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2019 Políticas Públicas Manual do Curso de Administração Pública ENSINO ONLINE. ENSINO COM FUTURO ISCED CURSO: Administração pública: 2º Ano Disciplina/Módulo: Politicas Públicas i Direitos de autor (copyright) Este manual é propriedade do Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED), e contém reservados todos os direitos. É proibida a duplicação ou reprodução parcial ou total deste manual, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (electrónicos, mecânico, gravação, fotocópia ou outros), sem permissão expressa de entidade editora (Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED). A não observância do acima estipulado o infractor é passível a aplicação de processos judiciais em vigor no País. Instituto superior de Ciências e Educação a Distância (isced) Direcção de Pós-graduação, Pesquisa e Extensão Rua Dr. Almeida Lacerda, No 212 Ponta - Gêa Beira - Moçambique Telefone: +258 23 323501 Cel: +258 82 3055839 Fax: 23323501 E-mail: isced@isced.ac.mz Website: www.isced.ac.mz http://www.isced.ac.mz/ ISCED CURSO: Administração pública: 2º Ano Disciplina/Módulo: Politicas Públicas ii Agradecimentos O Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED) agradece a colaboração dos seguintes indivíduos e instituições na elaboração deste manual: Autor XXXXX Coordenação Design Financiamento e Logística Revisão Científica e Linguística Ano de Publicação Local de Publicação Direcção Académica Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED) Instituto Africano de Promoção da Educação a Distancia (IAPED) XXXXX xxxxx ISCED – BEIRA ISCED CURSO: Administração pública: 2º Ano Disciplina/Módulo: Politicas Públicas iii Índice Geral Conteúdo Benvindo à Disciplina/Módulo de Politicas Públicas ........................................................ 1 Objectivos do Módulo....................................................................................................... 1 Quem deveria estudar este módulo ................................................................................. 1 Como está estruturado este módulo ................................................................................ 2 Ícones de actividade ......................................................................................................... 3 Habilidades de estudo ...................................................................................................... 4 Precisa de apoio? .............................................................................................................. 6 Tarefas (avaliação e auto-avaliação) ................................................................................ 6 Avaliação ........................................................................................................................... 7 TEMA – I: CONSIDERAÇÕES GERAIS. 9 Tema 1: Introdução e Evolução das Politicas Públicas. .................................................... 9 Unidade 1.1: Politicas Públicas .............................................................................. 11 Unidade 1. 2: Origem das Politicas Públicas ......................................................... 14 Unidade Temática 1: 3: Características das Politicas Públicas .............................. 15 Sumário ........................................................................................................................... 17 Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO ..................................................................................... 18 Exercícios para AVALIAÇÃO ............................................................................................ 19 Soluções de Questões de Auto Avaliação ....................................................................... 19 Soluções de Questões de Avaliação ............................................................................... 19 Tema 2: Diferença entre programas, políticas e políticas públicas ................................ 20 Sumário ........................................................................................................................... 21 Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO ..................................................................................... 22 Exercícios para AVALIAÇÃO ............................................................................................ 23 Soluções de Questões de Auto Avaliação ....................................................................... 23 Soluções de Questões de Avaliação ............................................................................... 23 Tema 3: Tipologias das Politicas Públicas ....................................................................... 24 Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO ..................................................................................... 27 Exercícios de AVALIAÇÃO ................................................................................................ 28 Soluções de Questões de Auto Avaliação ....................................................................... 28 Soluções de Questões de Avaliação ............................................................................... 28 Tema 4: Estado, Sociedade Civil e Políticas Públicas ...................................................... 29 Unidade temática: 4.1: Relação entre Estado, Sociedade Civil e Politicas Públicas ............................................................................................................................... 29 Unidade 4. 2: Estado ............................................................................................. 31 4.1 Visões do Estado .............................................................................................. 31 Unidade 4.3: Politica Pública e Social .................................................................... 34 ISCED CURSO: Administração pública: 2º Ano Disciplina/Módulo: Politicas Públicas iv Sumário ........................................................................................................................... 37 Exercícios de Auto- AVALIAÇÃO ...................................................................................... 38 Exercícios de AVALIAÇÃO ................................................................................................ 39 Tema 5: Actores, Instituições e Instrumento das Políticas Públicas .............................. 40 Unidade 5.1: Actores das Politicas públicas .......................................................... 40 Unidade 5.2: O papel dos Atores das Politicas Publicas ....................................... 41 Sumário ........................................................................................................................... 44 Exercícios de Auto- AVALIAÇÃO ...................................................................................... 45 Exercícios de AVALIAÇÃO ................................................................................................ 45 Tema 6: Formulação das Politicas Públicas .................................................................... 45 Sumário ........................................................................................................................... 53 Exercícios de Auto- AVALIAÇÃO ...................................................................................... 55 Exercícios de AVALIAÇÃO ................................................................................................ 55 Sumário ...........................................................................................................................64 Exercícios de Auto- AVALIAÇÃO ...................................................................................... 64 Exercícios de AVALIAÇÃO ................................................................................................ 65 Tema 8: Processo Decisório nas Politicas Públicas ......................................................... 65 Modelo Racional .................................................................................................... 65 Modelo Incremental .............................................................................................. 65 Modelo da Análise Misturada (mixed-scanning) .................................................. 66 Modelo Irracional (lata de lixo) ............................................................................. 66 Sumário ........................................................................................................................... 67 Exercícios de Auto- AVALIAÇÃO ...................................................................................... 67 Exercícios de AVALIAÇÃO ................................................................................................ 67 Tema 9: Modelos de Análise de Políticas Públicas ......................................................... 67 10.1 Análise de Política.......................................................................................... 67 10.2 Modelos de Análise das Políticas Públicas .................................................... 71 10.2.1 Quatro modelos teóricos para compreender as políticas públicas ........... 77 Modelo sequencial ou do ciclo político (Policy Cicle) ........................................... 77 Metáfora dos fluxos múltiplos (Multiple Streams Framework) ............................ 