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Teoria Geral do Delito

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TEORIA GERAL DO 
DELITO
ÍNDICE
1. NOÇÕES INTRODUTÓRIAS ..............................................................................................4
Conceitos de Infração Penal ...........................................................................................................................................4
Infração Penal, Crime, Delito e Contravenção Penal ............................................................................................4
O Conceito de Delito ...........................................................................................................................................................5
O Aspecto Analítico .............................................................................................................................................................5
2.  TEORIA TRIPARTITE – CONCEITOS ............................................................................... 7
Tipicidade .................................................................................................................................................................................7
Antijuridicidade ou Ilicitude ..............................................................................................................................................8
Culpabilidade..........................................................................................................................................................................8
Excludentes ............................................................................................................................................................................9
3.  TIPICIDADE .....................................................................................................................10
4.  TIPICIDADE FORMAL – CONDUTA ................................................................................11
Quanto a conduta culposa .............................................................................................................................................. 11
5.  TIPICIDADE FORMAL - NEXO DE CAUSALIDADE E ADEQUAÇÃO TÍPICA ............13
Nexo de causalidade ........................................................................................................................................................ 13
Superveniência de causa independente ................................................................................................................. 14
Relevância da Omissão.................................................................................................................................................... 14
6.  TIPICIDADE MATERIAL .................................................................................................16
Análise do risco ................................................................................................................................................................... 16
Resultado jurídico da conduta ...................................................................................................................................... 16
Princípios acerca da Tipicidade Material .................................................................................................................. 16
7.  ILICITUDE .........................................................................................................................18
8.  ESTADO DE NECESSIDADE .......................................................................................... 19
Requisitos do Estado de Necessidade ..................................................................................................................... 19
Redução da Pena .............................................................................................................................................................. 20
Erro de Execução ................................................................................................................................................................21
9.  ILICITUDE - LEGÍTIMA DEFESA................................................................................... 22
Requisitos da Legítima Defesa .....................................................................................................................................22
Parágrafo Único ..................................................................................................................................................................22
Espécies de Legítima Defesa ........................................................................................................................................23
10.  ESTRITO CUMPRIMENTO DO DEVER LEGAL .......................................................... 24
Estrito cumprimento e dever legal .............................................................................................................................24
11.  EXERCÍCIO REGULAR DE DIREITO ........................................................................... 26
Conceito .................................................................................................................................................................................26
Exercício regular de direito pro magistratu e direito de castigo .....................................................................26
Requisitos ..............................................................................................................................................................................26
12.  CULPABILIDADE ..........................................................................................................27
Teorias da Culpabilidade..................................................................................................................................................27
Co-culpabilidade ................................................................................................................................................................27
13.  ELEMENTOS DA CULPABILIDADE – IMPUTABILIDADE ....................................... 28
Composição da Culpabilidade ..................................................................................................................................... 28
O que é a Imputabilidade Penal? ................................................................................................................................ 28
14.  ELEMENTOS DA CULPABILIDADE - POTENCIAL CONSCIÊNCIA DA ILICITUDE 31
Potencial Consciência da Ilicitude ...............................................................................................................................31
15.  ERRO DE PROIBIÇÃO X ERRO DE TIPO .................................................................... 32
Composição da Culpabilidade ......................................................................................................................................32
Erro ...........................................................................................................................................................................................32
Erro de Proibição ................................................................................................................................................................32
Erro de Tipo ...........................................................................................................................................................................33
16.  ELEMENTOS DA CULPABILIDADE - EXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA .. 35
Inexigibilidade de Conduta Diversa ............................................................................................................................35
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1. Noções Introdutórias
Ao longo deste curso estudaremos todo pensamento que envolve o delito, como ele é definido, 
suas classificações e os elementos necessáriosem sua composição. Entraremos também no 
âmbito das excludentes desses elementos, aprendendo a diferenciar quando uma conduta 
pode ser enquadrada como crime.
Conceitos de Infração Penal
A teoria do crime apresenta os elementos necessários para a composição de um crime e a 
devida sanção penal. Os conceitos de infração se diferenciam de acordo com o aspecto que 
se busca destacar, os principais conceitos são: material, formal e analítico.
• Conceito material: busca entender o que é necessário para configurar um comportamento cri-
minoso, as justificativas para que uma conduta seja relevante para o Direito Penal.
• Conceito formal: trata das consequências jurídicas da infração, com o enfoque no tipo de san-
ção.
• Conceito analítico: leva em consideração os elementos estruturais da infração.
Infração Penal, Crime, Delito e Contravenção Penal
A infração penal é tratada no Brasil como gênero, adotando a teoria dicotômica, são espécies 
da infração penal o crime (delito) e a contravenção penal. A infração é julgada como crime ou 
contravenção penal dependendo da classificação atribuída a conduta do agente: a conduta 
grave é considerada crime, enquanto a conduta menos lesiva é contravenção penal, estando 
a classificação submetida ao momento histórico e a sociedade de cada Estado.
 
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O Conceito de Delito
A definição de delito passou por diversas transformações ao longo do tempo, variando 
de acordo com o modelo de sociedade e a valorização dos bens jurídicos, como a vida, o 
patrimônio, a liberdade, etc. Dessa forma, entende-se que o conceito atual de delito não é 
totalmente estático, mas consolidou-se suficientemente para que a doutrina e a legislação 
penal se desenvolvessem.
Superficialmente, delito ou crime é a conduta que se enquadra no modelo estabelecido 
pela lei - o tipo penal. Entretanto, para além do aspecto formal, entende-se que o delito 
é uma conduta reprovável frente à sociedade, que viola um bem jurídico individual ou 
coletivo considerado de alta relevância. Para evitar esse dano, são estabelecidos limites e 
sanções para regular tais condutas através do Direito Penal.
O Aspecto Analítico
A análise mais completa do delito aborda os aspectos materiais e formais da conduta, 
considerando as circunstâncias em que foi praticada e as características do indivíduo. 
Essa é a visão analítica do crime, adotada pelo Direito Penal vigente e aprofundada pela 
doutrina.
Dentro desse entendimento, existem dois modelos, o modelo bipartite e o modelo tripartite 
(adotado pelo CP).
MODELO BIPARTITE
Vertente minoritária da Teoria Geral do Delito, afirma que o crime é composto pelo fato típico 
e antijurídico apenas.
Nesse caso, há a apenas a análise do enquadramento da conduta ao texto legal e da 
característica ilícita. Não há que se falar em ponderação sobre a reprovabilidade da conduta, 
já que para essa corrente doutrinária a culpabilidade cumpre a somente a função de dosar a 
pena aplicada ao sujeito.
Esse modelo guarda íntima relação com a Teoria Causalista do crime. Ela o descreve 
como um comportamento humano voluntário que causa um resultado no mundo exterior, 
independentemente do ímpeto interior do agente, ou seja, sem diferenciar uma conduta 
culposa de uma conduta dolosa.
A principal crítica feita a esse modelo é justamente a insuficiência na análise das condutas 
humanas, tendo em vista que deixa a desejar na explicação de condutas típicas de mera 
conduta (aquelas que não produzem resultado naturalístico), crimes omissivos ou delitos de 
resultado produzido por circunstâncias externas ao agente e suas intenções.
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MODELO TRIPARTITE
Diferentemente do modelo anterior, este apresenta o delito como a prática de uma conduta 
típica, antijurídica e culpável.
A culpabilidade, elemento diferenciador, é inserida muito em função do advento da Teoria 
Finalista do crime.
