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APOSTILA COMPLETA - FUNDAMENTOS DA ENGENHARIA

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O Curso de Engenharia
AUTORIA
Paulo Otávio Fioroto
O curso
Olá, caro(a) aluno(a)! Em nossa primeira aula, vamos tratar justamente do motivo
pelo qual você está lendo este livro: o curso de Engenharia. A intenção neste
momento é dar uma breve introdução a tudo que veremos no decorrer do nosso
material, além de discutir os aspectos referentes à sua graduação.
A graduação em Engenharia, independentemente da área, é considerada uma das
mais importantes e desa�adoras formações no Ensino Superior. Entretanto, vale
destacar que ela é, também, uma das mais recompensadoras! A seguir,
explicaremos alguns aspectos referentes à formação e ao pro�ssional.
O Engenheiro
O engenheiro é considerado um dos pro�ssionais mais versáteis do mercado. Ao
ouvirmos o nome da pro�ssão, a imagem que nos vem é a de uma pessoa com uma
calculadora na mão e usando um capacete de segurança. Porém, a essência da
formação é a de desenvolver indivíduos capazes de solucionar problemas.
O ensino da Engenharia enfatiza, na atualidade, a aplicação de conhecimentos
matemáticos, cientí�cos e econômicos em prol do bem coletivo. Entretanto, como
veremos posteriormente, os engenheiros da antiguidade costumavam ser guiados
não apenas pela teoria, mas sim pela sua experiência e sua capacidade de
observação (HOLTZAPPLE e REECE, 2013).
Por mais que, na atualidade, isso não seja su�ciente para dizermos que uma pessoa
é um engenheiro, é perceptível que a essência da pro�ssão permanece a mesma. É
muito comum que um indivíduo com graduação em Engenharia seja contratado
para áreas que não necessariamente possuem uma ligação direta com o curso –
como, por exemplo, a gerência de bancos ou a administração de empresas. Isso
ocorre pelo fato de que, como dito anteriormente, o pro�ssional da área é um
solucionador de problemas, e muitas vezes pede-se que ele encontre a resolução,
independentemente de conhecer os aspectos teóricos do ramo em que estiver
atuando, tornando o engenheiro um indivíduo adequado para assumir posições
relacionadas à gestão.
CONECTE-SE
Estamos passando pela quarta revolução industrial e, apesar de não ser
uma exclusividade, os engenheiros são os pro�ssionais considerados
mais adequados a se adaptarem a essa mudança.
O curso e o Ciclo Básico da
Engenharia
O primeiro curso de Engenharia em nosso país foi iniciado em 1792, na Real
Academia de Artilharia, Forti�cação e Desenho, localizada no Rio de Janeiro. Em
1858, esta escola foi dividida em duas, gerando o curso de Engenharia Civil na Escola
Central e o curso de Engenharia Militar na Escola Militar e de Aplicação do Exército
(TELLES, 2015).
A partir de então, inúmeras mudanças e evoluções ocorreram tanto no Brasil quanto
no próprio conceito de Engenharia. Foram criadas diversas outras universidades em
nosso território nacional, possibilitando que a ciência se espalhasse e chegasse a
todos os Estados, popularizando o estudo e suprindo a demanda de pro�ssionais da
área. Da mesma forma, várias novas modalidades de Engenharia foram criadas no
Brasil e no mundo inteiro, implementando suas ideias não apenas à construção civil,
mas também às aplicações industriais. Hoje, praticamente todas as indústrias
contam com um ou mais engenheiros de uma ou mais ênfases,
independentemente da área para a qual a mesma seja voltada.
Entretanto, por mais que diversos pontos tenham evoluído, as bases para a formação
de engenheiros continuaram praticamente inalteradas – e essa base é aquilo
apresentado nas disciplinas que compõem o chamado “ciclo básico da Engenharia”.
Essas disciplinas podem, em certos momentos, parecer um pouco abstratas, mas
não se engane! Todas elas são essenciais para todos os engenheiros e possuem
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diversas �nalidades para que estejam nas grades de todos os cursos da área desde
seu início até os dias de hoje. Essas aplicações serão aquilo sobre o que discutiremos
a partir de agora.
Cálculo
A disciplina de Cálculo é possivelmente a mais característica entre os cursos de
Engenharia. O motivo para isso é muito simples: caso não existisse o Cálculo como
conhecemos hoje, toda a tecnologia que temos estaria atrasada em décadas ou,
possivelmente, séculos.
O Cálculo é a base para muitas das disciplinas do ciclo básico da Engenharia, como a
Física, a Geometria Analítica, a Álgebra Linear e disciplinas voltadas para a área de
programação. Além disso, seus conceitos também são usados na Biologia e na
Economia, áreas que possuem grande importância para algumas das ênfases da
Engenharia (HUGHES-HALLETT et al., 2011).
Os conceitos de Cálculo foram desenvolvidos há cerca de 300 anos, por Sir Isaac
Newton e pelo �lósofo Gottfried Wilhelm Leibniz, e continuam sendo desenvolvidos
e melhorados com o passar dos anos.
Sua aplicação pode, em certos momentos, parecer abstrata, mas é somente a partir
dessa base que podemos determinar hoje o quanto de carga uma viga irá suportar,
em quanto tempo um carro irá percorrer uma estrada ou com que velocidade um
Figura 1 - Sir Isaac Newton, uma das mentes por trás do Cálculo.
líquido escoa de dentro de um tanque – sendo essas apenas algumas das analogias
das inúmeras práticas exigidas de um pro�ssional formado e que só são possíveis
graças à compreensão dos conceitos por trás do Cálculo.
De certa forma, podemos dizer que a Física, assunto do nosso próximo tópico, é uma
aplicação prática dos conceitos do Cálculo.
Física
A Física, conforme exposto anteriormente, apresenta relação direta com o Cálculo,
sendo seu conhecimento obrigatório e frequentemente demandado para os
engenheiros na prática.
Assim como o Cálculo, a Física também teve contribuição essencial de Sir Isaac
Newton, o que rendeu para o cientista o epíteto de “pai da Física”, sendo seu estudo
aprimorado por outros grandes cientistas e físicos, como Albert Einstein e sua teoria
da relatividade (SERWAY e JEWETT JR., 2017).
Seus conceitos variam desde a compreensão da mecânica, que é a área que envolve
a aplicação de forças e velocidades, entre outros, passando pela eletricidade, pela
compreensão da transferência de calor, além de diversos outros pontos. É também a
ciência que nos ajuda a entender o movimento da Terra, dos outros planetas e das
estrelas, o que nos permite entender o universo e as leis que o regem. Em certos
momentos, seu conteúdo acaba se entrelaçando com o da Química – a qual será
discutida em nosso próximo tópico – visto que ambas as áreas trabalham
diretamente com as propriedades da matéria (SERWAY e JEWETT JR., 2017).
Todos esses temas são aplicáveis a todas as áreas das engenharias. Enquanto um
engenheiro civil deve obrigatoriamente saber quanto peso uma determinada viga
suportará, um engenheiro eletricista deve ter domínio teórico e prático de todos os
conceitos da eletricidade. Da mesma forma, um engenheiro de produção, químico
ou de alimentos deve conseguir determinar, por exemplo, quanto calor um forno em
uma indústria acaba perdendo para o ambiente – caso o valor seja muito alto, o
rendimento do equipamento será muito abaixo, o que pode defasar a produção.
Além disso, todos os aparatos tecnológicos que possuímos atualmente só foram
possíveis de serem desenvolvidos por conta da própria Física. Sem ela, não teríamos
a compreensão necessária para desenvolver computadores, celulares ou nem ao
menos construir um simples par de óculos. Todos esses pontos serão abordados
quando você iniciar seus estudos na disciplina de Física.
Química
A Química pode ser de�nida como o estudo da matéria, sua constituição, suas
propriedades e as leis que a regem.
Sua aplicação existe há muitos séculos, mesmo que não houvesse total
entendimento de seus conceitos, com a aplicação e desenvolvimento de remédios,
com suas ideias se entrelaçando com a alquimia. O surgimento da ciência
propriamente dita data dos séculos XVII e XVIII, quando se iniciou a compreensão da
composição da matéria, da existência e caracterização dos elementos químicos e,
posteriormente, dacomposição dos átomos desses elementos – permitindo, assim,
uma visualização mais completa sobre as possíveis utilizações e manipulações da
matéria.
A compreensão dos conceitos básicos da Química é obrigatória para todas as áreas
da engenharia, já que é ela que dita quais materiais devem ser utilizados em todas
as estruturas, desde um pequeno brinquedo de plástico até um grande navio
petroleiro, além de dizer quais serão as quantidades necessárias de cada substância
em uma composição.
Ademais, também deve-se ter ciência da composição de tudo aquilo que ingerimos,
desde alimentos até remédios. Empresas desses ramos costumam se interessar por
pro�ssionais graduados em Engenharia de Alimentos ou Engenharia Química, entre
outras ênfases (BETTELHEIM et al., 2012).
Sendo assim, por mais que algumas das modalidades da Engenharia tenham um
maior contato com a Química do que outras é mandatório que todos os pro�ssionais
tenham um conhecimento básico sobre as aplicações práticas dos conceitos desta
ciência essencial.
A União dos Conceitos
Os conteúdos de Física e Química são, em vários momentos, análogos, sendo muito
comum sua aplicação conjunta. A forma mais simples de visualizar essa parceria são
as pilhas ou baterias elétricas.
CONCEITUANDO
Pilhas são feitas utilizando compostos químicos que, quando imersos
numa substância especí�ca, acabam realizando uma movimentação de
elétrons – a chamada corrente elétrica, assunto amplamente estudado
durante a disciplina de Física.
Como exemplos em maior escala, podemos citar quaisquer automóveis que utilizem
combustíveis. Enquanto a Física é a ciência que dirá exatamente como as peças
deverão se encaixar, quanto de cada material deverá ser utilizado e qual será o peso
suportado, a Química é o que irá dizer qual combustível deverá ser utilizado, o
quanto dele deverá ser utilizado e, antes mesmo da construção da espaçonave, qual
será o material ideal para que o automóvel seja construído.