79 O modelo do equilíbrio interrompido (Punctuated Equilibrium Theory) ............. 84 Modelo das coligações de causa ou de interesse (Advocacy Coalition Framework - ACF)........................................................................................................................ 86 Quadros teóricos, abordagens e modelos de análise de políticas públicas ......... 90 Sumário ........................................................................................................................... 91 Exercícios de Auto- AVALIAÇÃO do Módulo ................................................................... 92 Grelha de Correcção dos Exercícios de Auto-Avaliação do Módulo ................... 124 ISCED CURSO: Administração pública: 2º Ano Disciplina/Módulo: Politicas Públicas 1 Visão Geral Benvindo à Disciplina/Módulo de Politicas Públicas Objectivos do Módulo • Ao terminar o estudo deste módulo de Politicas Públicas deverá ser capaz de: conhecer os conceitos básicos sobre políticas públicas; Compreender e tenha capacidade de fazer uma análise sobre as diversas políticas públicas existentes; Perceber como são desenhadas as políticas públicas em Moçambique; saber elaborar, implementar e avaliar políticas públicas; Compreender o processo decisório e modelos de análises em políticas públicas Objectivos Específicos ▪ Quem deveria estudar este módulo Este Módulo foi concebido para estudantes do 2º ano do curso de Administração Pública do ISCED e outros como Gestão de Recursos Humanos e Economia, etc. Poderá ocorrer, contudo, que haja leitores que queiram se actualizar e consolidar seus conhecimentos nessa disciplina, esses serão bem-vindos, não sendo necessário para tal se inscrever. Mas poderá adquirir o manual. ISCED CURSO: Administração pública: 2º Ano Disciplina/Módulo: Politicas Públicas 2 Como está estruturado este módulo Este módulo de Politicas Públicas, para estudantes do 2º ano do curso de licenciatura em Contabilidade e Auditoria, à semelhança dos restantes do ISCED, está estruturado como se segue: Páginas introdutórias ▪ Um índice completo. ▪ Uma visão geral detalhada dos conteúdos do módulo, resumindo os aspectos-chave que você precisa conhecer para melhor estudar. Recomendamos vivamente que leia esta secção com atenção antes de começar o seu estudo, como componente de habilidades de estudos. Conteúdo desta Disciplina / módulo Este módulo está estruturado em Temas. Cada tema, por sua vez comporta certo número de unidades temáticas ou simplesmente unidades. Cada unidade temática se caracteriza por conter uma introdução, objectivos, conteúdos. No final de cada unidade temática ou do próprio tema, são incorporados antes o sumário, exercícios de auto-avaliação, só depois é que aparecem os exercícios de avaliação. Os exercícios de avaliação têm as seguintes características: Puros exercícios teóricos/Práticos, Problemas não resolvidos e actividades práticas, incluído estudo de caso. ISCED CURSO: Administração pública: 2º Ano Disciplina/Módulo: Politicas Públicas 3 Outros recursos A equipa dos académicos e pedagogos do ISCED, pensando em si, num cantinho, recôndito deste nosso vasto Moçambique e cheio de dúvidas e limitações no seu processo de aprendizagem, apresenta uma lista de recursos didácticos adicionais ao seu módulo para você explorar. Para tal o ISCED disponibiliza na biblioteca do seu centro de recursos mais material de estudos relacionado com o seu curso como: Livros e/ou módulos, CD, CD-ROOM, DVD. Para além deste material físico ou electrónico disponível na biblioteca, pode ter acesso a Plataforma digital moodle para alargar mais ainda as possibilidades dos seus estudos. Auto-avaliação e Tarefas de avaliação Tarefas de auto-avaliação para este módulo encontram-se no final de cada unidade temática e de cada tema. As tarefas dos exercícios de auto-avaliação apresentam duas características: primeiro apresentam exercícios resolvidos com detalhes. Segundo, exercícios que mostram apenas respostas. Tarefas de avaliação devem ser semelhantes às de auto-avaliação mas sem mostrar os passos e devem obedecer o grau crescente de dificuldades do processo de aprendizagem, umas a seguir a outras. Parte das terefas de avaliação será objecto dos trabalhos de campo a serem entregues aos tutores/docentes para efeitos de correcção e subsequentemente nota. Também constará do exame do fim do módulo. Pelo que, caro estudante, fazer todos os exercícios de avaliação é uma grande vantagem. Comentários e sugestões Use este espaço para dar sugestões valiosas, sobre determinados aspectos, quer de natureza científica, quer de natureza didáctico- Pedagógica, etc, sobre como deveriam ser ou estar apresentadas. Pode ser que graças as suas observações que, em gozo de confiança, classificamo-las de úteis, o próximo módulo venha a ser melhorado. Ícones de actividade Ao longo deste manual irá encontrar uma série de ícones nas margens das folhas. Estes ícones servem para identificar diferentes ISCED CURSO: Administração pública: 2º Ano Disciplina/Módulo: Politicas Públicas 4 partes do processo de aprendizagem. Podem indicar uma parcela específica de texto, uma nova actividade ou tarefa, uma mudança de actividade, etc. Habilidades de estudo O principal objectivo deste campo é o de ensinar aprender a aprender. Aprender aprende-se. Durante a formação e desenvolvimento de competências, para facilitar a aprendizagem e alcançar melhores resultados, implicará empenho, dedicação e disciplina no estudo. Isto é, os bons resultados apenas se conseguem com estratégias eficientes e eficazes. Por isso é importante saber como, onde e quando estudar. Apresentamos algumas sugestões com as quais esperamos que caro estudante possa rentabilizar o tempo dedicadoaos estudos, procedendo como se segue: 1º Praticar a leitura. Aprender a Distância exige alto domínio de leitura. 2º Fazer leitura diagonal aos conteúdos (leitura corrida). 3º Voltar a fazer leitura, desta vez para a compreensão e assimilação crítica dos conteúdos (ESTUDAR). 4º Fazer seminário (debate em grupos), para comprovar se a sua aprendizagem confere ou não com a dos colegas e com o padrão. 5º Fazer TC (Trabalho de Campo), algumas actividades práticas ou as de estudo de caso se existirem. IMPORTANTE: Em observância ao triângulo modo-espaço-tempo, respectivamente como, onde e quando estudar,como foi referido no início deste item, antes de organizar os seus momentos de estudo reflicta sobre o ambiente de estudo que seria ideal para si: Estudo melhor em casa/biblioteca/café/outro lugar? Estudo melhor à noite/de manhã/de tarde/fins-de-semana/ao longo da semana? Estudo melhor com música/num sítio sossegado/num sítio barulhento!? Preciso de intervalo em cada 30 minutos, em cada hora, etc. É impossível estudar numa noite tudo o que devia ter sido estudado durante um determinado período de tempo; Deve estudar cada ponto da matéria em profundidade e passar só ao seguinte quando achar que já domina bem o anterior. ISCED CURSO: Administração pública: 2º Ano Disciplina/Módulo: Politicas Públicas 5 Privilegia-se saber bem (com profundidade) o pouco que puder ler e estudar, que saber tudo superficialmente! Mas a melhor opção é juntar o útil ao agradável: Saber com profundidade todos conteúdos de cada tema, no módulo. Dica importante: não recomendamos estudar seguidamente por tempo superior a uma hora. Estudar por tempo de uma hora intercalado por 10 (dez) a 15 (quinze) minutos de descanso (chama- se descanso à mudança de actividades). Ou seja que durante o intervalo não se continuar a tratar dos mesmos assuntos das actividades obrigatórias. Uma longa exposição aos estudos ou ao trabalho intelectual obrigatório pode conduzir ao efeito contrário: baixar o rendimento da aprendizagem. Por que o estudante acumula um elevado volume de trabalho, em termos de estudos, em pouco tempo, criando interferência entre os conhecimentos, perde sequência lógica, por fim ao perceber que estuda tanto mas não aprende, cai em insegurança, depressão e desespero, por se achar injustamente incapaz! Não estude na última da hora; quando se trate de fazer alguma avaliação. Aprenda a ser estudante de facto (aquele que estuda sistematicamente), não estudar apenas para responder a questões de alguma avaliação, mas sim estude para a vida, sobre tudo, estude pensando na sua utilidade como futuro profissional, na área em que está a se formar. Organize na sua agenda um horário onde define a que horas e que matérias deve estudar durante a semana; Face ao tempo livre que resta, deve decidir como o utilizar produtivamente, decidindo quanto tempo será dedicado ao estudo e a outras actividades. É importante identificar as ideias principais de um texto, pois será uma necessidade para o estudo das diversas matérias que compõem o curso: A colocação de notas nas margens pode ajudar a estruturar a matéria de modo que seja mais fácil identificar as partes que está a estudar e Pode escrever conclusões, exemplos, vantagens, definições, datas, nomes, pode também utilizar a margem para colocar comentários seus relacionados com o que está a ler; a melhor altura para sublinhar é imediatamente a seguir à compreensão do texto e não depois de uma primeira leitura; Utilizar o dicionário sempre que surja um conceito cujo significado não conhece ou não lhe é familiar; ISCED CURSO: Administração pública: 2º Ano Disciplina/Módulo: Politicas Públicas 6 Precisa de apoio? Caro estudante temos a certeza que por uma ou por outra razão, o material de estudos