Tal teoria desloca os elementos de vontade (dolo e culpa) para dentro do tipo penal, 
diferenciando-os já na previsão da conduta e tornando a análise da situação do agente mais 
relevante para a configuração do crime. Além disso, existe a análise das circunstâncias em 
que o agente realiza determinado comportamento, de forma que o crime não é caracterizado 
quando presentes as excludentes de tipicidade, ilicitude e culpabilidade.
A partir da próxima aula, iremos analisar a fundo a Teoria Tripartite e entender como ela está 
inserida no ordenamento jurídico vigente.
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2. Teoria Tripartite – Conceitos
Assim como estudamos na aula anterior, a Teoria Tripartite define o crime como a prática 
de uma conduta típica, antijurídica e culpável. Uma vez que esses elementos são 
necessariamente cumulativos para a configuração do delito, entende-se que qualquer 
circunstância que elimine um desses aspectos torna o crime inexistente.
Tipicidade
O fato típico é a ação ou omissão que leva a um resultado previsto em lei, ou seja, é a conduta 
que dá causa ao tipo penal. Estabelece-se então a necessidade de um nexo causal entre 
o comportamento do agente e o resultado prescrito na lei penal. O Código Penal vigente 
traz essa relação de causalidade como regra:
Relação de causalidade 
Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. 
Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido.
Vejamos um exemplo: Durante uma viagem de carro, Y falava ao telefone enquanto X guiava 
o veículo. Atravessando a rua na faixa de pedestres no sinal verde, Z é atropelado pelo carro 
de X e Y, que avançou durante o sinal vermelho, falecendo após o fato.
Temos que a prescrição do art. 121 do CP (matar alguém) ocorreu. Entretanto, qual conduta 
se enquadra especificamente no tipo penal? O comportamento de Y em falar ao telefone não 
possui nexo causal com o resultado “morte”. Já o comportamento de X, condutor do carro, 
possui estreita relação de causalidade com o resultado, enquadrando-se como fato típico.
Vale ressaltar que a tipificação é diferenciada pelo elemento volitivo do agente. Isso significa 
que são tipos penais diferentes os crimes cometidos com dolo (intencionalmente, mediante 
vontade) e com culpa (sem a intenção, por negligência, imprudência ou imperícia).
Considera-se importante a análise da vontade do agente, porque entende-se que uma 
mesma conduta pode ter finalidade diferentes, não podendo obter a mesma sanção penal. 
Observe a previsão do homicídio no Código Penal:
Homicídio simples
Art. 121. Matar alguém:
Pena - reclusão, de seis a vinte anos.
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Homicídio culposo
§ 3º Se o homicídio é culposo: (Vide Lei nº 4.611, de 1965)
Pena - detenção, de um a três anos.
Antijuridicidade ou Ilicitude
A Antijuridicidade é o segundo aspecto de análise do crime, entendido como a oposição ao 
ordenamento jurídico, a violação dos limites estabelecidos em lei. Via de regra, todo fato 
típico, é ilícito. Entretanto, o Código Penal prevê excludentes para o aspecto:
Exclusão de ilicitude 
Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato:
I - em estado de necessidade;
II - em legítima defesa;
III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.
Portanto, incorre em conduta ilícita o sujeito que pratica um fato típico, que viola os limites 
estabelecidos em lei e que não é investido de nenhuma das circunstâncias excepcionais 
admitidas pelo ordenamento jurídico.
Culpabilidade
A culpabilidade é o último aspecto de análise da constituição de um delito, onde se constrói 
um juízo de reprovabilidade sobre o comportamento do agente, procura-se compreender 
se a conduta dentro do contexto social e do momento em que foi realizada pode ser punida 
pelo sistema penal.
A compreensão desse contexto fático passa pela capacidade de responsabilização do 
agente (também conhecida como imputabilidade), por potencial consciência da ilicitude 
(relacionado à teoria do erro) e pela exigibilidade de conduta diversa (razoabilidade em 
realizardeterminada conduta).
O Título III do Código Penal explora as regras de imputabilidade e traz as exceções ou 
excludentes relacionadas a esse aspecto do crime.
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Excludentes
As chamadas “excludentes” são as circunstâncias que podem ser observadas para evitar a 
constituição de um crime.
No que tange à tipicidade, a excludente se localiza na ausência da relação de causalidade. 
Quando a conduta do agente (ação ou omissão) não dá causa ao resultado previsto em lei, 
não há que se falar em fato típico, já que não se observa o nexo causal.
No que tange à ilicitude, a excludente se localiza nas hipóteses legais listadas no Código 
Penal, que consideram determinadas condutas normalmente delituosas como legítimas em 
virtude das circunstâncias fáticas - como a legítima defesa.
Por fim, quanto à excludente de culpabilidade, tem-se que determinados sujeitos não são 
imputáveis por características próprias que eliminam o exercício pleno da vontade. Existe 
também a ponderação acerca da gravidade e relevância da conduta, podendo se configurar 
como inimputável por insignificância. Além disso, pode ocorrer o instituto do erro, que exclui 
a consciência acerca da conduta ou da ilicitude da mesma, podendo configurar o crime como 
inimputável.
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3. Tipicidade
Iniciaremos agora o aprofundamento no primeiro aspecto do delito: a tipicidade.
Assim como aprendemos em aulas anteriores, a tipicidade consiste na identificação do fato 
praticado pelo agente com a hipótese legal, levando ao resultado previsto na norma penal 
vigente.
 Logo, entende-se que a tipicidade é composta pela análise da conduta, da relação de 
causalidade entre a ação e o resultado e a possibilidade jurídica de punir o agente.
Para a doutrina tradicional, a tipicidade é apenas a execução de uma conduta descrita pela 
lei penal (tipicidade formal). Na doutrina moderna, a tipicidade penal abrange a tipicidade 
formal e a tipicidade material, sendo essas a junção da conduta infratora e a relevância da 
lesão causada, verificando se a lesão é justificativa para a ação do Direito Penal.
Primeiramente, ressalta-se a importância da descrição da conduta. Aquilo que é previsto 
no código prescreve uma conduta que possui verbos centrais ou nucleares, os quais 
representam o comportamento do sujeito e sem os quais não se configuram o crime. Além 
disso, pelo modelo analítico da conduta abordado pela tipicidade dentro da teoria tripartite, 
exige-se que o agente realmente tenha violado ou lesionado bem jurídico protegido pelo 
Direito Penal.
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4. Tipicidade formal – Conduta
Analisaremos agora o primeiro critério para a caracterização da Tipicidade Formal, a conduta 
penalmente relevante.
A conduta penalmente relevante é toda ação ou omissão humana, consciente e voluntária, 
dolosa ou culposa, voltada à uma finalidade que produz ou tenta produzir um resultado 
previsto em lei como infração penal.
Vamos relembrar as etapas do Iter Criminis para facilitar o estudo: o agente cogita praticar 
o crime, faz o que é necessário para executar o crime, executa-o e pretende que ele se 
consume. 
Exemplo: Gabriel pretende matar seu chefe, com quem não possui uma boa relação, jogando-o 
do décimo andar do prédio da empresa. Para tanto, ele convence seu superior a encontrá-lo 
na sala de reuniões após o expediente, quando se aproveita de um momento de distração e 
vulnerabilidade do patrão para empurrá-lo pela janela, obtendo sucesso no homicídio.
Podemos observar no exemplo as seguintes condutas:
• Elaboração do plano, pensando em horário e local do ato
• Preparação dos elementos do crime, realizando o convite para a “reunião” com o chefe
• Execução do seu objetivo, empurrando seu patrão pela janela do prédio
Entretanto, interessa ao Direito Penal somente o último tópico, é ali que resta caracterizada 
a conduta. Por quê? Somente na ação de empurrar seu chefe da janela da empresa é que o 
agente (Gabriel) praticou a ação consciente e voluntária com a finalidade de gerar o resultado 
morte - presente na descrição do tipo penal “homicídio”.
