “História do Brasil por Bóris Fausto”. Episódio 3: “República Velha “. Nesse episódio da série documental você vai poder observar o desenvolvimento do Brasil no Século XX: a borracha (Norte), a pequena propriedade no Sul, o café (Centro-oeste) O café trouxe expansão econômica, mercado para os produtos in- dustriais, imigração, organizações de trabalhadores. Cidades como São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador, passaram por transformações urbanas e pela instalação de várias fábricas. O nordeste ficou a margem desse processo. LINK: https://bit.ly/2YTVM1D BUSQUE POR MAIS 3.2 AS OLIGARQUIAS NO BRASIL Uma Oligarquia é um regime político em que o poder é exercido por um pequeno grupo. Nas oligarquias o poder político se concentra nas mãos de um grupo de pessoas que podem ser pertencentes de uma família, partido político ou grupo econômico. A História do Brasil está permeada de práticas oligárquicas. As Oligarquias regionais tem presença marcante no aparelho público institucional brasileiro. Apropriando-se do poder público em prol de interesses de grupos privados, os quais exercem em vários períodos e/ou localidades o controle político e econômico no Brasil. Durante muitos séculos o povo ficou praticamente ausente do poder político no Brasil, em sucessivos ciclos históricos é possível identificar o poder das oligarquias. É o caso do regime colonial no início do século XVI e a doação de terras públicas para senhores privados: as capitanias, e pela mercantilização dos cargos públicos. Dos senhores dos engenhos de açúcar e dos grandes comerciantes que negociavam para trazer africanos como escravos – as principais fortunas de suas épocas. Também na República com o poder longe das mãos da coroa formou-se um estruturado regime oligárquico. “as rédeas do poder do Estado, sem a mediação da coroa metropolitana ou da coroa imperial, estariam direta e exclusivamente nas mãos dos que 34 – sem grandes sutilezas e com boa dose de arbítrio efetivamente imprimiam direção à sociedade brasileira” (NEVES, 2003, p.33). Geralmente no Brasil as mudanças de regime político são fruto de uma dissidência da Oligarquia. Embora tenha sido uma grande marca do período da Primeira República, as oligarquias aparecem em outros ciclos históricos brasileiros posteriores, podemos citar os industriais e os banqueiros. Comumente a elite é a oligarquia e isso trás consequência para o país, como a acentuação da desigualdade. Como pontuam Ferreira e Delgado (2003) as oligarquias são “antigas, mas ainda usuais práticas de mandonismo local, que teimam em persistir, mesmo que possam parecer ultrapassadas”. OLIGARQUIA é uma palavra grega que significa “governo de poucos”. A palavra se referia a uma das formas possíveis de exercício do comando ou do poder. Para um maior aprofundamento leia o verbete “Oligarquia” de Renato Lessa. LINK: https://bit.ly/3rkopkM FIQUE ATENTO Para saber mais sobre o poder exercido pelas elites no Brasil e a formação das oligarquias. Renato M. Perissinotto, Luiz D. Costa, Lucas Massimo. As elites políticas: questões de teoria e método. LINK: https://bit.ly/3azbLb7 BUSQUE POR MAIS VAMOS PENSAR? As práticas oligárquicas no Brasil atual Entendendo que uma OLIGARQUIA é um regime político em que o poder se con- centra em um pequeno grupo de pessoas, para uma reflexão acerca do cenário político brasileiro faça uma leitura da reportagem: “Péssimos índices coincidem com cinco décadas de reinado dos Sarney”. LINK: https://bit.ly/2MZgdYk 35 3.3 O CORONELISMO E A CLIENTELA POLÍTICA O regime representativo foi um grande avanço, mas Leal (2012) defende que a população, que em sua maioria era pertencente à zona rural, não estava preparada para este salto. Por não possuir escolaridade, era dependente dos senhores de terra e assim, acabava seguindo suas ordens. Para o autor, as estruturas econômicas e sociais também não estavam “prontas” para o recebimento do poder representativo e, por esse motivo, acabou se ligando ao poder dos donos de terra, dando continuidade ao “coronelismo”. A decadência do poder privado, ineficácia do poder público, o industrialismo precário e um sistema agrário ultrapassado seriam razões para que na República, o “coronelismo” continuasse cada vez mais consolidado nas entranhas do poder, fazendo o Estado “se ajoelhar” aos interesses dos grandes senhores de terra. • O que é coronelismo? O coronelismo foi um fenômeno que aconteceu durante toda a Primeira República e que vai refletir diretamente na política brasileira. Os motivos dessas práticas estavam relacionados à questão do café. Como Minas Gerais e São Paulo eram quem comandava toda a estrutura política do Brasil durante o início do século XIX tiveram um papel importante na escolha dos representantes políticos da Primeira República. O coronelismo é um sistema de barganha entre um poder público e um poder privado. Leal (2012, p.20) classifica o coronelismo como “resultado da superposição de formas desenvolvidas do regime