impresso, lhe pode suscitar algumas dúvidas como falta de clareza, alguns erros de concordância, prováveis erros ortográficos, falta de clareza, fraca visibilidade, página trocada ou invertidas, etc). Nestes casos, contacte os serviços de atendimento e apoio ao estudante do seu Centro de Recursos (CR), via telefone, sms, E-mail, se tiver tempo, escreva mesmo uma carta participando a preocupação. Uma das atribuições dos Gestores dos CR e seus assistentes (Pedagógico e Administrativo), é a de monitorar e garantir a sua aprendizagem com qualidade e sucesso. Dai a relevância da comunicação no Ensino a Distância (EAD), onde o recurso as TIC se torna incontornável: entre estudantes, estudante – Tutor, estudante – CR, etc. As sessões presenciais são um momento em que você caro estudante, tem a oportunidade de interagir fisicamente com staff do seu CR, com tutores ou com parte da equipa central do ISCED indigitada para acompanhar as sua sessões presenciais. Neste período pode apresentar dúvidas, tratar assuntos de natureza pedagógica e/ou administrativa. O estudo em grupo, que está estimado para ocupar cerca de 30% do tempo de estudos a distância, é muita importância, na medida em que lhe permite situar, em termos do grau de aprendizagem com relação aos outros colegas. Desta maneira ficará a saber se precisa de apoio ou precisa de apoiar aos colegas. Desenvolver hábito de debater assuntos relacionados com os conteúdos programáticos, constantes nos diferentes temas e unidade temática, no módulo. Tarefas (avaliação e auto-avaliação) O estudante deve realizar todas as tarefas (exercícios, actividades e auto−avaliação), contudo nem todas deverão ser entregues, mas é importante que sejam realizadas. As tarefas devem ser entregues duas semanas antes das sessões presenciais seguintes. Para cada tarefa serão estabelecidos prazos de entrega, e o não cumprimento dos prazos de entrega, implica a não classificação do estudante. Tenha sempre presente que a nota dos trabalhos de ISCED CURSO: Administração pública: 2º Ano Disciplina/Módulo: Politicas Públicas 7 campo conta e é decisiva para ser admitido ao exame final da disciplina/módulo. Os trabalhos devem ser entregues ao Centro de Recursos (CR) e os mesmos devem ser dirigidos ao tutor/docente. Podem ser utilizadas diferentes fontes e materiais de pesquisa, contudo os mesmos devem ser devidamente referenciados, respeitando os direitos do autor. O plágio1 é uma violação do direito intelectual do(s) autor(es). Uma transcrição à letra de mais de 8 (oito) palavras do testo de um autor, sem o citar é considerado plágio. A honestidade, humildade científica e o respeito pelos direitos autorais devem caracterizar a realização dos trabalhos e seu autor (estudante do ISCED). Avaliação Muitos perguntam: Com é possível avaliar estudantes à distância, estando eles fisicamente separados e muito distantes do docente/tutor! Nós dissemos: Sim é muito possível, talvez seja uma avaliação mais fiável e consistente. Você será avaliado durante os estudos à distância que contam com um mínimo de 90% do total de tempo que precisa de estudar os conteúdos do seu módulo. Quando o tempo de contacto presencial conta com um máximo de 10%) do total de tempo do módulo. A avaliação do estudante consta detalhada do regulamentado de avaliação. Os trabalhos de campo por si realizados, durante estudos e aprendizagem no campo, pesam 25% e servem para a nota de frequência para ir aos exames. Os exames são realizados no final da cadeira disciplina ou modulo e decorrem durante as sessões presenciais. Os exames pesam no mínimo 75%, o que adicionado aos 25% da média de frequência, determinam a nota final com a qual o estudante conclui a cadeira. A nota de 10 (dez) valores é a nota mínima de conclusão da cadeira. Nesta cadeira o estudante deverá realizar pelo menos 2 (dois) trabalhos e 1 (um) (exame). Algumas actividadespráticas, relatórios e reflexões serão utilizados como ferramentas de avaliação formativa. 1 Plágio - copiar ou assinar parcial ou totalmente uma obra literária, propriedade intelectual de outras pessoas, sem prévia autorização. ISCED CURSO: Administração pública: 2º Ano Disciplina/Módulo: Politicas Públicas 8 Durante a realização das avaliações, os estudantes devem ter em consideração a apresentação, a coerência textual, o grau de cientificidade, a forma de conclusão dos assuntos, as recomendações, a identificação das referências bibliográficas utilizadas, o respeito pelos direitos do autor, entre outros. Os objectivos e critérios de avaliação constam do Regulamento de Avaliação. ISCED CURSO: Administração pública: 2º Ano Disciplina/Módulo: Politicas Públicas 9 TEMA – I: CONSIDERAÇÕES GERAIS. Tema 1: Introdução e Evolução das Politicas Públicas. Introdução A disciplina de Politicas Públicas faz parte dos cursos ministrados pelo ISCED. Trata-se de uma disciplina necessária e importante porque dará a conhecer a origem e evolução das políticas públicas, sua evolução, percursores, análise das políticas públicas, elaboração e avaliação das mesmas. As políticas públicas surge como uma forma de equacionar problemas económicos e sociais de maneira a promover o desenvolvimento do país. A importância do campo do conhecimento de políticas públicas surge com a questão econômica principalmente no que se às políticas restritivas de gastos, só mais tarde a área social entra na agenda do governo. O estudo das políticas públicas, ainda que recentes, surgiu nos Estados Unidos como uma área de conhecimento académico, com ênfase nas ações de governo, sem estabelecer relações com as bases teóricas sobre o papel do Estado. Já na Europa, os estudos e as pesquisas se concentravam mais na análise sobre o Estado e suas instituições do que na produção do governo, desta forma surge como um desdobramento dos trabalhos baseados em teorias explicativas sobre o papel do estado e do governo (Souza,2007). As últimas décadas registaram o ressurgimento da importância do campo de conhecimento denominado políticas públicas, assim como das instituições, regras e modelos que regem sua decisão, elaboração, implementação e avaliação. Esse ressurgimento deve-se, em grande parte, às restrições financeiras e políticas que estão sendo impostas aos governos, gerando demandas pela elaboração de políticas públicas eficientes e efectivas. Vários factores contribuíram para o crescimento da importância do campo da política pública, tanto nos países industrializados como nos em desenvolvimento como Moçambique. O primeiro factor foi a adopção de políticas restritivas de gasto (contenção de gastos), que passaram a dominar a agenda da maioria dos países, em especial os em desenvolvimento. A partir dessas políticas, o desenho e a execução de políticas públicas, tanto as económicas como as sociais, ganharam maior visibilidade. ISCED CURSO: Administração pública: 2º Ano Disciplina/Módulo: Politicas Públicas 10 O segundo factor é que novas visões sobre o papel dos governos ganharam hegemonia e políticas keynesianas, que guiaram a política pública do pós-guerra, foram substituídas pela ênfase no ajuste fiscal. Assim, do ponto de vista da política pública, o ajuste fiscal implicou na adopção de orçamentos equilibrados entre receita e despesa e em restrições à intervenção do Estado na economia e nas políticas sociais. Essa preocupação passou a dominar as agendas dos países a partir dos anos 80, em especial em países com longas e recorrentes trajetórias inflacionárias, como os do continente Africano. O terceiro factor, mais directamente relacionado com países em desenvolvimento e de democracia recente ou recém democratizados, é que a maioria desses países, em especial os da Africa, ainda não conseguiu equacionar, minimamente, a questão de como desenhar políticas públicas capazes de impulsionar o desenvolvimento económico e de promover a inclusão social de grande parte de sua população. Respostas a esse desafio não são fáceis, nem claras ou consensuais. Elas dependem de muitos fatores externos e internos. No entanto, o desenho das políticas públicas e as regras que regem suas decisões, elaboração e implementação, também influenciam os resultados dos conflitos inerentes às decisões sobre política pública. Objectivos da Disciplina Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de: • Fornecer conceitos básicos sobre políticas, programas e políticas públicas existentes no nosso país; • Capacitar o aluno a ter uma visão ampla sobre as diversas políticas públicas existentes; • Dominar as técnicas de concepção, implementação, monitoramento e avaliação de Políticas Públicas; • Compreender a influência do contexto sócio-político e económico na gestão de Políticas Públicas; • Propiciar análises sobre processo decisório em políticas públicas; • Promover o debate sobre as reformas existentes políticas públicas em Moçambique; • Desenvolver uma capacidade crítica na análise das Políticas Públicas. ISCED CURSO: Administração pública: 2º Ano Disciplina/Módulo: Politicas Públicas 11 Unidade 1.1: Politicas Públicas Não existe uma única, nem melhor, definição sobre o que seja política pública. No entanto a expressão política pública engloba vários ramos do pensamento humano, sendo interdisciplinar, pois sua descrição e definição abrangem diversas áreas do conhecimento como as Ciências Sociais Aplicadas, a Ciência Politica, a Economia e a Ciência da Administração Pública, tendo como objectivo o estudo do problema central, ou seja, o processo decisório do governo (Bucci,2008). O primeiro passo para