Uma vez que a fase de planejamento e os atos preparatórios não são puníveis, pelo 
ordenamento pátrio, não há que se falar em conduta penalmente relevante nos dois primeiros 
tópicos (vide “Iter Criminis”).
Quanto a conduta culposa
E quanto aos delitos culposos? A conduta só se caracteriza pelo dolo? Na verdade, o ponto 
chave é a voluntariedade em praticar o ato descrito como tipo penal, ainda que a finalidade 
seja diversa.
Por exemplo: o sujeito A pode desferir golpes no sujeito B objetivando causar lesões corporais, 
mas o segundo não resistir e falecer em decorrência da agressão. A conduta já foi caracterizada 
porque houve uma ação voluntária visando determinado fim, mas que provocou resultado 
penalmente relevante.
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Portanto, atente-se para o fato de que é levada em consideração a voluntariedade do agente 
em praticar o ato, independentemente da finalidade quando criar o resultado, assim como 
não se exige a consumação do resultado previsto em lei para configurar a conduta (admite-
se tentativa).
Vamos tomar como exemplo os casos de coação física irresistível. Se o agente pratica a 
conduta mediante uma coação física irresistível (aquela em que ocorre contato com o 
corpo e que não pode ser rechaçada), entende-se que o elemento da voluntariedade não foi 
configurado e, portanto, não existe o fato típico. Dessa forma, quando a coação irresistível for 
física, exclui-se o crime pela falta de fato típico.
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5. Tipicidade formal - Nexo de causalidade e adequação 
típica
Entraremos agora nos demais aspectos da Tipicidade Formal, a causalidade e a adequação 
típica.
Após a análise da existência real de uma conduta voluntária, é necessário entender se a 
mesma possui relação direta com o resultado produzido e, ainda, se o resultado produzido 
viola um bem jurídico tutelado pelo Direito Penal.
Nexo de causalidade
A relação causa-efeito independe da apreciação jurídica de dolo ou culpa. Se o um 
motorista está dirigindo de forma correta e uma criança se solta da mão de seu responsável e 
se precipita na frente do carro vinda a ser atropelada e morrer, mesmo sem atuar com dolo ou 
culpa, o motorista deu causa à morte. Portanto, dentro desse aspecto, não está em pauta a 
intenção do agente, a existência de imperícia, negligência ou imprudência, nem a motivação 
para o comportamento. Apenas observa-se a relação entre a ação e a consequência.
O nexo de causalidade é o elo entre a conduta e o resultado, é o que determina se a ação 
X efetivamente produziu o resultado Y.
Mesmo quando observado, deve-se lembrar que o nexo causal não configura por si só a 
tipicidade, mas faz parte de seus requisitos. Podemos trabalhar com algumas ideias e 
exemplos em que o nexo causal não acarretará a tipicidade.
DOLO E CULPA
Primeiramente, para produzir os efeitos penais, o nexo causal deverá ser acompanhado de 
dolo ou culpa. O dolo é a real intenção do agente em produzir determinado resultado, ou seja, 
pratica todos os atos preparatórios e executórios com a finalidade direcionada ao tipo penal. 
A culpa é o descuido comportamental que acarreta o resultado, podendo se caracterizar por 
negligência, imprudência ou imperícia.
• Negligência: Descuido total com os próprios atos, assumindo o risco de produzir o resultado, 
ainda que não tenha a intenção.
• Imprudência: Descuido comportamental que leva a um resultado não esperado, onde o agente 
pratica a conduta sem considerar a produção do resultado.
• Imperícia: Falta de habilidade técnica ou profissional esperada do agente ao realizar o ato. Essa 
falta de destreza é o que leva ao resultado.
Assim como estudamos anteriormente, nesse aspecto da tipicidade existe o princípio da 
“Conditio sine qua non” (condição sem a qual não), onde o crime não pode ser configurado 
sem que haja a relação de causalidade entre a conduta (ação ou omissão) e o resultadowww.trilhante.com.br 14
produzido - entende-se que o resultado não seria produzido sem a ação ou omissão em 
pauta.
Superveniência de causa independente
Atenta-se agora para os casos em que a conduta do agente produz um resultado que se 
agrava por fatores externos e independentes.
Explica-se com um exemplo: Jorge causa lesão corporal em Fábio, que é levado de ambulância 
para o hospital. Entretanto, a caminho da unidade de saúde, a ambulância que levava Fábio 
se envolve em um acidente de trânsito, causando o óbito da - até então - vítima de lesão 
corporal.
Nessa situação, de acordo com os dispositivos legais, Jorge não será responsabilizado pelo 
resultado “morte” que acometeu Fábio, mas sim por cada ato efetivamente praticado e 
pelo resultado “lesão corporal”. Tal regra fundamenta-se no §1º do art. 13 do CP:
Superveniência de causa independente
§ 1º - A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação quando, por si só, produziu o 
resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou.
Relevância da Omissão
Ademais, vale ressaltar que a omissão do agente também é considerada causa do resultado, 
mas apenas quando o sujeito poderia e deveria agir para evitá-lo. Vamos fazer a leitura do 
artigo do código penal pertinente ao assunto:
Relevância da omissão
§ 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O dever 
de agir incumbe a quem:
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância;
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado;
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado.
Observe que o Código Penal tutela as situações em que o sujeito possui o dever de agir em 
decorrência da sua função legal ou posição de responsabilidade. Dessa forma, assim como 
um policial deve agir para impedir uma ação delituosa, uma babá tem o dever de garantir a 
segurança da criança da qual cuida ao fazer um passeio, por exemplo.
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Além disso, no aspecto do dever de agir, entende-se que aquele que demonstra um 
comportamento que cria o risco da ocorrência do resultado também assume a responsabilidade 
de impedi-lo. Então, se o sujeito X dá a ideia ao sujeito Y de cometer determinado crime, cria-
se o dever legal para X em impedir o resultado.
Por fim, enfatizam-se dois pontos: O dever de agir não é absoluto, tendo em vista que o 
responsável não precisa arriscar desproporcionalmente a sua vida/segurança ou a de 
terceiros. A omissão possui relevância também na tipificação do crime de omissão de socorro, 
que consta no art. 135 do Código Penal.
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6. Tipicidade material
Trataremos agora da Tipicidade Material e seus aspectos centrais. Considerando que o fato 
se enquadra realmente na norma, procura-se entender agora se há uma lesão significativa à 
vítima.
Logo, a Tipicidade Material consiste numa análise em que se deve observar se há efetiva 
lesão ou ameaça ao bem jurídico protegido.
Análise do risco
A primeira questão que é analisada é sobre a conduta em si, utilizando a ideia de Roxin de 
criação ou aumento de risco proibido. Logo, procura-se entender se o sujeito estava agindo 
dentro do risco permitido, considerado normal ou aceitável.
• Risco Permitido: É o risco inerente à vida em sociedade, aquele que se faz presente no dia a dia e 
nas atividades comuns dos indivíduos.
• Risco Proibido: É o risco gerado por ação humana que ultrapassa o grau de tolerância balizado 
pelas atividades cotidianas e se mostra contrário ao ordenamento jurídico.
Resultado jurídico da conduta
Em seguida, é preciso voltar a atenção para o resultado jurídico da conduta, a ofensa real ao 
bem jurídico que o Direito Penal tutela. A lesão ao bem jurídico deve ser concreta:
• “A conduta lesa o bem jurídico na medida em que...”
