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Eletroescória _____________________________________________________________________________________ Fundação Brasileira de Tecnologia da Soldagem | ‐ FBTS Este texto complementar é parte integrante do material on line disponibilizado para o Curso de Inspetor de Soldagem Página | 1 Processos de Soldagem Soldagem por Eletroescória O processo de soldagem por eletroescória – Eletroslag welding (ESW) é um processo automático e o equipamento básico necessário para este processo é constituído de: • Fonte de energia. • Alimentador de arame e oscilador. • Tubo guia e eletrodo. • Deslocador (não precisa se o guia for consumível). • Sapatas de retenção (sapata de moldagem). • Controles de soldagem. • Cabos de conexão elétrica. • Isolantes. Há necessidade de se colocar uma chapa apêndice para o início da soldagem, pois o processo, na sua fase inicial, é instável, com consequentes prejuízos à qualidade da solda. Esse apêndice é descartado posteriormente. Para o avanço vertical da soldagem, usam- se sapatas de retenção, que podem ser refrigeradas a água (figura 1). As sapatas de retenção servem para conter tanto o metal líquido da poça de fusão quanto o fluxo fundido (banho de escória). A superfície da solda é moldada pelo contorno ou formato das sapatas. A poça de fusão e a escória que a sobrenada (escória que também contém Eletroescória _____________________________________________________________________________________ Fundação Brasileira de Tecnologia da Soldagem | ‐ FBTS Este texto complementar é parte integrante do material on line disponibilizado para o Curso de Inspetor de Soldagem Página | 2 impurezas), se movimentam na direção vertical ascendente e conforme a operação prossegue vai se formando o metal de solda. Figura 1: Detalhes da soldagem por eletroescória. A resistência da escória fundida à passagem da corrente é justamente o que gera o calor necessário para a soldagem (efeito joule), sendo este suficiente para fundir o eletrodo e as faces do chanfro. O eletrodo fundido (e tubo guia, se for usado) e o metal de base fundido formam o metal de solda abaixo do banho de escória fundida. Eletroescória _____________________________________________________________________________________ Fundação Brasileira de Tecnologia da Soldagem | ‐ FBTS Este texto complementar é parte integrante do material on line disponibilizado para o Curso de Inspetor de Soldagem Página | 3 Pelo fato do arco elétrico somente ser utilizado para dar início à soldagem, o processo eletroescória não é considerado como sendo de soldagem a arco, mas sim, um processo de soldagem a resistência elétrica. Fontes de Energia Fontes de energia para o processo de soldagem eletroescória são do tipo transformador-retificador de tensão constante, que operam na faixa de 450 a 1000 A. Elas são similares às usadas no processo de soldagem a arco submerso. A tensão mínima em circuito aberto da fonte de energia deve ser de 60 V. É requerida uma fonte de energia separada para cada eletrodo. A Figura 2 mostra esquematicamente uma instalação típica de soldagem eletroescória. Eletroescória _____________________________________________________________________________________ Fundação Brasileira de Tecnologia da Soldagem | ‐ FBTS Este texto complementar é parte integrante do material on line disponibilizado para o Curso de Inspetor de Soldagem Página | 4 Figura 2: Representação esquemática da soldagem por eletroescória com guia consumível. O motor do alimentador do arame e o sistema de controle de soldagem são os mesmos usados para soldagem MIG/MAG ou outro processo que utiliza arame-eletrodo consumível. A corrente de soldagem e a taxa de alimentação do eletrodo podem ser tratadas como uma só variável, porque uma varia em função da outra. Se a velocidade de alimentação do eletrodo aumenta, a corrente de Eletroescória _____________________________________________________________________________________ Fundação Brasileira de Tecnologia da Soldagem | ‐ FBTS Este texto complementar é parte integrante do material on line disponibilizado para o