Deve-se ressaltar que, por mais que as aplicações das disciplinas de Física e Química
sejam mais visíveis de forma prática, o Cálculo também se encontra presente de
forma direta em todos esses pontos. Seria impossível de�nirmos, por exemplo, o
ângulo de inclinação dos vidros de um carro ou o comprimento das asas de um
avião. Sendo assim, podemos dizer que, de certa forma, a união entre essas três
ciências é o que move o mundo.
NA PRÁTICA
Em 2019, completou-se 50 anos do dia em que o homem pisou na Lua
pela primeira vez – uma conquista memorável e inigualável até os dias
de hoje. Tal feito só foi possível graças à compreensão da Física e da
Química. Enquanto a Física foi o que possibilitou a construção da
espaçonave utilizada na missão Apollo 11, além de ter permitido os
cálculos referentes à posição exata da Lua e o horário exato para o
lançamento, a Química trouxe a compreensão sobre a quantidade de
combustível que seria necessária no decorrer da missão. As duas
ciências, em conjunto, permitiram o cálculo para veri�car a quais
temperaturas a espaçonave seria submetida durante o lançamento e
durante sua jornada. E isso sem entrar nos méritos dos trajes utilizados
pelos membros da missão! Um único erro nesses cálculos poderia ter
transformado toda a missão e todo o investimento realizado em uma
tragédia histórica – o que, felizmente, não ocorreu (BAKER, 2019).
Os Demais Ciclos do Curso
Apesar das três ciências apresentadas serem consideradas o princípio básico da
Engenharia, de forma alguma se pode dizer que elas são tudo que um engenheiro
precisa saber. Muito pelo contrário: elas são apenas uma fração de tudo a ser
discutido durante sua graduação.
Cada uma das áreas da Engenharia terá seu próprio conjunto de disciplinas
especí�cas, com foco naquilo que se espera de um pro�ssional formado naquela
área. Engenheiros civis tendem a aprender sobre as estruturas e os materiais,
enquanto engenheiros eletricistas aprenderão sobre as diversas aplicações da
eletricidade e sobre os projetos elétricos, isso sem contar as outras dezenas de
engenharias.
Mas, independentemente da ênfase que você tiver escolhido, você vai enxergar as
aplicações de todos os conceitos apresentados nesta unidade. Agora que o início
daquilo que será abordado durante todo o curso já foi discutido, está na hora de
explicarmos e nos aprofundarmos a respeito da história da Engenharia, focando
desde a sua origem até a sua formalização como pro�ssão no Brasil e ao redor do
mundo.
A História da Engenharia
AUTORIA
Paulo Otávio Fioroto
A Relação entre a Engenharia e a
História
Todas as pro�ssões têm uma história para sua origem, e os engenheiros não são
diferentes. Por mais que haja diversas modalidades e que cada uma tenha surgido
em épocas distintas, todo o conceito por trás da pro�ssão de engenheiro data de
milênios antes de Cristo. Durante esta aula, vamos conhecer a contribuição que a
Engenharia teve para a humanidade e a transformação do mundo até chegarmos ao
que temos na atualidade.
Grandes estruturas mundialmente conhecidas, como as Pirâmides do Egito
(construídas aproximadamente em 2700 a.C.) e a Muralha da China (construída
entre os séculos VI e V a.C.) são marcos históricos tanto para a história mundial
quanto para a história da Engenharia por si, demonstrando que esta ciência, mesmo
que ainda não formalizada, possuiu e continua possuindo um papel signi�cativo no
desenvolvimento humano (TELLES, 2015).
A Engenharia Através dos
Séculos
Os Primórdios
Quando alguém fala em Engenharia, é natural que pensemos em algo relacionado a
construções ou máquinas. Entretanto, podemos considerar que os primeiros indícios
de aplicação da Engenharia surgiram em eras pré-históricas, com o
desenvolvimento de instrumentos de caça, como facas e lanças feitas de pedra,
além da roda e da alavanca.
Tanto a alavanca quanto a roda são exemplos perfeitos da aplicação dos conceitos
de Mecânica. Como a escrita ainda não havia sido desenvolvida nessa era, não é
possível determinar com exatidão quando essas criações surgiram – porém, é
consenso que esses foram os primeiros indícios da Engenharia.
Com o passar dos tempos, mais aplicações foram surgindo. Um ponto chave foi o
momento em que a humanidade decidiu parar de ser nômade e tornar-se
sedentária, isto é, determinar um local �xo para se estabelecerem. Isso resultou na
construção dos primeiros abrigos – desconsiderando as cavernas –, utilizando-se de
folhas de árvores, galhos e ossos. Posteriormente, descobriu-se que o barro também
poderia ser usado nessas estruturas, o que gerou os primeiros tijolos (RODRIGUES,
2006).
Povos Antigos
Partindo para épocas mais avançadas, quando a escrita já havia sido desenvolvida e
há registros mais con�áveis, podemos citar alguns povos que tiveram, sem nem
imaginar, grande importância para o desenvolvimento da Engenharia como
conhecemos hoje.
Há vários povos que poderiam ser citados, como os incas, os astecas e,
principalmente, os maias, que já usavam conceitos da área antes mesmo do
descobrimento da América, indo tanto da estruturação de suas construções até a
utilização de recursos hídricos como forma de abastecimento às cidades. Entretanto,
apesar do evidente conhecimento que esses povos tinham, vamos focar naqueles
que possuem registros históricos mais con�áveis e mais extensos, e que apresentam
maior in�uência sobre a Engenharia da atualidade: os egípcios, os gregos e os
romanos.
Os Egípcios
Ao se falar sobre as antigas obras da Engenharia, provavelmente a primeira
lembrança será as Pirâmides de Gizé, popularmente conhecidas hoje em dia como
as Pirâmides do Egito. Elas foram construídas sem que houvesse acesso a
ferramentas avançadas e são feitas com pedras que chegam a pesar duas toneladas,
com a altura original da pirâmide principal atingindo 144 metros, o que comprova
que os egípcios eram, de fato, grandes gênios da Engenharia e da Arquitetura.
Além do pioneirismo dos egípcios quanto à Engenharia Civil, também deve ser
reconhecidoque os mesmos também tiveram êxito na Engenharia Hidráulica, visto
que conseguiram manipular o Rio Nilo, permitindo assim o desenvolvimento da
agricultura, e os primeiros passos das Engenharias Química e de Alimentos, pois
tiveram sucesso na produção de corantes, cimento, cervejas e vinhos (HOLTZAPPLE
e REECE, 2013).
Outro ponto de destaque para os egípcios é relacionado à Engenharia Naval,
justamente por conta da utilização da energia eólica, tornando-os um dos primeiros
povos a ter sucesso no uso dos ventos a seu favor. A partir disso, eles se tornaram a
grande potência marítima da época, havendo indícios de que foram os criadores do
barco a vela (COUTO, 2013).
Os Gregos
A Grécia antiga é considerada como o berço da civilização ocidental. Seus
monumentos principais e que encantam o mundo até os dias de hoje são seus
templos, visto que alguns permanecem intactos, mas há muito mais por trás da
Engenharia grega do que estamos acostumados a ouvir.
Anteriormente ao século VII a.C., as construções da Grécia eram feitas, em sua
maioria, usando madeira, tijolos ou barro, sendo seus telhados feitos usando-se
palha. Entretanto, a partir dessa época, iniciou-se o uso frequente do mármore,
CONECTE-SE
Acredita-se que o primeiro engenheiro civil foi o egípcio Imhotep, um
dos funcionários do faraó que projetou e construiu a pirâmide de
Djoser. Isso aconteceu por volta de 2630 – 2611 a.C.
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material popularizado por conta de sua fácil manipulação e que foi usado em suas
estruturas mais características.
Sua principal técnica de construção era a utilização de vigas de madeira, as quais
eram suportadas por colunas feitas de pedra. Dessa forma, pode-se dizer que muitas
das ideias que a Engenharia utiliza até hoje foram inspiradas pela Grécia antiga.
Apesar de seu arsenal de ferramentas não ser tão amplo quanto os da atualidade, a
precisão com que seus trabalhos eram executados é admirável até mesmo para os
pro�ssionais da atualidade (EYLER, 2014).
Os gregos também conceberam as ideias iniciais referentes ao abastecimento de
água corrente às cidades. Contudo, esta foi mais bem utilizada pelo povo que será
estudado a seguir: os romanos.
Os Romanos
Por mais que os egípcios e os gregos tenham forte in�uência sobre a Engenharia até
os dias de hoje, é seguro a�rmar que são os romanos quem desenvolveram a base
da maioria dos conceitos que aplicamos na atualidade.
Enquanto as construções gregas tinham como principal característica o uso de
colunas para apoiar as vigas, os romanos popularizaram o uso dos arcos em suas
estruturas.
Figura 1 - Coliseu romano, em que os característicos arcos são visíveis.
A maior contribuição para os engenheiros de hoje é provavelmente a invenção do
concreto, que era amplamente utilizado na construção de estradas e aquedutos,
utilizando-
se de uma mistura de areia e cascalho com cal e água. Suas técnicas para a
construção de pontes e túneis subterrâneos, que existem até hoje, também eram
invejáveis (MONTANELLI, 2007).
A Era Moderna
Com o passar dos séculos, foi natural que a humanidade evoluísse, buscasse novos
limites, novos territórios e desenvolvesse novas tecnologias.
Apesar de já termos dito a palavra “Engenheiro” diversas vezes durante esta
disciplina, é interessante saber que o termo surgiu bem depois. Alguns autores
a�rmam que a expressão só surgiu no século XI para indicar uma pessoa que criava
invenções, enquanto outros estudiosos indicam que a palavra apareceu algum
tempo depois, por volta do século XIV, relacionando a pro�ssão à construção de
máquinas militares – na época, conhecidas como engenhos.