discutir política pública é compreender o conceito de “público”. As esferas que são rotuladas como publicas são aquelas que estão em oposição a outras que envolvem a ideia de privado. O público compreende aquele domínio da actividade da huamana que é considerado necessário para a intervenção governamental ou para a acção comum, ou seja no público não há exclusividade. Fazem referência a esse âmbito comum muitos termos utilizados com frequência, tais como como: interesse público; sector público; opinião pública; saúde pública entre outros. O conceito de política pública pressupõe que há uma área ou domínio da vida que não é privada ou somente individual, mas que existe em comum com os outros. Essa dimensão comum é denominada propriedade pública, não pertence a ninguém em particular e é controlada pelo governo para propósitos públicos. A localização ma esfera pública ‘e a condição de tornar-se objecto de politica pública. É nesse âmbito que as decisões são tomadas pelo público, para tratar de questões que afectam as pessoas em comunidades; todos os tipos de outras decisões são feitas em empresas, nas famílias e em outras organizações que não são da esfera pública. A administração pública surgiu como instrumento do Estado para defender os interesses públicos ao invés dos interesses privados. Existe uma acesa discussão entre varias correntes de pensamento há alguns que acham que o equilíbrio de mercado pode ser encontrado através da intersecção dos interesses dos privados e públicos, outros entendem que a administração pública é o meio racional de promover o interesse público. O governo é o principal gestor dos recursos e quem garante a ordem e a segurança providas pelo estado. Assim, o governo é obrigado a atender e resolver os ISCED CURSO: Administração pública: 2º Ano Disciplina/Módulo: Politicas Públicas12 problemas e levar adiante o processo de planeamento, elaboração, implementação e avaliação das políticas públicas que sejam necessárias ao cumprimento de modo coordenado e permanente dessa função que a sociedade lhe delega. Visto, desse modo, a função primordial do governo, politica pública pode ser entendida como o conjunto de princípios, critérios e linhas de acção que garantem e permitem a gestão do Estado na solução dos problemas nacionais. Também pode entender políticas públicas como acções empreendidas ou não pelos governos que deveriam estabelecer condições de equidade no convívio social, tendo por objectivo dar condições para que todos possam atingir uma melhoria da qualidade de vida compatível com a dignidade humana. Mead (1995) a define como um campo dentro do estudo da política que analisa o governo à luz de grandes questões públicas. Lynn (1980) a define como um conjunto específico de ações do governo que irão produzir efeitos específicos. Peters (1986) segue o mesmo veio: política pública é a soma das actividades dos governos, que agem diretamente ou através de delegação, e que influenciam a vida dos cidadãos. Dye (1984) sintetiza a definição de política pública como “o que o governo escolhe fazer ou não fazer”. A definição mais conhecida continua sendo a de Laswell, ou seja, decisões e análises sobre política pública implicam em responder às seguintes questões: quem ganha o quê, por que e que diferença faz. Outras definições enfatizam o papel da política pública na solução de problemas. Críticos dessas definições, que superestimam aspectos racionais e procedimentais das políticas públicas, argumentam que elas ignoram a essência da política pública, isto é, o embate em torno de idéias e interesses. Pode-se também acrescentar que, por concentrarem o foco no papel dos governos, essas definições deixam de lado o seu aspecto conflituoso e os limites que cercam as decisões dos governos. Deixam também de fora possibilidades de cooperação que podem ocorrer entre os governos e outras instituições e grupos sociais. Pode-se, então, dizer que a política pública é o campo do conhecimento que busca, ao mesmo tempo, "colocar o governo em ação" e/ou analisar essa ação (variável independente) e, quando necessário, propor mudanças no rumo ou curso dessas ações (variável dependente). Em outras palavras, o processo de formulação de política pública é aquele através do qual os governos traduzem seus propósitos em ISCED CURSO: Administração pública: 2º Ano Disciplina/Módulo: Politicas Públicas 13 programas e ações, que produzirão resultados ou as mudanças desejadas no mundo real. No entanto, deve ficar claro que embora as acções do governo tenham por objectivo primoridial cumprir seu papel de gestor dos negócios do Estado e primeiramente atender ao conjunto da sociedade, sem discriminação de qualquer tipo, visando ao bem comum, as pessoas que integram a administração por prazo determinado tem seus próprios interesses particulares e procurarão atender durante o tempo que permanecerem como administradores da coisa publica, o que pode ou não coincidir com os fins do Estado é considerado esse aspecto que as politicas públicas devem compreender todas as acções dos governos, pois estas, de algum modo, procurarão se legitimar através de um discurso (e alguma prática) que considera a necessidade de atender os fins do Estado, pois é esta a expectativa que possui a sociedade. Existem várias definições das políticas como já referido anteriormente, mas todas tem aspectos comum tais como: ✓ É feita em nome do “público”; ✓ É geralmente feita ou iniciada pelo governo; ✓ É interpretada e Implementada por atores públicos e privados; ✓ É o que o governo pretende fazer; ✓ É o que o Governo escolhe não fazer. É importante compreender-se que o conceito de políticas públicas inclui tanto temas de governo, como do Estado. Estes últimos são, na realidade, politicas de mais de um governo, o que lhes confere uma particularidade politica. Também é possível considerar políticas de Estado aquelas que envolvem o conjunto dos poderes do Estado (executivo, legislativo e judiciário) em seu projecto e execução (Lahera, 2004). As políticas públicas são o resultado da actividade política, requerem várias acções estratégicas destinadas a implementar os objectivos desejados e, por isso, envolvem mais de uma decisão política. Discutir politicas públicas é importante para entender a maneira pela qual elas atingem a vida quotidiana, o que pode ser feito para melhor formata-las e quais as possibilidades de se aprimorar sua fiscalização. Um dado importante a ser considerado sobre as políticas públicas é o aspecto coercitivo oficializado que os cidadãos aceitam como legitimo. Por exemplo: os impostos devem ser pagos, os sinais de trânsito devem ser respeitados, as normas que regulam o funcionamento dos espaços públicos devem ser acatadas, etc, em caso contrario, aqueles que não o fizerem serão penalizados. ISCED CURSO: Administração pública: 2º Ano Disciplina/Módulo: Politicas Públicas 14 Esse aspecto coercitivo das políticas públicas torna as organizações públicas diferentes das privadas. A discussão permanente das políticas públicas por parte dos cidadãos ‘e importante porque o Estado, possui recursos limitados que devem ser utilizados para atender um número significativo d demandas da sociedade e que tendem a crescer. Deste modo, as funções estatais, para serem exercidas, necessitam de um mínimo de planeamento, coma adopção de critérios de racionalidade para que as metas e objectivos sejam alcançados de forma eficiente. Mendes et al (2010) afirmam que as políticas publicas variam de acordo com o grau de diversificação da economia, com a natureza do regime social, com a visão que os governantes têm do papel do Estado no conjunto da sociedade e com o nível de actuação dos diferentes grupos sociais, como partidos políticos, sindicatos, associações e outras formas de organização social. Actualmente, a discussão sobre as políticas públicas, assim como qualquer abordagem sobre administração pública, deve considerar três grandes tendências que ocorrem em escala planetária e que se inter-relacionam: a globalização da economia, a transformação do Estado e o processo de descentralização. Essas grandes tendências influenciam os programas nacionais de desenvolvimento, alteram o papel das instituições públicas, reorientam os processos de integração nacional, promovem o surgimento de novos atores políticos e fortalecem a territorialidade dos processos socioeconómicos. Unidade 1. 