Curso de Inspetor de Soldagem Página | 5 soldagem e a taxa de deposição também crescem. Correntes de soldagem mais altas geram também poças de fusão com maiores profundidades. A tensão de soldagem é outra variável que precisa ser levada em consideração. A tensão tem efeito maior na profundidade de fusão no metal de base e também na estabilidade de operação do processo. Aumentando-se a tensão, aumenta a largura da poça de fusão e, consequentemente a profundidade de fusão no metal de base (*). Além disso, o fator de forma (largura/profundidade) também aumenta, o que diminui a possibilidade de ocorrência de trincas. (*) NOTA: Observar que a profundidade de fusão é lateral. Se a tensão é baixa pode ocorrer um curto circuito entre o eletrodo e a poça de fusão. Se a tensão é alta demais, podem ocorrer respingos de solda ou aberturas de arco no topo da escória fundida. As figuras 3 e 4 mostram exemplos de soldagens feitas com o processo eletroescória. A figura 3 mostra a soldagem de uma chapa de teste em laboratório com o processo eletroescória. Na sequência de imagens pode-se observar: (1) Montagem das chapas com alinhamento da junta na vertical e suporte na base; (2) e (3) Detalhamento da montagem destacando o arame e tubo guia; (4) Sapata de cobre com rebaixo Eletroescória _____________________________________________________________________________________ Fundação Brasileira de Tecnologia da Soldagem | ‐ FBTS Este texto complementar é parte integrante do material on line disponibilizado para o Curso de Inspetor de Soldagem Página | 6 correspondente à formação da escória; (5) Chapas prontas para o início da soldagem; e (6) Soldagem. Figura 3: Soldagem de chapa de teste em laboratório com o processo eletroescória. Tipos e Funções de Consumíveis-eletrodos e Fluxos Dois tipos de eletrodos são usados no processo de soldagem eletroescória: eletrodos sólidos e eletrodos tubulares. Eletrodos sólidos são mais largamente usados. Eletrodos tubulares são usados quando há necessidade da adição de elementos de liga. A composição da solda é determinada pelo metal de base e pelo metal de adição. Eletroescória _____________________________________________________________________________________ Fundação Brasileira de Tecnologia da Soldagem | ‐ FBTS Este texto complementar é parte integrante do material on line disponibilizado para o Curso de Inspetor de Soldagem Página | 7 A composição do fluxo também é importante, visto que ele determina a boa operação do processo. Os fluxos podem ser feitos de vários materiais tais como óxidos complexos de silício, manganês, titânio, cálcio, magnésio e alumínio. Características especiais desejadas para a solda são alcançadas pela mudança ou variação da composição do fluxo. As funções normais dos fluxos são: • Condução da corrente de soldagem; • Fornecimento de calor para fundir o eletrodo e o metal de base; • Possibilita uma operação estável; • Proteção do metal fundido da atmosfera. É necessária apenas uma pequena quantidade de fluxo para a soldagem. Um banho de escória de 40 a 50 mm de profundidade é usualmente requerido de maneira que o eletrodo consiga permanecer no banho e fundir-se debaixo da superfície. Características e Aplicações A soldagem eletroescória é um processo com certas limitações quanto à aplicação, ela é utilizada apenas para fazer soldas verticais em espessuras médiase grandes, de aços carbono comum, de baixa liga, de alta resistência, de médio carbono, e de alguns aços inoxidáveis. O processo se aplica à faixa de espessuras entre 13 a 500 mm, com indicação preferencial para espessuras acima de 20 mm. Embora a Eletroescória _____________________________________________________________________________________ Fundação Brasileira de Tecnologia da Soldagem | ‐ FBTS Este texto complementar é parte integrante do material on line disponibilizado para o Curso de Inspetor de Soldagem Página | 8 habilidade manual não seja requerida, o conhecimento da técnica é fundamental para operar devidamente o equipamento. Algumas das suas vantagens são: • Alta taxa de deposição e boa qualidade de solda, com relação a