representativo a uma estrutura econômica e social inadequada”. Leal (2012) expõe que no coronelismo os grandes latifúndios, os senhores de terra ou os coronéis atuam com muita autonomia, sendo a estrutura agrária brasileira o pilar de sustentação desse poder privado. A dominação oligárquica baseava-se no forte controle local das populações, pelos meios que julgavam cabíveis os chefes estaduais. Ou seja, os poderosos (poder local) tinham o controle da população. Figura 6: Meme em referência ao coronelismo Fonte: História no Paint 36 • Voto de cabresto Na Primeira República, o poder de voto se torna muito importante. Os coronéis, comandando uma população sem escolaridade e analfabeta, possuíam em suas mãos um enorme poder político. O voto direcionado pelos coronéis ficou conhecido como “voto de cabresto”. • A figura do coronel É importante perceber o papel do coronel na estrutura da sociedade brasileira nesse momento. Nesse cenário, a figura do coronel foi muito importante, “dono da vontade dos eleitores e senhores dos currais eleitorais” (NEVES, 2003, p. 38). Todas as relações sociais estavam vinculadas a ele, que era o detentor do poder local e responsável pela criação de escolas, obras, empregos; e até mesmo pela Igreja que estava subordinada aos seus interesses. Para realizar essas obras ele usava o poder do Estado. Essa força eleitoral “[...] empresta-lhe prestígio político, natural coroamento de sua privilegiada situação econômica e social de dono de terras” (LEAL, 2012, p. 45). Os coronéis tinham ampla autonomia em suas ações, favorecendo e desfavorecendo quem eles bem entendessem e servindo de salvação nos momentos de dificuldade dos seus subordinados devido a precária situação em que estes viviam no âmbito rural. O termo “coronelismo” deriva dos coronéis que atuavam na Guarda Nacional. Basílio de Maga- lhães (apud LEAL, 2012, p. 241) afirma que, “com efeito, além dos que realmente ocupavam nela (Guarda Nacional) tal posto, o tratamento de ‘coronel’ começoudesde logo a ser dado pelos sertanejos a todo e qualquer chefe político, a todo e qualquer potentado”. FIQUE ATENTO Clientelismo e o Mandonismo são dois mecanismos básicos para que o coronel exerça seu poder. A estrutura social era dirigida diretamente pelo coronel. Ele possuía meios para que o indivíduo fizesse aquilo que ele desejasse (exemplo: homens armados que o auxiliam, os capangas). Desafiar as ordens levava as pessoas mais simples a correm vários tipos de riscos ou sofrer represálias. Essa força se consolida nas eleições com o voto de cabresto. Nessa forma de eleição o indivíduo recebia a ordem do coronel em quem ele iria votar. Como o voto ainda não era secreto, não era difícil pressionar e comandar as eleições. Que eram muitas vezes organizadas pelos próprios chefes locais. Nesse cenário, cédulas de votação poderiam já vir preenchidas, pessoas mortas votavam e muitas vezes existiam mais eleitores que habitantes nos municípios. Essa forma de eleições vigorou, e era a estrutura que organizava toda a política do Brasil. Um aspecto fundamental do coronelismo era a reciprocidade: [...] o sistema de reciprocidade: de um lado, os chefes municipais e os ‘coronéis’, que conduzem magotes de eleitores como quem toca tropa de burros; de outro lado, a situação política dominante no Estado, que dispõe do erário, dos empre- gos, dos favores e da força policial, que possui, em suma, o cofre das graças e do poder da desgracia (LEAL, 2012, p. 63). 37 O coronelismo “se apresenta como um sistema político, uma complexa rede de relações que permeia todos os níveis de atuação política” (CARVALHO, online). Como pontua Nunes (2012), a reciprocidade é aspecto essencial na liderança do coronel. Pois, existe uma dependência entre o poder público e o coronel (poder local). O critério de dependência segue uma sequência lógica: o poder público depende do coronel para chegar à grande parcela do eleitorado e o coronel depende do poder público para manter seu prestígio e liderança. Filme “Gabriela, Cravo e Canela” (Bruno Barreto, 1983). O filme é baseado no livro de Jorge Amado, a trama acompanha Gabriela, uma re- tirante que sai do Sertão nordestino, fugindo da seca, em direção ao Sul da Bahia. Chegando em Ilhéus inicia um romance com Nacib. Ao assistir o filme observe o contexto no qual se passa, a região de Ilhéus era próspera pelo cultivo de cacau. E dominada pelos coronéis. Durante o desenrolar da trama é possível ver os bastido- res da política local, muitas vezes resolvida na bala. Observe também os personagens: Mundinho Falcão, um forasteiro, vindo do Rio de Janeiro. Ele representa a modernidade, o progresso. Em contrapartida, o Coro- nel Ramiro Bastos representante do poder local, o tradicionalismo. LINK: https://bit.ly/2MVUD79 BUSQUE POR MAIS Como ressalta Neves (2003) a Primeira República teve um federalismo bastante peculiar, a política dos governadores garantia ao governo federal o apoio necessário, em especial, fornecendo uma