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Teoria Geral do Crime

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SUMÁRIO 
 
INTRODUÇÃO ................................................................................................... 4 
1. ESTUDO DA TEORIA GERAL DO CRIME ........................................... 5 
2.Conduta punível .............................................................................................. 6 
2. 1. Teorias sobre a conduta. ............................................................................ 6 
2. 2. Conduta e tipicidade ................................................................................... 8 
2.3 Funções do tipo ............................................................................................ 9 
2.4 Elementos do tipo ....................................................................................... 10 
3. TIPOS OMISSIVOS DOLOSOS E A AÇÃO NOS CRIMES 
COMISSIVOS DOLOSOS ................................................................................ 12 
3.1. Teoria da Imputação Objetiva ................................................................... 12 
3.2. Conceito de dolo ....................................................................................... 13 
3.3. Espécies de dolo ....................................................................................... 14 
4. TENTATIVA..........................................................................................15 
4.1. Elementos da tentativa .............................................................................. 16 
4.2. Crimes que não admitem tentativa ............................................................ 19 
4.3. Desistência voluntária e arrependimento eficaz ........................................ 20 
5. TIPOS CULPOSOS ............................................................................. 21 
5.1. Dever de cuidado objetivo ......................................................................... 22 
5.4. Resultado .................................................................................................. 22 
5.5. Previsibilidade ........................................................................................... 23 
5.6. Culpa consciente e dolo eventual .............................................................. 24 
6. CONCURSO DE PESSOAS................................................................24 
6.1. Autoria e participação ................................................................................ 25 
7. ILICITUDE............................................................................................26 
7.1. Conceito e generalidades. ........................................................................ 26 
7.2. Causas de exclusão da ilicitude ............................................................... 27 
7.3. Legítima defesa ........................................................................................ 27 
7.4. Conceito ................................................................................................... 27 
 
7.5. Histórico ................................................................................................... 28 
7.6. Fundamento jurídico ................................................................................. 28 
7.7. Requisitos ................................................................................................. 28 
7.8. Estado de necessidade ............................................................................ 30 
7. 9. Conceito ................................................................................................... 30 
7.10. Histórico .................................................................................................. 30 
7.11. Fundamento jurídico ................................................................................ 30 
7.12 O fundamento jurídico do estado de necessidade se encontra no art. 24 do 
CP........ ..............................................................................................................30 
7.12. Requisitos ................................................................................................ 31 
7.13. Excesso ................................................................................................... 31 
7.14. Estrito cumprimento de dever legal e exercício regular de direito ........... 32 
7.15. Distinção e delimitação ............................................................................ 32 
7.16. O consentimento do titular do bem jurídico ............................................. 33 
7.17. Excesso ................................................................................................... 34 
8. CULPABILIDADE .............................................................................. 34 
9. IMPUTABILIDADE .............................................................................. 35 
9.1. Conceito .................................................................................................... 35 
9.2. Menoridade ............................................................................................... 36 
9.3. Causas de exclusão da imputabilidade ..................................................... 36 
9.4. Embriaguez ............................................................................................... 37 
10. CONSCIÊNCIA DA ILICITUDE .......................................................... 38 
10.1. Erro de proibição ..................................................................................... 39 
10.2. Descriminantes putativas ........................................................................ 40 
11. EXIGIBILIDADE DE COMPORTAMENTO CONFORME O DIREITO 41 
11.1. Princípios gerais ...................................................................................... 41 
11.2. Coação moral irresistível e obediência hierárquica ................................. 42 
11.3. Escusas absolutórias.............................................................................. 42 
12. REFERÊNCIAS: .................................................................................. 48 
 
 
 
 
 
 INTRODUÇÃO 
 
 
Prezado aluno, 
 
 
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é 
semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase 
improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao 
professor e fazer uma pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o 
tema tratado. 
O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos 
ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não 
hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de 
atendimento que serão respondidas em tempo hábil. 
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso 
da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à 
execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da 
semana e a hora que lhe convier para isso. 
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a 
ser seguida e prazos definidos para as atividades. 
 
 
Bons estudos! 
 
 
 
 
 
 
5 
 
 
1. ESTUDO DA TEORIA GERAL DO CRIME 
 
 
Crime é todo fato típico, ilícito, culpável que alguém cometa infringindo 
alguma lei, o art. 1º do Código Penal informa: não há crime sem lei anterior que 
o defina. Não há pena sem prévia cominação legal. 
NOVAES e BELLO (2020) versam a respeito da teoria geral do crime, a 
qual é vista pela doutrina como tendo quatro formas, assim conceitua crime de 
conceito formal ante o aspecto formal crime que é o procedimento que está 
constituída em uma norma penal incriminadora, perante ameaça de sanção 
penal. 
Já o conceito material de crime é a conduta humana causadora de lesão 
ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado, o qual é passível de sanção penal. 
Quanto ao conceito formal-material entende-se comouma conduta 
humana prevista em lei, causadora de lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico 
tutelado, passível de sanção penal. 
Ainda o conceito analítico o qual leva em consideração os elementos os 
quais compõem a infração penal, sua composição, que os elementos que 
compõem o crime são: fato típico, ilicitude e culpabilidade (conceito tripartite). 
Só é crime aquilo que a lei diz que é, se o indivíduo comete um ato o 
qual, não existe lei que o defina como crime, o agente não pode sofrer sanção. 
Grande parte da doutrina adota um conceito sobre o crime, onde o 
entendimento é de que o crime é uma ação típica e antijurídica, onde figura a 
culpabilidade como um juízo de reprovação, estando somente uma hipótese de 
aplicação da pena, não elemento do crime. 
Sendo, este o conceito dominante, onde prevalece o entendimento de 
que o crime é uma conduta humana típica, ilícita e culpável. (NOVAES. BELLO, 
2020) 
Assim entende-se que se o indivíduo comete um fato tipificado em lei 
como sendo ilícito ele comete um crime. 
 
6 
 
 
2. CONDUTA PUNÍVEL 
 
Qualquer conduta anteriormente tipificada como crime é uma conduta 
punível, dentro da corrente finalista, a conduta é toda ação ou omissão exercida 
por um ser humano, com controle voluntário de sua ação e conduzida pelo dolo 
ou pela culpa. 
Assim a presença do dolo bem como da culpa na conduta, são 
resultantes do agir ou omitir humano, sendo a grande inovação do finalismo 
penal (Welzel) frente às correntes causalistas anteriores, que encontravam 
inicialmente o dolo e a culpa na culpabilidade como espécies de culpabilidade 
(teorias psicológicas), só depois como subsídios da consciência da ilicitude 
(teorias psicológico-normativas). 
A partis do finalismo, dolo e culpa afastam-se de forma definitiva da 
culpabilidade sendo inseridos no conceito de conduta, assim sendo deixam de 
ter afinidade com a consciência da ilicitude, passando a ter relação com a 
consciência da conduta, como elementos naturais. (NOVAES. BELLO, 2020) 
Qualquer ação praticada pelo agente a qual foi tipificada, regulamentada 
como crime é uma conduta passível de punição. 
 
 
2. 1. Teorias sobre a conduta. 
 
O art. 4º do CP versa: Considera-se praticado o crime no momento da 
ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado. 
Ou seja, a conduta pode ser por ação ou omissão, ação quando a 
pessoa pratica o crime de forma voluntária ou involuntária e omissiva, quando a 
pessoa deixa de praticar uma ação que resulta em um ato ilícito ou configurado 
como crime. 
 
7 
 
 Por meio do tipo penal, a lei descreve os crimes, nessa descrição, o 
legislador, via de regra, utiliza diversas formas para descrever a conduta proibida 
no tipo penal especificado. 
 Sendo o núcleo do tipo penal, a conduta criminosa, predita pelo 
legislador de forma descritiva. 
Assim, quando o tipo penal descreve uma ação como conduta, 
encontrar-se os crimes classificados como comissivos, quando descreve uma 
omissão os crimes são omissivos próprios. 
 O crime comissivo, exige ação como conduta, mas pode 
excepcionalmente ser praticado por omissão, estando limitada tal hipótese às 
situações de omissão imprópria, previstas pelo art. 13, § 2.º, do CP. 
 O agente que agiu de forma omissa deve ter o dever e possibilidade de 
impedir o crime comissivo, ocorrendo de se omitir, será responsabilizado por ele. 
A conduta omissiva deve ser praticada de forma voluntária, ou seja, 
assim sendo, os atos inconscientes ou incontroláveis não caracterizam condutas 
omissivas e não podem ser tipificadas. 
Assim, são casos que excluem a voluntariedade, tornando o fato atípico, 
a exemplo de caso fortuito: onde a força dos ventos ou das águas que empurram 
o agente. 
Em casos de força maior: coação física irresistível, que exclui o controle 
do agente dos movimentos do seu próprio corpo, o ato deixa de ser voluntário, 
excluindo a tipicidade e tornando o fato atípico. (NOVAES. BELLO, 2020) 
Existe também a coação moral irresistível, a qual exclui do agente a 
possibilidade de decisão por uma conduta diferente, onde ele é obrigado a 
praticar uma conduta tipificada como crime, a exemplo do sequestro de 
familiares para obrigar o agente a praticar tal conduta, a qual caracteriza 
inexigibilidade de conduta diversa, excluindo a culpabilidade. 
 