exames não-destrutivos, faz desse processo desejável para seções espessas encontradas em inúmeras aplicações industriais, tais como: maquinarias pesadas, vasos de pressão, navios e fundidos grandes; • Requer pouca ajustagem e preparação da junta (usualmente juntas sem chanfro); • Solda materiais espessos num só passe, com um único ajuste; • É um processo mecanizado com um mínimo de manuseio de material. Uma vez iniciado o processo, ele continua até o término; • Requer tempo mínimo de soldagem (*) e apresenta uma distorção mínima; • Não há arco de soldagem visível e nenhum lampejo de arco. (*) Nota: A taxa de deposição com um único eletrodo varia entre 7 e 13 kg/h. Essa taxa deve ser multiplicada pelo numero de eletrodos para eletrodos múltiplos. Eletroescória _____________________________________________________________________________________ Fundação Brasileira de Tecnologia da Soldagem | ‐ FBTS Este texto complementar é parte integrante do material on line disponibilizado para o Curso de Inspetor de Soldagem Página | 9 A soldagem num único passe é também uma grande desvantagem desse processo. O deslocamento da fonte de calor, por ser suficientemente lento (velocidade de soldagem variando entre 0,2 a 0,6 mm / segundo), resulta no superaquecimento do metal de solda e do metal de base nas vizinhanças da solda. Como consequência, haverá crescimento exagerado dos grãos no próprio metal de solda e de uma larga faixa da Zona Termicamente Afetada (ZTA). A granulação grosseira por sua vez, promove alterações nas propriedades mecânicas da junta soldada, sobretudo a resistência ao impacto (tenacidade), a qual diminui consideravelmente. A fragilidade da solda assim obtida necessita, para ser corrigida, de um tratamento térmico posterior à soldagem do tipo “normalização”. Descontinuidades Induzidas pelo Processo Soldas feitas com o processo de soldagem eletroescória sob condições de operação adequadas são de alta qualidade e livres de descontinuidades. Descontinuidades podem aparecer, porém se não for seguido um procedimento de soldagem adequado. Algumas descontinuidades que podem resultar deste processo são: Eletroescória _____________________________________________________________________________________ Fundação Brasileira de Tecnologia da Soldagem | ‐ FBTS Este texto complementar é parte integrante do material on line disponibilizado para o Curso de Inspetor de Soldagem Página | 10 Porosidade A porosidade, quando ocorre, é grosseira e do tipo vermiforme, podendo ser causada por pedaço de abesto úmido utilizado como vedação entre a sapata de retenção e a peça a ser soldada, fluxo contaminado ou úmido, eletrodo, tubo guia ou material para início de soldagem úmidos. Falta de fusão Soldas de chapas espessas, nas quais o calor é distribuído por oscilação do eletrodo, podem apresentar falta de fusão na parte central ou perto das sapatas. O efeito de resfriamento das sapatas pode impedir a fusão do metal de base próximo à superfície em que a sapata está apoiada. A indicação resultante abaixo se assemelha com uma mordedura. Inclusão de escória Inclusões de escória podem ocorrer se a solda for quase interrompida e reiniciada. O processo de soldagem exige uma poça de escória aquecida a aproximadamente 1.700o C. Um reinício de soldagem inadequado pode não fundir perfeitamente o metal, redundando em escória na solda. Inclusões Inclusões são incomuns, mas podem acontecer. É o caso de pedaços de arames introduzidos na poça de maneira muita rápida, pela unidade de Eletroescória _____________________________________________________________________________________ Fundação Brasileira de Tecnologia da Soldagem | ‐ FBTS Este texto complementar é parte integrante do material on line disponibilizado para o Curso de Inspetor de Soldagem Página | 11 alimentação de arame, e que não se fundem. Também têm sido encontradas na zona fundida, varetas e, até mesmo, partes do equipamento de soldagem como, por exemplo, a extremidade do guia tubular de eletrodo. Sobreposição Sobreposições podem ocorrer se as sapatas não forem bem ajustadas às chapas, causando o vazamento