Portugal e Espanha foram responsáveis pelo desenvolvimento da Engenharia Naval
durante os séculos XV e XVI, ao ponto de serem as duas grandes potências
marítimas que mais desbravaram os oceanos e que realizaram os primeiros registros
do continente americano.
Em 1698 foi criada a primeira máquina a vapor, o que pode ser considerado como o
estopim da Revolução Industrial. A partir do momento em que as máquinas
começaram a operar, deu-se início à industrialização e à produção em massa, o que
resultou numa posterior ascensão da pro�ssão de engenheiro, em especial durante
o século XVIII (HOBSBAWM, 2011).
CONCEITUANDO
Outra contribuição de destaque dos romanos é o uso dos aquedutos.
Eles se utilizavam da energia gravitacional para levar água corrente de
canais inclinados para as cidades com menor abundância, tornando
este um dos primeiros usos da natureza para bene�ciar a humanidade.
Apesar de a palavra eletricidade existir desde 1600, a partir de estudos relacionados
ao efeito de ímãs, não foi até o século XIX, por conta de pesquisas realizadas por
Alexandre Volta, George Ohm e Michael Faraday que vimos as aplicações práticas
dos conceitos que hoje formam a base das Engenharias Elétrica, Mecânica,
Mecatrônica, entre outras (MARTINS, 2007).
Como pudemos ver no decorrer desta aula, a história da Engenharia se confunde
com a história do ser humano, demonstrando o quanto o desenvolvimento que
tivemos até os dias de hoje dependeu diretamente dos conceitos a serem estudados
durante o curso.
Apesar desta aula ser a que possui maior foco na história, vamos tocar novamente
em pontos semelhantes no decorrer da disciplina, principalmente no que se tratar
da Engenharia no Brasil. Em nossa próxima aula, a discussão estará mais relacionada
à importância que a Engenharia tem para a humanidade na atualidade.
NA PRÁTICA
Apesar de as estruturas egípcias, gregas e romanas serem milenares,
muitas delas permanecem em pé até hoje – e, por incrível que pareça,
seguem sendo descobertas por arqueólogos. Em maio de 2019, por
exemplo, foi encontrado um túnel sob o palácio do imperador romano
Nero. O mais surpreendente nisso é o fato de a construção continuar
intacta, pois, diferente de estruturas popularmente conhecidas, como o
coliseu e os templos gregos, que passam por restaurações
periodicamente, essas estruturas subterrâneas não eram conhecidas
pelos pesquisadores até recentemente. Isso demonstra que, mesmo
com recursos limitados, os engenheiros da época eram absurdamente
competentes e perfeccionistas – o que indica que temos muito mais a
aprender com nossos antepassados além daquilo que os nossos livros
de História podem oferecer.
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A Importância da
Engenharia
AUTORIA
Paulo Otávio Fioroto
As Principais Estruturas
Caro(a) aluno(a), na última aula discutimos as raízes da Engenharia, deixando claro
que a história da Humanidade e a história da Engenharia estão profundamente
entrelaçadas – a�nal, além da Escrita, a Engenharia é a única forma que temos para
compreender como era a vida de nossos ancestrais.
Seria impossível que o ser humano chegasse à sua posição atual sem a existência e
o desenvolvimento da Engenharia. A intenção desta aula é justamente expor o
quanto algumas das estruturas que temos hoje em dia, sejam elas pequenas ou
gigantescas, são necessárias para a vida como conhecemos hoje.
Indústrias e a Automatização
As indústrias já existem há séculos, visto que a ideia de vários trabalhadores
executando tarefas de forma contínua não é tão recente. Porém, o formato atual, em
que algumas fábricas possuem um território de dezenas de metros quadrados,
praticamente transformando-as em pequenas cidades, só é possível graças à
aplicação de conceitos da Engenharia.
Por automatização, costuma-se imaginar máquinas agindo sob o controle de
operadores, os quais têm o trabalho apenas de apertar alguns botões ou
movimentar algumas alavancas. Entretanto, o processo de automatização das
indústrias vem acontecendo desde a década de 1820, por meio da aplicação das
máquinas a vapor.
A primeira máquina térmica data de 1698, quando Thomas Savery criou um aparato
que movimentava pistões a partir das variações de volume de gases aquecidos.
Praticamente 130 anos depois, em 1824, o jovem engenheiro Nicolas Sádi Carnot,
com apenas 28 anos, publicasua obra “Re�exões sobre potência motriz do fogo”,
sendo este o primeiro documento que explica com sucesso a conversão da energia
térmica em energia mecânica. Tal publicação nos faz considerá-lo hoje o pai da
Termodinâmica (HOBSBAWM, 2011).
A partir dessa publicação, foi iniciada a automatização das indústrias com o uso de
máquinas operadas a vapor, da mesma forma que a construção e uso de
locomotivas movidas a vapor tornou-se mais frequente, o que foi o estopim para que
fosse iniciado o período conhecido como Revolução Industrial. Essa evolução
permitiu a aceleração da produção e da distribuição de bens, além do transporte de
pessoas ter se tornado muito mais ágil, fazendo com que o progresso da
humanidade da época crescesse de forma exponencial.
A partir do momento em que a humanidade começou a migrar para determinados
centros urbanos em busca de bens industrializados, iniciando o chamado êxodo
rural, podemos dizer que as indústrias começaram a obter a importância que têm
nos dias de hoje.
Os conceitos aplicados no processo de automatização são estudados pelas
engenharias, comumente tendo os mesmos aplicados à Física, ou então à
Termodinâmica, para as áreas que abordam o tema de forma mais aprofundada.
Hoje em dia, praticamente todos os bens que consumimos são provenientes da
indústria. Todas as máquinas presentes nas indústrias de alimentos, químicas,
automotivas, informáticas, entre outras, tiveram sua origem com base nessas
máquinas a vapor – mesmo que não sejam mais, necessariamente, acionadas da
mesma maneira. O desenvolvimento segue de forma contínua, com os engenheiros
tomando a frente da evolução dos equipamentos de produção.
E se enganam aqueles que pensam que os engenheiros estão ligados apenas à
produção. Há ênfases, como a Engenharia de Segurança do Trabalho, que possuem
como principal foco os indivíduos envolvidos em todos os processos de manufatura,
enquanto os engenheiros de software são muito mais voltados para a área da
tecnologia da informação e desenvolvimento de programas – de qualquer forma,
todas as engenharias possuem algum aspecto que interessa às indústrias, tornando
a carreira e as oportunidades de crescimento muito amplas.
Usinas Elétricas
Figura 1 - Locomotiva a vapor, uma das criações da Engenharia moderna.
As usinas elétricas são, possivelmente, as estruturas de maior impacto no nosso
cotidiano, visto que, sem energia elétrica, seria impossível que realizássemos tarefas
simples, como uma simples ligação telefônica, um saque num banco ou a leitura de
um e-mail – ou até mesmo de um simples jornal, já que não haveria sequer como
imprimir o mesmo.
A maioria dos modelos de usinas que temos hoje em dia utilizam a energia cinética
– ou seja, a energia do movimento – como forma de gerar eletricidade. O estudo da
energia cinética foi inicialmente desenvolvido por matemáticos, como Leibniz e
Bernoulli, mas sua aplicação prática só aconteceu algumas décadas depois, por
engenheiros mecânicos como Gaspard-Gustave Coriolis e William Thomson, além, é
claro, de Michael Faraday, desenvolvedor do primeiro gerador elétrico (MARTINS,
2007).
As usinas nucleares, como as usinas Angra I e Angra II, também possuem um
princípio semelhante. Estas usinas têm como principal elemento o urânio, cuja
reação libera energia para aquecer a água, a qual é usada para gerar vapor, o qual
fará com que as turbinas girem e, obviamente, tenham a energia de seu movimento
convertida em energia elétrica.
Outros tipos de usinas, como as termelétricas e alguns tipos de usinas solares,
também se utilizam da conversão da energia cinética em energia elétrica. O
entendimento a respeito desses conceitos, assim como de diversos outros utilizados
até hoje, partiu de grandes matemáticos e físicos da história, porém a aplicação
prática dos mesmos só foi possível a partir do momento em que a teoria se uniu à
Engenharia, fazendo dessa uma das conquistas mais celebrada dos engenheiros até
a atualidade.
CONCEITUANDO
Nas usinas hidrelétricas, por exemplo, o movimento da queda d’água é
o que faz com que as turbinas girem. O movimento dessas turbinas,
como abordado anteriormente, é justamente a chamada energia
cinética – a qual será convertida em energia elétrica.
Estruturas de Cidades
Obviamente, as cidades são compostas por várias casas, edifícios e pontos
comerciais, estruturas imediatamente ligadas à Engenharia Civil, à Engenharia
Elétrica e outras áreas. Porém, há outros aspectos a serem levados em conta.
Por exemplo, as redes de abastecimento e tratamento de água, além das redes de
esgoto, são todos projetos desenvolvidos por engenheiros. Estas estruturas
costumam ser projetadas como uma parceria entre engenheiros sanitários,
engenheiros ambientais e engenheiros civis. A ausência dessas redes geraria o
acúmulo de impurezas e lixo, o que disseminaria doenças. O conceito de
saneamento básico já vem de muitos séculos atrás, desde o antigo Egito, e vem
sendo aprimorado continuamente.
Da mesma forma, as ruas, semáforos e todos os assuntos pertinentes ao trânsito
também são obras de pro�ssionais especializados – mais precisamente, os
engenheiros de trânsito e os engenheiros de tráfego, além dos engenheiros
eletricistas responsáveis pelos projetos das redes elétricas das cidades. Sem o
envolvimento deles, tudo ocorreria de forma desordenada, colocando vidas em risco
NA PRÁTICA
Realizar projetos que auxiliem o ser humano é sempre interessante,
mas é melhor ainda quando é possível melhorar as condições do meio
ambiente. Diversas usinas têm sido desenvolvidas usando lixo como
parte da geração da energia elétrica. A queima desse lixo reduz a
quantidade de rejeitos em aterros e o gás gerado tem dois possíveis
destinos: ser re�nado e usado como combustível, visto que é um gás
extremamente puro e com alto rendimento, ou como forma de
alimentação para usinas termelétricas. Essa prática já é comum na
Europa e na Ásia, sendo que o Brasil também tem usinas que utilizam
esse método.