• “É transcendental, de modo que...”
• “É relevante, uma vez que...”
Basicamente, a Tipicidade Material, seguirá alguns princípios, que irão considerar 
principalmente o efetivo dano ao bem jurídico e a relevância do resultado provocado.
Princípios acerca da Tipicidade Material
PRINCÍPIO DA LESIVIDADE
É materialmente atípica a conduta que não provoca sequer ameaça de lesão ao bem jurídico. 
Ainda que o agente pratique uma conduta descrita no Código Penal, não é possível impor 
punição quando o resultado não é prejudicial à um bem jurídico. Portanto, conduta que não 
gera dano não pode ser responsabilizada ou imputada penalmente.
PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA
É materialmente atípica a conduta que provoca uma lesão irrelevante ao bem jurídico. 
Objetiva-se a proporcionalidade da tutela jurisdicional, uma vez que a conduta pode ser 
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contrária ao bem jurídico, mas causar um dano tão pequeno que não impede efetivamente 
o exercício dos direitos ligados a esse bem. Este princípio ajuda a evitar que o Estado se 
torne saturado de processos, que ultrapasse a linha de referência do Direito Público ou que 
aumente o problema de superlotação do sistema carcerário.
PRINCÍPIO DA ADEQUAÇÃO SOCIAL
É materialmente atípica a conduta que é socialmente adequada ou aceita. Já que o Direito 
cumpre o papel de regulador das relações sociais, é necessário que exista certa flexibilidade 
e capacidade de adaptação às mudanças do mundo contemporâneo. Com a dinâmica de 
evolução da sociedade, é inviável punir atos considerados comuns, aceitáveis ou sensatos 
pela população. Tem-se como exemplo o ato de furar a orelha de um bebê para a colocação 
de seu primeiro brinco, o que configuraria, em tese, lesão corporal.
PRINCÍPIO DA ALTERIDADE
É materialmente atípica a conduta que não lesa bens jurídicos de terceiros. Se o agente pratica 
um ato que lesa exclusivamente um bem jurídico próprio, não há que se falar em tutela penal, 
uma vez que faltariam as características de relevância e interesse público.
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7. Ilicitude
Antijuridicidade ou ilicitude é o fato típico que é contrário ao ordenamento jurídico. Trata-
se do comportamento que se enquadra no texto legal e que não possui autorização para 
ser praticado, não incorre em nenhuma hipótese excludente e traz circunstâncias que não 
justificam a sua prática. 
A conduta criminosa é o indício de ilicitude, e que segundo o art. 23 do Código Penal, pode 
ser excluída nos casos de:
• estado de necessidade;
• legítima defesa;
• estrito cumprimento de um dever legal ou
• no exercício do direito.
Vamos abordar com maior precisão cada um desses institutos.
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8. Estado de Necessidade
Segundo o art. 24 do Código Penal, estado de necessidade é a prática da conduta para 
evitar ou defender do perigo (não causado por vontade própria), impedindo o sacrifício de 
direito próprio ou alheio.
Requisitos do Estado de Necessidade
PERIGO ATUAL
Trata-se da situação de risco concreto, provocado por comportamentos humanos, animais 
ou pela força da própria natureza, sem destinatário específico.
Segundo a maior parte da doutrina, o estado de necessidade é real, em situações em que a 
situação de risco é real, quando o perigo efetivamente existe. É basicamente a descrição do 
artigo penal, que condiciona a excludente de ilicitude à existência de uma atribulação:
Estado de necessidade
Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que não 
provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas 
circunstâncias, não era razoável exigir-se.
O estado de necessidade putativo ocorre quando o indivíduo atua de forma imaginária, ou 
seja, acredita que está em situação de perigo real, mas na verdade não está.
SITUAÇÃO NÃO PROVOCADA PELO AGENTE DE FORMA VOLUNTÁRIA
O agente que provocou o fato por vontade própria, de forma dolosa, não pode alegar estado 
de necessidade, uma vez que houve voluntariedade em seus atos.
AMEAÇA A DIREITO PRÓPRIO OU ALHEIO 
O estado de necessidade é formado quando o agente,diante do perigo, busca conservar 
direito próprio (estado de necessidade próprio) ou alheio (estado de necessidade de 
terceiros); uma vez que todos os bens juridicamente tutelados podem ser defendidos pelo 
estado de necessidade.
INEXISTÊNCIA DE DEVER LEGAL EM ENFRENTAR O PERIGO 
De acordo com o § 1° do art. 24 do Código Penal, indivíduos que têm a obrigação legal de 
enfrentar a situação de perigo, não podem alegar estado de necessidade, como é o caso 
de policiais e bombeiros.
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INEVITABILIDADE DO COMPORTAMENTO LESIVO 
A conduta executada pelo agente deve ser inevitável de forma definitiva, a única condição 
possível para defender direito próprio ou alheio seja o cometimento do ato lesivo. Quando 
uma terceira pessoa sofre a lesão, o estado de necessidade pode ser defensivo ou agressivo:
• Estado de necessidade agressivo: o agente sacrifica bem jurídico de sujeito que não provocou o 
perigo ou não está dentro da situação de perigo.
• Estado de necessidade defensivo: no ato do agente, o bem jurídico sacrificado é do indivíduo 
que provocou o perigo.
INEXIGIBILIDADE DE SACRIFÍCIO DO INTERESSE AMEAÇADO 
Analisa a proporcionalidade entre o bem protegido e o bem sacrificado. Esse requisito é 
examinado por duas teorias:
• Teoria diferenciadora: o estado de necessidade será justificado quando o bem jurídico sacrifica-
do for de valor menor ou igual ao bem jurídico salvo, excluindo a ilicitude da conduta do agente. Se o 
bem jurídico sacrificado for de maior valor que o bem tutelado, o estado de necessidade será excul-
pante, excluindo-se, dessa forma, a culpabilidade da conduta do agente.
• Teoria unitária: nessa teoria, o estado de necessidade é válido para situações em que o agente 
sacrifique bens jurídicos de menor ou igual valor para salvar outro bem, excluindo a ilicitude. Se o bem 
jurídico sacrificado em proteção de outro, for de maior valor, o agente terá, apenas, a redução da pena. 
Dessa forma, a teoria unitária não admite a exclusão da culpabilidade do agente.
Para a análise do grau de valorização do bem jurídico sacrificado em detrimento do bem 
jurídico protegido, leva-se em consideração a hierarquia de bens jurídicos baseada em 
princípios, regras e valores constitucionais.
ESTADO DE NECESSIDADE REAL E PUTATIVO
O estado de necessidade pode ser real ou putativo. No real, o agente encontra-se numa real 
situação de perigo, enquanto no putativo, o agente, apenas, supõe a existência do perigo.
Redução da Pena
Existem casos em que o Estado de Necessidade não é reconhecido, mas a ponderação de 
valores dos bens jurídicos em risco é razoável, é considerada sensata na interpretação da 
situação. Na ótica da lei, essa conduta faz jus à redução da pena aplicada, porque leva em 
conta a intenção de proteger o bem jurídico próprio, embora não seja de valor equivalente ao 
que foi sacrificado.
De acordo com o § 2º do art. 24 do Código Penal, mesmo que seja sensato o sacrifício de um 
bem jurídico por outro, ainda haverá pena. Entretanto, a pena pode ser reduzida de um a 
dois terços.
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Código Penal
Art. 24
§ 2º - Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito ameaçado, a pena poderá ser reduzida de um a dois 
terços.