2: Origem das Politicas Públicas Entender a origem e a ontologia de uma ciência ou área é importante para melhor compreender seus desdobramentos, sua trajectória e suas perspectivas. A política pública enquanto área de conhecimento e disciplina académica nasce nos Estados Unidos da América (EUA), rompendo ou pulando as etapas seguidas pela tradição europeia de estudos e pesquisas nessa área, que se concentravam, então, mais na análise sobre o Estado e suas instituições do que propriamente na produção dos governos. Assim, na Europa, a área de política pública vai surgir como um desdobramento dos trabalhos baseados em teorias explicativas sobre o Estado e sobre o papel de uma das mais importantes instituições do Estado, ou seja, o governo, produtor, por excelência, de políticas públicas. Nos EUA, ao ISCED CURSO: Administração pública: 2º Ano Disciplina/Módulo: Politicas Públicas 15 contrário, a área surge no mundo académico sem estabelecer relações com as bases teóricas sobre o papel do Estado, passando directo para a ênfase nos estudos sobre a acção dos governos. A base da área nosEUA é a de que, em democracias estáveis, aquilo que o governo faz ou deixa de fazer é passível de ser a) formulado cientificamente e b) analisado por pesquisadores independentes. Assim, a trajetória da disciplina, que nasce no interior da ciência política, abre o terceiro grande caminho trilhado pela ciência política norte-americana no que se refere ao estudo do mundo público. O primeiro, seguindo a tradição de Madison, cético da natureza humana, focalizava o estudo das instituições, consideradas fundamentais para limitar a tirania e as paixões inerentes à natureza humana. O segundo caminho seguiu a tradição de Paine e Tocqueville, que via nas organizações locais a virtude cívica para promover o bom governo. O terceiro caminho aberto foi o das políticas públicas como um ramo da ciência política capaz de orientar os governos nas suas decisões e entender como e por que os governos optam por determinadas acções. Na área do governo propriamente dito, a introdução da política pública como ferramenta das decisões do governo é produto da Guerra Fria e da valorização da tecnocracia como forma de enfrentar suas consequências. Seu introdutor no governo dos EUA foi Robert McNamara, que estimulou a criação, em 1948, da RAND Corporation, organização não-governamental financiada por recursos públicos e considerada a precursora dos think tanks. O trabalho do grupo de matemáticos, cientistas políticos, analistas de sistema, engenheiros, sociólogos etc., influenciado pela teoria dos jogos de Neuman, buscava mostrar como uma guerra poderia ser conduzida como um jogo racional A proposta de aplicação de métodos científicos às formulações e decisões do governo sobre problemas públicos se expande depois para outras áreas da produção pública, inclusive para a área social. Unidade Temática 1: 3: Características das Politicas Públicas Objectivos específicos As políticas publicas constituem um meio de concretização dos direitos que estão consagrados nas leis de um país. Neste sentido a constituição não contem políticas públicas, mas direitos cuja efetivação se dá por meio de políticas públicas. Do mesmo modo devem ser consideradas as constituições e as leis orgânicas dos conselhos autárquicos, que apresentam disposições jurídicas onde estão codificados os direitos de todo tipo (humanos, sociais, ambientais, etc) e, não políticas públicas. Estas tem a função explícita de concretizar aqueles direitos junto à comunidade a que se referem: o país todo, os estados ou as comunidades locais. ISCED CURSO: Administração pública: 2º Ano Disciplina/Módulo: Politicas Públicas 16 Uma politica pública implica o estabelecimento de uma ou mais estratégias orientadas a solução de problemas públicos e/ou à obtenção de maiores níveis de bem-estar social. Resultam de processo de decisão surgido no seio do governo com participação da sociedade civil, onde são estabelecidos os meios, agentes e fins das acções a serem realizadas para que se atinjam os objectivos estabelecidos. Outro factor relevante é que não existe um modelo de política pública ideal ou correcta, pois elas são respostas contingentes à situação de uma cidade, região ou um país. Ou seja, oque pode funcionar em dado momento da história, em um determinado país, pode não dar certo em outro lugar, ou no mesmo lugar em um outro momento. Em alguns casos, certas características de sua implementação podem ser tao importantes quanto a orientação geral dessa política, como por exemplo, aspectos como a coerência com que se executou a política, qual o órgão encarregado de faze-lo, a forma como a política foi combinada (ou não) com outros objectivos de política e quão previsível seria o futuro da política (Bid, 2007). Uma das características importantes das políticas públicas é que se constituem de decisões e acções que estão revestidas da autoridade soberana do poder público. Para Rodrigues (2010) a questão é saber quem são os atores envolvidos na produção de políticas públicas? Quem tem poder para tomar as decisões? Para que uma politica de governo se converta em politica pública. É necessário que esta se baseie em programas concretos, critérios, linhas de acção e normas; planos, previsões orçamentárias, humanas e materiais; também podem ser incluídas as disposições constitucionais, as leis e os regulamentos, os decretos e resoluções administrativas, entre outras. Bid (2007) aponta certas características ou aspectos chaves que afectam a qualidade das políticas públicas: ✓ Estabilidade: na medida em que as politicas são estáveis no tempo. Ter politicas estáveis não significa que não podem sofrer alterações, mas que as alterações tendem a responder a mudanças nas condições económicas ou ao fracasso de politicas anteriores, não à mudanças politicas. As mudanças devem ser gradativas, aproveitando as realizações de administrações anteriores e a ser alcançadas através de consenso. ✓ Adaptabilidade: as politicas devem ser passiveis de adaptação e ajustes quando as circunstancias mudam (por exemplo condições económicas de um país) ou serem alteradas quando for evidente que elas não estão funcionando. ISCED CURSO: Administração pública: 2º Ano Disciplina/Módulo: Politicas Públicas 17 ✓ Coerência e coordenação: em que medida as políticas são compatíveis com outras políticas afins e resultam de acções bem coordenadas entre os atores que participam de sua formulação e implementação. A falta de coordenação com frequência reflecte a natureza não cooperativa das interações políticas. Pode ocorrer em diferentes órgãos ou entre agentes que operam em diferentes estágios do processo de formulação de políticas. A falta de comunicação adequada e cooperação podem levar a fragmentação da formulação de políticas, também conhecida de balcanização das políticas públicas. ✓ Qualidade da Implementação e da aplicação efectiva: uma política pode ser muito bem projectada/ desenhada, passar pelo processo de aprovação sem alterações e, ainda assim, ser completamente ineficaz se não for bem implementada e aplicada. A qualidade da implementação está associada à capacitação do corpo técnico (ou burocracia). ✓ Consideração do interesse público: refere-se ao grau em que as politicas produzidas por um dado sistema promovem o bem-estar- estar geral e se assemelham a bens públicos (isto é, consideram o interesse público) ou tendem a direcionar os benefícios privados para determinados indivíduos, facções ou regiões sob a forma de projectos com benefícios concentrados, subsídios ou brechas fiscais. ✓ Eficiência: é um aspecto chave da boa formulação de políticas públicas, é a capacidade do Estado de alocar seus recursos escassos às actividade em que eles tenham os maiores retornos, em outras palavras, que assegure retornos sociais elevados. Este aspecto das políticas está, de certa forma, relacionado à consideração do interesse público, uma vez que, quando os formuladores de políticas de políticas favorecem indevidamente sectores específicos em detrimento do interesse público, estão se afastando da alocação de recursos mais eficiente. Sumário Percebeu-se que existem várias definições das políticas públicas mas todas se referem ao conjunto de acções levadas a cabo pelo governo com vista a satisfazer as necessidades dos cidadãos. A origem da disciplina políticas públicas é nos EUA, foram 4 influenciadores de campo de saber Harold Laswell, H. Simon, C. Lindblom e D. Easton, existem características que contribuem para a qualidade das políticas públicas. ISCED CURSO: Administração pública: 2º Ano Disciplina/Módulo: Politicas Públicas 18 Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO Das Afirmações abaixo assinale as Verdadeiras com V e as Falsas com F. 1. O governoé o principal gestor dos recursos e quem garante a ordem e a segurança providas pelo Estado. 2. A área das políticas públicas contou com 5 influenciadores ou fundadores: Harold Laswell, H. Simon, C. Lindblom e D. Easton e Souza 3. Um dos factores que contribuíu para o crescimento da importância do campo da política pública, tanto nos países industrializados como nos em desenvolvimento é adopção de políticas restritivas de gasto (contenção de gastos). 4. A política pública enquanto área de conhecimento e disciplina académica nasce nos Estados Unidos da América 5. A introdução da política pública como ferramenta das decisões do governo é produto da crise económica. 6. Simon (1957) introduziu o conceito de racionalidade limitada dos decisores públicos (policy makers), argumentando, todavia, que a limitação da racionalidade poderia ser minimizada pelo conhecimento racional. 7. Laswell (1936) contribuiu para a área ao defini-la como um sistema, ou seja, como uma relação entre formulação, resultados e o ambiente 8. Easton (1965) introduz a expressão policy analysis (análise de política pública), ainda nos anos 30, como forma de conciliar conhecimento científico/acadêmico com a produção empírica dos governos e também como forma de estabelecer o diálogo entre cientistas sociais, grupos de interesse e governo. 9. Adaptabilidade: na medida em que as politicas são estáveis no tempo. Ter politicas estáveis não significa que não podem sofrer alterações, mas que as alterações tendem a responder a mudanças nas condições económicas ou ao fracasso de politicas anteriores, não à mudanças politicas. As mudanças devem ser gradativas, aproveitando as realizações de administrações anteriores e a ser alcançadas através de consenso. 