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a todo instante, pois não haveria um limite de velocidade, locais especí�cos para
travessia e circulação de pedestres, sistemas de semáforo, controle de volume de
tráfego, entre outros pontos.
Por último, mas não menos importante, há as redes de distribuição elétrica nas
cidades. Como abordado no tópico anterior, a Engenharia, em conjunto com a Física
e a Matemática, foram as responsáveis pela aplicação prática dos conceitos da
energia elétrica. Entretanto, a aplicação não é su�ciente – é preciso construir um
sistema de distribuição e�ciente. Isso é o trabalho, principalmente, de engenheiros
eletricistas e eletrotécnicos, responsáveis pelo desenvolvimento e manutenção de
uma rede de energia que possa suprir cidades inteiras, sejam elas pequenos
municípios ou grandes cidades, como São Paulo (MARTINS, 2007).
Sem uma aplicação competente do que nossos ancestrais realizaram milênios atrás,
não seria possível desenvolver e tampouco gerir estruturas tão grandes quanto uma
cidade. O que temos hoje é resultado do esforço conjunto de todas as modalidades
da Engenharia, e a tendência é que tudo isso continue a crescer.
Figura 2 - Metrópoles, como acidade de São Paulo, seriam inimagináveis sem uma
aplicação conjunta de todas as Engenharias.
Equipamentos e Utensílios
As estruturas de grande porte que foram discutidas até o momento têm relevância
indiscutível. Entretanto, não podemos deixar de falar sobre utensílios que, apesar de
terem um porte muito menor, possuem extrema importância, em especial para a
época em que estamos vivendo.
Dispositivos Eletrônicos, Remédios e
Alimentos
Pare para pensar como era o mundo há cerca de 30 anos. Computadores estavam
começando a se tornar presentes nos domicílios em países desenvolvidos, celulares
não eram acessíveis ao grande público – e pesavam aproximadamente 1 kg –, sem
falar nos conceitos referentes à inteligência arti�cial, que já eram realidade para
órgãos governamentais, porém,ainda causavam dúvidas sobre seu possível
desenvolvimento.
Durante a década de 1990 e o início dos anos 2000, estes conceitos se expandiram
drasticamente, sendo o crescimento liderado por programadores, cientistas da
computação e engenheiros, com destaque para as ênfases da eletrotécnica,
mecânica e eletromecânica.
Hoje, todas essas tecnologias são amplamente acessíveis para um cidadão comum,
além de serem usadas para outras �nalidades além da comunicação. A Medicina,
por exemplo, foi uma das principais bene�ciadas pela evolução dos equipamentos –
hoje, análises que levavam horas, ou até mesmo dias para serem analisadas, podem
ser realizadas em questão de minutos.
Porém, além de aparatos tecnológicos, houve também o desenvolvimento de novos
remédios e de novos alimentos, com embalagens muito mais seguras e que
possuem riscos de contaminação muito menores. As indústrias farmacêutica e
alimentícia possuem grande foco no bem-estar humano, e engenheiros químicos e
engenheiros de alimentos são parte importante dessas conquistas.
Durante esta unidade, discutimos a importância que as estruturas da Engenharia
têm trazido para o ser humano, tratando desde aspectos referentes à moradia até a
movimentação e saneamento básico. Em nossa próxima aula, o foco será a história
do ensino e da aplicação das Engenharias no Brasil, desde sua chegada até a
atualidade.
CONECTE-SE
A expectativa de vida no Brasil chegou a 76 anos em 2017, e parte desse
feito é re�exo das aplicações da Engenharia ao bem-estar do ser
humano – por exemplo, a melhoria do saneamento básico, da qualidade
dos alimentos e da medicina, a qual é consequência direta dos avanços
da Engenharia.
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A Engenharia no Brasil
AUTORIA
Paulo Otávio Fioroto
O Brasil e a Engenharia
Prezado(a) aluno(a), vamos discutir nesta aula a Engenharia em nosso país.
  Abordaremos a chegada das escolas, dos cursos no Brasil, o crescimento e
reconhecimento da pro�ssão, a popularização da graduação e das suas várias áreas.
Você perceberá que, mesmo em momentos de crise, a pro�ssão quase sempre
esteve entre as mais visadas pelos brasileiros, sendo hoje o grupo de pro�ssionais
mais requisitado pelas empresas de modo geral.
A Chegada no Brasil
Conforme apresentado em nossa primeira aula, a primeira escola a ministrar cursos
de Engenharia no Brasil foi a Real Academia de Artilharia, Forti�cação e Desenho,
sendo a mesma fundada em 1792. Porém, a população dessa época não possuía
fortes ligações com carreiras que exigissem estudo, principalmente porque ainda
não existiam regulamentações sobre a exigência de diplomas para o exercício de
pro�ssões, algo inimaginável hoje em dia.
Na época, os cursos disponibilizados não tinham o nome de Engenharia. Isso só foi
acontecer a partir de 1858, quando a escola foi dividida e criaram-se os dois
primeiros cursos voltados puramente ao ensino de engenharias: o curso de
Engenharia Civil, ministrado na Escola Central, e o curso de Engenharia Militar,
disponibilizado na Escola Militar e de Aplicações do Exército (TELLES, 2015).
Até então, todos os engenheiros no Brasil eram europeus, e foram responsáveis pelo
projeto e pela construção de diversas ferrovias nacionais. A pro�ssão de engenheiro
começou a adquirir maior respeito e reconhecimento na segunda metade do século
XIX, justamente por conta da maior valorização do povo pelo trabalho –
anteriormente, algo que se acreditava ser uma atividade apenas para escravos.
CONCEITUANDO
O fato de as primeiras escolas de engenharia ser instituições militares
fez com que, durante muitos anos, a pro�ssão de engenheiro fosse
relacionada ao militarismo. Isso, somado a outros fatores da época,
afastaram a população do estudo da área nos primeiros anos.
Em 1933, com a criação do Conselho Federal de Engenharia e Arquitetura – hoje,
intitulado como Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (CONFEA), a
pro�ssão de engenheiro foi �nalmente regulamentada no Brasil, passando a ser
exigido o diploma de alguma instituição de ensino para que um indivíduo pudesse,
de fato, exercer as atividades voltadas à Engenharia. Tal decreto foi substituído
algumas décadas mais tarde, em 1966, e em 1973 foi aprovada uma resolução
voltada à discriminação das atividades especí�cas dentre as diferentes modalidades
da Engenharia (TELLES, 2015).
A Expansão do Ensino
Após a primeira regulamentação da pro�ssão, as Escolas de Engenharia começaram
a se tornar mais comuns no Brasil. Até aquele momento, existiam apenas 14
instituições que ofereciam cursos da área, as quais estavam presentes em 8 Estados.
Ao �nal da década de 1950, existiam 28 instituições com cursos para formação de
engenheiros no país, número que saltou para 117 ao �nal da década de 1970 e, ao
�nal de 2013, o número já ultrapassava a marca de 650 instituições com quase 3 mil
cursos disponibilizados em todos os Estados e no Distrito Federal. Deve-se levar em
conta que esses números envolvem todas as áreas reconhecidas, as quais serão
assunto especí�co para uma aula posterior.
A Carreira no Brasil
O Brasil passou por bons e maus momentos em relação à Economia durante a
segunda metade do século XX, e, apesar da contínua ascensão dos cursos de
graduação, houve momentos em que o mercado de trabalho não se mostrou
favorável aos pro�ssionais graduados em Engenharia.
A década de 1970 marcou o primeiro grande pico da demanda por engenheiros nas
empresas. Apesar de ainda não existirem tantas ênfases quanto hoje, já havia uma
quantidade de modalidades de cursos de Engenharia su�ciente para que a
formação fosse considerada versátil.
Nessa época, com o crescimento da Economia acelerado, foram abertas muitas
novas indústrias, com foco para a automobilística e para a construção civil, além da
abertura de diversas estatais, o que fez com que houvesse uma grande busca por
engenheiros civis, mecânicos, eletricistas e de produção. Para se ter uma ideia, a
demanda chegou a ser alta ao ponto de a contratação de estudantes que ainda nem
haviam se formado ter se tornado comum.
A popularização da pro�ssão, em conjunto com a criação de programas nacionais
durante a década de 1970, como o PROÁLCOOL, �zeram com que houvesse uma
maior atratividade pela graduação em Engenharias. O impacto foi tão alto que a
década de 1980 teve uma maior quantidade de engenheiros formados do que a
década de 1990.
Isso coincidiu com a grande demanda brasileira pela produção de matérias-primas e
estruturas para a produção de combustíveis e de automóveis. Engenheiros
agrônomos, mecânicos, eletricistas e químicos tiveram diversas oportunidades de
mercado, visto que a produção do etanol usando cana-de-açúcar tornou-se um
excelente negócio para os brasileiros.
Porém, por conta da crise �nanceira que assombrou o Brasil durante a primeira
metade da década de 1990, muitas indústrias fecharam as portas e,
consequentemente, a demanda por engenheiros acabou sendo afetada. Felizmente,
o espaço no mercado de trabalho voltou ao seu estado normal no início dos anos
2000 e, desde então, devido principalmente ao surgimento de novas indústrias e
novas tecnologias, vem crescendo de forma contínua.