Erro de Execução
O agente, ao tentar impedir a lesão a bem próprio ou alheio, pode atingir bem jurídico de 
terceiro não envolvido na situação. Conforme o art. 73 do Código Penal, considera-se que o 
fato foi executado ao bem pretendido pelo agente, e não o efetivamente atingido, uma vez 
que o agente agiu por estado de necessidade.
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9. Ilicitude - Legítima Defesa
Requisitos da Legítima Defesa
Pratica legítima defesa, conforme o art. 25 do Código Penal, o indivíduo que impede a injusta 
agressão a direito próprio ou alheio a partir dos meios necessários para esse fim.
Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta 
agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984).
Parágrafo único. Observados os requisitos previstos no caput deste artigo, considera-se também em legítima 
defesa o agente de segurança pública que repele agressão ou risco de agressão a vítima mantida refém durante 
a prática de crimes.
AGRESSÃO INJUSTA
Trata-se da conduta praticada, pela ação ou omissão de uma atitude humana, a qual coloca 
em situação de risco um bem jurídico.
A agressão é injusta por ser contrária ao direito, sem que esta seja totalmente típica, podendo 
ser real, em que a ofensa existe de forma concreta, ou putativa, na qual o agente supõe a 
agressão.
A agressão ainda pode ser classificada em atual ou iminente: será atual se estiver acontecendo 
no tempo presente; e será iminente se estiver em momento perto de ocorrer.
USO MODERADO DE MEIOS NECESSÁRIOS:
Entende-se como meio necessário a forma ou o instrumento menos lesivo e disponível para 
o agredido defender-se.
A partir do meio necessário, o uso deve ser de forma suficiente para cessar a lesão de modo 
competente, havendo proporcionalidade entre a ofensa e a defesa.
PROTEÇÃO DO DIREITO PRÓPRIO (IN PERSONA) OU ALHEIO (EX PERSONA)
A legítima defesa pode ser aplicada para a proteção de qualquer bem jurídico, podendo ser 
este próprio ou de terceiro.
Parágrafo Único
Com as alterações trazidas pela Lei nº 13.964/2019, o art. 25 ganhou um parágrafo único, 
que reforça que atua também em legítima defesa o agente de segurança pública que repele 
agressão ou risco de agressão a vítima que é mantida refém durante a prática de crimes. 
Dessa forma, preenchidos os requisitos do art. 25 (agressão injusta, uso moderado de meios 
necessários, proteção do direito próprio ou alheio), o agente de segurança pública ao repelir 
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agressão ou risco de agressão a vítima mantida refém durante a prática de crimes atua em 
legítima defesa e não em estrito cumprimento do dever legal, o que reforça a ideia de que não 
há o “estrito cumprimento do dever legal de matar” - exceto nos casos de execução por pena 
de morte em caso de guerra declarada, conforme o art. 56 do Código Penal Militar.
Espécies de Legítima Defesa
• A legítima defesa pode ser:
• Legítima defesa sucessiva: ocorre quando existe repulsa da vítima.
• Legítima defesa real e putativa: na real, existe situação de perigo; na putativa o agente imagina ou 
por erro, supõe a existência de agressão injusta.
Legítima defesa subjetiva: excessiva repulsa de lesão ocorrida por erro de entendimento dos 
fatos, agindo o defensor em excesso.
Diferenças entre legítima defesa e estado de necessidade
ESTADO DE NECESSIDADE LEGÍTIMA DEFESA
Situação de perigo Situação de agressão injusta
Perigo atual Agressão atual ou iminente
Perigo vindo de humano ou animal Agressão vinda somente de humano
Conduta que pode atingir terceiro inocente Conduta que atinge somente o bem jurídico do agressor
Conflito entre bens jurídicos tutelados pelo direito Repulsa contra uma agressão injusta
Nem todos podem alegar Todos podem alegar, basta sofrer agressão injusta
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10. Estrito Cumprimento do Dever Legal
O estrito cumprimento do dever legal é uma causa de ilicitude que ocorre em casos de 
funcionários públicos (ou agentes particulares que exercem funções públicas), os 
quais em determinadas situações são obrigados a violar bem jurídico de indivíduos pelo 
estabelecimento de um dever legal.
Como o agente público é obrigado por lei a executar determinadas condutas, a penalização 
ocorreria se o mesmo não as realizasse. Entretanto, é apenas a obediência a normas já 
estabelecidas, sem abusos e sob pena de excesso. Mas o que é considerado excesso?
O excesso é a acentuação desnecessária a uma conduta permitida. Isso significa que, se 
é razoável praticar uma conduta que causa lesão corporal leve por se encontrar em uma 
situação de estrito cumprimento do dever legal, gerar lesão corporal grave configura um 
excesso, um abuso no comportamento que seria consideradolícito.
Segundo o art. 23, parágrafo único, do Código Penal, o agente poderá ser punido por 
excesso doloso, quando o excesso é cometido por vontade própria; ou culposo, quando o 
agente se excede por imprudência, imperícia e negligência; nos casos de causas excludentes 
da ilicitude (estado de necessidade, legítima defesa, estrito cumprimento de um dever legal e 
exercício regular de um direito):
Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato:
I - em estado de necessidade;
II - em legítima defesa;
III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.
Parágrafo único - O agente, em qualquer das hipóteses deste artigo, responderá pelo excesso doloso ou culposo.
Estrito cumprimento e dever legal
Vamos analisar melhor o que seria o “Estrito Cumprimento” e o “Dever Legal”.
O dever legal é aquela obrigação que, necessariamente, deriva direta ou indiretamente de lei 
ou ato normativo. Isso significa que a norma que impõe a obrigação não precisa ser de caráter 
penal, mas também pode ser de âmbito comercial, civil, administrativo, etc.
Entende-se, portanto, que essa regra de força normativa obriga o sujeito a agir de determinada 
forma, prescrevendo até mesmo uma sanção em caso de descumprimento. É bem comum 
então uma regra da Administração pública que impõe uma conduta ao seu servidor e prevê 
uma sanção disciplinar quando é descumprida.
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Já o estrito cumprimento entra na discussão mencionada anteriormente sobre o “excesso”. 
Para que a conduta seja enquadrada nas hipóteses excludentes de ilicitude, é necessário 
que o sujeito tenha apenas feito exatamente o que está escrito em lei. Se tal conduta, por 
força das circunstâncias, configurar uma ação típica, não será antijurídica por estar dentro do 
mandamento legal.
Logo, a junção destes dois aspectos principais (Previsão legal + Correspondência exata da 
conduta com o dever) incorre em excludente de ilicitude.
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11. Exercício Regular de Direito
Conceito
Primeiramente, faz-se importante ler o dispositivo legal em que o instituto está previsto:
Código Penal
Art. 23. Não há crime quando o agente pratica o fato:
III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.
Essa forma de exclusão da ilicitude ocorre quando a conduta do indivíduo é regulada por 
um direito, e este definido por uma lei, como é o caso da execução de prisão em flagrante por 
qualquer pessoa, art. 301 do Código de Processo Penal.
Observe que, nesse exemplo da prisão em flagrante, a conduta praticada pelo agente é 
completamente restritiva e violadora dos direitos da outra pessoa. Entretanto, esta restrição 
encontra amparo legal porque é realizada em função de uma conduta delitiva já praticada e 
confirmada pelo agente que efetua a prisão.
Exercício regular de direito pro magistratu e direito de castigo
Tendo isso em mente, podemos ainda especificar o exercício regular do direito em situação 
“pro magistratu” e como “direito de castigo”.