10. Estabilidade: as politicas devem ser passiveis de adaptação e ajustes quando as circunstancias mudam (por exemplo condições económicas de um país) ou serem alteradas ISCED CURSO: Administração pública: 2º Ano Disciplina/Módulo: Politicas Públicas 19 quando for evidente que elas não estão funcionando. Exercícios para AVALIAÇÃO 1. Aponte os elementos chave na definição das políticas públicas 2. Discuta as características das políticas públicas 3. 4 Autores influenciaram o campo das políticas públicas. Elabore um quadro com o nome, ano e o contributo de cada autor. 4. Olhando para o contexto nacional aponte 3 politicas publicas em curso 5. Eficiência: é um aspecto chave da boa formulação de políticas públicas, é a capacidade do Estado de alocar seus recursos escassos às actividades em que eles tenham os maiores retornos. Discuta a afirmação Soluções de Questões de Auto Avaliação 1.V 2.F 3.V 4.V 5.F 6.V 7.F 8.F 9.F 10.F Soluções de Questões de Avaliação 1. Elementos chave na definição das políticas públicas: ✓ É feita em nome do “público”; ✓ É geralmente feita ou iniciada pelo governo; ✓ É interpretada e Implementada por atores públicos e privados; ✓ É o que o governo pretende fazer; ✓ É o que o Governo escolhe não fazer 2. Características das Politicas Públicas (ver Unidade 1:3) 3. Definições das Politicas das Públicas (ver Unidade 1:1) 4. Politica Nacional dos Recursos Hídricos; Politica Nacional de Meio Ambiente e Politica Nacional de Educação e Saúde. 5. Eficiência: é um aspecto chave da boa formulação de políticas públicas, é a capacidade do Estado de alocar seus recursos escassos às actividades ou áreas em que eles tenham os maiores retornos, pois tendo em conta a limitação dos ISCED CURSO: Administração pública: 2º Ano Disciplina/Módulo: Politicas Públicas 20 recursos há necessidade de serem aplicados onde haja maior retorno e evitar-se o desperdício. Tema 2: Diferença entre programas, políticas e políticas públicas Políticas públicas são conjuntos de programas, acções e actividades desenvolvidas pelo Estado directa ou indirectamente, com a participação de entes públicos ou privados, que visam assegurar determinado direito de cidadania, de forma difusa ou para determinado seguimento social, cultural, étnico ou económico. As políticas públicas correspondem a direitos assegurados constitucionalmente ou que se afirmam graças ao reconhecimento por parte da sociedade e/ou pelos poderes públicos enquanto novos direitos das pessoas, comunidades, coisas ou outros bens materiais ou imateriais. A educação e a saúde em Moçambique são direitos universais de todos os moçambicanos. Assim, para assegurá-los e promovê-los estão instituídas pela própria Constituição as políticas públicas de educação e saúde. As políticas públicas normalmente estão constituídas por instrumentos de planeamento, execução, monitoramento e avaliação, encadeados de forma integrada e lógica, da seguinte forma: ✓ Planos; ✓ Programas; ✓ Acções; ✓ Actividades. Os planos estabelecem directrizes, prioridades e objectivos gerais a serem alcançados em períodos relativamente longos. Por exemplo, os planos decenais de educação tem o sentido de estabelecer objectivos e metas estratégicas a serem alcançados pelos governos e pela sociedade ao longo de dez anos. Os programas estabelecem, por sua vez, objetivos gerais e específicos focados em determinado tema, público, conjunto institucional ou área geográfica. O Programa Nacional combate a SIDA é um exemplo temático e de público. Acções visam o alcance de determinado objetivo estabelecido pelo Programa, e a actividade, por sua vez, visa dar concretude à acção. Unidade 2.2: A distinção entre Política e Políticas Públicas ISCED CURSO: Administração pública: 2º Ano Disciplina/Módulo: Politicas Públicas 21 Apesar da importante contribuição de Souza para a definição de políticas públicas, entende-se que o melhor termo que o define, por conta de seu carácter didático, é o desenvolvido por Azevedo (2003) a partir da articulação entre as compreensões de Dye (1984) e Lowi (1966). Neste exercício, Azevedo (2003, p. 38) definiu que “política pública é tudo o que um governo faz e deixa de fazer, com todos os impactos de suas ações e de suas omissões”. O primeiro destaque a se fazer com relação a essa definição dada por Azevedo é de que política pública é coisa para o governo. A sua definição é clara nesse sentido. Isso quer dizer que a sociedade civil, ou melhor, o povo, não é responsável direto e nem agente implementador de políticas públicas. No entanto, a sociedade civil, o povo, faz política. Percebe-se então que existe uma distinção entre política e política pública. Mas como definir a primeira expressão? O filósofo e historiador Michel Foucault (1979) afirmou que todas as pessoas fazem política, todos os dias, e até consigo mesmas! Isso seria possível na medida em que, diante de conflitos, as pessoas precisam decidir, sejam esses conflitos de caráter social ou pessoal, subjetivo. Socialmente, a política, ou seja, a decisão mediante o choque de interesses desenha as formas de organização dos grupos, sejam eles econômicos, étnicos, de gênero, culturais, religiosos, etc. A organização social é fundamental para que decisões coletivas sejam favoráveis aos interesses do grupo. Por fim, é importante dizer que os grupos de interesse, organizados socialmente, traçam estratégias políticas para pressionaram o governo a fim de que políticas públicas sejam tomadas em seu favor. Sumário Existe uma diferença entre políticas, politicas, programas e acções. As políticas publicas englobam programas, acções e actividades desenvolvidas pelo Estado directa ou indirectamente, com a participação de entes públicos ou privados, que visam assegurar determinado direito de cidadania, de forma difusa ou para determinado seguimento social, cultural, étnico ou económico. Osplanos estabelecem diretrizes, prioridades e objectivos gerais a serem alcançados em períodos ISCED CURSO: Administração pública: 2º Ano Disciplina/Módulo: Politicas Públicas 22 relativamente longos. Por exemplo, os planos decenais de educação tem o sentido de estabelecer objectivos e metas estratégicas a serem alcançados pelos governos e pela sociedade ao longo de dez anos. Os programas estabelecem, por sua vez, objetivos gerais e específicos focados em determinado tema, público, conjunto institucional ou área geográfica. Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO 1. Falar de Politicas e de Politicas publicas é mesma coisa. 2. Planos Os planos estabelecem directrizes, prioridades e objectivos gerais a serem alcançados em períodos relativamente longos 3. O plano quinquenal do governo pode ser considerado uma fonte de política pública 4. Os programas estabelecem, por sua vez, objetivos gerais e específicos focados em determinado tema, público, conjunto institucional ou área geográfica. 5. Acções visam o alcance de determinado objetivo estabelecido pelo Programa, e a actividade, por sua vez, visa dar concretude à acção 6. A organização social não é fundamental para que decisões coletivas sejam favoráveis aos interesses do grupo. 7. As políticas públicas normalmente estão constituídas por instrumentos de planeamento, execução, monitoramento e avaliação. 8. A educação e a saúde em Moçambique são direitos universais de todos os moçambicanos, isto pode ser considerado política pública. 9. A política pública é concebida como o conjunto de acções desencadeadas pelo Estado - no caso moçambicano, nas escalas nacional, provincial e municipal 10. As políticas públicas são de responsabilidade apenas do governo do dia ISCED CURSO: Administração pública: 2º Ano Disciplina/Módulo: Politicas Públicas 23 Exercícios para AVALIAÇÃO 1. Diferencie as políticas públicas das políticas e programas. 2. Discuta os elementos constitutivos das Politicas públicas 3. Porque é importante que os grupos de interesse, organizados socialmente, tracem estratégias políticas para pressionaram o governo a fim de que políticas públicas. 4. O filósofo e historiador Michel Foucault (1979) afirmou que todas as pessoas fazem política, todos os dias, e até consigo mesmas. Argumente o posicionamento do autor. 5. Associe o conceito da política e dos programas a aponte as falhas no contexto actual. Soluções de Questões de Auto Avaliação 1.F 2.V 3.V 4.V 5.F 6.F 7.V 8.V 9.V 10.F Soluções de Questões de Avaliação 1. Políticas públicas são conjuntos de programas, acções e actividades desenvolvidas pelo Estado directa ou indirectamente, com a participação de entes públicos ou privados, que visam assegurar determinado direito de cidadania, de forma difusa ou para determinado seguimento social, cultural, étnico ou económico, programas Os programas estabelecem, por sua vez, objetivos gerais e específicos focados em determinado tema, público, conjunto institucional ou área geográfica. 2. Elementos constitutivos da política Planos; Programas; Acções; Actividades. 3. é importante que os grupos de interesse, pressionam o governo a seguir com as politicas públicas por forma a atingir o bem estar da sociedade, e através destes o implementador ira saber como os programas estão a caminhar e corrigir caso haja desvio. 