NA PRÁTICA
Na década de 1970, aproveitando o bom momento para a produção de
etanol no país e o alto preço para a importação de petróleo, usado na
produção de gasolina, foi criado no Brasil o carro movido a álcool, pelo
engenheiro aeronáutico Urbano Ernesto Stumpf, amplamente utilizado
até os dias de hoje. O efeito foi tão grande que, durante parte da década
de 1980, o número de automóveis movidos a álcool que circulavam
pelas estradas brasileiras era muito maior do que a de carros movidos a
gasolina, e a indústria automobilística nacional viveu um excelente
momento, o qual durou até o �nal da década. Todos esses produtos
eram diretamente relacionados à Engenharia, o que resultou, também,
num ótimo momento para diversas modalidades da pro�ssão (CORTEZ,
2018).
As Maiores Obras e Invenções
BrasileirasA criatividade sempre foi uma característica comum aos brasileiros e, somando isso
à formação em Engenharia, é de se esperar que grandes obras ou criações tenham
sido realizadas em nosso país. Um exemplo disso foi citado no tópico anterior, em
que falamos sobre a criação do motor movido a álcool.
O primeiro marco da Engenharia brasileira foi o 14 Bis, desenvolvido por Alberto
Santos Dumont. Trata-se da primeira máquina a conseguir decolar e se manter no ar
por propulsão própria, sendo o evento testemunhado por uma multidão de
centenas de pessoas em 1906, na França, o�cializando o brasileiro como o pai da
aviação.
Em relação às maiores estruturas brasileiras, um ótimo exemplo é a ponte Rio-
Niterói, cuja altura é de 72 metros e comprimento superior a 13 quilômetros. A
façanha dela está no fato de que, dessa distância, quase 9 quilômetros são sobre a
água. Seu planejamento já era feito desde a década de 1860, mas a construção só foi
ter início um século depois, em 1968, com a conclusão em 1974.
Figura 1 - 14 Bis, criação de Santos Dumont, o primeiro avião.
Outra estrutura de grande renome é a usina hidrelétrica de Itaipu – a qual,
atualmente, possui a segunda maior barragem do mundo. Sua construção foi
iniciada em 1974 e durou 8 anos, sendo hoje a usina hidrelétrica que mais produz
energia. Atualmente, a usina é responsável pelo fornecimento de quase 20% de toda
a energia elétrica consumida no Brasil.
Vale citar que a usina não atua apenas no Brasil. Por se localizar em Foz do Iguaçu,
ela também afeta diretamente o Paraguai, e com um impacto ainda maior: mais de
70% da energia elétrica consumida pelos paraguaios é fornecida pela hidrelétrica de
Itaipu.
Suas obras foram um esforço conjunto de engenheiros civis, eletricistas e mecânicos,
entre outros, e mesmo após mais de 40 anos é considerada um exemplo de
estrutura para o mundo.
CONECTE-SE
Além de a ponte ser um destaque em estrutura, sua importância é
inegável. Antes de sua construção, era necessário percorrer uma
distância em estradas de mais de 100 quilômetros para se deslocar da
capital Rio de Janeiro até a cidade de Niterói – que, por conta da ponte,
foi reduzida drasticamente.
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Figura 2 - A barragem da usina hidrelétrica de Itaipu é uma das estruturas
exemplares projetadas por brasileiros.
O Papel do Engenheiro Brasileiro
na Atualidade
Na aula anterior, discutimos a importância dos engenheiros no desenvolvimento de
estruturas como cidades e usinas elétricas, abordando o impacto positivo que
engenheiros civis, eletricistas, ambientais e sanitários têm sobre o nosso país. Porém,
podemos levar em conta também o papel dos engenheiros na Economia brasileira,
o que expande o leque de formações na área, que fazem com que o país se torne
um lugar melhor.
Entre os dez produtos mais exportados pelo Brasil na primeira metade de 2019,
constam petróleo, minérios de ferro, aviões e automóveis, além de produtos
agrícolas como soja, café e milho. Todos estes produtos mostram relação direta com
alguma modalidade da Engenharia – seja ela a Química, a Mecânica, a Agronômica,
de Alimentos ou de Produção. A tendência é que muitas dessas exportações
aumentem durante os próximos anos, o que tende a bene�ciar quem tiver optado
por carreiras nessa área.
Como brevemente discutido em uma aula anterior, o mercado de trabalho para
engenheiros é muito amplo, principalmente por conta de fatores relacionados à
gestão e à resolução de problemas. Por conta disso, não é raro encontrar graduados
em alguma Engenharia atuando em áreas diferenciadas – os engenheiros são bem-
vistos em qualquer tipo de empresa.
Além disso, apesar de engenheiros não terem uma forte ligação histórica com a
política, esse cenário tem passado por mudanças. Muitos engenheiros foram
candidatos a cargos políticos nas eleições de 2018, sendo vários eleitos como
deputados estaduais e federais. Novamente, a capacidade de resolução de
problemas, atrelada ao senso crítico dos engenheiros, os torna fortes candidatos
para tomar decisões que possam ajudar o país.
Assim, apesar de ter tido momentos não tão bons, a Engenharia cresceu e atingiu
um patamar de respeito no Brasil atualmente. Porém, vale dizer que esse cenário
não corresponde com exatidão ao que aconteceu em outros países, em especial na
Europa. Não é raro que pro�ssionais formados engenheiros no Brasil, por conta de
seu emprego, acabem indo morar em outros países – e é deles que trataremos em
nossa próxima aula.
A Engenharia no Mundo
AUTORIA
Paulo Otávio Fioroto
O Início das Escolas de
Engenharia
Prezado aluno(a), na aula anterior, abordamos as primeiras escolas de Engenharia do
Brasil, com o ensino propriamente dito da formação acontecendo a partir de 1858.
Na Europa isso aconteceu no século anterior.
A primeira escola de Engenharia foi criada em Veneza, na Itália, no ano de 1506.
Contudo, sua grade de ensino era muito diferente da que temos atualmente, o que
faz com que o primeiro curso com alguma semelhança ao formato cotidiano tenha
sido criado em 1747, na França, na École Royale des Ponts et Chaussées, que
abordava características práticas da Engenharia Civil.
Em 1783, também na França, foi fundada a École de Mines, a qual também possuía
caráter prático e focava na exploração de recursos minerais. Podemos dizer que esta
escola foi a precursora do que hoje chamamos de Engenharia de Minas.
Deve-se citar que essas instituições iniciavam os ensinos requerendo um nível de
conhecimento acima do básico, o que resultava em problemas de
acompanhamento por parte dos estudantes. Em 1795   foi, então, criada a École
Polytechnique, que ensinava as disciplinas referentes ao ciclo básico da Engenharia,
para que só então seus estudantes se dirigissem às instituições de nível mais
avançado.
Com o passar dos anos, foram criados mais cursos ao redor da Europa, o que
permitiu que seu desenvolvimento avançasse de forma acelerada e o continente
evoluísse em termos de estruturas físicas e marítimas. Foi com base nisso que a
Revolução Industrial, abordada em nossa terceira aula, ocorreu e se espalhou pelos
países europeus. Foi a partir deles, principalmente da França, que vieram os
primeiros engenheiros do Brasil, da mesma forma que brasileiros de famílias mais
ricas se deslocaram para lá em busca do ensino (SCHNAID, 2006).
Conquistas Internacionais
Todas as áreas da Engenharia tiveram suas próprias conquistas, sendo que a maioria
delas foi alcançada com a união de duas ou mais modalidades. Em aulas anteriores,
apontamos as conquistas históricas, como o motor a vapor, a eletricidade e as redes
de água e esgoto em cidades. Neste momento, vamos tratar daquilo que foi
alcançado durante o último século.
O primeiro avanço para a locomoção foram as locomotivas a vapor, que reduziram
drasticamente os tempos de viagem entre cidades. Entretanto, havia a limitação da
presença de linhas férreas, o que impossibilitava o deslocamento entre certos
pontos. No início do século XIX, foi desenvolvida a primeira estrutura que se
assemelhava a um carro moderno, a qual ainda era movida a vapor.
Em 1885, na Alemanha, foi desenvolvido o primeiro automóvel que utilizava um
motor de combustão interna, os quais utilizavam petróleo como combustível e havia
sido criado por Karl Benz. No início do século XX, conforme apresentado em nossa
aula anterior, surgia o primeiro avião, desenvolvido por Alberto Santos Dumont.
Essas criações foram, sem sombra de dúvidas, divisores de águas para o mundo e
para a pro�ssão de engenheiros.
As décadas se passaram e foram criadas outras estruturas que tomavam como base
os motores de combustão interna. Os carros foram aprimorados, os aviões
monomotores e bimotores foram desenvolvidos e armas de guerra foram
produzidas em massa. Entretanto, o auge da Engenharia ainda estava por vir.
A maior conquista do homem até o momento atual é, sem sombra de dúvidas, a ida
até a Lua. Em 1969, em um esforço conjunto de engenheiros,matemáticos, físicos e
químicos, além de muito tempo dedicado de trabalho, permitiu que a NASA
lançasse sua primeira missão tripulada até o nosso satélite.
No total, foram realizadas dez missões da série Apollo anteriores à Apollo 11, algumas
servindo apenas como testes, outra com problemas técnicos que resultaram em
baixas de astronautas. No momento em que os primeiros astronautas tocaram o
solo lunar, foi mundialmente aceito que os Estados Unidos haviam vencido a corrida
espacial.
Figura 1 - Missão Apollo 11, a maior conquista dos seres humanos.
Depois houve outros avanços nas mais diversas áreas, como o desenvolvimento de
usinas nucleares, o início do uso das tecnologias limpas, a criação de câmaras de
conservação para alimentos dos mais diversos tipos e a criação de remédios e
máquinas. Hoje em dia, mesmo com o acesso à informação e a velocidade com que
as notícias correm, tornou-se impossível acompanhar todas as novas tecnologias em
tempo real.
Todas as conquistas em questão foram permitidas a partir do desenvolvimento da
Engenharia como um todo, e todas tiveram seu impacto na humanidade.
Entretanto, alguns fatores não poderiam ser previstos ou medidos antigamente,
como o nível de poluição que era causado pelos equipamentos e o desgaste
ambiental causado. Esforços em nível internacional têm sido realizados para que
esse problema seja reduzido.