 
 
 
 
 
8 
 
 
2. 2. Conduta e tipicidade 
 
 
O art. 13, do CP versa: O resultado, de que depende a existência do 
crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação 
ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. 
Sendo o fato típico composto, em regra, por conduta, resultado, relação 
de causalidade e tipicidade penal. 
 O art. 23 do CP vai trazer as possibilidades de exclusão de ilicitude, as 
quais serão analisadas no caso concreto a fim de tornar o ato um fato típico, 
lícito, permitido pelo direito naquelas circunstâncias. 
 Falando na culpabilidade, ela, é um juízo de condenação que incide 
sobre o homem, determinando sua reprovação, quando estiverem presentes três 
elementos: a imputabilidade, a potencial consciência da ilicitude e a exigibilidade 
de conduta diversa. (NOVAES. BELLO, 2020) 
Destarte, o art. 23 o qual, exclui a culpabilidade do agente em estado de 
necessidade ou força maior 
 
 
Art. 23. Não há crime quando o agente pratica o fato: I – em estado de 
necessidade; II – em legítima defesa; III – em estrito cumprimento de 
dever legal ou no exercício regular de direito. Excesso punível 
Parágrafo único. O agente, em qualquer das hipóteses deste artigo, 
responderá pelo excesso doloso ou culposo. (BRASIL, 1940) 
 
 
Este artigo traz um rol de situações onde o agente não será punido, ou 
seja, onde o agente não será passível de punição por causa da ilicitude de sua 
ação. 
 
 
 
 
 
9 
 
2.3 Funções do tipo 
 
A principal função do tipo é descrever um comportamento proibido pelo 
Direito Penal, dessa forma, limitando e individualizando as condutas relevantes 
para o Direito Penal. 
 Todos os elementos que compõem a descrição de um comportamento 
abstrato proibido pelo Direito Penal formam o tipo. 
Quando se fala em tipicidade, se fala da definição abstrata do tipo penal, 
ou seja, da conduta. Assim, é necessário que se realize um estudo sobre o crime 
capaz de identificar a relação que existe entre: a conduta; as características 
objetivas e subjetivas do tipo penal. 
Uma vez que o princípio da legalidade faz com que um fato só se torne 
crime se estiver descrito no tipo penal, ou seja, se estiver tipificado como crime 
podendo a adequação ser direta ou imediata que é quando o fato condiz 
exatamente com o tipo penal descrito. 
Indireta ou mediata que é quando existe a necessidade de enquadrar o 
crime em outra norma, a exemplo da tentativa tipificada no art. 14, II do CP ou 
do concurso de agentes tipificado no art. 29 do CP. (NOVAES. BELLO, 2020) 
Assim, entende-se que para ser típico, ou para ser tipificada como crime, 
exige-se a prática de uma conduta que dá causa a um resultado previsto na lei 
como tal. Presentes os elementos que tipificam o crime, o fato será formalmente 
típico. 
MENDONÇA e DUPRE (2018) vão dizer que além da tipicidade formal é 
necessário que se enquadre também na tipicidade material, onde deve ser 
observado se a ofensa ao bem jurídico é algo relevante. 
Assim, observa-se nesses casos o princípio da insignificância (ou 
bagatela) o qual é apto para excluir a tipicidade material. 
 Conforme os nossos Tribunais Superiores, os requisitos para aplicação 
do Princípio da insignificância (ou bagatela) são: 
 Conduta minimamente ofensiva; 
 Reduzido grau de reprovabilidade; 
 
10 
 
 Ausência de risco social; 
 Lesão inexpressiva para a vítima. 
Requisitos estes que são cumulativos e devem ser analisados de acordo 
com o caso concreto. 
 
A doutrina brasileira, influenciada pela tipicidade conglobante, passou 
a definirtipicidade penal como um conjunto entre tipicidade formal e 
tipicidade material. Assim, considera a necessidade de previsão legal, 
mas também a necessidade de lesão relevante, possibilitando que o 
princípio da insignificância exclua a tipicidade. (NOVAES. BELLO, p. 
57) 
 
 
Para que se defina o que é punível, ou seja não só um fato típico, é 
necessário que se conheça os elementos do tipo penal. 
 
2.4 Elementos do tipo 
 
O tipo penal deve ter seus elementos descritos em lei de forma a deixar 
claro o que constitui o ato punível, para afirmar do princípio da legalidade, o tipo 
penal deve descrever o ilícito penal com todos os seus elementos constitutivos. 
Além de garantir ao Estado o direito de punir bem como o indivíduo que 
sofreu o dano ver o que praticou ser punido, assim o tipo também tem o dever 
de limitar a penalidade a fim de garantir que o Estado não poderá punir ninguém 
se o crime não estiver devidamente tipificado em lei. 
Assim, para conseguir cumprir este objetivo, o tipo penal precisa ser 
taxativo e claro na descrição do crime, para isso utiliza elementos de descrição. 
(NOVAES. BELLO. 2020) 
Tais elementos podem ser normativos (descritos em lei), objetivos 
(conduta e seus resultados) e subjetivos (dolo ou culpa). 
 Elementos objetivos (descritivos): o sujeito ativo é o indivíduo que 
pode cometer a conduta descrita no tipo penal da forma que se 
encontra prevista de forma abstrata na lei. Já o sujeito passivo é 
o indivíduo que pode suportar o resultado da conduta descrita no 
tipo penal tal qual previsto abstratamente na lei. 
 
11 
 
Quanto ao núcleo do tipo, observa-se a ação humana descrita, no tipo 
penal. Já em relação ao resultado, este resultado pode ser natural, ou seja, é a 
modificação que ocorre no mundo exterior, ou jurídico que culmina na ofensa 
(dano ou perigo) do bem jurídico protegido pelo tipo. 
Em relação ao objeto material, tem-se a coisa ou pessoa que venha a 
ser responsabilizada penalmente. 
 Elementos circunstanciais: são alguns tipos penais que 
apresentam elementos de tempo, lugar, meio etc., a exemplo do 
furto noturno, que se caracteriza pelo tempo em que é praticado. 
 Elementos normativos: são elementos do tipo penal que precisam 
ser valorados pelo responsável por interpretar, ou, entender o 
caso concreto. 
Quanto aos elementos normativos eles podem ser jurídicos e culturais. 
Os elementos jurídicos são aqueles os quais possuem conceitos 
próprios do direito, a exemplo: “coisa alheia” no furto (art. 155 do CP) ou 
“duplicata” na duplicata simulada (art. 172 do CP). 
Quanto aos Elementos culturais (axiológicos) são os elementos próprios 
de outras disciplinas ou que dependem de conceitos sociais, a exemplo de: “ato 
obsceno” (art. 233 do CP). 
Já os elementos subjetivos: são relativos ao Dolo, a culpa, assim como 
os elementos subjetivos especiais, que preveem finalidades específicas. 
(NOVAES. BELLO, 2020) 
Uma vez que o agente cometa uma ação punível é necessário que se 
analise a possibilidade punitiva, ou seja se todos os elementos estão no ato para 
que se possa punir de maneira justa. 
É preciso analisar se não existem elementos que negam a ilicitude dos 
fatos fazendo assim com que o ato se torne lícito, ou o agente inculpável. 
 
 
 
 
 
12 
 
 
3.TIPOS OMISSIVOS DOLOSOS E A AÇÃO NOS CRIMES COMISSIVOS 
DOLOSOS 
 
Os crimes omissivos são aqueles cujo agente deixa de praticar uma 
conduta que poderia salvar a vida de uma pessoa, já os omissivos dolosos é 
quando a não ação possui dolo ou seja o agente não age objetivando o resultado 
danoso. 
NUCCI (2020) vai dizer que os crimes comissivos são aqueles cometidos 
a partir de uma ação, já os omissivos são aqueles que não dependem de uma 
ação, mas de uma recusa voluntária de agir. 
Existem ainda os crimes comissivos por omissão, que são restritos dos 
indivíduos que tem o dever de impedir o resultado, mas não o impedem (art. 13, 
§ 2º, CP). 
Assim como existem os omissivos por comissão que são os delitos 
cometidos por pessoa que teria o dever de cuidado, ou de socorro, mas que 
impede que o indivíduo em perigo seja socorrido, empregando assim, força para 
impedir que alguém o socorra. 
Já os comissivos dolosos é quando o agente pratica a ação objetivando 
o resultado danoso. 
 
3.1. Teoria da Imputação Objetiva 
 
A teoria da imputação objetiva está relacionada ao fato de o agente ter 
cometido a ação ilícita, chegando-se a conclusão de que ele deve ser punido e 
não outro. 
Assim, a relação de imputação objetiva, se encontra no fato típico 
praticado pelo funcionário público, o qual atua como um complemento à relação 
de causalidade. 
 
13 
 
Se agregando a outros requisitos os quais irão atuar de acordo com a 
relação de causalidade, a fim de consentir a atribuição de um resultado a uma 
conduta. 
Após ser constatado o nexo de causalidade entre a conduta e o 
resultado, deve-se demonstrar outros requisitos existentes, os quais atuarão 
juntamente e, permitirão a imputação do evento ao autor. (GONÇALVES. RIOS, 
2020.) 
É a partir da imputação objetiva que irá se observar todos os fatos ou 
seja, o nexo de causalidade que irá ligar o agente ao ato ilícito. 
 
 
3.2. Conceito de dolo 
 
Está relacionado ao desejo do agente em praticar conduta ilícita, no 
entendimento de GONÇALVES e RIOS (2020) o dolo consiste na vontade do 
agente de efetivar os elementos objetivos e normativos do tipo. 
Para conceituar o dolo existem várias correntes doutrinárias: 
 Teoria da vontade: onde o dolo é a vontade que se direciona a 
fim de atingir o resultado. Onde, o indivíduo age dolosamente, 
tendo consciência do resultado, ou seja, pratica a conduta com a 
intenção de produzir o resultado tipificado como crime. 
 Teoria da representação: nessa teoria, não há distinção entre 
dolo eventual e culpa consciente. Havendo o dolo quando o 
sujeito realiza uma ação ou omissão onde prevê o resultado 
como certo ou provável (ainda que não o deseje) (Von Liszt e 
Frank). 
 Teoria do consentimento ou do assentimento: onde o agente, 
prevendo o resultado, assume o risco de produzi-lo, agindo assim 
de forma dolosa. 
Assim, se trata da vontade do agente em praticar o ato que ele sabe ser 
ilícito com um determinado fim. 
 
