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Tensões residuais e deformações em soldagem _____________________________________________________________________________________ Fundação Brasileira de Tecnologia da Soldagem | ‐ FBTS Este texto complementar é parte integrante do material on line disponibilizado para o Curso de Inspetor de Soldagem Página | 1 Metalurgia da Soldagem Tensões Residuais e Deformações em Soldagem Neste texto você conhecerá os principais aspectos relacionados com as tensões residuais e deformações decorrentes do processo de soldagem. Conhecerá também a Analogia da Barra Aquecida, os efeitos de Repartição Térmica e Plastificação, além dos Tratamentos Térmicos de Normalização, Recozimento, Têmpera e Revenimento. A soldagem, devido ao aquecimento localizado, provoca tensões residuais e deformações que devem ser levadas em conta no projeto e fabricação das peças. Analogia da Barra Aquecida Considere um dispositivo constituído de três barras engastadas a suportes fixos, inicialmente à temperatura ambiente (Figura 1). Admita, agora, que a barra B seja aquecida independentemente das outras duas. • A dilatação térmica restringida provoca tensões de compressão na barra B e de tração - para que o equilíbrio seja mantido - nas barras A e C. Tensões residuais e deformações em soldagem _____________________________________________________________________________________ Fundação Brasileira de Tecnologia da Soldagem | ‐ FBTS Este texto complementar é parte integrante do material on line disponibilizado para o Curso de Inspetor de Soldagem Página | 2 • À medida que a temperatura se eleva, as tensões nas barras aumentam, atingindo o limite de escoamento na barra B (ponto 1). A partir desse ponto a dilatação térmica é absorvida com a deformação plástica da barra B. • As curvas indicam a variação do limite de escoamento com a temperatura. Continuando o aquecimento, a tensão na barra B evolui ao longo de 1, 2, onde a plastificação impede o estabelecimento de tensões superiores ao limite de escoamento. O ponto 2 corresponde à temperatura máxima atingida (θ2). • Durante o resfriamento, a barra B se contrai tendendo para um comprimento livre menor do que L, em virtude da deformação plástica a que foi submetida. A tensão diminui, muda de sinal e atinge o limite de escoamento - à tração - no ponto 3. • A partir do ponto 3 a contração térmica é absorvida por deformação plástica, não permitindo que a tensão na barra ultrapasse o limite de escoamento. Ao longo de 3, 4, o valor da tensão acompanha a variação do limite de escoamento com a temperatura. • Concluindo o resfriamento, as 3 barras ficam submetidas a um sistema de tensões residuais. Na barra B a tensão é de tração e da ordem de grandeza do limite de escoamento do material. Esse raciocínio é evidentemente simplificado. Não foi considerada a variação do módulo de elasticidade e do coeficiente de dilatação térmica, com a temperatura. A fluência do material ("creep") foi também desprezada. Tensões residuais e deformações em soldagem _____________________________________________________________________________________ Fundação Brasileira de Tecnologia da Soldagem | ‐ FBTS Este texto complementar é parte integrante do material on line disponibilizado para o Curso de Inspetor de Soldagem Página | 3 Figura 1: Variação da tensão na barra B. Repartição Térmica e Plastificação Uma peça soldada se assemelha ao sistema de três barras. A repartição térmica mostra que a zona aquecida acima de θ1 sofre deformações plásticas, analogamente à barra B, determinando o aparecimento de tensões residuais (figura 2). O nível de tensões depende do grau de restrição da estrutura, na direção considerada. Na maioria dos casos, a restrição é total na direção longitudinal do cordão de solda. Verificações Tensões residuais e deformações em soldagem _____________________________________________________________________________________ Fundação Brasileira de Tecnologia da Soldagem | ‐ FBTS Este texto complementar é parte integrante do material on line disponibilizado para o Curso de Inspetor de Soldagem Página | 4 experimentais confirmam que nessa direção as tensões são muito próximas do limite de escoamento. Figura 2: Distribuição de tensões residuais de uma solda entre peças. Tensões residuais e deformações em soldagem _____________________________________________________________________________________ Fundação Brasileira de Tecnologia da Soldagem | ‐ FBTS