A primeira se refere a uma situação em que o Estado não pode se fazer valer para evitar a 
lesão ao bem jurídico em questão ou restaurar a ordem pública (ex: Aparatos perigosos para a 
defesa do patrimônio, como lanças nos portões, cercas elétricas, etc.), já a segunda se refere 
à uma atitude justa por parte do agente, já que deve aplicar determinado “castigo” ao outro 
sujeito (ex: prisão em flagrante feita por cidadão comum).
Requisitos
Por fim, vamos analisar os requisitos de caracterização do exercício regular de direito:
• Indispensabilidade: Impossibilidade de utilizar outro recurso útil aos meios coercitivos normais;
• Proporcionalidade: Em concordância com o parágrafo único do art. 23, não deve haver excessos;
• Conhecimento da situação: Ciência da situação de fato que justifica o ato (requisito subjetivo)
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12. Culpabilidade
Teorias da Culpabilidade
O conceito de culpabilidade é entendido como o juízo de reprovação que incide na conduta 
típica que o agente executa. Vamos analisar os seus tipos:
TEORIA PSICOLÓGICA DA CULPABILIDADE
É aplicada no campo do causalismo tendo como base as premissas causalistas. Para essa 
teoria, a culpabilidade é a relação entre o agente e o resultado de forma psíquica, especificando-
se em dolo e culpa, tendo como pressuposto a imputabilidade.
TEORIA PSICOLÓGICA NORMATIVA 
Dolo e culpa passam a ser elementos da culpabilidade e não espécies, assim como a 
imputabilidade e a exigibilidade da conduta diversa. Essa teoria alterou profundamente a 
estrutura da culpabilidade, porém continua sendo aplicada no causalismo.
TEORIA NORMATIVA PURA DA CULPABILIDADE
Também conhecida como teoria extremada da culpabilidade, ocorre a incorporação do dolo 
e da culpa pelo fato típico, passando a culpabilidade a ser estruturada por: imputabilidade, 
exigibilidade de conduta diversa e consciência da ilicitude. É a atual teoria adotada no Brasil.
TEORIA LIMITADA DA CULPABILIDADE 
Nessa teoria o dolo e a culpa fazem parte do fato típico e a consciência da ilicitude é um 
elemento da culpabilidade. Difere-se da teoria extremada da culpabilidade no que se refere a 
natureza putativa, em que para a teoria limitada trata-se de erro sobre os elementos de tipo; 
e para a teoria extremada trata-se de erro de proibição.
Co-culpabilidade
Os fatores sociais podem ser determinantes para a formação do caráter do cidadão. Dessa 
forma, a teoria da co-culpabilidade transfere ao Estado uma parcela da responsabilidade 
dos atos criminosos cometidos pela desigualdade social. Nesses casos, não há exclusão 
da culpabilidade, mas a consideração de fatores externos na conduta típica do agente e na 
consequente penalização do mesmo. De acordo com o art. 66 do Código Penal, a pena pode 
ser atenuada em circunstância relevante, anterior ou posterior ao crime, mesmo que não for 
prevista em lei.
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13. Elementos da Culpabilidade – Imputabilidade
Composição da Culpabilidade
Temos que a Culpabilidade possui diversos aspectos que devem ser estudados para a melhor 
compreensão das suas hipóteses excludentes e, consequentemente, da Teoria do Delito 
como um todo. Os pontos de análise são:
• Imputabilidade Penal
• Potencial Consciência da Ilicitude
• Erro
• Exigibilidade de Conduta Diversa
O que é a Imputabilidade Penal?
A imputabilidade penal é a capacidade do sujeito entender, querer ou determinar a sua conduta 
ilícita, levando à possibilidade de o agente ser punido por sua ação com base em uma análise 
dos aspectos subjetivos, ou seja, relacionados à pessoa. Dentro da análise da culpabilidade, 
a ideia é entender se a conduta do sujeito é realmente reprovável diante da sociedade, se 
a punição pelo meio penal é adequada à situação e se o agente possui o discernimento 
suficiente para assumir o risco ou desejar o resultado da sua ação.
Quando falamos dos sujeitos inimputáveis, falamos então daqueles que não podem ser 
punidos pela prática da conduta delituosa por apresentarem características subjetivas que 
impedem a ciência da ilicitude do ato. O art. 26 do Código Penal elenca as hipóteses de 
inimputabilidade:
Código Penal
Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou 
retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de 
determinar-se de acordo com esse entendimento.
Podemos ver que a exclusão da culpabilidade por inimputabilidade se dá quando o agente é 
incapaz de entender que está praticando um crime no momento da conduta. Agora, vamos 
explorar melhor as hipóteses.
DOENÇA MENTAL
Aquele sujeito que possui uma doença mental ou tem o seu desenvolvimento incompleto, 
pode agir sem entender absolutamente nada sobre o caráter ilícito da sua conduta ou até 
mesmo sem conseguir agir adequadamente diante da prática de tal delito. Portanto, o aspecto 
importante desta isenção de pena por excludente de culpabilidade é a inteira ou completa 
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incapacidade de discernimento da situação. Como podemos ver no parágrafo único, existe a 
diferenciação entre a incapacidade completa e a falta de capacidade plena para entender a 
conduta:
Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, em virtude de perturbação de 
saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado não era inteiramente capaz de entender 
o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
MENORIDADE
Seguindo a ordem do código, temos que os sujeitos menores de 18 anos de idade são 
considerados inimputáveis. Isso se deve à presunção de que, até os 18 anos de idade, o 
pensamento e o discernimento correto das atitudes ainda está se formando no ser humano, 
de forma que a punição de caráter penal não é adequada às condutas infracionais praticadas 
por estes sujeitos. Entretanto, os menores de 18 anos estão sujeitos às chamadas “medidas 
socioeducativas”, reguladas por lei especial como o ECA, onde a intenção primária é recolher 
e educar o infrator.
Código Penal
Art. 27 - Os menores de 18 (dezoito) anos são penalmente inimputáveis, ficando sujeitos às normas estabelecidas 
na legislação especial.
ECA
Art. 99. As medidas previstas neste Capítulo poderão ser aplicadas isolada ou cumulativamente, bem como 
substituídas a qualquer tempo.
Art. 100. Na aplicação das medidas levar-se-ão em conta as necessidades pedagógicas, preferindo-se aquelas 
que visem ao fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários.
EMOÇÃO, PAIXÃO E EMBRIAGUEZ
A emoção, a paixão e a embriaguez, via de regra, não excluem a imputabilidade penal. Isso 
significa que o simples envolvimento de emoção ou a embriaguez por si só não eximem o 
agente de culpa para a caracterização do crime.
Art. 28 - Não excluem a imputabilidade penal:
I - a emoção ou a paixão;
II - a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou substância de efeitos análogos.
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A Embriaguez é o único aspecto que possui uma exceção, relacionada à não voluntariedade 
para a configuração deste estado. Então, se o agente é colocado involuntariamente ou 
coativamente em estado de embriaguez completa que leva à falta total de discernimento, 
existe a isenção da pena. A involuntariedade se trata de caso fortuito ou força maior, sendo 
analisada a cada caso.
Importante observar que o código é rígido quanto à isenção de pena por embriaguez, já 
que impõe a condição de embriaguez completa, a involuntariedade restrita (exclusiva-
mente por caso fortuito e força maior) e a incapacidade total de discernimento.
Caso o agente não cumpra com esses requisitos, a pena é aplicável. Porém, pode ser reduzida 
quando a embriaguez vem de caso fortuito ou força maior e a capacidade de discernimento 
não é plena.
§ 1º - É isento de pena o agente que, por embriaguez completa, proveniente de caso fortuito ou força maior, era, 
ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se 
de acordo com esse entendimento.