 
14 
 
 
3.3. Espécies de dolo 
 
O dolo se classifica em diversas espécies: dolo direto ou imediato; dolo 
indireto ou mediato; dolo de dano; dolo de perigo; dolo natural ou neutro; dolo 
híbrido ou normativo; dolo genérico; dolo específico; dolo geral ou dolus 
generalis. 
O dolo direto ou imediato ocorre quando o sujeito deseja produzir o 
resultado; já o dolo indireto ou mediato subdivide-se em eventual que ocorre 
quando o agente não quer produzir o resultado, mas, pela sua conduta, assume 
o risco de atingi-lo e alternativo que é quando o agente quer produzir um 
resultado, mas acaba produzindo outro resultado não planejado. 
A doutrina fala também sobre o dolo de dano, que ocorre quando o 
agente pratica uma conduta com o objetivo de lesar o bem jurídico tutelado na 
norma penal; há também o dolo de perigo, onde o agente visa somente colocar 
o bem jurídico em perigo, mas não possui a intenção de lesioná-lo. 
 Assim, o dolo de dano, ocorre quando o agente se comporta com o 
objetivo de lesar o bem jurídico tutelado na norma penal; já o dolo de perigo 
ocorre quando o agente pretende apenas expor o bem jurídico a perigo, mas não 
possui intenção de lesioná-lo. 
 Quanto ao dolo natural ou neutro, de acordo com a doutrina ele ocorre 
quando possui dois elementos: consciência e vontade. 
 Já o dolo híbrido ou normativo é o dolo que contém, além da consciência 
e da vontade, a consciência da ilicitude. 
A doutrina vai falar ainda sobre o dolo genérico que é o dolo que trata da 
vontade do agente de efetivar os elementos do tipo os quais estão presentes em 
todos os crimes dolosos. 
 Já o dolo específico, é quando aintenção especial do agente e que se 
encontra presente em alguns delitos dolosos, o dolo genérico consiste na 
vontade livre e consciente de privar o ofendido de sua liberdade de locomoção, 
já o dolo específico, se encontra na finalidade do agente em obter alguma 
 
15 
 
vantagem, a exemplo da condição ou preço do resgate. No entanto, as 
expressões “dolo genérico” e “dolo específico” encontram-se defasadas, não 
sendo aceitas por boa parte da doutrina. 
Assim, o dolo envolve apenas a pretensão de realizar os elementos do 
tipo, onde a intenção especial a que se dirige a conduta do agente, prevista em 
alguns crimes, é que configura elemento subjetivo específico do tipo. 
Ainda assim, o dolo geral ou dolus generalis, ocorre quando o agente 
pratica uma conduta com o objetivo de alcançar um resultado e, acreditando que 
irá atingi-lo, produz comportamento diverso, que acaba por produzir o resultado 
pretendido. 
 Apesar de a doutrina classificar o dolo de tantas formas, ao final o 
agente responderá apenas por um tipo penal, o chamado crime doloso 
consumado. (GONÇALVES. BELLO. 2020) 
O agente que comete um ato doloso deverá ter os aspectos de dolo 
analisados pelo juízo que irá julga-lo. 
 
4.TENTATIVA 
 
Diz-se da tentativa ou crime tentado quando, o agente, objetiva cometer 
o ato ilícito com um fim, no entanto ele não consegue consumar o crime, NUCCI 
(2020) conceitua a tentativa como sendo, a consumação imperfeita da conduta 
típica, a qual não é punida como crime autônomo conforme versa o art. 14, II, 
CP. Como diz Aníbal Bruno, é a tipicidade não concluída. O Código Penal não 
prevê, cada delito, da figura da tentativa, apesar de a boa parte dos crimes 
admita a figura tentada. 
Assim, como o Código Penal não prevê todas as formas de tentativa, 
optou-se por usar a extensão do crime que existam em outras normativas, a 
exemplo da tentativa no crime de homicídio, que não se encontra prevista, mas, 
nesta situação, usa-se a figura do crime consumado, previsto no art. 14, II. Nesse 
caso, aplica-se a figura do crime consumado em associação com o disposto no 
art. 14, II, onde configura-se o crime tentado de homicídio a união do “matar 
 
16 
 
alguém” com o “início de execução, que não se consumou por circunstâncias 
alheias à vontade do agente”. 
Não existe legislação para cada espécie de tentativa, no entanto usa-se 
a associação com o crime consumado para julgar o caso concreto. 
 
4.1. Elementos da tentativa 
 
A tentativa possui elementos: subjetiva (voluntarística ou monista); 
objetiva (realística ou dualista); subjetivo-objetiva (teoria da impressão); teoria 
sintomática. 
A tentativa subjetiva é aquela leva em consideração, a vontade criminosa 
do agente em cometer o ato criminoso, assim fundamentando a punição, a partir 
da vontade nítida do agente em praticar o ilícito, iniciando assim, a possibilidade 
de punir o agente no momento em que ele planeja o crime. 
 Uma vez que o objetivo é punir o agente que manifesta vontade de 
praticar um ato ilícito o juiz sempre deve atenuar a pena. 
 Já a tentativa objetiva é aquela cujo objetivo da punição da tentativa se 
dirige ao perigo efetivo ao bem jurídico, a tentativa objetiva só se configura 
quando os atos executórios, os quais objetivam, atingir o resultado crime (art. 14, 
II, CP). 
 Destarte, a redução da pena torna-se, obrigatória, uma vez que o bem 
jurídico não se perdeu por completo, pois somente nesta hipótese caberia a 
punição completa. 
No crime de tentativa subjetivo-objetiva a punição se fundamenta pela 
junção da ponderação entre a vontade criminosa com um princípio de risco ao 
bem jurídico protegido. 
Nos dizeres de Roxin, 
(...)“a tentativa é punível, quando e na medida em que é apropriada 
para produzir na generalidade das pessoas uma impressão 
juridicamente ‘abaladora’; ela põe, então, em perigo a paz jurídica e 
necessita, por isso, de uma sanção correspondente a esta medida” 
(Resolução do fato e começo da execução na tentativa. Problemas 
fundamentais de direito penal, p. 296). 
 
17 
 
Assim, se leva em consideração a pretensão criminosa e o prejuízo que 
essa manifestação criminosa pode causar à sociedade, sendo então faculdade 
do juiz reduzir a pena; 
Já a teoria sintomática do crime de tentativa indicada pela Escola 
Positiva, entende que o fundamento de punição da tentativa deve se concentrar 
na análise da periculosidade do agente. 
Na tentativa se leva em consideração o dolo, ou seja, o desejo do agente 
em cometer o ilícito procura-se então punir o ato e a preparação objetivando a 
não redução da pena. 
Uma vez que o caminho até o agente chegar a realização do crime vai 
da cogitação criminosa até a consumação, dividido assim em duas fases: interna 
e externa. 
A fase interna, ocorre na mente do agente, ou seja, se dá na cogitação, 
que é o momento em que o agente tem a ideia da pratica do delito, ou seja, 
quando o agente tem a ideia de praticar o crime. 
Já a deliberação, é o momento que o agente pondera sobre a atividade 
criminosa arquitetada. 
Enfim, a resolução é o momento em que o agente decide, efetivamente, 
pratica o delito. 
A tentativa possui ainda a fase externa, a qual ocorre no momento em 
que o agente manifesta por meio de atos, seu objetivo criminoso, esse momento 
se subdivide em: 
 Manifestação que é o momento em que o agente anuncia a quem queira 
e possa ouvir a sua decisão de cometer o ato criminoso. 
Apesar de não poder se punir esta fase como tentativa do crime 
ambicionado, é possível tornar essa figura típica autônoma, a exemplo da 
concretização do delito de ameaça. 
A preparação do crime é a fase em que se expõe a ideia do crime, 
através de atos, os quais começam a se consolidar a fim de alcançar o seu 
objetivo que vai configurar uma verdadeira ponte entre a fase interna e a 
execução. 
 
18 
 
No direito brasileiro a preparação não é punida, uma vez que o agente 
ainda não ingressou nos atos executórios. 
Ainda assim, de forma excepcional, diante do caso concreto e da 
importância da conduta do agente o legislador criou então um tipo especial que 
prevê a punição de certos delitos, onde nesses casos específicos, existe então 
a autonomia do crime consumado. 
Segue alguns exemplos desse tipo especial: possuir substância ou 
engenho explosivo, gás tóxico ou asfixiante ou material destinado à sua 
fabricação (art. 253, CP) não deixa de ser a preparação para os crimes de 
explosão (art. 251, CP) ou de uso de gás tóxico (art. 252, CP), motivo que torna 
a conduta punível pela existência de tipicidade incriminadora autônoma. 
 Já a execução, é a fase onde a conduta criminosa se realiza, a qual é 
constituída, como regra, por atos convenientes e parecidos com o fim de chegar 
ao resultado, mas também daqueles que representarem atos imediatamente 
anteriores a estes, desde que se tenha certeza do plano concreto do autor. 
A exemplo destes atos criminosos tem-se: comprar um revólver com o 
dolo de matar a vítima (preparação), efetuar tiros em direção ao indivíduo (ato) 
para chegar ao fim desejado matar. 
Quando se fala em consumação, é o momento de consumação do delito, 
onde se agrupam todos os tipos penais, assim o crime se finaliza no momento 
em que todos os atos criminosos sessam, ou seja, quando percebem os atos 
previstos no tipo, não sendo a consumação obrigatória. 
A exemplo de esgotamento do crime pode-se observar o recebimento de 
resgate mediante extorsão ou sequestro, o qual se consuma após a vítima ter 
sido privada da sua liberdade, este ato nominado pela doutrina consumação 
material. (NUCCI, 2020). 
Analisa-se todo o processo de preparação até o momento da 
consumação do ato ilícito, para assim punir o agente. 
 