Este texto complementar é parte integrante do material on line disponibilizado para o Curso de Inspetor de Soldagem Página | 5 Não dispondo de rigidez suficiente, as peças se deformam tendendo a aliviar as tensões residuais. As deformações são proporcionais à extensão da zona plastificada. As tensões e deformações resultantes da soldagem aparecem em condições muito mais complexas que no modelo da barra aquecida. O movimento da fonte de calor, a variação do grau de restrição à medida que a solda é depositada e a soldagem em vários passes são os principais fatores eliminados pela simplificação. Entretanto, apesar de sua relativa simplicidade, a analogia permite conclusões úteis, tais como: O preaquecimento em temperaturas inferiores a θ1 - aproximadamente 150°C, para os aços carbono - praticamente não reduz o nível de tensões residuais. O preaquecimento total da peça em temperaturas nas quais o limite de escoamento se anula, previne o aparecimento das tensões residuais. Entretanto, nesta condição, a peça pode se deformar sob ação de seu peso. O preaquecimento local - qualquer que seja a temperatura - não reduz o nível de tensões, embora apresente várias outras ações benéficas. Repartições térmicas mais estreitas - soldagem com baixa energia ("low heat input") - reduzem a zona plastificada, diminuindo as deformações. A soldagem a gás, por exemplo, provoca maiores deformações que a soldagem a arco. Pela mesma razão, o preaquecimento tende a aumentar as deformações. Tensões residuais e deformações em soldagem _____________________________________________________________________________________ Fundação Brasileira de Tecnologia da Soldagem | ‐ FBTS Este texto complementar é parte integrante do material on line disponibilizado para o Curso de Inspetor de Soldagem Página | 6 A contração de solidificação não tensiona a peça soldada. A falta de continuidade do meio sólido não possibilita a ação de forças. Em vista disso, ao se avaliar as deformações, deve-se reportar às dimensões da zona plastificada e não da zona fundida da solda. As deformações podem ser evitadas, com a utilização de dispositivos de montagem, entretanto, deve-se considerar que, quanto maior o grau de restrição, mais elevadas são as tensões residuais de soldagem. Tratamentos Térmicos Para se obter o controle metalúrgico de uma junta soldada e, por conseqüência, o controle das propriedades mecânicas, é necessário que se conheça os ciclos térmicos a que a junta soldada é submetida. Os tratamentos térmicos têm o objetivo de alterar ou conferir características determinadas à junta soldada. Tratamento Térmico de Alívio de Tensões O tratamento térmico de alívio de tensões consiste de modo simplificado, em aquecer uniformemente a peça, de maneira que o limite de escoamento do material fique reduzido a valores inferiores às tensões residuais. Nesta condição, as tensões residuais provocam deformações plásticas locais diminuindo de intensidade. O tratamento térmico de alívio de tensões é executado através do aquecimento da peça à temperatura apropriada e pela manutenção Tensões residuais e deformações em soldagem _____________________________________________________________________________________ Fundação Brasileira de Tecnologia da Soldagem | ‐ FBTS Este texto complementar é parte integrante do material on line disponibilizado para o Cursode Inspetor de Soldagem Página | 7 nesta temperatura por um determinado tempo, seguida de um resfriamento uniforme de modo a impedir a introdução de novas tensões. Para impedir mudanças na microestrutura ou dimensões da peça, a temperatura é mantida abaixo da temperatura crítica. Para os aços carbono, somente os tratamentos realizados em temperaturas superiores a 5000 C são realmente eficazes. Para cada tipo de aço temperaturas específicas de tratamento são recomendadas. O tratamento térmico de alívio de tensões pode reduzir a tenacidade do metal de base. Isto se torna bastante relevante em ocasiões em que se faz necessário à execução do tratamento por mais de uma vez. Normalização A normalização consiste no aquecimento do aço a uma temperatura acima da zona crítica (temperatura A3 ou temperatura Acm), seguido de resfriamento ao ar. É necessário que toda a estrutura se austenitize antes do resfriamento. O objetivo da normalização é a obtenção de uma microestrutura mais fina e uniforme. Os constituintes que se obtém da normalização do aço carbono são ferrita e perlita fina (aços hipoeutetóides) ou cementita