4. Todas as pessoas fazem política, todos os dias, e até consigo mesmas, o ser humano por natureza é social e por ser social discute os problemas que assolam a sociedade com vista a ter soluções para os mesmos problemas, ninguém fica alheio aos problemas da sociedade. ISCED CURSO: Administração pública: 2º Ano Disciplina/Módulo: Politicas Públicas 24 5. As maiores falhas que podem ser apontadas tem a ver com a forma com as mesmas são desenhadas, muitas das vezes de top para base e não contrario, outro problema consiste nas externalidades geradas pelas politicas publicas bem como a assimetria de informação Tema 3: Tipologias das Politicas Públicas Como se discutiu nas secções anteriores, as políticas públicas são acções governamentais dirigidas a resolver determinadas necessidades públicas. Existem diferentes modelos ou tipologias desenvolvidas para facilitar o entendimento sobre como e por que o governo faz ou deixa de fazer alguma acção que repercutirá na vida dos cidadãos. As políticas públicas podem ser de diferentes tipos, como: ✓ Politica Social: Saúde, educação, habitação, segurança social ✓ Politica Macroeconómica: Fiscal, monetária, cambial, industrial ✓ Politica Administrativa: Democracia, descentralização, participação social ✓ Política Especifica ou Sectorial: Meio Ambiente, Cultura, Agraria, direitos humanos, etc. No que se refere a natureza das políticas públicas, podem ser agrupadas de acordo com as arenas decisórias, finalidade e o alcance das acções. De acordo com a tipologia clássica de Theodore J. Lowi, também chamada de tipologia de Lowi ou teoria das arenas de pode, cada tipo de política publica define um tipo específico de relação politica, ou seja, uma arena. Nesse sentido, a política publica determina a política, em outras palavras, cada tipo de política pressupõe uma rede diferente de actores, bem como arenas, estruturas decisões e contextos institucionais diferentes. Unidade temática 3.1: Tipologias das Politicas Públicas Lowi (1964) aponta que, as arenas de poder ou decisórias podem ser divididas em quatro tipos (regulatórias, distributiva, redistributivas e constitutivas), de acordo com as coalizações ou oposição ao objecto da politica que esta em jogo. Políticas Distributivas, decisões tomadas pelo governo que desconsideram a questão dos recursos limitados, gerando ISCED CURSO: Administração pública: 2º Ano Disciplina/Módulo: Politicas Públicas 25 impactos mais individuais do que universais, ao privilegiar certos grupos sociais ou regiões em detrimento do todo. Políticas públicas que favorecem o clientelismo e o patrimonialismo, por exemplo, seriam exemplos de políticas distributivas. As políticas distributivas são financiadas pelo conjunto da sociedade e os benefícios são distribuídos atendendo as necessidades individualizadas, ou seja, o governo distribui recursos a uns, sem que isso afecte outros grupos ou indivíduos. A ausência de desfavorecidos gera uma arena baseada na cooptação desenvolvendo numa arena menos conflituosa. Podem ser utilizadas para estimular sectores e actividades já existentes, como é o caso da concessão de subsídios, ou, ainda, isenções tarifárias, incentivos ou renúncias fiscais. Exemplo: “Um programa de crédito a baixo custo oferecido a pequenos empreendedores que queiram montar seu negócio [...] Problema: necessidade de geração de emprego e renda” (SECCHI, 2012, p. 08). Podemos citar a gratuidade de taxas para certos usuários, incentivos fiscais, emendas parlamentares ao orçamento para a realização de obras públicas como outros exemplos de políticas distributivas. Políticas Regulatórias, que são mais visíveis ao público, envolvendo burocracia, políticos e grupos de interesse. Envolvem discriminação no atendimento das demandas de grupo distinguindo os beneficiados e prejudicados por essas políticas, estabelecendo controlo, regulamento e padrões de comportamento de certas actividades. Estabelece padrões de comportamento, serviço ou produto para atores públicos e privados” (SECCHI, 2012, p. 17). Exemplo: “Uma lei que obrigue os motociclistas a usar capacetes e roupa adequada [...] Problema: altos níveis de acidentes com motociclistas em centros urbanos” (SECCHI, 2012, p. 08). Além do códigode trânsito, podemos citar os assuntos relacionados ao aborto, eutanásia, proibição de fumo em locais fechados, regras para publicar certos produtos como políticas regulatórias. Política redistributiva: atinge um maior número de pessoas e podem ser entendidas como políticas sociais “universais”, como por exemplo, o sistema tributário, o sistema revidenciário, a reforma agrária. Exemplo: “A instituição de um novo imposto sobre grandes fortunas, que transfira renda de classes abastadas para um programa de distribuição de renda para famílias carentes [...] Problema: concentração de renda” (SECCHI, 2012, p. 08). Políticas constitutivas: lidam com procedimentos, definem competências, regras de disputa ISCED CURSO: Administração pública: 2º Ano Disciplina/Módulo: Politicas Públicas 26 política e da elaboração de políticas públicas. “São chamadas meta-policies, porque se encontram acima dos outros três tipos de políticas e comumente moldam a dinâmica política nessas outras arenas” (SECCHI, 2012, p. 18 – grifo do autor). As regras de distribuição de competência entre os três poderes e do sistema político eleitoral, de relações intergovernamentais e da participação da sociedade civil nas decisões políticas são exemplo de políticas constitutivas como: “uma lei que obrigue partidos políticos a escolher seus candidatos em processos internos de seleção e posteriormente apresentar listas fechadas aos eleitores [...] Problema: debilidade dos partidos políticos moçambicanos, infidelidade partidária por parte dos políticos” (SECCHI, 2012, p. 08). De uma forma geral pode se resumir as tipologias das políticas públicas na figura 1: Sumário Desenvolvendo a leitura de Lowi (1966), Azevedo (2003) apontou a existência de três tipos de políticas públicas: as redistributivas, as distributivas e as regulatórias. As políticas públicas redistributivas consistem em redistribuição de “renda na forma de recursos e/ou de financiamento de equipamentos e serviços públicos” (Azevedo, 2003, p. 38). Do ponto de vista da justiça social o seu financiamento deveria ser feito pelos estratos sociais de maior poder aquisitivo, de modo que se pudesse ocorrer, portanto, a redução das desigualdades sociais. No entanto, por conta do poder de organização e pressão desses estratos ISCED CURSO: Administração pública: 2º Ano Disciplina/Módulo: Politicas Públicas 27 sociais, o financiamento dessas políticas acaba sendo feito pelo orçamento geral do ente estatal (união, estado federado ou município). As políticas públicas distributivas implicam nas ações cotidianas que todo e qualquer governo precisa fazer. Elas dizem respeito à oferta de equipamentos e serviços públicos, mas sempre feita de forma pontual ou setorial, de acordo com a demanda social ou a pressão dos grupos de interesse. São exemplos de políticas públicas distributivas as podas de árvores, os reparos em uma creche, a implementação de um projeto de educação ambiental ou a limpeza de um córrego, dentre outros. O seu financiamento é feito pela sociedade como um todo através do orçamento geral de um estado. Por último, há as políticas públicas regulatórias. Elas consistem na elaboração das leis que autorizarão os governos a fazerem ou não determinada política pública redistributiva ou distributiva. Se estas duas implicam no campo de ação do poder executivo, a política pública regulatória é, essencialmente, campo de ação do poder legislativo. Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO 1.As políticas públicas podem ser de diferentes tipos, como: política social, macroeconómica, política administrativa e política específica ou sectorial. 2. Politica Social: Saúde, educação, habitação, segurança social 3.Politica Macroeconómica: Fiscal, monetária, cambial, industrial 4.Politica Administrativa: Democracia, descentralização, participação social 5. Política Especifica ou Sectorial: Meio Ambiente, Cultura, Agraria, direitos humanos. 6. No que se refere a natureza das políticas públicas, podem ser agrupadas de acordo com as arenas decisórias, finalidade e o alcance das acções. 7. As políticas distributivas são financiadas pelo conjunto da sociedade e os benefícios são distribuídos atendendo as necessidades Individualizadas, ou seja, o governo distribui recursos a uns, afectando outros grupos ou indivíduos. ISCED CURSO: Administração pública: 2º Ano Disciplina/Módulo: Politicas Públicas 28 8. Políticas constitutivas: lidam com procedimentos, definem competências, regras de disputa política e da elaboração de políticas públicas. 9. Política redistributiva: atinge um maior número de pessoas e podem ser entendidas como políticas sociais “particularizadas. 10. Um dos problemas apontado na política constitutiva é debilidade dos partidos políticos moçambicanos, infidelidade partidária por parte dos políticos. Exercícios de AVALIAÇÃO 1. Lowi (1964) aponta que, as arenas de poder ou decisórias podem ser divididas em quatro tipos. Quais são? 2. Uma das políticas apontadas por Lowi é a distribuitiva. Aponte os problemas desta política 3. Diferencie com exemplos concretos as políticas regulatórias e constitutivas 4. A política publica determina a política, em outras palavras, cada tipo de política pressupõe uma rede diferente de atores, bem como arenas, estruturas decisões e contextos institucionais diferentes. Comente a afirmação 5. Nas 4 políticas públicas estudadas discuta a coercividade de cada. Soluções de Questões de Auto Avaliação 1.V 2.V 3.V 4.V 5.V 6.V 7.F 8.V 9.F 10.V Soluções de Questões de Avaliação 1. Lowi (1964) aponta que, as arenas de poder ou decisórias podem ser divididas em quatro tipos: regulatórias, distributiva, redistributivas e constitutivas. 