 
 
19 
 
4.2. Crimes que não admitem tentativa 
 
Existem alguns crimes no Código Penal os quais não admite tentativa, 
pelo fato no caso concreto: Delitos culposos, em casos de resultado involuntário,ou seja, o agente não quis o resultado, foi um acidente, crimes preterdolosos é 
quando o indivíduo tina o dolo de executar um tipo penal, mas acaba por cometer 
um crime que não pretendia, a exemplo do roubo seguido de morte, o objetivo 
do agente era roubar, mas por algum motivo ele acaba matando a vítima nesses 
casos geralmente o segundo crime é mais grave que o primeiro. 
Existem também os crimes unissubsistentes, aos quais são constituídos 
por um único ato, a exemplo da ameaça verbal, o objetivo é intimidar a vítima, 
no entanto o delito cessa rapidamente, se tornando o crime irrelevante. 
Os crimes omissivos próprios também não admitem tentativa, pois ou o 
indivíduo deixa de praticar a conduta configurando o tipo, ou ele pratica tornando 
o crime atípico. 
Os chamados delitos habituais próprios, não admitem tentativa, pois só 
configuram crime quando determinada conduta é reiterada, ou seja, o agente a 
pratica com habitualidade. Sendo casos isolados, se tornam irrelevantes. 
As contravenções penais, também não admitem tentativa art. 4º da Lei 
de Contravenções penais, uma vez que já são considerados crimes menores, 
não se admite a tentativa neste tipo penal. 
Ainda, os delitos condicionados, que são aqueles em que são 
submetidos a outro para sua concretização, a exemplo do crime de induzimento 
ou instigação ao suicídio, no entanto conforme prevê a lei, somente se configura 
como crime caso haja lesão ou morte da vítima. 
A doutrina ainda traz os crimes permanentes na forma omissiva, que é 
por exemplo quando o carcereiro recebe um alvará de soltura e decide não dar 
cumprimento, permanecendo assim preso o beneficiado do alvará, dessa forma 
o carcereiro comete o delito de cárcere privado uma voz que foi omisso quanto 
ao alvará que recebeu. 
 
20 
 
Também não admitem tentativa os crimes que punem apenas os atos 
preparatórios de outros crimes, estes, via de regra não são punidos, a não ser 
que esteja previsto em lei, os quais não admitem tentativa. (NUCCI, 2020) 
Assim, os crimes culposos, preterdolosos, unissubsistentes, crimes 
omissivos próprios, habituais próprios, contravenção penal, delitos 
condicionados, crimes de atentado, crimes permanentes na forma omissiva, 
crimes que punem somente atos preparatórios, não admite crime de tentativa. 
 
 
4.3. Desistência voluntária e arrependimento eficaz 
 
Diz-se da desistência voluntária que ela ocorre quando o agente pratica 
o ato mas desiste voluntariamente, é o caos por exemplo do agente que atira na 
vítima, mas se arrepende e presta socorro, chama a ambulância e etc. 
Para NUCCI (2020), é quando o agente desiste voluntariamente do 
prosseguimento dos atos executórios do crime, assim, responde o agente 
somente pelos atos que já praticou. 
O agente quer praticar o ato, mas em sua consciência sabendo ser ilícito 
se arrepende e opta pela desistência. 
Existe também a chamada desistência momentânea que é quando o 
agente desiste de avançar na execução do delito, porque entende que aquele 
não é o melhor momento, ele pretende continuar em outra ocasião, assim, deve 
ser beneficiado pela excludente, conforme pensamento doutrinário majoritário. 
Já o arrependimento eficaz, é quando o indivíduo está terminando de 
efetuar a ação e desiste, como por exemplo no caso em que o indivíduo rouba 
um objeto e resolve devolver antes de ocorrer a denúncia do crime. 
No arrependimento eficaz a desistência acontece entre o término dos 
atos executórios e a consumação. O agente, já concretizou o ato criminoso, no 
entanto resolve intervir para que o resultado não ocorra. 
 
 
 
21 
 
NUCCI (2020) traz um exemplo de desistência voluntária: 
 
(...) o autor ministra veneno a B; os atos executórios estão concluídos; 
se nada fizer para impedir o resultado, a vítima morrerá. Por isso, o 
autor deve agir, aplicando o antídoto para fazer cessar os efeitos do 
que ele mesmo causou. Exige a norma do art. 15 do Código Penal que 
o arrependimento do agente seja realmente eficaz, ou seja, capaz de 
impedir o resultado. Não se aplica o benefício previsto neste artigo 
caso o autor dos atos executórios, embora arrependido, não consiga 
evitar que o resultado se produza, por qualquer causa. Exemplificando: 
se o agente dá veneno, pretendendo matar a vítima, mas, antes que 
esta morra, arrepende-se e resolve ministrar o antídoto; se o ofendido 
não se salvar (seja porque o antídoto falhou ou mesmo porque a vítima 
não quis ingeri-lo), responderá por homicídio consumado. (NUCCI, 
2020. p. 454) 
 
Apesar da desistência voluntária o agente ainda pode ser punido por 
seus atos praticados ainda que preste socorro à vítima, o arrependimento eficaz 
depende de que sua ação para impedir a consumação se torne eficaz, caso 
contrário deverá responder, ainda que existem questões doutrinárias que 
entendam a não necessidade de pena uma vez que o agente já desistiu, se 
arrependeu da ação praticada. 
 
5. TIPOS CULPOSOS 
 
Existem alguns elementos do fato típico do crime culposo os quais são: 
conduta (voluntária); tipicidade; resultado (involuntário); nexo causal; quebra do 
dever de cuidado objetivo, por imprudência, negligência ou imperícia; 
previsibilidade objetiva do resultado; relação de imputação objetiva. 
Sendo, os principais elementos os quais o constitui se encontram 
também no fato típico do crime doloso que são: conduta, tipicidade, resultado, 
do nexo causal, assim como da relação de imputação objetiva. 
 
 
 
 
 
22 
 
5.1. Dever de cuidado objetivo 
 
Dever de cuidado objetivo está ligado ao que se espera do homem 
“comum” que seria o cuidado não só com o seu bem, mas também com o bem 
alheio. 
O dever de cuidado incide na obrigação a todos prevista, de observar os 
cuidados necessários no dia a dia, a fim de não lesar bens alheios, a partir de 
um padrão mediano, que se baseia no comportamento que se esperaria de uma 
pessoa comum, de mediana precaução e discernimento. 
Onde o fato que determinará a violação desse dever vai se dar pela 
imprudência, negligência ou imperícia. (GONÇALVES. RIOS, 2020) 
Cuidado e previsibilidade são requisitos para que a conduta seja 
considerada culposa. 
 
 
5.4. Resultado 
 
Para que se chegue ao resultado da conduta ou ação, é necessário que 
se analise alguns requisitos, os quais devem ser analisados: qual o dever de 
cuidado objetivo na situação em que o fato ocorreu; deve se verificar se o 
resultado produzido era objetivamente previsível; uma vez constatadas a quebra 
do dever de cuidado impostas a todos e a possibilidade de prever o resultado, 
conforme se espera de uma pessoa que possui mediana prudência e 
discernimento, assim, o fato será considerado típico; sendo a tipicidade um 
indicativo da ilicitude do comportamento, finalmente, deve se analisar a 
previsibilidade subjetiva do resultado, ou seja, se o agente, conforme suas 
capacidades pessoais, podia prever o resultado produzido, se presente, o sujeito 
responderá pelo crime; se ausente, ficará excluída a culpabilidade. 
(GONÇALVES. RIOS, 2020) 
A tipicidade é o fundamento para se analisar a previsão de culpa do 
agente. 
 
23 
 
 
5.5. Previsibilidade 
 
O crime doloso se encontra previsto no art. 18, inciso II do Código penal: 
 
Art. 18 - Diz-se o crime: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 
11.7.1984) Crime doloso (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) I - 
doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de 
produzi-lo;(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Crime culposo 
(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) II - culposo, quando o agente 
deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia. 
(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Parágrafo único - Salvo os 
casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato previsto 
como crime, senão quando o pratica dolosamente. (Incluído pela Lei nº 
7.209, de 11.7.1984) Agravação pelo resultado (Redação dada pela Lei 
nº 7.209, de 11.7.1984)(BRASIL, 1940) 
 
 
 O qual diz-se do crime doloso como algo que possui os requisitos e 
negligência, imprudência ou imperícia para ser qualificado como crime. 
Existem três modalidades de culpa, que se encontram instituídas de 
forma expressa no Código Penal (art. 18, II): imprudência, negligência e 
imperícia. 
A imprudência, constitui a culpa revelada de forma ativa, a qual se dá a 
partir do momento em que o agente quebra regras de conduta ensinadas pela 
experiência, os quais se dão no fato de o agente agir sem precaução, de forma 
precipitada, de forma ousada ou impetuosa. 
Já a negligência, se dá quando o agente se comporta sem o devido 
cuidado, onde a culpa que se revela na forma omissiva. 
Por fim, a imperícia, se dá a partir da falta de capacidade para o exercício 
de arte ou profissão. Podendo ser classificada de forma omissiva ou comissiva, 
por alguém que não tinha capacidade, por falta de conhecimento ou 
inexperiência. (GOLÇALVES. RIOS, 2020) 
Identifica-se para configurar a modalidade culposa como um dos 
requisitos o dever de cuidado. 
 
 
 
24 
 
 
 
5.6. Culpa consciente e dolo eventual 
 
Observa-se que se o agente agiu de acordo com os cuidados devidos 
ele não cometeu crime, no entanto se ele deixou de observar estes requisitos, 
bem como pode se observar outros requisitos do crime culposo, o juízo verificará 
se houve culpa consciente (com previsão do resultado) ou inconsciente (sem a 
previsão do resultado), a fim de dosar a sanção cabível. (GONÇALVES. RIOS, 
2020) 
A culpa consciente é a culpa com previsão do resultado, ou seja, o 
agente comete o fato, prevendo a probabilidade de ocorrer o evento, porém, 
irrefletidamente, confia na sua habilidade, produzindo assim, por imprudência, 
negligência ou imperícia. 
Já a culpa inconsciente é a culpa sem previsão onde o sujeito não 
consegue prever que o resultado possa ocorrer. O agente nem imagina que 
possa dar causa ao resultado através de sua conduta imprudente. 
(GONÇALVES. RIOS, 2020) 
Tanto na culpa consciente quanto no dolo eventual o autor prevê o 
resultado, mas na culpa consciente o autor age com o intuito de evitar o 
resultado, mas no dolo eventual o agente age com desinteresse. 
 