de material fundido. Trincas Devido à fissuração a frio não são encontradas trincas na soldagem eletroescória. Isso se deve ao ciclo lento de aquecimento e resfriamento da junta, inerente ao processo. Já as trincas causadas pela fissuração a quente são comuns na soldagem eletroescória, principalmente no caso de soldas com alto grau de restrição, devido à granulação grosseira da junta soldada. Essas trincas propagam-se ao longo dos contornos de grãos. Na soldagem eletroescória de juntas de topo, não são observadas trincas interlamelares, porque não se registram tensões no sentido da espessura das chapas do metal de base. Duplas laminações Duplas laminações não se constituem em grandes inconvenientes para a soldagem eletroescória. A escória fundida atrai para fora qualquer inclusão existente na dupla laminação e sela a dupla laminação ao longo Eletroescória _____________________________________________________________________________________ Fundação Brasileira de Tecnologia da Soldagem | ‐ FBTS Este texto complementar é parte integrante do material on line disponibilizado para o Curso de Inspetor de Soldagem Página | 12 da solda. Da mesma forma, lascas e dobras são geralmente absorvidas pela soldagem eletroescória. _____________________________________________________________ Você estudou neste texto que o processo de soldagem eletroescória é comumente empregado para realizar soldas em seções espessas encontradas em inúmeras aplicações industriais, tais como: maquinárias pesadas, vasos de pressão e navios. Estudou também que esse processo de soldagem, apresenta certas limitações quanto à aplicação, sendo utilizado apenas para fazer soldas verticais em espessuras médias e grandes, de aços carbono comum, de baixa liga, de alta resistência, de médio carbono, e de alguns aços inoxidáveis Você aprendeu que as principais vantagens do processo de soldagem por eletroescória são: a alta taxa de deposição e boa qualidade de solda, a necessidade de pouca ajustagem e preparação da junta; soldar materiais espessos num só passe, com um único ajuste; requer tempo mínimo de soldagem, apresentar uma distorção mínima e não apresentar arco de soldagem visível. Teste agora o seu nível de compreensão do texto respondendo às questões de revisão sobre Soldagem por Eletroescória. Caso seja necessário releia o texto e/ou recorra aos tutores para resolver suas dúvidas. Eletroescória _____________________________________________________________________________________ Fundação Brasileira de Tecnologia da Soldagem | ‐ FBTS Este texto complementar é parte integrante do material on linedisponibilizado para o Curso de Inspetor de Soldagem Página | 13 Questões de Revisão 1- Para a realização do processo de Soldagem Eletroescória é necessário à utilização de equipamento básico. Explicite quais são os equipamentos que constituem a soldagem. 2- As Fontes de Energia utilizadas no processo de soldagem eletroescória são similares às utilizadas no processo de soldagem a arco submerso. Como são denominadas as fontes de energia usualmente empregadas nesse processo? Quais são as variáveis que devem ser levadas em consideração nesse processo de soldagem? 3- No que se refere aos Tipos e Funções de Consumíveis-eletrodos e Fluxos sabe-se que há dois tipos de eletrodos que podem ser utilizados no processo de soldagem e que a mudança e variação na composição do fluxo conferem características especiais à solda. Informe como são denominados os dois tipos de eletrodos que podem ser utilizados na soldagem e as funcionalidades dos fluxos. 4- Apresente as vantagens e desvantagens existentes nesse processo de soldagem. Eletroescória _____________________________________________________________________________________ Fundação Brasileira de Tecnologia da Soldagem | ‐ FBTS Este texto complementar é parte integrante do material on line disponibilizado para o Curso de Inspetor de Soldagem Página | 14 5- Na soldagem eletroescória as Descontinuidades podem surgir em decorrência de procedimentos de soldagem inadequados. Liste essas descontinuidades que podem aparecer juntamente com suas causas.