§ 2º - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, por embriaguez, proveniente de caso fortuito 
ou força maior, não possuía, ao tempo da ação ou da omissão, a plena capacidade de entender o caráter ilícito 
do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
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14. Elementos da Culpabilidade - Potencial Consciência 
da Ilicitude
Potencial Consciência da Ilicitude
Esse aspecto da culpabilidade determina que a punição do agente só deve ocorrer quando, 
diante das condições fáticas em que se encontra, ele tinha a possibilidade de entender 
o caráter criminoso da conduta que praticava. Apesar de ser próximo ao aspecto da 
imputabilidade penal, temos a diferença primordial acerca do agente do crime.
Neste ponto da Potencial Consciência da Ilicitude não se fala em falta de entendimento por 
deficiência mental ou embriaguez, mas sim da falta de entendimento por circunstância muito 
particulares do caso que impedem o sujeito perfeitamente lúcido, de conhecer a ilicitude do 
seu ato.
A Potencial Consciência da Ilicitude se relaciona intimamente com um instituto que 
estudaremos nas próximas aulas, que é o “Erro”. Dessa forma, o artigo de referência para o 
aspecto estudada nesta aula é o que trata do “Erro sobre a ilicitude do fato”, vejamos:
Erro sobre a ilicitude do fato
Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena; 
se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um terço.
Parágrafo único - Considera-se evitável o erro se o agente atua ou se omite sem a consciência da ilicitude do 
fato, quando lhe era possível, nas circunstâncias, ter ou atingir essa consciência.
Com base neste artigo e com base no artigo 3º da LIND, podemos destacar o seguinte: o 
simples desconhecimento das leis não é motivo suficiente para isentar um sujeito de pena, 
mas o sujeito pode demonstrar que não houve possibilidade de conhecer o caráter ilícito da 
conduta que praticou - que o erro que cometeu era inevitável. Logo, a ignorância pode reduzir 
a aplicação da pena, mas somente o desconhecimento inevitável pode isentar o agente da 
punição. Por possuir uma ligação tão próxima com o instituto do erro, os demais aspectos 
serão abordados de forma comparativa a partir da próxima aula.
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15. Erro de Proibição X Erro de Tipo
Composição da Culpabilidade
Temos que a Culpabilidade possui diversos aspectos que devem ser estudados para a melhor 
compreensão das suas hipóteses excludentes e, consequentemente, da Teoria do Delito 
como um todo. Os pontos de análise são:
• Imputabilidade Penal (OK)
• Potencial Consciência da Ilicitude (OK)
• Erro
• Exigibilidade de Conduta Diversa
Erro
O erro da maneira que vamos trabalhar aqui é o entendimento equivocado de determinada 
situação que envolve conduta criminosa, seja por falta de conhecimento suficiente da lei, 
seja por engano quanto à classificação da sua conduta. Vamos analisar as espécies de erro e 
ressaltar os aspectos importantes dentro desta análise da Culpabilidade.
Erro de Proibição
Na primeira categoria do erro, falamos do engano sobre a ilicitude da conduta, aquele tipo 
muito próximo do potencial conhecimento da ilicitude que abordamos anteriormente. O 
importante aqui é entender que o sujeito pratica a conduta acreditando que é lícita e lhe 
faltam meios para saber que não é. Um exemplo comum utilizado na doutrina é o de um 
estrangeiro que traz consigo uma certa quantidade de maconha, habituado à consumir o 
produto porque em seu país de origem é permitido. É razoável concluir que, mesmo que 
seja possível ele fazer uma pesquisa sobre as leis brasileiras, é mais plausível ele se sentir 
confortável para usar a substância a qual se acostumou em seu país.
Grande parte da doutrina trabalha também com uma classificação dentro do erro de proibição. 
Vejamos:
• Erro de proibição direto: Incide sobre o comportamento do agente, que acredita que a conduta é 
lícita (assim como no exemplo dado acima);
• Erro de proibição indireto: Nessa categoria, o erro se dá quando o agente sabe que a conduta 
é típica, mas acredita que existe uma excludente de ilicitude que recai sobre suas ações. Ocorre um 
engano quanto aos limites da ação (uma ação inicialmente tolerável por legítima defesa é realizada de 
forma excessiva) ou quanto à existência da excludente (credor acredita que pode entrar na casa do 
seu devedor e pegar o dinheiro para si).
Vale lembrar também, que o simples desconhecimento da lei não escusa o sujeito da aplicação 
da lei, mas pode atenuar a pena. Vide o artigo a seguir:
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Código Penal
Art. 65. São circunstâncias que sempre atenuam a pena:
II - o desconhecimento da lei;
Erro de Tipo
O Erro de tipo é previsto no art. 20 do CP e trata da situação em que o indivíduo não tem plena 
consciência da prática da conduta ilícita, já que lhe falta o elemento subjetivo do tipo penal. 
Isso significaque a pessoa age, entendendo o que é a conduta, mas com um engano sobre 
uma característica da sua ação que torna o lícito em ilícito.
Por exemplo: Uma pessoa que pratica caça em área permitida e atira em  uma pessoa 
acreditando ter matado um animal, incorre em erro de tipo. Ao invés da ação ser “matar um 
animal”, se caracterizou o “matar alguém”, lá do art. 121 do CP.
É importante ter em mente que existe a exclusão do dolo, mas ainda é possível a punição por 
culpa se o tipo penal permitir. Geralmente os crimes formais que não comportam a modalidade 
culposa. Entretanto, existem alguma nuances a serem exploradas, como podemos ver no 
artigo:
Código Penal
Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição por 
crime culposo, se previsto em lei.
§ 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe situação de fato que, 
se existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível 
como crime culposo
§ 2º - Responde pelo crime o terceiro que determina o erro.
§ 3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de pena. Não se consideram, neste 
caso, as condições ou qualidades da vítima, senão as da pessoa contra quem o agente queria praticar o crime.
Para entender melhor, podemos fazer ainda algumas classificações dentro do Erro de Tipo, 
abordando melhor as exceções e especialidades dos parágrafos do art. 20.
ERRO DE TIPO ESSENCIAL
Nesta primeira categoria do Erro de Tipo, estamos tratando do engano do sujeito sobre os 
elementos, as qualificadoras, as causas de aumento e agravantes da pena. Estes aspectos do 
delito são excluídos se o erro for escusável, como veremos mais adiante. Nesta modalidade 
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de Erro o agente não tem plena consciência de que está praticando um crime. Vejamos as 
subcategorias do Erro de Tipo Essencial:
• Escusável ou Invencível: Remete ao caput do art. 20 na primeira parte, onde o resultado é obser-
vado mesmo com toda a diligência necessária sendo tomada pelo sujeito. De forma mais simples, en-
tende-se que se o erro recai sobre o elemento do crime, exclui-se o crime (a punibilidade). Já quando 
o erro se dá sobre uma qualificadora, apenas esta é excluída.
• Vencível ou Inescusável: Remete à parte final do caput do art. 20, onde o agente não agiu com a 
cautela desejável e cometeu a conduta criminosa que poderia ter sido evitada. Seguindo a lógica do 
artigo, o dolo é excluído nessas situações, mas a culpa subsiste, de forma que o réu pode ser punido 
pela modalidade culposa do crime em questão.
ERRO DE TIPO ACIDENTAL
Este tipo de Erro se dá sobre circunstâncias e características secundárias do crime, de forma 
que não impede a responsabilização do agente. Vejamos os diferentes subtópicos:
• Erro sobre o objeto: O agente se engana sobre o objeto material do crime, como roubar de uma 
loja um produto X ao invés do produto Y. Como é algo irrelevante para caracterizar o crime, o agente é 
responsabilizado normalmente.