O Espaço do Engenheiro
Atualmente
Assim como no Brasil, engenheiros são pro�ssionais muito bem absorvidos pelo
mercado no mundo todo. Os avanços tecnológicos têm exigido uma maior presença
de engenheiros que possuam conhecimentos de computação, como os próprios
engenheiros da computação e engenheiros de software.
Como o mundo está em constante evolução e novas tecnologias são lançadas num
ritmo diário, é absolutamente necessário que engenheiros sempre se mantenham
atualizados e tenham competências relacionadas à informática. O conhecimento
referente ao uso de programas como AutoCAD, Minitab e até mesmo o Excel podem
ser um grande diferencial para pro�ssionais. Esse assunto será discutido em aulas
posteriores, quando falarmos sobre o per�l desejado de um engenheiro.
Outro ponto que tem sido muito abordado atualmente é o meio ambiente. É muito
comum encontrarmos informações em telejornais ou em portais virtuais a respeito
de discussões políticas referentes ao tema, em especial aos tratados internacionais
com que diversos governos se comprometem. Engenheiros ambientais, sanitários e
ambientais têm tido muito destaque nesse ponto, visto que são aqueles que
possuem conhecimento aplicado sobre o tema – entretanto, é compromisso de
todos os engenheiros que o meio ambiente seja devidamente respeitado.
O Engenheiro e a Sustentabilidade
Prezado(a) aluno(a), devemos ter sempre em mente que o meio ambiente e a
sustentabilidade são prioridade para todos. As políticas ambientais se tornaram
muito mais rígidas desde meados da década de 1990, principalmente após a criação
do Protocolo de Kyoto, acordado internacionalmente em 1997 e iniciado o�cialmente
em 2005.
Após o endurecimento das normas ambientais, popularizou-se o mundialmente,
principalmente entre os engenheiros atuantes nas indústrias, o conceito conhecido
como “química verde”. O termo tem sido amplamente utilizado pelos governos
desde então, como uma forma de conscientizar a população a respeito do tema.
Trata-se da busca dos engenheiros pelo desenvolvimento e aplicação de soluções
que gerem benefícios e impactos ambientais positivos – focando, assim, não apenas
em resolver um único problema, mas também em não criar um legado de prejuízos
à sociedade como um todo. A ideia é, acima de tudo, criar qualidade de vida para as
gerações futuras (MIHELCIC e ZIMMERMAN, 2018).
Sendo assim, há alguns princípios a serem seguidos para que a ideia possa ser
considerada como sustentável. Um deles é o uso de matérias-primas renováveis,
como o uso da cana-de-açúcar ou de óleos naturais, como o óleo da soja, do girassol
ou da macaúba, para produzir biodiesel, já que os gases gerados por eles são muito
menos poluentes do que os resultantes da gasolina comum.
Outro princípio de interesse coletivo é a prevenção de desperdícios. Já que há a
necessidade de tratar ou limpar o que foi rejeitado, então o ideal é que ele nem ao
menos ocorra.
Uma das iniciativas citadas nas aulas anteriores foi justamente a queima de lixo para
a produção de energia elétrica em usinas termelétricas. Essa atitude é, com certeza,
uma das melhores formas de proteger o meio ambiente e diminuir os problemas
causados pelo ser humano. Entretanto, ainda há a necessidade de reduzir os
problemas resultantes da queima de combustíveis, visto que gases poluentes são
emitidos por eles. Este é um dos maiores desa�os de todas as modalidades da
Engenharia na atualidade.
CONCEITUANDO
Nesse protocolo, busca-se reduzir a emissão de gases por parte das
indústrias de cada país. A partir disso, tornou-se responsabilidade dos
engenheiros buscar por medidas sustentáveis que mantenham os
danos ambientais no menor nível possível.
Há vários outros princípios a serem seguidos, com todos tendo em comum o
respeito às normas ambientais e ao ser humano. Além dessas normas, há também
itens referentes ao código de ética dos engenheiros e outras iniciativas, como a
biomimética, que busca soluções que imitem a própria natureza.
CONECTE-SE
Há diversas iniciativas para reduzir os impactos ambientais, e algumas
delas são voltadas simplesmente em melhorar itens que nós já temos.
Por exemplo, foi criado um chuveiro que recicla a água e um motor que
reduz a emissão de gases simplesmente por aquecer um pouco mais o
combustível.
NA PRÁTICA
Um exemplo muito interessante da biomimética é algo com que
convivemos de forma diária: velcro. A ideia por trás da biomimética
ainda não era comum, mas este, com certeza, é um dos melhores
representantes dela. O criador do velcro, o engenheiro eletrônico suíço
Georges de Mestral, caminhava com seu cachorro, quando percebeu
que pequenas sementes grudavam de forma insistente em suas roupas
e no pelo do cão. Após isso, ele teve a ideia de �xar objetos usando
tecidos e ganchos de tamanho mínimo, desenvolvendo então o velcro.
O mecanismo se mostrou prático, e�ciente e ganhou o mercado
rapidamente, sendo usado nos trajes dos astronautas que foram à Lua
(MIHELCIC e ZIMMERMAN, 2018).
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Os esforços conjuntos por parte das nações, junto ao auxílio e às criações dos
engenheiros da nova geração, têm conseguido reduzir o impacto causado ao meio
ambiente. Entretanto, as ideias precisam continuar surgindo, assim como cada
empresa deve continuar fazendo seu papel. Espera-se que, em alguns anos, o
cenário possa ser revertido e o equilíbrio entre a humanidade e a natureza possa ser
�nalmente, alcançada.
Cada modalidade das Engenharias pode fazer a diferença de uma forma própria,
buscando a solução dentro de sua própria especialidade. Nesta aula, encerramos as
abordagens históricas do conteúdo, e a partir de agora nos concentraremos no
cenário atual sobre o per�l que se espera de um pro�ssional formado. E, para
sabermos exatamente qual formação pode ter determinadas características, nada
mais interessante do que discutirmos sobre as principais áreas dos cursos de
Engenharia.
As Áreas da Engenharia
AUTORIA
Paulo Otávio Fioroto
Diferentes Modalidades
Caro(a) aluno(a), por ter ingressado na graduação em Engenharia, você, com certeza,
está ciente de que existem diversas modalidades para o curso. Em nossa primeira
aula, discutimos o ciclo básico, envolvendo Cálculo, Física e Química. Agora, nosso
foco será a apresentação das principais ênfases especí�cas.
Ao todo, temos mais de 30 modalidades reconhecidas no Brasil, sendo que algumas
podem ser consideradas como “derivações” de outras, com a intenção em focar em
temas mais especí�cos. Ao �nal desta aula, a meta é que você tenha noção da
importância que cada área da engenharia tem,e que não se pode dizer que uma
formação é mais importante do que a outra. Com certeza sempre haverá uma que
seja mais adequada do que outras para uma determinada situação, mas, ao �nal,
todas elas se complementam.
Engenharia Civil
Este é o ramo mais antigo de todas as Engenharias – o que faz total sentido, visto
que o ser humano, desde os primórdios, sempre necessitou de moradias. A
formação tem como grande foco o projeto e construção de estruturas, e esse, de
fato, era o único aspecto trabalhado na graduação no princípio. Entretanto, após
alguns anos, conforme foi sendo exigido mais dos pro�ssionais, novos aspectos
foram acrescentados ao curso.
Hoje em dia, é essencial que um engenheiro civil compreenda o comportamento
dos materiais, visto que isso é fundamental para que estruturas se mantenham
�rmes, além da pesquisa por novos materiais ser algo constante.
Dentre suas principais funções, destaca-se o planejamento de projetos, incluindo os
custos de recursos materiais e humanos, além da análise de riscos, considerando
sempre leis e possíveis problemas ambientais que possam ser causados. Também é
seu trabalho realizar testes de solos, com a intenção de veri�car a adequação e a
resistência das fundações, realizar todos os cálculos necessários para a estrutura,
incluindo sistemas hidráulicos e de transporte, e supervisionar as operações
realizadas durante suas obras (MOAVENI, 2016).
É muito comum que engenheiros civis busquem uma especialização após a
conclusão do curso. As formações mais comuns são os engenheiros de construção,
que focam nos projetos de construção civil, os engenheiros geotécnicos, que são
aqueles que buscam compreender as características dos solos e das fundações, e os
engenheiros de transportes, que projetam sistemas relacionados à movimentação
humana, como estradas, portos e aeroportos.
Engenharia Elétrica
A importância da energia elétrica para a sociedade atual dispensa muitas
explicações, e os engenheiros eletricistas são aqueles que possuem conhecimento
teórico e prático a respeito das redes de distribuição. Sem pro�ssionais que possuam
essa capacidade, todas as nossas redes de comunicação parariam de funcionar, não
teríamos condições de conservar alimentos, as ruas se tornariam um caos e nossos
sistemas de distribuição de água parariam de funcionar. O mundo entraria em
colapso. Agora, você tem dimensão da relevância dessa formação.
Este pro�ssional é aquele que projeta, testa e supervisiona a produção de
equipamentos eletroeletrônicos, desde os eletrodomésticos que temos em nossas
casas até aparatos geradores de energia. Da mesma forma, são responsáveis pela
parte elétrica de automóveis em geral (COCIAN, 2017).
Atribuições comuns aos engenheiros eletricistas são a realização de cálculos
voltados à fabricação e construção de sistemas elétricos de todos os portes,
determinando todos os custos e recursos necessários para que o desenvolvimento
se dê de forma adequada e dentro dos prazos desejados.
Assim como em outras Engenharias, é muito comum que engenheiros eletricistas
busquem especializações após a conclusão do curso. Exemplos são o controle e a
automação, que focam no desenvolvimento de máquinas automatizadas, a
microeletrônica, que projeta sistemas integrados, e as telecomunicações, que
desenvolvem sistemas de redes de comunicação em geral.