base eleitoral, e o governo federal garantia em troca as verbas necessárias para a manutenção do prestígio da situação nos estados e municípios e para casos de necessidade, a Comissão de Verificação de Poderes, a qual se encarregava de corroborar os resultados eleitorais. E caso necessário, impedir a titulação dos eleitos, caso as rédeas da eleição lhes escapassem das mãos. Esses aspectos, introduzidos por Campos Sales como um arranjo para viabilizar o seu governo, - pois, em sua concepção, é dos estados que se governa a República - acabaram por se constituir na política real da Primeira República Brasileira, Esse panorama vai permanecer até 1930 quando a Revolução liderada por Getúlio Vargas transformou radicalmente toda a estrutura social, econômica, política e cultural do Brasil. VAMOS PENSAR? Infelizmente práticas da época do coronelismo ainda podem ser encontradas no Brasil atual. Leia a reportagem de Gragnani para a BBC Brasil, publicada em 2020. Na qual expõe casos que comprovam que a compra de votos no Brasil ainda resiste. Mostra relatos em que foram acertados acordos para que se votasse em determinado candidato em troca de dinheiro, cesta básica, gasolina e até mesmo cachaça. 38 3.4 A HEGEMONIA CAFEEIRA O café tem uma grande importância na história do Brasil, como destaca Beltrão (2010, online) esta relação começou muito antes do período republicano: A versão mais conhecida e aceita sobre a introdução do café no Brasil é a atribu- ída a Francisco de Melo Palheta (1670-?), que em 1727 trouxe mudas e sementes da Guiana Francesa, plantando-as em Belém do Pará. Entretanto, existem in- formações da existência do café no Maranhão antes dessa data. O cafeeiro não se fixou na região amazônica por falta de boas condições naturais, não tendo alcançado ali maior significado econômico. Da Amazônia parece ter vindo para a cidade do Rio de Janeiro por volta de 1760, quando algumas mudas foram plantadas pelos frades capuchinhos na rua. Dessas mudas saíram as que foram formar novas culturas nos arredores do Rio de Janeiro (Jacarepaguá, Campo Grande, Guaratiba e Santa Cruz) a cultura se irradiou pelo atual estado do Rio de Janeiro. Ao mesmo tempo, de São Gonçalo o café atingiu Itaboraí e Maricá, disseminando-se em direção a Campos e ao estado do Espírito Santo. Em Vas- souras surgiu a capital do café brasileiro nas primeiras décadas do século XIX. De São João Marcos e Resende, os cafeeiros foram levados para São Paulo. Espalha- ram-se pelo vale do Paraíba, atingiram Lorena, Taubaté, Jacareí, Mogi das Cru- zes, até Jundiaí, de onde teriam se originado os cafezais do oeste de São Paulo. Em 1797, o porto de Santos registrou a exportação para Portugal de 1.924 arrobas de café. Na Bahia, apontam-se pequenos cafezais em 1790. Em Minas Gerais, as primeiras lavouras de café parecem ter surgido no final do século XVIII. Por volta de 1800, havia cafezais em número reduzido no Triângulo Mineiro. Em 1809, to- davia, já era apreciável a produção de Araxá. Entretanto, a região de Minas Gerais onde a cultura do café se desenvolveu mais densamente foi a Zona da Mata, pela sua maior proximidade com o Rio de Janeiro. Seguiram-se a região vizinha do vale do Paraíba e os municípios de Mar de Espanha, Juiz de Fora, Leopoldina, Cataguases e Ubá, mais tarde centros cafeeiros da maior importância, embora a lavoura marchasse com êxito para o sul e oeste de Minas pelo vale do rio Preto, alcançando Goiás. Desde meados do século XIX, o café começou a ser o produto mais importante da economia brasileira. Com a decadência da escravidão, o estímulo para a vinda de imigrantes e o enriquecimento de um novo grupo social modifica-se todo o panorama brasileiro do século XX. Há um grande enriquecimento dos fazendeiros cafeeiros, em geral paulistas. Outro grupo que também possuía força econômica no período eram os mineiros que produziam leite. Esses dois produtos se eternizaram na história brasileira através de um acordo político realizado na época. Em referência à produção de café (São Paulo) e de leite (Minas Gerais), foi criado o esquema que ficou conhecido como: Política do café com leite. Figura 7: Lata para armazenar café. Processo aperfeiçoado de fabricação de latas de fácil abertura e tampa suplementar. Lambert & Cia., Rio de Janeiro, 1919. Fonte: Fotografia Mauro Domingues. 39 A “política dos governadores” é considerada a última etapa da montagem do sistema oligárquico ou liberalismo oligárquico, que permitiu, de forma duradou- ra, o controle do poder central pela oligarquia cafeeira. Esse domínio se manifes- tou na hegemonia política dos estados de São Paulo e Minas Gerais na indicação dos presidentes da República, a chamada “política do café-com-leite”, que vigo- rou até a Revolução de 1930 (DIAS, 2010, online). Dias (2010) pontua que a Política dos Governadores estava baseada no compromisso presidencial de não intervir nos conflitos regionais em troca da garantia do pleno controle do Executivo sobre
Compartilhar