6. CONCURSO DE PESSOAS 
 
Diz-se do concurso de pessoas quando o crime for cometido por mais 
de um agente, esta modalidade também recebe o nome pela doutrina de: 
coautoria, participação, concurso de delinquentes, concurso de agentes, 
cumplicidade. 
Existe três teorias na doutrina que exemplificam o concurso de pessoas: 
 Teoria unitária (monista ou monística), onde existindo pluralidade 
de agentes, com condutas distintas, que levam a apenas um 
delito, ou seja, um ato criminoso. Essa teoria é regra. 
 
25 
 
 Teoria pluralista (cumplicidade do delito distinto ou autonomia da 
cumplicidade): existindo pluralidade de agentes, com condutas 
distintas, ainda que gerando apenas um resultado, cada agente 
responde por um delito. Vai culminar no chamado “delito de 
concurso”, onde ocorrem vários delitos associados por uma 
relação de causalidade. (GONÇALVES. RIOS, 2020) 
Destarte, quando houver concurso de pessoas o juízo precisará 
observar a função de cada agente para que possa separar entre autor e 
partícipe. 
 
6.1. Autoria e participação 
 
O Código Penal em seu artigo 29 institui: 
 
 
 Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas 
penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade. (Redação 
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) § 1º - Se a participação for de 
menor importância, a pena pode ser diminuída de um sexto a um terço. 
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) § 2º - Se algum dos 
concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada 
a pena deste; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de 
ter sido previsível o resultado mais grave. (Redação dada pela Lei nº 
7.209, de 11.7.1984) (BRASIL, 1940) 
 
 
Os participantes de um crime então poderão receber sua pena de acordo 
com a participação no crime o que deverá ser investigado para saber quem 
recebe maior e quem recebe menor penalidade. 
A doutrina entende como teoria formal, quando o autor é quem realmente 
efetiva o fato criminoso e partícipe é o agente que pratica atos não especificados 
como tipo penal, sendo praticamente impune, havendo assim a regra de 
extensão que o torna responsável. (GONÇALVES. RIOS, 2020) 
Existem algumas doutrinas que ponderam sobre a condenação do 
partícipe dizendo que o autor cometeu um ato ilícito, culpável e antijurídico, 
 
26 
 
enquanto o partícipe que apenas no exemplo de um assalto ficou do lado de fora 
e dirigiu o carro, se deveria ou não ser condenado. Entende-se que sim pela 
teoria da acessoriedade limitada. 
 
 7. ILICITUDE 
 
A ilicitude ocorre quando o agente comete ato contrário a Lei Penal, ou 
seja, um ilícito, conforme supra- citado aquilo que a lei configura como crime. 
Conforme NOVAES e BELLO (2020), o fato antijurídico ou ilícito, é aquele fato 
especificado em lei como ilícito, ou seja, como punível, a qual precisa ser 
confirmada como lei em algum lugar para se tornar crime, ou seja, ilícito. 
Para que se confirme um ato como ilícito, é necessária que se realize 
uma análise dos elementos negativos, ou seja, faz-se necessário que haja 
elemento que negam a ilicitude tornando o fato lícito. 
Dessa forma as excludentes de ilicitude ou antijuridicidade se 
encontram, em regra, previstas em lei, onde a lei tornou criminosos determinados 
fatos nos tipos penais, podendo permiti-los por meio de normas de justificação. 
(NOVAES. BELLO, 2020) 
Destarte, o ato ilícito é o ato previsto em lei, ou ato contrário a lei. 
 
7.1. Conceito e generalidades. 
 
Para entender melhor traz-se o conceito de ilicitude, segundo o 
entendimento de Grecco: 
 
 “a relação de antagonismo, de contrariedade entre a conduta do 
agente e o ordenamento jurídico (ilicitude formal) que cause lesão, ou 
exponha a perigo de lesão, um bem juridicamente protegido (ilicitude 
material), ou seja, falar em ilicitude é preciso que o agente contrarie 
uma norma. ” (GRECCO, 2017) 
 
 
Podemos pensar na ilicitude sempre que o fato for típico, ou seja, 
estando tipificado em lei como crime ele automaticamente se torna ilícito, no 
 
27 
 
entanto não estuda- se a ilicitude pelos seus elementos e sim pelas suas 
excludentes. 
 
7.2. Causas de exclusão da ilicitude 
 
O art. 23 do Código Penal vai tratar das causas de Exclusão de ilicitude: 
 
Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato: I - em estado de 
necessidade; II - em legítima defesa; III - em estrito cumprimento de 
dever legal ou no exercício regular de direito. (BRASIL, 1940) 
 
Desse modo as causas de exclusão de ilicitude podem ser classificadas 
em: Legitima defesa; Estado de necessidade; Estrito cumprimento do dever 
legal; Exercício regular do direito; Consentimento do ofendido. 
 
7.3. Legítima defesa 
 
7.4. Conceito 
 
Segundo o entendimento de Mendonça e Dupret a legítima defesa é: 
 
 um direito de reação a uma agressão humana, atual ou iminente e 
injusta. É preciso usar meios necessários e moderados. Ou seja, a 
reação deve ser a suficiente para fazer cessar a agressão. 
(MENDONÇA. DUPRET, 2018. p. 30) 
 
 
A legítima defesa vai tratar de uma agressão injusta a um indivíduo, onde 
o próprio ou outrem age em defesa do indivíduo agredido cometendo assim um 
ato ilícito. 
 
 
 
 
 
 
28 
 
 
7.5. Histórico 
 
A legítima defesa se encontra instituída no art. 25 do CP, ocorre legítima 
defesa quando o agente, utilizando-se moderadamente dos meios necessários, 
repele injusta agressão atual ou iminente a um direito próprio ou de terceiros. 
A legítima defesa consiste em uma forma de autotutela a qual se 
encontra autorizada pelo ordenamento jurídico penal. 
A legítima defesa deve partir de uma agressão injusta a qual consista 
em um ato humanooposto a um direito bem como um ato proibido, de forma 
injusta pelo ordenamento jurídico. 
 Assim, somente agressões humanas típicas e antijurídicas podem ser 
repelidas em legítima defesa. (NOVAES. BELLO, 2020.) 
Ou seja, o direito de defender seus interesses, bens e principalmente a 
vida. 
 
7.6. Fundamento jurídico 
 
Art. 25. Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente 
dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu 
ou de outrem. (BRASIL, 1940) 
 
7.7. Requisitos 
 
O requisito para que a excludente de ilicitude de legítima defesa seja 
aceita, é o fato de risco, depende de uma agressão injusta, atual e iminente, a 
qual não tenha cessado. 
A ação de legítima defesa deve ocorrer no momento da agressão ou 
iminente, ou seja, antes dela iniciar quando se percebe possibilidade de ocorrer 
naquele momento. 
 
 
29 
 
Caso a agressão injusta incida sobre Direito próprio ou alheio, pode se 
usar a legítima defesa a fim de defender qualquer direito, não havendo restrições 
ou valorações para que se admita a defesa de um direito, no caso concreto deve 
se observar a razoabilidade entre o direito que foi lesionado e o que se buscava 
defender, ainda que não haja restrições objetivas. 
O agente que pratica a legítima defesa deve agir com moderação, 
utilizando somente os meios necessários ou seja, aquele proporcional à 
agressão que se pretende repelir, quanto mais intensa a agressão, mais intenso 
o meio necessário para repeli-la, assim terminada a agressão injusta, termina 
também o meio de repressão a agressão, ou seja, caso o agente em situação de 
legítima defesa permaneça os atos, pode ser punido de forma dolosa ou culposa. 
(NOVAES. BELLO, 2020) 
A legítima defesa pode ser classificada em: própria; sucessiva; 
preordenada. 
Quando se fala em legítima defesa própria ou de terceiros deve-se levar 
em consideração o proprietário do direito protegido, pertencendo ao próprio 
agente da legítima defesa, ela configura a legítima defesa própria, em caso de 
direito alheio, ela será de terceiro. 
Existe também a chamada legítima defesa sucessiva, ela ocorre quando 
o agente da legítima defesa se excede, este cria uma nova agressão, a qual se 
torna injusta, onde o agressor inicial agora busca se defender da agressão, agora 
se tornando em situação de legítima defesa. 
Já a legítima defesa preordenada consiste na utilização de mecanismos 
de defesa, normalmente o que se pretende defender é o patrimônio, os quais 
são instalados como prevenção a agressão que ainda não atual ou iminente, no 
entanto estes mecanismos só serão utilizados contra o agressor quando a 
agressão se iniciar. Ex.: ofendículos como a cerca elétrica, cacos de vidro etc. 
(NOVAES. BELLO, 2020) 
A legítima defesa deve ser usada como excludente de ilicitude quando o 
agente causador estiver agido demasiadamente com o objetivo de impedir 
injusta agressão. 
 