Engenharia de Produção
A Engenharia de Produção – eventualmente chamada também de Engenharia
Industrial – é, possivelmente, a mais versátil entre as formações da área. Sua grade
curricular possui grande foco na gestão, o que torna o pro�ssional apto a planejar e
controlar processos em geral.
São tarefas comuns aos engenheiros de produção o desenvolvimento e controle dos
�uxos de produção, buscando formas de melhorar aquilo que já é produzido, reduzir
desperdícios, tornar processos mais rápidos e melhorar os sistemas de controle de
estoque e de qualidade, sempre levando em conta uma análise precisa dos custos.
Engenheiros de produção costumam ser contratados pelos mais diversos tipos de
empresas, desde consultorias até a manufatura de peças. Seu olhar crítico em
relação aos sistemas de produção e de controle, além da capacidade de análise, são
muito valorizados pelos gestores de modo geral.
Engenharia Química
Engenheiros químicos são aqueles que se envolvem na fabricação de produtos
químicos de modo geral, passando por combustíveis, remédios e tintas, entre tantas
outras possibilidades. Sua principal demanda é o projeto de equipamentos e de
processos para fabricações em grande escala (COCIAN, 2017).
Assim como todas as outras formações, o engenheiro químico tem como função a
busca pelo melhor processo visando os custos mais baixos. Além disso, é essa a
formação que visa a segurança dos trabalhadores envolvidos em processos
químicos, determinando quais as normas a serem seguidas e quais equipamentos
de proteção devem ser utilizados. Costumam também trabalhar com processos de
separação referentes a gases e líquidos, de forma a extrair os compostos necessários
de cada uma das matérias-primas.
É muito comum encontrar engenheiros químicos atuando em laboratórios de
controle de qualidade ou de desenvolvimento de novos produtos, assim como sua
atuação na criação e análise de novos materiais é constante – por exemplo, o
desenvolvimento de uma nova formulação para a borracha de pneus, visando torná-
la mais resistente.
NA PRÁTICA
Um sistema comumente aplicado para que haja redução de
desperdícios é o Just in Time (JIT), criado pela empresa japonesa Toyota,
o qual possui foco na produção por demanda. Com esse sistema, os
estoques são reduzidos ao mínimo possível, reduzindo o investimento
em estoques e fabricando os produtos apenas quando a venda deles já
ocorreu. É necessário um contato constante com os fornecedores de
materiais, os quais devem ser absolutamente pontuais, além de
comunicação perfeita entre todos os setores internos da indústria, o
que torna a produção muito mais rápida e precisa. O JIT mira a
perfeição e gera grande economia por parte da empresa, além de
transformar a organização em um exemplo para as outras quando bem
aplicado (MONDEN, 2015).
Engenharia Mecânica
Os engenheiros mecânicos são responsáveis pelo projeto, desenvolvimento e
construção de dispositivos mecânicos, desde pequenas ferramentas e peças até
grandes máquinas industriais. Não é raro que os mesmos atuem em conjunto com
engenheiros eletricistas quando se trata da automação de máquinas, assim como é
possível encontrar uma atuação conjunta com engenheiros químicos no
desenvolvimento de motores de combustão.
O pro�ssional da área deve ter bons conhecimentos de simulação computacional,
visto que é a forma com que se projetam equipamentos mecânicos na atualidade.
Assim sendo, também são os responsáveis pelos testes dos dispositivos
desenvolvidos, sempre realizando as análises e veri�cando de que forma um
equipamento pode ser melhorado.
Engenheiros mecânicos comumente aplicam de forma prática as teorias
apresentadas na disciplina de Física, envolvendo conceitos como trabalho, energias
e atrito – como, por exemplo, em testes de simulação de segurança de automóveis,
ou para veri�car a mobilidade de um determinado aparato desenvolvido para uma
fábrica. Além disso, os pro�ssionais também devem ter total conhecimento sobre o
calor e suas propriedades, já que trabalham constantemente com projeto e
desenvolvimento de máquinas térmicas em geral.
Engenharia de Computação
A Engenharia de Computação está comumente ligada às Engenharias Elétrica ou
Eletrônica, visto que, além da programação, o pro�ssional também é responsável
pelo desenvolvimento dos circuitos dos microprocessadores e das máquinas de
grande porte. Por conta disso, é comum que suas funções sejam confundidas, fato
que ocorre também pela frequente atuação conjunta dos pro�ssionais. Entretanto,
há uma diferença drástica: enquanto engenheiros eletricistas são aqueles que
podem realizar projeto de largaescala, como redes de distribuição em cidades, os
engenheiros de computação possuem maior aptidão à programação de sistemas
em geral.
Usualmente, engenheiros de computação buscam especializações voltadas para a
criptogra�a e proteção de informações, algo que tem sido muito valorizado pelas
grandes empresas atualmente.
Engana-se quem pensa que engenheiros de computação podem atuar apenas com
programação, já que todas as empresas precisam de computadores e softwares nos
dias de hoje. Por conta disso, é comum encontrar pro�ssionais formados na área
atuando em empresas de consultoria ou projetando equipamentos que usem
softwares, como eletrodomésticos e celulares.
Engenharia Ambiental
Em nossa aula anterior, discutimos sobre a importância que tem sido dada ao meio
ambiente nas últimas décadas. Engenheiros ambientais têm sido mais valorizados
justamente por conta disso, e a tendência é que, com o endurecimento das normas
ambientais, isso aumente de forma contínua nos próximos anos.
O pro�ssional é aquele que utiliza os conceitos da Engenharia em conjunto com a
ciência dos solos, a biologia e a química, de forma a reduzir os impactos ambientais
causados pelas indústrias. É comum que ele atue em conjunto com engenheiros de
produção na busca pela redução de desperdícios, já que qualquer rejeito pode
resultar em problemas ambientais.
Entre suas obrigações, estão a produção de relatórios empresariais sobre o meio
ambiente, o desenvolvimento de projetos referentes a assuntos como o tratamento
de água e o controle de poluição do ar, além de inspecionar as instalações para
assegurar que a legislação ambiental seja devidamente atendida (COCIAN, 2017).
Por consequência de sua especialização, tanto indústrias quanto órgãos
governamentais têm ampliado as vagas para engenheiros ambientais, assim como
muitos pro�ssionais têm atuado de forma autônoma, como consultores. É comum
CONECTE-SE
Ataques de hackers têm ocorrido cada vez mais frequentemente,
colocando em risco a segurança de informações de pessoas físicas e
jurídicas como, por exemplo, dados bancários. Isso tem aumentado a
busca por bons engenheiros de computação.
https://go.eadstock.com.br/bEy
que engenheiros ambientais abordem funções de engenheiros sanitários no
desenvolvimento de redes de esgoto em cidades – o que torna relativamente
comum sua atuação junto a engenheiros civis.
Engenharia de Alimentos
A Engenharia de Alimentos é aquela que se aprofunda no conhecimento em relação
à química de alimentos, além do desenvolvimento de maquinários e processos que
auxiliem na produção de produtos alimentícios. Sua atuação junto a engenheiros de
produção e ambientais é frequente, visto que a redução de desperdícios e a melhora
dos processos é do interesse dos três pro�ssionais.
O engenheiro de alimentos frequentemente atua em laboratórios de controle de
qualidade e no desenvolvimento de novos produtos, sendo obrigação do mesmo
possuir conhecimentos referentes à microbiologia, química, estatística e
conservação de alimentos. Quando atua em setores voltados ao desenvolvimento de
equipamentos voltados à produção, é comum que, junto aos engenheiros
mecânicos, apliquem os conceitos da Física e da Termodinâmica para que o aparato
seja desenvolvido com sucesso.
Assim como o próprio nome da formação indica, a maioria dos engenheiros de
alimentos atua em indústrias alimentícias. Entretanto, por conta de sua aptidão a
trabalhar com produtos químicos, o pro�ssional pode também atuar em
consultorias relacionadas à qualidade, logística e tratamento de resíduos, além de se
envolver com a �scalização de alimentos e bebidas.
Engenharia de Saúde e Segurança
Sua função é, em alguns momentos, confundida com a de um engenheiro
ambiental – o que é compreensível, já que o cuidado com a vida humana e o meio
ambiente é de responsabilidade das duas formações. Entretanto, os engenheiros de
segurança buscam também a proteção daqueles que estão diretamente envolvidos
com os processos internos à indústria.
A atuação desses pro�ssionais em conjunto a todas as outras é muito frequente, pois
todas as indústrias apresentam riscos ao bem-estar de seus colaboradores, desde a
manipulação de produtos químicos até o risco de quedas em uma obra, passando
por contaminações, aspiração de gases ou choques elétricos.
Sua tarefa é determinar quais equipamentos de proteção devem ser utilizados para
que não haja riscos, veri�car se o maquinário está funcionando adequadamente, se
as instalações oferecem algum perigo aos envolvidos, buscar a aplicação de
dispositivos de segurança, como botões de parada, além de garantir que todos
estejam trajando a vestimenta correta para que sua vida esteja em total segurança
(COCIAN, 2017).
Figura 1 - Engenheiros de saúde e segurança são aqueles que garantem que os
equipamentos corretos serão utilizados.
Coletividade
Durante o decorrer desta aula, buscou-se clari�car a especialidade de cada uma das
formações citadas. Mas, mais importante do que isso, a intenção foi mostrar que
todas elas são interdependentes, podendo atuar em conjunto com outras,
complementando o trabalho em busca de resultados positivos para todos os lados.
Seria impossível que a sociedade que temos hoje existisse sem a atuação conjunta
dos pro�ssionais citados e de outras formações. Não teríamos onde morar sem o
desenvolvimento da Engenharia Civil, �caríamos todos doentes se engenheiros de
alimentos não desenvolvessem técnicas de conservação de alimentos ou se
engenheiros ambientais e engenheiros de saúde e segurança não realizassem
projetos voltados à redução da insalubridade, não teríamos carros sem o trabalho
conjunto de engenheiros eletricistas e engenheiros mecânicos, esses carros não
sairiam do lugar sem que um engenheiro químico produzisse um combustível
adequado.