2. Ver Unidade temática 3.1 3. Política redistributiva: atinge um maior número de pessoas e podem ser entendidas como políticas sociais “universais”, como por exemplo, o sistema ISCED CURSO: Administração pública: 2º Ano Disciplina/Módulo: Politicas Públicas 29 tributário, o sistema revidenciário, a reforma agrária. Exemplo: “A instituição de um novo imposto sobre grandes fortunas, que transfira renda de classes abastadas para um programa de distribuição de renda para famílias carentes e Políticas constitutivas: lidam com procedimentos, definem competências, regras de disputa política e da elaboração de políticas públicas. “São chamadas meta-policies, porque se encontram acima dos outros três tipos de políticas e comumente moldam a dinâmica política nessas outras arenas”. As regras de distribuição de competência entre os três poderes e do sistema político eleitoral, de relações intergovernamentais e da participação da sociedade civil nas decisões políticas são exemplo de políticas constitutivas como: “uma lei que obrigue partidos políticos a escolher seus candidatos em processos internos de seleção e posteriormente apresentar listas fechadas aos eleitores. 4. Ver unidade 3.1 em caso de dúvidas 5. Ver a figura 1 na unidade 3.1 Tema 4: Estado, Sociedade Civil e Políticas Públicas É importante frisar, inicialmente, que a política pública não se refere apenas às questões que envolvem a sua formulação, ou seja, a partir dos desdobramentos da aplicação dos recursos, dos seus aspectos jurídicos, da legitimidade ou apenas como atributo do Estado. Mas deve-se debater também a sua historicidade, o surgimento das ideias e dos actores envolvidos. Unidade temática: 4.1: Relação entre Estado, Sociedade Civil e Politicas Públicas Afinal, é da relação entre atores, como o Estado, classes sociais e a sociedade civil, como explica Boneti (2007), que surgemos agentes capazes de definir a política pública. Além disso, como bem observa Dias e Matos (2012), uma cooperação entre os atores envolvidos, de forma participativa e dialógica é essencial no processo de implementação de uma dada política pública. Essa relação entre Estado, classes sociais e a sociedade civil se deu, segundo Battini e Costa (2007), a partir do século XX. Nesse período, conforme os autores, o Estado deixou de ser entendido apenas como instrumento de dominação capitalista e passou a ser visto como o resultado da organização política de uma sociedade de classes e seus conflitos de interesses. ISCED CURSO: Administração pública: 2º Ano Disciplina/Módulo: Politicas Públicas 30 Nesta área, entram as políticas públicas, marcadas por esses conflitos e disputas de interesses, onde se materializam o poder do Estado, paralelo ao pacto político firmado na sociedade (Battini & Costa, 2007). As políticas públicas são, assim, instrumentos para efectivar os direitos do cidadão, intermediando o pacto entre o Estado e a sociedade. Não há, entretanto, certeza de que os direitos sociais sejam efetivados, pois tudo irá depender da maior ou menor representatividade que cada segmento representado possui. Adicionalmente, como ressalta Boneti (2007), a definição das políticas públicas também é determinada pelos interesses das elites globais, a exemplo do Fundo Monetário Internacional e da Organização Mundial do Comércio. Esses órgãos interferem na elaboração das políticas públicas dos países periféricos, prevalecendo-se do poder econômico, por meio de empréstimos, fazendo os adoptar modelos homogêneos de desenvolvimento econômico e social no atendimento aos interesses da elite. As elites, portanto, se utilizam de diferentes estratégias para ganhar poderes e, assim, interferirem no caráter e na operacionalização das políticas públicas. A própria ideia de centro e periferia reforça o caráter de verdade assumido pelo setor economicamente dominante. Logo, tem-se o centro com mais condições quanto aos aspectos tecnológicos e de desenvolvimento social, impondo um modelo elitizado como padrão de vida e da verdade, sendo, tal concepção, incorporada pelos setores pobres no sentido de tentar atingir o mesmo modelo. O modelo referencial para igualar as diferenças, adotado pela estrutura de poder atual, é a tecnologia, conforme Boneti (2007). Ou seja, o que passa a prevalecer é a regra da competência tecnológica, com vistas à adoção de políticas públicas de inovação tecnológica, como sendo as de maior impacto social, o que vem a beneficiar uns segmentos em detrimento de outros. A partir dessas regras - regras de exclusão -, selecionam-se certas questões da agenda política, que passam a receber mais atenção em detrimento da omissão de outras. O progresso tecnológico começa, então, a ser utilizado como referencial de desenvolvimento e um factor ideológico da concepção de que esse seria o caminho para o bem estar social. Entretanto, as políticas de desenvolvimento tecnológico focam o benefício de segmentos sociais que dispõem de recursos econômicos e tecnológicos, o que deixa outros fora da agenda política. O problema gerado por esse modelo padronizado pelas elites refere-se à questão da igualdade, o que, na concepção de Boneti (2007), não se estabelece pela maioria, mas toma por ISCED CURSO: Administração pública: 2º Ano Disciplina/Módulo: Politicas Públicas 31 base o padrão imposto pela classe dominante da sociedade capitalista e gera desigualdade. Observa-se, assim, que representantes da sociedade civil organizada, como ONGs e movimentos sociais, assumem papel fundamental no sentido de impedir que as práticas sociais impostas pelas classes dominantes em conflito com os interesses da sociedade não se conformem por meio das políticas públicas. Ademais, os atores locais são importantes no processo de elaboração e operacionalização das políticas públicas para que não sejam executadas apenas em função do interesse de grupos dominantes. Ressalta-se que, durante o ciclo da política pública, ocorre o envolvimento de diferentes pessoas e instituições, cada qual inserindo um pouco de seus interesses particulares quando da implementação da política. Portanto, a política pública, desde sua elaboração até a sua operacionalização, segue um ciclo inerte num contexto social, onde há conflitos e necessidades a serem harmonizadas. O que, segundo a abordagem de Boneti (2007), é o resultado da dinâmica de jogo de forças que se dá no âmbito das relações de poder, com a participação de grupos políticos, econômicos, classes sociais e demais organizações da sociedade civil. Levando-se em consideração esses aspectos, entender as visões que modelam as relações entre Estado e sociedade, torna-se mais uma etapa essencial à análise de uma política pública. Portanto, abordaremos, a seguir, as visões pluralista, marxista, elitista e corporativista. Unidade 4. 2: Estado 4.1 Visões do Estado Ham e Hill (1993) apontam quatro corpos teóricos que buscam explicar as influências do Estado e dos factores sociais no desenvolvimento de políticas públicas: são as visões pluralista, marxista, elitista e corporativista. A teoria pluralista, segundo Dahl (1961), citado por Ham e Hill (1993, p. 47), "aponta que as fontes de poder estão distribuídas de forma desigual, mas de forma ampla entre indivíduos e grupos, dentro da sociedade". Logo, para essa teoria, nenhum indivíduo ou grupo é destituído de poder, mas sua entrada na agenda política dependerá de seus recursos e dos seus grupos de pressão. Aliás, a representação das ideias por meio de grupos de pressão, segundo Ham e Hill (1993), pode mostrar-se como umas das faces da democracia e desempenhar o papel de representação de interesses específicos. ISCED CURSO: Administração pública: 2º Ano Disciplina/Módulo: Politicas Públicas 32 Esse ponto de vista, no contexto britânico, foi relatado por Richardson e Jordan (1979 apud Ham & Hill, 1993) que afirmam que, na Inglaterra, determinadas políticas públicas entram na agenda por influências de grupos de pressão que negociam com as agências do governo. Nos Estados Unidos, como explicam Ham e Hill (1993), esses grupos também são vistos como centrais na teoria pluralista. Além disso, acrescentam os autores, no Estado de bem-estar, de forma similar, o governo passou a consultar e negociar com grupos organizados (de pressão) no intuito de obter apoio e voto. Quanto à teoria elitista, contrapõe-se à pluralista e, no Estado moderno, explicam Ham e Hill (1993), está ligada à centralização de poder nas mãos de uma elite política (burocratas, militares, aristocratas e empresários). Dessa forma, na visão de Mosca (1939 apud Ham & Hill, 1993, p. 50-51), existe. [...] uma classe que governa e outra que é governada. A primeira classe, sempre a menos numerosa, executa todas as funções políticas, monopoliza o poder e goza das vantagens que o poder traz, enquanto a segunda, a classe mais numerosa, é dirigida e controlada pela primeira de uma forma que é ora mais ou menos legal, ora mais ou menos arbitrária e violenta. Não obstante as instituições serem geridas por grupos minoritários, é possível a compatibilidade desse modelo com a democracia pluralista. Isto porque, segundo Ham e Hill (1993), a competição entre líderes de partidos políticos e elites de grupos de pressão, durante as eleições, representaria a forma sob a qual a democracia funcionaria no Estado moderno. Já na visão marxista, o Estado representa o meio para a domínio do poder de determinada classe, notadamente a burguesa. Ou seja, o Estado serve de instrumento para realização dos interesses dessa classe. Miliband (1969 apud
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