30 
 
 
 
7.8. Estado de necessidade 
 
7. 9. Conceito 
 
Estado de necessidade é quando o agente comete um ato ilícito 
mediante uma necessidade, não era vontade do agente cometer tal ilícito, no 
entanto ele opta por comete-lo mediante algum perigo atual e iminente. 
É quando o agente pratica um fato típico contra um direito com o objetivo 
de salvar outro, sendo essa relação razoável, que se configura quando o direito 
que se buscou salvar tem valor maior ou o mesmo juridicamente que o direito 
sacrificado. 
É necessário que a ameaça seja atual ou iminente, ameaça essa que 
não tenha sido provocada pela vontade (dolo) do agente, ainda que a culpa não 
impeça o agente de ser beneficiado pelo instituto do estado de necessidade se 
não havia como evitar. 
No Brasil, o estado de necessidade possui teoria unificadora, onde ele 
sempre é excludente de ilicitude. (NOVAES. BELLO. 2020) 
 
7.10. Histórico 
 
O objetivo do estado de necessidade é retirar do agente a culpa uma vez 
que ele não agiu com dolo e sim pelo fato de estar sofrendo algum tipo de 
coação. 
 
 7.11. Fundamento jurídico 
O fundamento jurídico do estado de necessidade se encontra no art. 24 
do CP: 
 Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para 
salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia 
de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas 
circunstâncias, não era razoável exigir-se. (Redação dada pela Lei nº 
 
31 
 
7.209, de 11.7.1984) § 1º - Não pode alegar estado de necessidade 
quem tinha o dever legal de enfrentar o perigo. (Redação dada pela Lei 
nº 7.209, de 11.7.1984) § 2º - Embora seja razoável exigir-se o 
sacrifício do direito ameaçado, a pena poderá ser reduzida de um a 
dois terços. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) (BRASIL, 
1940) 
 
Assim instituído a ilicitude em casos que estejam de acordo com o 
instituído no artigo supracitado. 
 
7.12. Requisitos 
 
Os requisitos para a excludente de ilicitude se encontram no art. 24 do 
CP, onde estabelece as circunstâncias em que o caso concreto irá se encaixar 
nestes requisitos. 
O estado de necessidade será considerado defensivo quando o bem 
atingido pertence ao causador do perigo, será agressivo quando alcançar 
direitos de indivíduos os quais não tinham qualquer relação com o perigo que 
ameaça o direito protegido. (NOVAES. BELLO. 2020) 
Devendo então o estado de necessidade ser aplicado em casos em que 
o bem pertença ao agente ou nos casos em que essa ação atingir bens alheios. 
 
 
7.13. Excesso 
 
A exceção se encontra no art. 24 § 1º onde versa que se o agente for 
agente que tinha o dever legal de enfrentar o perigo, este não poderá alegar 
estado de necessidade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
32 
 
 
7.14. Estrito cumprimento de dever legal e exercício regular de direito 
 
7.15. Distinção e delimitação 
 
Diz-se do agente que tem por obrigação agir daquela forma, ou seja 
ainda que o ato se configure como ilícito, comete o ato em cumprimento do seu 
encargo. Segundo NOVAES e BELLO (2020) não existe uma norma que trate 
especificamente do estrito cumprimento do dever legal, o conceito é retirado do 
próprio nome, ou seja, porque uma vez que este dever seja gerado de uma 
norma jurídica, se torna então um dever legal. 
Sendo, que este dever se origina de um fato previsto em lei como crime, 
a exemplo da prisão em flagrante que seria considerada cárcere privado, mas 
uma vez que é praticado por um agente em seu dever de fazer cumprir uma 
norma se torna uma ação lícito. 
O exercício regular do direito bem como o estrito cumprimento do dever 
legal são notas penal em branco que aparece no art. 23 do CP. 
 
 Não há crime quando o agente pratica o fato: (Redação dada pela Lei 
nº 7.209, de 11.7.1984) I - em estado de necessidade; (Incluído pela 
Lei nº 7.209, de 11.7.1984) II - em legítima defesa; (Incluído pela Lei nº 
7.209, de 11.7.1984) (Vide ADPF 779) III - em estrito cumprimento de 
dever legal ou no exercício regular de direito. (Incluído pela Lei nº 
7.209, de 11.7.1984) Excesso punível (Incluído pela Lei nº 7.209, de 
11.7.1984) Parágrafo único - O agente, em qualquer das hipóteses 
deste artigo, responderá pelo excesso doloso ou culposo. (Incluído 
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) (BRASIL, 1940) 
 
 
Como exemplo de exercício regular de um direito, é o caso de uma 
pessoa que se encontre sendo prejudicada em suas posses por exemplo, com o 
fim de afastar os invasores, efetua disparos de arma de fogo, deixando um deles 
ferido mortalmente. 
Nesse caso, se observa que houve excesso, apesar de ser uma conduta 
inicialmente lícita, o Código Civil, ao regular o desforço imediato na defesa da 
 
33 
 
posse, dispôs que: “os atos de defesa, ou de desforço, não podem ir além do 
indispensável à manutenção, ou restituição da posse” (art. 1.210, § 1º). Podendo, 
a excludente de ilicitude se fundar não só em normas jurídicas, como também 
nos costumes, como ocorre no casodos trotes acadêmicos, observando que os 
trotes excessivos constituirão crime. 
Existem outros exemplos bastante comuns onde a excludente de 
ilicitude: intervenção médico-cirúrgica, o médico não pode entrar com uma 
intervenção cirúrgica sem autorização do próprio paciente ou de pessoa 
responsável, se menor, salvo em estado de necessidade aí sim o médico poderá 
fazer uma intervenção cirúrgica antes de receber autorização do paciente. 
Em casos de violência desportiva, sendo o esporte regulamentado 
oficialmente, ocorrendo a lesão dentro das regras, o boxeador que provoca lesão 
no oponente durante a luta não comete crime. 
Existe também o flagrante facultativo (CPP, art. 301), onde qualquer 
pessoa possui a faculdade conferida por lei para prender quem esteja em 
situação de flagrante delito, assim o que der a voz de prisão não poderá ser 
punido por sequestro (CP, art. 148) ou constrangimento ilegal (CP, art. 146). 
(GONÇALVES. RIOS, 2020) 
 
7.16. O consentimento do titular do bem jurídico 
 
O consentimento do ofendido não está previsto em lei, mas é conhecido 
pela doutrina como causa de ilicitude. 
O consentimento do ofendido consiste em causa supralegal de exclusão 
de ilicitude, embora não previsto em lei, a doutrina defende que a concordância 
do ofendido exclui a ilicitude do fato, não estando previsto como elemento do tipo 
penal. 
Podendo aparecer como excludente de tipicidade: quando se encontra 
previsto como elemento do tipo penal, expressa ou implicitamente, a aceitação 
do ofendido precisa ser analisada na tipicidade formal, para verificar se há 
adequação entre o fato e o tipo penal. 
 
34 
 
 Existe também a excludente supralegal da ilicitude: que é quando a 
aceitação do ofendido não se encontra prevista no tipo penal o fato é típico, 
sendo, nessas situações o consentimento usado como causa de exclusão 
supralegal da ilicitude. 
NOVAES e BELLO trazem alguns exemplos de excludente supralegal 
de ilicitude: 
Ex.: o crime de dano patrimonial, art. 163 do CP, não prevê o 
consentimento do ofendido como elemento do tipo penal, o que 
significa que o dano mesmo consentido é típico. Requisitos para que o 
consentimento do ofendido exclua a ilicitude: capacidade – o ofendido 
deve ser maior de 18 anos, ter plena consciência quando do 
consentimento, não pode ser portador de doenças mentais ou estar 
embriagado; validade do consentimento – não é válido o 
consentimento obtido mediante coação, fraude, violência, ameaças 
etc.; o consentimento deve incidir sobre direitos (bens) disponíveis – o 
direito que será atingido mediante o consentimento do ofendido deve 
ser disponível; tratando-se de direitos indisponíveis, o consentimento 
não tem validade de excludente de ilicitude. Ex.: a vida é indisponível; 
portanto, ainda que haja consentimento do ofendido, o homicídio será 
crime; o consentimento deve ser anterior ou simultâneo à prática do 
fato, e o consentimento posterior não exclui a ilicitude do fato. 
(NOVAES. BELLO. 2020. p. 62,63) 
 
 
7.17. Excesso 
 
O excesso se dá quando na tentativa de proteger seu bem por exemplo 
o agente usa de força excessiva, causando um dano maior do que poderia 
causar se tivesse sido mais cuidadoso. 
 
8. CULPABILIDADE 
 
A culpabilidade é o elemento do crime, quando o agente comete uma 
infração reprovável, o qual possui a finalidade de verificar se o agente que 
praticou o fato típico e antijurídico deve ser ou não reprovado. 
 Levando em consideração determinados elementos pessoais a fim de 
examinar se ele deve ser reprovado. (NOVAES. BELLO. 2020) 
 
 
 
35 
 
Não se exclui a culpabilidade no Brasil, uma vez que é um dos elementos 
do crime, no entanto o Código Penal traz algumas excludentes de culpabilidade. 
No Código Penal brasileiro, existe o julgamento das excludentes de 
culpabilidade que permitem inferir quais os elementos que a compõem. 
Portanto, o art. 21 isenta de pena quem pratica o fato do qual 
desconheça o caráter ilícito (erro de proibição) já o art. 22 isenta de pena o 
indivíduo o qual não se pode exigir outra conduta (inexigibilidade de conduta 
diversa). 
 Os arts. 26 a 28 versam sobre às pessoas que não possuem capacidade 
de perceber o caráter ilícito do fato bem como de se determinar a exemplo da 
inimputabilidade. 
Ao que se pode concluir que a culpabilidade, de acordo com o Código 
Penal Brasileiro se resume da soma dos seguintes elementos: imputabilidade; 
potencial consciência da ilicitude; exigibilidade de outra conduta. (GONÇALVES. 
RIOS, 2020) 
Assim, existem algumas excludentes de culpabilidade as quais eliminam 
o caráter ilícito da ação. 
 
9. IMPUTABILIDADE 
 
9.1. Conceito 
 
É a capacidade do agente de se autodeterminar capacidade de 
entendimento de diferenciação entre o ato lícito e ilícito. 
Para que se verifique se o agente possuía capacidade para agir de forma 
diversa deve-se verificar, sua capacidade de culpabilidade. 
Para Welzel a imputabilidade se define em dois momentos: um 
cognoscitivo ou intelectual, que se entende como sendo, a capacidade de 
entendimento do injusto e outro momento volitivo ou de vontade, que se entende 
como sendo a capacidade do agente de se determinar de acordo com sua 
compreensão. 
 