• Erro “in persona”: Trata-se do engano sobre a pessoa-alvo da conduta criminosa. O sujeito 
pretende atingir “Paulo” mas atinge “Marcos”. De acordo com o §3º do art. 20 este erro não isenta o 
agente de pena.
• Erro na execução: Também conhecido como «Aberratio Ictus», refere-se ao erro do agente 
em executar a sua conduta, levando à violação de bem jurídico de terceiro que não estava na sua 
intenção inicial. O agente pode ser punido por crime único com a consideração do art. 73 do CP ou 
por resultado duplo, o que já entraria no concurso de crimes.
• Erro sobre o nexo causal:Também chamado de «Aberratio Causae», o erro se dá quando o 
agente acredita que determinada ação sua gerou o resultado, mas na verdade foi um outro ato que o 
causou. De qualquer forma, a punibilidade ainda existe.
• Erro no resultado: Neste último caso, o resultado ocorrido é diverso daquele pretendido pelo 
agente, ou seja, ele atinge um bem jurídico diferente do que queria. Também é conhecido como 
«Aberratio Delicti» e gera a responsabilização do agente pelo resultado produzido (seja único ou 
duplo)
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16. Elementos da Culpabilidade - Exigibilidade de 
conduta diversa
Inexigibilidade de Conduta Diversa
Para finalizar o estudo dos elementos da Culpabilidade, vamos trabalhar as situações em que 
o Direito não pode exigir do sujeito uma conduta diferente da que foi praticada. Dessa forma, 
o pensamento aplicado ao código é de que, a conduta não é culpável se os comportamentos 
apresentados não poderiam ser evitados. Então, procura-se analisar se a conduta é reprovável 
ou não, através da possibilidade do agente se guiar de maneira diversa.
Tendo isso em mente, vamos analisar as situações excludentes de culpabilidade, onde o 
agente não possui outra opção para agir a não ser a que foi escolhida. Vamos analisar as 
causas legalmente previstas de excludente por inexigibilidade de conduta diversa:
ESTADO DE NECESSIDADE EXCULPANTE
Este primeiro instituto se trata de uma situação de perigo atual para determinados bens 
jurídicos em que o sujeito, objetivando preservá-los, age de forma a violar o direito alheio. 
Para que se enquadre na inexigibilidade de conduta diversa, é necessário que o estado de 
necessidade seja exculpante, ou seja, que o bem jurídico protegido seja de valor igual ou maior 
ao bem jurídico violado. Além deste ponto principal, observam-se alguns outros requisitos 
importantes para a caracterização do estado de necessidade exculpante:
• Perigo atual
• Ameaça de direito próprio ou alheio
• Inexigibilidade do dever legal
• Inevitabilidade do comportamento lesivo
• Inexigibilidade de sacrifício do bem ameaçado
• Conhecimento da situação exculpante
COAÇÃO MORAL IRRESISTÍVEL
Apesar de certa parte da doutrina considerar essa causa como parte do “estado de necessidade 
exculpante”, é possível trabalhá-la como algo à parte. Basicamente, a coação moral irresistível 
é a conduta praticada por um sujeito em que utiliza de artifícios psicologicamente ofensivos ou 
cruéis, para condicionar a ação de outra pessoa. A ofensa e agressão psicológica é praticada 
em um nível tão alto que não é possível exigir do sujeito-alvo que se comporte de maneira 
diversa da que foi condicionada pelo coator. 
Vale ressaltar a diferença para a coação física irresistível, que exclui a própria conduta do 
agente - não há ação voluntária e consciente. É importante comentar também que existe 
a coação moral irresistível putativa, onde o agente acha que se encontra sob ameaça 
excepcional, mas a situação real é diferente.
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OBEDIÊNCIA HIERÁRQUICA
Trata-se de situação em que o agente obedece estritamente uma ordem legítima proferida 
por seu superior hierárquico. Para o enquadramento nesta excludente, são necessários os 
seguintes requisitos:
• Ordem proferida por autoridade competente: A ordem em questão deve decorrer de uma 
autoridade vinculada ao Direito Público com competência para proferi-la. Caso contrário ocorre a 
responsabilização do agente.
• Relação de subordinação advinda de direito público: O agente que incorre nesta excludente 
deve ser funcionário público subordinado a uma autoridade competente. Portanto as relações de 
trabalho na esfera privada não se encaixam neste quesito.
• Agente com atribuições para agir: O funcionário público deve, além de estar sujeitos às ordens 
da autoridade, ser responsável por executar a tarefa em questão. Isso significa que a ordem deve se 
referir a uma atividade dentro do âmbito de atuação do funcionário.
• Ordem legal: A ordem proferida pela autoridade não pode ser manifestamente ilegal, mas sim 
constar de um ato comum que, devido às circunstâncias, se torna típico. Portanto, a ordem da auto-
ridade não pode ser igual a um tipo legal (ex: subtrair coisa alheia móvel) porque seria evidentemente 
criminosa.
• Cumprimento estrito da ordem: O agente não deve exceder os parâmetrosda ordem que lhe foi 
dada, já que estaria agindo por conta própria e seria responsabilizado.
IMPOSSIBILIDADE DE DIRIGIR AS AÇÕES CONFORME A COMPREENSÃO DA 
ANTIJURIDICIDADE
Refere-se à situações em que o agente é alvo de alguma convulsão, fobia ou distúrbio que 
atrapalha a compreensão da adequação da conduta à contrariedade para a lei.
OUTRAS CAUSAS SUPRALEGAIS
Existem outras situações trabalhadas na doutrina que exploram as motivações e 
reprovabilidades dos atos praticados pelos agentes. Entretanto, não convém nos aprofundar 
nestes tópicos dentro do presente curso.
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	1. Noções Introdutórias
	Conceitos de Infração Penal
	Infração Penal, Crime, Delito e Contravenção Penal
	O Conceito de Delito
	O Aspecto Analítico
	2. Teoria Tripartite – Conceitos
	Tipicidade
	Antijuridicidade ou Ilicitude
	Culpabilidade
	Excludentes
	3. Tipicidade
	4. Tipicidade formal – Conduta
	Quanto a conduta culposa
	5. Tipicidade formal - Nexo de causalidade e adequação típica
	Nexo de causalidade
	Superveniência de causa independente
	Relevância da Omissão
	6. Tipicidade material
	Análise do risco
	Resultado jurídico da conduta
	Princípios acerca da Tipicidade Material
	7. Ilicitude
	8. Estado de Necessidade
	Requisitos do Estado de Necessidade
	Redução da Pena
	Erro de Execução
	9. Ilicitude - Legítima Defesa
	Requisitos da Legítima Defesa
	Parágrafo Único
	Espécies de Legítima Defesa
	10. Estrito Cumprimento do Dever Legal
	Estrito cumprimento e dever legal
	11. Exercício Regular de Direito
	Conceito
	Exercício regular de direito pro magistratu e direito de castigo
	Requisitos
	12. Culpabilidade
	Teorias da Culpabilidade
	Co-culpabilidade
	13. Elementos da Culpabilidade – Imputabilidade
	Composição da Culpabilidade
	O que é a Imputabilidade Penal?
	14. Elementos da Culpabilidade - Potencial Consciência da Ilicitude
	Potencial Consciência da Ilicitude
	15. Erro de Proibição X Erro de Tipo
	Composição da Culpabilidade
	Erro
	Erro de Proibição
	Erro de Tipo
	16. Elementos da Culpabilidade - Exigibilidade de conduta diversa
	Inexigibilidade de Conduta Diversa

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