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Tuberculose A tuberculose (TB) é uma enfermidade infecto-contagiosa, que se propaga pelo ar por meio de gotículas contendo bacilos excretados por um doente ao tossir, espirrar ou falar em voz alta e que, ao serem inalados por pessoas saudáveis, provocam a infecção tuberculosa localizada no pulmão que pode permanecer latente ou evoluir para o estado de doença e, inclusive, posteriormente disseminar para outras partes do corpo como meninges, rins, ossos e linfonodos. Os métodos de diagnósticos utilizados com mais frequência são a radiografia do tórax que geralmente revela lesões no lobo superior dos pulmões e a baciloscopia e a cultura do escarro que detectam a presença do bacilo. A procura de casos e a quimioterapia efetiva continuam sendo as principais condutas de controle da tuberculose. Microbactérias São resistentes à maioria dos antibióticos, por crescerem mais devagar os fármacos que agem combatendo às celulas de crescimento rápido são relativamente ineficazes, por conta da sua parede rica em lipídios tornando-a impermeável, além disso são capazes de ficarem latentes fazendo com que morram mais lentamente ou se tornem totalmente resistentes. É por isso que torna-se necessária a combinação de fármacos. Outra característica das micobactérias é que possuem bombas de efluxo na membrana celular, cuja ação consiste em bombear para fora do citoplasma os agentes químicos possivelmente prejudiciais. Farmacoterapia O tratamento da tuberculose tem como objetivo a cura e a rápida redução da transmissão da doença. Para que isso ocorra, os fármacos utilizados devem ser capazes de reduzir rapidamente a população bacilar (interrompendo a transmissão), prevenir a seleção de cepas naturalmente resistentes (impedindo o surgimento de resistência durante a terapia) e esterilizar a lesão (prevenindo a recidiva de doença). Os fármacos de primeira linha utilizados no tratamento são: a isoniazida (INH), a rifampicina (ou outras rifamicinas), a pirazinamida, o etambutol e a estreptomicina. A combinação utilizada é isoniazida, rifampicina e pirazinamida na primeira fase que dura em torno de 2 meses, e caso haja suspeita de resistência é adicionado o etambutol. Já na segunda fase, que dura cerca de 4 meses, são utilizadas a isoniazida e rifampicina. Tabela de esquema de tratamento ISONIAZIDA É o mais ativo e bastante solúvel em água. Ela tem ação bacteriostática para os bacilos que se multiplicam mais lentamente, e bactericida para os que se multiplicam rapidamente. Ela penetra nos macrófagos através da difusão passiva e é eficiente contra organismos extra e intracelulares. Seu mecanismo de ação se dá pela inibição da síntese de ácidos micólicos, componentes essenciais nas paredes celulares micobacterianas. Quando o M. tuberculosis é submetido a concentrações crescentes de INH, desenvolve-se resistência, devido a uma mutação dentro do gene bacteriano inhA, envolvido na biossíntese do ácido micólico. É um prófármaco que deve ser ativado pelas enzimas bacterianas antes de poder exercer sua atividade inibitória. É metabolizada pela enzima hepatica arilamina N-acetiltransferase do tipo 2, é rapidamente absorvida no trato gastrointestinal, sua distruibuição se dá através de fluidos corporais e tecidos, e é excretada na urina. Sua biodisponibilidade é de 100% para a dose máxima de 300mg, sendo a dose diária total normal de 5mg/kg. Reações de hipersensibilidade à INH são incomuns, mas podem ocorrer, tais como febre, erupções cutâneas, e um processo de vasculite acompanhado pela presença de anticorpos antinucleares, simulando um quadro de lúpus eritematoso. Reações hematológicas como eosinofilia, anemia, agranulocitose, trombocitopenia e manifestações articulares também podem ocorrer. A suspensão da droga faz desaparecer tais complicacões. As reações mais importantes se relacionam com o sistema nervoso central e periférico. A neurite periférica ocorre em cerca de 2% dos pacientes que usam 5 mglkg de peso/dia, esse efeito é mais frequente em pacientes acetiladores lentos, portadores de diabetes melittus, desnutridos e anêmicos e pode ser evitado adiministrando piridoxina. O uso de INH pode provocar lesão hepática, que é rara em pacientes com <20 anos, aumentando o risco com o passar do tempo. Os antiácidos que contêm alumínio podem interferir na absorção da INH. Além disso, devido a inibição das enzimas CYP2C9, CYP3A e CYP2D6 e indução