36 
 
Sendo que a imputabilidade é a capacidade de se autodeterminar entre 
o lícito e o ilícito, ou seja, a capacidade de entender um ato como ilícito 
 
 Há três critérios para fixar a inimputabilidade ou diminuir a 
culpabilidade: (a) biológico (sistema francês), que condiciona a 
capacidade à saúde mental; (b) psicológico, que condiciona a 
capacidade à inexistência, independente da causa, da faculdade de 
entender o caráter ilícito do fato e de se autodeterminar conforme esse 
entendimento; (c) biopsicológico, que é a união dos dois primeiros, isto 
é, condiciona a capacidade à inexistência da faculdade de entender o 
caráter ilícito do fato e de se autodeterminar conforme esse 
entendimento, causada pela enfermidade mental. O Brasil adotou o 
critério biopsicológico, com exceção da menoridade, que adota o 
critério meramente biológico. (NOVAES. BELLO. 2020. p. 63, 63) 
 
9.2. Menoridade 
 
 O CP, art. 27, institui: Os menores de 18 (dezoito) anos são penalmente 
inimputáveis, ficando sujeitos às normas estabelecidas na legislação especial. 
Ainda assim se observa o art. 228 da CF/88, que estabelece: São penalmente 
inimputáveis os menores de dezoito anos, sujeitos às normas da legislação 
especial. 
Assim, a menoridade, atende ao critério puramente biológico, pois todos 
os menores de 18 (dezoito) anos são inimputáveis, independentemente de 
serem mais ou menos desenvolvidos mentalmente. (NOVAES. BELLO, 2020. p. 
64) 
 
9.3. Causas de exclusão da imputabilidade 
 
As causas de exclusão da imputabilidade precisam estar presentes no 
momento da ação, tornando o requisito temporal fundamental, o que significa 
dizer que no momento da ação ou omissão criminosa é que deve ser analisada 
a capacidade de entendimento e compreensão da ilicitude do ato, assim como a 
possibilidade do agente de se autodeterminar. 
 
37 
 
Existe a possibilidade de que, alguém se encontre são no momento da 
conduta, mas que após venha a ter suprimida a sua capacidade em virtude de 
doença mental. 
Nesse caso, responderá normalmente pelo crime, mas haverá 
implicações quanto ao rumo do processo ou da execução da pena, a depender 
do momento em que surja a doença mental. (GONÇALVES. RIOS, 2020. p. 635) 
Existem diversas situações onde se aplica a inimputabilidade, o juízo 
deverá analisar o caso concreto usando das formas admitidas em direito para 
analisar a real causa de inimputabilidade. 
 
9.4. Embriaguez 
 
A embriaguez é um dos casos conhecidos de afastamento de 
imputabilidade, a qual decorre de caso fortuito ou força maior art. 28 do CP. 
 
 
 Não excluem a imputabilidade penal: (Redação dada pela Lei nº 7.209, 
de 11.7.1984) I - a emoção ou a paixão; (Redação dadapela Lei nº 
7.209, de 11.7.1984) Embriaguez II - a embriaguez, voluntária ou 
culposa, pelo álcool ou substância de efeitos análogos. (Redação dada 
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) § 1º - É isento de pena o agente que, 
por embriaguez completa, proveniente de caso fortuito ou força maior, 
era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de 
entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com 
esse entendimento. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) § 
2º - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, por 
embriaguez, proveniente de caso fortuito ou força maior, não possuía, 
ao tempo da ação ou da omissão, a plena capacidade de entender o 
caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse 
entendimento. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
(BRASIL, 1940) 
 
 
 
Para que se aplique a inimputabilidade em casos de embriaguez o juízo 
deverá observar se houve embriaguez voluntária ou involuntária, proveniente de 
caso fortuito ou força maior. 
 
 
 
38 
 
A embriaguez, via de regra não exclui a imputabilidade, mas aquela que 
decorre de caso fortuito, poderá excluir a imputabilidade, no entanto a 
embriaguez não poderá ser voluntária ou culposa. Conforme institui o art. 28, II, 
quando voluntária ou culposa não há alteração na imputabilidade do agente. 
Nos casos de embriaguez preordenada, a imputabilidade é mantida, por 
ser voluntária (28, II), sendo a pena ainda agravada (art. 61, inciso II, letra l, do 
CP). 
Em casos de dependência química, não existe norma que trate desta 
hipótese, devendo ser aplicado o art. 26, atendendo ao critério 
biopsicológico, pois o agente precisa ser dependente químico de 
substância entorpecente e esta dependência deve impedir 
completamente o agente de compreender o caráter ilícito do fato ou de 
se autodeterminar conforme seu entendimento. Caso a questão 
envolva drogas da Portaria 344/1998 da Anvisa devem ser aplicados 
os arts. 45 (inimputável) e 46 (semi) da Lei 11.343/2006, Lei de Drogas. 
(NOVAES. BELLO. 2020. p. 65) 
 
 
Além da embriaguez por caso fortuito ou força maior existe também a 
embriaguez patológica, que é causada pelo vício do agente a qual também pode 
ser considerada causa de inimputabilidade. 
 
10. CONSCIÊNCIA DA ILICITUDE 
 
Existem agentes que agem de forma ilícita com consciência de sua 
ilicitude, porém existem agentes que agem de forma ilícita, mas não possuem 
consciência de sua ilicitude. 
Uma vez que o agente venha agir com consciência e dolo de praticar o 
fato típico, no entanto não possui consciência da ilicitude, o que afasta a 
reprovabilidade, independentemente de a ação ser típica e antijurídica não será 
culpável. 
Destarte, não é culpável aquele que pratica o fato sem concordar com a 
ilicitude, quando não se podia presumir a ilicitude dele. 
O art. 21 do CP, versa que há erro de ilicitude quando o erro de proibição 
é inevitável ou escusável, o agente é isento de pena, não há culpabilidade; 
 
39 
 
quando o erro é evitável ou inescusável, há apenas diminuição de pena, devendo 
ser condenado. (NOVAES. BELLO, 2020) 
Existem situações em que o agente tem consciência da ilicitude de seu 
ato, porém ele enfrenta uma determinada situação concreta onde não poderia 
agir de forma diversa ainda que ilícito seu ato. “ Se o fato é cometido sob coação 
irresistível ou em estrita obediência a ordem, não manifestamente ilegal, de 
superior hierárquico, só é punível o autor da coação ou da ordem. ” (art. 22 do 
CP) 
 
10.1. Erro de proibição 
 
Os arts. 20 e 21 do Código Penal vão tratar do chamado erro de tipo ou 
erro de proibição, o qual corresponde a um erro do agente quanto a tipicidade 
de sua conduta. 
Este tipo de erro exclui dolo, mas não impede o agente de ser punido 
por crime culposo. 
Quanto ao erro de tipo, se configura quando o agente não possui dolo, 
ele simplesmente se confunde, diga-se assim, por exemplo, uma pessoa que sai 
de um grande supermercado, dirigindo-se ao estacionamento e, entra em um 
automóvel idêntico ao seu (mesma cor e modelo), assim, com sua chave, ele vai 
embora para sua casa, levando embora coisa alheia móvel. 
 Caso o verdadeiro dono do veículo chegando percebesse o ocorrido iria 
concluir que estava sendo vítima de um furto e, acionaria a Polícia. 
No entanto como citado anteriormente o motorista desatento, nem 
imagina que conduz automóvel de outrem, uma vez que pensa estar dirigindo 
seu próprio veículo. 
Assim, o que se entende sobre esse caso é que o instituto que se 
encaixa é o do erro de tipo. 
Já no erro de proibição, o agente tem plena noção da realidade, sabendo 
exatamente o que faz, no entanto possui desconhecimento acerca de uma regra 
de conduta. 
 
40 
 
 Violando, o agente alguma proibição pelo fato de não conhecer norma 
penal que verse sobre o assunto. 
A exemplo de uma pessoa que se depara com um relógio valioso na rua, 
procura o seu dono, depois de muito procurar, não o encontrando decide ficar 
com o relógio, acreditando de boa-fé, assim ele sabe que aquele objeto não é 
dele mas toma posse porque desconhece o art.169, parágrafo único, II, do CP 
define como crime o ato de se apropriar de coisa achada. 
Assim, de acordo com a norma, o indivíduo que encontra um objeto 
perdido deve devolver ao dono ou, em até quinze dias, confiar à autoridade. 
 Havendo então o erro de tipo, o desconhecimento do caráter ilícito da 
ação do agente. (GONÇALVES. RIOS. 2020) 
O erro de tipo pode ser identificado como um engano por parte do 
agente, ou quando o agente pratica o ato acreditando que podia agir daquela 
forma, como o caso do agente que furta algo de seu devedor porquê dessa forma 
entende paga a dívida. 
 