Conforme dito anteriormente, é claro que cada situação exige uma formação
adequada. Porém, isso não quer dizer que apenas um único engenheiro conseguirá
resolver aquele determinado problema – muitas vezes, são necessários os
conhecimentos especializados de duas ou mais formações simultaneamente.
A partir de nossa próxima aula, nosso foco estará nas atividades e no per�l esperado
de um engenheiro que tenha concluído sua graduação, sem que haja distinção
sobre a sua modalidade. Espero que, agora que você sabe um pouco mais sobre a
atuação de cada uma das modalidades, a relação que cada uma das atividades a
serem apresentadas se torne mais fácil de visualizar.
O Per�l do Pro�ssional
Engenheiro
AUTORIA
Paulo Otávio Fioroto
O Per�l
Prezado(a) aluno(a), a partir de agora, discutiremos o per�l desejado de um bom
pro�ssional. Contudo, você vai perceber que algumas características não estarão
presentes nesta aula. Isso ocorre porque elas terão um lugar de destaque em aulas
posteriores.
O que será discutido aqui são as habilidades esperadas de qualquer engenheiro. Boa
parte desses aspectos serão trabalhados durante sua graduação, então �que
tranquilo caso sinta que precisa desenvolver algum desses pontos que estão por vir.
Comunicação
Uma comunicação e�ciente é algo valorizado por todo e qualquer tipo de empresa.
Saber o que expor, como expor e quando expor sempre foi relevante, e é uma das
principais características que um engenheiro precisa utilizar durante o
desenvolvimento de projetos ou durante negociações. Uma palavra no lugar certo e
no momento certo pode ser a chave para que algo positivo possa acontecer da
forma como gostaríamos.
Comunicação Oral
A comunicação oral, também conhecida como oratória, é a forma com que os
pro�ssionais podem convencer as pessoas sobre a vantagem da execução de seu
projeto, ou então expor a importância de realizar uma atividade de determinada
maneira (COCIAN, 2017).
Deve �car claro que falar não é o su�ciente. A forma como algo é dito, a entonação,
os gestos realizados, a postura, o contato visual durante a exposição de seus
argumentos, todos esses fatores são diferenciais que podem mudaro seu discurso. A
intenção é justamente a de transmitir uma ideia de forma segura e completa,
prendendo a atenção daquele que estiver ouvindo. Quanto maior a segurança que
você passar ao ouvinte, maior tende a ser a sua chance de sucesso.
Comunicação Escrita
A comunicação escrita também possui sua importância, em especial no momento
que vivemos hoje, onde a troca de e-mails ocorre a todo instante. Uma boa
capacidade de escrita e de interpretação de textos não é apenas um ponto forte, é
uma exigência para qualquer indivíduo que busque uma carreira bem-sucedida.
Erros gramaticais podem colocar tudo a perder, principalmente quando se trata de
um primeiro contato. Um erro num currículo, por exemplo, pode ser determinante
no momento da decisão de chamar alguém para uma entrevista. E, mesmo após
estar devidamente empregado, um engenheiro precisa do uso constante da escrita.
Numa base diária, engenheiros realizam relatórios de procedimentos técnicos,
redigem manuais de manutenção e de especi�cação, entre outras atividades. A
habilidade de se fazer entender com clareza através da escrita é indispensável para
um bom pro�ssional, e técnicas de redação são uma competência altamente
requisitada no mercado, principalmente por empresas de grande porte.
CONCEITUANDO
Podemos também incluir a comunicação grá�ca, através de desenhos e
sinalizações. Engenheiros desenvolvem projetos que devem ser
entendidos por quem os está realizando, assim como sinalizam o que
deve ou não deve ser feito – um botão que não deve ser apertado, se
não bem sinalizado, pode pôr tudo a perder.
Criatividade e Inovação
A capacidade de inovar é algo que está inserido na pro�ssão do engenheiro. Em
nossas primeiras aulas, apresentamos diversas realizações de séculos passados,
como a invenção do motor a vapor, a criação do concreto por parte dos romanos, a
construção das pirâmides por parte dos egípcios – estruturas que, mesmo para os
dias atuais, são muito avançadas. Todos esses são pontos que podem ser
considerados como méritos de nossos ancestrais.
Uma das funções da pro�ssão é a resolução de problemas da forma mais simples e
barata possível – isso exige que o engenheiro pense de uma forma um pouco
diferente dos demais, buscando soluções que exijam o mínimo de recursos possível.
O fato de um engenheiro conseguir enxergar o problema antes mesmo dele
acontecer também pode ser considerado como criatividade – a�nal, a melhor forma
de resolver um problema é não deixar que ele sequer ocorra!
Inovar não se resume a resolver algo, mas também a melhorar o que já existe. Não é
porque algo está funcionando que ele não possa ser melhorado. A embalagem de
um produto pode se tornar mais chamativa caso ela seja pintada de uma cor
diferente, um processo pode ser mais rápido caso uma máquina seja colocada em
outro lugar, entre outros diversos exemplos.
Para que a inovação possa acontecer adequadamente, é exigido o conhecimento
total daquilo que está sendo realizado. Não será possível melhorar algo que existe
sem que se tenha domínio a respeito do tema e sem que sejam pesquisadas
soluções que fujam ao tradicional. Por isso, é sempre importante usar a internet e as
redes de comunicação a seu favor – uma notícia, um acontecimento, uma simples
matéria num site, tudo isso pode ser o gatilho para que uma ideia possa ser gerada
repentinamente.
Informática
Por mais que algumas formações tenham um maior contato com a informática do
que outras, não se pode negar que computadores são, hoje, a principal ferramenta
de trabalho. O conhecimento de alguns softwares é necessário, e saber aplicá-los e
usá-los a seu favor é sempre bem-visto por parte de qualquer empresa.
Conhecer o básico da estrutura de um computador, suas peças, e alguns detalhes
sobre programação é sempre enriquecedor. Tão importante quanto saber usar algo,
é entender como esse algo funciona e o que cada um de seus componentes faz.
Não é necessário ter um conhecimento tão aprofundado sobre todos os programas,
mas saber o su�ciente para tornar seu trabalho mais rápido e preciso é algo
essencial, visto que soluções podem ser encontradas mais rapidamente por
computadores do que por pessoas. A tecnologia trabalha a nosso favor, cabe apenas
ao pro�ssional ter o esforço e a curiosidade de aprender a usá-la. Trataremos de
alguns aparatos e softwares interessantes ao engenheiro em algumas das próximas
aulas.
CONECTE-SE
Um exemplo de software de extrema importância é o Microsoft Excel.
Planilhas são aplicadas em empresas de todos os ramos, mas
programas muito maiores podem ser criados a partir do Excel caso o
usuário pesquise mais a fundo.
Interpretação e Análise de Dados
Como engenheiro(a), você terá contato com dezenas de grá�cos e tabelas de todos
os tipos durante sua formação. A interpretação dos mesmos é fundamental, pois é a
forma mais rápida e visual de conseguir alguma informação.
A capacidade de analisar e de retirar o máximo de informações de um único grá�co
é algo muito valorizado pelas empresas, e engenheiros são sempre os pro�ssionais
dos quais mais se espera essa habilidade. O pensamento analítico trata justamente
da compreensão de diversas partes de um mesmo problema e de como elas se
relacionam (COCIAN, 2017).
Exemplos de aplicações práticas são, por exemplo, a correta interpretação dos
resultados de uma pesquisa de opinião realizada com o público-alvo da empresa,
que pode indicar que seu produto precise de algumas mudanças. Da mesma
maneira, a estrati�cação de tais dados pode indicar que, na verdade, apenas um
público especí�co sente que essa mudança é algo signi�cativo, o que faz com que
possa ser realizada alguma ação voltada apenas a esse grupo especí�co de pessoas.
Outro exemplo seria a análise dos grá�cos de controle de temperatura de uma
máquina utilizada num processo especí�co, a qual será trocada caso esteja com
problemas, o que gerará um gasto de milhares de reais. Ao veri�car as informações,
o engenheiro pode obter a informação de que esse superaquecimento da máquina
ocorre apenas quando um determinado líquido está passando pelo processamento,
indicando que o problema não está necessariamente na máquina, e sim na
https://go.eadstock.com.br/bEz
presença desse líquido especí�co. Essa interpretação vai resultar em uma
reformulação do processamento e evitará que todo o dinheiro que seria investido
num novo equipamento seja gasto.
Durante a formação, esse raciocínio é trabalhado em momentos como a
decomposição de sistemas em subsistemas menores e de análise mais simpli�cada
– conceito comumente encontrado em disciplinas de Geometria Analítica e Álgebra
Linear. A capacidade de aliar a teoria abordada no curso às atividades práticas é
muito importante e requisitada, pois isso demonstra um maior desenvolvimento do
raciocínio lógico por parte do pro�ssional – e o uso desse raciocínio tem ligação
direta com o tema abordado em nosso próximo tópico.
Metodologia Cientí�ca e Tecnológica
A metodologia cientí�ca será abordada de forma mais aprofundada em uma de
nossas próximas aulas, porém com foco na área acadêmica. Neste momento,
daremos o foco ao seu uso em indústrias e empresas.
Esta metodologia se trata do uso da investigação para a produção de algo novo, ou
seja, a capacidade de pesquisar, raciocinar em cima de uma informação e conseguir
extrair dela uma ideia que possa ser aplicada aos seus processos.
Figura 1 - A interpretação de grá�cos e a obtenção de dados são uma
característica exigida dos engenheiros.
Por pesquisa, entenda que não estamos falando somente em ler um livro ou artigo,
e sim da obtenção de dados necessários para uma tomada de atitude. A simples
medição da altura de um objeto, o teste de uma nova formulação para algum
produto, a realização de uma pesquisa de opinião com clientes que mostre o que
pode ser alterado, todos esses pontos são exemplos de aplicações da metodologia
cientí�ca.
Todo engenheiro deve ter em mente que, pior do que não ter um dado, é tê-lo e

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