de CYP2E1 há um efeito em fármacos metabolizados por essas enzimas como por exemplo, diazepam, carbamazepina, paracetamol, varfarina, entre outros. RIFAMPICINA De acordo com Silva é solúvel em solventes orgânicos e na água com pH ácido, é ativa inibindo o crescimento contra a maioria das bactérias Gram-positivas, inclusive S. aureus e S. coagulase- negativo. Tem ação contra muitas bactérias Gram-negativas. A rifampicina penetra nos bacilos, podendo eliminar micro-organismos intracelulares, de forma concentração dependente, chegando a concentrações de equilíbrio em 15min, então se liga à subunidade β da RNA polimerase dependende de DNA (rpoB) para formar um complexo fármacoenzima estável, essa ligação impede a formação da cadeia na síntese de RNA. É um fármaco administrado oralmente, distribuída nos tecidos e fluidos, parcialmente excretada na urina e bile, o que faz sofrer recirculação entero hepática que é posteriormente excretado nas fezes, e mal absorvido pelo trato gastrointestinal. Liga-se altamente a proteínas. Os efeitos adversos mais recorrentes são erupções cutâneas, febre, e distúrbios gastro intestinais, pode deixar lágrimas, suor e urina alaranjados, é necessária realização da avaliação da função hepática antes do início do tratamento, pois pode acarretar a danos no fígado. Efeitos como hemólise, hemoglobinúria, hematúria e insuficiência renal são raras, vem sendo documentada proteinúria de cadeia leve. Pelo efeito indutor de enzimas hepáticas como as CYP 1ª2, 2C9, 2C19 e 3ª4, a rifampicina pode degradar alguns medicamentos metabolizados hepaticamente como estrógenos, varfarina, analgésicos narcóticos e glicocorticóides. ETAMBUTOL Fármaco sintético, solúvel em água e termoestável sem atividade a outras bactérias. Utilizado de forma isolada pode criar resistência das bactérias. Seu mecanismo de ação se dá através da inibição arabinosil transferase III, impedindo sua transferência para síntese de arabinogalactan, o que modifica prejudicialmente a parede celular das micobactérias. O etambutol é administrado oralmente na dose de 15 a 25 mg/kg de peso/dia, em tomada única, sendo a dose máxima para adultos de 1.200 mg/dia. 80% do fármaco é absorvido pelo trato gastrointestinal, meia vida de 3 a 4h, e a principal via de excreção é a renal. De acordo com Rang e colaboradores o efeito colateral mais significativo é a neurite ótica que faz com que haja distúrbios visuais por alteração de cores. Já Silva relata que podem ocorrer problemas de hipersensibilidade. Pode ser usado em crianças e gestantes: nenhum efeito teratogênico foi reportado até hoje. PIRAZINAMIDA Segundo Katzung e colaboradores a pirazinamida é estável e um pouco hidrossolúvel, inativa em pH neutro exercendo sua atividade contra micobactérias que residem no ambiente ácido dos lisossomas, intracelulares. A sua forma ativa é o ácido pirazinoico que rompe o metabolismo e as funções de transporte da membrana das micobactérias. A resistência a esse fármaco pode ser desenvolvida rapidamente. É administrado por via oral, na dose de 20 a 35 mg/kg de peso/dia, não devendo ultrapassar o máximo de 2 g/dia. Deve ser usado de preferência em dose única diária. Bem absorvidos pelo trato gastrointestinal e distribuído nos tecidos, até mesmo meninges inflamadas. Já a metabolização do composto original ocorre no fígado e a depuração dos metabólitos pelos rins. Os efeitos adversos mais comuns são desenvolvimento de gota iniciando com hiperuricemia, mal estar e transtornos gastrointestinais como náuseas e vômito, e até 5% dos pacientes podemter problemas hepáticos, sendo o aumentos de transaminases alterações hepáticas mais precoces. A elevação dastransaminases acima de 3 vezes o normal ou icterícia implica que a droga deve ser interrompida. ESTREPTOMICINA De acordo com Brunton e colaboradores a estreptomicina atua inibindo a síntese de proteínas se ligando a subunidade ribossômica 30S gerando erro durante a tradução do código genético, é ativa principalmente nos bacilos extracelulares. A sua resistência é atribuída a mutações genéticas. É utilizado quando há resistência a outros fármacos e a dose é de 15mg/kg/dia de forma intramuscular ou intravenosa. Por ser um antibiótico macrolídeo suas reações adversas mais comuns são a ototóxicidade e a nefrotoxicidade, essa toxicidade é dependente da dose e mais comum em idosos. Tabela de referência paciente/tratamento
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