10.2. Descriminantes putativas 
 
Quanto ao delito putativo por erro de tipo, o agente entende estar 
cometendo um ato ilícito, quando na verdade não está, por exemplo: um 
indivíduo que porta uma arma de fogo de brinquedo, mas acredita que ela é 
verdadeira. 
 O indivíduo supracitado não pratica nenhum crime, no entanto pensa 
que está praticando o crime. Aplica- se então, a figuram descrita no art. 17 do 
CP o chamado crime impossível. (GONÇALVES. RIOS. 2020. p. 520) 
Destarte, não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do 
meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o 
crime. 
Existem ainda, outras configurações de delito putativo ou crime 
imaginário, as quais são: Delito putativo por erro de proibição: onde o sujeito 
 
41 
 
concretiza um fato que, na sua mente, é proibido por lei criminal, no entanto não 
existe nenhuma normativa que proíbe tal ato. 
 Delito putativo por obra do agente provocador: essa figura se dá quando 
o agente pratica um ato ilícito induzido por terceiro, a exemplo de um policial à 
paisana o qual finge estar embriagado, buscando chamar a atenção de um 
ladrão, diz que está com dinheiro na carteira, induzindo o ladrão a roubá-lo, o 
qual ao fazê-lo, é preso em flagrante, o que conforme a doutrina não configura 
crime. 
O Supremo Tribunal Federal sumulou a tese de que “não há crime 
quando a preparação do flagrante pela polícia torna impossível a 
consumação” (Súmula n. 145 do STF). Para nosso Pretório Excelso, 
ocorre o crime impossível (CP, art. 17). O delito putativo por obra do 
agente provocador também é denominado delito de ensaio ou delito de 
experiência. A Súmula n. 145 do STF, anteriormente citada, somente 
se aplicará mediante dois requisitos: a preparação (ou induzimento) do 
flagrante pela polícia, somada à impossibilidade (absoluta) de 
consumação do crime. (GONÇALVES. RIOS, 2020. p. 521) 
 
Quanto a natureza jurídica das descriminantes putativas, ela se modifica 
de acordo com a teoria da culpabilidade adotada. 
Para GONÇALVES, RIOS (2020): No caso da teoria extremada, todas 
as descriminantes putativas, sejam as que incidem sobre os pressupostos fáticos 
de uma causa de justificação, ou as querecaem sobre os limites autorizadores 
de uma excludente de ilicitude, as duas são tratadas como erro de proibição, no 
entanto quando o erro do agente incide sobre os pressupostos fáticos, há erro 
de tipo o chamado erro de tipo permissivo, caso incida sobre os limites 
autorizadores, há erro de proibição o chamado erro de proibição indireto. 
 
 
11. EXIGIBILIDADE DE COMPORTAMENTO CONFORME O DIREITO 
 
11.1. Princípios gerais 
 
O Código Penal, não regula de forma expressa o erro incidente sobre as 
causas as quais excluem a culpabilidade. No entanto, tal discussão tem 
 
42 
 
relevância conforme o art. 22 do CP, ou seja, da coação moral irresistível e da 
obediência hierárquica. 
 
11.2. Coação moral irresistível e obediência hierárquica 
 
Coação moral irresistível é quando o indivíduo é coagido, impelido a agir 
daquela forme ilícita mediante ameaça. 
Quando existe a coação moral irresistível ou ocorre na obediência 
hierárquica, o entendimento é de que não se pode exigir do agente uma conduta 
diversa, tornando-o isento de pena a chamada exclusão da culpabilidade. 
(GONÇALVES. RIOS, 2020) 
Quando ocorre este tipo de conduta o agente se torna isento de pena, 
uma vez que não cometeu o ilícito com dolo, mas sim por coação de outrem. 
Ainda segundo o art. 20 § 2º do CP vai dizer que responde pelo crime o terceiro 
que induziu o agente a erro. Sendo, que a ação do agente que pratica o erro se 
torna atípica. 
 
11.3. Escusas absolutórias 
 
Uma das causas de escusa absolutória se encontra tipificada no art. 181 
do Código Penal: 
 
Art. 181 - É isento de pena quem comete qualquer dos crimes previstos 
neste título, em prejuízo: (Vide Lei nº 10.741, de 2003) I - do cônjuge, 
na constância da sociedade conjugal; II - de ascendente ou 
descendente, seja o parentesco legítimo ou ilegítimo, seja civil ou 
natural. (BRASIL, 1940) 
 
Havendo então a não tipificação da lei ter-se-á a chamada escusa 
absolutória que é quando o crime não possui tipicidade. 
 
Existem hipóteses em que o agente é isento de pena por expressa 
determinação legal. Assim, não obstante a prática do delito –ação ou 
omissão típica, antijurídica e culpável- a imposição de sua 
consequência (pena/medida de segurança) resta obstada por causa de 
 
43 
 
natureza pessoal, fundada em razões de conveniência e oportunidade. 
As escusas absolutórias encontram–se taxativa e expressamente 
consignadas nos textos legais, mormente na parte especial dos 
Códigos Penais (PRADO, 2004: 712. apud. BOZZI, 2016. p. 7) 
 
 
Assim, o próprio código penal isento de pena certos atos ainda que a 
conduta seja típica, antijurídica e culpável. 
Havendo causas de extinção da punibilidade o Estado então está 
renunciando do seu direito de punir, seja pelo fato de não-imposição de uma 
pena, seja pelo fato da não-execução ou por interrupção do cumprimento 
daquela já aplicada. (PRADO, 2004: 718. apud. BOZZI, 2016. p. 8) 
O art. 107 do Código Penal traz um rol taxativo de causas extintivas de 
punibilidade: 
 
 Art. 107 - Extingue-se a punibilidade: (Redação dada pela Lei nº 7.209, 
de 11.7.1984) I - pela morte do agente; II - pela anistia, graça ou indulto; 
III - pela retroatividade de lei que não mais considera o fato como 
criminoso; IV - pela prescrição, decadência ou perempção; V - pela 
renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito, nos crimes de ação 
privada; VI - pela retratação do agente, nos casos em que a lei a 
admite; VII - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005) VIII - (Revogado 
pela Lei nº 11.106, de 2005) IX - pelo perdão judicial, nos casos 
previstos em lei. (BRASIL, 1940) 
 
 
Outra causa de extinção de punibilidade se encontra prevista na morte 
do agente. 
 De acordo com o artigo 5.º, XLV, da CF, em respeito ao princípio da 
pessoalidade da pena, a morte do agente que cometeu o crime extingue a 
punibilidade. 
Contudo, como explica Régis Prado, os efeitos civis da condenação uma 
vez transitada em julgado permanecem, podendo a obrigação de reparar o dano 
e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos 
sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor patrimonial transferido 
(conforme enunciado do artigo 5.º, XLV, 2.ª parte, CF) (BOZZI, 2016) 
 
 
44 
 
 
 
Ainda assim a anistia, graça ou indulto extingue a punibilidade, sendo a 
anistia um ato do Congresso Nacional versa os artigos 21, XVII, e 48, VIII, CF, 
que concedida antes do trânsito em julgado da sentença condenatória, esta 
extingue seus efeitos penais. 
Ainda, PRADO (2004) preleciona que o elemento preponderante da 
anistia os quais são os delitos políticos, não exclui sua aplicação tem caráter 
excepcional em relação aos crimes comuns. 
Uma vez concedida a anistia, o juiz, de ofício, ou a requerimento do 
interessado ou do Ministério Público, por proposta da autoridade administrativo 
do Conselho Penitenciário, declarará extinta a punibilidade (artigos 107, II, CP; 
187, LEP). (BOZZI, 2016) 
A Abolitio criminis, também se encontra entre as normas que extinguem 
a punibilidade, é uma norma penal que revoga o tipo incriminador, e determina 
o seja imediatamente reconhecida a extinção da punibilidade do processo na 
fase em que estiver. 
 Fazendo ainda desaparecer todos os efeitos penais uma vez que já 
exista sentença condenatória, com o advento da lei nova a conduta perde sua 
característica de ilicitude penal, extinguindo-se a punibilidade (art. 107, III, CP). 
A lei posterior mais benéfica retroage a fim de alcançar inclusive fatos 
definitivamente julgados (art. 2.º, CP). Afastando por completo os efeitos penais 
da condenação, persistindo unicamente os efeitos civis (PRADO, 2004: 722. 
apud. BOZZI, 2016. p. 10) 
Encontra-se ainda a renúncia como norma que não pode ser punida. 
 O cabimento da renúncia, somente nas ações penais exclusivamente 
privadas, no caso do sistema dos Juizados Especiais Criminais não é possível 
que se renuncie ao direito de representação no caso de ação penal pública 
condicionada. 
Poderá o Ministério Público oferecer denúncia, desde que não haja outra 
causa extintiva da punibilidade (PRADO, 2004: 722). 
 
45 
 
Assim, existem algumas formas de renúncia sejam elas expressa ou 
tácita conforme o art. 104, caput, CP. 
 A renúncia expressa, ocorre por manifestação explícita, e tácita, assim, 
caso exista a prática de ato contrário com a vontade de processar. 
No caso de renúncia, tácita, admite-se todos os meios de prova (art. 57, 
CPP). Já a renúncia expressa, obrigatoriamente clara e incontestável, deverá 
constar declaração assinalada pelo ofendido, por seu representante legal ou 
procurador com poderes especiais (art. 50, CPP), como bem observa Régis 
Prado. (BOZZI, 2016. p. 11) 
Perdão do ofendido, escusa absolutória, o perdão do ofendido é o ato 
pelo qual, após dar início a ação penal exclusivamente privada, o ofendido 
(querelante) ou seu representante legal desiste de dar prosseguimento a ação, 
tendo sentido de desistência por ocorrer sempre após à propositura da queixa, 
sendo facultado ao querelante, no decorrer da ação penal privada, perdoar o 
querelado (ofensor), extinguindo-se assim a punibilidade do delito, conforme art. 
107, V, do Código Penal. 
Posteriormente, o perdão do ofendido, em crimes em que somente se 
procede mediante queixa, impede, portanto, o prosseguimento da ação, artigo 
105, do Código Penal. (BOZZI, 2016. p. 12) (BOZZI, 2016. p. 12) 
O perdão judicial, escusa absolutória, é a capacidade que o juiz possui 
de deixar de aplicar a pena nas hipóteses previstas em lei. 
Assim, evidencia PRADO (2004), que apesar de perfeito o delito em 
todos os seus elementos constitutivos a ação ou omissão típica, ilícita e culpável, 
existe a possibilidade de o magistrado, mediante determinadas circunstâncias 
que estejam legalmente previstas, deixe de aplicar a sanção penal 
correspondente, outorgando o perdão judicial., o que trata de

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