e Tensões residuais e deformações em soldagem _____________________________________________________________________________________ Fundação Brasileira de Tecnologia da Soldagem | ‐ FBTS Este texto complementar é parte integrante do material on line disponibilizado para o Curso de Inspetor de Soldagem Página | 8 perlita fina (aços hipereutetóides). Dependendo do tipo de aço pode-se, eventualmente, obter bainita (ver figura 3). Figura 3: Normalização de um aço hipoeutetóide. Recozimento O recozimento consiste no aquecimento do aço acima da zona crítica (temperatura A3 ou temperatura Acm) durante o tempo necessário para que toda a microestrutura se austenitize, seguido de um resfriamento muito lento, mediante o controle da velocidade de resfriamento do forno. A microestrutura obtida nos aços carbono é a perlita grossa e ferrita (ver Figura 4). Tensões residuais e deformações em soldagem _____________________________________________________________________________________ Fundação Brasileira de Tecnologia da Soldagem | ‐ FBTS Este texto complementar é parte integrante do material on line disponibilizado para o Curso de Inspetor de Soldagem Página | 9 Figura 4: Recozimento. Têmpera e Revenimento A têmpera consiste no aquecimento da peça acima da zona crítica durante o tempo necessário para que toda a microestrutura se austenitize, seguido de um resfriamento rápido. O objetivo da têmpera é a obtenção da estrutura martensítica resultando, por este motivo, no aumento da dureza e na redução da tenacidade da peça. O revenimento é o tratamento térmico que normalmente acompanha a têmpera, pois atenua os inconvenientes produzidos por esta. O revenimento consiste em aquecer o material a temperaturas bastante inferiores à temperatura crítica, permitindo certa acomodação do sistema cristalino e, como conseqüência, a diminuição da dureza e o Tensões residuais e deformações em soldagem _____________________________________________________________________________________ Fundação Brasileira de Tecnologia da Soldagem | ‐ FBTS Este texto complementar é parte integrante do material on line disponibilizado para o Curso de Inspetor de Soldagem Página | 10 aumento da tenacidade da peça. A estrutura resultante chama-se de martensita revenida. (ver figura 5). Figura 5: Têmpera e revenimento. Tensões residuais e deformações em soldagem _____________________________________________________________________________________ Fundação Brasileira de Tecnologia da Soldagem | ‐ FBTS Este texto complementar é parte integrante do material on line disponibilizado para o Curso de Inspetor de Soldagem Página | 11 ____________________________________________________________________ Neste texto você conheceu a Analogia da Barra Aquecida, os efeitos de Repartição Térmica e Plastificação, além dos Tratamentos Térmicos de Normalização, Recozimento, Têmpera e Revenimento. Percebeu também a importância de se conhecer os ciclos térmicos ao no qual a junta se submete, para evitar tensões residuais e deformações durante o aquecimento localizado da soldagem. Isso confere ao soldador o controle metalúrgico e, consequentemente, o controle das propriedades mecânicas das juntas soldadas, já que esses processos promovem características determinadas as peças. Para consolidar seu conhecimento, responda às questões propostas abaixo. Caso seja necessário releia o texto e/ou recorra aos tutores para resolver suas dúvidas. Questões de Revisão 1 - Considerando os processos de Repartição Térmica e Plastificação, que conclusões podem ser extraídas no que diz respeito às tensões e deformações geradas pelo aquecimento durante a soldagem de uma peça soldada e de uma barra aquecida. Tensões residuais e deformações em soldagem _____________________________________________________________________________________ Fundação Brasileira de Tecnologia da Soldagem | ‐ FBTS Este texto complementar é parte integrante do material on line disponibilizado para o Curso de Inspetor de Soldagem Página | 12 2 – Os Tratamentos Térmicos podem alterar ou conferir características específicas à junta soldada. Portanto, é preciso identificar e conhecer cada um desses processos no qual a junta se submete. Sendo assim, explique em que consiste os respectivos tratamentos térmicos: a) Processo de Tratamento Térmico de Alívio de Tensões. b) Processo de Nomaralização. c) Processo de Recozimento. d) Processo de Têmpera e Revenimento.
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